Johannes Brahms (1833-1897) – The Piano Concertos, 4 Ballads, op. 10, Waltz, op. 39, Piano Pieces, opp. 116-119 – CD 2 de 4 Kovacevich, Davis, LSO,

Scan01Se Stephen Kovacevich tivesse realizado apenas essa gravação do Concerto nº 2 para Piano e Orquestra de Brahms, junto com Colin Davis e a Sinfônica de Londres, lá nos idos dos anos 70, já poderia ser colocado no Hall of Fame dos grandes pianistas do século XX. Já comentei anteriormente que tenho uma relação muito pessoal com essa gravação, desde que a comprei, lá em 1987 ou 88. Brahms para mim ainda era um compositor um tanto quanto obscuro. Sua obra ainda era uma incógnita para mim. Ainda era o tempo do LP. Lembro que comprei em uma promoção, dois pelo preço de um, junto dele veio um LP com as Danças Eslavas de Dvorák, na versão de Antal Dorati, outro primor da indústria fonográfica. Bendita a hora em que o gerente daquela loja de discos no centro de Florianópolis resolveu dar uma geral no setor de clássicos, e tirar aqueles álbuns encalhados, que não vendiam.

Já colocamos em discussão por aqui diversas vezes, e não canso de afirmar que considero este Concerto nº 2 para Piano e Orquestra de Brahms o melhor Concerto já escrito pelo ser humano, uma obra que faz parte do cânone cultural ocidental. Um diamante lapidado com cuidado e esmero por este gigante alemão, Johannes Brahms.
E o californiano Stephan Kovacevich, filho de pai croata e mãe norte-americana, junto com Colin Davis e a Sinfônica de Londres, naqueles inspiradores anos 70, conseguiram extrair a essência da obra, aquilo que ela tem de mais profundo. Impossível ouvir essa gravação e ficar imune à sua beleza.

Deliciem-se, então, mortais.

01 – Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83_ 1. Allegro non troppo
02 – Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83_ 2. Allegro appassionato
03 – Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83_ 3. Andante – Piu adagio
04 – Piano Concerto No. 2 in B flat major, Op. 83_ Allegretto grazioso – Un poco p
05 – Klavierstucke, Op. 76_ 1. Capriccio in F sharp minor
06 – Klavierstucke, Op. 76_ 2. Capriccio in B minor
07 – Klavierstucke, Op. 76_ 3. Intermezzo in A flat major
08 – Klavierstucke, Op. 76_ 4. Intermezzo in B flat major
09 – Klavierstucke, Op. 76_ 5. Capriccio in C sharp minor
10 – Klavierstucke, Op. 76_ 6. Intermezzo in A major
11 – Klavierstucke, Op. 76_ 7. Intermezzo in A minor
12 – Klavierstucke, Op. 76_ 8. Capriccio in C major

Stephen Kovacevich – Piano
London Symphony Orchestra
Colin Davis

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FDP

Johannes Brahms (1833-1897) – The Piano Concertos, 4 Ballads, op. 10, Waltz, op. 39, Piano Pieces, opp. 116-119 – CD 1 de 4 Kovacevich, Davis, LSO,

Scan01Repostagem, lá dos primórdios do blog … 

A obra pianística de Brahms apareceu com pouca frequência aqui no PQPBach. Lembro de um cd de Kristian Zimerman, cujo link já desapareceu há muito tempo, e só. Claro que falo das obras para piano solo, não de seus monumentais concertos para piano.
Resolvi então trazer esta caixa com quatro cds da Phillips, com meu pianista favorito para esse repertório, Stephen Kovacevich, gravações estas realizadas entre o final dos anos 60 e início dos anos 80.
Tenho uma relação muito particular com este pianista, foi ele quem me apresentou o Concerto nº2, e sua leitura me cativou imediatamente, e desde então cultivo um carinho muito especial por esta gravação. Infelizmente Kovacevich meio que sumiu dos palcos durante alguns anos, se não me engano por problemas de saúde, mas pelas últimas notícias que li, ele está novamente ativo, realizando performances pelos palcos do mundo inteiro.
O primeiro cd dessa caixa traz o monumental Concerto nº1, em uma versão mais “light”, eu diria, não tão soturna, mais romântica do que e as que estamos acostumados a ouvir. É deslumbrante acompanhar o embate entre piano e orquestra, em um duelo sem vencedores.
Stephen Kovacevich, Colin Davis e a Sinfônica de Londres estão impecáveis, no apogeu de suas carreiras.

01. 01 – Piano Concerto No. 1 in D minor Op. 15_ 1. Maestoso – Poco piu moderato
02. 02 – Piano Concerto No. 1 in D minor Op. 15_ 2. Adagio
03. 03 – Piano Concerto No. 1 in D minor Op. 15_ 3. Rondo. Allegro non troppo
04. Scherzo in E flat minor, Op. 4
05. 4 Ballades, Op. 10_ No. 1 in D minor
06. 4 Ballades, Op. 10_ No. 2 in D major
07. 4 Ballades, Op. 10_ No. 3 in B minor
08. 4 Ballades, Op. 10_ No. 4 in B major

Stephen Kovacevich – Piano
London Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

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Stephen-Kovacevich_wide
O californiano Stephen Kovacevich é um dos maiores intérpretes da obra de Brahms de sua geração, disso não tenho dúvidas

 

 

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms

Sonatas para Violoncelo Nos. 1 & 2

Variações sobre um tema de Handel

Lynn Harrell & Stephen Kovacevich

 

Quando Brahms iniciou a composição da primeira sonata para violoncelo e piano, em 1862, tinha as sonatas de Beethoven por modelo, mas enfrentava diferentes desafios. Desde os dias de Beethoven, o piano se desenvolvera em um instrumento mais poderoso e as composições que precisavam equilibrar dois instrumentos assim diversos apresentavam claras dificuldades. Isto sem contar que nestes tempos de romantismo, ousar escrever uma ‘sonata’ soava como um desafio clássico.

Brahms era, no entanto, um pianista com larga experiência em acompanhar músicos e cantores e já tinha experiência em compor para conjuntos de câmera. Apesar de que esta sonata era sua primeira experiência com apenas dois instrumentos.

Brahms dedicou a sonata a Josef Gänsbacher, um ótimo cantor e também um violoncelista. Parte das soluções que Brahms encontrou para produzir tão linda sonata foi de fazer o piano ‘acompanhar’ o violoncelo que ‘canta’ nos seus registros mais baixos. Para não causar conflito entre os dois instrumentos, nestes momentos o pianista, mesmo quando usa as duas mãos, elas acabam ficando na região dos registros mais altos, dando espaço para o violoncelo. Pois tocar o violoncelo nos registros mais baixos, fazê-lo cantar, não é tarefa assim fácil.

Pois deve ter sido isto que teria causado Gänsbacher afirmar, enquanto ensaiava a sonata com Johannes, conta a história, que não conseguia ouvir a si mesmo. Ao que retrucara prontamente Brahms (mesmo sob o risco de perder o amigo): Você é que tem sorte!

O último movimento da sonata lhe foi acrescentado já no momento da publicação e é uma fuga cujo sujeito é modelado no Contraponto XIII da Arte da Fuga, de Bach. Mais clássico, impossível!

A segunda sonata é resultado de um pedido feito pelo violoncelista Robert Hausmann, do Quarteto Joachim, em 1884. Inicialmente Brahms não mostrou interesse, mas em 1886 a sonata estava pronta e os dois a estrearam em 14 de novembro. O Concerto Duplo, para violino e violoncelo também contou com Hausmann na sua estreia.

Enquanto a primeira sonata ainda tem um certo ar de juventude, a segunda é claramente obra de um grande e maduro compositor, com dois primeiros impetuosos movimentos, clássica mas afinal também composta nos dias de romantismo.

Lynn Harrell

Este disco é o resultado do encontro de dois excelentes músicos, Lynn Harrell e Stephen Kovacevich, que dão, especialmente à segunda sonata, uma urgência que ainda mais enfatiza sua impetuosidade.

O disco ainda nos brinda com a excelente interpretação das Variações Handel, compostas por Brahms levando em conta o terceiro movimento da primeira sonata do segundo livro de Handel. A Sonata de Handel é em si bemol maior HWV 434 e você poderá ouvi-la aqui, na interpretação da excelente Ragna Shirmer. São as três primeiras faixas do disco 1. As Variações estão na faixa 3.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Sonata para violoncelo No. 1 em mi menor, Op. 38

  1. Allegro non troppo
  2. Allegretto quase Menuetto
  3. Allegro

Sonata para violoncelo No. 2 em fá maior, Op. 99

  1. Allegro vivace
  2. Adagio affettuoso
  3. Allegro appassionato
  4. Allegro molto

8. Variações e fuga sobre um tema de Handel, Op. 24

Lynn Harrell, violoncelo

Stephen Kovacevich, piano

Produção; John Fraser

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FLAC | 297 MB

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MP3 | 320 KBPS | 179 MB

Stephen Kovacevich

Portanto, não deixe para depois, baixe logo os arquivos e aproveite este ótimo álbum, mesmo que você já tenha outras gravações destas lindas sonatas.

René Denon

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para trompa e piano, Op. 17 – Johannes Brahms (1833-1897) – Trio para trompa, violino e piano, Op. 40 – Nikolaus von Krufft (1779-1818) – Sonata para trompa e piano – Greer

Volta e meia o resmelengo Ludwig abria uma janela em suas preocupações habituais mais prementes para impressionar-se com alguém. Na maior parte das vezes, esse alguém trajava vestidos e anáguas, pertencia à aristocracia, e estava do outro lado de um abismo amoroso intransponível para um homem de modestas origens. Noutras, Beethoven impressionava-se com algum músico que lhe instigava a produção febrilmente rápida de alguma obra para seu instrumento – como foi com os irmãos Dupont, que inspiraram as faceiras sonatas para violoncelo do Op. 5, e com o boêmio Jan Václav Stich (1746-1803), virtuose da trompa, mais conhecido pela versão italiana de seu nome, Giovanni Punto (sim: “Stich”=”ponto”. Ponto para Stich, pela marotice – e outro para mim, pelo trocadilho).

