Maurice Ravel (1875–1937): Música para Piano Solo (completa) (Gordon Fergus-Thompson)

Maurice Ravel (1875–1937): Música para Piano Solo (completa) (Gordon Fergus-Thompson)

Bio curtinha, retirada da Wikipedia:

Joseph-Maurice Ravel (Ciboure, 7 de março de 1875 – Paris, 28 de dezembro de 1937) foi um compositor e pianista francês, conhecido sobretudo pela sutileza, das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu-o como “uma peça para orquestra sem música”.

Começou a manifestar interesse pela música aos 7 anos. Desde então dedicou-se ao estudo do piano, mas só começou a frequentar o Conservatório de Paris aos 14. Posteriormente, em 1895, passou a estudar só e retornou ao Conservatório em 1898, quando estudou composição com Gabriel Fauré. Concorreu no Prix de Rome, mas não foi bem sucedido.

Foi influenciado significativamente por Debussy, mas também por compositores anteriores, como Mozart, Liszt e Strauss, mas logo encontrou seu próprio estilo, que ficou, porém, marcado pelo Impressionismo.

É mundialmente conhecido pelo seu Bolero, ainda hoje a obra musical francesa mais tocada no mundo. A composição foi encomendada pela bailarina Ida Rubistein e estreou na Ópera de Paris em 1928.

Faleceu das conseqüências de um acidente de táxi ocorrido em 1932. Durante o período que precedeu a sua morte, havia perdido parte da sua capacidade de compor devido às lesões cerebrais causadas pelo acidente. A sua inteligência sempre se manteve intacta mas o seu corpo já não respondia adequadamente tendo sofrido de graves problemas motores.

Eu gosto muito da música orquestral de Ravel, mas não sou exatamente tarado por sua obra pianística. O Ravel que me interessa e que considero imortal é o notável orquestrador e compositor, não o de obras de câmara. FDP Bach já postou estas mesmas composições num CD duplo de Bavouzet. Eu acho que esta aqui é uma second choice. A postagem do FDP é superior. Mas a gente gosta de ouvir muita música e de variedade, não é assim?

Enjoy!

Maurice Ravel (1875–1937): Música para Piano Solo (completa) (Gordon Fergus-Thompson)

CD 1

1. Modere – Tres Franc (Valses Nobles Et Sentimentales)
2. Assez Lent (Valses Nobles Et Sentimentales)
3. Modere (Valses Nobles Et Sentimentales)
4. Assez Anime (Valses Nobles Et Sentimentales)
5. Presque Lent (Valses Nobles Et Sentimentales)
6. Vif (Valses Nobles Et Sentimentales)
7. Moins Vif (Valses Nobles Et Sentimentales)
8. Epilogue – Lent (Valses Nobles Et Sentimentales)
9. Ondine (Gaspard De La Nuit)
10. Le Gibet (Gaspard De La Nuit)
11. Scarbo (Gaspard De La Nuit)
12. Jeux D’eau
13. Prelude (Le Tombeau De Couperin)
14. Fugue (Le Tombeau De Couperin)
15. Forlane (Le Tombeau De Couperin)
16. Rigaudon (Le Tombeau De Couperin)
17. Menuet (Le Tombeau De Couperin)
18. Toccata (Le Tombeau De Couperin)

CD 2

1. Prelude Miroirs
2. Noctuelles
3. Oiseaux Tristes
4. Une Barque Sur L’ocean
5. Alborada De! Sracioso
6. La Vallee Des Cloches
7. Menuet Sur Le Nom De Haydn
8. Menuet Antique
9. Serenade Grotesque Sonatine
10. Modere
11. Mouvement De Menuet
12. Anime
13. Borodine (A La Maniere De…)
14. Emmanuel Chabrier (A La Maniere De…)
15. Pavane Pour Une Infante Defunte

Gordon Fergus-Thompson, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

A perfeita naturalidade de uma foto posada

PQP

D. Scarlatti: 6 Sonatas / J.S. Bach: Suíte Francesa nº 6 / L.v. Beethoven: Sonata opus 2 nº 2 / M. Rameau: 4 peças / Ravel: Concerto para a mão esquerda / Debussy: En blanc et noir / Fauré: Dolly, etc. (Robert Casadesus, piano)





A série “Great Pianists of the 20th Century”, lançada em 1999, juntou grandes gravações de 72 pianistas: algumas muito conhecidas e reeditadas como Arrau tocando Beethoven, Larrocha tocando Albéniz etc.; outras que não são tão fáceis de se encontrar, como é o caso da Fantasia de Schumann por Freire ou destas várias gravações feitas por Robert Casadesus entre 1947 e 1963.

A comparação entre os franceses Robert Casadesus e Alfred Cortot serve como ilustração do fato de que grandes figuras artísticas resistem à categorização em “escolas”. Enquanto Cortot buscava nas obras o que era mais romântico e frequentemente se movia por inspirações momentâneas, Casadesus, pelo contrário, buscava projetar a estrutura e a lógica interna de cada obra.

Então Cortot, assim como Guiomar Novaes (brasileira com educação em grande medida francesa), ambos se destacavam em suas interpretações de Chopin e Schumann. Já Casadesus, com sua elegência e clareza – mas também com momentos de brilho pianístico – talvez tenha sido o maior intérprete de Scarlatti e Rameau da sua época. Na mesma Paris onde vivia Casadesus, o crítico musical francês Claude Rostand escrevia sobre Domenico Scarlatti:

Apesar da liberdade, fantasia e humor impulsivo que caracterizam Scarlatti – na alegria como na emoção -, suas sonatas seguem um modelo mais ou menos constante. Nessas centenas de sonatas, as dificuldades técnicas não são objetivos em si mesmos: nenhuma ostentação, muita elegância. Quanto à invenção rítmica, ela é inesgotável, o que torna ainda mais notável o fato das sonatas jamais tatearem a confusão, mas serem sempre de uma naturalidade e transparência jamais igualada.
(Rostand, 1950, Les chefs-d’œuvre du piano, tradução especial para este blog)

Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 15 ago 1931

Casadesus também gravou muito Mozart, ausente nesta coleção, e Beethoven, que aparece com uma sonata do seu opus 2 dedicado a Haydn. Ela é tocada aqui com menos arroubos sentimentais do que nas interpretações de Arrau ou Pollini: mesmo no movimento lento “Largo apassionato”, Casadesus privilegia – como antes no Scarlatti – a elegância, característica importante do chamado classicismo vienense.

E Casadesus tocava, claro, a música dos compositores franceses que ele conheceu pessoalmente: Fauré, Debussy, Ravel. Embora o som do Concerto para mão esquerda de Ravel – com o grande maestro Eugene Ormandy – denuncie que a gravação é antiga e em mono (1947), ainda assim é muito interessante ouvirmos um pianista que conheceu bem o compositor: após o primeiro contato em 1922 quando Ravel ouviu Casadesus tocar o Gaspard de la nuit, os dois fizeram uma turnê em 1923 na Espanha e Inglaterra, não tenho certeza se a dois pianos ou se com Ravel regendo. Foram anos de amizade que tornaram Casadesus, por motivos óbvios, um intérprete respeitado das obras de Ravel.

Great Pianists of the Century – Robert Casadesus (1899-1972)
CD1
Jean-Philippe Rameau:
1. Gavotte
2. Le Rappel des Oiseaux
3. Les Sauvages
4. Les Niais de Sologne

Johann Sebastian Bach:
5-12. French Suite No. 6 in E, BWV 817

Domenico Scarlatti:
13. Sonata in E, K. 380
14. Sonata in A, K. 533
15. Sonata in D, K. 23
16. Sonata in G, K. 14
17. Sonata in B Minor, K. 27
18. Sonata in D, K. 430

Ludwig van Beethoven:
19-22. Sonata in A, Op. 2 No. 2

CD2
Claude Debussy:
En blanc et noir (For 2 Pianos, with Gaby Casadesus)
1. Avec Emportement
2. Lent. Sombre
3. Scherzando

Gabriel Fauré:
4-9. Dolly Suite, Op. 56
10. Prélude in D-flat, Op. 103 No. 1
11. Prélude in G Minor, Op. 103 No. 3
12. Prélude in D Minor, Op. 103 No. 5
13. Nocturne No. 7 in C-sharp Minor, Op. 74
14. Barcarolle No. 5 in F-sharp Minor, Op. 66
15. Impromptu No. 5 in F-sharp Minor, Op. 102

Maurice Ravel:
16. Piano Concerto in D “For the left hand”
The Philadelphia Orchestra, Conductor: Eugene Ormandy

Recorded:
1947 (Ravel); 1951 (Bach; Fauré: Nocturne, Barcarolle, Impromptu); 1952 (Rameau, Scarlatti, Beethoven); 1959 (Fauré: Dolly); 1961 (Fauré: Préludes); 1963 (Debussy)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
Pleyel

Poulenc (1899 – 1963) – Fauré (1845 – 1924) – Ravel (1875 – 1937): Sonatas para Violino e Piano: Arabella Steinbacher & Robert Kulek ֍

Poulenc (1899 – 1963) – Fauré (1845 – 1924) – Ravel (1875 – 1937): Sonatas para Violino e Piano: Arabella Steinbacher & Robert Kulek ֍

Poulenc

Fauré

Ravel

Sonatas para Violino

Arabella Steinbacher, violino

Robert Kulek, piano

Dei com o nome Arabella Steibacher em um artigo da BBC Music Magazine sobre a famosa violinista Anne-Sophie Mutter. Ela criou em 1997 uma fundação para apoiar jovens talentos do naipe de cordas e Arabella estava entre os beneficiados, assim como Daniel Muller-Schott (violoncelo), Roman Patkoló (contrabaixo) e Sergey Kachatryan (violinista). Os benefícios culturais de iniciativas como essa são muitos e enriquecem nossas vidas.

Arabella adorou as acomodações do Salão de Entrevistas do PQP Bach headquarters…

O disco me atraiu imediatamente pelo repertório: sonatas para violino e piano compostas por franceses cujas existências coincidiram em parte, mas que também representam diferentes gerações.

Gabriel Fauré é o mais velho, mas foi bem longevo. Ele compôs duas sonatas para violino, mas essa do disco, é a primeira delas, ainda no século XIX, por volta de 1875. A première oficial foi na Société Nationale de Musique, na Sala Pleyel, que promovia música ‘francesa’ em contraste com a música ‘germânica’. Essa composição foi importante para estabelecer a reputação de Fauré como compositor.

Maurice Ravel é possivelmente o mais conhecido destes compositores e também compôs duas sonatas para violino. Como a primeira delas só veio a público depois da morte do compositor, esta segunda sonata é geralmente tratada apenas como Sonata para Violino de Ravel. Composta nos anos da década de 1920, teve o jazz e o blues, que eram muito populares em Paris desde o início do século XX, como fonte de inspiração. O terceiro movimento é intitulado ‘blues’.

A peça mais recente é a que abre o disco, uma belezura composta por Francis Poulenc. No entanto, a composição de uma sonata para violino foi um projeto que demorou a ser realizado. Várias tentativas ocorreram, desde a juventude do compositor, mas só em 1942 se completou. A sonata foi dedicada à memória do poeta Garcia Lorca, mas teve como madrinha a violinista Ginette Neveu, que deu vários pitacos para a parte de violino e estreou a peça ao lado do compositor como o pianista. Para entender a relutância e dificuldade que Francis Poulenc enfrentou na composição da peça, basta ler essas linhas que ele deixou ao completar o rascunho da peça: Le monstre est au point. Je vais commencer la réalisation. Ce n’est pas mal, je crois, et en tout cas fort différent de la sempiternelle ligne de violon-mélodie des sonates françaises du XIXe siècle…. Le violon prima donna sur piano arpège, me fait vomir. (O monstro está no ponto. Vou começar a realização. Não está mal, eu acho, e de qualquer forma é muito diferente da eterna linha violino-melodia das sonatas francesas do século XIX. O violino prima donna sobre os arpejos do piano me dá engulhos). Eu diria que o resultado ficou excelente.

Para fechar o cortejo, assim como um ‘encore’, temos mais uma peça de Ravel, Tzigane, cuja inspiração está evidente no próprio nome.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Sonata para Violino, FP 119

  1. Allegro con fuoco
  2. Intermezzo. Très lent et calme
  3. Presto tragico

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Sonata para Violino No. 1 em lá maior, Op. 13

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Allegro vivo
  4. Allegro quasi presto

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Sonata para Violino em sol maior

  1. Allegretto
  2. Blues. Moderato
  3. Perpetuum mobile. Allegretto

Tzigane

  1. Tzigane

Arabella Steinbacher, violino

Robert Kulek, piano

O duo dando uma palhinha para o pessoal do PQP Bach depois do encontro para a entrevista…

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 170 MB

The Poulenc comes off best overall and there’s a lovely lightness of touch about the Ravel sonata.

Classic fm 2008

Aproveite!

René Denon

La Belle Époque: Música Francesa Para Duo de Pianos – Karin Lechner & Sergio Tiempo ֍

La Belle Époque: Música Francesa Para Duo de Pianos – Karin Lechner & Sergio Tiempo ֍

Milhaud: Scaramouche

Ravel: Daphnis et Chloé & La Valse

Fauré: Dolly Suíte

Debussy: Nuages & Fètes

Karin Lechner & Sergio Tiempo

 

Aqui em casa gostamos de comida chinesa e pedimos pelo aplicativo – eu adoro frango xadrez. Mas, gostamos mesmo é dos biscoitos da sorte. Adoramos essas frases minúsculas de ‘sabedoria chinesa’, como a maravilhosa: O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo’!

Se está ali, escrito, não é segredo, mas chegou apenas no seu biscoito da sorte. Parece algo que foi feito só para você. Ah, depois dessa, só pedimos meias-porções, andamos até a entrada do condomínio para buscar a comida e rimos à beça, especialmente de nós mesmos.

Bom, alegria mesmo nos deu foi esse álbum da postagem, música da Belle Époque, cheia de charme e elegância, de virtuosismo e melodias inesquecíveis. Os compositores franceses desse período, início do século 20, escreveram ou transcreveram muita música linda para duo de pianos ou piano a quatro mãos. Eu adoro esse tipo de repertório e já andei postando alguns discos dessa estirpe por aqui. Esse é de 2010, mas só agora cruzou comigo. Eu já conhecia os intérpretes, que são irmãos, mas não os havia ouvido como um duo.

Karin Lechner nasceu em Buenos Aires, Argentina. Ela passou a maior parte de sua juventude em Caracas, Venezuela, onde começou seus estudos musicais com sua mãe, Lyl Tiempo. Ela fez sua primeira aparição pública aos cinco anos de idade, e sua estreia com orquestra quando tinha 11 anos.

Mudou-se para a Europa e continuou seus estudos de piano com Maria Curcio e Pierre Sancan e também recebeu conselhos musicais de Martha Argerich, Nelson Freire, Daniel Barenboim, Nikita Magaloff e Rafael Orozco.

Sergio Tiempo fez sua estreia profissional no Amsterdam Concertgebouw aos quatorze anos, e logo se tornou internacionalmente conhecido por sua energia bruta e versatilidade musical, de Brahms a Villa-Lobos e Ginastera.

Nascido em Caracas, Venezuela, Sergio Tiempo iniciou seus estudos de piano com sua mãe, Lyl Tiempo. Enquanto esteve na Fondazione per il Pianoforte em Como, Itália, trabalhou com Dimitri Bashkirov, Fou Tsong, Murray Perahia e Dietrich Fischer-Dieskau. Ele recebeu orientação musical frequente, assim como conselhos de Martha Argerich e Nelson Freire e se apresenta regularmente com o conterrâneo e amigo Gustavo Dudamel.

O repertório do disco é ótimo. Scaramuche é uma suíte escrita por Darius Milhaud, que andou pelo Brasil como adido cultural da Embaixada Francesa, e essa experiência pode ser ouvida no terceiro e último movimento da suíte.

Depois temos transcrições da Segunda Suíte do balé Daphnis et Chloé, de Maurice Ravel, feitas por Lucien Garban, que era editor de música na editora Durand e foi amigo de Ravel por toda a vida.

No centro do disco uma peça para piano a quatro mãos, a Suíte Dolly, de Gabriel Fauré, famosa por sua inspiração no universo das crianças e que termina em um tour de force, Le pas espagnol, um enorme sucesso aqui em casa.

Depois dois noturnos de Debussy – Nuages e Fètes – transcritos para duo de pianos por Ravel. E para completar esse lindo disco, La valse, também de Ravel, em uma transcrição para duo de pianos pelo próprio compositor.

Darius Milhaud (1892 – 1974)

Scaramouche

  1. Vif
  2. Modéré
  3. Braziliera

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Daphnis et Chloé

  1. Lever du Jour
  2. Pantomime & Danse Générale

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Dolly Suite, Op. 56

  1. Berceuse
  2. Mi-a-ou
  3. Le jardin de Dolly
  4. Kitty-valse
  5. Tendresse
  6. Le pas espagnol

Claude Debussy (1862 – 1918)

Trois Nocturnes

  1. Nuages
  2. Fètes

Maurice Ravel

La Valse

  1. La Valse

Karin Lechner & Sergio Tiempo, piano(s)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 162 MB

Seção “The Book is on the Table”: …without doubt one of the most electrifying recordings of four-hand piano music I have ever heard. Fauré’s Dolly is invested with a subtly expressive detail that makes you listen with fresh ears to this well-worn favourite… La valse is a thrilling tour de force. Gramophone Magazine January 2010

Do site da gravadora: It is always a musical highlight when both brother and sister join forces to offer us a truly virtuosic but also highly inspired moment of music. Their first album for avanticlassic focuses on one of the most interesting musical periods in France history: La Belle Époque. With Scaramouche from Darius Milhaud, Daphnis and Chloé by Maurice Ravel, Dolly by Gabriel Fauré, two Nocturnes from Debussy and a haunting la Valse from Maurice Ravel, they chose an inspired program displaying the intimacy, the magic, but also the fascinating musical concepts arising from this culturally rich era.

Sergio e Karin

Mais postagens que podem lhe interessar:

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

Exotisme, sonorités pittoresques – Peças para Piano – Ludmilla Guilmault & Jean-Noël Dubois ֍

Fauré / Debussy / Ravel / Poulenc / Stravinsky: Música Francesa para Duo de Piano – Paul Lewis · Steven Osborne ֍

Darius Milhaud (1892-1974) · ∞ · Música para dois pianistas · ∞ · Stephen Coombs & Artur Pizarro ֍

O pessoal do PQP Bach marcou uma entrevista com o duo de pianistas do disco e disse para o pessoal da imprensa que eles eram irmãos. Pois o departamento de artes foi logo tascando uma foto do arquivo….

Aproveite!

René Denon

PS: Darius fez essa cara quando lhe explicamos o ocorrido…

A frase que estava no biscoito da sorte dele foi: Quem está feliz, faz os outros felizes!

Maurice Ravel (1875-1937): Complete Orchestral Works (3 CDs) (Abbado)

Maurice Ravel (1875-1937): Complete Orchestral Works (3 CDs) (Abbado)

Adquiri esse cd numa leva de 21 que comprei de uma só vez. Bons tempos aqueles, pois era desprovido de dívidas e obrigações mensais, gastava tudo do jeito que bem entendia. Os preços eram verificados através de selos e somente quando cheguei em casa, percebi que esse cd triplo tinha saído pelo preço de duplo, pois estava, erroneamente, com apenas dois selos. Como tinha comprado uma quantidade razoável, não me senti culpado…

A partir desse álbum triplo pude ter um contato mais próximo com a obra orquestral de Ravel, pois até antes dele, só conhecia o Bolero e a orquestração para Quadros de uma Exposição de Mussorgsky. Aqui pude apreciar e me encantar à primeira audição, o que Stravinsky considerava uma das mais belas obras do século XX, o bailado Daphnis et Chloé, considerado por muitos sua obra-prima, uma verdadeira sinfonia coreográfica.

Fiquei igualmente extasiado ao ouvir, também pela primeira vez, a obra “neobarroca” Le Tombeau de Couperin e suas sutilezas orquestrais, é notório à todos a genialidade orquestral do compositor francês. Sem falar em uma das melodias mais lindas de todos os tempos, Pavane pour une infante défunte é sublime.

A chocante La Valse, com seus acordes dissonantes, foi encomendada por Diaghilev que acabou por não apreciá-la, recusando-se a chamar a obra de balé. Cinco anos depois Ravel, ainda magoado, recusou-se a apertar a mão de Diaghilev, o que motivou o russo a desafiá-lo a um duelo. Um episódio ridículo e evitado por muito pouco. Mais tarde Diaghilev viria a se retratar devido a persuasão de amigos comuns.

Francês de nascença, mas com descendência espanhola por parte de mãe, Ravel revela seu lado ibérico através de obras como Bolero, Rapsodie Espagnole e Alborada Del Gracioso.

Espero que apreciem e se encantem tanto quanto eu. Boa audição!

.oOo.

