Dino Saluzzi é um veterano compositor e músico argentino. Nasceu em 1935 e tem atualmente 80 anos. Dino toca bandoneón desde sua infância. É um tangueiro muito lírico, talvez em excesso. Bom compositor, quase erudito, ele infelizmente não tem a dureza de Piazzolla. Durante grande parte da sua juventude, Saluzzi viveu em Buenos Aires, tocando com a orquestra Rádio El Mundo. Vivia daquilo, mas às vezes fugia para tocar com pequenos conjuntos mais voltados para o jazz. Foi desenvolvendo um estilo cada vez mais pessoal que acabou por deixá-lo como um vanguardista em seu país. É hoje uma das estrelas da ECM. Tudo começou com Charlie Haden, Palle Mikkelborg and Pierre Favre em Once Upon A Time … Far Away In The South, e depois com Enrico Rava em Volver. Compreende-se, Rava trabalhou muito na Argentina e Haden sempre adorou a América Latina. O resgate para a turma de Eicher foi natural. Atualmente tem um duo com Anja Lechner, que está presentíssima neste El Encuentro. É um bom disco.
Dino Saluzzi – El Encuentro
1 Vals de los dias for bandoneon, violoncello and string orchestra 15:29
2 Plegaria Andina for bandoneon, violoncello, saxophone and string orchestra 17:14
3 El Encuentro for bandoneon, violoncello and string orchestra 21:44
4 Miserere for bandoneon and string orchestra 14:31
Grande CD duplo com os três quartetos do polonês Górecki. Eu prefiro os dois primeiros, mas jamais jogaria fora o terceiro. O Kronos Quartet encomendou as obras e as estreou. O que talvez jamais imaginasse é que, poucos anos depois, viria um Royal String Quartet, da Polônia — bem, o fato de serem poloneses não chega a ser surpreendente — e faria gravações bem melhores das obras. Bem, acontece, a gente bota as coisas no mundo e perde o controle sobre elas. A música de Górecki é algo extraordinário neste CD que recebi com o maior entusiasmo. Parabéns à Hyperion inglesa por nos trazer tais obras-primas. O Arioso do Quarteto Nº 2 é de chorar de tão lindo!
Henryk Górecki (1933-2010): Os Três Quartetos de Cordas (Royal String Quartet)
Disc: 1
1-1 Already It Is Dusk (String Quartet No 1) Op 62 (15:43)
Quasi Una Fantasia (String Quartet No 2) Op 64 (33:02)
1-2 Largo Sostenuto – Mesto 7:49
1-3 Deciso – Energico Marcatissimo Sempre 6:57
1-4 Arioso: Adagio Cantabile Ma Molto Espressivo E Molto Appassionato 8:00
1-5 Allegro Sempre Con Grande Passione E Molto Marcato 10:16
Disc: 2
… Songs Are Sung (String Quartet No 3) Op 67 (55:54)
2-1 Adagio – Molto Andante – Cantabile 11:11
2-2 Largo Cantabile 12:55
2-3 Allegro Sempre Ben Marcato 4:51
2-4 Deciso – Espressivo Ma Ben Tenuto 12:24
2-5 Largo – Tranquillo 14:31
Este arquivo é uma imagem de um LP soviético da grande Lubov Timofeyeva. Isto é, é uma longa faixa mp3 com o disco completo. Vale a pena baixar, sim. É uma excelente e muito elegante pianista que valoriza as belas e nada complexas sonatas do mestre Haydn. Eu? Gosto muito. As sonatas para piano de Haydn são um universo de invenção e humor. São a “oficina do gênio” onde Haydn, com irreverência e inteligência, explorou com liberdade as formas que definiriam o classicismo. Mais do que exercícios de forma, são diálogos musicais cheios de surpresa, onde a solenidade convive com o gracejo e uma profunda humanidade. Brendel rende ainda mais neste repertório, é muito mais manhoso, marrento e sutil. À Timofeyeva talvez falte algum bordel, mas mesmo assim ela desempenha maravilhosamente. Experimente!
J. Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano (Timofeyeva)
Piano Sonata in G major Hob.XVI No.8 (No.1)
1. Allegro 2. Menuet 3. Andante 4. Allegro
Piano Sonata in C major Hob.XVI No.7 (No.2)
1. Allegro moderato 2. Menuet 3. Finale (Allegro)
Piano Sonata in F major Hob.XVI No.9 (No.3)
1. Allegro 2. Menuet 3. Scherzo (Allegro)
Piano Sonata in G major Hob.XVI G 1 (No.4)
1. Allegro 2. Menuetto 3. Finale (Presto)
Piano Sonata in G major Hob.XVI No.11 (No.5)
1. Presto 2. Andante 3. Menuet
Piano Sonata in C major Hob.XVI No.10 (No.6)
1. Moderato 2. Menuet 3. Finale (Presto)
Piano Sonata in D major Hob.XVII D 1 (No.7)
1. Moderato 2. Menuet 3. Finale (Allegro)
Não vou fazer um post longo a respeito do Copland, meu compositor estadunidense predileto, porque estou me programando pra ir pra Brasília, ver como estão as coisas na filial do Café do Rato Preto. Costumo dizer a meus amigos que Copland é o Villa-Lobos dos States, referindo-me à representatividade nacional de ambos em nível mundial, mas no contexto da história da música estadunidense Copland está mais para um Guerra-Peixe, enquanto o Villa de lá seria Charles Ives.
Ives foi autodidata, conhecia a música de diversos rincões do país em que viveu, internalizou-a de forma difusa e a amalgamou com os estilos em voga na Europa – pra não citar outros pontos semelhantes com o Villa. Copland tinha uma linguagem mais árida no início, atonal, mas se voltou às raízes da música popular e folclórica dos States e do Caribe e clareou as cores instrumentais que usava, do mesmo jeito que Guerra-Peixe abandonou o dodecafonismo e abraçou o nacionalismo no final dos anos 40.
Copland estudou com a magnética e sapiente madame Nadia Boulanger de 1918 a 1921 e virou amigo dela pro resto da vida. Os registros que ele deixou da amizade epistolar entre ambos estão guardados na Biblioteca do Congresso Americano e disponíveis na Internet. Tive a oportunidade de vê-la passando pela rua diversas vezes indo pro famoso La Coupole, antes de eu comprar o Little Black Mouse Café, em 1945. Então ela virou minha habitué, pois eu providenciava café brasileiro autêntico e uma iguaria bem doce, mas dura que só vendo, chamada rapadura.
Boulanger, ao experimentar pela primeira vez a rapadura iguatuense que ofereci, encantou-se não só pelo sabor mas “pela personalidade do alimento”, segundo ela: “É igual à minha: doce, mas de uma doçura que demora a se extinguir, diferente de um chocolate, porque antes de tudo é firme”. Nadia tava quase com 58 anos quando virou minha cliente, mas eu, como muitos dos alunos dela, era apaixonado por aquela figura magra, intelectual e vibrante. A misoginia de Nadia (cogita-se que ela tenha morrido celibatária) foi empecilho para a aproximação afetiva que tantos sonharam.
Vamos aos CDs. Segue pra vocês um álbum duplo com tudo o de melhor da música sinfônica de Copland. Essa é a mais essencial coletânea que vocês podem encontrar dele. Três orquestras, três maestros, nenhuma ressalva. Tenho interpretações mais brilhantes da Primavera apalache, da Fanfarra para o homem comum e de O Salão México, mas estas são igualmente muito boas.
Constam ainda os balés Billy the Kid e Rodeo, os Três quadros sinfônicos (única obra pouco inspirada nessa lista), a suíte da trilha sonora de The red pony (filme adaptado do romance de Steinbeck) e o contagiante Danzón cubano, de muito mais appeal que O Salão México e pelo qual vocês devem começar a ouvir os CDS. Por sinal, lá pelos anos 50 adquiri o Salão México – onde Carlos Chávez insistentemente me oferecia tequila, ainda que eu dissesse que nem de cachaça gosto – e o transformei em mais uma franquia do Café do Rato Preto.
Não há o que explicar sobre as obras. Escutem-nas sem medo de gostar demais delas. Depois vocês procuram saber dos detalhes.
CD 1
1. Danzón Cubano – Eduardo Mata/Dallas Symphony Orchestra
2. Copland: Billy The Kid: The Open Prairie – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
3. Copland: Billy The Kid: Street In A Frontier Town – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
4. Copland: Billy The Kid: Mexican Dance And Finale – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
5. Copland: Billy The Kid: Prairie Night (Card Game At Night) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
6. Copland: Billy The Kid: Gun Battle – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
7. Copland: Billy The Kid: Celebration (After Billy’s Capture) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
8. Copland: Billy The Kid: Billy In Prison (His Escape) – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
9. Copland: Billy The Kid: Billy In The Desert – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
10. Copland: Billy The Kid: Billy’s Death – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
11. Copland: Billy The Kid: The Open Prairie Again – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
12. Copland: Appalachian Spring: Very Slowly – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
13. Copland: Appalachian Spring: Allegro – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
14. Copland: Appalachian Spring: Moderato – The Bride And Her Intended – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
15. Copland: Appalachian Spring: Fast – The Revivalist And His Flock – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
16. Copland: Appalachian Spring: Allegro – Solo Dance Of The Bride – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
17. Copland: Appalachian Spring: Meno Mosso – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
18. Copland: Appalachian Spring: Doppio Movimento – Variations On A Shaker Hymn – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
19. Copland: Appalachian Spring: Moderato – Coda – Leonard Slatkin/Saint Louis Symphony Orchestra
CD 2
1. Copland: Fanfare For The Common Man – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
2. Copland: Rodeo: Buckaroo Holid – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
3. Copland: Rodeo: Corral Nocturne – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
4. Copland: Rodeo: Piano Interlude And Saturday Night Waltz – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
5. Copland: Rodeo: Hoe-Down – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
6. Copland: El Salon Mexico – Eduardo Mata/Dallas Symphony Orchestra
7. Copland: The Red Pony Suite: I. Morning On The Ranch – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
8. Copland: The Red Pony Suite: II. The Gift – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
9. Copland: The Red Pony Suite: III. A) Dream March – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
10. Copland: The Red Pony Suite: III. B) Circus March – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
11. Copland: The Red Pony Suite: IV. Walk To The Bunkhouse – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
12. Copland: The Red Pony Suite: V. Grandfather’s Story – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
13. Copland: The Red Pony Suite: VI. Happy Ending – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
14. Copland: Dance Symphony: I. Introduction – Lento – Molto Allegro – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
15. Copland: Dance Symphony: II. Andante Moderato – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
16. Copland: Dance Symphony: III. Allegro Vivo – Enrique Batiz/Orquestra Filarmonica De La Ciudad de México
Eduardo Mata / Dallas Symphony Orchestra
Leonard Slatkin / Saint Louis Symphony Orchestra
Orquesta Filarmónica de la Ciudad de México / Enrique Bátiz
Eu te direi o que é liberdade para mim: não ter medo!
