Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857) – Grande Sexteto em Mi bemol maior e Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) – Quinteto em Si bemol maior

Os dois compositores que aparecem nesta postagem são deveras importante para a música russa. Podemos chamar Mikhail Glinka de “grande pai”. Suas canções influenciaram os futuros compositores que surgiriam em seu país como, por exemplo, os membros do Grupo dos Cinco, composto por Mily Balakirev, César Cui, Modest Mussorgsky, Aleksandr Borodin e Nikolai Rimsky-Korsakov. Este último também aparece na postagem. Os maiores êxitos de Korsakov se deram com as óperas que compôs – quinze ao todo. Mas penso que as obras mais imponentes do compositor são as composições orquestrais, principalmente o maravilhoso Capricho Espanhol, a abertura de A Grande Páscoa Russa e a extraordinária suíte sinfônica Scheherazade. Uma boa audição!

Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857) – Grande Sexteto em Mi bemol maior
01. Allegro – Maestoso
02. Andante
03. Allegro con spirito

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) – Quinteto em Si bemol maior
04. Allegro con brio
05. Andante
06. Rondo (Allegretto)

Capricorn Emsemble
Elizabeth Perry, violino———–Miles Golding, violino
Susie Mészáros, viola———-Timothy Mason, cello
Barry Guy, contrabaixo——–Philippa Davies, flute
Anthony Lamb, clarinete——-Jonathan Williams, horn
Felix Warnock, fagote———Julian Jacobson, piano

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Carlinus

Leopold Stokowski – Rhapsodies – Liszt, Enescu, Smetana e Wagner

Enquanto digito estas palavras ouço este CD maravilhoso, repleto daquelas peças que nos marcam. Devo dizer que todas as obras que estão neste post fazem parte da minha caminhada como apreciador de música clássica. Tinha essas gravações em fita K-7. Ouvi tanto que as fitas estão imprestáveis. Ressalto, por exemplo, a Rapsódia Romena No. 1 de Enescu e o Moldávia de Smetana, peças de uma beleza singular. Nos tempos da fita K-7 eu ouvia, repetia, voltava a fita e ouvia mais uma vez. Outro aspecto importante desse registro é a presença inominável de Leopold Stokowski, um dos maiores regentes do século XX. Ou seja, é um CD para se ouvir várias vezes, inquestionavelmente. Não deixe de fazê-lo. Boa apreciação!

Franz Liszt (1811-1886) – Hungarian Rhapsody No.2 in C-Sharp Minor
01. Hungarian Rhapsody No.2 in C-Sharp Minor

George Enescu (1881-1955) – Roumanian Rhapsody No.1 in A, Op.11
02. Roumanian Rhapsody No.1 in A, Op.11

Bedrich Smetana (1824-1884) –
The Moldau
03. The Moldau

The Bartered Bride: Overture
04. The Bartered Bride: Overture

RCA Victor Symphony
Leopold Stokowski, regente

Richard Wagner (1813-1883)
Tannhauser · Overture and Venusberg Music
05. Tannhauser · Overture and Venusberg Music

Tristan und Isolde · Prelude to Act III
06. Tristan und Isolde · Prelude to Act III

Symphony of the Air
Leopold Stokowski, regente

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Carlinus

Jan Dismas Zelenka (1679-1745): Três Sonatas para Oboés, Fagote e Baixo Contínuo

Outra interpretação de três das Sonatas que postei dois dias atrás. Zelenka é mestre.

Jan Dismas Zelenka nasceu o 16 de outubro de 1679 em Lunovice, um pequeno povo ao sudoeste de Praga na República Checa. Ainda que não se conhece muito de sua infância e juventude, provavelmente foi seu pai, professor e organista desta cidade, quem o introduziu no mundo da música. Pensa-se que pôde ter recebido uma educação musical no colégio jesuita de Praga, chamado Clementinum.

Em 1709 foi contrabajo da capilla do Conde J.L. von Hartig em Praga e em 1710 da Capilla Real Sajona de Dresde. De 1715 a 1719 estudou com Johann Joseph Fux em Viena e com Antonio Lotti e Alessandro Scarlatti na Itália]]. Em 1719 fixou sua residência definitiva em Dresde, onde foi nomeado em 1721 vicemaestro de capilla no corte de Augusto II da Polónia, se convertendo em ayudante do grande compositor Johann David Heinichen. Em 1729 recebe o cargo de director de música da Igreja. Permaneceu nesta cidade até sua morte, em 1745.

Retirado daqui.

Jan Dismas Zelenka (1679-1745): Três Sonatas para Oboés, Fagote e Baixo Contínuo

1. Son V: Allegro
2. Son V: Adagio (Cantabile)
3. Son V: Allegro

4. Son VI: Andante
5. Son VI: Allegro
6. Son VI: Adagio
7. Son VI: Allegro

8. Son II: Andante
9. Son II: Allegro
10. Son II: Andante
11. Son II: Allegro

Ensemble Zefiro


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Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Symphony No. 7 in F Major, Op. 77 "Pastoral" e Symphony No. 8 in E-Flat Major, Op. 83 (CD 4 de 4 – final)

Finalizemos de uma vez por todas esta integral das sinfonias de Glazunov. O compositor russo escreveu nove sinfonias ao todo, mas postamos somente 8. E por quê? A sua Nona Sinfonia ficou inacabada. Ele a teria escrito em 1910, mas não concluiu o trabalho. Ou seja, aqui estão dispostas apenas as sinfonias completas, terminadas pelo compositor. Iniciei essa integral por mera curiosidade. Quiça por aquela paixão pela soturnidade do mundo russo. A alma russa é um tema que sempre me chamou atenção. O termo “Mãe Rússia” é repleto de nuances identitárias. Os russos conseguiram ao longo do tempo criar um perfil único, que sempre me impele a um tipo de reflexão positiva. O sol que nasce naquele vasto mundo possui emanações luminosas diferenciadas; a natureza e os rios que correm pelos vales gelados ou desérticos possuem outras fragrâncias. As pradarias da Ásia Central são motivo para pensamentos sempre arrebatadores. Quando leio qualquer autor russo, seja ele Dostoievsky, Tólstoi, Akhmatova, Gogol ou Gorki, fico imaginando o que teria levado o povo russo a se munir de tão extraordinárias características: amor pela sua terra, um tipo de angústia e força que não se encontra em qualquer outro lugar. O povo russo conseguiu construir um dos mais poderosos Estados desde Roma em pleno século XX – a União Soviética. E tudo isso com o braço, com a força, com o suor. Deve ser esse lado apaixonado e comprometido com o trágico, que se entrega para ver nascer uma outra possibilidade, que me atrai (Leiam o livro As Revoluções Russas e o Socialismo Soviético, de Daniel Aarão Reis, Editora Unesp, apenas uma indicação. Li há alguns dias e gostei). Voltemos a Glazunov: Pesa a favor de Glazunov o fato de ter sido o professor de nada mais nada menos do que Dmitri Shostakovich. Glazunov foi o diretor do Conservatório de São Petersburgo de 1905 a 1928. Nesse período, o compositor foi mantido à frente das funções pela sua competência. Mesmo com a Revolução de 1917, que re-arranjou a sociedade russa, quando o povo se apropriou do poder, Glazunov manteve-se no cargo. Ele conseguiu jungir de forma significativa o nacionalismo e o cosmopolitismo da música russa. O fato é que o compositor era inclinado mais a um tipo de academicismo do que propriamente à intuição. Este ponto talvez o tenha feito perder espaço diante de outros compositores como Prokofiev ou Shostakovich. Outro aspecto curioso em relação ao compositor era o seu alcoolismo exarcebado. Shostakovich conta em suas memórias que em muitas ocasiões, Glazunov não conseguia dar uma aula sóbrio. São por essas e outras, que esta integral das sinfonias de Glazunov, torna-se uma boa oportunidade para ouvir a sua música.  Embora não muito apreciado por aqui (Brasil) e até considerado “chato”, estimo bastante o seu trabalho. Fato curioso: pude verificar que o número de donwloads dos outros post foi relativamente alto. Talvez aqueles que baixaram estivessem querendo conhecer o compositor por mera curiosidade.  Quando falamos de Glazunov e Shostakovich, não é necessário informar, claro,  que o aluno sobrepujou o mestre, mas o mestre merece ser ouvido – nem que seja por um interesse curioso. Mais uma vez: gosto de Glazunov. Ele é uma espécie de Brahms da Rússia. Sua música possui profundas emoções contidas e controladas, sofisticadas e sutis. Portanto, boa apreciação a essas duas sinfonias finais.

Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Symphony No. 7 in F Major, Op. 77 “Pastoral” e Symphony No. 8 in E-Flat Major, Op. 83

Symphony No. 7 in F Major, Op. 77 “Pastoral”
01. I.
Allegro moderato
02. II. Andante
03. III. Scherzo
04. IV. Finale, Allegro maestoso

Symphony No. 8 in E-Flat Major, Op. 83
05. I. Allegro moderato
06. II. Mesto
07. III. Allegro
08. IV. Finale, Moderato sostenuto

Moscow Radio Symphony Orchestra
Vladimir Fedoseyev, regente

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Carlinus

Jan Dismas Zelenka (1679-1745): Seis Sonatas para Oboés, Fagote e Baixo Contínuo

Um excelente CD duplo para quem gosta dos barrocos. Zelenka foi um mestre.

Jan Dismas Zelenka compôs música instrumental e vocal, ainda que a maior parte de sua obra seja dedicada à música religiosa. Sua música é pouco convencional e de grande originalidade. Apesar disso, Zelenka era considerado um compositor demasiado conservador em seu tempo (igual a Johann Sebastian Bach). A maior parte de sua obra ficou no esquecimento após sua morte, e não foi senão até finais do século XX que algumas de suas obras voltaram a se interpretar.