Punto foi um dos trompistas mais influentes da história, responsável por inovações técnicas que expandiram enormemente as capacidades do instrumento – mais notadamente, o uso da mão direita dentro da campana, que permitiu ao instrumentista, pela primeira vez, produzir notas fora da série harmônica. Era um personagem pitoresco, que trazia em seu currículo uma fuga espetacular da propriedade dum nobre de quem seu pai era servo, e que deu ordens expressas de arrebentar os dentes do fujão, se capturado fosse, para que nunca mais pudesse produzir música com sua boca. Rodou todo o continente, causando sensação a cada cidade em que chegava, precedido por sua imensa fama. Beethoven, procrastinador compulsivo, prometeu-lhe uma sonata com acompanhamento de piano em poucos dias, mas só resolveu iniciá-la, no que lhe era bem típico, no antepenúltimo dia. Finalizando a parte da trompa na véspera da estreia da obra em Viena, com ele próprio ao piano, improvisou a maior parte de sua, bem, parte, de modo que, quando bisaram o último movimento, a plateia ouviu uma peça substancialmente diferente da que escutara antes. A repercussão foi boa a punto (pois eu não perderia o trocadilho) de Stich convencer o quase balzaquiano ermitão a deixar seu bastião vienense e acompanhá-lo em turnê pelo continente. No concerto seguinte, em Pest, a dupla provocou a seguinte reação de um crítico:

“Quem é esse Beethovener? [sic] Não o conhecemos. O senhor Punto, claro, é muito conhecido”

A breve parceria não iria muito longe, pois o pau comeu logo depois da apresentação em Pest. Punto, injuriado, seguiu sua trajetória rocambolesca pela Europa, enquanto “Beethovener” voltou a Viena, colocou enfim a procrastinada sonata toda na pauta e a publicou em 1800 através da firma de Tranquillo Mollo (excelente nome). O frontispício destinava-a “para piano com uma trompa ou um violoncelo”, de maneira a permitir uma maior divulgação da obra, dada a escassez de trompistas capazes de tocá-la. Sabendo de sua história, acredito que os leitores-ouvintes compartilharão comigo a impressão de que o movimento lento foi algo feito realmente às pressas, como que composto nas coxias do teatro, mesmo com a tentativa velhaca de disfarçar seu laconismo com a transição decididamente brusca para o rondó final.

A presente gravação, feita com instrumentos de época, também inclui o belo trio Op. 40 de Brahms, composto em homenagem a sua recém-falecida mãe e notório pelo maravilhoso, sentido Adagio mesto, e por uma sonata do austríaco Nikolaus von Krufft, contemporâneo de Beethoven, que também teve aulas com Albrechtsberger e, provavavelmente, também foi inspirado por Punto a escrever para seu complicado instrumento. O trompista Lowell Greer usa aqui três trompas naturais diferentes, contemporâneas de cada obra, inclusive para tocar Brahms – que prescreveu uma trompa natural para seu trio, a despeito de já haver, em sua época, trompas com válvulas, que diminuíram bastante as dificuldades em tocar passagens cromáticas.

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Trio em Mi bemol maior para trompa, violino e piano, Op. 40
1 – Andante
2 – Scherzo
3 – Adagio Mesto
4 – Finale: Allegro con brio

Lowell Greer, trompa natural
Stephanie Chase, violino
Steven Lubin, fortepiano

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata em Fá maior para trompa e piano, Op. 17
Composta em 1800.
Publicada em 1801
Dedicada à baronesa Josefine von Braun

5 – Allegro moderato
6 – Poco Adagio, quasi Andante
7 – Rondo: Allegro moderato

Nikolaus Freiherr VON KRUFFT (1779-1818)

Sonata em Fá maior para trompa e piano
8 – Allegro moderato
9 – Andante espressivo
10 – Rondo: Alla Polacca

Lowell Greer, trompa natural
Steven Lubin, fortepiano

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“Giovanni O QUÊ?”
#BTHVN250, por René Denon


Vassily

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias – COE – Paavo Berglund

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias – COE – Paavo Berglund

Brahms

Sinfonias

COE & Berglund

 

 

As Sinfonias de Beethoven foram fonte de grande inspiração para Brahms, mas também foram motivo de um certo desencorajamento. Aproximar-se dos padrões estabelecidos por estas obras maravilhosas parecia impossível. Ele teria afirmado: ‘Eu nunca escreverei uma sinfonia’. Mas a criatividade venceu as barreiras internas e o enorme senso autocrítico, resultando em uma sinfonia muito especial. Aos 43 anos, após ter criado obras primas em muitos outros gêneros, Brahms completou sua Primeira Sinfonia. Uma vez vencida a primeira barreira, mais outras três sinfonias seguiram num período de aproximadamente dez anos.

Paavo tentando descobrir qual oboé antecipou a sua entrada…

É este conjunto de obras primas que temos aqui, na interpretação segura e direta de Paavo Berglund, regendo o excelente grupo de músicos que forma a COE, Chamber Orchestra of Europe. Esta orquestra sob a regência de Nikolaus Harnoncourt nos deixou um ótimo registro das Sinfonias de Beethoven. Agora, com selo Ondine e ótima produção de Andrew Keener temos as Sinfonias de Brahms.

A formação com um número menor de músicos nas seções de cordas tem beneficiado muito as gravações das Sinfonias de Brahms, como aconteceu, por exemplo, no caso de Charles Mackerras e a Scottish Chamber Orchestra. Os diferentes grupos de instrumentos têm igual oportunidade de brilhar, resultando em uma performance ágil e equilibrada. Os movimentos lentos também estão muito bem apresentados, nos quais o discurso musical se desenvolve com fluência e elegância. Resumindo, temos uma clássica apresentação destas quatro lindas sinfonias.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

CD1

Sinfonia No. 1 em dó menor, op. 68

  1. Um poco sostenuto – Allegro
  2. Andante sostenuto
  3. Um poco allegretto e grazioso
  4. Adagio non troppo ma con brio

CD2

Sinfonia No. 2 em ré maior, op. 73

  1. Allegro non troppo
  2. Adagio non troppo
  3. Allegro grazioso (Quase Andantino) – Presto ma non assai
  4. Allegro con spirito

CD3

Sinfonia No. 3 em fá maior, op. 90

  1. Allegro com brio
  2. Andante
  3. Poco Allegretto
  4. Allegro

Sinfonia No. 4 em mi menor, op. 98

  1. Allegro non troppo
  2. Andante moderato
  3. Allegro giocoso – poco meno presto
  4. Allegro enérgico e passionato – Più Allegro

Chamber Orchestra of Europe

Paavo Berglund

Produção: Andrew Keener

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FLAC | 751 MB

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MP3 | 320 KBPS | 397 MB

Chamber Orchestra of Europe

Ah, se eu pego quem desafinou…

Eu não vou jogar fora meus discos do Günter Wand regendo a NDR Orchestra ou os do Bernstein regendo a opulenta Wiener Philharmoniker, mas ouvir a interpretação do Berglund de quando em vez me dará muito prazer. Espero que o mesmo aconteça com você…

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897) & Paul Hindemith (1895-1963): Quintetos para Clarinete

Johannes Brahms (1833-1897) & Paul Hindemith (1895-1963): Quintetos para Clarinete

Apenas 30 anos separam os quintetos de clarinete de Brahms e Hindemith. No entanto, as diferenças não são apenas nos temperamentos dos dois artistas, nem somente na diferença dos conceitos e das estéticas. O que os separa é todo o mundo que há entre a harmonia e a desordem. Mas não pense assim, apressado leitor, amo a ambos.

O quinteto para clarinete mais popular é o de Mozart (104 gravações), seguido pelo de Brahms (87), que é baseado no primeiro. Nenhuma outra peça nessa formação rivaliza com essa dupla em popularidade, embora a literatura inclua joias como os quintetos de Weber e Reger.

Assim como eu, Erico Verissimo amava o quinteto de Brahms, tanto que chamou sua autobiografia de Solo de Clarineta. Há toda uma lenda em torno da obra. É obra belíssima.

Já Hindemith nunca derreterá corações como Brahms, e, na verdade, seu quinteto coloca-se contra a tradição musical do pré-guerra. Ele é contemporâneo de vários dos concertos da série Kammermusiken, mas não tão bons. Longe de ser uma homenagem a Brahms, o trabalho parece exorcizar o mestre mais velho.

Brahms & Hindemith: Quintetos para Clarinete

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Clarinet Quintet in B minor, op. 115 (1891) [37:48]
I. Allegro 13:29
II. Adagio 10:29
III. Andantino 4:28
IV. Con moto 9:21

Paul HINDEMITH (1895-1963)
Clarinet Quintet, op. 30 (1954 version) (1923/1954) [19:45]
I. Sehr lebhaft 2:12
II. Ruhig 6:35
III. Schneller Ländler 5:42
IV. Arioso. Sehr ruhig 2:55
V. Sehr lebhaft, wie im ersten Satz 2:19

Raphaël Sévère (clarinet)
Pražák Quartet

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Paul Hindemith e Darius Milhaud em uma daquelas coisas de “enfie a cabeça e tire uma foto”.

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias Nº 1 e 3

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias Nº 1 e 3

Uma excelente gravação para este esplêndido repertório. Talvez a Sinfonia Nº 1 de Brahms seja a que eu mais goste dentre todas. Sim, dentre todas as centenas de sinfonias que já ouvi. E é um registro de respeito! O inglês Edward Gardner demonstra a força e a extrema competência do naipe de cordas da orquestra de Bergen. É um conjunto excepcional como um todo. Maestro titular da Filarmônica de Bergen desde outubro de 2015, Edward Gardner liderou a orquestra em várias turnês internacionais, incluindo performances em Berlim, Munique e Amsterdam e no BBC Proms e no Festival Internacional de Edimburgo. Gardner foi recentemente nomeado titular Orquestra Filarmônica de Londres, com seu mandato iniciando em setembro de 2021. O cara é ótimo e vocês podem comprovar ouvindo o CD. Um bom 2020 para todos nós!

Johannes Brahms (1833-1897): Sinfonias Nº 1 e 3

Brahms: Symphony No. 1 in C minor, Op. 68 45:38
I. Un poco sostenuto – Allegro 16:01
II. Andante sostenuto 8:43
III. Un poco allegretto e grazioso 4:53
IV. Adagio – Allegro non troppo 16:01

Brahms: Symphony No. 3 in F major, Op. 90 35:43
I. Allegro con brio 12:45
II. Andante 8:28
III. Poco allegretto 5:56
IV. Allegro 8:34

Bergen Philharmonic Orchestra
Edward Gardner

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Edward Gardner na Sala de Fantasmagoria e Concepção Melódica da PQP Bach Corp.

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sempre se esperava algo novo quando Nikolaus Harnoncourt voltava sua atenção para uma importante peça musical. Nos últimos anos, ele vinha dando ao público uma nova visão de algumas das obras-primas da música romântica e da música romântica tardia. Seu Um Réquiem Alemão de Brahms é baseado em um estudo completo das ideias do compositor sobre como ele deve ser realizado. É uma interpretação sensível que adota uma abordagem completamente nova para o trabalho. Tecnicamente e artisticamente, o disco é um registro perfeito do concerto realizado em Viena em dezembro de 2007, que foi recebido com entusiasmo pela imprensa musical e pelo público. Até o fim de sua vida, Nikolaus Harnoncourt não demonstrava nenhum sinal de acomodar sua insaciável curiosidade musical. Ainda bem.

