Maura Moreira: O Canto da Terra – Ernani Braga (1888-1948), Luciano Gallet (1893-1931), Jayme Ovalle (1894-1955), Waldemar Henrique (1905-1995), João Baptista Siqueira (1906-1992) e Aloysio de Alencar Pinto (1912-2007) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

MUITO BOM !!!

(postado originalmente em 6 de dezembro de 2012. Repostado agora com arquivo em FLAC)

A postagem de hoje atrasou, mas saiu. Vamos com mais um pouco de música erudita brasileira, brasileiríssima!

Aliás, você conhece ou, pelo menos, já ouviu falar de Maura Moreira? Ah, precisamos conhecê-la!

Maura foi (é) uma contralto brasileira excepcional de sólida carreira no exterior. Mineira de Belo Horizonte, começou seus estudos musicais no Conservatório Mineiro de Música. Após vencer um concurso de canto, deu prosseguimento aos estudos em Viena, onde teve aula com grandes nomes da música erudita. Estreou profissionalmente 1958, no teatro da cidade de Ulm, na Alemanha, interpretando Santuzza, na Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni. No ano seguinte fixou residência naquele país. Ao longo da carreira, acumulou outros papéis importantes, em óperas como Aida, Don Carlo e Madame Butterfly. Integrou, a partir de 1962, a tradicional Casa de Ópera de Colônia.

Por ser brasileira e negra, sempre se dedicou à música do Brasil e à música raiz e folclórica. Em meio Às suas gravações, sempre abriu um espaço para compositores como Villa-Lobos, Jayme Ovalle e Waldemar Henrique, para cantos de nossa terra…

Aqui ela se obrigou a levar sua técnica ao máximo: há uma variedade tão grande de ritmos, cadências, evoluções e síncopas da mesma maneira como grande é este país e diversificada a sua cultura. Há cantos indígenas amazônicos, pontos de orixás, cantos de trabalho, modinhas e canções de vários tipos, que fazem com que Maura Moreira mostre toda a sua versatilidade (e seu belo timbre) com O Canto da Terra. Coisa linda!

Em duas dimensões, no tempo e no espaço, este é um recital abrangente onde temos, pela voz privilegiada de Maura Moreira, um panorama do canto popular na terra brasileira. Popular em seu sentido mais fundamentado, porque profundamente ligado à terra e às suas tradições e acima dos modismos. São cantos de confluências raciais, de heranças espirituais que se somam, buscando pela complexidade da convivência evitar a perplexidade dos desencontros. (Zito Batista Filho, extraído do encarte)

Show de bola! Ouça! Ouça! Deleite-se!

Fonogramas espetaculosamente cedidos pelo paraense Raphael Soares! Inestimável!

Maura Moreira (1933-)
O Canto da Terra

Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
01. Lendas Amazônicas – Cobra grande
02. Lendas Amazônicas – Tamba-tajá
03. Lendas Amazônicas – Uirapuru
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
04. Cantos indígenas – Tagnani-tangrê (canto religioso dos índios Nhambiquaras)
05. Cantos indígenas – Canções dos índios botocudos: Céu grande, Macaco barbado na árvore, Minha mulher é boa de verdade
Jayme Ovalle (Belém, PA, 1894 – Rio de Janeiro, RJ, 1955) (arr.)
06. Três pontos de Santo – Chariô
07. Três pontos de Santo – Aruanda
08. Três pontos de Santo – Estrela do mar
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
09. Três cantos afro-brasileiros – O Fuli-lorerê ê (Canto de Oxalá)
10. Três cantos afro-brasileiros – Yemanjá (Toada à Mãe-d’Água)
11. Três cantos afro-brasileiros – Abá Iogum (Louvação a Ogum)
João Baptista Siqueira (Princesa, PB, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1992) (arr.)
12. Se meus suspiros pudessem (Modinha do séc. XVIII)
13. Hei de amar-te até morrer (Melodia do séc. XX)
Ernani Costa Braga (Rio de Janeiro, RJ, 1888 – 1948) (arr.)
14. Casinha pequenina (Modinha do séc. XX)
Luciano Gallet (Rio de Janeiro, RJ, 1893 – 1931) (arr.)
15. Morena, morena (Modinha recolhida no Paraná)
Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, SP, 1893 – 1945) (letra)
16. Viola quebrada (Toada de caipira)
Aloysio de Alencar Pinto (Fortaleza, CE, 1912 – Rio de Janeiro, RJ, 2007) (arr.)
17. Sodade (Cantiga de roda de Minas Gerais)
Luciano Gallet (Rio de Janeiro, RJ, 1893 – 1931) (arr.)
18. Tayêras (Chula de mulatas do Norte)
Ubiratan (arr.)
19. Prenda minha (Folclore gaúcho)
Ernani Costa Braga (Rio de Janeiro, RJ, 1888 – 1948) (arr.)
20. Capim di pranta (Folclore gaúcho), (Canto de trabalho de negros escravos)

Maura Moreira, contralto
Sonia Maria Vieira, piano
Rio de Janeiro, 1979


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MP3  (114Mb)
FLAC  (192Mb)