A pessoa que viria ser Nina Simone nasceu Eunice Kathleen Waymon, na Carolina do Norte, em 1933. Filha de uma ministra metodista e um faz-tudo, mostrou seus talentos musicais muito cedo (surpresa?) e desde os três anos tocava ao piano toda música que ouvia. Logo estava estudando piano clássico. Estava inclinada a tornar-se uma pianista, mas as indicações para escolas de música falharam e o destino seguiu seu curso. Para conseguir fechar as contas no fim do mês, buscou trabalho como pianista no Midtown Bar & Grill, em Atlantic City. Para garantir o trabalho, teve que cantar além de tocar o piano. Seu repertório de canções de Gershwin, Cole Porter, Richard Rogers, atraiu um fã clube de ouvintes. Seus voz rica e profunda, combinada com seu domínio do teclado, logo atraíram frequentadores de casas noturnas por toda a Costa Leste. Não demorou para surgirem propostas de gravações e assim nasceu Nina Simone (Nina de pequenina e Simone de Simone Signoret). Em 1959 foi lançado ‘Little Girl Blue’, álbum postado aqui pelo Ranulfus (link revitalizado, aqui) e o resto é história.
Nina Simone impaciente com a demora do fotógrafo enviado pelo PQP Bach em capturar uma boa imagem dela…
Eu escolhi postar um álbum com uma coletânea de sucessos, que eu amei, desde a escolha das músicas quanto ao cuidado com a qualidade sonora, necessária para fazer jus a uma cantora e musicista do nível dela. Sem contar também com a variedade de inspirações, pois que Nina Simone foi tão enorme, tão diversa que é impossível coloca-la em um ou mesmo alguns rótulos. Escolhi também uma álbum como foi lançado nos dias em que ela era artista do selo Philips, com o espetacular título ‘I Put A Spell On You’. Há algumas músicas repetidas nos dois álbuns, mas eu não ligo para isso. Para arrematar, escolhi mais quatro músicas que gostei muito, que considero bem significativas. São PQP Bach-bônus…
A maioria das canções foram gravadas em estúdio, mas algumas poucas foram gravadas em eventos e revelam como era significativa a química que ela tinha com o público. Uma delas é ‘I loves you Porgy’, de Gershwin, gravada no Carnegie Hall, assim como ‘Mississipi Goddam’. Temos aqui uma pequena amostra de como ela foi significativa na cultura estadunidense. A primeira canção é um clássico, ária da ópera Porgy and Bess, enquanto a outra canção revela o engajamento da artista com o movimento dos direitos civis.
É claro que o mais importante é que você mergulhe nos arquivos e descubra por si mesmo a riqueza e a variedade da arte de Nina Simone, mesmo numa pequena amostra como esta, mas não resisto à tentação de mencionar algumas das canções. ‘Feeling Good’ é uma dessas que todo o mundo conhece, inclusive meu embasbacado filho, ao chegar aqui em casa e ouvir o Denonsão mandando ver de Nina Simone. ‘Ne me quitte pas’ mostra que ela era realmente grande intérprete e ‘Lilac Wine’ uma que eu não conhecia e que me deixou de queixo caído.
As quatro extra canções eu escolhi um pouco por serem conhecidas mais na interpretação de seus autores originais, como as canções de Bob Dylan, uma delas associada ao movimento dos Direitos Civis (não é o ‘Blowing in the Wind’), assim como uma dos ‘bitos’, de George Harrison. Não podia ficar de fora a deliciosa ‘I want a little sugar in my bowl’, da própria Nina Simone, com toda a sensualidade que uma cantora pode colocar em uma linda canção, para arrematar a fatura. Essas faixas vieram do álbum Miss Simone – The Hits.
Como disse o Chat PQP Bach, Nina Simone tinha a reputação de ser volúvel, imprevisível, impaciente, muito introspectiva e às vezes mal-humorada. Era também muito ciumenta e ansiosa. Mas era, ao mesmo tempo, incrivelmente talentosa, inteligente, sincera e criativa. Era assim uma versão de saias estadunidense do Tim Maia. Nas décadas de 70 e 80 morou em muitos lugares, como Libéria, Barbados, Inglaterra, Bélgica, França, Suíça e Holanda. Em 1993 instalou-se em Carry-le-Rout, próximo a Aix-en-Provence, França, onde viveu até sua morte em abril de 2003. Segundo ela, sua função como artista é “…fazer as pessoas sentirem profundamente. […] E quando você capta a mensagem, quando conquista o público, você sempre sabe, porque é como eletricidade pairando no ar.” Espero que você goste da postagem e aprecie um pouco essa grandiosidade artística.
Aproveite!
René Denon
Agora que a postagem está pronta, podemos relaxar um pouquinho…
CD belíssimo, absolutamente notável e anormal — às vezes parece até uma tese — deste brilhante facefriend que sofre de insônia e que, para relaxar, costuma postar gravações suas feitas a partir de seu iPhone, dando belas explicações sobre cada obra que está estudando… É uma insônia muito produtiva! O multipremiado Mahan Esfahani recebeu todos os prêmios de melhor CD de música barroca de 2014 por suas interpretações das Württemberg Sonatas, de C.P.E. Bach e pelo visto vai de novo com este Time Present and Time Past. Um outro amigo resumiu bem no Facebook o que é este CD:
Muito foda. A seleção do repertório é tão brilhante quanto a interpretação. Fazer-nos escutar o concerto de Bach sobre Vivaldi com uma cadenza de Brahms depois de Reich e Górecki foi um achado. Longa vida ao garoto!!!
Sim, o disco alterna obras barrocas e modernas e… a gente acha natural e que têm tudo a ver. Longa vida a Mahan Esfahani e que possamos ver até onde ele vai chegar. É um cara talentosíssimo, comunicativo e que quebra inteiramente a distância entre si e seu público. Acho que está identificado o Gustav Leonhardt de nosso tempo. Abaixo, ele improvisa com extraordinário talento sobre a Fantasia (sem a fuga) Cromática de Bach.
https://youtu.be/N4Ngo47jy2Y
Alessandro Scarlatti / Górecki / C.P.E. Bach / Geminiani / Reich / J.S. Bach:
Time Present And Time Past
Alessandro Scarlatti
01 06:27 VARIATIONS ON “LA FOLLIA”
Henryk Górecki — HARPSICHORD CONCERTO, OP. 40
02 04:25 1. ALLEGRO MOLTO
03 04:07 2. VIVACE
Carl Philipp Emanuel Bach
04 07:14 12 VARIATIONS ON “LA FOLIA D’ESPAGNE” IN D MINOR, WQ. 118, NO. 9 –
Francesco Geminiani
05 11:45 CONCERTO GROSSO IN D MINOR
Steve Reich
06 16:37 PIANO PHASE FOR TWO PIANOS
Johann Sebastian Bach — HARPSICHORD CONCERTO IN D MINOR, BWV 1052
07 07:49 1. ALLEGRO
08 06:38 2. ADAGIO
09 08:25 3. ALLEGRO (CADENZA: JOHANNES BRAHMS)
G. F. Handel
10. 05:15 Handel Chaconne In G Major For Harpsichord. HWV 435
Não é um CD daqueles para enlouquecer, mas é Vivaldi. É bom de ouvir, sem traumas, sem tensão, sem turbulências desagradáveis. Você bota pra tocar, presta atenção e gosta. Se não prestar atenção, não incomoda. Não é uma música nada perigosa ou hostil, mais parece o time do Grêmio.
Vivaldi (1678-1741): Concerti per molti istromenti RV 538, 562, 566, 569 & 576 (Sardelli)
1. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Allegro 5:24
2. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Grave 3:10
3. Concerto grosso à 10 stromenti in Re Maggiore RV 562a: Allegro 3:59
4. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Allegro 4:20
5. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Larghetto 2:11
6. Concerto per Sua Altezza Reala di Sassonia in Sol minore RV 576: Allegro 4:04
7. Concerto in Re minore RV 566: Allegro assai 2:43
8. Concerto in Re minore RV 566: Largo 1:50
9. Concerto in Re minore RV 566: Allegro 2:42
10. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Allegro 3:23
11. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Largo 4:33
12. Concerto in Fa Maggiore RV 538: Allegro 2:45
13. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Allegro 4:53
14. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Grave 2:27
15. Concerto in Fa Maggiore RV 569: Allegro 4:54
Com um sorriso de compreensão ao nada descortês Revoltado dos comentários do último post de Sonatas de Mozart, passo a fazer algumas postagens de Haydn. Este CD é uma curiosidade: trata-se de uma gravação antiga, era de meu pai e teoricamente deveria ser ruim, por ser da brasileira Movie Play… Vocês sabem que os maestros Duvier e Pitamic talvez nem tenham existido! Só que amo as sinfonias deste CD, a qualidade de som é muito boa (no Filósofo, depois piora), acho as interpretações excelentes e é esta a versão que prefiro (do Filósofo). Tentei várias outras: a de Bernstein, a do Orpheus Chamber Orchestra e as de outras orquestras e regentes. Nada feito. O cedezinho da Movie Play é imbatível em meu coração avesso à grifes. Segundo o opúsculo de Peter Gammond – com o qual concordo – Haydn teria sido tão grande quanto Mozart se tivesse sido mais infeliz. Só quando teve um contrato a cumprir é que ganhou aquela pitada de drama que o fez criar suas monumentais últimas sinfonias. O estresse fez-lhe um bem imenso. Só um homem com um coração duro como pedra é capaz de compor coisas tão incondicionalmente sorridentes e luminosas quanto algumas de suas obras. Adoro Haydn. Ouço demais suas Missas. O apelido “O Filósofo” para a Sinfonia No. 22 é um dos mais intrigantes e discutidos da história da música. A resposta não é simples, pois Haydn não deu esse título à obra. Ele surgiu posteriormente e é amplamente aceito que se deve a uma combinação de fatores estruturais e atmosféricos. A sinfonia começa com um movimento lento (Adagio), o que era extremamente incomum para uma abertura de sinfonia no período clássico inicial. As sinfonias normalmente abriam com um movimento rápido e energético. Este Adagio solene e contemplativo imediatamente estabelece um caráter sério, pensativo e “filosófico”. É uma sinfonia tão boa que até o minueto é legal! Já “A Galinha” e “O Urso” têm seus apelidos justificados pela própria música e não precisamos explicar nada.
