Smetana
Quartetos de Cordas
Pražák Quartet
No dia 3 de junho de 1970 a Seleção Brasileira de Futebol estreou na Copa do Mundo contra a Seleção da Tchecoslováquia. O Brasil ganharia o jogo de virada, por 4 a 1. Pelé fez seu quase-gol mais antológico – aquele que deveria ter entrado – e foi assim que eu soube da existência deste país, ou par de países, já que naqueles dias os tchecos e os eslovacos andavam assim, siameses, ajuntados. Geografia é uma difícil disciplina. Foi só depois de 1993 que os dois países seguiram caminhos separados, sem, no entanto, sair do lugar, pois se há alguma coisa que não se move é um país.
Estou falando deste assunto pois o compositor da postagem é um dos mais importantes da República Tcheca, que foi assim que passamos a chamar esta parte da Tchecoslováquia de 1993 para cá. Pensava que poderia ser Tchecóvia ou Tchéquia, mas uma vez dito, entendo, República Tcheca é bem melhor.
Smetana, que viveu bem antes disto – suas referências eram Bohemia e Morávia – ficou famoso por suas óperas e pelo ciclo de poemas sinfônicos – Má Vlast (Minha Pátria) e justamente, foi um grande compositor. Eu conhecia o mais famoso destes poemas sinfônicos, Moldava, que alude ao rio que passa por lá, desde tenra infância. Pois agora sei que, assim como Beethoven e Gabriel Fauré, Smetana chegou surdo ao fim de seus dias. A surdez lhe ocorreu quando ainda tinha dez anos de vida pela frente, devido a um derrame, e foi terrível, como podemos tentar imaginar. As obras deste disco foram compostas neste período e formam, com o seu Trio com Piano, o conjunto de suas obras de câmera.
O Quarteto em mi menor, ‘da Minha Vida’, foi composto em fins de 1876 e teve sua estreia em 1878. Brevemente, o primeiro movimento trata do amor que Smetana tinha pela arte e tem uma disposição nostálgica e romântica, terminando com uma nota de premonição sobre o futuro. O segundo movimento – uma polca – trata da juventude e alude às danças. O compositor era tido como um grande dançarino. O terceiro refere-se ao amor de sua vida, aquela que viria a ser sua esposa. O último movimento tem como tema o nacionalismo na música, o que realmente distinguia suas composições, até o momento da fatídica condição de surdez.
Servindo como uma espécie de interlúdio entre os dois quartetos, temos duas peças para piano e violino e são resultado do pedido de um editor de música. Afinal, havia que colocar o pão na mesa. O editor estava de olho no sucesso de vendas de partituras para pequenas combinações com tons étnicos (digamos assim), do tipo das Danças Húngaras de Brahms e as Danças Eslavas de Dvořák, para piano a quatro mãos, que vendiam muito bem.
O Segundo Quarteto, em ré menor, foi composto em 1882-3 como um quase desafio às ordens médicas, de ficar longe da música, uma vez que a saúde de Smetana estava muito agravada e que o levaria à morte realmente pouco tempo depois. Esta obra é de natureza um pouco diferente das anteriores, bem mais compacta e seus aspectos inovadores foram apreciados pelos vienenses Hugo Wolf e Arnold Schoenberg.
Esta gravação é de boa cepa, autêntica até os digital-genes… O Quarteto tem ótima discografia e merece cuidadosa audição.
Bedřich Smetana (1824 – 1884)
Quarteto No. 1 em mi menor – Mého Života (da Minha Vida)
- Allegro vivo appassionato
- Allegro moderato alla polca
- Largo sostenuto
- Vivace
Z Domoviny (da Minha Terra Natal) – Duo para piano e violino
- Moderato
- Moderato. Allegro vivo. Moderato assai. Presto
Quarteto de Cordas No. 2 em ré menor
- Allegro
- Allegro moderato
- Allegro non più moderato, ma agitato e con fuoco
- Presto – Allegro
Pražákovo kvarteto (Pražák Quartet)
Václav Remes, violino
Vlastimil Holek, violino
Josef Klusoň, viola
Michal Kaňka, violoncelo
Sachiko Kayahara, piano e Václav Remes, violino (faixas 5 e 6)
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FLAC | 266 MB
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MP3 | 320 KBPS | 143 MB
Observação: O Quarteto Pražák hoje tem outra formação.

De um arguto crítico amador: ‘While it looks to me like “From the Homeland” was written to make a buck, as it was commissioned by a German publisher interested in Eastern European style music, I enjoyed getting to know it, especially the second part, which is played very nicely by Remes and Kayahara’.
Smetana, para os russos, é outra coisa…