Lindo disco! Durante um tempo, este CD custava mais de R$ 1000 nos vendedores de discos usados da internet. Depois foi relançado com outra capa — a capa ao lado é a antiga — e seu preço voltou ao normal. Olha, vale muito a pena ouvir. Os discos de música antiga podem ser extraordinários, dependendo da escolha ou da pesquisa envolvida. Os compositores são venezianos e napolitanos em boa parte desconhecidos e estreantes no PQP Bach, à exceção de três. A lista geral é esta: Alessandro Piccinini (1566 – 1638), Giovanni Legrenzi (1626 – 1690), Bartolomeo Montalbano (1600 – 1651), Antonio Valente (c. 1540 – c. 1601), Giovanni Maria Trabaci (1575 – 1647), Cherubino Waesich (cerca de 1600 – 1650), Bernardo Storace (cerca de 1630 – após 1665), Carlo Gesualdo (1560-1613), Gioan-Pietro Del Buono (fl. 1641-), Salomone Rossi (1570 – cerca de 1630) e Giovanni de Macque (1550 – 1614). As peças vão desde a adorável introdução de “Lo Ballo dell’Intorcia” de Valente, à “Pastorale” de Storace, feitas de maneira maravilhosa e inventiva. Estas duas peças são especialmente belas. Ficamos com um pouco do cromatismo da Renascença italiana tardia (o sempre estranho Gesualdo e a Seconde Stravaganze de Macque). Vamos decididamente ao barroco com a sonata de Legrenze, tudo isso interpretado de forma inventiva, com bom gosto e, quando necessário, virtuosismo. Percussão e contínuo, tanto de teclado quanto dedilhados, adicionam cor. Aliás, o trabalho de Guido Balestracci e de seu grupo de violas, cordas e percussão é muito sensível e de notável senso de estilo. Coisa mais linda.
del Buono / Gesualdo / Legrenzi / Macque / Montalbano / Piccinini / Rossi / Storace / Trabaci / Valente / Waesich: Seconde Stravaganze — Música Antiga Veneziana e Napolitana (L’Amoroso)
1 Lo Ballo Dell’Intorcia (Tenore Del Paso E Mezzo)
Composed By – Antonio Valente
4:45
2 Moro, Lasso
Composed By – Carlo Gesualdo
3:32
3 La Moniche
Composed By – Alessandro Piccinini
5:59
4 Gagliarda 1, La Galante
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
3:31
5 Sonata No. 7, Stravagante Sull’ Ave Maris Stella
Composed By – Gioanpietro del Buono
4:03
6 Sonata No. 6
Composed By – Giovanni Legrenzi
6:25
7 Canzone No. 2
Composed By – Cherubino Waesich
4:28
8 Sonata Sopra L’ Aria di Ruggiero
Composed By – Salomone Rossi
7:34
9 Gagliarda V Cromatica, La Trabacina
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
2:50
10 Canzon No. 7, Cromatica
Composed By – Giovanni Maria Trabaci
3:03
Les Arts Florissants Edição comemorativa de 40 anos Secular Music Sacred Music Music & Theater dir. William Christie, Paul Agnew
Sandrine Piau Michel Laplénie Veronique Gens Ian Honeyman Agnès Mellon Philippe Cantor 2019
Dedicado ao desempenho da música barroca nos últimos 40 anos, Les Arts Florissants nunca deixa de revelar um novo repertório, muitos dos quais passamos a classificar como entre as melhores realizações musicais na vida cultural da França (Lully, de Lalande, Charpentier, Rameau …), Itália (Monteverdi, Rossi …) e Inglaterra (Purcell, Handel …) – um legado que eles disponibilizaram para músicos e grupos em todo o mundo.