Maurice Ravel (1875-1937): Complete Orchestral Works (3 CDs) (Abbado)

CD1

1. BoleroTempo di Bolero moderato assai (14:26)

Rapsodie Espagnole
2. I. Prélude à la nuit: Très modéré (4:26)
3. II. Malagueña: Assez vif (2:03)
4. III. Habanera: Assez lent et d’un rythme las (2:41)
5. IV. Feria: Assez animé (6:00)

Ma Mère L’oye – Orchestral version
6. Prélude: Très lent (3:25)
7. 1er Tableau: Danse du rouet et scène – Allegro (3:32)
8. 2e Tableau: Pavane de la Belle au bois dormant – Lent – Allegro – Mouvement de Valse modéré (2:47)
9. 3e Tableau: Les entretiens de la Belle et de la Bête – Mouvement de Valse modéré (5:15)
10. 4e: Petit Poucet  – Très modéré (4:45)
11. 5e Tableau: Laideronnette, Impératrice des Pagodes – Mouvement de Marche – Allegro – Très modéré (4:48)
12. Apothéose: Le jardin féerique – Lent et Grave (3:43)

13. Pavane pour une infante défunteLent (6:37)

CD2

Daphnis et Chloé – Ballet en 3 parties (complete)

Première partie
1. Introduction. Lent – Entrent des jeunes gens – Très modéré (3:31)
2. Danse religieuse. Modéré (2:35)
3. Tout au fond – Chloé le rejoint – Un peu plus lent – Emotion douse (3:13)
4. Vif – Les jeunes filles attirent Daphnis (0:50)
5. A ce moment, elle est entraînée dans la danse des jeunes gens (0:56)
6. Danse générale – Beaucoup moins vif (0:43)
7. Vif – Plus modéré – Très modéré – Pesant – qui termine (2:37)
8. Assez lent – Tous invitent Daphnis – Vif (2:54)
9. Lent – Moins lent – Très libre (1:42)
10. Très modéré – Plus lent – 1er Mouvement (1:35)
11. Modérément animé – Au second plan – Un peu plus animé – Elle se jette – Très animé – Lent – Très agitè (1:35)
12. Modéré – La 2e Nymphe – La 3me Nymphe – Plus lent (1:54)
13. Lent et très souple de mesure – 1er Mouvement – Plus lent – 1er Mouvement – Peu à peu  (3:30)

Deuxième partie
14. Même mesure – Des appels de trompes – Une lueur sourde (2:52)
15. Animé et très rude – (Au camp des pirates) (2:00)
16. Un peu moins animé (1:54)
17. Très rude – Bryaxis lui ordonne – Modéré – Animé – Assez lent – Animé – Lent (3:31)
18. Assez animé – Le chef l’emporte (0:29)
19. Lent – Modére – Par endroits – Cà et là – Les chèvres-pieds (2:09)

Troisième partie
20. Lent – Peu à peu – Un autre berger – Entre un groupe (4:49)
21. Le vieux berger – Lent – Daphnis: Pan apparaît – Au Mouvement – Désepéré, il arrache (2:01)
22. Très lent – En animant toujours (4:08)
23. Lent – Animé – Lent – Animé (1:01)
24. Danse générale – Danse de Daphnis et Chloé – Danse de Dorcon (3:36)

Valses Nobles et Sentimentales
25. I. Modéré – très franc (1:18)
26. II. Assez lent – avec une expression intense (1:52)
27. III. Modéré (1:31)
28. IV. Assez animé (1:10)
29. V. Presque lent – dans un sentiment intime (0:59)
30. VI. Assez vif (0:43)
31. VII. Moins vif (2:53)
32. VIII. Épilogue (Lent) (3:15)

CD3

Le tombeau de Couperin – Orchestral version
1. I. Prélude: Vif (3:01)
2. II. Forlane: Allegretto (5:32)
3. III. Menuet: Allegro moderato (4:36)
4. IV. Rigaudon: Assez vif (3:03)

5. Alborada del GraciosoAssez vif (7:16)

6. Shéhérazade – Ouverture de féerie – Modéré (13:33)

7. Menuet Antique – for Orchestra – Maestoso (6:17)

8. Une barque sur l’océan – Très souple de rythme (7:15)

9. Fanfare from “L’Eventail de Jeanne”Allegro moderato (1:49)

10. La Valse – Choreographic poem, for Orchestra – Mouvement de valse viennoise (12:28)

London Symphony Orchestra
Claudio Abbado

CD 1 – BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE
CD 2 – BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE
CD 3 – BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Saudades de Abbado!

Marcelo Stravinsky

Maurice Ravel (1875 – 1937): Gaspard de la nuit, Valses nobles et sentimentales, Ma mère l’oye – Emanuel Ax (e Yoko Nazaki) ֍

Maurice Ravel (1875 – 1937): Gaspard de la nuit, Valses nobles et sentimentales, Ma mère l’oye – Emanuel Ax (e Yoko Nazaki) ֍

Maurice Ravel

Gaspard de la nuit

Valses nobles et sentimentales

Ma mère l’oye

Emanuel Ax, piano

Os melhores livros são os que emprestamos dos amigos. Foi assim, Maurice Ravel emprestou de seu amigo, o pianista Ricardo Viñes, um livro de poemas escrito por Aloysius Bertrand. As poesias são cheias de personagens fantásticos e de histórias de terror. Esse disco reúne peças que foram em parte inspiradas nessas histórias escritas em forma de poemas. O disco tem dois lados, assim como o famoso personagem do conto “O Médico e o Monstro” – Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

A primeira parte é a peça que leva o nome do livro, Gaspard de la nuit, com seus três movimentos: Ondine, Le Gibet e Scarbo. Esta peça é considerada a mais difícil da literatura de piano e superou Islamey, de Balakyrev, a campeã em dificuldade até então. Pois foi o pianista Ricardo Viñes o primeiro a interpretá-la. Para saber mais sobre essa peça, veja aqui.

O outro lado do disco é uma delícia que começa com as Valsas nobres e sentimentais, nas quais Ravel emula o mundo vienense de Schubert, mais do que o de Strauss. A edição da partitura para piano (há uma versão para orquestra) leva uma citação de Henri de Régnier: “… le plaisir délicieux et toujour nouveau d’une occupation inutile” (… o prazer delicioso e sempre novo de uma ocupação inútil) – o que remete à doce inutilidade de escrever postagens, claro, guardadas as devidas proporções.

A última peça volta a ser colorida por seres fantásticos, mas do mundo das histórias para crianças (de todas as idades). A suíte da Mamãe Gansa é uma verdadeira maravilha, nessa versão para piano a quatro mãos. Encante-se com o Pequeno Polegar, A Princesinha Chinesa, A Bela e a Fera, e com o apoteótico Jardim das Fadas.

O pianista aqui é o jovem Emanuel Ax, que em 1978 tinha 29 anos e havia vencido em Tel Aviv o primeiro Concurso Arthur Rubinstein, em 1974. Na suíte da Mamãe Gansa ele tem a companhia da pianista Yoko Nazaki. Eu gostei muito deste disco já vintage, mas ainda em excelente forma.

Maurice Ravel (1875-1937)

Gaspard de la Nuit, M. 55

  1. Ondine
  2. Le Gibet
  3. Scarbo

Valses nobles et sentimentales, M. 61

  1. Modéré, très franc
  2. Assez lent, avec une expression intense
  3. Modéré
  4. Assez animé
  5. Presque lent, dans un semtiment intime
  6. Vif
  7. Moins vif
  8. Épilogue. Lent

Ma mère l’oye, M. 60

  1. Pavane de la Belle au bois dormant. Lent
  2. Petit Poucet. Très modéré
  3. Laideronnette, Impératrice des pagodes. Mouvement de marche
  4. Les Entretiens de la Belle et de la Bête. Mouvement de valse très modéré
  5. Le Jardin féerique. Lent et grave

Emanuel Ax, piano

Yoko Nazaki (Ma mère l’oye)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 119 MB

Seção “The Book is on the Table”: Emmanuel Ax is of the same generation as Murray Perahia and shares many of his attributes. These recordings date from early in his career and demonstrate all the key elements of his style – subtlety of colouring, wonderful tonal control, long-breathed lines. A must for devotees of Ax and of piano playing!

Sometimes not the playing I would look for in an individual work, but always substantial pianism and mostly much better than that. The Ravel is very, very fine, which is not in the line of most of what he does. I can often hear him solving (successfully) problems that other pianists have with specific barriers.

Aproveite!

René Denon

Mais música boa aqui:

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

Fauré / Debussy / Ravel / Poulenc / Stravinsky: Música Francesa para Duo de Piano – Paul Lewis · Steven Osborne ֍

 

Maurice Ravel – Piano Concerto in G major, M. 83, Ballade in F sharp major op. 19 , Piano Concerto for the Left Hand in D major, M. 82 – Yuja Wang & Tonhalle-Orchester Zürich & Lionel Bringuier

Postagem de 2018, na época Yuja Wang vinha em um crescendo em sua carreira, e este CD da DG de 2015 foi muito elogiado na época. Hoje, com o nome já devidamente reconhecido e reverenciado, resolvi atualizar o link para que quem não a conheça possa admirar esse imenso talento que ainda vai nos trazer muitas alegrias. 

Outro nome do piano vindo das terras orientais, Yuja Wang é uma pianista centrada, apesar da louca vida que leva, viajando pelo mundo, mostrando seu imenso talento e virtuosismo. É muito intensa, irradia força e determinação com sua interpretação, encarando o desafio destas duas dificílimas peças com tranquilidade e muita, mas muita segurança.
O ótima Tonhalle-Orchester Zurich, dirigida pelo até então para mim desconhecido Leonel Bringuier faz sua parte com distinção e faz uma ótima parceria com Wang.
Por algum motivo desconhecido, estas duas peças apareceram pouco aqui no PQPBach, e até onde sei, todos amam Ravel. Vá entender.

01 Piano Concerto in G major, M. 83 – I. Allegramente – Andante – Tempo I
02 Piano Concerto in G major, M. 83 – II. Adagio assai
03 Piano Concerto in G major, M. 83 – III. Presto
04 Ballade in F sharp major op. 19 – Andante cantabile
05 Piano Concerto for the Left Hand in D major, M. 82 – I. Lento
06 Piano Concerto for the Left Hand in D major, M. 82 – II. Allegro
07 Piano Concerto for the Left Hand in D major, M. 82 – III. Tempo I

Yuja Wang – Piano
Tonhalle-Orchester Zürich
Leonel Bringuier – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 / Maurice Ravel (1875-1937): Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Anna Vinnitskaya

Este CD foi postado originalmente lá em 2018, muita água já passou por baixo da ponte, e como gosto dessa pianista, estou atualizando o Link. 

Vou fazer hoje uma postagem em ritmo acelerado, pois o tempo urge, e em menos de meia hora preciso sair para cumprir minha rotina diária de serviço. Mas antes vou dar aos senhores o prazer de ouvirem novamente este jovem talento, Anna Vinnistskaya, pianista russa nascida em 1983. Aqui ela encara dois dos grandes concertos para piano do século XX, o Segundo de Prokofiev e o em Sol Maior de Ravel. Duas obras primas indiscutíveis.

A moça está muito bem acompanhada aqui pela Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, dirigida por Gilbert Varga, filho de uma lenda do violino, Tibor Varga.

Espero que apreciem.

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 / Maurice Ravel (1875-1937): Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Anna Vinnitskaya

01. Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 -Andantino-Allegretto
02. Scherzo Vivace – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.
03. Intermezzo Allegro – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.
04. Allegro tempestoso – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.

05. Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Allegramente
06. Adagio assai
07. Presto

Anna Vinnistskaya – Piano
Deutsches Symphonie-Orchester Berlin
Gilbert Varga – Director

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP

European Choral Music: Eric Ericson, Coro da Rádio de Estocolmo & Coro de Câmara de Estocolmo (6 cds)

European Choral Music: Eric Ericson, Coro da Rádio de Estocolmo & Coro de Câmara de Estocolmo (6 cds)

Admiradores do canto coral, o post de hoje é para vocês. Nada mais, nada menos que uma caixa com 6 cds trazendo o crème de la crème do trabalho que o regente Eric Ericson desenvolveu ao longo de décadas à frente de dois coros na capital sueca: o Coro da Rádio de Estocolmo (hoje Coro da Rádio Sueca) e o Coro de Câmara de Estocolmo, fundado por ele.

Correndo o risco de soar exagerado, essa caixinha é o tipo de coisa que eu botaria na sonda Voyager para que os habitantes extraterrestres do cosmos soubessem que, apesar de ter dado um tanto errado como espécie, a humanidade teve seus momentos de extrema beleza, de uma verdade essencial. Um troço assim como aquele gol do Maradona contra os ingleses em 86, a Annunziata de Antonello da Messina ou o filé à francesa do Degrau.

Não sei bem explicar o porquê, tem alguma coisa na música coral que me pega fundo na alma. Talvez seja algo verdadeiramente animal, instintivo – nos sentimos tocados quando ouvimos nossos semelhantes emitindo sons em conjunto. As Paixões de Bach, a Nona de Beethoven, o Réquiem de Mozart, para ficar só em algumas das mais consagradas páginas do repertório de concerto, todas têm aquele(s) momento(s) em que o coro descortina sua avalanche sonora e a gente se agarra na cadeira, como que soterrado por tamanha beleza, tamanho feito humano. A voz humana tem esse poder, mexe com a gente, sei lá, em nível celular…

Pois esta caixinha de seis discos faz um voo panorâmico amplo, percorrendo mais de cinco séculos de música coral europeia: de Thomas Tallis (1505?-1585) a Krzystof Penderecki (1933-2020). Os seis discos são divididos em dois trios: os três primeiros levam o nome de Cinco Séculos de Música Coral Europeia e trazem obras de: Badings, Bartók, Brahms, Britten, Byrd, Castiglioni, Debussy, Dowland, Edlund, Gastoldi, Gesualdo, Ligeti, Martin, Monteverdi, Morley, Petrassi, Pizzetti, Poulenc, Ravel, Reger, Rossini, Schönberg, R. Strauss e Tallis. Os três restantes, por sua vez, são agrupados como Música Coral Virtuosa e o repertório consiste em Jolivet, Martin, Messiaen, Monteverdi, Dallapiccola, Penderecki, Pizzeti, Poulenc, Reger, R. Strauss e Werle.

Eric Ericson e György Ligeti

O texto de Michael Struck-Schloen sobre o repertório que integra o encarte é bem bom e vale a extensa transcrição, em livre tradução deste blogueiro:

Cinco séculos  de música coral europeia (cds 1 – 3)
A seleção estritamente pessoal de Ericson do vasto repertório de música coral europeia dos séculos XVI a XX para a lendária produção de 1978 da Electrola pode surpreender, a princípio, pelas muitas lacunas que contém. Não há nada da audaciosamente complexa música coral do Barroco Protestante, de Schütz a Bach, nem obras do início do período Romântico, quando grandes mestres como Schubert e Mendelssohn contribuíram para a era dourada da tradição coral burguesa. As obras desses discos não foram selecionadas tendo em mente uma completude enciclopédica, mas por sua flexibilidade e brilhantismo, por sua mistura de cores e suas características tonais gerais.

A riqueza e o desenvolvimento da tradição coral europeia são melhor iluminadas quando agrupamos as obras de acordo com sua procedência ao invés de seu período de composição. A música coral europeia foi profundamente influenciada desde o início pelo som e expressão específicos do idioma utilizado; e, no século XIX, as harmonias e ritmos típicos da música tradicional folclórica também começaram a desempenhar um papel importante. As Quatro Canções Folclóricas Eslovacas (1917) e as Canções Folclóricas Húngaras (1930), de Béla Bartók, demonstram bem essa tendência rumo a uma identificação nacional, bem como os primeiros coros Manhã Noite, de György Ligeti, escritos em 1955, um ano antes de ele escapar do regime comunista de sua Hungria natal.

Os quatro exemplos de música sacra a capella alemã incluídos aqui merecem o título dado por Brahms de Quatro Canções Séries já somente pela escolha do texto. Em uma de inflação tanto da intensidade expressiva como dos recursos musicais utilizados – como demonstrado por Paz na Terra (1907) de Schönberg e o Moteto Alemão (1913) de Richard Strauss para quatro solistas e coral de 16 vozes –, havia também um claro renascimento no interesse por antigos ideais composicionais e estilísticos. Assim, a esparsa ttécnica coral praticada por Schütz e seus contemporâneos foi a principal fonte de inspiração para os Motetos, op. 110 de Max Reger, trabalhando com textos biblicos (1909), ou para Fest-Gedenksprüche com que um Brahms de 56 anos de idade reconheceu a liberdade que a sua Hamburgo natal o concedeu.

A mais importante revolução na história da música vocal entre a Renascença e Schönberg foi a introdução na Itália, por volta de 1600, do canto solo dramático. Esse novo estilo, que atendia pelo despretensioso nome de “monodia”, pavimentou o caminho para o gênero inteiramente novo da ópera, e também diminuiu gradativamente a importância do coral de múltiplas vozes ao norte dos Alpes. Dessa forma, os madrigais de Gesualdo e Monteverdi, com suas harmonias distintas, são na verdade música solo em conjunto, fazendo deles terreno fértil para grupos vocais ágeis e esguios como o Coro de Câmara de Estocolmo. Enquanto as extravagantes Péchés de ma vieillesse de Rossini foram escritas para quarteto e octeto vocais, o quarteto desacompanhado teve que esperar até o século XX para ser redescoberto como um meio expressivo em si mesmo. Ildebrando Pizzeti faz uma referência deliberada ao contraponto renascentista em suas duas canções Sappho, de 1964, enquanto seu conterrâneo Goffredo Petrassi explora uma ampla gama de técnicas corais modernas, de glissandi ilustrativos ao caos dissonante, em seus corais Nonsense (publicados em 1952) baseados em versos de Edward Lear.

Em uma época em que uma carga expansiva e sobrecarregada de som era a ordem do dia no trabalho coral alemão, compositores franceses ofereceram narrativas caprichosas e a poesia colorida da natureza. As Trois Chansons (1915) de Maurice Ravel, com textos dele mesmo, são uma mistura cativante de atrevida sabedoria popular e engenhosa simplicidade, enquanto Debussy incorpora antigos textos franceses em uma linearidade arcaica em suas Trois Chansons de Charles d´Orléans (1904). As Chansons bretonnes do compositor holandês Henk Badings são brilhantes estudos vocais no idioma francês, enquanto os coros Ariel do grande compositor suíço Frank Martin são importantes estudos preliminares para sua ópera A Tempestade. Não bastassem esses belos trabalhos, é a cantata para 12 vozes A Figura Humana (1943), de Francis Poulenc, a obra-prima do grupo francês: oito complexos movimentos corais a partir de textos do poeta comunista francês Paul Eluards que são o grito pessoal de protesto do compositor contra a ocupação nazista na França.

A Itália não foi o único reduto da música vocal no limiar do Barroco: a Inglaterra também manteve um alto nível em seus diversos esplendorosos corais de catedrais e na exclusiva Capela Real em Londres. O grande Thomas Tallis e seu pupilo William Byrd foram ambos membros da Capela Real, e Tallis serviu sob nada menos que quatro monarcas: Henrique VIII, Eduardo VI, Maria I e Elizabeth I. Enquanto a fama de Tallis reside em sua música coral de ingenuidade contrapuntística e grande destreza técnica, Byrd e seu pupilo Thomas Morley possuíam um alcance mais amplo, escrevendo refinadas séries de madrigais em estilo italiano. Esses, ao lado das canções usualmente melancólicas de John Dowland (“Semper Dowland, semper dolens“), representam o florescer supremo da música vocal elizabetana. Após a música vocal inglesa atingir seu pico barroco com as obras de Henry Purcell, o “sceptrd` Isle” teve que esperar até o século XX com o compositor Benjamin Britten para renovar a bela tradição coral do país com peças como seu Hino para Santa Cecília (1942).

As obras do pós-guerra incluídas nessa seleção não se prestam a serem rotuladas em nenhum escaninho nacional. Elegi, do compositor e professor sueco Lars Edlund, a intrincada Lux aeterna (1966) para 16 vozes de György Ligeti e Gyro de Niccolò Castiglione representam a vanguarda internacional no período posterior à Segunda Guerra Mundial, em que estilos individuais contavam mais que escolas locais.

Música coral virtuosa (cds 4 – 6)
Música coral virtuosa: o título da lendária produção da Electrola lançada em 1978 não foi escolhido apenas para ressaltar a perfeição técnica de tirar o fôlego do Coro da Rádio de Estocolmo e de seu irmão, o Coro de Câmara de Estocolmo. O termo “virtuoso” também se aplica ao repertório gravado: as peças corais italianas do cd 4 são ampla evidência dos tesouros aguardando descoberta por alguém com ouvidos tão sensíveis como Eric Ericson.

