Zbigniew Preisner (1955): Requiem for my friend (Preisner)

Faço coro aqui ao patrão PQP: a primeira obra de Preisner composta especificamente para as salas de concerto resulta num CD médio. A primeira parte é mais interessante, com seu conjunto instrumental e vocal enxuto e um sabor quase folclórico, particularmente no Lux Aeterna, meu movimento favorito. A segunda parte, “Life”, que dá a sensação de ter sido composta apenas para completar o CD, usa recursos maiores e também me pareceu  uma trilha sonora sem filme [Vassily]

É um CD médio. Não me impressionou muito. Parece uma trilha sonora sem filme.

Requiem for My Friend, for solo voices, string quartet, double bass, organ & percussion

1. Officium
2. Kyrie Eleison
3. Dies Irae
4. Offertorium
5. Sanctus
6. Agnus Dei
7. Lux Aeterna
8. Lacrimosaa
9. Epitaphium
10. The Beginning: Meeting
11. Discovering The World
12. Love
13. Destiny: Kai Kairos
14. Apocalypse: Ascende Huc
15. Veni Et Vidi
16. Qui Erat Et Qui Est
17. Lacrimosa-Day Of Tears
18. Postscriptum: Prayer

Piotr Janosik
Jacek Kaspszyk
Leszek Mozdzer
Elzbieta Towarnicka
Piotr Kusiewicz
Lukasz Syrnicki
Arkadiusz Kubica
Marek Mós
Roman Rewakowicz
Jacek Kaspszyk
Elzbieta Towarnicka

Warsaw Chamber Choir
Sinfonia Varsovia
Zbigniew Preisner

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PQP

Zbigniew Preisner (1955): Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul)

Zbigniew Preisner (1955): Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul)

O que dizer? Um dos maiores filmes que vi e uma das melhores trilhas sonoras já compostas? Sim, é bom começo, é sincero. É um filme onde Juliette Binoche depara-se com toda a liberdade possível. Ela faz o papel de Julie, mulher de um importante compositor e regente francês que morre num acidente de carro. Com ele, morre também a única filha do casal. É uma liberdade de luto — incômoda, deprimente, indesejável, horrível. Junto a um amigo do casal, ela tenta finalizar uma composição para coro e orquestra que havia sido encomendada ao marido, a Canção pela Unificação da Europa, descobrirá detalhes da vida do marido e seguirá sua vida. Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul), de 1993, é um filme belíssimo e importante do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, o primeiro da Trilogia das Cores.

Zbigniew Preisner foi digno do filme. Deve ter trabalhado muito com Kieslowski, pois a música adapta-se ao filme — ou o filme a ela — de modo realmente arrepiante. Eu não consigo desgrudar o filme do CD da trilha sonora. A trilha faz parte do filme e gosto demais de ouvi-la para lembrar dele.

Zbigniew Preisner (1955): Trois Couleurs: Bleu (A Liberdade é Azul)

1. Song for the Unification of Europe (Patrice’s version) 5:17
2. Van Den Budenmayer – Funeral music (winds) 2:05
3. Julie – Glimpses of Burial 0:32
4. Reprise – First appearance 0:34
5. The Battle of Carnival and Lent 0:59
6. Reprise – Julie with Olivier 0:51
7. Ellipsis 1 0:23
8. First flute 0:52
9. Julie – in her new apartment
10. Reprise – Julie on the stairs
11. Second flute 1:18
12. Ellipsis 2 0:23
13. Van Den Budenmayer – Funeral music (organ) 1:59
14. Van Den Budenmayer – Funeral music (full orchestra) 1:49
15. The Battle of Carnival and Lent II 0:44
16. Reprise – flute (closing credits version) 2:21
17. Ellipsis 3 0:25
19. Olivier and Julie – Trial composition 2:01
20. Olivier’s theme – finale 1:40
21. Bolero – Trailer for “Red” film 1:11
22. Song for the Unification of Europe (Julie’s version) 6:50
23. Closing credits 2:06
24. Reprise – organ 1:15
25. Bolero – “Red” film

