D. Shostakovich: Sinfonia N° 8 (Slatkin)

D. Shostakovich: Sinfonia N° 8 (Slatkin)

Além de ser um extraordinário maestro, Leonard Slatkin é uma subcelebridade do twitter (ou X). Ele costuma divulgar as capas mais horrendas de discos de vários gêneros. Também conta piadas e comemora encontros com os maiores músicos, coisa normal em sua vida. E, por trás de tantos interesses e alegria esconde-se um espetacular artista. Haitink e Mravinsky estabeleceram padrões de referência tão elevados para as gravações desta sinfonia que apenas uma leitura excepcional ou que apresente a obra sob uma nova luz válida pode esperar competir. Slatkin não bate os citados, mas chega bem próximo. As partes mais tranquilas estão lindas, mas aquelas que são mais febris ou urgentes são subestimadas. Vale a audição, sem dúvida. Eu curto muito este CD.

Leonard Slatkin

D. Shostakovich: Sinfonia N° 8 (Slatkin)
1 Adagio; Allegro; Adagio 26:30
2 Allegretto 6:12
3 Allegro Non Troppo 5:55
4 Largo 9:43
5 Allegretto 13:06

Composed By – Dmitri Shostakovich
Conductor – Leonard Slatkin
Orchestra – Saint Louis Symphony Orchestra

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Uma capa horrível selecionada pelo grande Slatkin!.

PQP

Crumb, Tallis, Marta, Ives & Shostakovich: Black Angels (Kronos Quartet)

Crumb, Tallis, Marta, Ives & Shostakovich: Black Angels (Kronos Quartet)

Os CDs do quarteto de cordas Kronos sempre fizeram minha alegria. O grupo existe há 34 anos e sempre faz trabalhos muito originais ligados à música moderna. Não surpreende o fato de terem estreado mais de 400 obras dedicadas a eles, algumas escritas por conhecidos nossos, como Piazzolla, Górecki, Reich, Boulez, etc. Ultimamente – pasmem! -, têm se apresentado com Tom Waits…

Mas fiquemos na música erudita. Há um CD de música erudita africana para quarteto de cordas que vou lhes contar… ou postar algum dia… quem sabe?

Este fantástico Black Angels (1990) é um CD sobre a guerra e a morte.

Inicia com a obra que dá nome ao CD, uma ode ao Vietman do norte-americano George Crumb (1929- ). Se o primeiro movimento é bastante assustador, o segundo começa por uma citação de A Morte e a Donzela de Schubert e finaliza com outra citação facilmente reconhecível mas que não consigo pescar na memória.

Thomas Tallis (1510-1585) parece estar como um peixe fora d`água neste trabalho do Kronos, porém o texto em que se baseia o moteto para 40 vozes Spem in Alium conta uma batalha bíblica.

Doom, a Sigh de Istvan Marta (1952- ) incorpora uma gravação autêntica de duas mulheres romenas lamentando a morte de parentes e amigos. É difícil ouvir até o fim o idioma universal da dor.

Depois, o completo contraste. Temos algo pra lá de espalhafatoso e engraçado. O compositor erudito americano Charles Ives (1874-1954) canta sua “Marcha Militar” They are there! (1917) de forma inacreditável. Exatamente, Ives canta! Trata-se de uma canção que escreveu “dedicada” à Primeira Guerra Mundial. A gravação de Ives é acompanhada discretamente pelo Kronos. Espantoso. Vale a pena conhecer a letra de They are there! (Fighting For The People’s New Free World):

There’s a time in many a life,
when it’s do though facing death
and our soldier boys will do their part
that people can live in a world where all will have a say.
They’re conscious always of their country’s aim,
which is Liberty for all.
Hip hip hooray you’ll hear them say
as they go to the fighting front.

Brave boys are now in action
They are there, they will help to free the world
They are fighting for the right
But when it comes to might,
They are there, they are there, they are there,
As the Allies beat up all the warhogs,
The boys’ll be there fighting hard
a-a-and then the world will shout
the battle cry of Freedom.
Tenting on a new camp ground.

When we’re through this cursed war,
All started by a sneaking gouger,
making slaves of men (God damn them),
Then let all the people rise,
and stand together in brave, kind Humanity.
Most wars are made by small stupid
selfish bossing groups
while the people have no say.
But there’ll come a day
Hip hip Hooray
when they’ll smash all dictators to the wall.

Then it’s build a people’s world nation Hooray
Ev’ry honest country free to live its own native life.
They will stand for the right,
but if it comes to might,
They are there, they are there, they are there.
Then the people, not just politicians
will rule their own lands and lives.
Then you’ll hear the whole universe
shouting the battle cry of Freedom.
Tenting on a new camp ground.
Tenting on a new camp ground

O Quarteto de Cordas Nº 8 de Dmitri Shostakovich (1906-1975), de 1960, é dedicado às vitimas do fascismo e da guerra. É uma obra-prima que já postamos aqui algumas vezes, mas que teima em reaparecer.

Crumb, Tallis, Marta, Ives & Shostakovich: Black Angels (Kronos Quartet)

– George Crumb “Black Angels: Thirteen Images from the Dark Land”, for ampliflied/electric String Quartet (1970)
– Thomas Tallis “Spem in Alium” 40-part motet (circa 16th century) arranged by Kronos
– Istvan Marta “Doom: A Sigh,” (1989)
– Charles Ives “They Are There!” (1917/1942) arranged by John Geist
– Dmitri Shostakovich String Quartet No. 8 (1960)

Faixas:

1. Black Angels: I. Departure (5:37)
2. Black Angels: II. Absence (5:25)
3. Black Angels: III. Return (7:13)

4. Spem In Alium (Sing And Glorify) (8:52)

5. Doom. A Sigh (10:54)

6. They Are There! (2:47)

7. Quartet No. 8: I. Largo (4:57)
8. Quartet No. 8: II. Allegro Molto (2:36)
9. Quartet No. 8: III. Allegretto (4:19)
10. Quartet No. 8: IV. Largo (4:12)
11. Quartet No. 8: V. Largo (3:56)

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O Kronos na época desta gravação

PQP Bach

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Um disquinho bem mais ou menos. Um Shostakovich molenga e um Prokofiev mais ou menos. Harrell e Schwarz ficam a léguas de Rostropovich e Ozawa e a quilômetros disto aqui (Gabetta e Mäkelä). Acho que não é música pra eles, porque, por exemplo, eu me desmilinguo ouvindo Harrell tocando as Sonatas de Brahms para Violoncelo e Piano e aqui não acontece nada. Fui ler outras críticas para ver se estava muito errado e a Gramophone me tranquilizou ao chamar o Shosta de molenga e o Prokofiev de… Nem lembro mais. Harrell é um mestre, mas talvez se saia melhor entre os românticos.

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Cello Concerto No. 2 In G Major Op. 126
Composed By – Dmitri Shostakovich
(34:20)
1 I. Largo 13:42
2 II. Allegretto — 4:40
3 III. Allegretto 15:58

Symphony-Concerto For Cello And Orchestra In E Minor Op. 125
Composed By – Sergei Prokofiev
(38:03)
4 I. Andante 10:14
5 II. Allegro Giusto 17:26
6 III. Andante Con Moto — Allegretto — Allegro Marcato 10:23

Violoncelo – Lynn Harrell
Orchestra – Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Conductor – Gerard Schwarz

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Saudades da Sol Gabetta

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Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 “Babi Yar” (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 “Babi Yar” (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

Estava escrito que o último álbum da integral de Nelsons e da Boston seria “estranho”, pois juntaria as três piores sinfonias de Shosta com uma indiscutível obra-prima.  Pois a Nº 2 e a 3 são irrevelantes, a 12 é um escorregão — nada contra um compositor escrever uma Sinfonia chamada O Ano de 1917 e dedicá-la À Memória de Lênin, até pelo contrário, o problema é que a música é ruim mesmo! — e então sim, chega a sob todos os aspectos notável Sinfonia Nº 13, Babi Yar. A gravação de Nelsons para a 13ª trai um enorme trabalho. Ele se esmerou mesmo! É difícil bater esta versão.

A Sinfonia Nº 13, Op. 113, para baixo solista, coro de baixos e grande orquestra foi composto por Dmitri Shostakovich em 1962. Consiste em cinco movimentos, cada um deles um cenário de um poema de Yevgeny Yevtushenko que descreve aspectos da história e da vida soviética. Embora a sinfonia seja comumente referida pelo apelido de Babi Yar, tal subtítulo não é utilizado na partitura manuscrita de Shostakovich. A Sinfonia foi concluída em 20 de julho de 1962 e apresentada pela primeira vez em Moscou em 18 de dezembro daquele ano. Kirill Kondrashin conduziu a estreia depois que Yevgeny Mravinsky amarelou.

A sinfonia consiste em cinco movimentos e é uma das mais perturbadoras, profundas e originais das muitas obras para orquestra de Dmitri Shostakovich. Ela lembra e lamenta um ato hediondo de assassinato em massa. Entre 1941 e 1943, durante a ocupação nazi da Ucrânia soviética, estima-se que mais de 100 mil pessoas, a maioria delas judeus, foram mortas por soldados nazistas, com a ajuda de membros da população local, numa ravina nos arredores de a capital ucraniana de Kiev, conhecida como “Babi yar” em russo e “Babyn yar” em ucraniano. Nos dois dias de 29 e 30 de setembro de 1941, cerca de 34 mil judeus foram massacrados. Desde que os fatos horríveis do massacre se tornaram conhecidos, o nome da ravina tornou-se sinónimo de anti-semitismo e racismo de todos os tipos.

Em “Babi Yar”, um poema de apenas noventa e dois versos, Yevtushenko transforma uma visita que fez ao local – que na altura não tinha sequer um monumento – numa denúncia eloquente e emocional do anti-semitismo na Rússia e noutros lugares. Adotando seu ponto de vista preferido na primeira pessoa, o poeta compara-se às vítimas de Babi Yar e a outros mártires judeus, incluindo Alfred Dreyfus e Anne Frank. “Estou tão velho hoje / Como todo o povo judeu. Agora pareço ser judeu.” Mas o que mais surpreendeu os leitores de Yevtushenko foi a acusação do poema de que os russos, e mesmo os cidadãos da URSS teoricamente socialista, anti-racista e igualitária, eram eles próprios culpados, até certo ponto, do virulento anti-semitismo praticado pelos nazis.

Oh você, meu querido povo russo!
Você é um povo internacional que conheço profundamente.
Mas muitas vezes aqueles com mãos sujas
mancharam ruidosamente o seu nome virtuoso.

Embora a maioria dos intelectuais russos conhecesse demasiado bem a longa e feia história do anti-semitismo nos impérios russo e soviético, poucos se atreveram a abordar este tema explosivo por escrito. Assim que leu o poema de Yevtushenko, Shostakovich decidiu musicá-lo. Embora o compositor, tal como o poeta, não fosse judeu, há muito que simpatizava com a difícil situação dos judeus na Rússia. Ele tinha experimentado em primeira mão o intenso anti-semitismo do regime soviético, especialmente durante os anos de Stalin, quando alguns dos seus amigos mais próximos foram vítimas de violenta perseguição e prisão devido à sua identidade judaica. No início de 1948, Solomon Mikhoels, renomada estrela do teatro iídiche soviético, principal figura cultural judaica do país e sogro do amigo íntimo de Shostakovich, o compositor Mieczyslaw Weinberg, foi assassinado por ordem de Stalin, o que foi feito de forma a parecer como um acidente de trânsito.

Naquele mesmo ano, Shostakovich musicou vários poemas folclóricos judaicos no comovente ciclo Da Poesia Folclórica Judaica , mas julgou o material tão politicamente sensível que a estreia foi feita apenas em 1955, após a morte de Stalin. Outras composições que incorporam referências à música e temas judaicos são o Concerto para violino nº 1 e o Quarteto de cordas nº 4, ambos compostos no final da década de 1940 e também impedidos de serem executados até depois da morte de Stalin. Para Shostakovich, os judeus tornaram-se um símbolo poderoso do seu próprio estatuto como artista/outsider tentando permanecer fiel a si mesmo enquanto vivia numa sociedade intolerante e repressiva.

No início, Shostakovich pretendia musicar apenas Babi Yar”. No final de abril de 1962, ele completou um “poema sinfônico” para baixo solo, baixo coro e orquestra baseado no poema. Mas Shostakovich ficou tão satisfeito com o resultado, e tão apaixonado pelo projeto, que acabou decidindo expandir a obra para uma sinfonia de cinco movimentos, cada movimento baseado em um poema de Yevtushenko. Numa carta ao seu amigo íntimo Isaak Glikman, professor do Conservatório de Leningrado, Shostakovich escreveu: “O que me atrai na poesia [de Yevtushenko] é a sua humanidade inegável. Toda a conversa sobre como ele é “descolado”, “um poeta boudoir”, é causada principalmente pela inveja. Ele é consideravelmente mais talentoso do que muitos de seus colegas que ocupam posições respeitáveis.”

Quatro dos poemas de Yevtushenko (“Babi Yar”, “Humor”, “Na Loja” e “Uma Carreira”) já haviam sido publicados. Para o quarto movimento, Yevtushenko concordou com o pedido de Shostakovich para um novo poema e produziu “Medos”. Embora “Babi Yar” seja o único dos poemas que aborda o anti-semitismo, os outros tratam claramente de outros problemas da URSS: a sua incapacidade de tolerar críticas (“Humor”), os fardos suportados por mulheres numa economia de escassez (“Na Loja”), o legado do terror stalinista (“Medos”) e a hipocrisia dos burocratas (“Uma Carreira”).

Como recordou numa entrevista de 1992, Yevtushenko ficou lisonjeado e surpreendido com a atenção do mais famoso compositor soviético, então no auge da sua fama e influência. “Não nos conhecíamos naquela época. Ele me telefonou e pediu, como ele disse, minha ‘gentil permissão’ para escrever música para ‘Babi Yar’. Fiquei surpreso com sua ligação e respondi: ‘Mas é claro, por favor.’ Ele respondeu alegremente: ‘Maravilhoso. A música já está escrita. Venha e ouça.’”

