Um CD maravilhoso com a música de Schubert. Embora composições para violino e piano não sejam geralmente consideradas como parte das obras-primas de Schubert, elas são imensamente agradáveis e lindamente tocadas aqui por Don-Suk Kung e Pascal Devoyon. Embora essas obras tenham sido gravadas antes por luminares como Isaac Stern, Arthur Grumiaux, Gidon Kremer et al., esta gravação é tão boa quanto. Ouvi este CD 3 vezes de enfiada. Tenho o original, claro. As duas últimas faixas apareceram com problemas no meu CD Player, mas o restante do CD é tão bom que não tô nem aí. Pode pular à vontade. Não sei o que aconteceu na conversão para mp3, mas às vezes os problemas somem.
Franz Schubert (1797-1828): Sonatas (Sonatinas) para Violino e Piano (Kang, Devoyon)
Fantasy in C Major, D. 934
1 Fantasy in C Major, D. 934 24:12
Violin Sonata (Sonatina) in D Major, Op. 137, No. 1, D. 384
2 I. Allegro molto 04:12
3 II. Andante 04:14
4 III. Allegro vivace 04:09
Violin Sonata (Sonatina) in A Minor, Op. 137, No. 2, D. 385
5 I. Allegro moderato 06:39
6 II. Andante 06:27
7 III. Menuetto: Allegro 02:26
8 IV. Allegro 05:05
Violin Sonata (Sonatina) in G Minor, D. 408
9 I. Allegro giusto 05:07
10 II. Andante 04:47
11 III. Menuetto 02:35
12 IV. Allegro moderato 04:00
Uma imensa cantora e uma baita orquestra para revelar as Cantatas Italianas de Handel, antes desconhecidas para mim. O alemão não consegue ser “italiano” como foi depois “inglês”, mas as cantatas são de muito alto nível musical. Marc Minkowski e Magdalena Kozená matam a pau. A cantora realiza mais uma de suas grandes atuações, e Minkowski traz seu habitual entusiasmo e qualidade. Notem como o jovem Handel já estava interessado nos colorido orquestral, algo nada comum numa época em que os timbres não eram considerados conteúdo, sendo até intercambiáveis.
George Friedrich Handel (1685-1759): Italian Cantatas (Kozená / Minkowski)
Il deliro amoroso “Da quel giorno fatale” 1) Sonata (Introduzione) [4:44]
2) Recitativo “Da quel giorno fatale” [0:55]
3) Aria “Un pensiero voli in ciel” [8:24]
4) Recitativo “Ma fermati pensier” [1:14]
5) Aria “Per te lasciai la luce” [7:36]
6) Non ti bastava, ingrato [0:59]
7) Aria “Lascia omai”/Recitativo “Ma siamo” [5:29]
8. Entree [2:06]
9) Arietta e Recitativo “In queste amene piagge” [2:35]
La Lucrezia “O Numi eterni”, Cantata HWV 145 10) Recitativo “O Numi eterni” [1:01]
11) Aria “Giù superbo del mio affanno” [5:20]
12) Recitativo “Mai voi, forse nel cielo” [0:44]
13) Aria “Il suol che preme” [2:50]
14) Recitativo “Ah! che ancor”/Furioso [1:28]
15) Arioso “Alla salma infedel” [3:00]
16) Recitativo “A voi, a voi padre” [0:54]
17) Arioso “Già nel seno”/Furioso [1:37]
Il consiglio “Tra le fiamme”, Cantata HWV 170 18) Aria “Tra le fiamme tu scherzi”/Recitativo [6:35]
19) Aria “Pien di nuove”/Recitativo [4:17]
20) Aria “Voli per l’aria”/Recitativo [2:52]
21) Aria “Tra le fiamme” – Da capo/A [2:30]
Magdalena Kozená
Les Musiciens du Louvre
Marc Minkowski
Para qualquer fã sério de jazz fusion — não sou um deles –, o lançamento do álbum solo de estreia de Jaco Pastorius não foi nenhuma surpresa. Em grande parte autodidata, aos 22 anos ele já dava aulas de baixo na Universidade de Miami, onde criou uma forte amizade com o guitarrista Pat Metheny, que levaria os dois a gravarem juntos, lançando um LP nada conhecido (simplesmente intitulado Jaco) em 1974. Mas foi só quando ele se tornou um membro do fusion Weather Report que o começou a deixar sua marca. Jaco Pastorius, disco lançado em 1976, é uma vitrine para os talentos incríveis do baixista, sem mencionar sua maturidade como compositor. Junto com no estúdio estavam ninguém menos que alguns dos melhores músicos de jazz da época: Herbie Hancock, Wayne Shorter, Lenny White, David Sanborn, Hubert Laws e Michael Brecker. Até mesmo as lendas do soul / R&B Sam & Dave fazem uma aparição. Acho que este é o disco menos impressionante de Pastorius. Depois ele fez coisa muito melhor, em trabalhos próprios e de outros. Claramente, Jaco Pastorius era um mestre que morreu em circunstâncias trágicas em 1987 aos 35 anos. Jaco permanecerá para sempre um dos baixistas mais proeminentes que o mundo já ouviu. Ele tinha 24 anos quando gravou este disco.
Jaco Pastorius (1976)
1 Donna Lee
Bass – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Written-By – Charlie Parker
2 Come On, Come Over
Baritone Saxophone – Howard Johnson (3)
Bass Trombone – Peter Graves
Bass, Arranged By [Horns] – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Drums – Narada Michael Walden
Keyboards – Herbie Hancock
Saxophone [Alto Solo] – David Sanborn
Tenor Saxophone – Michael Brecker
Trumpet – Randy Brecker, Ron Tooley
Vocals – Sam & Dave
Written-By – B. Herzog*
3 Continuum
Bass – Jaco Pastorius
Bells – Don Alias
Drums – Lenny White
Electric Piano [Fender Rhodes] – Alex Darqui, Herbie Hancock
4 Kuru / Speak Like A Child
Bass, Arranged By [Strings] – Jaco Pastorius
Cello – Beverly Lauridsen, Charles McCracken, Kermit Moore
Conductor [Strings] – Michael Gibbs
Congas, Bongos – Don Alias
Drums – Bobby Economou
Piano – Herbie Hancock
Viola – Manny Vardi*, Julian Barber*, Selwart Clarke
Violin – Harold Kohon, Harry Cykman, Harry Lookofsky, Joe Malin, Paul Gershman
Violin, Concertmaster – David Nadien
Written-By [Speak Like A Child] – H. Hancock*
5 Portrait Of Tracy
Bass – Jaco Pastorius
6 Opus Pocus
Bass – Jaco Pastorius
Drums – Lenny White
Electric Piano [Fender Rhodes] – Herbie Hancock
Percussion – Don Alias
Soprano Saxophone – Wayne Shorter
Steel Drums [Alto Pans] – Othello Molineaux
Steel Drums [Tenor Pans] – Leroy Williams (21)
7 Okonkolé Y Trompa
Bass – Jaco Pastorius
Congas, Bata [Okonkolo, Iya], Afoxé [Afuche] – Don Alias
French Horn – Peter Gordon (8)
Written-By – D. Alias*
8 (Used To Be A) Cha-Cha
Bass – Jaco Pastorius
Congas – Don Alias
Drums – Lenny White
Piano – Herbie Hancock
Piccolo Flute – Hubert Laws
9 Forgotten Love
Arranged By [Strings], Conductor [Strings] – Michael Gibbs
Cello – Alan Shulman
Double Bass – Homer Mensch, Richard Davis (2)
Piano – Herbie Hancock
Viola – Al Brown*
Violin – Arnold Black, Matthew Raimondi, Max Pollikoff
Um grande disco! Os últimos anos da vida de Schubert foram toldados por problemas de saúde e a ideia de morte era familiar. Afinal, sua mãe tinha tido quatorze filhos, dos quais apenas cinco sobreviveram, uma proporção estatística nada incomum na época. Seu Quarteto de Cordas “A Morte e a Donzela” foi escrito em março de 1824, antes de um verão feliz, passado novamente em Zseliz como tutor das filhas do Conde Johann Karl Esterhazy. Este é, no entanto, um momento na vida de Schubert em que a doença e os pensamentos de morte ocupariam sua mente. O Quarteto traz a morte em seu coração. A peça é chamada de “A Morte e a Donzela” porque foi baseada em um poema alemão de mesmo título retratando uma jovem caminhando inocentemente enquanto a Morte paira sobre ela. O Quarteto Kodály, com seu belo som e concepção, arrasa.