Flute – Jacek Ostaszewski
Music By – Zbigniew Preisner
Piano – Konrad Mastylo*
Recorded By – Sinfonia Varsovia
Soprano Vocals – Elzbieta Towarnicka*
Vocals [Soloist] – Beata Rybotycka

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Uma tremendo filme com Juliette Binoche
Uma tremendo filme com Juliette Binoche

PQP

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “The Secret Garden”, de Agnieszka Holland

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “The Secret Garden”, de Agnieszka Holland

Um filme visualmente suntuoso como “O Jardim Secreto”, baseado no romance homônimo de Frances Hodgson Burnett e sensivelmente realizado por Agnieszka Holland, não poderia ter uma música que causasse menor impressão. Preisner, compatriota de Holland, caprichou e legou-nos uma trilha sonora que, talvez, seja entre as suas a que melhor se sustente sem as imagens. A agitada abertura, com toda sua percussão, soa pouco “preisneriana”, mas em seguida todos os gestos tão caros ao compositor – os temas singelos, a preferência pelos sopros (especialmente o oboé e as flautas-doces) e pelo piano, o uso econômico da instrumentação, com diálogos instrumentais como que em prosa – vão surgindo, entremeados por todos os melífluos clichês que imaginaríamos num filme sobre crianças – violinos trinando, glockenspiele, coros angélicos. Quando nos damos conta, depois de uma que outra sugestão de Dvořák, já se foram, muito belos, seus trinta e poucos minutinhos.

THE SECRET GARDEN – ORIGINAL MOTION PICTURE SOUNDTRACK
MUSIC COMPOSED BY ZBIGNIEW PREISNER

1 – Main Title
2 – Leaving The Docks
3 – Mary Downstairs
4 – First Time Outside
5 – Skipping Rope
6 – Entering The Garden
7 – Walking Through The Garden
8 – Mary And Robin Together
9 – Shows Dickon Garden
10 – Awakening Of Spring
11 – Craven Leaves
12 – Taking Colin To The Garden
13 – Colin Opens His Eyes
14 – Colin Tries Standing
15 – Colin Loves Mary
16 – Craven’s Return
17 – Looking At Photos
18 – Craven To The Garden
19 – Colin Senses Craven
20 – Happily Ever After

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Não: eu jamais perderia a chance de postar mais uma foto de Irène Jacob ♡

Vassily

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “La Double Vie de Véronique”, de Krzysztof Kieślowski

“A Dupla Vida de Véronique” é um dos filmes mais belos e estranhos que conheço. Belo pela luz dourada, por seus suaves verdes e vermelhos, pelos imensos silêncios entremeados pela música de Zbigniew Preisner, e sobretudo pelo rosto da divina Irène Jacob – no papel de sua vida -, iluminado maravilhosamente por Sławomir Idziak e seguido com discrição e sensibilidade por Krzysztof Kieślowski. Estranho porque, entre outros motivos, muito pouco acontece em “Véronique” e, no entanto, nada nele é tedioso. Poucas vezes vi a introspecção, que me é tão cara, retratada na tela assim, vivamente. É um filme, talvez, sobre a sensação de não estarmos sozinhos, de que há algo ou alguém a viver paralelamente conosco; uma experiência tão bela quanto estranhíssima, que abre mais questões do que as responde, e inda mais a cada revisita.

