J. S. Bach (1685-1750) & J. G. Müthel (1728-1788): Concertos – Akademie für Alte Musik Berlin

J. S. Bach (1685-1750) & J. G. Müthel (1728-1788): Concertos – Akademie für Alte Musik Berlin

 

Bach & Müthel

Concertos

AAM Berlin

 

 

Uma troca de mensagens aqui no blog trouxe à baila o uso do pianoforte na interpretação das obras (tardias) de Bach. Parece haver uma regra não escrita de que Bach ‘autêntico’ deve ser interpretado ao cravo.

Certamente o cravo, assim como o clavicórdio, eram os instrumentos de teclado mais comuns nos fins do século 17 e início do século 18, mas o interesse de Bach pelos instrumentos musicais era enorme, em particular os instrumentos com teclado (e com muitos teclados). Ele costumava viajar para testar e opinar sobre órgãos e estas ocasiões eram sempre prazerosas.

Mas o tema é pianoforte e já divago. Lembrando, o antecessor do piano foi ‘inventado’ por Bartolomeo Cristofori por volta de 1700. Ele construiu um ‘cembalo che fa il piano e il forte’.

Pianoforte Silbermann

O construtor de cravos e órgãos Gottfried Silbermann soube da invenção de Cristofori por um artigo e construiu sua versão do instrumento. Há um relato de Johann Friedrich Agricola de que em 1736 Johann Sebastian testou um protótipo destes pianofortes de Silbermann. Segundo o relato, Bach teria gostado do instrumento, elogiando seu tom, mas observou uma certa fragilidade no seu registro alto e disse que o instrumento era difícil de tocar. Silbermann era aparentemente bastante suscetível a críticas e teria ficado de mal com Johann Sebastian. Mas depois, com a zanga passada, introduziu mudanças no instrumento, levando em conta as observações feitas por Bach. Estas mudanças devem ter funcionado, pois há registro de que Frederico, o Grande, comprou 15 destes instrumentos. Certamente um deles foi testado por Johann Sebastian em sua visita a Potsdam, onde atuava seu filho Carl Philipp Emanuel. Desta visita resultou a Oferenda Musical, origem dos comentários aludidos no início da postagem.

A propósito disto tudo, revisitei o disco que acabei escolhendo para esta postagem. O mesmo contém dois (maravilhosos) concertos de Johann Sebastian e mais um, de Johann Gottfried Müthel, que representa a música que surgia então, o estilo galante, transição do Barroco para o período Clássico.

Os concertos de Bach são resultado de sua ligação com o Collegium musicum de Leipzig, que foi fundado por Telemann, e cuja direção ele assumiu em 1729. A necessidade de obras para as semanais apresentações do grupo formado principalmente de estudantes, no Café Zimmermann, deu impulso a criatividade e ao poder de arranjador de Johann Sebastian, que meteu algumas de suas antigas obras, como concertos para violino, em novas roupas. Os experimentos feitos no Concerto de Brandemburgo No. 5, no qual um cravo se desgarra do concertino e alça um solo, são agora levados mais adiante e temos os concertos para cravo.

No disco encontramos um representante destas obra, o Concerto para Cravo em ré menor, BWV 1052. Na sequência, o Concerto Triplo, para flauta, violino e cravo, em lá menor, BWV 1044. Nesta gravação o instrumento usado para este concerto de Bach é um pianoforte, modelado em um dos instrumentos de Silbermann. Particularmente tocante é o movimento lento, um Adagio ma non tanto e dolce, que é apresentado como uma peça de câmera pelos instrumentos solistas. Este movimento é uma literal adaptação do movimento lento da Triosonata para Órgão No. 3 em ré menor, BWV 527. Incluímos nos arquivos uma faixa bônus com a interpretação deste movimento pelo organista Christoper Herrick. Para o álbum completo destas Triosonatas, fique atento ao seu distribuidor das postagens PQP-Bachianas mais próximo.

A última peça do disco é um concerto de Johann Gottfried Müthel, que era um jovem músico a serviço do Duque Christian Ludwig II de Meckelenburg-Schwerin. Em 1750, Johann Gottfried ganhou uma licença para estudar composição com Johann Sebastian, que tinha apenas mais alguns meses de vida. As suas composições eram já vistas como peças acadêmicas e antiquadas em relação ao novo estilo galante, típico das obras que seus filhos estavam compondo. De qualquer forma, a insistência de Müthel de estudar com Johann Sebastian o torna uma figura interessante. Ouçam o seu concerto, que aqui é interpretado ao pianoforte, e depois me digam.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto para cravo em ré menor, BWV 1052

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Concerto para flauta, violino e cravo em lá menor, BWV 1044 – ‘Concerto Triplo’

  1. Allegro
  2. Adagio ma non tanto e dolce
  3. Tempo di Allabreve

Johann Gottfried Müthel (1728 – 1788)

Concerto para pianoforte em si bemol maior

  1. Allegro
  2. Poco adagio
  3. Allegro

Raphael Alpermann, cravo (1-3)

Christoph Huntgeburth, flauta (4-6)

Georg Kallweit, violino (4-6)

Zvi Meniker, pianoforte (4-6)

Christine Schornsheim, pianoforte (4-6)

Akademie für Alte Musik Berlin

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MP3 | 320 KBPS | 156 MB

Christine Schornsheim, solista na peça de Müthl

Você poderá ler um pouco mais sobre o uso do pianoforte para as obras de Bach aqui.