F. J. Haydn (1732-1809): Sinfonias Nros. 22, “O Filósofo”, 82, “O Urso”, e 83, “A Galinha” (Duvier, Pitamic)
Symphony No.22 In E Flat ‘The Philosopher’
1 Adagio 6:41
2 Presto 3:11
3 Menuetto 3:10
4 Finale: Presto 3:24
Symphony No.82 In C Major ‘L’Ours’
5 Vivace Assai 8:09
6 Allegretto 7:13
7 Menuetto 4:47
8 Finale: Vivace Assai 4:08
Camerata Romana
Eugen Duvier
Symphony No.83 In G Minor ‘La Poule’
9 Allegro 7:22
10 Andante 8:50
11 Menuetto 4:17
12 Finale: Vivace 3:47
Trago hoje para os senhores uma obra que pouco apareceu cá pelas bandas do PQPBach, e que na verdade, também é meio ‘esquecida’ nos palcos e nos estúdios de gravação. Tudo bem, é uma obra longa, que exige muito do solista, mas ao mesmo tempo, é considerada por alguns colegas daqui do PQPBach como o melhor Concerto para Piano que Tchaikovsky escreveu. Polêmicas e gostos a parte, resolvi encará-lo para as devidas e inevitáveis comparações com o Primeiro Concerto, que ouço desde praticamente desde minha adolescência.
A pianista chinesa Xiayin Wang encarou o desafio de gravar esse Segundo Concerto, com o aval do poderoso selo inglês Chandos e o resultado é muito bom, e curiosamente, já o ouvi por duas vezes seguidas nesta manhã de domingo, e não, não o considero por demais longo. Tchaikovsky ousou muito aqui, lembrando que esta versão que ora vos trago é a versão original, sem cortes. Talvez a curiosidade fique por conta do seu Segundo Movimento, dividido em várias partes, e objeto de crítica de solistas na época de sua estréia, o que ocasionou uma outra versão mutilada. Cadenzas extremamente complexas, belíssimas melodias e uma orquestração sem muitos excessos, trata-se de uma belíssima obra, se os senhores tiverem a paciência de dedicar 42 minutos de seu tempo para ouvi-lo sem atropelos.
Xiayin Wang nos traz tambérm nesse CD o magnífico Concerto de Kachaturian, cujo Segundo Movimento sempre me faz sentir extremamente emocionado, e um cisco sempre insiste em me cair nos olhos. Quando ouço sempre desejo que esse movimento nunca acabe.
A Royal Scottish National Orchestra, dirigida por Peter Oundjian, fez um grande trabalho, nos trazendo duas obras épicas. E Xiayin Wang é uma excepcional pianista, muito técnica, e encar os dois petardos com confiança e muita energia.
Pyotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893) Concerto No. 2, Op. 44 (1879-80) in G major• in G-Dur en sol majeur for Piano and Orchestra
(original version)
À mon ami Nicolas Rubinstein
1 Allegro brillante e molto vivacе – L’istesso tempo – Tempo giusto – [Cadenza] –
2 Tempo I – [Cadenza.] Un poco capriccioso e a tempo rubato – Tempo giusto –
3 [Cadenza.] Meno mosso moderato assai – Vivacissimo – Tempo del Comincio – Andante – Prestissimo – Tempo di Comincio
4 Tempo I – L’istesso tempo – Tempo giusto
5 II Andante non troppo – Più mosso – Cadenza [Violin solo] –
Tempo I – Cadenza [Piano solo] – [Tempо I]
Maya Iwabuchi violin
Aleksei KiselioV cello
6 III Allegro con fuoco – L’istesso tempo – Poco più mosso
Aram Khachaturian (1903-1978) Concerto, Оp. 38 (1936) in D flat major in Des-Dur en ré bémol majeur for Piano with Orchestra
To Lev Oborin
7 I Allegro maestoso – [Cadenza.] Poco meno – Lento – Allegro – Poco più mosso e stretto in tempo – Tempo I – Tempo moderato –
[Cadenza.] Vivo – Meno mosso – Moderato con sentimento – Tempo I – Allargando – Più maestoso
8 II Andante con anima – Poco più mosso – Poco meno mosso Tempo I- [ ] – Tempo I – Lento – Tempo I – Lento
9 III Allegro brillante – L’istesso tempo – Più mosso – [Cadenza] – Tempo I – Più mosso – Moderato – Maestoso – Poco accelerando
Xiayin Wang piano
Royal Scottish National Orchestra
Maya Iwabuchi leader
Peter Oundjian
Johannes Brahms aquecendo o ambiente com suas notas musicais e seu charuto….
Schubert e Schumann compuseram mais (relativamente) Lieder do que Brahms, mas este disco nos dá uma excelente mostra do que ele produziu de melhor nesse gênero. Aproveito também para celebrar a carreira do barítono inglês Thomas Allen, que esteve muito ativo como cantor de ópera, música sacra e como recitalista desde os anos 80 até recentemente. Allen é particularmente identificado com papéis de óperas de Mozart, como o Don Giovanni.
Este disco foi gravado em outubro de 1989, um excelente momento em sua carreira. Além do acompanhamento ao piano pelo experiente Geoffrey Parsons, o disco de selo Virgin Classics conta com a direção artística do então já famoso Andrew Keener. Falando nisso, Andrew foi entrevistado na edição de abril deste ano de 2025 da BBC Music Magazine. Ele deixou uma frase bem marcante: Reading reviews for the first time was life changing. I fell madly in love with records. (Ler resenhas pela primeira vez mudou minha vida. Me apaixonei perdidamente por discos). Um disco como este da postagem revela esse cuidado e essa dedicação.
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Wir Wandelten, Op. 96 No. 2 (Hungarian Poem) – Traditional
Der Gang Zum Liebchen, Op. 48 No. 1 (Bohemian Poem) – Traditional
Komm Bald, Op. 97 No. 5 – Klaus Groth
Salamander, Op. 107 No. 2 – Karl von Lemcke
Nachtigall, Op. 97 No. 1 – Christian Reinhold
Serenase, Op. 70 No. 3 – Johann Wolfgang von Goethe
Geheimnis, Op. 71 No. 3 – Carl Candidus
Von Waldbekränzter Höhe, Op. 57 No. 1 – Georg Friedrich Daumer
Dein Blaues Auge Hält So Still, Op. 59 No. 8 – Klaus Groh
Wie Bist Du, Meine Königin, Op. 32 No. 9 (Persian Poem, Hafiz) – Traditional
Meine Liebe Ist Grün Wie Der Fliederbusch (From Junge Lieder), Op. 63 No. 5 – Felix Schumann
Die Kränze, Op. 46 No. 1 (Greek Poem) – Traditional
Sah Dem Edlen Bildnis, Op. 46 No. 2 (Magyar Poem) – Traditional
An Die Nachtigall, Op. 46 No. 4 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
Die Schale Der Vergessenheit, Op. 46 No. 3 – Ludwig Heinrich Christoph Hölty
In Waldeseinsamkeit, Op.85 No. 85 No. 6 – Karl von Lemcke
Você pode ouvir este disco em alguma plataforma de streaming, como a TIDAL.
Andrew Keener testando a sala de som do PQP Bach Classical Records…Sir Thomas Allen cantando uma seleção de Lieder de Schubert, Schumann, Brahms, Mahler e Hugo Wolf para o pessoal do PQP Bach
Se você não é um habituée do mundo da canção clássica, Lieder, um disco inteiro pode ser um pouco demais. Minha sugestão é começar aos poucos – ouça algumas canções, deixe que as suas melodias se imprimam na parte boa de sua memória. E, se você não fizer caso de minha intromissão, sugiro que não deixe de ouvir as seguintes canções: Wir Wandelten; Der Gang zum Liebchen; Der Salamander; Wie bist du, meine Königin; Meine Liebe ist Grün (esta, especialmente para os palmeirenses); Wiegenlied (que todo mundo já ouviu alguma vez…); Von ewiger Liebe; Botschaft. Depois, retorne e amplie sua experiência com outras canções. Espero que assim você possa adaptar para si a frase do produtor do disco, o ótimo Andrew Keener, dizendo: Me apaixonei perdidamente por Lieder!
Um excelente CD! É dos repertórios barrocos mais conhecidos, só que, aqui, o solista e o conjunto responsável pela interpretação são esplêndidos. Interpretado pelo flautista sueco Dan Laurin e pelo Drottningholm Baroque Ensemble esta é uma gravação deliciosa, que realmente se destaca no vasto catálogo de gravações de Vivaldi. Existe um diálogo sempre feliz e equilibrado entre o solista e o grupo. A flauta não domina de forma opressiva; em vez disso, integra-se na textura orquestral, permitindo que os detalhes das cordas brilhem. Os andamentos rápidos são eletrizantes. Vivaldi muitas vezes escreve árias para o instrumento solista nos andamentos lentos, e Laurin canta-as com sensibilidade. A gravação em si é de excelente qualidade, capturando a calorosa acústica do ambiente e a riqueza dos timbres dos instrumentos históricos. Uma joia.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Flauta (Laurin, Drottningholm Baroque Ensemble)
1. Concerto in C minor RV441, 1. Allegro non molto
2. Concerto in C minor RV441, 2. Largo
3. Concerto in C minor RV441, 3. Allegro
4. Concerto in C major RV444, 1. Allegro non molto
5. Concerto in C major RV444, 2. Largo
6. Concerto in C major RV444, 3. Allegro molto
7. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 1. Allegro
8. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 2. Largo
9. Concerto in F major RV433, La tempesta di mare, 3. Presto
10. Concerto in C major RV443, 1. Allegro
11. Concerto in C major RV443, 2. Largo
12. Concerto in C major RV443, 3. Allegro molto
13. Concerto in F major RV434, 1. Allegro ma non tanto
14. Concerto in F major RV434, 2. Largo e cantabile
15. Concerto in F major RV434, 3. Allegro
16. Concerto in G minor RV439, La notte, 1. Largo
17. Concerto in G minor RV439, La notte, 2. Presto, Fantasmi
18. Concerto in G minor RV439, La notte, 3. Largo
19. Concerto in G minor RV439, La notte, 4. Presto
20. Concerto in G minor RV439, La notte, 5. Largo, Il Sonno
21. Concerto in G minor RV439, La notte, 6. Allegro
Drottningholm Baroque Ensemble
Dan Laurin: recorder
Gravação:
1991-06-21/13, Västerled Church, Stockholm, Sweden
Não é o melhor dos negócios misturar Bach com outros compositores. Há opções mais inteligentes. Não obstante, este CD é excelente. O concerto que abre o CD — música conhecidíssima — é muito bonito, depois vêm algumas composições mais ou menos obscuras, fechando com a obra-prima que é o Prelúdio, Fuga e Allegro, de papai. Lindberg é um dos alaudistas mais respeitados da atualidade. Seu som é claro e expressivo. Para esta gravação, ele toca um teorba (é assim em português?) — um alaúde de braço longo com cordas graves adicionais –, que seria mais apropriado para o repertório italiano. A teorba produz um som mais rico, profundo e ressonante do que o alaúde comum, preenchendo magnificamente o espaço sonoro no papel de líder e solista. É importante notar que Vivaldi escreveu originalmente estes concertos não para o alaúde, mas para a mandola (um outro instrumento da família do alaúde). As adaptações de Lindberg para o teorba são lindas, soando perfeitamente naturais. A gravadora sueca Bis, quando produz música barroca, acerta sempre. Sei lá por quê. Grande disco.