Franz Schubert (1797-1828): Quartetos de Cordas Nº 14 & 12 (Kodály)
String Quartet No. 14 in D Minor, D. 810, “Death and the Maiden”
1 I. Allegro 17:08
2 II. Andante con moto 15:52
3 III. Scherzo: (Allegro molto) 04:07
4 IV. Presto 09:54
String Quartet No. 12 in C Minor, D. 703, “Quartettsatz”
5 Allegro assai 10:20
Claro que hoje há muitas gravações superiores destes concertos, mas essa gravação é daquela época quando o historicamente informado estava começando a surgir. E eu comprei o meu vinil na Inglaterra em 1982 (o disco original de 1981), em minha primeira viagem internacional. Então, não tenho nenhum distanciamento, nenhum. Eu o amo, ele foi uma revelação do quanto Bach poderia ainda melhorar e creiam: jamais ele tinha vindo para o PQP Bach — algo incompreensível, mas verdadeiro. Kuijken e Van Dael — hoje com, respectivamente, 80 e 78 anos — eram talentosos jovens e, bem, ouçam. Posso notar que a versão ainda tem um pouco da falta de cintura da fase Harnoncourt / Leonhardt, mas relevem.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Concertos para Violino, BWV 1041-1043 (La Petite Bande, Sigiswald Kuijken)
Konzert A-moll BWV 1041 Für Violine, Streicher Und Bc. = Concerto A Minor BWV 1041 For Violin, Strings And Bc.
1 Allegro 3:41
2 Andante 6:37
3 Allegro Assai 3:34
Konzert E-dur BWV 1042 Für Violine, Streicher Und Bc. = Concerto E Major BWV 1042 For Violin, Strings And Bc.
4 Allegro–Adagio–Allegro 7:41
5 Adagio 6:39
6 Allegro Assai 2:44
Konzert D-moll BWV 1042 Für 2 Violinen, Streicher Und Bc. = Concerto D Minor BWV 1043 For 2 Violins, Strings And Bc.
7 Vivace 3:43
8 Largo Ma Non Tanto 7:36
9 Allegro 4:41
Cello – Richte van der Meer, Wieland Kuijken
Conductor, Violin [1.] – Sigiswald Kuijken
Harpsichord – Bob van Asperen
Orchestra – La Petite Bande
Viola – Marléen Thiers, Ruth Hesseling
Violin – Alda Stuurop, François Fernandez, Janneke van der Meer, Mihoko Kimura, Thomas Albert (2)
Violin [2.] – Lucy van Dael
A antítese da Quinta é a Sexta, sinfonia que começa nos mesmos moldes, mas que não termina na resolução dos conflitos propostos, conservando as tensões harmônicas até o final, sendo por isso, conhecida como Sinfonia Trágica. Mahler a escreveu em 1905, quando descobriu que era portador de uma doença genética no coração, e que iria matá-lo em breve. Poucas obras musicais revelam com tamanha perfeição o conflito pessoal que o sufocava, tomando consciência de maneira bastante dura e irrevogável de sua condição humana, e, portanto, mortal. É uma sinfonia pesada, de orquestração maciça, harmonias fortes, mas também não sem encantos, sendo seu Andante uma das páginas mais apaixonadas de Mahler. De qualquer modo, não é uma sinfonia facilmente digerível; o clima angustiante de um herói às voltas com seu próprio limite permeia toda a sinfonia, incessantemente. Ao terminá-la, apesar de estar passando por um período relativamente tranqüilo de vida, viu expurgados anseios íntimos, antigas preocupações lhe afloraram.
FDP Bach escreveu:
Gosto muito desta sinfonia, principalmente de seu primeiro movimento, de caráter marcial. Nas mãos de Bernstein torna-se ainda mais incrível.
Ah, existe uma pequena controvérsia referente ao Scherzo e ao andante, melhor detalhada aqui. A opção de Bernstein será a primeira adotada por Mahler, a saber, primeiro o Scherzo, depois o andante. Outros regentes, farão a inversão dos movimentos, como Abbado.
Com relação ao tempo de duração, esta gravação tem 1h e 27 min. Ou seja, não caberia em apenas 1 cd, algo que outros regentes já conseguiram fazer, como o próprio Bernstein, em seu registro de 1967 com a Filarmônica de New York. Só para efeito de comentário, nesta versão que ora posto, o último movimento dura 33:16, enquanto que na versão anterior dura 28m:38s. É uma diferença considerável… mas, enfim, são detalhes referentes às escolhas que são feitas pelos regentes e seus produtores, e sobre isso já fiz outra comparação, que se vai encontrar nos comentários da postagem da sinfonia nº 5.
Estranho, acho o segundo movimento muito superior… Coisas!
Os cinco Kindertotenlieder de Mahler formam o primeiro verdadeiro ciclo de canções com acompanhamento orquestral da História da Música. São poemas de Rückert, inspirados pela morte de seus filhos.
Sobre os Kindertotenlieder, Jorge Forbes escreveu:
O casal Mahler (Gustav e Alma Mahler) teve duas filhas, Maria (1902-1907) e Anna (1904 -1988). Maria faleceu de difteria em 1907. No mesmo ano Mahler descobriu que sofria de endocardite.
Deprimida com a morte de sua filha, Alma escreveu em seu diário: “nada foi frutificado em mim, nem minha beleza, nem meu espírito, nem meu talento.” Perde o desejo de viver. Mahler escapava do sofrimento afastando-se de Alma e, na sua tristeza, lembrava-se de outra cena:de sua infância sofrida, de seus oito irmãos mortos e da imensa tristeza de sua mãe. Compôs nessa época em homenagem póstuma as “Canções das Crianças Mortas” (Kindertotenlieder). Disse Mahler delas: não gosto de escrevê-las e não gosto que o mundo tenha que ouvi-las algum dia. São tão tristes!
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 6 e Kindertotenlieder (CDs 8 e 9 de 16)
CD1
Symphonie No. 6
01. I. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig
02. II. Scherzo. Wuchtig
03. III. Andante moderato
CD2
01. Symphony No. 6 – IV. Finale Allegro moderato – Allegro energico
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein
Kindertotenlieder
02. Kindertotenlieder – I. Nun will die Sonn’ so hell aufgehn
03. Kindertotenlieder – II. Nun seh’ ich wohl, warum so dunkle Flammen
04. Kindertotenlieder – III. Wenn dein Mütterlein
05. Kindertotenlieder – IV. Oft denk’ ich, sie sind nur ausgegangen
06. Kindertotenlieder – V. In diesem Wetter, in diesem Braus
Thomas Hampson: baritone
Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein
A sinfonia Mathis der Maler (Mathias, o pintor) foi estreada em 12 de março de 1934, em Berlim, sob a direção de Wilhelm Furtwängler. De caráter descritivo, o primeiro movimento (Concerto de anjos) é o prelúdio ao primeiro ato da ópera que inicia de forma lenta e calma seguido do canto popular Es sungen drei Engel ein süsses Lied (Três anjos cantavam uma doce melodia) enunciado pelos trombones e retomado pelos sopros; o segundo tema aparece com as cordas, de caráter lírico, com dois motivos que se unem em forma fugato. O segundo movimento, Grablegung (Descida ao túmulo) é um interlúdio entre duas cenas do sétimo ato da ópera. É uma lamentação fúnebre na qual um oboé e depois uma flauta descrevem sua infinita tristeza. O terceiro movimento Versuchung des heiligen Antonius (Tentação de Santo Antonio) inspira-se no sexto ato da ópera, com uma cena onírica na qual Mathias se vê sob as feições de Santo Antonio atormentado pelos demônios. Um grande recitativo dramático antecede uma entrada furiosa do coro dos demônios em um contraste surpreendente. As cordas será finalmente dominada pelas madeiras expressando sob a forma de hino o coral Lauda, Sion, Salvatorem. É com toda a potência dos metais que, com o Alleluia final, virá o final da obra.
Nobilissima Visione continua o espírito metafísico de Matias. Sua bela Passacaglia final é uma comovida oração para que o nobre Adriano Menezes e Albuquerque não venha mais ao blogue. Sério!
