Sergei Rachmaninov (1873-1943) – Concertos para piano nº 3, em D menor op 30, Concerto para piano nº 4 G minor op. 40

Pois bem,

Concluindo então a integral dos concertos para piano e orquestra de Rachmaninov, agora com famosíssimo concerto de nº 3, talvez o mais conhecido de todos, e o, para mim até então desconhecido, de nº 4. A interpretação sempre à cargo de Zoltán Kocsis e acompanhado pela Orquestra Sinfônica de San Francisco dirigida por Edo de Waart.

Concerto para piano nº 3, em D menor op 30

I. Allegro ma non tanto
II. Intermezzo (Adagio)
III. Finale (Alla breve)

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Concerto para piano nº 4 G minor op. 40

I. Allegro vivace (Alla breve)
II. Largo
III. Allegro vivace

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San Francisco Symphony Orchestra
Edo de Waart – Director
Zoltán Kocsis – piano

Jean-Baptiste Lully (1632 – 1687) – Lully-Molière / Les Comedies-Ballets

Há um problema com a música francesa, quem ignora? Até seu maior barroco, Jean-Baptiste Lully, nasceu Giovanni Battista Lulli, na bela Florença. Lully tornou-se francês, tendo passado a maior parte de sua vida trabalhando na corte de Luís XIV. Seu estilo de composição foi imitadíssimo na Europa. Mas, afora as brincadeiras com os franceses, Lully foi grande.

Inventou muitas coisas. Em 1671, passou a ocupar o posto de compositor oficial do rei. Três anos depois tornou-se mestre de música da família real. Criou o gênero sinfonie para preceder as óperas – até hoje é assim -, modificou o estilo das danças na ópera francesa introduzindo o minueto e danças mais rápidas. Elaborou a suíte, e organizou o grupo 24 Violons du Roi – primeiro conjunto especialmente criado para fins de concertos regulares para animar os balés da corte. Luis XIV gostava de se exibir dançando, Lully então desenvolveu a importância cênica da ópera, levando as bailarinas para o palco.

A seguir, apresentamos algumas peças que Lully criou para peças de Molière.

1. L’Amour Medecin: Ov: Chaconne/Le Recit De La Musique, Le Ballet Et La Comedie (Ritournelle Pour…
2. Les Plaisirs De L’ile Enchantee: Deuxieme Journee – La Princesse D’Elide: Premier Intermede: Le…
3. George Dandin – Le Grand Divertissement Royal De Versailles: Air Pour Les Bergers Joue…
4. Monsieur De Pourceaugnac – Le Divertissement De Chambord: Act I, Scene XI: Entre Des Matassins…
6. Le Bourgeois Gentilhomme: La Ceremonie Des Turcs: Marche/Chor Des Turcs/Le Muphti/2e Air/3e Air…
7. Les Amants Magnifiques: Ov/Pastorale: Prologue/La Nymphe De Tempe/Scene I Tircis/Scene II Lycaste…

Isabelle POULENARD, soprano
Agnès MELLON, soprano
Gilles RAGON, ténor
Michel VERSCHAEVE, baryton
Bernard DELETRE, basse
Michel LAPLENIE, ténor
Philippe CANTOR, basse

LES MUSICIENS DU LOUVRE
Marc MINKOWSKI

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Jean Sibelius (1865–1957) – Sinfonias Nos. 2 & 7

Atendendo a pedidos, postamos a Sinfonia Nº 2 de Sibelius. Dentre as sinfonias do finlandês, a segunda sinfonia não é uma das preferências de P.Q.P. Bach, que prefere as de Nº 4, 5 e 7. Para sua alegria, há um CD da Naxos onde a segunda vem acompanhada da maravilhosa sétima, apesar de que a gravação que mora nos ouvidos de PQP é uma antiga, a cargo do grande Evgueni Alexandrovitch Mravinski (1903-1988), junto à Filamônica de Leningrado, na qual o trombonista dá um show de competência. Aliás, acho que nesta gravação o engenheiro de som achatou o trombonista, que executa o principal tema desta vertiginosa sinfonia em um movimento.

O registro de Leaper não é nada ruim – longe disso! – e, como só tenho a gravação de Mravinski em glorioso vinil (que cuido com todo o carinho), fiquemos com ela.

Symphony No. 2 in D major, Op. 43
Performed by:Slovak Philharmonic Orchestra
Conducted by:Adrian Leaper

I. Allegretto – Poco allegro – Tranquillo, ma poco a poco revvivando il tempo al allegro 10:05
II. Tempo andante, ma rubato – Andante sostenuto 13:50
III. Vivacissimo – Lento e suave – Largamente 6:00
IV. Finale: (Allegro moderato) 13:21

Symphony No. 7 in C major, Op. 105
Performed by:Slovak Philharmonic Orchestra
Conducted by:Adrian Leaper

V. Symphony No. 7 in C major, Op. 105 20:25

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Sergei Rachmaninov (1873-1943) – Concerto para piano nº 1, em F Sustenido Maior, op. 1 – Rapsódia sobre um tema de Paganini, op. 43

Caríssimos,

Postagens anteriores já definiram meus sentimentos em relação de Rachmaninov, portanto, não entrarei em maiores detalhes a respeito. Graças a este recurso maravilhoso que é a internet, pude ter acesso a obras que sempre me chamaram a atenção, como é o caso de seus concertos para piano. A alguns anos atrás tive a felicidade de encontrar esta integral destes concertos, nas mãos deste grande pianista húngaro, que faz jus à fama dos grandes pianistas e compositores húngaros, Zóltan Kocsis. Admiro muito sua técnica e seu apurado estilo. Supera as dificuldades técnicas dos concertos com grande competência, e mostra um Rachmaninov que sempre quis ouvir: sem muitas firulas, nem acrobacias técnicas, e sem aquele romantismo exacerbado. Romântico tardio, sim, mas sem exageros. Ele é acompanhado pela San Francisco Symphony Orchestra, dirigida por outro europeu, desta vez holandês, Edo De Waart.
Comecemos pelo começo, como diria o outro: O Concerto de nº1. Ah, de “brinde” segue em anexo a Rapsódia sobre um tema de Paganini, op. 43.