Antonio Vivaldi (1678-1741): Obra completa para alaúde italiano + Giovanni Zamboni (?-?): Sonata + J. S. Bach (1685-1750): Prelúdio, Fuga e Allegro (Lindberg, Drottningholm Baroque Ensemble)
Antonio Vivaldi – Concerto In D Major
01 – Concerto In D Major: I. (Allegro Guisto)
02 – Concerto In D Major: II. Largo
03 – Concerto In D Major: III. Allegro
Nils-Erik Sparf, violin
Tullo Galli, violin
Kari Ottesen, cello
Alf Petersen, violone
Maria Wieslander, organ
Antonio Vivaldi – Trio Sonata In G Minor
04 – Trio Sonata In G Minor: I. Andante Molto
05 – Trio Sonata In G Minor: II. Larghetto
06 – Trio Sonata In G Minor: III. Allegro
Jacob Lindberg , lute
Nils-Erik Sparf, violin
Kari Ottesen, cello
Maria Wieslander, organ
Antonio Vivaldi – Trio Sonata In C Major
07 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: I. Allegro…
08 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: II. Larghe…
09 – Trio Sonata In C Major For Violin, Lute And Basso Continuo, RV 82: III. Allegro
Jacob Lindberg , lute
Nils-Erik Sparf, violin
Kari Ottesen, cello
Maria Wieslander, organ
Antonio Vivaldi – Concerto In D Minor
10 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: I. Allegro (Moderato)
11 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: II. Largo
12 – Concerto In D Minor For Viola D’Amore, Lute And Orchestra: III. Allegro
Giovanni Zamboni – Sonata In C Minor
13 – Sonata In C Minor For Archlute: I. Preludio
14 – Sonata In C Minor For Archlute: II. Alemanda
15 – Sonata In C Minor For Archlute: III. Giga
16 – Sonata In C Minor For Archlute: IV. Sarabanda
17 – Sonata In C Minor For Archlute: V. Gavotta
Jacob Lindberg, teorba
J.S.Bach – Prelude, Fugue & Allegro In E Flat Major
18 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: I. Prelude
19 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: II. Fugue
20 – Prelude, Fugue And Allegro In E Flat Major For Lute, BVM 998: III. AllegroJacob Lindberg , lute
Este é realmente um EXCELENTE CD duplo. Trata-se da reedição de dois discos do Palladian, de 1993 e 1994. Imaginem que o Palladian contava com Rachel Podger em suas fileiras e quem Podger pode! (Vamos lá tradutor automático, dê um jeito nisso!). Essas gravações receberam vários prêmios (incluindo dois Diapason d’Or, um para cada CD) e soam hoje tão sensacionais quanto de seu lançamento.
É música do século XVII. O primeiro CD recebe o curioso nome de An Excess Of Pleasure (com direito a um job do compositor Blow) e apresenta obras de compositores ingleses e italianos que viveram e trabalharam na Inglaterra ou que venderam obras para ingleses. A música é excelente — alguns dos compositores são muito famosos, como Vivaldi ou Purcell. O segundo é uma coleção veneziana de nome ainda mais estranho — The Winged Lion — mas afirmo-lhes que tudo é bom demais. A técnica de cada músico é absolutamente magistral, especialmente os solos de Rachel Podger e Pamela Thorby, que são tocados com uma clareza e agilidade impressionantes. O grande trunfo do Palladian Ensemble não é apenas a habilidade individual, mas a forma como eles tocam juntos. Há um constante e delicado diálogo entre a flauta e o violino, com o alaúde e o violoncelo fornecendo um acompanhamento rico e inventivo. A gravação transborda vida, alegria e ritmo. É impossível não ser cativado pelo evidente prazer que os músicos tiveram ao gravar. A seleção de peças é variada, permitindo contrastes entre o estilo inglês, a elegância corelliana e o fogo veneziano, mantendo o ouvinte engajado do início ao fim. An Excess Of Pleasure / The Winged Lion é considerada uma gravação de referência para este repertório. O primeiro CD, An Excess of Pleasure dá foco à música instrumental inglesa e italiana do final do século XVII e início do XVIII. Ele captura o espírito hedonista e virtuosístico da época. As peças são cheias de energia, dança e invenção melódica. No segundo CD, o “Leão Alado” é o símbolo de São Marcos, o padroeiro de Veneza. Este CD é uma homenagem à efervescência musical da Serenissima República. A música veneziana era conhecida por sua grandiosidade, cor e o estilo “concertato” (contraste entre grupos sonoros). Mesmo em formações de câmara, essa dramaticidade está presente.
Vários compositores barrocos: An Excess Of Pleasure / The Winged Lion (Palladian Ensemble)
Nicola Matteis (fl. 1670)
Ayres for the Violin
1-2 ‘Aria spagnuola a due corde’ 2:45
1-3 ‘Diverse bizzarie Sopra la Vecchia Sarabanda o pur Ciaconna’ 4:41
Matthew Locke (1621/2 – 1677)
Broken Consort in D
1-4 Pavan 4:47
1-5 Ayre 1:37
1-6 Galliard 1:34
1-7 Ayre 1:39
1-8 Saraband 1:19
Christopher Simpson (c. 1605 – 1669)
1-9 Divisions on ‘John come kiss me now’ 4:45
John Blow (1649 – 1708)
Sonata in A
1-10 ‘Slow’ 3:08
1-11 (Untitled) 1:11
1-12 ‘Brisk’ 2:16
Biagio Marini (c. 1587 – 1663)
1-13 Sonata 5:20
Anon (c. 1660)
1-14 Ciaconna 3:53
Francesco Geminiani (1687 – 1762)
Scots Airs
1-15 ‘Auld Bob Morrice’ 3:01
1-16 ‘Lady Ann Bothwell’s Lament’ 2:42
1-17 ‘Sleepy Body’ 2:18
Nicola Matteis (fl. 1670)
Ayres for the Violin
1-18 ‘Andamento con divisione’ 2:14
1-19 ‘Aria’ 1:01
1-20 ‘Grave’ 2:10
1-21 ‘Ground in D, la sol re per fa la mano’ 3:03
Henry Purcell (1659 – 1695)
1-22 Two in One Upon a Ground 2:49
Nicola Matteis (fl. 1670)
1-23 Bizzarie all’imor Scozzese (Ground after the Scotch Humour) 4:17
Marco Uccellini (1603 – 1680)
2-3 Sonata Quarto (Op. 5 1649) 5:01
Antonio Vivaldi (1676 – 1741)
Concerto in F major RV 100
2-4 Allegro 2:23
2-5 (Untitled) 2:47
2-6 Allegro 2:42
Giovanni Battista Buonamente (d. 1642)
Suite ( Book III 1626)
2-7 ‘Gagliarda seconda’ 1:42
2-8 ‘Corrente terza e quarta’ 1:29
2-9 ‘Brando terza’ 2:58
2-10 ‘Avanti il Brando’ 1:02
2-11 ‘Brando Quarto’ 1:23
Chamar este CD de The Essential Clarinet é um certo exagero. Deixar de fora as Sonatas para clarinete e piano de Brahms, o Quinteto Op. 115 e o também Quinteto K. 581 e o Concerto K. 622 de Mozart é falta grave. O que une estas peças é a onipresente figura de Benny Goodman, o cara que encomendou todas elas. Aliás, encomendou uma para Bartók (Contrastes) que é esplêndida. Mas aqui temos, certamente, a melhor peça escrita por Aaron Copland, a célebre incursão jazzística de Stravinsky (Ebony Concerto), uma excelente composição de Bernstein e um bom Concerto de Corigliano (prazer em conhecer). Richard Stoltzman não me pareceu um clarinetista tão essencial, mas seu repertório é de primeira linha, sem dúvida. Bom disco!
Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano / Igor Stravinsky (1882-1971): Ebony Concerto / Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs / John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra (Stoltzman)
Richard Stoltzman · The Essential Clarinet
Aaron Copland (1900-1990): Concerto for Clarinet, String, Harp and Piano
1. Concerto for Clarinet, Strings, Harp and Piano 17:53
Leonard Bernstein (1918-1990): Prelude, Fugue and Riffs
5. Prelude, Fugue and Riffs 7:24
John Corigliano (1938): Concerto for Clarinet and Orchestra
6. Concerto for Clarinet and Orchestra: Cadenzas 9:18
7. Concerto for Clarinet and Orchestra: Elegy 11:15
8. Concerto for Clarinet and Orchestra: Antiphonal Toccata 9:33
Richard Stoltzman, clarinete
London Symphony Orchestra
Lawrence Leighton-Smith
Postagem original de 2018
Quando se trata de música clássica, a forma mais fácil de agradar os ingleses é com grandes sonoridades. Eles gostam de juntar centenas de vozes pra cantar o Messias de Haendel todos os anos. Gostam de encher de gente a Abadia de Westminster para ouvir o órgão e cantar em homenagem à rainha [hoje: rei].
O pianista inglês Peter Donohoe é desses. Ano passado, ele tocou no Rio de Janeiro os Vinte olhares sobre o menino Jesus, de Messiaen, foi uma experiência indescritível, uma das grandes obras para piano do último século, extremamente virtuosa e com essa sonoridade grandiosa, sem medo de fazer barulho, que é a marca de Donohoe.
