.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler…)

.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler…)

Esse disco é bem novinho, do final de 2023, e foi lançado em vinil e em CD. Quem conseguiu-o para mim foi CdeBL. Lembro ele que foi muito gentil e que falou comigo por e-mail ou messenger. Depois, eu dei muitas risadas ouvindo o disco, Lembro que foi para isso mesmo que me mandaram os arquivos, para rir. Agradeço ao mensageiro. Pobre Gustav Mahler, deve estar como um zumbi no túmulo com este arranjo que distorce completamente sua 5ª Sinfonia… A cena tecnojazz alemã é ampla e provavelmente encontrará algum louco para levar isto à serio. Eu levei a sério apenas como comédia. A Jazzrausch Bigband está repleta de músicos que tocam muito bem, mas nem tudo pode ser feito com qualquer coisa. O resultado é uma constrangedora paródia. Quando a coisa vira jazz, se torna até palatável, mas quando é Mahler me causa frouxos de riso. Muitos outros artistas abordaram a música clássica para criar obras de jazz com verdadeiro talento. Mas aqui, com esses ritmos disco para cinquentões… Eu tenho 66 e meu mundo é puro rock n`roll, pô! OK, estou brincando. Mas o problema mesmo é a falta de criatividade nos arranjos. Quantas vezes aquela bateria precisa nos metralhar num crescendo, meu deus?

.: interlúdio :. Jazzrausch Bigband: Mahler`s Breakdown (Quinta Sinfonia de Mahler)

Da Quinta de Mahler:
1. I. Trauermarsch. In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt 08:41
2. II. Stürmisch Bewegt. Mit Größter Vehemenz 07:58
3. III. Scherzo. Kräftig, Nicht Zu Schnell 08:47
4. IV. Adagietto. Sehr Langsam 03:30
5. V. Rondo-Finale. Allegro – Allegro Giocoso 08:54

Da Terceira de Mahler:
6. I. Kräftig. Entschieden 04:44

Jazzrausch Bigband

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Esta é a Jazzrausch Bigband. Sim, eles tocam Mahler | Foto: Josy Friebe

PQP

Schubert (1797 – 1828), Schumann (1810 – 1856), Mahler (1860 – 1911): Seleção de Canções – Samuel Hasselhorn, barítono ֎

Schubert (1797 – 1828), Schumann (1810 – 1856), Mahler (1860 – 1911): Seleção de Canções – Samuel Hasselhorn, barítono ֎

Nasce uma estrela!

Nesta postagem reuni uma coleção de Lieder de Schubert, o ciclo Dichterliebe de Schumann e duas canções do Des Knaben Wunderhorn de Mahler, interpretados pelo (ainda) jovem barítono alemão Samuel Hasselhorn. Veja também [1] e [2] e [3].

Essas canções foram escolhidas de três álbuns gravados entre 2014 e 2018. As canções de Schubert vêm do disco de 2014, Nachtblicke, no qual além de Schubert há canções de Hans Pfitzner e Aribert Reimann.

O ciclo de Schumann vem do álbum de 2018, Dichterliebe2, no qual o já mencionado ciclo é precedido de canções sobre os mesmos exatos poemas musicados por outros compositores, o que dá conta para o símbolo matemático usado no título (eu teria preferido 2 x Dichterliebe, mas…).

As duas canções de Mahler e a segunda gravação do Erlkonig vêm do álbum que reúne todas as apresentações de Samuel no Queen Elisabeth Competition, 2018. Desde 2020 Hasselhorn tem gravado para o selo harmonia mundi, que considera o quinquênio 2023 – 2028 parte das homenagens que devem ser prestadas pelos 200 anos desde a morte de Franz Schubert. Assim, em breve teremos mais postagens com o cantor, que já tem neste novo selo pelo menos três álbuns.

 

 

Franz Schubert (1797 – 1828)

Lieder

  1. Schwanengesang, D. 957 No. 8: Der Atlas
  2. Schwanengesang, D. 957 No. 7. Abschied
  3. Schwanengesang, D. 957 No. 9. Ihr Bild
  4. Erlkonig, Op. 1, D. 328
  5. Erlkonig, Op. 1, D. 328 (Live)
  6. Am Tage aller Seelen, D. 343, ”Litanei auf das Fest aller Seelen”
  7. Nachtstuck, Op. 36, No. 2, D. 672
  8. Im Freien, D. 880
  9. Des Sangers Habe, D. 832
  10. Widerschein, D. 949
  11. Schwanengesang, D. 957 No. 14. Die Taubenpost

Robert Schumann (1810 – 1856)

Dichterliebe, op. 48

  1. 1 – Im wunderschönen Monat Mai
  2. 2 – Aus meinen Tränen spriessen
  3. 3 – Die Rose, die Lilie, die Taube, die Sonne
  4. 4 – Wenn ich in deine Augen seh
  5. 5 – Ich will meine Seele tauchen
  6. 6 – Im Rhein, im heiligen Strome
  7. 7 – Ich grolle nicht
  8. 8 – Und wüßten’s die Blumen, die kleinen
  9. 9 – Das ist ein Flöten und Geigen
  10. 10 – Hör’ ich das Liedchen klingen
  11. 11 – Ein Jüngling liebt ein Mädchen
  12. 12 – Am leuchtenden Sommermorgen
  13. 13 – Ich hab’ im Traum geweinet
  14. 14 – Allnächtlich im Traume
  15. 15 – Aus alten Märchen winkt es
  16. No – 16, Die alten, bösen Lieder

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Des Knaben Wunderhorn

  1. Wer hat dies Liedlein erdacht (Live)
  2. Wo die schönen Trompeten blasen (Live)

Samuel Hasselhorn, barítono

Takako Miyazaki, piano (1-4, 6-11)

Joseph Middleton, piano (5)

Boris Kusnezow, piano (12-27)

La Monnaie Symphony Orchestra (28-29)

Alain Altinoglu, regente

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MP3 | 320 KBPS | 192 MB

Following his First Prize triumph at the 2018 Queen Elisabeth Competition, Samuel Hasselhorn has quickly established himself internationally as a versatile artist who is equally at home in the genres of opera, Lied, and oratorio.

As an internationally sought-after and esteemed Lied interpreter, Samuel Hasselhorn regularly collaborates with renowned pianists such as Helmut Deutsch, Malcolm Martineau, Ammiel Bushakevitz, Julien Libeer, Philippe Cassard and Joseph Middleton.

Samuel Hasselhorn is a prizewinner of numerous competitions and studied at the Hannover University of Music, Drama and Media with Prof. Marina Sandel and at the Conservatoire National Supérieur de la Musique et de Danse de Paris with Malcolm Walker. He received further musical impulses in master classes with Kiri Te Kanawa, Kevin Murphy, Thomas Quasthoff, Helen Donath, Annette Dasch, Susan Manoff, Jan-Philip Schulze, Anne Le Bozec and Martin Brauß.

Aproveite!

René Denon

L. Nono (1924-1990): Il canto sospeso / G. Mahler (1860-1911): Kindertotenlieder (Abbado, BPO)

100 anos de Luigi Nono (29 jan 1924 – 8 mai 1990)

“Il canto sospeso” (O canto suspenso) é, assim como o oratório de Schoenberg “Um Sobrevivente de Varsóvia”, uma obra que associa música atonal e vanguardista a reflexões sobre os horrores da guerra, no caso a de 1939-45, mas a mensagem geral se aplica a tantas outras guerras. A ideia de que o artista devia se posicionar politicamente em relação ao mundo ao seu redor é constante nas obras de Nono. Em Darmstadt por volta de 1960, Nono gerou polêmica ao criticar a concepção musical a-histórica de John Cage e a fascinação ingênua de Karlheinz Stockhausen com as novas tecnologias eletrônicas, o que tornaria o alemão um mensageiro do imperialismo norte-americano

“Em outras palavras, Nono, como Gramsci, entendia que o compositor devia intervir na sociedade tendo sempre em mente os contextos históricos e socioeconômicos, em oposição a uma música tabula rasa baseada nas abstrações do serialismo e na introdução da aleatoriedade e acaso.” (traduzido deste texto aqui)

É verdade que, olhando isso tudo décadas depois, pode parecer uma estéril briga de egos hiperespecializados em técnicas musicais experimentais: talvez muita gente queira apenas ouvir música clássica como um prazer de domingo, sem grandes batalhas teóricas. Ou talvez as batalhas teóricas mais importantes sejam outras… enfim, sob muitos ângulos a obra musical e militante de Nono pode parecer datada, mas também é possível que as sementes que ele lançou, e que hoje parecem menos potentes, germinem em um tempo futuro.

Afinal, em meio a tantas discussões teóricas tão tensas quanto complexas, o contexto das vanguardas musicais europeias nos anos 1950-60 se inseria em uma era de contestação quando, após duas guerras mundiais, havia uma quase unanimidade contra novas guerras quentes, gerando ideias novas sobre o que seria uma revolução baseada menos na tomada violenta do poder e mais na mudança das mentalidades: “you’d better free your mind instead”, dizia Jonn Lennon, ao que os afroamericanos do Funkadelic responderam: and your ass will follow, referindo-se à dança, claro.

A morte do autor, a microfísica do poder, a revolução molecular eram ideias que circulavam na Europa, com reflexos nos EUA e também em lugares mais esquecidos como o Brasil onde as batucadas e danças também tinham algo a ensinar aos revolucionários a pianista e compositora brasileira Eunice Katunda, membra do grupo Música Viva fundado por H. Koellreutter e amiga de Nono, estudou com ele ritmos e melodias brasileiros, árabes e espanhóis. Em 1951, a influência de Katunda aparece na Polifonica-Monodia-Ritmica de Nono, obra para seis instrumentos e percussão estreada em Darmstadt. Dedicada a Katunda, essa obra se baseia em movitos rítmicos afro-brasileiros de devoção a Iemanjá.

Voltando à obra composta em 1956 por Nono e gravada pela Filarmônica de Berlim com Abbado, no programa dos concertos nos quais foi gravada parte deste disco ao vivo, constava o seguinte texto:

Luigi Nono fazendo cara de sério

“Em Il canto sospeso, Nono recorda eventos de um passado terrível, eventos que, começando na Alemanha, se espalharam por toda a Europa. Ele lembra pessoas que se opuseram à tirania Nazista e foram presas, torturadas e assassinadas por aquele regime. Nono elaborou um epitáfio para aquelas pessoas – vítimas individuais mas também muitas de nomes desconhecidos.

Em 1992 a Alemanha está novamente ameaçada por um crescimento do ódio a ‘estrangeiros’ que tomou horríveis formas e se dirige contra cidadãos de outros países ou membros de outras culturas, religiões ou modos de vida.

Na nossa orquestra (…) há pessoas das mais variadas nacionalidades e origens, todas elas deixaram sua marca no perfil artístico da Filarmônica de Berlim. É a variedade de pessoas e estilos musicais que forma a base do nosso trabalho.”

Os textos da obra de Nono foram extraídos de um livro de cartas publicado na Itália em 1955: “Lettere di condamnati a morte della resistenza europea”. Nas faixas 1 e 6 deste CD, as cartas utilizadas por Nono são lidas em alemão: para quem não entende essa língua, as duas faixas podem ser puladas sem problemas.

A outra obra do disco, gravada ao vivo pela mesma orquestra e mesmo maestro, é o ciclo de canções Kindertotenlieder (Canções para a morte de crianças), composto por Gustav Mahler para mezzo-soprano e orquestra. Na época, Mahler já era pai, mas só em 1907 ele teria a terrível experiência de enterrar uma de suas filhas: Alma Mahler, esposa do compositor, se incomodava com a temática dessa obra estranhamente premonitória e talvez ela estivesse certa. O fato, contudo, é que se trata de uma obra-prima da longa história das músicas tristes, entre as quais podemos listar as várias Paixões de Cristo (de Bach e a Penderecki e Gubaidulina) e várias óperas sérias sobre os mais diversos temas.

Aliás, ainda no tema da música vocal, não posso deixar de recordar que Mahler escreveu muita coisa para vozes femininas graves: além dessas Kindertotenlieder, impossível não lembrar de Das Lied von der Erde (para tenor e contralto) e o 4º movimento da 3ª Sinfonia, com uma contralto cantando um misterioso texto de Nietzsche. Enquanto os grandes compositores de óperas, como Mozart, Bellini e Wagner, privilegiaram as vozes femininas mais agudas e brilhantes – sim, há a Carmen de Bizet e algumas outras mezzos que ganharam muitos aplausos, mas para cada Carmen houve dezenas de protagonistas sopranos – Mahler parecia preferir os instrumentos como a flauta e o oboé para os momentos mais alegres e a voz humana para momentos mais sérios. Em seu livro dedicado a Mahler (sem tradução para o português), T.W. Adorno apresenta sua interpretação bastante pessoal da música desse compositor. Para Adorno, há um “tom traumático na música de Mahler, um momento subjetivo de desespero”, o que torna sua música um prenúncio da modernidade mesmo que ele utilizasse melodias tonais. Em certas frases banais e previsíveis, (segundo o controverso Adorno) Mahler “não queria encontrar a paz perturbada pelo curso do mundo; pelo contrário, fez uso dela com violência para resistir à violência: os miseráveis restos do triunfo acusam os triunfantes. (traduzido do italiano)

Luigi Nono (1924-1990):
1-12. Il Canto Sospeso (1956)

Gustav Mahler (1860-1911):
13-16. Kindertotenlieder (1904)
17. Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen (from Ruckert Lieder, 1902)

Berliner Philharmoniker, Claudio Abbado
Rundfunkchor Berlin, Barbara Bonney (soprano), Susanne Otto (mezzo-soprano), Marek Torzewski (tenor) – Nono
Marjana Lipovšek (mezzo-soprano) – Mahler
Live recordings (1992)

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Abbado dando um sorriso apesar do repertório denso e grave

Pleyel

Gustav Mahler (1860-1911): Canções orquestrais – Gerhaher, Sinfônica de Montreal, Nagano

Se podemos afirmar sem exagero que Gustav Mahler (1860-1911) subiu às “máximas alturas” do solilóquio de Augusto dos Anjos, e no lar deste repórter o velho cavalheiro boêmio é de fato santo de máxima devoção, é principalmente por conta de suas criações no universo sinfônico. As nove sinfonias completas e os fragmentos da décima estão entre os mais notáveis exemplares do gênero, abraçando os caminhos trilhados até ali e apontando para o futuro. Nós nunca mais fomos os mesmos após passarmos pelas sinfonias de Mahler.

A imponência deste conjunto de obras, se por um lado tende a ofuscar outro rico repertório, também oferece inúmeras possibilidades de diálogo com essas criações. Outra faceta importantíssima da obra mahleriana são as canções, sejam elas do repertório camerístico (em geral uma voz acompanhada ao piano) ou feitas para que uma orquestra acompanhe o canto. Mahler deixou ao todo quarenta e seis canções, agrupadas em ciclos ou dispersas de forma autônoma.

Este belíssimo disquinho que trazemos hoje traz três dos ciclos mais importantes deixados pelo mestre austríaco: Lieder eines fahrenden Gesellen (“Canções de um viajante”, 1885), Kindertotenlieder (“Canções sobre a morte das crianças”, 1901-4) e Rückert-Lieder (“Canções de Rückert”, 1901-2), perfazendo ao todo catorze canções. Enquanto os textos de Lieder eines fahrenden Gesellen – uma obra de juventude impregnada de ardente paixão – também saíram da pena de Mahler, os outros dois foram compostos a partir de versos do poeta alemão Friedrich Rückert (1788-1866).

