Um clássico de capa nova. A anterior era branquinha, lembram? Para um CD como este, penso que as apresentações sejam dispensáveis. Por isso iremos com certa urgência à música. Uma excelente apreciação!
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Concerto para piano e orquestra No. 22 em Mi bemol maior, K. 482
01. Allegro
02. Andante
03. Allegro
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra No. 3 em Dó menor, Op. 37
04. Allegro con brio
05. Largo
06. Rondo (Allegro)
Sviatoslav Richter, piano
Philharmonia Orchestra
Riccardo Muti, regente
Uma ópera sobre Tosca nunca seria um sucesso – a ação inclui cenas de tortura, tentativa de estupro, assassinato, uma execução e alguém se jogando para a morte do alto de um castelo – simplesmente brutal!!
Puccini e Toscanini foram grandes amigos, mas a estreia de Tosca foi dada por um outro maestro…
Esse foi um dos argumentos usados pelo editor Ricordi e por seu libretista Luigi Illica para induzirem um agora desconhecido compositor de óperas ceder o direito sobre o libreto baseado na peça de Victorien Sardou. E eles acrescentaram que toda a história decorre em torno das 24 horas de um dia de junho de 1800, num momento de conflitos de todas as ordens – republicanos contra monarquistas, Áustria contra Itália, Napoleão contra o mundo. O compositor nem vacilou, passou para frente a batata quente. No outro dia o contrato para a composição da ópera e o primeiro copião do libreto estavam nas mãos de Puccini. Ele havia se interessado pela história desde o lançamento da peça, em 1889, mas andava ocupado com La Bohème e Manon Lescaut. O libreto de Illica ainda estava longe do que Puccini queria e mais um colaborador foi chamado a bordo. Giuseppe Giacosa já havia trabalhado nos libretos das outras óperas de Puccini e, após muitas noites de tesoura e cola, de pressões do editor, muito esperneio, o resultado é essa maravilha que podemos ouvir, com a música de Puccini.
É famosa e impossível não citar a frase de Giacosa sobre duas das mais famosas óperas de Puccini – La Bohème e Tosca: “La Bohème é pura poesia e nenhuma ação; Tosca é só ação, sem poesia.” Mas eu discordo um pouquinho, sobre a parte da poesia… No início do terceiro ato, que eu adoro, um pastorzinho canta, logo na abertura, os versos a seguir:
Io de’ sospiri, / te ne rimanno tantti / pe’ quante foje / ne smoveno li venti.
Algo assim como: Meus suspiros são tantos quanto são as folhas levadas pelo vento…
Voltando ao assunto da ópera, assim como sabia Guimarães Rosa: “Mas nada disso vale a fala, porque a história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.” Realmente, toda a ação da ópera se dá no resumo de um dia, no mês de junho de 1800. Cada um dos três atos tem como cenário um lugar que realmente existe em Roma.
A igreja real
O primeiro ato se dá na Igreja Sant’Andrea della Valle. Nela encontramos um fugitivo da polícia política, o consul da breve República Romana, Cesare Angelotti, que estava nas garras do Barão Scarpia. Na Igreja onde ele busca refúgio encontra o pintor Mario Cavaradossi, amante de Tosca e simpatizante da República. Cavaradossi está pintando uma Maria Madalena, inspirado em uma linda loura de olhos azuis, exatamente a irmã do fugitivo. Isso, é claro, acaba despertando o furor e o ciúme de Tosca, desconfiada por ouvir os cochichos de Mario e Cesare, que se esconde numa das capelas. Tosca é uma famosa cantora de ópera, católica fervorosa e por sua posição monarquista.
Um tiro de canhão da conta da fuga do prisioneiro e tudo se precipita, com a chegada de Scarpia e seus asseclas em busca do fugitivo. Scarpia desconfia de Cavaradossi e joga com os sentimentos exacerbados de Tosca. O ato termina num tour de force, com a notícia da derrota de Napoleão o coro da igreja entoa um Te Deum, durante o qual o perverso Scarpia se regozija com a possibilidade de dupla vitória – prender os fugitivos e possuir Tosca: Con spasimo d’amor, […] um vai para a ponta da corda, a outra direto para os meus braços!
O segundo ato ocorre no Palazzo Farnese – onde vive Scarpia – que está jantando. Nesse local se dará cenas terríveis: a tortura de Cavarodossi, cujos gritos acabam fazendo Tosca fazer um acordo com o malvado e vil Barão. A tentativa de estupro, seguida do assassinato – a punhalada certeira, desfechada pela brava Tosca. Ela havia negociado sua fuga com Mario (duplo salvo-conduto, essas coisas) que deveria ter sua morte encenada de mentirinha.
O terceiro ato se passa no Castelo Sant’Angelo, onde Mario passa a noite – será fuzilado ao amanhecer. Eu adoro esse breve fechamento da ópera. Uma montanha russa de emoções. O prelúdio desse ato é um pouco mais longo, afinal estamos esperando raiar o dia. O tema da ária de despedida do pintor é apresentado pela orquestra, belíssimo!!!
Cavaradossi que é pintor diz essa maravilha de frase: L’ora è fuggita, e muoio disperato, e non ho amato mai tanto la vita… (A hora se foi e eu morro desesperado, e nunca amei tanto a vida).
Após uma sequência dos dois amantes, a execução, seguida da descoberta da tragédia por Tosca e a chegada da notícia da morte de Scarpia. Perseguida, Tosca se precipita do alto do castelo, lançando um último desafio: Scarpia, nos veremos diante de Deus!
A ópera termina com o triângulo (nada) amoroso esfacelado pela morte de seus três vértices. É uma opera inovadora, a história cheia de violência e os sentimentos levados aos extremos. Os três protagonistas vivem situações de extrema tensão e há pontos que não podem deixar de chamar a atenção do ouvinte.
Jonathan Tetelman, o Mario, Mario, Mario
O papel do mocinho, o pintor-tenor, é brindado com a ária Recondita armonia, no primeiro ato, mas especialmente a ária de despedida no terceiro ato, Elucevan le stelle. Tosca teve como uma de suas principais intérpretes a fabulosa Maria Callas, mas também tantas outras, como a rival Renata Tebaldi. A ária Vissi d’arte é a própria declaração de dedicação à essa maravilhosa profissão. O malvadão também é um protagonista inesquecível. Seu grande momento no primeiro ato mostra seu terrível caráter, durante o Te Deum. A sua presença no segundo ato ocupa um grande espaço no palco, contrapondo-se a Tosca, até a sua morte. Apesar dela, sua ações o colocam também no terceiro ato, apesar de não aparecer mais.
Para tão maravilhosa peça escolhi uma gravação estalando de nova – a soprano Eleonora Buratto, o tenor Jonathan Tetelman e o barítono Ludovic Tézier são excelentes e estão no primor de suas carreiras. O regente Daniel Harding acabou de assumir a orquestra da Academia Nazionale di Santa Cecilia e essa é a sua primeira gravação com ela. Muito auspiciosa. A produção é da Deutsche Grammophon, primorosa. Aqui a explicação dada no início de uma crítica mencionada mais abaixo: The three performances in late October last year were Harding’s inaugural concerts with his new band (along with a Verdi Requiem). The British conductor doesn’t have a lot of opera on his CV – and barely any trace of Puccini – but opera very much comes with the territory in this job. (As três apresentações no final de outubro do ano passado foram os concertos inaugurais de Harding com sua nova banda (junto com um Réquiem de Verdi). O maestro britânico não tem muita ópera em seu currículo – e quase nenhum traço de Puccini –, mas a ópera é parte integrante deste trabalho.)
Ao final de sua resenha para a Gramophone, Mark Pullinger escreveu: When I did a Tosca Collection survey (8/22), I plumped for Renata Tebaldi (Molinari-Pradelli) slightly ahead of Leontyne Price (Karajan). Those 1950s recordings remain in pole position but, even given occasional reservations over Harding, this new account boasts the finest Tosca cast of the digital era and is a recording I’ll be returning to often in years to come.
Como estamos entrando na era de renovação de arquivos ou mesmo de maneira de semear a boa música na web, essa gravação vem bem a calhar!
Aproveite!
René Denon
Ao saber que um dos personagens da ópera se chama Cesare Angelotti, o prestativo Departamento de Artes do PQP Bach Corporation mandou essa ilustração para a postagem…
O que pode acontecer quando Jordi Savall resolve fazer um concerto com repertório de Bach e Vivaldi e convida Pierre Hantaï e Pablo Valetti (do Café Zimmermann) e mais a La Capella Reial de Catalunya para participarem dele? E ainda toca sua viola da gamba? Bem, meus caros, quem não consegue imaginar o resultado ouça o disco para comprovar a perfeição e adentrar no nirvana. Este concerto foi gravado ao vivo em 2013 na Capela Real de Versalhes e eu sugiro que você não apenas ouça como decore cada nota.