As Metamorfoses Sinfônicas sobre Temas de Carl Maria von Weber, escritas no exílio americano do compositor, têm humor e fantasia que não penetram em meu coração, apesar do Scherzo que — tá, tudo bem — é legalzinho.
Paul Hindemith (1895 – 1963): Sinfonia Mathias, o pintor / Nobilissima Visione / Metamorfoses Sinfônicas (Decker, New Zealand SO)
Mathis der Maler Symphony 1. Engelkonzert: Ruhig bewegt – Ziemlich lebhafte Halbe 00:08:44
2. Grablegung: Sehr langsam 00:04:38
3. Versuchung des heiligen Antonius: Sehr langsam, frei im Zeitmass – Sehr lebhaft 00:13:02
Nobilissima Visione: Tanzlegende 4. Einleitung und Rondo 00:08:24
5. Marsch und Pastorale 00:08:00
6. Passacaglia 00:05:33
Symphonic Metamorphosis on Themes of Carl Maria von Weber 7. Allegro 00:04:18
8. Turandot: Scherzo 00:08:10
9. Andantino 00:03:39
10. Marsch 00:04:20
Estas duas sinfonias de Mahler, colocadas nesta coleção na ordem inversa — primeiro a terceira e depois e segunda — são o que mais gosto em sua obra, logo após A Canção da Terra. São sinfonias com programas que depois foram rejeitados por Mahler, mas suas audições não enganam: dando razão à Adorno, são músicas que funcionam como romances. E bem longos. A terceira sinfonia abre com o maior movimento de todas as sinfonias. É um portento de 34 minutos e com uma estrutura onde cabe tudo: música de câmara, sinfônica, bandas militares, melodias sublimes e intencionalmente vulgares. É ciclotímica, a cada cinco minutos muda de comportamento. Parece um pot-pourri cuja comunicação é muito tênue. É uma verdadeira revolução que é mantida pelas duas sinfonias, mas que é mais clara aqui. O terceiro movimento da sinfonia nº 2 é aquele mesmo utilizado por inteiro na Sinfonia de Berio, talvez a maior homenagem que um compositor tenha feito a outro em todos os tempos. Como escreveu Marc Vignal no calhamaço “História da Música Ocidental” de Jean e Brigitte Massin, nestas sinfonias Mahler não hesita em momento nenhum de se fazer cúmplice do caos. Não parece haver nenhuma autocensura nestas obras mastodônticas e que provocaram o futuro de forma que ele não pôde nunca mais ser o mesmo.
A seguir, textos retirados da Wikipedia sobre estas sinfonias.
Sinfonia Nº 2
A Sinfonia no 2, em Dó Menor (termina em Mi Bemol Maior) por Gustav Mahler foi escrita entre 1888 e 1894. Ela foi publicada em 1897 (Leipzig, Hofmeistere) e passou por uma revisão em 1910. Ela também é conhecida como Sinfonia da Ressurreição porque faz referências à citada crença cristã.
Histórico
Mahler compôs o primeiro movimento em 10 de setembro de 1888. Em 1893 completou o Andante e o Scherzo.
Em fevereiro de 1894, durante os funerais do pianista e regente Hans von Büllow, Mahler ouviu um coro de meninos cantarem o hino Auferstehen (Ressurreição), da autoria de Friedrich Klopstock. O hino impressionou tanto Mahler que ele resolveu incorporá-lo ao Finale da sinfonia que estava em preparação. Ao mesmo tempo decidiu que a Ressurreição seria o tema principal da obra.
Características
A Segunda Sinfonia é a primeira sinfonia em que Mahler usa a voz humana. Ela aparece na última parte da obra, no clímax, tal qual a Sinfonia no 9 de Beethoven. Além da influência de Beethoven, percebe-se traços de Bruckner e Wagner na composição.
Apesar da origem judia, Mahler sentia fascínio pela liturgia cristã, principalmente pela crença na Ressurreição e Redenção. A Segunda Sinfonia propõe responder à pergunta: “Por que se vive?”. Simbolicamente ela narra a derrota da morte e a redenção final do ser humano, após este ter passado por uma período de incertezas e agrúrias.
A Sinfonia no 2 foi escrita para uma orquestra com as seguintes composição: 4 flautas (todas alternando com 4 piccolos), 4 oboés (2 alternando com corne-inglês), 3 clarinetes (Sib, La, Do – um alternando com clarone), 2 clarinetes em Mib, 3 fagotes, 1 contrafagote, 10 trompas em fá (4 usadas fora do palco, menos no final), 8-10 trompetes em fá e dó (4 a 6 usados fora do palco, menos no final), 4 trombones, 1 tuba contrabaixo, 7 tímpanos (um fora do palco), 2 pares de pratos (um fora do palco), 2 triângulos (um fora do palco), Caixa clara, Glockenspiel, 3 sinos (Glocken, sem afinação), 2 bombos (um fora do palco), 2 tam-tams (alto e baixo), 2 harpas, órgão,quinteto de Cordas (violinos I, II, violas, cellos e baixos com corda Dó grave). Há ainda: Soprano Solo, Contralto Solo e um Coro Misto.
Os movimentos
Na sua forma final a sinfonia, cuja duração aproximada é de 80 minutos, é formada por cinco movimentos distribuídos da seguinte forma:
1. ‘Totenfeier’: Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck (~23 minutos)
2. Andante moderato. Sehr gemächlich. Nicht eilen (~10 minutos)
3. In ruhig fliessender Bewegung (~10 minutos)
4. ‘Urlicht’ . Sehr feierlich, aber schlicht (~5 minutos)
5. Im Tempo des Scherzos. Wild herausfahrend (’Aufersteh’n’) (~35 minutos)
A sinfonia narra a queda e morte do herói sinfônico, as suas dúvidas, fé e ressurreição no Dia do Juízo Final.
O primeiro movimento é sobre a morte, no segundo a vida é relembrada e o terceiro apresenta as dúvidas quanto à existência e ao destino. No quarto movimento o herói readquire a sua fé e a esperança. No quinto e último movimento ocorre a Ressurreição, na forma imaginada por Mahler.
FDP Bach escreveu acerca da Sinfonia Nº 2:
“The earth quakes, the graves burst open, the dead arise and stream on in endless procession….. The trumpets of the apocalypse ring out… And behold, it is no judgement…. There is no punishment and no reward. An overwhelming love illuminates our being. We know and are.” (From Mahler’s 1894 description of the symphony.)”
Era assim que o próprio Mahler definia sua Sinfonia nº 2. Gosto muito dela, principalmente de seus dois primeiros movimentos. É uma obra de fôlego, pesada, que realmente nos esgota. Não recomendaria como uma primeira audição mahleriana. Mas, uma vez passado o temor, nunca cansamos de ouví-la.
Li alguns comentários muito interessantes na postagem da “Titã”, com os quais me identifiquei. Principalmente aqueles que falavam da dificuldade de se assimilar uma obra tão complexa. Confesso que demorei a ouvir Mahler, e ainda o temo, mesmo passados alguns anos do primeiro contato com a sua obra. E o meu primeiro contato foi, como para muitos, com a Sinfonia nº5, o a do famoso adagieto, utilizado com maestria no filme do Visconti. Mas trata-se de uma questão de educação dos ouvidos. Uma vez assimilada a forma com que a sinfonia se estrutura fica mais fácil sua compreensão. E isso vale para qualquer música. Será um pouco difícil gostar em uma primeira audição, mas com o tempo, se acostuma. Se não se acostumar, bem, que podemos fazer?
Bernstein, como sempre, está a vontade regendo Mahler. E se os senhores tiverem oportunidade, sugiro a aquisição da série de DVDs que o trazem regendo estas sinfonias. Ver Bernstein regendo é um espetáculo à parte. Ele se joga com tal ímpeto na condução da obra que, no final, está totalmente esgotado. Os DVDs foram lançados pela Deutsche Grammophon, e são dirigidos pelo grande Humphrey Burton, que faz uma edição primorosa da apresentação.
E como sempre, a gravação é recheada de estrelas de primeira grandeza: a maravilhosa contralto wagneriana Christa Ludwig, e a então jovem soprano americana, Barbara Hendricks.