Concert for piano e orchestra in F Sharp Minor, op. 1

I. Vivace
II. Andante
III. Allegro Vivace

Rhapsody on a Theme by Paganini op. 43

Zóltan Kocsis – piano
Edo de Waart – Director
San Francisco Symphony Orchestra

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Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788) – Prussian & Württemberg Sonatas

Uma amostra do que podia meu irmão C.P.E.! Ele foi o segundo filho dos 22 que meu pai teve – incluo na lista eu e F.D.P. – e não se enganem, foi grandíssimo compositor. Era filho de Maria Barbara. Seria muito mais famoso se não houvesse papai. É considerado o fundador e precursor do estilo clássico na música erudita.

Não é pouca coisa. Se a sonoridade de sua música ainda soa barroca, os temas curtos e afirmativos são já de feições inquestionavelmente beethovenianas. Durante a segunda metade do Século XVIII, a reputação de C. P. E. Bach permaneceu muito alta. Wolfgang Amadeus Mozart disse a seu respeito, “Ele é o pai, nós somos os filhos”. A maior parte dos exercícios de Haydn derivaram-se de estudos de sua obra. Ludwig van Beethoven expressou também a maior admiração e respeito. Esta posição deve-se principalmente graças as suas sonatas para cravo, que marcam uma época importante na história da forma musical.

Mas o que ficou, para nossa época, foram suas sinfonias e obras para mais de um instrumento. São obras mais eufônicas e gentis. Curiosamente, as sonatas que tanto ensinaram e Beethoven, Haydn e Mozart foram varridas do repertório. São obras difíceis, às vezes ásperas, e, sempre que as ouvi, comecei a admirá-las no segundo CD e a me entusiasmar no somente no terceiro. Há que se acostumar com o experimentalista Carl Philipp Emanuel. Obviamente, ele permaneceu muito longe de meu pai como compositor e criador, mas também é evidente que não merece o esquecimento.

Recuperamos aqui, neste esplêndido álbum triplo de Bob van Asperen, as tais sonatas. É um CD bastante difícil de se encontrar. Logo, eu e F.D.P. iremos postar músicas de mais fácil digestão, escritas por nosso mano.

Composer: Bach, Carl Philipp Emanuel
Length: 175:41
Period: Classical Era
Packaging: 3 CD Set
Genre: Piano Sonata

C. P. E. Bach: Prussian and Württemberg Sonatas 70:44

01 CPE Bach: Prussian Sonata #1-1 04:32
02 CPE Bach: Prussian Sonata #1-2 02:55
03 CPE Bach: Prussian Sonata #1-3 02:36
04 CPE Bach: Prussian Sonata #2-1 05:39
05 CPE Bach: Prussian Sonata #2-2 03:37
06 CPE Bach: Prussian Sonata #2-3 03:32
07 CPE Bach: Prussian Sonata #3-1 04:50
08 CPE Bach: Prussian Sonata #3-2 03:37
09 CPE Bach: Prussian Sonata #3-3 03:04
10 CPE Bach: Prussian Sonata #4-1 06:06
11 CPE Bach: Prussian Sonata #4-2 04:21
12 CPE Bach: Prussian Sonata #4-3 02:55
13 CPE Bach: Prussian Sonata #5-1 02:42
14 CPE Bach: Prussian Sonata #5-2 05:01
15 CPE Bach: Prussian Sonata #5-3 03:15
16 CPE Bach: Prussian Sonata #6-1 04:27
17 CPE Bach: Prussian Sonata #6-2 03:37
18 CPE Bach: Prussian Sonata #6-3 03:58

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CPE Bach Prussian and Württemberg Sonatas 56:10

01 CPE Bach: Württemberg Sonata #1-1 05:23
02 CPE Bach: Württemberg Sonata #1-2 03:59
03 CPE Bach: Württemberg Sonata #1-3 05:33
04 CPE Bach: Württemberg Sonata #2-1 05:04
05 CPE Bach: Württemberg Sonata #2-2 04:19
06 CPE Bach: Württemberg Sonata #2-3 04:08
07 CPE Bach: Württemberg Sonata #3-1 04:33
08 CPE Bach: Württemberg Sonata #3-2 04:47
09 CPE Bach: Württemberg Sonata #3-3 03:33
10 CPE Bach: Württemberg Sonata #4-1 06:03
11 CPE Bach: Württemberg Sonata #4-2 04:05
12 CPE Bach: Württemberg Sonata #4-3 04:43

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CPE Bach – Prussian and Württemberg Sonatas 48:47

01 CPE Bach: Württemberg Sonata #5-1 05:23
02 CPE Bach: Württemberg Sonata #5-2 04:24
03 CPE Bach: Württemberg Sonata #5-3 03:51
04 CPE Bach: Württemberg Sonata #6-1 05:44
05 CPE Bach: Württemberg Sonata #6-2 04:45
06 CPE Bach: Württemberg Sonata #6-3 04:59
07 CPE Bach: Württemberg Sonata #7-1 07:46
08 CPE Bach: Württemberg Sonata #7-2 06:31
09 CPE Bach: Württemberg Sonata #7-3 05:24