Johannes Brahms (1833-1897): Um Réquiem Alemão

1 Selig Sind, Die Da Leid Tragen 11:46
2 Denn Alles Fleisch, Es Ist Wie Gras 14:28
3 Herr, Lehre Doch Mich 11:39
4 Wie Lieblich Sind Deine Wohnungen 5:36
5 Ihr Habt Nun Traurigkeit 7:23
6 Denn Wir Haben Hier Keine Bleibende Statt 12:21
7 Selig Sind Die Toten 12:12

Baritone Vocals – Thomas Hampson
Soprano Vocals – Genia Kühmeier
Choir – Arnold Schoenberg Chor
Orchestra – Wiener Philharmoniker
Conductor – Nikolaus Harnoncourt

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O grande Nikolaus Harnoncourt

PQP

A Quatro Mãos: Johannes Brahms (1833-1897) – Obras para dois pianos – Martha Argerich e Alexandre Rabinovitch

MI0000962114NOTA DE VASSILY: sem perceber, acabei fazendo uma postagem sobre um disco já postado – erro capital que, no talião PQPiano, significa punição compulsória de suspensão por ganchos e banho de piche, que, com agravantes (como, no meu caso, fazê-lo com um disco já postado pelo patrão PQP), acrescenta também a tortura, esta sim insuportável, de audições forçadas perpétuas de André Rieu. Na tentativa de evitar este fim horrível, redimo-me e remeto as senhoras e senhores para postagem original do patrão, cujo link eu reativei. Miserere mei, PQP!

Curioso duo: Argerich, que dispensa apresentações (e, se você acabou de chegar ao planeta e precisar delas, basta dizer que ela é, para muitos, a maior pianista viva), e Alexandre Rabinovitch-Barakovsky, pioneiro da composição minimalista, regente e, descobri só comprando a gravação, bom pianista.

Fazer um duo com Argerich não é para qualquer um, claro, e Rabinovitch dá conta do recado. Em minha insignificante opinião, entretanto, o trabalho de Argerich em duo é (se é que se pode dizer isso de uma artista tão sensacional) o ponto, assim digamos, menos forte em sua carreira. Não me entendam mal: sou tiete irremediável de Martha, só acho que sua força mercurial torna seu piano pouco miscível ao conjunto intrincado e coeso que é necessário à música para duo. Felizmente, não é o caso desta gravação – ainda que em sua capa, estranhamente, os músicos se deem as costas.

BRAHMS – HAYDN VARIATIONS – WALTZES – SONATA IN F MINOR
MARTHA ARGERICH – ALEXANDRE RABINOVITCH

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Variações sobre um Tema de Joseph Haydn para dois pianos, Op. 56b
01 – Chorale St. Antoni: Andante
02 – Var. I: Andante con moto
03 – Var. II: Vivace
04 – Var. III: Con moto
05 – Var. IV: Andante
06 – Var. V: Poco presto
07 – Var. VI: Vivace
08 – Var. VII: Grazioso
09 – Var. VIII: Poco presto
10 – Finale: Andante

Sonata em Fá menor para dois pianos, Op. 34b
11 – Allegro non troppo
12 – Andante, un poco Adagio
13 – Scherzo: Allegro – Trio
14 – Finale: Poco sostenuto – Allegro non troppo

Cinco Valsas para dois pianos, Op. 39b
15 – No. 1 em Si maior: Tempo giusto
16 – No. 2 em Mi maior
17 – No. 3 em Si menor
18 – No. 4 em Sol sustenido menor
19 – No. 5 em Lá bemol maior

Martha Argerich e Alexandre Rabinovitch, pianos

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Trecho do documentário “Nelson Freire”, de João Moreira Salles, em que uma dengosa e quase ronronante Martha fala (em português!) de sua longa amizade e parceria com o pianista mineiro.

Vassily Genrikhovich

Brahms (1833-1897): Quartetos – Quinteto com Piano – Belcea Quartet & Till Fellner

Brahms (1833-1897): Quartetos – Quinteto com Piano – Belcea Quartet & Till Fellner

Johannes Brahms

Quartetos Op. 51 & 67

Quinteto com Piano Op. 34

 

Eu andava um pouco reticente com as peças de câmera do barbudo Johannes. Gosto muito das sonatas para violino e talvez mais ainda das sonatas para violoncelo. Mas as outras obras estavam um pouco deixadas de lado. Se bem que o quinteto com piano é constante aqui em casa, quase sempre acompanhado de seu irmão mais velho, o quinteto de Schumann. Maravilhas. Pois foi pelo quinteto então que cheguei a este álbum da postagem. E também pelo pianista Till Fellner, figurinha carimbada do meu álbum. O Belcea Quartet eu conhecia dos quartetos de Debussy e Ravel. Pois não é que gostei demais de tudo? Linda música, grande álbum, ouvido muitas vezes, continua mais lindo. E vocês já sabem, quando isto acontece, eu divido com vocês!

O Brahms que compôs estes quartetos ainda não era barbudo, mas já estava com bem quarenta anos, em 1873, quando publicou os dois primeiros, como Opus 51.

A história é que Brahms já havia destruído vinte quartetos de cordas antes de dar-se por satisfeito com estes dois. Parece difícil de acreditar, mas é muito plausível. Vejamos, Brahms estava entrando em um campo onde vicejava quartetos de Haydn, Mozart, Beethoven e Schubert! E Brahms estava sob a pressão colocada sobre ele pelas expectativas criadas pelo famoso artigo de Schumann, intitulado Neue Bahnen, Novos Caminhos. Aparentemente Brahms já estava trabalhando na composição destes quartetos em 1869. Escreveu ao seu editor dizendo que Mozart teve muito trabalho para produzir seus seis Haydn-Quartets, e ele faria o seu melhor para produzir um ou dois que fossem descentes. E ele cumpriu sua palavra, como você poderá constatar baixando este maravilhoso álbum.

Clara Schumann

O terceiro quarteto foi composto dois anos mais tarde. Brahms passava férias de verão em Ziegelhausen evitando pensar muito na sua primeira sinfonia e para distrair-se passou a compor coisinhas, entre elas o quarteto. Segundo Joseph Joachim, este era o seu quarteto favorito, que reflete o ensolarado ambiente que Brahms desfrutou durante sua composição.

O quinteto com piano é obra anterior aos quartetos e começou sua existência como um quinteto de cordas. Veja que o grande quinteto de cordas de Schubert, assim como os seus últimos quartetos foram publicados quando Brahms estava iniciando sua carreira de compositor.

Johannes Brahms e Joseph Joachim

Apesar de reconhecerem a beleza da música, amigos como Joseph Joachim e Clara Schumann fizeram críticas à peça neste formato. Brahms então o remodelou na forma de uma sonata para dois pianos, mas logo depois reescreveu tudo na versão para piano e quarteto de cordas. Nesta forma, a obra foi publicada em 1865, como o Opus 34. A versão sonata para dois pianos também foi publicada como Op. 34b, mas o exigente Brahms destruiu a versão para quinteto de cordas.

Uma crítica bastante equilibrada deste álbum, que você pode ler na íntegra aqui, nos informa que as gravações dos quartetos pelo Belcea Quartet têm um profundo sentido de afeição e calor humano. Menciona também o fato de as gravações das peças individuais terem sido feitas uma a uma, com intervalo de vários meses entre elas. Isto teria permitido ao grupo tomar cada peça por si própria, enfatizando os seus principais aspectos.

Não deixe de notar a intensidade da interpretação logo no primeiro movimento do primeiro quarteto, nem as melodias húngaras do último movimento do segundo quarteto. O movimento lento do terceiro quarteto é também sublime. E o que dizer do quinteto? Maravilhas.

Não é por nada que o crítico termina sua resenha com a frase que resume bem o álbum: Aqui está uma performance profundamente gratificante!

Johannes Brahms (1833-1897)

CD1

Quarteto de cordas No. 1 em dó menor, Op. 51, 1

  1. Allegro
  2. Romanze (Poco adagio)
  3. Allegretto molto moderato e comodo
  4. Allegro

Quarteto de cordas No. 2 em lá menor, Op. 51, 2

  1. Allegro non troppo
  2. Andante
  3. Quase minueto, moderato
  4. Finale (allegro non assai)

CD2

Quarteto de cordas No. 3 em si bemol maior, Op. 67

  1. Vivace
  2. Andante
  3. Agitato (Allegretto non troppo)
  4. Poco allegretto com variazioni

Quinteto com piano em fá menor, Op. 34

  1. Allegro non troppo
  2. Andante, un poco adagio
  3. Scherzo (Allegro)
  4. Finale (Poco sostenuto – Allegro non troppo)

Belcea Quartet

Corina Belcea, violino

Alex Schacher, violino

Krysztof Chorzelski, viola

Antoine Lederlin, violoncelo

Till Fellner, piano (Op. 34)

Gravado entre 2014 e 2015, no Britten Studio, Aldeburgh

Produção de John Fraser

Belcea Quartet

CD1

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CD2

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Till Fellner e seu topete!

Veja o que The Sunday Times disse do álbum: What a feast this is. The Belcea’s textures are so rich, you would think a larger force of strings was playing. And in the quintet’s glorious andante, their eloquence almost rivals that of the great Busch Quartet.

Portanto, não demore, aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova)

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ontem e anteontem, apresentamos as versões de Mutter e Mullova para este extraordinário repertório. Pois Ibragimova crava sua bandeira no Olimpo dos bons registros modernos destas Sonatas. Aqui, ela é mais do que consistente. Mas ainda fico com Mutter… A delicadeza e a quietude de Alina Ibragimova é talvez a característica mais marcante dessas performances. Escute o centro lírico do final da Op 78, que coisa! Na primeira audição, fiquei desapontado por Ibragimova ser tão contida; na segunda, já achei que sua aparente reticência fazia todo sentido. Há grandes momentos — movimentos inteiros –, neste CD muito bem gravado. O final do Op. 100 transmite calor através de cores sutis, frases flexíveis e uma linda narrativa. A delicadeza do terceiro movimento do Op 108 é arrebatadora, graças em grande parte ao leve toque de Tiberghien. A inclusão de Clara Schumann é um bonito bonus track.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Ibragimova)

Johannes Brahms Violin Sonata No 1 In G Major (Op 78) (27:22)
1 – Vivace Ma Non Troppo 10:40
2 – Adagio – Pìu Andante – Adagio Come I 8:06
3 – Allegro Molto Moderato – Pìu Moderato 8:35

Johannes Brahms Violin Sonata No 2 In A Major (Op 100) (18:56)
4 – Allegro Amabile 8:08
5 – Andante Tranquillo – Vivace – Andante – Vivace Di Pìu – Andante – Vivace 5:35
6 – Allegretto Grazioso, Quasi Andante 5:12

Johannes Brahms Violin Sonata No 3 In D Minor (Op 108) (21:15)
7 – Allegro 8:29
8 – Adagio 4:13
9 – Un Poco Presto E Con Sentimento 2:58
10 – Presto Agitato 5:33

11 Clara Schumann Andante Molto (No 1 Of Three Romances, Op 22)

Piano [Steinway & Sons] – Cédric Tiberghien
Violin – Alina Ibragimova

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Alina e Cédric, né?