Creio que será uma bela forma de se passar a tarde de sábado, pois a obra tem mais de 80 minutos de duração.
Jorge de Sena, em 1967, escreveu o seguinte poema sobre esta música:
MAHLER: SINFONIA DA RESSURREIÇÃO
Ante este ímpeto de sons e silêncio,
ante tais gritos de furiosa paz,
ante o furor tamanho de existir-se eterno,
há Portas no Infinito que resistam?
Há infinito que resista a não ter portas
para serem forçadas? Há um paraíso
que não deseje ser verdade? E que Paraíso
pode sonhar-se a si mesmo mais real que este?
Sinfonia Nº 3, copiado da Wikipedia
A sinfonia Nº3 em ré menor, de Gustav Mahler foi composta entre 1893 e 1896. É uma obra bastante longa (a maior sinfonia de Mahler), a mais longa do reportório romântico, aproximadamente cem minutos de música.
Estrutura
A sinfonia está dividida em seis andamentos:
1. Kräftig entschieden (forte e decisivo) (36 minutos)
2. Tempo di Menuetto (Tempo de minueto) (10 minutos)
3. Comodo (Scherzando) (confortável, como um scherzo) (18 minutos)
4. Sehr langsam–Misterioso (muito lento, misteriosamente) (10 minutos)
5. Lustig im Tempo und keck im Ausdruck (Alegre em tempo e atrevido em expressão) (4 minutos)
6. Langsam–Ruhevoll–Empfunden (lento, tranquilo, profundo) (26 minutos)
Em cada uma das primeiras quatro sinfonias de Gustav Mahler, o próprio criou uma explicação da narrativa destas sinfonias. Na terceira, a explicação de cada andamento, é a seguinte:
1. “Chega o Verão”
2. “O que me dizem as flores do campo”
3. “O que me dizem os animais da floresta”
4. “O que me dizem os homens”
5. “O que me dizem os homens”
6. “O que me diz o amor”
Todos estes títulos foram publicados em 1898.
Originalmente a Sinfonia possuía um sétimo andamento, “O que me dizem as crianças”, porém este foi colocado na Sinfonia No.4, no último andamento.
Análise
Esta obra está composta em seis andamentos, divididos em duas partes: A primeira compreende o primeiro andamento, muito longo. A segunda agrupa os restantes andamentos. No quarto andamento a parte do contralto é um texto de “Assim falou Zaratustra” do Friedrich Nietzsche. No andamento seguinte, o coro das crianças canta um tema de “Das Knaben Wunderhorn” (A trompa mágica do rapaz). O andamento final é um hino ao amor, que conclui a sinfonia com um adagio que faz meditar.
Kräftig entschieden
O monumental primeiro andamento da terceira sinfonia, um dos mais longos escritos por Mahler (entre 30 a 35 minutos de música), importa-nos imediatamente para um universo mineral, uma ruptura completa com o quotidiano da vida. O andamento, todo ele muito bem estruturado quase parece uma sinfonia de Mozart, tendo um carácter monumental. O desenvolvimento temático, descritivo e filosófico, dá uma grande possibilidade de interpretação ao ouvinte, possibilidade essa com que Mahler descreve na explicação do andamento: “Chega o Verão”.
FDP Bach escreveu acerca da Sinfonia Nº 3:
Chegamos à Sinfonia nº 3. E que sinfonia… e que orquestra (FIlarmônica de Nova York)… e que coral… e que solista…(novamente A divina Christa Ludwig), e Bernstein em seu domínio…
A seguir, uma análise mais apurada, tirada da Wikipedia.
“The symphony, though atypical due to the extensive number of movements and their marked differences in character and construction, is a unique work. The opening movement, grotesque in its conception (much like the symphony itself), roughly takes the shape of sonata form, insofar as there is an alternating presentation of two theme groups; however, the themes are varied and developed with each presentation, and the typical harmonic logic of the sonata form movement–particularly the tonic statement of second theme group material in the recapitulation–is replaced here by something new. The slow opening can seem to evoke the primordial sleep of nature, slowly gathering itself into a rousing orchestral march. A solo tenor trombone passage states a bold melody that is developed and transformed in its recurrences. Innovation is present everywhere in this movement, including its apparent length. At the apparent conclusion of the development, several solo snare drums “in a high gallery” play a rhythmic passage lasting about thirty seconds and the opening passage by eight horns is repeated almost exactly.
The third movement quotes extensively from Mahler’s early song “Ablösung im Sommer”(Relief in Summer). The fourth is a setting of Friedrich Nietzsche’s “Midnight Song” from Also sprach Zarathustra, while the fifth, “Es sungen drei Engel”, is one of Mahler’s Des Knaben Wunderhorn songs.
It is in the finale, however, that Mahler reveals his true genius for stirring the soul. The construction of it is masterful, and the interplay of a developing chromatic harmony and sonorous string melody, developed and re-orchestrated with perfect grace and poise builds to a conclusion that, though seemingly overblown when heard in isolation, is, in the wider context of the symphony, both musically justified and emotionally overwhelming. The symphony ends with repeated D major chords and timpani statements before one final long chord.”
Mahler – Sinfonias Nº 2 e Nº 3
CD2 Gustav Mahler – Leonard Bernstein – Symphonie no. 3
Sinfonia Nº 3
01. Symphony #3 – Kraftig. Entschieden
02. Symphony #3 – Tempo di Menuetto. Sehr massig
03. Symphony #3 – Comodo. Scherzando. Ohne Hast
New York Philarmonic
Leonard Bernstein
CD3
Gustav Mahler – Leonard Bernstein – Symphonie no. 3 & 2
01. Symphony #3 – Sehr langsam. Misterioso. Durchaus ppp
02. Symphony #3 – Lustig im Tempo und keck im Ausdruck
03. Symphony #3 – Langsam. Ruhevoll. Empfunden
Christa Ludwig : mezzo-soprano
New York Choral Artists
Brooklyn Boys Chorus
New York Philarmonic
Leonard Bernstein
CD4
Gustav Mahler – Mahler The Complete Symphonies & Orchestral Songs
01. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 2. Andante moderato
02. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 3. [Scherzo], In ruhig fliessenttaca
03. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 4. Ulrich, Sehr feierlich, aber
04. Symphony No.2 in C minor Resurrection – 5. Im Tempo Des Scherzo, Wild H
Barbara Hendricks : soprano
Christa Ludwig : mezzo-soprano
Westminster Choir
New York Philarmonic
Leonard Bernstein
Bernstein, faltou o quê? A Filarmônica de Viena? O Fischer-Dieskau? Faltou o quê, hein? Leonard Bernstein, um maestro que tinha especialíssima vinculação e compreensão de Mahler, gravou duas vezes A Canção da Terra (Das Lied von der Erde): em Viena (1966) para a Decca e em Israel (1972) para a CBS. Da primeira vez foi absolutamente sublime, da segunda… sei lá. Meus ouvidos dizem que a gravação de 1966 é BEM superior. Não que esta seja ruim, é que o nome do cara é Lenny e a gente sempre espera dele o melhor. Ouçam aí e me digam.
Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Bernstein, Israel Phil)
1. Gustav Mahler: Das Trinklied vom Jammer der Erde
2. Gustav Mahler: Der Einsame im Herbst
3. Gustav Mahler: Von der Jugend
4. Gustav Mahler: Von der Schonheit
5. Gustav Mahler: Der Trunkene im Fruhling
6. Gustav Mahler: Der Abschied
Christa Ludwig
Rene Kollo
Israel Philharmonic Orchestra
Leonard Bernstein
Não amei de paixão esta versão de Lorin Maazel. Aliás, Maazel nunca é das primeiras escolhas de PQP. Mas é uma obra-prima, é grande música de Mahler. Meus colegas de trabalho gostaram muito, mas um deles está passando por uma fase severamente mahleriana e adorou a gravação desde aquele longo zumbido que abre a sinfonia. Se fosse você, daria uma conferida. Ruim não é.