A maior parte de sua música religiosa foi escrita para o corte de Dresde, que se tinha convertido ao catolicismo por questões políticas. Nesta, Zelenka une as técnicas de composição arcaicas, baseadas sobretudo em um contraponto muito estrito, com os elementos mais modernos de sua época, conseguindo assim obras de grande expresividade. Conhecem-se dele cerca de 20 missas, fragmentos de missa, responsorios, 2 Magnificats, um deles em re maior, que Johann Sebastian Bach fez copiar para seu filho Wilhelm Friedemann, numerosos salmos, responsorios a capella, elogiados por Telemann, e 3 oratorios: Gesù ao Calvario, Il Serpente de bronzo e I penitente ao Sepolcro.

O número de composições vocais profanas é muito reduzido. Entre estas destaca a ópera latina Sub olea pacis et palma virtutis.

Em sua música instrumental introduz Zelenka elementos da música popular checa. Entre suas obras instrumentales encontram-se: 6 sonatas de câmara, 5 capriccios para orquestra, uma sinfonía, uma suite-obertura, uma obertura de programa, Hipochondria, e um concerto para orquestra em sol maior.

Zelenka mostra-se próximo dos grandes maestros do Barroco tardio. Seu originalidad na invenção de temas, nas progressões armónicas, no uso constante de cromatismo e na busca de novas sonoridades, ao igual que sua escritura de grande virtuosismo, são muito apreciadas actualmente e o acercam notavelmente a Johann Sebastian Bach, quem o considerava um excelente compositor.

A música de Zelenka encontra-se registada e ordenada tematicamente no catálogo Zelenka-Werke-Verzeichnis (ZWV) de Wolfgang Reiche.

Retirado daqui.

Jan Dismas Zelenka (1679-1745): Seis Sonatas para Oboé e Fagote

1. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 1 in F major: Movement 1
2. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 1 in F major: Movement 2
3. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 1 in F major: Movement 3
4. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 1 in F major: Movement 4

5. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 2 in G minor: Movement 1
6. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 2 in G minor: Movement 2
7. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 2 in G minor: Movement 3
8. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 2 in G minor: Movement 4

9. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 3 in B flat major: Movement 1
10. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 3 in B flat major: Movement 2
11. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 3 in B flat major: Movement 3
12. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 3 in B flat major: Movement 4

1. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 4 in G minor: Movement 1
2. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 4 in G minor: Movement 2
3. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 4 in G minor: Movement 3
4. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 4 in G minor: Movement 4

5. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 5 in F major: Movement 1
6. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 5 in F major: Movement 2
7. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 5 in F major: Movement 3

8. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 6 in C minor: Movement 1
9. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 6 in C minor: Movement 2
10. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 6 in C minor: Movement 3
11. Trio Sonatas (6) for 2 oboes, bassoon & continuo, ZWV 181: No. 6 in C minor: Movement 4

Paul Dombrecht – Marcel Ponseele – Ku Ebbinge, oboes
Chiara Banchini, violin
Danny Bond, basson
Richte van der Meer, violoncello
Robert Kohnen, harpsichord

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Richard Strauss (1864-1949) – 5 Great Tone Poems – 2 CDs

Richard Strauss, em pleno século XX, na era do carro, da televisão, do cinema, da fotografia, manteve a estética romântica na sua arte de compor. Embora o poema sinfônico não seja uma invenção sua, Strauss exprimiu-se por intermédio dessa estrutura musical e o fez de modo eloquente. Por meio das várias amizades que estabeleceu, Strauss aprendeu a admirar a obra de Nietzsche e Schopenhauer e à música de Wagner e Liszt. Essas influências são patentes em sua obra. O compositor buscou como ninguém explorar possibilidades coloridas com a orquestra a fim de dar um aspecto dramático às suas obras. Pesa a favor de Straus o fato de com a sua ópera Salomé, ter inclinado a música do século XX para uma outra direção. Compositores como Mahler, Schoenberg, Alban Berg, entre outros, estavam no dia da estreia da obra que causou grande impacto sobre os presentes. Aqui temos 5 dos seus principais poemas sinfônicos. Um belo registro com Bernard Haintink. Uma boa apreciação!

Richard Strauss (1864-1949) – 5 Great Tone Poems

DISCO 1

Don Juan, Op.20
01. Don Juan, Op. 20

Ein Heldenleben, Op.40 – “Vida de Herói”
02. Der Held
03. Des Helden Widersacher
04. Des Helden Gefährtin
05. Des Helden Walstatt
06. Des Helden Friedenswerke
07. Des Helden Weltflucht und Vollendung

Till Eulenspiegel’s Merry Pranks (Till Eulenspiegels lustige Streiche), Op. 28
08. Till Eulenspiegel’s Merry Pranks (Till Eulenspiegels lustige Streiche), Op. 28

DISCO 2

Also sprach Zarathustra, Op.30 – “Assim falou Zaratustra”
01. Prelude (Sonnenaufgang)
02. Von den Hinterweltlern
03. Von der großen Sehnsucht
04. Von den Freuden und Leidenschaften
05. Das Grablied
06. Von der Wissenschaft
07. Der Genesende
08. Das Tanzlied – Das Nachtlied
09. Das Nachtwandlerlied

Tod und Verklärung, Op.24 – “Morte e Transfiguração”
10. Tod und Verklärung, Op.24

Der Rosenkavalier, Op.59
11. First Suite of Waltzes
12. Second Suite of Waltzes

Royal Concertgebouw Orchestra
Herman Krebbers, violino (Op. 20, 40, 30,)
Bernard Haitink, regente (Op. 20, 40, 28, 30, 24)
Eugen Jochum, regente (Op. 59)

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Carlinus

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Concerto para violino e orquestra No. 1 em Lá menor, Op. 77 (Op.99) e Concerto para violino e orquestra No. 2 em Dó sustenido menor, Op. 129

Hoje, como não estou para brincadeira, vou logo sacando minha pistola e desferindo estampidos estraçalhadores; lampejos de fogo e fumaça polvorenta podem se verificar saindo do coldre. Claro, estou brincando. Estou usando essa linguagem bélica, marcial, de combate, para deixar claro que este CD é estonteante. O Shosta de Rostropovich emociona. Existe um rasgo trágico e de silêncio nas obras de Shostakovich que me prende a ele. Não é música para saraus e sim para velórios. Para reflexões firmes e atordoantes. Música para embalar eventos tenebrosos. Shosta foi um artista que soube como ninguém transpor para a sua arte os gritos de agonia que pervagavam em sua alma. E Stálin sabia impigir terror. Quando a agressão não era física, surgia de forma psicológica. Imagine você viver em um país em que as liberdades democráticas são suspensas – “em sentido burguês”, para usar um termo de Caio Prado Jr.

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Em todos os locais há “olheiros” a vigiarem os seus paços. A sensação de que tudo aquilo que você fala ao telefone está sendo ouvido por uma terceira pessoa. Que para sair do país é preciso pedir autorização das autoridades que regem o Estado. Ao voltar de sua viagem, seu passaporte é recolhido. De repente você nota que seus familiares, conhecidos e amigos estão sumindo misteriosamente. Uma onda impetuosa parece avançar em sua direção. Todos são levados, arrastados por ela, que não se detém em obstáculos. Você vive com o medo na alma. Uma sensação de asfixia lhe invade. Aquilo que você faz é vistoriado por olhos invisíveis. Uma serpente que não se mostra, que não pode ser apunhalada, envolve-lhe a cintura. Esmaga-lhe os ossos. Comprime as suas energias. Nem mesmo o sono você consegue divisar. O único meio que existe de você verbalizar qualquer coisa é com a arte, que deve ser direcionada para determinados fins. Era assim que Shosta vivia na União Soviética. Sob Stálin, Shosta amargou horas de intensa agonia. Alex Ross conta-nos um episódio bastante ilustrativo para mostrar como Shostakovich vivia. Em 1949, Shosta foi ao Estados Unidos – enviado por Stálin – e foi feito de “mártir” – e logo ele, o grande Shosta! Durate uma conferência promovida por certos grupos, que davam ensejo às primeiras disputas ideológicas durante a Guerra Fria, Shosta fez um discurso e alguém leu para ele. “O pronunciamento atacou Stravinski por ter traído sua Rússia natal e se aliado às hordas dos modernistas reacionários. ‘Seu começo foi promissor, mas […] suas aridez moral se revela em seus escritos abertamente niilistas, deixando claras a falta de sentido e a ausência de conteúdo de suas criações. Stravinski não tem medo desse profundo abismo espiritual que o separa da vida do povo’. O discurso prosseguiu denunciando ‘novos aspirantes à dominação mundial, agora empenhados em reviver a teoria e a prática do fascismo’. Essa ‘camarilha de semeadores de discórdias’ – provavelmente os guerreiros frios da administração Truman – estava engajado no desenvolvimento de armas de destruição em massa que barravam o caminho para a paz mundial”. E uma dose de execessiva de humilhação a Shosta foi encetada por um tal Nabokov, seu desafeto e inimigo do comunismo. Ross diz assim: “O fato de saber que Shostakovich não tinha liberdade para se expressar não evitou que Nabokov o forçasse a falar. O imigrante se levantou e perguntou se Shostakovich endossava a condenação de Jdánov a compositores como Stravinski, Schoenberg e Hindmith. Shostakovich não teve escolha a não ser responder: “Estou de pleno acordo com as afirmações feitas pelo Pravda”. Décadas depois, Arthur Miller era atormentado pela lembrança daquele momento de humilhação para Shostakovich: : ‘Deus sabe o que ele estava pensando naquele recinto, que rachaduras fendiam o seu espiríto'”. Não deixe de ouvir. Boa apreciação!

