Richard Strauss (1864-1949): Don Quixote, Romanze for Cello & Orchestra, Two Songs (Neeme Järvi, R. Wallfisch, Lott)

Richard Strauss (1864-1949): Don Quixote, Romanze for Cello & Orchestra, Two Songs (Neeme Järvi, R. Wallfisch, Lott)

Mais uma postagem com Järvi regendo Strauss. Desta vez, o que temos é o belo Don Quixote, minha obra favorita do compositor. Já ouvi esta obra com Antonio Meneses, Yo-Yo Ma, Fournier, Rostropovich, todas interpretações excelentes, mas resolvi mudar um pouco e trazer uma versão pouco conhecida, mas que tem suas qualidades. Estou bem satisfeito com os números do download destas obras de Strauss com o Järvi. Outra hora trago uma outra gravação. Uma curiosidade: neste CD temos a primeira gravação do “Romanze for Cello & Orchestra”, ou seja, até então, uma obra inédita.

Ah, sim, declaro encerrado meu exílio. A correria chegou ao fim. Tentarei, na medida do possível, colaborar com mais frequência com o blog.

Richard Strauss (1864-1949): Don Quixote, Romanze for Cello & Orchestra, Two Songs (Neeme Järvi, R. Wallfisch, Lott)

01 – Don Quixote. Introduction
02 – Don Quixote. Variation I – Das Abenteuer mit den Windmühlen
03 – Don Quixote. Variation II – Der Kampf gegen die Hammelherde
04 – Don Quixote. Variation III – Gespräche zwischen Ritter und Knappe
05 – Don Quixote. Variation IV – Das Abenteuer mit der Prozession von Büßern
06 – Don Quixote. Variation V – Don Quixotes Wacht in der Sommernacht
07 – Don Quixote. Variation VI – Die verzauberte Dulzinea
08 – Don Quixote. Variation VII – Die Ritt durch die Luft
09 – Don Quixote. Variation VIII – Die Fahrt auf dem verzauberten Nachen
10 – Don Quixote. Variation IX – Der Kampf gegen die vermeintlichen Zauberer
11 – Don Quixote. Variation X – Zweikampf mit dem Ritter vom blanken Monde
12 – Don Quixote. Finale – Don Quixotes Tod

13 – Romanze for Cello and Orchestra in F major

14 – Ruhe, Meine Seele!

15 – Gesang der Appolopriesterin

Raphael Wallfisch – Cello
Felicity Lott – Soprano
Royal Scottish National Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

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Richard Strauss em alta velocidade. E apavorado.

FDP Bach

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 (Perlman / Giulini, Jansen / Järvi)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 (Perlman / Giulini, Jansen / Järvi)

Eis uma falha do blog que nunca deverá ser perdoada. Um leitor alertou que não encontrou nenhuma gravação do Concerto para Violino de Beethoven, o famoso op. 61. Em minha cabeça, eu tinha certeza de que havia postado alguma versão, ainda no início do blog, mas para minha surpresa, nem com Heifetz, nem com o Stern, nem com o Oistrakh, enfim,nenhuma. Nem da parte de meus colegas, talvez Clara Schumann tenha postado alguma versão, mas não lembro, e quando ela se retirou do blog, apagou todas as suas postagens.

Para compensar esta tremenda falha, estarei nos próximos dias estarei postando as minhas versões favoritas, desde as mais antigas, até as mais atuais.

Para começar, trago duas versões. Uma é a recentemente lançada pela Janine Jansen, uma jovem holandesa, que já nos deixou embevecidos com sua beleza graças a uma postagem do mano PQP, em sua redenção à obra de Tchaikovsky.

A outra gravação que trago aqui agora é a celebrada versão de Itzhak Perlmann com o Giulini, creio que gravada em 1980.

Não quero fazer comparações, apenas demonstrar de que forma esta obra vem sendo interpretada no correr dos anos. Não posso comparar gigantes em seu apogeu, como Oistrakh ou Heifetz com a própria Jansen, ou Hahn, jovens que tem uma vida inteira pela frente.

PQP se mete na história: vitória de Janine. 

Enfim, vamos ao que interessa:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Op. 61 (Perlman / Giulini)

1 Allegro ma non troppo
2 Larghetto
3 Rondo – Allegro

Itzhak Perlman – Violin
Philharmonia Orchestra
Carlo Maria Giulini

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Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Op. 61 / Benjamin Britten (1913-1976): Concerto para Violino, Op. 15 (Jansen / Järvi)

Violin Concerto In D Major, Op. 61 • Ré Majeur • D-Dur
1 I Allegro Ma Non Troppo 22:56
2 II Larghetto — 8:20
3 III Rondo: Allegro 9:25
Cadenza [Cadenzas] – Fritz Kreisler
Composed By – Ludwig van Beethoven
Violin – Janine Jansen
Orchestra – Die Deutsche Kammerphilharmonie Bremen*
Conductor – Paavo Järvi

E um brinde espetacular! Amo este Concerto de Britten!

Violin Concerto, Op. 15
4 I Moderato Con Moto 9:31
5 II Vivace — Cadenza — 8:35
6 III Passacaglia: Andante Lento 14:29
Composed By – Benjamin Britten
Violin – Janine Jansen
Orchestra – London Symphony Orchestra*
Conductor – Paavo Järvi

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No âmbito das fotos, preferimos Jansen a Perlman
No âmbito das fotos, preferimos Jansen a Perlman

FDP Bach

Richard Strauss (1864-1949): Symphony in F minor, Sechs Lieder (Neeme Järvi / Hulse)

Richard Strauss (1864-1949): Symphony in F minor, Sechs Lieder (Neeme Järvi / Hulse)

Essa Sinfonia, na verdade sua 2ª Sinfonia, me era desconhecida até ter acesso a este CD, e fiquei surpreso com sua beleza. Richard Strauss escreveu esta sinfonia quando tinha pouco mais de 20 anos, e ela já traz alguns elementos que mostram as influências wagnerianas e brahmsianas. Esta sinfonia impressionou gente do porte de Hans von Bülow, que contratou o jovem Richard para ser seu assistente e deu-lhe a incumbência de reger a própria sinfonia em sua estréia. Maiores detalhes sobre a obra podem ser lidos no encarte que acompanha esta edição.

Hoje é domingo e pretendo aproveitá-lo, sabendo que não ficarei como um doido tendo de preparar aula. O sol brilha lá fora, bate uma leve brisa prenunciando o outono que se aproxima, e ouço um CD magnífico de Vivaldi que pretendo postar por aqui logo, logo.

Richard Strauss (1864-1949): Symphony in F minor, Sechs Lieder (Neeme Järvi / Hulse)

01 – Symphony in F minor. I – Allegro ma non troppo, un poco maestoso
02 – Symphony in F minor. II – Scherzo. Presto
03 – Symphony in F minor. III – Andante cantabile
04 – Symphony in F minor. IV – Finale. Allegro assai, molto appassionato

05 – Sechs Lieder. I – An die Nacht
06 – Sechs Lieder. II – Ich wollt ein Sträußlein binden
07 – Sechs Lieder. III – Säusle, liebe Myrthe
08 – Sechs Lieder. IV – Als mir dein Lied erklang
09 – Sechs Lieder. V – Amor
10 – Sechs Lieder. VI – Lied der Frauen

Eilenn Hulse – Soprano
Royal Scottish National Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

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R. Strauss animadíssimo com seu filho e sua música.

FDP Bach

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 e Rückert Lieder (CDs 10 e 11 de 16) (Bernstein)

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 e Rückert Lieder (CDs 10 e 11 de 16) (Bernstein)

FDP escreveu na primeira postagem que fizemos desta obra:

Eis então que chegamos à Sinfonia nº 7, que fo escrita entre 1904 e 1906, e por alguns chamada de “Lied der Nacht”, ou “Canção da Noite”, apesar de que Mahler não autorizava este “apelido”.

Entre sua conclusão e sua estréia, uma tragédia se abateu sobre o compositor, quando perdeu sua filha mais nova, além de descobrir que ele mesmo sofria de uma doença do coração, da qual viria a falecer alguns anos depois. Além disso, neste meio tempo, também veio a perder o posto de regente da Vienna State Opera. Maiores informações sobre a sinfonia pode ser encontrada aqui.

Leonard Bernstein nesta gravação rege sua orquestra favorita para esta obra, a Filarmônica de New York. Segundo sua biografia, a relação entre os dois (maestro e orquestra) quando se tratava desta sinfonia era de absoluta harmonia, ele comenta com certo músico que aqueles músicos conheciam tão bem a obra que ele nem precisava fazer muito esforço na sua condução, apesar de seu tamanho (80 minutos, em média).

Tenho uma relação curiosa, quiçá absurda com esta música: costumo ouvi-la do segundo ao quarto movimento, deixando de fora o primeiro e o último (também ouço muitas vezes as sinfonias de Haydn sem os minuetos, mas este é outro problema). O problema aqui é que simplesmente não gosto dos movimentos “pauleira” da sétima e os deixo de fora. Fico apenas com as duas ma-ra-vi-lho-sas “Músicas da Noite” e com o Scherzo, particularmente sedutor a este obsessivo ouvinte.

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 7 e Rückert Lieder (CDs 10 e 11 de 16) 

CD1

Symphonie No. 7 (New York Philarmonic feat. Leonard Bernstein)
01. I. Langsam (Adagio) – Allegro risoluto, ma non troppo
02. II. Nachtmusik. Allegro moderato
03. III. Scherzo. Schattenhaft
04. IV. Nachtmusik. Andante amoroso

CD2

Symphonie No. 7
01. Symphony No. 7 E-moll – V. Rondo-Finale Tempo I (Allegro ordinario)

Rückert Lieder
02. Rückert Lieder No. 1 – Liebst du um Schönheit
03. Rückert Lieder No. 3 – Blicke mir nicht in die Lieder
04. Rückert Lieder No. 2 – Ich atmet’ ein linden Duft
05. Rückert Lieder No. 4 – Um Mitternacht
06. Rückert Lieder No. 5 – Ich bin der Welt abhanden gekommen

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Thomas Hampson : baritone
New York Philarmonic
Leonard Bernstein

Lenny04

PQP

Joaquin Rodrigo (1901-1999): Concierto de Aranjuez, Fantasia para un Gentilhombre / Mauro Giuliani (1781-1829): Concierto para guitar and strings, Op. 30 / Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerto for Guitar and Orchestra, RV. 93 (John Williams)

Joaquin Rodrigo (1901-1999): Concierto de Aranjuez, Fantasia para un Gentilhombre / Mauro Giuliani (1781-1829): Concierto para guitar and strings, Op. 30 / Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerto for Guitar and Orchestra, RV. 93 (John Williams)

Existem algumas gravações que ficam na nossa cabeça para sempre. Já cansamos de dar exemplos aqui no blog, mas creio que o Concierto de Aranjuez seja a obra que mais cedo compreendi, e seu Adágio do segundo movimento a mais bela melodia que ouvi em minha vida. E creio que também seja para muita gente. Seu lirismo melancólico nos comove, e as mais variadas imagens nos vem à mente. Para uns, pode significar a dor da perda de um ente querido, para outros, a lembrança de uma paixão antiga, ou não correspondida. Para mim, lembra minha infância, quando, pela primeira vez, tive acesso ao velho LP com a foto de um jovem John Williams, ao lado do já velhinho Eugene Ormandy. Esta gravação ganha em qualidade por dois motivos principais, em minha concepção: de todas as gravações que Williams já fez deste concerto, esta é a melhor (conheço 3). E além disso, Ormandy sempre foi um eterno apaixonado. Você sente uma emoção pulsante, extraída das cordas da sua Orquestra da Filadélfia, ele extrai da melodia toda a paixão nela contida. Um grande maestro, com uma orquestra moldada ao seu gosto. E um grande violonista, que se estabelecia como um grande mestre.

Em seguida, Williams nos brinda com a “Fantasia para un Gentilhombre”, também de Rodrigo, composta para Andrés Segovia, versão já postada aqui no blog. Williams novamente nos brinda com uma excepcional interpretação, dando a impressão de ser espanhol, e não australiano, pois, assim como no caso do Concierto de Aranjuez, dá-se a impressão de uma total incorporação da alma espanhola. O disco é concluído com outros dois pesos pesados do repertório violonístico, um concerto de Giuliani, e outro de Vivaldi. Mas, mesmo sendo John Williams um especialista em Giuliani, o que se destaca aqui é Rodrigo, sem dúvida.

Em meu velho LP, o outro concerto, presente no Lado B do disco, era o de Castelnuovo-Tedesco. Infelizmente, não consegui encontrar a versão em CD com o Ormandy, mas tenho outra gravação do mesmo Williams, mas acompanhado de outra orquestra. Posso postar este cd em outra ocasião.

Joaquin Rodrigo (1901-1999): Concierto de Aranjuez, Fantasia para un Gentilhombre / Mauro Giuliani (1781-1829): Concierto para guitar and strings, Op. 30 / Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerto for Guitar and Orchestra, RV. 93 (John Williams)

1. Concierto de Aranjuez: I. Allegro con spririto
2. Concierto de Aranjuez: II. Adagio
3. Concierto de Aranjuez: III. Allegro gentile

John Williams – Guitar
Eugene Ormandy – Conductor
Philadelphia Orchestra

4. Fantasia para un gentilhombre: Villano y ricercar. adagietto-andante moderato
5. Fantasia para un gentilhombre: Espanoleta y Fanfare de la caballeria de Napoles. Adagio – Allegretto
6. Fantasia para un gentilhombre: Danza de las hachas. Allegro con brio
7. Fantasia para un gentilhombre: Canario. Allegro ma non troppo

English Chamber Orchestra
Charles Grove – Conductor

Mauro Giuliani – Concerto For Guitar And String Orchestra In A Major

8. Concerto For Guitar And String Orchestra In A Major: I. Allegro maestoso
9. Concerto For Guitar And String Orchestra In A Major: II. Siciliana. Andantino
10. Concerto For Guitar And String Orchestra In A Major: III. Polonaise. Allegretto

Concerto For Guitar And String Orchestra In D Major

11. Concerto For Guitar And String Orchestra In D Major: I. Allegro giusto
12. Concerto For Guitar And String Orchestra In D Major: II. Largo
13. Concerto For Guitar And String Orchestra In D Major: III. Allegro

English Chamber Orchestra
Colin Tilney – Cembalo
John Williams – Guitar & Conductor

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Este não é o John Williams do cinema, tá?