Gustav Mahler (1860-1901): Symphony No. 1 (Maazel, Wiener Phil)
1. Symphony No. 1 (D Major): I – Langsam. Schleppend.
2. Symphony No. 1 (D Major): Immer Sehr Gemachlich
3. Symphony No. 1 (D Major): II – Kraftig Bewegt, Doch Nicht Zu Schnell.
4. Symphony No. 1 (D Major): Trio: Recht Gemachlich.
5. Symphony No. 1 (D Major): Tempo Primo
6. Symphony No. 1 (D Major): III – Feierlich Und Gemessen, Ohne Zu Schleppen
7. Symphony No. 1 (D Major): Sehr Einfach Und Schlicht Wie Eine Volksweise
8. Symphony No. 1 (D Major): Wieder Etwas Bewegter, Wie Im Anfang
9. Symphony No. 1 (D Major): IV – Sturmisch Bewegt-Energisch
Aqui estão quatro sinfonias e quatro concertos, todos habilmente tocados pela excelente Amsterdam Baroque Orchestra, dirigida por Ton Koopman, que também toca cravo em dois dos concertos para teclado duplo de CPE Bach. Os dois concertos para flauta são elegantemente executados por Konrad Hünteler. Mas o principal interesse aqui provavelmente são as sinfonias e o Concerto para 2 cravos, belíssimo. Este grupo de quatro sinfonias contém alguns dos melhores esforços orquestrais do compositor. Não são obras alegres, cheias de suspense como as escritas apenas para cordas (H. 657-62) escritas em 1773, mas um grupo orquestrado mais luxuosamente (com pares de flautas, oboés, fagotes e trompas) composto cerca de cinco anos depois. Todas são típicas do estilo Mannheim que rivalizavam com as de Haydn naquela época. Koopman e sua ABO realmente capturam a inquietação nervosa e a imprevisibilidade da música com efeito soberbo. Koopman é especialmente competente em administrar as frequentes mudanças de tempo e os grandes contrastes dinâmicos de Bach, e o uso de instrumentos de época (os sopros particularmente) empresta um tremendo caráter e verve a estas obras. Koopman é acompanhado por Tini Mathot no concerto para cravo duplo (H 408) e no raramente ouvido concerto para cravo e pianoforte. Novamente, as performances são excelentes.
C. P. E. Bach (1714-1788): 4 Sinfonias / 4 Concertos (Koopman, Amsterdam Baroque)
Symphony In E Flat Major H.664, W.183/2
1-1 Allegro Di Molto 4:01
1-2 Larghetto 1:21
1-3 Allegretto 3:39
Symphony In F Major H.665, W.183/3
1-4 Allegro di Molto 5:22
1-5 Larghetto 2:31
1-6 Presto 2:55
Symphony In G Major H.666, W.183/4
1-7 Allegro Assai 3:19
1-8 Poco Andante 4:33
1-9 Presto 3:34
Symphony in D Major H.663, W.183/1
1-10 Allegro Di Molto 6:16
1-11 Largo 2:04
1-12 Presto 2:44
Concerto For Harpsichord And Fortepiano In E Flat Major H.479, W.47
Fortepiano – Tini Mathot
Harpsichord – Ton Koopman
1-13 Allegro Di Molto 7:02
1-14 Larghetto 6:00
1-15 Presto 4:50
Flute Concerto In G Major H.445, W.169
Flute – Konrad Hünteler
2-1 Allegro Di Molto 10:54
2-2 Largo 7:31
2-3 Presto 5:48
Flute Concerto In A Minor H.431, W.166
Flute – Konrad Hünteler
2-4 Allegro Assai 9:22
2-5 Andante 6:07
2-6 Allegro Assai 7:21
Concerto For Two Harpsichords In F Major H.408, W.46
Harpsichord – Tini Mathot, Ton Koopman
2-7 Allegro 9:43
2-8 Largo 9:23
2-9 Allegro Assai 5:39
Directed By – Ton Koopman
Orchestra – The Amsterdam Baroque Orchestra
FDP escreveu na primeira postagem que fizemos desta obra:
Eis então que chegamos à Sinfonia nº 7, que fo escrita entre 1904 e 1906, e por alguns chamada de “Lied der Nacht”, ou “Canção da Noite”, apesar de que Mahler não autorizava este “apelido”.
Entre sua conclusão e sua estréia, uma tragédia se abateu sobre o compositor, quando perdeu sua filha mais nova, além de descobrir que ele mesmo sofria de uma doença do coração, da qual viria a falecer alguns anos depois. Além disso, neste meio tempo, também veio a perder o posto de regente da Vienna State Opera. Maiores informações sobre a sinfonia pode ser encontrada aqui.
Leonard Bernstein nesta gravação rege sua orquestra favorita para esta obra, a Filarmônica de New York. Segundo sua biografia, a relação entre os dois (maestro e orquestra) quando se tratava desta sinfonia era de absoluta harmonia, ele comenta com certo músico que aqueles músicos conheciam tão bem a obra que ele nem precisava fazer muito esforço na sua condução, apesar de seu tamanho (80 minutos, em média).
Tenho uma relação curiosa, quiçá absurda com esta música: costumo ouvi-la do segundo ao quarto movimento, deixando de fora o primeiro e o último (também ouço muitas vezes as sinfonias de Haydn sem os minuetos, mas este é outro problema). O problema aqui é que simplesmente não gosto dos movimentos “pauleira” da sétima e os deixo de fora. Fico apenas com as duas ma-ra-vi-lho-sas “Músicas da Noite” e com o Scherzo, particularmente sedutor a este obsessivo ouvinte.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 e Rückert Lieder (CDs 10 e 11 de 16)
CD1
Symphonie No. 7 (New York Philarmonic feat. Leonard Bernstein)
01. I. Langsam (Adagio) – Allegro risoluto, ma non troppo
02. II. Nachtmusik. Allegro moderato
03. III. Scherzo. Schattenhaft
04. IV. Nachtmusik. Andante amoroso
CD2
Symphonie No. 7
01. Symphony No. 7 E-moll – V. Rondo-Finale Tempo I (Allegro ordinario)
Rückert Lieder
02. Rückert Lieder No. 1 – Liebst du um Schönheit
03. Rückert Lieder No. 3 – Blicke mir nicht in die Lieder
04. Rückert Lieder No. 2 – Ich atmet’ ein linden Duft
05. Rückert Lieder No. 4 – Um Mitternacht
06. Rückert Lieder No. 5 – Ich bin der Welt abhanden gekommen
Para acomodar as melancias, diria que Bartók é o maior compositor da primeira metade do século XX e Messiaen o melhor da segunda, apesar de terem nascido no intervalo de 19 anos… pouco tempo, né? Espero que Strava não fique muito triste e mesmo eu, um admirador do grande Shosta, dou lugar ao enorme talento deste católico francês. Pensando do século XX pra cá, eu acho quase inaceitável que uma pessoa seja religiosa. Mas há verdadeiros gênios que foram profundamente religiosos. Talvez os maiores deles tenham sido o cineasta Andrei Tarkovski e o compositor Olivier Messiaen. Estou ouvindo os Vingt Regards sur l’Enfant-Jésus (“Vinte Contemplações sobre o Menino Jesus”), de Messiaen, para piano solo, que tem a duração de 2h12 (!). A música não me sugere em nada acreditar no Menino Jesus, mas é algo muito meditativo e concentrado, que me atrai demais. O pianista norueguês Håkon Austbø (pronuncia-se Rpsnggsgschnelllas) nunca tenta impressionar ou se exibir, deixa a música — incrivelmente original e inspirada — falar por si, adicionando profundidade e delicadeza.