A abertura aqui fica por conta de Claudio Monteverdi, cuja Sestina, de 1614, sobre a morte de uma soprano da corte de Mantua ergue o sarrafo no que se refere ao estilo vocal italiano e à riqueza harmônica. Como muitos compositores italianos do século XX, de Gian Francesco Malipiero a Luca Lombardi, Luigi Dallapiccola sentiu-se em dívida para com o novo e expressivo estilo vocal introduzido por Monteverdi. Os dois primeiros corais de seus Sei cori di Michelangelo il Giovane (1933-36) apresentam, em sagaz antítese, os coros das esposas infelizes (malmaritate) e o dos maridos infelizes (malammogliati). Mais heterogêneos em estilo são os três coros que Ildebrando Pizzetti dedicaram ao Papa Pio DII em 1943, para marcar seu 25º jubileu como sumo pontífice. O noturno no poema Cade la sera de D´Annunzio se desdobra em largos arcos que preenchem o espaço tonal, enquanto os textos bíblicos inspiram Pizzetti a um estilo mais arcaico e austero.

Lars Johan Werle, que chefiou por muitos anos o departamento de música de câmara da Rádio Sueca, apresentou um cartão de visitas em nome da música coral sueca contemporânea – que somente desenvolveu uma tradição autônoma sob a influência de Ericson e seus corais – com seus Prelúdios Náuticos de 1970. O compositor adorna a combinação do tratamento experimental das vozes com idéias precisas sobre articulação e a transformação do texto em música com expressões marítimas. Em contraste com este virtuoso estudo, Krzystof Penderecki escreveu seu Stabat Mater em 1962, no antigo estilo de música sacra funeral. O gênio altamente individual com que Penderecki procede da abertura com sinos em uníssono, atravessando uma intrincada polifonia tecida por três corais de 16 vozes, até o casto, luminoso acorde em puro ré maior do Gloria lhe renderam o status de um dos principais compositores jovens da Polônia na estreia de sua Paixão de São Lucas, em 1966, da qual o Stabat Mater faz parte.

Um dos focos das atividades dos dois corais, ao lado da música italiana de Gabrieli a Dallapiccola, sempre foi o repertório alemão a capella do Romantismo tardio, cujos antípodas característicos foram Max Reger e Richard Srauss. Enquanto Reger trabalhou para promover uma renovação da música litúrgica protestante no espírito de Bach, como fica evidente em seus Acht Gesänge (“Oito hinos”) de 1914, Strauss enxergava no coral de múltiplas vozes um equivalente vocal do grandioso entrelaçamento de seu estilo instrumental. Essa tendência da música coral de Strauss está documentada nessas duas peças, separadas por quase quatro décadas: sua adaptação para o poema Der Abend (“A noite”, de 1897), de Friedrich Schiller, e a caprichosamente ocasional Die Göttin im Putzzimmer (“A deusa no quarto de limpeza”), de 1935, com seus ecos da bucólica ópera Daphne, de Strauss.

Nessa jornada de descoberta ao longo da música coral europeia do século XX, é  sobre as obras-primas francesas de Poulanc e Jolivet, e particularmente de Messiaen e Martin, que os dois corais de Estocolmo lançaram uma nova luz. O espectro expressivo dos ciclos apresentados aqui é inegavelmente impressionante. Enquanto em 1936 – muito após o Grupo dos Seis ter rompido – Poulenc voltou mais uma vez à poesia de Apollinaire e Eluard em suas Sept chansons, André Jolivet combinou textos sacros egípcios, indianos, chineses, hebreus e gregos em seu Epithalame, escrito em 1953 para celebrar seu vigésimo aniversário de casamento de uma forma mística. Naquele mesmo 1936, Olivier Messiaen, então com 28 anos, juntou-se a Jolivet e Daniel Lesur para criar o grupo Jeune France (“França jovem”), mas logo partiria novamente em seu idiossincrático caminho, alternando entre catolicismo, técnicas avant-garde e uma filosofia totalizante da natureza. Em termos de conteúdo, os Cinq Rechants de Messiaen, ligados entre si por refrões (rechants), representam um homólogo vocal de sua Sinfonia Turangalîla, que parte da história de Tristão e Isolda para criar uma mitologia de amor, natureza e morte. Frank Martin, nascido em Genebra, por sua vez, considerou sua Missa (1922-6) como algo “que diz respeito apenas a mim e Deus”. É música de pureza espiritual e arcaica, cuja estreia Martin autorizou apenas quarenta anos depois de sua composição.”

 

Ericson em ação

Obs.: para não deixar esse post ainda mais comprido, a lista completa de movimentos, intérpretes e afins está fotografada, dentro do arquivo de download.

*******

Five centuries of European choral music

Disco 1
Johannes Brahms (1833-1897)
Fest. und Gedenksprüche, op. 109

Max Reger (1873-1916)
O Tod, wie bitter bist du, op 110/3

Arnold Schönberg (1874-1951)
Friede auf Erden, op. 13

Richard Strauss (1864-1949)
Deutsche Motette, op. 62

Lars Edlund (1922-2013)
Elegi

Béla Bartók (1881-1945)
Vier slowakische Volkslieder

Disco 2
Béla Bartók (1881-1945)
Ungarische Volkslieder

György Ligeti (1923-2006)
Morgen
Nacht
Lux aeterna

Carlo Gesualdo (1560?-1613)
Itene ò miei sospiri

Giovanni Gastoldi (ca. 1556-1622)
Amor vittorioso

Claudio Monteverdi (1567-1643)
Ecco mormorar l´onde

Gioachino Rossini (1792-1868)
I Gondolieri
Toast pour le nouvel an
La Passegiata

Goffredo Petrassi (1904-2003)
Nonsense

Ildebrando Pizzetti (1880-1968)
Due composizioni corali (Sappho)

Niccolò Castiglioni (1932-1996)
Gyro

Disco 3
Claude Debussy (1862-1918)
Trois Chansons de Charles d´Orléans

Henk Badings (1907-1987)
Trois Chansons brettones

Maurice Ravel (1875-1937)
Trois Chansons

Francis Poulenc (1899-1963)
Figure humaine

Frank Martin (1890-1974)
Ariel choirs from Shakespeare´s The Tempest

William Byrd (1543-1623)
This sweet and merry month

John Dowland (1563-1626)
What if I never speed

Thomas Morley (1557-1602)
Fire! Fire!

Thomas Tallis (1505?-1585)
Spem in alium

Benjamin Britten (1913-1976)
Hymn to St. Cecilia, op. 27

Virtuoso Choral Music

Disco 4

Claudio Monteverdi (1567-1643)
Sestina “Lagrime d´amante al sepolcro dell´amata”

Luigi Dallapiccola (1904-1975)
Sei cori di Michelangelo il Giovane

Ildebrando Pizzetti (1880-1968)
Tre composizioni corali

Lars Johan Werle (1926-2001)
Nautical Preludes

Krzysztof Penderecki (1933-2020)
Stabat Mater

Disco 5
Max Reger (1873-1916)
Acht geistliche Gesänge, op. 138
Ach, Herr, strafe mich nicht, op. 110 Nr. 2

Richard Strauss (1864-1949)
Die Göttin im Putzzimmer
Der Abend

Francis Poulenc (1899-1963)
Sept Chansons

Disco 6
André Jolivet (1905-1974)
Epithalame

Olivier Messiaen (1908-1993)
Cinq Rechants

Frank Martin (1890-1974)
Messe

Rundfunkchor Stockholm
Stockholmer Kammerchor
Eric Ericson, regência

BAIXE AQUI / DOWNLOAD HERE

O Coro da Rádio Sueca: alguém aí sabe pra que lado é a saída?

Karlheinz

Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Maurice Ravel (1875-1937) / Claude Debussy (1862-1918): Piano Concertos / Fantaisie for Piano & Orchestra (Kocsis / Fischer)

Vou ser claro: eu não gosto de Debussy. Claro que ouço com prazer a Suíte Bergamasque e as peças orquestrais La Mer e Nocturnes, mas aqueles prelúdios e coisinhas para piano… Aquelas brumas diáfanas… Olha, às vezes me parece que Debussy inventou a New Age, o gênero de música que serve para não ser ouvido; aquele que, quando termina, você nem se dá conta, pois não estava prestando nenhuma atenção mesmo!

Juntá-lo com Ravel parece óbvio para os fazedores de CDs, mas não para mim. Seus dois Concertos para Piano são notáveis. O Adagio Assai do primeiro é de morrer por ele! Eu amo Ravel! Então digo que — juro! — ouvi atentamente os dois concertos maravilhosamente interpretados pelo grande Zoltán Kocsis (1952–2016) e seu amigo Iván Fischer e não lembro nada, mas nada mesmo, da tal Fantasia. Vale (muito) pelo Ravel!

Ravel: Concertos para piano / Debussy: Fantasia para piano e orquestra

Piano Concerto in G Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:48
1. Allegramente Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:50
2. Adagio assai Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 8:14
3.Presto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 3:44

Piano Concerto for the left hand in D Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 17:38
4. Lento Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:45
5. Allegro Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56
6. Tempo I Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 4:56

Fantasy for piano and orchestra Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 19:51
7. Andante ma non troppo-Allegro giusto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:28
8. Lento e molto espressivo Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 7:06
9. Allegro molto Budapest Festival Orchestra, Iván Fischer & Zoltán Kocsis 6:16

Zoltán Kocsis, piano
Budapest Festival Orchestra
Iván Fischer

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Kocsis, uma amiga e o húngaro

PQP

Seiji Ozawa Matsumoto Festival 2021: Saito Kinen Orchestra & Charles Dutoit ֎

Seiji Ozawa Matsumoto Festival 2021: Saito Kinen Orchestra & Charles Dutoit ֎

Ravel – 組曲 マ・メール・ロワ

Debussy – 海

Debussy – 牧神の午後への前奏曲

Stravinsky – 火の鳥

 

Imagine que você viajou ao Japão e, como eu, não fala nem lê japonês. Pois eis que na chegada a mala foi parar em Kobe e você está em Kyoto para visitar os famosos templos e ver as flores das cerejeiras nos diversos jardins espalhados pela cidade. Seguindo na minha imaginação, você e eu não vivemos sem música e todos os seus gadgets de ouvir música ficaram na mala. Sem esperar que delírios e tremedeiras ataquem, você compra um mp3 player que já vem com fones de ouvido e acessa alguma plataforma de streaming. Como a imaginação é minha, tudo vai bem, mas o visor do danado do aparelho teima em mostrar tudo na língua local. Como escolher a música? Mesmo sem ser algum gênio, uma boa saída é a escolha de capas e o disco escolhido é este:

O programa você já viu no alto da postagem…

Como não há tempo a perder, ouça a música: que surge maravilhosa. Logo na primeira faixa, uma linda e sinuosa melodia numa orquestra que vai se revelando aos poucos – Ravel e a Suíte da Mamãe Gansa.

A orquestra foi regida pelo maestro Charles Dutoit e todos os procedimentos se deram sob os olhares atentos do mentor do festival, o maestro Seiji Ozawa.

Essa gravação ocorreu durante o período da pandemia e revela o amor das pessoas envolvidas pela música. Você poderá acessar um site que descreve o desenrolar da gravação, mas veja as primeiras linhas:

It has been 10 days since the 2021 Seiji Ozawa Matsumoto Festival announced the cancellation of all performances. The performance of the Orchestra Concert Program B and it’s recording, which Festival Director Seiji Ozawa, Saito Kinen Orchestra, and all the staff have put their heart and soul into, has finally come true today.

Charles em plena concentração musical

Veja o programa e a tradução que o nosso Chat PQP fêz…

  1. Ravel: 組曲《マ・メール・ロワ》-第1曲: 眠りの森の美女のパヴァーヌ (Live)
  2. Ravel: 組曲《マ・メール・ロワ》-第2曲: 一寸法師 (Live)
  3. Ravel: 組曲《マ・メール・ロワ》-第3曲: パゴダの女王レドロネット (Live)
  4. Ravel: 組曲《マ・メール・ロワ》-第4曲: 美女と野獣の対話 (Live)
  5. Ravel: 組曲《マ・メール・ロワ》-第5曲: 妖精の園 (Live)
  6. Debussy: 交響詩《海》 ―3つの交響的スケッチ-第1曲: 海の夜明けから正午まで (Live)
  7. Debussy: 交響詩《海》 ―3つの交響的スケッチ-第2曲: 波の戯れ (Live)
  8. Debussy: 交響詩《海》 ―3つの交響的スケッチ-第3曲: 風と海との対話 (Live)
  9. Debussy: 牧神の午後への前奏曲 (Live)
  10. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第1曲: 序奏 (Live)
  11. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第2曲: 火の鳥とその踊り (Live)
  12. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第3曲: 王女たちのロンド(ホロヴォート) (Live)
  13. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第4曲: カスチェイ王の魔の踊り (Live)
  14. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第5曲: 子守歌 (Live)
  15. Stravinsky: 《火の鳥》 組曲(1919年版)-第6曲: 終曲 (Live)

Maurice Ravel

  1. Suíte Mamãe Gansa – I. Pavane da Bela Adormecida
  2. Suíte Mamãe Gansa – II. Issun-boshi (O Pequeno Polegar, presume-se)
  3. Suíte Mamãe Gansa – III. Laidronette, Imperatriz das pagodas
  4. Suíte Mamãe Gansa – IV. Diálogos entre a Bela e a Fera
  5. Suíte Mamãe Gansa – V. O Jardim das Fadas

Claude Debussy

  1. Poema Sinfônico “O Mar”: Do amanhecer ao meio-dia no mar
  2. Poema Sinfônico “O Mar”: Jogo das Ondas
  3. Poema Sinfônico “O Mar”: Diálogo entre o Vento e o Mar
  4. Prelúdio à Tarde de um Fauno

Igor Stravinsky

  1. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) I. Introdução
  2. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) II. O Pássaro de Fogo e a sua Dança
  3. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) III. Rondó das Princesas
  4. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) IV. Dança Demoníaca do Rei Kashchei
  5. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) V. Canção de Ninar
  6. Suíte “O Pássaro de Fogo” (1919) VI. Música Final

Saito Kinen Orchestra

Charles Dutoit

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 301 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 182 MB

“Previously guest-conducting all over the world, in recent years, Ozawa stayed in his native Japan, where he established and led the Saito Kinen Festival, which was renamed the Seiji Ozawa Matsumoto Festival in his honor in 2015 — the same year when he was a Kennedy Center honoree.”

Stravinsky achou engraçadíssima a primeira tradução que o Chat PQP fez do nome da suíte de balé – O Pássaro de Fogo

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Nona Década (2021-) [Martha Argerich, 82 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-

Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.

Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.


Robert Alexander SCHUMANN
(1810-1856)
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso

Renaud Capuçon, violino

Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en-Provence (França) em 22 de abril de 2022.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Apesar de já não serem exatamente novidades, por circularem há algumas décadas entre pirat…, er, fãs incondicionais afeitos a compartilhar gravações não oficiais, os muitos registros ao vivo presentes nos oito volumes duplos lançados pelo selo Doremi ao longo do último ano são muito bem-vindos à discografia de Marthinha. Chamo atenção para as sonatas de Beethoven, particularmente sua elétrica – diria até demais! – leitura da “Waldstein” (volume 10) e uma belíssima interpretação da Op. 101 (vol. 11), que, até prova em contrário, são suas únicas para estas obras-primas; uma rara aparição do Concerto no. 3, aquele que ela menos toca entre os três  de Ludwig que estão em seu repertório, e que viria a gravar oficialmente só décadas mais tarde (vol. 9); um Rach 3 ainda menos comum, captado durante a brevíssima janela em que ela o tocou (vol. 13); e colaborações com regentes notáveis como Rafael Kubelík (vol. 13), Lorin Maazel (vol. 10), Claudio Abbado (vols. 10 e 11), além de Charles Dutoit – seu ex-marido, amigo e parceiro artístico de tantas décadas, que se faz presente na maior parte dos tomos dessa coleção, acompanhando Martha por toda parte.

Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro, ma non troppo

Orquestra Sinfónica del SODRE
Charles Dutoit, regência

Gravado em Montevideo (Uruguai) em 14 de junho de 1969

Robert SCHUMANN
Toccata em Dó maior para piano, Op. 7
4 – Allegro

Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17
5 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen. Im Legenden-Ton
6 – Mäßig. Durchaus energisch
7 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
9 – Presto con fuoco

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 6 de setembro de 1966

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
10 – Prélude
11 – Allemande
12 – Courante
13 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
14 – Bourrée I & II
15 – Gigue

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
16 – So rasch wie möglich
17 – Andantino
18 – Scherzo
19 – Rondo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
20 – Très doux

Franz LISZT
Das Harmonies poétiques et religieuses para piano, S. 173:
21 – No. 7: Funérailles

Fryderyk CHOPIN
Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
22 – Allegretto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41:
23 – No. 4 em Lá bemol maior

Das Três mazurcas para piano, Op. 63:
24 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 33:
25 – No. 2 em Ré maior

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
26 – Presto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
27 – No. 2 em Dó maior

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 8 de setembro de 1967

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice
3 – Allegro con fuoco

Göteborgs Symfoniker
Charles Dutoit, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 27 de outubro de 1972

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Česká Filharmonie
Václav Neumann, regência

Gravado em München (Alemanha Ocidental) em 29 de março de 1971

Ludwig van BEETHOVEN
Das Três sonatas para piano, Op. 10:
No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Minuet. Allegro
10 – Rondo. Allegro

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
11 – Allegro moderato
12 – Sostenuto e pesante
13 – Allegro molto

Fryderyk CHOPIN
Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28
14 – No. 1  em Dó maior
15 – No. 2 em Lá menor
16 – No. 3 em Sol maior
17 – No. 4 em Mi menor
18 – No. 5 em Ré maior
19 – No. 6 em Si menor
20 – No. 7 em Lá maior
21 – No. 8 em Fá sustenido menor
22 – No. 9 em Mi maior
23 – No. 10 em Dó sustenido menor
24 – No. 11 em Si maior
25 – No. 12 em Sol sustenido menor
26 – No. 13 em Fá sustenido maior
27 – No. 14 em Mi bemol menor
28 – No. 15 em Ré bemol maior
29 – No. 16 em Si bemol menor
30 – No. 17 em Lá bemol maior
31 – No. 18: em Fá menor
32 – No. 19 em Mi bemol maior
33 – No. 20 em Dó menor
34 – No. 21 em Si bemol maior
35 – No. 22 em Sol menor
36 – No. 23 em Fá maior
37 – No. 24 em Ré menor

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
38 – Sonata em Ré menor, K. 141

Fryderyk CHOPIN
Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
39 – No. 2 em Fá menor

Gravado em Tokyo (Japão) em 8 de junho de 1976

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó menor, Op. 37
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Lausanne (Suíça) em 17 de outubro de 1973

Fryderyk CHOPIN
Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 41:
4 – No. 1 em Dó sustenido menor

Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
5 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 24:
6 – No. 2 em Dó maior

Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
7 – Andantino

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
8 – Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
9 – Allegro tempestoso

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
10 – Très doux

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 2 e 3 de dezembro de 1967

Fryderyk CHOPIN
Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
11 – No. 1 em Dó menor

Gravado em Warszawa (Polônia), durante o VII Concurso Internacional Chopin (fevereiro e março de 1965)


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
11 – Allegro tempestoso

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
12 – Allegro maestoso
13 – Scherzo. Molto vivace
14 – Largo
15 – Finale. Presto non tanto

Gravado em Ludwigsburg (Alemanha Ocidental) em 1° de abril de 1967

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
1 – Allegro con brio
2 – Introduzione. Adagio molto
3 – Rondo. Allegretto moderato – Prestissimo

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
4 – Allegro maestoso
5 – Scherzo. Molto vivace
6 – Largo
7 – Finale. Presto non tanto

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Das Estampes para piano, L. 100:
8 – No. 3: Jardins sous la pluie

Gravado em Tokyo (Japão) em 4 de outubro de 1970

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
9 – Allegramente
10 – Adagio assai
11 – Presto

Radio-Sinfonieorchester Stuttgart
Peter Maag, regência

Gravado em Stuttgart (Alemanha Ocidental) em 10 de outubro de 1969


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Radio-Sinfonieorchester Berlin
Lorin Maazel, regência

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 1972

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
4 – Andante
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro, ma non troppo

Orchestre National de la Radiodiffusion Française
Claudio Abbado, regência

Gravado na França em 7 de dezembro de 1967

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de abril de 1973

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo: Allegro scherzando

Česká Filharmonie
Claudio Abbado,
regência

Gravado em Salzburg (Áustria) em 4 de agosto de 1971

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

4 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

NDR Symphonieorchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburg (Alemanha Ocidental) em 8 de novembro de 1971

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 35
5 – Grave. Doppio movimento
6 – Scherzo
7 – Marche funèbre: Lento
8 – Finale: Presto

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 2 de outubro de 1974


Johann Sebastian BACH
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
1 – Prélude
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
5 – Bourrée I & II
6 – Gigue