A Décima Terceira Sinfonia de Shostakovich não emprega a forma sinfônica convencional. Na verdade, se a obra pode realmente ser chamada de sinfonia é uma questão que críticos e musicólogos têm debatido há muito tempo, especialmente porque não faz uso da forma sonata em nenhum dos seus cinco movimentos. Como a musicóloga russa Marina Sabinina mostrou em seu excelente livro sobre as sinfonias de Shostakovich, a forma rondó domina a maior parte da estrutura musical. Esta peça altamente dramática – e até cinematográfica – aproxima-se, na sua forma, de um oratório ou cantata e demonstra a longa experiência do compositor na escrita para vozes, para palco e cinema. Talvez surpreendentemente, Shostakovich não faz uso de um motivo melódico unificador ligando as seções. O uso de vozes exclusivamente masculinas (solo e coral) em um estilo principalmente declamatório-recitativo liga a Décima Terceira Sinfonia às tradições da música folclórica, litúrgica e operística russa, e especialmente ao exemplo do herói pessoal de Shostakovich, Modest Mussorgsky, em tais obras como Canções e Danças da Morte e Boris Godunov. O resultado é uma textura musical e emocional de escuridão, profundidade, realismo e intensidade aterrorizantes.

Enormes e imponentes, carregados de pressentimentos e tristezas, os compassos de abertura soam como um vento frio soprando em um cemitério, mergulhando-nos imediatamente em um mundo de terrível sofrimento e injustiça. O uso frequente de sinos (ouvidos no primeiro e no último compassos) cria uma atmosfera quase religiosa, de réquiem. E, no entanto, há numerosos momentos alegres e sarcásticos, especialmente em “Humor” e “A Career”, que lembram o estilo fortemente irônico de “riso através das lágrimas” da ópera Lady Macbeth do distrito de Mtsensk . Como também é o caso de muitos dos quartetos de cordas posteriores de Shostakovich, a Sinfonia termina suave e liricamente, num espírito etéreo de arrependimento e perdão.

A estreia amplamente divulgada da Décima Terceira Sinfonia em Moscou, em 18 de dezembro de 1962, foi um evento seminal na história da cultura soviética. Durante os meses anteriores à estreia, Yevtushenko foi sujeito a duras críticas oficiais; até o líder soviético Nikita Khrushchev denunciou “Babi Yar” pelos seus sentimentos anti-soviéticos. Shostakovich foi convocado para uma reunião por funcionários do Partido descontentes com o tom perigosamente crítico dos textos e instados a cancelar a próxima apresentação. Mas desta vez, o compositor, por vezes maleável, recusou-se a ceder e Khrushchev permitiu que a estreia prosseguisse, em grande parte porque temia críticas vindas do estrangeiro, uma vez que muitos correspondentes e diplomatas estrangeiros estariam presentes. “Se depois da apresentação da Sinfonia o público vaiar e cuspir em mim, não tente me defender. Vou suportar tudo”, disse Shostakovich a Isaak Glikman de antemão.

Kirill Kondrashin, que dirigiu, mais tarde chamou a estreia de “um triunfo que quase causou uma manifestação política. No final do primeiro movimento o público começou a aplaudir e gritar histericamente. A atmosfera já estava tensa o suficiente e eu acenei para eles se acalmarem. Começamos a tocar o segundo movimento imediatamente, para não colocar Shostakovich em uma posição incômoda.” Embora tenha havido uma longa e estrondosa ovação de pé no salão no final da apresentação, a imprensa moscovita não publicou uma única palavra sobre a estreia, tendo sido ordenada pelo regime a permanecer em silêncio.

A polêmica também não terminou aí. Várias semanas após a estreia, Yevtushenko finalmente cedeu à intensa pressão oficial ao publicar uma versão alterada do texto de “Babi Yar” – aparentemente sem consultar primeiro Shostakovich. A nova versão suavizou o foco original mais acentuado nas vítimas do anti-semitismo, adicionando 40 novas linhas. A versão revisada substitui a identificação do poeta com velhos e crianças assassinados pelo patriotismo soviético convencional e pelo orgulho pela vitória sobre o fascismo. Como parecia certo que futuras apresentações e publicação da Sinfonia Nº 13 seriam proibidas, a menos que fossem feitas alterações correspondentes no texto das partes vocais, na partitura Shostakovich substituiu relutantemente oito versos da versão original de “Babi Yar” por oito do revisado. A mudança mais significativa ocorreu no início do texto. Os versos originais, cantados pelo solista do baixo (“Aqui pereço crucificado, na cruz, / e até hoje carrego as cicatrizes dos pregos”) foram substituídos por “Aqui jazem russos e ucranianos / Juntos na mesma terra”.

Esta versão foi apresentada em 10 e 11 de fevereiro de 1963 e publicada pela Muzyka State Publishers em 1984 no volume nove das Obras Coletadas Soviéticas oficiais de Shostakovich, embora a prática atual de publicação, gravação e performance restaure as linhas originais.

Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

CD1
Symphony No. 2 in B major op. 14 “To October”
Largo – Allegro molto – [12:07]
Chorus: My shli, my prosily raboty i khlyeba [07:18]
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton

Symphony No. 3 in E flat major op. 20 “1st of May”
Allegretto – Più mosso – Allegro [10:49]
Andante [06:07] IG 1
Allegro – Andante – Largo – [12:24]
Moderato: V pervoye Pervoye maya [05:43]
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton

CD2
Symphony No. 12 in D minor op. 112 “The Year 1917”
1. Revolutionary Petrograd: Moderato – Allegro – [15:08]
2. Razliv: Allegro – L’istesso tempo – Adagio – [14:03]
3. Aurora: L’istesso tempo – Allegro – [04:44]
4. The Dawn of Humanity: L’istesso tempo – Allegretto – Moderato [11:09]

CD3
Symphony No. 13 in B flat minor op. 113 “Babi Yar”
1. Babiy Yar (Babi Yar): Adagio [16:28]
2. Yumor (Humour): Allegretto [08:48] IG 2
3. V magazine (In the Store): Adagio – [14:02]
4. Strakhi (Fears): Largo [14:21]
5. Kar’year (Career): Allegretto [14:09]

Matthias Goerne, bass-baritone
Tenors and Basses of the
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton
New England Conservatory Symphonic Choir
Chorus Master: Erica J. Washburn

Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Foto do massacre de Babi Yar

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies 8 • 9 • 10 (Berliner Philharmoniker, Kirill Petrenko)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies 8 • 9 • 10 (Berliner Philharmoniker, Kirill Petrenko)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este álbum triplo de 2023 já ganhou vários e merecidos prêmios. Kirill Petrenko, o novo regente da Filarmônica de Berlim, dá uma aula de como interpretar seu grande conterrâneo Shostakovich. O milagre que ele faz está nos detalhes que vão, pouco a pouco, iluminando as partituras. Kirill Petrenko é realmente genial, uma grande escolha dos músicos da Filarmônica.

Kirill Petrenko descreve a Oitava Sinfonia de Dmitri Shostakovich como um “grande drama psicológico”. O compositor escreveu-a enquanto a sua vida estava em perigo durante a Segunda Guerra Mundial: entre uma existência entre bombas nazistas e a censura stalinista. A Nona e a Décima também dão testemunho vívido do confronto de Shostakovich com o regime – e da sua auto-afirmação. Musicalmente, cada uma das três sinfonias é um mundo à parte – o que as une é o desejo de liberdade: num caso sussurrado a portas fechadas, noutro ironicamente distorcido, noutro gritado. A Oitava de Shostakovich entregou uma tragédia de sorriso forçado à autoridade ávida por hinos patrióticos. E apesar de toda a camuflagem, a obra foi proibida depois de alguns anos.

Com a sua Nona Sinfonia, o compositor deu então uma reviravolta surpreendente, de modo que teve de permanecer silencioso como sinfonista até depois da morte de Stalin – para sobreviver. Não só o significado tradicional do número 9, a NONA, mas também pelo fato de a guerra ter sido vencida, tendo levado o povo e os funcionários da União Soviética a esperar por uma grande celebração heróica. Em vez da redenção no final da guerra, Shostakovich viu as inúmeras vítimas – e a aproximação da próxima catástrofe. No tom distanciado da Primeira Escola Vienense e com uma alegria grotesca, a sua Nona Escola retrata um mundo circense que erguia um espelho distorcido do regime.

A Décima foi publicada após um hiato de oito anos, imediatamente após a morte de Stalin. Kirill Petrenko chama à obra em que o compositor se torna protagonista de a “libertação no seu trabalho artístico depois da Quinta”: o seu monograma em notas – DSCH – triunfa numa batalha feroz sobre a poderosa maquinaria da ditadura. A esperança de liberdade que está no final desta sinfonia tem grande atualidade como mensagem musical.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies 8 • 9 • 10 (Berliner Philharmoniker, Kirill Petrenko)

Symphony No. 8 In C Minor, Op.65 (1:00:58)
CD1 1 1. Adagio – Allegro Non Troppo 25:12
CD1 2 2. Allegretto 6:10
CD1 3 3. Allegro Non Troppo – 6:01
CD1 4 4. Largo – 9:55
CD1 5 5. Allegretto 13:40

Symphony No. 9 In E Flat Major, Op.70 (26:02)
CD2 1 1. Allegro 5:10
CD2 2 2. Moderato 7:20
CD2 3 3. Presto – 2:44
CD2 4 4. Largo – 4:18
CD2 5 5. Allegretto 6:30

Symphony No. 10 In E Minor, Op.93 (51:00)
CD2 6 1. Moderato 23:07
CD2 7 2. Allegro 4:08
CD2 8 3. Allegretto 11:50
CD2 9 4. Andante – Allegro 11:55

Orquestra Filarmônica de Berlim
Kirill Petrenko

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Kirill Petrenko: esse veio para ficar. Que tremendo artista!

PQP

William Walton (1902-1983) / Dmitri Shostakovitch (1906-1975): Quarteto de Cordas em Lá Menor / Quarteto de Cordas Nº 3 Em Fá Maior, Op. 73 (Albion Quartet)

A peça de Walton é realmente muito boa, devo admitir. Os compositores ingleses não costumam me entusiasmar, mas o Allegro Molto da obra de Walton é de erguer cadáveres. Tive que ouvi-lo muitas vezes para ter certeza se tinha gostado. E gostei, muito. O Albion captura a turbulência, o lirismo melancólico enredado em tensão que é evocado na escrita de Walton. A abertura é cativante, com o tom de Albion ao mesmo tempo açucarado e iluminado, às vezes elétrico. Já o quarteto de Shostakovich é uma obra-prima conhecida. Me dá a impressão de que o Shosta saiu meio “berrado”, mas as diferenças entre cada versão são tão grandes que a gente fica pensando… A versão do Albion denota uma tremenda coragem. De maneira típica, Shostakovich começa com um humor alegre e ensolarado, que não podemos confiar que seja genuíno, como é seu costume. Logo, ele  mostra seu lado cínico. Enquanto ele desce para as sombras, os Albion o seguem obedientemente. Os contrastes aqui são retratados de forma excelente e pintados de forma tão nítida que ficamos na ponta da cadeira a maior parte do tempo. Coragem, sim, coragem.

Quarteto de cordas em lá menor
Composto por – Sir William Walton
1 I. Allegro 10:35
2 II. Presto 4:31
3 III. Lento 8:29
4 IV. Allegro Molto 4:32

Quarteto de cordas nº 3 em Fá maior, op. 73
Composto por – Dmitri Shostakovich
5 I. Alegretto 6:46
6 II. Moderado com moto 5:23
7 III. Allegro Non Troppo 4:09
8 IV. Adagio 5:40
9 V. Moderado 10:41

Albion Quartet:
Tamsin Waley-Cohen and Emma Parker, violin
Ann Beilby, viola
Nathaniel Boyd, cello

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Ele é delas.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 15 e 6 (Noseda)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nº 15 e 6 (Noseda)

Esta gravação certamente não é uma de minhas first choices shostakovichianas. O italiano Gianandrea Noseda torna o trágico ultratrágico, deixa tudo mais lento e quer nos matar do coração. Em sua cruzada pelo trágico, ele pisoteia o que há de sarcástico em Shostakovich, o que é crime inafiançável. A Sinfonia nº 15, Op. 141, foi gravada logo após sua composição em 1971, com a regência do filho do compositor, Maxim. Muitas gravações seguiram essa leitura sombria ao considerar a obra um testemunho diante da morte. No entanto, essa não é a única maneira de ver a questão. Por um lado, a sinfonia contém várias citações, e a da abertura Guilherme Tell, de Rossini , no primeiro movimento, é bastante espirituosa. O final, nem se fala. A Sinfonia nº 6, Op. 54, de 1939, não é de das obras sinfônicas tocadas com maior frequência. Os críticos stalinistas notaram com desaprovação os aspectos mais experimentais da obra, com sua estrutura incomum, com cada movimento mais rápido que o anterior. A leitura de Noseda capta bem isso. Mas, sei lá, faltou Rússia (ou URSS) a Noseda.

Sinfonia nº 15 em lá maior, op. 141
1 I. Alegretto 8:30
2 II. Adagio. Largo. Adagio. Largo 16:03
3 III. Alegreto 4:28
4 4. Adagio. Alegretto. Adagio. Alegretto 15:56

Sinfonia nº 6 em si menor, op. 54
5 I. Largo 17:42
6 II. Alegro 6:37
7 III. Presto 7:29

London Symphony Orchestra
Gianandrea Noseda, regente

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Shostakovich jogando xadrez com a morte

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Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Andei relapso com os trabalhos neste blog, e começo este post com um breve pedido de desculpas por isso; a vida andou um tanto cheia de afazeres e o tempo, esse danado, voou. Mas cá estamos, e vamos em frente. Para tentar me redimir por essa ausência, voltei com um discaço que me acompanha há muitos anos. Nada mais nada menos que Galina Vishnevskaya e seu marido Mstislav Rostropovich gravados ao vivo em Moscou nos anos 60. O repertório, creio, não deixa nem um tiquinho de decepção para quem, em plena terceira década do terceiro milênio, viaja no tempo para a capital russa com essas preciosas gravações: Mussorgsky (1839-1881), Shostakovich (1906-1975) e Prokofiev (1891-1953).