Oliver Messiaen (1900-1992): Vingt regards sur l`enfant Jésus (Austbø)
Disc 1
1. I. Regard du Pere 00:08:09
2. II. Regard de I’etoile 00:03:10
3. III. L’echange 00:03:25
4. IV. Regard de la Vierge 00:05:21
5. V. Regard du Fils suer le Fils 00:08:15
6. VI. Par lui tout a ete fait 00:10:50
7. VII. Regard de la Croix 00:04:21
8. VIII. Regard des hauteurs 00:02:23
9. IX. Regard du temps 00:02:45
10. X. Regard de I’Esprit de joie 00:08:50
Disc 2
1. XI. Premiere communion de la Vierge 00:07:38
2. XII. La parole toute – puissante 00:02:32
3. XIII. Noel 00:04:22
4. XIV. Regard des Anges 00:05:09
5. XV. Le baiser de I’enfant Jesus 00:14:07
6. XVI. Regard des prophetes des bergers et des mages 00:03:10
7. XVII. Regard du silence 00:05:36
8. XVIII. Regard de I’onction terrible 00:07:04
9. XIX. Je dors, mais mon coeur veille 00:11:01
10. XX. Regard de I’Eglise d’amour 00:14:35
O grande Dr. Cravinhos nos envia este CD de Músicas para Crianças do genial Béla Bartók. Ficamos muito gratos. Não é todo dia que recebemos um presente desses. E ele ainda nos manda texto sobre a música, etc. Como acredito que quase todo mundo aqui lê inglês, copio aqui o texto que foi enviado a nós:
Bartók for Children, written in 1908 & 1909 and originally including 85 pieces based on Hungarian & Slovakian folk tunes, was first published in four volumes. Some of the pieces were revised by the composer in the 1930’s and he made a complete revision of the whole work in 1943, writing thirteen new pieces and reducing to total number to 79, to be published postumously in 1947 in two volumes although Bartók had been able to correct the proposed new edition in 1944. The pieces are described as little pieces for beginners, without stretches of an octave. They are a direct reflection of Bartók’s interest in folk music. The melodies, in various modes, are never forced into the traditional strait-jacket of academic harmony but set off by simple accompaniments that preserve their original character. For Children, as with Mikrokosmos and his forty-four Violin Duets, they offer a much wider view of music than was once and perhaps is still usual in teaching material confined entirely to the major and minor scales and harmonies of common practice.
Há grandes admiradores desta Missa, mas não é uma obra que eu aprecie demais. Isto importa? Claro que não! Sempre li que as gravações da Missa Solemnis eram categorizadas sem meio termo. Há as ótimas e as outras — de alguma forma falhas. Agora, haveria talvez uma dúzia de ótimas. Fala-se que o campeão seria David Zinman e que esta versão de Kenneth Schermerhorn estaria também lá no topo, o que é sensacional. O que seria o “ótimo”? Ora, que seja uma gravação estimulante, inspiradora, abastecida com alto talento musical e precisão. As forças de Nashville estão à altura das temíveis demandas da obra e, para elas e Schermerhorn (discípulo de Bernstein e maestro da orquestra por 20 anos), a gravação poderia ser considerada uma conquista. Certamente, uma das características mais satisfatórias da performance se enquadra na escolha dos andamentos e dos fraseados. Ouvi verdadeiro virtuosismo nas passagens com ritmos intrincados, como a fuga “Et vitam venturi”, onde a composição de Beethoven dança com total audácia. Os solistas também estão à altura das gravações europeias mais estreladas. Recomendo.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Missa Solemnis (Schermerhorn, Nashville Symphony Orchestra, Phillips, Redmon, Taylor, Baylon)
1 Kyrie eleison 05:01
2 Gloria: Gloria in excelsis Deo 05:01
3 Gloria: Qui tollis peccata mundi 05:17
4 Gloria: Quoniam tu solus sanctus 06:37
5 Credo: Credo in unum Deum 04:18
6 Credo: Et incarnatus est 05:06
7 Credo: Et resurrexit tertia die 09:12
8 Sanctus 05:38
9 Sanctus: Benedictus 10:23
10 Agnus Dei 05:53
11 Agnus Dei: Dona nobis pacem 09:27
Bass-Baritone Vocals – Jay Baylon
Chorus – Nashville Symphony Chorus
Conductor – Kenneth Schermerhorn
Mezzo-soprano Vocals – Robynne Redmon
Orchestra – Nashville Symphony Orchestra
Soprano Vocals – Lori Phillips (2)
Tenor Vocals – James Taylor (5)
Violin – Mary Kathryn Van Osdale* (tracks: 9)
E hoje é o Dia de Santa Cecília, a padroeira da música. Também é o Dia do Músico! Hail! Bright Cecilia ( Z. 328), também conhecida como Ode a Santa Cecília, foi composta por Henry Purcell para um texto do irlandês Nicholas Brady em 1692 em homenagem à festa de Santa Cecília, padroeira dos músicos. As celebrações anuais da festa desta santa — sempre em 22 de novembro — começaram em 1683, organizadas pela Sociedade Musical de Londres , um grupo de músicos e amantes da música. A primeira apresentação ocorreu em 22 de setembro de 1692 no Stationers’ Hall. Foi um grande sucesso e recebeu bis. Melhor dizendo, foi tocada duas vezes. Também pudera, a música é muito inventiva e boa.
Henry Purcell (1659-1695): Hail! Bright Cecilia, Ode On St. Cecilia’s Day 1692 (Taverner Choir · Taverner Players, Taverner Consort, Parrott)
Hail! Bright Cecilia, Ode On St. Cecilia’s Day 1692 Z. 328
1 Symphony
2 Hail! Bright Cecilia
3 Hark! Hark! Each Tree
4 ‘Tis Nature’s Voice
5 Soul Of The World!
6 Thou Tun’st This World Below
7 With That Sublime Celestial Lay
8 Voluntary (in D Minor)
9 Wonderous Machine!
10 The Airy Violin
11 In Vain The Am’rous Flute
12 The Fife And All The Harmony Of War
13 Let These Amongst Themselves Contest
14 Hail! Bright Cecilia
Choir – Taverner Choir
Composed By – Henry Purcell
Ensemble – Taverner Players
Written By [Poem] – Nicholas Brady
Hoje é o dia da morte de Henry Purcell. Então, fazemos uma homenagem trazendo este belíssimo disco. Uma ária mais extraordinária que a outra. Here The Deities Approve é uma joia incomparável, por exemplo. E o que dizer de Come Ye Sons Of Art, Sound the Trumpet? E da Marcha para os Funerais da Rainha Mary, utilizada em A Laranja Mecânica por Stanley Kubrick? Mary morreu quase um ano antes de Purcell em dezembro de 1694, mas seu funeral apenas ocorreu em março de 1695. Os funerais reais com música de Purcell deviam ser supimpas! Andrew Parrott e seu grupo dão enorme vida a este repertório sensacional.
Henry Purcell (1659-1695): Odes And Funeral Music (Taverner Consort, Choir & Players, Parrott)
Welcome To All The Pleasures z339 (Ode For St Cecilia’s Day 1683)
1-1 Symphony 1:59
1-2 Welcome To All The Pleasures 1:49
1-3 Here The Deities Approve – While Joys Celestial 5:01
1-4 Then Lift Up Your Voices 1:43
1-5 Beauty, Thou Scene Of Love 2:31
1-6 In A Consort Of Voices 1:21
Funeral Sentences
1-7 Man That Is Born Of A Woman z27 2:37
1-8 In The Midst Of Life z17a 4:08
1-9 Thou Knowest, Lord z58b 3:33
Come Ye Sons Of Art Away z323 (Birthday Song For Queen Mary 1694)
1-10 Symphony [Adagio – Allegro] – Adagio 3:44
1-11 Come Ye Sons Of Art 1:45
1-12 Sound The Trumpet 2:29
1-13 Come Ye Sons Of Art 1:13
1-14 Strike The Viol 4:23
1-15 The Day That Such A Blessing Gave 2:45
1-16 Bid The Virtues 3:01
1-17 These Are The Sacred Charms 1:33
1-18 See, Nature, Rejoicing 2:48
Funeral Music For Queen Mary
1-19 March z660.i 1:44
1-20 Thou Knowest, Lord z58c 2:10
1-21 Canzona z860.ii 2:11
Bass Vocals – David Thomas (9), Michael George (3), Richard Wistreich, Simon Grant (4)
Countertenor Vocals – Kevin Smith (11), Michael Chance
Music Director [Direction] – Andrew Parrott
Organ – Roger Woolley*
Soprano Vocals – Emma Kirkby
Tenor Vocals – Andrew King (5), Charles Daniels (2), Neil Jenkins, Paul Elliott, Rogers Covey-Crump
Se o disco de Anne Sophie Mutter que apresentamos ontem (isto é uma repostagem, gente) era uma merda, este é magnífico, sua audição soa exatamente como a violinista aparece na capa: linda, coleante, azul. Seu Concerto Op. 64 é absolutamente impecável e da mesma forma é o esplêndido Trio Nº 1, com seus dois belíssimos movimentos iniciais. O nível cai um pouco na Sonata, mas não por culpa da deusa — é que a Sonata é mais fraquinha mesmo. Mesmo com as 5000 gravações existentes do Op. 64 é difícil bater o registro destes dois monstros — Mutter e Masur. Baixe agora.