Quer tenham sido destinados aos cultos da igreja, aos palcos de teatro ou ao entretenimento real, aqui estão algumas das melhores jóias musicais, desde a lendária gravação de Atys até as mais recentes coleções de arias e madrigais, para listar apenas algumas. Quase todos os capítulos musicais da história do conjunto fizeram história e, juntamente com horas de puro prazer, esta retrospectiva certamente trará de volta boas recordações de seu primeiro encontro com Les Arts Florissants, que se tornou um pilar de nossa vida cultural coletiva. (do site do produtor)
CD 01 – Musique Profane Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, 1567- Veneza, 1643) 01 – Zefiro torna, e di soavi accenti, SV 251 02 – Madrigals, Book 8, SV 146–167 “Madrigali guerrieri et amorosi”: Lamento de la ninfa, SV 163 03 – Il combattimento di Tancredi e Clorinda, SV 153 04 – Madrigals, Book 7, SV 117–145: Lettera amorosa, SV 141 (Live) 05 – Sestina Lagrime d’Amante al Sepolcro dell’Amata, SV 107, Prima parte: I. “Incenerite spoglie” Carlo Gesualdo, aka Gesualdo da Venosa (Italy, 1566 – 1613) 06 – Madrigals, Libro III: IX. Non t’amo, o voce ingrata Honoré d’Ambruys (France, séc. 18) 07 – Le doux silence de nos bois Michel Lambert (França, 1610-1696) 08 – Le repos, l’ombre, le silence 09 – Airs à une, II, III et IV parties avec la basse-continue: Sans murmurer Michel Pignolet de Montéclair (França, 1667 – 1737) 10 – La Mort de Didon pour soprano, violon, flûte et basse continue (6e cantate, Livre I)
CD 02 – Musique Sacrée Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) 01. Te Deum, H. 146: I. Prélude Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685 – Inglaterra, 1759) 02. Messiah, HWV 56, Part II: “Hallelujah!” 03. The Ways of Zion Do Mourn: IV. She put on righteousness. Chorus Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) 04. Le Reniement de Saint Pierre , H. 424 05. Antiennes “O” de l’Avent, H.36-43, Premier O: “O Sapientia” Luigi Rossi (Italia, 1597 – 1653) 06. Un peccator pentito: “Spargete sospiri” Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, 1567- Veneza, 1643) 07. Selva morale e spirituale, SV 252-288: “Chi vol che m’innamori” a 3 voci e due violini 08. Selva morale e spirituale, SV 252-288: “O ciechi ciechi” a 5 voci et doi violini Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687) 09. Salve Regina Georg Friedrich Händel (Alemanha, 1685 – Inglaterra, 1759) 10. Il Trionfo del Tempo e del Disinganno, HWV 46a: “Lascia la spina, cogli la rosa ” (Piacere) Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726) 11. Cantique Quatrième “sur le bonheur des justes & sur le malheur des resprouvez”: “Heureux, qui de la sagesse” 12. Te Deum, S.32: I. Simphonie 13. Te Deum, S.32: II. Te Deum laudamus Johann Sebastian Bach (Germany, 1685-1750) 14. Mass in B Minor, BWV 232: Benedictus (Live) Sébastien de Brossard (França 1655 – 1730) 15. Miserere mei Deus, SdB. 53 (Live)
CD 03 – Musique & theatre Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) 01. Les Arts florissants, H. 487: I. Ouverture Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687) 02. Atys, LWV 53, Prologue: Ouverture 03. Atys, LWV 53, Acte III, Scène 4: Prélude. “Dormons, dormons tous” (Le Sommeil) Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764) 04. Castor & Pollux, RCT 32, Acte I, Scène 1: Que tout gémisse (Troupe de Spartiates) 05. Castor & Pollux, RCT 32, Acte I, Scène 3: Tristes apprêts, pâles flambeaux (Télaïre) 06. Anacréon, RCT 30: Quel Bruit? Quelle clarté vient ici se répandre? (Prétresse de Bacchus et sa suite, Anacréon, Lycoris, Suite d’Anachréon) 07. Les Indes galantes, RCT 44, Troisième Entrée, Scène 3: “Amour, Amour, quand du destin j’éprouve la