Pierre Boulez (1925-2016): As Três Sonatas para Piano + Formand 3 (Miroir)

Pierre Boulez (1925-2016): As Três Sonatas para Piano + Formand 3 (Miroir)

As duas primeiras Sonatas para Piano de Boulez foram compostas durante a juventude do compositor. A 2ª foi composta quando o ele tinha apenas 23 anos. Nelas nota-se a influência de Messiaen. A 3ª e última foi escrita quando ele tinha 30 anos e já possui o conceito da “casualidade controlada”, em que o intérprete pode escolher entre possibilidades que foram escritas pormenorizadamente pelo compositor – um método que é frequentemente descrito como “forma móvel”.

O CD é excelente para quem não tem ouvidos varicosos e aceitam obras em que o timbre é tão importante quanto o resto. A partir dos anoa 70, o Boulez compositor ficou mais indulgente em seu radicalismo e passei a não gostar tanto de suas composições. Gosto mesmo é do jovem selvagem e radical.

Pierre Boulez (1925-): As Três Sonatas para Piano + Formand 3 (Miroir)

Piano Sonata No.1
1) 1. Lent – Beaucoup plus allant [5:06]
2) 2. Assez large – Rapide [4:38]
Piano Sonata No.2
3) 1. Extrèmement rapide [6:04]
4) 2. Lent [11:42]
5) 3. Modéré, presque vif [2:32]
6) 4. Vif [10:48]
Piano Sonata No.3
Formant 2 – Trope
7) Parenthèse [2:33]
8) Glose [1:26]
9) Commentaire [2:20]
10) Texte [1:21]
Formant 3 – Miroir
11) Mélange [0:28]
12) Points 3 [1:43]
13) Blocs II [3:24]
14) Points 2 [1:58]
15) Blocs I [3:06]
16) Points 1 [0:43]

Paavali Jumppanen, piano

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Boulez:
Além de compositor, Boulez é um enorme regente.

PQP

Stravinsky (1882-1971): Petruschka / Prokofiev (1891-1953): Sonata Nº 7 / Webern (1883-1945): Variações / Boulez (1925-2016): Segunda Sonata

Stravinsky (1882-1971): Petruschka / Prokofiev (1891-1953): Sonata Nº 7 / Webern (1883-1945): Variações / Boulez (1925-2016): Segunda Sonata

O disco perfeito. Ou quase, não fora a presença de Webern… Mesmo assim, é um dos que levaria para a ilha deserta. Os três movimentos de Petruschka e a Sonata de Prokofiev foram gravados em 1971 e a notável Sonata de Boulez e as Variações de Webern são de 1976. Eram dois discos, viraram um CD. Um grande CD que é reeditado e reeditado pela DG, que o publicou nas Legendary Recordings da gravadora.

Meu Deus – e notem que sou ateu! – o que Pollini faz na Petruschka e nas Sonatas de Prokofiev e Boulez só pode ser explicado pelo diabo. Já na obrinha de Webern, o diabo tem mais é que explicar a existência destas variações… Porém, meu caro Pollini, eu te perdôo tudo neste mundo e tu podes até tocar toda a obrinha de menos de duas horas de Webern que eu não me importo.

Bom, vocês sabem que Pollini é meu pianista preferido. Não sou muito original nisto. Abaixo, duas notícias sobre ele.

Retirada daqui: Maurizio Pollini nasceu em 1942 em Milão e estudou piano com Carlo Lonati e Carlo Vidusso. Depois de vencer o Concurso Internacional Chopin de Varsóvia em 1960, percorreu uma destacada carreira internacional, apresentando-se nas mais importantes salas de concerto e festivais, colaborando com as mais prestigiadas orquestras e com maestros de renome, como Karl Böhm, Sergiu Celibidache, Herbert von Karajan, Claudio Abbado, Pierre Boulez, Riccardo Chailly, Zubin Mehta, Wolfgang Sawallisch, e Riccardo Muti, entre muitos outros.

Em 1987, após a interpretação dos concertos para piano de Beethoven, em Nova Iorque, Maurizio Pollini foi galardoado pela Orquestra Filarmónica de Viena com o prestigiado Ehrenring. Em 1996 recebeu o prémio Ernst-von-Siemens, em Munique, e em 1999 o prémio A Life for Music – Arthur Rubinstein, em Veneza. No ano 2000, foi distinguido com o prémio Arturo Benedetti Michelangeli, em Milão.

Em 1995, Maurizio Pollini abriu o festival que a cidade de Tóquio dedicou a Pierre Boulez. No mesmo ano e em 1999, organizou e interpretou os seus próprios ciclos de concertos e recitais no Festival de Salzburgo, seguindo-se o Carnegie Hall de Nova Iorque (em 1999-2000 e 2000-2001), a Cité de la Musique, em Paris, e Tóquio (ambos em 2002) e o Parco della Musica, em Roma (Março de 2003). Reflectindo o vasto leque das sua preferências musicais, a programação escolhida para estes eventos incluiu música orquestral e de câmara, abarcando compositores desde Gesualdo e Monteverdi até aos contemporâneos. No Verão de 2004, foi o «Artist Étoile» do Festival Internacional de Lucerna, dando um recital e concertos com orquestra sob a direcção de Claudio Abbado e Pierre Boulez.