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
7 – Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
8 – Lebhaft. Marschmäßig
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Robert SCHUMANN
Kinderszenen, para piano, Op. 15
11 – Von fremden Ländern und Menschen – Kuriose Geschichte – Hasche-Mann – Bittendes Kind – Glückes genug – Wichtige Begebenheit – Träumerei – Am Kamin – Ritter vom Steckenpferd – Fast zu ernst – Fürchtenmachen – Kind im Einschlummern – Der Dichter spricht

Gravado em Veneza (Itália) em 10 de fevereiro de 1969

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano em Lá maior, K. 310
12 – Allegro maestoso
13 – Andante cantabile con espressione
14 – Presto

Gravado em Colônia (Alemanha Ocidental) em 8 de setembro de 1960

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21
1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace

Detroit Symphony Orchestra
Klaus Tennstedt, regência

Gravado em Detroit (Estados Unidos) em 9 de fevereiro de 1978

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Orchestre de l’Office de Radiodiffusion-Télévision Française
Charles Dutoit,
regência

Gravado em Paris (França) em 6 de setembro de 1973

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

7 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

Göteborgs Symfoniker
Norman del Mar, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 18 de março de 1971


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
7 – Allegro inquieto
8 – Andante caloroso
9 – Precipitato

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
10 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
11 – Presto con fuoco

Fryderyk CHOPIN
12 – Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante para piano, Op. 22

Giuseppe Domenico SCARLATTI
(1685-1757)
13 – Sonata em Ré menor, K. 141

Gravado em Toronto (Canadá) em 3 de novembro de 1978

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Wolfgang Amadeus MOZART
Concerto para piano e orquestra no. 25 em Dó maior, K. 503
1 – Allegro Maestoso
2 – Andante
3 – Allegretto

New York Philharmonic
Rafael Kubelík, regência

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de fevereiro de 1978

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30
4 – Allegro ma non tanto
5 – Intermezzo. Adagio
6 – Finale. Alla breve

Hannover Rundfunk Symphonieorchester
Bernhardt Klee, regência

Gravado em Hannover (Alemanha Ocidental) em 14 de junho de 1979


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Fryderyk CHOPIN

Dos Dois noturnos para piano, Op. 27:
11 – No. 2 em Ré bemol maior

.Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
12 – Presto con fuoco

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
13 – Ondine
14 – Le gibet
15 – Scarbo

Gravado em Saarbrücken (Alemanha Ocidental) em 14 de abril de 1972

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo. Allegro scherzando

NDR Orchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburgo (Alemanha Ocidental) em 23 de agosto de 1976

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
4 – Allegro non troppo e molto maestoso
5 – Andantino semplice
6 – Allegro con fuoco

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Génève (Suíça) em 24 de outubro de 1973

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
7 – Très doux

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
8 – Sonata em Ré menor, K. 141


Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
1 – Allegro moderato
2 – Sostenuto e pesante
3 – Allegro molto

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
4 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
5 – Ondine
6 – Le gibet
7 – Scarbo

Fryderyk CHOPIN
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
9 – No. 1 em Dó menor

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
10 – Presto con fuoco

Gravado em Zürich (Suíça) em 9 de outubro de 1977

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


“Siri com Toddy”, diriam alguns, ao verem o lépido trio de Haydn pareado com o demoníaco Concerto no. 3 de Prokofiev, ambos gravados durante participações da Rainha no Festival de Verbier. Mas quem pode reclamar, quando o Haydn é tão lindamente tocado, e o Prokofiev vem num dos melhores registros desta que é, há décadas, uma de suas mais magmáticas intérpretes?

Joseph HAYDN (1732-1809)
Trio para piano, violino e violoncelo no. 39 em Sol maior, Hob.XV:25
1 – Andante
2 – Poco adagio
3 – Rondo all’Ongarese (Presto)

Vadim Repin, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Verbier (Suíça) em 27 de julho de 2000

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 30
4 – Andante – Allegro
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro ma non troppo

Verbier Festival Orchestra
Yuri Temirkanov, 
regência

Gravado em Verbier em 20 de julho de 2001

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Falando em reclamar, chegou a minha vez: reconheço os méritos da longa carreira e extraordinária vida de Ivry Gitlis, mas não me conto entre seus fãs como intérprete. Martha, aparentemente, nunca ligou para minha opinião desimportante (no que age muito bem), e foi muito amiga do violinista israelense, a quem acompanhou em muitos recitais, excertos dos quais apareceram nesse volume duplo e meio mal ajambrado da Doremi. Só porque sou implicante, incluí somente as faixas com participação da Rainha – se os aficionados por Gitlis me xingarem o bastante nos comentários, talvez eu lhes traga, algum dia, as faixas que arbitrariamente limei.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para violino e piano no. 18 em Sol maior, K. 301
1 – Allegro con spirito
2 – Allegro

Ludwig van BEETHOVEN
Da Sonata para violino e piano em Fá maior, Op. 24, “Primavera”:
3 – Rondo

Gravado em Lugano (Suíça) em 14 de junho de 2006

Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

Friedrich (“Fritz”) KREISLER (1875-1962)
7 – Liebesleid

Gravado em Lugano em 7 de junho de 2003

Claude DEBUSSY
Sonata para violino e piano em Sol menor, L.
140
8 – Allegro vivo
9 – Fantasque et léger
10 – Finale. Très animé

Gravado em Lugano em 24 de junho de 2004

Fritz KREISLER
11 – Schön Rosmarin
12 – Liebesleid

Gravado em Verbier (Suíça) em 24 de julho de 2004

Fritz KREISLER
13 – Schön Rosmarin
14 – Schön Rosmarin (com Shonosuke Okura, tsuzumi)

Gravado em Lugano em 19 de junho de 2011

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


A já longa recusa a tocar solo, tanto nos palcos quanto nos estúdios, naturalmente direcionou Marthinha para rumos e repertórios novos como camerista. Suas participações em festivais, em especial o de Lugano, costumam trazer surpresas, entre as quais poucas poderiam ser mais obscuras que o duo pianístico Bilder aus Osten (“Quadros do Oriente”) de Schumann, aqui num arranjo do clarinetista Mark Denemark, e a seleção de peças de Bruch para piano, clarinete e viola (tocada por Lyda, a filha mais velha da Diva) que encerra o disco a seguir.

Robert SCHUMANN
Bilder aus Osten, para piano a quatro mãos, Op. 66
(arranjo de Mark Denemark para piano, clarinete, viola e violoncelo)
1 – Lebhaft
2 – Nicht schnell und sehr gesangvoll zu spielen
3 – Im Volkston
4 – Nicht schnell ‘Chanson Orientale’
5 – Lebhaft
6 – Reuig andächtig

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola
Mark Drobinsky, violoncelo

Gravado em Lugano (Suíça) em 16 de junho de 2007

Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)
Das Oito peças para clarinete, viola e piano, Op. 83:
7 – No. 5: Rumänische Melodie: Andante
8 – No. 6: Nachtgesang: Andante con moto
9 – No. 7: Allegro vivace, ma non troppo
10 – No. 8: Moderato

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola

Gravado em Lugano em 25 de junho de 2009

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


A um só tempo celebração dos noventa anos de Rodion Shchedrin e um bom apanhado geral de sua fascinante e multifacetada obra, a compilação a seguir, que reúne gravações ao vivo em diversas edições do Festival de Verbier, nos faz ouvir Martha e seu amicíssimo ex-vizinho Mischa Maisky no Concerto Duplo para violoncelo e piano – a única obra de Shchedrin que tem em seu repertório -, além duma minigaláxia de celebridades musicais que inclui o próprio compositor, um excelente pianista.

Rodion Konstantinovich SHCHEDRIN (1932)
Concerto duplo para piano, violoncelo e orquestra, “Oferenda Romântica”
1 – Moderato quasi andantino
2 – Allegro
3 – Sostenuto assai

Mischa Maisky, violoncelo
Verbier Festival Orchestra
Neeme Järvi,
regência

Gravado em Verbier (Suíça) em 30 de julho de 2012

Antigas Melodias Tradicionais Russas, para violoncelo e piano
4 – Lento un poco rubato
5 – Allegro, ma non troppo
6 – Maestoso
7 – Adagietto
8 – Moderato

Rodion Shchedrin, piano
Sol Gabetta, violoncelo

Duetos Românticos, para piano a quatro mãos
9 – Andante cantabile
10 – Allegro sotto voce
11 – Maestoso con moto
12 – Allegretto moderato, a la gypsy
13 – Allegro, ma non troppo
14 – Andante recitando
15 – (Coda) Prestissimo

Rodion Shchedrin e Roland Pöntinen, piano

16 – Concerto no. 1 para orquestra, ‘Tschastuschi’

Verbier Festival Orchestra
Mikhail Pletnev, 
regência

Improvisos para piano, “Páginas sem Arte”
17 – No. 1, Romantic Etude (Staccato-Etude)
18 – No. 2, Unforgettable Micaëla
19 – No. 3, Music to Chekhov’s Play
20 – No. 4, The Tsar’s Cortege
21 – No. 5, Aria
22 – No. 6, Reminiscenses of Old-Age Romances…
23 – No. 7, The Politician Speaks … !

Yuja Wang, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Um dos veios mais belos e imutáveis da personalidade de Martha é a generosidade com que ela acolhe, prestigia e promove jovens artistas. A suíça Maria Solozobova tinha um pouco mais da metade da idade da Rainha quando tornou-se sua parceira de duo e, como quase sempre acontece com quem dela se aproxima, também sua amiga. O relato seguinte de Maria, parte duma entrevista a uma agência russa, é puro suco de Argerich:

“Nos conhecemos por acaso. As estrelas deviam estar alinhadas, ou algo assim. Certa vez, dei um concerto com a Orquestra Filarmônica do Sul da Alemanha em Konstanz e um amigo nosso, um advogado, me apresentou a uma jovem pianista nos bastidores. Ele disse que precisávamos nos conhecer, pois ela era uma ótima artista. Essa pessoa era Cristina Marton-Argerich, que é casada com o sobrinho de Martha. Cristina e eu imediatamente nos tornamos amigas e começamos a tocar juntas e isso acabou me levando a conhecer Martha. (…) não é fácil conhecer uma artista do calibre de Martha, então pedi a Cristina para me apresentar a ela. Na época, o festival de Martha ainda acontecia em Lugano, então fui para lá e, depois de nos apresentarmos, decidimos nos encontrar e tocar algumas peças juntas, por pura diversão, em casa. Nos encontramos então na casa dela em Genebra [para tocar] a sonata de Franck. Há uma história quanto a esse encontro: fiquei presa em um engarrafamento e cheguei duas horas atrasada. Martha é uma pessoa muito fora do comum: ela quase nunca atende o telefone, então ela me esperou na rua – quer dizer, ela ficou ali o tempo todo, mulher pequena e frágil que ela é. Fiquei terrivelmente envergonhada, pois mal nos conhecíamos na época e ainda não tínhamos nos tornado amigas. Quando tocamos a peça juntas pela primeira vez, parecia tão natural que mal pude acreditar. Nós a executamos perfeitamente do começo ao fim na primeira tentativa, e então ela disse: ‘Vamos para a cozinha comer algumas guloseimas’. Fiquei sem palavras e não pude deixar de perguntar: ‘Podemos tocar mais uma vez?’ Ela se virou e perguntou: ‘Para quê?’ Fiquei novamente sem palavras, mas rapidamente pensei na resposta: ‘Não poderíamos… Só por prazer?’. Martha é muito brincalhona. Ela é tão efervescente, e tem esse olhar brilhante, especial. Ela me olhou bem e disse “Tudo bem”, e tocamos pela segunda vez, de uma forma completamente diferente! Foi incrível, e eu realmente adorei. Ela sente a música tão profundamente, duma maneira tão colorida… As palavras não podem expressar o quão bom foi. Você realmente tem que experimentar para entender”.

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
1 –  Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Finale. Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a
4 – Moderato
5 – Scherzo. Presto
6 – Andante
7 – Allegro con brio

Maria Solozobova, violino

Gravado em Zürich (Suíça) em 23 de dezembro de 2014

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Acolher jovens como Solozobova não significa, para Martha, deixar de lado seus velhos parceiros na Música. O mais antigo deles é seu conterrâneo Daniel Barenboim, que ela conhece desde os tempos em que ambos eram as mais famosas crianças-prodígio de Buenos Aires.  A gravação a seguir, lançada pelo selo Peral, do próprio Barenboim, não poderia trazer Martha em situação mais confortável: o No. 2 de Beethoven, que ela tocaria de olhos vendados, na companhia de Daniel, com uma orquestra idealizada e burilada pelo próprio ao longo de algumas décadas, e no mesmo venerando palco do Teatro Colón em que ela estreara incríveis… sessenta e seis anos antes!

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

West-Eastern Divan Orchestra
Daniel Barenboim, regência

Gravado no Teatro Colón em Buenos Aires (Argentina), julho de 2015

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Encerrando nosso tributo anual à deusa maior do piano, o Concerto no. 2 de Beethoven volta, pareado com outro cavalo de batalha de Martha: o Concerto em Sol de Ravel, do qual legou à eternidade a gravação para mim definitiva com Abbado, e que ela toca aqui na companhia de seu mais novo queridinho, o israelense Lahav Shani. Shani tem colaborado estreitamente com a Rainha (e talvez tanto quanto denote a ilustração da capa do álbum, que os torna um só ser bicéfalo), ora como pianista, ora frente a Filarmônica de Israel, do qual é atualmente o diretor musical. Cinquenta inacreditáveis anos separam essas duas leituras de Ravel, e é assombroso como a passagem do tempo só se faz notar pela engenharia de som, pois ninguém o diria pela agilidade, elã e consumada arte de Marthinha ao teclado.

Feliz cumple, Reina – e que nunca pares de nos encantar ❤

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Gravado em Tel Aviv (Israel) em 22 de dezembro de 2019

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
4 – Allegramente
5 – Adagio assai
6 – Presto

Gravado em Tel Aviv em 24 e 27 de dezembro de 2019

Israel Philharmonic
Lahav Shani, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE



Ampliar o repertório depois dos oitenta anos? Sim, se tu és Marthinha: ei-la tocando pela primeira vez em público o pouquíssimo conhecido Souvenir de Paganini, um memento musical composto por Chopin aos 19 anos, instigado por um concerto do célebre violinista em Varsóvia.

Vassily

Cécile Ousset, piano – Liszt: Sonata em si menor e “Études d’exécution transcendante d’après Paganini” / Ravel: “Concerto em Sol”, “Concerto para mão Esquerda” e obras para piano solo.

Cécile Ousset, piano – Liszt: Sonata em si menor e “Études d’exécution transcendante d’après Paganini” / Ravel: “Concerto em Sol”, “Concerto para mão Esquerda” e obras para piano solo.
Cécile Ousset, pianista francesa, nascida em Tarbes, França, 1936.

Cécile Ousset é destas pianistas com imensa verve e domínio técnico. De forma generosa e incansável, ao longo da carreira, entregou-se ao lapidar da interpretação – às novas percepções e possibilidades… E o fez com cuidados de ourivesaria, tanto no repertório solo, quanto nas massas sonoras e grandiloquência dos concertos com orquestra…

Neste sentido, as bases da “escola russa”, realizada com Marcel Ciampi, em Paris, final dos anos 40, lhe proporcionaram vigor e aguçado controle técnico. De resto, personalidade artística e sensibilidade se agregaram à paixão e originalidade…

No “concurso Queen Elizabeth”, 1956, vencido por Vladimir Ashkenazy, a pianista francesa, então com 20 anos, obteve 4° lugar, quem sabe, posição desconfortável para quem almejasse carreira internacional. Mas, se pensarmos que Lazar Berman e Tamas Vasary ficaram em 5ª e 6ª colocação, temos ideia do nível daquela competição e dimensão da jovem musicista…

Prodígio musical, Cécile Ousset ingressou no “Conservatório de Paris” aos 10 anos e estudou com o pianista Marcel Ciampi, que havia orientado Hephzibah e Yaltah Menuhin… A pianista recordou a pedagogia de Ciampi: “baseada na ‘escola russa’, não na francesa. E o método, modelado em Anton Rubinstein, com ênfase em dedos fortes e ombros livres, para garantir precisão e ‘peso de braço’… Quando Ciampi percebeu meus dedos curvados, no clássico estilo francês, ficou horrorizado”. E mudou tudo…

Arthur Rubinstein, pianista polonês (1887-1982)

A estreia profissional ocorreu na “salle Gaveau”, Paris, organizada por Arthur Rubinstein, ninguém menos, impressionado com a musicalidade e potencial da pianista. Membro do júri, no concurso “Marguerite Long – Jacques Thibaud”, de 1953, o polonês ficou descontente com o 4° lugar obtido por Cécile Ousset, então, com 17 anos… E a opinião de Rubinstein, neste caso, foi premiação maior que qualquer classificação…

Finalmente, Cécile Ousset obteria 2° lugar no concurso “Busoni”, 1959, sem vencedor em 1° lugar… E ainda perseguida pelo número quatro, outra 4ª colocação, no concurso “van Cliburn”, 1962, mas sempre entre primeiros colocados… Tais competições eram e continuam sendo vitrines a projetar solistas e dar início à carreiras internacionais…

A projeção artística de Ousset foi gradual. A partir dos anos 80, após substituir Martha Argerich no “Festival de Edimburgo”, Escócia, os convites aumentaram consideravelmente… E suas gravações ofereciam conjunto soberbo, onde destacavam-se autores românticos e repertório francês…

Cécile Ousset, notável pianista, especialmente, no repertório romântico e francês.

Entre público e crítica, em geral, há diversidade de opiniões e muita controvérsia… Mas, Cécile Ousset convida e conduz o ouvinte, seduzindo-o através do fraseado, ritmo e sonoridades – com toque intenso, busca densidade e encantamento. Os registros de “Alborada del Gracioso” ou “Une barque sur l’océan”, de Ravel, são preciosos… E sua discografia oferece fidelidade estilística, beleza e prazer. “The Musical Times” referiu-se como “pianista estimulante, pelas sonoridades robustas e virtuosismo incontestável”, mas que ia além, “ao buscar cor e clareza”…

Se pensarmos que sensorialidade e emotividade controlam o toque… E que leitura e técnica, passo a passo, descortinam efeitos sonoros e expressivos que resultam na concepção poética e musical… Então, imagine-se os desafios e possibilidades estéticas contidas em grandes obras musicais…

“Entre os mais notáveis pianistas da atualidade” – “Financial Times”.

Assim, o pianismo de Ousset é um mundo sonoro a descobrir e encantar-se. E não por acaso, trabalhou com regentes do porte de Simon Rattle – a quem profetizou “brilhante carreira”, em 1985; além de Ghünther Herbig, Rudolf Barshai e Neville Marriner… E com Kurt Masur e a “Gewandhausorchester”, de Leipzig, obteve “Gran prix du Disque” da “Académie Charles Cros”, de Paris, com “2° concerto para Piano”, de Brahms…

Clareza e originalidade emergem de obras amplamente conhecidas, com renovado interesse, como “La campanella”, de Liszt; ou “Impromptu” op. 31 n°2, de Fauré. Mas, sobretudo, em obras de fôlego e alto romantismo, como na “Sonata em si menor”, de Liszt; “2ª Ballada” e sonata “Marcha fúnebre”, de Chopin; ou nas desafiantes “Variações sobre tema de Paganini”, de Brahms, revela-se intérprete soberana…

Capítulo especial ocupa a música francesa, em gravações integrais de Debussy e Ravel… Na imensa riqueza harmônica e variedades de cores e nuances, de “Ce qu’a vu le vent d’ouest”, “Poisson d’or” e “Feux d’Artifice”, de Debussy; ou de “Jeux d’eau”, “Le tombeau de Couperin” e “Valses nobles et sentimentales”, de Ravel…

Também realizou notáveis performances em concertos para piano, marcadas pelo diálogo intenso com os conjuntos orquestrais e pelas sonoridades exuberantes do piano, expertises da “escola russa”, em Tchaikowsky, Grieg, Rachmaninov, Poulenc e Prokofiev; além de peculiar leitura das “33 Variações sobre valsa de Diabelli”, de Beethoven… 

Yaltah Menuhin, pianista e poetisa, irmã caçula de Yehudi e Hephzibah Menuhin (1962).

Vocacionada para docência, a partir de 1984, ofereceu “Master Classes” anuais, na vila medieval de Puycelsi, França. E ministrou cursos nos USA, Canadá, Europa, Austrália e extremo Oriente, além de integrar júri em grandes competições, como “van Cliburn”, “Rubinstein”, “Leeds” e “Queen Elisabeth”…

Pela contribuição artística, tornou-se patrona honorária do “Yaltah Menuhin Memorial Fund”, sediado na Holanda, em apoio à jovens músicos… Por fim, problemas de saúde levaram Cécile Ousset encerrar apresentações públicas, em 2006. Atualmente, conta 87 anos, com relevantes discografia e trajetória musical…

Download no PQP Bach

Cécile Ousset deixou belíssimo legado e ganhou abrangente edição da “Warner Classics” – Box com 16 CDs, excetuando-se o “2° concerto para Piano”, de Brahms, com Kurt Masur, que não integra a coleção…

Capa da “Warner Classics”, Box 16 CDs, com acervo completo de Cécile Ousset.