Quem dá voz ao álbum é um dos cantores de agenda mais concorrida das temporadas européias, o barítono alemão Christian Gerhaher. É batata: se o nome de Gerhaher está no pôster, é sinal de casa cheia. E, francamente? É mais do que justo. Dono de um timbre belo e encorpado, Gerhaher domina como poucos a arte do Lied. Ao seu lado, parceiros acertadíssimos: uma orquestra com uma sonoridade brilhante e cheia de cores como a Sinfônica de Montreal (por mais de duas décadas lapidada pelo mestre Charles Dutoit) e um regente de ouvido apurado, atenção ao detalhe e sólido senso de arquitetura do todo como o japonês Kent Nagano, chefe do grupo desde 2006.

Um pequeno destaque de caráter estritamente pessoal é a canção que fecha o disco, Ich bin der Welt abhanden gekommen (algo como “Estou perdido para o mundo”). Na humilde opinião deste escriba, é uma das mais belas canções orquestrais já escritas, uma daquelas coisas que fazem a gente agradecer por ter nascido.

Gustav Mahler, rascunho de “Ich bin der Welt abhanden gekommen”

Gustav Mahler (1860-1811)

Lieder eines fahrenden Gesellen
1. Wenn mein Schatz Hochzeit macht
2. Ging heut’ morgen über’s Feld
3. Ich hab’ ein glühend Messer
4. Die zwei blauen Augen

Kindertotenlieder
5. Nun will die Sonn’ so hell aufgehn!
6. Nun seh’ ich wohl, warum so dunkle Flammen
7. Wenn dein Mütterlein
8. Oft denk’ ich, sie sind nur ausgegangen!
9. In diesem Wetter!

Rückert-Lieder
10. Blick’ mir nicht in die Lieder!
11. Ich atmet’ einen linden Duft
12. Um Mitternacht
13. Liebst du um Schönheit
14. Ich bin der Welt abhanden gekommen

Christian Gerhaher, barítono
Orchestre Symphonique de Montréal
Kent Nagano, regência

Gerhaher, Nagano e a Sinfônica de Montreal em concerto

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Karlheinz

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 3 (Sado)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 3 (Sado)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

É um gosto altamente pessoal, claro, mas esta é a minha preferida dentre as Sinfonias de Mahler. Longuíssima e grandiosa, porém cheia de episódios camarísticos, a terceira é aquela que mais me surpreende e surpreende a cada audição. Em conversa com um amigo, disse que é raro ouvir uma má versão das obras de Mahler. Elas afastam naturalmente os amadores. Quem as aborda sabe o que faz, com raras exceções. Esta abordagem gravada ao vivo de Sado é especialmente feliz. A Orquestra Tonkünstler, também conhecida apenas como Tonkünstler, é excelente. Ela foi fundada em 1907 e é uma orquestra austríaca baseada na capital Viena e em Sankt Pölten. Yutaka Sado é seu regente titular desde 2015. (Isaac Karabtchevsky ocupou o posto entre 1988 e 1994). Já a Sinfonia Nº 3 de Mahler foi esboçada em 1893, composta principalmente em 1895, tomando forma final em 1896. Com seis movimentos, é a composição mais longa de Mahler e é a a sinfonia mais longa do repertório padrão, com execução típica durando em torno de 95 a 110 minutos. Foi eleita uma das dez melhores sinfonias de todos os tempos numa pesquisa com maestros realizada pela BBC Music Magazine. A peça é executada em concerto com menos frequência do que as outras sinfonias de Mahler, devido em parte à sua grande extensão e às enormes forças necessárias — oito trompas, coro infantil, etc. Apesar disso, é uma obra popular. Quando é executada, às vezes é feito um pequeno intervalo entre o primeiro movimento (que sozinho dura mais de meia hora) e o resto da peça. Isto está de acordo com a cópia manuscrita da partitura completa (guardada na Biblioteca Pierpont Morgan, Nova Iorque), onde o final do primeiro movimento traz a inscrição Folgt eine lange Pause! (“segue-se uma longa pausa”). A inscrição não é encontrada na partitura publicada. Uma seção do Quarto Movimento aparece no filme Morte em Veneza, de Luchino Visconti, de 1971, que também apresenta o Adagietto da Quinta Sinfonia, como todo mundo sabe. O trecho da Terceira é apresentado como a música que Gustav von Aschenbach compõe antes de morrer.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 3 (Sado)

01. Symphony No. 3 in D Minor I. Kraftig. Entschieden
02. Symphony No. 3 in D Minor II. Tempo di minuetto
03. Symphony No. 3 in D Minor III. Comodo, scherzando. Ohne Hast
04. Symphony No. 3 in D Minor IV. Sehr Langsam, misterioso. Durchaus Leise
05. Symphony No. 3 in D Minor V. Lustig im tempo und keck im ausdruck
06. Symphony No. 3 in D Minor VI. Langsam, ruhevoll. Empfunden

Tonkünstler-Orchester
Yutaka Sado, regente

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Yutaka Sado (1961-)

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel, Filarmônica de Viena)

Esta não é uma grande versão da quinta de Mahler. Ou melhor, a gravação é boa, mas não é candidata ao Olimpo das Gravações. Tornei-me muito exigente em relação a esta obra após ver Daniele Gatti regê-la em Roma. É da vida. A gente vê um cara que realmente é íntimo da obra e ele estraga as outras versões. O alcance emocional da obra pode ser enorme e me parece que Maazel fica aquém dele. O drama é reflexo dos problemas pelos quais o compositor passava. A Sinfonia Nº 5 começou a ser escrita em 1901, após uma grave doença. Na noite entre 24 e 25 de fevereiro, Mahler quase morreu em razão de uma hemorragia intestinal. Durante a convalescença, ele fez o esboço dos primeiros movimentos. No verão seguinte, ele começava uma nova vida acompanhado de sua esposa Alma. Ela também ajudou o marido, sendo a responsável por copiar a partitura da nova sinfonia. Naquele verão, com Alma, ele compôs o famoso Adagietto e o movimento final. Em 24 de agosto de 1901, ele terminaria a partitura, tocando-a ao piano para Alma.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Maazel)

Part I , Movement I: Trauermarsch
1 In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt. 5:50
2 Prötzig Schneller. Leidenschaftlich. Wild. 2:13
3 Tempo I. 5:56

Part I, Movement II
4 Stürmisch Bewegt. Mit Grösster Vehemenz. 4:30
5 Langsam Aber Immer. 5:48
6 Nicht Eilen. 4:41

Part II, Movement III: Scherzo
7 Kräftig, Nicht Zu Schnell. 2:30
8 Etwas Ruhiger. 4:23
9 Molto Moderato. 4:02
10 A Tempo I. 4:10
11 Tempo I. (Subito)
French Horn – Wolfgang Tomböck Jr.*
2:31

Part III, Movement IV: Adagietto
12 Sehr Langsam. 10:33

Part III, Movement V: Rondo-Finale
13 Allegro. 8:15
14 Nicht Eilen. A Tempo. 3:42
15 Grazioso. 3:20

Conductor – Lorin Maazel
Orchestra – Wiener Philharmoniker

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Mahler no comando

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 5 (Dudamel, Simón Bolívar Youth Orchestra)

Um amigo meu, entendedor de vinhos, costuma dizer que quando uma marca se apresenta como “o vinho mais vendido” do país tal ou do continente tal, ele evita. Porque deve ser um vinho que atende a todos os requisitos mínimos mas, feito em grandes quantidades, não tem uma caráter próprio. A palavra caráter, aqui, não no sentido de “bom” ou “mau caráter” – o que implicaria um julgamento moral – mas com o significado de personalidade, o conjunto de elementos que diferencia uma pessoa ou coisa das outras.

Essas discussões sobre o caráter – nesse sentido não moralista e sim atento aos detalhes da vida – permitem um desvio sobre o entusiasmo dos nossos tempos com a assim chamada “inteligência artificial” (lembro aqui a frase de Groucho Marx sobre  inteligência militar e música militar): creio que a máquina só pensa melhor que a pessoa se a pessoa estiver treinada para pensar como uma máquina. É claro que eu e o Groucho podemos estar errados e a máquina – leia-se: a repetição de comandos, frases feitas, protocolos, hierarquias – correta.

Desviando novamente os argumentos e entrando no assunto principal, chamo atenção para o fato de que Gustav Mahler, em suas sinfonias, sempre tira da cartola frases feitas e truques que sabidamente animam as plateias. Após muitos sucessos como maestro em Budapeste, Hamburgo e Viena (com sinfonias de Beethoven mas sobretudo regendo óperas de Mozart, Wagner e Tchaikovsky), ele conhecia os públicos orquestrais, sabia o que funcionava ao vivo. Ao mesmo tempo, ele criou sinfonias que não são só pedaços remendados e requentados de compositores anteriores: em suas próprias palavras, uma boa sinfonia devia conter o mundo inteiro dentro de si, e a frase pode ser lida também como uma sucessão de variações de escala: mundos dentro de mundos. Pois entre as marcas do caráter de Mahler – ou seja, o seu jeitinho, suas manias – está a alteração não só de humores mas também de momentos de tutti orquestral com momentos camerísticos em que dois ou três instrumentos dialogam e os outros silenciam.

Essas sinfonias são também boas oportunidades para maestros e orquestras mostrarem aspectos do seu caráter: entre os que gravaram ciclos inteiros, não dá pra não mencionar Haitink com a elegância e a tradição mahleriana do Concertgebouw (1962 a 71) e Bernstein extraindo emoções maiúsculas de três grandes orquestras (1974 a 88). E nesta gravação da 5ª de Mahler o venezuelano Gustavo Dudamel, que na época tinha menos de 30 anos, fez definitivamente música muito particular com seus músicos de Caracas. Quero dizer que os jovens músicos e maestro não buscam apenas imitar orquestras mais famosas do continente europeu: ao invés disso, imprimem seu caráter à obra.

Por exemplo no penúltimo movimento, o Adagietto para cordas e harpa, com um colorido orquestral rico em detalhes mas sem exagerar no drama, eles fazem jus à opinião de Mengelberg, maestro que conheceu Mahler e afirmava que este movimento era uma declaração de amor à sua esposa Alma. Assim, a entrada alegre dos metais e madeiras no início do Rondo-Finale, que eu estava acostumado a ouvir como o desabrochar das flores e o surgimento dos animais após um longo inverno, aparece aqui com a simplicidade do canto dos pássaros anunciando o fim de uma noite. Não significa que o Adagietto tenha sido breve: o andamento aqui é quase no mesmo passo de Tilson Thomas ou Haitink, mas o som de serenata noturna das cordas da Orquestra Jovem Simón Bolívar faz tudo soar leve. É verdade que a sinfonia tem também momentos mais pesados, mas nesta gravação eles se concentram nos três primeiros movimentos.

No livreto do CD, Dudamel afirma que a 5ª de Mahler representa um tremendo desafio, ainda mais para aqueles músicos jovens, não só pelas dificuldades técnicas mas também pela sensibilidade necessária para expressar os “extremos de felicidade, tristeza, depressão e esperança desta obra”. Dudamel também conta que ele e os músicos da orquestra aprenderam muito sobre essa sinfonia com o maestro italiano Claudio Abbado (1933 – 2014): ele conduziu a orquestra nesta obra e o jovem maestro venezuelano teve a oportunidade de discuti-la com ele em detalhes.

Gustav Mahler: Sinfonia nº 5 (1901-1902)
I. Trauermarsch
II. Stürmisch bewegt
III. Scherzo
IV. Adagietto
V. Rondo-Finale

Simon Bolivar Youth Orchestra of Venezuela, Gustavo Dudamel
Recorded: 2006, Aula Magna de la Universidad Central, Caracas

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Um café da manhã da família Mahler

Pleyel

Pérolas do Low Budget Price

O ano era 1988. O CD acabava de chegar ao Brasil, depois de uns 4 ou 5 anos de atraso em relação ao resto do mundo. Eu e meus amigos melômanos, no alto de nossos 14, 15 anos, ouvíamos entusiasmados sobre a novidade pelos noticiários da TV e reportagens nos grandes jornais, todos anunciando em letras garrafais: o LP morreu. O mundo se convertia gradativamente ao digital, os computadores pessoais entravam nos lares e se falava de uma grande e obscura rede de comunicação chamada internet.

Para nós, o pacote era realmente convidativo e não tínhamos nenhum saudosismo, pois significava, como decorrência, o fim dos chiados e dos riscos do disco. Justamente um dos chamarizes de marketing: o CD era indestrutível, som puro para toda a vida. Não demorou muito tempo para que percebêssemos que essa historia estava mal contada, o CD não era eterno, mas realmente tinha duas enormes vantagens: não tinha chiado e não se desgastava em cada reprodução.

Nossos olhos se enchiam quando começamos a ver as primeiras prateleiras das lojas de discos acomodando CDs, e mais: muita música clássica, como nunca tínhamos visto antes. Um paraíso.  Talvez pela questão da novidade, mudança de hábitos, e tal, os lojistas começaram pelos clássicos, que justamente levantava a bandeira do scratch-free. A empolgação era tamanha que nem me dei conta de que muitas daquelas gravações não eram as mesmas que comprávamos em LP ou K7. Na verdade, nem atinei para a apresentação dos discos. Como seriam suas capas? Iguais à dos LPs? Capas genéricas iam surgindo e, cegos pela avidez, nem nos tocamos que estávamos comprando budget-price.

Comecei comprando uma gravação do Concerto no.3 de Beethoven, e percebi que aquele som era bem diferente do que estava acostumado. Não era ruim a interpretação, mas como vivíamos em lojas de discos, sabíamos todos os grandes intérpretes. Pollini, Argerich, Michelangeli, Arrau, Weissenberg, Brendel, Kempff, e não era nenhum deles. Para usar uma expressão da época, as fichas começaram a cair: fui conferir e não tinha o nome dos intérpretes na capa! Isso nunca tinha acontecido. Olhei a contracapa (foi difícil achar), e vi que a (ou o, não dava para dizer naquela situação) pianista era uma tal de Dubravka Tomsic e o maestro era um certo Sr. Anton Nanut com uma Sinfõnica da Rádio de Ljiubjana, que sei lá onde era, nem como se pronunciava.

Pouco depois, com o aumento das vendas dos CDs, começaram a chegar também as gravações dos grandes selos, DG, PHILIPS, DECCA, SONY e EMI. Mas este? MOVIEPLAY?? Que diabos?? E por fim as diferenças de preços, não deixavam mentir: eram gravações low budget price, ou como começamos a chamar, CDs de “Baciada”, já que eram oferecidos em grandes lotes como ofertas e pontas de estoque.

Qual era a mágica? Basicamente, uma gravadora espanhola e portuguesa chamada Sonoplay, fundada em meados dos anos 1960 por um dissidente da PHILIPS, teve acesso a fonogramas originais de orquestras e solistas obscuros, principalmente do leste europeu, que, depois da 2a.Guerra, ficaram à mercê de contratos irrisórios para aumentar o orçamento, sem garantia de que seriam lançados algum dia. Em 1968, a gravadora se tornou MOVIEPLAY, e gravava nada além de música folclórica portuguesa e pot-pourris de disco-dance.