No encarte deste disco, Donohoe argumenta que Prokofiev, assim como Bartók e Stravinsky, não desprezavam o som cantabile do piano, como pensam alguns; mas esses compositores também não desprezavam o uso de outros timbres, notavelmente os percussivos. Donohoe respeita estritamente as indicações de Prokofiev, das quais a mais característica é o non legato, em que as notas soam separadas, e ao mesmo tempo o pianista parece se empolgar nos acordes cheios, nas oportunidades de criar essas grandes sonoridades tão tipicamente russas e inglesas.
As sonatas de guerra de Prokofiev foram compostas a partir de 1939, após um jejum de 16 anos sem compor sonatas para piano, e formam um grupo à parte na sua carreira.
Sobre a 6ª sonata, Sviatoslav Richter disse: “A clareza estilística e a perfeição estrutural dessa música me impressionaram. Eu nunca tinha ouvido algo assim. Com audácia o compositor rompeu com os ideais do Romantismo e introduziu em sua música o pulso terrível da música do Século XX.”
A sonata nº 7 é a mais famosa das três. Alguns lhe dão o apelido “Stalingrado”, por ter sido composta e estreada na época da famosa batalha da 2ª Guerra, e por sua atmosfera apressada e tensa, especialmente no último movimento, ‘Precipitato’, com seu ritmo frenético.
A sonara nº 8 é mais lenta, lírica, com indicações de tempo como ‘Andante dolce’, ‘Allegro moderato’ e ‘Andante sognando’. Para Richter, é a mais complexa das sonatas de Prokofiev, cheia de contrastes.
As sonatas de guerra de Prokofiev são da mesma década que os 20 olhares de Messiaen. À primeira vista são dois compositores completamente diferentes, com visões de mundo diferentes, mas não é que, pianisticamente, se aproximam? Os dois fazem uso de recursos técnicos parecidas, de um virtuosismo extremo e de uma linguagem que não se preocupa em saber se é tonal ou atonal.
A grande diferença entre Prokofiev e Messiaen talvez seja o fato de que o primeiro abraçou, com uma linguagem moderna, as formas tradicionais, enquanto o segundo as considerava relíquias de museu:
O.Messiaen: Pessoalmente, não acredito na “forma concerto”, (…) as obras-primas que conheço no gênero são os concertos para piano de Mozart. Todos os outros me parecem falhos, apesar de duas ou três passagens muito belas no concerto de Schumann ou nos de Prokofiev.
C.S.: Esse ataque ao concerto para piano não se direciona a todas as formas clássicas? Você não tem muita afeição pela sonata tradicional ou pela sinfonia…
O.M.: Como todos meus contemporâneos.
C.S.: Digamos alguns dos seus contemporâneos. Por que motivo?
O.M.: Sinto que essas formas estão “terminadas”. Assim como não se pode escrever uma ópera Mozarteana hoje em dia, é impossível escrever, como Beethoven, um primeiro movimento de sinfonia com um tema que diz “Eu sou o tema”, e retorna após o desenvolvimento afirmando “Olha eu aqui de novo, você me reconhece?”
(Olivier Messiaen Music and Color – Conversations with Claude Samuel)
Messiaen falava de um ponto de vista das vanguardas de Paris ou de Viena. De fato, Schoenberg, Stravinsky (russo emigrado), Villa-Lobos, Boulez não se destacaram nas formas Sinfonia, Concerto e Sonata, ainda que tenham escrito algumas.
Faltou combinar com os russos, como diria Garrincha. Bem longe dessas vanguardas europeias, como dito por Proust que citei no post anterior, havia compositores criando “música russa e simples”, em que as formas clássicas ainda eram relevantes. Não por acaso, as sinfonias, concertos e sonatas para piano contam entre as obras mais importantes e mais tocadas até hoje de Rachmaninoff (3 sinfonias, 4 concertos, 2 sonatas), Prokofiev (7 sinfonias, 5 concertos, 9 sonatas) e Shostakovich (15 sinfonias, 2 concertos, 2 sonatas).
Nas sonatas de Prokofiev observamos temas principais com cara de tema principal, segundos temas com cara de segundo tema, desenvolvimentos e reexposições, codas com cara de coda… Mas nem sempre. Tem vezes em que ele inova. E mesmo quando segue a cartilha, é com uma linguagem própria, um humor e um lirismo que consistem na sua originalidade. Nas palavras de Stravinsky, outro russo: “quanto mais limitações nos impomos, mais nos libertamos”.
Sergei Prokofiev (1891-1953) Sonata nº 6 em lá maior, Op. 82
1. I Allegro moderato
2. II Allegretto
3. III Tempo di valzer lentissimo
4. IV Vivace
Sonata nº 7 em si bemol maior, Op. 83
5. I Allegro inquieto-Andantino
6. II Andante caloroso
7. III Precipitato
Sonata nº 8 em si bemol maior, Op. 84
8. I. Andante dolce – Poco più animato – Allegro moderato – Tempo I – Andante – Andante dolce, come prima – L’istesso tempo – Allegro
9. II. Andante sognando
10. III. Vivace – Allegro ben marcato – Vivace come prima
Olha, eu não gostava de Tchaikovski, eu chegava a desprezá-lo. Talvez fosse por influência de Otto Maria Carpeaux, lido há milênios, ou por desconhecer a obra do russo. Porém, sempre fui tarado pela música de Shostakovich. Quando FDP Bach postou todas as sinfonias do Tchai, ouvi-as por uma simples razão:
Eu confio no gosto de FDP Bach,
FDP Bach gosta de Tchaikovsky,
Será que esse negócio de não gostar de Tchai não é uma pose adquirida por aí?
E o fenômeno aconteceu, deu-me o estalo. Ouvindo atentamente as sinfonias de Tchai, eu reconheci nelas várias sementes, várias ideias que seriam desenvolvidas nas sinfonias de Shosta nelas. Ou seja,
Eu amo Shosta
Shosta ama Tchai
Deveria eu amar Tchai?
Hum… A resposta hoje é: sim! Ouçam a Abertura de Romeu e Julieta. Há ali todo um Shostakovich a ser amadurecido, ali está a alma russa e as melodias russas segundo Shostakovich. Resultado: não falo mais mal de Tchaikovski. Confiram! Ouçam a Abertura Romeu e Julieta e digam-me se não há nela um Shosta mais meloso, mais delicado. Hein? Hein? Ah, e Shostakovich adorava Tchaikovski, há comprovações por todo lado. Porém, tal amor nunca foi tão tangível para mim antes de ouvir a citada Abertura.
Tchaikovsky: Abertura Romeu e Julieta & Suíte Quebra-Nozes (Karajan)
01 Romeo and Juliet – Fantasy Overture after Shakespeare
The Nutcracker
02 Suite from the ballet Op.71
03 Marche – Tempo di marcia viva
04 Danse de la Fee Dragee – Andanate non troppo
05 Dance de Trepak – Tempo di Trepak, molto vivace
06 Dance arabe – Allegretto
07 Dance chinoise – Allegro moderato
08 Dance des mitlitons – Moderato assai
09 Valse des fleurs – Tempo de valse
Para muitos, um paradigma a ser quebrado, uma das maiores gravações da história da indústria fonográfica, um “must have”, enfim, Tchaikovsky sob a batuta de Mravinsky. Alguns dizem que um dos motivos que tornaram possíveis este desempenho é que Mravinsky mergulhou fundo na alma russa presente nestas obras e a arrancou com sangue, suor e lágrimas. Exageros a parte, temos aqui um Tchaikovsky em sua essência, para satisfazer o mano PQP, que só admite este autor quando interpretado pelo grande maestro russo.
1 – Symphonie Nr.4 f-moll op.36 – I. Andante sostenuto – Moderato con anima – Moderato assai, quasi andante – Allegro vivo
2 – Symphonie Nr.4 f-moll op.36 – II. Andantino in modo di canzone
3 – Symphonie Nr.4 f-moll op.36 – III. Scherzo. Pizzicato ostinato. Allegro
4 – Symphonie Nr.4 f-moll op.36 – IV. Finale. Allegro con fuoco
5 – Symphonie Nr.5 e-moll op.64 – I. Andante – Allegro con anima
6 – Symphonie Nr.5 e-moll op.64 – II. Andante cantabile, con alcuna licenza – Moderato con anima – Andante mosso – Allegro non troppo
7 – Tchaikovsky Symphonie Nr.5 e-moll op.64 – III. Valse. Allegro moderato
8 – Tchaikovsky Symphonie Nr.5 e-moll op.64 – IV. Finale. Andante maestoso – Allegro vivace – Molto vivace-Moderato assai e molto maestoso
9 – Tchaikovsky Symphonie Nr.6 h-moll op.74 ‘Pathetique’ – I. Adagio – Allegro non troppo
10 – Tchaikovsky Symphonie Nr.6 h-moll op.74 ‘Pathetique’ – II. Allegro con grazia
11- Tchaikovsky Symphonie Nr.6 h-moll op.74 ‘Pathetique’ – III. Allegro molto vivace
12 – Tchaikovsky Symphonie Nr.6 h-moll op.74 ‘Pathetique’ – IV. Finale. Adagio lamentoso
Você deve estar pensando que PQP está tirando sarro da vossa honrada e venerável cara. Se você pensa assim, talvez tenha razão. Primeiro eu posto um CD de Concertos de Vivaldi per molti istromenti (em vêneto) e depois um per vari strumenti (em italiano). Mas este vêneto pareceu-me melhor que o anterior, apesar da capa absolutamente ridícula. Tenho certeza que os dois darão boa diversão, mas ouça este aqui primeiro. Será mais motivacional. Como todos sabem ganho minha vida como couch. (Sabe o que Coach motivacional disse para o Anjo da Morte? “Antes de me levar… você já considerou uma mentoria vitalícia? Posso te ajudar a otimizar sua colheita de almas, aumentar em 200% sua produtividade escatológica e transformar o Apocalipse num evento premium!). Bem, há várias joias nos muitos cantinhos deste CD.