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Bob van Asperen, Harpsichord

Pyotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893) Violin Concerto in D major, Op. 35

Finalizando o duelo Heifetz/Oystrakh vai aí minha gravação favorita do Concerto para violino de Tchaikovsky, por sinal, um de meus favoritos. Para muitos, esta gravação, realizada ainda nos anos 50, sinto não poder precisar a data, é uma das melhores deste concerto único.
Creio que a primeira vez que o ouvi, fui numa viagem para Balneário Camboriú, quando eu tinha uns 10 anos de idade. Entre minha cidade e aquele balneário tem uma belíssima serra, a Serra de Dna Francisca. Eu costumava descer a serra com um tio, apaixonado por música clássica. Certa vez, no meio da serra, ele encostou o carro, e ficamos ouvindo este Concerto de violino de Tchaikovsky e apreciando a paisagem… até hoje, 30 anos depois, sempre que passo por lá, procuro associar a paisagem à esta magnífica obra. Só me lembro que esta gravação que ele tinha em fita cassete era da Deutsche Grammophon, mas não lembro que era o solista nem a orquestra. Ainda não prestava atenção nessas informações.
Enfim, grande obra, grande solista, excelente orquestra em seu apogeu com um de seus principais regentes… tudo isso somado só pode dar um resultado: excelente audição para todos…
Espero que apreciem como eu apreciei e ainda hoje aprecio…

Violin Concerto in D major, Op. 35

1. Allegro Moderato
2. Canzonetta
3. Allegro Vivacissimo

Jascha Heifetz – violino
Fritz Reiner – Diretor
Chicago Symphny Orchestra

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Gustav Mahler (1860-1911) – A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)

Precisa comentar? Mesmo?

É a maior obra-prima de Mahler. A Canção da Terra (1908) é uma cantata sinfônica sobre textos de Li T’ai Po e outros poetas chineses, na tradução alemã de Hans Bethge. O melhor Mahler parece condensado nesta música que mistura o clássico com as predileções de Mahler pela música popular e folclórica. Sua permanente angústia religiosa e as dúvidas do intelectual se manifestam nesta música pessoalíssima e perfeita, que termina com uma comovente canção de despedida.

Não é, decididamente, uma obra para intérpretes amadores. A maior gravação é, na minha opinião, a de Leonard Bernstein com Dietrich Fischer-Dieskau, mas esta sempre esqueço em casa… A que apresento aqui, de Michael Halasz, não faz feio.

A seguir, coloco um excelente texto de Isabel Assis Pacheco sobre a obra (retirado daqui)

Das Lied von der Erde (“A Canção da Terra”) (c. 1h. e 10 min.)

Artista intransigente, Mahler levou à obsessão o desejo de perfeição. Homem atribulado e desiludido, fugiu do mundo, da civilização e mergulhou no seio da natureza, em busca de conforto. São suas estas palavras: “Um grande exemplo para todas as pessoas criativas é Jacob, que se bate com Deus até que Ele o abençoe. Deus tão pouco quer conceder-me a Sua bênção. Somente através das terríveis batalhas que tenho de travar para criar a minha música recebo finalmente a Sua bênção”.

O complexo universo mahleriano, muitas vezes caótico, sofredor, povoado de sinais de morte, mas também pleno de realidades belas, não é senão uma projecção da própria vida humana.
Com uma produção quase exclusivamente constituída por sinfonias e ciclos de canções, Mahler descobre o seu horizonte criativo. O compositor opera nestes dois domínios musicais uma síntese genial e grandiosa: por um lado confere ao Lied uma dimensão sinfónica e, por outro lado, insere o Lied em várias das suas sinfonias. A fusão destas duas formas musicais atinge a culminância em obras como a 8ª Sinfonia e a sua derradeira obra Das Lied von der Erde (“A Canção da Terra”), classificada como “sinfonia com voz”.

No final de 1907, três duros golpes do destino marcaram profundamente Mahler: a morte da sua filha mais velha, a demissão de director da Ópera de Viena e o diagnóstico de uma grave doença cardíaca. Por essa altura, o seu amigo Theodor Pollak ofereceu-lhe uma colectânea de 83 poemas Die chinesische Flöte (“A Flauta Chinesa”) que Hans Bethge tinha adaptado das traduções inglesa, francesa e alemã dos originais chineses. Pollak expressara a ideia de que esses poemas poderiam ser musicados e Mahler identificou-se de imediato com o espírito dos poemas, concebendo a adaptação de alguns deles. A razão da escolha de seis poemas, de rara beleza, da autoria de Li–Tai–Po, Tchang–Tsi, Mong–Kao–Yen e Wang–Wei deveu-se aos temas apresentados. Poemas voltados para a terra, para a natureza e para a solidão do homem no seio desses elementos, foram a fonte criativa de um documento pessoal e profundamente comovente que abre o último período criador de Mahler — Das Lied von der Erde “uma sinfonia para tenor, contralto (ou barítono) e orquestra”. Bruno Walter classificou esta obra como “apaixonada, amarga e ao mesmo tempo, misericordiosa; o canto da separação e do desvanecimento”.

