Lili Boulanger (1893-1918): Psalms 24, 129 & 130 · Vieille Prière bouddhique | Igor Stravinsky (1882-1971): Symphony of Psalms (Gardiner)

Lili Boulanger (1893-1918): Psalms 24, 129 & 130 · Vieille Prière bouddhique | Igor Stravinsky (1882-1971): Symphony of Psalms (Gardiner)

Um bom disco. Bem barulhento também… A música (ou a religiosidade) de Lili Boulanger é austera e hierática. A de Stravinsky é muito mais ágil, rítmica e profana. Ele é bem melhor do que ela, ao menos nestas obras. John Eliot Gardiner é um dos maestros corais supremos, e tem sido interessante ouvi-lo em obras mais recentes do repertório coral. O equilíbrio de clareza e fervor que ele traz para a Sinfonia dos Salmos de Stravinsky enfatiza suas misturas de cores instrumentais e corais. Tudo muito original. Esta é a melhor gravação da peça desde Maazel, penso eu, e uma das melhores de sempre. A música de Lili Boulanger é um complemento adequado em todos os níveis, e Gardiner oferece total impacto emocional com leituras expansivas que demonstram a qualidade e a importância dessas obras.

Lili Boulanger (1893-1918): Psalms 24, 129 & 130 · Vieille Prière bouddhique | Igor Stravinsky (1882-1971): Symphony of Psalms (Gardiner)

Lili Boulanger (1893-1918)
1 Psaume 24 For Chorus, Organ And Orchestra 3:54
2 Psaume 129 For Chorus And Orchestra 7:31
3 Vieille Prière Bouddhique For Tenor, Chorus And Orchestra 8:27
4 “Du Fond De L’abime” (Psaume 130) For Contralto, Tenor, Chorus, Organ And Orchestra 27:26

Igor Stravinsky (1882-1971)
5-7 Symphony Of Psalms For Chorus And Orchestra On Texts From Psalms 38, 39 And 150 20:18

Choir – The Monteverdi Choir
Composed By – Igor Stravinsky, Lili Boulanger
Conductor – John Eliot Gardiner
Mezzo-soprano Vocals – Sally Bruce-Payne
Orchestra – The London Symphony Orchestra
Tenor Vocals – Julian Podger

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PQP

Cécile Chaminade (1857-1944) – Jean Françaix (1912-1997) – Claude Debussy (1862-1918) – Lili Boulanger (1893-1918): Trios com Piano – Atos Trio ֎

Cécile Chaminade (1857-1944) – Jean Françaix (1912-1997) – Claude Debussy (1862-1918) – Lili Boulanger (1893-1918): Trios com Piano – Atos Trio ֎

Trios com Piano

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Atos Trio

 

Todos acudiram à porta do escritório do eminente matemático francês Lagrange na recém-criada École Polytechnique ao ouvirem os brados do sábio, surpreso com mais uma lista de problemas resolvidos perfeitamente pelo supostamente medíocre aluno Monsieur LeBlanc.

Naqueles dias, no finalzinho do século XVIII, o material de estudo e as listas de problemas ficavam à disposição dos alunos, que retornavam suas observações e soluções para serem avaliadas. Monsieur LeBlanc já era contado como alguém que não prosseguiria nos estudos, quando suas tarefas passaram a exibir soluções brilhantes, engenhosas e criativas. A criatividade e a imaginação são características apreciadas tanto nas artes como nas ciências.

Finalmente, Lagrange exigiu um encontro com o estudante e para sua surpresa, deparou-se com uma jovem – Mademoiselle Sophie Germain. Naqueles dias, as moças eram impedidas de estudar ciências como a Matemática. Havia inclusive uma literatura específica para elas, para que aprendessem apenas o necessário para as suas receitas e manejo de contas nos armarinhos.