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AH, E POR FAVOR… TEÇA ALGUM COMENTÁRIO. DEU UM TRABALHÃO…

Bisnaga

A Voz de Alice Ribeiro na Canção do Brasil – 2 Volumes [link atualizado 2017]

Alice Ribeiro, Alice Ribeiro…

Ah, Alice Ribeiro! Ela era mesmo daquelas que podemos chamar de diva! Bela e dona de uma linda voz, com técnica e com carisma. E o que mais me agrada é que ela era muito versátil: consegue seguir músicas mais pesadas, mas sua voz se destaca em canções de câmara, mais singelas, pela limpidez do seu timbre e pela clareza da dicção, bem acima dos padrões de uma cantora lírica. As músicas aqui soam quase como se fossem MPB, sendo possível fazer comparações com cantoras de música de rádio de voz aguda como a de Alice: não é difícil aproximá-la a Dalva de Oliveira, por exemplo.

A soprano era dona de uma técnica e de uma pureza na voz impressionantes. Seu casamento com José Siqueira foi uma feliz união de duas pessoas competentíssimas na música e, se por um lado o fato de Siqueira escalá-la costumeiramente para executar suas músicas foi uma forma de proteção a Alice Ribeiro, a perfeição da moça nas interpretações das peças também muito ajudou a divulgar o trabalho do marido. Dupla pra lá de boa essa! Nem vou me alongar muito nos elogios porque eles vão acabar sendo redundantes depois das postagens já realizadas.

<< contracapa do disco autografada por Alice Ribeiro (está no arquivo para download)

No Primeiro Volume de A Voz de Alice Ribeiro na Canção do Brasil, a soprano coloca toda a sua delicadeza novamente em cena para interpretar canções de motivos populares do Brasil, contemplando compositores de várias partes do país, com destaques aqui para os dois autores mais contemplados: José Siqueira, paraibano arretado que vai buscar e defender a música com influência especialmente negra e nordestina, e Waldemar Henrique, este último, grande compositor paraense que se destacou especialmente pelas canções que criou, muitas ligadas ao folclore e à cultura do Amazonas. E as canções de ninar que ela canta, então (Papai Noel, Acalanto e Balança Eu)? Dá para embalar seus filhos ou netos para dormir até hoje.

O volume dois de A Voz de Alice Ribeiro na Canção do Brasil (e que voz!) é mais lento e tem uma característica mais de acalanto que o primeiro. É mais terno, mais intimista, mais maternal até. E segue com canções que estão exatamente no meio-fio entre o erudito (a música de concerto) e o popular: não são poucos os momentos em parece que estamos ouvindo uma daquelas músicas que apareciam nos antigos filmes dos estúdios da Atlântida. Isso se dá pela orquestração simples e pela leveza e clara dicção de Alice Ribeiro. Fica-se a questionar, novamente, se é que existe algo que divida o erudito do popular. As músicas aqui cantadas pela soprano, contemplando compositores cariocas (Lorenzo Fernandez, Roberto Duarte, Ricardo Tacuchian), paraibanos (os irmãos Siqueira) e paraenses (Waldemar Henrique, Jayme Ovalle), mostram exatamente isso, e são de um alto grau de pureza e de ligação com nossas canções.

Bom, chega de lenga-lena, vamos à música! Ouça! Ouça!

Ah, esse volume duplo leva o carimbo de IM-PER-DÍVEL!!!

Alice Ribeiro (1920-1988)
A Voz de Alice Ribeiro na Canção do Brasil – Vol.1

01. A Casinha Paquenina – arr. José Siqueira (1907-1985)
02. Coco Peneruê – Waldemar Henrique (1905-1995)
03. Papai Noel – Francisco Mignone (1897-1986)
04. Natiô – José Siqueira (1907-1985)
05. Engenho Novo – Leopoldo Hekel Tavares (1896-1969)
06. Acalanto – Ernani Braga (1888-1948) (letra Manoel Bandeira, 1886-1968)
07. Azulão – Jayme Ovalle (1884-1955)
08. Querer Bem não é Pecado – Osvaldo de Souza, Ricardo Tacuchian (1939)
09. Balança Eu – José Siqueira (1907-1985)
10. Nesta Rua – arr. José Siqueira (1907-1985)
11. Boi-bumbá – Waldemar Henrique (1905-1995)
12. Virgens Mortas – Francisco Braga (1868-1945)

Alice ribeiro, soprano
(sem informação da orquestra)
José Siqueira, regente
Rio de Janeiro, 1968

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (84Mb)