J. S. Bach e A. Vivaldi: Magnificat & Concerti
01 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 I. Adagio e spiccato – Allegro
02 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 II. Larghetto
03 – Antonio Vivaldi – Concerto con 2 violini e viola da gamba, archi e continuo, RV 578 III. Allegro
04 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 I. Magnificat
05 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 II. Et exultavit
06 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 III. Et misericordia eius
07 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 IV. Fecit potentiam
08 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 V. Deposuit potentes
09 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VI. Esurientes
10 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VII. Suscepit Israel
11 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 VIII. Sicut locutus est
12 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 IX. Gloria Patri
13 – Antonio Vivaldi – Magnificat en Sol mineur, RV 610 X. Sicut erat in principio
14 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 I. Allegro
15 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 II. Adagio
16 – Johann Sebastian Bach – Concerto pour clavecin en Re mineur, BWV 1052 III. Allegro
17 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 I. Magnificat
18 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 II. Et exultavit
19 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 III. Quia respexit
20 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 IV. Omnes generationes
21 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 V. Quia fecit mihi magna
22 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VI. Et misericordia
23 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VII. Fecit potentiam
24 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 VIII. Deposuit potentes
25 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 IX. Esurientes
26 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 X. Suscepit Israel
27 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 XI. Sicut locutus est
28 – Johann Sebastian Bach – Magnificat en Re majeur, BWV 243 XII. Gloria Patri
Personnel:
Hanna Bayodi-Hirt, Johannette Zomer soprano / Damien Guillon – contreténor / David Munderloh – ténor / Stephan MacLeod – baryton
La Capella Reial de Catalunya
et participants sélectionnés de la IIIe Académie 2013
Le Concert des Nations
Pierre Hantaï – clavecin
Manfredo Kraemer, Pablo Valetti – violini concertanti
Atendo agora a um pedido antigo, e reforçado nos últimos tempos. O concerto de Schumann já tem duas outras opções, com a Martha Argerich e com o Murray Perahia, mas esta versão que agora posto tem o Concerto de Grieg, um dos mais belos do repertório pianístico. E o intérprete é outro grande especialista nos românticos, o chileno Claudio Arrau.
Já tive oportunidade de ouvir diversas versões destes dois concertos, mas Arrau é um grande especialista em ambos. Seu fraseado é claro, e é muito contido, Extrai da melodia toda a beleza nela contida, sem cair em tentações maiores. Aqui é ajudado pelo grande Christoph von Dohnanyi, que dirige a excepcional Royal Concertgebouw Orchestra, Amsterdam.
Com certeza, um grande momento do piano romântico.
Edvard Grieg (1843-1907) – Piano Concerto in A Minor, op. 16, Robert Schumann (1810-1856) – Piano Concerto in A Minor, op. 54
01 Grieg – Piano Concerto in A Minor, op. 16 – 1 – Allegro molto moderato
02 Grieg – Piano Concerto in A Minor, op. 16 – 2 – Adagio
03 Grieg – Piano Concerto in A Minor, op. 16 – 3 – Allegro moderato molto e marcato
04 Schumann – Piano Concerto in A Minor, op. 54 – 1 – Allegro affetuoso
05 Schumann – Piano Concerto in A Minor, op. 54 – 2 – Intermezzo
06 Schumann – Piano Concerto in A Minor, op. 54 – 3 – Allegro vivace
Claudio Arrau – Piano
Royal Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
Christoph von Dohnányi – Conductor
Busquei as informações abaixo na Wikipedia. Na verdade, procurei este disco — que é consistentemente bom e bem interpretado — por causa dos muitos filmes que imortalizaram sua música. Acho que vocês vão gostar ou, no mínimo, achar curioso ouvir Rota fora daquilo que parecia ser seu habitat, o cinema.
Nino Rota (Milão, 3 de Dezembro de 1911 — Roma, 10 de Abril de 1979) foi um compositor italiano, célebre por suas composições executadas no cinema.
Ficou conhecido por ter composto música para filmes de Federico Fellini, Luchino Visconti e Francis Ford Coppola.
Biografia
Nascido em Milão em 1911, no seio de uma família de músicos, Nino Rota foi inicialmente estudante da Orefice e Pizzetti. Ainda em criança, mudou-se para Roma onde terminou os seus estudos no conservatório de Santa Cecília em 1929 com Alfredo Casella. Entretanto, tornou-se num ‘enfant prodige’, famoso tanto como compositor, quanto como maestro. A sua primeira actuação, ‘L’infanzia de San Giovanni Battista’, foi realizada em Milão e Paris no ano de 1923, e a sua comédia lírica, ‘Il Principe Porcaro’ foi composta em 1926.
De 1930 a 1932, Nino Rota viveu nos Estados Unidos da América. Ganhou uma bolsa de estudos no Curtis Institute of Philadelphia, onde frequentou as aulas de composição de Rosario Scalero e as aulas de orquestra dadas por Fritz Reiner.
Regressou à Itália onde se licenciou em literatura na Universidade de Milão. Em 1937, iniciou a sua carreira docente que o levou à direcção do conservatório de Bari, um título que manteve desde 1950 até a data do seu falecimento em 1979.
Carreira
Após as suas composições ‘juvenis’, Nino Rota escreveu as seguintes óperas: ‘Ariodante’ (Parma, 1942), ‘Torquemada’ (1943), ‘Il cappello di paglia di Firenze’ (Palermo, 1955), ‘I due timide’ (RAI, 1950, Londres, 1953), ‘La notte di un neurastenico’ (Premio Italia, 1959, La Scala, 1960), ‘Lo scoiattolo in gamba’ (Veneza, 1959), ‘Aladino e la lampada magica’ (Nápoles, 1968), ‘La visita meravigliosa’ (Palermo, 1970), ‘Napoli milionaria’ (Spoleto Festival, 1977).
Escreveu também os seguintes ballets: ‘La rappresentazione di Adamo ed Eva’ (Perugia, 1957), ‘La Strada’ (La Scala, 1965), ‘Aci e Galatea’ (Roma, 1971), ‘Le Molière Imaginaire’ (Paris e Bruxelas, 1976) e ‘Amor di poeta’ (Bruxelas, 1978) para Maurice Bejart.
Para além destes, há uma quantidade infindável de trabalhos seus para orquestra, interpretados antes da Segunda Grande Guerra, que ainda hoje se fazem ouvir em todo mundo.
Cinema
O seu trabalho no mundo do cinema data desde os anos 40. A filmografia inclui nomes de practicamente todos os realizadores notáveis da sua época, dos quais se eleva incontornávelmente o nome de Federico Fellini. Rota compôs para todos os filmes de Fellini, desde o ‘The White Sheik’ de 1952, até ao ‘The Orchestra Rehearsal’, de 1979. A lista dos outros realizadores inclui os nomes de Renato Castellani, Luchino Visconti, Franco Zeffirelli, Mario Monicelli, Francis Ford Coppola, King Vidor, René Clément, Edward Dmytryk e Eduardo de Filippo. Também compôs a música de várias produções teatrais de Visconti, Zefirelli e de Filippo.
Nino Rota (1911-1979): Música de Câmara (Kremerata)
1.Piccola Offerta Musicale for wind quintet (1943)
2.Sarabanda e Toccata per Arpa (1945) – 1 Sarabanda
3.Sarabanda e Toccata per Arpa (1945) – 2 Toccata
4.Trio per flauto, Violino e Pianoforte (1958) – 1 Allegro ma non troppo
5.Trio per flauto, Violino e Pianoforte (1958) – 2 Andante sostenuto
6.Trio per flauto, Violino e Pianoforte (1958) – 3 Allegro vivace con spirito
7.Ippolito gioca per Pianoforte (1930)
8.Il Presepio for soprano and string quartet (1958)
9.Catilena (1971)
10.Intermezzo per Viola e Pianoforte
11.Puccettino nella giungla (1971)
12.Nonetto (1959) – 1 Allegro
13.Nonetto (1959) – 2 Andante
14.Nonetto (1959) – 3 Allegro con spirito
15.Nonetto (1959) – 4 Canzone con Variazioni
16.Nonetto (1959) – 5 Vivacissimo
Kremerata Musica:
Anna Maria Pammer: soprano
Felix Renggli: flute
Sharon Bezaly: flute
Markus Deuter: oboe
Heinz Holliger: oboe
Bernhard Zachhuber: clarinet
Elmar Schmid: clarinet
Radovan Vlatkovic: horn
Volker Altmann: horn
Klaus Thunemann: bassoon
Lorelei Dowling: bassoon
Maria Graf: harp
Hanna Weinmeister: violin
Gidon Kremer: violin
Gérard Caussé: viola
Firmiam Lermer: viola
Howard Penny: cello
Erich Hehenberger: double bass
Alena Chernushenko: piano
Mascha Smirnov: piano
Marino Formenti: piano
Oleg Maisenberg: piano
Hagen Quartet: string quartet
Formada em 2009, a sensacional banda de rua Tuba Skinny evoluiu de uma coleção avulsa de músicos de rua para um conjunto sólido dedicado a levar o som tradicional de Nova Orleans ao redor do mundo. Com base em uma ampla gama de influências musicais — do spirituals ao blues da era da Depressão, do ragtime ao jazz tradicional — seu som evoca a rica herança musical de sua casa em Nova Orleans. A banda conquistou seguidores por meio de seu som distinto, seu compromisso em reviver canções há muito perdidas e suas performances ao vivo arrasadoras. Se você for ao YouTube, vai se impressionar com a competência do grupo, com destaque para as mulheres. Este é o terceiro CD do Tuba. Este é o tipo de música de Nova Orleans que faz uma pessoa sorrir e bater os pés quando uma música é alegre e gemer com um sorriso cúmplice quando é triste.
