Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn / Adágio da Sinfonia Nº 10 (Boulez – Gerhaher – Kozená)

Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn / Adágio da Sinfonia Nº 10 (Boulez – Gerhaher – Kozená)

Hoje, dia 18 de maio de 2011, se comemoram os 100 anos da morte de Gustav Mahler. Com certeza, uma data importante para celebrar aquele que foi um dos maiores compositores das história, um compositor único, que conseguiu em apenas 50 anos de vida criar um dos maiores ciclos de sinfonias, além de outras obras, já compostos pelo ser humano. Uma obra que causou, e ainda causa, grande impacto. São obras densas, de extrema complexidade, com uma orquestração ímpar, e que muito exige de todos os envolvidos: desde o regente até a orquestra e, claro, o próprio ouvinte, que de início não sabe bem como reagir, mas acaba por se render à grandiosidade e genialidade daquelas obras. Já postamos algumas integrais aqui no PQP, portanto, vocês podem optar.

Curiosamente, este CD que estou postando em homenagem a esta data, traz uma das obras que considero de mais fácil assimilação da obra mahleriana. Segundo a Wikipedia, “Des Knaben Wunderhorn (alemão, em português – literalmente: A trompa mágica do menino, referindo-se a um objeto mágico como a cornucópia) é uma coleção de textos de canções populares, publicada em três volumes em Heidelberg pelos poetas e escritores alemães Achim von Arnim e Clemens Brentano entre 1805 e 1808. A coleção contém canções da Idade Média até o Século XVIII”. Mahler musicou algumas delas, 24 na verdade, entre 1892 e 1902, porém, nesta gravação, Boulez gravou apenas 12. Mas basta para termos uma noção da escrita mahleriana, principalmente as canções.

Não sou nem pretendo ser um expert em Mahler, admiro-o imensamente e digamos que ainda estou me adaptando à sua linguagem (isso que ouço Mahler desde meus 18 anos de idade…).

Já ouso dizer que o Adágio da Sinfonia Nº 10 é não apenas o canto de cisne de Mahker como uma das maiores e antecipatórias peças de todos os tempos.

Boulez é um dos grandes regentes e compositores do século XX e deste início de século XXI. Podemos não concordar com algumas das escolhas que ele faz, mas jamais podemos negar seu talento enquanto regente. Nesta gravação ele tem “apenas” nossa musa, Madalena Kozená, e o excelente barítono Christian Gerhaher. A Orquestra de Cleveland já é uma velha conhecida nossa quando se trata deste repertório, principalmente nas mãos de Boulez.

Mas vamos ao que interessa: Viva Mahler !!!

Gustav Mahler – Des Knaben Wunderhorn – Adagio from Symphony n° 10 – Boulez – Gerhaher – Kozená

01 – Der Schildwache Nachtlied
02 – Verlorne Mueh’
03 – Trost im Unglueck
04 – Wer hat dies Liedlein erdacht
05 – Das irdische Leben
06 – Revelge
07 – Des Antonius von Padua Fischpredigt
08 – Rheinlegendchen
09 – Lied des Verfolgten im Turm
10 – Wo die schoenen Trompeten blasen
11 – Lob des hohen Verstandes
12 – Der Tambourg’sell

13 – Symphony no. 10-Adagio

Madalena Kozená – Mezzo-soprano
Christian Gerhaher – Barítono
The Cleveland Orchestra
Pierre Boulez – Conductor

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Um café da manhã da família Mahler. Alma parece não pensar ainda em Gropius. Ou já?

FDP (PQP)

Poulenc (1899-1963): Música de Câmara – Ensemble Arabesques – Paul Rivinius

Poulenc (1899-1963): Música de Câmara – Ensemble Arabesques – Paul Rivinius

Francis Poulenc

Música da Câmara

(com Instrumentos de Sopro)

Ensemble Arabesques

Paul Rivinius

 

Houve um tempo em que as escolhas de repertório eram limitadas e a música que ouvíamos vinha dos LPs nos quais conseguíamos deitar a mão. Muito Tchaikovsky, uma porção discos de Karajan e maestros e músicos que os principais selos se davam ao trabalho de lançar por aqui. É claro, havia muita coisa boa, mas acho que vocês me entendem. O que havia é descrito pela expressão em inglês – mainstream – o repertório mais convencional.
Lembro de estar na loja do Rubão, o aristocrático Sr. Rubens, que flanava entre suas gôndolas repletas de LPs da Deutsche Grammophon e Philips, com seu blazer castanho e ar inglês, e ver entrar uma figura do meio artístico teatral buscando – música de câmara de Fauré. É preciso ouvir a música de câmara de Gabriel Fauré, afirmava ele… Pois é, ele quase desmaiou quando viu os preços.

Qual é o trompista e qual é o pianista?

Atualmente, com a facilidade oferecida pelas plataformas de música, muitos avatares digitais do que seria os LPs, temos o problema reverso – como escolher um bom disco em meio a tantas ofertas? É preciso muita, muita disposição e alguma disciplina.

Eu, que fora um assíduo praticante da Lei do Xadrez – disco colocado é disco ouvido! – tive que adaptar a regra. Adaptei para Sinfonia (Concerto, Sonata…) começada é Sinfonia ouvida. Mas como ouço muito Bruckner e Mahler, estou em negociação com a Casa dos Deliberantes Neurônios uma adaptação da Regra: Movimento (Lied, Ária de Ópera) começado é Movimento ouvido. Tudo isto por que o que nunca muda é que o dia é composto de 24 horas das quais precisamos dispor com alguma sabedoria…

Assim, quando chego a um disco – ou avatar digital de um álbum – um arquivo de música que ouço do começo ao fim e que deixa a sensação de que seria bom ouvir de novo, é por que a música muito me agradou. Certo, tem umas coisas de momento, mas em geral, o que vai bem no tardar da noite e se confirma pela manhã, é coisa boa.

Foi com esse tipo de disposição que cheguei a este lindo álbum com música de câmara de Poulenc, com instrumentos de sopro e piano. As peças que abrem e fecham o disco também estão em um álbum que postei dia destes, mas lá elas fazem companhia a dois concertos. Aqui elas estão entre peças do mesmo gênero.

O disco começa com a partitura mais antiga, o Trio para Piano, Oboé e Fagote, de 1926, dedicado a Manuel de Falla. Poulenc mencionou a influência de um alegro de Haydn para o primeiro movimento e do Segundo Concerto para Piano de Saint-Saëns no Rondó Final. O Sexteto é sparkling, acerbic and mocking (borbulhante, ácido e zombeteiro) segundo o biógrafo de Poulenc, Henri Hell. O contraste entre o episódio inicial da abertura com o trecho mais melancólico que segue é marcante.

A Sonata para Piano e Flauta, de 1957, é uma das obras mais conhecidas do disco, provavelmente, e foi estreada no Strasbourg Festival no mesmo ano, pelo compositor ao piano e o imenso Jean-Pierre Rampal, na flauta. Com um padrinho destes, a peça não poderia começar melhor.

Benny & Lenny

As duas últimas peças do disco foram compostas no final da vida de Poulenc e foram estreadas após sua morte. A Sonata para Oboé e Piano foi dedicada (postumamente) à Prokofiev e a Sonata para Clarinete e Piano foi estreada por Benny Goodman e Leonard Bernstein, em abril de 1963, no Carnegie Hall. Segundo Poulenc, estas duas sonatas ‘simmered in the same pot’ – foram cosidas na mesma panela!

O grupo musical que nos apresenta estas peças é excelente. O Arabesques Ensemble é um grupo de instrumentistas que surgiu com o festival criado em 2011 em Hamburgo e reúne músicos das três principais orquestras da cidade. O festival busca apresentar musica de compositores desconhecidos e peças musicais menos conhecidas.

O pianista Paul Rivinius estudou com Gerhard Oppitz em Munique e foi membro da  Gustav Mahler Youth Orchestra sob a direção de Claudio Abbado.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Trio para piano, oboé e fagote, FP 43 (1926)

  1. Presto
  2. Andante
  3. Rondo

Sexteto para piano, flauta, oboé, clarinete, fagote e trompa, FP 100 (1932 – 39)

  1. Allegro vivace
  2. Andantino
  3. Prestissimo

Sonata para flauta e piano, FP 164 (1956 – 57)

  1. Allegro malinconico
  2. Cantilena
  3. Presto giocoso

Sonata para clarinete e piano, FP 184 (1962)

  1. Allegro tristemente
  2. Romanza (Très calme)
  3. Allegro con fuoco (Très animé)

Sonata para oboé e piano, FP 185 (1962)

  1. Élégie. Paisiblement
  2. Très animé
  3. Déploration. Très calme

Ensemble Arabesques

Eva Maria Thiébaud, flauta

Nicolas Thiébaud, oboé

Gaspare Buonomano, clarinete

Pascal Deuber, trompa

Christian Kunert, fagote

Paul Rivinius, piano

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MP3 | 320 KBPS | 177 MB

O pianista fez a foto…

Para nosso momento ‘The book is on the table’ escolhi uma frase de uma crítica feita ao disco no site da Amazon por Dean Frey: ‘This splendid collection of chamber music with piano is organized chronologically, but there’s no real story arc of development or decline here; just Poulenc’s prodigious, regular eruption of brightness and melancholy, of boisterous cheer and haunted longing’.

Concordo com ele em gênero, número e grau…

Aproveite!

RD

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Le Passioni dell’Uomo · ∾ · Concertos para Violino ∞ La Magnifica Comunità ∞ Enrico Casazza ֍

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Le Passioni dell’Uomo · ∾ · Concertos para Violino ∞ La Magnifica Comunità ∞ Enrico Casazza ֍

Vivaldi

Concertos para Violino

La Magnifica Comunità

Enrico Casazza

 

Em 12 de maio de 2011 PQP Bach postou dois discos de Antonio Vivaldi que torno a postar. Motivações há várias, a principal é que a música é ótima e os links estavam já em avançado estado de decomposição. Além disso,

Giunt ‘é a Primavera e festosetti
La Salutan gl’ Augei com lieto canto

É chegada a Primavera!
Os pássaros celebram seu retorno com uma canção festiva

Esta postagem faz parte da já lendária série PQP Originals!!

Vejam aqui o texto da postagem original:

Esplêndido CD duplo da Deutsche Harmonia Mundi! Todos nós conhecemos e caracterizamos Totonho por seus concertos. Dos 241 concertos para violino que compôs, muitos deles têm títulos programáticos. O violinista barroco italiano Enrico Casazza, selecionou seis concertos cujos nomes referem-se às paixões humanas (L’Amoroso ou L’Inquietudine). O CD bônus inclui quatro concertos inicialmente compostos para outros instrumentos que não o violino. Estes trabalhos foram arranjados para violino e orquestra de cordas por Pablo Queipo de Llano. A orquestra de nome modestíssimo — La Magnifica Comunità — é, tá bom, bem boa mesmo.

Caso você queira ler os comentários da época, clique aqui.

Qual a melhor maneira de planejar um disco de Vivaldi? Há muitas, quase todas ótimas, o Padre Vermelho era um bamba e prolífico. Aqui temos um conjunto de concertos nomeados reunidos sob o tema – La Passioni dell’Uomo. Note que a paixão é barroca, o romantismo ainda estava por vir. Mas os concertos são espetaculares, especialmente Il Favorito, com seu movimento lento que conforta e embala qualquer coração.

O segundo disco é assim um spin-off e é bom também. Quatro concertos reconstruídos (algumas páginas dos originais estavam faltando).

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Le Passioni dell’Uomo / Concertos para Violino

Disco 1

Concerto para Violino em mi menor, RV 277 “Il Favorito”

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto para Violino em ré maior, RV 234 “L’Inquietudine”

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino em mi maior, RV271 ‘L’Amoroso’

  1. Allegro
  2. Cantabile
  3. Allegro

Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo em dó menor, RV 199 “Il Sospetto”

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto em si menor, RV 387 ‘Per Signora Anna Maria’

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino em dó menor, RV 761 ‘Amato Bene’

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Disco 2

Concerto para Violino e cordas em si menor, RV 378R

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino e cordas em sol menor, RV 320

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro non molto

Concerto para Violino e cordas em si bemol maior, RV 432R (originalmente para Flauta)

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro non molto

Concerto para Violino e cordas em sol menor, RV 322

  1. Allegro non molto
  2. Largo
  3. Allegro

La Magnifica Comunità

Enrico Casazza, Violino e regência

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FLAC | 563 MB

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MP3 | 320 KBPS | 239 MB

Enrico Casazza

Veja o que disse do disco Lindsay Kemp, da Gramophone: This is an attractive and expansive Vivaldi, at ease with himself it seems, and able to express delicate shades of emotion – can there be a sweeter opening to a Baroque concerto than that of L’amoroso?