O repertório de Maurizio Pollini estende-se de Johann Sebastian Bach até aos compositores contemporâneos (incluindo estreias de obras de Nono, Manzoni e Sciarrino) tendo, como componente central, o ciclo integral das sonatas de Beethoven, que o pianista apresentou em Berlim, Munique, Milão, Nova Iorque, Londres, Viena e Paris.

Maurizio Pollini gravou numerosos discos dedicados ao repertório clássico, romântico e contemporâneo. Neste último domínio, possui uma extensa discografia dedicada à obra pianística de Schönberg, Berg, Webern, Nono, Manzoni, Boulez e Stockhausen, que foi largamente aclamada pela crítica e que constitui um testemunho eloquente da grande paixão que o intérprete nutre pela música do século XX.

A recente gravação dos Nocturnos de Chopin foi também recebida com grande entusiasmo pelo público e pelos críticos: em 2007 ganhou um Grammy na categoria de «Melhor Interpretação solista». Em 2006 recebeu os prémios Echo (Alemanha), «Choc» da revista Le Monde de la Musique, e Diapason d’Or de l’Année (França).

Sua primeira gravação pela Deutsche Grammophon: “Três Movimentos de Petrushka” de Stravinsky e a Sonata nº 7 de Prokofiev, feita em 1971, é o início de uma notável discografia.

Pollini é artista de grande refinamento, de alto rigor técnico e extremamente intelectual. A música contemporânea tem sido parte do repertório de Pollini desde que este pianista começou a sua carreira de concertista internacional.

Arnold Schoenberg teve seu centenário de nascimento comemorado em 1974.No mesmo ano, em Londres, Pollini tocou a integral das obras para piano deste compositor. Berg, Webern, Pierre Boulez e até mesmo Stockhausen tem lugar no repertório deste pianista.

Em 1987, toca os cinco Concertos de Beethoven com a Orquestra Filarmônica de Viena, sob a regência de Claudio Abbado. Pollini apresenta o ciclo completo das 32 sonatas de Beethoven em 1993-94 em Berlim, Munique, Nova Iorque, Milão, Paris, Londres e Viena.

Em 2001, sua gravação das Variações Diabelli de Beethoven , ganha o prêmio ” Diapason d’or”.

Stravinsky (1882-1971): Petruschka / Prokofiev (1891-1953): Sonata Nº 7 / Webern (1883-1945): Variações / Boulez (1925-2016): Segunda Sonata

Igor Stravinsky (1882-1971) – Petruschka
1. Three movements ‘Petruschka’ – Danse russe. Allegro giusto 2:34
2. Three movements ‘Petruschka’ – Chez Pétrouchka 4:17
3. Three movements ‘Petruschka’ – La semaine grasse. Con Moto – Allegretto – Tempo giusto – Agitato 8:29

Sergei Prokofiev (1891-1953) – Sonata Nro. 7
4. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 1. Allegro inquieto – Andantino – Allegro inquieto – Andantino – Allegro inquieto 7:37
5. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 2. Andante caloroso – Poco più animato – Più largamente – un poco agitato – Tempo I 6:12
6. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 3. Precipitato 3:17

Anton Webern (1883-1945) – Variações
7. Piano Variations, Op.27 – 1. Sehr mässig 1:59
8. Piano Variations, Op.27 – 2. Sehr schnell 0:40
9. Piano Variations, Op.27 – 3. Ruhig, fliessend 3:29

Pierre Boulez (1925) – Segunda Sonata
10. Piano Sonata No.2 – 1. Extrèmement rapide 6:09
11. Piano Sonata No.2 – 2. Lent 11:04
12. Piano Sonata No.2 – 3. Modéré, presque vif 2:14
13. Piano Sonata No.2 – 4. Vif 10:12

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Pollini: o maior pianista da época dos registros gravados

PQP

Pierre Boulez (1925-): Sur Incises

Pierre Boulez (1925-): Sur Incises

Não podemos ser felizes. Não é possível a felicidade num ambiente hostil. E enquanto estivermos vivos, acabaremos cedendo, mais cedo ou mais tarde, aos ataques inusitados, às angustiantes sensações e o depressivo tédio. Então pra quê se enganar com a vida, se morrer é a melhor opção contra a infelicidade? Resposta simples, o homem é medroso, prefere sofrer, pois se acostuma com o sofrimento. Já na morte, o homem não sabe o que encontrará. Para os ateus é óbvio, tutto è finito. E para qualquer religioso de verdade, a morte o melhor caminho, a única saída para felicidade, por isso não podemos negar que os grandes homens de fé da atualidade são os suicidas.