Tuba Skinny: Garbage Man
1 Broken Hearted Blues 3:45
2 Any Kind-A-Man 4:04
3 Frosty Morning 5:34
4 How Do They Do It That Way 3:07
5 Sweet Mama Hurry Home 3:42
6 Mother’s Son-In-Law 3:46
7 Nobody’s Blues But Mine 5:57
8 Some Of These Days 4:30
9 Weary Eyed Blues 4:49
10 Minor Drag 3:23
11 Muddy Water 4:00
12 Garbage Man 3:02
Cornet – Shaye Cohn
Guitar, Vocals – Kiowa Wells
Trombone – Barnabus Jones
Tuba – Todd Burdick
Vocals – Erika Lewis
Washboard – Robin Rapuzzi
“Ravel é um relojoeiro suíço” – Stravinsky (língua de trapo)
Ravel nasceu há 150 anos, mas sua música soa bastante ‘moderna’ aos meus ouvidos amantes do barroco e do clássico.
Dos compositores que atuaram no século XX, Ravel foi o que me cativou primeiro. Deve ter sido por causa do seu Concerto para Piano.
Esta postagem tem a música de Ravel, mas algumas peças estão sendo apresentadas numa outra roupagem, numa forma diferente da qual estamos acostumados, pelo menos a maioria delas. Eu gostei tanto das ‘adaptações’ que resolvi trazê-las para os visitantes do blog.
No primeiro disco-arquivo temos o Trio com Piano na sua glória e roupagem tradicional, interpretado ao piano, violino e violoncelo, acompanhado de duas outras obras, e apresentadas em transcrições para trio com piano. A famosa Pavane pour une infante défunte e a suíte Le tombeau de Couperin.
A Pavane nasceu no finzinho do século XIX em versão para piano solo, quando Ravel ainda estudava. Ganhou uma versão orquestral em 1910. A transcrição apresentada aqui foi feita pelos membros do Linos Piano Trio que interpretam as peças do primeiro arquivo. Eles também são os trans(gre)tores da suíte Le tombeau de Couperin, composta também para piano solo, mas entre 1914 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. Cada uma das ‘danças’ da suíte é dedicada à memória de um amigo que morreu durante o conflito. Foi um período bastante difícil na vida de Ravel.
O Linos Trio esperando a barca em Charitas para ir de Niterói para o Rio… eles adoraram Camboinhas
Os membros do Linos Piano Trio têm cinco nacionalidades. Só em um mundo globalizado como o que vivemos tal coisa é possível:
O músico tailandês radicado em Londres, Prach Boondiskulchok, desfruta de uma carreira singularmente diversificada como pianista, pianista forte e compositor. Igualmente à vontade improvisando ornamentos do século XVIII e compondo com harmonias micro tonais, suas apresentações o levaram a palcos e festivais internacionais.
Com seu estilo de performance vibrante e talento natural para o entretenimento, o violinista teuto-brasileiro nascido em Londres, Konrad Elias-Trostmann, quebra a barreira frequentemente encontrada entre o público e o intérprete. Apresentações de música de câmara o levaram a locais como o Carnegie Hall, o Wigmore Hall, o Melbourne Recital Centre, o Seoul Arts Centre e a Sala Cultural Itaím, em São Paulo. Recentemente, Konrad foi nomeado segundo violino principal da Essener Philharmoniker e é regularmente convidado como segundo violino principal ou spalla assistente por orquestras de renome mundial.
O músico multifacetado francês radicado em Berlim, Vladimir Waltham, se sente igualmente à vontade com violoncelo, violoncelo barroco e todos os tamanhos de instrumentos da gamba. Elogiado por seu “tom luminoso” pela Gramophone, Vladimir é apaixonado por compartilhar a mais ampla paleta musical possível, em um repertório que abrange da Idade Média a colaborações com compositores e estreias mundiais, bem como tudo entre eles.
Numa entrevista eles explicaram brevemente como o trio se formou: Sempre foi um fascínio para cada um de nós desafiar os limites musicais, por isso é muito apropriado que a “história de origem” do nosso conjunto seja centrada em uma obra que transcende os limites do gênero trio para piano. Em 2007, quando peças obscuras ainda não eram amplamente digitalizadas, lembro-me de descobrir com entusiasmo que uma das minhas peças favoritas, “Verklärte Nacht” de Schönberg para sexteto de cordas, também existia em uma transcrição para trio para piano de Eduard Steuermann. Logo, colegas que compartilham esse entusiasmo se juntaram a mim para tocá-la, e esse foi o conjunto que se tornou o Linos Piano Trio.
Quatro das peças de Le tombeau de Couperin foram magistralmente orquestradas por Ravel para pequena orquestra. O segundo disco-arquivo tem uma transcrição dessa versão orquestral para quinteto de sopros – flauta, oboé, clarinete, fagote e trompa, feita por Mason Jones. Eu não consegui verificar com absoluta certeza, mas acredito que o arranjador Mason Jones foi o principal trompista da Philadelphia Orchestra por muito tempo, atuando durante os período de Leopold Stokowsky e Eugene Ormandy.
Pacíficos músicos do Pacific Quintete
Os intérpretes aqui são os membros do Pacific Quintet, Aliya Vodovozova (flauta), Fernando José Martínez Zavala (oboé), Liana Leßmann (clarinete), Kenichi Furuya (fagote) e Haeree Yoo (trompa). Veja como o primeiro disco deles foi anunciado: O álbum de estreia do Pacific Quintet reflete a diversidade de seus integrantes e seu foco principal. Também homenageia o compositor que inspirou o conjunto: Leonard Bernstein. Indo além do repertório clássico tradicional, o premiado quinteto (clarinete, trompa, flauta transversal, oboé e fagote) apresenta música de seus países de origem: Japão, Honduras, Coreia do Sul, Alemanha e Ucrânia/Turquia, em um programa que transcende suas culturas, línguas e tradições.
O pessoal do PQP Bach adorou a palhinha dada pelo PQ
Sobre o Pacific Quintet: “Making music with friends is one of the most wonderful things about our job and this is just what the Pacific Quintet do. They are talented and dedicated musicians who are also great friends and they take much pride and joy in making music together. I have watched them develop into a world class quintet […] and I am so proud of their success.” Sarah Willis (French horn player & member of the Berlin Philharmonic Orchestra)
Um de nossos visitantes já está desfrutando da boa música de Ravel…
Sobre a gravação do Linos Piano Trio: It’s a great pleasure to hear Ravel’s majestic and technically demanding Piano Trio without insertions of meaningless rubato, and with every note in place. The only thing I was left wishing for was a more scrupulous observation of his dynamic markings. BBC Music Magazine
The Linos Piano Trio’s performances feature string vibrato, as well as occasional portamento. The superb execution, intensity, flexibility, and tonal richness of the ensemble’s performances would, I think, gratify audiences of any era. Fanfare
O lendário pianista morávio Alfred Brendel faleceu pacificamente ontem de manhã, aos 94 anos, em sua casa em Hampstead, Londres.
Era outubro de 1996 e estávamos embarcando no primeiro Ciclo de Grandes Intérpretes da SCHERZO. A grande novidade daquele outono foi que, no dia 15 daquele mesmo mês, o grande pianista Alfred Brendel (Loučná nad Desnou, Tchecoslováquia, 5 de janeiro de 1931) finalmente retornou a Madri pela primeira vez, interpretando as três últimas sonatas de Beethoven após uma longa ausência da capital, de mais de 22 anos. Foi um concerto memorável!
Após aquele primeiro concerto Scherzo, iniciou-se uma intensa e amigável relação pessoal com ele e com Maria Makhno, sua companheira inseparável nos últimos 30 anos. Brendel retornou à série Scherzo até oito vezes, a última em 22 de maio de 2007. Todos os seus concertos foram grandes eventos, com suas interpretações completas de obras essenciais de Haydn, Mozart, Beethoven, Schumann e Schubert. Ele era um mestre absoluto do repertório, começando com aquela primeira coleção completa de Beethoven para o selo austríaco Vox (1957-63), que surpreendeu a todos e se tornou uma referência em gravação por muitos anos, até que ele as gravou novamente em formato digital entre 1992 e 1995, desta vez para o selo Philips, onde foi artista exclusivo por quase quatro décadas.
O grande pianista morávio foi um dos Grandes , o penúltimo sobrevivente de uma geração de pianistas incríveis como Gulda, Pollini, Lupu e Ashkenazy (que ainda está vivo, embora aposentado dos palcos há vários anos). Homem culto, era um grande amante do cinema (seu cineasta favorito era Buñuel, a quem adorava e sabia todos os seus filmes de cor), conhecedor do mundo das artes em geral e da pintura em particular. Escritor brilhante, era também um ávido leitor de literatura e poesia.
Brendel era um músico completo e um grande amante da música (e enfatizo isso porque nem todos os artistas o são). Ele era frequentemente encontrado na plateia de grandes salas de concerto, grandes casas de ópera e festivais de verão, especialmente em Salzburgo, no London Proms e na Schwarzenberg Schubertiade, onde se apresentava regularmente.
Cuenca, 2016
Entre as muitas ocasiões em que nos encontramos e compartilhamos uma refeição, houve uma muito especial há quase nove anos (outra em 4 de setembro de 2016). Foi uma viagem inesquecível a Cuenca com os dois e Juan Carlos Garvayo e sua família, outro grande amigo do maestro. Brendel apreciou muito aquela viagem, e sempre nos lembraremos do impacto que o Museu de Arte Abstrata de Cuenca, fundado por Zobel, teve sobre ele. Nos encontramos várias vezes depois disso, e ele sempre nos lembrava daquela viagem e daquela cidade maravilhosa que tanto o impressionara.