Mike, na Amazon: Un’interpretazione superlativa dei concerti per violino vivaldiani, molti dei quali con eponimo e in modo minore (primo cd) altri (secondo cd) inediti in quanto ricostruzioni da frammenti isolati. […]  Anche sotto il profilo tecnico nulla si può eccepire in un doppio cd da non lasciarsi sfuggire.

Aproveite! Non lasciarsi sfuggire!

René Denon

Grande Canal, Venezia

Se você gostou desta postagem, talvez queira visitar esta aqui:

Antônio Vivaldi (1678-1741): 8 Concerti Solenni – First Recording

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Avanti L’Opera e Concerti · ∾ · L’Arte Dell’Arco ∞ Christopher Hogwood ֍

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Avanti L’Opera e Concerti  · ∾ ·  L’Arte Dell’Arco ∞ Christopher Hogwood ֍

Vivaldi

Sinfonias de Óperas e Concertos

L’Arte Dell’Arco

Christopher Hogwood

(Frederico Guglielmo)

 

Christopher Hogwood foi o diretor da Academy of Ancient Musik e no auge do movimento HIP gravou uma imensidão de discos regendo esta orquestra, acompanhando diversos solistas, para o selo L’Oiseau Lyre, que se tornou um ramo da DECCA, dirigido por Peter Wadland e dedicado à música antiga, barroca e clássica.

Notoriamente eles gravaram as sinfonias de Beethoven e Mozart, algumas de Haydn. Com Christoph Coin deixou alguns lindos discos, alguns destes de Vivaldi, assim como também de outros mestres. Gosto especialmente da gravação das Suítes Orquestrais de Bach.

Conforme a onda HIP foi se arrefecendo, Hogwood interagiu com outras orquestras, inclusive convencionais. Assim, não foi surpresa ver seu nome em um disco de outro selo, regendo outra orquestra que não a AAM, mas mesmo assim, chamou-me a atenção. Como gosto bastante de seus discos de Vivaldi, tratei logo de investigar este aqui. Temos aqui uma coleção de peças que Vivaldi usava na abertura de suas óperas, mas não são aberturas no mesmo sentido que as aberturas de óperas de Mozart ou Rossini. São mesmo concertos, na maioria com três movimentos e várias combinações de instrumentos, inclusive instrumentos de sopros. A crítica na Gramophone nos dá mais algumas poucas informações:

A maioria das peças foram compostas para cordas, mas a revigorante Abertura de Bajazet, o cara que foi conquistado por Tarmelano, encampa um ressonante par de trompas, enquanto oboés se destacam proeminentemente na abertura da primeira ópera de Vivaldi, Ottone in Villa. Vivaldi sabia usar o artifício de emprestar de suas próprias obras e temos um pouquinho disto aqui. Notavelmente em Dorilla in Tempe, onde ele cita o primeiro movimento da ‘Primavera’, das Quatro Estações, e L’Olimpiade, que no seu último movimento, ele empresta material de ‘Ut collocet’, do Laudate pueri (RV 601), provavelmente escrito dois anos antes.

Federico Guglielmo

A contracapa nos diz que Federico Guglielmo é figura importante no projeto que ele idealizou e no papel que desempenhou na preparação da orquestra. De qualquer forma, os esforços conjuntos funcionaram e o disco é um primor.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Il Bajazet – Sinfonia em fá maior, RV 703

  1. Allegro (I)
  2. Andante molto (II)
  3. Allegro (III)

L’Olimpiade – Sinfonia em dó maior, RV725

  1. Allegro (I)
  2. Adagio – Presto – Adagio (II)
  3. Allegro (III)
  4. Allegro molto con l’arco attacco (IV)

La Verità in cimento – Sinfonia em sol maior, RV 739

  1. Allegro (I)
  2. Andante (II)
  3. Allegro, e forte (III)

Concerto para Violino em dó menor, RV 761  ‘Amato bene’

  1. Allegro (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Ottone in Villa – Sinfonia em dó maior, RV 729

  1. Allegro (I)
  2. Larghetto (II)

Concerto em fá maior, RV 571

  1. Allegro (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Dorilla in Tempe – Sinfonia em dó maior, RV 709

  1. (I) (sem indicação de tempo)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Il Farnace

  1. Sinfonia em dó maior, RV 711

Sinfonia em sol maior, RV 149

  1. Allegro molto (I)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Concerto em ré menor, RV 128

  1. Allegro non molto (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Il Giustino – Sinfonia em dó maior, RV 717

  1. (I) (sem indicação de tempo)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Christopher Hogwood

L’Arte Dell’Arco

O projeto foi planejado e a orquestra ensaiada por Federico Guglielmo

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FLAC | 365 MB

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MP3 | 320 KBPS | 158 MB

Hogwood

Para nosso ‘Momento Babel’: Crítica na Amazon: This is why Hogwood will be sorely missed. Vibrant, dynamic pieces and performances – if you don’t know Viv’s operatic overtures, snap this gem up.

Outra: Dirigenten und Liebhaber barocker Instrumente, wie sie das L’ARTE DELL’ARCO besitzt, sind bravourös dargestellt. Als Hilfsmittel gegen malade Stimmungen ist diese CD sehr zu empfehlen!

Realmente, este CD é altamente recomendado contra monotonia! Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, poderá gostar desta postagem aqui:

Vivaldi – Double Concertos .:. The Academy of Ancient Music – Christopher Hogwood – 1978

.: interlúdio :. Hiromi´s Sonic Bloom – Beyond Standard

Ouvir Hiromi Uehara sempre é uma grande experiência, nunca sabemos o que podemos esperar desta gigante do piano, a moça que está reescrevendo o lugar do piano no Jazz. Um cliente da amazon a situou entre Errol Garner e Mahavishnu Orchestra, o que quer que isso possa significar. Bem uma coisa posso afirmar, sem temer: parece que Hiromi está sempre ligada em uma tomada, ela extravasa energia, se não concordam, ouçam o que ela faz com a mítica ‘Caravan’, de Duke Ellington.  Além do clássico, extrapola todos os limites, todas as barreiras do convencional: ah, isso é Ellington, não podemos ousar tanto. A ousadia é a marca registrada da pianista. Por isso a amo.

Quando resolve fazer uma releitura absolutamente estonteante dos ‘standards’, desconstruindo Gershwin, Coltrane, Debussy (sim, ela toca Clair de Lune), ela reescreve a história do piano no Jazz. É a evolução natural de Thelonius Monk, de Oscar Peterson, de Chick Corea, de Keith Jarrett, de Herbie Hancock e mais recentemente, Brad Mehldau. É a soma de todos, mais o seu talento natural. Não por acaso gravou discos sensacionais com Stanley Clarke, o genial baixista, um dos pais do Fusion, e com o próprio Chick Corea citado acima.

Outro detalhe a destacar é o incrível trio que a acompanha, a Hiromi´s Sonicbloom, formado por excepcionais músicos, que nos proporcionam ótimos momentos.

Esse CD é de 2008, tudo bem, mas continua de um frescor, de uma naturalidade que parece que foi gravado ontem.  E como todos os outros Cds dela que eu e PQPBach já trouxemos aqui, este é mais um que leva o selo de “IM-PER-DÍ-VEL!!’ do PQPBach.

Hiromi´s Sonic Bloom – Beyond Standard

1Intro: Softly As In A Morning Sunrise 0:28
2 Softly As In A Morning Sunrise 7:27
3 Clair De Lune 7:23
4 Caravan 8:47
5 Ue Wo Muite Aruko 8:41
6 My Favorite Things 7:46
7 Led Boots 6:31
8 XYG 6:29
9 I’ve Got Rhythm 5:51

Hiromi Uehara – piano, keyboards
David “Fuze” Fiuczynski – fretted and fretless guitar
Tony Grey – electric bass
Martin Valihora – drums

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LINK ALTERNATIVO

FDP

#BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano (A. Rubinstein)

#BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano (A. Rubinstein)

Este CD foi enviado pela Lais Vogel, co-gestora e fundadora da Fundação Maurizio Pollini. E, como estamos falando em amigos, coloco a seguir trecho de um e-mail enviado pelo escritor Fernando Monteiro.

Rubinstein executava acima de tudo Chopin com uma espécie de boêmia nas noites ciganas de elegância e tristeza muito longe dos estúdios de 400 mil canais da modernidade eletrônica up-to-date onde se ouve pulsarem as móleculas mais inquietas da madeira dos pianos. Sua elegância era como a de Fred Astaire — que era, também, um pouco “descuidado” até certo ponto… Havia uma espécie de porção de humilde pó humano — demasiadamente humano — nos dedos do velho Arthur perdido na recordação das noites das baronesas se protegendo da chuva sob as palmeiras imperiais do mundo austro-húngaro, se é que você me entende e não encara a música mais ou menos como um colecionador de selos de lupa, na mão gelada.

Depois disso, não devo escrever mais nada.

Beethoven – Sonatas para piano

01 Piano Sonata No. 8 in C minor (‘Pathétique’) Op. 13- Grave – Allegro di molto e con brio.mp3
02 Piano Sonata No. 8 in C minor (‘Pathétique’) Op. 13- Andante cantabile.mp3
03 Piano Sonata No. 8 in C minor (‘Pathétique’) Op. 13- Rondo, Allegro.mp3
04 Piano Sonata No. 14 in C sharp minor (‘Moonlight’), Op. 27-2- Adagio sostenuto.mp3
05 Piano Sonata No. 14 in C sharp minor (‘Moonlight’), Op. 27-2- Allegretto.mp3
06 Piano Sonata No. 14 in C sharp minor (‘Moonlight’), Op. 27-2- Presto agitato.mp3
07 Piano Sonata No. 23 in F minor (‘Appassionata’) Op. 57- Allegro assai.mp3
08 Piano Sonata No. 23 in F minor (‘Appassionata’) Op. 57- Andante con moto.mp3
09 Piano Sonata No. 23 in F minor (‘Appassionata’) Op. 57- Allegro ma non troppo.mp3
10 Piano Sonata No. 26 in E flat major (‘Les Adieux’) Op. 81a- Adagio – Allegro.mp3
11 Piano Sonata No. 26 in E flat major (‘Les Adieux’) Op. 81a- Andante espressivo.mp3
12 Piano Sonata No. 26 in E flat major (‘Les Adieux’) Op. 81a- Vivacissimamente.mp3

Arthur Rubinstein, piano

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Arthur Rubinstein

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Variações Goldberg (transcrição para acordeão)

J. S. Bach (1685-1750): Variações Goldberg (transcrição para acordeão)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este espetacular CD foi indicado ao blog por um ou dois comentaristas que poderiam deixar seus nomes aí nos comentários. Sou agradecido a eles. Talvez esta seja minha quinquagésima Goldberg. E é das mais especiais. A expressividade da Ária (depois que nos refazemos da surpresa) e a boa interpretação demonstra o enorme respeito do músico para com a obra e a resistência da mesma ao maiores abusos. Abusos? Por que chamar de abuso? As notas estão todas aí e os bons músicos devem ter liberdade para dar à obra suas interpretações, é claro. Bem, procuremos caminhos menos polêmicos.

Wolfgang Dimetrik (nascido em 6 de janeiro de 1974) é um acordeonista austríaco. Aos seis anos de idade recebeu sua primeira aulas no instrumento. Tendo completado os seus estudos de acordeão na Escola de Música de Graz (1992-2001), Dimetrik hoje apresenta-se com diversos grupos de câmara na Europa, como o Musikfabrik Nordrhein-Westfalen, Neues Ensemble Hannover, o Ensemble Recherche e a Ensemble Modern.

Além disso, o músico participou em várias produções de ópera contemporânea, incluindo Die Wände, de Adriana Holszky, e a estreia da ópera de Arnold Schoenberg Die Hand glückliche, conduzida por Peter Hirsch.

Sua abordagem das Goldberg é muito interessante e esta é a pequena homenagem que faço a meu pai no dia de seu 325º aniversário.

Bach: Variações Goldberg (transcrição para acordeão)

01. Aria
02. Variation 1
03. Variation 2
04. Variation 3: Canona all’unisono
05. Variation 4
06. Variation 5
07. Variation 6: Canone alla seconda
08. Variation 7
09. Variation 8
10. Variation 9: Canone alla terza
11. Variation 10: Fughetta
12. Variation 11
13. Variation 12: Canona alla quarta
14. Variation 13
15. Variation 14
16. Variation 15: Canona alla quinta
17. Variation 16: Ouvertüre
18. Variation 17
19. Variation 18: Canona alla sesta
20. Variation 19
21. Variation 20
22. Variation 21: Canona alla settima
23. Variation 22: Alle breve
24. Variation 23
25. Variation 24: Canona all’ottava
26. Variation 25
27. Variation 26
28. Variation 27: Canona alla nona
29. Variation 28
30. Variation 29
31. Variation 30: Quodlibet
32. Aria

Wolfgang Dimetrik, acordeão

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PQP

Glinka (1804-1857) e Alabiev (1787-1851): Música de Câmara

Glinka (1804-1857) e Alabiev (1787-1851): Música de Câmara

Ah, OK, é bom, mas não é apaixonante. Ninguém vai enlouquecer ouvindo este comportado Glinka e seu escudeiro Alabiev. São românticos legaiszinhos, com algum sotaque do oriente, nada mais do que isso. Glinka tem considerável importância histórica: pespegaram-lhe o título de Pai da Música Russa. Há pais melhores; o meu, por exemplo.