rigueur…” (Zaïre, Tacmas) Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) 08. David et Jonathas H. 490, Prologue, Scène 1: “Où suis-je ? Qu’ai-je fait ?” (Saül) 09. David et Jonathas H. 490, Acte I, Scène 3: “Ciel ! Quel triste combat en ces lieux me rappelle ?” (David) 10. Le Malade imaginaire, H. 495, Premier intermède: “Notte e di” (Spacamond) Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764) 11. Pygmalion, RCT 52, Acte I, Scènes 1-3: Fatal Amour, cruel vainqueur (Pygmalion) André Campra (França, 1660-1744) 12. Idoménée, Acte I, Scène 1: “Venez, Gloire, Fierté” (Ilione) 13. Idoménée, Acte II, Scène 1 – Scène 2: “O Dieux ! ô justes Dieux” (Chœur de peuple) – “Cessez de soulever les ondes” (Neptune) Luigi Rossi (Italia, 1597 – 1653) 14. Orfeo, Acte III, Scène 10: “Abandonnez l’Averne, ô peines, et me suivez !” (Orfeo, Giove, Mercurio, Coro Celeste) Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764) 15. Dardanus, RCT 35: “Hâtons-nous,courons à la gloire” Antoine Dauvergne (França, 1713 – 1797) 16. La Vénitienne: “Livrons-nous au sommeil” Michel Pignolet de Montéclair (França, 1667 – 1737) 17. Jephté, Act II, Scène 6: Marche au son des tambourins. “Ô jour heureux” (Iphise, Elise, Troupe d’Habitants de Maspha)
Les Arts Florissants: Secular Music + Sacred Music + Music & Theater Les Arts Florissants dir. William Christie
Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.
If you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.
Harmonia Mundi: História da Música Sacra vol 04: O moteto polifônico, da Ars Antiqua à Renascença
A partir do sec. XIII, a crescente reorganização social em plena Idade Média, acabaria lentamente por desembocar no Renascimento, período não só de esplendor artístico e cultural, mas de ressurgimento e poder das cidades, que entrariam para a história com uma fama até então desconhecida. É neste contexto de transição, que na música os compositores vão se exercitar numa técnica, que viria a ser, talvez, a mais genial contribuição da música ocidental: a polifonia.
Pretender esgotar este tema em poucas palavras seria o mesmo que explorar os meandros da história desde a Idade Média até o séc.XX numa conversa rápida. Podemos dizer que após um período de quase mil anos de hegemonia monofônica do canto gregoriano, apresentou-se para os compositores da Ars Antiqua o problema de como estruturar suas obras vocais com objetivo de alçar vôo a formas de composições mais complexas, que garantissem meios de expressão musical, uma nova estética, onde unidade e contraste se opusessem de maneira harmônica.
O Moteto, assim, é este verdadeiro laboratório, que oriundo do cerimonial sacro, de funcionalidade ritual e mística, vai dar vazão à presença simultânea do elemento profano, como meio de excitar a arte da criação. Assim não será de se estranhar a presença nos motetos medievais e renascentistas de duas línguas como o latim e o francês, cantadas simultaneamente, por vozes diferentes. Aliás, é importante lembrar que uma das funções do moteto é justamente explorar a possibilidade musical da palavra. Notar a etmologia de moteto, que vem de mot (palavra), francês.
Outra característica importante seria a crescente independência das vozes, pois enquanto o cantus firmus, que trazia uma melodia gregoriana conhecida, se mantinha estável, outra voz ornamentava esta melodia, à maneira de um melisma, ou seja um tipo de vocalise. Posteriormente as melodias sacras foram substituídas por temas profanos, aonde se adaptavam os textos sacros. A isorritimia foi o início de um processo de composição que abriu as fronteiras para as complexas técnicas de composição que haveriam de se seguir, criando na música mistérios ocultos, revelados pelos apaixonados e estudiosos. Arte è cosa mentale (Leonardo da Vinci).