FDP

Chopin – Voyages – Yulianna Avdeeva

Falar do talento de Yulianna Avdeeva é quase como chover no molhado. Ainda mais quando ela lança um CD apenas com obras de Chopin, repertório no qual ela é craque. Para quem não sabe, essa pianista russa venceu o prestigioso Concurso Chopin, em Varsóvia, lá em 2010, e desde então vem construindo uma sólida carreira. Já trouxe outros cds dela, procurem aí que irão encontrar.

O que temos aqui nesta postagem é mais uma amostra do imenso talento de Avdeeva, que nos traz um repertório belíssimo, com a imensa Sonata nº 3 e da Polonaise – Fantasie. O CD abre com dois Noturnos, os de op. 62 e conclui-se com as três últimas Mazurkas que Chopin compôs, de op. 59. Entre essas obras, temos os dois petardos citados acima, duas obras primas incontestes do compositor polonês.

Como comentei acima, Avdeeva encara as peças com muita propriedade e segurança. Assim a pianista descreve sua relação com a música de Chopin (texto retirado do livreto, que segue anexo):

“The music of Chopin has a unique place in my soul. For me, it captures the subtlest nuances of the human experience; just like a leaf on a tree appears plain green at first, yet reveals a spectrum of hues when touched by the wind, Chopin’s compositions unveil layers of emotion and meaning with the unfolding of each note.”

Acredito que cada um de nós, ao ouvirmos a música de Chopin, sentimos um turbilhão de emoções, é difícil inclusive sair do transe em que entramos. Lembro da primeira vez que ouvi a Balada nº1, eu era ainda um adolescente, naquela fase de descobertas dos sentimentos e das emoções, e aquela música me impressionou muito. E ainda me impressiona, mesmo depois de passados tantos anos e de ter tido tantas experiências de vida. Chopin tem essa incrível capacidade de nos abalar emocionalmente. Depois de ouvirem esse CD creio que muitos que ainda não tiveram essa experiência, a terão.

P.S. Uma curiosidade sobre o piano que Avdeeva utiliza nesta gravação: era o piano pessoal de Wladimir Horowitz. Maiores detalhes no livreto.

2 Nocturnes, Op. 62
1 No. 1 in B Major. Andante
2 No. 2 in E Major. Lento
3 Polonaise-Fantaisie, Op. 61
4 Barcarolle, Op. 60

Sonata No. 3 in B Minor, Op. 58
5 I. Allegro maestoso
6 II. Scherzo. Molto vivace
7 III. Largo
8 IV. Finale. Presto non tanto

3 Mazurkas, Op. 59
9 No. 1 in A Minor. Moderato
10 No. 2 in A-Flat Major. Allegretto
11 No. 3 in F-Sharp Minor. Vivace

Yulliana Avdeeva – Piano

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Beethoven (1770 – 1827): Sinfonia No. 3 em mi bemol maior, Op. 55 – Eroica – Ensemble 28 & Daniel Grossmann ֎

Beethoven (1770 – 1827): Sinfonia No. 3 em mi bemol maior, Op. 55 – Eroica – Ensemble 28 & Daniel Grossmann ֎

BTHVN

Sinfonia Eroica

Ensemble 28

Daniel Grossmann

Domingo fui visitar meu velho tio Antoine Denon, em sua enorme casa, aquela que lembra a mansão da Família Addams. Depois de colocarmos o papo em dia, regado naturalmente a chá mate e biscoitinhos, tio Antoine escorregou em sua poltrona preferida, deixou cair uma de suas pantufas e mergulhou no seu natural estado letárgico. Eu aproveitei a deixa e me esgueirei escada acima até seu ‘laboratório’, que meu tio sempre foi dado a inventos amalucados. Encontrei assim sua empoeirada máquina do tempo, da qual ele sempre se vangloriava, de frente para a estante com seus livros de física, sobre buracos negros e teoria quântica. É claro que não acreditava muito nisso tudo, pois que eu desconfiei da facilidade de chegar ao Lab, a porta ficara entreaberta e meu tio é conhecido por adorar uma traquinagem. De qualquer forma, resolvi viajar na brincadeira e acertei os ponteiros da máquina para que me levasse para o Palácio Lobkowitz, casa do Príncipe Lobkowitz em Viena, nas primeiras horas do dia 9 do lindo mês de maio de 1804. Pois levei um susto quando a máquina se pôs a trepidar e lentamente começar a girar… Ainda bem que que estava com meus fones de ouvido e acionei meu Suíço Celular, que toca os arquivos de música com os quais estou lidando.

Foto do Palácio em Viena

Não é que estava na vez do arquivo desta postagem – uma recriação da primeira audição (com ensaios e tudo) da Sinfonia Eroica, composta pelo tal Ludovico, amigão do Príncipe, que para a ocasião desembolsou o pagamento de uns 22 músicos, incluindo uma terceira trompa, pedido especial do compositor para sua nova sinfonia. Podemos dizer que essa gravação, feita em 2003, buscava levar o nível de compromisso com os ideais de HIP ao seu mais alto nível – instrumentos de época, tamanho da orquestra original, no local exato. Por isso a minha viagem no tempo.

Essa é uma gravação no mínimo desafiadora, com tempos rápidos, que nos dá um sensação de impetuosidade, de novidade, como deve ter sido realmente o que a obra causou naquele dia.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 3 em mi bemol maior, Op. 55 – Eroica
  1. Allegro con brio
  2. Marcia funebre Adagio assai
  3. Scherzo Allegro vivace
  4. Finale Allegro molto

Ensemble 28

Daniel Grossmann

Gravado em 2003 no Palácio Lobkowitz, Viena

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 106 MB

Daniel Grossmann olhando firme para os violinos da PQP Bach Orchestra

[…] Relying on the relatively new Barenreiter Edition, Ensemble28’s rendition is among the fastest I have heard. It is also a unique recording due to its sparse instrumentation; young German conductor Daniel Grossman does an admirable job emphasizing the textural richness of Beethoven’s score. I doubt I have heard a more exciting account of the opening first movement (Allegro con brio) that is as memorable from a period instrument perspective, and indeed, one that compares favorably to those from the likes of Harnoncourt, Abbado and Haitink, among others in recordings dating from the early 1990s. The same can be said for the following three: Marcia funebre: Adagio assai; Scherzo: Allegro vivace; and Finale: Allegro molto. Grossman’s riveting account merely emphasizes the truly revolutionary nature of Beethoven’s work […]

[…] Usando a relativamente nova edição Barenreiter, a versão do Ensemble28 está entre as mais rápidas que já ouvi. É também uma gravação única devido à sua instrumentação esparsa; o jovem maestro alemão Daniel Grossman faz um trabalho admirável ao enfatizar a riqueza da textura da partitura de Beethoven. Duvido ter ouvido uma interpretaçã mais emocionante do primeiro movimento (Allegro con brio) e que seja tão memorável do ponto de vista dos instrumentos de época e, de fato, que se compare favoravelmente com aqueles de nomes como Harnoncourt, Abbado e Haitink, entre outros. O mesmo pode ser dito dos três movimentos seguintes: Marcia funebre: Adagio assai; Scherzo: Allegro vivace; e Final: Allegro molto. A fascinante interpretação de Grossman apenas enfatiza a natureza verdadeiramente revolucionária da obra de Beethoven […] [crítica na Amazon]

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano Nos. 9, 12 & 14 – Edna Stern (piano), Orchestre de chambre d’Auvergne & Arie van Beek ֍

Mozart (1756 – 1791): Concertos para Piano Nos. 9, 12 & 14 – Edna Stern (piano), Orchestre de chambre d’Auvergne & Arie van Beek ֍

MOZART

Edna Stern

Aqui pertinho de casa, numa esquina, junto a uma pracinha, mas ainda em frente ao muro de uma casa, há um remanescente do passado, estoico, arcaico, um orelhão. Creio que este remanescente foi deixado lá para que os avós o mostrem aos netos, em seus passeios matinais – foi de um desses que eu convidei sua avó para sair, pela primeira vez…

Imagino que foi de um desses jurássicos objetos que Miles (Miles Kendig, o aposentado espião que ama a música de Mozart, você deve saber) me ligou, dia desses.

MK:       Hey, René, how are ya?

RD:        Kendig! What an unexpected pleasure.

MK:       May I have it, please?

RD:        Have what?

MK:       It has been half an eternity since you posted some Mozart, specially piano concertos. Oh c’mon, this is ultageous!

RD:        Well, it is good that you brought that… I’ve just spotted a great disc with three wonderful piano concertos, including the Jeunehomme. I know you have a soft spot for it.

MK:       So, don’t delay it any further, get it done. And talk with that cranky boss of yours to get it posted as soon as possible. I don’t wanna wait months for it to surface!

RD:        I’ll let him know. And you, now, don’t be a stranger, keep in touch…

MK:       I will! Take care!

Pois assim, a pedidos do Selim Gidnek, como ele às vezes gosta de ser chamado, vamos a postagem do dia… Mozart, Concertos para piano. Este é um disco com três concertos. O primeiro foi composto quando ele ainda estava em Salzburg, mas os outros dois já fazem parte dos primeiros a serem compostos para suas apresentações em Viena. O Concerto ‘Jeunehomme’ pensava-se ter sido composto para uma pianista francesa, Mademoiselle Jeunehomme, que teria visitado Salzburgo em 1777. Em suas cartas Mozart tratava de uma certa Jenomé. Agora acredita-se que o concerto foi escrito para Louise-Victoire Jenamy, filha de um famoso dançarino francês, amigo de Mozart. A obra é um passo a frente dos típicos concertos no estilo galante, com um movimento lento que revela o grande compositor de óperas que foi Mozart.

Os Concertos Nos. 12 e 14 (assim como o irmão do meio, No. 13) foram compostos no primeiro ano de Mozart em Viena e podem parecer até um passo atrás, comparados com o Concerto No. 9, pois que são simples em escopo, podendo ser interpretados apenas com piano e quarteto de cordas. Mas não se deixe iludir por essa aparente simplicidade, pois que ambos concertos reservam belezuras para quem os ouvir com atenção, especialmente em uma interpretação assim como a da postagem.

Edna Stern é uma pianista já bem conhecida aqui do pessoal do blog, onde já se apresentou acompanhando a violinista Amandine Beyer e também em um disco tocando peças de Bach. Ela é especialmente talentosa e teve formação primorosa, estudando com grandes nomes, como Martha Argerich, Krystian Zimerman e Leon Fleisher.

Ela tem fortes ideias sobre como devem ser produzidas suas gravações, evitando ao máximo o exercício de ‘cut and paste’, e a Orchestre d’Auverne colaborou com ela buscando cumprir a risca esse princípio. É ouvir o disco para conferir. Depois, me conte!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Piano Concerto No. 9 in E-flat major, K271 “Jeunehomme”
  1. Allegro
  2. Andantino
  3. Rondo – Presto
Piano Concerto No. 12 in A major, K414
  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto
Piano Concerto No. 14 in E flat major, K449
  1. Allegretto vivace
  2. Andantino
  3. Allegro ma non troppo

Edna Stern, piano

Orchestre d’Auvergne

Arie van Beek

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 167 MB

Seção ‘The Book is on the Table’: Stern’s performances are all about intimacy: intimacy of sound, manifested in a close, dry (and sometimes rather unlovely) recording offering sharp textural clarity and emphasising the tightness for the Orchestre d’Auvergne’s ensemble-playing; and intimacy of thought, for this is an artist with a delicate touch who likes to shape every detail of phrasing and articulation as if polishing a tiny gem.

[Gramophone, May 2011]

 Stern’s instrument is modern, though her dry attack and clarity suggest time spent with a period piano. Even so there’s an ease to phrasing and touch in the Jeunehomme concerto…Sparkling music-making

[The Times, 22nd January 2011]

Aproveite!

René Denon

Oliver Messiaen (1900-1992): Vingt regards sur l`enfant Jésus (Austbø)

Oliver Messiaen (1900-1992): Vingt regards sur l`enfant Jésus (Austbø)

Para acomodar as melancias, diria que Bartók é o maior compositor da primeira metade do século XX e Messiaen o melhor da segunda, apesar de terem nascido no intervalo de 19 anos… pouco tempo, né? Espero que Strava não fique muito triste e mesmo eu, um admirador do grande Shosta, dou lugar ao enorme talento deste católico francês. Pensando do século XX pra cá, eu acho quase inaceitável que uma pessoa seja religiosa. Mas há verdadeiros gênios que foram profundamente religiosos. Talvez os maiores deles tenham sido o cineasta Andrei Tarkovski e o compositor Olivier Messiaen. Estou ouvindo os Vingt Regards sur l’Enfant-Jésus (“Vinte Contemplações sobre o Menino Jesus”), de Messiaen, para piano solo, que tem a duração de 2h12 (!). A música não me sugere em nada acreditar no Menino Jesus, mas é algo muito meditativo e concentrado, que me atrai demais. O pianista norueguês Håkon Austbø (pronuncia-se Rpsnggsgschnelllas) nunca tenta impressionar ou se exibir, deixa a música — incrivelmente original e inspirada — falar por si, adicionando profundidade e delicadeza.