Um detalhe charmoso deste álbum é que nele podemos ouvir Rostropovich em sua múltiplas frentes de atuação: como regente (Mussorgsky), como violoncelista (Shostakovich, op. 127) e como pianista (Shostakovich 0p. 109 e Prokofiev). Slava – como Rostropovich era carinhosamente conhecido – respirava música, era todo colcheias e semifusas e sustenidos da cabeça aos pés, e esse disquinho é como um prisma que revela suas diferentes faces conforme a luz vai mudando de direção.

Shosta e Slava: mais que amigos, friends

E tem mais, bem mais. Com a palavra, Sigrid Neef, no encarte do disco, em livre tradução deste blogueiro:

“Diversas gravações documentam a aclamada parceria entre Vishnevskaya e Rostropovich, a prima donna do Teatro Bolshoi em Moscou e o grande violoncelista virtuoso. Ainda assim, este CD é uma pequena sensação e um golpe de sorte. Gravações de dois concertos foram descobertas no arquivo da antiga gravadora estatal soviética Melodiya. Um deles incluía a lendária estreia do ciclo de canções de Dmitri Shostakovich a partir de poemas de Alexander Blok, seu opus 127, com Galina Vishnevskaya, Mstislav Rostropovich, David Oistrakh e Moisei Vainberg. Era um ensamble verdadeiramente fenomenal e autêntico, porque o compositor escreveu o ciclo com eles em mente e dedicou a peça a Vishnevskaya. Apesar de tudo isso, a Melodiya arquivou a fita e lançou posteriormente uma nova gravação da obra com artistas menos proeminentes, em 1976. Vishnevskaya e Rostropovich haviam sido proscritos pela burocracia cultural soviética.

O delito deles foi ter abrigado em sua dacha o dissidente Alexander Solzhenitsyn, autor do histórico e monumental Arquipélago Gulag, que seria expulso da União Soviética no ano seguinte, 1974. Mais tarde, naquele mesmo ano, Vishnevskaya e Rostropovich deixaram a URSS. Eles perderam a cidadania em 1978, e essa só lhes foi restituída em 1990.

A espetacular história dessa performance é ofuscada por uma sensacional serenidade interior. A cantora e o violoncelista mostram simpatia, amor, bondade e verdade em um mundo cheio de agressividade, crueldade e mentiras. Eles sentiram sua responsabilidade para com a música e, mais que isso, a Deus. Essa é a fonte desse seu feito singular. Há também um senso de maré alta. Todas as composições de Shostakovich presentes foram escritas para Galina Vishnevskaya e dedicadas a ela. Já para a adaptação de Sergei Prokofiev para Akhmatova, não existem no mundo artistas mais apropriados que Vishnevskaya e Rostropovich.”

Sem mais delongas, portanto. vamos ao disco!

Modest Mussorgsky (1839-1881)
Songs and Dances of Death
(orquestrado por Dmitri Shostakovich – estreia mundial)

1 – I. Lullaby
2 – II. Serenade
3 – III. Trepak
4 – IV. The Field-Marshall

Galina Vishnevskaya, soprano
Gorki State Philharmonic Orchestra
Mstislav Rostropovich, regência

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
Seven Romances to Poems by Alexander Blok, op. 127
(estreia mundial)

5 – I. Ophelia´s song
6 – II. Hamayun, the prophetic bird
7 – III. We were together
8 – IV. The city sleeps
9 – V. Storm
10 – VI. Mysterious sign
11 – VII. Music

Galina Vishnevskaya, soprano
David Oistrakh, violino
Mstislav Rostropovich, violoncelo
Moisei Vainberg, piano

Satires, op. 109
Five romances on lyrics by Sasha Chorny

12 – I. To a critic
13 – II. Spring´s awakening
14 – III. The descendants
15 – IV. Misunderstanding
16 – V. The Kreutzer Sonata

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, pino

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Five Poems by Anna Akhmatova, op. 27

17 – I. The Sun has filled my room
18 – II. True tenderness
19 – III. Memory of the Sun
20 – IV. Greetings
21 – V. The king with grey eyes

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, piano

As faixas 1 a 4 foram gravadas ao vivo no auditório da Gorki State Philharmonic Society, em 9 de fevereiro de 1963. As faixas 5 a 21 foram gravadas ao vivo na Grande Sala do Conservatório de Moscou, em 23 de outubro de 1967.

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Vishnevskaya e Rostropovich com as filhas em casa, 1959

Karlheinz

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Este disco tem ares de bootleg. Trata-se da gravação de um Concerto com muita gente tossindo, som mais ou menos e com um Rostropovich entusiasmado, até cometendo alguns errinhos, o mesmo valendo para a orquestra. É de uma certa Russian Disc e os concertos aconteceram em 29 de setembro de 1966 e 25 de setembro de 1967, dia do aniversário de 61 anos de Shostakovich. Não que registros ao vivo me incomodem — gosto muito delas, sinto a atmosfera de concerto como o ar de minha infância. Os erros… Quem se importa com eles se Rostrô está defendendo a música com toda a garra e sensibilidade que a obra e seu amigo Shosta merecem? Eu amo esses dois concertos, sendo que o segundo faz parte do meu Olimpo pessoal. Depois, Rostrô regravou de forma espetacular essas obras no ocidente com Ozawa, em discos que você tem que ouvir (aqui o Nº 1, aqui o Nº 2) , pois o violoncelista esteve em contato com o compositor durante a feitura dos concertos e estes devem ser o mais próximo dos desejos do mesmo. Mas esta gravação meio sujinha também é muito boa!

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Violoncelo Nº 1 e Nº 2 (Rostropovich / Svetlanov)

Cello Concerto No. 1 in E flat major
1 Allegretto 5:48
2 Moderato 10:09
3 Cadenza – Attacca 4:34
4 Allegro con moto 4:20

Cello Concerto No. 2
5 Largo 14:47
6 Allegretto 4:12
7 Allegretto 15:07

Mstislav Rostropovich, violoncelo
USSR Symphony Orchestra
Yevgeny Svetlanov, regência

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Rostropovich em 1968

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Com alguma justiça, convencionou-se dizer que a Orquestra Filarmônica de Berlim é a campeã das orquestras. Isso desde antes do polêmico Karajan, na verdade desde o século XIX, com Hans von Bülow, entrando no século XX com Nikisch, Furtwängler e outros. Depois de HvK, tivemos os nomes lendários de Abbado e Rattle, chegando a 2018 com Kirill Petrenko. O russo ainda tem poucas gravações, mas já demonstra que tem tudo para seguir a estirpe. Esta versão da Sinfonia Nº 8 de Shostakovich é maravilhosa, dando aquela impressão de não somente ser definitiva como de estarmos ouvindo uma orquestra segura e infalível numa obra cheia de dificuldades. Trata-se de uma performance vívida, respirando convicção em cada momento. Não é apenas o alcance emocional da música que é destacado, há muito caráter também, especialmente em alguns dos solos. Kirill Petrenko nos lembra que Shostakovich poderia evocar emoções cruas com a urgência e acuidade de Mahler ou Tchaikovsky. Afinal, a Oitava é quase um drama psicológico, não?

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 8, Op. 65 (Berliner Philharmoniker & Kirill Petrenko)

1 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: I. Adagio – Allegro non troppo 25:12
2 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: II. Allegretto 06:10
3 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: III. Allegro non troppo 06:00
4 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: IV. Largo 09:55
5 Shostakovich: Symphony No. 8 in C Minor, Op. 65: V. Allegretto 13:39

Berliner Philharmoniker
Kirill Petrenko

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Petrenko: apenas magnífico!

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Piano Trios Nos 1 & 2 • Seven Romances Op 127 (The Florestan Trio, Susan Gritton)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Piano Trios Nos 1 & 2 • Seven Romances Op 127 (The Florestan Trio, Susan Gritton)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Após dezesseis anos, as carreiras dos membros do Trio Florestan se tornaram divergentes em 2011. Infelizmente, este disco marca o fim do Trio. Para esta gravação final, eles apresentam um programa 100% Shostakovich composto por seus dois trios para piano e os Sete Romances sobre Poemas de Alexander Blok, para os quais se juntam o soprano Susan Gritton. Escrito em 1923, o primeiro trio foi a obra surpreendente de um estudante de dezessete anos. A segunda, uma das maiores obras-primas do compositor, foi estreada cerca de vinte anos depois. Os romances foram a resposta a um pedido de Mstislav Rostropovich de um repertório que ele e sua esposa Galina Vishnevskaya pudessem apresentar juntos. Como sempre, o Florestan Trio está impecável e pleno de musicalidade. Uma pena que tenham acabado.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Piano Trios Nos 1 & 2 • Seven Romances Op 127 (The Florestan Trio, Susan Gritton)

1 Piano Trio No 1 In C Minor ‘Poème’ Op 8 11:31

Seven Romances On Poems Of Alexander Blok Op 127
Soprano Vocals – Susan Gritton
Words By – Alexander Blok*
(25:16)
2 Ophelia’s Song 3:08
3 Gamayun, The Prophet Bird 3:41
4 We Were Together 2:38
5 The City Sleeps 2:58
6 The Storm 2:08
7 Mysterious Signs 4:57
8 Music 5:42

Piano Trio No 2 In E Minor Op 67 (25:04)
9 Andante 7:19
10 Allegro Non Troppo 3:04
11 Largo 4:53
12 Allegretto 9:45

Cello – Richard Lester
Ensemble – The Florestan Trio
Piano – Susan Tomes
Producer – Andrew Keener
Violin – Anthony Marwood

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Galina e Mstislav no PQP Concert Hall de Londres em 1957

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Jazz Album (RCO, Chailly)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Jazz Album (RCO, Chailly)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Jazz por Shostakovich? E recebeu uma Gramophone’s Choice e relançamento anos depois na série The Originals? Bem, este maravilhoso CD não bem isso. As incursões animadas e cativantes de Shostakovich na música popular de seu tempo estavam muito longe de Jelly Roll Morton ou Duke Ellington. como vocês poderão comparar. Essas coloridas suítes de jazz chaplinescas ficam mais próximas de Gershwin, Milhaud e outros. Aqui, Shostakovich faz uma espécie de paródia — aliás, suas maiores obras também possuem episódios assim. Além disso, o jazz “real” era tratado com desconfiança na Rússia soviética e, portanto, a exposição de Shostakovich a ele era limitada. Chailly e a RCO trazem linda música, lindamente tocada e gravada. Tudo cheio de valsas e polcas. Realmente mostra a versatilidade de Shostakovich — muitas vezes nem soa como ele. É leve, arejado, divertido, harmonicamente ousado em alguns momentos, mas sempre muito gostoso de ouvir. Ah, e tem uma baita versão do belo Concerto Nº 1 para Piano e Orquestra. Ouça e divirta-se.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): The Jazz Album (RCO, Chailly)

Jazz Suite No. 1
1 Waltz 2:37
2 Polka 1:41
3 Foxtrot 3:38

Piano Concerto No. 1 In C Minor, Op. 35 (Concert For Piano, Trumpet And Strings)
4 Allegretto 5:36
5 Lento 8:04
6 Moderato 1:44
7 Allegro Con Brio 6:28

Jazz Suite No. 2 (Suite For Promenade Orchestra)
8 March 3:04
9 Lyric Waltz 2:35
10 Dance 1 2:57
11 Waltz 1 3:19
12 Little Polka 2:32
13 Waltz 2 3:41
14 Dance 2 3:34
15 Finale 2:19

16 Tahiti Trot (Tea For Two) 3:33

Piano – Ronald Brautigam
Trumpet – Peter Masseurs
Royal Concertgebouw Orchestra
Riccardo Chailly

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Não é jazz,mas — oh, yeah! — ele sabia se divertir desde criança.