Depois dessa introdução revigorante, gostaria de salientar certos pontos na música de Pierre Boulez que me fizeram pensar sobre esse assunto. O desconhecido é o que o homem mais teme. Não é surpresa, portanto, descobrir que a música do francês é tão pouco atrativa para o ouvinte temente. Ela foge completamente da percepção natural de um ser humano, que na maioria das vezes é acostumado à linearidade da vida, a um destino certo e um final de glória no reino divino. Mas este mesmo ser doutrinado, que sabe o certo e errado, cai na armadilha de sua própria natureza complexa e fascinante. Por mais que ele tente, a sua mediocridade não será bastante para mudar isso. Só a mediocridade máxima levará o homem à felicidade plena.

Bastam segundos de Sur Incises para percebermos que estamos perdidos. No belo livro “A música desperta o tempo” de Daniel Barenboim, há uma passagem sobre a importância da memória auditiva. Quando ouvimos música, “o ouvido lembra-se do que já percebeu e, por meio disso, volta ao passado ou pode até ter consciência dele e do presente ao mesmo tempo…o ouvido cria a conexão entre o presente e o passado e envia sinais ao cérebro quanto ao que esperar do futuro”. Algo absolutamente impossível na música de Boulez. Assim como na pintura abstrata, onde o espaço parece não ter início ou fim, na música de Boulez, a idéia de passado e futuro é inexistente. Ou seja, uma dificuldade incrível para o homem moderno que tem sempre como guia o tempo. Eis o paradoxo, a música moderna não foi feita para o homem moderno.

O sofrimento escurece os objetivos que levam à felicidade. E nesse caminho tortuoso, o som do ponteiro do relógio é ensurdecedor. Já com Boulez, aprendemos que a questão do sofrimento e felicidade é irrelevante, assim como o bendito tempo. O homem é catapultado ao espaço onde não há pontos de referências. A música de Boulez é música de contemplação.

Faixas:

1. Sur Incises (1996/1998) pour trois pianos, trois harp, trois percussion-claviers – Moment I

2. Sur Incises (1996/1998) pour trois pianos, trois harp, trois percussion-claviers – Moment II

3 – 6. Messagequisse (1976/77) pour violoncelle solo et six violoncelles

7 – 15. Anthèmes 2 (1997)

Performed by Jean-Guihen Queyras, Ensemble InterContemporain

Conducted by Pierre Boulez

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Boulez:
Boulez: o anti-medíocre

CDF

Leonard Bernstein Discusses and Conducts XX-Century Music

Leonard Bernstein foi um mestre em quase tudo. Homem de vastíssima cultura musical, músico com repertório extenso e memorável. Mas um dos pontos que merecem destaque foi sua habilidade como divulgador da música clássica. Há uma série famosa feita para televisão nos anos 1960, os concertos para juventude, que são muito prazerosos de ver link. É impressionante contemplar o Carnegie Hall lotado de crianças e Bernstein dando um show como professor, aulas com exemplos brilhantes e cativantes. Nunca caindo na simplificação, ou desmerecendo a inteligência de seus pequenos ouvintes.

Creio que muito de nós aqui no Brasil nunca tiveram a chance de encontrar um personagem parecido com o Bernstein na nossa juventude, alguém que apresentasse o vasto mundo musical, sem doutrinação do que é certo ou errado. Gostamos de música clássica (ou Jazz) simplesmente por nossos próprios méritos, e isso é louvável, principalmente num país que preza a mediocridade. No entanto, ainda pagamos um preço alto por isso. Não gostaria de colocar como exemplo, a obra 4´33´´ de Cage. Achar ridícula uma peça é um julgamento que deve caber ao próprio ouvinte mesmo. Devemos realmente conviver com este tipo de diversidade de opinião. Mas é importante, antes de tudo, conhecer a obra em profundidade, ou mesmo ler a respeito antes de ouvi-la, e só depois podemos condená-la ao nosso limbo musical ou, como costumo fazer, dá uma outra oportunidade no futuro.

Como a música que defendo é mesmo de difícil digestão, achei necessário pedir a ajuda do Leonard Bernstein. Esse disco-aula realizado também nos anos 1960, Bernstein se desdobra para divulgar a famigerada música que se fazia em seu tempo. Apresenta exemplos de obras bem importantes e complexas para uma platéia adulta e inquieta (aplausos e vaias no fim de cada obra). Percebemos que aquele registro foi feito num momento decisivo e tenso para história da música, uma crise fascinante tratada com brilhantismo por Bernstein. Comentários muito interessantes sobre o novo espectro que o mundo musical vislumbrava. Mesmo sendo um registro feito há mais de 40 anos atrás, é atualíssimo para o ouvinte brasileiro.

Obras de Xenakis, Boulez e Cage são analisadas por Bernstein antes de cada perfomance, num inglês fácil de entender.

A obra que abre o disco é de Copland e foi feito para uma audiência mais jovem, apenas um pequeno refresco.

Copland – An Outdoor Overture
1. Introduction by Bernstein
2. Perfomance
3. Post- perfomance

Xenakis – Pithoprakta
4. Introduction by Bernstein
5. Perfomance
6. Post- perfomance

Henry Brant – Antiphony One
7. Introduction by Bernstein
8. Perfomance

Boulez – Improvisation sur Mallarmé I
9. Introduction by Bernstein
10. Perfomance

Cage – Atlas Eclipticalis
11. Introduction by Bernstein
12. Perfomance

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