ZBIGNIEW PREISNER – LA DOUBLE VIE DE VERONIQUE – BANDE SONORE ORIGINALE DU FILM

1 – Weronika
2 – Véronique
3 – Tu Viendras
4 – L’Enfance
5 – Van den Budenmayer: Concerto en Mi Mineur, Version de 1798
6 – Véronique
7 – Solitude
8 – Les Marionnettes
9 – Theme: Première Transcription
10 – L’Enfance II
11 – Alexandre
12 – Alexandre II
13 – Theme: Deuxième Transcription
14 – Concerto en Mi  (Instrumentation Contemporaine No. 1)
15 – Concerto en Mi (Instrumentation Contemporaine No. 2)
16 – Concerto en Mi (Instrumentation Contemporaine No. 3)
17 – Van den Budenmayer: Concerto en Mi Mineur, Version de 1802
18 – Générique de Fin

Jacek Ostaszewski, flauta
Elzbieta Towarnicka, soprano
Coro Filarmônico da Silésia
Orquestra Filarmônica de Katowice
Antoni Wit, regência

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Vassily

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Dekalog: Muzyka Filmowa – Trilha sonora original para o “Decálogo”, de Krzysztof Kieślowski

O “Decálogo” – uma guirlanda de, bem, dez brilhantes filmes de 55 minutos, cada qual uma pequena obra-prima – constitui o opus magnum de Kieślowski. Produzido pela televisão polonesa e de distribuição modesta quando de seu lançamento, repercutiu enormemente mundo afora, em especial junto aos cineastas – até mesmo o mui recluso e extremamente crítico Stanley Kubrick teceu loas ao roteiro -, e abrindo caminho no exterior para a carreira do diretor. Apesar de algumas semelhanças, como o entrelaçamento de tramas e os personagens demiúrgicos recorrentes, Kieślowski – que iniciou a carreira como documentarista – não lança mão aqui do virtuosismo que exibiria em sua muito mais famosa Trilogia das Cores, iniciada cinco anos depois. A despeito do título, a alusão aos Dez Mandamentos é, para o dizer o mínimo, bastante oblíqua. Pouquíssimo há de bíblico ou religioso nessas histórias que se desenrolam num austero e feiíssimo conjunto habitacional em Varsóvia. O estilo é muito enxuto, a atmosfera é quase árida, e os longos silêncios e ênfase nos closeups exigem um protagonismo da música, que Zbigniew Preisner garante com uma trilha sonora extraordinária, que depois adaptaria para os dois longa-metragens feitos a partir de episódios da série: “Não Matarás” (Krótki film o zabijaniu) e “Não Amarás” (Krótki film o miłości), ambos de 1988. Digna de nota, também, é a primeira menção a Van den Budenmayer, compositor neerlandês fictício, criatura de Kieślowski e Preisner, a quem se atribuem temas e composições que apareceriam também em “A Dupla Vida de Véronique”, “Azul” e “Vermelho”.

DEKALOG – MUZYKA FILMOWA – ZBIGNIEW PREISNER

1 – Dekalog I Part 6
2 – Dekalog I Part 5
3 – Dekalog II Part 1
4 – Dekalog II Part 2
5 – Dekalog III Part 2
6 – Dekalog III Part 3
7 – Dekalog IV Part 1
8 – Dekalog IV Part 2
9 -Dekalog V Part 1
10 – Dekalog V Part 6
11 – Dekalog V Part 9
12 – Dekalog V Part 12
13 – Dekalog VI Part 1
14 – Dekalog VI Part 2
15 – Dekalog VI Part 3
16 – Dekalog VI Part 4
17 – Dekalog VII Part 6
18 – Dekalog VII Part 8
19 – Dekalog VIII Part 1
20 – Dekalog VIII Part 4
21 – Dekalog VIII Part 7
22 – Dekalog IX Part 3
23 – Dekalog IX Part 7
24 – Dekalog IX Part 12
25 – Dekalog IX Part 13

Grande Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Polonesa em Katowice
Zdzisław Szostak, regência

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Grażyna Szapołowska e seu olhar penetrante no episódio VI

Vassily

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “Trois Couleurs: Rouge”, de Krzysztof Kieślowski

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “Trois Couleurs: Rouge”, de Krzysztof Kieślowski

Tão logo terminaram os créditos finais de “Azul”, e enquanto ainda ecoava em meus pouco impressionáveis ouvidos médios a sensacional música de Zbigniew Preisner, determinei a mim mesmo:

– Sai AGORA dessa sala, criança, e consegue essa trilha.