Vivaldi (1678-1741): Concerti per vari strumenti (Bernardini)
1. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 559: Larghetto – [Allegro]
2. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 559: Largo
3. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 559: Allegro
4. Bassoon Concerto, for bassoon, strings & continuo in A minor, RV 497: Allegro molto
5. Bassoon Concerto, for bassoon, strings & continuo in A minor, RV 497: Andante molto
6. Bassoon Concerto, for bassoon, strings & continuo in A minor, RV 497: Allegro
7. Concerto for 2 violins, 2 recorders, 2 oboes, bassoon, strings & continuo in D minor, RV 566: Allegro assai
8. Concerto for 2 violins, 2 recorders, 2 oboes, bassoon, strings & continuo in D minor, RV 566: Largo
9. Concerto for 2 violins, 2 recorders, 2 oboes, bassoon, strings & continuo in D minor, RV 566: Allegro
10. Double Oboe Concerto for 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 534: Allegro
11. Double Oboe Concerto for 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 534: Largo
12. Double Oboe Concerto for 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 534: Allegro
13. Double Concerto, for violin & oboe, strings & continuo in B flat major, RV 548: Allegro
14. Double Concerto, for violin & oboe, strings & continuo in B flat major, RV 548: Largo
15. Double Concerto, for violin & oboe, strings & continuo in B flat major, RV 548: Allegro
16. Oboe Concerto, for oboe, strings & continuo in D minor, Op. 8/9, RV 454: Allegro
17. Oboe Concerto, for oboe, strings & continuo in D minor, Op. 8/9, RV 454: Largo
18. Oboe Concerto, for oboe, strings & continuo in D minor, Op. 8/9, RV 454: Allegro
19. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 560: Larghetto – Allegro
20. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 560: Largo
21. Concerto for 2 clarinets, 2 oboes, strings & continuo in C major, RV 560: [Allegro]
Eu adoro o filme “Uma Janela Para o Amor” (A Room With a View), de 1985 – já lá se vão 30 anos – com o par Helena Bonham Carter e Julian Sanders. Nunca esqueci as cenas nas quais a Lucy Honeychurch toca trechos de sonatas para piano de Beethoven. Acho que a música desempenha papel relevante na história revelando-nos aspectos da personalidade da personagem representada então pela jovenzinha Helena Bonham Carter. Um verdadeiro furacão. Inspirado nessas imagens achei que seria interessante ouvir alguns discos gravados por mulheres com música de Beethoven. Ele interpretado por elas. É claro que há dezenas de postagens aí no seu PQP Bach mais próximo com essas características, mas não custa nada tentar algumas coisas novas.
Começamos com um disco que faz parte da gravação integral das Sonatas para Piano do famoso Ludovico pela pianista nascida na Ucrânia, hoje residente na Carolina do Norte, Valentina Lisitsa. Ela é, assim como a Lucy Honeychurch, um furacão… Já andou aqui pelas nossas colinas tocando Scriabin e Rachmaninov, em postagens de Playel e FDP Bach. No Instagram dela aparece o epíteto @queen_of_rachmaninoff.
Eu adorei o disco, especialmente a interpretação da Waldstein. As outras sonatas também estão muito boas, com a poderosa Appassionata brilhando também! Aproveite bastante esse disco e, quem sabe, você se interesse também pelo resto das sonatas.
Mendelssohn não está entre os meus 10 ou 15 compositores favoritos. Não só isso: como alguém que ouve muita música para piano, associo o compositor às belas e suaves miniaturas Romances sem palavras, que ele publicou em diferentes momentos da vida e eram populares na Inglaterra vitoriana, entre outros contextos de um certo conservadorismo musical de gente rica. Essa impressão combina ainda com a sua célebre Marcha Nupcial, presente em 9 a cada 10 casamentos, e combina parcialmente com as suas sinfonias.
Enfim, a imagem de um compositor muito competente, especialista em J.S. Bach – de quem ele salvou certas obras do esquecimento na sua época – e, assim como Bach, às vezes menos ousado do que outros contemporâneos seus. Parênteses aqui para lembrar que o grande, imenso Bach evitava temas de amor romântico nas suas obras vocais e uma das poucas obras com pitadas de polêmica é a Cantata do Café. Voltemos a Mendelssohn: algumas obras dos anos 1840, última década do compositor, mostram um estilo tardio em que finalmente o compositor soa mais ousado e se entrega a arroubos de romantismo mais intenso. Também é o período em que ele deixou crescer uma barbade gosto duvidoso para os dias de hoje, mas até nisso ele estava ousando: antes um gosto duvidoso do que a caretice-de-classe-média da Marcha Nupcial, não é mesmo?
Entre essas obras do estilo tardio: o Trio nº 2 (1845) e, em menor medida, já o Trio nº 1 (1839). Também o famoso Concerto para Violino em Mi menor (1844), incomparavelmente mais denso e emocionante do que os tediosos concertinhos para um e para dois pianos dos anos anteriores. E o seu último Quarteto de Cordas (1847), de nº 6, que é a peça que abre esse disco. Uma abertura enérgica, cheia de suspense, como aliás também o são os movimentos iniciais dos Quartetos nº 4 e 5 e dos seus Trios.
O livreto deste álbum explica alguns detalhes dos últimos meses de vida de Mendelssohn, após perder a sua irmã Fanny, vítima de um derrame – hoje em dia mais conhecido como AVC -, mesma causa que levaria à morte de Felix, um caso evidente de predisposição genética na família… A morte de sua irmã mais velha ocorreu quando Felix Mendelssohn já se encontrava exausto com turnês e outras atividades: o inglês Henry Chorley, que o visitou em agosto de 1847, descrevia o compositor como um homem precocemente envelhecido e já prevendo a própria morte ao comentar sobre as obras da Catedral de Köln que haviam reiniciado em 1842: “alguma obra minha ser cantada na inauguração da Catedral, que honra! Mas eu não viverei para ver isso”, teria dito Mendelssohn com uma expressão de cansaço.
Joseph Joachim (1831-1907)
Apesar desse cansaço e pessimismo, Mendelssohn teve forças para completar o seu último quarteto de cordas, o de nº 6, que foi ouvido primeiro em uma audição privada em outubro de 1847 e estreou em público em 1848, quando Mendelssohn já havia falecido. No primeiro violino o jovem Joseph Joachim (1831-1907), pupilo de Mendelssohn que estrearia ainda inúmeras obras como o Concerto de Brahms e a 2ª Sonata para violino de Schumann.
O encarte do álbum diz ainda: nem Schumann, que dedicará a Mendelssohn seus três quartetos op. 41, nem Brahms ousarão tais condessões nos seus quartetos de cordas. Apenas no século seguinte, com a Suíte lírica de Alban Berg e as Cartas íntimas de Janácek, surgirão quartetos tão autobiográficos.
Felix Mendelssohn (1809-1847):
1-4. Quarteto de cordas nº 6, em fá menor
5-8. Quarteto de cordas nº 4, em mi menor
9-12. Quarteto de cordas nº 5, em mi bemol maior
Quatuor Van Kuijk: N. van Kuijk (vln.), S. Favre-Bulle (vln.), E. François (vla.), A. Kondo (cello)
Recorded: 2022, Arsenal de Metz, France
Gosto muito da música de Leoš Janáček, sempre muito expressiva. Temos aqui alguma coisa de sua obra pianística. Quem conhece suas expansões orquestrais e vocais, pode se surpreender pela absoluta tranquilidade destas obras para piano que encontram referências em Debussy e ecos em Satie. São discos ideais para se ouvir em tardes melancólicas como costumam ser as de domingo e também nas noites frias e chuvosas do sul do Brasil.
On The Overgrown Path, Small Piano Pieces, Set 1
7 I. Our Evenings 3:55
8 II. A Leaf Gone With The Wind 3:15
9 III. Come With Us 1:00
10 IV. The Holy Virgin Of Frydek 3:20
11 V. Twittering Swollows 2:20
12 VI. Unfinished Talk 1:50
13 VII. Good Night 2:40
14 VIII. Anxiety 2:35
15 IX. In Tears 3:20
16 X. The Bird Of Ill Omen Lingers On 4:10
On The Overgrown Path. Cycle Of Compositions For Piano, Set 1
1 Our Evenings (Moderato) 3:15
2 A Leaf Gone With The Wind (Andante) 3:26
3 Come With Us! (Andante) 1:00
4 The Holy Virgin Of Frýdek 3:24
5 Twittering Swallows (Con Moto) 1:57
6 Unfinished Talk (Andante) 2:02
7 Good Night! (Andante) 2:45
8 Torturing Anxiety (Andante) 2:21
9 In Tears (Larghetto) 2:45
10 The Bird Of III Omen Lingers On (Andante) 3:50
11 Tema Con Variazioni (Zdeňka’s Variations) For Piano 8:44
On The Overgrown Path. Cycle Of Compositions For Piano, Set 2
12 Andante 3:26
13 Allegretto 3:15
14 Più Mosso 2:19
15 Allegro 4:15
16 Vivo 2:12
Gosto muito destes dois quartetos do grande Leoš Janáček. Sua música não é sutil, calma nem delicada, mas serve, paradoxalmente, à expressões íntimas. Quem leu Sonata a Kreutzer, sabe que a extraordinária novelinha de Tolstói trata das relações de casal e é pra lá de pessimista. Aliás, há uma Sonata Kreutzer escrita por Beethoven muito antes do surgimento da novela de Tolstói. Nem imagino o motivo pelo qual o escritor russo fez de sua obra uma referência a Ludwig van. Mera homenagem ou desejava ele dizer algo? O outro quarteto destes CDs é chamado pelo compositor de Cartas Íntimas. Ambos são obras de primeira linha.
Os CDs que postamos têm o mesmo repertório na mesma ordem. Os dois registros são excelentes e eu não ousaria dizer qual é o melhor. A gravação do Melos impressiona primeiramente pela qualidade do som (Harmonia Mundi) e depois pela interpretação. Os checos do Panocha (Supraphon) são mais agressivos e talvez estejam mais próximos de Janáček.
Valem a audição. Muito.
Leoš Janáček (1854-1928): Quartetos Nº 1 e 2 / Sonata a Kreutzer e Cartas Íntimas (2 versões: Melos Quartett e Panocha Quartet)
1. String Quartet No. 1 “Kreutzer Sonata”: I. Adagio. Con moto 4:04
2. String Quartet No. 1 “Kreutzer Sonata”: II. Con moto 4:32
3. String Quartet No. 1 “Kreutzer Sonata”: III. Con moto. Vivo. Andante 3:58
4. String Quartet No. 1 “Kreutzer Sonata”: IV. Con moto (Adagio). Più mosso 5:43
5. String Quartet No. 2 “Intimate Letters”: I. Andante. Con moto. Allegro 6:22
6. String Quartet No. 2 “Intimate Letters”: II. Adagio. Vivace 6:08
7. String Quartet No. 2 “Intimate Letters”: III. Moderato. Andante. Adagio 5:36
8. String Quartet No. 2 “Intimate Letters”: IV. Allegro. Andante. Adagio
Um excelente Haydn na postagem anterior, este nem tanto. Uma amiga me visitou e me emprestou este estranho CD. Baryton é um estranho instrumento de cordas que havia na corte dos Esterhazy, onde Haydn trabalhava. Tem mais ou menos o tamanho de um violoncelo e parece que é complicadíssimo de tocar. Talvez tão complicado que Haydn escreveu música fácil demais para ele. Você não precisa fugir deste CD, mas saiba que penso que seu valor é apenas pela curiosidade. É música simples, agradável; mas que não garantiria a imortalidade que Haydn possui por seus altos méritos.