Mendelssohn (1809-1847): Concerto para Violino, Op. 64 / Piano Trio No.1 / Sonata para Violino e Piano (Mutter, Masur, Previn, Harrell)
Violin Concerto in E minor, Op. 64
01. 1. Allegro molto appassionato [12:19]
02. 2. Andante [7:15]
03. 3. Allegretto non troppo – Allegro molto vivace [6:15]
Anne-Sophie Mutter, violino
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur
Piano Trio No.1 in D minor, Op.49
04. 1. Molto allegro agitato [9:01]
05. 2. Andante con moto tranquillo [6:52]
06. 3. Scherzo (Leggiero e vivace) [3:38]
07. 4. Finale (Allegro assai appassionato) [8:10]
Anne-Sophie Mutter, violino
André Previn, piano
Lynn Harrell, violoncelo
Sonata para Violino e Piano in F major (1838) (without opus number)
08. 1. Allegro vivace [11:25]
09. 2. Adagio [7:14]
10. 3. Assai vivace [5:23]
Anne-Sophie Mutter, violino
André Previn, piano
Olha, ninguém vai pirar com este CD do inglês Whitlock, mas sua música sacra tem méritos, discretos méritos. Ele é uma mistura de Vaughan Williams, Delius e Elgar, ou seja, nada muito espetacular. Sua música é certinha e até gostei de ouvi-la no início da tarde de ontem, sabem? O coitado morreu cedo de tuberculose e virtualmente desapareceu, sendo recuperado nesta década. Confiram aí.
Percy Whitlock (1903-1946): The Choral Music
1. Sing praise to God who reigns above 3:46
2. Jesu grant me this I pray 5:14
3. Solemn Te Deum 7:17
4. O living bread, who once did die 3:48
5. Here, O my Lord, I see Thee face to face 3:13
6. Be still, my soul 4:31
7. The siant whose praise today we sing 3:16
8. Communion Service in G: Kyrie 1:27
9. Communion Service in G: Credo 5:04
10. Communion Service in G: Sanctus 1:18
11. Communion Service in G: Benedictus 0:41
12. Communion Service in G: Agnus Dei 2:11
13. Communion Service in G: Gloria 2:51
14. Glorious in heaven 3:48
15. Magnificat and Nunc Dimittis in G: Magnificat 3:28
16. Magnificat and Nunc Dimittis in G: Nunc Dimittis 2:08
17. O gentle presence 3:09
18. Come, let us join our cheerful songs 2:44
19. O gladsome light 2:59
20. Magnificat and Nunc Dimittis (Fauxboudons): Magnificat 4:05
21. Magnificat and Nunc Dimittis (Fauxboudons): Nunc Dimittis 2:39
The Choir of Rochester Cathedral
Roger Sayer, regência
William Whitehead, órgão
Para utilizar um termo técnico, eu diria que este CD é do caraglio. O grande Anner Bylsma dá uma verdadeira aula de como tocar um cello barroco e, aqui sim, as composições são extraordinárias. Ouvi várias vezes este disco que traz em si, incrustada, a definição do termo barroco: pérola irregular a assimétrica. Nada aqui é regular ou certinho. É tudo humano e perfeito. Bylsma vem acompanhado de um esplêndido grupo.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Sonatas for Violoncello & Basso Continuo
1. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/I. Largo 3:45
2. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/II. Allegro 3:26
3. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/III. Largo 2:34
4. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/IV. Allegro 1:53
5. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/I. Largo 2:29
6. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/II. Allegro 2:49
7. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/III. Largo 3:56
8. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/IV. Allegro 2:20
9. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/I. Largo 3:38
10. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/II. Allegro 3:41
11. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/III. Largo 4:20
12. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/IV. Allegro 3:07
13. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/I. Largo 3:37
14. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/II. Allegro 2:48
15. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/III. Largo 4:09
16. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/IV. Allegro 2:53
17. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/I. Largo 3:09
18. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/II. Allegro 3:00
19. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/III. Largo 3:15
20. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/IV. Allegro 2:04
21. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/I. Largo 2:31
22. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/II. Allegro 2:46
23. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/III. Largo 2:02
24. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/IV. Allegro 2:25
Anner Bylsma, Violoncello – Matteo Goffriller, Venezia, 1693
Francesco Galligioni, Violoncello – Anonymous, Italy, 1700
Ivano Zanenghi, Archlute – Stephen Murphy after Martin Hoffmann, Germany, mid-17th century
Alessandro Sbrogiò, Violone – Anonymous, Germany, late 17th century
Andrea Marcon, Harpsichord & Organ – Harpsichord by William Horn, Brescia after Giusti, Italy, 17th century, Organ by Francesco Zanin, Codroipo Udine
Daniel Hope tem a habilidade camaleônica de transformar seu estilo a fim de se adequar a cada nova obra. Muitas vezes ele se torna revelador, como em seu Shostakovich, outras vezes apresenta um duvidoso toque intervencionista, como em seus concertos de Bach. Mas nunca é maçante. Sua versão para o Concerto de Mendelssohn — seu primeiro lançamento na DG — é revigorante. A versão de 1844, que Hope apresenta aqui, foi o resultado de uma gestação de sete anos, com o compositor fazendo ainda mais alterações em 1845 para criar a edição que conhecemos hoje. Esta é uma gravação muito colaborativa. O violino não é indevidamente destacado e a execução orquestral é quente, com sopros envolventes, tímpano sutil, todos vitais. O Octeto está em um nível igualmente elevado, com Hope sendo o guia de seus colegas da COE. De fato, é a ênfase em mostrar o funcionamento interno que torna esta performance tão esclarecedora. Uma joia.
F. Mendelssohn (1809-1847): Violin Concerto | Octet | Songs (Daniel Hope, Chamber Orchestra Of Europe, Thomas Hengelbrock)
Concerto For Violin And Orchestra In E Minor, Op. 64 = Konzert Für Violine Und Orchester E-moll = Concerto Pour Violon Et Orchestre En Mi Mineur (Original 1844 Version • World-Premiere Recording)
Conductor – Thomas Hengelbrock
Orchestra – Chamber Orchestra Of Europe*
Violin – Daniel Hope
(25:57)
1 Allegro Con Fuoco – 11:43
2 Andante – Allegretto Non Troppo 8:31
3 Allegro Molto Vivace 5:43
Octet For Strings In E Flat Major, Op. 20 = Streichoktett Es-dur = Octuor À Cordes En Mi Bémol Majeur (Critically Revised Edition 1832 • World-Premiere Recording)
Cello [Cello 1] – William Conway
Cello [Cello 2] – Kate Gould
Orchestra – Soloists Of The Chamber Orchestra Of Europe*
Viola [Viola 1] – Pascal Siffert
Viola [Viola 2] – Stewart Eaton
Violin [Violin 1] – Daniel Hope
Violin [Violin 2] – Lucy Gould
Violin [Violin 3] – Sophie Besançon*
Violin [Violin 4] – Christian Eisenberger
(30:54)
4 1. Allegro Moderato Ma Con Fuoco 13:49
5 2. Andante 6:56
6 3. Scherzo: Allegro Leggierissimo 4:19
7 4. Presto 5:50
3 Lieder (Arr. For Violin And Piano)
Piano – Sebastian Knauer
Violin – Daniel Hope
8 Hexenlied Op. 8, No. 8 = Witches’ Song = Chant Des Sorcières 2:12
9 Suleika Op. 34, No. 4 2:45
10 Auf Flügeln Des Gesanges Op. 34, No. 2 = On Wings Of Song = Sur Les Ailes Du Chant 2:52
Daniel Hope, violin
Chamber Orchestra Of Europe
Thomas Hengelbrock
Um excelente CD. Com raro talento, Höbarth, Cohen e Coin gravaram todos os Trios de Haydn para a Harmonia Mundi e, quando começa o Presto do Trio Nº 43, a gente já sabe que está na companhia de um gênio. Estes são os últimos três trios do compositor, escritos em Londres em meados da década de 1790 para uma pianista chamada Theresa Jansen-Bartolozzi. São entre as peças mais peculiares que ele já escreveu. Ouça as mudanças rítmicas do citado Presto, por exemplo. Haydn cria uma sequência selvagem de acentos mutáveis que o aproxima do território de Bartók. Ou o primeiro movimento do Trio No. 44, uma série bizarra de recomeços que leva a manipulação de Haydn para a forma sonata a um reino totalmente novo. A lista continua. Essas são peças essenciais para o amante de Haydn, e o trio de instrumentos originais do pianista Patrick Cohen, do violinista Erich Höbarth e do violoncelista Christophe Coin as traz com a qualidade discreta certa e o som do tamanho de uma sala que esses trios exigem. O equilíbrio entre os três instrumentos é especialmente bom. O uso de um pianoforte na música de câmara clássica elimina a necessidade de os instrumentistas de cordas se esforçarem para produzir um som mais alto, e as relações entre eles têm um efeito relaxante e surpreendente. Dá-lhe!
