Campinas de Todos os Sons – Ricardo Matsuda (1965), José Eduardo Gramani (1944-1998) e Antônio Carlos Gomes (1836-1896) [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD é especial. Aqui a Sinfônica de Campinas procurou fazer um lampejo do que alguns compositores campineiros ou radicados na cidade fizeram de música interessante em quase 150 anos. Poderia até parecer um álbum desigual, uma vez que há peças do período romântico e contemporâneas, mas essa imagem se vai quando percebemos que o que se pretende é exatamente formar um panorama e contrapor esses períodos. Foram contemplados Carlos Gomes (lógico, em Campinas…), José Eduardo Gramani e Ricardo Matsuda.

Antonio Carlos Gomes (Campinas, 1836 – Belém, 1896) é o grande nome da cidade, provavelmente o campineiro mais famoso que há. Filho do mestre de capela e regente de banda Manoel José Gomes, fez grande carreia em Milão e foi o compositor erudito das Américas mais executado na Europa do século XIX. Um gênio que inspirou muitos outros compositores de seu tempo, tanto na Itália como no Brasil.

José Eduardo Gramani (Itapira, 1944 – Campinas, 1998) foi importante compositor (ainda que muito pouco conhecido), professor e pesquisador de música antiga e tradicional brasileira. Docente da Unicamp, lá fez extensas pesquisas sobre a nossa música colonial e um dos maiores estudos sobre a rabeca brasileira. Tocava violino barroco e integrou grupos consagrados como o Armonico Tributo (há obras executadas por eles aqui), a Kamerata Philarmonia e a Orquestra Villa-Lobos (onde foi spalla e diretor artístico). Como rabequista, foi membro do Trio Bem Temperado e do Grupo Anima, que executa as duas últimas músicas do álbum.

Ricardo Matsuda (Marília, 1965) é músico, compositor e arranjador. Violonista, dedica-se às cordas dedilhadas e faz aqui uma interessante ponte entre música de concerto e MPB.

O CD já começa bem, trazendo um Carlos Gomes sem precisar se apoiar n’O Guarani. Inicia com a abertura de Maria Tudor, talvez a sua abertura mais densa e elaborada. Segue com aberturas de óperas menos propaladas (ou cujas únicas gravações eram ruins): Joanna de Flandres, Salvator Rosa e Lo Schiavo. Há ainda três árias cantadas pela divina Niza de Castro Tank (aos 73 anos, uau!) que são ou inéditas (Mamma dice e Foram-me os anos da infância) ou pouco conhecidas (Nelle Regno delle Rose). Vêm, então, as obras vibrantes, movimentadas e criativas de Gramani: a orquestra ganha solos de rabeca com o acompanhamento do Trio Carcoarco, que, literalmente, “carca” o arco com gosto! Lembram até peças armoriais, regionais, executadas pelas corporações musicais do nordeste, mas estamos em plena “metrópole caipira” (os campineiros odeiam quando dizem isso)! Depois da bela A Lua Girou, o concerto encerra-se com o divertido Forrobodó de Ricardo Matsuda, junto com o Grupo Anima, que mantém as rebecas e traz ainda outros instrumentos brasileiros.

Se você não estiver a fim de ouvir Carlos Gomes de novo (“ah, mas já ouvi essas músicas”, ou “tá, a voz da Niza é linda, mas já tenho gravações dessas árias”), primeiro saiba que a Sinfônica de Campinas é uma senhora orquestra e que capricha quando se trata de executar obras do pupilo da cidade. E se, ainda assim, der aquela preguiça, comece pelo Forró da Ferdinanda, do Gramani: a música é uma delícia só! Depois passe para as demais. Você vai adorar.

No todo, o CD é uma grande celebração, um encontro de várias gerações e de homenagens do pessoal competente da Unicamp, reunindo professores (Gramani e Niza Tank, por exemplo), alunos e pesquisadores de pós-graduação (como Luiz Fiaminghi), mostrando quantos sons há em Campinas, essa Campinas de Todos os Sons…

Pra você ter uma ideia, o Forró da Ferdinanda, de Gramani, executado por Raquel Aranha, Paula Ferrão e Dalgalarrondo:

Agora imagine isso com orquestra! Muito bom! Ouça que vale muito a pena!

Antônio Carlos Gomes (1836-1896), José Eduardo Gramani (1944-1998) e Ricardo Matsuda (1965)
Campinas de Todos os Sons

ANTONIO CARLOS GOMES
01. Maria Tudor – Prelúdio
02. Joanna de Flandres – Prelúdio
03. Salvador Rosa – Abertura
04. Lo Schiavo – Prelúdio
05. Mamma Dice (com Niza de Castro Tank)
06. Nelle Regno delle Rose, Ária de Adin – Condor, Ato I (com Niza de Castro Tank)
07. Foram-me os anos da Infância, 
Cavatina Joanna – Joanna de Flandres, Ato I  (com Niza de Castro Tank)
JOSÉ EDUADO GRAMANI (Arr. Rafael dos Santos)
08. Calanguinho
09. Lundu
10. Madrugada (com Trio Carcoarco)
11. Forró da Ferdinanda (com Trio Carcoarco)

ANÔNIMO (tradição oral brasileira)
12. A Lua Girou (com Grupo Anima)

RICARDO MATSUDA
13. Forrobodó (com Grupo Anima)

Niza de Castro Tank, soprano
Trio CarcoArco
Esdras Rodrigues, rabeca e violino
Luiz Fiaminghi, rabeca e violino
Roberto Peres (Magrão), percussão

Grupo Anima
Gisela Nogueira, viola de arame, violão
Luiz Fiaminghi, rabeca, violino barroco
Marília Vargas, soprano
Marlui Miranda, voz, percussão, flautas-indígenas brasileiras
Paulo Dias, percussão, organeto, cravo
Sílvia Ricardino, harpa trovadoresca
Valeria Bittar, flautas indígenas brasileiras

Orquestra Sinfônica de Campinas
Cláudio Cruz, regente

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