A última vez que tivemos a oportunidade de nos encontrar foi durante um almoço em sua casa em Londres, há pouco menos de um ano, em 4 de setembro de 2024. Curvado e com aparência mais velha, ele ainda conservava uma lucidez incrível e seu senso de humor perspicaz. Ele nos contou que passava até seis horas escrevendo textos para suas próximas palestras todas as manhãs e estava trabalhando arduamente em um novo livro.
Hampstead, Londres, setembro de 2024
Soubemos da triste notícia de seu falecimento no início da tarde de ontem. Paradoxalmente, naquela mesma manhã acordei com outra notícia, desta vez mais agradável: a Associação Franz Schubert de Barcelona havia me concedido o Prêmio Franz Schubert em sua terceira edição, a mesma distinção que Alfred Brendel recebeu na primeira edição, em 2021. O júri o considerou “uma referência absoluta no reconhecimento da obra pianística de Schubert”.
Em suma, aqueles de nós que tiveram a imensa sorte de conhecer e interagir de perto com o Maestro Brendel podem se considerar privilegiados. Ele foi um grande presente da vida. Sem dúvida, sentiremos sua falta, mas Brendel sempre permanecerá conosco. Sempre guardaremos suas interpretações magistrais, sua escrita impecável, mas, acima de tudo, guardaremos com carinho aquelas experiências únicas que ele guardou para sempre em nossas memórias. Ele viveu uma vida rica e intensa e teve a sorte de gozar de ótima saúde mental até seus momentos finais. Era uma pessoa muito cativante, com uma sensibilidade muito especial. Que ele descanse em paz.
Antônio Moral
Alfred Brendel sobe ao piano para seu recital final na série Great Performers, em maio de 2007. Foto: Rafa Martín / Fundação Scherzo.
Obs: Todas as fotos são de Rafa Martin / Fundação Scherzo
Alfred Brendel, considerado um dos pianistas mais talentosos do mundo, faleceu aos 94 anos. O compositor e poeta faleceu em paz em Londres, cercado por seus entes queridos, na terça-feira. A maioria dos críticos o reconheceu como um dos principais intérpretes das obras de Beethoven. [Trechos da BBC News]
Antecipamos esta postagem para prestar nossa homenagem ao grande pianista.
O nome da Sonata Op. 31, No. 2, surgiu de uma história contada por Anton Schindler. Ao perguntar ao compositor qual seria a chave para esta sonata e para a sonata ‘Appassionata’, teria ouvido de Beethoven: “Leia A Tempestade de Shakespeare”.
É verdade que Schindler não é o mais fiel narrador de histórias e, como ‘A Tempestade’ em alemão é ‘Der Sturm’, poderia ser que Beethoven estivesse se referindo à um livro de Christoph Christian Sturm, que estava logo ali perto dos dois, na prateleira de livros do voraz leitor Ludovico. Vá saber…
Em 2020 tivemos uma overdose, uma quase tsunami de postagens sobre Beethoven e sua obra, devido aos 250 anos de nascimento do grande compositor. Parece que todos os arquivos foram buscados e postadas neste ano. Fomos com tanta sede ao pote que as postagens sobre ele rarearam, ficaram espaçadas, e alguns de nossos colaboradores se colocaram assim, meio que de molho. Mas, creiam, nosso gosto e interesse pela música de Beethoven e pelas suas gravações continuam altíssimos por aqui. Sempre que me deparo com um lançamento novo, ou mesmo um relançamento de suas obras, entre os miles de discos que recebemos diariamente aqui na repartição, fico logo tentado a postar.
O disco do Haefliger eu vi logo na época do seu lançamento, lá em 2022, mas por alguma razão, caiu numa pasta de outras obras e ficou meio que esquecido. Agora, com minhas incursões pela plataforma TIDAL me dei com ele novamente e o ouvi de novo e de novo.
Alfred Brendel
Como estava também em busca de gravações mais antigas, mas não jurássicas, acabei ouvindo a gravação feita ao vivo por Alfred Brendel, mas a de seu segundo ciclo (digital) para a Philips. Como gostei muito dos dois discos, achei que deveria dividir com vocês.
As sonatas reunidas no Opus 31 foram compostas no início do novo século (XIX) e marcam uma tomada nova de rumos, o período ‘Clássico’ é deixado cada vez mais para trás. Esta seria última vez que ele reunia três sonatas em um número de opus, as anteriores foram aquelas dos Opus 2 e Opus 10. Essa era uma prática, de reunir grupos de 12, 6 ou 3 peças numa edição, que se estendera do período barroco para o clássico, que facilitava a venda das partituras.
Andreas numa postura mais romântica para interpretar as sonatas do grande Ludovico
Recentemente postei um disco do Andreas Haefliger mais jovem interpretando sonatas para piano de Mozart e agora temos a oportunidade de ouvi-lo em um trabalho mais recente. Ele tem sido ativo como pianista solo, gravando sonatas de Beethoven acompanhadas de algumas outra peças de outros compositores, um projeto intitulado ‘Perspectives’, mas também atua como músico de câmara e como acompanhante de cantores, como é o caso do barítono Matthias Goerne.
Já o outro pianista da postagem, Alfred Brendel, é muito conhecido e foi ativo até os primeiros anos do século XXI. Além de ter sido excelente pianista e ter deixado um legado enorme de gravações de altíssimo nível, Brendel trabalhou com pianistas mais jovens, como Imogen Cooper, Paul Lewis, Amandine Savary, Till Fellner e, mais recentemente, Kit Armstrong. Brendel também dedicou tempo acompanhando grandes cantores, como Hermann Prey e Dietrich Fischer-Dieskau.
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
Allegro vivace
Adagio grazioso
Rondo. Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
Largo – Allegro
Adagio
Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
Collectors who’ve followed Haefliger’s Beethoven over the course of his earlier ‘Perspectives’ series will not be surprised by the high craft and musical intelligence throughout this release. Gramophone MagazineApril 2022
Haefliger groups together the three sonatas of Op 31, and plays them without any self-indulgence, but with a finely calculated combination of exuberant bravura and beautifully controlled introspection.
The Guardian 3rd February 2022
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
Piano Sonata No. 16 in G major, Op. 31 No. 1
Allegro vivace
Adagio grazioso
Allegretto
Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’
Largo – Allegro
Adagio
Allegretto
Piano Sonata No. 18 in E flat major, Op. 31 No. 3 ‘The Hunt’
Allegro
Scherzo (Allegretto vivace)
Menuetto (Moderato e grazioso)
Presto con fuoco
Alfred Brendel (piano)
Recorded: 1992-11
Recording Venue: “The Maltings”, Concert Hall, Snape
Fazer o quê? Um bom CD com a pianista fictícia Svetlana Stanceva e o maestro também fictício Alberto Lizzio. Bom som, boa interpretação, tudo comprado baratinho no século XX atrás da chamada Cortina de Ferro e lançada no mundo ocidental sob nomes falsos, orquestra falsa, tudo falso, tudo criado pelo esperto produtor e regente Alfred Scholz, que não apenas existiu como escreveu uma biografia de Lizzio. Mas ouçam: a coisa é de primeira linha. Aliás, sugiro a leitura do excelente romance Leopold, de Luiz Antônio Assis Brasil. Há muito de Mozart nesta história centrada em seu pai. Um dos três melhores livros brasileiros lançados em 2024, certamente.
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 23 e 26 / Fantasia K. 397 para Piano (Stanceva, Lizzio)
Klavierkonzert Nr. 23 A-Dur, K. 488 / Piano Concerto No. 23 In A Major, K. 488
1 Allegro 10:47
2 Andante 5:53
3 Presto: Allegro Assai 7:53
Klavierkonzert Nr. 26 D-Dur K. 537 ‘Krönungskonzert’ / Piano Concerto No. 26 In D Major K. 537 ‘Coronation’
4 Allegro 14:31
5 Larghetto 5:45
6 Allegretto 12:14
7 Phantasie D-Moll, K. 397 / Phantasy In D Minor, K. 397 4:57
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 20 e 21 / Rondo alla Turca K. 331 (Stanceva, Lizzio)
Klavierkonzert Nr. 20 D-Moll, K. 466 – Piano Concerto No. 20 In D Minor, K. 466
1 Allegro 13:50
2 Romanze 8:42
3 Rondo: Allegro Assai 8:01
Klavierkonzert Nr. 21 C-Dur, K. 467 ‘Elvira Madigan’ – Piano Concerto No. 21 In C Major, K. 467 ‘Elvira Madigan’
4 Allegro Maestoso 14:32
5 Andante 5:35
6 Andante Vivo Assai 7:02
7 Rondo Alla Turca Aus Sonata Nr. 11 A-Moll, K. 331 – Rondo Alla Turca From Sonata No. 11 In A Minor, K. 331 3:33
Se não me engano, faz muito tempo que não posto estes concertos, e como eles fazem falta …
A violinista alemã Franziska Pietsch faz um belo trabalho aqui, considerando o quão difíceis e complexos são estes concertos. E ela também não é mais uma garotinha, ao contrário, já está adentrada nos cinquenta e tantos anos, e talvez falte a impetuosidade da juventude em alguns momentos desta gravação, principalmente no Concerto nº1, mas nada que comprometa o conjunto. Sentimos então a maturidade musical da artista se manifestando, principalmente a partir do belíssimo final do último movimento, e é nestes momentos mais emotivos e eloquentes da obra que sentimos seu tremendo senso de equilíbrio e confiança.