Para a sorte de Germain e de todos, pois seu exemplo certamente ajudou a quebrar, ou pelo menos a trincar um paradigma, o sábio Lagrange não se importava nem um pouco com o fato de ela ser mulher e continuou a orientá-la e incentivá-la.

Lembrei-me desta história ao ouvir este adorável disco com peças para Trio com Piano de quatro compositores franceses, dois deles mulheres. É verdade que estas compositoras viveram basicamente um século depois de Sophie Germain, mas as mudanças na cultura e na sociedade são muito lentas. Assim como Sophie, elas enfrentaram resistência para realizar suas aspirações artísticas, mas tiveram a sorte de encontrar quem reconhecesse seus talentos e as ajudassem a prosseguir.

Cécile Cheminade, compositora da primeira peça do disco, impressionou Bizet ainda muito jovem e foi estudar no Conservatório de Paris. Foi compositora e pianista. Este trio foi composto quando ela tinha 30 anos. Ela foi a primeira compositora a ser agraciada com a legion d’honneur em 1913.

A mudança da primeira peça, que tem seus toques românticos e um lindo e melodioso movimento Lento, para o relativamente recente Trio de Jean Françaix é muito estimulante. Composto em 1986, esta peça alegre, com tons jazzísticos, não parece ter sido composta por um senhor nos seus 74 anos.

Como um contraponto a isto, em seguida temos o Trio de Claude Debussy, que foi composto quando ele tinha ainda 18 anos e servia como pianista em residência da família da milionária russa Nadeschda von Meck, em Fiesole, perto de Florença.

A última peça do disco é da compositora Lili Boulanger, irmã mais nova da importante compositora e professora de composição, Nadia Boulanger. Lili teve seus talentos musicais assim como seu ouvido perfeito descobertos por Gabriel Fauré e foi a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome. Lamentavelmente, ela morreu ainda bem jovem.

Interpretando este lindo e colorido disco temos um ótimo conjunto alemão, formado por Annette Hehn, violino, Stefan Heinemeyer, violoncelo e ao piano Thomas Hoppe.

A nnette   T(h)o mas  e  S tefan   formam o Atos Trio!

Cécile Chaminade (1857 – 1944)

Trio com Piano No. 2 em lá menor, Op. 34 (1886)

  1. Allegro moderato
  2. Lento
  3. Allegro enérgico

Jean René Désiré Françaix (1912 – 1997)

Trio com Piano (1986)

  1. 5/8 = 52
  2. Scherzando
  3. Andante
  4. Allegrissimo

Claude Debussy (1862 – 1918)

Trio com Piano em sol maior (1880)

  1. Andante con motto alegro
  2. Scherzo
  3. Andante expressivo
  4. Finale appassionato

Marie-Juliette ‘Lili’ Boulanger (1893 – 1918)

D’um matin de printemps

  1. Trio com Piano

Atos Trio

Annette von Hehn, violino

Thomas Hoppe, piano

Stefan Heinemeyer, violoncelo

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FLAC | 312 MB

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MP3 | 320 KBPS | 166 MB

Eu achei muito próprio que o nome da matemática fosse Sophie e o da compositora Cécile!

Aproveite!

René Denon

O Atos Trio chegando para dar uma palhinha em uma conhecida livraria de Porto Alegre…

Lili Boulanger: Salmos, Gabriel Fauré: Requiem

coverNeste 2018, muito se falou do centenário da morte do genial, inovador e sempre moderno Debussy. Pouco se falou, contudo, de Lili Boulanger, que morreu dez dias antes de Debussy.