O golpe veio com a mudança de suporte. Com o CD, a reciclagem desse material se tornava possível e legítima. Pegaram esses velhos fonogramas, digitalizaram e começaram a vender como produtos novos, em série, alterando os nomes dos intérpretes, omitindo as datas de gravação e afirmando que se tratavam de gravações digitais (a sigla DDD estava sempre presente). Chegaram a inventar alguns nomes: Henry Adolph e Alberto Lizzio são personagens fictícios, este ultimo deliberadamente um pseudônimo do maestro e produtor musical Alfred Scholz, que provavelmente vendeu alguns desses fonogramas. Um disco com o Concerto para Flauta e Harpa de Mozart, regido por esse sr. Lizzio (provavelmente Scholz), e tendo à harpa uma tal Renata Modron – que também não possui NENHUMA referência na internet inteira –  ganharia facilmente o prêmio de pior gravação desse concerto. Nível amador. A festa era tamanha que um mesmo fonograma circulava por vários selos de baixo orçamento, e como ninguém sabia ao certo de quem eram os detentores dos direitos, lançavam e relançavam sem nenhum pudor. A gravadora NAXOS começou fazendo algo muito semelhante, mas tomou o caminho da aprovação crítica e busca pela consagração de qualidade. No caso desses budgets, isso não era sequer cogitado.

Outros maestros e solistas, talvez por ainda estarem vivos e atuantes, acabaram exigindo contratos e direitos sobre as gravações, mas mesmo assim, sendo desconhecidos do circuito Star System dos grandes selos, faziam ou vendiam suas gravações por preços bem mais baixos. O leste europeu às vésperas da Perestroika era um mercado imenso a se explorar.

Neste momento final dos anos 80, a Movieplay começou a lançar essas gravações por toda a Europa e também no Brasil, numa divisão de clássicos que envolvia uma série chamada ‘Digital Concerto’, e uma outra, composta basicamente de coletâneas ao estilo dos pot-pourris antigos, chamada ‘Romantic Classics’, todas com o mesmo design padrão, cuja única variação possível era a pintura de fundo. No meio de um monte de fonogramas genéricos, alguns sem dono e/ou sem registro de intérprete, combinados com outros legítimos, começam a aparecer verdadeiras pérolas: gravações de baixo custo, com esses maestros/orquestras/solistas pouco festejados, mas que se destacam como leituras e interpretações que, não fosse o descaso do marketing envolvido, poderiam sem problemas situarem-se entre os grandes selos e as performances lendárias. Ok, um pouco exagerado, mas quero dizer que sim, há boas gravações no meio da baciada. ‘Barganhas’ como se costuma dizer. Trouxe algumas aqui, que considero realmente registros de excelência que valem a pena divulgar:

 

1.Haydn: String Quartets –  op.1 no.1 ‘Hunting quartet’, op.64 no.5 ‘The Lark’ & op.76 no.3 ‘ Emperor’ – Caspar da Salo Quartet
Este é um caso típico dessas apropriações para evitar pagamento de direitos. O Quarteto ‘Caspar da Salo’, nomeado em função de um famoso Luthier do séc.XVI, Gasparo de Saló, é um embuste, um conjunto fictício, criado por Alfred Scholz para vender fonogramas alheios na onda do digital. Felizmente, a leitura desses quartetos é límpida e precisa, o conjunto tem um equilíbrio sonoro incrivelmente coeso, com uma técnica segura e clara que destaca todo o esplendor das abundantes invenções melódicas de Haydn. Infelizmente jamais saberemos quem está realmente tocando ou quando a gravação foi feita.

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2.Beethoven: Piano Concerto no.3, Pathétique Sonata – Dubravka Tomsic, piano – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
Sim, Dubravka Tomšič Srebotnjak existe mesmo, nasceu na Eslovênia em 1940 e ainda está viva (Wikipedia). Infelizmente, ficava muito difícil, no meio de um monte de nomes eslavos desconhecidos,  saber quem era quem. Foi preciso um amigo, o saudoso pianista e professor Antonio Bezzan, para nos chamar a atenção para seu talento. E realmente, ao ouvirmos com mais atenção, seu acento eslavo realça uma interpretação bastante pessoal e nada frívola. Técnica e esteticamente, Tomsic demonstra sensibilidade e desenvoltura. Se não chega a impressionar, também não faz feio, e nos revela uma interessante verve russa em Beethoven.

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3.Dvórak: Symphony no.9 ‘From the New World’; Smetana: Die Moldau – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
No fim das contas, Anton Nanut, que também existe e é real (Norman Lebrecht, em seu blog, até publicou uma nota sobre seu falecimento), acaba se mostrando um regente de primeira grandeza. Comprometido com uma tradição sonora imponente, que mescla reminiscências do império Austro-Húngaro com a verve russa, essa é uma das mais contundentes versões da Sinfonia Novo Mundo. Se não soubéssemos quem está regendo, poderíamos facilmente tomar esta como uma gravação de Szell ou Doráti. Mas o grande destaque deste disco é o Moldau. Sim, nem Kubelik fez um Moldau tão sensível e autêntico. Recomendo sem restrições.
A parte ruim é que também não temos certeza de quem está realmente regendo e nem quando foi feita a gravação. Há vários selos e edições que usam esse mesmo fonograma, e há indicações dúbias nos sites de streaming e lojas virtuais, de que esse Moldau talvez tenha sido regido por Alfred Scholz. Mas uma pesquisa exaustiva nos dá mais referências (e também referências mais antigas) indicando ser de Nanut. Ficamos com ele, por enquanto. O descaso do selo budget inclui também a indicação errada de uma Dança Eslava de Dvorak. Ao invés da op.72 no.1, é na verdade a op.46 no.1. O fato é que é um disco memorável, bom e barato, apesar disso fazer pouca diferença hoje em dia.

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4.Mahler: Symphony no.6 – Hartmut Haenchen, Philharmonia Slavonica
Esta é uma gravação realmente legítima. Haenchen (nascido em 1943) é um maestro relativamente conhecido na Europa, que tem referências autênticas e um site próprio, com uma discografia imensa e um invejável currículo, que inclui até mesmo participações recentes no Festival de Bayreuth. Talvez seja mais conhecido no Brasil por ser especialista em C.P.E. Bach, mas suas incursões na música romântica e pós-romântica são bastante relevantes, tendo sido recentemente apontado como um destaque de profunda conexão com Bruckner e Mahler. É curioso que um regente dessa estatura nunca tenha assinado contratos fixos com grandes selos (aparece de vez em quando na SONY), mas de qualquer modo, essa gravação não nos deixa mentir: é a mais convincente Sexta de Mahler que já ouvi. A fúria com que destaca a sonoridade das angústias mahlerianas é irresistível, ao mesmo tempo que contrabalança o lírico Andante com uma doçura tocante. A percussão é onipresente, as pratadas são épicas, e os golpes do martelo e do tam-tam do último movimento, os mais sonoros que já ouvi. Devastador. A gravação é realmente surpreendente, não apenas pela contundência da leitura, mas também pelo equilíbrio das forças maciças que Mahler evoca. Provavelmente foi o CD de melhor relação custo/benefício que já comprei.
Haenchen gravou outras vezes essa sinfonia, até com a Netherlands Philharmonic, mas essa me parece a mais relevante. Conforme uma crítica que recebeu na Amazon, “an energetic, dinamic, colourful interpretation in only one CD, in a bargain collection. Haenchen is an inmense conductor and I think the appropiate conductor for (for example) Philadelphia or NY orchestras in USA. ” Fica a dica.

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CHUCRUTEN

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia no. 9 em Ré menor (Walter, Viena, 1938)

Entre as características inerentes à música, há uma dualidade essencial que parece se manifestar de forma mais cristalina quando se trata da chamada música clássica: a questão da presença. Se, por um lado, a experiência de um concerto ao vivo nos desperta uma série de sensações (físicas, espirituais, anímicas) que nascem da vivência coletiva de compartilhar o silêncio com outras pessoas para escutar algo em comum, por outro a música gravada tem uma capacidade ímpar entre as artes de nos transportar para outros tempos, outros lugares e mundos.

Há algo de quase mágico em poder sentar-se em casa na terceira década do terceiro milênio da era cristã e escutar, em detalhes, o que fizeram gente como Glenn Gould, Birgit Nilsson, Msitslav Rostropovich ou Guiomar Novaes. É uma riqueza inestimável, uma Cocanha eterna de beleza, verdade e sentimento.

Nesse sentido, o disco de hoje é histórico no mais profundo dos sentidos — com toda a grandeza trágica que isso carrega consigo. Trata-se da gravação da Nona Sinfonia, em Ré menor, de Gustav Mahler (1860-1911), feita por Bruno Walter à frente da Orquestra Filarmônica de Viena, em 16 de janeiro de 1938, no Musikverein, no centro da capital austríaca.

Ao parágrafo anterior, adiciono duas informações. A primeira é que a estreia da obra, já após a morte do compositor, foi em 1912 com o mesmo Bruno Walter à frente da mesma Filarmônica de Viena. A segunda é que semanas após essa gravação as tropas nazistas invadiram a Áustria e a orquestra expurgou os membros judeus do grupo, incluindo o próprio maestro Walter, que terminaria por emigrar para os Estados Unidos e se tornaria diretor artístico da Filarmônica de Nova York, uma parceria mitológica.

A Stolperstein de Bruno Walter em Salzburgo, na Áustria.

Sinfonias são, afinal, manchas de tinta preta em uma página em branco; sinais que, traduzidos pelos músicos, viram sons organizados no tempo. A equação é simples, mas contém em si esse elemento de infinitas possibilidades que é o ser humano. Escutar a Filarmônica de Viena naquele janeiro de 1938, o último respiro antes de um longo abismo de trevas, é sentir a urgência daquele momento, naquele lugar.

Frente a tudo isso, penso que devo me furtar a falar qualquer coisa mais sobre esse disco; tudo correria o risco de soar banal frente ao absoluto feito histórico que é essa gravação ter sobrevivido a um dos períodos mais terríveis da história da humanidade. O disco é um testemunho de um mundo que desabaria para nunca mais ser o mesmo. A guerra foi uma mancha que transformou a tudo que tocou, e para a sociedade vienense daquele final de década o impacto foi profundo. O pesadelo estava apenas começando.

Bruno Walter, o responsável por estrear a Nona de Mahler

Gustav Mahler (1860-1911)
Sinfonia no. 9 em Ré menor
(1912)

1. Andante comodo
2. Im Tempo eines gemächtlichen Ländlers
3. Rondo – Burleske
4. Adagio

Orquestra Filarmônica de Viena
Bruno Walter, regência

16.01.1938
Musikverein, Viena

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Karlheinz

… e como ninguém vem ao nosso programa e sai de mãos vazias, um pequeno bônus para esse post: o áudio de Walter ensaiando a mesma Nona em um contexto bem diferente: 1962, Los Angeles, à frente da Columbia Symphony Orchestra. Que tesouro, que acontecimento que é escutar alguns minutos desse ensaio! Conseguimos ter uma pequena amostra da maneira de trabalhar de Walter na preparação para um estúdio de gravação. O homem que regeu a estreia da peça, amigo pessoal do velho Gustav! Wahnsinn, como dizem os alemães.

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 6 – Trágica – musicAeterna & Teodor Currentzis ֎

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 6 – Trágica – musicAeterna & Teodor Currentzis ֎

Gustav Mahler

Sinfonia No. 6 – Trágica

musicAeterna

Teodor Currentzis

 

No dia 20 de maio de 1906 Gustav Mahler estava preocupado quando se pôs a caminho de Essen para a preparação da primeira apresentação de sua Sexta Sinfonia. Ele sabia que, apesar de ter composto uma sinfonia sem coro, sem solos vocais e com quatro (clássicos) movimentos, a convencionalidade parava aí e o trabalho seria difícil. Como a orquestração da Sinfonia era enorme, grande parte do efetivo da Orquestra de Utrecht havia sido requisitada para completar o conjunto necessário para a apresentação, que ocorreria como parte do Festival Anual da Allgemeiner Deutscher Musikverein, que prometia um total de 110 membros na orquestra.

Gustav e Alma, que teria sido representada em um dos temas da sinfonia…

Eterno perfeccionista, Mahler não ficou feliz com os ensaios nem com a apresentação. Segundo relatos de seu ciclo mais íntimo, ficou particularmente desolado com um comentário feito pelo desligado e ‘sincero’ amigo músico Richard Strauss, de que a sinfonia toda, especialmente o último movimento, ficara excessivamente instrumentada. Talvez ele estivesse se referindo ao arsenal percussivo empregado por Mahler, incluindo o martelo de Mahler! Ah, pois depois que você conhecer o martelo de Mahler, poderá esquecer até o martelo de Thor!

Martelo de Mahler

Gustav Mahler, sempre em dúvidas e insatisfeito tanto com suas obras como com suas interpretações teria comentado como era diferente de Strauss que sempre conseguia fazer com que suas próprias obras tivessem com alguma facilidade boas apresentações.

Teodor ensaiando a PQP Bach Orquestra de Pomerode

E não foi diferente com a Sexta, Mahler tinha dúvidas em manter o nome – Trágica – e mesmo com a ordem dos movimentos internos. O Scherzo, que vem em segundo lugar, tem um padrão rítmico parecido com o primeiro (lembrando o Lied Revelge). Mahler já imaginava os críticos e a audiência falando que ele estaria já se repetindo. Assim, talvez fosse melhor que o Adagio viesse em segundo, depois o Scherzo. E o número de marteladas? As tais representariam as pancadas do destino na vida do herói (trágico!) e eram inicialmente 5. Depois 3, e depois… Pois bem, bom quizz para o atento ouvinte é contar o número de marteladas no último movimento da gravação da postagem. Pois é, um desafio para a orquestra musicAeterna, com instrumentos de época (de Mahler), sob a direção de Teodor Currentzis. E para você, uma proposta de ouvir uma grande obra numa interpretação muito especial, mesmo que você já tenha uma gravação que considera ideal.

Alguns segundos antes da martelada

Eu ouvi algumas outras gravações para a preparação da postagem, entre elas as duas do Bernstein, a primeira com a New York Philharmonic (CBS-Sony) e a outra com a Wiener Philharmoniker (DG). Ouvi também as duas deixadas pelo Claudio Abbado, a primeira com a Chicago Symphony Orchestra (DG, capa deslumbrante) e a segunda com a Berliner Philharmoniker (DG, Adagio antes do Scherzo). Ouvi outras, mas vamos para por aqui pois vão achar que estou me exibindo. Posso dizer que a gravação do Currentzis me agradou muito e voltarei a ouvi-la outras vezes.

Gustav Mahler (1860 -1911)

Sinfonia No. 6 em lá menor “Trágica”
  1. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig
  2. Scherzo. Wuchtig
  3. Andante moderato
  4. Finale. Sostenuto – Allegro moderato – Allegro energico

musicAeterna

Teodor Currentzis

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Aqui está a turma da gravação acompanhando o cantor Florian Boesch em uma apresentação do Lied Revelge, para que você compare com o correspondentes movimentos da sinfonia.

Momento ‘the book is on the table…’:  I really enjoyed this performance, a difficult symphony offering clarity and somber beauty.

This is a powerful and compelling performance. Currentziz brings fire and tenderness to this symphony in equal measure.

Aproveite!

René Denon

Thor resolveu soltar o martelo, depois de ouvir a sinfonia de Mahler

Diversos Compositores: Retrospectiva de 2022 do René Denon ֍

Diversos Compositores: Retrospectiva de 2022 do René Denon ֍

Retrospectiva

2022

Mais uma vez a Terra está a completar uma volta em sua órbita celeste e nos aproximamos do fim deste peculiar ano de 2022. Alguns ciclos se completam, outros estão a vir, já anunciados. É um bom momento para, como Janus, olharmos para trás, considerando o que foi feito e desejarmos o que está chegando. Eu estou tentando criar espaço no presente para receber o que o futuro trará.