Na montanha russa de emoções do Segundo Concerto Franziska nos envolve na intrincada estrutura harmônica, por vezes quase tropeçando na trama que Prokofiev teceu com maestria e genialidade. Não temos aqui tempo para muitos suspiros e sussurros, é como se tudo ocorresse nas sombras, mas por vezes conseguimos enxergar momentos de luz e esperança. Considerando o momento histórico em que o compositor viveu, período de sombras e tensões, conseguimos entender o enredo da obra, por assim dizer. E assim, novamente naqueles momentos mais líricos, como o magnífico Andante assai, a maturidade artística e musical de Franziska se impõe.
Desafios existem para serem superados, diz o velho clichê. E Franziska Pietsch os encara com autoridade e confiança. Vale a pena conhecer esta violinista, aqui acompanhada pelo ótimo Cristian Macelaru, à frente da Deutsches Symphonie-Orchester Berlin.
Violin Concerto No. 1 in D major, Op. 19
I. Andantino 9:31
II. Scherzo: Vivacissimo 4:00
III. Moderato – Allegro moderato 8:25
Violin Concerto No. 2 in G minor, Op. 63
I. Allegro moderato 11:27
II. Andante assai – Allegretto 10:10
III. Allegro, ben marcato 6:31
Franziska Pietsch
Deutsches Symphonie-Orchester Berlin
Cristian Măcelaru
Após repostar os discos que aparecem logo abaixo neste blog, com as Toccatas de Bach em pianos modernos, resolvi ouvir no Youtube algumas gravações de cravistas. Pinnock: muito bom. Esfahani: muito bom. Até aí, nenhuma surpresa. A surpresa veio com essa gravação feita nos anos 1990 pela cravista suíça que não é tão famosa assim. Os mais velhos talvez se lembrarão do nome dela acompanhando Arthur Grumiaux nas sonatas de Bach para violino e cravo. Mas as gravações solo dela parecem ser um segredo guardado por poucos aficcionados.
Os timbres do cravo variam bastante entre as toccatas. Assim como os andamentos. Como alguém que ouviu com alguma atenção as várias toccatas de Alessandro Scarlatti (aqui), dou o meu palpite sobre esse enigmático gênero barroco: não se trata de exercícios para demonstrar virtuosismo. Não se trata de “se amostrar”. A grande questão na toccata é a liberdade da fantasia, o inesperado, a surpresa: pouco adianta analisar a competência (ou incompetência) do contraponto nos momentos fugato – há uma entrevista de Gould, citada no libreto do disco recém re-postado, na qual ele critica o contraponto do jovem Bach autor das toccatas em comparação com o autor maduro do Cravo Bem Temperado. Esse tipo de crítica é bem irrelevante quando se trata de toccata barroca: o importante aqui é a invenção, até um certo gosto pelas colagens de trechos que não combinam muito entre si: aqui uma fuga, ali umas escalas soltas, depois uma parada dramática seguida de nova fuga… Estamos longe das grandes formas cheias de simetrias e estamos perto do… coração? ou ao menos perto da liberdade dos dedos do cravista J.S. Bach, mas dedos que – repito – estão menos preocupados em se amostrar e mais preocupados em se divertir.
IM-PER-DÍ-VEL !!!! é pouco para esta criação e recreação de Glenn Gould. Talvez seja a mais radical experiência do pianista com seu amado Bach. Aqui, ele usa da mesma ousadia que utilizou com Mozart e Wagner e o resultado é estupendo. Conheci Gould através destas gravações onde ele canta enquanto toca e nas quais as partes lentas se arrastam e as rápidas voam. Glenn Gould obedeceu ao significado do termo “Toccata” de forma exemplar: afinal, a Toccata) é um gênero que enfatiza a destreza do intérprete. São composições para teclado nas quais uma das mãos e depois a outra realizam corridas virtuosísticas e brilhantes passagens em cascata contra uma acompanhamento de acordes na outra mão. A tocata barroca tem mais seções e aumentou de tamanho, intensidade e virtuosidade em relação à versão Renascentista, com frequência possui corridas rápidas e arpejos alternando com acordes ou seções de fuga. Algumas vezes falta a indicação regular de tempo e quase sempre tem um sentido de improvisação. Podem acreditar: Glenn Gould entendeu direitinho o espírito da coisa.
Indico fortemente este CD a todos os pequepianos.
J. S. Bach (1685-1750): 7 Toccate BWV 910-916 (Glenn Gould 1963/79/80)
01.Toccata in re maggiore BWV 912 (14:01)
02.Toccata in fa diesis minore BWV 910 (11;43)
03.Toccata in re minore BWV 913 (17:08)
01.Toccata in do minore BWV 911 (11:13)
02.Toccata in sol minore BWV 915 ((8:44)
03.Toccata in sol maggiore BWV 916) (8:52)
04.Toccata in mi minore BWV 914 (8:39)
Minha mentalidade de quinta série não sossegou enquanto não conheceu Cabasso. Esta é a primeira entrada dele em nosso blog. Antes, ele arrebentou na minha casa com enorme sucesso. Cabasso é um pianista que aborda as amadas Toccatas de Bach com competência e originalidade. As Toccatas para Teclado, BWV 910–916, são sete obras escritas originalmente para cravo. Embora as peças não tenham sido originalmente organizadas em uma coleção pelo próprio Bach (como a maioria de suas outras obras para teclado, como o Cravo Bem Temperado e as Suítes Inglesas, Francesas, etc.), elas compartilham muitas semelhanças e são frequentemente agrupadas e executadas juntas sob um título coletivo. As primeiras fontes das Toccatas BWV 910, 911 e 916 aparecem em manuscritos de 1707 — quando Bach tinha 22 anos — e 1713. As obras têm seções altamente contrastantes, rapsódicas e passagens em fugas, em oposição ao formato mais familiar de prelúdio e fuga de dois movimentos.
J. S. Bach: Todas as Toccatas (Laurent Cabasso)
1. Toccata in G Major, BWV 916 (07:15)
2. Toccata in C Minor, BWV 911 (10:44)
3. Toccata in D Minor, BWV 913 (12:39)
4. Toccata in E Minor, BWV 914 (07:21)
5. Toccata in F-Sharp Minor, BWV 910 (10:47)
6. Toccata in G Minor, BWV 915 (08:18)
7. Toccata in D Major, BWV 912 (10:33)
Lembrando de que essa série é uma repostagem, originalmente feita lá em 2016.
Vamos então encerrar mais uma série. Este feriado de Carnaval está servindo para colocar em dia alguns downloads e uploads atrasados. E para complicar, tive problema de virus em meu notebook, e passei a manhã do domingo de Carnaval tentando expulsar o dito cujo sem ter de formatar o HD e reinstalar tudo de novo. Seria um trabalho por demais cansativo e chato.
Mas a música de Mozart compensa todo o estresse e ainda alivia a tensão. Não por acaso que Badura-Skoda é um especialista neste repertório, Lembrando que estas gravações foram realizadas no final dos anos 1980, na vitalidade de seus sessenta e poucos anos, idade em que encarou esta integral das sonatas, ele dá exemplo de uma vitalidade e talento únicos.
01. Sonate en fa majeur, K 533494 – I. Allegro
02. Sonate en fa majeur, K 533494 – II. Andante
03. Sonate en fa majeur, K 533494 – III. Rondo. Andante
04. Sonate en ut majeur, K 545 – I. Allegro
05. Sonate en ut majeur, K 545 – II. Andante
06. Sonate en ut majeur, K 545 – III. Rondo. Allegretto
07. Sonate en si bémol majeur, K 570 – I. Allegro
08. Sonate en si bémol majeur, K 570 – II. Adagio
09. Sonate en si bémol majeur, K 570 – III. Allegretto
10. Sonate en ré majeur, K 576 – I. Allegro
11. Sonate en ré majeur, K 576 – II. Adagio
12. Sonate en ré majeur, K 576 – III. Allegretto
Paul Badura-Skoda – Forte-piano Johann-Schantz, ca. 1790
No mínimo uma crítica negativa pode ser feita a Guiomar Novaes: seu repertório praticamente parou no romantismo. Se no piano solo ela até tocava alguns brasileiros contemporâneos a ela (Villa-Lobos, Mignone…), com orquestra não creio que ela tenha tocado os concertos de Ravel, Prokofiev, Scriabin ou Gershwin.
Ou seja, mais uma razão para você parar o que está fazendo e baixar esse CD. Aqui, Guiomar toca os ultrarromânticos concertos de Grieg e de Chopin e dois Scherzos do polonês, que apesar do nome têm pouco de alegre: “Como se vestirão suas obras graves, se a piada já está sob véus negros?”, escreveu Schumann sobre esse 1º Scherzo, publicado com o subtítulo O Banquete Infernal.
Mas deixemos o romantismo de lado, a raridade aqui é Guiomar interpretando a música espanhola de Falla, mais influenciada por Debussy e Ravel do que pela estética romântica. As impressões sinfônicas Noches en los jardines de España foram compostas em 1915 quando Guiomar já tinha 21 anos. A obra, inspirada pela região Andaluzia, tem grandes variações de timbre e dinâmica tanto para a orquestra como para o piano, permitindo à brasileira usar bem todo o seu talento, com afeto e sem afetação, como diz o monge Ranulfus.