Aproveite!

René Denon

J.P. Kirnberger (1721-1783) ∾ J.G. Müthel (1728-1788) ∾ C. Nichelmann (1717-1762): Concertos – Christine Schornsheim & Berliner Barock-Compagney

J.P. Kirnberger (1721-1783) ∾ J.G. Müthel (1728-1788) ∾ C. Nichelmann (1717-1762): Concertos – Christine Schornsheim & Berliner Barock-Compagney

Kirnberger ∾ Müthel  Nichelmann

Concertos para Teclado

Christine Schorsheim

Berliner Barock-Compagney

 

Este álbum contém três concertos de três compositores que atuaram num período de transição entre o barroco e o classicismo. Nesta etapa da música os modelos antigos ainda eram praticados, mas a busca pelas novas formas já era evidente. O denominador comum entre estes três compositores é o fato de eles terem sido alunos do grande Johann Sebastian Bach.

A obra de Bach é o apogeu da arte musical praticada até os seus dias, enquanto a obra de seus filhos e a de seus alunos apontam novos rumos. Bach até como professor foi extremamente criativo.

Em uma recente postagem apresentamos um disco com dois concertos de Bach e um concerto para pianoforte de Johann Gottfried Müthel. Aqui temos mais um, interpretado pela mesma solista, porém outra orquestra. Ele esteve pouco tempo em contato com Johann Sebastian, mas certamente havia estudado suas obras.

O compositor do concerto que inicia o disco, Johann Philipp Kirnberger, que tem um cravo como instrumento solista, nasceu em Saalfeld, na Turíngia, e primeiro estudou com Johann Peter Kellner (violino e cravo) e com Heinrich Nicolaus (órgão), que foram por sua vez também alunos de Bach. Depois ele passou um período em Leipzig aprendendo com o próprio Johann Sebastian. Kirnberger obteve sólida formação, pois depois deste período em Leipzig, estudou em Dresden, onde aprendeu o estilo italiano com Pisendel e ópera com Hasse. Ganhou bastante experiência como regente de orquestras na Polônia, onde apurou seu sentido de ritmos. Seu concerto é um primor e já anuncia a nova música que surgia – o estilo galante. O último movimento é particularmente brilhante.

Na outra postagem já mencionamos alguns fatos sobre a formação de Müthel, de como seu patrão, o Duque de Mecklenburg Schwerin – Christian Ludwig II, sabia investir seu dinheiro, enviando o rapaz para estudar com os melhores mestres. Müthel passou seus poucos dias com Bach em Leipzig, depois com Hesse em Dresden, Carl Philipp Emanuel em Berlim e com Telemann em Hamburgo. Em seu concerto, especialmente no movimento lento, podemos apreciar a delicada sonoridade do pianoforte e imaginar o quanto o novo instrumento deve ter impressionado compositores e audiências, naqueles dias.

A mesma romaria de estudos foi seguida por Christoph Nichelmann, estudando com Bach em Leipzig, onde certamente atuou no Collegium musicum ao lado de Carl Philipp Emanuel. Ele também estudou com Telemann e Reinhard Keiser em Hamburgo e com Graun e Quantz em Berlim. Os alemães levam a sério essa coisa de estudar desde há muitos séculos. Nichelmann foi cravista na corte da Prússia, ao lado de Carl Philipp Emanuel, de 1745 até 1755. Suas qualidades de virtuoso estão estampadas no solo do seu concerto neste disco.

O disco é um registro que ilustra o tipo de música produzida no período que o libreto chama de uma época entre épocas, referindo-se à transição entre o barroco e o período clássico.

Johann Philipp Kirnberger (1721 – 1783)

Concerto em dó menor para cravo, cordas e contínuo

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Presto

Johann Gottfried Müthel (1728 – 1788)

Concerto III em sol maior para pianoforte, cordas e contínuo

  1. Non troppo Allegro
  2. Um poco Adagio
  3. Vivace

Christoph Nichelmann (1717 – 1762)

Concerto em mi maior para cravo, cordas e contínuo

  1. Allegrissimo & II. Andante
  2. Vivace

Christine Schornsheim, cravo / pianoforte

Berliner Barock-Compagney

Ursula Bundies · Georg Kallweit, violinos

Sabine Fehlandt, viola

Jan Freiheit, violoncelo

Jaques van der Meer, contrabaixo

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FLAC | 259 MB

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MP3 | 320 KBPS | 123 MB

A Orquestra…

Um disco modesto, mas pode surpreender! Christine Schornsheim é uma excelente intérprete…

 

A solista…

Se gostar, me conte!

Aproveite!

René Denon