Oliver Messiaen (1900-1992): Vingt regards sur l`enfant Jésus (Austbø)

Disc 1

1. I. Regard du Pere 00:08:09
2. II. Regard de I’etoile 00:03:10
3. III. L’echange 00:03:25
4. IV. Regard de la Vierge 00:05:21
5. V. Regard du Fils suer le Fils 00:08:15
6. VI. Par lui tout a ete fait 00:10:50
7. VII. Regard de la Croix 00:04:21
8. VIII. Regard des hauteurs 00:02:23
9. IX. Regard du temps 00:02:45
10. X. Regard de I’Esprit de joie 00:08:50

Disc 2

1. XI. Premiere communion de la Vierge 00:07:38
2. XII. La parole toute – puissante 00:02:32
3. XIII. Noel 00:04:22
4. XIV. Regard des Anges 00:05:09
5. XV. Le baiser de I’enfant Jesus 00:14:07
6. XVI. Regard des prophetes des bergers et des mages 00:03:10
7. XVII. Regard du silence 00:05:36
8. XVIII. Regard de I’onction terrible 00:07:04
9. XIX. Je dors, mais mon coeur veille 00:11:01
10. XX. Regard de I’Eglise d’amour 00:14:35

Håkon Austbø, piano

Total Playing Time: 02:12:43

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Messiaen, meio louquinho, mas que tremendo compositor!
Messiaen, meio louquinho, mas que tremendo compositor!

PQP

Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847): Os Quartetos de Cordas (Melos)

Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847): Os Quartetos de Cordas (Melos)

Ainda dentro das comemorações dos 200 anos de nascimento de Mendelssohn, estarei postando várias outras obras dele, como prometido há alguns dias atrás. Vou começar com seus Quartetos de Cordas, até agora meio que esquecidos no blog. A interpretação desta integral estará a cargo do Melos Quartet em gravação 5 estrelas. Vou postar os três volumes de uma só vez, para dar-lhes a satisfação de poderem acompanhar a evolução de Mendelssohn como compositor.

A primeira vez que ouvi um destes quartetos foi ainda na minha adolescência, quando tinha uns 12 anos de idade, através de uma rádio de Curitiba que só tocava música clássica, não me lembro o nome dela, só lembro que era em ondas médias. Eu tinha um radinho de pilha para poder ouvir os jogos do Coritiba, e foi esta rádio a primeira que me “iniciou” neste mundo da música chamada “clássica”. Não me lembro qual era o nome da obra que tocou, mas ela me fascinou. Passados alguns anos, consegui comprar um velho LP que trazia alguns destes quartetos, e definitivamente Mendelssohn se tornou um de meus compositores favoritos.

O Quarteto de nº6, Op, 80, ou e que está presente no primeiro CD, em minha opinião, é uma das maiores obras compostas para esta formação, e a atuação do Melos Quartet é impecável.

Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-1847): Os Quartetos de Cordas (Melos)

CD 1

01 String Quartet in Eb o.Op -I- Allegro moderato
02 String Quartet in Eb o.Op -II- Adagio non troppo
03 String Quartet in Eb o.Op -I- Minuetto – Trio – Minuetto
04 String Quartet in Eb o.Op -IV- Fuga
05 String Quartet in Eb Op.12 -I- Adagio non troppo – Allegro non tardante
06 String Quartet in Eb Op.12 -II- Canzonetta. Allegretto – piщ mosso
07 String Quartet in Eb Op.12 -III- Andante expressivo – attacca_
08 String Quartet in Eb Op.12 -IV- Molto allegro e vivace
09 String Quartet in F minor Op.80 -I- Allegro assai – Presto
10 String Quartet in F minor Op.80 -II- Allegro assai
11 String Quartet in F minor Op.80 -III- Adagio
12 String Quartet in F minor Op.80 -IV- Finale_ Allegro molto

cd 2

1 String Quartet in A minor Op.13 -I- Adagio – Allegro vivace
2 String Quartet in A minor Op.13 -II- Adagio non lento
3 String Quartet in A minor Op.13 -III- Intermezzo. Allegretto con moto – Alleg…
4 String Quartet in A minor Op.13 -IV- Presto – Adagio non lento
5 String Quartet in Eb Op.44 No.3 -I- Allegro vivace
6 String Quartet in Eb Op.44 No.3 -II- Scherzo. Assai leggiero vivace
7 String Quartet in Eb Op.44 No.3 -III- Adagio non troppo
8 String Quartet in Eb Op.44 No.3 -IV- Molto Allegro con fuoco

cd 3

01 3 1 D Op44 1 Molto Allegro vivace
02 3 2 D Op44 1 Menuetto Un poco Allegro
03 3 3 D Op44 1 Andante expressivo ma con moto
04 3 4 D Op44 1 Presto con brio
05 4 1 Em Op44 2 Allegro assai appassionato
06 4 2 Em Op44 2 Scherzo Allegro di molto
07 4 3 Em Op44 2 Andante attacca
08 4 4 Em Op44 2 Presto agitato
09 Pieces for String Quartet Op81 1 E Andante Un poco piu animato Presto Andante…
10 Pieces for String Quartet Op81 2 Am Scherzo Allegro leggiero
11 Pieces for String Quartet Op81 3 Em Capriccio Andante con moto Allegro fugato…
12 Pieces for String Quartet Op81 4 E Fuga A tempo ordinario

Melos Quartet:
Wilhelm Melcher – 1º Violino
Gerhard Voss – 2º Violino
Hermann Voss – Viola
Peter Buck – Violoncelo

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O Melos em 1965, época do início da construção do império PQP Bach. Neste ano, compramos nosso primeiro iate.

FDP Bach

Béla Bartók (1881-1945): Para Crianças (Jéno Jandó)

Béla Bartók (1881-1945): Para Crianças (Jéno Jandó)

O grande Dr. Cravinhos nos envia este CD de Músicas para Crianças do genial Béla Bartók. Ficamos muito gratos. Não é todo dia que recebemos um presente desses. E ele ainda nos manda texto sobre a música, etc. Como acredito que quase todo mundo aqui lê inglês, copio aqui o texto que foi enviado a nós:

Bartók for Children, written in 1908 & 1909 and originally including 85 pieces based on Hungarian & Slovakian folk tunes, was first published in four volumes. Some of the pieces were revised by the composer in the 1930’s and he made a complete revision of the whole work in 1943, writing thirteen new pieces and reducing to total number to 79, to be published postumously in 1947 in two volumes although Bartók had been able to correct the proposed new edition in 1944. The pieces are described as little pieces for beginners, without stretches of an octave. They are a direct reflection of Bartók’s interest in folk music. The melodies, in various modes, are never forced into the traditional strait-jacket of academic harmony but set off by simple accompaniments that preserve their original character. For Children, as with Mikrokosmos and his forty-four Violin Duets, they offer a much wider view of music than was once and perhaps is still usual in teaching material confined entirely to the major and minor scales and harmonies of common practice.

Bartók for Children

01 – No.1 Children At Play: Allegro/No.2 Children’s Song: Andante/No.3 Quasi Adagio (2:15)
02 – No.4 Pillow Dance: Allegro/No.5 Play: Allegretto/No.6 Study For The Left Hand: Allegro (2:43)
03 – No.7 Play Song: Andante Grazioso/No.8 Children’s Game: Allegretto (2:03)
04 – No.9 Song: Adagio/No.10 Children’s Dance: Allegro Molto/No.11 Lento/No.12 Allegro (4:11)
05 – No.13 Ballad: Andante/No.14 Allegretto/No.15 Allegro Moderato (2:01)
06 – No.16 Old Hungarian Tune: Andante Rubato/No.17 Round Dance: Lento (1:55)
07 – No.18 Soldier’s Song: Andante Non Troppo/No.19 Allegretto/No.20 Drinking Song: Allegro/No.21 Allegro Robusto (2:49)
08 – No.22 Allegretto/No.23 Dance Song: Allegro Grazioso/No.24 Andante Sostenuto/No.25 Parlando (3:21)
09 – No.26 Moderato/No.27 Jest: Allegramente/No.28 Choral: Andante/No.29 Pentatonic Tune: Allegro Scherzando (3:53)
10 – No. 30 Jeering Song: Allegro Ironico/No.31 Andante Tranquillo/No.32 Andante/No.33 Allegro Non Troppo (4:37)
11 – No.34 Allegretto/No.35 Con Moto/No.36 Drunkard’s Song: Vivace/No.37 Swineherd’s Song: Allegro (2:22)
12 – No.38 Winter Solstice Song: Molto Vivace/No.39 Allegro Moderato (3:03)
13 – No.40 Swineherd’s Dance: Allegro Vivace (1:50)
14 – No.1 Allegro/No.2 Andante/No.3 Allegretto/No.4 Wedding Song: Andante (2:17)
15 – No.5 Variations: Molto Andante/No.6 Round Dance I: Allegro/No.7 Sorrow: Andante/No.8 Dance: Allegro Non Troppo (4:33)
16 – No.9 Round Dance II: Andante/No.10 Funeral Song: Largo (2:04)
17 – No.11 Lento/No.12 Andante Rubato/No.13 Allegro (2:27)
18 – No.14 Moderato/No.15 Bagpipe I: Molto Tranquillo/No.16 Lamnet: Lento/No.17 Andante/No.18 Teasing Song: Sostenuto- Allegro Vivace (3:59)
19 – No.19 Romance: Assai Lento/No.20 Game Of Tag: Presto (2:10)
20 – No.21 Pleasantry: Allegro Moderato/No.22 Revelry: Molto Allegro (1:59)
21 – No.23 Andante tranquillo/No.24 Andante/No.25 Scherzando: Allegretto (2:33)
22 – No.26 Peasant’s Flute: Andante Molto Rubbato/No.27 Pleasantry II: Allegro (1:50)
23 – No.28 Andante, Molto Rubato/No.29 Canon: Allegro Non Troppo/No.30 Bagpipe II: Vivace (2:45)
24 – No.31 The Highway Robber: Allegro/No.32 Peasante/No.33 Andante Tranquillo (2:34)
25 – No.34 Farewell: Adagio/No.35 Ballad: Moderato (3:07)
26 – Nos.36-37 Rhapsody: Parlando, Molto Rubato – Alegro Moderato (2:49)
27 – No.38 Dirge: Lento/No.39 Mouning Song: Lento (3:52)

Jéno Jandó, piano.

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Peter e Béla Bártok, pai e filho

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Ludwig van Beethoven (1770-1827): Missa Solemnis (Schermerhorn, Nashville Symphony Orchestra, Phillips, Redmon, Taylor, Baylon)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Missa Solemnis (Schermerhorn, Nashville Symphony Orchestra, Phillips, Redmon, Taylor, Baylon)

Há grandes admiradores desta Missa, mas não é uma obra que eu aprecie demais. Isto importa? Claro que não! Sempre li que as gravações da Missa Solemnis eram categorizadas sem meio termo. Há as ótimas e as outras — de alguma forma falhas. Agora, haveria talvez uma dúzia de ótimas. Fala-se que o campeão seria David Zinman e que esta versão de Kenneth Schermerhorn estaria também lá no topo, o que é sensacional. O que seria o “ótimo”? Ora, que seja uma gravação estimulante, inspiradora, abastecida com alto talento musical e precisão. As forças de Nashville estão à altura das temíveis demandas da obra e, para elas e Schermerhorn (discípulo de Bernstein e maestro da orquestra por 20 anos), a gravação poderia ser considerada uma conquista. Certamente, uma das características mais satisfatórias da performance se enquadra na escolha dos andamentos e dos fraseados. Ouvi verdadeiro virtuosismo nas passagens com ritmos intrincados, como a fuga “Et vitam venturi”, onde a composição de Beethoven dança com total audácia. Os solistas também estão à altura das gravações europeias mais estreladas. Recomendo.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Missa Solemnis (Schermerhorn, Nashville Symphony Orchestra, Phillips, Redmon, Taylor, Baylon)

1 Kyrie eleison 05:01
2 Gloria: Gloria in excelsis Deo 05:01
3 Gloria: Qui tollis peccata mundi 05:17
4 Gloria: Quoniam tu solus sanctus 06:37
5 Credo: Credo in unum Deum 04:18
6 Credo: Et incarnatus est 05:06
7 Credo: Et resurrexit tertia die 09:12
8 Sanctus 05:38
9 Sanctus: Benedictus 10:23
10 Agnus Dei 05:53
11 Agnus Dei: Dona nobis pacem 09:27

Bass-Baritone Vocals – Jay Baylon
Chorus – Nashville Symphony Chorus
Conductor – Kenneth Schermerhorn
Mezzo-soprano Vocals – Robynne Redmon
Orchestra – Nashville Symphony Orchestra
Soprano Vocals – Lori Phillips (2)
Tenor Vocals – James Taylor (5)
Violin – Mary Kathryn Van Osdale* (tracks: 9)

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Henry Purcell (1659-1695): Hail! Bright Cecilia, Ode On St. Cecilia’s Day 1692 (Taverner Choir · Taverner Players, Taverner Consort, Parrott)

E hoje é o Dia de Santa Cecília, a padroeira da música. Também é o Dia do Músico! Hail! Bright Cecilia ( Z. 328), também conhecida como Ode a Santa Cecília, foi composta por Henry Purcell para um texto do irlandês Nicholas Brady em 1692 em homenagem à festa de Santa Cecília, padroeira dos músicos. As celebrações anuais da festa desta santa — sempre em 22 de novembro — começaram em 1683, organizadas pela Sociedade Musical de Londres , um grupo de músicos e amantes da música. A primeira apresentação ocorreu em 22 de setembro de 1692 no Stationers’ Hall. Foi um grande sucesso e recebeu bis. Melhor dizendo, foi tocada duas vezes. Também pudera, a música é muito inventiva e boa.