Passei em revista minha atividade no blog, entre 1 de dezembro de 2021 e 30 de novembro de 2022. Este ano não tive energia para verificar todas as publicações e limitei às que resultaram de meus próprios esforços. Estas postagens refletem meu envolvimento com música, que posso observar, é grande. Algumas delas foram fáceis de preparar, vindas de alguma boa inspiração, outras demandaram mais estudo e dedicação, mas todas me deram bastante prazer, ao longo do caminho. Prazer em ouvir a música, de eventualmente comparar com outras interpretações ou de seguir as direções que ela me apontava. Prazer também em burilar o texto, em catar as ilustrações e depois esperar que elas surgissem, no blog. Esperar os aguardados comentários, estes mais parcos do que eu gostaria. De qualquer forma, os que recebi ao longo deste período me pareceram sinceros e foi gratificante lê-los.

Olhar estas postagens mais uma vez me fez pensar o quanto é importante valorizar o tempo, que ouvir música demanda tempo. Talvez seja por isso que alguns de nós se agarre a um repertório mais restrito, voltando sempre aos mesmos intérpretes. Eu sou por demais curioso para isso, o que me força a constantemente abrir mão desse tipo de segurança, abrindo espaço para as novidades.

Neste período fiz 64 postagens e acabei selecionando uma playlist entre as peças que considerei representativas do total. Caso você tenha o tempo de ouvir, poderá se interessar em visitar a correspondente postagem e descobrir algumas outras novidades.

Três dessas postagens selecionadas são de nosso padroeiro, São Sebastião Ribeiro. Uma gravação estalando de nova das seis sonatas para cravo e violino, com o violinista Andoni Mercero e o cravista Alfonso Sebastián; um disco com cantatas para baixo interpretadas pelo (jovem) David Greco, acompanhado pelo Luthers Bach Ensemble, sob a direção de Tymen Jan Bronda; uma outra gravação (plena de reflexões feitas durante o afastamento social resultado da pandemia) das seis (maravilhosas) suítes para violoncelo pelo jovem e talentoso Bruno Philippe.

Duas postagens refletem essa minha busca por novidades. Assim, na minha playlist de Retrospectiva 2022 há duas peças que conheci este ano e que me impressionaram: num deles, o Concerto para Piano de Sir Michael Tippett, interpretado pelo veterano pianista Howard Shelley, com a Bournemouth Symphony Orchestra, regida pelo (late) Richard Hickox, num disco do selo Chandos, inglês em todas as instâncias; no outro, o Cantus Articus do compositor finlandês Einojuhani Rautavaara. A peça Cantus Articus foi a que me motivou investigar a música de Rautavaara e o disco também traz a sua Sinfonia No. 7 e o Concerto para flautas.

O repertório de música francesa dos séculos 19 e 20 aparece sempre nas minhas postagens e um exemplo é este disco de músicos poloneses (ótimos) tocando lindas peças de câmara com instrumentos de sopros, o Gruppo di Tempera. Veja o discreto charme deste La chaminée du roi René, de Darius Milhaud.

Outro exemplo é o disco Exotisme, sonorités pittoresques, com peças para piano solo ou a quatro mãos, interpretadas pelos ótimos Ludmilla Guilmaut e Jean-Noël Dubois. Uma mescla de música de compositores mais conhecidos com música de compositores que recebem menos exposição e que merecem maior divulgação. Muita alegria, charme e beleza, como num lindo buque de flores.

Cantores também me interessam muito e adorei ter conhecido o trabalho da mezzo-soprano Elisabeth Kulman cantando algumas canções de Mahler, acompanhada por um pequeno conjunto de músicos com o sugestivo nome Amarcord Wien.

Muito trabalho me deu a postagem das 40 árias, que passou incólume pelos nossos leitores. Muito trabalho, uma vez que ópera é um gênero musical que eu conheço pouco, mas muito prazer também em descobrir um pouco o sentido de tão belos momentos musicais. Para esta Retrospectiva 2022 escolhi algumas das árias que considerei mais emblemáticas. Entre elas Casta Diva, da ópera Norma, composta por Bellini, e Vissi d’arte, de Tosca, composta por Puccini.

Uma grata surpresa neste ano foi a descoberta da música para piano de Radamés Gnattali, num disco primoroso. O intérprete Luís Rabello é sobrinho do violonista Raphael Rabello e ótimo pianista.

Para completar essa retrospectiva, não poderia deixar de mencionar mais música barroca. Escolhi algumas sonatas de Scarlatti, parte da postagem de um disco da espetacular pianista Zhu Xiao-Mei e uma postagem dedicada ao Opus 3 de Vivaldi, pelo Concerto Italiano, sob a direção de Rinaldo Alessandrini. Esta coleção tem de especial o fato de que os concertos de Vivaldi estarem entremeados com algumas das suas transcrições feitas por Bach.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata No. 6 em sol maior, BWV1019
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro
  4. Adagio
  5. Allegro

Andoni Mercero, violino

Alfonso Sebastián, cravo

Cantata BWV 82 ‘Ich habe genug’
  1. Ich habe genug
  2. Ich habe genug! Mein Trost ist nur allein
  3. Schlummert ein, ihr matten Augen
  4. Mein Gott! Wann kömmt das schöne
  5. Ich freue mich auf meinen Tod

David Greco, baixo

Joanna Huszcza, violino

Amy Power, oboé

Luthers Bach Ensemble

Tymem Jan Bronda

Suíte para Violoncelo No. 6 in D major, BWV1012
  1. Prélude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Gavottes I & II
  6. Gigue

Bruno Philippe, violoncelo

Michael Tippett (1905 – 1998)

Concerto para Piano e Orchestra
  1. I Allegro non troppo
  2. II Molto lento e tranquilo
  3. III Vivace

Howard Shelley, piano

Bournemouth Symphony Orchestra

Richard Hickox

Darius Milhaud (1892 – 1962)

Le cheminée du Roi René, Op. 205
  1. Cortege
  2. Aubade
  3. Jongleurs
  4. La Maousinglade
  5. Joutes sur l’arc
  6. Chasse a Valabre
  7. Madrigal – Nocturne

Gruppo di Tempera

Agnieszka Kopacka, piano
Agata Igras-Sawicka, flauta
Sebastian Aleksandrowicz, oboé
Adrian Janda, clarinete
Artur Kasperek, fagote
Tomasz Bińkowski, trompa

Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Ging heut morger übers Feld – Mahler (Lieder eines fahrenden Gesellen)
  2. Ich atmet’ einen linden Duft – Rückert-Lieder
  3. Blicke mir nicht in die Lieder – Rückert-Lieder
  4. Liebst du um Schönheit – Rückert-Lieder
  5. Adagietto – 4 movimento da Quinta Sinfonia

Elisabeth Kulman, mezzo-soprano

Amarcord Wien:

Tommaso Huber, acordeão

Sebastian Gürtler, violino

Michael Williams, violoncelo

Gerhard Muthspiel, contrabaixo

Einojuhani Rautavaara (1928 – 2016)

Cantus Arcticus, Op. 61 (Concerto para Pássaros e Orquestra)
  1. Suo (Pântano)
  2. Melankolia
  3. Joutsenet muuttavat (Cisnes migrando)

Sinfonia Lahti

Osmo Vänskä

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes, Livre 1, L. 117
  1. Voiles

Ludmilla Guilmault, piano

Déodat de Séverac (1872 – 1921)

En Vacances, Vol. 1
  1. Où l’on entend une vieille boîte à musique
  2. Valse romantique

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Dolly, Op. 56
  1. Le pas espagnol

Ludmilla Guilmault; Jean-Noël Dubois, piano

40 Best Arias

  1. Bellini- Norma – Casta Diva – Maria Callas
  2. Verdi- Rigoletto – La Donna E Mobile – Richard Leech
  3. Bizet- Carmen – Habanera – ‘L’amour Est Un Oiseau Rebelle – Julia Migenes
  4. Bizet- Carmen – Flower Song – Placido Domingo
  5. Offenbach- Les Contes d’Hoffmann – Barcarolle – Jennifer Larmore & Hei-Kyung Hong
  6. Mozart- Don Giovanni – Dalla Sua Pace – [Don Ottavio] – Hans-Peter Blochwitz
  7. Delibes- Lakme – Flower Duet – [Lakme, Mallika]) – Jennifer Larmore & Hei-Kyung Hong
  8. Verdi- La Traviata – Brindisi- Libiamo Ne’Lieti Calici – Neil Schicoff & Edita Gruberova
  9. Puccini- La Boheme – Che Gelida Manina [Rodolfo]) – Jose Carreras
  10. Puccini- La Boheme – Si. Mi Chiamano Mimi – Barbara Hendricks
  11. Puccini- Tosca – Vissi D’arte’ [Tosca] – Kiri Te Kanawa
  12. Puccini- Tosca – E Lucevan Le Stelle [Cavaradossi] – Placido Domingo
  13. Gluck- Orphee Et Eurydice – J’ai Perdu Mon Eurydice – Susan Graham
  14. Rossini- La Cenerentola – Non Piu Mesta [Angiolina] – Jennifer Larmore

Radamés Gnattali (1906 – 1988)

  1. Rapsódia Brasileira
  2. Poema de Fim de Tarde
  3. Manhosamente
  4. Uma rosa para o Pixinguinha

Luís Rabello, piano

Domenico Scarlatti (1685 – 1757)

  1. Sonata em mi maior, K. 531 (L. 430)
  2. Sonata em si menor, K. 87 (L. 33)
  3. Sonata lá maior, K. 533 (L. 395)
  4. Sonata em ré menor, K. 32 (L. 423)
  5. Sonata em lá maior, K. 39 (L. 391)

Zhu Xiao-Mei, piano

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto No. 8 for 2 Violins in A Minor, Op. 3, RV 522
  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto for organ after RV 522 in A Minor, BWV 593
  1. [Allegro]
  2. Adagio
  3. Allegro

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto No. 10 for 4 Violins in B Minor, Op. 3, RV 580
  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto for 4 Harpsichords after RV 580 in A Minor, BWV 1065
  1. [Allegro]
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto Italiano

Rinaldo Alessandrini, cravo e regência

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Assim, mantendo ainda viva a memória da música que nos alegrou no ano que passou, voltamos os planos e as expectativas para este ano novo.

Aproveite!

René Denon

Alban Berg / Gustav Mahler: Sehnsucht — 7 Frühe Lieder / 4 Gesänge / Sinfonia Nº 4 (Hannigan, Steffani, Rolf Verbeek)

Alban Berg / Gustav Mahler: Sehnsucht — 7 Frühe Lieder / 4 Gesänge / Sinfonia Nº 4 (Hannigan, Steffani, Rolf Verbeek)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sehnsucht, palavra central e quase intraduzível do período vienense fin-de-siècle, descreve aspectos do desejo, da melancolia e da nostalgia. Durante a pandemia de Covid-19, havia uma saudade coletiva, tanto entre artistas quanto entre espectadores. O recital Sehnsucht, criado por Barbara Hannigan em Rotterdam, foi tocado ao vivo na sala de concertos vazia de De Doelen. A gravação em álbum, reconhece a tremenda performance de todos os envolvidos. Dois jovens artistas holandeses, o maestro Rolf Verbeek e o barítono Raoul Steffani, juntaram-se a Hannigan e à Camerata RCO para esta viagem íntima. O recital explora dois ciclos de canções de Berg que foram escritos pouco depois 4ª sinfonia de Mahler. Todas estas obras são apresentadas em arranjos para conjunto de câmara. Os lieder de Berg são expandidos de sua formação original de voz e piano para um diálogo com novas cores e formações. A 4ª sinfonia de Mahler é reduzida a uma jornada camarística como uma terna conversa.

Alban Berg / Gustav Mahler: 7 Frühe Lieder / 4 Gesänge / Sinfonia Nº 4 (Hannigan, Steffani, Rolf Verbeek)

01. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 1, Nacht
02. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 2, Schilflield
03. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 3, Die Nachtigall
04. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 4, Traumgekrönt
05. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 5, Im Zimmer
06. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 6, Liebesode
07. Berg: 7 Frühe Lieder (Arr. for Soprano and Chamber Orchestra by Reinbert de Leeuw): No. 7, Sommertage

08. Berg: 4 Gesänge, Op. 2 (Arr. for Baritone and Chamber Orchestra by Henk de Vlieger): No. 1, Aus Dem Schmerz sein Recht
09. Berg: 4 Gesänge, Op. 2 (Arr. for Baritone and Chamber Orchestra by Henk de Vlieger): No. 2, Schlafend trägt man mich in mein Heimatland
10. Berg: 4 Gesänge, Op. 2 (Arr. for Baritone and Chamber Orchestra by Henk de Vlieger): No. 3, Nun ich der Riesen Stärksten überwand
11. Berg: 4 Gesänge, Op. 2 (Arr. for Baritone and Chamber Orchestra by Henk de Vlieger): No. 4, Warm die Lüfte

12. Mahler: Symphony No. 4 in G Major (Arr. for Chamber Orchestra by Erwin Stein): I. Bedächtig, nicht eilen
13. Mahler: Symphony No. 4 in G Major (Arr. for Chamber Orchestra by Erwin Stein): II. In gemächlicher Bewegung, ohne Hast
14. Mahler: Symphony No. 4 in G Major (Arr. for Chamber Orchestra by Erwin Stein): III. Ruhevoll, poco adagio
15. Mahler: Symphony No. 4 in G Major (Arr. for Chamber Orchestra by Erwin Stein): IV. Wir geniessen die Himmlischen Freuden. Sehr behaglich

Barbara Hannigan
Raoul Steffani
Camerata RCO
Rolf Verbeek

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Sim, somos apaixonados por Barbara | Foto: Marco Borggreve

PQP

Carlo Maria Giulini: The Chicago Recordings (4 cds)

Carlo Maria Giulini: The Chicago Recordings (4 cds)

Amigas e amigos deste blog, muito boa tarde! Sou Karlheinz, um leitor e ouvinte antigo do PQP que ficou muito feliz com o convite recebido há algumas semanas para me juntar a esse afinado time de amantes da música. Convite que aceitei não só pela alegria de fazer parte de um site que me ensinou tanto, em que descobri tanta beleza, mas também por acreditar em formas de viver a música de uma maneira mais coletiva. Ouvir, descobrir, conversar, ler, escrever, trocar — isso tudo enriquece a escuta. Espero que gostem, e se não gostarem, reclamem, pra gente poder ir ajeitando a casa…

E, para começar, trouxe uma caixinha que tem não um, mas quatro discos, um para cada ano de governo fascistóide que tivemos que aturar. Carlo Maria Giulini: The Chicago Recordings traz uma seleção (esse artigo “the” está sobrando aí; faltam gravações importantes como o Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky, e a Sinfonia Clássica de Prokofiev) de pedradas que o regente italiano gravou entre 1969 e 1976 com essa baita orquestra que é, e era, a Sinfônica de Chicago.

O repertório consiste na espinha dorsal das preferências de Giulini (1914-2005): Beethoven, Berlioz, Brahms, Bruckner, Mahler e Stravinsky. Quatro discos que registram a química entre um ambicioso regente e uma das orquestras que marcaram mais profundamente a sua carreira (a Philharmonia também ocupa um imenso espaço, lado a lado na prateleira), nos anos mais incandescentes dessa união.