PQP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 / Rodion Shchedrin (1932): Concerto para Piano Nº 2 (Hamelin / Litton)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 / Rodion Shchedrin (1932): Concerto para Piano Nº 2 (Hamelin / Litton)

Eu amo os belos e também zombeteiros Concertos para Piano de Shostakovich! Para um virtuoso tão consumado como Marc-André Hamelin, estes concertos podem parecer quase como um passeio no parque. Certamente, o famoso comando técnico do canadense está mais empolgante do que nunca. Mas isso não significa que Hamelin seja insensível aos muitos tons de voz mais calmos da música. O exemplo claro disso é seu tratamento dos movimentos lentos – o do número 2 pode até ser um tom lânguido demais para alguns gostos (embora não para o meu). As gravações próprio compositor em 1959 em Paris, feitas quando sua técnica já estava começando a ser desafiada pela debilidade muscular que o atormentaria pelo resto de sua vida, oferecem insights inestimáveis ​​sobre sua personalidade musical e Hamelin certamente o ouviu — o final do número 1 comprova. O Segundo Concerto de Shchedrin é um dos exemplos mais inventivos do antigo poliestilismo soviético, mantendo um equilíbrio entre diferentes técnicas e um toque de jazz. É uma boa companhia para Shosta.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Concertos para Piano Nº 1 e 2 / Rodion Shchedrin (1932): Concerto para Piano Nº 2 (Hamelin / Litton)

Piano Concerto No 1 In C Minor Op 35 (1933) (22:14)
1 Allegro Moderato – 5:40
2 Lento – 8:27
3 Moderato – 1:33
4 Allegro Con Brio 6:31

Piano Concerto No 2 In F Major Op 102 (1957) (19:16)
5 Allegro 6:50
6 Andante – 7:18
7 Allegro 5:05

Piano Concerto No 2 (1966) (21:26)
8 Dialogues: Tempo Rubato 9:02
9 Improvisations: Allegro 4:21
10 Contrasts: Andante – Allegro 7:57

Composed By – Dmitri Shostakovich (faixas: 1 to 7), Rodion Shchedrin* (faixas: 8 to 10)
Concertmaster [Leader Of Orchestra] – Marcia Crayford
Conductor – Andrew Litton
Orchestra – BBC Scottish Symphony Orchestra
Trumpet – Mark O’Keeffe (faixas: 1 to 4)

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O Pianista de Hamelin é um conto folclórico, reescrito pela primeira vez pelos Irmãos Grimm…

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Brahms / Shostakovich / Krenek: Obras transcritas para Violino, Sax Alto e Piano (Klavis)

Brahms / Shostakovich / Krenek: Obras transcritas para Violino, Sax Alto e Piano (Klavis)

Um bom disco, principalmente pelo extraordinário Brahms. O Trio Klavis (Jenny Lippl, violino / Miha Ferk, sax alto / Sabina Hasanova, piano) apresenta três transcrições de obras escritas para quase os mesmos instrumentos, pero no mucho. Em seus arranjos para trio de piano com sax alto, os músicos alcançam uma surpreendente unidade tonal nas obras de Johannes Brahms (originalmente com trompa), Dmitri Shostakovich (originalmente com violoncelo) e Ernst Krenek (originalmente com clarinete). Instrumentos de teclado, sopro e cordas unem forças para criar uma verdadeira unidade, dedicando-se com tremenda verve às linguagens tonais do Romantismo ao Modernismo nas obras extremamente diversas. Não me apaixonei, mas o Brahms… Ahhhh!!!

Brahms
1 Andante-Poco più animato – Trio Klavis; Jenny Lippl; Miha Ferk; Sabina Hasanova
2 Scherzo. Allegro-Molto meno Allegro – Trio Klavis
3 Adagio mesto – Trio Klavis
4 Finale. Allegro con brio – Trio Klavis

Shostakovich
5 Trio No. 1 for violin, cello and piano in C minor, Op. 8 – Trio Klavis; Jenny Lippl; Miha Ferk; Sabina Hasanova

Krenek
6 Allegretto moderato – Trio Klavis; Jenny Lippl; Miha Ferk; Sabina Hasanova
7 Allegro agitato – Trio Klavis

Trio Klavis

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Este é o Trio Klavis em visita à PQP Bach Austrian Rainforest.

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Vadim Gluzman e Angela Yoffe são marido e mulher que se entendem. Eles nos dão uma poderosa versão da Sonata de Shostakovich de 1968. Esta performance atende à quaisquer exigências, com o Allegretto central projetando uma atmosfera de estimulante ferocidade. A Jazz Suite No 1 de 1934 leva a um Shostakovich muito diferente: o humor pode ser sarcástico, mas o clima é alegre e otimista. A Sonata de Auerbach, sua resposta aos eventos de 11 de setembro, tem gestos largos e até melodramáticos. É uma peça bem feita, imaginativamente moldada para os dois instrumentos e com alguns momentos lindos e inspiradores.

Dmitri Shostakovich (1906-1975) & Lera Auerbach (1973): Música para Violino e Piano (Gluzman / Yoffe)

Shosta:
Sonata For Violin And Piano, Op. 134 (1968)
1 I. Andante 11:05
2 II. Allegretto 6:51
3 III. Largo – Andante 14:30

Jazz Suite No. 1 For Violin And Piano (1934/2005)
4 I. Waltz 2:26
5 II. Polka 1:42
6 III. Foxtrot 3:45

Auerbach:
Lonely Suite (Ballet For A Lonely Violinist), Op. 70 (2002)
7 I. Dancing With Oneself. Andante 2:09
8 II. Boredom. Moderato 1:15
9 III. Nos Escape. Allegro 1:23
10 IV. Imaginary Dialogue. Andantino 3:12
11 V. Worrisome Thought. Moderato 1:05
12 VI. Question. [Ad Lib.] 0:56

13 Sonata No.2 For Violin And Piano (September 11), Op. 63 (2001) [In One Movement] 14:39

Vadim Gluzman, violino
Angela Yoffe, piano

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Lera Auerbach escrevendo uma cartinha para René Denon. “Ouça minha música, Rê”, pede ela.

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxím Shostakovich)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxím Shostakovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu sempre admirei muito a versão em vinil que tenho da Sinfonia Nº 15 de Shostakovich regida por seu filho Maxím (1938) em 1972. É uma gravação da Melodiya com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou. Adoro aquele LP.

A ele, Maxím, foi dedicado o Concerto Nº 2 para Piano e Orquestra. Ele foi o solista na estreia da peça do pai. Conhecido por muitas obras dramáticas compostas à sombra de Stalin e outros líderes soviéticos, Dmitri mostrou um lado diferente – cheio de humor e carinho – neste lindo Concerto para Piano. Maxím estreou a peça em sua formatura no Conservatório de Moscou em maio de 1957. Questões de afeto.

Depois, o pianista Maxim transformou-se num renomado maestro, tendo gravado, com a maravilhosa Orquestra Sinfônica de Praga, a integral das sinfonias do pai. Ignoro se o segundo filho de Dmitri e Nina Varzar ainda está ativo aos 84 anos, mas sei que está vivo e que trabalhou muito em São Petersburgo e nos EUA. Foi regente titular da Sinfônica de New Orleans, assim como artista condecorado na URSS. Esta gravação é de 2006, para a Supraphon da República Tcheca, em homenagem aos 100 anos de nascimento de papai Shosta. Em 2013, vi esta orquestra em ação interpretando Dvořák e Prokofiev no Rudolfinum de Praga, onde arrancaram compulsoriamente meu casaco e o de minha filha antes de entrarmos na sala. Para os tchecos, entrar de casaco na maravilhosa sala calafetada de concertos da cidade é uma completa heresia. A orquestra, garanto-lhes, é fantástica e não nos decepciona. Mas voltando a nosso assunto, Maxím é seguro e conhece como poucos a obra orquestral de papai.

A maioria das sinfonias foi gravada como se deve, ao vivo, e tanto as versões ao vivo quanto as de estúdio têm alta qualidade sonora. Aliás, as ao vivo são melhores. Maxim vai muito bem nos extremos — nos movimentos lentos e na pauleira — e o sotaque diferente da orquestra e do regente dão um colorido especial à coleção. Eu gostei muito de passar 10 dias com os 10 CDs dos Shostakovich nos ouvidos. Gravação altamente recomendada.

Maxim com seu pai.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas (Prague Symphony Orchestra, Maxim Shostakovich)

Sinfonia Nº 1 F Moll
1-1 Allegretto 8:21
1-2 Allegro 4:40
1-3 Lento 9:36
1-4 Allegro Molto 9:56

Sinfonia Nº 12 D Moll “Rok 1917”
1-5 Revoluční Petrohrad. Moderato. Allegro 13:39
1-6 Razliv. Allegro. Adagio 11:47
1-7 Aurora. L’istesso Tempo. Allegro 4:38
1-8 Úsvit člověčenstva. L’istesso Tempo 10:58

2-1 Sinfonia Nº 2 H Dur “Věnováno Říjnu” Pro Sbor A Orchestr 18:25

Sinfonia Nº 10 E Moll
2-2 Moderato 24:26
2-3 Allegro 4:18
2-4 Allegretto 12:28
2-5 Andante. Allegro 12:33

3-1 Sinfonia Nº 3 Es Dur “Prvomájová” Pro Sbor A Orchestr 29:19

Sinfonia Nº 14 Pro Soprán, Bas A Komorní Orchestr
3-2 De Profundis 4:31
3-3 Malagueňa 3:03
3-4 Lorelei 8:47
3-5 Sebevrah 7:02
3-6 Ve Střehu 3:07
3-7 Madam, Pohleďte! 1:54
3-8 Ve Vězení la Santé 8:43
3-9 Odpověď Záporožských Kozáků Cařihradskému Sultánovi 1:49
3-10 Ach, Dělvigu, Dělvigu! 4:13
3-11 Smrt Básníka 4:13
3-12 Závěr 4:42

Sinfonia Nº 4 C Moll
4-1 Allegro Poco Moderato 27:33
4-2 Moderato Con Moto 8:34
4-3 Largo. Allegro 28:51

Sinfonia Nº 5 D Moll, Op. 47
5-1 Moderato – Allegro Non Troppo 19:24
5-2 Allegretto 5:10
5-3 Largo 14:20
5-4 Allegro Non Troppo 12:22

Maxim já sem papai

Sinfonia Nº 9 Es Dur
5-5 Allegro 5:19
5-6 Moderato 6:47
5-7 Presto 3:13
5-8 Largo 3:20
5-9 Allegretto 6:46

Sinfonia Nº 6 H Moll
6-1 Largo 18:56
6-2 Allegro 6:37
6-3 Finale. Presto 6:47

Sinfonia Nº 15 A Dur
6-4 Allegretto 7:56
6-5 Adagio 14:33
6-6 Allegretto 4:20
6-7 Adagio. Allegretto 16:27

Sinfonia Nº 7 C Dur “Leningradská”
7-1 Allegretto 27:11
7-2 Moderato. Poco Allegretto 11:13
7-3 Adagio 20:09
7-4 Allegro Non Troppo 19:22

Maxim sendo ferido em Leningrado

Sinfonia Nº 8 C Moll
8-1 Adagio. Allegro Non Troppo. Adagio 27:04
8-2 Allegretto 6:37
8-3 Allegro Non Troppo 6:18
8-4 Largo 10:51
8-5 Allegretto 15:12

Sinfonia Nº 11 G Moll “Rok 1905”
9-1 Palácové Náměstí. Adagio Att. 14:21
9-2 Devátý Leden. Allegro Att. 18:49
9-3 Na Věčnou Paměť. Adagio Att. 12:05
9-4 Zvon Bouře. Allegro – Moderato 14:53

Sinfonia Nº 13 B Moll “Babí Jar” Pro Bas, Sbor A Orchestr
10-1 Babí Jar. Adagio 16:47
10-2 Humor. Allegretto 8:26
10-3 V Obchodě. Adagio 12:53
10-4 Strachy. Largo 13:30
10-5 Kariéra. Allegretto 13:37

Bass Vocals – Peter Mikuláš (faixas: 10-1 to 10-5), Mikhail Ryssov* (faixas: 3-2 to 3-12)
Choir – Kühn Mixed Chorus* (faixas: 10-1 to 10-5), Prague Philharmonic Choir* (faixas: 2-1, 3-1, 10-1 to 10-5)
Chorus Master – Jan Rozehnal (faixas: 3-1), Jan Svejkovský (faixas: 2-1), Pavel Kühn (faixas: 10-1 to 10-5)
Composed By – Dmitri Shostakovich
Conductor – Maxim Shostakovich
Orchestra – The Prague Symphony Orchestra
Soprano Vocals – Marina Shaguch (faixas: 3-2 to 3-12)

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PQP

Dmitri Shostakovich (1906 – 1975): Concertos para Piano – Alexander Toradze – Orquestra da Rádio de Frankfurt & Paavo Järvi ֍

Dmitri Shostakovich (1906 – 1975): Concertos para Piano – Alexander Toradze – Orquestra da Rádio de Frankfurt & Paavo Järvi ֍

 

Pela lembrança de

Alexander Toradze

 

O pianista Alexander ‘Lexo’ Toradze faleceu em 11 de maio de 2022 em South Bend, Indiana, EUA. Toradze foi professor de piano na Indiana University at South Bend por vários anos. Ele nasceu 69 anos antes em Tbilisi, Geórgia.

Em seu blog – SlippeDisc –, Norman Lebrecht conta que Lexo estava tocando um concerto de Shostakovich com a Vancouver Symphony Orchestra quando sofreu uma insuficiência cardíaca aguda. Mesmo assim, continuou até o fim do concerto: The pianista who played on through heart failure has died, foi o título da postagem.

O testemunho do regente Gerard Schwarz transcrito no post deixa evidente como o pianista era bem quisto pelos colegas.

Entre as suas gravações mais conhecidas há a integral dos Concertos para Piano de Prokofiev, acompanhado pela Kirov Orchestra, regida por Valery Gergiev. Eu tenho outros dois discos muito bons, gravados pela EMI (quando a EMI existia…), com peças solo de Ravel, Mussorgsky, Stravinsky e Prokofiev. O Gaspard de la nuit dele é comparável à gravação feita por Ivo Pogorelich e as Três Cenas de Petrushka estão bem juntas da gravação feita por Maurizio Pollini. Bem, essa é a minha opinião…

Este disco com os Concertos de Shostakovitch está ótimo!

Dmitri Shostakovich (1906 – 1975)

Concerto para Piano No. 1 em dó menor, Op. 35

  1. Allegro moderato
  2. Lento
  3. Moderato
  4. Allegro con brio

Concerto para Piano No. 2 em fá maior, Op. 102

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Alexander Toradze, piano

Jurgen Ellensohn, trompete

Frankfurt Radio Symphony Orchestra

Paavo Järvi

Concertino para dois Pianos em lá menor, Op. 94

  1. Concertino

George Vatchnadze, piano

Alexander Toradze, piano

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FLAC | 265 MB

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MP3 | 320 KBPS | 185 MB

Sobre o disco: Really beautiful renditions. Fabulous, confident secure playing – you really can just relax and enjoy every note. Powerful, lyrical and mischievous by turns. Highly recommended!

Sobre o pianista: Alexander Toradze is universally recognised as a masterful virtuoso in the grand Romantic tradition. With his unorthodox interpretations, deeply poetic lyricism, and intense emotional excitement, Alexander Toradze lays claim to his own strong place in the lineage of the great Russian pianists.

Aproveite!