Obra onde se encontra a fusão perfeita do Lied e da sinfonia, A Canção da Terra está impregnada de tristeza e nostalgia indefiníveis, mas também da celebração da natureza. Mahler conseguiu evidenciar nesta obra todos os aspectos do seu génio.
Nela encontramos tanto a ambivalência de sentimentos, entre o êxtase, o prazer e a premonição da morte, que caracteriza o próprio compositor, como também todo o clima outonal do romantismo tardio. Terminada no Verão de 1908, a obra só viria a ser estreada seis meses após a morte do compositor, a 20 de Novembro de 1911, em Munique, sob a direcção Bruno Walter. Constituída por seis andamentos, a obra inicia-se com um Allegro pesante em Lá menor. Das Trinklied von Jammer der Erde (“Canção de Beber da Tristeza da Terra”), do poeta chinês Li–Tai–Po, advoga o vinho como o melhor remédio para os males humanos. Diante do absurdo da vida, a embriaguez é a única saída para a dor e para a revolta. Cada estrofe da canção termina com o terrível refrão: Dunkel ist das Leben, ist der Tod (“Sombria é a vida, é a morte”). Usando genialmente todos os recursos orquestrais a fim de aumentar a tensão, Mahler cobre toda a gama de emoções.

O segundo andamento indicado Etwas schleichend (um pouco arrastado) é na tonalidade de Ré menor. A imagem poética desta segunda canção, Der Einsame im Herbst, (“O Solitário no Outono”) cantada neste caso pelo barítono, é a tristeza do homem que chora sozinho com as suas recordações e para quem “o outono se prolonga demasiado no seu coração”. Mahler sublinha o verso Mein Herz ist müde (“O meu coração está cansado”). O andamento termina melancolicamente com uma coda orquestral de extraordinária beleza. De índole totalmente diversa é Von der Jugend (“Da Juventude”). Com poema de Li–Tai–Po, este Lied é tratado em forma de miniatura e descreve uma cena chinesa.

Deparamo-nos com um pequeno “pavilhão de porcelana verde”, uma “pequena ponte de jade” que se reflectem no espelho do lago. A frágil superfície encantada é traduzida por delicadas sonoridades que nos transmitem um efeito de fria emoção.

Um procedimento análogo caracteriza o quarto andamento: Von der Schönheit (“Da Beleza”). Indicado como comodo, dolcissimo, esta canção descreve, num estilo gracioso, jovens raparigas a colherem flores de lótus na margem de um rio.

Porém, o andamento anima-se cada vez mais quando em ritmo de marcha (o mais vivo e agitado de toda a obra) jovens cavaleiros montados em corcéis de fogo, perturbam a nostalgia da cena. No final do poema reencontramos a atmosfera inicial. Tratado como uma canção de embalar de grande beleza tímbrica, o poema termina sobre um murmúrio das flautas e violoncelos:

In dem Funkeln ihrer großen Augen,
In dem Dunkel ihres heißen Blicks
Schwingt klagend noch die Erregung Ihres Herzens nach.

“No brilho dos seus olhos,
no calor do seu olhar sombrio,
ainda traem a emoção dos seus corações.”

Esta atmosfera é quebrada pelo quinto andamento, Der Trunkene im Frühling (“O Bêbado na Primavera”). Em forma de scherzo em Lá Maior, é um novo hino aos prazeres da bebida. O despreocupado e jovial Allegro inicial muda poeticamente quando um pássaro (tema brilhante para o piccolo) desperta o ébrio e o informa que a primavera chegou durante a noite. O ébrio protesta e diz que não acredita ter nada a ver com a primavera ou o canto dos pássaros:

Und wenn ich mich mehr singen kann,
So schlaf’ ich wieder ein,
Was geht mich denn der Frühling an!?
Lasst mich betrunken sein!

“E se não posso mais cantar,
então durmo de novo,
que me importa a primavera?
Deixai-me com a minha embriaguez!”

O último Lied, de longe o mais importante, tanto pela duração como pela beleza, é Der Abschied (“A Despedida”) e resulta da conjugação de dois poemas com afinidades temáticas, de Mong–Kao–Yen e Wang–Wei e ainda de alguns versos do próprio compositor que funcionam, neste caso, como coda.

No primeiro, o poeta espera o seu amigo para com ele contemplar o esplendor do crepúsculo. Mahler inicia o andamento com um interlúdio orquestral em forma de marcha fúnebre, criando assim um ambiente fascinante, entoado em uníssono pelos violoncelos, contrabaixos, violas, harpas e contrafagote. Quando a voz entra, sustentada pelos violoncelos, o efeito é de uma alma perdida, impressão intensificada pela transferência do lamento do oboé para a flauta. O poema descreve o entardecer:

Die Sonne scheidet hinter dem Gebirge,
In alle Täler steig der Abend nieder
Mit seinen Schatten, die voll Kühlung sind…

“O sol desaparece por trás das montanhas.
O anoitecer e as suas sombras frescas
surgem nos vales…”

Um tremolo de dois clarinetes termina esta variação que se cinge aos três primeiros versos. A segunda variação constitui um momento muito comovente da obra. Numa melodia ascendente inesquecível, o barítono descreve a Lua “como um barco de prata sobre o mar azul do céu”. O Fá agudo na primeira sílaba de Silberbarke (barco de prata), é como que o culminar de um desejo que depois se recolhe sobre si próprio. A cantilena da voz prossegue, sublinhada pelos clarinetes e pela harpa que precedem o reaparecimento do gruppetto. As texturas orquestrais simplificam-se para criar um ritmo ondulante em quartas na harpa, secundada pelo bandolim quando o poema nos fala do canto do regato e da respiração da terra. A ideia de nostalgia e a beleza da terra é retomada num novo tema com o verso: Alle Sehnsucht will nun träumen (“Todo o desejo se transforma em sonho”). Trata-se da melodia da canção, Ich bin der Welt abhanden gekommen (“Afastei-me do Mundo”) utilizada por Mahler no famoso Adagietto da sua 5ª sinfonia.