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Concerto para violino e orquestra No. 1 em Lá menor, Op. 77 (Op.99) e Concerto para violino e orquestra No. 2 em Dó sustenido menor, Op. 129

Concerto para violino e orquestra No. 1 em Lá menor, Op. 77 (Op.99)
01. Nocturne: Moderato
02. Scherzo: Allegro
03. Passacaglia: Andante
04. Burlesque: Allegro con brio

Concerto para violino e orquestra No. 2 em Dó sustenido menor, Op. 129
05. Moderato
06. Adagio
07. Adagio – Allegro

London Symphony Orchestra
Mstilav Rostropovich, regente
Maxin Vengerov, violino

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Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827) -Sinfonia No. 8 em Fá maior, Op. 93 e Gustav Mahler (1860-1911) – Sinfonia No.1 em Ré maior, "Titã"

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Há combinações que são indispensáveis. Penso que a que se encontra neste post, com aquelas seleções ao vivo que sempre trago à tona de vez em quando, seja mais uma combinação a que não se pode contestar. Dois dos meus compositores favoritos – Beethoven e Mahler – estão presentes. Ao meu modo de ver todas as sinfonias de Beethoven são monumentos indeléveis. Gosto de todas, embora afirme que a número 8 eu não escute com certa frequência. Ela fica logicamente entre a maravilhosa número sete e a arrebatadora número 9. Deve ser por isso que ela não tenha tanta proeminência. Beethoven a chamava carinhosamente de “minha pequena sinfonia em Fá”. Ele a compôs em 1812. É um trabalho alegre, ensolarado, repleto de leveza e com aquela força humanizante tão típica de Beethoven. A outra obra que aparece ainda neste registro é a Sinfonia Titã de Mahler ou Sinfonia No. 1. Hoje pela manhã fui a um mercado aqui perto de casa. Enquanto comprava alguns produtos, ouvia esta gravação com o Jansons. Fiquei a pensar enquanto ouvia a música: “A vida é tão breve e tantas são as belezas !” A Sinfonia Titã é uma das minhas favoritas em toda a história da música. Ela possui aspectos luminosos e soturnos – alegria e tristeza; triunfo e expectativa de queda; ironia e seriedade extravagante. Falando, livremente, acredito que Mahler tenha captado como ninguém os elementos mais importantes da vida nesta obra. A existência é breve. O que conta mesmo é o quanto nos doamos ao próximo. O quanto amamos e buscamos superar as impressões mesquinhas que apequenam o nosso ser. Acredito, finalmente, que a “Titã” seja tão atordoante que chega a rir da gente de tão poderosa que é. Bom deleite!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) -Sinfonia No. 8 em Fá maior, Op. 93
01. Allegro vivace e con brio
02. Allegretto scherzando
03. Tempo di menuetto
04. Allegro vivace

Gustav Mahler (1860-1911) – Sinfonia No.1 em Ré maior, “Titã”
05. Langsam, schleppend
06. Kraftig bewegt, doch nicht zu schnell
07. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
08. Sturmisch bewegt

Na Amazon

Royal Concertgebouw Orchestra
Mariss Jansons, regente

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Carlinus

Mravinsky Edition – Glazunov, Korsakov, Glinka, Steinberg, Salmanov, Kachaturian, Liadov e Mussorgsky (CDs 3 e 4)

Vamos a mais dois CDs com esta série de 10 discos com Evgeny Mravinsky. Não sei se alguém lembra do último post que fiz com essa série. Todavia, vamos lá! Deixo transparecer todas as vezes que falo sobre Mravinsky, que ele foi o maior regente do século XX. Particularmente, a minha predileção pelo russo surge em decorrência de “um quê” de força e pujança que as peças regidas por ele possuem. É diferente ouvir Mravinsky. É sempre um evento grandioso, de elevação, robusteza e vigor. Nestes dois CDs ora postados, as peças são todas de compositores russos, o que constitui um evento particular. É imperativo ouvir. Boa apreciação!

DISCO 3

Alexander Glazunov (1865-1936) – Sinfonia No. 4 in E-Flat Major, Op. 48
01. Andante – Allegro moderato
02. Scherzo, Allegro vivace
03. Andante – Allegro

Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) – Tale of the Invisible City of Kitezh
04. Prelude – Hymn to Nature
05. Bridal Procession
06. Tartar invasion and Battle of Kerzenets
07. Death of Frevronya and Apotheosis

Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857) – Overture Ruslan and Ludmilla
08. Overture Ruslan and Ludmilla

Osseyevich Maximilian Steinberg (1883-1946) – Dance of the Buffoons
09. Dance of the Buffoons

Dance of Gillina
10. Dance of Gillina

DISCO 4

Vadim Nikolayevich Salmanov (1912-1978) – Sinfonia No. 2 em Sol Maior
01. The Song of the Forest
02. Call of Nature
03. At the Sunset
04. The Forest Is Singing

Aram Khachaturian (1903-1978) – Sinfonia No. 3 em Dó maior (Sinfonia poema)
05. Sinfonia No. 3 em Dó maior (Sinfonia poema)

Anatoly Konstantinovich Liadov (1855-1914) – Baba Yaga Op. 56
06. Baba Yaga Op. 56

Modest Mussorgsky (1839-1881) – Khovantchina – Dawn on Moskwa River
07. Khovantchina – Dawn on Moskwa River

Leningrad Philharmonic Orchestra
Evgeny Mravinsky, regente

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Carlinus

Kurt Weill (1900-1950) – A Ópera dos Três Vintëns (Die Dreigroschenoper) e A Ópera do Malandro – de Chico Buarque

Há alguns dias atrás um visitante aqui do blog solicitou A ópera dos três vinténs de Weill e Brecht. Como nossa política de atendimento ao público é imensamente irregular, se eu seguisse essa lógica, a obra demoraria bastante para aparecer. Todavia, não entendo o motivo pela qual resolvi postar a obra de Weill assim de forma tão rápida. Quiça o modo sequioso do pedido tenha sensibilizado o meu o coração. CDF já tinha há algum tempo atrás prometido que soltaria o trabalho. Espero que não tenha “atropelado” as suas intenções, pois ele intentava postar o trabalho futuramente, já que havia postado uma versão diminuta.
A ópera dos três vinténs (em alemão Die Dreigroschenoper) é uma obra escrita por Bertolt Brecht e musicada por Kurt Weill. É um trabalho revolucionário. Brecht fez uma releitura da Ópera dos Mendigos, de John Gay. O até então desconhecido Weill e Brecht contam a história do elegante anti-herói Mac Navalha cercado por malandros, mendigos, ladrões, prostitutas e vigaristas. A obra como dizia Walter Benjamin se insere no sentido da “contra-moralidade dos mendigos e vagabundos está intimamente entrelaçada ao discurso da moralidade”. Assim, já se percebe o sentido paradoxal do trabalho. O texto do trabalho privilegia o burlesco e dentro do universo filosófico brechtiano está repleto por aspectos críticos e dialéticos. A obra se situa entre o popular e o clássico, combinando números performáticos, texturas modernistas e temas de crítica social.
A obra está repleta de uma energia instintiva e improvisada, evitando os aspectos profissionais com habilidades democráticas. É um trabalho no qual percebemos graus variados de sarcasmo, tédio, desespero, ironia. A Ópera do Malandro (1986), filme de Ruy Guerra, com música e texto de Chico Buarque foi inspirada em A ópera dos três vinténs. Resolvi postar uma gravação que tenho aqui em casa para a obra. Quem quiser baixar a ópera de Chico Buarque fique à vontade. Boa apreciação!

Kurt Weill (1900-1950) – A Ópera dos Três Vintëns (Die Dreigroschenoper)

01. Ouverture

Ato I

02. Die Moritat von Mackie Messer
03. Der Morgenchoral Despeachum
04. Anstatt-Dass Song
05. Hochzeitslied für ärmere leute
06. Kanonesong
07. Liebeslied
08. Der song vom Nein und ja (Barbara Song)
09. Die Unstcherrheit Menschlicher

Ato II

10. Der Pferdestall
11. Pollys Abschiedslied
12. Zwischenspiel
13. Die ballade von der sexuellen hörigkeit
14. Die seeräuber-Jenny oder träume eines küchenmädchens
15. Die Zuhälterballade
16. Die Ballade vom angenehmen leben
17. Das eifersuchtdsduett
18. Kampf um daseigentum
19. Ballade über die frge: “wovon lebt der mensch?”

Ato III

20. Das lied von der unzulänglichkeit
21. Salomon-Song
22. Ruf Ausder gruft
23. Ballade in der macheath jedermann abbitte leistet
24. Der reitende bote
25. Dreigroschen-finale
26. Die schluss-strophen der moritat

Choro Günther Arnt
Orchestra Sender Freies Berlin

Wilhelm Brükner-Rüggerberg, regente
Lotte Lenya, supervisão

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———————————————————

Ópera do Malandro – de Chico Buarque

01. O malandro (Die moritat von Mackie Messer)
(K. Weill – B. Brecht. Adapt. Chico Buarque)
02. Hino de Duran
03. Viver do Amor
04. Uma canção desnaturada
05. Tango do covil
06. Doze anos
07. O casamento dos pequenos burgueses
08. Homenagem ao malandro
09. Geni e o zepelim
10. Folhetim
11. Ai, se eles me pegam agora
12. O meu amor
13. Se eu fosse o teu patrão
14. Teresinha
15. Pedaço de mim
16. Ópera
(Adap. e texto de Chico Buarque sobre trecho de “RIGOLETTO”, “AIDA”, “LA TRAVIATA” de Verdi,
“CARMEN” de Bizet e “TANNHAUSER” de Wagner
)
17. O malandro No. 2 (Die moritat von Mackie Messer)
(K. Weill – B. Brecht. Adapt. Chico Buarque)

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Carlinus

Bernstein conduz Mozart, Mendelssohn, Tchaikovsky e Dvorak

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Interessante que não achei estes quatro CDs em local nenhum. São 4 discos que trazem peças de uma grandiosidade clássica inquestionável conduzidas pelo regente americano Leonard Bernstein. Bernstein foi um dos nomes mais importantes da música do século XX. Pianista, compositor, maestro, entusiasta, promotor da carreira de outros músicos, em tudo isso Bernstein atuou como nenhum outro. Suas gravações são uma referência. Esteve à frente das principais orquestra dos mundo – Berlin, Nova York, Boston, Viena, entre outras. Aqui temos uma oportunidade de ver o maestro em ação. Mozart, Mendelssohn, Tchaikovsky e Dvorak são interpretados com bastante autoridade. Na minha opinião, acredito que tenha faltado Beethoven e Brahms para que o repertório ficasse completo e perfeito. Boa apreciação!