Alice Ribeiro (1920-1988)
A Voz de Alice Ribeiro na Canção do Brasil – Vol.2

01. Toada Baré – Arnaldo Rebello (1905-1984), arr. Roberto Ricardo Duarte (1941)
02. Foi Numa Noite Calmosa – José Siqueira (1907-1985)
03. Maracatu – Waldemar Henrique (1905-1995), arr. Roberto Ricardo Duarte (1941)
04. Dorme Coração – Arnaldo Rebello (1905-1984), arr. Roberto Ricardo Duarte (1941)
05. Dentro da Noite – Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), arr. Roberto Duarte (1941)
06. Você – José Siqueira (1907-1985)
07. Por Quê? – Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), arr. Ricardo Tacuchian (1939)
08. Toada para Você – Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), arr. Elza Lakschevitz
09. Modinha – Jayme Ovalle (1884-1955), arr. José Siqueira (1907-1985)
10. Banho de Cheiro – Osvaldo de Souza, arr. Odemar Brígido (1941)
11. Tamba Tajá – Waldemar Henrique (1905-1995), arr. Roberto Ricardo Duarte (1941)
12. Cantiga para Ninar – Haroldo Costa (1930), arr. Ricardo Tacuchian (1939)
13. Que Sorte, Que Sina – João Baptista Siqueira (1906-1992)

Alice ribeiro, soprano
(sem informação da orquestra)
José Siqueira, regente
Rio de Janeiro, 1968

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (191Mb)

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Bisnaga

Alice Ribeiro: Chants du Brésil – Ernani Braga (1888-1948), Hekel Tavares (1896-1969), Waldemar Henrique (1905-1995), José Siqueira (1907-1985) e Zé do Norte (1908-1979) [link atualizado 2017]

Demais esse LP !!

Chants du Brésil é uma pequena coleção (são apenas 8 músicas) lançada na França com canções brasileiras de compositores contemporâneos (naquele ano de 1953), em sua maioria eruditos, baseadas em temas populares do Brasil. Ela foi organizada, arranjada e regida pelo maestro José Siqueira, grande panfletário da música brasileira, e tem nos solos a doce voz da soprano Alice Ribeiro, que aqui no P.Q.P. Bach já nos deu o ar de sua graça em peças mais pesadas, densas e corpulentas: o Cangerê (aqui) de Baptista Siqueira, e Xangô (aqui) e Candomblé (aqui), de seu marido José Siqueira.

Aqui, em Chants du Bresil (não se engane, esta obra é mais antiga que as citadas) o caráter geral é bem mais leve que as demais: Alice Ribeiro é acompanhada por uma orquestra de câmara e há um clima caseiro, até jocoso. Boa parte dessas músicas eu aposto que vocês já ouviram suas mães ou avós cantarem. Tal é o grau de sintonia que todos os compositores aí contemplados tinham com a cultura popular e a maestria melódica que possuíam que essas canções se tornaram de domínio público, como se existissem há séculos…

É um álbum todo de canções curtas, porém, belas e singelas, de muita graciosidade, como se fosse uma caixinha de joias de família que um dia se abre para que os demais conheçam. Esse tom caseiro é dado também pelo caráter ágil e sencilho que Alice Ribeiro imprime à sua voz…
Alice Ribeiro (1920-1988) nasceu no Rio de Janeiro. Começou seus estudos de teoria musical e de piano com José Siqueira. Já o estudo de canto foi com Stella Guerra Duval e Murillo de Carvalho. Durante sua longa permanência na Europa frequentou o curso de alta interpretação da música francesa e alemã, com Pierre Bernac; a classe de Mise-en-scène, com Paul Cabanel, no Conservatório de Paris. Estudou repertório de música espanhola com Salvador Bacarisse.
Venceu concurso nacional de canto em 1936, com apenas 16 anos, realizando, desde então, inúmeras turnês nacionais e internacionais, particularmente nos Estados Unidos, França e nos países do leste europeu, notadamente na União Soviética. No Brasil, atuou como solista das Orquestras Sinfônicas do Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, sob regência de Eugen Szenkar, Eric Kleiber, Hacha Horeinstein, Edoardo de Guarnieri, José Siqueira e outros (retirado de encarte do LP Alice Ribeiro na canção do Brasil).
Foi sucessora de Luis Cosme na cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Música.

Em tempo: esse disco foi um grande sucesso, um dos campeões de vendas na França no ano de seu lançamento. Só tem gente de muita categoria na execução das peças. Muito bom, mesmo!
Então… Ouça! Ouça!

Alice Ribeiro (1920-1988)
Chants du Brésil

1. Mulher Rendeira, de “O Cangaceiro” – atrib. Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento, 1908-1979)
2. A Casinha Paquenina – arr. José Siqueira (1907-1985)
3. Coco Peneruê – Waldemar Henrique (1905-1995)
4. Engenho Novo – Leopoldo Hekel Tavares (1896-1969)
5. Abaluaiê – Waldemar Henrique (1905-1995)
6. Acalanto – Ernani Braga (1888-1048) (letra Manoel Bandeira, 1886-1968)
7. Meu Engenho é de Humaita – José Siqueira (1907-1985)
8. Boi-bumbá – Waldemar Henrique (1905-1995)
9. Faixa bônus

Alice ribeiro, soprano
(sem informação da orquestra)
José Siqueira, regente
Paris, 1953

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Ouça! Deleite-se! … Mas, antes ou depois disso, deixe um comentário…

Bisnaga