O clímax central da primeira parte é a candente irrupção do êxtase. O tema do desejo reaparece depois do grito Lebewohl (“Adeus”). O tema de Ich bin der Welt subjacente, é agora tratado pentatonicamente ao começar o verso:

O Schönheit! O ewigen Liebens–, Lebens–trunk‘ne Welt!

“Ó beleza! Ó mundo ébrio de amor e vida eternos!”

Um longo interlúdio orquestral entre os dois poemas, construído a partir de motivos já ouvidos, torna-se o prenunciador de futuras catástrofes. Soberanamente orquestrado, o ritmo de marcha fúnebre prossegue, lúgubre e insistente, enquanto a voz descreve a chegada do amigo e a sua despedida:

Du, mein Freund,
mir war auf dieser Welt das Glück nicht hold!

“Meu amigo,
a felicidade não me foi propícia neste mundo!”

Neste verso, a música dolente, modula para o modo Maior. No momento em que o poeta refere que procura repouso para o seu solitário coração, Mahler cita Um Mitternacht (“À meia–noite”). O tema do “desejo” volta a ouvir-se nos versos:

Still ist mein Herz und harret seiner Stunde!

“ O meu coração está tranquilo e aguarda a sua hora!”

Começa assim a maravilhosa e insólita coda em dó Maior, com versos da autoria do próprio Mahler :

Die liebe Erde allüberall
blüht auf im Lenz und grünt aufs neu!
Allüberall und ewig Blauen licht die Fernen!
Ewig… ewig…

“Em toda a parte a amada terra
Floresce na primavera e torna a verdejar!
Por toda a parte e eternamente resplandece um azul luminoso!
Eternamente…eternamente…”

Quando a voz entoa as últimas palavras Ewig… ewig, a música parece dissolver-se imperceptivelmente num pianíssimo, sustentado pelas cordas e com arpejos da harpa e da celesta. A música dá lugar ao silêncio e a emoção é levada à sua plenitude.

Isabel Assis Pacheco

Divirtam-se,

PQP Bach.

1. Das Trinklied vom Jammer der Erde 08:02 (Canção para Beber à Tristeza da Terra)
2. Der Einsame im Herbst 09:02 (O Solitário no Outono)
3. Von der Jugend 03:09 (Da Juventude)
4. Von der Schonheit 06:36 (Da Beleza)
5. Der Trunkene im Fruhling 04:26 (O Bêbado de Primavera).
6. Der Abschied 27:19 (A Despedida)

Ruxandra Donose, mezzo-soprano
Thomas Harper, tenor
Performed by: Ireland National Symphony Orchestra
Conducted by: Michael Halasz

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Sergei Rachmaninov (1873 – 1943) – Sinfonia nº2

Pois bem, como prometido, eis outra sinfonia de Rachmaninoff, desta vez a de nº2. Entre as 3, por enquanto é minha favorita. Seu adagio é belíssimo, suave, sem muitas pirotecnias, e Lorin Maazel segura bem as pontas, não caindo nas armadilhas açucaradas que ela pode ter em alguns momentos. Interpretação segura, com uma orquestra que dispensa comentários. Espero que apreciem, como eu apreciei…

Symphony no.2 in E minor op.27

1. Largo – Allegro moderato
2. Allegro molto
3. Adagio
4. Allegro vivace

Berliner Philarmoniker
Lorin Maazel – Director

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J.S. Bach (1685-1750) – Cantatas Profanas (6 de 8 CDs) – As Mulheres e o Café

Schlendrian é um pai grosseiro e está preocupadíssimo porque sua filha Lieschen entregou-se à nova mania de tomar café. Todas as tentativas de desviá-la de tão detestável hábito com promessas ou ameaças foram infrutíferas, até que, para dissuadi-la, oferece-lhe um marido. Lieschen aceita a idéia com entusiasmo e o pai parte apressadamente para conseguir-lhe um. Esta é a idéia principal da Cantata do Café (Schweigt stille, plaudert nicht, BWV 211), obra cômica de J. S. Bach, uma mini-ópera, que foi apresentada entre 1732 e 1735 na Kaffeehaus de Zimmermann, em Leipzig. A primeira Kaffeehaus da cidade foi aberta em 1694 — o café chegara à Alemanha em 1670 — e em 1735 a burguesia podia escolher entre oito privilegiadas casas.

A Kaffeekantate, BWV 211, foi encomendada a Bach por Zimmermann e é, em parte, uma ode ao produto e, de outra parte, uma punhalada no movimento existente na Alemanha para impedir seu consumo pelas mulheres. Acreditava-se que o “negro veneno” pudesse causar descontrole e esterilidade ao sexo frágil, mas Bach, em troca do pagamento de Zimmermann, ignorou estes terríveis perigos. Senão, talvez não musicasse uma ária que diz: “Ah, como é doce o seu sabor. / Delicioso como milhares de beijos, / mais doce que um moscatel. / Eu preciso de café.”; e nem nos brindaria com estas delicadezas…: “Paizinho, não sejas tão mau. / Se eu não beber meu café / as minhas curvas vão secar / as minhas pernas vão murchar / ninguém comigo irá casar”.

Bach aprendera muito bem, em sua vida familiar, que influenciar os jovens não era assim tão fácil. Portanto, adicionou um recitativo no qual os planos de Lieschen são revelados: o homem que quiser casar com ela terá de consentir numa cláusula: o contrato matrimonial certamente preverá que a mulher possa tomar café sempre que lhe apetecer.