Henry Purcell (1659-1695): Hail! Bright Cecilia, Ode On St. Cecilia’s Day 1692 (Taverner Choir · Taverner Players, Taverner Consort, Parrott)

Hail! Bright Cecilia, Ode On St. Cecilia’s Day 1692 Z. 328
1 Symphony
2 Hail! Bright Cecilia
3 Hark! Hark! Each Tree
4 ‘Tis Nature’s Voice
5 Soul Of The World!
6 Thou Tun’st This World Below
7 With That Sublime Celestial Lay
8 Voluntary (in D Minor)
9 Wonderous Machine!
10 The Airy Violin
11 In Vain The Am’rous Flute
12 The Fife And All The Harmony Of War
13 Let These Amongst Themselves Contest
14 Hail! Bright Cecilia

Choir – Taverner Choir
Composed By – Henry Purcell
Ensemble – Taverner Players
Written By [Poem] – Nicholas Brady

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Este é o Stationers Hall hoje.

PQP

Henry Purcell (1659-1695): Odes And Funeral Music (Taverner Consort, Choir & Players, Parrott)

Henry Purcell (1659-1695): Odes And Funeral Music (Taverner Consort, Choir & Players, Parrott)

IM-PER-DÍ-VEL !!! 

Hoje é o dia da morte de Henry Purcell. Então, fazemos uma homenagem trazendo este belíssimo disco. Uma ária mais extraordinária que a outra. Here The Deities Approve é uma joia incomparável, por exemplo. E o que dizer de Come Ye Sons Of Art, Sound the Trumpet? E da Marcha para os Funerais da Rainha Mary, utilizada em A Laranja Mecânica por Stanley Kubrick? Mary morreu quase um ano antes de Purcell em dezembro de 1694, mas seu funeral apenas ocorreu em março de 1695. Os funerais reais com música de Purcell deviam ser supimpas! Andrew Parrott e seu grupo dão enorme vida a este repertório sensacional.

Henry Purcell (1659-1695): Odes And Funeral Music (Taverner Consort, Choir & Players, Parrott)

Welcome To All The Pleasures z339 (Ode For St Cecilia’s Day 1683)
1-1 Symphony 1:59
1-2 Welcome To All The Pleasures 1:49
1-3 Here The Deities Approve – While Joys Celestial 5:01
1-4 Then Lift Up Your Voices 1:43
1-5 Beauty, Thou Scene Of Love 2:31
1-6 In A Consort Of Voices 1:21

Funeral Sentences
1-7 Man That Is Born Of A Woman z27 2:37
1-8 In The Midst Of Life z17a 4:08
1-9 Thou Knowest, Lord z58b 3:33

Come Ye Sons Of Art Away z323 (Birthday Song For Queen Mary 1694)
1-10 Symphony [Adagio – Allegro] – Adagio 3:44
1-11 Come Ye Sons Of Art 1:45
1-12 Sound The Trumpet 2:29
1-13 Come Ye Sons Of Art 1:13
1-14 Strike The Viol 4:23
1-15 The Day That Such A Blessing Gave 2:45
1-16 Bid The Virtues 3:01
1-17 These Are The Sacred Charms 1:33
1-18 See, Nature, Rejoicing 2:48

Funeral Music For Queen Mary
1-19 March z660.i 1:44
1-20 Thou Knowest, Lord z58c 2:10
1-21 Canzona z860.ii 2:11

Bass Vocals – David Thomas (9), Michael George (3), Richard Wistreich, Simon Grant (4)
Countertenor Vocals – Kevin Smith (11), Michael Chance
Music Director [Direction] – Andrew Parrott
Organ – Roger Woolley*
Soprano Vocals – Emma Kirkby
Tenor Vocals – Andrew King (5), Charles Daniels (2), Neil Jenkins, Paul Elliott, Rogers Covey-Crump

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Esta é a Queen Mary da Marcha..

PQP

F. Mendelssohn (1809-1847): Concerto para Violino, Op. 64 / Piano Trio No.1 / Sonata para Violino e Piano (Mutter, Masur, Previn, Harrell)

F. Mendelssohn (1809-1847): Concerto para Violino, Op. 64 / Piano Trio No.1 / Sonata para Violino e Piano (Mutter, Masur, Previn, Harrell)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Se o disco de Anne Sophie Mutter que apresentamos ontem (isto é uma repostagem, gente) era uma merda, este é magnífico, sua audição soa exatamente como a violinista aparece na capa: linda, coleante, azul. Seu Concerto Op. 64 é absolutamente impecável e da mesma forma é o esplêndido Trio Nº 1, com seus dois belíssimos movimentos iniciais. O nível cai um pouco na Sonata, mas não por culpa da deusa — é que a Sonata é mais fraquinha mesmo. Mesmo com as 5000 gravações existentes do Op. 64 é difícil bater o registro destes dois monstros — Mutter e Masur. Baixe agora.

Mendelssohn (1809-1847): Concerto para Violino, Op. 64 / Piano Trio No.1 / Sonata para Violino e Piano (Mutter, Masur, Previn, Harrell)

Violin Concerto in E minor, Op. 64
01. 1. Allegro molto appassionato [12:19]
02. 2. Andante [7:15]
03. 3. Allegretto non troppo – Allegro molto vivace [6:15]
Anne-Sophie Mutter, violino
Gewandhausorchester Leipzig
Kurt Masur

Piano Trio No.1 in D minor, Op.49
04. 1. Molto allegro agitato [9:01]
05. 2. Andante con moto tranquillo [6:52]
06. 3. Scherzo (Leggiero e vivace) [3:38]
07. 4. Finale (Allegro assai appassionato) [8:10]
Anne-Sophie Mutter, violino
André Previn, piano
Lynn Harrell, violoncelo

Sonata para Violino e Piano in F major (1838) (without opus number)
08. 1. Allegro vivace [11:25]
09. 2. Adagio [7:14]
10. 3. Assai vivace [5:23]
Anne-Sophie Mutter, violino
André Previn, piano

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Vingança completa sobre o nojento do PQP
Vingança completa sobre o nojento do PQP

PQP

Mozart (1756-1791): A Flauta Mágica (Klemperer, Philharmonia, Popp, Berry, Frick)


A última ópera de Mozart foi um dos grandes sucessos de público de sua carreira, talvez o maior de todos, com a marca de 100 apresentações sendo batida em pouco mais de um ano, quando o compositor já havia passado desta pra melhor. O que explica esse sucesso? A comoção com a morte do gênio pesa um pouco, claro, mas também as primeiras performances – das quais a primeira, em setembro de 1791, teve Mozart como regente – já haviam sido sucessos gigantes. Tenho uma teoria: nesta ópera, como em pouquíssimas obras, ele conseguiu formar uma unanimidade ao agradar a públicos muito diversos: quem gosta de árias difíceis tem aqui aquela que é talvez a mais famosa, virtuosa e atlética ária para uma voz feminina em toda a música europeia, a 2ª da Rainha da Noite, mas A Flauta Mágica também traz cenas cômicas, um par romântico, alusões à maçonaria, vários tipos de ouvinte encontram aquilo que lhes agrada.

Essa multiplicidade de estilos e histórias em uma só obra me faz até pensar naquelas novelas das nove, antes das oito, que tinham essa ambição de agradar a todo o conjunto da população, neste caso a do Brasil do século XXI e, naquele caso o povo do Império Austro-Húngaro (em Praga a Ópera logo foi um sucesso pouco depois da estreia em Viena, chegando depois à Alemanha). Não é apenas uma comparação superficial: também nas novelas da TV as várias tramas se entrecruzam com relativa independência e não é raro que um casal inicialmente protagonista (como Pamina e Tamino) acabe ganhando menos simpatia do público do que personagens supostamente menores (como Papageno e a Rainha da Noite). Vocês se lembram daquela novela na Índia em que a heroína foi casada à força pela família? Com o carisma do marido – inicialmente um quase-vilão – ganhando o público, o par inicial da heroína – que, no enredo planejado, iria recuperar sua amada do injusto casamento de conveniência – terminou como um coadjuvante secundário.

Temos aqui, então, um tipo de arte que se ajusta aos anseios das massas e, como por um milagre, o grande artista consegue fazê-lo sem rebaixar o nível da música, sem demagogias populistas e usando os lugares-comuns com criatividade. Em todo caso, por mais genial que seja, por esse caráter popular é uma obra que expressa mais uma coletividade do que a interioridade de Wolfgnang Amadeus Mozart: para isso, mais vale ouvir trechos do Requiem ou dos Concertos para Piano. No Concerto nº 20, por exemplo, temos o Mozart misterioso e noturno, nos Concertos nº 25 e 26 o Mozart grandioso, no nº 17 uma alegria mais jovial e no nº 27 uma certa maturidade que evita os excessos. Cada um desses traz, então, algo como retratos da alma do compositor – que era também pianista – enquanto na Flauta Mágica ele escreve mais distanciado, o conceito de personalidade, de individualidade do compositor cabe menos aqui, Mozart torna-se bem maior do que ele próprio e passam por ele os temperamentos dos seus contemporâneos, assim como resquícios musicais dos grandes autores de obras vocais seculares do seu século 18, quase todos italianos (como A. Scarlatti, Vivaldi e vários outros em Veneza) ou tendo vivido na Itália (Händel e Hasse). Por exemplo as melodias de Sarastro soam próximas dos baixos profundos dos italianos (aqui) e poucos seriam momentos semelhantes nas óperas do século XIX, quando os barítonos com voz não tão grave reinariam.

Por esse aspecto que vai além de Mozart tanto em termos de indivíduo quanto de tempo, acho bastante razoável amar essa gravação de Otto Klemperer, maestro que eu dificilmente consideraria uma das primeiras opções para as Sinfonias ou Concertos: nestes últimos, prefiro o Mozart mais leve das gerações mais recentes (Savall, os pianistas Brautigam e Lubimov…) ou nem tão recentes (Brendel/Marriner, Pires/Abbado…) Nessa Flauta Mágica, porém, após a solene abertura – aqui mais solene – Klemperer e Philharmonia Orchestra fazem um acompanhamento sem qualquer exagero ou maneirismo ruim. E os cantores são o que me faz realmente amar, fazem o coração bater mais forte: a Rainha da Noite por Lucia Popp, o Papageno por Walter Berry, o Sarastro por Gottlob Frick alcançam, juntos, um carisma e um nível técnico absurdo e que dificilmente alguma outra gravação alcançaria.

Mozart (1756-1791): A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), K. 620
Philharmonia Orchestra, Otto Klemperer (conductor), Wilhelm Pitz (chorus master)
Lucia Popp, Walter Berry, Gottlob Frick, Nicolai Gedda, Gundula Janowitz, Ruth-Margret Pütz, Elisabeth Schwarzkopf, Christa Ludwig, Marga Höffgen
Recording: Kingsway Hall, London 1964
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – mp3 320kbps

Em 1964 Klemperer regia assim, de cachimbo na boca

Pleyel

Percy Whitlock (1903-1946): The Choral Music

Olha, ninguém vai pirar com este CD do inglês Whitlock,  mas sua música sacra tem méritos, discretos méritos. Ele é uma mistura de Vaughan Williams, Delius e Elgar, ou seja, nada muito espetacular. Sua música é certinha e até gostei de ouvi-la no início da tarde de ontem, sabem? O coitado morreu cedo de tuberculose e virtualmente desapareceu, sendo recuperado nesta década. Confiram aí.

Percy Whitlock (1903-1946): The Choral Music 

1. Sing praise to God who reigns above 3:46
2. Jesu grant me this I pray 5:14
3. Solemn Te Deum 7:17
4. O living bread, who once did die 3:48
5. Here, O my Lord, I see Thee face to face 3:13
6. Be still, my soul 4:31
7. The siant whose praise today we sing 3:16
8. Communion Service in G: Kyrie 1:27
9. Communion Service in G: Credo 5:04
10. Communion Service in G: Sanctus 1:18
11. Communion Service in G: Benedictus 0:41
12. Communion Service in G: Agnus Dei 2:11
13. Communion Service in G: Gloria 2:51
14. Glorious in heaven 3:48
15. Magnificat and Nunc Dimittis in G: Magnificat 3:28
16. Magnificat and Nunc Dimittis in G: Nunc Dimittis 2:08
17. O gentle presence 3:09
18. Come, let us join our cheerful songs 2:44
19. O gladsome light 2:59
20. Magnificat and Nunc Dimittis (Fauxboudons): Magnificat 4:05
21. Magnificat and Nunc Dimittis (Fauxboudons): Nunc Dimittis 2:39

The Choir of Rochester Cathedral
Roger Sayer, regência
William Whitehead, órgão

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Acho que ele não iria longe como modelo.

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Sonatas para Violoncelo & Basso Continuo (Bylsma, Marcon, Zanenghi, Galligioni, Sbrogiò)

Antonio Vivaldi (1678-1741): Sonatas para Violoncelo & Basso Continuo (Bylsma, Marcon, Zanenghi, Galligioni, Sbrogiò)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Para utilizar um termo técnico, eu diria que este CD é do caraglio. O grande Anner Bylsma dá uma verdadeira aula de como tocar um cello barroco e, aqui sim, as composições são extraordinárias. Ouvi várias vezes este disco que traz em si, incrustada, a definição do termo barroco: pérola irregular a assimétrica. Nada aqui é regular ou certinho. É tudo humano e perfeito. Bylsma vem acompanhado de um esplêndido grupo.