Glinka (1804-1857) e Alabiev (1787-1851): Música de Câmara

Mikhail Glinka (1804-1857)
Trio Pathétique in D minor
01-I. Allegro moderato
02-II. Scherzo: Vivacissimo – Trio: Meno mosso
03-Largo
04-Allegro con spirito – Alla breve, ma moderato

The Lark, arranged for piano by Balakirev
05-Andante quasi recitativo – Andantino

Viola Sonata in D minor
06-Allegro moderato
07-Larghetto ma non troppo (Andante)

Waltz-Fantasia
08-Waltz-Fantasia

Variations on a theme by Alabiev (The Nightingale)
09-Variations on a theme by Alabiev (The Nightingale)

Alexander Alabiev (1787-1951)

Violin sonata in E minor
10-Allegro con brio
11-Adagio cantabile
12-Rondo: Allegretto scherzando

Adrian Chandler, violino
Norbert Blume, viola
Colin Lawson, clarinete
Alberto Grazzi, basson
Olga Tverskaya, pianoforte

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Glinka: já tivemos melhores dias em nosso blog

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 2, 3 & 4 (Murray Perahia)

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 2, 3 & 4 (Murray Perahia)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

As gravações de Bach de Murray Perahia são discretas, na linha sugerida pela modéstia de Bach nas palavras Clavier-Übung, prática de teclado. Não há nada da excentricidade de Glenn Gould e nem da dura monumentalidade de András Schiff. Perahia se contenta em ser franco e simples, escolhendo dar ênfases com cuidado e parcimônia. No início, sua forma de tocar, como o título de Bach, parece muito modesta, mas logo você percebe que, pela clareza absoluta em texturas polifônicas, ele é excelente entre os pianistas que enfrentam as Partitas. Sim, deixemos os cravistas de fora. Eles, os cravistas são mesmos melhores para este repertório.

As três partitas apresentadas neste programa podem parecer um trio improvável, mas elas formam um todo convincente. Incorporam o afastamento progressivo das estruturas convencionais do conjunto de danças de estilo francês que forneceram o projeto básico de Bach. Ouça o tratamento de Perahia na excitação crescente da Courante da Partita No. 3, BWV 827, faixa 9, ainda mais eficaz porque é controlada com extrema segurança. Perahia faz com que a grande Allemande da Partita No. 4, BWV 828, de nove minutos, desapareça no tempo. Ele canta. O estilo de Perahia não vai agradar a todos, mas, para quem gosta de coisas transparentes, é um raro acepipe.

A engenharia alemã da Sony deve ser especialmente saudada: as ressonâncias das notas graves do piano de Perahia, tão cuidadosamente esculpidas pela artista, emergem com suas cores perfeitamente reproduzidas.

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 2, 3 & 4 (Murray Perahia)

Partita Nr. 2 c-moll, BWV 826 – 21:07
1. I. Sinfonia – 4:43
2. II. Allemande – 4:52
3. III. Courante – 2:14
4. IV. Sarabande – 3:58
5. V. Rondeau – 1:32
6. VI. Capriccio – 3:47

Partita Nr. 3 a-moll, BWV 827 – 19:08
7. I. Fantasia – 2:03
8. II. Allemande – 3:11
9. III. Courante – 3:01
10. IV. Sarabande – 4:09
11. V. Burlesca – 2:10
12. VI. Scherzo – 1:05
13. VII. Gigue – 3:29

Partita Nr. 4 D-dur, BWV 828 – 32:04
14. I. Ouverture – 6:16
15. II. Allemande – 9:21
16. III. Courante – 3:32
17. IV. Aria – 2:16
18. V. Sarabande – 5:10
19. VI. Menuet – 1:39
20. VII. Gigue – 3:50

Murray Perahia, piano

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Depois de mais de 40 anos na Sony, Perahia assinou com a DG e ficou com esta cara.

PQP

.: interlúdio :. Gunnar Vargas: Circo Incandescente

.: interlúdio :. Gunnar Vargas: Circo Incandescente

Circo Incandescente, de Gunnar Vargas, é um grande disco de música popular brasileira. Excelentes letras e melodias, cada canção com personalidade e tratamento próprio e apropriado. Os sambas falam de amor, da mulher, de separações  e muito de nossa pindaíba, sempre relatando — com humor — casos quase desesperados. É um trabalho muito, mas  muito brasileiro. O tom fica entre o lírico e o bem-humorado. A voz de Gunnar é grave e bonita e a banda que o acompanha é grande e muito boa, permitindo as imensas variações nos arranjos. Onde encontrei o cara? Bem, este é um arquivo que baixei no falecido, querido e saudoso blog Um que tenha (RIP) por indicação de um amigo.

Nenhuma canção é esquecível, mas destaco o susto da abertura com a competente Circo Incandescente, a linda Vestido Preto, a dançável e sem dinheiro Osso Duro, a cômica Assim não, Assunção, o esplêndido arranjo de Mulher, a bela Chove e a sensacional O Encontro de Antigos Amantes. A referência de Gunnar parece ser Chico Buarque, que ganha, inclusive, curta citação em Assim não, Assunção.

Vale muito a audição!

Gunnar Vargas: Circo Incandescente

1. Circo Incandescente
2. Vestido Preto
3. Osso Duro
4. Assim Não, Assunção
5. Samba no Xadrez
6. Mulher
7. Vai em Paz
8. Mais um Samba
9. Promessa de Paz
10. Chove
11. Vai Me Procurar
12. O Encontro de Antigos Amantes

Gunnar Vargas, voz e violão
Luiz Waack, arranjos e guitarras
Marco da Costa, baterua
Reinaldo Chulapa, baixo
Fernando Moura, piano
Bocato, trombones
Leonardo Muniz Corrêa, sax tenor e clarinete
Amilcar Rodrigues, trompete
Hugo Hori, sax soprano
Ricardo Garcia, percussão
Antonio Bombarda, acordeon
Marcia Castro, voz
Paula de Paz. voz

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Gunnar Vargas | Foto retirada do blog do artista (Anderson Silva – Gessé)

PQP

BTVHN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata Kreutzer e Sonata Primavera – Rubinstein & Szeryng

Já contei essa história aqui no PQPBach certa vez, mas vou contar de novo: em certa ocasião, ouvindo o mesmo Henrik Szeryng tocando esta mesma Sonata “Primavera”, mas com a Ingrid Heubler, em alto volume, fui chamado pela vizinha. Pensei que ia reclamar do volume alto, mas para minha surpresa, ela veio perguntar que música tão linda era aquela que eu estava ouvindo. Falei que era Beethoven e desde então, ficamos amigos. Beethoven unindo duas pessoas que até então nunca haviam se falado, mesmo vivendo um ao lado do outro.

Quero inaugurar a Primavera deste ano tão tenso e triste como tem sido o de 2020 como duas obras que antes de tudo me trazem esperança de dias melhores. Não quero soar piegas, nem repetir o bordão de certo canal de TV que tem uma campanha aqui no Estado que diz que ‘vai passar’. Mas sim, sempre passa. O tempo não para.

O pianista Arthur Rubinstein e o violinista Henrik Szeryng foram grandes estrelas em seus instrumentos, verdadeiras lendas do século XX.  E assim como em outra gravação que trouxe em outra ocasião para os senhores com esta dupla, onde tocavam as Sonatas de Brahms, aqui trago as duas obras primas de Beethoven, as Sonatas ‘Primavera’ e a ‘Sonata a Kreutzer’, interpretadas com maestria, há exatos sessenta anos, sim, meus caros, lá do tempo em que os dinossauros dominavam a Terra. O tempo não para, a fila anda, como sempre me lembra René Denon, e para alguns estas interpretações podem soar datadas, mas quem se importa? A essência está ali, é Beethoven no seu apogeu criativo.

Assim como minha vizinha se sentiu inspirada ao ouvir esta “Sonata Primavera” naquela ocasião, espero que os senhores ouçam estas obras com o coração, deixem a beleza penetrar, sintam a genialidade de um genial compositor aelmão surdo, e que viveu há mais de duzentos anos, calar fundo em suas almas, e pensem neste início de Primavera como um novo início para nós, pobres e reles seres mortais que se consideram superiores ao que os cerca.

Sonata para Piano e Violino nº 9 em Lá Maior, op. 47 “Kreutzer”

  1. Adagio sostenuto – Presto
  2. Andante con variazone
  3. Finale – Presto

Sonata para Piano e Violino nº 5 em Fá Maior, op. 24 “Primavera”

4. 1 Allegro
4.2 Adagio molto espressivo
4.3 Scherzo. Allegro ma non troppo

4.4 Rondo. Allegro ma non troppo

Arthur Rubinstein – Piano
Henryk Szeryng – Violino

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Mahler: Sinfonia Nº 10 / Schoenberg: Sinfonia de Câmara Nº 1, Op. 9 / Strauss: Suíte de O Cavaleiro de Rosa, Op. 59

Mahler: Sinfonia Nº 10 / Schoenberg: Sinfonia de Câmara Nº 1, Op. 9 / Strauss: Suíte de O Cavaleiro de Rosa, Op. 59

IM-PER-DÍ-VEL !!! (Obrigado, Cássio!)

Três obras contrastantes da Viena de pouco antes da Primeira Guerra Mundial em versões de câmara que revelam os contrastes e as semelhanças entre elas. Aqui temos performances sofisticadas e vibrantes. Este disco é muito novo, lançado em julho deste ano pela DG.

Todas as três obras olham para trás e para a frente e, cada uma de uma maneira diferente, refletem a tensão entre modernismo e tradição da época. Ajuda que neste disco tudo é ouvido em rarefeitas e transparentes versões para conjunto de câmara.

O fascinante em ouvir o Adagio de Mahler brilhantemente reduzido a apenas sete instrumentos é que a clareza traz à tona a ousadia e o modernismo de Mahler. Enquanto Mahler, em suas sinfonias, lutava com o legado de Beethoven, também olhava para o futuro e, em sua décima sinfonia, sua desastrosa vida pessoal deu uma contribuição significativa. Sua esposa teve um caso com o arquiteto Walter Gropius e Mahler procurou aconselhamento com Sigmund Freud. Seu desespero infiltra-se constantemente na obra. Sem o luxo da orquestração de Mahler, podemos apreciar a notável sustentação dessa estrutura.

Adorei a forma como a peça é aberta, fazendo uma declaração sobre o mundo sonoro em que estamos entrando. Cada instrumentista interage de forma brilhante e esta versão funciona como música de câmara, não como uma sinfonia reduzida. Sim, esta versão para em pé mesmo sem o habitual colorido orquestral mahleriano. Um disco para ser ouvido muitas vezes.

O resto do CD também é muito bom, mas não chega aos pés de Mahler.

Mahler: Sinfonia Nº 10 / Schoenberg: Sinfonia de Câmara Nº 1, Op. 9 / Strauss: Suíte de O Cavaleiro de Rosa, Op. 59

1 Gustav Mahler (1860-1911), arr. Martyn Harry, Adagio from Symphony No. 10 (1910) [23:58]
2 Arnold Schoenberg (1874-1951), arr Anton Webern – Chamber Symphony No. 1 Op. 9 (1907) [21:12]
3 Richard Strauss (1864-1949), arr. Martyn Harry – Der Rosenkavalier: Suite Op. 59 (1910) [22:11]

O Alban Berg Ensemble Wien posa na Sala de Recepção à Música do Século XX da sede rural do PQP Bach (Foto: divulgação do perfil do Facebook do grupo)

:
Sebastian Gurtler, Regis Bringolf violins,
Subin Lee viola,
Florian Berner cello,
Silvia Careddu flute,
Alexander Neubauer clarinet,
Airane Haering piano
Nora Cismondi oboe
Alois Posch double bass

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PQP

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Violin Concertos – Faust, Il Giardino Armonico, Antonini

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LINKS ATUALIZADOS !!!

GRAMOPHONE CLASSICAL MUSIC AWARDS WINNER 2017 !! CATEGORIA CONCERTO !!

Assim como um cliente da amazon, não consigo parar de ouvir este CD. Recém lançado pela Harmonia Mundi traz um Mozart vívido, alegre, triunfante sem ser óbvio, e que mostra que sim, o talento faz a diferença e uma violinista do nível de Isabelle Faust tem este talento de sobra para nos mostrar o que ainda se pode extrair destes concertos tão gravados e interpretados.
O conjunto ‘Il Giardino Armonico’ e seu diretor Giovanni Antonini continuam mostrando o porque são um dos melhores da atualidade. Coisa de gente grande, e um belo presente de Natal, mesmo que atrasado.
É música para não parar de se ouvir. Mozart nas mãos de Isabelle Faust é música para os anjos ouvirem.