Assunto para um artigo: Estereótipos femininos nas capas de Guiomar
CD 1
Edvard Grieg Piano Concerto in A Minor, Op. 16
1. I. Allegro molto moderato
2. II. Adagio
3. III. Allegro molto moderato e marcato
Manuel de Falla Noches en los jardines de España
4. I. En el Generalife
5. II. Danza lejana; III. En los jardines de la Sierra de Córdoba
Frédéric Chopin
6. Scherzo No. 1 In B Minor, Op. 20
7. Scherzo No. 3 in C-Sharp Minor, Op. 39
Trois nouvelles études
8. No. 1 in F Minor
9. No. 2 in A-Flat Major
10. No. 3 in D-Flat Major
CD 2 Frédéric Chopin
Piano Concerto No. 1 in E Minor, Op. 11
1. I. Allegro maestoso
2. II. Romanze
3. III. Rondo vivace
Piano Sonata No. 3 in B Minor, Op. 58
4. I. Allegro maestoso
5. II. Scherzo
6. III. Largo
7. IV. Finale: Presto non tanto
8. Berceuse in D-Flat Major, Op. 57
9. Impromptu in F-Sharp Major, Op. 36
Esplêndido CD com Emma Kirkby — musa ruiva preferencial de FDP Bach — em grande forma. Junto com ela e também na ponta dos cascos, a Academy of Ancient Music sob a direção de Christopher Hogwood. Um disco já antiguinho, mas delicioso com as duas Cantatas profanas mais famosas de nosso pai. Se você ouvir bem, sairá cantarolando as melodias por todo o fim-de-semana. Elas grudam, viu?
Schlendrian é um pai grosseiro e está preocupadíssimo porque sua filha Lieschen entregou-se à nova mania de tomar café. Todas as promessas e ameaças para desviá-la de tão detestável hábito foram infrutíferas até que, para dissuadi-la, ofereceu-lhe um marido. Lieschen aceita a idéia com entusiasmo e o pai parte apressadamente para conseguir-lhe um. Esta é a idéia principal da Cantata do Café, obra cômica de J. S. Bach, uma mini-ópera, que foi apresentada entre 1732 e 1735 na Kaffeehaus de Zimmermann, em Leipzig. A primeira Kaffeehaus da cidade foi aberta em 1694 — o café chegara à Alemanha em 1670 — e em 1735 a burguesia podia escolher entre oito privilegiadas casas.
A Kaffeekantate, BWV 211, foi encomendada a Bach por Zimmermann e é, em parte, uma ode ao produto (sim, puro merchandising) e, de outra parte, uma punhalada no movimento existente na Alemanha para impedir seu consumo pelas mulheres. Acreditava-se que o “negro veneno” pudesse causar descontrole e esterilidade ao sexo frágil, mas Bach, em troca do pagamento de Zimmermann, ignorou estes terríveis perigos. Senão, talvez não musicasse uma ária que diz: “Ah, como é doce o seu sabor. / Delicioso como milhares de beijos, / mais doce que um moscatel. / Eu preciso de café”; e nem nos brindaria com estas delicadezas…: “Paizinho, não sejas tão mau. / Se eu não beber meu café / as minhas curvas vão secar / as minhas pernas vão murchar / ninguém comigo irá casar”.
Bach aprendera muito bem, em sua vida familiar e em seu trabalho como professor, que influenciar os jovens não era assim tão fácil. Portanto, adicionou um recitativo no qual os planos de Lieschen são revelados: o homem que quiser casar com ela terá de consentir numa cláusula: o contrato matrimonial preverá que ela possa tomar café sempre que lhe apetecer.
No final, há um breve coro de três cantores, onde o café e a evolução são admitidos como coisas inevitáveis. Esta Cantata — ao lado de outras poucas obras vocais profanas — é uma evidente exceção na obra de Bach. O compositor, que possui a injusta fama de sério, aceitou o convite de Zimmermann para compor uma propaganda de seu Café e, como quase sempre fazia, produziu uma obra-prima, uma pequena comédia que funciona tanto no palco quanto nas salas de concertos. O efeito da primeira apresentação deve ter sido consideravelmente ampliado pelo fato de que às mulheres não era permitido cantar em cafés (nem em igrejas) e o papel de Lieschen foi, provavelmente, interpretado por um cantor em falsete. Bach, com o auxílio do poeta Picander, construiu dois personagens muito humanos e verossímeis: um pai resmungão e rústico e uma filha obstinada e cheia de caprichos. O compositor parece estar à vontade ao traçar a caricatura do pai com o baixo pesado, os ritmos acentuados e a prescrição con pompa, enquanto os violinos rosnam para indicar seu temperamento irascível.
Quando ele ameaça privar Lieschen de sua saia-balão de última moda, Bach indica seu tremendo diâmetro de forma escandalosa. A ária de Lieschen em louvor ao café é convencional, tão convencional que parece que o compositor quer insinuar que ela futilmente adotara tal hábito apenas para seguir a moda, o que seria um gol contra para Zimmermann. Entretanto, seu entusiasmo por um possível marido não é simulado… A alegria expressa na melodia em ritmo de dança popular é contagiosa. Para os puristas, o divino e sacro Bach chega a ser grosseiro: afinal, quando Lieschen diz que quer um amante fogoso e robusto, os violinos e as violas silenciam, como para deixar bem clara aos ouvintes a afirmativa sem rodeios. O Café Zimmermann deve ter vindo abaixo…
J.S. Bach (1685-1750): Cantata do Café e dos Camponeses
1. “Coffee Cantata” BWV211 – Schweigt stille, plaudert nicht…Hat man nicht mit seinen Kindern 4:10
2. “Coffee Cantata” BWV211 – Ei! wie schmeckt der Coffee susse 5:08
3. “Coffee Cantata” BWV211 – Mädchen, die von harten Sinnen 3:49
4. “Coffee Cantata” BWV211 – Heute noch 7:06 Album Only
5. “Coffee Cantata” BWV211 – Die Katze lässt das Mausen nicht 4:24
6. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 1. Ouverture The Academy of Ancient Music 2:10
7. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 2-3. Mer hahn en neue Oberkeet…Nu, Mieke, gib dein Guschel immer her 1:18
8. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 4-5 Ach es schmeckt doch gar zu gut 1:20
9. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 6-7. Ach, Herr Schösser, geht nicht gar zu schlimm 1:34
10. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 8-9. Unser trefflicher, lieber Kammerherr 2:06
11. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 10-11: Das ist galant, es spricht niemand 1:51
12. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 12-13. Fünfzig Taler bares Geld 1:08
13. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 14-15: Klein-Zsocher müsse so zart und süße 5:51
14. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 16-17: Es nehme zehntausend Dukaten 0:58
15. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 18-19: Gib, Schöne, viel Söhne 0:48
16. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 20-21: Dein Wachstum sei feste 5:57
17. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 22. Arie: Und daß ihr’s alle wißt 1:12
18. Mer hahn en neue Oberkeet Cantata, BWV 212 “Peasant Cantata” – 24. Chor (Duetto): Wir gehn nun, wo der Dudelsack 1:04
Emma Kirkby
David Thomas
Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood
Gosto muito destas três sonatas de sequência K. 331, K. 332 e K. 333. Elas apresentam uma unidade interessante, ouçam as três na sequência para entenderem o que estou falando.
Paul Badura-Skoda nasceu em 1927, na capital austríaca. Foi aluno de ninguém menos que Edwin Fischer, um dos maiores pianistas da primeira metade do século XX. Ainda nos anos 50 gravou com com Wilhelm Furtwangler e Hans Knapptersbusch e Hermann Scherchen.
Possui uma coleção particular de pianofortes em sua casa, e com eles realizou dezenas de gravações, se destacando como grande intérprete de Mozart mas também de Schubert e de Beethoven.
Esta gravação que ora vos trago foi realizada em 1989.
01. Sonate en fa majeur, K 332 (K 300k) – I. Allegro
02. Sonate en fa majeur, K 332 (K 300k) – II. Adagio
03. Sonate en fa majeur, K 332 (K 300k) – III. Allegro assai
04. Sonate en bémol majeur, K 333 (K 315c) – I. Allegro
05. Sonate en bémol majeur, K 333 (K 315c) – II. Andante cantabile
06. Sonate en bémol majeur, K 333 (K 315c) – III. Allegretto grazioso
07. Fantaisie en ut mineur, K 475
08. Sonate en ut mineur, K 457 – I. Molto allegro
09. Sonate en ut mineur, K 457 – II. Adagio
10. Sonate en ut mineur, K 457 – III. Allegro assai
Paul Badura-Skoda – Pianoforte Johann Schantz, Vienne ca, 1790
Como o CVL anda presenteando todo mundo, achei interessante trazer esse presente para ele e para vocês. As valsas de Carmargo Guarnieri são excelentes, algumas vezes penso que são melhores que as de Chopin. A sonata também é ótima (a única escrita?) e merece reconhecimento. Grande mérito à pianista brasileira Belkiss Sá Carneiro de Mendonça.
Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) – Valsas e sonata para piano (Mendonça)
Faixas:
1 Valsa n° 1 – Lentamente – dó menor 03:40
2 Valsa n° 2 – Preguiçoso – dó sustenido menor 03:23
3 Valsa n° 3 – Com moleza – lá menor 03:49
4 Valsa n° 4 – Calmo e saudoso – fá sustenido menor 03:23
5 Valsa n° 5 – Calmo – mi menor 02:46
6 Valsa n° 6 – Lento – lá menor 04:44
7 Valsa n° 7 – Saudoso – lá menor 03:12
8 Valsa n° 8 – Calmo – mi menor 03:31
9 Valsa n° 9 – Calmo – do filme Rebelião em Vila Rica – lá menor 02:15
10 Valsa n° 10 – Caloroso – mi bemol menor 04:30
11 Sonata – Tenso 03:24
12 Sonata – Amargurado 06:00
13 Sonata – Triunfante – Enérgico (fuga) – Triunfante 04:10
The future is bright with great possibilities for Cyrus. Expect once again this year to hear a unique and unforgettable recording that only can come from someone like Cyrus Chestnut.
Essa é a frase final do texto sobre o pianista Cyrus Chestnut na página de The Kennedy Center e está aí, cumprida como uma profecia – este disco da postagem acaba de ser lançado – 25/04/2025. Eu não conhecia qualquer outro disco dele, mas fui atraído pelo seu nome – Chestnut – e pelo nome do disco – Ritmo, Melodia e Harmonia.
Eu que tenho feito um esforço de ouvir música gravada mais recentemente possível, como você pode ter visto em minhas últimas postagens, dedicadas à chamada música clássica, pode imaginar como fiquei feliz em ouvir um disco que achei ótimo, lindo, com música de jazz.
Veja como um texto de ‘The Guardian’ fala de um outro disco de Cyrus Chestnut, e que poderia ser adaptado facilmente para descrever este aqui:
The Baltimore-born Cyrus Chestnut is a wonderful pianist, rather like Oscar Peterson in his heyday: one of the rare kind who isn’t forever trying to impress you. He doesn’t need to try. Now in his late 50s, he has been playing since, as a small child, he watched his father’s hands “in a passionate relationship with the piano”.
Among Chestnut’s many attractive points is his leaning towards melody. These tracks are full of tunes, some composed by him, some already well known, and some that just turn up in the course of playing.
Cyrus Chestnut, nascido em Baltimore, é um pianista maravilhoso, parecido com Oscar Peterson em seu auge: um daqueles raros pianistas que não estão sempre tentando impressionar. Ele não precisa se esforçar. Agora com quase 60 anos, ele toca desde que, ainda criança, observava as mãos do pai “numa relação apaixonada com o piano”.
Entre os muitos pontos positivos de Chestnut está sua inclinação para a melodia. Estas faixas estão repletas de melodias, algumas compostas por ele, algumas já conhecidas e outras que simplesmente surgem no decorrer da execução.
Sobre este disco, a maioria das músicas são do próprio Cyrus, menos três delas. As clássicas ‘Autumn Leaves’ e Moonlight in Vermont’, sendo que nesta última o pianista a interpreta solo. Em todas as outras ele é acompanhado pelos outros três (excelentes) músicos. Além das duas clássicas lindíssimas músicas, ‘There is a Fountain’ é uma referência direta às suas raízes – Cyrus cresceu frequentando a Mount Calvary Baptist Church, em Baltimore.
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição: Cyrus Chestnut is truly commited not only to the good grove, but to positive messages, tender affirmations, and the swinging essence that has always been a hallmark of his music making. Williard Jenkis [livreto do disco]
Neste terceiro volume da série de Paul Badura-Skoda dedicada às sonatas de Mozart temos três obras primas, entre elas a favorita de muita gente, o K. 331, que tem a indefectível ‘Alla Turca’, talvez a peça para piano de Mozart mais conhecida. São menos de quatro minutos de pura alegria e criatividade. Coisa de gênio mesmo. Não gosto do que Gould fez com esse movimento, senti até um pouco de raiva nas primeiras vezes que ouvi, mas tudo bem, passou. Lembro de ter mostrado para uma amiga que se indignou, e pediu para tirar o disco imediatamente. Disse que parecia que ele estava brincando, e na verdade, creio que estivesse mesmo. Mas nosso querido e sumido Vassily Genrikhovich já meio que destrinchou a questão, quando postou a série do canadense. Procurem lá para saberem do que estou falando.
Mas Badura-Skoda leva o assunto mais a sério. Ouçam, tirem suas conclusões e depois me digam o que acharam.
01. Sonata in A Minor K 310 (300d) – I. Allegro maestoso
02. Sonata in A Minor K 310 (300d) – II. Andante cantabile con espressione
03. Sonata in A Minor K 310 (300d) – III. Presto
04. Sonata in C Major K 330 (300h) – I. Allegro moderato
05. Sonata in C Major K 330 (300h) – II. Andante cantabile
06. Sonata in C Major K 330 (300h) – III. Allegretto
07. Sonata in A Major K 331 (300i) – I. Tema Andante grazioso – Variazioni I-VI
08. Sonata in A Major K 331 (300i) – II. Menuetto
09. Sonata in A Major K 331 (300i) – III. Alla Turca. Allegretto
Paul Badura-Skoda – Pianoforte, Johann Schantz, Vienne, ca. 1790
Mais um outono para a Rainha, e desta feita ela nos presenteia com gravações novas – tão novas, claro, quanto podem ser as de alguém tão avessa aos estúdios e afeita a dividir a ribalta com jovens colegas e os parceiros de sempre. Estas que ora lhes apresento foram feitas algumas semanas depois do seu octagésimo aniversário, em junho de 2021, no festival que Martha vem consolidando em Hamburgo e no qual desfruta do privilégio de selecionar a pinça o tradicional petit comité que tem garantido muito de sua longeva alegria em pisar palcos.
No que tange a Sua Majestade, o melhor que ela nos oferece nesses volumes são a leitura da sonata Op. 30 no. 3 de Beethoven, com Renaud Capuçon – seu mais frequente e afiado parceiro ao arco, nos últimos anos -, um ebuliente Segundo Concerto de Ludwig, e o belíssimo Trio de Mendelssohn, ao lado de Mischa Maisky e da über-diva Anne-Sophie Mutter. A família Margulis – Jura, Alissa e Natalia – traz um azeitadíssimo Trio “Fantasma” e um mui tocante “Canto dos Pássaros”, joia folclórica catalã posta em pauta por Pau Casals. O variado cardápio também inclui as “Canções e Danças da Morte” de Mussorgsky, com o ótimo baixo Michael Volle, e uma Sonata para dois pianos e percussão de Bartók para a qual a Rainha, que tanto a tocou com nosso Nelson Freire, convidou seu outro Nelson favorito, o compatriota Goerner. O melhor retrogosto, entretanto, não foi o que veio de dedos hermanos, e sim das diminutas mãos de Maria João em Schubert – que maravilhosos, os dois improvisos! – e da última apresentação pública de Nicholas Angelich, um brahmsiano que sempre honrou o grande hamburguense e fez da Segunda Sonata para viola e piano seu canto de cisne.
ooOoo
Uma breve nota: a partir de hoje, mudarei a maneira de compartilhar música com os leitores-ouvintes. Cansei de ver a pedra rolar tantas vezes morro abaixo. Não farei mais comentários. Que venham os tomates.
