A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Concerto para viola e orquestra, em suas várias versões #BRTK140

O patrão PQP já lhes apresentou e contou a história do concerto para viola, o fragmentário canto do cisne de Béla Bartók, que o deixou incompleto ao falecer de leucemia há exatos 76 anos. O querido chefinho (bonita camisa a sua, aliás) também mencionou que a obra, encomendada pelo virtuose William Primrose, era apenas um punhado de esboços, por mais que o compositor afirmasse ao encomendante que a tinha bastante adiantada.

Pois bem: passada a comoção pela morte de Bartók, coube a seu amigo, aluno e violista Tibor Serly (1901-1978) a incumbência de organizar os fragmentos e completá-los de forma a permitir sua execução. Se não lhe coube também o privilégio de ser o regente da première, exercido por Antal Doráti, tendo Primrose como solista, restou a Serly reger a primeira gravação, que já lhes apresentamos há alguns meses.

Por mais gratos que devamos ser a Serly, é bastante óbvio que sua edição não soa muito como Bartók e, para complicar, o compositor – que já estava muito enfermo ao iniciar a obra – não deixou anotados seus planos e intenções. A insatisfação geral com o trabalho de Serly impulsionou outras iniciativas de reconstruir o concerto, entre as quais a mais notória foi a edição crítica de 1995, publicada no cinquentenário da morte de Béla. Extensamente anotada e comentada, ela foi organizada pelo violista Paul Neubauer e teve a colaboração peso-pesado do próprio filho do compositor, Péter Bartók. Ainda que a versão Neubauer-Bartók tenha sido aclamada nos meios acadêmicos e pareça estar a ganhar vagarosamente a preferência dos violistas, as duas reconstruções que eu considero mais efetivas são aquela feita pelo violista húngaro Csaba Erdélyi, que foi gravada pelo próprio arranjador, e – por incrível que pareça – o arranjo para violoncelo da lavra de Serly, o qual, num conclave de amigos de Bartók, venceu a versão para viola pelo placar de 8 a 6.

Imagino as piadas de violista que vieram depois.

 

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Concerto para viola e orquestra, Sz. 120, BB 128
(1945)
Edição de Péter Bartók e Paul Neubauer (1995)
1 – Allegro moderato
2 – Lento
3 – (Finale) Allegretto

Dois quadros, Sz. 46
4 – Em plena floração. Poco adagio
5 – Dança no vilarejo. Allegro.

Concerto para viola e orquestra, Sz. 120, BB 128 (1945)
Completado e orquestrado por Tibor Serly (1945)
6 – Moderato
7 – Adagio religioso
8 – Allegro vivace

Tibor SERLY (1901-1978)

9 – Rapsódia para viola e orquestra

Xiao Hong-Mei, viola
Budapesti Filharmóniai Társaság Zenekara (Orquestra Filarmônica de Budapest)
János Kovacs, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


 

Béla BARTÓK

Concerto para viola e orquestra, Sz. 120, BB 128 (1945)
Reconstruído e orquestrado por Csaba Erdélyi (2001)

1 – Allegro Moderato – Ritornello – Lento – Ritornello – Scherzo – Allegro Vivace

Csaba Erdélyi, viola
New Zealand Symphony Orchestra
Marc Taddei, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE



Antonín Leopold DVOŘÁK
(1841-1904)
Concerto em Si menor para violoncelo e orquestra, Op. 104
1 – Allegro
2 – Adagio ma non troppo
3 – Allegro moderato

Béla BARTÓK

Concerto para viola e orquestra, Sz. 120, BB 128 (1945)
Completado, orquestrado e transcrito para violoncelo por Tibor Serly (1945)
4 – Moderato
5 – Adagio religioso
6 – Allegro vivace

János Starker, violoncelo
Saint Louis Symphony Orchestra
Leonard Slatkin, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

 

PQP Bach, pelo querido Ammiratore (1970-2021)

Vassily

Bela Bartók (1881-1945) — Péter Eötvös (1944) — György Kurtág (1926) — Miklós Rózsa (1907-1995) — Tibor Serly (1901-1978) : Two words, viola and Hungary

Bela Bartók (1881-1945) — Péter Eötvös (1944) — György Kurtág (1926) — Miklós Rózsa (1907-1995) — Tibor Serly (1901-1978) : Two words, viola and Hungary

coverO post de hoje é digno de duas rapsódias húngaras de Liszt. Temos aqui, CINCO compositores húngaros diferentes em dois álbuns, e, talvez tão extraordinário quanto isso, todos com obras para viola! Sério, só tá faltando o Gyorgy Lukács pra completar o bacanal… Brincadeira, Lukács apesar de húngaro, era filósofo, não músico. E antes que venham polemizar, já digo: Eötvös e Serly, nasceram em regiões que antes faziam parte da Hungria, embora hoje sejam regiões de outros países. E além disso, ambos são de família húngara, assim como também é György Kurtág, outro que nasceu na Romênia mas é húngaro.