Para download no PQP Bach, seguem três CDs:

  • CD 07, com obras de Franz Liszt – “Sonata em si menor” e “6 Études d’exécucion transcendante d’après Paganini”, piano solo

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

  • CD 13, com obras de Maurice Ravel – “Valses nobles et sentimentales”, “Jeux d’eau”, “Menuet sur le nom de Haydn”, “Sonatine”, “Pavane pour une infante Défunte”, “Mirroirs”, piano solo…
  • CD 16, com obras de Maurice Ravel – “Concerto em Sol” e “Concerto para mão Esquerda”, para piano e orquestra, com “Birminghan Symphony Orchestra”, direção de Simon Rattle; e suíte “Le tombeau de Couperin”, piano solo…

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Sugerimos também:

1. Áudio youtube “EMI classics” – Claude Debussy, “Images, Book 2” – I. “Cloches à travers les feuilles”; II. “Et la lune descend sur le temple qui fut”; III. “Poissons d’or”, com Cécile Ousset…

2. Áudio youtube “EMI classics” – Francis Poulenc, “Concerto para Piano”, Cécile Ousset com a “Bournemouth Symphony Orchestra”, direção Rudolf Barshai… 

Movimentos: I. “Allegretto” – II. “Andante con moto” – III. “Rondeau à la Française”

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

“Nesta edição, nossa gratidão e homenagem às mulheres!”

“Dia Internacional da Mulher, 08/03/2023”

Alex DeLarge

Adès / J. S. Bach / Barber / Brahms / Couperin / Händel / Ligeti / Rameau / Ravel: Time Traveler’s Suite – Inon Barnatan, piano ֍

Adès / J. S. Bach / Barber / Brahms / Couperin / Händel / Ligeti / Rameau / Ravel: Time Traveler’s Suite – Inon Barnatan, piano ֍

 

Time Traveler’s Suite

Inon Barnatan

 

 

 

Este interessantíssimo disco para piano solo é interpretado pelo estreante aqui no blog (pelo menos como solista) – Inon Barnatan – distingue-se por seu programa não usual.

Sala de gravação do disco…

O título, Time Traveler’s Suite (Suíte do Viajante do Tempo), indica que teremos uma sequência de peças – talvez inspiradas em danças – mas que foram colecionadas ao longo de uma jornada, não linear, no tempo.

Pode parecer estranho, peças de períodos diferentes e compositores diferentes, colocadas uma depois da outra, mas o resultado é surpreendente, gostei de ouvir todo o disco. A viagem começa na geração dos compositores que nasceram em 1685 com uma das Toccatas de Bach, seguida de uma deliciosa Allemande da Quinta Suíte de Handel. A próxima parada da nave-ampulheta de Inon é em Paris, com o ponteiro ainda marcando um passado mais distante. Duas peças dos grandes compositores franceses para teclado – uma Courante de Rameau e de François Couperin a peça chamada Atalanta.

Depois desses mestres do barroco, Barnatan regula seu ponteiro para avançar até o século XX, chegando a uma das composições de Ravel – o Rigaudon da sua suíte Tombeau de Couperin, que ele escreveu durante a Primeira Guerra tanto para reverenciar o seu colega antecessor como para homenagear os amigos cujas vidas foram perdidas na guerra.

Inon avistou de sua escotilha a TARDIS, do Dr. Who…

A viagem segue e a próxima parada é na Londres de nossos dias – composição de Thomas Adès, Blanca Variations, uma espetacular peça para piano de uns seis minutos que é a um tempo inovadora, com sonoridades belíssimas, mas que também tem um olhar voltado para a música do passado. E depois disso, vamos com o pianista até a Hungria da metade do século XX, agora com duas peças de um conjunto composto por György Ligeti, chamado Musica Ricercata. Aqui ouvimos as Décima e Décima Primeira peças, mas em ordem retrógrada. Essa diversidade toda evidencia a técnica e as habilidades ao piano de Inon Barnatan. E como a última peça de Ligeti é compatível com a próxima parada, agora a Fuga composta como último movimento da Sonata para Piano que Samuel Barber compôs para o pedido de Volodya Horowitz, o mais virtuoso dos pianistas.

Para terminar a viagem e o programa, o pianista escolheu a integral das Variações Handel, de Brahms, outro compositor que reverenciava a música do passado.

O disco é recente e a produção é excelente!

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Toccata in E minor, BWV914
  1. Toccata

George Frideric Handel (1685 – 1759)

Suite em mi maior, HWV 430 – ‘The Harmonious Blacksmith’
  1. Allemande

Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)

Suíte em lá menor das “Nouvelles suites de pièces de clavecin (c1729–30)”
  1. Courante

François Couperin (1668 – 1733)

Pièces de clavecin II: Ordre 12ème em mi maior
  1. L’Atalante

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Le Tombeau de Couperin
  1. Rigaudon. Assez vif “Piere & Pascal Gaudin”

Thomas Adès (nascido em 1971)

Blanca Variations
  1. Variações

György Ligeti (1923 – 2006)

Musica Ricercata
  1. 11, Andante misurato e tranquillo “Girolamo Frescobaldi”
  2. 10, Vivace. Capriccioso

Samuel Barber (1910 – 1981)

Sonata para Piano, Op. 26
  1. Fuga. Allegro con spirito

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Variações e Fuga sobre um tema de Handel, Op. 24
  1. Variações e Fuga

Inon Barnatan, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 194 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 148 MB

Inon Barnatan

On his third PENTATONE album Time Traveler’s Suite, pianist Inon Barnatan redefines our notions of the suite by taking us on a journey through time and space, from Baroque pieces by Bach, Handel, Rameau and Couperin to more recent works by Ravel, Barber, Adès and Ligeti. The program culminates in Brahms’s ingenious Variations and Fugue on a Theme by Handel. Inon Barnatan is one of the most admired pianists of his generation (New York Times). His complete recordings of Beethoven’s piano concertos together with the Academy of St Martin in the Fields and Alan Gilbert were released on PENTATONE in 2019 and 2020.

Barnatan plays with delightful alertness of phrasing and his ornamentation is sublimely executed. Some musical transitions work better than others, and I did wonder whether all of the Baroque works needed to be bunched at the start…Still, I love the concept, and anything that can so effectively and seamlessly bring old and new together is very welcome. BBC Music Magazine

Barnatan is palpably in his element [in the Barber], with a real clarity to his thinking and a whole range of colours and shadings from the most delicate pianissimos to stomping fortissimos…Barnatan is utterly at home in the midst of counterpoint. He’s beautifully recorded too. A winner! Gramophone

Aproveite!

René Denon

Inon chegando para mais uma seção de gravação…

Claude Debussy: The Composer as Pianist – Debussy por ele mesmo [com participações especiais de Maurice Ravel e grande elenco] #DEBUSSY160

Ao encerrarmos esse jubileu de Debussy, nada mais natural que o próprio moço dê as caras por aqui para celebrar conosco, mesmo que seja só para apagar as luzes. Claude, afinal, deixou-nos um diminuto, mas historicamente inestimável legado fonográfico, que passaremos a compartilhar sem muitas delongas.

As delongas: além de quatro gravações acústicas de 1904, acompanhando ao piano a soprano escocesa Mary Garden (a primeira Mélisande), e que também encontrarão no disco a seguir, a discografia de Debussy como intérprete também inclui seis rolos registrados em Paris pelo processo Welte-Mignon (WM), com um total de quatorze peças:

WM 2733: Children’s Corner (a suíte completa);
WM 2734: D’un cahier d’esquisses;
WM 2735: La Soirée dans Grenade (de Estampes);
WM 2736: La plus que lente;
WM 2738: Danseuses de Delphes, La Cathédrale engloutie, La Danse de Puck (do primeiro livro de Préludes);
WM 2739: Le Vent dans la plaine, Minstrels (também do primeiro livro de Préludes).

Tais gravações, que datam provavelmente do final de 1912 ou do início de 1913, foram feitas para a firma alemã M. Welte & Söhne de Freiburg. Desde a primeira metade do século XIX, os Welte já se debruçavam sobre a criação e construção de instrumentos musicais automatizados e, na alvorada do século XX, já ofereciam alternativas ao limitado fonógrafo para a gravação e reprodução de música ao piano. Esmiuçar o funcionamento dessas complicadas engenhocas e discutir suas vantagens em relação às relativamente populares – e pouco acuradas – pianolas de então é algo que aumentaria por demais nossas já volumosas delongas, pelo que remeto aqueles entre vós outros que desejem saber mais delas para este vídeo em alemão, sem legendas em outros idiomas, mas suficientemente eloquente em sua dissecção dos aparatos WM.


Um fantasmagórico recital: “La plus que lente”, pelo próprio Debussy, tocada por um piano Steinway-Welte a partir de um dos rolos gravados em 1913.

Tampouco cabem em nossas delongas as muitas reservas que os conhecedores têm para com a capacidade do sistema Welte de registrar e reproduzir fidedignamente algo tão inefável e rico em nuances como uma interpretação ao piano. Fascinado que sou pelo simples privilégio de escutar algo muito parecido, inda que não idêntico, à concepção de um mestre da Música acerca da própria obra, admito minha incapacidade de lhe ser muito. Por isso, enquanto os convido a evitarem anacronismos e a entenderem essas palavras dentro da devida perspectiva – no caso, os registros distorcidos e cheio de estalidos dos fonógrafos de então -, penso que aqui caiba o depoimento do próprio Claude-Achille, sempre um crítico incansável de si, de tudo e de todos, depois de ouvir a reprodução de seus próprios rolos feitos para a M. Welte & Söhne:

 É impossível alcançar perfeição maior na reprodução [de música] do que com o aparato Welte. O que escutei maravilhou-me, e afirmo-o alegremente nessas poucas linhas”

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)

Dos Prelúdios para piano, livro 1, L. 117:
1 – No. 1: Danseuses de Delphes
2 – No. 10: La cathédrale engloutie
3 – No. 11: La danse de Puck
4 – No. 12: Minstrels
5 – No. 3: Le vent dans la plaine

La plus que lente, valsa para piano, L. 121
6 – Lent (molto rubato con morbidezza)

De Estampes, para piano, L. 100:
7 – No. 2: La soirée dans Grenade

Children’s Corner, suíte para piano, L. 113
8 – Doctor Gradus ad Parnassum
9 – Jimbo’s Lullaby
10 – Serenade for the Doll
11 – The Snow is Dancing
12 – The Little Shepherd
13- Golliwog’s Cake Walk

D’un cahier d’esquisses, para piano, L. 99
14 – Très lent

Claude Debussy, piano Welte-Mignon

Gravado pelo processo Welte para M. Welte & Söhne, entre 1912-1913

De Pelléas et Mélisande, ópera em cinco atos, L. 88:
15 – Mes longs cheveux

Das Ariettes oubliées, ciclo de canções para voz e piano, L. 60:
16 – Green
17 – L’ombre des Arbres
18 – Il pleure dans mon coeur

Mary Garden, soprano
Claude Debussy, piano

Gravação fonográfica de 1904 para a Gramophone & Typewriter Co.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Ainda dentro das delongas, posso afirmar que há muito mais discussões – e textos, e tratados – acerca da relação pessoal e artística entre Claude Debussy e Maurice Ravel do que cabe nessa paupérrima postagem de moi. Se eles certamente nunca foram amigos, também é óbvio que mantiveram uma admiração artística mútua. Claude-Achille, e isso também é claro, não a demonstrou tão explicitamente quanto Maurice, que considerava Debussy “o gênio mais fenomenal da Música Francesa” e declarou que seu maior desejo seria “morrer delicadamente embalado pelo suave e voluptuoso colo do Prélude à l’après-midi d’un Faune” – o que não o impediu de também afirmar que, se pudesse, reorquestraria La Mer inteirinho!

Embora ambos tenham estudado piano no Conservatório de Paris, seus rumos ao teclado foram muito diferentes: Debussy poderia ter sido concertista se não desleixasse tanto seus estudos, e no final da vida ganhou alguns muito necessários francos editando o dedilhado de composições de Chopin para as Éditions Durand; Ravel, por sua vez, não deu ao instrumento, como intérprete, a mesma atenção que lhe dedicaria como compositor, criando algumas das mais suntuosas peças de seu repertório. Depois de ganhar um primeiro prêmio de piano em seus primeiros anos no Conservatório de Paris, suas pretensões tecladísticas  perderam pujança e, salvo algumas recaídas – como a intenção de estrear ele próprio seu Concerto em Sol, tarefa de que acabou depois incumbindo a Marguerite Long, limitando-se a reger a orquestra em sua estreia -, ele nunca mais as alimentou. Não obstante, os Deutsche Marken da M. Welte & Söhne, ainda atraentes em 1913, no limiar da Grande Guerra, conseguiram convencê-lo a gravar-lhe alguns rolos, que ouvirão a seguir. Completa o disco a única gravação legítima de Ravel como regente, uma realização do Boléro pra lá de esquisita, e que muitos ouvintes já chamaram de incompetente. Ainda que o próprio compositor tenha desdenhado a obra, dando-lhe de ombros no melhor estilo gálico e chamando-a de “dezessete minutos inteiramente de tecido orquestral sem música, apenas um crescendo muito longo e gradual”, surpreende que ele tenha escolhido gravá-la com a orquestra Lamoureux logo depois – algumas fontes afirmam que foi um só dia depois – de Piero Coppola fazer a primeira de todas suas gravações, com a Grand Orchestre Symphonique du Gramophone, na presença do compositor. Quem sempre quis achar um calcanhar de Aquiles na armadura do genial Maurice, bem, terá talvez um prato transbordante na última faixa.

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)

Valses Nobles et Sentimentales, para piano
1 – Modéré, très franc
2 – Assez lent, avec une expression intense
3 – Modéré – Assez animé
4 – Presque lent, dans un sentiment intime
5 – Vif
6 – Moins vif
7 – Epilogue: Lent

Da Sonatine para piano:
8 – Modéré
9 – Mouvement de Menuet

De Miroirs, para piano:
10 – No. 2: Oiseaux tristes
11 – No. 5: La vallée des cloches

Pavane pour une infante défunte, para piano
12 – Assez doux, mais d’une sonorité large

Maurice Ravel, piano
Gravadas em Paris pelo processo Welte-Mignon, 1913 (faixas 1-9), e em Londres pelo processo Duo-Art, 1922 (10-12)

Boléro, para orquestra
13 – Tempo di bolero moderato assai

Orchestre Lamoureux
Maurice Ravel, regência
Gravado em Paris em janeiro de 1930

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Igor Stravinsky, que viveu até a década de 70 e nos pode, por isso, parecer por demais contemporâneo, entra nesse nosso rolê não só por também ter gravado rolos, mas também por ter sido amigo de Debussy, como inequivocamente atestam tanto a dedicatória da terceira peça da suíte En Blanc et Noir (“À mon ami Igor Stravinsky”) quanto a fotografia a seguir, tirada no apartamento de Claude-Achille em 1910:

Nossos agradecimentos ao fotógrafo, Erik Satie (!)

O maniacamente incansável Stravinsky, que tanto cartaz fizera durante a Belle Époque com suas partituras para os Ballets Russes de Diaghilev, tentou durante os anos 20 uma carreira como compositor-virtuose, parindo intrincadas peças para exibir-se, e que, por isso mesmo, relutava em levar à prensa e ao conhecimento de potenciais rivais. Curioso e multiúso que era, interessou-se pelos pianos automáticos a ponto de compor uma peça, incompatível com mãos humanas, especificamente para a pianola, e a gravar algumas de suas composições para concorrentes da M. Welte & Söhne: a parisiense Pleyel (que lançou uma pianola chamada, sem surpresa e criatividade, Pleyela) e a nova-iorquina Aeolian, patenteadora do processo Duo-Art, que viria a se tornar o mais popular de todos. No disco a seguir, ouvem-se as realizações de alguns dos milhares de rolos do imenso acervo do australiano Denis Condon (1933-2012), hoje albergado pela Universidade Stanford, com Stravinsky tocando a duas mãos sua Sonata de 1924 e depois, a quatro (por sobregravação, naturalmente), uma redução de seu Concerto para piano e sopros e outra de seu mais bem-sucedido balé, O Pássaro de Fogo.

Igor Feodorovich STRAVINSKY (1882-1971)

Sonata para piano (1924)
1 – ♩=112
2 – Adagietto
3 – ♩= 112

Do Concerto para piano e sopros (redução para piano a quatro mãos do próprio compositor):
4 – Largo

5 – “O Pássaro de Fogo”, balé completo (redução para piano do próprio compositor)

Igor Stravinsky, piano

Gravado pelo processo Welte-Mignon em 1925

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


O catalão Ricard Viñes (1875-1943) foi contemporâneo de Ravel e Alfred Cortot nas classes de piano no Conservatório de Paris e participa de nossa homenagem a Debussy por muito bons motivos. Afinal, intérprete de muito sucesso e grande amigo de Claude-Achille, teve importância fundamental para que muitas de suas composições para o teclado obtivessem a atenção do público parisiense. Assim como Ravel (e, por um breve período, Stravinsky), Viñes foi membro muito ativo do célebre grupo Les Apaches, uma confraria de músicos dedicada à apresentação de novas composições e, sobretudo, à discussão e promoção de novas ideias musicais, e o principal responsável pela interlocução entre o grupo e Debussy, que, mais velho e um tanto blasé, tanto inspirava os Apaches quanto desdenhava os rumos que escolhiam.

Falando em desdém, Viñes – um homem extremamente vaidoso que adorava atenção e chuvas de confetes – nunca se interessou pela solidão dos estúdios e pelo então novo e bastante bizarro afã do processo de gravação. Somente no final da carreira rendeu-se ao dinheiro da HMV/His Master’s Voice e gravou a seleção a seguir, curiosa pelo repertório, que inclui peças de compositores sul-americanos muito pouco conhecidos. O que torna o disco impagável, no entanto, é o depoimento do pianista a Henri Malherbe, por ocasião do vigésimo aniversário do falecimento de Debussy (1938), e que tentei transcrever e traduzir do francês, mantendo seu tom coloquial (as repetidas referências a “Claude Debussy”, por exemplo, estão todas presentes no original):

Como posso falar de Claude Debussy, meu querido Henri Malherbe? Em primeiro lugar, não sou falante e, em segundo lugar, embora viva em Paris desde a minha infância, ainda tenho um leve sotaque espanhol do qual nunca consegui me livrar e, em terceiro lugar, tenho inúmeras lembranças de Claude Debussy, e não sei quais devo escolher dentre todas as que fluem em minha mente. Mas não posso recusar o pedido que você fez, caro amigo, para recordar e honrar a memória daquele glorioso músico cuja morte ocorreu há vinte anos, a quem eu tanto amava e a quem admirava mais do que a qualquer outro. Sou muito orgulhoso e eternamente grato a Claude Debussy por ele ter me escolhido para tocar as primeiras apresentações de quase todas as obras que ele escreveu para piano. Fui por muitos anos seu intérprete oficial, era conhecido como amigo e confidente de Claude Debussy. Ele me pediu para fazer as primeiras apresentações públicas de Prélude, Sarabande et Toccata, Pagodes, Jardins sous la pluie, La soirée dans Grenade, Masques, L’isle joyeuse, Reflets dans l’eau, Hommage à Rameau, Mouvement, Cloche à travers les feuilles, Et la lune descend sur le temple qui fut, Poissons d’or, etc. Esta última peça, Poissons d’or, foi até dedicada a mim. Fiquei ainda mais emocionado com a honra porque Claude Debussy nunca havia dedicado qualquer de suas obras a um pianista.

Uma noite, Debussy e Mme. Debussy me convidaram para jantar. Eu podia ver que ele estava agitado, envergonhado, e gesticulando para sua esposa. Ele era um amigo encantador, mas terrivelmente difícil de se conviver. Esperava uma reprimenda amigável, e aguardava com alguma apreensão o que ia acontecer, mas Debussy sentou-se ao piano e começou a tocar, no seu estilo flexível e aveludado, Poissons d’or. Então ele me contou, rindo-se, que a havia dedicado a mim. Agradeci, tomado de emoção. O único outro pianista a quem ele concedera essa distinção foi Chopin, a cuja memória ele dedicou uma coleção de peças para piano.

Claude Debussy era bastante inspirador, com sua cabeça grande, rosto magnificamente feio, sua testa estranha e saliente à maneira de Verlaine, e seus olhos felinos intimidantes olhando para você de baixo, com seu olhar bastante irônico e ambíguo. Essa imagem romântica lembrava algum condottière, ou se me permite a ousadia de dizer, algum ilustre bandoleiro calabrês.