Bernstein conduz Mozart, Mendelssohn, Tchaikovsky e Dvorak

Disco 1

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) –

Sinfonia No. 41 em Dó maior, K 551 – “Júpiter”
01. Allegro vivace
02. Andante cantabile
03. Menuetto.Allegreto – Trio
04. Molto allegro

Sinfonia No. 40 em Sol menor, K. 550
05. Molto Allegro
06. Andante
07. Menuetto: Allegreto
08. Allegro Assai

Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein, regente

Disco 2

Felix Mendelssohn (1809-1847) –

Sinfonia No. 3 em A maior, Op. 56 – “Escocesa

01. Andante con moto-Allegro un poco agitato
02. Vivace non troppo
03. Adagio
04. Allegro vivacissimo-Allegro maestoso assai

Sinfonia No. 4 em A menor, Op. 90 – “Italiana”

05. Allegro vivace
06. Andante con moto
07. Con moto moderato
08. Saltarello

Israel Philharmonic Orchestra
Leonard Bernstein, regente

Disco 3

Piotr Ilytch Tchaikovsky (1840-1893) –

Sinfonia No. 6 in B minor, Op. 74 – “Patética”
01. Adagio – Allegro non troppo
02. Allegro con grazia
03. Allegro molto vivace
09. Finale
— Adagio lamentoso

New York Philharmonic
Leonard Bernstein, regente

Disco 4

Antonín Dvorak (1841-1904) –

Sinfonia No. 9 em E menor, Op. 95 – “Do Novo Mundo”
01. Adagio – Allegro Molto
02. Largo
03. Scherzo – Molto Vivace – Poco Sostenuto
04. Allegro con Fuoco

3 Slavonic Dances op. 46
05. No.1 in C major. Presto
06. No.3 in A flat major. Poco allegro
07. No.8 in G minor. Presto

Israel Philharmonic Orchestra
Leonard Bernstein, regente

BAIXAR AQUI CD1
BAIXAR AQUI CD2
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BAIXAR AQUI CD4

Carlinus

Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Symphony No. 5 in B-Flat Major, Op. 55 e Symphony No. 6 in C Minor, Op. 53 – (CD 3 de 4)

Como iniciei a postagem das sinfonias de Glazunov, acho importante que demos continuidade a elas. Trabalho incompleto revela irresponsabilidade. Aparecem agora as de número 5 e 6. A primeira foi composta em 1895 e é támbém conhecida como “A Heróica”. Estreou em 1896, sendo regida pelo próprio compositor. Fez uma grande sucesso. A platéia pediu para que a orquestra tocasse o scherzo mais uma vez ao fim da apresentação, o que denota um sucesso significativo. Já a Sinfonia número 6 é do ano de 1896. Das duas, eu tenho uma admiração bem acentuada pela segunda – a número 6. É um trabalho de grande vigor e beleza, com momentos típicos da música russa. Faz-nos lembrar a musica de Rachmaninov. Não deixe ouvir mais este CD. Boa apreciação!

Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Symphony No. 5 in B-Flat Major, Op. 55 e Symphony No. 6 in C Minor, Op. 53

Symphony No. 5 in B-Flat Major, Op. 55
01. I. Moderato maestoso
02. II. Scherzo: Moderato
03. III. Andante
04. IV. Allegro maestoso

Symphony No. 6 in C Minor, Op. 53
05. I. Adagio – Allegro
06. II. Thema con Variazioni
07. III. Intermezzo
08. IV. Finale, Andante maestoso – Moderato

Moscow Radio Symphony Orchestra
Vladimir Fedoseyev, regente

BAIXAR AQUI

Carlinus

Eugène Ysaÿe (1858-1931): Obras para Violino

Eugène Ysaÿe foi o extravagante sucessor de Wieniawski na tradição francesa de virtuosismo violinístico. No entanto, ele se elevou a um novo patamar – o de bom compositor — com suas seis sonatas para violino solo de 1924. Cada sonata é dedicada a uma das estrelas em ascensão da nova geração de virtuosos e o trabalho seria uma resposta do século XX para o Seis Sonatas e Partitas para violino solo de Bach… As duas obras para violino e piano nesta gravação estão numa vertente menos virtuosa e datam de cerca de trinta anos antes. Rêve d’enfant é uma canção de ninar e combina curto concurso no espírito de Fauré, enquanto o Élégiaque Poème nos dá uma curiosa mistura de Fauré com Wagner.

Eugène Ysaÿe (1858-1931): Obras para Violino

1. Sonata No.1 in G minor – I. Grave. Lento assai
2. Sonata No.1 in G minor – II. Fugato. Molto moderato
3. Sonata No.1 in G minor – III. Allegretto poco scherzoso. Amabile
4. Sonata No.1 in G minor – IV. Finale con brio. Allegro fermo

5. Sonata No.2 in A minor – I. Obsession Prelude. Poco vivace
6. Sonata No.2 in A minor – II. Malinconia. Poco lento
7. Sonata No.2 in A minor – III. Danse des ombres sarabande. Lento
8. Sonata No.2 in A minor – IV. Les furies allegro furioso

9. Sonata No.3 ‘Ballade’ in D minor

10. Sonata No.4 in E minor – I. Allemanda. Lento maestoso
11. Sonata No.4 in E minor – II. Sarabande. Quasi lento
12. Sonata No.4 in E minor – III. Finale. Presto ma non troppo

13. Sonata No.5 in G major – I. L’ Aurore lento assai
14. Sonata No.5 in G major – II. Danse rustique allegro giocoso molto moderato
15. Sonata No.5 in G major – III. Moderato amabile – Tempo I – Poco piu mosso

16. Sonata No.6 in E major

17. Poeme elegiaque in D minor, Op.12

18. Reve d’ enfant, Op.14

Philippe Graffin: violin
Pascal Devoyon: piano

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PQP

Coleção Grandes Compositores 04/33: F. F. Chopin (1810-1849)

Agora que estou mais tranquilo, depois de mais uma vitória da seleção brasileira, posso voltar a me dedicar a mais uma postagem da coleção que está sendo um sucesso de acessos. Sei que tem muita gente louca para que eu poste logo todos os cds de uma só vez, mas peço paciência, pois estou envolvido em várias atividades profissionais no meu dia-a-dia e isso tem tomado muito o meu tempo. Tenho trabalhado nos três turnos e ainda fazendo um curso a distância com aulas presenciais no final de semana, mas prometo que vou tentar organizar melhor meu tempo e postar com maior frequência.

***

Frédéric Chopin era de ascendência francesa e polonês de nascimento, mas, como observou o poeta Heinrich Heine, “sua verdadeira pátria era a poesia”. De fato, nenhum compositor corresponde melhor ao conceito romântico de personalidade poética do que Chopin, com sua figura meiga, esbelto, delicado, um tanto efeminado, porém languidamente atraente para muitas mulheres. Apesar de reservado e contido socialmente, sua correspondência revela uma mente apaixonada e brilhante.
A música de Chopin, praticamente toda ela escrita para piano, também se revestia de uma eloquência sutil e refinada. Era capaz de compor acordes ribombantes ou comoventes danças, mas a maior parte de seu trabalho parece quase etérea, em suas harmonias expressivas e brilhantes figurações de teclado. Se Beethoven encarnou os anseios heróicos e revolucionários do início do século XIX, Chopin foi a voz dos desejos, dos sonhos e dos mais íntimos segredos da época.

Fonte: Encarte do CD

Uma ótima audição!

.oOo.

Coleção Grandes Compositores 04/33: Chopin

DISCO A

Piano Concerto Nº 2 in F Minor, Op. 21
01. Maestoso (14:05)
02. Larghetto (9:07)
03. Allegro vivace (8:25)
Krystian Zimerman, piano
Los Angeles Philharmonic Orchestra, Carlo Maria Giulini

Piano Sonata Nº 2 in B Flat Minor, Op. 35
04. Grave – Doppio movimento (6:39)
05. Scherzo (6:01)
06. Marche funèbre: Lento (8:34)
07. Finale: Presto (1:24)
Martha Argerich, piano

Polonaise Nº 6 in A Flat, Op. 53 “Heroic”
08. Maestoso (6:17)
Martha Argerich, piano

DISCO B

Balade Nº 3 in A Flat, Op. 47
01. Allegretto (7:28)

Prelude in C Sharp Minor, Op. 45
02. Sustenuto (4:38)

Waltz in D Flat, Op. 64, Nº 1 “Minute”
03. Molto vivace (1:50)

Waltz in C Sharp Minor, Op. 64, Nº 2
04. Tempo giusto (3:25)

Étude in C Minor, Op. 10, Nº 12 “Revolutionary”
05. Allegro con fuco (2:42)

Étude in G Flat, Op. 10, Nº 5 “Black Keys”
06. Vivace (1:41)

Nocturne Nº 15 in F Minor, Op. 55, Nº 1
07. Andante (4:50)

Polonaise Nº 3 in A, Op. 40, Nº 1 “Military”
08. Allegrocon brio (5:05)

Barcarolle in F Sharp, Op. 60
09. (8:44)

Prelude in D Flat, Op. 28, Nº 15 “Raindrop”
10. Allegro molto (2:15)

Étude in A Minor, Op. 25, Nº 11 “Winter Wind”
11. Allegro con fuoco (3:45)