 

Giulini com a Sinfônica de Chicago em sua primeira turnê européia juntos. Estocolmo, 1971

“Essa maravilhosa orquestra — eu prefiro não dizer que eu os regi, mas sim que eu fiz música com estes maravilhosos músicos e seres humanos. Foram um amor e uma amizade profundos, algo que pertence ao meu corpo, à minha alma e ao meu sangue.” Assim Giulini definiu sua relação com a CSO, em uma entrevista à rádio WFMT em 1980 (trecho presente no encarte da caixa). Se por um lado há um inegável tom que escorrega no clichê nessa fala, por outro, ao escutar o que eles fizeram juntos, dá para entender o que levou il maestro a se referir desta forma aos colegas da terra dos Bulls.

Giulini tinha um raro talento para esculpir, lapidar, moldar o som das orquestras que tinha à frente. Certamente deve ter contribuído para essa sensibilidade sua experiência na juventude como violista da Orchestra Dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia, em Roma. Lá ele tocou sob a batuta de gente como Otto Klemperer, Pierre Monteux, Bruno Walter, Wilhelm Furtwängler, Igor Stravinsky, Richard Strauss… Mais ou menos como aprender a jogar bola com o Brasil de 70?

Entre as obras presentes nesta bela caixinha, um pequeno destaque para a Sinfonia nº 4, de Johannes Brahms. A obra esteve no programa do primeiro concerto da Accademia após a queda do fascismo e o fim da II Guerra, regido por Giulini em 16 de julho de 1944, pouco mais de um mês após a liberação de Roma pelos Aliados. Giulini estudou a sinfonia enquanto permanecia escondido em um túnel, por meses, ao se recusar em lutar pelo exército italiano em 1943. Foi a peça que ele mais tocou ao longo da carreira.

Senhoras e senhores, Carlo Maria Giulini e a Sinfônica de Chicago.

O Medinah Temple, em Chicago, onde as gravações foram feitas

CD 1

Gustav Mahler (1860-1911)

Sinfonia n° 1 em Ré maior (1884-8, rev. 1893-6)

  1. I Langsam, schleppend, wie ein Naturlaut
  2. II Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell
  3. III Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
  4. IV Stürmisch bewegt

 

Hector Berlioz (1803-1869)

Romeu e Julieta, sinfonia dramática, Op. 17 (1840) (início)

  1. Combat and tumult – Intervention of the Prince
  2. Romeo Alone – Melancholy – Distant noises of music and dancing –  Festivities at the Capulet’s

CD 2

Romeu e Julieta, sinfonia dramática, Op. 17 (1840) (conclusão)

  1. Scherzo: Queen Mab, or the Dream Fairy
  2. Love scene – Night – The Capulet’s Garden
  3. Romeo at the Tomb of the Capulets – Invocation – Juliet’s reawakening – Frenzied joy, despair – Last agonies and death of the two lovers

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sinfonia n° 7 em Lá maior, Op. 92 (1811-12)

  1. Poco sostenuto – Vivace
  2. Allegretto
  3. Presto – Assai meno presto – Presto – Assai meno presto – Presto
  4. Allegro con brio

CD 3

Anton Bruckner (1824-1896)

Sinfonia n° 9 em Ré menor (1891-6)

  1. I Feierlich, misterioso
  2. II Scherzo (Bewegt, lebhaft) – Trio (Schnell) – Scherzo (Da capo)
  3. III Adagio (Langsam, feierlich)

Johannes Brahms (1833-1897)

Sinfonia n° 4 em Mi menor, Op. 98 (1884-5) (início)

  1. I Allegro non troppo

CD 4

Sinfonia n° 4 em Mi menor, Op. 98 (1884-5) (conclusão)

  1. II Andante moderato
  2. III Allegro giocoso
  3. IV Allegro energico e passionato

Igor Stravinsky (1882-1971)

O Pássaro de Fogo – suíte (1919)

  1. Introduction
  2. Dance of the Firebird
  3. Round Dance of the Princesses
  4. Dance of King Katschei
  5. Berceuse
  6. Finale

Petrushka – suíte (1947)

  1. Russian Dance
  2. Petrushka´s room
  3. The Moor´s Room
  4. The Shrovetide Fair

Chicago Symphony Orchestra
Carlo Maria Giulini, regência

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“Calmati, tromboni!”

Karlheinz

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Les Siècles & François-Xavier Roth ֍

Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Les Siècles & François-Xavier Roth ֍

Gustav Mahler

Sinfonia No. 4

Sabine Devieilhe, soprano

Les Siècles

François-Xavier Roth

A canção Das himmlische Leben (A Vida no Céu) tem como letra um poema folclórico da coleção Des Knaben Wunderhorn e descreve a vida celestial sob a perspectiva de uma criança de tempos quase medievais: Há comida em abundância e música celestial!

Sabine Devieilhe, solista da postagem

Este texto faz contraponto à letra de uma outra canção, Das irdische Leben (A Vida na Terra), na qual a criança implora comida à mãe, que promete, mas ao fim da canção, a criança está morta. A canção da vida no céu deve ter sido uma boa inspiração para Mahler, que a compôs em 1892 e desejava usá-la como último movimento de sua Terceira Sinfonia, composta entre 1893 e 1896. É bom lembrar que Mahler era compositor apenas nas folgas, compondo nas férias de verão ou nos domingos. Sua principal atividade, que consumia seu tempo, era a regência. No entanto, para a Terceira Sinfonia, Mahler compôs um último movimento totalmente orquestral – um adagio originalmente intitulado ‘O que o amor me diz’, de proporções mais adequadas ao projeto, que terminou em uma alentada sinfonia. Ficou então a canção em busca de uma sinfonia que veio posteriormente – a Quarta – que assim como a Primeira, tem tamanho mais convencional, durando menos de uma hora e com uma orquestra menos gigantesca. Eu tenho uma afeição enorme por esta sinfonia, especialmente pelo seu terceiro movimento, um adagio deslumbrante, com seu momento de clímax espetacular – tantãs e timbales – o céu vindo abaixo e o retorno à calma, desaguando na canção da vida celestial.

Reri Grist

O segundo movimento, com seu áspero solo de violino é uma prova e tanto para os intérpretes. Há também a escolha da voz que cantará a canção do quarto movimento. É preciso uma boa dose de ingenuidade e frescor, sem desandar para sofisticação. Um dos principais divulgadores da obra de Mahler, Leonard Bernstein, gravou esta sinfonia em 1960, regendo a Filarmônica de Nova Iorque, tendo como solista Reri Grist, uma cantora soprano que estava bem no início de sua carreira. Em sua outra gravação, frente a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdã, gravada em 1988, o solista foi um garoto soprano, Helmut Wittek. Helmut tornou-se engenheiro de som, posteriormente.

Erté – Meio-dia

Esta gravação da postagem tem algo bastante especial. A orquestra Les Siècles usa instrumentos de época e suas gravações de obras do fim do século 19 e início do século 20, como Le Sacre du printemps, de Stravinsky, têm sido reveladoras, em termos de sonoridade, mas também receberam ótimas críticas do ponto de vista puramente musical. Acredito que este seja também o caso desta gravação e isso foi o que me levou a fazer esta postagem. O libreto que acompanha o arquivo musical tem uma entrevista bastante interessante com o regente François-Xavier Roth, na qual ele fala das motivações para fazer a gravação, assim como sobre planos de futuras gravações. O libreto também traz uma lista detalhada da origem dos instrumentos usados na gravação. A solista é uma ótima cantora e a questão da interpretação da canção no último movimento, buscando essa ingenuidade sem cair na armadilha da sofisticação é resultado da colaboração dela com o regente, como ele explica na entrevista. Assim, não deixe de desfrutar essa renovadora interpretação desta linda peça musical…

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No. 4

  1. Bedächtig. Nicht eilen
  2. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
  3. Ruhevoll
  4. Sehr behaglich

Sabine Devieilhe, soprano

Les Siècles

François-Xavier Roth, regente

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FLAC | 205 MB

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MP3 | 320 KBPS | 127 MB

F-X Roth e S Devieilhe

O arguto Lebrecht tem alguns ótimos pitacos sobre essa particular sinfonia de Maher: The fourth is Mahler’s smallest symphony, though still requiring an orchestra of 100 and lasting almost an hour. The score is littered with tripwires. How to pace the opening sleighbells effect baffles most conductors. […] The next pitfall comes at the start of the second movement, where Mahler tells the concertmaster to set aside his expensive violin and play rough and offkey, like a gypsy fiddle. […] The third movement, one of Mahler’s great adagios, can melt ice in Alaska, and the fourth contains a soprano song about animals frolicking in heaven, before they are eaten for lunch. Mahler wants it sung naively, ‘without irony’. (Arrisco uma tradução traiçoeira: A quarta é a menor das sinfonias de Mahler, mesmo assim demanda uma orquestra de 100 e demora quase uma hora. A partitura está repleta de armadilhas. O andamento do efeito dos sininhos de trenós na abertura atrapalha (confunde) a maioria dos regentes. A próxima armadilha está no início do segundo movimento, no qual Mahler diz ao primeiro violino para deixar de lado seu violino caríssimo e tocar fora do tom e com aspereza, como um violinista cigano. O terceiro movimento, um dos maiores adágios de Mahler, pode derreter gelo no Alasca, e o quarto tem uma canção para soprano que fala de animais brincando alegremente no céu, antes de serem comidos no almoço. Mahler quer que ela seja cantada com ingenuidade, ‘sem ironia’.)

O resumo da crítica de John Quinn para a MusicWeb International, que pode ser lida na íntegra aqui, também é reveladora: Perhaps in time I’ll become more attuned to François-Xavier Roth’s energetic way with the first movement. But even if I don’t, this is still a compelling, provocative and stimulating account of Mahler’s Fourth to which I’m certain I shall return in the future. The attractions of hearing Mahler’s music played on instruments of his time are manifold and it seems to me that Roth and his colleagues here offer many insights into the score. Mahler’s Fourth is one of the most popular of his works but perhaps that’s because some listeners – and conductors too – tend to overlook the troubled, unsettling nature of the music and focus instead on the surface charm. There’s little danger of such seduction here, I suggest.

The performance has been recorded in excellent sound. That, allied to the spare textures, allows for a great deal of inner detail to emerge very naturally. The documentation, in French, English and German, is good.

This is a thought-provoking rendition of the Fourth which all Mahlerians should hear.

Richard Fairman também faz uma crítica ‘fair’, no Financial Times: Think of this as a fascinating alternative to the many fine recordings already on the market. It will be interesting to see how Roth and Les Siècles fare if they press on to the more challenging peaks on Mahler’s symphonic journey.

Um artigo mais longo sobre a experiência de gravar a Quarta Sinfonia de Mahler usando instrumentos de época, na famosa Gramophone

A crítica pode ser lida aqui: ‘I absolutely adored this performance.’

François-Xavier ao saber das críticas de sua gravação…

Está esperando o que? Aproveite!

René Denon

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Abbado / Filarmônica de Berlim)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Abbado / Filarmônica de Berlim)

A Sétima de Mahler é uma preferência absoluta deste que vos escreve. Suas 2 lindas canções da noite com aquele maravilhoso scherzo no meio, cercados por dois enormes e bonitos movimentos, tudo me fascina. Ela é chamada de Canção da Noite e foi escrita entre 1904 e 1905. Trata-se da sinfonia do compositor que mais tempo demorou a ser gravada em disco (1953) e a menos popular. Vá entender, sempre achei todos os temas muito bonitos e grudentos. Os dois Nachtmusiken foram compostos antes dos três andamentos restantes. Enquanto Mahler trabalhava ainda na sua Sexta Sinfonia, criou os dois noturnos. Era a primeira vez em que trabalhava simultaneamente em duas grandes obras. Encontrou um ano mais tarde a inspiração para os três andamentos restantes, que escreveu em apenas quatro semanas. A sinfonia foi estreada em Praga em 19 de setembro de 1908, dirigida pelo próprio Mahler e executada pela Orquestra Filarmónica Checa. Entre os assistentes estava Otto Klemperer, por recomendação do próprio Mahler. Ele usa seus efeitos orquestrais mais extravagantes na Sétima. Começa o primeiro movimento com um solo de trompa tenor, um instrumento muito raramente incluído em uma orquestra. Em completo contraste, Mahler inclui um bandolim no quarto movimento, que é usado para representar um passeio íntimo pela noite vienense. No terceiro movimento, dá aos violoncelos e contrabaixos uma marcação de fffff , instruindo-os a “puxar a corda com tanta força que ela atinja a madeira”… E por aí vai, mas a música é muito boa, gente!

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Abbado / Filarmônica de Berlim)

Symphony No. 7
1. Langsam (Adagio) – Allegro Risoluto, Ma Non Troppo 21:35
2. Nachtmusik. Allegro Moderato 15:54
3. Scherzo. Schattenhaft – Trio 8:53
4. Nachtmusik. Andante Amoroso 12:58
5. Rondo-Finale. Tempo I (Allegro Ordinario) 17:45
6. Applause / Beifall 1:02

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado

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Mahler lançando um olhar de desprezo aos bolsonaristas.

PQP

Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

O pequeno piano de armário acima, da marca Ellington, foi feito pela Baldwin Piano Company em Cincinatti, nos Estados Unidos. Sua proprietária, uma japonesa de nome Shizuko, emigrou para os Estados Unidos sozinha depois de se formar em uma escola para moças. Isso não era comum no Japão da época, pois a sociedade fortemente patriarcal oferecia poucas oportunidades para que as mulheres pudessem viajar desacompanhadas, quanto mais para um outro país. Shizuko estabeleceu-se na Califórnia e casou-se com Genkichi Kawamoto, um imigrante japonês, em 1922.

Genkichi trabalhava em uma companhia de seguros e tinha o hábito de levar sua esposa, que ele amava muito, em suas viagens pela empresa. O piano foi um presente de Genkichi para ela, e Shizuko logo nele buscou conforto para os longos períodos de solidão e para os desafios de viver numa terra estranha. Em 25 de maio de 1926, algo da solidão dos Kawamoto arrefeceu: nasceu sua primeira filha, no Hospital Japonês de Los Angeles. “Esperamos tanto por ela!”, escreveu Genkichi em seu diário, “Espero que ela seja inteligente. Chamei-a de Akiko”.

O casal Kawamoto haveria de criar a primogênita com muito cuidado, quanto mais num ambiente crescentemente hostil aos japoneses e seus descendentes. Genkichi registrava seu peso e altura a cada poucos dias e anotou todos os sinais de seu crescimento. Em 1929, nasceria seu segundo filho, Nobuhiro. Em 1932, a família retornou ao Japão, que experimentava forte crescimento econômico e, também, vivia sob uma violenta retórica militarista que levara o país, no ano anterior, a invadir a Manchúria e, subsequentemente, a uma expansão imperialista que ocuparia – com muita truculência e a expensas de imenso sofrimento às populações locais – grande parte do Extremo Oriente e do Sudeste Asiático.

Os Kawamoto estabeleceram-se em Hiroshima, onde Akiko começou a frequentar a escola primária. Embora ela tivesse passado seus primeiros anos em um país anglófono, Genkichi e Shizuko fizeram o possível para que sua filha pudesse aprender japonês. Para praticar o idioma, a menina iniciou um diário, que manteria por onze anos e no qual anotaria, entre outras coisas, sua dedicação ao piano Ellington que os pais trouxeram dos Estados Unidos.

Em 1933, a família de Akiko mudou-se para uma casa localizada no Monte Mitaki, a noroeste de Hiroshima. Naquela época, poucas famílias tinham um piano em casa e, porque moravam num lugar remoto, eles pediram ao professor de piano que viesse à casa deles para aulas particulares. Durante a guerra, já nos anos 40, as condições de vida da família pioraram. Os Kawamoto alugaram um cômodo de sua casa para um conhecido, e a falta de espaço e de privacidade tirou-lhes muito da alegria com que celebravam festivais e aniversários. Em 1943, Akiko ingressou no curso de Economia Doméstica da Universidade de Hiroshima, o que a deixou radiante, embora viesse a se aborrecer com o pouco tempo para dedicar-se ao piano: além das exigências acadêmicas, havia aquelas, compulsórias e crescentes, para com os esforços de guerra, que incluíam trabalhar no Hospital do Exército, participar de exercícios antiaéreos e ajudar a cuidar de plantações.