Como naquela época ainda não havia o PQP Bach, e tampouco sonhávamos com a internet para, entre um download e outro, brigarmos com pessoas que sequer conhecemos, fui feito um Dodge na única loja em que eu tinha certeza de que encontraria a gravação. Lá atendia uma gentil, floral senhorinha, mui apropriadamente chamada Margarida, que me serviu café e bolachas e, entre renovados votos de que eu voltasse em breve para sangrar um pouco mais meus já anêmicos bolsos de estudante, entregou-me o CD em troca do que me seriam alguns almoços no bandejão.

Toquei de volta para casa, louco para encontrar meu “toca-discos-laser” – pois assim chamávamos as engenhocas -, enquanto planejava como inserir mais aqueles jejuns em meu minguado orçamento nutricional. Ouvi a trilha com o devido deleite; mais que isso, lambuzei-me com ela. Não só pela música, mas porque escutá-la com atenção me fez perceber detalhes que me escaparam do estupor que foi assistir a “Azul”. Dei-me conta, entre tantas outras coisas, de que o “Canto pela Reunificação da Europa”, a peça cuja composição é um dos fios condutores da trama, era baseado no texto grego da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, aquela extravagante apologia do Amor – e isso bem antes dele virar o batido tema da prédica dos sacerdotes em 9 em cada 10 casamentos. Constatei, também, que havia excertos da trilha sonora de “Vermelho”, que eu nem imaginava estar em produção, posto que nem sabia tratar-se duma trilogia (o que era uma senhora patetice minha, considerando com a considerável dica das “Três Cores” nos prenomes dos filmes) e, menos ainda, que as tramas, assim como as trilhas sonoras, se entrelaçavam.

Ao ouvir aquela vinheta do filme vindouro, um sinuoso bolero, flagrei-me novamente falando comigo mesmo:

– Véronique.

Sim, Véronique – que, esclareço, que não era propriamente Véronique, mas sim sua intérprete, a magnífica Irène Jacob, que me fizera prostrar em admiração, sialorreia e silêncio durante toda projeção de “A Dupla Vida de Véronique”, também de Kieślowski, alguns anos antes. Aquele bolero, repetia para mim mesmo, era a CARA dela.

Essa cara

Alguns meses depois, “Branco” chegou aos cinemas e, na saída, dei de cara com Irène/Véronique no pôster de “Vermelho”. Sim, eu acertara em cheio: aquele bolero era seu retrato sonoro, e Preisner, tsc, sabia mesmo das coisas. E não só isso: a seu lado no pôster, estava o mítico Jean-Louis Trintignant, o que, com  a música de Preisner e sob a direção de Kieślowski, só me podia deixar a esperar o sublime. Alguns poucos e apreensivos meses depois, “Vermelho” veio e arrebentou todas minhas expectativas: este então jovem saco de tripas deixou a sala com a certeza de ter assistido a um dos melhores filmes que veria em toda sua vida.

Conto-lhes tudo isso para admitir que é difícil falar criticamente de algo que se adora tanto. Posso, num arremedo de crítica, admitir que falta aqui a opulência da trilha de “Azul” e a acidez da de “Branco”. O supracitado bolero, leitmotiv de Irène/Valentine e formoso como a protagonista, flerta de perto com o mundo do easy listening – e meu pai, fã do gênero, chegou-me mesmo a perguntar se quem tocava era Franck Pourcel. Talvez a música não se sustente sozinha como a das trilhas que a antecederam. Se ela, todavia, tão só instigar o leitor-ouvinte a conhecer a Trilogia das Cores, obra-prima e canto do cisne de Kieślowski, lamentavelmente falecido dois anos após o lançamento de “Vermelho” – bem, este meu bolero todo já terá valido a pena.