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mutter)

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mutter)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Lembram do post de ontem, destas mesmas Sonatas com Mullova? Pois bem, mesmo com o sotaque germânico de Mutter, fico com a russa. Mas que belo trabalho realiza o pianista norte-americano Lambert Orkis neste CD! Ele faria  uma diferença decisiva a favor de Mutter? A parceria Mutter-Orkis, de tantas gravações — remember a tremenda e notável integral das Sonatas de Beethoven — parece sempre coesa e convincente. Mas é apenas minha opinião. Amanhã, teremos Ibragimova com estas mesmas Sonatas.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mutter)

01 Sonata for Violin and Piano No 2 in A Op 100 1 Allegro amabile
02 Sonata for Violin and Piano No 2 in A Op 100 2 Andante tranquillo
03 Sonata for Violin and Piano No 2 in A Op 100 3 Allegretto grazioso – Quasi andante

04 Sonata for Violin and Piano No 1 in G Op 78 1 Vivace ma non troppo
05 Sonata for Violin and Piano No 1 in G Op 78 2 Adagio
06 Sonata for Violin and Piano No 1 in G Op 78 3 Allegro molto moderato

07 Sonata for Violin and Piano No 3 in D minor Op108 1 Allegro
08 Sonata for Violin and Piano No 3 in D minor Op108 2 Adagio
09 Sonata for Violin and Piano No 3 in D minor Op108 3 Un poco presto e con sentimento
10 Sonata for Violin and Piano No 3 in D minor Op108 4 Presto agitato

Anne-Sophie Mutter – Violin
Lambert Orkis – Piano

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Mutter, né?

PQP

Johannes Brahms (1833-1896) – Sonatas para Violoncelo e Piano, Robert Schumann (1810-1856) – Fünf Stünke in Volkston, op. 102 – Anner Bylsma, Lambert Orkis

Este CD reúne dois excepcionais músicos, o violoncelista Anner Bylsma e o pianista Lambert Orkis, dois experientes músicos, que gravaram juntos nos anos 90, até Orkis ser ‘cooptado’ pela divina Anne-Sophie Mutter, para ser seu fiel escudeiro, e assim tem sido nos último 25 anos.  Aqui eles interpretam duas das mais importantes e belas obras do Romantismo, as Sonatas para Violoncelo de Brahms. Isso aqui é tão bom, mas tão bom que só a primeira sonata já ouvi três vezes seguidas.
A intensidade que a dupla impõe às obras é única. Trata-se de um CD emocionante, antes de tudo. O som do violoncelo de Anner Bylsma quase chora em um lamento angustiante, dolorido. Poucas vezes tive a oportunidade de ouvir uma interpretação tão apaixonada e intensa quanto esta. Só os grandes músicos conseguem este resultado, depois de muito tempo de dedicação. A comparação inevitável é Rostropovich – Serkin, e ouso dizer que Bylsma / Orkis ganharia por uma diferença de meio corpo.

01. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) I. Allegro non troppo
02. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) II. Allegretto quas
03. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) III. Allegro
04. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) I. ‘Vanitas vanitatum’. Mi
05. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) II. Lansgam
06. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) III. Nicht schnell, mit vi
07. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) IV. Nicht zu rasch
08. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) V. Stark und markiert
09. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) I. Allegro vivace
10. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) II. Adagio affetuoso
11. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) III. Allegro passionato (
12. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) IV. Allegro molto

Anner Bylsma – Violoncelo
Lambert Orkis – Piano

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Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mullova)

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mullova)

Havia um velho post de FDP Bach onde ele perguntava aos pequepianos: quem toca melhor estas Sonatas, Mullova ou Mutter? E disponibilizava ambas as gravações. Eu sei lá onde foi parar este post, mas eu, que não sou bobo, fiquei com os arquivos cá comigo. Na minha opinião, Mullova vence a disputa, apesar da outra ser apenas a Mutter. Acho que o trabalho de Mullova é exato, mágico, brilhante, e Mutter ficaria abaixo, em minha DESCONSIDERÁVEL opinião. Só que estamos falando do Olimpo das interpretações. Você ouve a que quiser. Amanhã teremos Mutter. E, depois de amanhã, vou meter Ibragimova na disputa. Aguardem.

Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Violino e Piano (Mullova)

01. Brahms Sonata No.1 in G, Op.78 – 1. Vivace ma non troppo
02. Brahms Sonata No.1 in G, Op.78 – 2. Adagio
03. Brahms Sonata No.1 in G, Op.78 – 3. Allegro molto moderato

04. Brahms Sonata No.2 in A, Op.100 – 1. Allegro amabile
05. Brahms Sonata No.2 in A, Op.100 – 2. Andante tranquillo – Vivace – Andante –
06. Brahms Sonata No.2 in A, Op.100 – 3. Allegretto grazioso (quasi Andante)

07. Brahms Sonata No.3 in D minor, Op.108 – 1. Allegro
08. Brahms Sonata No.3 in D minor, Op.108 – 2. Adagio
09. Brahms Sonata No.3 in D minor, Op.108 – 3. Un poco presto e con sentimento
10. Brahms Sonata No.3 in D minor, Op.108 – 4. Presto agitato

Viktoria Mullova – Violin
Piotr Anderszewsky – Piano

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Mullova, né?

PQP

Bach, Brahms, Chopin, Debussy, Dvořák, Grieg, Kancheli, Kempff, Ligeti, Liszt, Mendelssohn, Pärt, Ravel, Scarlatti, Scriabin, Tchaikovsky: Motherland (com Khatia Buniatishvili)

Bach, Brahms, Chopin, Debussy, Dvořák, Grieg, Kancheli, Kempff, Ligeti, Liszt, Mendelssohn, Pärt, Ravel, Scarlatti, Scriabin, Tchaikovsky: Motherland (com Khatia Buniatishvili)

Lembram daquela série interminável de discos da Philips — lançados nos anos 70 e 80 — que eram seleções malucas de clássicos e que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Händel podia vir antes de um trecho de Rhapsody in Blue, o qual era seguido pela Abertura 1812 e pela chamada Ária na Corda Sol (mentira, corda sol coisa nenhuma) de Bach, por exemplo. Salada semelhante é servida por Khatia Buniatishvili neste CD. Mas o importante é faturar enquanto a beleza não abandona a pianista. Ela tem alguns anos de sucesso ainda. Como habitualmente, neste disco ela é muita emoção e languidez — principalmente a última –, acompanhada de um talento que não precisaria ter registros gravados. Temos tanta gente melhor! Depois deste disco altamente suspeito, ela sucumbe aqui. Só a aparência não basta. Afinal, ouvimos o CD. Vocês sabem que eu amo as belas musicistas, mas tudo tem limite.

O volume 1 da numerosa série

Bach, Brahms, Chopin, Debussy, Dvořák, Grieg, Kancheli, Kempff, Ligeti, Liszt, Mendelssohn, Pärt, Ravel, Scarlatti, Scriabin, Tchaikovsky: Motherland (com Khatia Buniatishvili)

1 Johann Sebastian Bach: Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd, BWV 208: IX. Schafe können sicher weiden (Arr. for Piano)
2 Pyotr Ilyich Tchaikovsky: The Seasons, Op. 37b: X. October (Autumn Song)
3 Felix Mendelssohn-Bartholdy: Lied ohne Worte in F-Sharp Minor, Op. 67/2
4 Claude Debussy: Suite Bergamasque, L. 75: III. Clair de lune
5 Giya Kancheli: Tune from the Film by Lana Gogoberidze: When Almonds Blossomed
6 György Ligeti: Musica ricercata No. 7 in B-Flat Major
7 Johannes Brahms: Intermezzo in B-Flat Minor, Op. 117/2
8 Franz Liszt: Wiegenlied, S. 198
9 Antonín Dvorák: Slavonic Dance for Four Hands in E Minor, Op. 72/2: Dumka (Allegretto grazioso)
10 Maurice Ravel: Pavane pour une infante défunte in G Major, M. 19
11 Frédéric Chopin: Etude in C-Sharp Minor, Op. 25/7
12 Alexander Scriabin: Etude in C-Sharp Minor, Op. 2/1
13 Domenico Scarlatti: Sonata in E Major, K. 380
14 Edvard Grieg: Lyric Piece in E Minor, Op. 57/6: Homesickness
15 Traditional: Vagiorko mai / Don’t You Love Me?
16 Wilhelm Kempff: Suite in B-Flat Major, HWV 434: IV. Menuet
17 Arvo Pärt: Für Alina in B Minor

Khatia Buniatishvili, piano

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Desculpe, Khatia, não rolou.

PQP

Ainda mais Cordas: o Banjo (Perpetual Motion – Béla Fleck)

51ZgNDY+BULPassada em revista a parte da família das cordas que é tocada com arcos, enveredamos por um outro ramo da família com quem os arcos não falam muito, pois as salas de concerto costumam torcer-lhes os narizes: aquele das cordas dedilhadas.

Antes que me joguem os tomates, ou me perguntem por que exus eu não apus a palavrinha .:interlúdio:. ao título de uma gravação, vejam só, de banjo, de BANJO, de B A N J O! incongruentemente atirada no meio das sacrossantas interpretações dos Pollinis e Bernsteins que os blogueiros não-vassílycos publicam por aqui, bem, antes que venham os apupos, os “foras!” e que me defenestrem, eu antecipadamente me defendo: Béla Fleck é um TREMENDO músico e merece ser ouvido.

Ok, o repertório do CD é um balaio de gatos cheio de figurinhas fáceis do repertório das coleções “The Best of”, só que ele é feito sob medida para Fleck exibir com sobras seu talento. Asseguro-lhes que dificilmente ouvirão um banjo ser tocado com tanta maestria, ainda mais acompanhado por músicos do naipe de, entre outros, Joshua Bell, John Williams e Edgar Meyer. No final, para relaxar, Fleck colocou uma ótima versão bluegrass do “Moto Perpétuo” de Paganini, mas ela está claramente identificada como tal e os puristas entre vós outros poderão deletá-la antes que ela fira algum ouvido.

E, se vocês acharam interessante o Fleck ter o nome de Béla, saibam que o nome completo do cavalheiro é Béla Anton Leoš Fleck. Sim: uma homenagem ao grande Béla, àquele Anton e a este Leoš.