Étude in E, Op. 10, Nº 3 “Tristesse”
12. Lento ma non troppo (4:21)

Scherzo Nº 3 in C Sharp Minor, Op. 39
13. Presto con fuoco (6:40)

Mazurka Nº 13 in A Minor, Op. 17, Nº 4
14. Lento ma non troppo (4:14)

Mazurka Nº 44 in C, Op. 67, Nº 3
15. Allegretto (1:28)

Vladimir Ashkenazy, piano

BAIXE AQUI – DOIS DISCOS / DOWNLOAD HERE – TWO DISCS

Marcelo Stravinsky

William Walton (1902-1983) e Edmund Rubbra (1901-1986): Viola Concerti & Meditations on a Byzantine Hymn

Este é um disco IM-PER-DÍ-VEL !!!!, surpreendentemente bom. Notável mesmo. É música inglesa, que é algo sabidamente perigoso, mas, garanto-lhes é de alta qualidade. Os prêmios este da CD da Hyperion recebeu:

GRAMOPHONE AWARDS SHORTLIST 2008
GRAMOPHONE RECOMMENDS
ORCHESTRAL CD OF THE MONTH (CLASSIC FM MAGAZINE)
SUNDAY TIMES CLASSICAL CD OF THE WEEK
BUILDING A LIBRARY RECOMMENDED VERSION (BBC RADIO 3)
‘SUPERSONIC’ AWARD, PIZZICATO MAGAZINE
DAILY TELEGRAPH CLASSICAL CD OF THE YEAR
CD COMPACT ‘CONCERTO’ AWARD 2008

Sim, todos prêmios ingleses, mas vá ouvir o CD antes de me bombardear! O violista Lawrence Power não tem nada de violista. Não nasceu para ficar num naipe fazendo ostinati com seus colegas como se fossem um grupo de cachorros se coçando. Power é power mesmo, é genial.

A propósito:

Piadas de violistas

Porque as piadas sobre viola são curtas?
– Para os violistas poderem entender.

Como se diferencia um violista de um cachorro?
– Um cachorro sabe quando deve parar de arranhar.

Você já ouviu falar daquele violista que afirmava tocar fusas?
– A orquestra não acreditou e ele provou tocando uma.

Quando é que uma viola está tocando desafinada?
– Quando o arco se move.

Porque muitas pessoas adquirem aversão instantânea à viola?
– Poupar tempo.

Qual a diferença entre um cortador de grama e uma viola?
– Se for absolutamente necessário, pode-se utilizar o cortador de grama num quarteto de cordas.

Se você estivesse perdido no deserto, para quem pediria ajuda: a um bom violista, a um mau violista ou a um oásis?
– A um mau violista. Os outros dois são produtos da sua imaginação.

Porque as pessoas tremem de medo quando alguém entra num banco com um estojo de violino embaixo do braço?
– As pessoas pensam que ele carrega uma metralhadora e que possa usá-la.

Porque as pessoas tremem de medo quando alguém entra num banco com um estojo de VIOLA embaixo do braço?
– As pessoas pensam que ele carrega uma viola e que possa usá-la.

O bilhete

Era uma vez um violista extremamente habilidoso, coisa rara segundo alguns estudiosos. Como todo grande solista, ele tinha um costume estranho: sempre que ia ensaiar ou apresentar-se, seus colegas viam-no apanhar um bilhete no bolso, lê-lo, meditar alguns momentos e guardá-lo novamente. Depois deste pequeno ritual, empunhava o instrumento e tocava maravilhosamente.

O mistério do bilhete permaneceu insolúvel pois, apesar de insistentes pedidos, o violista jamais revelou o conteúdo do bilhete nem ninguém conseguiu ler o tal papel. Infelizmente, depois de muitos anos de uma carreira brilhante, o violista faleceu. Passados os momentos de tristeza e dor pela perda do querido colega e grande solista, os músicos da orquestra foram vasculhar o seu guarda-roupa. Encontraram o bilhete, no bolso do paletó que ele havia usado no seu útimo concerto. Com grande emoção, um dos amigos mais chegados fez a revelação de um segredo que durara décadas: “- Viola na mão esquerda, arco na mão direita.”

Fonte: Projeto Musical.

William Walton (1902-1983) e Edmund Rubbra (1901-1986): Viola Concerti & Meditations on a Byzantine Hymn

William Walton
1. Viola Concerto: Andante comodo
2. Viola Concerto: Vivo, con molto preciso
3. Viola Concerto: Allegro moderato

Edmund Rubbra
4. Meditations on a Byzantine Hymn ‘O Quando in Cruce’ for 2 violas, Op. 117a

5. Concerto for viola & orchestra in A, Op 75: Introduzione quasi una Fantasia
6. Concerto for viola & orchestra in A, Op 75: Molto vivace
7. Concerto for viola & orchestra in A, Op 75: Collana musicale: Andante moderato

Lawrence Power, viola
BBC Scottish Symphony Orchestra
Ilan Volkov

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PQP

Samuel Coleridge-Taylor (1875-1912): Violin Concerto

Graças ao excelente post de Ranulfus sobre o compositor negro Joseph Bologne, trago também outro compositor negro que merece ser reconhecido – Samuel Coleridge-Taylor. Nascido na Inglaterra, Taylor foi filho de um médico negro de Sierra Leone e de uma mãe inglesa. Sofreu um pouco, mas seu talento era tão grande que ainda jovem recebeu apoio da comunidade musical inglesa. Até mesmo o reconhecimento de gente importante como Elgar, Vaughan Williams, Holst…Sua obra Hiawatha (1898) para coro e orquestra, composta quando Taylor tinha 23 anos, foi um enorme sucesso. Chegou a bater o Messias de Handel em número de apresentações.

Neste disco temos uma de suas últimas obras (infelizmente o compositor morreu jovem – 37 anos) – o concerto para violino e orquestra (1910). Obra de muito lirismo e fortemente influenciada pela música de Dvorak (que sabidamente também está incluída nesse disco). Música que, nos primeiros segundos, já está presa em sua memória.

1. (Taylor) Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Allegro maestoso- vivace
2. Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Andante
3. Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Allegro molto
4. (Dvorak)Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Allegro ma non troppo
5. Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Adagio ma non troppo
6. Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Finale – Allegro giocoso, ma non troppo

Performed by Johannesburg Philharmonic Orchestra
with Philippe Graffin
Conducted by Michael Hankinson

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[Restaurado] Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Sonata em Ré maior, K. 448 (375a) – para 2 pianos, Andante & 5 Variações em Sol maior, K. 501 – para 4 mãos e Sonata em Ré maior, K. 381 (123a)

Um maravilhoso CD com aquele “aroma” tão essencial da música de Mozart. Dois extraordinários pianistas a ministrarem com habilidade e técnica incondicionais a fluência das sonatas de Wolfgang. E notório que neste CD a execução, em alguns momentos, é feita de modo mais “rápido” segundo pude perceber, todavia de forma não menos maravilhosa. Mozart é assim: revela-se belo do início ao fim. Certa vez perguntaram a Érico Veríssimo, o escritor gaúcho de Cruz Alta, famoso pela sua literatura deliciosa, quais os compositores mais admirava. Ao que ele respondeu: “Bach, Beethoven e Mozart. Neles eu encontro tudo o que preciso em matéria de música”. Também penso como o Érico. Esses três compositores são essenciais a qualquer indíviduo bem ajuizado. Boa apreciação!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Sonatas para piano

Sonata em Ré maior, K. 448 (375a) – para 2 pianos
01. Allegro con spirito
02. Andante
03. Allegro molto

Andante & 5 Variações em Sol maior, K. 501 – para 4 mãos
04. Andante & 5 Variações em Sol maior, K. 501

Sonata em Sol maior, K. 521 – para 4 mãos
05. Allegro
06. Andante
07. Allegretto

Sonata em Ré maior, K. 381 (123a)
08. Allegro
09. Andante
10. Allegro molto

Martha Argerich, piano
Alexandre Rabinovich, piano

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Carlinus

[restaurado por Vassily em 5/6/2021, em homenagem aos oitenta anos da Rainha!]

Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Sinfonia No. 3 in D Major, Op. 33 e Sinfonia No. 4 in E-Flat Major, Op. 48 (CD 2 de 4) – REPOSTADO

Vamos a mais duas sinfonias de Glazunov. Verifiquei que as duas primeiras que foram postadas, tiveram um número significativo de downloads. Ao meu modo de ver, a melhor de todas as sinfonias desse russo é a de número 2. Aparecem aqui as de número 3 e 4. A número 3 foi composta em 1890. Glazunov a escreveu em homenagem a Tchaikovsky. Já a número 4 é do ano de 1893. Há uma inflexão interessante com relação à sinfonia número 4. Nas três sinfonias anteriores, Glazunov havia lidado com temas eminentemente nacionalistas. Na de número 4, o compositor partiu de impressões pessoais, livres, subjetivas. A estréia dela foi realizada por nada mais nada menos do que por Rinsky-Korsakov. Já disse isso antes, mas tenho uma admiração toda especial pela música russa. Nietzsche disse certa vez aforismaticamente: “Os homens maus não têm canções. Como é que os russos têm canções?” Paremos por aqui! Uma boa apreciação!

Alexander Konstantinovich Glazunov (1865-1936) – Sinfonia No. 3 in D Major, Op. 33 e Sinfonia No. 4 in E-Flat Major, Op. 48

Sinfonia No. 3 in D Major, Op. 33
01. Allegro
02. Scherzo, Vivace
03. Andante
04. Finale: Allegro moderato

Sinfonia No. 4 in E-Flat Major, Op. 48
05. Andante – Allegro moderato
06. Scherzo, Allegro vivace
07. Andante – Allegro

Moscow Radio Symphony Orchestra
Vladimir Fedoseyev, regente

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Carlinus

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Quartetos de Cordas V – reload

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Mais uma série concluída. Encarte aqui.