CD 1

I. Allegro moderato
2. II. Adagio
3. III. Presto
4. Rondo for Violin and Orchestra, in B-Flat Major, K. 269/261a: Allegro
5. Concerto for violin and orchestra no.2, in D major, K211 I. Allegro moderato
6. II. Andante
7. III. Rondeau. Allegro
8. Violin Concerto I. Allegro
9. II. Adagio
10. III. Rondeau. Allegro- Andante – Allegretto – Tempo primo

CD 2

1. Rondo for Violin and Orchestra, in C Major, K. 373
2. Concerto for violin and orchestra no.4, in D major, K218 I. Allegro
3. II. Andante cantabile
4. III. Rondeau. Andante grazioso
5. Adagio for violin and orchestra, in E major, K261
6. Concerto for violin and orchestra no.5, in A major, K219 6 I. Allegro aperto – Adagio – Allegro aperto
7. II. Adagio
8. III. Rondeau Tempo di Menuetto-Allegro-Tempo di Menuetto

Isabelle Faust – Violin
Il Giardino Armonico
Giovanni Antonini – Conductor

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J. S. Bach (1685-1750) & H.I.F. Biber (1644-1704): Sonatas para Violino – Evgeny Sviridov

J. S. Bach (1685-1750) & H.I.F. Biber (1644-1704): Sonatas para Violino – Evgeny Sviridov

Bach & Biber

Sonatas para Violino

Evgeny Sviridov, violino

Zita Mikijanska, cravo

 

Até o momento em que começo a escrever esta postagem não consegui verificar se Bach e Biber encontraram-se alguma vez, mas eu creio que não. Heinrich Ignaz Franz (von) Biber nasceu em 1644, 41 anos antes de Bach, e quando morreu, Bach era um jovem de 19 anos. Mas acredito que Bach conhecia alguma música de Biber, especialmente por este ter sido um grande violinista e suas composições, como as sonatas deste disco, além das famosíssimas Sonatas do Rosário (Die Rosenkranz Sonaten) expandiram as técnicas de tocar o violino.

Foto do artista quando muito jovem…

De qualquer forma, a combinação das peças de Bach com as do músico mais antigo, dão um toque interessante ao programa. Ouça de olhos fechados, ou pegue uma faixa qualquer aleatoriamente. Acredito que você conseguirá adivinhar logo qual dos dois é o compositor. As sonoridades de Biber são um tanto mais técnicas enquanto a música de Bach me parece mais melodiosa (uso esta por não me ocorrer alguma palavra mais apropriada). As tais scordaturas dão um toque especial às peças de Biber, assim como sua inventividade. Por exemplo, o último movimento de uma de suas sonatas tem uma ária com variações.

Mas as peças foram escolhidas para mostras as habilidades do jovem violinista. Evgeny Sviridov nasceu em São Petersburgo e iniciou seus estudos no conservatório da cidade. Enquanto ainda estudava participou de competições como Menuhin Competition em Cardiff e Paganini Competition em Gênova, em 2008. Mas foi em 2010 que ocorreu algo realmente especial. Aparentemente inspirado pelas interpretações de música em instrumentos de época, como as de Reinhard Goebel, inscreveu-se no International Bach Competition e ganhou o primeiro prêmio. Este disco de 2011 é uma consequência disto. Isto catapultou sua carreira e ele aprofundou seus estudos nesta área. Hoje, Sviridov tem uma carreira completamente estabelecida e suas atividades como artista e como professor são impressionantes, como você poderá descobrir lendo seu perfil nesta página aqui.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata para violino e cravo No. 3 em mi maior, BWV 1016

  1. Adagio
  2. Allegro
  3. Adagio ma non tanto
  4. Allegro

Heirich Ignaz Franz Biber (1644 – 1704)

Sonata para violino No. 4 em ré maior, c. 141

  1. Presto
  2. Gigue – Adagio
  3. Adagio – Adagio
  4. Aria – Variatio 1 – 2 – 3 – 4 – Finale – Presto

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata para violino em sol maior, BWV 1021

  1. Adagio
  2. Vivace
  3. Largo
  4. Presto

Heirich Ignaz Franz Biber (1644 – 1704)

Sonata para violino No. 8 em lá maior, c. 145

  1. Sonata – Allegro
  2. Aria
  3. Sarabanda
  4. Allegro – Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Partita para violino solo No. 3 em mi maior, BWV 1006

  1. Preludio
  2. Loure
  3. Gavotte em rondeau
  4. Menuet I – II
  5. Bourre
  6. Gigue

Evgeny Sviridov, violino

Zita Mikijanska, cravo

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MP3 | 320 KBPS | 152 MB

Retrato mais atual do artista

Para nosso espaço Babel, selecionei alguns trechos de críticas dos trabalhos do Evgeny..

“Seine Interpretation ist ein Ereignis. Da ist nicht ein Bogenstrich unkontrolliert oder unreflektiert. Jeder Akzent, jede Klangfarbe erweist sich als wohlüberlegt und präzise gesetzt.”

“If you think the Baroque violin sounds wiry and thin, Sviridov’s silky, silvery tones will make you think again. Fingerwork and bowings are supple, light-weight and agile, producing effects by turns balletic, poetic, rhetorical and lyrical.”

“Ce très grand interprète donne ici une splendide illustration de ce qu’on peut faire de mieux avec des œuvres majeures même dès le jeune âge. Il est troublant de ressentir à l’écoute d’œuvres connues, maintes fois entendues, une nouvelle émotion. C’est simplement magnifique !”

 

Resumindo: ‘É simplesmente magnífico!’

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1897) – Concerto para Piano nº 1 in Ré Menor, op. 15 – Paul Lewis, SRSO, Daniel Harding

Esta excelente gravação é uma das melhores que foram lançadas neste novo século. É a nova geração mostrando a que veio, principalmente o jovem maestro Daniel Harding que, frente à excelente Orquestra da Rádio Sueca, esbanja talento e versatilidade, em uma obra que em sua introdução antes parece uma sinfonia que um Concerto. Tudo é grandioso aqui, e a orquestra é parte fundamental da obra, é uma batalha de titãs entre o solista e a orquestra, portanto, é fundamental que todos os envolvidos se entendam para fazer com que a obra possa fluir. Não é uma peça fácil, é longa, densa (mas qual obra de Brahms não o é?), e com certeza esgota a todos, tanto física, quanto psicologicamente.

Como não poderia deixar de ser diferente, foi uma obra que não foi bem recebida em sua estréia. Eis o que escreveu o influente crítico musical Edward Bernsdorf:

“uma composição arrastada para o seu túmulo. Essa obra não pode proporcionar prazer (…) nada tem a oferecer além de desolação desesperançada e aridez (…) durante mais de três quartos de hora tem-se de suportar esse revolvimento e esquadrinhamento, esse estiramento e esforço, esse dilaceramento e remendar de frases e floreios ! Não apenas se tem de se assimilar essa massa em fermentação, tem-se também de engolir uma sobremesa das dissonâncias mais estridentes e dos sons mais desagradáveis. Deliberadamente herr Brahms tornou a parte do piano mais desinteressante possível (…) por fim, a técnica de piano de Herr Brahms não satisfaz às exigências que atualmente temos o direito de fazer a um solista de concerto.” 

Trata-se de uma obra revolucionária, com certeza, mas lá em 1859 não foi assim que foi entendida. Ao contrário. “Uma obra severa e inflexível, intelectualmente muito mais exigente do que a sinfonia comum,” nas palavras de Malcolm McDonald, biógrafo do autor, que neste seu livro traz uma carta do próprio Brahms para seu amigo Joseph Joachim logo após a estréia da obra:

“O meu Concerto teve aqui um brilhante e decisivo – fracasso (…) no fim três pares de mãos se juntaram muito devagar e em seguida uma vaia completamente inconfundível, de todos os lados, impossibilitou qualquer manifestação desse tipo. Não há mais nada a dizer sobre esse episódio, pois nem uma pessoa me disse uma palavra sobre a obra”.

O impacto que esta obra causou aos meus jovens ouvidos de adolescente não foram muito diferentes. Precisei aprender a ouvir esse concerto. Quando falo impacto aos meus ouvidos adolescentes, quero acrescentar que até então eu ouvia apenas o trivial: algumas sinfonias de Beethoven, algumas obras de Mozart, Chopin, Tchaikovsky, etc. Precisei conhecer e me apaixonar pelo Segundo Concerto para então voltar ao Primeiro. E também tive de assimilar a obra de Beethoven, principalmente suas últimas sinfonias e concertos para piano, e claro, principalmente, mergulhar de cabeça na Primeira Sinfonia para poder assimilar melhor aquela ‘massa em fermentação’. A partir de então, Brahms tornou-se um compositor fundamental para mim.

Paul Lewis dispensa apresentações. Para quem já encarou a gravação da integral das sonatas de Beethoven e concertos do mesmo Ludwig, encarar Brahms era um caminho meio que natural. Infelizmente o músico grava pouco, parece meio arisco aos estúdios de gravação, portanto, aguardando ansioso sua gravação do Segundo Concerto, esta obra atemporal, única, fundamental. Quem viver, verá.

01. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15 – I. Maestoso-Poco piu moderato
02. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15 – II. Adagio
03. Piano Concerto No. 1 in D minor, Op. 15 – III. Rondo. Allegro ma non troppo
04. 4 Ballads, Op. 10 – 1. Andante D Minor
05. 4 Ballads, Op. 10 – 2. Andante D Major
06. 4 Ballads, Op. 10 – 3. Intermezzo- Allegro B Minor
07. 4 Ballads, Op. 10 – 4. Andante con moto B Major

Paul Lewis – Piano
Swedish Radio Symphony Orchestra
Daniel Harding – Conductor

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Mozart (1756 – 1791) ∞ Peças para Piano ∞ Francesco Piemontesi

Mozart (1756 – 1791) ∞ Peças para Piano ∞ Francesco Piemontesi

Mozart

Fantasia

Sonatas

Rondós

Francesco Piemontesi

 

O repertório deste disco é muito diverso. Temos uma Fantasia, dois Rondós e duas Sonatas de Wolfgang Amadeus Mozart, aquele que, segundo Manuel Bandeira, no dia 5 de dezembro de 1791

entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sobre um mirabolante cavalo branco.

Diverso por que a Fantasia é diferente das Sonatas e dos Rondós na forma, as sonatas são de períodos muito diferentes na vida do compositor e os rondós também, diferem um do outro pelo nível de maturidade. Digo isso para chamar sua atenção para as peças, como elas iluminam diferentes aspectos da arte de Mozart.

A Sonata em ré maior, ‘Dürnitz’, é a última de um conjunto de seis, compostas em 1775, quando Mozart ainda estava em Salzburgo. Mas deste conjunto ela é a maior e a única do grupo a ter sido publicada ainda em vida do compositor. Note que seu último movimento é um conjunto de variações.

A Sonata em fá maior tem este estranho número de catalogação por ter tido seus dois primeiros movimentos, que foram compostos em 1786 completados por uma recomposição de um rondó que havia sido composto anteriormente. Mas nem por isso podemos notar qualquer mudança no nível de inspiração, temos uma linda sonata com tradicionais três movimentos.

Devemos ter em mente, ao ouvir estas peças para piano de Mozart, que estas composições, na época da vida do autor, eram para uso doméstico, para amadores assim como para connoiseurs. Elas habitam o universo das peças de Haydn e de Carl Philippe Emanuel Bach, que compunha für Kenner und Liebhaber. Isto é, antecedem as sonatas do Ludovico.

Mencionadas estas coisas, chamo a atenção para o pianista, que tem ótima mão para Mozart. Já ouvi um disco em que ele toca concertos e sei que há ainda outro por aí… Espero poder postar mais coisas do Franceso, que é suíço e ainda bastante jovem. Em sua formação estudou com grandes pianistas, como Alfred Brendel, Cécile Ousset e Alexis Weissenberg. Assim, não se surpreenda por ouvi-lo interpretar Schubert, Debussy ou Liszt, além do Mozart que hoje trazemos.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Fantasia em ré menor, K. 397

  1. Fantasia

Sonata em ré maior, K. 284 ‘Dürnitz’

  1. Allegro
  2. Rondeau em polonaise
  3. Tema com variazioni (Andante)

Rondó em ré maior, K. 485

  1. Rondó

Rondó em lá menor, K. 511

  1. Rondó

Sonata em fá maior, K. 533/K. 494

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Francesco Piemontesi, piano

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Espero que goste. A frase a seguir, tirada da página do pianista, resume com precisão:

‘Francesco Piemontesi combines stunning technique with an intellectual capacity that few can match’  Spectartor

Aproveite!