PERPETUAL MOTION – BÉLA FLECK

Domenico SCARLATTI (1685-1757)
01 – Sonata em Dó maior, K. 159

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
02 – Invenção a duas vozes no. 13 em Lá menor, BWV 784

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
03 – Children’s Corner, L. 113 – “Doctor Gradus ad Parnassum”

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
04 – Mazurkas, Op. 59 – no. 3 em Fá sustenido menor

Johann Sebastian BACH
05 – Partita no. 3 em Mi maior, BWV 1006 – Prélude

Fryderyk Franciszek CHOPIN
06 – Études, Op. 10 – no. 4 em Dó sustenido menor
07 – Mazurkas, Op. 6 – no. 1 em Fá sustenido menor

Johann Sebastian BACH
08 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Sol maior, BWV 796

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
09 – Souvenir d’un lieu cher, Op. 42 – no. 3: Mélodie

Johannes BRAHMS (1833-1897)
10 – Cinco estudos para piano, Anh. 1a/1 – no. 3 em Sol menor, após Johann Sebastian Bach

Johann Sebastian BACH
11 – Suíte no. 1 em Sol maior, BWV 1007 – Prelude
12 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Si menor, BWV 801

Niccolò PAGANINI (1782-1840)
13 – Moto Perpetuo, Op. 11

Domenico SCARLATTI
14 – Sonata em Ré menor, K. 213

Johann Sebastian BACH
15 – Invenção a duas vozes no. 6 em Mi maior, BWV 777

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
16 – Sonata no. 14 em Dó sustenido menor, Op. 27 no. 2, “Luar” – Adagio sostenuto

Johann Sebastian BACH
17 – Invenção a duas vozes no. 11 em Sol menor, BWV 782

Ludwig van BEETHOVEN
18 – Sete Variações sobre “God Save the King”, WoO 78

Johann Sebastian BACH
19 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Mi menor, BWV 793

Niccolò PAGANINI
arranjo de James Bryan Sutton
12 – Moto Perpetuo, Op. 11 (versão bluegrass)

Béla Fleck, banjo
Joshua Bell, violino
Gary Hoffmann, violoncelo
Evelyn Glennie, marimba
Edgar Meyer, contrabaixo
Chris Thile, bandolim
James Bryan Sutton, violão folk
John Williams, violão

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Vassily Genrikhovich

 

Leonid Kogan (1924-1983) – Artist Profile

Troquei o servidor para o Google Drive. Creio que agora o pessoal vai poder baixar os arquivos sem maiores problemas.

Ah, os russos… Que podemos dizer deles quando o assunto são os grandes violinistas do passado? David Oistrakh e Leonid Kogan entre outros, eram músicos excepcionais, acima da condição normal de um ser humano, eram seres iluminados, abençoados com um dom único, o de extrair de uma caixinha de madeira com quatro cordas toda a emoção que pudesse ser exposta. Não bastava o que estava no papel, havia de se ler o que estava nas entrelinhas, subentendido.
Leonid Kogan nasceu em 1924 e faleceu em 1983, em uma estação de trem, onde ia embarcar para mais uma apresentação. Foi casado com uma irmã do grande pianista Emil Gilels, que também era violinista, e pai de outro violinista. Leonid Kogan foi um gigante absoluto do instrumento, e neste CD toca cinco peças básicas do repertório do instrumento. Senti falta do Concerto de Mendelssohn, mas tudo bem. Kogan só foi apresentado ao Ocidente em 1958, tocando exatamente o Concerto de Brahms, e fez um sucesso estrondoso.
Kogan não foi tão prolífico em termos de gravação quanto seu amigo mais velho, David Oistrakh. Mas o que gravou foi o suficiente para demonstrar todo o seu imenso talento.
A gravadora EMI contratou para essas gravações dois grandes maestros russos para acompanhar  o músico: Kiril Kondrashin e Constantin Silvestri, ou seja, nada pode dar errado quando temos estes nomes envolvidos.
Espero que apreciem, fã que sou da escola russa de violino, sei que os senhores também irão gostar.

CD 1

01. Brahms Violin Concerto in D, Op.77 – I. Allegro non troppo
02. Brahms Violin Concerto in D, Op.77 – II. Adagio
03. Brahms Violin Concerto in D, Op.77 – III. Allegro giocoso, ma non troppo vivace
04. Lalo Symphonie espagnole, Op.21 – I. Allegro non troppo
05. Lalo Symphonie espagnole, Op.21 – II. Scherzando (Allegro molto)
06. Lalo Symphonie espagnole, Op.21 – III. Intermezzo ( Allegro non troppo)
07. Lalo Symphonie espagnole, Op.21 – IV. Andante
08. Lalo Symphonie espagnole, Op.21 – V. Rondo (Allegro)
09. Tchaikovsky Serenade melancholique, Op.26

Leonid Kogan – Violin
Philharmonia Orchestra
Kiril Kondrashin – Conductor

CD 2

01. Beethoven Violin Concerto in D major, op.61 – I. Allegro ma non troppo
02. Beethoven Violin Concerto in D major, op.61 – II. Laghetto
03. Beethoven Violin Concerto in D major, op.61 – III. Rondo Allegro
04. Tchaikovsky Violin Concerto in D major, op.35 – I. Allegro moderato
05. Tchaikovsky Violin Concerto in D major, op.35 – II. Canzonetta Andante
06. Tchaikovsky Violin Concerto in D major, op.35 – III. Finale Allegro vivace

Leonid Kogan – Violin
Orchestre de la Societé des Concerts du Conservatoire
Constantin Silvestri – Conductor

CD 1 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 2 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Joseph Joachim & Pablo de Sarasate – Gravações completas (1903-1904) – Eugène Ysaÿe – Gravações (1912)

Joseph Joachim & Pablo de Sarasate – Gravações completas (1903-1904) – Eugène Ysaÿe – Gravações (1912)

51a7Y69Z7oLNão, você não leu errado: estas são as gravações completas dos legendários violinistas Joachim e Sarasate, feitas no começo do século XX.

Sim, Joachim: aquele que estreou sob a batuta de Felix Mendelssohn e consolidou o Concerto Op. 61 de Beethoven no repertório, que escreveu dezenas de cadenzas para concertos alheios, fundador de uma importante escola pedagógica, amigo de Schumann e de Brahms, e consultor deste último nas obras concertantes para violino.

E sim, ele mesmo: Sarasate, o mais célebre dos violinistas do século XIX depois de Paganini, receptor das dedicatórias da Sinfonia Espanhola de Lalo, do Concerto no. 2 de Wieniawski, do Concerto no. 3 e Introdução e Rondó Caprichoso de Saint-Saëns, entre outros.

De quebra, para fechar o disco, algumas das gravações que Eugène Ysaÿe, o maior violinista de seu tempo, realizou durante uma visita a Nova York em 1912.

Joseph Joachim (1831-1907)
Joseph Joachim (1831-1907)

Joachim tinha 72 anos quando realizou suas gravações – idade avançada para a época – e certamente já não estava no melhor de sua forma, tanto física quanto técnica. As técnicas primitivas de gravações, agravadas pelas dificuldades inerentes à captação do som do violino, ainda mais com as cordas de tripa que eram então a norma, exigem bastante do ouvinte que deseja apreciar a arte deste violinista legendário. As duas peças de Bach para violino solo carregam a distinção de serem as primeiras obras do Pai da Música jamais gravadas. Chamam a atenção também as ornamentações que adicionou, especialmente à bourrée, o uso muito comedido de vibrato (pois a escola fundada por Joachim assim defendia) e o que parece uma entonação distinta, que talvez estivesse em voga na distante década de 1830, quando começou a receber sua educação musical.

Joachim com o jovem Franz von Vecsey, em foto de 1903 - ano em que realizou suas únicas gravações. Aquele dedo indicador artrítico da mão esquerda dói só de olhar, e nos faz conceder um generoso desconto quando ouvimos os erros que ele deixou registrados para a posteridade.
Joachim com o jovem Franz von Vecsey, em foto de 1903 – ano em que realizou suas únicas gravações. Aquele dedo indicador artrítico da mão esquerda dói só de olhar, e nos faz conceder um generoso desconto quando ouvimos os erros que ele deixou registrados para a posteridade.

 

Pablo de Sarasate (1844-1908), com seu Stradivarius que pertenceu a Paganini, o mesmo instrumento usado nestas gravações.
Pablo de Sarasate (1844-1908), com seu Stradivarius que pertenceu a Paganini, o mesmo instrumento usado nestas gravações.

Comedimento era o que não existia no diminuto corpo de Sarasate, virtuose de fama mundial e compositor de diversas obras feitas sob medida para exibir sua técnica. Diferentemente de Joachim, ele abusa do vibrato e, a julgar por suas gravações, apreciava andamentos insanamente rápidos. O Prelúdio da Partita em Mi maior de Bach, por exemplo, é tocada em velocidade lúbrica, mais rápido até do que era capaz o violinista sexagenário: lá pelo segundo terço ele se perde completamente, como um estudante em pânico na prova, e só vem a se recuperar quando a obra se encaminha para o final (ele parece comentar alguma coisa no fim – talvez uma exclamação desbocada – mas não a consegui entender). O arranjo do Noturno de Chopin permite apreciar um pouco de seu afamado “cantabile”, que pelo jeito abusava do portamento.  No entanto, é em suas próprias obras que o basco parece se sair melhor, principalmente no “Zapateado” e nas famosas “Zigeunerweisen” (Árias Ciganas), aparentemente abreviadas para caberem na gravação – o Adagio acaba bruscamente (em meio a instruções sem-cerimoniosamente faladas pelo intérprete) para dar lugar ao velocíssimo Finale.

Eugene Ysaÿe (1858-1931)
Eugene Ysaÿe (1858-1931)

Já o belga Ysaÿe, aluno dos legendários Vieuxtemps e Wieniawski em Bruxelas, viveu até os anos 30. Por isso, deixou um legado maior de gravações, que nos soam mais modernas e muito mais satisfatórias que as de Sarasate e Joachim – mérito, também, da impressionante evolução das técnicas de gravação. O movimento final do Concerto de Mendelssohn, apesar dos cortes necessários para que coubesse num lado de um LP de 78 rpm, é bastante bom, e a famosa elegância do estilo de Ysaÿe fica evidente, apesar de algumas escorregadelas. Lembremo-nos de que as gravações eram feitas em uma só tomada, e o alto custo da mídia não permitia o luxo de repetir tomadas a bel-prazer.

Ysaÿe e o pianista Camille de Creus, realizando as gravações que vocês escutarão em breve, em Nova York (1912)
Ysaÿe e o pianista Camille Decreus, realizando as gravações que vocês escutarão em breve, em Nova York (1912). Reparem no cone que fazia as vezes de microfone

 

Espero que apreciem estas gravações preciosas que permitem, pelo menos àqueles que lhe relevam os ruídos de superfície inerentes às limitações técnicas da época, uma fascinante viagem aural ao passado.