TROIS COULEURS: ROUGE
Trilha sonora original do filme
Música composta por Zbigniew Preisner

1 – Miłość od pierwszego wejrzenia
2 – Fashion Show I
3 – Meeting the Judge
4 – The Taped Conversation
5 – Leaving the Judge
6 – Psychoanalysis
7 – Today is my Birthday
8 – Do Not Take Another Man’s Wife I
9 -Treason
10 – Fashion Show II
11 – Conversation at the Theatre
12 – The Rest of the Conversation at the Theatre
13 – Do Not Take Another Man’s Wife II
14 – Catastrophe
15 – Finale
16 – L’ Amour Au Premier Regard

Silesian Philharmonic Choir
Sinfonia Varsovia
Wojciech Michniewski, regência

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Nota: a trilha sonora abre com um recitativo baseado num poema da polonesa Wisława Szymborska, Prêmio Nobel de Literatura em 1996, interpretado no original pelo ator Zbigniew Zamachowski (protagonista de “Branco”), e encerra-se com uma versão francesa. A peça não é ouvida em momento algum no filme, e sua audição, dessa forma, parece-me uma sugestão de poslúdio ao convoluto amor que se desenrola na tela.

AMOR À PRIMEIRA VISTA
Wisława Szymborska

Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram –
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
– mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.

Tradução de Regina Przybycien

Vassily

 

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “Trois Couleurs: Blanc”, de Krzysztof Kieślowski

Festival Preisner: Zbigniew Preisner (1955) – Trilha sonora original para “Trois Couleurs: Blanc”, de Krzysztof Kieślowski

Inaugurar a Trilogia das Cores com um filme tão soberbo quanto “Azul” trouxe uma imensa expectativa sobre como seria em seu ato seguinte. Surpreendentemente, Krzysztof Kieślowski serviu ao público, ainda assoberbado pelo grande drama cerúleo, uma comédia que teve recepção morna, e não sem “nhés” de decepção.
Explicar-lhes por que adorei este filme sucinto e ácido, algo como um “Andantino semplice” inserido entre dois suntuosos movimentos sinfônicos, foge ao escopo deste blogue, mas não me furto a afirmar-lhes que trilha sonora que Zbigniew Preisner lhe compôs é tão essencial à trama quanto a do primeiro filme.  Não cabe à música, aqui, o protagonismo que tivera em “Azul”, como força condutora a sublinhar os longos close-ups da personagem da divina Juliette Binoche e entrecortar-lhe os doídos silêncios. O que ouvimos, reiteradamente, é um tango – o gênero tragipatético por excelência – a acompanhar o protagonista em sua volta do exílio, seu reencontro humilhante com o rincão e suas tentativas de recomeço (e, enquanto escrevo isso, dou-me conta de que no tango, assim como em “Branco”, o homem conduz os passos, enquanto “Azul” e “Vermelho” são conduzidos por mulheres). Não haveria espaço, entre tanta neve e bruscos diálogos em polonês, para as grandes massas sonoras da trilha sonora anterior. Assim, Preisner limita-se a comentar cameristicamente, e com modos eslavos bem apropriados à desolação do inverno em Varsóvia, o tema comum a todos os filmes da trilogia: o trôpego caminhar de uma criatura rumo ao que pensa ser sua redenção.

TROIS COULEURS – BLANC 
Trilha sonora original do filme
Música composta por Zbigniew Preisner

1 – The Beginning
2 – The Court
3 – Dominique tries to go home
4 – A Chat in the Underground
5 – Return to Poland
6 – Home at last
7 – On the Wisla
8 – First Job
9 – Don’t fall asleep
10 – After the first transaction
11 – Attempted Murder
12 – The Party on the Wisla
13 – Don Karol I
14 – Phone Call to Dominique
15 – Funeral Music
16 – Don Karol II
17 – Morning at the Hotel
18 – Dominque’s Arrest
19 – Don Karol III
20 – Dominique in Prison
21 – The End

Mariusz Pedzialek, oboé
Jan Cielecki, clarinete
Zbigniew Preisner Light Orchestra
Zbigniew Paleta, violino e regência

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Julie Delpy

Vassily