O período de ouro do moteto realmente é grande, desde a Ars Antiqua, com os mestres Léonin e Pérotin da École de Nôtre Dame, tendo a seguir na Ars Nova o brilho de Philippe de Vitry, Guillaume de Machaut e Guillaume Dufay. O ciclo continua com a Escola Flamenga, onde o contaponto é exercitado de maneira quase matemática, trazendo ao moteto todas as possibilidades de cânon. É claro, que já no séc. XVI, no auge da polifonia, com Palestrina, o moteto não encerra sua trajetória na arte da composição. Muitos séculos ainda testemunhariam as possibilidades inesgotáveis desta arte de explorar da palavra os seus recursos musicais, e colocar a música ao serviço do ritmo da palavra. Ainda teremos, Bach, Mozart, Brahms, Bruckner…para citar apenas alguns.
Palhinha: ouça 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance
Anonymous
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 01. Ars Antiqua – École de Notre Dame 1. Virgo flagellatur
Pérotin (France, fl. c. 1200), also called Pérotin the Great
Theatre of Voices – Director: Paulo Hillier 02. Ars Antiqua – École de Notre Dame 2. Mors
Anonymous
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 03. 14th-Century England 1. Campanis cum cymbalis. Honorem Dominan 04. 14th-Century England 2. Worldes blisse have good day (Benedicamus Domino) 05. 14th-Century England 3. Valde mane diluculo 06. 14th-Century England 4. Ovet mundus letabundus
Guillaume Dufay (Du Fay, Du Fayt) (Franco-Flemish, 1397? – 1474)
The Orlando Consort 07. Ars Nova & Pre-renaissance: 1. Ave Regina coelorum
John Dunstaple (or Dunstable) (England, c.1390 – 1453)
The Orlando Consort 08. Ars Nova & Pre-renaissance: 2. Salve scema sanctitatis/Salve salus servulorum/ Cantant celi agmina
John Plummer (also Plomer, Plourmel, Plumere, Polmier, Polumier (c.1410 – c.1483)
The Hilliard Ensemble – Director: Paulo Hillier 09. Ars Nova & Pre-renaissance: 3. Anna Mater Matris Christi
Josquin Desprez (Franco-Flemish, c.1450 to 1455 – 1521)
La Chapelle Royale – Director: Philippe Herreweghe 10. Renaissance: 1. Salve Regina
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 12. Renaissence: 3. Cantiones sacrae: Peccantem me quotidie
Carlo Gesualdo, aka Gesualdo da Venosa (Italy, 1566 – 1613)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 13. Renaissence: 4. Tribulationem et dolorem 14. Renaissence: 5. Ecce quomodo moritur justus (Sabbato Sancto)
Hans Leo Hassler (Germany, 1564 – 1612)
Ensemble Vocal Européen – Director: Philippe Herreweghe 15. Renaissence: 6. Ad Dominum
History of the Sacred Music vol. 04: The Polyphonic Motet from Ars Antiqua to the Renaissance – 2009 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
XLD RIP | FLAC | 287,3 MB
Quem leu Cortázar direitinho sabe quem é Gesualdo da Venosa. Aquele pessoal da Renascença não era mole. Passei grande parte da segunda e terça-feira com o iPod ligado, ouvindo Gesualdo, um sujeito nascido em 1566 que merecia ser conhecido por sua música e não apenas por ter cometido um espetacular assassinato.
Gesualdo casou-se aos 26 anos com sua prima, Maria d`Avalos. Dois anos de casamento feliz — provavelmente só na opinião do marido — e Maria começou um caso com Fabrizio Carafa, Duque de Andria. Como quase sempre acontece, o corno é o último a saber; ou seja, toda cidade sabia, menos o proprietário das frondosas peças. Talvez fosse esperado que, ao descobrir com quem sua Maria se deitava, o Príncipe da Venosa tivesse uma reação blasé, mais ou menos como um nobre francês… Nada disso! Gesualdo deve ter pensado que “Corno que sabe e consente, bem age quem lhe acrescente…”, e tratou de vingar-se. Vamos ver o que fez Gesualdo.