9 de abril de 1944: Papai quer que eu continue meus estudos, mas mamãe, não. Isso me deixa confusa. É trabalho da mulher passar o dia todo preparando comida? Se sim, qual é o propósito da minha vida? Eu não teria tempo para estudar, e isso me deixaria infeliz”


Em 1944, ela começou a se preocupar com a saúde dos pais. Ela passou a tentar comer menos para que seus irmãos pudessem comer mais:


3 de maio de 1944: Minhas medidas do terceiro período: altura 159,1 cm; peso 51,5 kg; busto 73 cm. Estou 0,5 cm mais alta que no ano passado, mas perdi 1,5 kg e meu busto está 3,5 cm menor. Sinto-me mal, mas sou a única a tentar reduzir o arroz”


O trabalho nas plantações consumia todo tempo livre de Akiko, que largou o piano e, também, seu diário, no qual anotou, no final de 1944:


Tenho 19 anos. Sou estudante do segundo ano do Departamento de Economia Doméstica. Um terço ou um quarto da minha vida já passou”


Em 6 de agosto de 1945, o dia tórrido de verão começou como qualquer outra segunda-feira, e a população de Hiroshima, que se deslocava para o trabalho os estudos, pouco se impressionou com as sirenes que anunciaram a chegada de três bombardeiros B-29 sobre aqueles céus sem nuvens. Às 8h15, um clarão como nunca antes fora visto fez-se seguir duma violentíssima explosão, que pulverizou imediatamente vinte mil pessoas, mataria outras quarenta mil nos dias seguintes, e fecharia sua conta macabra em cento e vinte mil mortos nas décadas subsequentes. Akiko estava a poucos quilômetros do hipocentro, trabalhando como estudante mobilizada nos esforços de guerra. Sobreviveu à explosão por estar num prédio que não colapsou, e poucas horas depois começou a voltar a pé para casa. A devastação sem precedentes, que não preservara nem a alicerçagem das construções, deve tê-la impressionado. Como as pontes foram destruídas, ela foi forçada a atravessar o rio a nado. Quando chegou ao sopé do Monte Mitaki e avistou sua casa, sua energia se acabou, e ela não conseguia mais andar.

Shizuko não sabia da situação de Akiko e estava cuidando da casa, que desabou na explosão da bomba atômica. O piano sofrera danos no lado esquerdo e fora cravejado de fragmentos de vidro, mas estava inteiro. Foi quando um vizinho lhe avisou: “Sua filha está ali e não pode se mexer!”. Shizuko então correu para Akiko e a trouxe para casa. A menina parecia ter escapado por pouco da morte, mas logo perdeu a consciência: ela tinha sido exposta a níveis letais da radiação que chovia invisivelmente sobre Hiroshima, enquanto o “cogumelo atômico” gerado pela explosão se dissipava.


Mamãe, eu quero um tomate vermelho…


… implorou Akiko, em suas últimas palavras antes de morrer na manhã seguinte, depois de viver apenas “um terço de sua vida”.

ooOoo

Havia, na época, muitos tomates vermelhos no jardim dos Kawamoto, e, a cada verão depois do de 1945, até o final de seus 103 anos de vida, Shizuko cultivou tomates vermelhos, próximos ao imenso caquizeiro sob o qual sepultou as cinzas de Akiko.

O piano, que perdera aquela que mais o amou, passou grande parte dos sessenta anos seguintes em silêncio.  De vez em quando algumas crianças da vizinhança visitavam Shizuko e o tocavam, mas aos poucos algumas das teclas foram perdendo seu movimento e, por fim, seu som.

Uma menina e um piano, ambos nascidos nos Estados Unidos. Uma perdeu a vida; o outro perdeu o som.

O silêncio do piano Ellington durou até 2005, quando Tomie Futakuchi decidiu restaurá-lo. Ela foi vizinha dos Kawamoto e, quando criança, costumava visitá-los e receber o carinho de Shizuko, que lhe contava histórias sobre Akiko e seu amado amigo musical. Quando a casa da família foi demolida, em 2004, muitas lembranças da jovem, guardadas como tesouros por Shizuko, foram doadas ao Memorial da Paz de Hiroshima. O piano foi legado a Tomie, que, na esperança de que as crianças de Hiroshima pudessem transmitir uma mensagem de paz através do precioso instrumento, chamou o restaurador Hiroshi Sakaibara.

Tomie, Hiroshi e o Ellington, em 2005

O piano foi restaurado com todas as peças originais, e mantido nas condições em que estava imediatamente após o ataque a Hiroshima – incluindo os danos em seu lado esquerdo e os incontáveis pedaços de vidro que nele se incrustaram. Em 6 de agosto de 2005, no sexagésimo aniversário da desgraça, ele foi tocado em público pela primeira vez, e desde então encontra-se em exibição num salão do Parque Memorial da Paz.

A pianista Mami Hagiwara e a Sra. Futakuchi com o piano de Akiko, em seu local de exibição permanente, no Parque Memorial da Paz.

Martha Argerich, nossa Rainha, adora o Japão e não deve ter hesitado sequer um instante para aceitar o convite que a Orquestra Sinfônica de Hiroshima lhe fez para tocar na icônica cidade em 5 de agosto de 2015 – véspera do 70º aniversário do criminoso ataque à sua população. A apresentação da deusa do piano, que incluiu seu tradicional cavalo de batalha – aquele primeiro concerto de Ludwig que ela toca desde sempre -, foi o esperado sucesso, e ela permaneceu na cidade para a sentidas cerimônias do dia seguinte, que culminaram com a tradicional procissão das velas flutuantes que os cidadãos de Hiroshima e os visitantes largam ao sabor da corrente do rio Motoyasu, em memória das vítimas.

A procissão das velas flutuantes passa em frente ao Domo da Bomba Atômica – que abrigava a Exposição Comercial da Prefeitura de Hiroshima e foi o prédio mais próximo do hipocentro a permanecer de pé (foto do autor)

Durante as cerimônias, Martha foi apresentada a Tomie Futakuchi, que lhe contou a história de Akiko e de seu piano, e nossa Rainha, num arroubo de sua impetuosidade tão típica, decidiu fazer uma visita surpresa ao Memorial da Paz no dia seguinte, 7 de agosto, para conhecer e tocar o instrumento.

Martha não sabia disso, mas estava a tocar o piano de Akiko na hora e no dia exatos em que a menina falecera, setenta anos antes.


O encontro entre a estrela mundial do piano e o inestimável instrumento calou fundo no compositor Dai Fujikura, que se pôs imediatamente a compor um concerto, que foi oferecido a Martha e à memória de Akiko. A Rainha ficou muito lisonjeada com a dedicatória e, uma vez mais, aceitou sem titubear um novo convite para tocar em Hiroshima, dessa feita para estrear o concerto de Fujikura com a sinfônica local em agosto de 2020, por ocasião do septuagésimo quinto aniversário da morte de Akiko.

Nas palavras do compositor,


Este concerto muito especial para piano e orquestra, chamado “O Piano de Akiko”, foi escrito e dedicado à Embaixadora da Paz e da Música da Orquestra Sinfônica de Hiroshima, Martha Argerich.
(…)
Embora naturalmente este concerto tenha a ‘música para a paz’ como mensagem principal, eu, como compositor, gosto de concentrar nos pontos de vista pessoais. Sinto que essa visão microscópica, para a partir daí contar sobre assuntos universais, deve ser o caminho a percorrer em minhas composições: a visão de Akiko, uma garota comum de 19 anos que não tinha nenhum poder sobre a política (…) Deve haver histórias semelhantes à dessa garota de 19 anos em todas as guerras da história e em todos os países do mundo. Toda guerra deve ter uma Akiko.
(…)
Neste concerto, faço uso de dois pianos: um é o piano de cauda principal, e outro, o Piano de Akiko, o piano que sobreviveu à bomba atômica, tocado na cadenza do final, ambos pelo solista.

Para expressar um tema tão universal quanto a  ‘música para a paz’, a peça deve retratar o ponto de vista mais pessoal. Acho que esse é o caminho mais poderoso, e só através da Música se pode segui-lo.”


Em agosto de 2020, a pandemia impediu Martha de viajar o Japão. De sua casa na Suíça, ela gravou o vídeo seguinte, em inglês, no qual expressa seus sentimentos acerca da obra que lhe foi dedicada, do honroso convite que lhe foi feito, e de sua desolação por não poder honrá-lo:

O concerto de Fujikura foi, então, estreado na data prevista pela pianista Mami Hagiwara, juntamente com obras de J. S. Bach, Beethoven, Mahler e Penderecki – e a integral de sua première, incluindo a cadenza tocada no piano de Akiko, vocês podem conferir a seguir:

Todos os principais envolvidos na celebração da memória de Akiko Kawamoto – Martha Argerich, Dai Fujikura, Mami Hagiwara e os músicos da Orquestra Sinfônica de Hiroshima – autorizaram generosamente a publicação das gravações dos concertos supracitados em dois álbuns, cuja venda em linha, por período limitado, viu sua renda integralmente revertida para a preservação dos memoriais de Hiroshima e do piano de Akiko. E são essas as gravações, que adquiri na ocasião, que ora compartilho com nossos leitores-ouvintes, no septuagésimo sétimo aniversário do criminoso ataque a Hiroshima, em memória de suas dezenas de milhares de vítimas inocentes.


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondó: Allegro scherzando

Martha Argerich, piano
Hiroshima Symphony Orchestra
Kazuyoshi Akiyama, regência


BIS:
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Das Fantasiestücke para piano, Op. 12
4 – No. 7: Traumes Wirren

Martha Argerich, piano

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Gravado ao vivo na Hiroshima Bunka Gakuen Hall, Hiroshima, Japão, em 5 de agosto de 2015


Dai FUJIKURA (1977)
1 – Concerto para piano e orquestra no. 4, “Akiko’s Piano” (estreia mundial)

Mami Hagiwara, pianos: Steinway & Sons, Hamburgo; e Baldwin, Cincinatti (cadenza, a partir de 16:45)

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Do Quarteto de cordas no. 13 em Si bemol maior, Op. 130
2 – Cavatina: Adagio molto espressivo (arranjo para orquestra de cordas)

Gustav MAHLER (1860-1911)
Kindertotenlieder, para voz e orquestra (1904)
3 –
Nun will die Sonn’ so hell aufgeh’n
4 –
Nun seh’ ich wohl, warum so dunkle Flammen
5 –
Wenn dein Mutterlein
6 –
Oft denk’ ich, sie sind nur ausgegangen!
7 –
In diesem Wetter!

Mihoko Fujimura, mezzo-soprano

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Orquestração de Hideo Saito (1902-1974)
Da Partita no. 2 em Ré menor para violino solo, BWV 1004
8 – Ciaccona

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FAIXA-BÔNUS (não consta no CD original, e foi extraída da transmissão radiofônica do concerto):

Krzysztof Eugeniusz PENDERECKI (1933-2020)
Do Réquiem Polonês (Polskie Requiem):
1 – Ciaccona

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Hiroshima Symphony Orchestra
Tatsuya Shimono, regência

Gravado ao vivo na Hiroshima Bunka Gakuen Hall, Hiroshima, Japão, em 5 e 6 de agosto de 2020


 

Vassily

Gustav Mahler (1860-1911): Lieder – Elisabeth Kulman & Amarcord Wien ֎

Gustav Mahler (1860-1911): Lieder – Elisabeth Kulman & Amarcord Wien ֎

Gustav Mahler 

Lieder

Elisabeth Kulman

Amarcord Wien

 

Gustav Mahler foi o compositor-regente das grandes – imensas – sinfonias que revolucionou a arte de reger. Viveu um período de esplendor e decadência na Viena do fim do século 19.

Mahler conviveu com artistas e intelectuais como Freud, Klimt, Hugo Wolf, Hugo von Hofmannsthal, Schoenberg, Kokschka, Schiele, Schnitzler e Camillo Sitte.

Viena, além das valsas, também vivia de canções – Lieder – gênero que foi fundamental na obra de Mahler. Um Lied em sua forma mais comum consiste em voz acompanhada ao piano, como nas peças de Schubert, Schumann ou de Hugo Wolf. Mahler deixou canções nessa forma, mas as suas canções mais conhecidas, o acompanhamento é uma orquestra, como no caso do ciclo Lieder eines fahrenden Gesellen. Mas mesmo essas, têm suas versões com acompanhamento de piano. Além desse ciclo, cujas letras são do próprio Mahler, há dois grupos cujas letras são poemas de Friedrich Rückert – os Rückert-Lieder e o um tanto perturbador Kindertotenlieder. Mas há também um grupo de canções escritas sobre poemas do tipo folclórico escolhidos de uma coleção editada por Achim von Arnim e Clemens Brentano, chamada Des Knaben Wunderhorn. Algumas dessas canções acabaram fazendo parte ou servindo de base para movimentos de algumas das sinfonias de Gustav Mahler.

No disco da postagem temos, por assim dizer, um meio caminho, entre o piano e a orquestra. As canções escolhidas para o programa tiveram seus acompanhamentos arranjados para um inusitado conjunto de câmera, formação do grupo Amarcord Wien.  O todo não fica estranho, pois apesar da imensa orquestra usada por Mahler, sua orquestração é quase sempre leve e luminosa. A cantora Elisabeth Kulman iniciou sua carreira como soprano, mas desde 2005 tem atuado como mezzo-soprano e contralto. Neste disco mostra muito talento para interpretar as canções de Mahler.

As canções escolhidas são muito bonitas. Distribuídas no disco temos os 5 Rückert-Lieder , 2 canções do ciclo Lieder eines fahrende Geselle, uma do Kindertotenlieder e as restantes com letras da coleção de poemas Des Knaben Wunderhorn.

Os Rückert-Lieder compreendem três lindas cançõezinhas, Ich atmet einen linden Duft, Blicke mir nicht in die Lieder e Liebst du um Schönheit, que aparecem no início do disco, logo depois da primeira canção, além de duas canções enormes, muito das sérias, Um Mitternacht e Ich bin der Welt abhanden gekommen, no fim do disco, separadas pela canção que Mahler usou na Segunda Sinfonia, para preâmbulo da sua parte final.

O ciclo Lieder eines fahrende Geselle é formado por quatro canções. A segunda delas, Ging heut morgen übers Feld, aparece aqui no início do disco, assim como no vídeo da turma em ação, e a quarta, Die zwei blauen Augen, vem em quinta posição, ainda no ‘esquenta’ do disco.

A canção In diesem Wetter, in diesem Braus, dá realmente o tom do que é o ciclo Kindertotenlieder.

As outras canções têm como letras poemas da coleção Des Knaben Wunderhorn. Duas delas foram compostas mais anteriormente na vida de Mahler e publicadas nos livros de ‘Canções de Juventude’. A canção Ablösung im Sommer trata do cuco e do rouxinol. O cuco, por exemplo, é associado à traição amorosa. Essa canção serviu de base para o terceiro movimento da Terceira Sinfonia. A outra canção deste período é Ich ging mit Lustdurch einen grünen Wald.