René Denon

D. Shostakovich (1906-1975), E. Denisov (1929-1996), S. Rachmaninoff (1873-1943) – Obras para Cello e Piano (Laferrière, Vitaud)

Em um CD de 2005 já postado por PQP, temos uma gravação de referência da Sonata de Shosta para violoncelo e piano, por Martha Argerich e Micha Maisky. O que essa dupla faz na sonata é uma barbaridade! O temperamento fogoso de Martha cai muito bem na obra escrita pelo jovem Shosta em 1934, pra não falar da fluência de Micha – educado em Leningrado e depois aluno de Rostropovich em Moscou – na linguagem do compositor.

Mas hoje temos um outro álbum mais recente, com dois músicos franceses que trazem várias sutilezas, detalhes que passaram quase despercebidos naquela outra interpretação. Por exemplo o canto do violoncelo e o acompanhamento suave do piano no movimento lento (largo) belíssimo que Vitaud e Laferrière conduzem em um andamento mais calmo e sonhador que a outra dupla citada. No 2º e no 4º movimento, temos aquele piano staccato, meio moto perpetuo meio marcha, tão característico de Shosta. Poucos anos depois, ele cairia em desgraça junto ao regime soviético por causa de obras como a ópera Lady Macbeth e o balé O Parafuso (1931), este último encenado apenas um dia e logo banido por seu enredo subversivo: um trabalhador que queria sabotar o maquinário da fábrica com um parafuso. O balé O riacho límpido (1935) – no qual camponeses casados flertavam com bailarinas – também foi proibido e o autor do libretto foi preso e fuzilado. O jovem Shostakovich deu sorte e escapou por um fio.

O repertório escolhido pela dupla francesa tem também a sonata para violoncelo e piano de Rachmaninoff, composta quando este também tinha menos de 30 anos. Cheia de melancolia romântica e melodias notáveis, essa sonata – assim como os Trios Elegíacos de Rach – me agrada mais do que os exageros orquestrais dos concertos para piano. Digamos assim: um piano e um violoncelo açucarados são glicose em uma medida razoável, enquanto uma orquestra inteira assim já é demais para minha saúde. Podem me xingar nos comentários.

Shosta e Denisov em 1953

E entre as duas grandes sonatas temos o conjunto de variações de Denisov sobre um singelo tema de Schubert, tema do Impromptu D.935 nº 2, que só neste ano de 2022 já apareceu aqui no PQPBach nas gravações de Chukovskaya, Lupu e Sokolov. Usem a lupa no canto superior direito para comparar… Também à direita e mais abaixo, o nome de Edison Denisov faz sua estreia aqui. Denisov era mal visto pelo regime soviético assim como seus colegas de geração Schnittke e Gubaidulina. Ou seja: estava em boa companhia, a uma distância segura dos lambe-botas de sempre. Todo ditador tem seus puxa-sacos: me desculpem vocês a digressão, é porque hoje vi o retorno daquele senhor dono de um canal de TV brasileiro, um que sempre sorriu e bateu palma pra ditador, e me lembrei que meus avós – um tiquinho mais velhos que a geração desse puxa-saco brasileiro, de Denisov e de Gubaidulina – sempre desprezaram eSSe senhor. “Muitos se deixaram engambelar por oportunismo” (L.F. Verissimo sobre 64), mas me perdoem novamente por esses longos parênteses, talvez eles tenham a função de explicar que nenhum desses compositores aqui representados deve ser confundido com o regime russo, seja o antigo ou o novo. Este disco não tem nada a ver com essas minhas últimas frases amargas, o Shosta/Rach/Denisov da dupla francesa é puro lirismo e sensibilidade: como um bom vinho rosé, é sutil e complexo sem ser pesado.

Rach preparado para o inverno

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
Cello Sonata in d minor, op.40
1 I. Allegro non troppo 11’51
2 II. Allegro 3’13
3 III. Largo 8’04
4 IV. Allegro 4’05
Edison Denisov (1929-1996)
5 Variations on a theme by Schubert 13’36
Sergei Rachmaninoff (1873-1943)
Cello Sonata in g minor, op.19
6 I. Lento. Allegro moderato 13’53
7 II. Allegro scherzando 6’27
8 III. Andante 5’41
9 IV. Allegro mosso 10’35

Victor Julien-Laferrière, cello
Jonas Vitaud, piano

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PS: Em um contexto de joga-pedra-na-geni-russa, Alain Lompech escreveu essas palavras abaixo na revista Classica de Abril/22, aqui mal traduzidas:

Não nos esqueçamos do seguinte: o compositor Dmitri Shostakovich (1919-1975) foi muito mal visto na década de 1970. Ele foi tratado como o compositor oficial do regime soviético. Quando foi lançado “Testemunho: Memórias de Shostakovich, observações recolhidas por Simon Volkov” (1980), alguns comentaristas afirmaram que se tratava de uma falsificação.

Do lado comunista, furiosos com um conteúdo que se sabia correto, assim como no campo dos jornalistas e críticos de música ocidentais que não aceitavam descobrir uma realidade muito diferente das conclusões que eles tiravam absurdamente de uma música que simplesmente não obedecia aos cânones obrigatórios da Segunda Escola de Viena. Nessas páginas, descobrimos um homem petrificado pelo arbítrio e que pensava em apenas uma coisa: compor.

Shostakovich e sua esposa Irina também preparados para o inverno russo

Pleyel

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago)

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago)

Qualquer gravação da Sinfônica de Chicago traz os melhores metais. Não adianta, é cultural. E aqui não é diferente. As trombonadas, agora comandadas por um maestro genial, são impecáveis. Sempre. O restante talvez seja pior do que o ciclo de Haitink-Shostakovich que recém publicamos. A Sinfonia Nº 4 é uma sinfonia decididamente mahleriana. Shostakovich estudara Mahler por vários anos e aqui estão ecos monumentais destes estudos. Sim, monumentais. Uma orquestra imensa, uma música com grandes contrastes e um tratamento de câmara em muitos episódios rarefeitos: Mahler. O maior mérito desta sinfonia é seu poderoso primeiro movimento, que é transformação constante de dois temas principais em que o compositor austríaco é trazido para as marchas de outubro, porém, minha preferência vai para o também mahleriano scherzo central. Ali, Shostakovich realiza uma curiosa mistura entre o tema introdutório da quinta sinfonia de Beethoven e o desenvolve como se fosse a sinfonia “Ressurreição”, Nº 2, de Mahler. Uma alegria para quem gosta de apontar estes diálogos. O final é um “sanduíche”. O bizarro tema ritmado central é envolvido por dois scherzi algo agressivos e ainda por uma música de réquiem. As explicações são muitas e aqui o referencial político parece ser mesmo o mais correto para quem, como Shostakovich, considerava que a URSS viera das mortes da revolução de outubro e estava se dirigindo para as mortes da próxima guerra.

D. Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 4 (Haitink, Chicago) (1:10:26)
1 Allegretto Poco Moderato – Presto 29:39
2 Moderato Con Moto 9:41
3 Largo – Allegro 31:06

Chicago Symphony Orchestra
Bernard Haitink

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Haitink, desse eu sinto e sentirei saudades! Que maestro!

PQP

Mikhail Glinka (1804-1857): Sonata para Viola e Piano / Nikolai Roslavets (1881-1944): Sonata para viola e piano / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para viola e piano, Op. 147 (Bashmet)

Mikhail Glinka (1804-1857): Sonata para Viola e Piano / Nikolai Roslavets (1881-1944): Sonata para viola e piano / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para viola e piano, Op. 147 (Bashmet)

Álbum sensacional!!

Este CD é formidável. Reúne três importantes compositores da música russa – Glinka, Roslavets e Shostakovich. Glinka é considerado como o pai da música russa. Suas composições influenciaram O Grupo dos Cinco, formado por Balakirev, Borodin, Cui, Mussorgsky e Rimsk-Korsakov. Tal grupo procurava uma produção essencialmente russa. Já Roslavets tem em sua produção musical uma importante marca – suas obras revelam um mundo sonoro denso e misterioso, que sugere influências de Debussy e Scriabin, e, até certo ponto, Schoenberg. O último dos três compositores é Shostakovich, uma das minhas paixões. A Sonata para viola e piano, Op. 147 é singular e melancólica. Não deixe de ouvir este registro que revela o âmago da produção russa. Sou apaixonado pela música russa. E eis aqui uma possibilidade de conferir este extraordinário CD com três sonatas fantásticas. Boa apreciação!

Mikhail Glinka (1804-1857): Sonata para Viola e Piano / Nikolai Roslavets (1881-1944): Sonata para viola e piano / Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sonata para viola e piano, Op. 147 (Bashmet)

Mikhail Glinka (1804-1857) – Sonata para Viola e Piano in D menor (18:21)
1. Allegro moderato [9:59]
2. Larghetto ma non troppo [8:14]

Nikolai Roslavets (1881-1944) – Sonata para viola e piano (12:23)
3. Sonata para viola e piano [12:23]

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Sonata para viola e piano, Op. 147 (36:11)
4. Moderato [11:24]
5. Allegretto [6:52]
6. Adagio [17:53]

Yuri Bashmet, viola
Mikhail Muntian, piano

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Glinka: na sua música não transparece o mesmo mau humor da foto.

Carlinus

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais alguma coisa (Haitink)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais alguma coisa (Haitink)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

No século XX, só posso comparar este conjunto de sinfonias de Mahler, à série de romances de Thomas Mann ou à literatura de Kafka, Borges ou Joyce ou ainda às pinturas de Picasso ou Kandinsky — ou ainda a algo maior, coisa que não sei se existe.

A surpreendente Sinfonia Nº 1; a decepcionante Nº 2; a curiosa Nº 3; a Nº 4, a que muda tudo, que é a primeira das grandiosas e talvez a mais sarcástica de todas — aquele Moderato beethoveniano bem ali no meio… –; a clássica e famosa Nº 5; a bipolar — pois dramática e circence — Nº 6; a importante, heroica e não tão boa Nº 7; a muito apaixonante e longa Nº 8 — com direito a dois scherzi e uma passacaglia –; a zombeteira (alvo: Stálin) Nº 9; a antistalinista e linda Nº 10; a Nº 11, que é a melhor das músicas programáticas que conheço; o escorregão da Nº 12 — filha piorada da Nº 7 –; a dilacerante e linda Babi Yar, Nº13; os grandes poemas de morte da quase camarística Nº 14; a autêntica suma de sua arte sinfônica que é a Nº 15 — com seu sarcasmo, canções de morte e citações.

E, nossa, que orquestras maravilhosas as formadas por Haitink! Aqui, o maestro demonstra toda a sua musicalidade ao nos acompanhar, com perfeito senso de estilo e compreensão, aos picos e vales emocionais por onde Shostakovich nos leva. Muitas vezes tive taquicardia ouvindo estes discos. O fuzilamento da Sinfonia Nº 11 é um fuzilamento, a canção de luto é exatamente isto, uma canção de luto. A Sinfonia Nº 14 é formada por verdadeiras canções de morte. Já os sarcasmos estão por toda a parte — na 4, 5, 6, 8, 9, 15º, todos bem desenhados. É uma música muito humana e dolorida, às vezes de incontrolável alegria, outras vezes de uma tristeza de cortar os pulsos. O compositor parece contar histórias e, mesmo que não compreendamos seus conteúdos sem palavras, deixa-nos com sua implacável lógica emocional.  Como diria, meu amigo, o Dr. Herbert Caro, Haitink é um maestro compreensivo — isto é, que compreende tudo e bem. Ele nos leva pela mão nesta coleção absolutamente notável! Como escreveu a Concerto, Haitink é poesia, elegância e refinamento.

Lembro de quando o vi reger no Concertgebouw de Amsterdam. Uma vez estava atrás da orquestra, de frente para o maestro. Ele era uma figura magnética. Quando ele mandou a orquestra levantar para receber os aplausos, a gente lá atrás quase levantava junto.

(Fico muito curioso de ouvir a integral de Maxim Shostakovich. Alguém tem?).