Mas vamos falar da viola. Eu a adoro. Por ser um instrumento meio “hipster” na orquestra, diferentemente do violino ou piano, muito pouco foi feito por ela pelos compositores clássicos e românticos. Foram os modernos e os compositores contemporâneos que, abraçando esse instrumento “marginalizado” e tão satirizado, fizeram obras grandiosas. Só para citar dois bons exemplos de obras deliciosas para viola, o concerto para viola de Schnittke, e a sonata para viola de Shostakovich.

Existe uma afinidade eletiva aqui entre compositores húngaros cujo estilo é de vanguarda e o uso de um instrumento antes secundário, a viola. E não é ao acaso que todos eles sejam do século XX, época de grandes transformações sociais que vão influenciar diretamente a produção cultural. Os dois álbuns parecem saber disso, pela seleção de obras que fazem.

Em ambos os álbuns temos o Concerto para Viola de Bartók, que já foi postado muitas vezes aqui no blog, e o qual eu devo admitir não ter digerido muito bem, mas não pelo estilo de Bartók (o qual eu adoro), mas pelo próprio ethos húngaro que eu ainda não consegui absorver tão bem quanto acredito já ter absorvido o ethos russo e alemão, por exemplo. A interpretação dos concertos fica a cargo que ninguém menos que Lawrence Power e, respirem fundo, Kim Kashkashian. Não há do que reclamar aqui amiguinhos. Dois interpretes maravilhosos.

O álbum com Power começa com o Concerto para Viola de Miklós Rózsa, compositor muito conhecido pelas composições para Hollywood, que chegam a quase cem segundo a wikipedia. Assim como Bártok, também mesclou elementos da música húngara em suas composições e podemos sentir o ethos húngaro em sua música de forma semelhante a como sentimos na música de Bártok. Pelo menos é o que se pode dizer ouvindo o concerto para viola dele. Por causa disso, poderíamos dizer que ele também era um modernista. Seu concerto me lembra um pouco o primeiro concerto para violino de Shostakovich, principalmente o quarto movimento “Allegro con spirito”.

Tibor Serly, é mais conhecido por ter sido o responsável por terminar o Concerto para Viola de Bartók. E em sua época era mais conhecido como violinista, mas também era compositor e sua obra mais conhecida é a Rapsódia para viola e orquestra, que compõe o álbum com Power.

Do álbum com Kim, além de Bartók temos Péter Eötvös, que é regente e compositor. No álbum ele rege sua própria obra, um concerto para viola a que ele chama de Replica. Sua música parece uma mistura de Shostakovich e Schnittke, e diferentemente de Bártok, Serly ou Rozsa, não faz uma música essencialmente húngara. Sua música parece usar do serialismo integral, o que resulta numa música que não remete a nada específico. E, geralmente, tendo a dizer que quando isso acontece é sintoma do vazio no coração do homem pós-moderno. Ok, talvez eu tenha ido longe, mas acho que essa minha impressão dialoga muito com a ideia que ele tenta passar na obra de um “adeus de pessoas que estão indo à lugar nenhum”, segundo o libreto.

O álbum termina com a obra do indecifrável György Kurtág. Não consegui entender muito bem qual a “ideia por trás da matéria” de sua música. Fui descobrir um pouco dele e sei que ele gosta de fazer citações nas obras. Citações essas que vão desde Bach até Webern. Na obra aqui em questão, segundo o libreto, parece que tem Brahms, Haydn e Bartók. Não captei nenhum.

Viola Concertos by Rosza, Serly & Bartok

Miklós Rózsa (1907-1995):

Viola Concerto Op. 37
01 1. Moderato assai
02 Allegro giocoso
03 Adagio –
04 Allegro con spirito

Bela Bartók (1881-1945)

Viola Concerto (completed in 1949 by Tibor Serly), Sz 120, BB 128
05 I. Moderato –
06 II. Adagio religioso –
07 III. Allegro vivace

Tibor Serly (1901-1978)

08 Rhapsody for viola & orchestra

Bergen Philharmonic
Andrew Litton, conductor
Lawrence Power, viola

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Kim Kashkashian Plays Béla Bartók, Peter Eötvös, György Kurtág

Bela Bartók (1881-1945)

Viola Concerto (completed in 1949 by Tibor Serly), Sz 120, BB 128
01 I. Moderato
02 II. Adagio religioso – allegretto
03 III. Allegro vivace

Péter Eötvös (1944)

04 Replica, for viola & orchestra

György Kurtág (1926)

05 Movement for viola & orchestra

Netherlands Radio Chamber Orchestra
Peter Eötvös, conductor
Kim Kashkashian, viola

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Meu xará Lukács, com certeza o melhor composi... não... pera...
Meu xará Lukács, com certeza o melhor composi… não… pera…

Luke