Disco 1
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sete Variações para violoncelo e piano sobre “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, da ópera “Die Zauberflöte” de Wolfgang Amadeus Mozart, WoO 46 1 – Thema. Andante
2 – Variation I
3 – Variation II
4 – Variation III
5 – Variation IV
6 – Variation V: Si prenda il tempo un poco più vivace
7 – Variation VI. Adagio
8 – Variation VII. Allegro ma non troppo
Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich, piano
Das Três Sonatas para violino e piano, Op. 30:
Sonata no. 3 em Sol maior 9 – Allegro assai
10 – Tempo di Minuetto, ma molto moderato e grazioso
11 – Allegro vivace
Renaud Capuçon, violino
Martha Argerich, piano
Dos Dois Trios para piano, violino e violoncelo, Op. 70:
No. 1 em Ré maior, “Fantasma” 12 – Allegro vivace e con brio
13 – Largo assai ed espressivo
14 – Presto
Alissa Margulis, violino Natalia Margulis, violoncelo Jura Margulis, piano
Disco 2
Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro
Martha Argerich, piano
Symphoniker Hamburg
Sylvain Cambreling, regência
Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)
Trio para piano, violino e violoncelo no. 1 em Ré menor, Op. 49
4 – Molto allegro agitato
5 – Andante con moto tranquillo
6 – Scherzo: Leggiero e vivace
7 – Finale: Allegro assai appassionato
Anne-Sophie Mutter, violino
Mischa Maisky, violoncelo
Martha Argerich, piano
Johannes BRAHMS (1833-1897)
Das Duas Sonatas para clarinete e piano, Op. 120 (transcritas para viola e piano pelo compositor):
Sonata no. 2 em Mi bemol maior 8 – Allegro amabile
9 – Allegro appassionato
10 – Andante con moto – Allegro – Più tranquillo
Gérard Caussé, viola
Nicholas Angelich, piano
Disco 3
Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
Dos Improvisos para piano, D. 935 (Op. Posth. 142): No. 2 em Lá bemol maior
1 – Allegretto
No. 3 em Si bemol maior, “Rosamunde” 2 – Andante
Sonata para piano em Lá maior, D. 664
3 – Allegro moderato
4 – Andante
5 – Allegro
Maria João Pires, piano
Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano a quatro mãos em Dó maior, K. 521
6 – Allegro
7 – Andante
8 – Allegretto
Martha Argerich e Maria João Pires, piano
Disco 4
Pau CASALS i Defilló (1876-1973)
1 – El Cant dels Ocells, para violino, violoncelo e piano
Alissa Margulis, violino
Natalia Margulis, violoncelo
Jura Margulis, piano
Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)
Suite Popular Espanhola, para violino e piano
2 – El Paño Moruno
3 – Nana
4 – Canción
5 – Polo
6 – Asturiana
7 – Jota
Quinteto em Fá menor para dois violinos, viola, violoncelo e piano
8 – Molto moderato quasi lento – Allegro
9 – Lento, con molto sentimento
10 – Allegro non troppo ma con fuoco
Akiko Suwanai e Tedi Papavrami, violinos Lyda Chen, viola Alexander Kniazev, violoncelo Evgeni Bozhanov, piano
Disco 5
Astor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
1 – Le Grand Tango
Gidon Kremer, violino Georgijs Osokins, piano
Leonard BERNSTEIN (1918-1990)
Danças Sinfônicas de West Side Story, para dois pianos
2 – Prologue
3 – Somewhere
4 – Scherzo
5 – Mambo
6 – Cha-cha
7 – Meeting Scen
8 – Cool Fugue
9 – Rumble Track
10 – Finale
O que mais se pode escrever sobre o Concerto para Piano Nº 1 de Tchaikovsky senão que é uma das mais belas obras já compostas pelo ser humano? Desde seu originalíssimo tema inicial, que simplesmente é abandonado antes da metade do primeiro movimento, até seu magnífico Andante Semplice, de um lirismo sem igual, ao Allegro con Fuoco final, o que mais transparece na música é a beleza de suas melodias. Mano PQP comentou certa vez que tinha ouvido tanto que tinha enjoado. (PQP completa dizendo que prefere o Concerto Nº 2). Eu diria que já ouvi tanto que a cada nova audição mais me apaixono pela obra. Mikhail Pletnev tem a mesma alma eslava daqueles gênios do piano russo como Gilels e Richter. É um pianista de altíssimo nível, assim como um excelente regente, suas gravações das Sinfonias de Rachmaninoff foram elogiadíssimas. Por algum motivo, as outras obras contidas neste cd duplo são dificilmente gravadas, talvez por não estarem no mesmo nível do Concerto Nº 1, mas são igualmente bonitas, E Pletnev não joga a toalha por se tratarem de obras menores, ao contrário, procura realçar suas qualidades.
PQP decide intervir:
O melhor Concerto para Piano de Tchaikovsky
Tem gente que nem sabe que Tchaikovsky tem um segundo e terceiro Concertos para Piano. Muitos músicos de orquestra, inclusive, pensam que há apenas um, o famoso primeiro.
Só que meu pai era um colecionador de música romântica que reclamava de minha predileção pelas músicas mais difíceis, coisa que a Elena repete, mas sem a voz de um pai ou de uma mãe quando a gente é pré-adolescente. Ele tinha um LP com o segundo concerto e eu dizia que aquele era melhor que o primeiro. Olha, até hoje concordo comigo. Gosto da decisão do primeiro movimento, mas minha maior consideração vai para o muito estranho segundo movimento, que é quase um não-concerto.
Este movimento lento começa com um trio. Acompanhado apenas pelas cordas, o violino toca um tema belíssimo, depois o piano dialoga primeiro com o violino e depois com o violoncelo, como se fossem três solistas em vez de um piano com acompanhamento orquestral. Ora, essa estrutura é mais típica de música de câmara do que de um concerto romântico para piano.
Neste movimento, o piano não é o protagonista imediato — ele entra apenas depois de longas passagens do violino e do violoncelo. Quando finalmente aparece, ele assume um papel mais de acompanhamento, o que é totalmente incomum para um concerto.
É tudo muito melancólico e introspectivo. Aos poucos, a orquestra entra com delicadeza, expandindo a música de câmara, mas o violino e o violoncelo sempre voltam. É um noturno, se me entendem, não é o movimento lento típico de um concerto.
Houve um idiota, o pianista e maestro russo Alexander Siloti, que fez cortes para torná-lo mais palatável ao público. O cara era louco, só pode.
E o terceiro movimento é sensacional.
Estou ouvindo a gravação na forma original, como o disco do meu pai, que pode soar mais estranha para ouvintes acostumados ao conforto de um formato convencional. Tchaikovsky mesmo admitiu que buscava experimentar formas mais complexas, que essa obra era “difícil” e menos acessível que o primeiro concerto.
Mas ele é tão raro de ser programado que NUNCA o assisti ao vivo. E, desculpem, é o melhor dos três.
Xô, Siloti! Deixem o Tchai, ele já sofria bastante sendo gay na Rússia Czarista.
Piotr Ilich Tchaikovsky (1840-1893): Os 3 Concertos para Piano (Mikhail Pletnev)
Piano Concerto No. 1 In B Flat Minor/B-Moll/En Si Bémol Mineur, Op. 23 (34:35)
I Allegro Non Troppo – Allegro Con Spirito 20:31
II Andante Semplice – Prestissimo – Tempo I 7:01
III Allegro Con Fuoco 6:55
Concert Fantasy For Piano & Orchestra, Op. 56 (29:03)
I Quasi Rondo 15:37
II Contrastes 13:21
Piano Concerto No. 2 In G Major/G-Dur/En Sol Majeur, Op. 44 (Original Version) (41:20)
I Allegro Brillante 19:46
II Andante Non Troppo 14:23
III Allegro Con Fuoco 7:03
Piano Concerto No. 3 In E Flat Major/Es-Dur/En Mi Bémol Majeur, Op. 75 (14:36)
Allegro Brillante 14:36
Mikhail Pletnev – Piano
Philharmonia Orchestra
Vladimir Fedoseyev – Conductor
Um dos motivos que me faz seguir em frente junto ao PQPBach é o de dar a oportunidade para outras pessoas de ouvirem algo que nunca ouviriam a não ser aqui. Esta experiência de se ouvir Mozart como se ouvia no século XVIII é única. Pode-se conferir a genialidade do compositor, e como se trata de uma integral, compreender a evolução do mesmo enquanto compositor. Esse é o principal motivo para postar estas integrais.
Vamos então dar sequência, trazendo o segundo CD da coleção. Espero que apreciem.
1 Sonate en ré majeur, K 284 (K 205b), I. Allegro
2 Sonate en ré majeur, K 284 (K 205b), II. Rondeau en Polonaise_ Andante
3 Sonate en ré majeur, K 284 (K 205b), III. Tema con 12 variazioni
4 Sonate en ut majeur, K 309 (K 284b), I. Allegro con spirito
5 Sonate en ut majeur, K 309 (K 284b), II. Andante, un poco adagio
6 Sonate en ut majeur, K 309 (K 284b), III. Rondeau_ Allegretto grazioso
7 Sonate en ré majeur, K 311 (K 284c), I. Allegro con spirito
8 Sonate en ré majeur, K 311 (K 284c), II. Andante con espressione
9 Sonate en ré majeur, K 311 (K 284c), III. Rondeau_ Allegro
10 Allegro en si bémol majeur, K 400 (K 372a)
11 Allegro en sol mineur, K 312 (K 590d)
Paul Badura-Skoda – Pianoforte Johann Schantz, Vienne ca. 1790
Sem exagero, este é um dos melhores CDs de minha coleção de mais de 3000 CDs e 1300 LPs. Ele contém três peças de Shostakovich, uma muito conhecida e premiada e outras duas mais obscuras: as obscuras são as “Duas peças para quarteto de cordas” e os “Sete canções sobre poemas de Alexander Blok” e a célebre é o “Quinteto para piano”. A primeira vez que ouvi o Quinteto para Piano de Shostakovich foi na rádio da Ufrgs. Fiquei profundamente comovido. Dentre as muitas peças de Shostakovich, esta é uma obra-prima que transmite fortemente tanto o efeito da performance quanto da profundidade introspectiva. É maravilhoso como tanto Ashkenazy, quanto o Quarteto de Cordas Fitzwilliam, ressoam profundamente este o trabalho de Shostakovich. A música soa poderosa. É da categoria de da música de câmara, mas chega gigante. O Quinteto recebeu o Prêmio Stalin. As Sete Canções é uma peça rara em que um solista é acompanhado por um trio de piano em arranjos variados (os três primeiros movimentos são acompanhados por solos para cada instrumento). Aqui também, a execução resoluta de Ashkenazy no piano é chocante, fazendo você sentir como se estivesse finalmente ouvindo a essência de Shostakovich. As “Duas Peças para Quarteto de Cordas” são uma gravação rara. É típico Shostakovich, oscilando entre a tristeza e o sarcasmo.
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Two Pieces for String Quartet / Seven Romances On Poems Of Alexander Blok / Piano Quintet (Fitzwilliam Str Qtt, Söderström, Ashkenazy)
Two Pieces For String Quartet
1 Elegy
2 Polka
Seven Romances, Op. 127
3 Ophelia’s Song
4 Hamayun, The Prophetic Bird
5 We Were Together
6 The City Is Asleep
7 The Storm
8 Secret Sign
9 Music
Piano Quintet, Op. 57
10 Prelude
11 Fugue
12 Scherzo
13 Intermezzo
14 Finale
Ensemble – Fitzwilliam String Quartet
Piano – Vladimir Ashkenazy
Soprano Vocals – Elisabeth Söderström