No final, há um breve coro de três cantores, onde o café e a evolução são admitidos como coisas inevitáveis. Esta Cantata — ao lado de outras poucas obras vocais profanas — é uma evidente exceção na obra de Bach. O compositor, que possui a injusta fama de sério, aceitou o convite de Zimmermann para compor uma propaganda de seu Café e, como quase sempre fazia, produziu uma obra-prima, uma pequena comédia que funciona tanto no palco quanto nas salas de concertos. O efeito da primeira apresentação deve ter sido consideravelmente ampliado pelo fato de que às mulheres não era permitido cantar em cafés e o papel de Lieschen foi, provavelmente, interpretado por um cantor em falsete. Bach, com o auxílio do poeta Picander, construiu dois personagens muito humanos e verossímeis: um pai resmungão e rústico e uma filha obstinada e cheia de caprichos. O compositor parece estar à vontade ao traçar a caricatura do pai com o baixo pesado, os ritmos acentuados e a prescrição con pompa, enquanto os violinos rosnam para indicar seu temperamento irascível. Quando ele ameaça privar Lieschen de sua saia-balão de última moda, Bach indica seu tremendo diâmetro de forma escandalosa. A ária de Lieschen em louvor ao café é convencional, tão convencional que parece que o compositor quer insinuar que ela futilmente adotara tal hábito apenas para seguir a moda. Entretanto, seu entusiasmo por um possível marido não é simulado… A alegria expressa na melodia em ritmo de dança popular é contagiosa. Para os puristas, o divino e sacro Bach chega a ser grosseiro: afinal, quando Lieschen diz que quer um amante fogoso e robusto, os violinos e as violas silenciam, como para deixar bem clara aos ouvintes esta afirmativa sem rodeios. O Café Zimmermann deve ter vindo abaixo…

Bibliografia: leituras de textos de discos e CDs, de livros que não lembro mais e de Karl Geiringer, principalmente.

Cantata No. 210, “O holder Tag, erwünschte Zeit,” BWV 210 (BC G44)
Composed by Johann Sebastian Bach
with Sibylla Rubens,
Stuttgart Bach Collegium
Conducted by Helmuth Rilling

1. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: O holder Tag, erwunschte Zeit
2. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Spielet, ihr beseelten Lieder
3. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Doch, haltet ein, ihr muntern Saiten
4. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Ruhet hie, matte Tone
5. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: So glaubt man denn, daB die Musik verfuhre
6. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Schweigt, ihr Floten, schweigt, ihr Tone
7. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Was Luft? was Grab?
8. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: GroBer Gonner, dein Vergnugen
9. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Hochteurer Mann, so fahre ferner fort
10. ‘O holder Tag, erwunschte Zeit’ BWV 210: Seid begluckt, edle beide

Cantata No. 211, “Schweigt stille, plaudert nicht,” (Coffee Cantata), BWV 211 (BC G48)
Composed by Johann Sebastian Bach
with Sibylla Rubens, Thomas Quasthoff, James [tenor] Taylor,
Stuttgart Bach Collegium
Conducted by Helmuth Rilling

11. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Schweigt stille, plaudert nicht
12. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Hat man nicht mit seinen Kindern
13. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Du boses Kind, du loses Madchen
14. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Ei, wie schmeckt der Coffee suBe
15. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Wenn du mir nicht den Coffee laBt
16. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Madchen, die von harten Sinnen
17. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Nun folge, was dein Vater spricht
18. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Heute noch, lieber Vater, tut es doch
19. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Nun geht und sucht der alte Schlendrian
20. ‘Schweigt stille, plaudert nicht’ BWV 211: Die Katze laBt das Mausen nicht

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Sergei Rachmaninov (1873 – 1943) – Sinfonia Nº 1

Sempre tive um certo receio com relação à obra de Rachmaninov. Não me sentia preparado para encará-la. Faltavam-me subsídios, digamos. Minha porta de entrada foi o belíssimo filme “Shine-Brilhante”. Entendi que meu medo se estendia aos intérpretes e entendi que Rachmaninov realmente exigia muito de nossa capacidade de assimilação. Acreditei que meus temores se justificavam, mas que na verdade, para superar esses temores, era necessário encará-los. Psicologia barata, eu sei.

Enfim, um belo dia, tive acesso a uma gravação do concerto para piano nº 2, na interpretação de Moura Limpani. Em seguida, caiu-me nas mãos uma outra gravação deste mesmo concerto, mas apenas com russos o interpretando. Não me perguntem seus nomes, só sei que a orquestra se chamava algo como Grande Orquestra Filarmônica de Moscou, ao algo do gênero. Com estas gravações em mãos, pus-me a ouvi-las, tentando entender qual era o segredo deste compositor. E assim se passaram 15 anos, e ainda ouço os concertos, e os considero belíssimos. Consegui romper certo “pré-conceito” com relação ao compositor, e sempre estou atrás de outras gravações de suas obras.

Foi assim com a gravação de suas sinfonias. Sempre ouvira falar delas como geniais, extremamente bem elaboradas e com momentos de puro lirismo. Um belo dia, fuçando no emule, encontrei essa integral das sinfonias com o excelente regente Lorin Maazel, á frente da Filarmônica de Berlim. Baixei-a, e estou ouvindo com atenção. Dizem que a primeira impressão é a que fica, e a impressão que tive foi de que o temor permanece, devido ao alto grau de complexidade que elas impôem aos ouvintes. Não é música para qualquer um. Deve-se estar devidamente concentrado, sem ruídos externos atrapalhando e prestando atenção à todas as suas nuances. O resultado desta audição poderá ser totalmente diferente. E satisfatório. Ou gratificante.

Me perdoem os rachmaninovs-maníacos por este desabafo. Na verdade, ele apenas comprova que a música sempre está nos impondo desafios, e que é graças a estes desafios que ampliamos nossos horizontes musicais. Se assim não fosse, ainda estaria ouvindo apenas Mozart, Beethoven, Bach e não permitindo aos meus sentidos terem acesso à evolução musical dos últimos 200 anos.