JOSEPH JOACHIM – THE COMPLETE RECORDINGS (1903)
PABLO DE SARASATE – THE COMPLETE RECORDINGS (1904)
EUGÈNE YSAYE – SELECTED RECORDINGS (1912)

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

01 – Partita no. 1 em Si menor para violino solo, BWV 1002 – Bourrée
02 – Sonata no. 1 em Sol menor para violino solo, BWV 1001 – Adagio

Joseph Joachim, violino
(1903)

Joseph JOACHIM (1831-1907)

03 – Romance em Dó maior para violino e piano

Johannes BRAHMS (1833-1897), arranjos para violino e piano de Joseph Joachim

04 – Dança Húngara no. 1 em Sol menor
05 – Dança Húngara no. 2 em Ré menor

Joseph Joachim, violino
Pianista desconhecido
(1903)

Pablo Martín Meliton de SARASATE y Nevascués (1844-1908)

06 – Zigeunerweisen (Árias Ciganas), Op. 20
07 – Capricho Basco, Op. 24
08 – Introdução e Capricho Jota, Op. 41
09 – Introdução e Tarantela, Op. 43
10 – Zortzico Miramar, Op. 42
11 – Danças Espanholas, Op. 21 – no. 2: Habanera
12 – Danças Espanholas, Op. 26 – no. 2: Zapateado

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)

13 – Noturnos, Op. 9 – no. 2 em Mi bemol maior (transcrição de Sarasate para violino e piano)

Pablo de Sarasate, violino
Pianista desconhecido
(1904)

Johann Sebastian BACH

14 – Partita no. 3 em Mi maior para violino solo, BWV 1006 – Prelúdio

Pablo de Sarasate, violino
(1904)

Emmanuel Alexis CHABRIER (1841-1894)

15 – Pièces pittoresques para piano – no. 10: Scherzo-Valse em Ré maior (transcrito por Ysaÿe para violino e piano)

GABRIEL URBAIN FAURÉ (1845-1924)

16 – Berceuse, Op. 16

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)

17 – Concerto em Mi menor para violino e orquestra, Op. 64 – Finale: Allegro molto (redução abreviada para violino e piano)

Henryk WIENIAWSKI (1835-1880)

18 – Duas Mazurkas para violino e piano, Op. 19

Johannes BRAHMS, arranjos para violino e piano de Joseph Joachim

19 – Dança Húngara no. 5 em Sol menor

Eugène Ysaÿe, violino
Camille Decreus, piano
(1912)

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BÔNUS: vocês sabiam que não há só uma, mas DUAS gravações de Johannes Brahms ao piano? Claro que o som é precaríssimo, pois elas são de 2 de dezembro de 1889 (imaginem, menos de um mês após a Proclamação de República no Brasil!). Brahms toca uma de suas Danças Húngaras e um trecho de uma polca de Josef Strauss. Este vídeo do pianista Jack Gibbons, que tem um dos melhores canais de YouTube para amantes do piano, guia-nos nessa experiência aural a um só tempo difícil e privilegiada:

Sarasate, o ligeirinho
Sarasate, o ligeirinho

Vassily Genrikhovich

Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para piano no. 1 – Glenn Gould – Leonard Bernstein

Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para piano no. 1 – Glenn Gould – Leonard Bernstein

gouldbrUm dos mais célebres concertos da história da Filarmônica de Nova York (e que o encarte chama de “infame”) foi o que aconteceu na noite de 6 de abril de 1962, cuja gravação agora lhes apresento.

Os músicos envolvidos eram estrelas da gravadora Columbia e surfavam em sucessos estrondosos: o regente Leonard Bernstein, nas ondas de “West Side Story”, que chegara ao cinema no ano anterior; e o pianista canadense Glenn Gould, ainda no maremoto causado por sua gravação de estreia das Variações Goldberg, sete anos antes, embora já granjeasse a reputação de excentricidade que só cresceria no decorrer dos vinte anos que lhe restariam de vida.

Bernstein e Gould já tinham colaborado algumas vezes, tanto em palcos quanto em estúdios, sem maiores dificuldades. Durante os ensaios do Concerto de Brahms, entretanto, ficou claro que as concepções de ambos para a obra eram radicalmente diferentes. Gould, célebre pelas liberdades que tomava em relação às partituras (em especial nos andamentos, articulação e dinâmica – i.e., quase tudo, exceto as notas!), escolhera uma abordagem lenta e ruminativa, enfatizando o contraponto. Bernstein, mais afeito a obedecer as indicações do compositor, acedeu. Não obstante, com a orquestra a postos, entrou sozinho no palco e, subindo ao pódio, sentiu obrigado a eximir-se da responsabilidade em relação ao que se iria ouvir:

Não se apavorem, o Sr. Gould está aqui [risadas da plateia – Gould era famoso pelos cancelamentos de última hora, e de tal forma que a orquestra já preparara a Sinfonia no. 1 de Brahms para o caso dele não aparecer]. Ele aparecerá num instante. Não tenho, ahn, como vocês sabem, o hábito de falar em qualquer concerto, exceto os das quintas à noite, mas uma situação curiosa surgiu, que merece, penso eu, uma ou duas palavras. Vocês estão prestes a ouvir uma, digamos, interpretação bastante inortodoxa  do Concerto em Ré menor de Brahms, uma interpretação distintamente diferente de qualquer outra que eu já escutei, ou até mesmo, diria, sonhei, em seus andamentos notavelmente vagarosos e frequentes abandonos das indicações dinâmicas de Brahms. Não posso dizer que estou totalmente de acordo com a concepção do Sr. Gould, e isso traz a interessante pergunta: ‘por que a estou regendo?’. Eu estou regendo porque o Sr. Gould é um artista tão capaz e sério que eu tenho que levar a sério tudo aquilo que ele concebe em boa fé, e sua concepção é interessante o bastante para eu achar que vocês também a devem ouvir.

Mas a velha pergunta permanece: ‘num concerto, quem é o chefe: o solista ou o regente?’. A resposta, claro, é às vezes um, às vezes o outro, dependendo das pessoas envolvidas. Mas quase sempre os dois conseguem se entender por persuasão, charme ou mesmo ameaças para chegarem a uma interpretação coerente. Só uma vez antes na vida eu tive que me submeter à concepção totalmente nova e incompatível de um solista, e isso foi da última vez que acompanhei o Sr. Gould [gargalhadas da plateia]. Mas dessa vez as discrepâncias em nossos entendimentos são tão grandes que achei que tinha que fazer esta breve ressalva. Então por que, para repetir a pergunta, estou regendo? Por que não faço um pequeno escândalo – conseguir um solista substituto, ou mandar o regente assistente conduzir? Porque estou fascinado, feliz com a oportunidade de um novo olhar sobre esta obra muito executada. Porque, ainda mais, há momentos na interpretação do Sr. Gould que emergem com frescor e convicção surpreendentes. Em terceiro lugar, porque todos nós podemos aprender algo com este extraordinário artista, que é um intérprete pensante, e finalmente porque há na música aquilo que Dimitri Mitropoulos costumava chamar de “elemento esportivo”, aquele toque de curiosidade, aventura, experimentação, e posso assegurar-lhes que tem sido uma aventura colaborar com o Sr. Gould neste Concerto de Brahms ao longo dessa semana, e é nesse espírito de aventura que nós agora o apresentamos a vocês” [minha tradução livre]

O comentário de Bernstein e a interpretação de Gould, claro, causaram um pequeno escândalo. Os críticos detonaram ambos, e a gravação da transmissão radiofônica circulou durante décadas em cópias piratas, até ser lançada oficialmente (e com qualidade de gravação pirata) pela Sony em 1998, incluindo o controverso pronunciamento de Bernstein.

Houve até quem atribuísse à controvérsia com Bernstein a decisão posterior de Gould de abandonar para sempre as apresentações ao vivo e concentrar-se em gravações de estúdio. Não é, entretanto, o que ele deixa entender na entrevista que deu a um radialista, anos depois, e que também está incluída no álbum. Não tenho como transcrever tudo o que Gould, um notório tagarela, falou, mas ele essencialmente corrobora a atitude de Bernstein e declara ter problemas com a dualidade masculino/feminino do concerto como forma musical – posição que o levaria, no restante da carreira, a preferir gravar obras para piano solo e música de câmara.

Sobre a gravação em si, já falei que a qualidade do som é medonha: tem-se a impressão de que os microfones preferiram captar a sinfonia tísica da plateia, que não para de botar os bofes para fora, ao piano de Gould, que parece tocar das coxias. Os andamentos são de fato muito lentos, mas me parece haver um gradual accelerando ao longo dos movimentos, em especial no Maestoso. O mais interessante é que as gravações posteriores de Bernstein (como aquela que ele faria com Krystian Zimerman) duram quase tanto quanto a que ele fez com Gould, o que nos faz concluir que, talvez, o solista tenha vencido o embate contra o regente.

É bem provável que vocês, acostumados a Gilels, Zimerman e Pollini, detestem a interpretação de Gould. Para mim, ela foi um gosto adquirido: eu também já a detestei, mas sua leitura heterodoxa é hoje uma de minhas favoritas.

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Concerto para piano e orquestra no. 1 em Ré menor,  Op. 15

01 – Introdução de Leonard Bernstein
02 – Concerto Op. 15 – Maestoso
03 – Concerto Op. 15 – Adagio
04 – Concerto Op. 15 – Rondo – Allegro non troppo
05 – Trecho de entrevista de Glenn Gould ao radialista James Fassett (1967)

Glenn Gould, piano
New York Philarmonic
Leonard Bernstein, regência

Gravado no Carnegie Hall, Nova York, em 6 de abril de 1962.

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Gould e seu melhor amigo (que certamente não se chamava Lenny)
Gould e seu melhor amigo (que certamente não se chamava Leonard)

Vassily Genrikhovich

A Família das Cordas: The Glory of Cremona – Ruggiero Ricci

FrontSerá que um Stradivarius vale tudo o que pedem por ele?

E um Amati? Ou um Guarneri?

Talvez este álbum possa ajudá-los a responder.

Nele, o virtuoso ítalo-americano Ruggiero Ricci (1918-2012) toca, em quinze famosos violinos, várias peças curtas que considera adequadas às características de cada instrumento. Depois, no que é talvez a parte mais interessante do álbum, ele toca o mesmo trecho – o início solo inicial do Concerto no. 1 de Max Bruch – com as mesmíssimas condições de estúdio em cada um dos violinos, a maior parte dos quais leva apelidos que remetem a ex-proprietários célebres. Apesar da overdose de Stradivari, o xodó de Ricci era seu inseparável Guarneri del Gesù (o “Ex-Huberman”, que surpreendemente não aparece nesta gravação), que foi, depois de sua morte, adquirido por uma companhia japonesa e cedido à violinista japonesa Midori Gotō.