F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)
Trio N°43 En Ut Majeur/C Major/C-dur (Hob.XV:27)
1 Allegro
2 Andante
3 Presto
Trio N°44 En Mi Majeur/e Minor/e-dur (Hob.Xv:28)
4 Allegro Moderato
5 Allegretto
6 Finale. Allegro
Trio N°45 En Mi Bémol Majeur/E Flat Major/Es-dur (Hob.Xv:29)
7 Poco Allegretto
8 Andantino Ed Innocentemente
9 Finale. Presto Assai
Cello – Christophe Coin
Piano – Patrick Cohen
Violin – Erich Höbarth
Gosto muito de Mendelssohn. Melodista de mão cheia, amava as estruturas (e também o melodismo) de Bach. Escreveu sinfonias que são um verdadeiro acinte de tão perfeitas — refiro-me especialmente à terceira, quarta e quinta. E este CD é igualmente é um acinte de tão agradável. Esse Octeto merece uma palavra que não gosto, mas que aqui tem sua mais gloriosa acepção: é adorável. O quinteto vai pela mesma via. Apesar da capa um tanto nublada, estamos frente a um CD luminoso e bastante alegre. A interpretação de Iona Brown e seus pupilos é impecável.
Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847):
Octeto, Op. 20 / Quinteto Nº 2, Op. 87
1. Octet in E flat, Op.20 – 1. Allegro moderato, ma con fuoco 13:56
2. Octet in E flat, Op.20 – 2. Andante 7:25
3. Octet in E flat, Op.20 – 3. Scherzo (Allegro leggierissimo) 4:25
4. Octet in E flat, Op.20 – 4. Presto 6:18
5. String Quintet No.2 in B flat, Op.87 – 1. Allegro vivace 10:42
6. String Quintet No.2 in B flat, Op.87 – 2. Andante scherzando 4:20
7. String Quintet No.2 in B flat, Op.87 – 3. Adagio e lento 9:58
8. String Quintet No.2 in B flat, Op.87 – 4. Allegro molto vivace 6:07
Bernard Haitink fez diversas gravações da Ressurreição. A mais famosa e considerada é a realizada com sua própria orquestra da época, o Concertgebouw de Amsterdam, mas esta com a Filarmônica de Berlim também está entre as melhores gravações da obra. Para mim, os campeões da Ressurreição são Solti, Rattle e Bernstein. Haitink gravou a Nº 2 com as orquestras citadas, mais uma vez com a Orq. de Chicago e outra com os berlinenses. Esta gravação é do segundo ciclo de Mahler de Haitink com a Berliner Philharmoniker datado do início dos anos 90. Haitink foi o primeiro maestro convidado pela BPO a gravar um ciclo completo de Mahler, e embora o ciclo nunca tenha sido concluído (o projeto foi abortado antes que os Nrs. 8, 9 e A Canção da Terra fossem gravados), alguns registros se destacam por sua qualidade. Esta memorável Ressurreição é uma leitura muito refinada e poderosa desta obra, estando bem próxima do Olimpo.
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 2 (Haitink, BPO)
Symphony No. 2 In C Minor “Resurrection” = Symphonie c-moll “Auferstehungs-Symphonie” = En Ut Mineur “Résurrection”
1.1 1. Allegro Maestoso. Mit Durchaus Ernstem Und Feierlichem Ausdruck 22:24
1.2 2. Andante Moderato. Seht Gemachlich 10:49
2.1 3. In Ruhig Flieszender Bewegung 11:05
2.2 4. Urlicht. Sehr Feierlich, Aber Schlicht 5:14
5.
2.3 Im Temp des Scherzos. Wild Herausfahrend 10:03
2.4 Maestoso 8:00
2.5 Sehr Langsam Und Gedehnt 2:28
2.6 Langsam. Misterioso 7:13
2.7 Etwas Bewegter. 8:40
Chorus – Ernst-Senff-Chor*
Chorus Master – Sigurd Brauns
Conductor – Bernard Haitink
Contralto Vocals – Jard Van Nes
Orchestra – Berliner Philharmoniker
Soprano Vocals – Sylvia McNair
Este é o menos cômico dos CDs que possuo de Banchieri. Ele costuma ser muito mais engraçado, apesar de que aqui temos alguns animais cantando… Adriano Banchieri foi um compositor, organista, teórico e poeta italiano do Renascimento tardio e princípios do Barroco. Fundou a Accademia dei Floridi em Bolonha. Banchieri nasceu e morreu em Bolonha. Em 1587 tomou os hábitos da ordem beneditina e fez os seus votos em 1590, mudando o nome de Tomaso para Adriano, com o qual foi conhecido. Especificamente, foi um dos criadores do gênero chamado “comédia madrigal”, que sem chegar a ter uma representação em cena, narrava uma história mediante uma coleção de madrigais. Muitas destas coleções foram compostas para divertir as reuniões dos círculos sociais de Bolonha.
Adriano Banchieri (1560-1634): Il Zabaione Musicale / Festino nella sera del giovedì grasso avanti cena (Fasolis)
Il Zabaione Musicale
1 Introduzione 1:31
Atto I
2 Prologo: L’Humor Spensierato 0:45
3 Intermedio Di Felici Pastori, A Due Cori 1:36
4 Progne E Filomena 1:36
5 Danza Di Pastorelle, In Aria Del Spagnoletto, Con Le Riprese Nella Cornamusa 1:00
6 Madrigale: Soavissimo Ardore 1:42
Atto II
7 Intermedio Di Pignattari 1:14
8 Un Pastorello Con Un Augellino Uccisogli Da Un Gatto 1:34
9 Tirsi A Clori 1:45
10 Dialogo: Aminta, Dafne E Giudizio D’Amore 1:00
11 Gioco Della Passerina 1:39
12 Madrigale: Baci, Sospir E Voci 2:23
Atto III
13 Ergasto Appasionato 2:13
14 Preparamento Pastorale 1:07
15 Gara Amorosa Di Pastori 2:36
16 Danza Di Ninfe E Pastori 1:55
17 Licenza: L’Humore Spensierato 0:52
Festino Nella Sera Del Giovedì Grasso Avanti Cena, Op. 18
18 Il Diletto Moderno Per Introduzione 1:09
19 Giustiniana Di Vicchietti Chiozzotti 1:36
20 Mascherata Di Villanelle 2:31
21 Seguita La Detta Mascherata 1:45
22 Madrigale A Un Dolce Usiglio 2:41
23 Mascherata D’amanti 0:41
24 Gli Amanti Morescano 1:08
25 Gli Amanti Cantano Un Madrigale 2:08
26 Gli Amanti Cantano Una Canzonetta 1:48
27 La Zia Bernardina Racconta Una Novella 1:59
28 Capricciata A Tre Voci 1:20
29 Contrappunto Bestiale Alla Mente 1:33
30 I Cervellini Cantano Un Madrigale 2:07
31 Intermedio Di Venditori Di Fusi 1:12
32 Li Fusari Cantano Un Madrigale 2:07
33 Gioco Del Conte 2:00
34 Li Festinanti (Solo Di Scacciapensieri: Marco Beasley) 0:55
35 – 1:05
36 Vinata Di Brindesi E Ragioni 3:00
37 Sproposito Di Goffi (Pero Di Gusto) 1:30
38 Il Diletto Moderno Licenza E Di Nuovo Invita 1:13
Choir – Choir Of Radio Svizzera, Lugano*
Conductor – Diego Fasolis
Ensemble – Sonatori De La Gioiosa Marca, Treviso*