Pois bem, começo com a Sinfonia nº1, em Ré menor, op. 13, com os seguintes movimentos:

1 – Grave – Allegro Ma Non Troppo
2 – Allegro Animato
3 – Larghetto
4 – Allegro Con Fuoco

Berliner Philarmoniker
Lorin Maazel – Diretor

O seu,

FDP Bach.

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J.S. Bach (1685-1750) – Cantatas Profanas (5 de 8 CDs)

Seguindo a série, chegamos a um grande CD.

A Cantata BWV 208 é esplêndida! Foi com composta em 1713 para o aniversário de um duque. Na obra, a caçadora divina Diana, o caçador Endimião e os deuses pastoris Pã e Pales, unem suas forças para desejar exageradíssimo feliz aniversário ao duque, coisa comum na época. Bach dedicou o maior cuidado ao compor a 208; a grana do duque devia ser legal. A deliciosa e inesquecível ária de Pales (faixa 10 – Schafe konnen sicher weiden) está entre as mais insinuantes e amáveis pastorais jamais escritas. Recebeu vários arranjos modernos e uma citação absolutamente notável, inesperada e emocionante feita pelo diretor Clint Eastwood no filme Bird. Os outros solos não podem ser considerados muito inferiores. Durante a vida de Bach, foi de suas obras mais interpretadas. Foi novamente utilizada em 1716, 1720, 1740 e 1742. Ou seja, papai gostava desta Cantata.

A BWV 209 é uma Cantata escrita estranhamente em italiano. Muito boa a introdução e a participação da flauta por todos os movimentos.

Cantata No. 208, “Was mir behagt,” (Hunt Cantata), BWV 208
Composed by Johann Sebastian Bach
with Stuttgart Bach Collegium
Conducted by Helmuth Rilling

1. BWV 208: Sinfonia, BWV 1046a
2. BWV 208: No.1: Recitativo: Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd!
3. BWV 208: No. 2: Aria: Jagen ist die Lust der Gotter
4. BWV 208: No. 3: Recitativo: Wie? Schonste Gottin! Wie?
5. BWV 208: No. 4: Aria: Willst du dich nicht mehr ergotzen
6. BWV 208: No. 5: Recitativo: Ich liebe dich zwar noch!
7. BWV 208: No. 6: Recitativo: Ich, der ich sonst ein Gott in diesen Feldern bin
8. BWV 208: No. 7: Aria: Ein Furst ist seines Landes Pan!
9. BWV 208: No. 8: Recitativo: Soll denn der Pales Opfer hier das letzte sein?
10. BWV 208: No. 9: Aria: Schafe konnen sicher weiden
11. BWV 208: No. 10: Recitativo: So stimmt mit ein
12. BWV 208: No. 11: Chorus (Aria a 4): Lebe, Sonne dieser Erden
13. BWV 208: No. 12: Duetto: Entzuket uns beide
14. BWV 208: No. 13: Aria: Weil die wollenreichen Herden
15. BWV 208: No. 14: Aria: Ihr Felder und Auen, lasst grunend euch schauen
16. BWV 208: No. 15: Chorus: Ihr lieblichste Blicke! ihr freudige Stunden

Cantata No. 209, “Non sa che sia dolore,” BWV 209
Composed by Johann Sebastian Bach
with Stuttgart Bach Collegium
Conducted by Helmuth Rilling

17. BWV 209: No. 1: Sinfonia
18. BWV 209: No. 2: Recitativo: Non sa che sia dolore
19. BWV 209: No. 3: Aria: Parti pur e con dolore
20. BWV 209: No. 4: Recitativo: Tuo saver al tempo
21. BWV 209: No. 5: Aria: Ricetti gramezza e pavento

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Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Quarteto de Cordas Nº 8 e Sinfonia de Câmara correspondente

Hoje acordei com vontade de fazer uma coisa diferente e legal. Então, peguei uma obra-prima, o Quarteto Nº 8 de Dmitri Shostakovich, numa gravação bastante boa (talvez a mais “visceral” que conheça, por assim dizer), a do Medici String Quartet, e postei no mesmo arquivo o arranjo que Rudolf Barschai fez para orquestra de câmara do mesmo quarteto. Ou seja, há duas vezes a mesma música, só que em concepções inteiramente diferentes. A leitura do Medici chega a ser agressiva perto do tranqüilo andamento escolhido pelo regente Roland Melia na gravação para orquestra. E são as mesmas notas da mesma obra.

Música extraordinária e bem característica de Shostakovich, onde estão presentes a dança brutal do Allegro Molto, o delicado sarcasmo do Allegretto, a delicadeza do Largo de abertura e a profunda inteligência da construção musical dos dois últimos Largos, o último revisitando o primeiro. Um espanto!

Mas aqui não quero mostrar somente a obra. Desejo mostrar um dos fatos mais apaixonantes da música erudita: a diversidade de interpretações e concepções. O Medici leu a obra de uma forma e o regente X o fez de forma inteiramente diferente. Claro que, aqui, a diferente sonoridade do quarteto e da orquestra serve como mais um elemento distintivo. E as duas formas são aceitáveis e têm indiscutíveis méritos. Notem como o Medici leva 5min22 para executar o primeiro movimento e a orquestra o faz em 6min52! E como as três notas que marcam o quarto movimento são muito mais expressivas quando executadas com maior lentidão.