Estou lacônico hoje: só vou falar nos comentários e se eu me empolgar com eles. Tenho esse direito, já que a recíproca de vocês para com os posts é mais comum.

Nada de raiva, é que estou bastante ocupado esta semana: preparação de balancetes anuais do Café do Rato Preto do mundo inteiro pra passar uma vista. (Update: Vendi o café e hoje estou triliardário.)

***

Villa-Lobos – Quartetos 15, 16, 17 – Quarteto Bessler-Reis

01 Quarteto de Cordas nº 15 – Allegro Non Troppo
02 Quarteto de Cordas nº 15 – Moderato
03 Quarteto de Cordas nº 15 – Scherzo Vivo
04 Quarteto de Cordas nº 15 – Allegro
05 Quarteto de Cordas nº 16 – Allegro non Troppo
06 Quarteto de Cordas nº 16 – Molto Andante (Quasi Adagio)
07 Quarteto de Cordas nº 16 – Scherzo Vivace
08 Quarteto de Cordas nº 16 – Molto Allegro
09 Quarteto de Cordas nº 17 – Allegro Non Troppo
10 Quarteto de Cordas nº 17 – Lento
11 Quarteto de Cordas nº 17 – Allegro Vivace
12 Quarteto de Cordas nº 17 – Allegro Vivace, Con Fuoco

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CVL

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Quartetos de Cordas IV – reload

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Retomo uma série de CDs que foi iniciada pelo mano PQP Bach no início do ano e que, naturalmente, não poderia ficar incompleta, pois falar de quarteto de cordas no século XX é falar de Bartók, Shostakovitch e Villa-Lobos (dêem uma escutada em Philip Glass também) – só o meu querido pai deixou 17. Então, aproveitem este presente de Natal antecipado.

Prestem atenção, que serão cinco posts ao todo e o quarto está vindo agora, antes do terceiro, para que vocês possam baixar os dois primeiros CDs mais este durante o fim de semana – e porque o próximo é duplo. Visite os dois primeiros posts da série clicando aqui e aqui. E acesse o texto do encarte e tudo o mais sobre o presente CD aqui. (Update: Não, não acesse…)

***

Villa-Lobos – Quartetos de Cordas 12, 13, 14 – Quarteto Bessler-Reis

01 Quarteto de Cordas nº 12 – Allegro
02 Quarteto de Cordas nº 12 – Andante Melancólico
03 Quarteto de Cordas nº 12 – Allegretto Leggiero
04 Quarteto de Cordas nº 12 – Allegro (Bien Rythmé)
05 Quarteto de Cordas nº 13 – Allegro non Troppo
06 Quarteto de Cordas nº 13 – Scherzo (Vivace)
07 Quarteto de Cordas nº 13 – Adagio
08 Quarteto de Cordas nº 13 – Allegro Vivace
09 Quarteto de Cordas nº 14 – Allegro
10 Quarteto de Cordas nº 14 – Andante
11 Quarteto de Cordas nº 14 – Scherzo (Vivace)
12 Quarteto de Cordas nº 14 – Molto Allegro

BAIXE AQUI

CVL

Camille Saint-Saens (1835-1921) – Danse Macabre, Phaéton, Le rouet d'Omphale e etc – REPOSTADO

Um CD indispensável, imperdível, para quem quer conhecer a orquestração enxuta de Saint-Säens. A Danse Macabre ou Dança Macabra em português foi composta em 1871, sendo inicialmente escrita para voz e piano. Mais tarde, Saens transformou em poema sinfônico, substuindo a voz por um violino. Outras duas peças que gosto desse CD é a Marche Héroique e a maravilhosa Havanaise, esta composta em 1887. É uma peça belíssima. O tema inicial do violino nos faz arrepiar. Uma evocação triste surge e vai ganhando corpo até a orquestra tomar as devidas proporções e violino ganhar conotações nervosas, sensitivas e ziguezagueantes. Lembro-me que tinha essa gravação numa fita K-7. Ouvia e ouvia muito essa peça. Até que um dia a fita começou a apresentar problemas. Fiquei triste. Mas até que encontrei esse CD e tive a minha alegria restaurada. Nesse CD, tudo é muito bom. O regente é bom, as duas orquestras idem e o violinista não faz feio. Boa apreciação!

Camille Saint-Saens (1835-1921) – Danse Macabre, Phaéton, Le rouet d’Omphale e etc

Danse macabre, symphonic poem in G minor, Op. 40*
01. Danse Macabre

Phaéton, symphonic poem in C major, Op. 39*
02. Pháeton

Le Rouet d’Omphale, symphonic poem in A major, Op. 31*
03. Le rouet d’Omphale

Introduction and Rondo Capriccioso, for violin & orchestra in A minor, Op. 28**
04. Introduction et Rondo capriccio

Havanaise, in E major for violin & piano (or orchestra), Op. 83**
05. Havanaise

La jeunesse d’Hercule, symphonic poem in E flat major, Op. 50*
06. La Jeunesse d’Hercule

Marche héroïque, for orchestra in E flat major, Op. 34*
07. Marche héroique

Royal Philharmonic Orchestra**
London Philharmonia Orchestra*
Charles Dutoit, regente
Kyung Wha Chung, violino

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Carlinus

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Quartetos de Cordas III – reload

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Antepenúltimo post da série. Vale lembrar que a integral dos quartetos de cordas do Villa, lançada pela Kuarup, tem cinco álbuns. Este é o único duplo e o único com o Quarteto Amazônia: os restantes são simples e com o Quarteto Bessler-Reis.

Acesse o texto do encarte aqui. (Quer dizer, não acesse mais: a Kuarup fechou)

***

Villa-Lobos – Quartetos 7 e 11 – Quarteto Amazônia

01 Quarteto de Cordas nº 7 – Allegro
02 Quarteto de Cordas nº 7 – Andante
03 Quarteto de Cordas nº 7 – Scherzo
04 Quarteto de Cordas nº 7 – Allegro Justo
05 Quarteto de Cordas nº 11 – Allegro non Troppo
06 Quarteto de Cordas nº 11 – Scherzo Vivace
07 Quarteto de Cordas nº 11 – Adagio
08 Quarteto de Cordas nº 11 – Poco Andantino

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***

Villa-Lobos – Quartetos 8, 9, 10 – Quarteto Amazônia

01 Quarteto de Cordas nº 8 – Allegro
02 Quarteto de Cordas nº 8 – Lento
03 Quarteto de Cordas nº 8 – Scherzo
04 Quarteto de Cordas nº 8 – Quasi Allegro
05 Quarteto de Cordas nº 9 – Allegro
06 Quarteto de Cordas nº 9 – Andantino Vagaroso
07 Quarteto de Cordas nº 9 – Allegro Poco Moderato
08 Quarteto de Cordas nº 9 – Molto Allegro
09 Quarteto de Cordas nº 10 – Poco Animato
10 Quarteto de Cordas nº 10 – Adagio
11 Quarteto de Cordas nº 10 – Scherzo
12 Quarteto de Cordas nº 10 – Molto Allegro

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CVL

Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) – Quartetos de Cordas II – reload

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Seguimos com o segundo CD dedicado aos Quartetos de Villa-Lobos. Os seguintes virão apenas quando eu comprá-los, OK? Não abro mão dos originais, neste caso. Abaixo, copiei para vocês o comentário de Luiz Paulo Horta que retirei do site da Kuarup. (Link fora do ar, pois a Kuarup fechou as portas)

Heitor Villa-Lobos foi um dos compositores mais prolíficos do século. Mas isto não diminui a significação de ter ele escrito 17 quartetos de cordas – a mais rigorosa das formas musicais, aquela que não admite “enchimentos”, onde o artista não tem como disfarçar eventuais falhas técnicas ou de inspiração.

Neste mesmo século, Bartók escreveu 6 quartetos, Hindemith, 7, Prokofiev, 2, Stravinsky, nenhum.

Somente Shostakovitch chega perto do Villa, com 15.

A série de Villa-Lobos está distribuída cronologicamente em pelo menos três etapas. Os quatro primeiros quartetos foram escritos entre 1915 e 1917 – ano em que ele completou 30 anos, e produziu grandes obras como os poemas sinfônicos Amazonas e Uirapurú. O nº 5 é de 1931; o nº 6 de 1938.

Daí em diante, de 1942 a 1957 (2 anos antes de sua morte), ele engrena uma série impressionante de 11 quartetos, em nível sempre ascendente, escrevendo um por ano, ou no máximo a cada 2 anos.

O Villa dos Choros, ponto de referência em toda a sua obra, é o Villa encachoeirado, transbordante de idéias, fabuloso orquestrador. Pois ei-lo de repente entregue à mais estrita disciplina, ou pelo menos à mais austera disposição sonora. Encerrada em 1945 a série das Bachianas, é a produção quartetística que domina todo o seu período final – situação histórica que não deixa de lembrar a de Beethoven.