A “Glória de Cremona” a que se refere o título é a rica tradição de luteria daquela cidade, que teve seu pináculo entre os séculos XVI e XVIII através de luthiers da estirpe de Stradivari, Guarnieri, Bergonzi, Amati e da Salo, cujos preciosos instrumentos são, há já muito tempo, o privilégio dos maiores virtuosos.

THE GLORY OF CREMONA – RUGGIERO RICCI

Jean-Antoine DESPLANES [Giovanni Antonio Piani] (1678-1760)
01 – Intrada [violino de Andrea Amati, c. 1560-170]

Pietro NARDINI (1722-1793)
02 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “ex-Rode”, 1733]

Antonio Lucio VIVALDI (1678-1741)
03 – Praeludium [violino de Nicolò Amati, 1656]

Niccolò PAGANINI (1782-1840)
04 – Cantabile e Valzer [violino de Antonio Stardivari, “Il Monasterio”,1719]

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
arranjo de Carl Friedberg (1872–1955)
05 – Adagio [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden”, 1735]

Dmitri Borisovich KABALEVSKY (1904-1987)
06 – Improvisation, Op. 21 no. 1 [violino de Antonio Stradivari, “Il Spagnolo”, 1677]

Piotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
07 – Souvenir d’un lieu cher, Op. 42 – no. 2: Mélodie [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont”, 1735]

Francesco Maria VERACINI (1690-1768)
08 – Largo [violino de Gasparo da Salo, ca. 1570-80]

Maria Theresia von PARADIS (1759-1824)
arranjo de Samuel Dushkin (1891-1976)
09 – Sicilienne [violino de Carlo Bergonzi, “Il Constable”, 1731]

Jenő HUBAY (1858-1937)
10 – The Violin Maker of Cremona  [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot”, 1744]

Georg Friedrich HÄNDEL (1685-1759)
11 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “El Madrileño”, 1720]

Robert SCHUMANN (1810-1856)
arranjo de Fritz Kreisler (1875-1962)
12 – Romance em Lá maior [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps”, 1739]

Johannes BRAHMS (1833-1897)
13 – Dança Húngara no. 20 [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Joachim”, 1714]
14 – Dança Húngara no. 17  [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Gibson”, 1734]

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)
arranjo de Fritz Kreisler
15 – Lieder ohne Wörte, Op. 62 – No. 1: “Mailüfte” (“Brisas de Maio”) [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Ernst”, 1709]

Ruggiero Ricci, violinos
Leon Pommers, piano

 

Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)

Concerto para violino e orquestra no. 1 em Sol menor, Op. 26
I – Vorspiel. Allegro moderato (excerto – solo inicial)
Executado por Ruggiero Ricci nos seguintes instrumentos:

16 – Andrea Amati (c. 1560-70)
17 – Nicolò Amati (1656)
18 – Antonio Stradivari, “Il Spagnolo” (1677)
19 – Antonio Stradivari, “Ex-Ernst” (1709)
20 – Antonio Stradivari, “Ex-Joachim” (1714)
21 – Antonio Stradivari, “Il Monasterio” (1719)
22 – Antonio Stradivari, “El Madrileño” (1720)
23 – Antonio Stradivari, “Ex-Rode” (1733)
24 – Gasparo da Salo (c. 1570-80)
25 – Carlo Bergonzi, “Il Constable” (1731)
26 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Gibson” (1734)
27 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont” (1735)
28 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden” (1735)
29 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps” (1739)
30 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot” (1744)

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Quebre um, e passe reencarnações pagando.
Quebre um, e passe reencarnações pagando.

 

Vassily Genrikhovich

Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para violino, Op. 77 + 16 cadências – Ruggiero Ricci

41Lw1PGJJRLUm álbum com o mesmo conceito daquele que postamos ontem: um célebre concerto para violino, Ruggiero Ricci, e várias cadências de diferentes autores. A orquestra, aqui, sai-se melhor, e Ricci parece mais à vontade com Brahms do que com Beethoven. As cadências mais famosas dividem o álbum com algumas das quais eu não fazia a menor ideia – assim como, em minha habitual ignorância, também não sabia que o célebre musicólogo Donald Francis Tovey tinha sido compositor.

RUGGIERO RICCI PLAYS BRAHMS VIOLIN CONCERTO

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 77

01 – Allegro non troppo (início, compassos 1-525)
02 – Cadência de Ferruccio Busoni
03 – Cadência de Joseph Joachim
04 – Cadência de Edmund Sing
05 – Cadência de Hugo Heermann
06 – Cadência de Leopold Auer
07 – Cadência de Eugène Ysaÿe
08 – Cadência de František Ondrícek
09 – Cadência de Franz Kneisel
10 – Cadência de Henri Marteau
11 – Cadência de Fritz Kreisler
12 – Cadência de Donald Francis Tovey
13 – Cadência de Jan Kubelík
14 – Cadência de Adolf Busch
15 – Cadência de Jascha Heifetz
16 – Cadência de Nathan Milstein
17 – Cadência de Ruggiero Ricci
18 – Allegro non troppo (conclusão, compassos 511-535)
19 – Adagio
20 – Allegro giocoso, ma non troppo vivace – Poco più presto

Ruggiero Ricci, violino
Sinfonia of London
Norman del Mar, regência

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Sir Donald Francis Tovey (1875-1940), compondo uma marcha fúnebre em homenagem à minha ignorância
Sir Donald Francis Tovey (1875-1940) compondo elegia à minha ignorância

Vassily Genrikhovich

Johannes Brahms (1833-1897) – Symphony nº 2, op. 73 – Claudio Abbado, Berliner Philharmoniker

Direto do túnel do tempo, trago para os senhores uma magnífica gravação de uma das minhas sinfonias favoritas, a Segunda de Brahms, onde um jovem maestro se consolidava entre os grandes regentes do final do século XX, Claudio Abbado. O ano era 1968, este que vos escreve ainda mal falava as primeiras palavras, além de mal conseguia caminhar.

Cinquenta e um anos se passaram desde então, aquele jovem maestro já nos deixou, mas antes de isso acontecer, nos proporcionou muita alegria e emoção no coração, graças a sua incrível sensibilidade artística Abbado já não está mais entre nós. E é com muita emoção que ouço esta pintura que é a Segunda de Brahms nas mãos deste jovem que ainda não conhecia muito da vida, digamos assim. Já no primeiro movimento ela mostra a que veio. Intercala momentos de lirismo, e ao mesmo tempo de tensão, a linguagem brahmsiana já está bem clara e definida, identificamos rapidamente suas principais características. Sim, sabemos que ele demorou para escrever sua primeira sinfonia, sempre dizia que depois de Beethoven, não havia mais o que se poderia expressar. Que bom que ele conseguiu superar essa barreira criativa. Que talvez tenha sido benéfica, basta analisarmos a qualidade destas quatro maravilhas que são suas sinfonias. A maturidade ajudou a moldá-las.

1. Symphony No. 2 in D, Op. 73- 1. Allegro non troppo
2. Symphony No. 2 in D, Op. 73- 2. Adagio non troppo – L’istesso tempo, ma grazioso
3. Symphony No. 2 in D, Op. 73- 3. Allegretto grazioso –
4. Symphony No. 2 in D, Op. 73- 4. Allegro con spirito
5. Academic Festival Overture, Op.80

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado – Conductor

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Brahms & Schubert: Sinfonias // Liszt: Les Preludes – Philharmonia Orchestra & Karajan

Brahms & Schubert: Sinfonias // Liszt: Les Preludes – Philharmonia Orchestra & Karajan

Ah, os clássicos! Sempre é possível aprender com eles. Há um filme espetacular chamado The trouble with Harry.O filme é um clássico de Hitchcock e vale a pena futura investigação. Mas, hoje, do filme, emprestamos apenas o nome.

O Herbert aqui é o von Karajan, personalidade que desperta (mesmo depois de mais de trinta anos de sua morte) sentimentos extremos nas pessoas.

Karajan ocupou lugar de destaque absoluto no mundo da (chamada) música clássica por muitas décadas e, para muitos, até hoje, é sinônimo de perfeição e garantia de alta qualidade nas gravações. No caso dele, foram muitas.

O problema com Karajan é que ele nos coloca diante de dilemas que (lamentavelmente) insistem em nos afrontar. Essas questões podem ser abordadas de maneira aristotélica, como o fez Alexandre diante do Nó de Górgio, assumindo algum dos polos do ame ou odeie. Aqui vamos tentar uma abordagem diferente, que resumidamente consiste em evitar absolutamente coisas como

mas não deixar de desfrutar coisas como

É inevitável falar da indústria fonográfica sem mencionar o dia 19 de janeiro de 1946, no qual Walter Legge encontrou-se em Viena com Herbert von Karajan. Os detalhes deste encontro podem ser lidos no livro On and Off the Record, organizado a partir de anotações de Legge pela sua mulher, Elisabeth Schwarzkopf. Outra perspectiva destes controversos personagens pode ser lida no Maestros, Obras-Primas & Loucura, de Norman Lebrecht. Sempre que possível, ouça diferentes lados da mesma história!

Walter Legge foi um precursor da figura do produtor de discos e, se não inventou essa profissão, a moldou em sua forma atual, levando-a a níveis altíssimos de profissionalismo.

No final da Segunda Grande Guerra, Legge, que falava fluentemente alemão e sabia tudo sobre música, orquestras e gravações, sem ser músico profissional, percorria a Alemanha e a Áustria em busca de talentos para seus projetos. Especificamente buscava um regente para a sua Orquestra Philharmonia, recém formada por músicos escolhidos criteriosamente.

Herbert, mais uma vez, estava no lugar certo, na hora (quase) certa. E tinha tudo e mais um pouco com o que Walter sempre sonhara. Mas havia uma pegadinha, um embaraço monumental. Karajan estava passando por um processo de des-nazificação. Estava proibido de atuar em público, por exemplo. Veja, se você não sabia destes fatos, deve perceber que se tratando deste período histórico, as coisas nunca são exatamente simples.

No dia do encontro, Karajan deveria se apresentar com a Orquestra Filarmônica de Viena e, apesar dos ensaios, o concerto foi cancelado pelas autoridades russas apenas algumas horas antes. Para Legge, a questão da des-nazificação era apenas técnica. Ele próprio acabou se casando com a Schwarzkopf, que também passou por processo semelhante.

Como Karajan se tornou membro do partido é relativamente fácil de entender. Veja um trecho dos muitos artigos que andei lendo: Ruthlessly ambitious as a young man and grimly autocratic in his later years, his life story is marked by bitter rivalries, feuds and, most notoriusly, membership of the Nazy Party. Ou seja, implacavelmente ambicioso quando jovem e incansavelmente autocrático nos seus últimos anos, a história de sua vida é marcada por amargas rivalidades, disputas e, mais notoriamente, ter sido membro do Partido Nazista.