Havia algo em Debussy – e mais de dois terços de sua obra testemunham isso -, algo mágico, algo extraordinariamente encantador, diáfano dizia-se, que vinha de outro mundo. A arte de Debussy era casada com os poderes da alma, como Stanislas Fumet afirmou sobre o Romantismo. Esse casamento místico dá à música de Claude Debussy seu caráter mais misterioso, essa nota de estranheza poética, que a tornava algo irreal, um antessabor do paraíso, se assim posso dizer, e um potencial de emoção persuasiva.

E não pense que Debussy fosse, de forma alguma, pesado ou austero. Em certos momentos, ele conseguia se divertir como criança.”


 Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)

1 – Sonata em Ré maior, K. 29 (L. 461)

Christoph Willibald GLUCK (1714-1787)
Arranjo para piano de Johannes Brahms (1833-1897)
De Iphigénie en Aulide, Wq. 40
2 – Gavotte

Manuel BLANCAFORT de Roselló (1897-1987)
De El parc d’atraccions:
4 – L’orgue dels cavallets
5 – Polca de l’equilibrista

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Das Doce Piezas Características, Op. 92:
5 – No. 12: Torre Bermeja. Serenata.

Joaquín TURINA Pérez (1882-1949)
De Cuentos de España, Historia en siete cuadros, para piano, Op. 20:
6 – No. 3: Miramar (Valencia)
7 – No. 4: Dans les Jardins de Murcia

Claude DEBUSSY
De Estampes, para piano, L. 100:
8 – No. 2: La soirée dans Grenade

De Images, livro II, L. 111:
9 – No. 3: Poissons d’Or

Aleksandr Porfiryevich BORODIN (1833-1887)
10 – Scherzo em Lá bemol maior para piano

Isaac ALBÉNIZ
De Cantos de España, Op. 232:
11 – No. 2: Oriental
12 – No. 5: Seguidillas

Da Suite Española no. 1, Op. 47:
13 – Granada – Serenata

Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)
De El Amor Brujo:
14 – Calmo e Misterioso – El Aparecido
15 – Danza del Terror
16 – El Círculo Mágico (Romance del Pescador)
17 – A Medianoche: Los Sortilegios
18 – Danza Ritual del Fuego

Isaac ALBÉNIZ
De Deux Morceaux Caractéristiques, Op. 164:
19 – No. 2: Tango

20 – Célèbre Sérénade Espagnole, Op. 181

Pedro Humberto ALLENDE (1885-1959)
21-22 – Dos Tonadas De Carácter Popular Chileno

Carlos Félix LÓPEZ BUCHARDO (1881-1948)
23 – Bailecito

Cayetano TROIANI (1873-1942)
De Ritmos argentinos, para piano:
24 – No. 5: Milonga

25 – Ricard Viñes fala de Claude Debussy (1938)

FAIXAS-BÔNUS:

Claude DEBUSSY
De Images, livro I, L. 110:
No. 2: Hommage à Rameau (incompleto, compassos 31-76)

Dos Douze Études para piano, L. 136:
No. 10: Pour les sonorités opposées (incompleto, compassos 31-75)

Ricard Viñes, piano

BÔNUS:

Enrique Granados (1867-1916) foi contemporâneo de Debussy e sua trajetória não tangenciou a do francês, a despeito de alguns anos passados em Paris, onde teve aulas privadas de piano, e do interesse comum pela música espanhola (que para Granados era paixão nativa, e para Debussy, inspiração tão exótica como a do gamelão indonésio que famosamente escutou na Exposição Universal de 1889). Ainda assim, decidi incluí-lo na homenagem a Claude-Achille, não só porque ele tinha um bigode tão frondoso quanto o do seu contemporâneo Viñes, ou por respeito a seu fim tão trágico, vitimado por um naufrágio decorrente dum torpedo alemão no Canal da Mancha. Granados aqui está, sobretudo, porque sua música é excelente, suas gravações são supimpas, e porque no disco a seguir os leitores-ouvintes poderão comparar a mesma composição – uma sonata de Scarlatti – gravada por Pantaléon Enrique tanto pelo processo Welte-Mignon quanto pelo fonógrafo, o que lhes permitirá (ou, pelo menos, assim espero) tirarem suas próprias conclusões acerca da capacidade do WM de registrar acuradamente as intenções do intérprete.

Pantaleón Enrique Joaquín GRANADOS Campiña (1867-1916)

De Goyescas, Los Majos Enamorados, suíte para piano, Op. 11:
1 – No. 1: Los requiebros
2 – No. 2: Coloquio en la reja, duo de amor
3 – No. 3: El fandango de candil
4 – No. 4: Quejas, o La maja y el ruiseñor

Das Doce Danzas españolas para piano, Op. 37:
5 – No. 5: Andaluza
6 – No. 7: Valenciana
7 – No. 10: Melancólica

8 – Ocho Valses Poéticos para piano

Domenico SCARLATTI
Arranjo de Enrique GRANADOS

Sonata para piano no. 9 em Sol menor, DLR VI:1.9 (arranjo da Sonata K. 190/ L. 250 de Scarlatti)

9 – Gravação pelo processo Welte-Mignon
10 – Gravação acústica

Enrique Granados, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Vassily

Maurice Ravel (1875-1937) – Concertos para Piano: em Sol e para a Mão Esquerda, Pavane, La Valse (Svetlanov, USSR SSO)

Aluno de Gabriel Fauré, Maurice Ravel teve um difícil início de carreira como compositor: tirando Fauré que sempre o apoiou, a maior parte do mundo acadêmico desprezava o seu estilo. No começo do século XX, ele precisava se defender das acusações de ser uma mera cópia de seu amigo Claude Debussy: entre outros argumentos, ele explicava que obras como Jeux d’eau (1901) usavam inovações que só apareceriam nas obras do amigo uns anos depois (Images, Préludes).

Em 1900, Ravel (3º em pé) ainda usava bigode. Não tão grande quanto o de Fauré (sentado ao piano)

Mas após as mortes de Debussy (1918), Saint-Saëns (1922) e de Fauré (1924), Ravel finalmente foi reconhecido como o maior compositor vivo na França e talvez no mundo: uma turnê nos EUA em 1928 iria aumentar seu renome e sua conta bancária. Nessa época, ele escreveria mais para orquestra, o que não era o caso do jovem da década de 1900 que dificilmente encontraria uma orquestra disponível para suas obras.

Os dois concertos para piano surgem após a turnê americana e são fortemente influenciados pelo jazz. E La Valse, concebida como um balé mas mais comumente apresentada sem dança, é ao mesmo tempo uma homenagem e uma paródia das grandes valsas orquestrais vienenses.

Os frequentadores deste blog devem ter visto eu e o nosso líder PQP incensarmos o maestro Evgeny Svetlanov (1928-2002) em suas gravações de repertório do início do século XX: Debussy, Scriabin, Mahler… E nos momentos mais dançantes de Ravel, Svetlanov e sua orquestra soviética dão um show novamente impressionam. A gravação do Concerto em Sol – em 1959 com Yakov Zak, vencedor do Concurso Chopin de 1937 – tem o som um pouco mais abafado, mas as outras gravações são mais recentes, anos 1970-80, com um rico colorido orquestral.

Svetlanov (1928-2002)

Maurice Ravel (1875-1937):
1-3. Concerto para Piano em Sol maior:
I. Allegramente
II. Adagio assai
III. Presto
Yakov Zak, USSR State Academic Symphony Orchestra, Evgeny Svetlanov (Recorded 1959)

4. Concerto para Piano para a mão esquerda, em Ré maior
Alexander Slobodyanik, USSR State Academic Symphony Orchestra, V. Verbitsky (Recorded 1978)

5. Pavane pour une infante défunte
6. La valse, poème chorégraphique pour orchestre
USSR State Academic Symphony Orchestra, Evgeny Svetlanov (Recorded 1975, 1982)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ravel de cabelos brancos e sem bigode

Pleyel

Bizet, Ravel e outros: Fatma Said – El Nour

The young Egyptian soprano Fatma Said, praised for the luminosity and rich colours of her voice, makes her recording debut for Warner Classics with El Nour. Her enticing and absorbing recital programme crosses cultures, combining art songs by French, Spanish and Egyptian composers with Egyptian folk songs and popular songs from the Middle East. As she explains, “‘El Nour’ in Arabic means ‘the light’, and this album sheds light on how music that has been interpreted many times can be perceived in a different light. The idea is to connect three cultures – Arabic, French and Spanish – and to show how much, despite cultural, geographical and historical differences, they have in common when it comes to music”.

Assim nos é apresentado no site da Amazon esse belíssimo CD de estréia da jovem soprano egípcia Fatma Said junto a gravadora Warner. O repertório explora Ravel, Berlioz, até mesmo o poeta espanhol Federico Garcia Lorca, além de compositores egípcios e canções do folclore egípcio, sempre com muita sensibilidade e competência. Não busco com frequência discos com recitais com destaque para voz humana, mas tive de me render ao talento natural de Fatma Said. Ela interpreta com naturalidade um repertório difícil e bem diverso, em uma mistura étnico-cultural. Canta em francês, em espanhol e em sua língua natal, o árabe.

Infelizmente não obtive maiores informações sobre o CD, nem no site da própria gravadora. Não tem um livreto. Em seu site oficial (www.fatmasaid.com) ficamos sabendo que sua agenda tem sido bem extensa, com recitais em diversos teatros pela Europa e Estados Unidos, e uma aclamada apresentação em uma recente encenação da ‘Flauta Mágica’, de Mozart, em Milão.

Espero que apreciem. Logo trarei o novo CD da moça, outro primor.

01. Ravel Shéhérazade, M. 17_ I. Asie
02. Ravel Shéhérazade, M. 17_ II. La flûte enchantée
03. Ravel Shéhérazade, M. 17_ III. L’indifférent
04. Falla Tus ojillos negros
05. Serrano La canción del olvido No. 2, Canción de Marinela
06. Obradors 2 Cantares populares No. 2, Del cabello más sutil
07. Berlioz Zaïde, H. 107, Op. 19
08. GaubertLe repos en Égypte
09. Lorca 13 Canciones españolas antiguas No. 1, Anda jaleo
10. Lorca 13 Canciones españolas antiguas No. 6, Sevillanas del siglo XVIII
11. Lorca 13 Canciones españolas antiguas No. 8, Nana de Sevilla
12. Abd al-Rahīm Ana Bent El Sultan
13. Bizet Adieux de l’hôtesse arabe, WD 72
14. Aatini Al Naya Wa Ghanni
15. El Helwa Di
16. Sahar El Layali (Kan Enna Tahoun)
17. Yamama Beida

Malcolm Martineau – Piano (1-3, 7-8, 12-13)
Rafael Aguirre – Guitar (4-6, 9-11)
Burcu Karadağ – Ney (2, 13-17)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP

Alexander Scriabin (1872-1915): Estudos, Prelúdios, Poemas, Sonatas 9-10 para piano (Sofronitsky, Gilels)

Edição ricamente ornamentada de algumas obras curtas de Scriabin em Leipzig, 1925

“A arte é um vinho maravilhoso.”
Alexander Scriabin, citado por Boris de Schloezer

Hoje em dia a música de Scriabin faz parte do repertório de pianistas de várias origens e estilos: aqui no blog já tivemos a obra do russo por Marc-André Hamelin, Stephen Coombs, Valentina Lisitsa, Yuja Wang, Martha Argerich, Nelson Freire… Mas em meados do século passado, aquele compositor era uma especialidade dos soviéticos e russos emigrados, com bem poucos pianistas de outros países se aventurando em suas obras: uma das raras exceções era o alemão Walter Gieseking.

Hoje, então, vamos trazer dois dos grandes russos que se tornaram referência na interpretação de Scriabin. Além da relevância pela arte pianística, selecionei esses dois discos ao vivo por estarem entre as gravações com melhor qualidade e menos ruído.

Vladimir Sofronitsky (São Petersburgo, 1901 – Moscou 1961) foi colega de classe de Dmitri Shostakovitch, e de Elena Scriabina, a filha mais velha de Scriabin, com quem ele se casaria em 1920. Aliás Elena, já viúva, aparece no documentário Horowitz in Moscow, de 1986

Por sua vez, Emil Gilels (Odessa, 1916 – Moscou, 1985) foi um dos maiores intérpretes de Beethoven de sua geração, mas também tinha algumas obras de Scriabin – estudos e sonatas do jovem Scriabin e os últimos prelúdios, op.74, compostos em 1914 – sempre reaparecendo nos seus recitais, como esse de 1980 diante de um público inglês que provavelmente conhecia pouco sobre aquele compositor.

Sviatoslav Richter e Emil Gilels viam Sofronitsky como um importante mentor. Uma vez, em estado alcoolizado, Sofronitsky teria dito que Richter era um gênio. Em troca, Richter brindou e disse que Sofronitsky era um deus.

Abaixo, a tradução de dois textos sobre Scriabin, um de um escritor francês e o outro de uma pianista russa:

Além de três sinfonias, dois poemas sinfônicos, um concerto e das Sonatas nº 1 e nº 3, todas as outras obras de Scriabin não chegam a quinze minutos de duração… Além disso, a maior parte das suas cerca de duzentas peças para piano – como Chopin, Scriabin escreverá abundantemente para piano – não duram mais do que dois ou três minutos. Se a música de muitos de seus contemporâneos é prolixa, Scriabin age ao contrário, obcecado pela economia de meios e pela densidade máxima a ser dada ao material musical. Uma lição também aprendida com Chopin.

Assim como para o músico polonês, o piano de Scriabin é um mundo fechado e autossuficiente, onde ele respira livremente. Chopin e sua profunda influência – Scriabin retomará grande parte de seus gêneros, prelúdios, estudos, impromptus, mazurkas, noturnos – muitas vezes nos fazem esquecer sua verdadeira personalidade, essa espécie de graça lânguida e sonhadora que se afirma no famoso Estudo em dó sustenido menor op. 2, composto na adolescência. Scriabin, de fato, prolonga Chopin mais do que o segue. É surpreendente que um gênio tão precoce siga por um tempo os passos de outro? O contrário seria impensável quando conhecemos o alcance infinito do universo harmônico de Chopin, para não falar de sua inigualável arte pianística.

Os retratos fotográficos que temos de Scriabin dão uma imagem dele semelhante à sua música: orgulhoso, altivo, encantador, elegante, fino, misterioso, assertivo, nobre, distinto, estranho, singular, luminoso, surpreendente, exaltado…

(Texto de Jean-Yves Clément)

Como é o estilo de Scriabin? É uma pergunta difícil de se responder. Há alguns exemplos. Por exemplo, Vladimir Sofronitsky era um magnífico pianista. Ele era um amigo da família de Scriabin e tocava com frequência na sua casa. Mas Scriabin em suas interpretações é o seu próprio Scriabin, e o mesmo vale para outros pianistas como Horowitz e Neuhaus…

Leonid Sabaneyev conta que uma vez, quando ele assistia a um concerto com Tatiana Schloezes, esposa de Scriabin, eles descobriram um jovem pisnista cujo estilo lembrava o do compositor. Impressionados, eles falaram a respeito com Scriabin. Mas este não compartilhou do entusiasmo, ele não buscava formar uma escola. Ele era único.

O rubato de Scriabin é incomparável. É necessário sentir o ritmo metronômico, mas dentro de um rubato que é impossível de capturar porque ele foge e nunca chega a uma vitória lógica, mas sempre se curva inesperadamente.

(Texto de Ludmila Berlinskaya)

Vladimir Sofronitsky: Scriabin Recital
1-1 Étude in F sharp minor, Op. 8 No. 2
1-2 Étude in B major, Op. 8 No. 4
1-3 Étude in E major, Op. 8 No. 5
1-4 Étude in A flat major, Op. 8 No. 8
1-5 Étude in G sharp minor, Op. 8 No. 9
1-6 Étude in B flat minor, Op. 8 No. 11
1-7 Étude in F sharp major, Op. 42 No. 3
1-8 Fantaisie in B minor, Op. 28
1-9 Prélude in C major, Op. 13 No. 1
1-10 Prélude in A minor, Op. 11 No. 2
1-11 Prélude in G major, Op. 13 No. 3
1-12 Prélude in E minor, Op. 11 No. 4
1-13 Prélude in D major, Op. 11 No. 5
1-14 Prélude in B minor, Op. 13 No. 6
1-15 Prélude in A major, Op. 15 No. 1
1-16 Prélude in C sharp minor, Op. 9 No. 1 (for left hand)
1-17 Prélude in E major, Op. 11 No. 9
1-18 Prélude in C sharp minor, Op. 11 No. 10
1-19 Prélude in C sharp minor, Op. 22 No. 2
1-20 Prélude in B major, Op. 22 No. 3
1-21 Prélude in G sharp minor, Op. 16 No. 2
1-22 Prélude in G flat major, Op. 16 No. 3
1-23 Prélude in E flat minor, Op. 16 No. 4
1-24 Prélude in F sharp major, Op. 16 No. 5
1-25 Prélude in D flat major, Op. 11 No. 15
1-26 rélude in B flat minor, Op. 11 No. 16
1-27 Prélude in A flat major, Op. 11 No. 17
1-28 Prélude in E flat major, Op. 11 No. 19
1-29 Prélude in C minor, Op. 11 No. 20
1-30 Prélude in B flat major, Op. 11 No. 21
1-31 Prélude in B flat major, Op. 17 No. 6
1-32 Prélude in G minor, Op. 11 No. 22
1-33 Prélude in F major, Op. 11 No. 23
1-34 Prélude in D minor, Op. 11 No. 24
2-1 Poème, Op. 52 No. 1
2-2 Poème, Op. 59 No. 1
2-3 Poème ailé, Op. 51 No. 3
2-4 Poème languide, Op. 52 No. 3
2-5 Masque, Op. 63 No. 1 (Poème)
2-6 Poème satanique, Op. 36
2-7 Poème in D major, Op. 32 No. 2
2-8 Poème in F sharp major, Op. 32 No. 1
2-9 Poème, Op. 69 No. 1
2-10 Poème, Op. 69 No. 2
2-11 Piano Sonata No. 9, Op. 68
2-12 Flammes sombres, Op. 73 No. 2 (Danse)
2-13 Guirlandes, Op. 73 No. 1 (Danse)
2-14 Poème, Op. 71 No. 1
2-15 Poème, Op. 71 No. 2
2-16 Piano Sonata No. 10, Op. 70
2-17 Fragilité, Op. 51 No. 1
2-18 Feuillet d’Album, Op. 45 No. 1
2-19 Mazurka in E minor, Op. 25 No. 3
2-20 Étude in C sharp minor, Op. 42 No. 5
2-21 Mazurka in F sharp major, Op. 40 No. 2
2-22 Étude in D sharp minor, Op. 8 No. 12

Vladimir Sofronitsky, piano (Recorded live, 1959-1960, Moscow)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Sofronitsky (mp3 320kbps)

Emil Gilels: Beethoven/Scriabin/Ravel/Poulenc Recital
1-4. Beethoven: Piano Sonata No.7 In D Major, Op.10 No.3
5. Beethoven: Eroica Variations, Op. 35
6-7. Scriabin: Etude No.2 In F Sharp Minor, Op.8, Etude No.1 In C Sharp Minor, Op.2
8-12. Scriabin: Five Preludes, Op.74
13-14. Ravel: Jeux D’Eau, Alborada del Gracioso
15. Poulenc: Pastourelle

Emil Gilels, piano (Recorded live: Cheltenham Town Hall, 20 November 1980. Issued as BBCL 4250-2 – BBC Legends)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Gilels (mp3 320kbps)

The Russian composer Scriabin, whose piano pieces I knew well, arrived in Paris for a concert of his own compositions. (…) “Come have a cup of tea with me,” he said amiably, and we went to the nearby Café de la Paix and ordered some tea and cakes. Scriabin was short and slender, with wavy dark blond hair, a carefully trimmed pointed beard not unlike Nikisch’s, and cold brown eyes which seemed to ignore everything around him.
“Who is your favourite composer?” he asked with the condescending smile of the great master who knows the answer. When I answered without hesitation, “Brahms“, he banged his fist on the table. “What, what?” he screamed. “How can you like this terrible composer and me at the same time? When I was your age I was a Chopinist, later I became a Wagnerite, but now I can only be a Scriabinist!” And, quite enraged, he took his hat and ran out of the café, leaving me stunned by this scene and with the bill to pay.

– Arthur Rubinstein, My Young Years (1973, p.164-165)

Retrato que Scriabin autografou em uma visita a Paris em 1907, talvez a mesma ocasião em que conheceu Rubinstein

Pleyel

Claude Debussy (1862-1918): Nocturnes – quatro grandes gravações (e La Mer, Prelúdio, Petite Suite, etc) – Paray / Detroit, Ormandy / Philadelphia, Svetlanov / Philharmonia, Jaarvi / Cincinnati #DEBUSSY160

160 anos de Debussy

Claude-Achille Debussy (Saint-Germain-en-Laye, 22 de Agosto de 1862 — Paris, 25 de Março de 1918)

Nocturne: Blue and Silver—Bognor, por James Whistler

Debussy escreveu esta nota introdutória para os Noturnos:

“O título Noturnos deve ser entendido aqui em um sentido geral e, sobretudo, decorativo. Não se trata, portanto, da forma usual de um noturno, mas das várias impressões e efeitos especiais da luz que a palavra sugere.