Num belo dia de outono, ele preparou algo que lhe servisse como aquecimento: uma caçada com amigos. Nada melhor que um pouco de sangue para alguém quem traz um desejo de morte na alma. Então, em meio à caçada, Gesu resolveu ver como andavam as coisas em casa, digo, no Palazzo San Severo. Severo? Severíssimo! Testemunhas disseram que Gesualdo pediu que os empregados segurassem Fabrizio, dando-lhe um lugar confortável onde pudesse ver o primeiro ato da cena. Então, dedicou-se à mulher, enfiando-lhe a espada diversas vezes. Como Maria custasse a morrer, ele berrava “Ainda não?, Ainda não?” e seguia perfurando a pobre adúltera. Na segunda parte, ministrou tratamento semelhante à Fabrizio, com resultado análogo. Contudo, antes, fez o Duque de Andria trajar um vestido de noite de Maria. As roupas de Fabrizio foram encontradas limpas e sem marcas de violência.
Completou a obra deixando os corpos bem na frente de seu castelo, de forma a mostrar como se faz à cidade de Nápoles. Tal atitude foi cantada em versos por Tasso e admirada em toda a Europa. Virou tema de ópera, poemas e peças teatrais.
Mas voltemos ao caso. Vocês estão pensando que ele foi preso, não? Nada disso, os nobres nunca eram presos; havia para eles uma pizza institucionalizada. Porém (ah, porém…), um outro nobre podia vingar-se dele numa boa. Após o crime, Gesualdo arranjou outra mulher e isolou-se, compondo sua maravilhosa (mesmo!) obra musical. Aquele aristocrático napolitano só foi reconhecido nos primeiros anos do século XX. Tinha uma linguagem avançada que incluia dissonâncias, progressões harmônicas, ritmos contrastantes, passagens diatônicas, cromatismo, etc. Stravinski erigiu-lhe um monumento musical — o Monumentum pro Gesualdo (1960) –, Julio Cortázar dedicou-lhe com conto; Anatole France, um romance (Le puits de Sainte-Claire); e Aldous Huxley várias páginas de seu As Portas da Percepção (The Doors of Perception).
Só que eu escrevi um “ah, porém” ao estilo de Paulinho da Viola. O motivo é que, vinte anos depois da morte da mãe, o segundo filho do casal Gesualdo e Maria d`Avalos resolveu vingar-se, matando o pai que assassinara sua mãe quando era bebê. A vingança é um prato que se come frio e, com mais esta morte, pegamos um dos pingos do sangue de Gesualdo para pormos um ponto final a este post.
Gesualdo (1566-1613): Livro I dos Madrigais
1 Baci Soavi E Cari
2 Il Parte – Quanto Ha Di Dolce
3 Madonna Io Ben Vorrei
4 Come Esser Può
5 Gelo Ha Madonna Il Seno
6 Mentre Madonna Il Lasso
7 Il Parte – Ahi Troppo Saggia
8 Se Da Sì Nobil Mano
9 II Parte – Amor Pace Non Chero
10 Sì Gioioso Mi Fanno I Dolor Miei
11 O Dolce Mio Martire
12 Tirsi Morir Volea
13 II Parte – Frenò Tirsi Il Desio
14 Mentre Mia Stella Miri
15 Non Mirar Di Questa Bella Imago
16 Questi Leggiadri Adorosetti
17 Felice Primavera
18 II Parte – Danzan Le Ninfe Oneste
19 Son Sì Belle Le Rose
20 Bella Angioletta
Conductor, Harpsichord – Sergio Vartolo
Ensemble – Concerto Delle Dame Di Ferrara
Harp – Loredana Gintoli
Vocals [Alto] – Gabriella Martellacci
Vocals [Bass] – Walter Testolin
Vocals [Soprano I] – Lisa Serafini
Vocals [Soprano Ii] – Angela Bucci
Vocals [Tenor I] – Makoto Sakurada
Vocals [Tenor Ii] – Giampaolo Fagotto