René Denon

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13 ‘Babi Yar’ (Karabits)

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13 ‘Babi Yar’ (Karabits)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sensacional esta recente gravação russa para esta obra-prima de Shostakovich. A história que copio abaixo é a da gênese da Sinfonia Nº 13. É uma tremenda história que envolve profundamente a censura soviética. Depois, houve também dificuldades para estrear a Sinfonia, mas este é um caso conhecido. O Caso Kosolápov — um verdadeiro herói — é muito menos divulgado e, ouso dizer, ainda mais interessante. Boa leitura e boa audição pra todos vocês.

.oOo.

~ A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar, de Ievguêni Ievtuchenko ~

Por Vadim Málev, em 10 de junho de 2020
Texto de Milton Ribeiro a partir de tradução oral de Elena Romanov

Valéri Kosolápov

Hoje é o dia dos 110 anos do nascimento de Valéri Kosolápov. Mas quem é esse Valéri Kosolápov? Por que deveria escrever sobre ele e você deveria ler? Valéri Kosolápov tornou-se um grande homem em uma noite e, se não fosse assim, talvez não conhecêssemos o poema de Yevgeny Yevtushenko (Ievguêni Ievtuchenko) Babi Yar. Kosolápov era então editor do Jornal de Literatura (Literatúrnii Jurnál), o qual publicou corajosamente o poema em 19 de setembro de 1961. Foi um feito civil real.

Afinal, o próprio Yevtushenko admitiu que esses versos eram mais fáceis de escrever do que de publicar naquela época. Tudo se deve ao fato de o jovem poeta ter conhecido o escritor Anatoly Kuznetsov, autor do romance Babi Yar, que contou verbalmente a Yevtushenko sobre a tragédia acontecida naquela assim chamada ravina (ou barranco). Por consequencia, Yevtushenko pediu a Kuznetsov que o levasse até o local e ele ficou chocado com o que viu.

“Eu sabia que não havia monumento lá, mas esperava ver algum tipo de placa in memorian ou ao menos algo que mostrasse que o local era de alguma forma respeitado. E de repente me vi num aterro sanitário comum, que era como imenso sanduíche podre. E era ali que dezenas de milhares de pessoas inocentes — principalmente crianças, idosos e mulheres — estavam enterradas. Diante de nossos olhos, no momento em que estava lá com Kuznetsov, caminhões chegaram e despejaram seu conteúdo fedorento bem no local onde essas vítimas estavam. Jogaram mais e mais pilhas de lixo sobre os corpos”, disse Yevtushenko.

Ele questionou Kuznetsov sobre porque parecia haver uma vil conspiração de silêncio sobre os fatos ocorridos em Babi Yar? Kuznetsov respondeu que 70% das pessoas que participaram dessas atrocidades foram policiais ucranianos que colaboraram com os nazistas. Os alemães lhes ofereceram o pior e mais sujo dos trabalhos, o de matar judeus inocentes.

Yevtushenko ficou estupefato. Ou, como disse, ficou tão “envergonhado” com o que viu que naquela noite compôs seu poema. De manhã, foi visitado por alguns poetas liderados por Korotich e leu alguns novos poemas para eles, incluindo Babi Yar… Claro que um dedo-duro ligou para as autoridades de Kiev e estas tentaram cancelar a leitura pública que Yevtushenko faria à noite. Mas ele não desistiu, ameaçou com escândalo e, no dia seguinte ao que fora escrito, Babi Yar foi ouvido publicamente pela primeira vez.

Yevtushenko lê seus poemas. Nos anos sessenta, os poetas podiam reunir milhares de pessoas…

Passemos a palavra a Yevtushenko: “Depois da leitura, houve um momento de silêncio que me pareceu interminável. Uma velhinha saiu da plateia mancando, apoiando-se em uma bengala, e encaminhou-se lentamente até o palco onde eu me encontrava. Ela disse que estivera em Babi Yar, que fora uma das poucas sobreviventes que conseguiu rastejar entre os cadáveres para se salvar. Ela fez uma reverência para mim e beijou minha mão. Nunca antes alguém beijara minha mão”.

Então Yevtushenko foi ao Jornal de Literatura. Seu editor era Valéri Kosolápov, que substituiu o célebre Aleksandr Tvardovsky no posto. Kosolápov era conhecido como uma pessoa muito decente e liberal, naturalmente dentro de certos limites. Tinha ficha no Partido, claro, caso contrário, nunca acabaria na cadeira de editor-chefe. Kosolápov leu Babi Yar e imediatamente disse que os versos eram muito fortes e necessários.

— O que vamos fazer com eles? — pensou Kosolápov em voz alta.

— Como assim? — Yevtushenko respondeu, fingindo que não tinha entendido — Vamos publicar!

Yevtushenko sabia muito bem que, quando alguém dizia “versos fortes”, logo depois vinha “mas, eu não posso publicar isso”. Mas Kosolápov olhou para Yevtushenko com tristeza e até com alguma ternura. Como se esta não fosse sua decisão.

— Sim.

Depois pensou mais um pouco e disse:

— Bem, você vai ter que  esperar, sente-se no corredor. Eu tenho que chamar minha esposa.

Yevtushenko ficou surpreso e o editor continuou:

— Por que devo chamar minha esposa? Porque esta deve ser uma decisão de família.

— Por que de família?

— Bem, eles vão me demitir do meu cargo quando o poema for publicado e eu tenho que consultá-la. Aguarde, por favor. Enquanto isso, já vamos mandando o poema para a tipografia.

Kosolápov sabia com certeza que seria demitido. E isso não significava simplesmente a perda de um emprego. Isso significava perda de status, perda de privilégios, de tapinhas nas costas de poderosos, de jantares, de viagens a resorts de prestígio …

Yevtushenko ficou preocupado. Sentou no corredor e esperou. A espera foi longa e insuportável. O poema se espalhou instantaneamente pela redação e pela gráfica. Operários da gráfica se aproximaram dele, deram-lhe parabéns, apertaram suas mãos. Um velho tipógrafo veio. “Ele me trouxe um pouco de vodka, um pepino salgado e um pedaço de pão”, contou o poeta. E este velho disse: — “Espere, espere, eles imprimirão, você verá.”

E então chegou a esposa de Kosolápov e se trancou com o marido em seu escritório por quase uma hora. Ela era uma mulher grande. Na Guerra, ela fora uma enfermeira que carregara muitos corpos nos ombros. Essa rocha saiu da reunião, aproximando-se de Yevtushenko: “Eu não diria que ela estava chorando, mas seus olhos estavam úmidos. Ela olhou para mim com atenção e sorriu. E disse: ‘Não se preocupe, Jenia, decidimos ser demitidos’.”

Olha, é simplesmente lindo: “Decidimos ser demitidos”. Foi quase um ato heroico. Somente uma mulher que foi para a front sob balas podia não ter medo.

Na manhã seguinte, chegou um grupo do Comitê Central, aos berros: “Quem deixou passar, quem aprovou isto?”. Mas já era tarde demais — o jornal estava à venda em todos os quiosques. E vendia muito.

“Durante a semana, recebi dez mil cartas, telegramas e radiogramas. O poema se espalhou como um raio. Foi transmitido por telefone a fim de ser publicado em locais mais distantes. Eles ligavam, liam, gravavam. Me ligaram de Kamchatka. Perguntei como tinham lido lá, porque o jornal ainda não tinha chegado. “Não chegou, mas pessoas nos leram pelo telefone, nós anotamos”, contou Yevtushenko.

Claro que as autoridades não gostaram e trataram de se vingar. Artigos aos montes foram escritos contra Yevtushenko. Kosolápov foi demitido.

Aqui está o jovem Yevtushenko, na época em que escreveu “Babi Yar”

O que salvou Yevtushenko foi a reação mundial. Em uma semana, o poema foi traduzido para 72 idiomas e publicado nas primeiras páginas de todos os principais jornais, incluindo os norte-americanos. Em pouco tempo, Yevtushenko recebeu outras 10 mil cartas agora de diferentes partes do mundo. E, é claro, não apenas judeus escreveram cartas de agradecimento, o poema fisgou muita gente. Mas houve muitas ações hostis contra o poeta. A palavra “judeu” foi riscada em seu carro e, pior, ele foi ameaçado e criticado em várias oportunidades.

“Vieram até meu edifício uns universitários enormes, do tamanho de jogadores da basquete. Eles se comprometeram a me proteger voluntariamente, embora não houvesse casos de agressão física. Mas poderia acontecer. Eles passavam a noite nas escadarias do meu prédio. Minha mãe os viu. As pessoas realmente me apoiaram ”, lembrou Yevtushenko.

— E, o milagre mais importante, Dmitri Shostakovich me telefonou. Minha esposa e eu não acreditamos, pensamos que era mais um gênero de intimidação ou que estavam aplicando um trote em nós. Mas Shostakovich apenas me perguntou se eu daria permissão para escrever música sobre meu poema.

Shostakovich e Yevtushenko na primeira apresentação da 13ª Sinfonia de Shostakovich, em cuja primeira parte foi colocada o poema “Babi Yar”

Esta história tem um belo final. Kosolápov aceitou tão dignamente sua demissão que o pessoal do Partido ficou assustado. Eles decidiram que se ele estava tão calmo era porque tinha proteção de alguém muito importante e superior… Depois de algum tempo, ele foi chamado para ser editor-chefe da revista Novy Mir. “E apenas a consciência o protegia”, resumiu Yevtushenko. “Era um Verdadeiro Homem.”

Valéri Kosolápov
A lápide de Valéri Kosolápov

RIP

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonia Nº 13

1) I. Babi Yar: Adagio 15:18
2) II. Humour: Allegretto 7:30
3) III. In the Store: Adagio 11:45
4) IV. Fears: Largo 11:07
5) V. A Career: Allegretto 12:30

Oleg Tsibulko, baixo
Popov Academy of Choral Arts Choir
Kozhevnikov Choir
The Russian National Orchestra
Kirill Karabits

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Shostakovich esta votando? Assim parece, não? | Wikimedia Commons

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.: interlúdio :. Dream Circus – Misha Mullov-Abbado

Filho de peixe peixinho é?  O músico envolvido neste baita CD de Jazz é simplesmente filho de Claudio Abbado e de Viktoria Mullova, bota DNA nobre nessa mistura. Mas deve ser difícil para estes filhos de celebridades conseguirem se afastar da sombra de seus pais e mostrar que eles também tem talento. São inúmeros os casos, nem vem ao caso numerá-los. O peso e a cobrança devem ser muito grandes. ‘Ah, ele só conseguiu contrato com gravadora porque é filho de gente importante’, com certeza eles devem ouvir muito isso.

Em minha modestíssima opinião, ele herdou sim dos pais a verve musical, só que resolveu seguir por outro caminho, demonstrando que o talento pode vir de berço, e aos poucos vai sendo esculpido. Aliás, recém foi lançado um CD novo dele, tocando com sua mãe. Se vocês se comportarem direitinho, trago assim que possível.

Misha, ao contrário dos pais, ele maestro, ela violinista, optou por um estilo musical diferente, e toca contrabaixo acústico, aquele instrumento grande, que ali fica no cantinho, discreto, dando suporte à harmonia da banda, acompanhando o baterista, seu fiel parceiro. Recentemente faleceu um dos maiores contrabaixistas do Jazz, Gary Peacock, o eterno parceiro de Keith Jarrett  e de Jack DeJohnette, mas não podemos negar que este estilo musical  é pródigo em grandes especialistas no instrumento, como o insuperável Charles Mingus, o mítico Jaco Pastorius, o lendário Ron Carter e lá nos tempos em que os dinossauros dominavam a Terra,  o genial Paul Chambers.  Espero que Misha venha a escrever o seu nome na história do Jazz, ao lado destes grandes músicos do passado.

Dream Circus – Misha Mullov-Abbado

01. Some Things Are Just So Simple
02. Equinox
03. Little Vision
04. The Infamous Grouse
05. Seven Colours
06. Stillness
07. Little Astronaut
08. The Bear
09. Blue Deer

Misha Mullov-Abbado – double bass
James Davison – trumpet & flugelhorn
Matthew Herd – alto saxophone
Sam Rapley – tenor saxophone
Liam Dunachie – piano & Hammond organ*
Scott Chapman – drums

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David Lang (1957): Prisoner of the State

David Lang (1957): Prisoner of the State

Esta é uma bela ópera de David Lang inspirada por Beethoven. Trata-se de uma versão moderna e sombria da única ópera de Beethoven, uma atualização de Fidelio. Fidelio conta a história de uma nobre espanhola que, disfarçada, consegue um emprego humilde em uma prisão onde seu marido está sendo injustamente detido por um poderoso inimigo político. Mas a ópera é sobrecarregada por um romance secundário e por porções cômicas que minam seus temas de combate à tirania e defesa da liberdade. Lang dinamiza a história e a coloca em um tempo contemporâneo não especificado. O libreto foi escrito pelo próprio Lang. Ele se baseia em frases dos libretos que Beethoven leu em versões anteriores de sua ópera e também adapta textos de Maquiavel, Jeremy Bentham e outras fontes. A música — lírica e assustadora — é excelente e cresce quando Lang afasta-se de Beethoven.