Lili Boulanger teve uma carreira meteórica:
– aos seis anos de idade, antes de saber ler, já decifrava partituras. Gabriel Fauré se impressionou com seu ouvido absoluto e lhe deu as primeiras aulas de piano

– em 1913 foi a 1ª mulher a ganhar o cobiçado Prix de Rome, vencido por nomes como Berlioz, Debussy e Dutilleux, e que dava ao vencedor uma temporada de estudos em Roma. Note-se a concepção, desde o Renascimento, de que um grande artista devia conhecer a Itália e a capital do antigo Império. Lili passou pouco tempo em Roma, por causa de sua saúde delicada e da 1ª guerra mundial

– de 1914 a 1917, compôs sua obra-prima para solistas, coro, orquestra e órgão, baseada no Salmo 130, De Profundis (Du fond de l’abîme – Do fundo do abismo)

No começo de Do fundo do Abismo, é com sons agudos – e não com sonoridades graves e pesadas – que a orquestra introduz a oração desesperada que em seguida as vozes vão cantar (…).
O sentimento da solidão humana frente a uma onipotência, é esta a fonte de inspiração de Lili Boulanger, nos Salmos assim como no Pie Jesu, de uma linha melódica pura e com poucos ornamentos.
(Artigo de Joseph Baruzi no Ménestrel, 1923)

Nadia Boulanger, irmã de Lili, também compôs quando jovem e depois parou: dizia que suas obras não eram ruins, mas eram inúteis. Entre as décadas de 1910 e 1970, dedicou-se a ensinar, a reger e a divulgar a música de sua irmã pelo mundo. Nadia foi amiga de Stravinsky e professora de boa parte dos grandes compositores do século XX, de Piazzolla a Philip Glass. No Brasil, Almeida Prado e Egberto Gismonti, entre outros, foram a Paris estudar com ela.

Este disco foi gravado ao vivo em 1968, em um concerto em homenagem aos 50 anos de morte de Lili. Nadia regeu também o Requiem de Gabriel Fauré, que ela estreou na Inglaterra em 1936, quando foi a primeira mulher a reger a Royal Philharmonic de Londres. Também foi a primeira à frente da Filarmônica de Nova York, das Sinfônicas de Boston e da Filadélfia. Na sua estreia em Boston, em 1938, quando um repórter perguntou como ela se sentia ao ser a primeira mulher a reger a Boston Symphony, ela deu uma resposta ácida:

“Já faz um pouco mais de 50 ans que sou mulher, já superei o meu espanto inicial.”

Em décadas mais recentes esse Requiem de Fauré tem tido muito mais gravações na Inglaterra do que em qualquer outro lugar: London Symphony Orchestra & Tenebrae, Philharmonia Orchestra & Ambrosian Singers, Bournemouth Sinfonietta & Winchester Cathedral Choir, Choir of St John’s College & Academy of St Martin in the Fields, New Philharmonia Orchestra & Choir of King’s College, Cambridge… Mas Mademoiselle Nadia Boulanger foi a pioneira. Ouçam.

Lili Boulanger (1893-1918)
01. Psalm 24 ‘La terre appartient à l’Éternel’
02. Pie Jesu
03. Psalm 130 ‘Du fond de l’Abîme’

Gabriel Fauré (1845-1924)
Requiem, Op. 48
04. Introit et Kyrie
05. Offertoire
06. Sanctus
07. Pie Jesu
08. Agnis Dei
09. Libera me
10. In paradisum

Janet Price, soprano
Bernadette Greevy, contralto
Ian Partridge, tenor
John Carol Case, baritone
Simon Preston, organ
BBC Chorus, BBC Symphony Orchestra
Nadia Boulanger
Live at Fairfields Hall, London, England, 1968

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Nadia Boulanger, cheffesse (maestrina em francês)
Nadia Boulanger, cheffesse (maestrina em francês)

Pleyel

Lili Boulanger: Faust et Hèléne; D’un matin de printemps; D’un soir triste; Psalms 130 & 24 – Tortelier CHANDOS 1999

Para homenagear as mulheres nesta semana, eis alguns posts cujo destaque são as mulheres compositoras.