Antonio Vivaldi (1678-1741): Sonatas for Violoncello & Basso Continuo

1. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/I. Largo 3:45
2. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/II. Allegro 3:26
3. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/III. Largo 2:34
4. Sonata No. 1 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 47/IV. Allegro 1:53

5. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/I. Largo 2:29
6. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/II. Allegro 2:49
7. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/III. Largo 3:56
8. Sonata No. 2 in F Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 41/IV. Allegro 2:20

9. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/I. Largo 3:38
10. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/II. Allegro 3:41
11. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/III. Largo 4:20
12. Sonata No. 3 in A minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 43/IV. Allegro 3:07

13. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/I. Largo 3:37
14. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/II. Allegro 2:48
15. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/III. Largo 4:09
16. Sonata No. 4 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 45/IV. Allegro 2:53

17. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/I. Largo 3:09
18. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/II. Allegro 3:00
19. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/III. Largo 3:15
20. Sonata No. 5 in E minor for Violoncello and Basso Continuo, RV 40/IV. Allegro 2:04

21. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/I. Largo 2:31
22. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/II. Allegro 2:46
23. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/III. Largo 2:02
24. Sonata No. 6 in B-flat Major for Violoncello and Basso Continuo, RV 46/IV. Allegro 2:25

Anner Bylsma, Violoncello – Matteo Goffriller, Venezia, 1693
Francesco Galligioni, Violoncello – Anonymous, Italy, 1700
Ivano Zanenghi, Archlute – Stephen Murphy after Martin Hoffmann, Germany, mid-17th century
Alessandro Sbrogiò, Violone – Anonymous, Germany, late 17th century
Andrea Marcon, Harpsichord & Organ – Harpsichord by William Horn, Brescia after Giusti, Italy, 17th century, Organ by Francesco Zanin, Codroipo Udine

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Anner Bylsma

PQP

.: interlúdio :. The Heliocentric Worlds of Sun Ra, Vol. Two / Freak Out! (1966)

Não sei vocês, mas eu acompanhei com certa distância as eleições nos EUA, assim como os filmes de Hollywood eu não assisto tanto assim e, quando assisto, não é raro o espanto com certos clichês de gosto duvidoso. Mas enxergo uma importante contribuição dos americanos do norte em termos culturais ali no pós 2ª guerra, período em que houve rápida melhoria nas gravações (estéreo a partir dos anos 1950) e surgimento de instrumentos como o sintetizador, a guitarra e o baixo elétrico. Isso tudo seria relevante apenas nos textos sobre técnicas de gravação e construção de instrumentos, se não tivessem surgido junto cenas musicais enormemente interessantes.

Mas ainda no tema das tecnologias à época recentes: era um período e lugar de bonança econômica que permitiram a existência de músicos gravando em dezenas de estúdios e LPs fabricados aos montes, permitindo assim a profissionalização não só de uma meia dúzia de artistas famosos, mas de cenas de jazz com público reduzido porém fiel, com pequenas gravadoras lançando álbuns de variados estilos como o free jazz de Ornette Coleman, Don Cherry e etc., o jazz com percussões latino-americanas e caribenhas, até chegar ao jazz bastante popular de Miles Davis e de Louis Armstrong, que gravavam, ambos, pela Columbia, gravadora de grandes nomes como Lenny Bernstein e Bob Dylan.

Falando em Dylan, ele foi um dos que alcançaram um público bastante amplo com um tipo de persona pública do artista preocupado com questões sociais, com canções de letras longas e sérias, cheias de uma ironia e de uma (falsa ou verdadeira) inteligência que muitos tentariam imitar. Também o Frank Zappa, já no seu primeiro álbum, Freak Out! (1966), tinha um grande foco em letras de crítica social com chutes no saco e cusparadas voltadas para as famílias norte-americanas defensoras dos bons costumes e do “american dream”.

O pianista e band leader Sun Ra, na sua extensa discografia (e a prolixidade de registros em estúdio e ao vivo é uma característica em comum com Zappa), além de dar entrevistas enigmáticas sobre o sonho americano e o racismo, também teve álbuns com música cantada, com letras de crítica social, por exemplo aqui. Neste “The Heliocentric Worlds of Sun Ra vol II” (1966), não temos a cantora June Tyson, que entraria na Arkestra de Sun Ra poucos anos depois. Também não temos aqui uma banda gigante cheia de sopros: apenas cinco músicos entre saxofones, trompete, clarinete baixo e flauta, o que é pouco em comparação com discos dos anos 1970 e 80 em que a Arkestra era uma big band maior. Aqui, então, temos um total de oito músicos incluindo Sun Ra (piano e clavioline, um tipo de sintetizador). Ele tira do instrumento eletrônico sons muito mais grotescos e imprevisíveis do que os sons elegantes do piano elétrico Fender Rhodes, que aliás tanto Ra quanto Zappa usariam na década seguinte. Aqui, curiosamente, os sons eletrônicos de Sun Ra lembram um pouco a sonoridade do saxofone, mais do que a de um piano. O outro destaque maior de “Heliocentric Worlds Vol. II” é o contrabaixista Ronnie Boykins (1935 – 1980) que, como também os saxofonistas, estava próximo do que havia de mais atonal nas sonoridades do jazz dos anos 60.

Sun Ra usou teclados elétricos anos antes de quase todo mundo, sendo um dos pioneiros desses instrumentos no jazz junto com Joe Zawinul e poucos outros, uns cinco a dez anos antes de se falar em jazz fusion. Sun Ra se comportava à parte dessas classificações e terminologias, misturando big band com free jazz, roupas coloridas com solos atonais, liderando improvisos instrumentais mas também dando entrevistas com declarações sérias como as de Dylan e Zappa… Ou seja, era brabo na música e brabo no gogó, com as roupas esquisitas dando-lhe um certo passaporte para falar coisas sérias, afinal, como disse seu contemporâneo Thelonious Monk, às vezes é até bom que as pessoas te considerem louco (“Sometimes it’s to your advantage for people to think you’re crazy”).

Sem aderirem totalmente às modas de cada momento, porque ambos era esquisitos demais para aderir a qualquer moda, Frank Zappa e Sun Ra as tangenciaram às vezes. Aqui, nesses dois discos de 1966, enquanto Zappa faz colagens e distorções de sons – aliás, algo que ele aprendeu ouvindo discos de Edgar Varèse nos anos 1950 (aqui ele fala a respeito).

Mais um detalhe: esta postagem traz o som ripado do LP original de Zappa, no qual a contracapa trazia textos excêntricos e enigmáticos do próprio Zappa. Também o disco de Sun Ra trazia na contracapa trazia um poema do líder da Arkestra. Mais uma semelhança entre esses dois discos de 1966.

The Heliocentric Worlds of Sun Ra, Vol. Two (1966)
1. The Sun Myth (17:20)
2. A House Of Beauty (5:10)
3. Cosmic Chaos (14:15)
Sun Ra – piano, tuned bongos, clavioline, compositions and arrangements
Marshall Allen – alto saxophone, piccolo, flute, percussion
Pat Patrick – baritone saxophone, percussion
Walter Miller – trumpet
John Gilmore – tenor saxophone, percussion
Robert Cummings – bass clarinet, percussion
Ronnie Boykins – bass
Roger Blank – percussion

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Heliocentric Worlds Vol II

The Mothers of Invention – Freak Out! [single vinyl rip] (1966)
A1 Hungry freaks, daddy
A2 I ain’t got no heart
A3 Who are the Brain Police?
A4 Motherly love
A5 Wowie Zowie
A6 You didn’t try to call me
A7 I’m not satisfied
A8 You’re probably wondering why I’m here
B1 Trouble comin’ every day
B2 Help, I’m a rock / It can’t happen here
B3 The Return of the son of monster magnet (Unfinished Ballet in Two Tableaux)
all selections arranged, orchestrated and conducted by Frank Zappa

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Freak Out!

Bach, Beethoven, Mozart e Haydn comemorando os 18 anos do PQP Bach

Pleyel

.: interlúdio :. Sergio Mendes – The Swinger From Rio (1965)

.: interlúdio :. Sergio Mendes – The Swinger From Rio (1965)

Se daqui a mil anos ainda houver mundo e algum curioso arqueólogo musical se dignar a lançar um perlustro sobre estes nossos tempos, verá que a velha ceifadeira tem feito gordas colheitas na seara musical. Se foram as pessoas, todavia, os nomes e obras embotam a prisca foice. ‘Ars longa vita brevis’, parafraseou Jobim sobre Hipócrates. Nosso gigantesco Arthur Moreira Lima, Quincy Jones, Osmar Milito, Leny Andrade, David Sanborn, o compadre Hélio Gazineo, meu professor o pianista Odeval Mattos; Manuel ‘Guajiro’ Mirabal, Agnaldo Rayol, Sergio Mendes… Este último um formidável músico que soube estar na hora e lugar  certos – e permanecer no lugar certo. Tanto que construiu seu ninho nas plagas ideais para cultivar e disseminar seu trabalho, longe das limitações culturais de Pindorama, nos domínios do bode velho Tio Sam. Esta é uma narrativa que iremos aqui fantasiar para que se transfigure através do lúdico, afinal, nossa vida, com um pouco de verniz mitológico, se afigura uma saga de Tolkien – quem, ao longo dos dias, não encontra um dragão e um demônio, uma fada um príncipe, um mago e uma bruxa, um paraíso e um abismo?

Numa ensolarada manhã na década de 60, na cantina do Marshall College em Yale, o Professor Henry Walton Jones Jr., PHD em História e Arqueologia, após conseguir driblar uma chusma de alunos que o emboscavam atrás das notas do último seminário sobre a civilização Asteca, era abordado em meio ao seu café batizado com conhaque por um atarracado e simpático brasileiro de chapéu panamá branco:
Dr. Jones? ‘Yes?’ Me permitiria uma breve conversa? ‘Você é aluno de que turma?’ Não sou aluno, sou pianista. ‘Oh, yes? Sabe, toquei saxofone soprano na juventude! He he he.’ Que bom! Veja, soube que o Sr. nas horas vagas, entre uma aventura e outra, e as aulas, é um excelente carpinteiro! ‘Well, well… digamos que hoje em dia é um hobby.’ Bem, gostaria de contratá-lo para construir meu estúdio em LA! ‘Well, creio que não seria possível, ando muito atarefado em busca de arcas perdidas, caveiras de cristal, cálices sagrados e afins…’ Eis a questão, não se trata apenas de carpintaria. Para construir meu estúdio é preciso encontrar os alfarrábios mágicos de Jobim e de Carlos Lyra, uma donzela de grande beleza que habita as areias de Ipanema, os ritmos e harmonias ancestrais transmutados pelos encantos do jazz de Johnny Alf… Em suma, uma aventura! ‘Gostei da garota. Me interessa. Quando começamos?’

Foi assim que Indiana Jones ajudou a construir o estúdio de Sergio Mendes na Califórnia. Sergio, que permaneceria num certo ostracismo durante anos, todavia, protegido da ingratidão cultural de sua pátria para com o talento de tantos nomes de nossa história musical chamada popular.

“Sérgio Mendes, fluminense (nascido em Niterói), se foi em setembro (06/09/2024), aos 83 anos, em Los Angeles. Sérgio contou – e mostrou – uma foto do ator Harrison Ford em seu estúdio, quando ainda era carpinteiro, aos 28 anos. No fim de 1960, o futuro astro hollywoodiano construiu o estúdio do músico brasileiro em LA – foi o seu primeiro emprego na área. “Sou muito grato ao Sérgio. Ele me encomendou o serviço e se esqueceu de perguntar se eu já havia feito antes algo do gênero. Felizmente ficou legal, disse Ford há alguns anos.”

“Antes de Han Solo, havia um carpinteiro chamado Harrison Ford. E aqui está ele, com sua equipe, no dia em que terminou de construir meu estúdio de gravação, em 1970. Obrigado, Harrison! Que a força esteja com você…, disse Mendes ao publicar a foto em uma rede social, em 2015.”

“Sérgio Mendes foi o brasileiro que mais gravações emplacou no Top 100 das paradas americanas (14, ao todo). Destacam-se: “Mas que nada”, um 47º lugar em 1966; a “Olympia”, um 58º em 1984; em 2020, lançou o doc “Sergio Mendes: no tom da alegria (in the key of joy)”, que vai da infância em Niterói à consagração brasileira do Rock in Rio em 2017, com depoimentos de nomes como Quincy Jones, Pelé, e… Harrison Ford.”

E eu nessa conversa? Well… recentemente, numa mesa de bar, indaguei a um amigo, no decurso de uma conversa ‘cabeça’, se ele vira o último filme do Indiana Jones. Eu já esperava a estranheza, disfarçada, ou relevada pelos vapores do álcool e da amizade. Sim, sou fã. Talvez vi mais vezes Riders of the Lost Arc do que meus avós a Ben Hur, Sansão e Dalila e O Manto sagrado, no tempo em que ir ao cinema era um ritual social, estético e, diria mais, espiritual. Como dizia meu tio Oscar, que tinha um jeito um tanto Wilde de ser, arte é inútil porque serve apenas para provocar um estado de espírito. Estado este que utilizamos para os mais diversos fins, à revelia da finalidade primeva da arte, e uma vez fundamentando literariamente e academicamente o fato, que se danem os intelectuais e cinéfilos de plantão.

O presente disco é uma delícia. Hedonismo sonoro, ou melhor, sibarismo. Sem pretensões de profundidades abismais, evidentemente. Bossa nova instrumental, gênero confortável advindo de um Modus Vivendi confortável. Jamais tal gênero brotaria da agrura de terras nordestinas, por exemplo. Para maiores detalhes, leiam o formidável José Ramos Tinhorão sobre o assunto. O álbum é de 1966, eu nasceria no ano seguinte e levaria 57 anos para o conhecer. O título, para o prazer de quem deseje condenar pelo americanismo, é The Swinger from Rio – eu também não gosto, mas é o que temos. Além do mais, continuam a exaltar o fato de que Jobim gravou com Sinatra quando na verdade o privilégio coube a Blue Eyes, e não o contrário. O próprio sabia disso, porém…

O álbum foi gravado para a Atlantic Records e conta com a participação de artistas convidados, como os formidáveis jazzistas Phil Woods no sax alto, Art Farmer no flugelhorn, e Hubert Laws na flauta; além do próprio Antônio Carlos Jobim na guitarra base! Tião Neto no contrabaixo e Chico Souza na bateria. Sergio ao piano. É um disco breve, porém sumarento em conforto sonoro, beleza típica do gênero, para o privilégio de quem possa ter tempo livre e alma leve para apreciar com cerveja, whisky e tabaco, e quem sabe até a sorte de companhia aprazível – humana, canina ou felina. Na agulha:

Maria Moita
Sambinha Bossa Nova
Batida Diferente
Só Danco Samba
Pau Brazil
The Girl From Ipanema
Useless Panorama (Inútil Paisagem)
The Dreamer
Primavera de Carlos Lira
Consolação
Favela

O disco dura 38 minutos. A vida, pode durar anos, num processo no qual o passado se alarga a cada segundo e o futuro se encurta. Para os dispostos a fazer valer seu espaço sonoro tão transitório, realizar esta arqueologia sonora de aparentemente inúteis paisagens musicais vale muito a pena.