David Lang (1957): Prisoner of the State

1. I was a woman
2. prisoners! wake up!
3. I stole a loaf of bread
4. where is the boy?
5. gold
6. there is one thing
7. prison song
8. entrance of the governor
9. better to be feared
10. o what desire
11. uhhh. so dark
12. how cold it is
13. he’s moving
14. return of the governor
15. stand back
16. what is one man?
17. waiting for the inspectors

Julie Mathevet, Soprano (The Assistant)
Alan Oke, Tenor (The Governor)
Jarrett Ott, Baritone (The Prisoner)
Eric Owens, Bass-Baritone (The Jailer)
Matthew Pearce, Tenor (Guard)
John Matthew Myers, Tenor
Steven Eddy, Baritone (Guard)
Rafael Porto, Bass-Baritone (Guard)
Men of the Concert Chorale of New York
New York Philharmonic
Jaap van Zweden, Conductor

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David Lang

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Mozart (1756 – 1791) ∾ Quartetos com Piano ∾ Paul Lewis e Leopold String Trio ֍

Mozart (1756 – 1791) ∾ Quartetos com Piano ∾ Paul Lewis e Leopold String Trio ֍

 

Esaú e Jacó

 

 

O editor e compositor Franz Anton Hoffmeister pensou ter encontrado uma maneira de conseguir uma boa grana quando encomendou a Mozart três quartetos com piano. Ele imaginava vender as partituras para grupos de músicos amadores, acostumados às peças no estilo galante e ávidos por boa música que pudesse ser executada em casa, nos idos de 1785. Quando Mozart entregou o primeiro quarteto, em sol menor, estes músicos amadores ficaram desnorteados, com a tonalidade, as demandas técnicas nas partes, os uníssonos ao longo do imenso e complexo primeiro movimento. Hoffmeister desistiu da encomenda e o segundo quarteto, em mi bemol maior, pronto em 1786, não chegou a ser impresso, apesar de ter sido posteriormente publicado por Artaria. Mais uma ideia que não gerou lucros para Hoffmeister ou Mozart, que pode pelo menos ficar com o adiantamento (que bem provavelmente já havia sido gasto). De qualquer forma, ficamos com estas duas maravilhosas peças que enchem o álbum desta postagem. Mais ainda, os atentos compositores que vieram depois também deixaram algumas obras memoráveis neste gênero musical, como é o caso de Schumann, Brahms e Fauré.

O simpático pessoal do Leopold Trio

Minha referência para estas obras antes de encontrar este disco em um blog da concorrência, era a gravação do Fauré Quartett. Continuo ainda apreciando muito esta gravação, mas acho que o disco desta postagem, que tem ao piano o excelente Paul Lewis, vai um pouquinho além. Uma das diferenças está na ‘arquitetura’ da peça. Os primeiros movimentos têm dois trechos marcados para a repetição na partitura.

Esta gravação observa as duas repetições, enquanto a maioria das outras gravações, incluindo a do Quarteto Fauré, só faz a primeira repetição. Mas gostei muito do conjunto da obra do disco da Hyperion, produzido pelo excelente Andrew Keener.

Os dois quartetos se completam bem (apesar de serem assim, um pouco Esaú e Jacó…). O primeiro é mais trágico, mais sombrio e o outro mais extrovertido.

O pensativo Paul…

Estas obras deram trabalho ao genial compositor. Contrário da imagem de facilidade e superficialidade, dos rascunhos que ficaram verifica-se que pelo menos duas ideias para um tema do larghetto do K. 493 foram abandonadas antes que Mozart se desse por satisfeito.

O entrosamento dos intérpretes é magistral, como pode-se observar no allegretto desta peça, a última faixa do disco. Há no ar um sentimento de contentamento com a música, muito verdadeiro. É como se eles não quisessem terminar a música, tamanho prazer. Diferente das situações em que parece que os músicos querem acabar o concerto e correr para o jantar.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Quarteto com piano em sol menor, K. 478

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Rondo: Allegro

Quarteto com piano em mi bemol maior, K. 493

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegretto

Paul Lewis, piano

Leopold String Trio

Marianne Thorsen, violino

Scott Dickinson, viola

Kate Gould, violoncelo

Gravação feita em dezembro de 2003

Produção de gravação de Andrew Keener

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FLAC | 226 MB

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MP3 | 320 KBPS | 145 MB

Paul em pose de ator da franquia Harry Potter…

Para nosso momento ‘The Book is on the Table’, escolhi alguns trechos de críticas do álbum:

‘It is in fact clear from the opening that this is a performance to reckon with, exemplified by its careful measured tempo, its poise and its subtle handling of the balance between strings and piano. A real winner, this disc; warmly recommended’ (Gramophone)

‘These are deeply musical performances, perceptive and satisfying, of two masterpieces’ (International Record Review)

‘The Leopold Trio gives a crisp, clear and engaging performance’ (The Strad)

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, poderá gostar de:

Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano – Paul Lewis

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Diabelli Variationen – Paul Lewis

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Quartets KV 478 & KV 493 – Beaux Arts Trio, Bruno Giuranna

F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, op. 61, Romances / Franz Schubert (1797-1828): Rondo in A Major for Violin & Orchestra, D. 438

Gostaria de dedicar esta postagem, na verdade, repostagem, à memória de meu irmão mais velho, Maurício, que faleceu há pouco menos de quatro anos, e que faria aniversário no dia de hoje, 16 de setembro. Ele era um entusiasta da música, e foi em uma caixa de discos que ele me mandou que encontrei uma gravação deste imortal concerto, nas imortais mãos de David Oistrakh. Descanse em paz, mano, um dia nos reencontraremos novamente para ouvir boa música !!!

Nosso querido mentor, PQPBach, e sua namorada, que é violinista, consideram James Ehnes um dos principais violinistas da atualidade. E não há como negarmos tal afirmativa.  O cara tem um talento incrível, e sempre nos oferece novas possibilidades, mesmo naquelas obras tão conhecidas do repertório, como neste concerto de Beethoven, que creio que todos conhecem de cor e já devem ter ouvido dezenas de vezes com diversos outros intérpretes. Ouçam a cadenza escrita pelo lendário Fritz Kreisler para entenderem do que estou falando.

Além do concerto, também temos aqui os dois Romances, também escritos para Violino e Orquestra, e o belíssimo Rondo in A major, de Schubert.

Para completar o pacote, o regente é o Andrew Manze, que conhecemos bem com um excelente violinista, especializado no repertório barroco. Em outras palavras, os senhores estão em muito boas mãos.

Resumindo, trata-se de um esplêndido CD, seríssimo candidato a lançamento do mês da Revista Gramophone, quiçá, melhor lançamento do ano, da mesma revista.

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)

VIOLIN CONCERTO in D major op61
1 i Allegro ma non troppo* 23.24
2 ii Larghetto 9.40
3 iii Rondo*: Allegro 9.52

*Cadenzas by Fritz Kreisler

ROMANCE No.1 in G major for violin & orchestra op40 6.40

ROMANCE No.2 in F major for violin & orchestra op50 8.08

FRANZ SCHUBERT (1797-1828)

Rondo in A major for violin & orchestra D438 13.33
Adagio – Allegro giusto

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FDP

George Enescu (1881-1955): Sinfonia Nº 3 / Rapsódia Romena Nº 1

George Enescu (1881-1955): Sinfonia Nº 3 / Rapsódia Romena Nº 1

Escrita durante os anos instáveis ​​da Primeira Guerra Mundial, a Sinfonia Nº 3 de Enescu é um trabalho em três movimentos totalizando quase uma hora de duração. A obra está ancorada em um scherzo maligno e alucinante, que é cercado por um primeiro movimento às vezes meditativo, às vezes eruptivo e terceiro movimento coral sem texto. O som é extraordinário, cheio de colorido, mas também capturando tremores íntimos. Gennady Rozhdestvensky (1931-2018) faz um trabalho maravilhoso ao repassar de forma incólume o nacionalista Enescu para a BBC inglesa. Os caras tocam (quase) como romenos. Só que eu, talvez um caráter vulgar, adoro é a Rapsódia Romena Nº 1, com seus agitados temas ciganos, tanto que a ouvi várias vezes, até decorar.

George Enescu (1881-1955): Sinfonia Nº 3 / Rapsódia Romena Nº 1

Symphony No. 3, Op. 21 In C Major (54:42)
1 I. Moderato, In Poco Maestoso 20:27
2 II. Vivace, Ma Non Troppo 15:21
3 III. Lento, Ma Non Troppo 18:59
Chorus – Leeds Festival Chorus
Chorus Master – Simon Wright (11)

4 Romanian Rhapsody, Op. 11 No. 1 In A Major (12:57)

Leeds Festival Chorus
BBC Philharmonic
Gennady Rozhdestvensky

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É quase impossível para um brasileiro pronunciar corretamente o nome do natalino Rozhdestvensky

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Mozart (1756 – 1791) – Concerto para Oboé ֍ Haydn (1732 – 1809) – Sinfonia Concertante ∾ Lucas Macías Navarro – Orchestra Mozart – Claudio Abbado ∞

Mozart (1756 – 1791) – Concerto para Oboé  ֍ Haydn (1732 – 1809) – Sinfonia Concertante  ∾  Lucas Macías Navarro – Orchestra Mozart – Claudio Abbado  ∞

Mozart – Concerto para Oboé

Haydn – Sinfonia Concertante

Lucas Macías Navarro

Mozart Orchestra

Claudio Abbado

 

Quando deitei os olhos neste disco, notei os nomes Mozart, Haydn, Abbado, mas notei também a ausência da cor amarela na capa. Um olhar mais detalhado revelou o nome do selo suíço – Claves, ótimo, mas que não costuma abrigar nomes assim estelares como o do maestro Abbado.

Lucas Macías Navarro

A história deste disco é interessante e está na net. O principal oboé da Concertgebouw Amsterdam ligou para um produtor do selo perguntando se haveria interesse de gravar o concerto de Mozart com a orquestra e o maestro. Certamente, foi a resposta.  Mas, um pouco de cautela era necessário, pois ao que parece, o oboísta é dado a brincadeiras. Para nossa grande felicidade, desta vez a coisa era séria. Alguns anos passados na agenda de todo mundo e com a ajuda de algum gracioso patrocínio, o disco foi gravado na Espanha em 2013.

E como de um só concerto não se faz um disco, a Sinfonia Concertante de Haydn completou adoravelmente a empreitada, permitindo aos outros músicos da orquestra brilharem, assim como nos proporcionar ouvir Abbado regendo Haydn.

Noto que esta Sinfonia Concertante em si bemol maior, Hob. I/105, de Haydn, escapou da Grande Postagem do colega Ammiratore, com todas as Sinfonias de Haydn. Esta é ‘concertante’…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para Oboé em dó maior, K. 314 (1777)

  1. Allegro aperto
  2. Adagio non troppo
  3. Allegretto

Joseph Haydn (1732 – 1809)

Sinfonia Concertante em si bemol maior, Hob. I/105 (1792)

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro con spirito

Lucas Macías Navarro, oboé

Gregory Ahss, violino

Konstantin Pfiz, violoncelo

Guilhaume Santana, fagote

Orchestra Mozart

Claudio Abbado

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FLAC | 177 MB

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MP3 | 320 KBPS | 95 MB

Claudio, casting his spell…

Para nosso ‘Momento Babel’, duas críticas ao disco:

BBC Music Magazine on Mar 15, 2017

“The performance of the Mozart Oboe Concerto is admirably beautiful, with fine playing from Lucas Macias Navarro, and every orchestral phrase lovingly caressed by Abbado. At 40 minutes the disc isn’t generously filled, but few would want to measure the musical riches it offers by the clock.”

Grandiose!!!

George F. on Jan 18, 2016

Magnifique album et si étonnant qu’un petit label indépendant ai pu l’enregistrer! À écouter et ré-écouter sans limite, grandiose Claudio Abbado!!

Magnífico, grandioso! Você deve ter pego a ideia. Aproveite!