Nuages (Nuvens) evoca o aspecto imutável do céu com o movimento lento e melancólico das nuvens, que se dissolvem em tons de cinza com leves toques de branco.

Fêtes (Festas) trazem o ritmo vibrante, dançante da atmosfera, com lampejos súbitos de luz. Há também o episódio da procissão (uma visão deslumbrante, quimérica), que passa pela cena festiva e se mistura com ela. Mas o pano de fundo permanece sempre o mesmo: o festival com sua mistura de música e poeira luminosa participando do ritmo geral.

Sirènes (Sereias) nos mostra o mar com seus incontáveis ritmos e então, dentre as ondas prateadas pela luz da lua, ouve-se o canto misterioso das Sereias que riem e vão embora.”

Tão geniais quanto o Fauno e La Mer, e situados cronologicamente entre essas duas obras, os Noturnos dão às orquestras e regentes a oportunidade de mostrarem suas capacidades de produzirem sonoridades raras, suaves, momentos de luz e sombra, solos que dependem mais de um cuidadoso cantabile do que de virtuosismo acelerado. Nesse sentido, e só nesse, eles lembram os Noturnos para piano de Chopin, porque em aspectos mais formais essas composições são bem diferentes das do polonês: como o próprio Debussy deixou claro, não se trata de forma dos noturnos que as pianistas adoravam tocar para seus namorados e noivos. Debussy teria sido inspirado por uma série de quadros impressionistas, também intitulados Nocturnes, de James Whistler, pintor que vivia em Paris naquela época. Sem dúvida estão mais próximos da pintura do que dos Noturnos de Chopin.

Em homenagem aos 160 anos de Debussy, vamos fazer um passeio pelas grandes gravações desses Noturnos. De início, nos voltamos para dois regentes dos tempos da brilhantina e das fotos em preto e branco, dois franceses que alcançaram o auge de suas carreiras regendo repertório francês nos EUA: Charles Munch e Paul Paray. A gravação da Symphonie Fantastique de Berlioz por Paray é muito recomendável, assim como o Ravel de Munch, cheio de delicadeza e energia ao mesmo tempo, que você confere nas postagens de FDP Bach aqui (Bolero, La Valse, etc.) e aqui (Daphnis et Chloé). Ambos os maestros também gravaram versões espetaculares da Sinfonia com Órgão de Saint-Saëns, nos primeiros anos do stereo, gravações que muitos audiófilos usaram para testar equipamentos de som, tamanha era a potência dos graves da orquestra e do órgão nos LPs.

Mas o assunto hoje é Debussy, e mais especificamente os seus Noturnos, compostos ao longo de alguns anos, finalizados em 1899 e estreados em 1900 (1º e 2º movimentos) e em 1901 (3º mov.) O motivo para a demora na estreia do 3º movimento, “Sereias”, foi a dificuldade de se ter disponível um coral feminino de altíssimo nível para cantar apenas essa obra de cerca de 10 minutos. Provavelmente por esse motivo, Munch gravou em Boston apenas os dois primeiros noturnos, que não precisam de coral. Toscanini e Bernstein, ambos em Nova York, também gravariam apenas os dois primeiros, talvez pela falta de um coral à disposição.

Arturo Toscanini, aliás, tinha credenciais para se impor como referência em Debussy. Consta que, quando Toscanini regeu a estreia italiana da ópera Pelléas, em 1908, ele convidou Debussy para assistir aos ensaios e à grande estreia. Ele não foi, mas escreveu uma carta que mostra a intimidade entre os dois: “Coloco a sorte de Pelléas em suas mãos, certo como estou de que não poderia desejar outras mais leais ou mais capazes. Pelo mesmo motivo, gostaria de de ter trabalhado ela com você”. Ouçam La Mer com Toscanini, é uma das melhores gravações. Mas aqui, com base nas suas gravações dos Noturnos, ele foi desclassificado porque faltou o 3º movimento.

Paul Paray imitando Albert Einstein

O francês Paul Paray nasceu em 1886, mesmo ano do alemão W. Furtwangler, e as personalidades dos dois podem ser consideradas como polos extremos. Muito se falou, na crítica especializada, sobre Toscanini como o anti-Furtwangler: de fato, assim como o francês Paray, o italiano corre muito no primeiro movimento: as “Nuvens” parecem sopradas por um forte vento. Enfim, voltando a Paray, ele tentou a sorte como compositor e, após alguns sucessos na década de 1910, largou a caneta para se dedicar à batuta a partir de 1920, ou seja, dois anos após a morte de Debussy. Paray estreou obras de Maurice Ravel, Florent Schmitt, Lili Boulanger e muitos outros. Após passar a vida na França à frente das orquestras Lamoureux e Colonne (se demitindo desta em 1940 em protesto contra os nazistas), Paray deve ter ganhado bem mais dinheiro já idoso, quando assumiu a Orquestra Sinfônica de Detroit, que ele elevou ao nível das maiores do mundo no período em que ali viveu, 1953 a 1963, recebendo altos salários na cidade da Ford, que vivia o boom dos automóveis e do american way of life. As gravações de Paray são quase sempre com andamentos rápidos e um clima leve, despreocupado, é nesse sentido que ele polariza com seu contemporâneo Furtwangler, famoso pelos adagios intermináveis e temperamento sério e grave que, aos olhos de Debussy, soaria como pura prepotência vazia. A gravação de Paray dos Noturnos, porém, me parece exagerar no clima leve e apressado: as nuvens, como já disse, são sopradas com força, e a procissão do segundo movimento corre a ponto de suar… E as sereias, com Paray, cantam tudo em 7min46s, sem o ar de mistério e de suavidade que pedem as indicações da partitura (“modérément animé“, “sourdine“, “très expressif et très soutenu“…). Paray poderia ser eliminado nessa competição por queimar a largada, mas mantive sua gravação aqui para termos justamente essa diversidade de pontos de vista sobre Debussy, e repito: ponto de vista de um maestro que, como Toscanini, já era adulto quando Debussy morreu, conheceu vários de seus amigos, então não é nenhum palpiteiro que caiu de para-quedas nesse repertório. Além do mais, o álbum traz a interessante e pouco gravada Petite Suite, de 1889, originalmente para piano e aqui em orquestração de Henri Büsser. Supõe-se que Debussy aprovava essa orquestração, porque ele a regeu em uma das vezes em que pegou a batuta para ganhar uns trocados. Essas gravações da Petite Suite (obra bucólica e simples, que combina mais com o jeitão de Paray) e das Valsas Nobres e Sentimentais de Ravel são absolutamente sensacionais.

Além de Paray, escolhemos outra gravação dos primeiros anos do stereo, período em que a cada ano surgiam inovações nos microfones e outras mudanças tecnológicas muito rápidas. O Debussy da Orquestra da Filadélfia com Ormandy não é tão lembrado, mas chamou nossa atenção desde a primeira audição. Eugene Ormandy (Budapeste 1899 – Filadélfia 1985) estudou violino na Hungria, onde também foi aluno de Bartók e Kodály. Viajou para os EUA para atuar como solista, mas acabou se tornando maestro, primeiro acompanhando filmes mudos e depois passando para o repertório sinfônico.

Eugene Ormandy

De 1936 a 1980 esteve à frente da orquestra da Filadélfia, que ficou famosa pelo belo som de seu naipe de cordas, aliás, segundo alguns críticos, certas obras ficavam com uma beleza exterior e sem profundidade. Os maiores solistas da época gravaram na Filadélfia com Ormandy, incluindo Rubinstein, Oistrakh e muitos outros. Como, nos EUA dos anos 1950 e 60, o repertório francês estava praticamente “reservado” para Charles Munch, Paul Paray e Pierre Monteux, Ormandy se destacou em outros compositores como seu compatriota Bartók , o russo Mussorgsky e o espanhol Rodrigo. Mas essas obras de Debussy gravadas entre 1959 e 1964 mostram que Ormandy se sentia em casa também com este compositor – por quem Bartók nutria verdadeira adoração, aliás.

Além de um Prelúdio ao entardecer de um fauno de grande beleza e de uma Danse: Tarantelle styrienne na versão orquestrada por Ravel, temos aqui Noturnos que servem como pinturas detalhadas de três paisagens: primeiro o céu (Nuvens), depois a terra (Festas) e o mar (Sereias). Ormandy segura um pouco os andamentos para mostrar cada detalhe, como o faria depois Haitink com a orquestra do Concertgebouw. Talvez Debussy preferisse sereias um pouco mais agitadas, cantando um pouco mais depressa, mas perdoamos Ormandy pela enorme beleza do conjunto, que não soa arrastado nem pretensioso, ao contrário das interpretações de Giulini (Philharmonia) e Celibidache (Stuttgart). Estes dois últimos regentes (que, grosso modo, são continuadores da tradição germânica de Richard Strauss e Furtwangler) conduzem os Noturnos de forma pomposa, grandiosa, alemã, nada a ver com a suavidade imaginada por Debussy. E no extremo oposto, Paul Paray, o especialista em música francesa já mencionado lá em cima, que despachou os noturnos com uma pressa doida.

Então após ouvir Ormandy, Paray e os desclassificados Giulini e Celibidache, chegamos à conclusão de que a duração do canto das nereias no último noturno deve ficar com não menos que 8 e não mais que 11 minutos. O coro não deve soar heroico (não é Beethoven) nem devocional (não é música religiosa), nem soar carnal e próximo demais: na Odisseia de Homero, ao contrário da feiticeira Circe e da ninfa Calipso, as sereias não encostam em Ulisses, não consumam o ato, apenas cantam no mar enquanto os gregos navegam. Este movimento das Sereias provavelmente foi a partitura que Debussy mais revisou em sua vida, ao longo de vários anos, movido pela enigmática dificuldade de encaixar o som da orquestra e o do coro de mulheres cantando sempre distantes. Vamos ver como os outros maestros e orquestras encaram esse desafio…

Pularemos as décadas de 1970 e 1980, deixando apenas mencionadas três grandes, imensas gravações dos Noturnos que já apareceram aqui no PQPBach: Martinon/Orquestra da Radio Francesa em Paris, Haitink/Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam e Jordan/Orquestra da Suisse Romande em Genebra. Nos anos 1990, mais três grandes gravações na América do Norte: Dutoit em Montreal, Boulez em Cleveland, Salonen em Los Angeles. Claudio Abbado é outro maestro com uma forte ligação com esses Noturnos, que ele gravou duas vezes: em Boston (1970) e em Berlim (2001). Só a comparação entre essas duas gravações de Abbado já daria muito pano pra manga.

Mas vamos nos concentrar aqui em duas gravações menos famosas, a de Svetlanov/Philharmonia e a de Paavo Järvi/Cincinnati. Antes, breves palavras sobre duas gravações recentes: Jun Märkl e a Orchestre National de Lyon (2007) têm problemas muito sérios, como os tímpanos em pianissimo em Nuages que ficaram quase inaudíveis… O jovem francês Stéphane Denève e a Scottish National Orchestra (2012) soam bem mais interessantes e anotei aqui que preciso conhecer melhor esse maestro que também tem gravado Ravel, Franck, Roussel, Poulenc… A conferir.

Paavo Järvi (já notaram que os carecas se dão bem com Debussy?)

Paavo Järvi (não confundir com seu pai Neeme, também regente) foi eleito artista do ano pelas revistas Gramophone e Diapason no mesmo ano (2016), lançou uma integral de Tchaikovsky no ano passado, enfim, está no auge da sua carreira. Na década de 2010 foi regente principal em Frankfurt e também na Orchestre de Paris, onde curiosamente não gravou nenhum Debussy (seus principais discos em Paris: integral das sinfonias de Sibelius; Réquiem de Fauré; Chopin com Khatia Buniatishvili). Até 2022 esteve à frente da NHK, principal orquestra de Tóquio, e hoje chefia a Tonhalle-Orchester de Zürich, Suíça. Mas a gravação que trazemos aqui é anterior, Paavo Järvi aos quarenta e poucos anos regendo Debussy em Cincinnati, nos EUA.

Ele foi titular da Orquestra de Cincinnati entre 2001 e 2011, com várias gravações realizadas para o semi-defunto selo Telarc. Além do repertório mais famoso neste álbum – Prélude à l’après-midi d’un faune, Nocturnes, La Mer – temos uma obra curta e pouco gravada: Berceuse Héroïque, de 1914, um raríssimo momento em que Debussy expressa sentimentos tristes e solenes. Trata-se de uma “homenagem a Sua Majestade o Rei da Bélgica e a seus soldados”, composta logo após a invasão da Bélgica pelas tropas alemãs, sob resistência heroica dos belgas. É realmente estranho ouvir Debussy melancólico e heroico, mas afinal, o que a guerra não faz com as pessoas, não é?

Mas após esse breve passagem pela Berceuse (em francês: canção de ninar), voltemos aos Noturnos, compostos ainda muito antes de qualquer rumor de guerra: aqui temos o Debussy bem distante de sentimentos românticos, o que lhe preocupava era o lento movimento das nuvens, do mar e, quando ele chega ao elemento humano, no movimento central, são festas e procissões, nada de herói romântico solitário. E há algo de hipnótico nas sereias de Cincinnati, na forma como elas repetem seu canto. Nessa gravação elas estão meio distantes, parecem guardar alguns metros de distância da orquestra, mas talvez seja mera ilusão… é o tipo de música que pode iludir.

Além do canto das sereias que temos enfatizado aqui, outra coisa interessante de se comparar entre as gravações é o rufar grave dos tímpanos no início e do fim do primeiro noturno. Os tambores devem sempre soar discretos, um som atmosférico, pois a partitura indica pianissimo, alternando entre dois e quatro pês (pp, ppp, pppp). E ao mesmo tempo devem ser audíveis, missão nada fácil para músicos e engenheiros de som. Os tambores de Cincinnati com Järvi ficaram bem gravados, mas menos expressivos do que os da Philadelphia Orchestra com Ormandy.

Deixamos por último o disco que, na classificação aqui de casa, reina supremo como a maior gravação dos noturnos: não é um francês, e sim o russo Evgeny Svetlanov (1928-2002) regendo a orquestra inglesa Philharmonia em 1992. Muito lembrado por suas interpretações do repertório russo da chamada belle époque anterior à 1ª Guerra Muncial (Tchaikovsky, Rimsky-Korsakov, Glazunov, Scriabin) e também de Mahler, ele mostra aqui sua proximidade com a estética do compositor francês do mesmo período. Ou será que são os músicos da Philharmonia, orquestra fundada em Londres em 1945 e famosa por suas gravações com Klemperer? O timbre suave e elegante das cordas da Philharmonia lembra as orquestras germânicas, mas sem o ar grandiloquente que Debussy detestava em Wagner.

Na ressonante acústica de igreja onde Svetlanov e a Philharmonia gravaram, o fim do movimento Nuages, com as cordas agudas e os tímpanos suaves e misteriosos enquanto as cordas graves atacam em pizzicato, toda essa combinação ecoando poderia ter resultado em um desastre, mas o resultado aqui também é bastante interessante. O coro The Sixteen, mais famoso por suas gravações de música renascentista (aqui), mostra aqui que também se entende muito bem com esse repertório modernista: as sereias estão distantes e misteriosas, mas não tão distantes a ponto de se dissolverem na água salgada e na maresia. Enfim, uma gravação improvável, pouco badalada, em um selo pequeno, mas que eu considero IMPERDÍVEL.

Svetlanov preferia as gravações ao vivo, mas também gravou em estúdio: sinfonias de Scriabin, de Myaskovsky, de Shostakovich e muito mais. Ele era filho de uma cantora lírica do teatro Bolshoi, e costumava dizer: “Meu ideal é que uma orquestra tenha sua própria personalidade, focando em um som específico e não um som padrão. Com a Orquestra Estatal da URSS [e da Rússia desde 1989], consegui manter uma qualidade lírica especial por 30 anos: as boas orquestras são aquelas que cantam.”

Porém, mais do que em Moscou, ou em Paris onde ele também gravou Debussy com a Orchestre National de France, parece que Svetlanov brilhou mais ainda nesse repertório francês em Londres: lembremos, aliás, que essa cidade sempre acolheu muito bem a música de Debussy desde quando este ainda era vivo. As cordas da Philharmonia, as cantoras do The Sixteen, a acústica da St. Augustine’s Church, tudo funciona à perfeição aqui.

Conclusão: Todas as gravações aqui trazidas são interessantes, ainda que a do velho Paray em Detroit o seja mais por motivos históricos, para ouvirmos os noturnos na marcha apressada que também era a preferência de Toscanini, regente elogiado pelo próprio Debussy. Ormandy, na Filadélfia, atinge o sublime com o legato misterioso das cordas e com o som de seus sopros e do coro feminino gravado em stereo – tecnologia nova na época – com microfones bastante próximos, mostrando por exemplo as diferenças entre as sereias sopranos e as sereias mezzo-sopranos. Já a orquestra de Cincinnati, com Järvi, foi gravada com microfones mais distantes, uma sonoridade mais suave, um Debussy às vezes imerso em nuvens, às vezes com movimentos hipnóticos. E finalmente, meu favorito é um maestro que, a princípio, não teria currículo para disputar com especialistas em Debussy: o russo Svetlanov. A orquestra Philharmonia, gravada em uma igreja de Londres em 1992, consegue soar ao mesmo tempo próxima e distante, os instrumentos muitos claros mas misteriosos, enfim, tudo com uma fluência típica de um mar calmo ou do vento movendo as nuvens no horizonte.

Paul Paray/Detroit Symphony Orchestra (1958-1961)
1-3. Ravel: Daphnis et Chloé, Suite no. 2
4-11. Ravel: Valses nobles et sentimentales
12. Ravel: Bolero
13-15. Debussy: Nocturnes
16-19. Debussy: Petite Suite (orch. Henri Büsser)
Recorded: Detroit, 1958, 1959, 1961

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.
.
Eugene Ormandy/Philadelphia Orchestra (1959-1964)
1-3. La Mer
4. Prélude à l’après-midi d’un faune
5. Danse (Tarantelle Styrienne) (orch. Maurice Ravel)
6-8. Nocturnes
Recorded: Broadwood Hotel & Town Hall, Philadelphia, 1959, 1964

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.
.
Evgeny Svetlanov/Philharmonia (1992)
1-3. La Mer
4-6. Nocturnes
7. Prélude à l’après-midi d’un faune
Recorded: St Augustine’s Church, London, 1992

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.
.
Paavo Järvi/Cincinnati Symphony Orchestra (2004)
1. Prélude à l’après-midi d’un faune
2-4. Nocturnes
5-7. La Mer
8. Berceuse héroïque
Recorded: Music Hall, Cincinnati, 2004

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.

Svetlanov: nem à esquerda nem à direita

Pleyel

Claude Debussy (1862-1918): Obras Orquestrais – Jean Martinon (4 CDs) #DEBUSSY160

Claude Debussy (1862-1918): Obras Orquestrais – Jean Martinon (4 CDs) #DEBUSSY160

160 anos de Debussy

Claude-Achille Debussy (Saint-Germain-en-Laye, 22 de Agosto de 1862 — Paris, 25 de Março de 1918)

Debussy por Jean Martinon: esta nova garimpagem do amigo Daniel the Prophet atingiu o Monge Ranulfus de um modo bastante pessoal.

Em março de 1972 um adolescente brasileiro deixava o faroeste poeirento onde crescera para viver na capital do seu estado – no que alguns não veriam grande progresso, pois esta era tida como das mais provincianas do país. Sabedor dessa fama, mal pôde acreditar quando viu anunciada para breve a apresentação de uma das orquestras cujo nome via desde pequeno nos discos com que o pai fazia da casa uma ilha de experiências incomuns naqueles sertões.

Assim, em abril de 1972 a comemoração de 15 anos do adolescente Ranulfus foi assistir Jean Martinon regendo a ORTF em Curitiba – e regendo precisamente La Mer, que abre esta coleção de Debussy – numa espécie de dupla iniciação: do lado mais mundano, a primeira experiência de uma grande sala de concertos com artistas de renome mundial. Do lado mais sutil, um novo tipo de experiência auditiva, como uma  viagem por entre objetos sonoros quase palpáveis, diferente de andar ao longo dos rios, calmos ou turbulentos, que brotavam dos discos do pai, que não costumavam guardar nada composto depois de 1900.

44 anos depois [postagem original de 2016], a emoção de Ranulfus se renovou ao saber que estes quatro volumes de Debussy, juntamente com quatro de Ravel (que, fiquem calmos, também virão daqui uns dias), foram gravados nos dois anos seguintes àquele concerto, e que isso foi uma espécie de testamento de Martinon, que nos deixou já em 1976.