Karajan iniciara como regente em Ulm em 1929, num dos primeiros degraus de uma escada longuíssima de ascensão na carreira de regente nos países de língua alemã. Suas apresentações no Festival de Salzburg e outros concertos, inclusive com a Filarmônica de Viena, despertaram a atenção no cenário musical. Cenário este que com a ascensão do Nazismo ficava mais e mais despovoado de muitos nomes.

Apesar destes sucessos iniciais, ficou desempregado e teria entrado para o partido para conseguir a posição de regente em Aachen, onde as condições de trabalho eram boas.

Suas relações com o establishment, no entanto, não eram boas. Seu sucesso e sua juventude foram usados para afrontar Wilhelm Furtwängler, que era doentiamente inseguro. A rivalidade entre eles foi imensa. Furtwängler não pronunciava o nome Karajan e referia-se a ele simplesmente por K.

Karajan, que regia de memória, dirigiu uma apresentação desastrosa de Die Meistersinger, devido a um barítono embriagado. Com isso, caiu em absoluta desgraça com Adolf Hitler.

Além disso, casou-se com Anita Güterman, de avô judeu, o que certamente não contribuiu para amainar as coisas.

A despeito disso, Karajan fez sucesso. Ele trazia um sopro de novidade num cenário empobrecido pelas restrições impostas pela situação. Em seus concertos havia música que na época era nova. Vamos lembrar que Richard Strauss e Paul Hindemith, por exemplo, eram vivos e ativos. Karajan também apresentava uma perspectiva diferente da preconizada pelos concertos de Furtwängler. Arturo Toscanini sempre fora uma grande influência para Karajan, que ouvia as gravações de outros regentes, como Stokowski e Mengelberg, com suas grandes sonoridades. O interesse pelas novas tecnologias sempre esteve presente em sua vida.

O crítico Klaus Geitel lembra o ‘glittering, exciting’ thrill of pre-war Berlin concerts with their new repertoire: concerts with Furtwängler ‘were like going into a cathedral’; with Karajan, it was ‘like going to the Venusberg, like entering a bacchanal. ’  – ‘o entusiasmo brilhante e a excitação dos concertos em Berlim antes da guerra com seus novos repertórios: concertos com Furtwängler ‘eram como ir a uma catedral’; com Karajan, era ‘como ir ao Venusberg, como entrar em um bacanal. ’ Assanhado, não? Mas certamente realça as diferenças.

Produtor inglês Walter Legge (1906 – 1979) com o regente austríaco Herbert von Karajan (1908 – 1989), em 17 de janeiro de 1958

Com o fim do processo de des-nazificação, Karajan iniciou sua ascensão no mundo musical. Gravações para a EMI com a Philharmonia, para a London com a Filarmônica de Viena, apresentações no Festival de Salzburg e no Bayreuth Festspielhaus. O passo mais importante foi dado em 1955, com a morte de Furtwängler. Karajan torna-se diretor vitalício da Filarmônica de Berlim. O resto é história.

O Kaiser do Legato, a busca constante pela beleza de som. Esses ideais buscados incansável e germanicamente por Karajan foram, a um tempo, a sua glória e a sua maldição. Enquanto havia resistência, essa busca deixava margem a percepção da presença humana em seus resultados. A medida que os avanços tecnológicos e a reunião de poderes absolutos em suas mãos foram se consolidando, os resultados tornaram-se caricaturas. Sinfonias envernizadas e brilhantes, mas sem vida interior.

Além disso, sua personalidade gera um antagonismo que não se percebe contra figuras que viveram situações parecidas, algumas até com agravantes, como Richard Strauss, Karl Böhm e Carl Orff, por exemplo.

Talvez, o problema com Herbert seja que ele nos faz encarar o que pode haver de melhor, mas também o que pode haver de pior nos seres humanos. E isso, reflete-se em nós mesmos. Mas, chega de vãs filosofias e vamos a música da postagem.

Ouça as gravações de duas lindas sinfonias de Brahms, a Sinfonia Inacabada de Schubert e o poema sinfônico Les Preludes, de Liszt. Essas gravações são resultados de um encontro que marcou época e estabeleceu padrões altíssimos. Aqui temos a Orquestra Philharmonia, a produção de Walter Legge e o maestro que queria tomar o mundo da música, prestes a fazer exatamente isso.

Disco 1

Johannes Brahms (1833-1897)

Sinfonia No. 2 em ré maior, Op. 73

  1. Allegro non troppo
  2. Adagio non troppo
  3. Allegretto grazioso
  4. Allegro com spirito

Franz Schubert (1797-1828)

Sinfonia No. 8 em si menor, D. 759 – Inacabada

  1. Allegro moderato
  2. Anadante com moto

Disco 2

Johannes Brahms (1833-1897)

Sinfonia No. 4 em mi menor, Op. 98

  1. Allegro non troppo
  2. Andante moderato
  3. Allegro giocoso
  4. Allegro enérgico e passionato

Franz Liszt (1811-1886)

  1. Les Preludes

Philharmonia Orchestra

Herbert von Karajan

Produção: Walter Legge

Gravações: Brahms & Schubert – 1955; Liszt – 1958

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FLAC | 502 MB

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MP3 | 320 KBPS | 273 MB

Richard Osborne escreveu uma biografia de Herbert von Karajan. Em suas palavras:

Even the greatest talent, pushed a hair’s breadth in the wrong direction, can end up seeming like a parody of itself: the maniacal Toscanini, the blockish Klemperer, Gielgud crooning, Olivier ranting. Karajan’s Achilles’ heel would be a tendency to over-refinement and an excess of smoothness, the downside of his highly cultivated art.

O calcanhar de Aquiles de Karajan foi sua tendência para o super refinamento e um excesso de suavidade, o lado negativo de sua altamente cultivada arte.

René Denon

PS: Já ia esquecendo! Absolutamente

Johannes Brahms (1833-1897): Cello Sonatas / Franz Schubert (1797-1828): Arpeggione Sonata

Johannes Brahms (1833-1897): Cello Sonatas / Franz Schubert (1797-1828): Arpeggione Sonata

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Nathalie Clein tem estilo ao interpretar lindamente esse esplêndido programa de Brahms + Schubert. A gravação tem alguns detalhes que fazem a alegria de meu combalido coração: ouve-se claramente a carpintaria do cello. Clein tem bom som e parece não se importar muito em bater com o arco, nem com provocar alguns ronquinhos. Ah, e ela respira bastante, de forma e audível, fato natural em seres humanos. Prefiro a atmosfera de um concerto ao vivo do que a perfeição técnica provocada por engenheiros de som ciosos de limpeza, higiene e segurança no trabalho.

Em 1994, aos 17 anos, a violoncelista Natalie Clein foi a primeira vencedora do concurso britânico Festival Eurovisão de Jovens Músicos. Ela não se apressou em correr para uma carreira solo, tendo se concentrado em estudos com o grande Heinrich Schiff, bem como em desenvolver uma reputação internacional de concertos com orquestras, executando e colaborando com gente como Martha Argerich, Ian Bostridge e Steven Isserlis.

Este é seu CD de estreia (2004). Um desafio. As duas extraordinárias sonatas românticas de Brahms, juntamente com a Arpeggione.

Brahms: Cello Sonatas / Schubert: Arpeggione Sonata

1. Cello Sonata No. 2 in F Op. 99: I. Allegro vivace 8:54
2. Cello Sonata No. 2 in F Op. 99: II. Adagio affettuoso 6:45
3. Cello Sonata No. 2 in F Op. 99: III. Allegro passionato 6:59
4. Cello Sonata No. 2 in F Op. 99: IV. Allegro molto 4:18

5. Arpeggione Sonata in A minor D821: I. Allegro moderato 11:42
6. Arpeggione Sonata in A minor D821: II. Adagio – 4:10
7. Arpeggione Sonata in A minor D821: III. Allegretto 8:45

8. Cello Sonata No. 1 in E minor Op. 38: I. Allegro non troppo 13:46
9. Cello Sonata No. 1 in E minor Op. 38: II. Allegretto quasi Menuetto 5:51
10. Cello Sonata No. 1 in E minor Op. 38: III. Allegro 6:35

Natalie Clein, violoncelo
Charles Owen, piano

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Natalie Clein na sala de espera da PQP Bach Foundation.

PQP

Catalin Rotaru – Bass(ic) Cello Notes

Catalin Rotaru – Bass(ic) Cello Notes

Você já imaginou uma orquestra sem contrabaixos? Pois é: uma desgraça – pior ainda tratando-se de uma orquestra de cordas. Mas como instrumento solista falta ainda bastante para o contrabaixo se consolidar dentro do repertório orquestral, mesmo com Bottesini (o Paganini do instrumento) tendo aberto caminhos para seu virtuosismo.

Nem mesmo a música de câmara contribuiu com muita coisa, tanto que um camarada chamado Catalin Rotaru encheu o saco e começou a fazer transcrições de peças mais desafiadoras, originalmente escritas para violoncelo ou violino. O romeno residente nos EUA, por exemplo, pinta e borda na paráfrase que escreveu sobre o Capricho 24 do aludido Paganini.

Porém neste CD aqui vocês verão um Rotaru comedido (comedido na demonstração de domínio técnico), que preferiu colocar apenas uma paráfrase (sobre Bach) em meio a duas sonatas (Brahms e Rachmaninov) onde respeita praticamente por completo a partitura, tocando o contrabaixo no registro agudo – ou seja, nas cello notes.

Nessas sonatas, a interpretação de Catalin chega a ser mais lírica do que a de muitos cellistas (particularmente, pela primeira vez senti beleza nessa primeira sonata de Brahms), por isso recomendo o download – que passa a ser obrigatório para fãs de peças do gênero, isto é, de sonatas.

***

Catalin Rotaru – Bass(ic) Cello Notes

Brahms
1. Sonata for Cello and Piano No.1 in E Minor, Op. 38: Allegro Non Troppo 11:53
2. Sonata for Cello and Piano No.1 in E Minor, Op. 38: Allegretto Quasi Menuetto 5:43
3. Sonata for Cello and Piano No.1 in E Minor, Op. 38: Allegro 6:48

Bach
4. Chaconne from Partita No. 2 in D minor, BWV 1004: Ciaccona 14:30

Rachmaninov
5. Sonata for Cello and Piano, Op. 19: Lento – Allegro Moderato 10:56
6. Sonata for Cello and Piano, Op. 19: Allegro Scherzando 6:40
7. Sonata for Cello and Piano, Op. 19: Andante 6:13
8. Sonata for Cello and Piano, Op. 19: Allegro mosso – Moderato – Vivace 11:26

Catalin Rotaru, contrabaixo
Baruch Meir, piano

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Catalin Rotaru dizendo que poderia ser um tiquinho mais grave.

CVL