Dmitri Shostakovich (1906-1975): As Sinfonias Completas e mais (Haitink)

CD1
Symphony No.1 In F Minor, Op.10
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-1 I Allegretto – Allegro Non Troppo 8:14
1-2 II Allegro 8:14
1-3 III Lento 8:46
1-4 IV Allegro Molto – Lento – Allegro Molto 9:15

Symphony No.3 In E Flat Major, Op.20 ‘The First Of May’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
1-5 I Allegretto – Allegro 10:25
1-6 II Andante 5:35
1-7 III Allegro – Largo 10:34
1-8 IV Moderato: ‘V Pervoye Pervoye Maya’ 6:15

CD2
Symphony No.2 In B Major, Op.14 ‘To October – A Symphonic Dedication’
Choir – London Philharmonic Choir*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
2-1 I Largo – Allegro Molto 12:44
2-2 II My Shli, My Prosili Raboty I Khleba 8:10

Symphony No.10 In E Minor, Op.93
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
2-3 I Moderato 24:16
2-4 II Allegro 4:03
2-5 III Allegretto 12:23
2-6 IV Andante – Allegro 13:57

CD3
Symphony No.4 In C Minor, Op.43
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
3-1 I Allegretto Poco Moderato — 16:20
3-2 Presto 12:32
3-3 II Moderato Con Moto 9:06
3-4 III Largo — 7:03
3-5 Allegro 22:35

CD4
Symphony No.5 In D Minor, Op.47
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-1 I Moderato 18:04
4-2 II Allegretto 5:21
4-3 III Largo 15:40
4-4 IV Allegro Non Troppo 10:35

Symphony No.9 In E Flat Major, Op.70
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
4-5 I Allegro 4:57
4-6 II Moderato 7:44
4-7 III Presto 2:38
4-8 IV Largo 3:56
4-9 V Allegretto — Allegro 6:37

CD5
Symphony No.6 In B Minor, Op.54
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-1 I Largo 17:47
5-2 II Allegro 6:20
5-3 III Presto 7:06

Symphony No.12 In D Minor, Op.112 ‘The Year 1917’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
5-4 I Revolutionary Petrograd 13:31
5-5 II Razliv 14:04
5-6 III Aurora 4:15
5-7 IV The Dawn Of Humanity 11:05

CD6
Symphony No.7 In C Major, Op.60 Leningrad
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
6-1 I Allegretto 28:57
6-2 II Moderato (Poco Allegretto) 11:35
6-3 III Adagio 20:22
6-4 IV Allegro Non Troppo 18:28

CD7
Symphony No.8 In C Minor, Op.65
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
7-1 I Adagio 25:55
7-2 II Allegretto 6:14
7-3 III Allegro Non Troppo 5:57
7-4 IV Largo 8:49
7-5 V Allegretto 14:47

CD8
Symphony No.11 In G Minor, Op.103 ‘The Year 1905’
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
8-1 I Adagio: The Palace Square 15:53
8-2 II Allegro: 9 January 19:54
8-3 III Adagio: In Memoriam 11:23
8-4 IV Allegro Non Troppo: Tocsin 14:16

CD9
Symphony No.13 In B Flat Minor, Op.113 ‘Babi Yar’
Bass Vocals [Bass] – Marius Rintzler
Choir – Gentlemen From The Choir Of The Concertgebouw Orchestra*
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
9-1 I Adagio: Babi Yar 17:11
9-2 II Allegretto: Humour 8:18
9-3 III Adagio: In The Store 13:06
9-4 IV Largo: Fears 12:22
9-5 V Allegretto: A Career 13:23

CD10
Symphony No.14, Op.135
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-1 I De Profundis
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:45
10-2 II Malagueña
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:37
10-3 III Loreley
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
8:35
10-4 IV Le Suicidé
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
6:45
10-5 V Les Attentives I
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
2:58
10-6 VI Les Attentives II
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
1:52
10-7 VII À La Santé
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
8:46
10-8 VIII Réponse Des Cosaques Zaparogues…
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
2:03
10-9 IX O Delvig, Delvig
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
4:44
10-10 X Der Tod Des Dichters
Soprano Vocals [Soprano] – Julia Varady*
5:26
10-11 XI Schluß-Stück
Baritone Vocals [Bariton] – Dietrich Fischer-Dieskau
1:14

6 Poems Of Marina Tsvetaeva, Op.143a
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
10-12 I My Poems 3:23
10-13 II Such Tenderness 3:52
10-14 III Hamlet’s Dialogue With His Conscience 3:23
10-15 IV The Poet And The Tsar 1:40
10-16 V No, The Drum Beat 3:28
10-17 VI To Anna Akhmatova 6:10

CD11
Symphony No.15 In A Major, Op.141
Composed By – Dmitri Shostakovich
Orchestra – London Philharmonic Orchestra*
Producer – Richard Beswick (2)
11-1 I Allegretto 8:05
11-2 II Adagio — Largo — Adagio — Largo 16:28
11-3 III Allegretto 4:12
11-4 IV Adagio —Allegretto — Adagio — Allegretto 16:57

From Jewish Folk Poetry, Op.79
Composed By – Dmitri Shostakovich
Contralto Vocals [Contralto] – Ortrun Wenkel
Orchestra – Concertgebouw Orchestra*
Producer – Andrew Cornall
Soprano Vocals [Soprano] – Elisabeth Söderström
Tenor Vocals [Tenor] – Ryszard Karczykowski
11-5 I Lament For A Dead Infant 2:40
11-6 II Fussy Mummy And Auntie 2:50
11-7 III Lullaby 3:48
11-8 IV Before A Long Separation 2:25
11-9 V A Warning 1:18
11-10 VI The Deserted Father 2:05
11-11 VII A Song Of Poverty 1:24
11-12 VIII Winter 3:21
11-13 IX The Good Life 1:49
11-14 X A Girl’s Song 3:15
11-15 XI Happiness 2:39

[Recording details]
(No. 10): Kingsway Hall, London 1977
(No. 15): Kingsway Hall, London 1978
(Nos. 4 & 7): Kingsway Hall, London 1979
(Nos. 1 & 9): Kingsway Hall, London 1980
(Nos. 2 & 3): Kingsway Hall, London 1981
(No. 14): Concertgebouw, Amsterdam 1980
(No. 5): Concertgebouw, Amsterdam 1981
(Nos. 8 & 12): Concertgebouw, Amsterdam 1982
(Nos. 6, 11, From Jewish Folk Poetry & Six Poems): Concertgebouw, Amsterdam 1983
(No. 13): Concertgebouw, Amsterdam 1984

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Bernard Haitink (1929-2021), um dos maiores maestros da era das gravações

PQP

Stokowski rege Lutoslawski e Shostakovich

Stokowski rege Lutoslawski e Shostakovich

Encontrei, por acaso, ontem uma gravação que me deixou de queixo caído: não fazia ideia de que Stokowski houvesse gravado Lutosławski. Verdade que é o primeiro Lutosławski, ligado claramente à música de Bartók (de fato, mesmo depois, ele continuaria umbilicalmente ligado, mas de formas mais sinuosas, complexas, ambíguas; aqui, não, tudo é direto e cristalino, ainda que esteja longe, muito longe, de ser a obra que Bartók não escreveu), mas seja o compositor teoricamente visto como conservador (e tenho muitas ressalvas a essa percepção), seja o vanguardista de pouco depois, Lutosławski é grande, fantástico em sua capacidade de manejar a massa sonora, na compactação e na fluência de suas peças, na sua capacidade de construir climas. Pessoalmente, gosto mais desta 1ª Sinfonia do que de qualquer peça puramente orquestral de Bartók (salvo, talvez, pelo início do Mandarim Miraculoso). E nas mãos de Stokowski (numa gravação ao vivo, de 1959), a peça soa fresca, intensa, como nunca havia visto (ouvido) antes. A princípio, o primeiro impacto é a velocidade e a angulosidade da regência, mas não menos impressionante é a coesão que ela imprime, o frescor que tira aquele bolor de obra escolar que estava impregnado em nossa  (tanto Antoni Wit quanto o próprio Lutosławski acabam fazendo isso em suas gravações e, do que me recordo, não conheço outras interpretações), e que ele consegue mesmo quando é menos acelerado que Wit no último movimento. Por essas e outras, minha reverência por Stokowski só cresce.

Da 5ª Sinfonia do Shostakovich não tenho muito o que dizer. Não a escutei com atenção e não é, em absoluto, uma das minhas sinfonias favoritas (seria tão melhor por ouvir o Stokowski regendo uma das quatro primeiras ou a décima!).

Ótima diversão!

Witold Lutoslawski

Sinfonia nº1 (1947), para orquestra
01 I. Allegro giusto
02 II. Poco adagio
03 III. Allegro misterioso
04 IV. Allegro vivace

Dmitri Shostakovich

Sinfonia nº5 in Ré menor, Op. 47, para orquestra
05 I. Moderato
06 II. Allegretto
07 III. Largo
08 IV. Allegro non troppo

Orquestra Filarmônica Nacional de Varsóvia
(faixas 1-4)
Orquestra Filarmônica Tcheca de Praga (5-8)
Leopold Stokowski, regente

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Stokowski era muito orgulhoso de seu perfil. Basta conferir no Google Images a vaidade do bofe.

itadakimasu

Shostakovich: Quarteto Nº 8 / Borodin: Quarteto Nº 2 / Ravel: Quarteto (Borodin)

Shostakovich: Quarteto Nº 8 / Borodin: Quarteto Nº 2 / Ravel: Quarteto (Borodin)

Uma gravação ao vivo e sem retoques do Borodin durante uma excursão realizada em 1962. O som não é bom e a plateia parecia estar agitada. Mas o CD vale por sua enorme qualidade musical e pela interpretação extremamente compreensiva de Shosta e Borodin. Por exemplo, talvez jamais se ouça outro quarteto iniciar o último movimento do segundo quarteto de Borodin imitando com tamanha perfeição o som de um bayan. É uma questão de afinidade cultural. Os russos sabem como fazer porque têm aquilo instalado desde o nascimento. O Shosta idem. O Ravel tem um sotacão russo, mas é o Borodin e eles sempre convencem.

Shostakovich: Quarteto Nº 8 / Borodin: Quarteto Nº 2 / Ravel: Quarteto (Borodin)

String Quartet No. 8 In C Minor, Op. 110
Composed By – Dmitri Shostakovich
1 I. Largo 4:09
2 II. Allegro Molto 2:41
3 III. Allegretto 3:49
4 IV. Largo 4:55
5 V. Largo 3:18

String Quartet No. 2 In D Major
Composed By – Alexander Borodin
6 I. Allegro Moderato 7:56
7 II. Scherzo. Allegro 4:43
8 III. Notturno. Andante 8:10
9 IV. Finale. Andante — Vivace 6:53

String Quartet In F Major
Composed By – Maurice Ravel
10 I. Allegro Moderato. Très Doux 7:39
11 II. Assez Vif. Très Rythmé 5:37
12 III. Très Lent 8:29
13 IV. Vif Et Agité 5:02

Quarteto Borodin
Recordings at Leith Town Hall, Edinburgh Festival: August 31, 1962 (tracks 1-5, 10-13), August 29, 1962 (tracks 6-9).

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O Borodin prestes a adentrar o palco do PQP Bach Classical Communist Chamber Theater de Leningrado

PQP

Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

 

O inesquecível Jascha Heifetz, que completaria hoje 121 anos, adorava jazz. Sua mansão em Beverly Hills recebia músicos de várias vertentes, que frequentemente mergulhavam em jam sessions, e os estudantes para os quais organizava animadas festas em Malibu testemunhavam o mestre improvisar, tanto ao violino quanto ao piano, sobre as canções populares que amava.

Descobrir que o jazz era o xodó de Heifetz me surpreendeu. Afinal, tiete incondicional do gigante desde que o conheci, acostumara-me com seu semblante estoico nas capas de discos, que nada mudava nos tantos filmes em que, para meu assombro, eu o via enfrentar e vencer, impávido, os trechos mais medonhos da literatura violinística. Foi só ao ler suas biografias e, principalmente, assistir aos documentários e aos preciosos registros de suas masterclasses que conheci seu senso de humor, seu rigor cordial para com os alunos e, não menos importante, constatei que ele era um músico extraordinário o bastante para convencer como mau músico, imitando à perfeição um jovem estudante em pânico durante uma prova:

Jascha também foi um contumaz viajante, legando-nos inúmeros mementos que são verdadeiras pérolas do humor involuntário, como essa sua foto duma visita ao México, em que seu tradicional olhar blasé parece nada impressionado com a indumentária local…


… e também um homem corajoso e cidadão muito grato ao país que o acolheu, percorrendo o front europeu a tocar voluntariamente para as tropas aliadas, além de arrecadar, com concertos beneficentes, vultosos valores para os esforços de guerra.

Perenemente acusado por um ou outro crítico de ser um tecnicista frio, indiferente às intenções do compositor, Heifetz é uma deidade de devoção unânime entre seus colegas: dir-se-ia um “violinista dos violinistas”. Ainda assim, mesmo que todos sonhem em tocar como ele, nem tantos acham que devam. Jascha cresceu imbuído das tradições da Velha Escola russa no Conservatório de São Petersburgo, onde foi discípulo de Leopold Auer – aquele mesmo com quem Tchaikovsky se estranhou por conta de seu concerto para violino. Seria inevitável, pois, que seu estilo, moldado por gente do século XIX, pareça-nos um tanto antiquado, a despeito da tanta beleza que tange. Além disso, suas gravações das peças fundamentais do repertório concertístico, normalmente despachadas em velocidade lúbrica, são referências incontestes que poucos violinistas de hoje tentariam imitar: mesmo o próprio ídolo de Heifetz, Fritz Kreisler, após escutar o prodígio de onze anos de idade, afirmou que todos os violinistas presentes no recinto poderiam quebrar seus instrumentos nos joelhos.

Aqui, Kreisler (à direita) relaxa num lago com Heifetz (à esquerda), que se apoia num trapiche feito, provavelmente, da madeira de violinos quebrados.

Em minha desimportante opinião, será através das pequenas peças que a grandeza de Heifetz rebrilhará aos ouvidos dos séculos vindouros. Esta compilação que ora lhes apresento, com algumas dúzias delas, inclui vários de seus números de bis mais famosos, algumas canções folclóricas e várias composições de George Gershwin, que Jascha muito admirava.  Os arranjos, como verão, são quase todos de sua própria lavra e, se privilegiam o timbre inconfundível do mestre e a elegância de seu fraseado, também lhe dão amplas oportunidades para demonstrar seu deleite em tocar, como mais célebre rebento da Velha Escola russa, a música do Novo Mundo em que escolheu viver.


Uma atração em especial para nós, brasileiros, é escutar “Ao Pé da Fogueira”, um dos prelúdios do genial Flausino Valle, aqui abordado por Heifetz numa masterclass.

A grande surpresa, talvez, esteja na última faixa do álbum. Depois de alguns açucarados bombons em que acompanha o cantor Bing Crosby, Heifetz dá-nos a rara oportunidade de escutá-lo ao piano (!), instrumento em que era, por todos os relatos, muito proficiente. Ele toca “When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)”, uma canção que fez sucesso na voz do próprio Crosby, frequentemente pareada com outra, “So Much in Love“. Ainda mais surpreendente é que o autor de ambas, um certo Jim Hoyl, só existia na capa das partituras, pois era tão só o pseudônimo que o próprio Jascha Heifetz (“J.H.”, captaram?) usava para publicar canções populares.

“Um brinde a Jim Hoyl!”

Que a imagem sisuda que dele tiverem liquide-se para sempre, e que a inigualável musicalidade do aniversariante consiga entretê-los tanto quanto espero.

Grato por tanto, Mestre!