Dedico esta postagem ao amigo Fernando Ribeiro, o sujeito mais bossa nova que conheço – pelo mar, pelo violão, pelo jeito de cantar.

Abaixo, Indi descobrindo o busto da Garota de Ipanema.

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WellBach

PQP BACH, 18 ANOS – COLLOQVIVM PAVLISTANVM INTER VIKINGVM ET BASILIVM [Johann Sebastian Bach – Variações Goldberg – Víkingur Ólafsson]

PQP BACH, 18 ANOS – COLLOQVIVM PAVLISTANVM INTER VIKINGVM ET BASILIVM [Johann Sebastian Bach – Variações Goldberg – Víkingur Ólafsson]

Que os próximos dezoito anos possam ser tão delirantes quanto os primeiros – e que a maioridade penal lhe seja leve. Obrigado por tudo, PQP Bach!


COLLOQVIVM PAVLISTANUM (VERVM)
(homenagem a este outro colóquio, tão ficto quanto maravilhoso)

Cai o pano da noite sobre Babilônia. Todos quantos conseguiram sobreviver mais um dia à maior urbe do hemisfério buscam seus abrigos. Há exceções: boêmios e trabalhadores noturnos, noctívagos e morcegos, aqueles tantos que dormirão outra vez em desamparo, e este punhado de melômanos no átrio duma estação férrea desativada, transformada numa das mais soberbas salas de concerto do planeta. Nesta bolha acusticamente isolada e casseteticamente separada da cacofonia e desespero violentos do derredor, eles esperam.

Não é uma espera aflita: seus ouvidos experimentaram, por setenta e cinco minutos, a schopenhaueriana libertação do sofrimento da vida através da Arte, e agora encaravam aquele drama maior que há na Música, o do silêncio que se segue ao som. Algumas centenas de outros bípedes compartilharam esse deleite, mas Babilônia não faz reféns, e, sabedora disso, a turba ouvinte debandou rapidamente, intimidada pelo duríssimo entorno da gare, onde há brigas pelas sobras (e pelas sobras das sobras) e aqui e ali espocam cachimbos de metal. Restou só aquele punhado de conhecedores, imbuídos da certeza de que guardariam para sempre as memórias daquele exercício para teclado, composto por um certo Sebastião Ribeiro para refrescar seus espíritos, e vertido em seus ouvidos pelo mesmo cabra pelo qual esperavam. Ao redor deles, os olhos dos agentes de evacuação do edifício ebulem de impaciência, e entornam em frustração quase audível quando, por uma portinhola do átrio, surge um sujeito impossivelmente longilíneo: enfim, o tão aguardado cabra, astro internacional da Música, que – tinham certeza disso – nunca deixaria de vir atender seus fãs. A breve fila que se forma é fechada por outro cabra, um tipo atarracado, de roupas amarrotadas, cabelos em desordem e barba à Velho do Saco. Digo-lhes mais: ele sua em bicas, tem os sapatos decorados pelos pombos de Babilônia, e parece vir da galáxia mais diametralmente oposta à do astro, um irretocável cavalheiro de terno bem cortado, semblante de bebê e, assim parece, incapaz de suar.

Afora a inicial do nome, o sobrenome patronímico e a coincidência de morarem em ilhas, estes cabras têm em comum o amor por Sebastião Ribeiro e a disposição de viajar pelas Variações Goldberg. Um deles, o comprido, partiu de sua ilha natal para uma turnê de oitenta e oito recitais, tantos quantos as teclas de seu instrumento, a verter as Goldberg nos ouvidos mais sortudos do planeta; já o suabundo viajou de sua ilha adotiva especialmente para escutá-las em Babilônia. A fila andou, e agora apenas quatro fãs separam estes dois homens de seu breve colóquio. O primeiro é Víkingur Ólafsson; o outro, Vassily Genrikhovich.

Jovem de preto: Boa noite, Sr. Ólafsson. Muito obrigada pelo recital maravilhoso.
Víkingur Ólafsson: Boa noite, pode me chamar de Víkingur. Que bom que gostou!
JdP: Eu amei, Víkingur, muito obrigada. Comprei o CD logo que foi lançado. Eu o escutei muitas vezes, e ainda assim o recital superou minhas expectativas. Adorei a energia, a virtuosidade, e a capacidade que você tem de parecer um pianista diferente a cada variação – inclusive nas repetições.
VO: Obrigado, muito gentil. Essa capacidade tímbrica infinita do piano me fascina e me faz adorar ser pianista. Tenho muita sorte de ter um instrumento como esse para me expressar.
JdP: Algumas pessoas acham que não se deve tocar Bach ao piano…
VO: Eu tento entendê-las, mas então me lembro que Bach foi um explorador incansável dos teclados do seu tempo. Seu instrumento era o órgão, ele explorava seus registros, as combinações entre eles, os contrastes dinâmicos. Por isso, não é difícil para mim imaginar Bach servindo-se de todos os recursos do piano moderno para trazer ainda mais variedade a essas variações.
JdP: A propósito, amei seu bis de anteontem. Obrigada pela homenagem a Nelson Freire [Ólafsson tocara um incandescente concerto de Schumann nos três dias anteriores, e dedicara o bis de uma das récitas  – o Andante da Sonata no. 4 para órgão – à memória de Nelson].
VO: Eu adoro Nelson Freire. Sinto muito por ele e pelo que a perda dele significa para seu país. Seu álbum de música brasileira foi uma revelação para mim.
JdP: Você já tocou música brasileira?
VO: Sim, já estudei peças de Villa-Lobos enquanto estava na Juilliard. Nunca as toquei em público, mas cogitei incluir partes de “A Prole do Bebê” em meu álbum From Afar [em breve no PQP Bach].
JdP: Adoraria ouvir você tocar Villa-Lobos. Quem sabe quando voltar, em 2027? [Ólafsson despediu-se do público, após as Variações Goldberg, prometendo voltar em 2027]
VO: Eu espero que sim. É um compositor que merece ser tão conhecido quanto Bartók. Um orgulho para seu povo, verdadeiramente brilhante.
JdP: Mal posso esperar. Posso tirar uma foto com você?

[…]

Calvo cabeludo de sapatênis: Olá! Obrigado pelas Goldberg e também pelo Schumann ontem. Nunca vou esquecer deles. Pode me dar seu autógrafo?
VO: Olá, claro! [autografa o programa]
CCdS: Eu li que chamaram você de “Glenn Gould da Islândia”…
VO [rindo]: Muito lisonjeiro, mas injusto com Gould. Ele é inigualável. Mas sem dúvidas foi uma grande inspiração.
CCdS: Sua gravação das Goldberg parece uma óbvia homenagem a Gould.
VO: A gravação de 1955 é uma força que nenhum pianista deveria ignorar. Eu gastei o vinil de meu pai de tanto escutá-lo. Desde que comecei a estudar as Goldberg, vinte e cinco anos antes de gravá-las, tive a clareza e a energia de Glenn como um horizonte.
CCdS: No recital você as tocou de maneira muito diferente do álbum e ainda mais surpreendente.
VO: Muito obrigado. Eu tento aproveitar as peculiaridades da acústica de cada sala de concertos em que toco. Essa sala aqui é espetacular, e acho que não conseguiria tocar as Goldberg como toquei hoje em muitos outros lugares do mundo.
CCdS: Foi por causa da acústica que você decidiu tocar também com a orquestra?
VO: Sim, exatamente. Imagino que você tenha visto a entrevista [essa aqui]. A turnê das Goldberg demanda muito e fica difícil encontrar tempo e energia para ensaiar com orquestra. Escolhi só fazer exceções para duas salas de concerto de acústica extraordinária onde eu nunca tinha tocado antes [a outra foi a incrível Ópera de Sydney].

[…]

Senhora de cabelo rosa [muito emocionada]: Foi magnífico. Estou em estupor. Penso no que vou conseguir escutar depois desse seu recital das Goldberg.
VO: Muito obrigado. Por favor, não deixe de ouvir música por causa de mim…
SdCR: Certamente não deixarei. Tem alguma sugestão do que devo ouvir a seguir?
VO [sorrindo]: Tenho outros álbuns disponíveis.
SdCR: Hahaha, já ouvi todos. Quero ouvir você mais vezes, e também tocando com orquestras.
VO: Estou estudando os dois concertos de Brahms. Talvez você possa ir me ouvir tocá-los em algum lugar do mundo?
CCdS [rindo]: Gould também é seu modelo no concerto de Brahms?
VO [rindo também, e certamente também lembrando dessa infame gravação]: Nesses concertos meu modelo é Gilels – outro cujos vinis eu gastei de tanto escutar.

[…]

Tio de bigode [acompanhado de uma jovem que traduzia]: Boa noite! Muito obrigado pelo inesquecível recital. Gostaria, por favor, que autografasse as Goldbergs para mim [alcança a Ólafsson uma partitura da obra].
VO [autografando]: Boa noite! Espero não ter esquecido de nenhuma nota. O senhor conferiu se toquei todas?
TdB: As notas que você tocou são as que me importam!
VO [suspirando jocosamente de alívio]: Fico muito contente com que pense assim, senhor. Obrigado por vir!
TdB: Adoro suas gravações. Sou pianista e admiro muito sua atenção ao detalhe. Amo seus álbuns com as pequenas peças. Nas Goldberg, pela primeira vez, ouvi seu talento a serviço de uma obra mais longa. Fiquei muito impressionado.
VO: Muito obrigado.
TdB: O que vem a seguir?
VO: Estou estudando as últimas sonatas de Beethoven.
TdB: Pretende gravá-las?
VO: Quem sabe? Será um grande desafio.
TdB: Como fez Gould? [que gravou as três últimas sonatas de Beethoven logo após seu legendário álbum de estreia com as Goldberg]
VO [sorrindo]: Dizem que sou o Glenn Gould islandês…

[…]

Vassily Genrikhovich: Gott kvöld!
VO [contendo o bocejo]: Gott kvöld! Muito bom seu islandês!
VG: Obrigado, mas ele vai só até aqui.
VO: Seu islandês vai muito mais longe que meu português…
VG [sorrindo] Acho que iremos mais longe em inglês. Muito grato pelo recital. Nenhuma palavra pode descrever o que você me fez sentir hoje.
VO: Muito obrigado. Muito gentil de sua parte.
VG: É meio bobo dizer que palavras não podem descrever o que senti e ainda assim usar palavras para lhe falar isso. E sou o último fã da fila, você deve estar cansado, e a turnê não termina aqui. Só queria mesmo expressar o quão profundamente você me impressionou e agradecer muito pela generosidade de incluir meu país em seu roteiro pelo mundo. Não são todas as chamadas “turnês mundiais” que nos colocam em suas rotas.
VO: Este país é extraordinário, e a música dele, também. Pena que tenho tão pouco tempo aqui.
VG: Muito obrigado. Eu também acho isso. E sua música também é extraordinária. Viajei da minha cidade apenas para assistir suas apresentações.
VO: Isso me faz sentir muito especial! Sou especialmente grato aos ouvintes peregrinos – eu os chamo “meus turistas Goldberg”. Ouço muitas histórias bonitas de suas viagens e fico muito honrado com sua confiança no que tento lhes oferecer. Muito obrigado pela sua dedicação em comparecer!
VG: Sou um “turista Goldberg”? Isso me orgulha!
VO [sorrindo]: Sim, você é, e espero contar com sua presença em outras ocasiões.
VG: No que depender de mim, pode ter certeza. Quero ouvir você tocando as últimas sonatas de Beethoven, como falou ao cavalheiro antes de mim, e explorando novos repertórios.
VO: Há muita grande música a explorar, e tão pouco tempo para isso!
VG: … e eu não quero mais tomar o seu. Obrigado por tudo, pela gentileza conosco, pelas Goldberg, pelo Quodlibet.
VO [sorrindo]: Você gostou do Quodlibet?
VG: Eu adorei. Tanta gente o toca de uma maneira quadrada, constrita, como um coral para iniciantes. Você o transforma numa apoteose, numa reafirmação da energia das primeiras variações, depois da intensidade emocionante das variações em tonalidade menor.
VO: Fico feliz com que gostou! Eu penso que, depois das variações em menor, só um Quodlibet muito assertivo pode preparar o momento mágico que é a Aria da capo.
VG [pensando em perguntar por que Ólafsson escolheu iniciar a variação XVI com aquele curioso arpejo descendente, mas mudando de ideia]: Teria muito a lhe perguntar, mas você merece descansar. É a segunda vez que digo que você merece descansar. Só falta deixá-lo ir.
VO: Obrigado por vir ao recital. Encontro você novamente em algum lugar do mundo – ou aqui mesmo, em três anos.
VG: Você me daria a imensa honra de tirar uma foto comigo?
VO: Com muito prazer!
VG [à jovem de preto]: Moça, faria a gentileza?

“Claro!”

VG: Boa continuação da turnê, que seus caminhos sejam felizes – e bom descanso. Eu também tenho sinestesia e imagino a sua saturação sensorial depois de cada recital.
VO [interessado]: Você também tem sinestesia?
VG: Sim – e também prometi deixá-lo ir.

Os dois se cumprimentam e, entre acenos aos poucos presentes, o suave astro some pela mesma portinhola da qual surgira. O esquadrão de evacuação predial, já nos estrebuchos da impaciência, fecha barulhentamente as penúltimas portas. A última delas vê enfim sair o teimoso punhado de melômanos, incluindo aquele rapaz de sapatos adornados por pombos, que toma o rumo do metrô a saborear o retrogosto do tanto que acabara de viver.