Franz Joseph Haydn (1732-1809): Divertimenti a Otto Voci (ou Octetos para Baryton) (Ricercar Consort)
Divertimento a 8, for baryton, 2 violins, viola, cello, bass & 2 horns in D major, H. 10/2
1 Allegro Moderato
2 Allegro
3 Allegro: Theme and variations
Divertimento a 8, for baryton, 2 violins, viola, cello, bass & 2 horns in A major, H. 10/6
4 Moderato
5 Adagio
6 Finale: Allegro
Divertimento a 8, for baryton, 2 violins, viola, cello, bass & 2 horns in D major, H. 10/1
7 Allegro
8 Moderato
9 Presto Rondo
Divertimento a 8, for baryton, 2 violins, viola, cello, bass & 2 horns in G major, H. 10/4
10 Moderato: Theme and variations
11 Adagio
12 Tempo di menuetto
Baryton – Philippe Pierlot (2)
Cello – Rainer Zipperling
Double Bass – Eric Mathot
Ensemble – Ricercar Consort, Ricercar Consort
Horn – Claude Maury, Piet Dombrecht
Viola – Ryo Terakado
Violin – François Fernandez, Sayuri Yamagata
Este é um TRABALHO SOCIAL oferecido por PQP Bach. Enquanto todos aqueles HORRÍVEIS BURGUESES locupletam-se com lastimáveis sequências de camarão, enquanto eles queimam seus LOMBOS OCIOSOS em nossas praias, PQP Bach oferece a oportunidade para nossos trabalhadores se VINGAREM de forma eficiente. Nada como poder ouvir, nesta sexta-feira pós-natalina, cinco CDs da grande música do Prete Rosso de forma a minorar nosso RESSENTIMENTO contra aquelas pessoas que SE DOURAM em nosso litoral enquanto trabalhamos como mouros. Não que eu pretenda trabalhar muito. São 9h e estou aqui no escritório de calção e camiseta, pronto para ir à academia malhar um pouco meu CORPINHO ADIPOSO. À tarde, serei obrigado a adquirir uma TONELADA DE ESPUMANTES para o jantar que promoveremos para quem ficou em Porto Alegre. Ah, vida miserável!
Trevor Pinnock e o The English Concert aparecem muito bem nesta caixa de 2001 da DG. Os ingleses também sabem se divertir e fazem aquele VIVALDI ABSOLUTAMENTE SOLAR E FELIZ, colocando BELAS E NADA AMEAÇADORAS NUVENS num lindo parque onde ingleses comem seus sanduíches ao meio-dia. O critério é de seleção de melhores concertos, penso, deixando de fora As Quatro Estações, porque essas a gente coloca num disquinho separado para vender mais….
COMPANHEIRO TRABALHADOR, TOVARICH DE MINH`ALMA, apele para a abstração: imagine que estes 30 concertos sejam, cada um, UM ENORME E PERFEITO CAMARÃO, e VÁ À FORRA contra daquele povo (IN)feliz da praia.
Antonio Vivaldi (1678-1741): 30 Concertos Campeões (5 CDs, The English Concert, Pinnock)
Concerto In G Major “Alla Rustica”, RV 151 (3:42)
1-1 1. Presto 1:10
1-2 2. Adagio 1:01
1-3 3. Allegro 1:31
Concerto For Oboe And Violin In B Flat Major, RV 548
Oboe – David Reichenberg
Violin – Simon Standage
(9:18)
1-4 1. (Allegro) 3:46
1-5 2. Largo 3:21
1-6 3. Allegro 2:11
Concerto In C Major “Con Molti Stromenti”, RV 558
Chalumeau – Carlos Riera, Colin Lawson
Mandolin – James Tyler, Robin Jeffrey
Recorder – Philip Pickett, Rachel Beckett
Theorbo – Jakob Lindberg, Nigel North
Violin – Micaela Comberti, Simon Standage
Violoncello – Anthony Pleeth
(10:05)
1-7 1. Allegro Molto 5:23
1-8 2. Andante Molto 1:47
1-9 3. Allegro 2:55
Concerto For 2 Violins In G Major, RV 516
Violin – Elizabeth Wilcock, Simon Standage
(9:03)
1-10 1. Allegro Molto 3:51
1-11 2. Andante (Molto) 2:07
1-12 3. Allegro 3:05
Concerto For Oboe In A Minor, RV 461
Oboe – David Reichenberg
(10:08)
1-13 1. Allegro Con Molto 4:14
1-14 2. Larghetto 3:15
1-15 3. (Allegro) 2:39
Concerto For 2 Mandolins In G Major, RV 532
Mandolin – James Tyler, Robin Jeffrey
(10:04)
1-16 1. Allegro 4:03
1-17 2. Andante 2:10
1-18 3. Allegro 3:51
Concerto For Strings In A Major, RV 159 (5:17)
2-1 1. Allegro 1:32
2-2 2. Adagio 1:14
2-3 3. Allegro 2:31
Concerto For Violin In E Major “L’Amoroso”, RV 271
Violin – Simon Standage
(9:18)
2-4 1. Allegro 3:17
2-5 2. Cantabile 2:42
2-6 3. (Allegro) 3:19
Concerto For Bassoon In E Minor, RV 484
Bassoon – Milan Turkovic
(11:45)
2-7 1. Allegro Poco 4:50
2-8 2. Andante 3:39
2-9 3. Allegro 3:16
Concerto For Flute In G Major, RV 436
Flute – Lisa Beznosiuk
(8:54)
2-10 1. Allegro 3:11
2-11 2. Largo 3:06
2-12 3. (Allegro) 2:37
Concerto For Viola D’Amore And Lute In D Minor, RV 540
Lute – Nigel North
Viola d’Amore – Roy Goodman
(11:18)
2-13 1. Allegro 5:05
2-14 2. Largo 3:08
2-15 3. Allegro 3:05
Concerto For Oboe And Bassoon In G Major, RV 545
Bassoon – Milan Turkovic
Oboe – David Reichenberg
(10:17)
2-16 1. Andante Molto 4:01
2-17 2. Largo 2:42
2-18 3. Allegro Molto 3:34
“L’Estro Armonico” Op. 3
Concerto No. 1 In D Major, RV 549
Violin – Elizabeth Wilcock, Micaela Comberti, Miles Golding, Simon Standage
Violoncello – Jaap ter Linden
(7:33)
3-1 1. Allegro 2:53
3-2 2. Largo E Spiccato 2:24
3-3 3. Allegro 2:16
Concerto No. 2 In G Minor, RV 578
Violin – Micaela Comberti, Simon Standage
Violoncello – Jaap ter Linden
(8:57)
3-4 1. Adagio E Spiccato 1:29
3-5 2. Allegro 2:26
3-6 3. Larghetto 2:35
3-7 4. Allegro 2:27
Concerto No. 3 In G Major, RV 310
Violin – Simon Standage
(6:32)
3-8 1. Allegro 2:16
3-9 2. Largo 1:57
3-10 3. Allegro 2:19
Concerto No. 4 In E Minor, RV 550
Violin – Elizabeth Wilcock, Micaela Comberti, Miles Golding, Simon Standage
(7:20)
3-11 1. Andante 2:18
3-12 2. Allegro Assai 2:29
3-13 3. Adagio 4. Allegro 2:33
Concerto No. 5 In A Major, RV 519
Violin – Miles Golding, Simon Standage
(7:09)
3-14 1. Allegro 2:55
3-15 2. Largo 1:34
3-16 3. Allegro 2:40
Concerto No. 6 In A Minor, RV 356
Violin – Simon Standage
(7:20)
3-17 1. Allegro 3:02
3-18 2. Largo 1:55
3-19 3. Presto 2:23
Concerto No. 7 In F Major, RV 567
Violin – Elizabeth Wilcock, Micaela Comberti, Miles Golding, Simon Standage
Violoncello – Jaap ter Linden
(9:27)
4-1 1. Andante 3:31
4-2 2. Adagio 1:16
4-3 3. Allegro 2:29
4-4 4. Adagio – Allegro 2:11
Concerto No. 8 In A Minor, RV 522
Violin – Micaela Comberti, Simon Standage
(10:32)
4-5 1. Allegro 3:33
4-6 2. Larghetto 3:42
4-7 3. Allegro 3:17
Concerto No. 9 In D Major, RV 230
Violin – Simon Standage
(7:47)
4-8 1. Allegro 2:07
4-9 2. Larghetto 3:36
4-10 3. Allegro 2:04
Concerto No. 10 In B Minor, RV 580
Violin – Elizabeth Wilcock, Micaela Comberti, Miles Golding, Simon Standage
Violoncello – Jaap ter Linden
(9:10)
4-11 1. Allegro 3:43
4-12 2. Largo – Larghetto – Adagio – Largo 2:13
4-13 3. Allegro 3:14
Concerto No. 11 In D Minor, RV 565
Violin – Elizabeth Wilcock, Simon Standage
Violoncello – Jaap ter Linden
(8:23)
4-14 1. Allegro – Adagio Spiccato E Tutti – Allegro 3:43
4-15 2. Largo E Spiccato 2:22
4-16 3. Allegro 2:18
Concerto No. 12 In E Major, RV 265
Violin – Simon Standage
(9:34)
4-17 1. Allegro 3:25
4-18 2. Largo 3:25
4-19 3. Allegro 2:44
6 Flute Concertos Op. 10
No. 1 In F Major “La Tempesta Di Mare”, RV 433
Flute – Lisa Beznosiuk
(6:51)
5-1 1. Allegro 2:55
5-2 2. Largo 1:49
5-3 3. Presto 2:07
No. 2 In G Minor “La Notte”, RV 439
Flute – Lisa Beznosiuk
(8:50)
5-4 1. Largo 1:58
5-5 2. Presto (Fantasmi) 0:53
5-6 3. Largo 1:09
5-7 4. Presto 1:01
5-8 5. Largo (Il Sonno) 1:33
5-9 6. Allegro 2:16
No. 3 In D Major “Il Gardellino”, RV 428
Flute – Lisa Beznosiuk
Viola – Trevor Jones (4)
Violin – Micaela Comberti, Simon Standage
Violoncello – Jane Coe
(10:01)
5-10 1. Allegro 3:59
5-11 2. Without Tempo Indication 3:14
5-12 3. Allegro 2:48
No. 4 In G Major, RV 435
Flute – Lisa Beznosiuk
(6:52)
5-13 1. Allegro 2:26
5-14 2. Largo 2:10
5-15 3. Allegro 2:16
No. 5 In F Major, RV 434
Flute – Lisa Beznosiuk
(9:23)
5-16 1. Allegro Ma Non Tanto 3:37
5-17 2. Largo Cantabile 3:49
5-18 3. Allegro 1:57
No. 6 In G Major, RV 437
Flute – Lisa Beznosiuk
(8:09)
5-19 1. Allegro 3:58
5-20 2. Largo 1:51
5-21 3. Allegro 2:20
Conductor, Harpsichord, Organ – Trevor Pinnock
Orchestra – The English Concert
Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicamos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até hoje, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a última das onze partes de nossa eulogia ao gigante.