E começo pelo prodígio Lili Boulanger, que faleceu precocemente aos 24 anos, mas não sem, aos 19, simplesmente abocanhar o Prêmio de Roma, o mais cobiçado concurso de composição da Europa. Em outro post sobre ela, o colega fdp mencionou, muito a propósito: “Lili Boulanger viveu pouco, porém intensamente, e era a irmã mais nova de Nadia Boulanger, também compositora e professora de piano e composição. Morreu com apenas 24 anos de idade, porém mesmo assim influenciou diversos compositores que vieram a se destacar no século XX, como Arthur Honneger.”

Esta obra que aqui apresento, Faust et Hèléne, é justamente a obra que a fez ganhar o Prêmio, e impressionou até mesmo críticos ácidos como Debussy, que na época escrevia crítica musical em Paris. É impressionante. Formal e criativamente, uma obra densa, povoada por ideias musicais brilhantes, e sobretudo por uma visão apaixonada do assunto, só que pelo lado feminino, coisa que na música infelizmente não estamos acostumados. Poderíamos, a título de comparação, pensar: “como seria musicalmente descrito o amor de Tristão por Isolda se ele fosse composto por uma mulher?”. Bem, salvaguardadas as devidas proporções, este é um belo exemplo.

As demais peças são puro deleite, pequenos poemas orquestrais de avassaladora intimidade, e dois salmos inspiradíssimos, que revelam um talento incomum, cuja distinção não passa despercebida por ninguém. Cuidado: pode ser paixão à primeira vista.

Lili Boulanger (1893-1918)

Psalm 24, “La terre appartient a l’Eternel”
Faust et Hèléne
D’un soir triste
D’un matin de printemps
Psalm 130, “Du fond de l’abime”

Lynne Dawson, soprano
Ann Murray, mezzo-soprano
Bonaventura Bottone, tenor
Neil MacKenzie, tenor
Jason Howard, bass
City of Birmingham Symphony Chorus
BBC Philharmonic
Yan Pascal Tortelier
CHANDOS, 1999

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Arquivo FLAC (sem perda de qualidade), 310Mb

CHUCRUTEN

Marie-Juliette Olga Lili Boulanger (1893-1918) – Psaums 24, 129, Vieille Prière bouddhique, “Du fond de l´abime (Psaum 130), Igor Stravinsky (1882-1971) – Symphony of Psalms – Gardiner, Bruce-Payne, Podger, Monteverdi Choir, LSO

frontDia destes nosso colega Carlinus postou este mesmo cd lá em seu blog. Na verdade, eu já tinha um desejo antigo de postar esse cd aqui no PQP, principalmente por causa dessa Sinfonia dos Salmos de Stravinsky, e então pensei, porque postá-lo, por que não postá-lo? Ei-lo aqui, então, senhores.
Lili Boulanger viveu pouco, porém intensamente, e era a irmã mais nova de Nadia Boulanger, também compositora e professora de composição. Morreu com apenas 24 anos de idade, porém mesmo assim influenciou diversos compositores que vieram a se destacar no século XX, como Arthur Honneger.
O genial Igor compôs essa sua Sinfonia dos Salmos em 1930, por encomenda, para as comemorações dos cinquenta anos da Sinfônica de Boston, na época dirigida por seu editor, o grande maestro russo Serge Koussevitzky.
John Eliot Gardiner dirige com maestria, como sempre, a Sinfônica de Londres e o Monteverdi Choir. Espero que apreciem. Eu particularmente, gostei muito desse cd.

01. Lili Boulanger Psaume 24
02. Lili Boulanger Psaume 129
03. Lili Boulanger Vieille Prière bouddhique
04. Lili Boulanger ‘Du fond de l’abime’ (Psaume 130)
05. Stravinsky Symphonie de Psaumes – I. Exaudi orationem meam, Domine
06. II. Exspectans exspectavi Dominum
07. III. Alleluia, laudate Dominum

Sally Bruce-Payne – Mezzo-Soprano
Julian Podger – Tenor
The Monteverdi Choir
London Symphony Orchestra
John Elliot Gardiner – Conductor

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Lili Boulanger (1893-1918)

 

 

 

 

 

 

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