Um dia, li este post no blog de Milton Ribeiro. É, penso, uma tentativa de explicação do fenômeno das leituras:

Uma Parábola Longa

Numa noite fria do século XVIII, Bach escrevia a Chacona da Partita Nº 2 para violino solo. A música partia de sua imaginação (1) para o violino (2), no qual era testada, e daí para o papel (3). Anos depois, foi copiada (4) e publicada (5). Hoje, o violinista lê a Chacona (6) e de seus olhos passa o que está escrito ao violino (9) utilizando para isso seu controverso cérebro (7) e sua instável técnica (8), . Do violino, a música passa a um engenheiro de som (10) que a grava em um equipamento (11), para só então chegar ao ouvinte (12), que se desmilingúi àquilo.

Na variação entre essas passagens e comunicações, está a infindável diversidade das interpretações.

Mas ainda faltam elos, como a qualidade do violino – e se seu som for divino ou de lata, e se ele for um instrumento original ou moderno? E o calibre do violinista? E seu senso de estilo e vivências? E o ouvinte? E… as verdadeiras intenções de Bach? Desejava ele que o pequeno violino tomasse as proporções gigantescas e polifônicas do órgão? Mesmo?

Há coisas que só mesmo em P.Q.P. Bach…

String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110
Performed by: Medici String Quartet
I. Largo 05:22
II. Allegro molto 02:58
III. Allegretto 04:09
IV. Largo 05:07
V. Largo 04:17

String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110 / (Chamber Symphony, arr. Rudolf Barschai)
Performed by: Dalgat String Ensemble
Conducted by: Roland Melia
VI. Largo 06:52
VII. Allegro molto 03:12
VIII. Allegretto 05:07
IX. Largo 06:06
X. Largo 04:52

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Viva Rostropovich – Integral das Sonatas para Piano e Violoncelo de Beethoven

Da parte de FDP Bach encerram-se com chave de ouro as homenagens prestadas ao genial Rostropovich.

Eis os links para as sonatas para violoncelo e piano de Beethoven, com a dupla Sviatoslav Richter e Mstislav Rostropovich. Mais uma gravação impecável destes dois grandes músicos russos.

CD 1 Track listing

Track 1: Sonata for Cello and Piano No. 1 in F, Op. 5 No. 1 : 1. Adagio sostenuto – Allegro (16:30)
Track 2: Sonata for Cello and Piano No. 1 in F, Op. 5 No. 1 : 2. Rondo (Allegro vivace) (06:32)
Track 3: Sonata for Cello and Piano No. 2 in G minor, Op. 5 No. 2 : Adagio sostenuto ed espressivo/ Allegro molto pi— (19:52)
Track 4: Sonata for Cello and Piano No. 2 in G minor, Op. 5 No. 2 : 3. Rondo (Allegro) (07:07)
Track 5: Sonata for Cello and Piano No. 3 in A, Op. 69 : 1. Allegro ma non tanto (11:53)
Track 6: Sonata for Cello and Piano No. 3 in A, Op. 69 : 2. Scherzo (Allegro molto) (05:28)
Track 7: Sonata for Cello and Piano No. 3 in A, Op. 69 : 3. Adagio cantabile – Allegro vivace (08:27)

Artists: Mstislav Rostropovich – cello / Sviatoslav Richter – piano
Composer : Ludwig van Beethoven 1770-1827
Recording date : March 1963
Recording location : Austria

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CD 2 Track listing

Track 1: Sonata for Cello and Piano No. 4 in C, Op. 102 No. 1 : 1. Andante – Allegro vivace (07:37)
Track 2: Sonata for Cello and Piano No. 4 in C, Op. 102 No. 1 : 2. Adagio – Tempo d’andante – Allegro vivace (06:46)
Track 3: Sonata for Cello and Piano No. 5 in D, Op. 102 No. 2 : 1. Allegro con brio (06:17)
Track 4: Sonata for Cello and Piano No. 5 in D, Op. 102 No. 2 : 2. Adagio con molto sentimento d’affetto (07:28)
Track 5: Sonata for Cello and Piano No. 5 in D, Op. 102 No. 2 : 3. Allegro – Allegro fugato (04:01)

Artists: Mstislav Rostropovich – cello / Sviatoslav Richter – piano
Composer : Ludwig van Beethoven 1770-1827
Recording date : June 1962
Recording location : Austria

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Viva Rostropovich! Robert Schumann (1810-1856) – Piano Concerto/Cello Concerto, Argerich/Rostropovich, Rostropovich/Rozhdestvensky

Aí vão mais dois momentos de Rostropovich. Primeiro como regente, à frente da National Symphony Orchestra, acompanhando Martha Argerich no Concerto para Piano de Schumann. Em seguida, em uma gravação realizada nos tempos da antiga União Soviética: acompanhado pela Leningrado Philarmonic Orchestra, regida pelo incansável Gennadi Rozhdestevensky, toca o belíssimo concerto para Violoncelo, também de Schumann.

Duas obras que não precisam de muita apresentação. São grandes momentos de Rostropovich e da própria Martha Argerich. A propósito, a gravação do concerto para piano é de 1978 e a do concerto para violoncelo é de 1961.

Concerto para Piano e Orquestra em Lá Menor, Op. 54
1- Allegro afecttuoso
2-Intermezzo. Andantino-attaca
3- Allegro Vivace
Martha Argerich – piano
National Symphony Orchestra
Regente: Mstislav Rostropovich

Concerto para Violoncelo e Orquestra em Lá Menor, Op. 129
4 – Nicht zu schnell
5 – Langsam
6 – Sehr lebhaft
Mstislav Rostropovich – cello
Leningrad Philharmonic Orchestra
Regente: Gennadi Rozhdestvensky

TT:55:32

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