Enquanto compartilhava com os amigos a foto que tirara com Ólafsson, lembrou-se do blogue de que era colaborador – sim, vocês adivinharam qual – e imaginou o jovem Víkingur em seus tempos de Juilliard, aquele comprido fiapo de gente, tão cheio de planos quanto vazio de bolsos, que parava em longas filas, como declarou em entrevistas, para conseguir as xepas dos ingressos para concertos, e se perguntou se aquele Ólafsson-mirim, sedento por mais Villa-Lobos, não teria porventura navegado do PC de sua república pela cyberesfera, e se em suas expedições por ela chegado ao mesmo lugar de que ora escrevo a vós outros, para então bradar, como outros tantos antes dele:

– Who in hell is PQP Bach and why the heck are all Villa-Lobos links dead?

Se alguém encontrar o moço antes de nós, pedimos a gentileza de lhe explicar.


Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Ária e variações para teclado, BWV 988, “Variações Goldberg” 
[Exercício de teclado / composto / por uma ÁRIA / com diversas variações / para cravo / com dois manuais. / Composta para conhecedores / para refrescar os seus espíritos, por /Johann Sebastian Bach / compositor da Corte Real da Polônia e da Corte Eleitoral da Saxônia / Kapellmeister e Diretor de/ Música Coral em Leipzig. / Nuremberg, Balthasar Schmid, editor / 1741]

1 – Aria
2 – Variatio 1. a 1 Clav.
3 – Variatio 2. a 1 Clav.
4 – Variatio 3. Canone All’Unisuono a 1 Clav.
5 – Variatio 4. a 1 Clav.
6 – Variatio 5. a 1 Ovvero 2 Clav.
7 – Variatio 6. Canone alla Seconda a 1 Clav.
8 – Variatio 7. a 1 Ovvero 2 Clav.
9 – Variatio 8. a 2 Clav.
10 – Variatio 9. Canone alla Terza. a 1 Clav.
11 – Variatio 10. Fughetta a 1 Clav.
12 – Variatio 11. a 2 Clav.
13 – Variatio 12. Canone alla Quarta
14 – Variatio 13. a 2 Clav.
15 – Variatio 14. a 2 Clav.
16 – Variatio 15. Canone alla Quinta a 1 Clav. Andante
17 – Variatio 16. Ouverture a 1 Clav.
18 – Variatio 17. a 2 Clav.
19 – Variatio 18. Canone alla Sexta a 1 Clav.
20 – Variatio 19. a 1 Clav.
21 – Variatio 20. a 2 Clav.
22 – Variatio 21. Canone alla Settima a 1 Clav.
23 – Variatio 22. a 1 Clav. Alla Breve
24 – Variatio 23. a 2 Clav.
25 – Variatio 24. Canone all’Ottava a 1 Clav.
26 – Variatio 25. a 2 Clav.
27 – Variatio 26. a 2 Clav.
28 – Variatio 27. Canone alla Nona a 2 Clav.
39 – Variatio 28. a 2 Clav.
30 – Variatio 29. A 1 Ovvero 2 Clav.
31 – Variatio 30. Quodlibet a 1 Clav.
32 – Aria da Capo

Víkingur Ólafsson, piano

Gravado na Sala Norðurljós da Sala de Concertos Harpa em Reykjavík, Islândia, de 7 a 12 de abril de 2023.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

“1 ano, 88 concertos. Eu desfrutei cada um deles! Alguns vieram a um concerto, outros a cinco, outros até a dez! Eu amo meu público – e ninguém mais que meus turistas Goldberg” ❤️ 

Vassily

 

 

O PQP Bach alcança a maioridade

O PQP Bach alcança a maioridade

É inacreditável que o melhor blog do mundo já esteja completando 18 anos. Faltam apenas 9 posts para o PQPBach alcançar os 8000! Hoje, somos uns 10 tarados por música — alguns não se conhecem pessoalmente — que formam o time de postadores e o mais interessante dos grupos de WhatsApp do Hemisfério Sul.

Quando fundei o PQP, não somente queria polinizar beleza entre os amigos, mas tinha um alvo, um inimigo. Eu achava que a música erudita era algo tão criativo que não merecia os textos sisudos e quase vazios dos encartes dos CDs e LPs, sempre escritos por doutores muito ciosos de suas posições acadêmicas. Hoje, eles se servem da gente…

Mas, atualmente, com nossa fama, tudo mudou e o que nos move é a admiração das pessoas. Um em Porto Alegre, outro em Vitória, São Paulo, Niterói ou Floripa, somos perseguidos na rua por pessoas que babam por todo o tipo de gravações. Algumas coisas que nos pedem nem existem… Então, somos obrigados a consolá-los. Tão chato ser gostoso!

Parabéns à equipe PQP!

Abaixo, duas fotos: a primeira de como você acha que somos, a segunda é mais realista.

Escolhi alguns comentários…

Meu caro PQP

Fosse eu um ilustrado escritor e teria forma de expressar toda a gratidão e reconhecimento pelo seu trabalho em prol, não só da cultura musical de todos nós, mas também do meu melómano prazer, mania até!

Sendo apenas um “irmão” de pátria-lingua deixo aqui o meu esforçado testemunho de tudo o que referi.

Aqui em Angola, infelizmente, ainda não chegou a vez da Cultura, a cultura (de semear) as mentes e as Almas. Ainda estamos no materialismo básico da escola, do hospital, da estrada, do matar a fome, do tirar da miséria. O materialismo impulsivo da compra ainda não está disponível (Bem Haja!). Por isso fica minha consciência aliviada por me ter tornado, com sua preciosa colaboração, num pirata culto-cibernético…

No entanto, sempre que posso e me encontro em frente aquelas deslumbrantes estantes dos livros e dos CD’s do chamado Mundo Desenvolvido – uma das ultimas a magnifica “biblioteca de Alexandria” da Leitura em São Paulo – babo-me de deleite e prazer e contribuo para os criadores comprando livros e cd’s.

Meu caro Amigo – Amigo, pois faz muito mais por mim do que muitos dos que se intitulam “amigos” – no que de mim depender terá o seu lugar assegurado no Nirvana, no Paraíso ou em qualquer outro Refugio Final que for do seu agrado ou conveniência. Serei sua testemunha abonatória… E mais não lhe consigo dizer.

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Estou saindo de casa agora para tomar meu vôo para Praga, mas antes decidi responder o seu email. Eu fiquei muito contente com a sua mensagem, eu te acho um cara fascinante e ultimamente tenho frequentado mais o PQP para ler as resenhas do que para baixar música. Isto sim é revigorante!

Ah, caro PQP, eu te agradeço por muita coisa! Talvez como criador do blog você diminua a importância que ele tem para seus leitores. Isso seria normal. Mas acredite no que eu e todos os outros te falamos! Não é pelos downloads, não mesmo!

Eu, como já te disse, estudo composição e regência. Pretendo, assim que me estabelecer no Velho Mundo, criar um website com algumas partituras e mp3 de músicas minhas e, se isso realmente sair do papel, eu gostaria muitíssimo que você pudesse ouvir algo. Ando um tanto sem motivação para mostrar minhas músicas por aí, o último concerto com obras minhas foi um fiasco por parte dos executantes nervosos e da platéia desinteressada… mas a vida continua. Acredito que por lá encontrarei instrumentistas mais interessados, pelo menos assim espero.
E muito obrigado também pela doce imagem da pequena garota (A FILHA DE PQP BACH) dançando uma valsinha que sempre me aparece quando ouço o último movimento do Op.132 do grande Ludwig. Sempre penso nisso sorrindo muito.

Um grande abraço! Mantenha contato.

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Caro (a) mantenedor (a) do PQP Bach

Abaixo vai meu agradecimento por manter esse blog. Agradecimento em forma da história da música em minha vida.

Estimulado a ler, me lembro de ir, ainda garotinho, década de 70, ir com minha mãe à livraria comprar um livrinho de “estória”, eu lia tudo que aparecia: mesmo que não entendesse o que significava, ainda assim eu lia; com uns 6 ou 7 anos eu me lembro de ler os cadernos do meu tio que estava no “ginásio”, em particular lembro-me de ter lido um trabalho sobre “fósseis”, a ilustração era feita à mão livre usando canetas BIC nas cores azul, vermelho e verde.

A música tinha reprodução difícil e só havia LP’s com custo alto e eu não tinha acesso livre a eles. Ganhei um toca-discos verde, portátil, da Sonata, com alguns disquinhos coloridos de “estória” infantil, mas eu queria escutar aqueles discos pretos que não me deixavam colocar as mãos; aqueles eram discos de MPB de época, Fado e congêneres, hoje sei que de “clássicos” nada havia. E assim a música ficou meio que latente, suprimida mesmo, em mim.

Não sei onde escutei, imagino que na televisão, uma música “mágica”, que me encantou de um jeito que seus acordes não me saiam da cabeça. Lembro de cantarolar o um pequeno trecho dessa música linda, em uma língua da qual nada entendia, e dela não sabia nem o nome. Essa música era tão intensa, rica em sons que expandiam em minha mente, eu me sentia tão bem quando lembrava dela, e eu tinha sede de escutá-la novamente: recordo-me de ter cantarolado para algumas pessoas o único trechinho que eu sabia, na esperança de alguém me dizer o nome, mas não tive êxito. A única palavra mais clara que “saia” no cantarolar era “Aleluia”, e pelo ritmo, ninguém soube me dizer. Nessa época eu tinha entre 7 e 8 anos pois recordo-me de ter feito a Primeira Comunhão sem dela nada saber. Cheguei a perguntar à professora de Catecismo, mas ela disse não saber do eu falava. Se a palavra central era “Aleluia” imaginei que alguém na Igreja me diria que de se tratava, mas os esforços foram em vão. Na época já havia fitas K7, mas eu não tinha nem toca fitas em casa.

Quando eu tinha 12 anos de idade, era 1985, assisti na TV um filme chamado “O enigma da Pirâmide” e, em uma certa cena do filme, uma música “toucou” e eu fiquei abalado. O que era aquilo? Que música era aquela que jamais houvera escutado, mas que me causava tanta emoção?! Ninguém soube me dizer nada sobre aquele som.

Tudo que eu sabia daquelas duas músicas era que provavelmente aquilo era “música clássica” e nada mais, até que em 1995 a revista Caras lançou uma coletânea de música clássica em CD’s, e eu mesmo sem ter um “toca CD’s” comprava as revistas só pra poder conseguir os CD’s onde poderia estar o que eu tanto procurava. Quando um bom tempo depois comprei um aparelho para escutar os CD’s, finalmente descobri qual era aquela primeira música que me encantou, era o Coro de Aleluia, do Messias, de Handel. Chorei como uma criança ao escutar aquela música que houvera habitado em minha lembrança por tantos anos. Escutei aquilo por dezenas de vezes. Descobri que havia sutis diferenças na mesma peça se tocada por diferentes orquestras; é que “Aleluia” veio gravada nos CD’s 2 e 8 da coletânea Caras: sob a direção de Von Cammus pela Orquestra da Rádio de Berlim e pela orquestra de Praga, por Randell Gork-Choken.

Reconheci algumas outras coisas das quais não sabia o nome como a “Privavera” de Vivaldi, “Danúbio Azul” de Strauss, “chegada dos convidados” e “Cavalgada das Valquírias” de Wagner e a “Dança Germânica op33” de Schubert, entre outras coisas. Só tempos depois fui me dando conta que eu “re”conhecia aqueles sons por eu, em busca das canções da infância, ter passado a prestar atenção em trilhas sonoras de filmes e tudo mais que aparecia na TV, única fonte de informação na época. Em 1999 uma loja de CD’s, do interior de MG onde morava, fez uma “banca de ofertas” daquilo que estava “encalhado” e eu comprei da Deutsche Grammophon um CD do Ravel com seu fabuloso “Bolero”.

Mas, só em 2001 quando tive acesso à internet, eu consegui descobrir a segunda música da infância; aquela do filme “o enigma da pirâmide”, e aquela música mágica era parte de uma obra maior que me inebriou e que tornou-se um “amor”. A música do filme era um trecho de “O fortuna” de Carmina Burana, do Orff. Procurei a história da obra e descobri que a origem dessa obra de Orff eram os manuscritos medievais: e, quando conheci as músicas antigas e medievais eu me apaixonei de modo febril e crônico e, desde então, não parei mais de baixar músicas. E, quando em 2004 consegui entrar pra universidade, o conhecimento de história, sociologia e tudo mais adquirido de modo intuitivo na internet foi tomando forma através de um estudo mais sistematizado me abriu definitivamente os sentidos para uma face do mundo que eu só imaginava existir.

Escrevi esse relato como uma forma de dizer que a pessoa que mantém esse blog presta um grande serviço à humanidade e aos “espíritos” que nela habitam na forma de pessoas que, apesar de não terem tido esse conhecimento posto em seu processo educacional, ainda assim, têm a chance de conhecer obras fabulosas como as aqui postadas.

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Alguma semelhança comigo. Aos nove, fuçando os discos antigos da minha mãe, acabei tocando a mesma música que aparecia sempre em um desenho animado. O disco era de uma coleção, não tinha capa e não li o rótulo. Quando quis ouvir de novo, acabei tocando outros discos da coleção e gostando de mais coisas. E foi assim que me apaixonei.

A música era Les Sylphides, arranjo orquestral para três valsas reunidas de Chopin. O desenho era a série Silly Symphonies. E, no caminho, acabei ouvindo Finlândia, Abertura Páscoa Russa e Suíte Peer Gynt I. Toda criança de nove anos deveria passar por epifanias assim.