Da coleção Des Knaben Wunderhorn temos a já mencionada Urlicht, que se tornou parte da Segunda Sinfonia, Wer hat dies Liedlein erdacht? (Quem compôs está cançãozinha?) e Lob des hohen Verstanden, que novamente trata do cuco e do rouxinol. Agora há um desafio para se saber qual ave canta mais lindamente. É claro que há que esperar o juiz que decidirá.

Para completar o pacote, uma versão de câmara do famoso Adagietto, da Quinta Sinfonia.

Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Ging heut morger übers Feld – Mahler (Lieder eines fahrenden Gesellen)
  2. Ich atmet’ einen linden Duft – Rückert-Lieder
  3. Blicke mir nicht in die Lieder – Rückert-Lieder
  4. Liebst du um Schönheit – Rückert-Lieder
  5. Die zwei blauen Augen von meinem Schatz – Mahler (Lieder eines fahrenden Gesellen)
  6. Ablösung im Sommer – Des Knaben Wunderhorn – Livro III de Lieder und Gesänge ‘aus der Jugendzeit’
  7. Wer hat dies Liedlein erdacht? – Des Knaben Wunderhorn
  8. Lob des hohen Verstands – Des Knaben Wunderhorn
  9. Ich ging mit Lust durch einen grünen Wald – Des Knaben Wunderhorn – Livro II de Lieder und Gesänge ‘aus der Jugendzeit’
  10. Adagietto – 4 movimento da Quinta Sinfonia
  11. In diesem Wetter, in diesem Braus – Kindertotenlieder (Friedrich Rückert)
  12. Um Mitternacht – Rückert-Lieder
  13. Urlicht – (Des Knaben Wunderhorn) 4 movimento da Segunda Sinfonia
  14. Ich bin der Welt abhanden gekommen – Rückert-Lieder

Elisabeth Kulman, mezzo-soprano

Amarcord Wien:

Tommaso Huber, acordeão

Sebastian Gürtler, violino

Michael Williams, violoncelo

Gerhard Muthspiel, contrabaixo

Arranjos:

Sebastian Gürtler (faixas: 1, 10)

Wolfgang Muthspiel (faixas: 2 até 9, 11 até 14)

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Em 1911, Henry Krehbiel escreveu sobre Mahler no New York Tribune: We cannot see how any of his music can long survive him.  Tudo indica que ele não havia ouvido o Adagietto…

Mahler já havia dado a sua resposta: My time will come!

Há em Viena lugar chamado Amarcord Café que serve delicias como está da imagem!

Aproveite!

René Denon

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Gustav Mahler (1860-1911): Mahler Lieder

 

 

Mariss Jansons / Concertgebouw Orchestra – The Radio Recordings 1990-2014 – CDs 1-5 de 13

O maestro Marriss Jansons tem uma ampla discografia, sobretudo à frente de duas orquestras renomadas: a do Concertgebouw de Amsterdam e a da Rádio Bávara de Munique. Ambas as orquestras têm, já há alguns anos, seus próprios selos que lançam seus CDs (uma tendência neste século XXI), e por motivos comerciais privilegiaram pesos-pesados do repertório sinfônico sob a regência de Jansons: Sinfonias de Brahms e de Mahler, Balés de Stravinsky, etc.

Nessa coleção de gravações de rádio da Orquestra do Concertgebouw, Brahms, Mahler e Stravinsky também aparecem, mas o que mais me interessa aqui é a presença de outros nomes que mostram a diversidade da música orquestral do século XX: o polonês Lutoslawski, o tcheco Martinů, os franceses Messiaen, Poulenc e Varèse, o russo Prokofiev… Poderíamos desejar também música brasileira, mexicana, um pouco mais dos poloneses… enfim, não se pode ter tudo.

A coleção, aos meus ouvidos, começa muito bem, com uma envolvente interpretação da Sinfonia Fantástica em que se nota a concentração absoluta de toda a orquestra nos pizzicati, tremolos, valsa com harpas, marcha com tutti de metais e outras formas expressivas do genial orquestrador que foi Berlioz. Depois o nível cai em uma La Valse de Ravel quase no piloto automático, com bem menos espírito dançante do que as gravações de Haitink/Concertgebouw ou Munch/Boston. Mas o nível melhora muito com uma interpretação de tirar o fôlego do Concerto para Orquestra de Lutoslawski. Estreado em Varsóvia em 1954 e logo alcançando notoriedade dos dois lados da Cortina de Ferro, esse Concerto encerrou em grande estilo a primeira fase de Lutoslawski como compositor. Nessa fase, ele se inspirava bastante em melodias folclóricas polonesas. Após obras mais curtas, de câmara ou para voz e orquestra, ele resolveu fazer esse Concerto de maior fôlego, antes de se aventurar por caminhos mais vanguardistas. Obviamente está presente o tempo todo a inspiração de Bartók, aliás este último aparece também nessa caixa de Jansons com seu Concerto para Orquestra, de 1943, em uma interpretação sem defeitos, mas menos espetacular que este Bartók aqui e este aqui.

E então chegamos às grandes Sinfonias, com destaque para uma 6ª de Tchaikovsky e uma 7ª de Mahler com a sonoridade marcante do Concertgebouw e a energia das apresentações ao vivo. Há também Strauss, Hindemith, uma obra juvenil e romântica de Webern… um programa com um pouco para cada gosto, como é de bom tom para a temporada anual de uma grande orquestra.

Mariss Jansons / Concertgebouw Orchestra – The Radio Recordings 1990-2014

CD 1:
Hector BERLIOZ
Symphonie fantastique, Op. 14 (1830)

Maurice RAVEL
La Valse (1919/20)

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CD 2:
Witold LUTOSŁAWSKI
Concerto for Orchestra (1954)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY
Symphony No. 6, Op. 74 ‘Pathétique’ (1893)

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CD 3:
Béla BARTÓK
Concerto for Orchestra (1943)

Gustav MAHLER
Symphony No. 7 in E minor (1st and 2nd movements) (1905)

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CD 4:
Gustav MAHLER
(Cont.) Symphony No. 7 in E minor (3rd, 4th & 5th movements)

Paul HINDEMITH
Symphonic Metamorphosis of Themes by Carl Maria von Weber (1943)

Peter-Jan WAGEMANS
Moloch (2000)

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CD 5:
Richard STRAUSS
Till Eulenspiegels lustige Streiche, Op. 28 (1895)

Anton WEBERN
Im Sommerwind (1904)

Johannes BRAHMS
Symphony No. 1 in C minor, Op. 68 (1876)

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Royal Concertgebouw Orchestra Amsterdam, Mariss Jansons

Concertgebouw Amsterdam significa Sala de Concertos de Amsterdam. Os holandeses são bem práticos com nomes…

Pleyel

Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Haitink)

Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Haitink)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Se Mahler não é um compositor para diletantes, o que dizer de A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)? Na lista de maestros que gravaram a obra há poucos que não são de primeira linha. A obra é belíssima, muito sutil e difícil. Não é para qualquer orquestra ou regente. É algo para Haitink. A Canção da Terra é considerada por alguns a obra mais importante de Mahler. Nesta obra, tornam-se visíveis as qualidades mais singulares do compositor: a angústia existencial e a sublime grandiosidade. A obra consiste num ciclo de seis canções baseadas em antigos poemas chineses, adaptados para o alemão por Hans Bethge. Mahler trabalhou nesta sua obra durante os últimos verões da sua vida. Conseguiu concluí-la em 1911, pouco antes de morrer. Ele não chegou a ouvir a estreia, apesar de tê-la interpretado inúmeras vezes ao piano, auxiliado por seu amigo e aluno Bruno Walter — que viria a estreá-la em Munique, em novembro de 1912, um ano e meio após a morte do compositor. Tudo aqui é esplêndido, mas o último movimento… Olha, é muito poético, a instrumentação rarefeita de Mahler é levada às ultimas consequências, é tudo lindo demais. Consta que Das Lied von der Erde não foi catalogada como sinfonia devido a uma superstição que pesava sobre os músicos alemães: ninguém ousava ultrapassar o número nove. Beethoven, Schubert e Dvorak tinham morrido após suas nonas e Mahler não quis escrever a sua… Quando escreveu, pum, vocês já sabem, ele morreu… Mas A Canção da Terra é nitidamente uma sinfonia vocal, que culmina a linha composicional mahleriana — melancólica, pessimista porém cheia de bandinhas, melodiosa, monumental porém íntima — iniciada na Primeira Sinfonia. Eu amo as sinfonias de Mahler de 1 a 7. Amo A Canção da Terra. Detesto a Oitava, sou indiferente à Nona e volto a amar o fragmento da Décima… Para finalizar, um conselho para nosso leitor: não escreva sua Nona Sinfonia, é muito perigoso.

Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Haitink)

1 1. Das Trinklied Vom Jammer Der Erde 8:14
2 2. Der Einsame Im Herbst 10:26
3 3. Von Der Jugend 3:07
4 4. Von Der Schönheit 7:31
5 5. Der Trunkene Im Früling 4:25
6 6. Der Abschied 31:07

Mezzo-soprano Vocals – Janet Baker
Tenor Vocals – James King
Orchestra – Concertgebouw Orchestra, Amsterdam*
Conductor – Bernard Haitink

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PQP

Beethoven (Arr. Mahler): Quarteto de Cordas, Op. 95 & Brahms (Orq. Schoenberg): Quarteto com Piano, Op. 25 – Wiener Philharmoniker & Christoph von Dohnányi ֍

Beethoven (Arr. Mahler): Quarteto de Cordas, Op. 95 & Brahms (Orq. Schoenberg): Quarteto com Piano, Op. 25 – Wiener Philharmoniker & Christoph von Dohnányi ֍

Beethoven/Mahler

Quarteto de Cordas ‘Serioso’

Brahms/Schoenberg

Quarteto com Piano ‘alla zingarese’

Wiener Philharmoniker

Christoph von Dohnániy

Qual é o limite entre música de câmara e música orquestral? Uma forma bem simples de decidir a questão é considerar o número de instrumentos usados na apresentação e estabelecer a fronteira – um noneto ainda seria música de câmara? Isso sem falar nas obras escritas para orquestra de câmara e toda a música escrita no período que vagamente denominamos ‘barroco’.

No entanto, há outros aspectos que transcendem o número dos instrumentos e que se refere à natureza da própria música. Quantos são os comentários que tratam das ‘dimensões orquestrais’ de certas sonatas para piano de Beethoven ou das ‘características camerísticas’ de algumas obras orquestrais de Mahler?

Como tudo na vida e em especial na música, a tentativa de rotular e estabelecer compartimentos estanques para colocar as coisas (e, pior ainda, as pessoas) sempre encontrará contraexemplos e deve ser tomado no sentido mais flexível possível.

Dia destes postei um disco com ‘reduções’ de obras orquestrais para conjuntos camerísticos – disco no qual se destacavam os nomes do Quarteto Arditti e de Arnold Schoenberg. O disco desta postagem vai na outra direção, onde temos arranjos para conjuntos maiores de obras originalmente escritas para conjuntos de câmara.

O arranjo de Quarteto Serioso, de Beethoven, feito por Mahler para orquestra (completa) de cordas foi destinado a um concerto com a Wiener Philharmoniker em 1899, a mesma orquestra desta gravação. Mahler fez arranjos e ajustes em obras que ele acreditava poderem atingir desta forma toda a sua potencialidade, levando em conta os recursos de sua magnífica orquestra. Imagine o tamanho do desafio colocado às cordas da orquestra, de manter o equilíbrio de música de câmera e a mesma agilidade esperada de um conjunto com poucos elementos, acrescentando o brilho e o volume possíveis de alcançar com a nova formação. Será que eles conseguiram em 1899 e nesta gravação? Você poderá julgar, pelo menos a segunda possibilidade.

De natureza um pouco diferente é a orquestração feita por Schoenberg do Quarteto com Piano de Brahms. As razões que o levaram a tal empreitada foram dadas por ele mesmo em uma carta escrita ao crítico americano Alfred Frankenstein: 1) Eu gosto desta peça; 2) Ela é raramente apresentada; 3) É sempre muito mal tocada, pois quanto melhor o pianista, mais alto ele toca e você nada ouve das cordas. Eu queria pelo menos uma vez ouvir tudo, e isto foi alcançado.

Apesar do uso de uma orquestra moderna, com muita percussão, incluindo xilofone, e novidades como glissando de trombone, a proposta de Schoenberg foi de ‘permanecer estritamente no estilo de Brahms’. Será que ele conseguiu? O que esta gravação nos diz?

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quarteto de Cordas em fá menor, Op. 95

Arranjo para Orquestra de Cordas feito por Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Allegro con brio
  2. Allegretto ma non troppo
  3. Allegro assai vivace ma serioso
  4. Larghetto esspressivo – Allegretto agitato

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quarteto com Piano em sol menor, Op. 25

Orquestrado por Arnold Schoenberg (1874 – 1951)

  1. Allegro
  2. Intermezzo: Allegro non troppo
  3. Andante con moto
  4. Rondo alla zingarese: Presto

Wiener Philharmoniker

Christoph von Dohnányi

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O regente, Christoph Dohnányi, é alemão de origem húngara e nasceu em 1929. É neto do pianista e compositor Ernö Dohnanyi e fez sua carreira passando pelas posições de assistente e diretor nas casas de ópera e balés. Recebeu apoio de George Solti e teve importantes posições como Diretor de Ópera de Hamburgo e Frankfurt. Atuou também por bom tempo com a Cleveland Orchestra, da qual é Music Director Laureate.

Gramophone: Dohnanyi’s performance is lucid, transparent and generally well played – especially by the strings. The sound is pleasingly luminous…

Então, está esperando o que? Aproveite!

René Denon

O Conjunto de Câmara da Wiener Philharmoniker

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachts Musik & Transcriptions – Arditti String Quartet ֍

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachts Musik & Transcriptions – Arditti String Quartet ֍

Quem tem medo de Arnold Sch… ?

Hasta la vista, baby!

Bem não estou falando do austríaco fortão que ficou famoso como fisiculturista e ator, chegando a ser o governador da Califórnia, mas sim do outro Arnold, o Schoenberg, inventor de uma maneira totalmente nova de compor.

Podemos dizer que Arnold Schoenberg foi o compositor mais estudado e falado do século 20, mas também teve sua música bem pouco executada. Uma de suas peças bem conhecidas é o Sexteto de Cordas Verklärte Nacht (Noite Transfigurada), escrita em 1899 e se enquadra perfeitamente ao lado das peças da época – do romantismo tardio de Richard Strauss, por exemplo. Mesmo esta, que hoje poderíamos considerar peça comum nos programas de concertos e discos, foi recebida com pouco entusiasmo nos dias de sua composição.

Auf Wiedersehen, baby!

Nesta época de vacas magérrimas, no primeiro quarto do século 20, quando sua própria música não tinha qualquer chance de ser executada, Arnold fez muitas adaptações e arranjos de música de outros compositores, regeu coros amadores e até orquestrou algumas operetas para compositores muito ocupados… Tudo para colocar das Brot auf den Tisch. Obras do escopo de Guerrelied estavam a caminho, mas tiveram que esperar. Quem sabe algum dos nossos colaboradores mais versados nas obras deste compositor e de seus discípulos se anime e prepare assim uma cesta básica para a iniciação nessas obras.

A motivação da postagem de hoje – 23 de dezembro de 2021 – é ilustrar uma parte mais intimista e mais acessível do Arnold, além de apresentar uma peça que estreou exatamente 100 anos atrás, no dia 23 de dezembro de 1921, a Weihnachtsmusik.