René Denon

Se você gostou deste álbum, poderá também gostar de:

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Symphonies – Abbado – Orchestra Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Sinfonia concertante in E flat major K. 297b , Concerto for Flute, Harp and Orchestra in C major K. 299 – Orchestra Mozart – Claudio Abbado

Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano No 3 & No 2 – Martha Argerich – Mahler CO – Claudio Abbado

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concerto No.25 K.503 & Piano Concerto No.20 K.466

Gioacchino Rossini (1792-1868): La Cenerentola – Gabriele Ferro / Claudio Abbado

Gioacchino Rossini (1792-1868): La Cenerentola – Gabriele Ferro / Claudio Abbado

Gioachino Antonio Rossini (1792 — 1868) estava entrando num período de extrema produtividade e criatividade, só para se ter uma ideia entre 1814 e 1818 o jovem Rossini produziu nada menos do que 14 óperas (justamente no momento de maior hiato do nosso renano com 250 primaveras a completar este ano e que está sendo homenageado com as monumentais, espetaculares e sempre bem humoradas postagens do Vassily por AQUI). Com muito talento nadou de braçada o italiano em qualidade e em prestígio, alguns trabalhos deste curto período de cerca de 4 anos são obras primas indiscutíveis: “Il Turco in Italia” (1814) “Il barbiere di Siviglia” de (1816),” Otello, ossia Il moro di Venezia” (1816), “La gazza ladra” (1817) e a belíssima “La Cenerentola, ossia La bontà in trionfo” (Teatro Valle, Roma, 25 de janeiro de 1817) que teremos a alegria de compartilhar com os amigos do blog !

Outro incrível e talentoso artista desta época foi o libretista Jacopo Ferretti (1784 – 1852). Ao todo, Ferretti escreveu cerca de 70 libretos para óperas. É mais conhecido por ter fornecido libretos para duas óperas compostas por Rossini (“La Cenerentola “ e “Matilde di Shabran” de 1821) e cinco óperas compostas por Donizetti. Seu primeiro grande sucesso como libretista foi “La Cenerentola”, escrita em grande velocidade para Rossini durante o Natal de 1816.

Jacopo e Gioacchino tirando onda

A história da criação desta ópera é bem divertida: O contrato de Rossini com o Teatro Valle para a temporada carnavalesca de 1817 fora firmado após a estreia de “Il barbiere di Siviglia” e pelo contrato Rossini deveria escrever a obra de abertura da temporada (26 de dezembro de 1816) e o teatro empenhou-se em lhe fornecer um libreto em outubro. O prazo, que já era apertado, sofreu um imprevisto e uma situação dificultou mais ainda a composição: nas memórias de Ferretti ele escreveu que o libreto original escolhido era “Ninnetta ala corte” e havia sido inesperadamente vetado pelo censor papal, por ter sido considerada “imoral e libertina” não deixando tempo para alterar o texto para que pudesse satisfazer todas as partes envolvidas (censura, empresário e autores). Um substituto teria que ser encontrado. O libretista se reuniu com o compositor e o empresário Cartoni e começou a sugerir temas para o novo trabalho, um após o outro foi rejeitado por diversas razões: um muito sério para a temporada de Carnaval; outro muito frívolo; outro muito caro e difícil de encenar…etc. Ferretti propôs mais de duas dúzias de título sem sucesso. Finalmente, entre bocejos, e com Rossini meio que dormindo em um sofá, o poeta mencionou “Cinderela”. Com isso, Rossini despertou o suficiente para desafiar Ferretti sobre se conseguiria escrever um libreto para o conto; Ferretti por sua vez retrucou com um desafio para Rossini musica-lo. Rossini então perguntou ao libretista se ele tinha alguns versos prontos para começar a trabalhar. Ferretti respondeu: “Apesar do meu cansaço, amanhã de manhã!” O compositor acenou com a cabeça, se acomodou em suas roupas, virou-se no sofá e voltou a dormir. Ferretti trabalhou durante a noite e tinha as primeiras partes do trabalho prontas como prometido pela manhã. Ele terminou o libreto em vinte e dois dias de trabalho, e Rossini completou a pontuação em 24 dias igualmente agitados, porém foi ajudado por outros músicos, ao estudarmos as óperas do mestre encontramos, com certa frequência, recitativos ou números musicais de personagens secundários escritos por colaboradores, certamente tendo como objetivo honrar os prazos dos contratos. Em “La Cenerentola” não foi diferente e o músico Luca Angolini, compositor romano conhecido pela sua Música Sacra, ficou responsável por elaborar alguns recitativos e a ária de Clorinda perto do fim do segundo ato. Rossini conseguiu compor quase que a ópera toda do “zero”, sem tomar “emprestado” música de outras obras acabadas. Porém Rossini economizou tempo reutilizando uma abertura de “La gazzetta” e parte de uma ária de O Barbeiro de Sevilha no rondó final da heroína “Non piu mestra acanto al fuoco”.

O Cabeludo Charles Perrault (1628-1703)

A versão de Cinderela mais conhecida é a de Charles Perrault, publicada em “Contos” de 1697 sob o nome de “Cendrilon ou La Petite pantoufe de verre” (Cinderela ou a pantufa de vidro). Devemos a Perrault a criação da fada madrinha, madrasta má, baile do príncipe, as doze badaladas da meia-noite, do sapatinho perdido bem como da abóbora, feitiços dos animais que se transformavam em cavalos, cocheiro e lacaios… todos associados de maneira indelével à história tão querida das crianças. Porém, contudo, no entanto….. nenhum desses elementos aparece no libreto do Ferretti. Rossini tinha aversão a elementos mágicos e acontecimentos sobrenaturais em suas óperas, pois ainda não havia tecnologia confiável para ser convincente a apresentação nos palcos, os “efeitos especiais” daquela época eram toscos demais e normalmente davam bem errado, tirando gargalhadas da plateia mudando completamente o foco.

“La Cenerentola” estreou em 25 de janeiro de 1817, e rapidamente ganhou popularidade tanto na Itália quanto internacionalmente, apesar de uma recepção inicial fria dos críticos na estreia, certamente devido à falta de ensaios e cenários. Em suma, a previsão de Rossini tornou-se inteiramente verdadeira, e “La Cenerentola” logo ofuscou até “Il barbiere di Siviglia” ao longo do século XIX.

O que mais me chama a atenção nesta belíssima ópera são os papeis dos “baixos”. Don Magnífico e Dandini são, naturalmente, personagens cômicos no sentido verdadeiro da tradição italiana, com suas árias a solo “buffo” são maravilhosas, quero dizer estupendas, um exemplo é o dueto “Um segreto d’importanza”(CD2 faixa13 com o Enzo Dara ou CD2 faixa 27 com o Paolo Montarsolo), este mero admirador acha que é um dos melhores duetos cômicos escritos pelo mestre Rossini. Aqui se encontra também a deliciosa estrutura típica dos duetos rossinianos, mas no seu contexto o mestre da suas pinceladas incisivas em cada parte do diálogo, individualizando os personagens e as suas reações. Para este admirador “o Barão de Montefiascone” é particularmente bem dotado de árias cômicas: são duas árias independentes e praticamente uma terceira que abre o primeiro finale. Estas árias são simplesmente deliciosas, oferecem uma gama extraordinária de efeitos e situações cômicas. São os pontos altos da ópera na minha nula opinião !!! Uma delícia de ouvir !

O Enredo
Sinopse baseada no encarte “La Cenerentola” de Zito Baptista Filho e Wikipédia

Ato 1
Primeira cena – Ao abrir das cortinas estamos no castelo de Don Magnífico, as suas filhas Tisbe e Clorinda experimentam vestidos e se admiram diante do espelho elas se divertem a ensaiar alguns passos de dança enquanto se arrumam com esmero. A enteada, Angelina (apelidada de Cinderela), encarregada de todas as tarefas domésticas, prepara café na cozinha enquanto canta uma cançoneta. Batem a porta, quando Cinderela abra a porta, entra um mendigo, é o disfarce de Alidoro o filósofo tutor do príncipe Ramiro. As irmãs negam qualquer ajuda, mas Cinderela lhe dá pão e café. O falso mendigo abençoa Angelina pelo seu gesto de bondade. As suas irmãs, contrariadas pela criada, atacam-na com fúria. Novamente alguém bate à porta. Entra então um grupo de cortesãos que anuncia a chegada do príncipe, Don Ramiro , que convida as filhas de Don Magnífico para uma grande festa no palácio. No decorrer do baile, Don Ramiro escolherá como esposa a mais bela das jovens presentes. Clorinda e Tisbe, agitadas pela grande notícia, atormentam a pobre Cinderela, exigindo continuamente os seus serviços para se tornarem as mais bonitas. A pobre criada lamenta-se pela sua sorte: ficará no castelo, junto às cinzas da lareira, enquanto Don Magnífico e suas filhas irão se divertir no baile. O falso mendigo vai-se embora, enquanto as irmãs discutem quem irá dar a notícia do baile ao pai.

Don Magnífico entra em cena bastante mal-humorado por ter sido acordado pela algazarra das irmãs. Don Magnífico havia sonhado que era um burro e que saíam plumas do burro. Após o sonho, o velho explica que esse sonho era um bom augúrio, pois suas filhas serão rainhas, e ele, avô de príncipes. Quando Clorinda e Tisbe comunicam ao pai que o príncipe chegará logo e que tem a intenção de se casar, Don Magnífico não consegue conter sua satisfação e diz que seu sonho tornar-se-á realidade e que ele estava próximo de pagar todas as suas dívidas.

Todos saem de cena. Entra o príncipe, disfarçado de valete, conforme lhe aconselhara o seu tutor, Alidoro. Já o valete do príncipe, Dandini, está disfarçado de príncipe. Dessa forma, o nobre pretende reconhecer com mais facilidade a bondosa mulher que vive naquela casa e que será a sua esposa, segundo o seu conselheiro Alidoro. Entra em cena Angelina que canta distraidamente uma canção, segurando uma bandeja com um copo e um prato. Ao encontrar o jovem, grita, assustada, derrubando a bandeja. Logo em seguida, os dois se apaixonam perdidamente, mas a troca de olhares é interrompida pelo chamamento de Don Magnífico e das suas filhas. Mal Angelina sai, chega o barão, vestido de gala para receber o príncipe. Entram em cena todos criados da corte do príncipe e Dandini disfarçado de príncipe, logo em seguida Don Magnífico apresenta as suas filhas Clorinda e Tisbe sob o olhar pasmo de Ramiro por não reconhecer a mulher que ele ama, depois Dandini convida as irmãs ao baile no palácio que as elogia muito, despertando as ilusões dos três ambiciosos. A pobre Cinderela troca olhares com Ramiro. Depois de Dandini e as irmãs saírem em direção á carruagem real, Angelina tenta convencer Don Magnífico para que lhe dê autorização para ir ao baile. O velho barão nega-se rotundamente, lembrando à jovem que ela é apenas uma criada, perante o olhar de Don Ramiro e Dandini, que voltou a cena. Perante a insistência da jovem, o velho barão ameaça bater-lhe com o seu bastão. Ramiro e Dandini defendem Angelina. Don Magnífico pede desculpa pelo seu comportamento perante o falso príncipe, dizendo que Angelina não passa de uma inútil, enquanto Ramiro tenta conter a sua raiva por Magnífico. Então entra em cena Alidoro, disfarçado agora de oficial de registro da corte, e solicita a persença de uma terceira filha de Don Magnífico, que conta estar no registro da corte. O velho explica que essa terceira filha morreu, mas Angelina fala para o velho que está bem viva e sussurrando o velho diz que irá estrangula-la se não ficar calada, mesmo assim os presentes não escutam e desconfiam da história. Todos saem de cena e Angelina vai para o seu quarto. Pouco depois recebe uma nova e surpreendente visita: Alidoro volta, só que agora vestido de mendigo para lhe pedir que o acompanhe ao baile, prometendo-lhe um prêmio pela sua bondade.

Segunda Cena – Num gabinete do palácio, Dandini, que continua se disfarçando de príncipe, promete a Don Magnífico nomeá-lo chefe dos mordomos real se ele conseguir estar equilibrado depois de 30 taças de vinho, e convida-o para fazer a prova. Depois, suporta com paciência a feroz briga em Clorinda e Tisbe, que rivalizam sem pudor pelo futuro trono.

Num pavilhão do palácio, diversos cavaleiros entregam a Don Magnífico uma capa bordada com cachos de uvas. O velho nobre suporta a prova e é nomeado finalmente chefe dos mordomos. Fazendo uso do seu novo cargo, ordena que, em 15 anos, não se acrescente água ao vinho e promete dar um prêmio a quem beber a maior quantidade de vinho.

Logo em seguida, Ramiro e Dandini encontram-se. O falso príncipe informa ao seu patrão que nenhuma das irmãs Clorinda e Tisbe é apropriada a ele. Entram em cena justamente as duas irmãs que anseiam saber que será a esposa do príncipe. Dandini conta-lhes que escolherá somente uma, mas a outra será destinada ao seu criado, esta decisão provoca ira entre as duas ambiciosas mulheres. Entra em cena Alidoro, que anuncia a chegada de uma mulher desconhecida. Trata-se de Angelina, que aparece com um deslumbrante e luxuoso vestido de gala e coberta por um véu que tampa o seu rosto. A jovem elogia o verdadeiro amor perante os bens materiais e então destapa o rosto, deixando todos os presentes estupefatos. De repente entra Don Magnífico que logo vendo a misteriosa mulher, fica mais surpreso ainda e comenta com suas filhas e que a mulher é parecidíssima com sua criada desprezada Angelina. Ramiro fica apaixonado ao ver a mulher. Um encerramento de ato lindo !!!!!