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Carta de Reconhecimento Eterno

Caríssimo PQP,

faz muito tempo que acompanho o seu blog desde Portugal. Descobri-o através de um amigo que me falou nele pouco tempo depois de ter iniciado. Havia acabado a universidade. À época, eu próprio tinha um blog de partilha de música, mas não com a dimensão pantagruélica do PQP. Escrevo porque queria expressar o meu agradecimento pelo vosso trabalho. Há quase dez anos, senão mais, já não sei, que tenho o ritual diário de ir ao PQP. Os excelentes textos que acompanham a música são sempre rastilho e combustível para o dia. Já me surpreendi rindo alto lendo alguns deles. Enfim, todo o dia me é oferecido algo, sem pedir nada, apenas que desfrute ou deixe comentário. Devo reconhecer que não sou um prolífico comentador, e por isso me penitencio. Mas meu agradecimento é eterno e gostaria que fosse concreto, e nessa medida pagarei com amor o amor que o PQP me devotou. Assim, envio uma obra de que gosto muito, a Tafelmusik do Telemann, numa caixa de 4cd da Brilliant Classics. Confesso que não sei em pormenor a história da gravação desta obra. Não faço ideia do valor desta versão, se é pior ou melhor do que outras. Sei que foi a primeira que adquiri, pelo valor baixo da compra, mas igualmente porque me apercebi do próprio valor da Brilliant Classics. Neste particular, deixo pois para vocês o texto final.

Acabo dizendo a todos que foram, e têm sido importantes na minha educação musical, e por isso vos agradeço lamentando ser incapaz de vos corresponder a essa eterna dádiva. Terão de se contentar com o meu igualmente eterno agradecimento… e uns cds do Telemann.

Abraço de Portugal

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Trecho de matéria no El Clarín:

Pero si, por ejemplo, hacemos una parada en el blog brasilero PQP Bach y cliqueamos sobre los datos del autor, encontraremos la siguiente reseña: “Como decía Tolstoi, las familias son infelices cada una a su manera. La de Johann Sebastian Bach fue feliz hasta el nacimiento del malhadado vigésimo primer hijo, Peter Qualvoll Publizieren Bach. Wilhelm Friedmann, Johann Christian y Carl Philipp Emanuel detestaban a su hermano, quien fue despreciado por el padre y al que no se le enseñó nada útil. Por lo tanto se dedicó a la actividad de desparramar belleza por la blogosfera.” El sitio es mantenido a medias por Clara Schumann, de la que se desconoce si es o no la verdadera. Otro tanto ocurre con el blog de Pituco quien cuenta anécdotas tan inverosímiles como maravillosas de su relación con músicos famosos, que van del Flaco Spinetta a Bob Dylan. La red da, para bien y para mal, una sensación de impunidad que permite experimentar por fuera de las reglas de juego y muy de tanto en tanto acertar con alguna invención.

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Espero que a algún bloguero argentino se le ocurra hacer un homenaje a Ástor tan bueno como el de ustedes.

Un abrazo emocionado,

Juliowolfgang desde Buenos Aires (a diez cuadras del Abasto, donde vivió Gardel).

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Acompanho o PQP desde 2009, quando me mudei para a Alemanha. A qualidade dos textos, dosada com inteligência, ironia e bom humor, é sempre um caso à parte. Quanto às músicas, foram tantas polinizações que acabei me tornando mais belo.

PQP

F. Mendelssohn (1809-1847): Violin Concerto | Octet | Songs (Daniel Hope, Chamber Orchestra Of Europe, Thomas Hengelbrock)

F. Mendelssohn (1809-1847): Violin Concerto | Octet | Songs (Daniel Hope, Chamber Orchestra Of Europe, Thomas Hengelbrock)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Daniel Hope tem a habilidade camaleônica de transformar seu estilo a fim de se adequar a cada nova obra. Muitas vezes ele se torna revelador, como em seu Shostakovich, outras vezes apresenta um duvidoso toque intervencionista, como em seus concertos de Bach. Mas nunca é maçante. Sua versão para o Concerto de Mendelssohn — seu primeiro lançamento na DG — é revigorante. A versão de 1844, que Hope apresenta aqui, foi o resultado de uma gestação de sete anos, com o compositor fazendo ainda mais alterações em 1845 para criar a edição que conhecemos hoje. Esta é uma gravação muito colaborativa. O violino não é indevidamente destacado e a execução orquestral é quente, com sopros envolventes, tímpano sutil, todos vitais. O Octeto está em um nível igualmente elevado, com Hope sendo o guia de seus colegas da COE. De fato, é a ênfase em mostrar o funcionamento interno que torna esta performance tão esclarecedora. Uma joia.

F. Mendelssohn (1809-1847): Violin Concerto | Octet | Songs (Daniel Hope, Chamber Orchestra Of Europe, Thomas Hengelbrock)

Concerto For Violin And Orchestra In E Minor, Op. 64 = Konzert Für Violine Und Orchester E-moll = Concerto Pour Violon Et Orchestre En Mi Mineur (Original 1844 Version • World-Premiere Recording)
Conductor – Thomas Hengelbrock
Orchestra – Chamber Orchestra Of Europe*
Violin – Daniel Hope
(25:57)
1 Allegro Con Fuoco – 11:43
2 Andante – Allegretto Non Troppo 8:31
3 Allegro Molto Vivace 5:43

Octet For Strings In E Flat Major, Op. 20 = Streichoktett Es-dur = Octuor À Cordes En Mi Bémol Majeur (Critically Revised Edition 1832 • World-Premiere Recording)
Cello [Cello 1] – William Conway
Cello [Cello 2] – Kate Gould
Orchestra – Soloists Of The Chamber Orchestra Of Europe*
Viola [Viola 1] – Pascal Siffert
Viola [Viola 2] – Stewart Eaton
Violin [Violin 1] – Daniel Hope
Violin [Violin 2] – Lucy Gould
Violin [Violin 3] – Sophie Besançon*
Violin [Violin 4] – Christian Eisenberger
(30:54)
4 1. Allegro Moderato Ma Con Fuoco 13:49
5 2. Andante 6:56
6 3. Scherzo: Allegro Leggierissimo 4:19
7 4. Presto 5:50

3 Lieder (Arr. For Violin And Piano)
Piano – Sebastian Knauer
Violin – Daniel Hope
8 Hexenlied Op. 8, No. 8 = Witches’ Song = Chant Des Sorcières 2:12
9 Suleika Op. 34, No. 4 2:45
10 Auf Flügeln Des Gesanges Op. 34, No. 2 = On Wings Of Song = Sur Les Ailes Du Chant 2:52

Daniel Hope, violin
Chamber Orchestra Of Europe
Thomas Hengelbrock

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Mendelssohn sem pente.

PQP

Anton Webern (1883 – 1945): Peças para Orquestra – Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan ֍

Anton Webern (1883 – 1945): Peças para Orquestra – Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan ֍

WEBERN

Passacaglia –  5 Movimentos, op. 5

6 Peças, op. 6 – Sinfonia op. 21

Berliner Philharmoniker & Herbert von Karajan

A notícia que mais me chamou a atenção hoje foi a do lançamento pela NASA da Europa Clipper, em direção ao planeta Júpiter, para a exploração de uma de suas enormes luas. Eu fiquei curioso para saber qual seria a música de bordo, música de outro planeta. Fiz essa associação com a música de Schoenberg – seu segundo quarteto, no qual uma soprano se junta aos músicos e canta o verso “Ich fühle Luft von anderem Planeten” (“Sinto o ar de outro planeta”). Decidi ouvir então mais uma vez o disco desta postagem, com peças de Anton Webern, aluno de Schoenberg, assim como Alban Berg. Essas peças fazem parte de uma gravação de peças do triunvirato, feita em 1973 e início de 1974. As obras foram reunidas em 4 LPs e foram posteriormente arranjadas em 3 CDs, dos quais esse é o terceiro. Eu gosto desse disco, mas fui conquistado aos poucos, confesso. Primeiro a Passacaglia, que Anton era bem consciente da importância dos mestres que lhes antecederam. Brahms com o quarto movimento de sua Quarta Sinfonia e Bach, com sua enorme Passacaglia para órgão. Lembre-se que Webern orquestrou partes da Arte da Fuga. Depois me conquistaram as intensas peças curtas, que surgiram na versão para quarteto de cordas, mas aqui estão em uma versão para orquestras de cordas, e que cordas, senão as da BP. As mais curtas peças escritas originalmente para orquestra e a Sinfonia op. 21 ainda estão aplicando seus feitiços em mim, mas já estou quase me rendendo. Enfim, esse é o tipo de música que me faz pensar em outro planeta.

HvK no local da gravação

Eu acho impressionante considerar que na década de 1970, Karajan dispunha da melhor (talvez) orquestra deste planeta, com milhares e milhares de ávidos (e conservadores) consumidores de seus discos, dispusesse de tempo para gravar essa música, que certamente interessava a uma pequena parte desse público. Seria por orgulho, de mostrar que ele e ‘sua’ orquestra poderiam interpretar qualquer tipo de música, produzir os mais ousados sons, estranhíssimas harmonias ou mesmo as mais inquietantes dissonâncias? Pelo que eu percebi, o selo amarelo se recusou a pagar pela gravação e Herbert von Karajan botou dinheiro de seu bolso. Pois é… mas, agora é com você, veja lá o que acha do disco, depois me conte.

Anton Webern (1883 – 1945)

Passacaglia Für Orchester Op. 1

  1. Passacaglia

Fünf Sätze Op. 5 (Fassung Für String Orchestra)

  1. Heftig Bewegt
  2. Sehr Langsam
  3. Sehr Labhaft
  4. Sehr Langsam
  5. In Zarter Bewegung

Sechs Stücke Für Orchester Op. 6 (Fassung Von 1928)

  1. Langsam
  2. Bewegt
  3. Mäßig
  4. Sehr Mäßig
  5. Sehr Langsam
  6. Langsam

Symphonie Op. 21

  1. Ruhig Schreitend
  2. Variationen. Sehr Ruhig

Berliner Philharmoniker

Herbert von Karajan

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 106 MB

Se quer bem feito, faça você mesmo… HvK

A seguir, alguns trechos de críticas bem conhecidas, traduzidas pelo Chat PQP:

Karajan reportedly felt so strongly about his recordings of the Second Viennese School that he agreed to finance them himself when DG balked at picking up the tab. These are great performances, to be sure. […] The Berg pieces never have sounded so decadently beautiful, nor the Webern so passionately intense, or the Schoenberg so, well, just plain listenable. Karajan se sentia tão confiante sobre as suas gravações da Segunda Escola Vienense que concordou em financiá-las quando DG se recusou a pagar a conta. Essas são ótimas performances, com certeza. […] As peças de Berg nunca soaram tão decadentemente belas, nem o Webern tão apaixonadamente intenso, ou o Schoenberg tão, bem, digamos, simplesmente audível.

The Berlin Philharmonic strings make their usual luscious sounds, but here the winds, brass, and even percussion rise to the occasion as well. As cordas da Filarmônica de Berlim fazem seus usuais deliciosos sons, mas aqui os sopros, metais e até percussão também estão à altura da ocasião.

In Webern’s Passacaglia the orchestral timbres are brightly lit and fully fleshed out–from the hushed solo flute in the beginning to the snarling brass at the climax. The original set also included the best-ever performance of Webern’s Six Pieces for Orchestra. Even if you are not new to this music, and especially if you are, this is a must-have. Na Passacaglia de Webern, os timbres orquestrais estão bem iluminados e totalmente desenvolvidos – desde a flauta solo silenciosa no início até os metais rosnando no clímax. O conjunto original também incluiu a melhor performance de todos os tempos das Seis Peças para Orquestra de Webern. Mesmo que você não seja novo nessa música, e especialmente se for, este disco é obrigatório.

Aproveite!

René Denon

Antes que você mencione, aqui está o Selo RD de Jurassiquidade….

F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

Um excelente CD. Com raro talento, Höbarth, Cohen e Coin gravaram todos os Trios de Haydn para a Harmonia Mundi e, quando começa o Presto do Trio Nº 43, a gente já sabe que está na companhia de um gênio. Estes são os últimos três trios do compositor, escritos em Londres em meados da década de 1790 para uma pianista chamada Theresa Jansen-Bartolozzi. São entre as peças mais peculiares que ele já escreveu. Ouça as mudanças rítmicas do citado Presto, por exemplo. Haydn cria uma sequência selvagem de acentos mutáveis ​​que o aproxima do território de Bartók. Ou o primeiro movimento do Trio No. 44, uma série bizarra de recomeços que leva a manipulação de Haydn para a forma sonata a um reino totalmente novo. A lista continua. Essas são peças essenciais para o amante de Haydn, e o trio de instrumentos originais do pianista Patrick Cohen, do violinista Erich Höbarth e do violoncelista Christophe Coin as traz com a qualidade discreta certa e o som do tamanho de uma sala que esses trios exigem. O equilíbrio entre os três instrumentos é especialmente bom. O uso de um pianoforte na música de câmara clássica elimina a necessidade de os instrumentistas de cordas se esforçarem para produzir um som mais alto, e as relações entre eles têm um efeito relaxante e surpreendente. Dá-lhe!

F. J. Haydn (1732-1809): Trios Nº 43, 44 e 45 (Höbarth, Cohen, Coin)

Trio N°43 En Ut Majeur/C Major/C-dur (Hob.XV:27)
1 Allegro
2 Andante
3 Presto

Trio N°44 En Mi Majeur/e Minor/e-dur (Hob.Xv:28)
4 Allegro Moderato
5 Allegretto
6 Finale. Allegro

Trio N°45 En Mi Bémol Majeur/E Flat Major/Es-dur (Hob.Xv:29)
7 Poco Allegretto
8 Andantino Ed Innocentemente
9 Finale. Presto Assai

Cello – Christophe Coin
Piano – Patrick Cohen
Violin – Erich Höbarth

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Você sabia que há dois crânios no túmulo de Haydn? Se quer saber mais detalhes, vá estudar.

PQP