Além de compositor, Arnold fazia auto-retratos…

Como era essencialmente impossível ter suas peças apresentadas regularmente em Viena, no início do século 20, Schoenberg fundou em 1918 uma Sociedade para Performances Musicais Privadas, que oferecia concertos semanais de música de câmara para audiências que se subscreviam e estavam interessadas nas novidades.

As peças eram compostas ou arranjadas para os programas e estes arranjos eram feitos por diversos músicos, pois que havia um espírito de coletividade pairando sobre a sociedade, tudo sob a liderança do Arnold.

Este disco é uma boa mostra do que ocorria nestes concertos: obras de Mahler e Busoni ao lado de valsas de Strauss, Johann Strauss II. Com destaque para esta linda peça que Arnold compôs de olho no Natal de 1921.

Feliz Natal!

Arnold Schoenberg (1874 – 1951)

Weihnachtsmusik, para harmônio, piano e quarteto de cordas

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Lieder eines fahrenden Gesellen

(arr. A. Schoenberg voz, piano, flauta, clarinete, harmônio e quarteto de cordas)

I Wenn mein Schatz Hochzeit macht

II Ging heut’ morgen ubers Feld

III Ich hab’ ein gluhend Messer

IV Die zwei blauen Augen

Ferrucio Busoni (1866 – 1924)

Berceuse élégiaque, Op. 42

(Arranjo para harmônio, flauta, piano, clarinete e quarteto de cordas)

Johann Strauss, II (1825 – 1899)

Kaiser-Walzer, Op. 437

(arranjo para piano, flauta, clarinete e quarteto de cordas)

Rosen aus dem Süden, Op. 388

(Arranjo para piano, harmônio e quarteto de cordas)

Jean-Luc Chaignaud, barítono (Mahler)

Isabelle Berteletti, percussão (Mahler)

Louise Bessette, piano

Hakon Austbo, harmônio

Michel Moragues, flauta

Paul Meyer, clarinete

Arditti Quartet

Irvine Arditti e Avid Alberman, violinos

Levine Andrade, viola

Rohan de Saram, violoncelo

Michel Béroff, direção

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Quarteto Arditti apresentando um programa com peças de Kurtág e Ligeti no Salão Dourado do PQP Bach Building de San Francisco
Arnold, quando soube da postagem…

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 6 (Haitink, CSO)

Relembrando o legado de Bernard Haitink, esse maestro que esteve no auge da carreira por pelo menos uns 50 anos, é interessante ver algumas mudanças em suas interpretações.

Comparando o Beethoven que ele gravou com a Sinfônica de Londres (LSO), por exemplo, vemos que os andamentos costumam ser um pouco mais apressados e menos solenes do que na integral anterior com a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam. Já comentei isso quando trouxe a integral Haitink/LSO no ano passado.

Com as sinfonias de Mahler, Haitink parece ter mudado suas concepções no sentido oposto. Sua gravação da 6ª Sinfonia (“Trágica”) com a Orquestra de Chicago em 2009 traz um Mahler mais majestoso, com respirações mais longas. Vejamos por exemplo o movimento “Scherzo: Wuchtig”, cujos nomes são contraditórios (toda grande arte é contraditória, disse o contraditório Bernstein em um de seus programas de TV). Scherzo, em italiano, significa “piada. A palavra alemã Wuchtig, me diz o google, significa “massivo” ou “pesado”. Portanto, a orquestra deve se equilibrar entre essas duas indicações enigmáticas. Vejamos a minutagem desse Scherzo em três gravações de Haitink:

Amsterdam – 13’19” (1969)
Berlin – 12’55” (1990)
Chicago – 14’20” (2008)

Conferi o primeiro movimento da 6ª de Mahler, assim como o último da 1ª, e a tendência do Haitink idoso regendo Mahler é sempre botar o pé no freio. É como se o maestro, após muitos anos de experiência, dissesse para seus músicos: “O profundo Beethoven? Pode ser um pouco mais dançante esse ritmo. O ansioso Mahler? Mais solene, por favor.”

Sempre vale a pena conhecer o ponto de vista de uma figura com o currículo e a idade de Haitink (78 anos quando fez essa gravação ao vivo). O testemunho pessoal que posso dar: acho a Sexta de Mahler uma sinfonia difícil, ao contrário da 1ª, da 4ª da 5ª que são mais simpáticas para os iniciantes. Costumo ter dificuldade para manter minha atenção focada nessa sexta sinfonia, mas a versão de Haitink/CSO me manteve sempre atento, também graças à excelente qualidade da gravação. Ouvimos com espantosa clareza os potentes e famosos metais de Chicago mas também as suaves percussões, que incluem celesta, glockenspiel, sinos de vaca e martelo.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 6 em Lá menor
1 Allegro Energico, Ma Non Troppo: Heftig, Aber Markig 25:56
2. Scherzo: Wuchtig 14:23
3. Andante Moderato 16:12
4. Finale: Allegro Moderato — Allegro Energico 34:10
Chicago Symphony Orchestra – Bernard Haitink

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Caricatura de Mahler com suas percussões exóticas (Viena, 1907)

Pleyel

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Petrenko)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Petrenko)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A Sinfonia Nº 7 de Mahler é a mais problemática e possivelmente uma das menos populares das nove (ou dez) do compositor. Pois é, mas é uma de suas melhores sinfonias, na minha opinião sempre equivocada… Com mais de uma hora de duração, entrando e saindo de vários reinos tonais e terminando de um modo estranhamente ensolarado, a obra tem três movimentos centrais que alguns consideram incoerentes. No entanto, o maestro Kirill Petrenko , liderando o Bayerisches Staatsorchester, tem tudo sob controle. Não é  que Petrenko faça algo revolucionário, embora seu finale, de 16min18, seja extraordinariamente rápido (compare com os 18min42 de Bernard Haitink). É que ele tem um conceito diferente para cada movimento e molda a orquestra com eficácia incomum. Em sua leitura, os dois movimentos “Nachtmusik” enquadram o Scherzo, que retoma o som inquietante e muitas vezes dissonante do movimento de abertura. Embora mais longos que o Scherzo, os noturnos são, nas mãos de Petrenko , interlúdios de um drama que só se resolve com o final. Apesar de sua extensão, a obra segue em uma única varredura coerente, como raramente acontece, e a energia ao vivo dessas apresentações de 2018 em Munique é palpável. Esperamos por mais Mahler de Petrenko. Bem, eu realmente pensei que conhecesse esse trabalho — todas as facetas dele. Mas Kirill Petrenko tem uma maneira de ouvir profundamente as texturas e harmonias que às vezes é realmente surpreendente. Ele nos dá ouvidos de raio-X. Esta peça foi talvez o maior salto que Mahler já deu em direção a um tipo de “música pura” que se apoiava menos na alta emoção e mais em uma uma gama quase alucinatória de cores em termos de textura e linguagem harmônica. E se ele consegue fazer mahlerianos experientes, mesmo por um momento, imaginar que esta é uma experiência inédita, então…  Este é um primeiro lançamento auspicioso para a própria gravadora da Bayerisches Staatsorchester e qualquer versão favorita desta sinfonia que você possa ter em sua coleção — seja Bernstein, seja MTT ou um dos Fischers –, mesmo assim Petrenko exige ser ouvido com atenção.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 (Petrenko)

1 Symphony No. 7 in E Minor: I. Langsam – Allegro risoluto, ma non troppo (Live) 20:47
2 Symphony No. 7 in E Minor: II. Nachtmusik. Allegro moderato (Live) 14:19
3 Symphony No. 7 in E Minor: III. Scherzo. Schattenhaft (Live) 9:22
4 Symphony No. 7 in E Minor: IV. Nachtmusik. Andante amoroso (Live) 11:45
5 Symphony No. 7 in E Minor: V. Rondo finale (Live) 16:18

Bayerisches Staatsorchester
Kirill Petrenko

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Kirill Petrenko pede para a gente manter a calma e esperar até o Boçalnato ir embora. Que vá logo e não retorne nunca mais!

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Das klagende Lied é uma Cantata composta entre 1878 e 1880 por Gustav Mahler. Ou seja, entre os 18 e 20 anos do compositor. Mahler começou a escrever Das klagende Lied, provavelmente inspirado num conto de fadas de Ludwig Bechstein, durante o inicio do último ano no Conservatório de Viena, onde estudou entre 1875 e 1878. A Cantata divide-se em 3 partes: Waldmärchen (Lenda da Floresta), Der Spielmann (O Trovador) e Hochzeitsstück (Peça de Casamento). Modificada por Mahler entre 1893 e 1898, a Cantata (sem Waldmärchen) estreou em 17 de fevereiro de 1901 em Viena.

Eu acho essa música sensacional, principalmente a Waldmärchen, mas houve drama… A Cantata foi apresentada em uma competição de composições — o Prêmio Beethoven. Entre os juízes estava Brahms e ele deu o primeiro lugar para um tal Robert Fuchs (1847-1927), em vez de para a cantata de Mahler. Dizem que Brahms a achou detestavelmente wagneriana. Em 1883, Mahler, mostrou trabalho a Liszt, mas, mais uma vez, ele foi rejeitado. O velho opinou que a Waldmärchen era um horror. Por outro lado, o CD também traz o último trabalho de Mahler, o fragmento inicial de sua 10ª Sinfonia, a qual permaneceu incompleta.

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10

1. Das Klagende Lied – Beim Weidenbaum, Im Kuhlen Tann
2. Das Klagende Lied – Ein Spielmann Zog Einst Des Weges Daher
3. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
4. Das Klagende Lied – Von Hohen Felsen Erglanzt Das Schlo
5. Das Klagende Lied – Was Ist Der Konig So Stumm Und Bleich
6. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
7. Das Klagende Lied – Auf Springt Der Konig Van Seinem Thron
8. Das Klagende Lied – Ach Bruder, Lieber Bruder Mein!

9. Symphony No. 10 In F Sharp Major – Andante – Adagio

Heather Harper, soprano
Norma Procter, contralto
Werner Hollweg, tenor

Netherlands Radio Chorus
Royal Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink, conductor

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Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi "torturado por Brahms e Lizst.
Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi “torturado” por Brahms e Liszt.

PQP

Gustav Mahler (1860–1911): Sinfonia No. 3 – Berliner Philharmoniker – Gustavo Dudamel ֍

Gustav Mahler (1860–1911): Sinfonia No. 3 – Berliner Philharmoniker – Gustavo Dudamel ֍

Gustav Mahler

Sinfonia No. 3 em ré menor

Berliner Philharmoniker

Gustavo Dudamel

 

Há dias ensaiava uma postagem com alguma obra de Mahler. Eu adoro a música de Mahler, especialmente pelos Lieder, mas confesso que preciso manter um certo distanciamento dessa música de tempos em tempos. É música muito intensa para ser ouvida levianamente. Assim vivo uns períodos de imersão e depois, distanciamento novamente.

Pois minha última imersão se deu esses dias e foi pela Terceira Sinfonia, que quase encerrou o ciclo das Sinfonias do Wunderhorn, aquelas que dividem material musical e usam poemas da coleção chamada Des Knaben Wunderhorn. Ela só não fechou este ciclo pois seu material acabou gerando mais uma sinfonia, a lindíssima Quarta Sinfonia, que usa o Lied ‘Das himmlische Leben’, que era programado para ser o último movimento da Terceira.

Há uma série de maravilhosas gravações desta Terceira Sinfonia e não resisto a mencionar algumas das minhas preferidas. Começo mencionando uma rara gravação comercial feita nos anos 70 pela London Symphony Orchestra regida por Jascha Horenstein e outra também relativamente antiga, regida por um dos primeiros regentes a difundir efetivamente a música de Mahler, Leonard Bernstein, a frente da New York Philharmonic, no selo CBS Masterworks, posteriormente comprado pela Sony. Pelo selo amarelo, há duas gravações muito interessantes feitas pelo saudoso Claudio Abbado, a primeira regendo a Wiener Philharmoniker e a segunda regendo a maravilhosa Berliner Philharmoniker. Esta última orquestra também aparece numa gravação da Philips, agora sob a regência do sempre competente Bernard Haitink. E como as orquestras voltam às obras importantes, a London Symphony Orchestra também aparece numa linda gravação no selo Sony, regida pelo americano Michael Tilson Thomas. Nesta gravação, há um ótimo bônus, com a excelente Janet Baker cantando os Rückert Lieder.

A gravação que eu estava namorando para postar tem a regência de Ivan Fischer, mas foi atropelada pela gravação que aqui apresento e que foi enviada pelo amigo FDP Bach! Dudamel regendo a espetacular Berliner Philharmoniker. Quando botei minhas mãos na mesma, fui logo ouvir o Coro dos Anjos, pois se fazia tarde e a sinfonia é longa. Eu adoro este movimento desde que o ouvi pela primeira vez no famoso LP da Deustche Grammaphon – Mahler para Milhões, com a Orquestra da Rádio Bávara regida por Rafael Kubelik, com o Tölzer Knabenchor.

O que me chamou a atenção especialmente nesta versão foi a qualidade da gravação. Incrível! Imperdível, diriam outros… Depois descobri, esta gravação é parte de um ciclo completo das Sinfonias de Mahler no selo da Berliner Philharmoniker, com todas as gravações feitas ao vivo com a orquestra, com possíveis diferentes regentes.

Sobre a Sinfonia, o que dizer? Que é impressionantemente grande, que foi concebida tendo um plano de progressivo desenvolvimento, do terreno para o etéreo… Os nomes dos movimentos originalmente enfatizavam este planejamento: O despertar de Pan; O que as flores dos campos me dizem; O que os animais da floresta me dizem; O que me dizem os seres humanos; O que me dizem os anjos; O que o Amor me diz. Mas os planos iniciais foram se ajustando na medida que a composição foi avançando. O primeiro movimento foi o último a ser terminado e é imenso. Seu desenvolvimento impressionou o próprio Mahler, que escreveu para seu protegido Bruno Walter dizendo: É terrível, a forma como ele continua a crescer, a se expandir, muito além de tudo o que eu já compus até agora, deixando até minha Segunda Sinfonia se parecer a um bebê. Como já mencionei, o plano original considerava um sétimo movimento com o Lied que acabou no final da sinfonia seguinte e isso deu a esta sinfonia mais uma característica especial que é a de terminar em um adagio, que trata do Amor…

Depois da primeira audição, Mahler subtraiu todos os títulos dos movimentos, apresentando a sinfonia como música absoluta, como se os títulos fossem andaimes que podiam ser retirados uma vez que a obra estava em pé, numa feliz comparação feita pelo Bruno Walter.

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No. 3 em ré menor

  1. Kräftig. Entschieden
  2. Tempo di Menuetto. Sehr mäßig
  3. Comodo. Scherzando. Ohne Hast
  4. Sehr langsam. Misterioso. Durchaus ppp
  5. Lustig im Tempo und keck im Ausdruck
  6. Langsam. Ruhevoll. Empfunden

Gerhild Romberger, contralto

Damen des Rundfunkchors Berlin

Knaben des Staats- und Domchors Berlin

Berliner Philharmoniker

Gustavo Dudamel

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FLAC | 379 MB

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MP3 | 320 KBPS | 227 MB

Gustavo Dudamel is in charge of the Third Symphony. […] This reading of the Third impresses from the very start. […] Overall, there’s all the necessary colour and swagger in a marvellous account of this opening movement.

Part II of the symphony encompasses the remaining five movements. […} The […} ‘Bimm bamm’ movement is fresh and sprightly; the choirs are well-disciplined. The long finale opens raptly. […] This is one of the peaks of this set. Parte da crítica que pode ser lida na íntegra aqui.

Dudamel em tempos de Covid…

Aproveite!
René Denon