Depois de escrever o maior dos capítulos da história da Música Brasileira, Arthur depôs a pena.
Entre seu primeiro cachê no Theatro da Paz em Belém e o derradeiro recital de “Um Piano pela Estrada”, passaram-se sete décadas. Do Carnegie Hall em Nova York ao coreto de Itapecuru-Mirim, vivera tudo. De Emil Gilels de Odessa a Seu Walter de Casinhas, encontrara todos.
Missão cumprida. Era hora de descansar.
O guerreiro recolheu-se a seu lar, num dos mais belos nacos do litoral brasileiro, e saboreou a vida em família.
Deixou seu repouso para pouquíssimas aparições públicas. Na mais significativa delas, em 5 de abril de 2023, fez-se acompanhar da Sinfônica de Minas Gerais, de cujo Concurso para Jovens Solistas aceitara ser padrinho. O programa era puro sumo de arthurzice: abriu com o Hino do Fluminense, em arranjo de sua lavra; prosseguiu com o Adagio do Concerto K. 488 de Mozart; e concluiu com O Despertar da Montanha, pérola de Eduardo Souto que ele sempre soube transformar em épico.
A escolha do K. 488 foi especialmente significativa, pois fora com ele que Arthurzinho, aos oito anos, vencera seu primeiro concurso de jovem solista, com a Sinfônica Brasileira sob Eleazar de Carvalho, quase setenta e cinco anos antes. Com aquele Adagio, um grande arco se fechava, depois de três quartos de um século a encantar o mundo, de suas grandes salas de concerto até as pracetas de suas mais remotas bibocas.
Seria seu canto de cisne.
Nada mais soube dele até que, em setembro do ano passado, a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro lhe conferiu o título de Doutor Honoris Causa. Durante a cerimônia de outorga, acompanhada remotamente pelo homenageado, desde Florianópolis, o diploma foi recebido por seu neto, o pianista Chico.
Conjurando todas as forças que lhe restavam para emitir cada uma de suas palavras, nosso herói agradeceu com os mesmos modos despretensiosos que permearam sua gloriosa jornada:
A essa altura da vida, não sei se eu sou merecedor dessa homenagem. Deixo a resposta dessa pergunta para aquelas pessoas que ouvirem meus discos”.
Espero que as quarenta e uma pistas que lhes alcancei os ajudem a responder.
Algumas semanas depois, em exatamente um ano antes do instante em que essa postagem foi ao ar, Arthur Moreira Lima Júnior partiu para as esferas. Decerto ao encontro de Frederico e de Ernesto; para reencontrar Dona Dulce e Arthur Pai; rever Lúcia, Marguerite e Rudolf; tocar com Astor e Radamés; e contar as novas a Cláudio, Sérgio e Millôr.
Em meio à comoção ante a infelizmente esperada notícia, as vozes mais audíveis eram unânimes em darem conta do quão grande ele fora e do quanto seu país lhe devia. No velório, enquanto depositava flores ao lado de muitas bandeiras do Fluminense, eu pude assim escutar:
– Um velório tão singelo para um tão grande homem! Por tudo o que ele fez, ele mereceria um funeral de Estado! Ele foi um dos maiores pianistas do mundo…
“… e um dos maiores brasileiros de todos os tempos”, completei mentalmente.
De volta para casa, depois de me despedir de Arthur, corri ao Grand Bazaar da interné e comprei os volumes que me faltavam de seu generoso testamento musical aos brasileiros. Estava desde então decidido a compartilhar a coleção “Meu Piano” com todos que a quisessem conhecer. Sentia que devia isso a Arthur, para que talvez, ainda que tardiamente, o mundo pudesse sentir algo da cratera que sua partida deixara cá em mim. Mais que isso: que os brasileiros algum dia tivessem tanto orgulho desse herói quanto ele teve de amor por eles.
Quero que jamais o esqueçam.
Como lhes prometi já na primeira postagem, essa minha homenagem nada teria de crítico: ela foi tão só carinho e saudade. Deixo a crítica para vocês, enquanto espero que minhas publicações lhes tenham dado alguma ideia do espetáculo que foi a vida desse brasileiro incomparável.
Em seus textos de apresentação aos álbuns de Arthur lançados sob seu selo, Marcus Pereira escreveu espirituosamente:
Conforme sabido e lamentado, Chopin não nasceu no Brasil, mas deveria”,
E também:
Revive também o piano, através de Arthur Moreira Lima, pianista patrício conhecido no mundo inteiro. Afinal (glosando Ferreira Gullar) o piano não foi inventado para humilhar o Brasil.
Não, e não mesmo:
Nenhum piano surrou mais nossa viralatice que o do nosso querido Chopin do Estácio.
Obrigado por tanto, Arthur.
Em memória de Arthur Moreira Lima Júnior
Rio de Janeiro, 16 de julho de 1940 – 30 de outubro de 2024, Florianópolis
ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes Idealizada por Arthur Moreira Lima Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima
VOLUME 23: CHOPIN VI
Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Polonaises para piano, Op. Póstumo:
1 – Polonaise em Sol Menor
2 – Polonaise em Si bemol maior
3 – Polonaise em Lá bemol maior
4 – Polonaise em Sol sustenido menor
5 – Polonaise em Si bemol menor
Três Polonaises para piano, Op. 71 6 – No. 1 em Ré menor
7 – No. 2 em Si bemol maior
8 – No. 3 em Fá menor
9 – Polonaise em Sol bemol maior
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: American Academy Hall, Nova York, Estados Unidos, 1983.
Produção e engenharia de som: Judith Sherman
Supervisão: Jay K. Hoffman
Piano: Steinway & Sons, Nova York
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima
Sonata para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 35 1 – Grave – Agitato
2 – Scherzo
3 – Marche Funèbre: Lento)
4 – Finale: Presto
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58 5 – Allegro maestoso
6 – Scherzo: Molto Vivace
7 – Largo
8 – Finale: Presto non tanto
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: All Saints Church, Tooting, Londres, Reino Unido, 1999 Piano: Steinway and Sons Engenheiro de som: Peter Nicholls Direção Musical, produção, edição e masterização por Rosana Martins Moreira Lima, 1999.
Quatro Baladas para piano: 1 – No. 1 em Sol menor, Op. 23
2 – No. 2 em Fá maior, Op. 38
3 – No. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
4 – No. 4 em Fá menor, Op. 52
Quatro Mazurcas para piano, Op. 33 5 – No. 1 em Sol sustenido menor
6 – No. 2 em Ré maior
7 – No. 3 em Dó maior
8 – No. 4 em Si menor
Trois Nouvelles Études pour le “Méthode des Méthodes” de Moschelles et Fétis: 9 – No. 1 em Fá menor
10 – No. 2 em Ré bemol menor
11 – No. 3 em Lá bemol maior
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: All Saints Church, Tooting, Londres, Reino Unido, 1999 Piano: Steinway and Sons Engenheiro de som: Peter Nicholls Direção Musical, produção, edição e masterização por Rosana Martins Moreira Lima, 1999.
Nossa homenagem a Arthur deve tudo a dois mananciais.
O primeiro é O Piano e a Estrada (2009), livro-reportagem de Marcelo Mazuras, infelizmente fora de catálogo, mas facilmente disponível no Grand Bazaar da Interné. O autor, cuidadosamente, nunca o chamou de biografia, porque Arthur rechaçava o termo, que “no Brasil tem um ar solene, de testamento, de coisa definitiva”, e sua Coluna Prestes pianística ainda teria mais oito anos de estradas e rios pela frente.
Recomendamos fortemente sua aquisição e leitura, nem que seja para estimular sua reedição, talvez ampliada, dando conta dos quinze anos posteriores da jornada de nosso herói entre nós, esses sortudos.
Mazuras, que participou da Caravana Arthurzinho pelo sem-fim do Brasil, também dirigiu o documentário Um Piano para Todos (2022), disponível em várias plataformas de streaming. As imagens do caminhão-teatro sobre balsas a singrar os vastos rios amazônicos devem ter enchido Arthur de orgulho. Dir-se-ia nosso Fitzcarraldo do piano.
O outro manancial, já tantas vezes mencionado ao longo das postagens, foi o do Instituto Piano Brasileiro (IPB), para o qual Arthur generosamente enviou uma grande parte de seu acervo, com muitas gravações inéditas. O IPB digitalizou esses tesouros e os vem publicando em seus diversos canais, dentro do Projeto Arthur Moreira Lima, que visa a disponibilizar pela cyberesfera toda a discografia do gigante em vídeo-partituras. Além disso, nosso herói concedeu ao diretor do IPB, o multitalentoso Alexandre Dias, a mais extensa série de entrevistas de sua longa vida, ao longo de diversas madrugadas pandêmicas (pois Arthur, como já apontamos, sempre viveu no fuso horário de Honolulu). Reunidas em onze episódios e divulgadas no podcast Conversa de Pianista, elas ajudaram a abastecer de fatos e causos nossa homenagem.
O trabalho inestimável do IPB é inteiramente mantido por financiamento coletivo e só é possível graças ao apoio de seus assinantes. Convidamos nossos leitores-ouvintes a se juntarem a esse rol.
Mensagem de Arthur a Alexandre Dias, a agradecer pelo Projeto Arthur Moreira Lima. Que tal homenagear Arthur apoiando o IPB?
“Nesta última parte das entrevistas que Arthur Moreira Lima concedeu a Alexandre Dias em 2020, ele falou sobre a necessidade de um pianista desenvolver cultura geral, e os livros que o marcaram. Falou também sobre sua filosofia como intérprete, e sobre a arte de se montar programas de recitais.”
Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, concluímos o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952 com o maior ídolo de Arthur: Waldir Pereira, o Príncipe Etíope, o mago Didi (1928-2001)
Glosando Marcus Pereira, eu não sei se o moleque é Arthur – mas deveria.