Como explicar esta dedicação? Talvez pela atração do desafio, que é a mola criadora dos maiores mestres. Ou Villa queria provar, a si mesmo e aos outros, que ele fora além do menino indisciplinado que, em seus verdes anos, pulava muros para beber a musicalidade dos “chorões” do Rio antigo? Bruno Kiefer anota a presença da polifonia imitativa nos quartetos de Villa-Lobos, “muito mais presente do que se possa imaginar”. E Arnaldo Estrella corrobora: “É frequente a apresentação de um tema em entradas sucessivas das quatro vozes, como é constante o uso da imitação, e isto desde o 2º quarteto”. A textura polifônica dos quartetos revela a poderosa atração pela herança de Bach (e a série final dos quartetos segue-se cronologicamente à das Bachianas). “Nos seus quartetos – acentua Estrella – Villa- Lobos não utiliza a forma sonata, ignorando-a (quase) por completo. O molde não lhe convinha, não o seduz”. Em vez disso, Villa constrói preferencialmente por justaposição. “Utiliza os processos eternos da variação para obter continuidade. Serve-se de contrastes oportunos para estabelecer variedade”, completa Estrella. O Quarteto nº 4 é um quarteto “clássico” em relação aos outros. É um Villa cosmopolita, universalista, refletindo o clima impressionista que ainda estava no ar, e seus próprios estudos da música francesa. O 1º movimento chega a dar a impressão de que vai usar um tratamento temático tradicional. Mas, como observa Bruno Kiefer, uma idéia musical só é tema quando dá origem a um trabalho temático, o que aqui só acontece episodicamente. Já nessas primeiras obras consistentes desvenda-se a técnica de construção musical que Villa carregará pela vida afora, e onde podem ser identificadas algumas constantes: liberdade formal (isto é, autonomia face a esquemas pré-estabelecidos); invenção contínua; importância extrema do ostinato, puramente rítmico ou melódico, notas ou acordes pedais aparecendo frequentemente. O Andantino tem um esquema tradicional ABA. Um desenho ritmicamente simples acompanha, num movimento oscilante, uma melodia que evoca um tema de Xangô. Aqui, a melodia brasileira começa a repontar, e há inflexões seresteiras que são como uma premonição das Bachianas. O Scherzo é vivo e brilhante, com passagens virtuosísticas. Neste e em outros Scherzi é que o Villa brincalhão reagirá contra a severidade do gênero, criando um dos mais efetivos aspectos desta grande série de quartetos. O Allegro final é uma forma sonata na qual, de modo característico, o desenvolvimento foi substituído por um fugato sobre um tema novo, comandado pelo violoncelo (em toda a série, Villa trata com carinho o seu instrumento). O Quarteto nº 5 poderia ser batizado de “redescoberta do Brasil”. Em 1930, Villa-Lobos estava voltando da Europa, para não continuar a depender de mecenas. Encontra o velho Brasil, os críticos que o hostilizavam, as limitações do nosso meio artístico. Chega a pensar em fazer as malas e retornar ao Velho Mundo.

A Revolução de 1930 produz uma drástica mudança de cenário.

Por um feliz acaso, Villa conhece João Alberto, músico amador e interventor nomeado para o Estado de São Paulo. João Alberto “compra” o projeto de educação musical que era um antigo sonho de Villa-Lobos. Surge o Villa educador, compositor do Guia Prático e de muitas obras de caráter didático. O Quarteto nº 5 encaixa-se nessa alvorada de esperanças. Nele, Villa-Lobos abre mão, sem a menor cerimônia, da escrita propriamente quartetística, em favor de um estilo rapsódico. Tudo aqui é de uma simplicidade que desencoraja análises rebuscadas. É um quarteto “folclórico”, com muita verve e sem outra preocupação aparente que não a de seduzir o ouvinte, carregá-lo para uma viagem pelas fontes da musicalidade brasileira. Mais alguns anos se passam; e o Villa que escreve o Quarteto nº 6 já está perfeitamente seguro de si mesmo e de seus métodos. Basta lembrar que 1938 é o ano em que ele trabalha nas Bachianas 5 e 6. Não estranha, assim, que o nº 6 seja, sob vários aspectos, o mais “brasileiro” dos seus quartetos, aquele em que o compositor coloca este gênero aristocrático sob a égide do nacionalismo. Não se trata de obra “folclórica”, como o despretencioso nº 5. Desta vez, estamos ante uma autêntica transmutação em arte de constâncias melódicas e rítmicas das raízes brasileiras. A obra está impregnada da rítmica do sertão mítico de Villa-Lobos. Ele alterna sabiamente os climas no Poco Animato, passando da textura contrapontística à melodia solta com uma facilidade de mestre. O Allegreto está claramente ancorado no tom de lá maior. Melodia alterna com pizzicato; e entre ritmos de dança, ouvimos os ecos de uma “festa no sertão”. O Andante Molto, embora em dó maior, é um daqueles mergulhos na floresta escura em que Villa está como que “em casa”. A viola enuncia um tema nobre, sereno, que impressiona pela economia de recursos e eficácia expressiva, e que os outros instrumentos vão imitando. Na seção central, o tema exposto à maneira do Ricercare confirma a naturalidade com que ele pensa polifonicamente. O Allegro Vivace é de grande variedade rítmica e alegria comunicativa.

Luiz Paulo Horta

Villa-Lobos – Quartetos de Cordas 4 5 6

01 Quarteto de Cordas nº 4 – Allegro com Moto (Heitor Villa-Lobos) 07:46
02 Quarteto de Cordas nº 4 – Andantino (Tranquilo) (Heitor Villa-Lobos) 05:29
03 Quarteto de Cordas nº 4 – Scherzo (Allegro Vivace) (Heitor Villa-Lobos) 05:51
04 Quarteto de Cordas nº 4 – Allegro (Heitor Villa-Lobos) 06:49

05 Quarteto de Cordas nº 5 – Poco Andantino (Heitor Villa-Lobos) 06:55
06 Quarteto de Cordas nº 5 – Vivo e Enérgico (Heitor Villa-Lobos) 04:08
07 Quarteto de Cordas nº 5 – Andantino (Heitor Villa-Lobos) 03:04
08 Quarteto de Cordas nº 5 – Allegro (Heitor Villa-Lobos) 04:42

09 Quarteto de Cordas nº 6 – Poco Animato (Heitor Villa-Lobos) 06:06
10 Quarteto de Cordas nº 6 – Allegretto (Heitor Villa-Lobos) 05:12
11 Quarteto de Cordas nº 6 – Andante Quasi Adagio (Heitor Villa-Lobos) 06:25
12 Quarteto de Cordas nº 6 – Allegro Vivace (Heitor Villa-Lobos) 07:0

Quarteto Bessler-Reis:
Bernardo Bessler (1º violino),
Michel Bessler (2º violino),
Marie-Christine Springuel (viola),
Alceu Reis (violoncelo)

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Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) – Quartetos de Cordas I – reload

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Se for mesmo brasileiro, você baixará, ouvirá e comprará este grande CD que atualmente pode ser obtido inclusive em mp3. O Quarteto Bessler-Reis realiza notável trabalho interpretando os quartetos de Villa. Não é um CD rotineiro ou esquecível, é algo que demonstra perfeita intimidade com a obra, algo de que deveríamos nos orgulhar de ter após tantas gravações insatisfatórias – às vezes desafinadas – de nosso maior compositor. Certamente, esta é uma das melhores postagens que realizamos até hoje. Abaixo, copiei para vocês o excelente texto de Michel Bessler que retirei do site da Kuarup. (Link fora do ar atualmente)

Villa-Lobos é, sem dúvida, o mais importante e o mais conhecido compositor brasileiro da chamada música clássica. Soube como pouquíssimos outros refletir o jeito musical de sua gente, criando uma vastíssima obra de dimensão nacional e universal.

Durante muitos anos, Villa-Lobos foi conhecido pelo esplendor tropical e selvagem de suas grandes massas sonoras. Obras como o “Amazonas” e o “Uirapuru” se notabilizaram por esse caráter pujante e grandioso. Sua gravação das Bachianas Brasileiras na França acrescentou a esta imagem sinfônica, contrastada apenas por sua obra para violão solo, popularizada por Segóvia, e para piano, lançada por Rubinstein.

É pois bastante recente o interesse pela produção villa-lobiana de câmara, apesar desta abranger um terço de toda a sua obra, que conta oficialmente com 1.500 partituras já catalogadas (e outras 300 de que se tem notícia porém não se localizou a parte escrita). São 27 duos, sete trios, 20 quartetos, quatro quintetos, dois quintetos duplos, dois sextetos, dois septetos, três octetos, um noneto, e uma infinidade de peças avulsas para canto com acompanhamento, pequenas formações orquestrais e/ou corais, e suas obras para piano solo (229 peças) e violão solo (41 peças). Além da obra pianística e violonística, dos Choros e Bachianas de câmara e das canções mais conhecidas, esta gravação da integral dos seus 17 Quartetos de Cordas tem contribuído para desvendar este “outro lado de Villa-Lobos.”

O interesse do Quarteto Bessler-Reis pelos Quartetos de Villa-Lobos existe desde sua criação em 1978, quando buscava um autor brasileiro que reforçasse a identidade do conjunto. Chegou a gravar o 1º e o 5º pela EMI-Odeon, e o registro da integral sempre foi seu desejo desde esta época.

A associação com a Kuarup, que já editara os Choros de Câmara, a Obra Completa para Violão, e diversas outras peças do Villa, acabou viabilizando o projeto, que está saindo na Europa pela Chant du Monde.

Neste mergulho dentro da obra deste compositor absolutamente original, no início tudo estava por se descobrir. A própria cultura quartetística, primordialmente haydniana, serviu pouco para compreender e transmitir a linguagem musical deste louco genial, apesar dos quartetos de Haydn terem sido o estopim de sua paixão pelo gênero.

A primeira leitura das partituras (acadêmicas na escrita e indicações) surpreende pela forma nada convencional, assim como sua primeira audição certamente surpreende a muitos ouvintes. Mas quanto mais se convive com estas peças, mais se descobre que sua lógica é extremamente complexa mas é lógica, que seu caos aparente é muito mais a recusa da forma que o desconhecimento dela.

É bem verdade que Villa-Lobos não era exatamente um perfecionista. Escrevia caudalosamente, todos os dias, em qualquer situação. Os amigos deixavam suas crianças para Villa tomar conta, e em meio delas, com o rádio ligado, ele escrevia música, com as partituras espalhadas pelo chão.