Ato 2
Primeira cena – Na adegado palácio. Don Magnífico comemora a nomeação para mordomo chefe experimentando os vinhos do príncipe. Don Magnífico confessa às suas filhas que lhe invade um sentimento de intranquilidade: acha que reconheceu a Angelina na dama recém-chegada e fica apreensivo se alguém descobrir que maltrata sua enteada, e que renegou todos os seus bens a favor de suas filhas. Mas, uma vez tranquilizado por Clorinda e Tisbe, faz planos sobre o que será a sua vida futura graças ao frutuoso casamento de uma delas.

Segunda cena – Quando saem do gabinete, chega Ramiro, mas esconde-se ao perceber que se aproxima alguém. Entram em cena Angelina e Dandini. Dandini diz que se apaixonou por Angelina, mas ela diz que está apaixonada por outro homem, este homem é o príncipe disfarçado de criado, assim Ramiro sai de seu esconderijo e declara o seu amor pela jovem, mesmo assustado pela jovem criada preferir um mero criado do que um príncipe. Angelina percebendo que logo depois do baile irá vestir as rasgadas roupas de criada, decide entregar ao príncipe um de seus braceletes e pede para que ele a encontre, colocando o bracelete em cada braço de cada mulher do reino, caso ele encontra-la ela se casará com o príncipe e ordena ao príncipe a não segui-la. Depois Angelina abandona a cena. Alidoro que também estava escondido observando a cena, sai também e aconselha a Don Ramiro que o seu coração o aconselhe. O príncipe disfarçado de criado, volta a ser príncipe e manda aos seus súditos uma carruagem para que possa procurar a misteriosa dama.

Don Magnífico encontra-se com Dandini. Dandini ainda continua disfarçado de príncipe, Don Magnífico tenta arrancar do suposto príncipe o veredicto final para se casar com uma de suas filhas. Dandini responde-lhe que existe um segredo que não pode revelar. Dandini pergunta à Don Magnífico como deverá tratar a sua futura esposa. Don Magnífico por sua vez responde-lhe que deverá tratá-la com muito luxo, pedras preciosas, e prazeres que um simples criado nunca poderia realizar. Dandini responde que sendo um mero criado não pode oferecer esta vida a sua esposa, o barão diz que ele está de brincadeira, mas então o criado tira a túnica de príncipe e revela ao barão que é um mero criado que lava roupas, e arruma o príncipe. Depois aconselha ao barão, que se sente enganado, a abandonar o palácio com suas filhas.

Terceira cena – No castelo de Don Magnífico. A cena começa num grande salão do castelo do barão. Angelina aparece em cena com as suas velhas e rasgadas roupas e canta uma cançoneta que conta como o rei escolhe, dentre três mulheres, a que possui bom coração. Entra em cena as duas filhas do barão e também o barão, que descontam na pobre Angelina a sua raiva pelo que aconteceu no palácio. De repente estoura uma violenta tempestade. Alidoro se encarregasse de que a carruagem do príncipe chegue ao castelo de Don Magnífico. Ouve-se baterem a porta. O barão abre a porta e entram o príncipe e Dandini, que se revela ao velho que é o verdadeiro príncipe. Don Magnífico ordena a Angelina que traga uma garrafa para o príncipe. A criada obedece à ordem, mas vê Dandini. Quando descobre que o seu amado Ramiro, é na verdade, o príncipe, tenta fugir escondendo o rosto. O apaixonado descobre o bracelete, reconhece-a e declara o desejo de fazer de Angelina a sua esposa e futura rainha. Apesar disso, o barão e suas filhas continuam a insultá-la. Angelina, ao contrário, implora ao seu amado que perdoe os três desalmados. Saem de cena Don Ramiro, Angelina, Dandini e Don Magnífico. Clorinda e Tisbe sozinhas em cena não dão importância para o acontecimento. Entra em cena Alidoro, que proclama a vitória da bondade sobre a maldade, e aconselha as duas malvadas a implorarem perdão à futura rainha.

Quarta cena – A cena muda para o salão do trono do palácio, os cortesãos proclamam e exaltam novamente o triunfo da bondade. Entram no salão do trono Angelina e Don Ramiro, vestidos de gala. Após os dois apaixonados entrarem em cena, entram Don Magnífico e suas filhas pedindo perdão a Angelina. Angelina perdoa a suas irmãs e ao seu padrasto, dizendo que, nela pode se ter filha, irmã e amiga. Em seguida todos se abraçam e todos acabam felizes para sempre….. desce o pano.

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Gioacchino Rossini – “La Cenerentola”

Personagens e intérpretes

Trago aos amigos do blog duas interpretações, que para mim, são mais que incríveis. Rossini é o favorito de muitos ouvintes e frequentadores da ópera, por sua trilha sonora leve que transmite a natureza cômica do libreto. Estas são duas mega gravações, bem cantadas e as orquestras são impecáveis. Pode-se realmente imaginar a atuação ocorrendo no palco através do canto e das vozes. Não me cansa de ouvi-las vezes sem conta. Como diz o mestre pqpbach “IM-PER-DI-VEL”.

A primeira é esta do Gabriele Ferro gravada em 1983. A que eu gosto mais e recomendo 100%, todos os cantores estão…… Magnificos. Um conjunto de dois CDs que comprei láaa na década de oitenta. A primeira ópera completa de Rossini que ouvi. De cara a ária do Don Magnifíco do início do segundo ato (“Sai qualunque Figlie” CD2 faixa 09) Enzo Dara é impressionante….. Escrevendo esta postagem acho que ouvi esta área umas 10 vezes…. vou tentar deixar que a passionalidade não me influencie no comentário, mas é difícil. Além de serem cantados e regidos soberbamente por Gabriele Ferro, os instrumentos de época adicionam muito ao ar de autenticidade estilística que permeia cada compasso dessa performance excepcional. Terrani (1946 – 1998) não apenas possuía exatamente a voz correta para o papel, ela abordou este e todos os seus papéis com um senso de dignidade, respeito e integridade musical raramente encontrado neste repertório. Ela deve ter abordado, estudado e trabalhado seus papéis da mesma forma como vimos em outras postagens que os grandes performers wagnerianos tratam os seus. No repertório de Rossini, em particular, ela é um dos

Enzo Dara (1938-2017)

MUITO poucos contraltos que consegue fazer as notas agudas flutuarem suavemente o suficiente para atender às demandas. Uma das principais mezzos contemporâneos de coloratura italiana, ela tinha uma voz rica, cremosa e ágil, usada com excelente musicalidade. O Francisco Araiza tem um tom de voz tão rico, bonito, agilidade sem esforço e confiança que todo tenor diferenciado tem! Com uma Angelina tão superlativa, Araiza foi capaz de cantar o Ramiro mais estiloso e expressivo que eu já ouvi. Com esta gravação, os amigos poderão entender o porque ele se tornou o tenor de Rossini e Mozart mais procurado do mundo durante os anos 1980.

Don Ramiro, Príncipe de Salerno – Francisco Araiza, tenor
Dandini, seu servo – Domenico Trimarchi, baixo
Don Magnífico, Barão de Monte Fiascone – Enzo Dara, baixo
Clorinda, filha do barão – Emília Ravaglia, soprano
Tisbe, filha do barão – Marilyn Schmiege, meio-soprano
Angelina, Cinderela, a enteada do Barão – Lucia Valentini Terrani, contralto
Alidoro, filósofo –Alessandro Corbelli, baixo
Coro da Rádio Alemã
Cappella Coloniensis (instrumentos da época)
Regente Gabriele Ferro

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A segunda é esta do Cláudio Abbado. Sem dúvida outra grande gravação, uma das melhores que existe. Na verdade, esta gravação foi a primeira de Abbado como regente de ópera em 1971. Ele oferece uma versão totalmente espirituosa, brilhante e viva, calorosa e humana, e faz com que a London Symphony Orchestra toque seus corações; a execução orquestral é tecnicamente impressionante, é claro, ritmicamente exata, mas o mais importante é conseguir realizar uma gama de cores e texturas e um frescor que raramente se ouve em uma ópera de Rossini. Porém, para este admirador influenciado pela gravação da Terrani, acho que os cantores talvez sejam um pouco mais variáveis. Teresa Berganza é maravilhosamente idiomática e simpática como Cenerentola, dando um retrato comovente e vívido, lindamente cantado e calorosamente

Tereza Berganza

caracterizado. Luigi Alva é um Don Ramiro firme e cantado de forma bela e Ugo Trama, embora às vezes seja um pouco pesado, geralmente é bom como Alidoro. Avaliar a atuação de Capecchi é mais difícil – por um lado, ele nos dá um papel cantado de forma impressionante, com muito caráter e cor, mas por outro parece que falta um pouco de humor. Algo parecido se aplica ao Don Magnifico de Montarsolo. No entanto, a glória do conjunto é inegavelmente Abbado e o LSO, e acredito que ele é responsável pelo fato de os conjuntos serem consistentes. É importante ressaltar que a qualidade do som de 1971 é exemplar; vívido e claro. No final das contas, esta não é uma gravação que você gostaria de ficar sem ouvir, eu diria que é um clássico. Lembrando que não sou especialista e sim apenas um entusiasta.

Don Ramiro, Príncipe de Salerno – Luigi Alva
Dandini, seu servo – Renato Capecchi
Don Magnífico, Barão de Monte Fiascone – Paolo Montarsolo
Clorinda, filha do barão – Margherita Guglielmi
Tisbe, filha do barão – Laura Zannini
Angelina, Cinderela, a enteada do Barão – Teresa Berganza
Alidoro, filósofo –Ugo Trama
Scottish Opera Chorus
London Symphony Orchestra
Claudio Abbado

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Rossini é fantástico. Experiências do “bel canto” deliciosas, com um bom vinho, pão e queijo então…… Se você tiver essas gravações, garanto que as ouvirão indefinidamente … um verdadeiro tesouro operístico! Deliciem-se !!!!

Ammiratore

Astor Piazzolla (1921-1992): The Piazzolla Project 2009

Com a devida permissão do nosso Grão Mestre PQPBach, trago para os senhores novamente essa pérola de gravação, um dos melhores registros da obra de Piazzolla que já tive a oportunidade de ouvir. A postagem original é de 2009.

Ando meio angustiado, sem tempo para nada, sequer para preparar postagens, a vida da gente virou de cabeça para baixo depois que adentramos neste período de pandemia. Até psicólogo estou consultando. 

Este CD de Piazzolla é tão bom quanto o do Kronos que postei ontem e traz obras mais conhecidas. Não conhecia nem o Artemis Quartet, nem o pianista Ammon. Mas, olha, são sensacionais. A gravação é recentíssima.

IM-PER-DÍ-VEL!!!

The Piazzolla Project 2009

1. Concierto Para Quinteto For Piano Quintet: Introduction, Allegro – Lento, Improvisando – Piu Vivo Fugato – Artemis Quartet/Jacques Ammon 9:48

2. Estaciones Portenas (Seasons In Buenos Aires) For Piano Trio: Otono Porteno – Tempo Di Tango – Artemis Quartet/Jacques Ammon 6:04
3. Estaciones Portenas (Seasons In Buenos Aires) For Piano Trio: Invierno Porteno – Andante – Artemis Quartet/Jacques Ammon 7:05
4. Estaciones Portenas (Seasons In Buenos Aires) For Piano Trio: Primavera Portena – Fuga – Artemis Quartet/Jacques Ammon 5:57
5. Estaciones Portenas (Seasons In Buenos Aires) For Piano Trio: Verano Porteno – Tempo Di Tango – Artemis Quartet/Jacques Ammon 6:40

6. Fuga Y Misterio For Piano Quintet: Movido – Lento – Artemis Quartet/Jacques Ammon 4:25

7. Suite Del Angel (Angel Suite) For String Quartet: Introduccion Al Angel – Tango, Moderato – Artemis Quartet 4:56
8. Suite Del Angel (Angel Suite) For String Quartet: Tango Del Angel – Tempo Di Tango – Artemis Quartet 4:37
9. Suite Del Angel (Angel Suite) For String Quartet: Milonga Del Angel – Melancolico – Artemis Quartet 6:45
10. Suite Del Angel (Angel Suite) For String Quartet: La Muerte Del Angel – Fuga, Movido – Artemis Quartet 3:36

Artemis Quartet
Jacques Ammon, piano

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PQPach atualizado por FDPBach, onze anos depois … !!!