In memoriam Iosif Ruvimovich Kheyfets, dito Jascha Heifetz (Vilnius, 2.2.1901 – Los Angeles, 10.12.1987)



Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

DISCO 1

Samuel GARDNER (1891-1984)

1 – From The Canebrake, Op. 5 no. 1

Arthur Leslie BENJAMIN (1893-1960)
2 – Jamaican Rumba (arranjo de William Primrose)

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
3 – Beau Soir (arranjo de Jascha Heifetz)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
4 – Pièce en Forme de Habanera (arranjo de Georges Catherine)

Clarence CAMERON White (1880-1960)
5 – Levee Dance, Op. 27 No. 2 (baseada em “Go Down, Moses”)

Mario CASTELNUOVO-TEDESCO (1895-1968)
6 – Figaro, Rapsódia de Concerto sobre “Il Barbiere di Siviglia”, de Rossini

Stephen Collins FOSTER (1826-1864)
7 – Jeanie With The Light Brown Hair (arranjo de Heifetz)

Victor August HERBERT (1859-1924)
8 – À la Valse

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
9 – Humoresques, Op. 101 – No. 1 em Sol bemol maior (arranjo de Heifetz)

Folclore irlandês
10 – Gweedore Brae (arranjo de John Crowther)

Stephen FOSTER
11 – Old Folks at Home (arranjo de Heifetz)

Anônimo
12 – Deep River (arranjo de Heifetz)

Leopold GODOWSKY (1870-1938)
13 – Doze Impressões para violino e piano: no. 12, Wienerissh (arranjo de Heifetz)

Jascha Heifetz, violino
Milton Kaye, piano

Irving BERLIN (1888-1989)
14 – White Christmas

Jascha Heifetz, violino
Salvator Camarata and his Orchestra

George GERSHWIN (1898-1937)
Da ópera “Porgy and Bess” (arranjos de Heifetz)
15 – Summertime
16 – A Woman is a Sometime Thing
17 – My Man’s Gone Now
18 – It Ain’t Necessarily So
19 – Tempo Di Blues (There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York)
20 – Bess, You is my Woman Now

Três prelúdios para piano solo (arranjos de Heifetz)
21 – I. Allegro ben ritmato e deciso
22 – II. Andante con moto e poco rubato
23 – III. Allegro ben ritmato e deciso

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano

DISCO 2

Susan Hart DYER (1880-1922)
1 – An Outlandish Suite, para violino e piano: Florida Night Song

Claude DEBUSSY
2 – Children’s Corner L. 115 – 6. Golliwogg’s Cakewalk (arranjo de Heifetz)
3 – Suite Bergamasque L. 75 – 3. Clair de Lune (arranjo de Alexandre Roelens)

Flausino Rodrigues do VALLE (1894-1954)
4 – Vinte e seis prelúdios característicos e concertantes para violino só – no. 15, “Ao Pé da Fogueira” (arranjo de Heifetz)

Julián Antonio Tomás AGUIRRE (1868-1924)
5 – Huella, Op. 49 (arranjo de Heifetz)

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34 (arranjo de Dmitri Tziganov e Quinto Maganini)
6 – No. 10 em Dó sustenido menor
7 – No. 15 em Ré bemol maior

Edwin GRASSE (1884-1954)
8 – Waves At Play (Wellenspiel) (arranjo de Heifetz)

Sergei Sergeieivich PROFOKIEV (1891-1953)
9 – O Amor das Três Laranjas, Op. 33 – Marcha (arranjo de Heifetz)
10 – Suíte do balé “Romeu e Julieta”, para piano, Op. 75 – Máscaras (arranjo de Heifetz)

Robert Russell BENNETT (1894-1981)
Hexapoda (five studies in Jitteroptera), para violino e piano
11 – Gut-Bucket Gus
12 – Jane Shakes Her Hair
13 – Betty and Harold Close Their Eyes
14 – Jim Jives
15 – …Till Dawn Sunday

Kurt Julian WEILL (1900-1950)
16 – Die Dreigroschenoper – Mack The Knife (Moderato assai) (arranjo de Stefan Frenkel)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
17 – Souvenir d’un Lieu Cher, para violino e piano, Op. 42 – no. 3: Mélodie em Mi bemol maior

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
18 – Noturnos para piano, Op. 55 – no. 2 em Mi bemol maior (arranjo de Heifetz)

Christoph Willibald von GLUCK (1717-1784)
19 – Orfeo ed Euridice – Dança dos Espíritos Abençoados (arranjo de Fritz Kreisler)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
20 – Waldszenen, Op. 82 – no. 7: Vogel als Prophet (arranjo de Heifetz)

Nikolai Andreievich RIMSKY KORSAKOV (1844-1908)
21 – O Galo de Ouro – Hino ao Sol (arranjo de Kreisler)

Alexander Abramovich KREIN (1883-1951)
22 – Dança no. 4 (arranjo de Heifetz)

Johannes BRAHMS (1833-1897)
23 – Danças Húngaras – no. 7 em Lá maior (arranjo de Joseph Joachim)

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)
24 – Le Carnaval Des Animaux – Le Cygne (arranjo de Heifetz)

Cecil BURLEIGH (1885-1980)
25 – Six Pictures, Op. 30 – no. 4: Hills
26 – Small Concert Pieces, Op. 21 – no. 4: Moto Perpetuo

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano


Benjamin Louis Paul GODARD (1849-1895)
27 – Jocelyn – Berceuse (arranjo de Ernest R. Ball)

Hermann LÖHR (1871-1943)
28 – Where my Caravan has Rested  (arranjo de Edward Teschemacher)

Bing Crosby, voz
Jascha Heifetz, violino
Victor Young and his Orchestra


Jim HOYL, pseudônimo de Jascha HEIFETZ (1901-1987)
29 – When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)

Jascha Heifetz, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Querem mais Heifetz? Confiram-no em ação, então, na sua imbatível gravação do concerto de Sibelius (juntamente com o de Glazunov e o segundo de Prokofiev)…

Concertos para Violino de Sibelius, Prokofiev e Glazunov com Jascha Heifetz

… e na frenética leitura do concerto de Beethoven com os sinfônicos de Boston sob Charles Munch:

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto in D – Heifetz, Munch, BSO

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily

 

15 ANOS DE PQP BACH — Dmitri Shostakovich: Symphony No. 11 “O ano de 1905”

15 ANOS DE PQP BACH — Dmitri Shostakovich: Symphony No. 11 “O ano de 1905”

15 anos de PQP Bach.

Em memória de todos os que morreram pela negligência deliberada de um governo genocida no Brasil (2020-2021)

I. INTRODUÇÃO

A décima primeira sinfonia de Shostakovich é daquelas obras que quanto mais penetramos em seu íntimo e descobrirmos todos os seus meandros e detalhes, mais prazerosa ela se torna à nossa fruição. E os sentimentos que ela provoca são mais agudos principalmente nos espíritos revolucionários. 

Escrita logo após o levante da Hungria de 1956, ela evoca e descreve alguns dos acontecimentos de 1905, o ano da primeira Revolução Russa, que fracassou, homenageando o espírito da revolução passada, e talvez sutilmente honrando os trabalhadores que se insurgiram contra a burocracia stalinista naquele momento na Hungria, que embora já não contasse com Stálin, perpetuava as mesmas práticas sob o véu de uma “abertura” e das “denúncias” de Khruschev. No fim o que mostrou a continuidade entre ambos foi justamente a repressão contra os intelectuais e trabalhadores húngaros no levante. Mas é incerto se Shostakovich quis realmente também se referir ao levante húngaro. 

De toda forma, o mais importante da obra é sua capacidade de “narrar” os fatos do ano de 1905, utilizando-se de canções populares tradicionalmente ligadas ao movimento político que lutou contra a autocracia no final do século XIX e início do XX, até a Revolução de Outubro de 1917. 

O conhecimento dos fatos ocorridos no anos de 1905 ajudarão a entender a obra. Desde a manifestação pacífica de trabalhadores sob a liderança de um padre, que é massacrada pelas tropas em frente ao Palácio de Inverno em janeiro, conhecida como Domingo Sangrento, passando pela revolta dos trabalhadores de toda a Rússia com o massacre, até a insurreição nas ruas com barricadas e fuzis, que também será derrotada pelas tropas do Czar no final do ano. 

 

II. ANÁLISE

Vou utilizar como referência para a análise uma interpretação no Youtube, porque assim é possível ver os instrumentos que estão sendo utilizados para executar motivos e melodias que têm importante significado ao longo da obra. Essa gravação é boa pois utiliza de jogos de imagem articulados com a música. Recomendo ver o vídeo com o texto ao lado, o que pode ser feito dividindo a tela entre o vídeo e o texto.

1. A praça do Palácio de Inverno (Adagio

Não se enganem pela incomum nomenclatura de “adagio” em um primeiro movimento (se comparada à tradição da forma sonata, onde geralmente o primeiro movimento é um Allegro). Tenho certeza que muitos que já escutaram várias vezes essa sinfonia se deixaram levar e descreveram esse movimento inicial como leve, distraído, calmo. Mas, na verdade, ele é cheio de tensões e conflitos latentes e sutis. A luta de classes muitas vezes é silenciosa e aparece sob outras formas não imediatamente reconhecíveis. Fica implícita em certos acontecimentos e movimentos. Raramente ela é explícita e aberta.  

A sinfonia começa com uma melodia calma e lenta nas cordas, com leves toques de harpa. É importante fixar bem essa melodia pois ela retornará várias vezes e reaparecerá com uma outra forma num dos momentos mais dramáticos da obra: o silêncio após o massacre na praça em frente ao Palácio de Inverno. 

Logo neste começo aos 1:04~1:21 minutos (na interpretação do vídeo acima) surge um incomum motivo nos tímpanos. Este motivo retornará muitas vezes e em variados formatos. Esse motivo pode ser visto como o conflito (de classes) silencioso sempre latente mesmo em meio à suposta calmaria. Aos 1:24~1:53 temos o primeiro motivo de um dos personagens desse conflito: as tropas czaristas, ou, o poder militar czarista, cujo caráter fica evidente pela melodia do trompete e a percussão das caixas.  

Esses dois motivos retornarão a todo o momento, como se dissessem: a calmaria e a paz permanente de uma praça e um palácio ostensivamente ricos só se mantêm pela permanente presença da ostensividade militar, e pelo conflito permanente entre exploradores e explorados. 

Os temas e motivos se repetem. Mas, dessa vez, o sinal militar que antes fora executado no trompete é executado em uma trompa (3:23~3:47). Os tímpanos continuam presentes a todo o momento, até que aos 5:13 ~ 6:00 surge nas flautas a pequena canção dos trabalhadores. O motivo dos tímpanos, tenso, continua a tocar, ameaçador. 

Conhecida como “Слушай!” (“Escute!“), essa canção singela descreve a esperança por liberdade, apesar das barras de ferro, das baionetas, dos tiranos e de todo o silêncio. Algo pode ser escutado em meio a toda essa situação… Provavelmente foi uma canção inspirada ou mesmo criada nas prisões e nos campos de trabalho forçado dos exílios na Sibéria. Shostakovich quer, aqui, descrever a situação de opressão dos trabalhadores russos. 

Letra (em russo)

O tema da praça retorna, com a tensão dos tímpanos e harpas mais forte, ao que é sucedido por algo novo: nos 7:05, as caixas militares entram com o seu ritmo diferente, e a canção dos trabalhadores também muda: fica mais tensa e se espalha por naipes inteiros da orquestra, sugerindo a tensão crescente das contradições sociais causadas pelo sofrimento e miséria dos trabalhadores. Cresce a insatisfação com o regime econômico, social e político do Império Russo. Depois de passar pelos metais, violinos, violoncelos e contrabaixos, nos 7:57 a canção dos trabalhadores muda sua melodia, tornando-se mais dramática e quase épica. Ao que é precedida por um toque no fagote (8:10) e, em seguida, novamente nas cordas, mudando seu tom e melodia. Os metais dão sinais e os tímpanos continuam ativos.  

Aos 8:41~9:11 acontece uma coisa muito sutil, mas que essa gravação aqui disponibilizada ajuda a perceber: os contrabaixos começam a tocar uma nova melodia. É um novo lamento de angústia e de insatisfação, apesar da presença intimidadora constante do trompete militar e dos tímpanos tensos, que tentam calar o clamor popular, tal como a polícia política czarista naquela época, a temível Okhrana. 

É a melancólica canção “Ночь темна лови минуты”, mais popularmente conhecida como “Арестант” (“O prisioneiro“). Ela narra a dureza da vida nas prisões políticas do Czar.

(Uma versão para coro muito bonita, mostrando imagens de época e dos locais dos prisioneiros) 

Letra (em russo)

A canção “Escute!” soma-se à sua nova companheira e retorna nos violinos e violas. Aos 9:25 “O prisioneiro” é tocada numa flauta solo que vai ganhando volume. A melodia de “o prisioneiro” então se desenvolve e toma outros instrumentos, a melodia de “Escute!” passa para os contrabaixos, e os tímpanos agora soam ameaçadoramente volumosos (10:08). O resto do movimento continua com esses conflitos e tensões entre os diversos motivos e melodias, até que o tema da praça retorna (11:38) e conclui com as esporádicas aparições das caixas, tímpanos e trompetes. 

Nos 14:06 um motivo curto e inédito aparece, e encerra o movimento. 

2. O 9 de janeiro (Allegro

O Segundo movimento começa com os contrabaixos quase que “correndo”, o que mostra que alguma mobilização está sendo realizada. Nas ruas? Nas fábricas? Nos quartéis? Seriam os trabalhadores ou os soldados? 

Logo no início desse movimento, aos 14:46, uma melodia é tocada nas madeiras, depois passa para as cordas, violinos e violas, enquanto se mantém a correria nos violoncelos e contrabaixos. É a canção “Девятое Января” (“Nono de janeiro”). Essa, ao contrário das anteriores, e da maioria das canções subsequentes, não é uma tradicional canção folclórica de luta. Mas o sexto poema que Shostakovich musicou em seus Dez Poemas Corais Sobre Textos Revolucionários, sobre texto de Evgeny Mikhailovich Tarasov (1882-1943). 