Este blog já tem a obra orquestral de Debussy com monstros como Boulez, Mravinski e Salonen, entre outros, e não sou eu quem se arriscará a comparar – mas não vou esconder que gosto imensamente do Debussy de Martinon: um Debussy firme, de um vigor másculo amadurecido – se posso me expressar assim – onde os timbres refulgem num espaço de extraordinária transparência e nitidez, a anos-luz das nebulosidades frouxas que se costumou associar à palavra “impressionismo”, como um clichê.

Enfim: vamos ouvir?

CD 1
LA MER
01. I: De l’aube à midi sur la mer
02. II: Jeux de vagues
03. III: Dialogue du vent et de la mer
TROIS NOCTURNES
04. I: Nuages
05. II: Fêtes
06. III: Sirènes (Choeurs de l’ORTF)

07. Prélude à l’après-midi d’un faune (Alain Marion, flute)
08. Marche écossaise
09. Berceuse Héroïque
MUSIQUES POUR LE ROI LEAR
10. I: Fanfare
11. II: Le Sommeil de Lear

CD 2
01. Jeux (poème dansé)
IMAGES
02. 1: Gigues
03. 2.1: Iberia: Par les rues et par les chemins
04. 2.2: Iberia: Les parfums de la nuit
05. 2.3: Iberia: Le Matin d’un jour de fête
06. 3: Rondes de Printemps
PRINTEMPS (orch. Henri Büsser)
07. Première partie
08. Deuxième partie (Michel Sedrez / Fabienne Boury, pianos)

CD 3
CHILDREN’S CORNER SUITE
(orch. André Caplet; Jules Goetgheluck, oboe)
01. 1. Doctor Gradus ad Parnassum
02. 2. Jimbo’s Lullaby
03. 3. Serenade for the Doll
04. 4. The Snow is Dancing
05. 5. The Little Shepherd
06. 6. Golliwoggs Cakewalk
PETITE SUITE (orch. Henri Büsser)
07. I: En Bateau
08. II: Cortège
09. III: Menuet
10. IV: Ballet
DANSE SACREE ET DANSE PROFANE
(Marie-Claire Jamet, harp)
11. I: Danse Sacrée
12. II: Danse Profane
LE BOITE À JOUJOUX (orch. André Caplet)
13. I: Le Magasin de jouets
14. II: Le Champ de bataille
15. III: La Bergerie à vendre
16. IV: Après fortune faite

CD 4
FANTAISIE POUR PIANO ET ORCHESTRE
(Aldo Ciccolini, piano)
01. I: Andante – Allegro
02. II: Lento e molto espressivo
03. III: Allegro molto

04. La Plus Que Lente (John Leach, címbalom)
05. Premiere Rapsodie pour orchestre avec clarinette principale
(Guy Dangain, clarinet)
06. Rapsodie pour orchestre et saxophone solo
(Jean-Marie Loneix, sax)
07. Khamma (légende dansée)
(orch. Charles Koechlin; Fabienne Boury, piano)
08. Danse: Tarantelle Styrienne (orch. Maurice Ravel)

Jean Martinon regendo a Orchestre Nationale de l’ORTF
(Office de Radiodiffusion-Télévision Française)
Gravado em 1973-74, Salle Wagram, Paris

CDs 1 + 2 : BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CDs 3 + 4 : BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Debussy dando um rolê na praia.
Debussy dando um rolê na praia.

Ranulfus (2016)

Claude Debussy – Quarteto de Cordas em Sol Menor, Maurice Ravel – Quarteto de Cordas – Orlando Quartet #DEBUSSY160

Ao procurar discos para postar dentro das comemorações aos 160 anos de nascimento de Debussy encontrei este do Orlando Quartet, lançado lá em 1983, mas ainda atual. Estou ouvindo esse belíssimo CD em um final de tarde de sábado de inverno, nublado, porém não está frio, a temperatura está amena, média de 17 graus. E a execução deste ótimo grupo de Câmara nos oferece uma interpretação muito sólida e consistente.

O Orlando Quartet foi formado em 1976 e esteve ativo até 1997. Seus músicos eram de países diferentes, mas o grupo formou-se em Amsterdam. Neste ano de 1997  seu primeiro violinista, o hungaro István Párkányi formou seu próprio grupo, o István Párkányi Quartet. Não gravaram muito, mas cada um de seus discos é uma pequena jóia, belamente lapidada.

Apesar de muitas vezes serem gravadas juntas, no mesmo disco, são obras que tem dez anos de diferença entre elas. O Quarteto de Debussy foi escrito em 1893 e o de Ravel entre 1902 – 03. Infelizmente estas foram as únicas incursões dos compositores neste estilo, e por que não dizer, também na música de câmara.

Claude Debussy – String Quartet in G Minor, Op. 10

1 Animé Et Très Décidé
2 Scherzo (Assez Vif Et Bien Rhythmé)
3 Andantino, Doucement Expressif
4 Très Modéré – Très Mouvementé – Très Animé

Maurice Ravel – String Quartet in F

5 Allegro Moderato. Très Doux
6 Assez Vif. Très Rhythmé
7 Très Lent
8 Vif Et Agité

Violin [I] – István Párkányi
Violin [II] – Heinz Oberdorfer
Viola – Ferdinand Erblich
Cello – Stefan Metz

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Exotisme, sonorités pittoresques – Peças para Piano – Ludmilla Guilmault & Jean-Noël Dubois ֍

Exotisme, sonorités pittoresques – Peças para Piano – Ludmilla Guilmault & Jean-Noël Dubois ֍

Diversos Compositores

Peças para Piano a duas ou

a quatro mãos

Ludmilla Guilmault

Jean-Noël Dubois

 

Este disco está a um passo de ser um disco de gatinhos. Para quem teve o privilégio de viver o suficiente sabe que havia discos de (capas com) gatinhos, recheados com os melhores movimentos de música ‘clássica’, retirados do acervo (monumental) da gravadora Philips.

É claro que o resultado costumava ser uma coleção, uma antologia com os melhores momentos, mas que assim reunidos poderia resultar de uma Dança do Sabre, de Katchaturian, surgir após a Ária da Suíte Orquestral No. 3, de Bach… e ainda, a tal endiabrada dança dos furiosos guerreiros anteceder o (possivelmente) mais famoso movimento de uma Suíte Francesa – Clair de Lune, de Debussy. Mas os discos de gatinhos vendiam muito bem e levaram as sementes da música clássica para muitos futuros apreciadores.

Aqui temos assim uma coleção de ‘melhores momentos’, mas com um repertório que guarda uma maior afinidade, girando em torno de peças de música francesa ou próxima, para piano a duas ou a quatro mãos. Os dois intérpretes, Ludmilla Guilmault e Jean-Noël Dubois intercalam-se nos solos e eventualmente se juntam em algumas das faixas.

Este disco reúne peças de compositores de grande renome com peças brilhantes de compositores menos conhecidos e me surpreendeu pela sua contagiante amabilidade e alegria. Minha simpatia foi totalmente conquistada pelas duas peças de Séverac, que ocupam as faixas dois e três. Essas duas peças interpretadas a quatro mãos revelam lindas sonoridades e um frescor contagiante.

Assim, sem qualquer pudor de esbanjar alegria, o disco desfila peças de Debussy – alguns prelúdios, a já mencionada Clair de lune e dois irresistíveis movimentos da Petit Suite. A escolha entre os muitos prelúdios é bem interessante e diversa. O disco começa calmamente com Voiles, depois haverá poesia de Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir, as brincadeiras da Serenata interrompida e completará com as pirotecnias de Feux d’artifice.

Há duas nobres e sentimentais valsas de Ravel, assim como os tristes pássaros e dois deliciosos números da Suíte da Mamães Gansa.

Não poderia faltar alguma coisa bem-humorada da música de Camille Saint-Saëns, dois movimentos do Carnaval dos Animais: os contrastantes Hémiones e Aquarium. Fauré inaugura o clima fandango espanhol com o espetacular Le pas espagnol, da Suíte Dolly, e o clima continua com duas peças de Manuel de Falla – uma dança espanhola (de La Vida Breve) e a Dança Ritual do Fogo (de El Amor Brujo).

Para fechar o cortejo, em clima de bis, a Marcha Turca de Mozart, que em certos trechos ganha um reforço sonoro…

Um disco para ser ouvido pelo prazer das lindas peças e que para algumas pessoas pode servir para despertar o interesse por este tipo de música, assim como no passado fizeram os discos de gatinhos.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes, Livre 1, L. 117
  1. Voiles

Ludmilla Guilmault, piano

Déodat de Séverac (1872 – 1921)

En Vacances, Vol. 1
  1. Où l’on entend une vieille boîte à musique
  2. Valse romantique

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Valses nobles et sentimentales, M. 61
  1. Assez lent, avec une expression intense
  2. Vif

Ludmilla Guilmault, piano

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes, Livre 1, L. 117
  1. Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir

Ludmilla Guilmault, piano

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Dolly, Op. 56
  1. Le pas espagnol

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Camille Saint-Saëns (1835 – 1921)

Le Carnaval des Animaux, R. 125
  1. Hémiones
  2. Aquarium

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes, Livre 1, L. 117
  1. La Sérénade interrompue

Ludmilla Guilmault, piano

Suite Bergamesque, L. 75
  1. Clair de lune

Jean-Noël Dubois, piano

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Miroirs, M. 43
  1. Oiseaux tristes

Ludmilla Guilmault, piano

Claude Debussy (1862 – 1918)

Petite Suite, L. 65
  1. En Bateau
  2. Ballet

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Ma Mère l’Oye, M. 60
  1. Laideronette, Impératrice des Pagodes
  2. Les entretiens de la Belle et la Bête

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Manuel de Falla (1876 – 1946)

La Vida Breve, G. 35
  1. Spanish Dance No. 1

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Claude Debussy (1865 – 1918)

Préludes, Livre 2, L. 123
  1. Feux d’artifice

Jean-Noël Dubois, piano

Manuel de Falla (1876 – 1946)

El Amor Brujo
  1. Danza Ritual del Fuego

Ludmilla Guilmault, piano

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Piano Sonata No. 11 in A Major, K. 331
  1. Alla Turca (Allegretto)

Jean-Noël Dubois, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 163 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 145 MB

Plus d’infos sur le ”Exotisme, Sonorités pittoresques” Concert-spectacle pour piano solo et à 4 mains par le Duo Cziffra à Paris

Dans ce choix de répertoire que j’ai choisie de Debussy, ravel, Fauré, Saint-Säens, séverac, De Falla, Mozart sont des compositeurs qui nous font voyager par leur couleur locale de leur nouveaux timbres pianistiques avec notamment ce prélude les Sons et les Parfums de Debussy, des accords qui habillent des harmonies voluptueuses au rythme impressionnisme.

L’odeur hispanisante.

Exotisme exprime pour moi une harmonie du soir, propice à l’évocation d’un lointain passé.

Exotisme, des images qui semblent solliciter, l’ouïe, la vue, le toucher, l’odorat, établissant en musique ces correspondances ténues que Baudelaire, le premier devina en poésie.

Des sensations de couleurs d’exotisme.

Des odeurs d’oeuillet et d’arguardiente, une atmosphère de castagnettes avec la Sérénade Interrompue de Claude Debussy.

Ces pièces orientales de Ravel, Laideronette, impératrice des pagodes pour piano à 4 mains nous évoque ces pays lointains, ce dépaysement par le recours au patrimoine musical de chaque compositeur.

Falla tient à faire son miel des fleurs du folklore.

Falla, c’est l’Andalousie et son flamenco, des voluptueux jardins andalous, des Nuits à l’âpre.

Séverac, possède une sonorité charnue, couleur en taches plus vives, en pâte plus épaisse, ce goût des échelles modales. Il nous conte les paysages traversés, inspiration de sa chère Méditerranée.

Site web : http://www.ludmilla-guilmault.com

Aproveite!

René Denon

Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Isto aqui está longe de ser apenas mais uma gravação da Sonata Kreutzer. Patricia Kopatchinskaja e Fazil Say compartilham uma abordagem radical, realizando cada nota da maneira mais vívida possível, deixando a suavidade em segundo plano. É inegavelmente emocionante, especialmente o primeiro movimento da Kreutzer, que, afinal, é bastante selvagem, mas mesmo aqui fiquei perturbado com a brevidade exagerada de muitas notas em staccato. Já o Bartók é uma mistura mais questionável, mas não podemos esquecer que a moça nasceu na Moldávia. E que Say é turco… No Ravel, ela(es) dá(ão) um banho. O espírito do movimento Blues é capturado totalmente, com alguns sons incomuns do piano e um toque violinístico espetacular. Não surpreende que a Sonata de Say também seja lindamente tocada. Escritos de forma imaginativa para os dois instrumentos e adotando um estilo direto e descomplicado, os cinco movimentos curtos traçam uma progressão da melancolia romântica para uma paisagem vazia e sombria. Ousado e altamente individual – este é um CD que vale a pena conhecer.

Beethoven · Ravel · Bartók · Say: Violin Sonatas (Kopatchinskaja / Say)

Violin Sonata No. 9 in A Major, Op. 47, “à Kreutzer”
Composed By – Ludwig van Beethoven
1 Adagio Sostenuto – Presto 10:15
2 Andante con Variazioni 13:17
3 Finale: Presto 6:29

Violin Sonata in G Major
Composed By – Maurice Ravel
4 Allegretto 8:19
5 Blues 6:17
6 Allegro – Perpetuum Mobile 3:41

Romanian Folk Dances Sz. 56
Composed By – Béla Bartók
Transcription By – Zoltàn Szèkely*
7 Allegro Moderato (Staff Dance from Voiniceni) 1:16
8 Allegro (Sash Dance from Egres) 0:31
9 Andante (Stamping Dance from Egres) 1:21
10 Molto Moderato (Dance from Bucium) 1:15
11 Allegro (Romanian Polka from Belenyes) 0:29
12 Allegro (Quick Dance from Belenyes & Nyegra) 0:54

Violin Sonata Opus 7
Composed By – Fazıl Say
13 I. Melancholy 3:21
14 II. Grotesque 2:07
15 III. Perpetuum Mobile 1:44
16 IV. Anonymous 3:09
17 V. Melancholy 3:07

Patricia Kopatchinskaja, violino
Fazil Say, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Patricia Kopatchinskaja & Fazil Say: radicais

PQP

Maurice Ravel – Valses nobles et sentimentales, M. 61, Jeux d’eau, M. 30, Piano Concerto, etc. – Cécile Ousset, Simon Rattle, CBSO

A estréia de Cécile Ousset aqui no PQPBach vai ser em grande estilo, em um pacotaço com obras de Ravel. Estas gravações foram realizadas em 1990 pelo saudoso selo EMI, e foi acompanhada nos Concertos pelo então jovem Simon Rattle. Fui então atrás de maiores informações sobre ela e encontrei o seguinte:

Nasceu em Tarbes, na França, em 1936. Criança prodígio, já aos cinco anos de idade encantava a todos em seu primeiro recital, indo mais tarde estudar no Conservatório de Paris. Ganhou diversos prêmios em Concursos, gravou com os mais renomados maestros e orquestras ao redor do mundo, e gravou muitos discos. Também lecionou em diversas Escolas de Música ao redor do planeta. Em 2006 retirou-se dos palcos por dores nas costas.

A obra pianística de Ravel já apareceu por aqui diversas vezes, com os mais diversos intérpretes. Trago Cécile Ousset para os senhores conhecerem por trazer dois elementos que considero essenciais: a sensibilidade feminina e o sotaque francês, tão importante nessas peças. Clientes da amazon foram unânimes em darem cinco estrelas para as gravações das ‘ Valses nobles et sentimentales’, e tenho de concordar com eles. O que ouvimos aqui é uma intérprete madura, e profunda conhecedora dos meandros e armadilhas dessas obras. Espero que apreciem.

01 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 1, Modéré
02 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 2, Assez lent
03 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 3, Modéré
04 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 4, Assez animé
05 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 5, Presque lent
06 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 6, Vif
07 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 7, Moins vif
08 – Valses nobles et sentimentales, M. 61_ No. 8, Épilogue. Lent
09 – Jeux d’eau, M. 30
10 – Menuet sur le nom de Haydn, M. 58
11 – Sonatine, M. 40_ I. Modéré
12 – Sonatine, M. 40_ II. Mouvement de menuet
13 – Sonatine, M. 40_ III. Animé
14 – Pavane pour une infante défunte, M. 19
14 – Pavane pour une infante défunte, M. 19
15 – Miroirs, M. 43_ I. Noctuelles
16 – Miroirs, M. 43_ II. Oiseaux tristes
17 – Miroirs, M. 43_ III. Une barque sur l’océan
18 – Miroirs, M. 43_ IV. Alborada del gracioso
19 – Miroirs, M. 43_ V. La vallée des cloches
20 – Piano Concerto in G Major, M. 83_ I. Allegramente
21 – Piano Concerto in G Major, M. 83_ II. Adagio assai
22 – Piano Concerto in G Major, M. 83_ III. Presto
23 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ I. Prélude
24 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ II. Fugue
25 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ III. Forlane
26 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ IV. Rigaudon
27 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ V. Menuet
28 – Le Tombeau de Couperin, M. 68_ VI. Toccata
29 – Piano Concerto for the Left Hand in D Major, M. 82_ I. Lento
30 – Piano Concerto for the Left Hand in D Major, M. 82_ II. Allegro
31 – Piano Concerto for the Left Hand in D Major, M. 82_ III. Tempo primo

Cécile Ousset – Piano
City of Birmingham Symphony Orchestra
Simon Rattle – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Maurice Ravel (1875-1937) – Concertos para Piano: em Sol e para a Mão Esquerda; Le Tombeau de Couperin, Gaspard de la nuit (Samson François, André Cluytens)

Samson François foi um excepcional pianista francês, que realizou gravações extraordinárias que, graças a tecnologia, estão sendo apresentadas novamente para aqueles que ainda não o conheciam. Já trouxe anteriormente dois outros cds dele, sempre dedicados a Ravel e sua obra pianística.

Neste CD que trago hoje teremos o Concerto para Piano em Sol Maior, e o extraordinário Concerto para a Mão Esquerda. Repertório francês, pianista francês e para completar o quadro, maestro e orquestra franceses.

Dentre as dezenas de versões que já ouvi destas obras, não há como não deixar estas interpretações de Samson François em destaque. Ele domina total e completamente o piano. É magnífico seu Adagio assai, do Concerto em Sol Maior, e no Concerto para a Mão Esquerda sua personalidade se impõe e nos deixa impressionados com a sua magnífica técnica e versatilidade.

E claro que não podemos deixar de destacar a maestria da regência de Andre Cluytens, um dos grandes nomes franceses da música do século XX, que figura facilmente ao lado de outros dois gigantes franceses, Pierre Monteux e Charles Munch.

Eis o comentário do editorialista da Amazon:

Precisely why Samson François is not better known in the United States (or known at all for that matter) is a mystery. On this CD he plays Ravel with absolute mastery, refusing to prettify any of the jazz rhythms in the G major concerto, and by so doing, bringing out all of its toughness. There may be impressionism in this music, but there’s plenty more, too. François gives the Concerto for Left Hand a performance filled with passion and excitement; indeed it’s just this side of abandon. His Gaspard is full of the colors Ravel imbued it with as well. André Cluytens is the ideal leader for this type of music, and while his orchestra here is hardly world class, it’s very good. And the remastered sound is excellent. –Robert Levine

Para completar o CD, a Erato inseriu Le Tombeau de Couperin e Gaspard de la nuit, obras gravadas também em Paris, um ano antes dos concertos.

Ah, claro, eis mais uma gravação com o selo de ‘IM-PER-DÍ-VEL’ do PQPBach.

Maurice Ravel (1875-1937):
1. Piano Concerto in G Major, M. 83 I. Allegramente
2. Piano Concerto in G Major, M. 83 II. Adagio assai
3. Piano Concerto in G Major, M. 83 III. Presto
4. Piano Concerto for the Left Hand in D Major, M. 82
Samson François – Piano
Orchestre de la Société des Concerts du Conservatoire de Paris / André Cluytens
Recorded: Paris, 1959

5. Le Tombeau de Couperin, M. 68 I. Prélude (Vif)
6. Le Tombeau de Couperin, M. 68 II. Fugue (Allegro moderato)
7. Le Tombeau de Couperin, M. 68 III. Forlane (Allegretto)
8. Le Tombeau de Couperin, M. 68 IV. Rigaudon (Assez vif)
9. Le Tombeau de Couperin, M. 68 V. Menuet (Allegro moderato)
10. Le Tombeau de Couperin, M. 68 VI. Toccata (Vif)
11. Gaspard de la nuit, M. 55 I. Ondine (Lent)
12. Gaspard de la nuit, M. 55 II. Le Gibet (Très lent)
13. Gaspard de la nuit, M. 55 III. Scarbo (Modéré – Vif)
Samson François – Piano
Recorded: Paris, 1957-58

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE – MP3 320kbps

Samson François

FDP Bach (2019) / Pleyel (2022)