Um velho companheiro conta que foi visitá-lo em seu apartamento no centro do Rio de Janeiro, no dia em que a construção do prédio vizinho estava em sua fase mais ruidosa. Britadeiras e bate-estacas soavam numa percussão infernal. Ficou surpreso de ver Villa-Lobos absorto e escrevendo música naquelas condições. Ficou mais surpreso ainda quando o barulho cessou de repente (era hora de almoço dos trabalhadores) e Villa subitamente parou, e visivelmente chateado, exclamou: “Pronto, me escapou a inspiração…”

Neste afã de registrar velozmente suas idéias, Villa-Lobos às vezes cometia enganos, principalmente quando se tratava de transpor um trecho para outra tonalidade. Muitos desses enganos, que são comumente atribuídos ao seu “exotismo” harmônico, não passam de simples acidentes de escrita. Nestas gravações procurou-se corrigir estes pequenos deslizes, sempre que claramente identificados.

Existia pouca referência estética anterior sobre a interpretação destes quartetos, pois as gravações realizadas, com honrosas exceções, ou estavam impregnadas pelos maneirismos típicos da época ou foram feitas por conjuntos com pouca ou nenhuma referência cultural brasileira. Nos mêses em que o Quarteto deu início à preparação destas gravações, o espanto inicial foi dando lugar a uma compreensão cada vez mais íntima, na medida em que seus membros, três deles brasileiros com vivência da nossa riquíssima música popular, foram aos poucos se identificando às fontes de inspiração de Villa-Lobos.

Estas estão impregnadas pela música popular urbana, sobretudo pela seresta e pelo choro do Rio de Janeiro. Muitas estruturas rítmicas vêm do samba negro. Outras presenças fortes são os temas folclóricos do Nordeste, com as escalas modais dos seus menestréis. E o lado cênico da música: Villa-Lobos procura criar inúmeros ambientes sonoros diferentes que evocam ora uma floresta tropical ora o que ele achava que devia ser o ambiente dançante numa taba de índios primitivos.

Tocou muito violoncelo, inclusive para sobreviver em certa fase de sua vida, e guardou um carinho muito especial por este instrumento, o que se nota com bastante clareza nestas peças. Como instrumentista de corda e profundo conhecedor de seus recursos, ele não poupa os executantes. A complexa poliritmia utilizada em vários quartetos, o caráter contrapontístico e o virtuosismo técnico tornam essas obras difíceis em sua execução, exigindo um penoso preparo de cada um dos membros do quarteto. Este conjunto de obras foi composto no decorrer de toda sua vida, em 4 períodos: os quatro primeiros quartetos de 1915 a 1917; o quinto em 1931, depois de um intervalo de 14 anos; o sexto em 1938; e a partir de 1942 levou 15 anos para escrever os outros 11. Morreu em 1959, deixando escritos alguns compassos de um 18º quarteto, e diversas declarações públicas de que seus quartetos eram a melhor coisa que ele tinha escrito.

***

O primeiro quarteto foi composto em 1915, e teve sua primeira audição em fevereiro do mesmo ano na cidade de Nova Friburgo, perto do Rio de Janeiro. Nesta primeira experiência, Villa-Lobos reuniu um conjunto de 6 pequenas peças, alternadamente lentas e vivas, que formam na realidade mais uma suite do que um quarteto formal.

Apesar da simplicidade da forma já é possível perceber nesta obra algumas idéias embrionárias que seriam desenvolvidas e elaboradas ao longo da série dos quartetos. A Cantilena, em tempo andante, lembra uma canção seresteira em que a melodia, apresentada pelo primeiro violino, se faz acompanhar por intervenções em forma de imitação.

A Brincadeira, um allegreto scherzando, é o contraponto de uma melodia e sua inversão (1º e 2º violinos) acompanhados pelo pizzicatto do violoncelo e viola; seu caráter poderia ser definido como uma espécie de polca brasileira. O Canto Lírico, moderato, é um solo de viola bordado por um contracanto do 1º violino que acaba por assumir a melodia para devolvê-la no final à viola.

A Cançoneta, andantino quasi allegretto, apresenta uma cantoria dos violinos acompanhada pelo ritmo obstinado do violoncelo em tercinas. Sua seção central nos lembra “O Trenzinho do Caipira,” da “Bachianas nº2,” escrito 15 anos mais tarde. A Melancolia, em tempo lento, é formada por uma melodia apresentada pelo violoncelo e tomada pelo primeiro violino, interrompida apenas por uma seção central, inquieta e agitada, retornando ao seu caráter melancólico no final.

O último movimento, nitidamente inspirado na forma da fuga, tem no entanto um tratamento oposto à arquitetura grandiosa das fugas do barroco, período pelo qual Villa não escondia sua fascinação. Com um espírito alegre e saltitante, ilustra com propriedade o nome dado ao movimento: Saltando como um Saci.

***

O segundo quarteto, composto no mesmo ano, é bem distinto do primeiro. Pode-se afirmar que Villa-Lobos começou tudo de novo, partindo de uma nova posição, ou concepção, em seu projeto nascente. Enquanto o 1º quarteto é composto de peças até certo ponto despretenciosas, o segundo retoma os movimentos tradicionais: allegro non troppo, scherzo, andante e allegro deciso que, com algumas variantes, se manterão até o último quarteto.
Sua elaboração é muito mais complexa. O tratamento dado às vozes é muito mais polifônico, as dissonâncias mais ousadas e a inventiva rítmica mais rica e original. Revelam um Villa-Lobos procurando unir seus anseios de liberdade e inovação às correntes contemporâneas do pensamento, da estética e da vivência musical européia da época.

O primeiro movimento, cuja idéia inicial é apresentada pela viola, possui um caráter extremamente lírico e apaixonado que novamente evoca a seresta brasileira. Este tema, enriquecido por outras idéias e tratado polifônicamente, percorre todo o movimento diluindo-se nos harmônicos dos últimos compassos.

No segundo movimento, Villa-Lobos emprega efeitos tímbricos com larga utilização de arpejos obstinados e harmônicos sempre tocados “con surdina”, criando uma atmosfera fantástica. Sente-se aqui uma forte influência impressionista.

O terceiro movimento, utilizando livremente células do primeiro, se desenvolve num clima de improviso em que as imitações ocorrem constantemente. É lírico e cantante, e transcorre num clima de grande serenidade, somente interrompida pelo “piu mosso” central.
O último movimento, que progride de um allegro a um prestíssimo, apresenta inicialmente um rítmo espanhol típico, trabalhado em grandes alternâncias dinâmicas. O Presto em 10/8, engenhosamente concebido, apresenta a alternância de pequenos desenhos entre pares de instrumentos, ouvindo-se paralelamente um canto obstinado executado pelos outros dois. O movimento se encerra com o prestíssimo em trêmulos sul-ponticello (efeito caracterizado por uma sonoridade metálica) que retoma o tema inicial do primeiro movimento em clima de grande inquietação.

***

Ao contrário da reviravolta ocorrida entre o 1º e o 2º quartetos, no 3º se verifica uma clara evolução, principalmente no que se refere ao 1º movimento. Sua escrita revela uma maior preocupação com a transparência e o uso da polifonia de maneira mais equilibrada. A utilização dos intervalos de quartas paralelas passa a ser sistemática tanto nas melodias quanto nos acompanhamentos. É aqui, em 1916, que Villa-Lobos começa a consolidar um estilo de forte marca pessoal que caracterizará toda a sua obra, desfazendo-se cada vez mais das influências européias.

No segundo movimento, num virtuosístico e original emprego de pizzicattos alternados com arco, cria efeitos inesperados e originais. É em razão deste movimento que este quarteto é popularmente conhecido como o “Quarteto das Pipocas”.

O Adagio, com surdina virada, como indica o autor, quase recitativo, é cheio de magia e impregnado de uma serena, porém misteriosa, atmosfera tropical. No último movimento, allegro con fuoco, o espírito selvagem contrasta com expressivas e tranquilas linhas melódicas. Aqui o compositor encontra a linguagem adequada para exprimir na forma quarteto o temperamento fogoso e tropical encontrado em suas obras sinfônicas e corais.

Michel Bessler, janeiro 91

Villa-Lobos – Quartetos de Cordas 1 2 3 – Quarteto Bessler-Reis

01 Quarteto de Cordas nº 1 – Cantilena (Andante) (Heitor Villa-Lobos) 02:52
02 Quarteto de Cordas nº 1 – Brincadeira (Allegretto Scherzando) (Heitor Villa-Lobos) 01:10
03 Quarteto de Cordas nº 1 – Canto Lírico (Moderato) (Heitor Villa-Lobos) 04:24
04 Quarteto de Cordas nº 1 – Cançoneta (Andantino Quasi Allegretto) (Heitor Villa-Lobos) 02:40
05 Quarteto de Cordas nº 1 – Melancolia (Lento) (Heitor Villa-Lobos) 06:35
06 Quarteto de Cordas nº 1 – Saltando Como um Saci (Allegro) (Heitor Villa-Lobos) 03:36

07 Quarteto de Cordas nº 2 – Allegro non Troppo (Heitor Villa-Lobos) 05:17
08 Quarteto de Cordas nº 2 – Scherzo (Allegro) (Heitor Villa-Lobos) 03:00
09 Quarteto de Cordas nº 2 – Andante (Heitor Villa-Lobos) 04:10
10 Quarteto de Cordas nº 2 – Allegro Deciso-Final (Prestissimo) (Heitor Villa-Lobos) 07:10

11 Quarteto de Cordas nº 3 – Allegro non Troppo (Heitor Villa-Lobos) 06:00
12 Quarteto de Cordas nº 3 – Molto Vivo (Heitor Villa-Lobos) 05:30
13 Quarteto de Cordas nº 3 – Molto Adagio (Heitor Villa-Lobos) 07:06
14 Quarteto de Cordas nº 3 – Allegro con Fuoco (Heitor Villa-Lobos) 06:45

Quarteto Bessler-Reis:
Bernardo Bessler (1º violino),
Michel Bessler (2º violino),
Marie-Christine Springuel (viola),
Alceu Reis (violoncelo)

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