(coloquei a partir do momento em que o tema em questão aparece)

Letra (em russo)

Para ilustrar o significado dessa melodia, vamos ao que diz o texto de Tarasov, sobre o qual Shostakovich fez o poema musical: 

[…]
Com oração nos lábios e com fé no peito,
Com os retratos reais, guiados pelos ícones,
Não para lutar contra o inimigo, sem pensar em mal –
o povo caminhou, exausto, para derrotar o Czar com suas testas.
Oh tu, nosso Czar, nosso pai! Olhe ao nosso redor: 
[…]
Morremos acorrentados e com fome… sem lugar para ir…
Você é um dos nossos protetores! Você nos protege! 
[…]
Sim, a mão imperial é generosa de misericórdia:
O Czar escutou seu povo com tanta importância,
Que nada disse – e acenou com a mão…
Sob os rebanhos de servos reais liberados das correntes,
Toda a terra tremeu com um rugido,
E a praça em frente ao palácio ficou coberta de corpos:
o povo caiu, alimentados com bala e chumbo. 
[…]
Um milagre foi criado desse feito:
Onde, guiada, choveu uma tempestade
Onde o sangue do povo foi derramado numa torrente, –
Ali, de cada gota de sangue e chumbo
O cuidado da mãe terra deu nascimento a um lutador! 

(tradução livre e amadora; trechos) 

Como diz a letra, essa canção, cuja melodia está inserida na sinfonia, descreve os trabalhadores e camponeses pobres, assolados pela pobreza, pela fome, pela miséria e pela servidão, que vão pedir humildemente ao “paizinho Czar” a resolução para seus sofrimentos. Mas, diante do massacre czarista, renascem como lutadores. Mas essa melodia aparece, simplesmente, representando a “ingenuidade” dos trabalhadores. Outras canções mais à frente descreverão sua revolta.

A melodia se desenvolve espalhando-se para toda orquestra, tornando-se o tema inicial deste movimento, até que aos 16:11, o trompete toca, é um sinal militar para que as tropas fiquem em guarda. Aos 17:31 um novo motivo surge nos trombones, derivado da mesma canção acima, mas de sua parte inicial, que em sua letra diz: 

Descubram suas cabeças! Neste dia triste
A sombra de uma longa noite tremulou sobre o solo.
A fé do escravo em seu senhor caiu,
E uma nova alvorada acendeu sobre a terra-mãe…
[…]

A melodia, que reaparece aos 18:08, quer transmitir o sentimento de despertar dos trabalhadores. Os trombones e tubas emitem esse motivo, e em seguida o tema da marcha sofre uma leve modulação, tornando-se mais dramático e mais apelativo. 

Aos 20:03 os oboés e flautas tornam tudo inesperadamente mais tenso. E os temas vão se desenvolvendo em sucessão e interseção. Um grande clímax vai sendo construído, como se a mobilização de trabalhadores que se dirigem à Praça do Palácio de Inverno fosse crescendo e tornando-se mais volumosa. Os temas desenvolvidos aqui são os mesmos de sempre, ganhando toda a orquestra e atingindo o clímax.

Tudo vai tornando-se mais silencioso e delicado, até que aos 24:04 o tema da praça retorna. Os trabalhadores chegaram à Praça, e caminham lentamente na neve espessa, entoando seus hinos de apelo e misericórdia ao Czar… Ouvimos o motivo ameaçador dos tímpanos e o sinal dos trompetes… ataques rápidos nas caixas… São tiros! Aos 25:30. Mais tiros… começa uma correria de cavalos nos contrabaixos, seguido pelas violas… O massacre começou… os pobres manifestantes tentam correr, se abrigar, mas estão sendo cercados pelos cavalos, pelos chicotes e  sabres dos cossacos fortemente armados e brutais. Aos 27:59 o fuzilamento e extermínio geral começa… estampidos, marchas, tiros e mais tiros… em meio à morte generalizada, a melodia de “descubram suas cabeças” ainda soa aos 28:46, dizendo que os trabalhadores despertam, e a luta apenas começou… Por enquanto, quem vence é a força das armas repressoras representada pelas caixas e tímpanos tocando em marcha. Silêncio…

O tema da praça retorna, mas agora, com as cordas fazendo leves trinados (oscilações), como se representassem os sons de agonia da imensidão de corpos caídos sobre a vasta neve fria da praça…

O movimento se encerra com “Escute!” tocando timidamente aos 31:36.

3. Memória eterna. (Adagio)

O terceiro movimento, novamente um adagio, começa com o dedilhado nos contrabaixos, que é quase uma reflexão em um minuto de luto para aqueles que se foram. Sucede nos 34:11 a famosa canção “Вы жертвою пали в борьбе роково” (Tu caíste morto na luta!)

Esta canção é mais que uma marcha fúnebre de luto qualquer, é uma marcha fúnebre revolucionária que homenageia os lutadores caídos, prometendo mais luta. Faz homenagem a todos os lutadores que caíram buscando transformar a sociedade e ao mesmo tempo promete vingança contra os tiranos que foram responsáveis por suas mortes.

Seus versos merecem ser reproduzidos aqui na íntegra:

Tu caíste morto na luta!
Com um amor desinteressado pelo seu povo
Entregou sua vida e tudo que tinha por ele, como um herói!
Pela vida, honra e liberdade dos operários!
Tu penaste em cárceres frios e úmidos!
Julgado e condenado por policiais e déspotas mercenários!
Eles o arrastaram violentamente por uma estrada deserta
Enquanto tu ouvias, exausto, o som de suas correntes a balançar
Mas, enquanto os malditos tiranos festejam em seus luxuosos palácios
Deleitando com vinho e afogando-se no rum
Poderosos, corajosos e mortais, corações mentes e mãos
Prenunciam sua fúria nas paredes de fábricas e quartéis:
O povo se rebelará e a tirania cairá
Seremos grandes, poderosos e livres
Então, como irmãos, nos despedimos de ti
Pois você se foi honrando o nobre caminho que seguiu!

Letra (em russo)

Aos 38:24 um novo tema surge, criando uma atmosfera sombria, mas que cada vez mais vai se iluminando, como se do luto nascesse uma disposição para lutar. Quase como a cena de Encouraçado Potemkin (um filme que retrata um evento também ocorrido no ano de 1905) de Eisenstein, onde após o luto pelo marinheiro morto, os trabalhadores que visitam seu túmulo cerram os punhos e entoam hinos de luta em sua memória.

Surge então, levemente, aos 38:50 uma nova melodia nas trompas. Aos 41:14, a melodia envolve a orquestra cita um motivo da canção “Славное море, священный Байкал…” (“Grande mar, o sagrado Baikal…”) que entoa o sentimento de um ex-prisioneiro que, encontrando o mar Baikal, descobre a liberdade… 

Letra (em russo)

O motivo principal dessa canção é acentuado aos 41:33 pelos metais, num clímax de esperança… e logo em seguida, aos 41:55, o tema de “descubram suas cabeças” é tocado, dizendo: despertamos!

Depois de um crescendo de tensão e fúria nos contrabaixos, novamente o tema principal deste movimento retorna aos 43:08 com alusões a partes da canção, depois reinicia-se brevemente, terminando o movimento com os mesmos dedilhados com que iniciou o movimento.

4. Tormenta. (Allegro non troppo)

Беснуйтесь, тираны! (“Ódio aos tiranos!“)

É com essa canção que começa o quarto movimento, anunciado e repetido nos trombones. Seus versos descrevem a ira do povo contra os tiranos, que tratam os trabalhadores de forma selvagem e cruel. Apesar das correntes, prisões, e das feridas das botas sobre seus corpos, os espíritos destes homens são indomáveis. E que caiam aqueles que tremem diante dos tiranos! Pois os corajosos não trocam seus direitos por nada, e não temem feridas no corpo. É melhor temer a escravidão do que a morte! A terra está vermelha de sangue expelido, em todos os lugares batalham irrompem. Com fogo o levante dos trabalhadores abraçam todos os países! Vergonha e morte aos tiranos!

Esse movimento vai descrever a revolução de 1905 no Império Russo, e outros acontecimentos ligados a ela, como a revolta dos marinheiros do Encouraçado Potemkin em Odessa.

Letra (em russo)

Esse movimento, tal como o primeiro, será cheio de conflitos entre os naipes de instrumentos. Mas, agora, estão explícitos. É o advento de uma revolução. Os metais, embora inicialmente entoaram “Ódio aos tiranos!”, serão os repressores na maior parte do tempo, em vários momentos, aliados às caixas e tímpanos, tentarão calar e reprimir a movimentação das cordas e madeiras. (vários momentos entre 45:47~46:05) Excetuando quando vez ou outra tocarem alguns temas ou melodias de canções, como quando aos 46:14~46:18 novamente um trompete toca o motivo de “Ódio aos tiranos!”. E aos 47:45 o tema de “Descubram suas cabeças” retorna nos trombones. É uma verdadeira luta de classes e de naipes!

Aos 48:25 os contrabaixos entram no embalo da famosa Varshavianka (canção que ganhou versões em vários países e revoluções diferentes, como a famosa A las barricadas da Revolução Espanhola), e temos uma espécie de marcha e mobilização geral. Podemos interpretar como o povo indo às ruas, tomando prédios, formando os sovietes em São Petersburgo, conselhos deliberativos de operários, que surgem pela primeira vez na história durante esta revolução. É uma canção de força surpreendente, composta justamente na conjuntura do ano de 1905, exprimindo toda a força e sentimento daquele momento histórico. Vale a pena aqui reproduzir seus versos:

Balas do inimigo voam sobre nossas cabeças
Forças das trevas nos oprimem sem pudor
Nessa batalha, à qual estávamos predestinados
Estamos à espera de destinos desconhecidos
Ainda assim erguemos, orgulhosa e corajosamente
A sagrada bandeira da luta dos trabalhadores
Bandeira que luta por todos os povos
Por liberdade e por um mundo melhor
Para essa sangrenta, sagrada e justa guerra
Marchemos adiante, povo trabalhador!
Os trabalhadores devem continuar passando fome?
Irmãos, até quando permaneceremos em silêncio?
Por acaso a terrível visão da forca
pode assustar-nos, jovens camaradas?
Nessa justa guerra não serão esquecidos
Aqueles que honrosamente morrerem pelo nosso ideal!
Seus nomes serão entoados em nossos cânticos
E serão sagrados para milhões de pessoas!
Para essa sagrada, sangrenta e justa guerra
Marchemos adiante povo trabalhador!
Nós odiamos as coroas dos tiranos
E as malditas correntes que martirizam o povo!
Os tronos reais estão cobertos de sangue do povo
Então banharemos os reis em seu próprio sangue!
Morte a todos os nossos malditos inimigos
E a todos os malditos parasitas da classe trabalhadora!
Vingança sim! Contra os czares e plutocratas!
A hora da vitória está cada vez mais próxima!
Para essa sagrada, sangrenta e justa guerra
Marchemos adiante povo trabalhador!

Letra (em russo)

Seguem-se novas citações de várias canções e motivos que já apareceram antes. São os trabalhadores parando fábricas, navios, trens, indo às ruas, fazendo barricadas, lutando com armas nas mãos pela sua liberdade e emancipação. Pela derrubada do Czar. Por vingança sim, como diz a Varshavianka, pelos seus companheiros brutalmente massacrados. Num clímax dos 51:19 várias canções estão sendo tocadas ao mesmo tempo, quase que polifonicamente, até que aos 51:49 toda a orquestra é embalada por uma mesma melodia triunfante.

A luta de naipes irrompe novamente. São as classes dominantes e o Império Czarista reagindo à mobilização com brutal repressão. O motivo da canção “9 de janeiro” irrompe novamente aos 52:39~53:27, tomando toda a orquestra, num misto de luto e revolta. Trompetes e caixas e tímpanos atacam, seguidas pelas trompas que tentam interromper a melodia das cordas… É a reação das tropas czaristas, lutas nas ruas, barricadas por toda São Petersburgo, milhares de trabalhadores armados, contra cossacos e exércitos imensos… Os trabalhadores revolucionários lutam bravamente, mas muitos caem… Aos 53:28 as caixas, tambores e trompas apertam, são os tiros, violência e repressão infindáveis… É a derrota dos revolucionários… A repressão das caixas e metais silencia toda a orquestra, e em seguida temos novamente o tema da praça. Melodias de luto se seguem…

Um poderoso grave irrompe nas madeiras e percussão aos 56:41. A luta dos oprimidos não acabou. A revolta contra a fome, a miséria, a tirania e a exploração continuam. Outros sopros vão se juntando, a melodia revolucionária ressurge nas trompas, primeiro, timidamente, depois ela vai se espalhando por toda a orquestra, é uma nova revolução irrompendo em toda a sociedade! Senão hoje, em 1905, amanhã, em 1917, mas sua revolta é inevitável e infindável enquanto houver opressão! São os condenados da terra se levantando mais uma vez para lutar por sua emancipação! Vão expropriar os expropriadores! Sinos soam anunciando a irrefreável ira dos trabalhadores e a justiça revolucionária! É a revolução que se aproxima! É a construção de um novo mundo! Viva a revolução mundial dos trabalhadores… 

Em memória de todos os que morreram pela negligência deliberada de um governo genocida no Brasil (2020-2021). Faremos os responsáveis pagarem por seus crimes. E a justiça revolucionária prevalecerá.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphony Nº 11 in G minor, Op. 103 “The Year of 1905”

Symphony No.11, Op.103 (‘The Year 1905’) in G minor
1. I: The Palace Square (Adagio) –
2. II: The 9th of January (Allegro) –
3. III: In Memoriam (Adagio) –
4. IV: The Tocsin (Allegro non troppo)

Leningrad Symphony Orchestra
Evgeny Mravinsky, conductor

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Dmitri xófem e colorido.

Luke