George Philipp Telemann (1681 – 1767) – Sonatas e Fantasias para Flauta Doce

Este é um belo disco de Frans Brüggen em seus tempos de solista. E, puxa vida, o homem toca muito! Não é para menos que sua companhia é formada apenas por Anner Bylsma e Gustav Leonhardt. As sonatas são interpretadas pelo trio e as fantasias são obras para flauta solo. Eles todos estão perfeitos nestas obras do compositor que nosso amigo Pedro diz ser o melhor depois de nosso pai. (Não está longe da verdade, certo?) Um aviso: lá pelo meio do CD há algumas poucas faixas que apresentam pequenos defeitos. Eu optei por publicar porque é um grande CD e porque só poderei fazer a correção quando a dona do mesmo voltar do Chile, lá pelo final de fevereiro. Mas, repito, estamos frente a um belíssimo CD.

Telemann – Recorder Sonatas and Fantasias

1. Sonata In F Major TWV 41:F2: Vivace
2. Sonata In F Major TWV 41:F2: Largo
3. Sonata In F Major TWV 41:F2: Allegro
4. Fantasia In D Minor TWV 40:4: Largo
5. 12 Fantaisies A Travers, Sans Basse – Fantasia In D Minor TWV 40:4: Vivace
6. Fantasia In D Minor TWV 40:4: Largo
7. Fantasia In D Minor TWV 40:4: Vivace
8. Fantasia In D Minor TWV 40:4: Allegro
9. Canonic Sonata In B Flat Major TWV 41:B3: Largo
10. Canonic Sonata In B Flat Major TWV 41:B3: Allegro
11. Canonic Sonata In B Flat Major TWV 41:B3: Largo
12. Canonic Sonata In B Flat Major TWV 41:B3: Vivace
13. Fantasia In G Minor TWV 40:9: Largo – Spirituaoso – Allegro
14. Fantasia In G Minor TWV 40:9: Adagio – Allegro
15. Fantasia In G Minor TWV 40:9: Larghetto
16. Fantasia In G Minor TWV 40:9: Vivace
17. Fantasia In A Minor TWV 40:11: A Tempo Giusto
18. Fantasia In A Minor TWV 40:11: Presto
19. Fantasia In A Minor TWV 40:11: Moderato
20. Fantasia In C Major TWV 40:2: Vivace
21. Fantasia In C Major TWV 40:2: Allegro
22. Der Getreue Music – Meister – Sonata In F Minor TWV 41:f1: Triste
23. Sonata In F Minor TWV 41:f1: Allegro
24. Sonata In F Minor TWV 41:f1: Andante
25. Sonata In F Minor TWV 41:f1: Vivace
26. Fantasia In B Flat Major TWV 40:12: Allegro – Adagio – Vivace – Adagio
27. Sonata In D Minor TWV 41:D4: Affettuoso
28. Sonata In D Minor TWV 41:D4: Presto
29. Sonata In D Minor TWV 41:D4: Grave
30. Sonata In D Minor TWV 41:D4: Allegro
31. Fantasia In F Major TWV 40:8: Alla Francese
32. Fantasia In F Major TWV 40:8: Presto
33. Sonata In C Major TWV 41:C2: Cantabile
34. Sonata In C Major TWV 41:C2: Allegro
35. Sonata In C Major TWV 41:C2: Grave
36. Sonata In C Major TWV 41:C2: Vivace

Frans Brüggen – flauta
Anner Bylsma – cello
Gustav Leonhardt – cravo

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Felix Mendelssohn (1809 – 1847) – Sinfonias Nº 1 e 5, A Reforma

Na minha opinião, a obra-prima de Mendelssonhn é a Sinfonia Nº 5, “A Reforma”. Mais: trata-se de uma das maiores peças de todo o repertório orquestral. Verdadeiro elo entre o barroco perdido e o classicismo, a obra foi composta para comemorar os 300 anos da Reforma Religiosa em 1830. É a sinfonia mais austera de Mendessohn, que tratou de olhar para o passado da música alemã e nele viu Bach. Não apenas o movimento final é baseado no hino luterano Ein’ feste Burg ist unser Gott – também utilizado por Bach na célebre Cantata BWV 80 e aqui anunciado por uma flauta -, como o primeiro movimento leva o assim chamado “Amém de Dresden”, depois utilizado por Wagner no Parsifal. “A Reforma” foi publicada em 1868, depois da morte do autor, e estreou em Berlim somente em 15 de novembro de 1832. A intenção de estreá-la em 1830, nas comemorações do tricentenário da Confissão de Augsburgo (1530), fracassou por motivos políticos. Ficou uma belíssima sinfonia, séria e cheia de elementos retirados da liturgia protestante. Curiosamente, Mendelssohn dizia-se insatisfeito com a obra, mas ainda bem que sofria da Síndrome de Bruckner, deixando-a chegar até nós sem revisões. Nos movimentos rápidos, há claros ecos de beethovenianos; compreensível, afinal, o mestre tinha falecido 3 anos antes. Na minha opinião, é uma sinfonia que beira a perfeição.

Ah, a Sinfonia Nº 1. É bonitinha, mas não chega aos pés da grande Quinta de Mendelssohn.

Felix MENDELSSOHN: Symphonies Nos. 1 and 5

Symphony No. 1 in C minor, Op. 11
I. Allegro di molto 00:10:26
II. Andante 00:06:18
III. Menuetto: Allegro molto 00:06:55
IV. Allegro con fuoco 00:08:56

Symphony No. 5 in D major, Op. 107, “Reformation”
I. Andante – Allegro con fuoco 00:12:47
II. Allegro vivace 00:06:55
III. Andante 00:04:53
IV. Chorale: Ein’ feste burg: Andante con moto – Allegro vivace 00:08:48

Ireland National Symphony Orchestra
Seifried, Reinhard, Conductor

Total Playing Time: 01:05:58

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Antonín Dvořák (1841-1904) – Cello Concerto in B Minor, Edward William Elgar (1857-1934) – Cello Concerto in E Minor


Essa postagem é para atender um pedido feito há algum tempo atrás, o do concerto para Cello de Elgar, com a Jacqueline Du Pré. Fuçando meus cds finalmente consegui encontrar essa gravação, que, para desespero de meu irmão PQP também tem o concerto de Dvorak.
Jacqueline Du Pré viveu pouco, uma carreira meteórica, mas viveu intensamente. E com a mesma intensidade tocava seu violoncelo, instrumento pesado, um tanto quanto masculino, mas que ela dominava com maestria.
Sua interpretação do Concerto de Elgar é considerada referência, tanto que a EMI jamais a deixou faltar nas prateleiras. E realmente é magnífica. Ela estava em seu apogeu, linda, talentosa, e com um potencial enorme pela frente. Mas a vida sempre está a nos pregar peças, e resolveu que sua contribuição para a música já era suficiente. Em 1973, com apenas 28 anos de idade, foi diagnosticada com esclerose múltipla, o que a afastou dos palcos até sua morte, em 1987.

O Concerto de Dvorak foi postado por ocasião da morte do grande Rostropovich, gravação também considerada o melhor registro fonográfico deste concerto. Du Pré não fica muito atrás de seu mestre e tutor. Consegue captar a essência da obra, apoiada por uma competente regência de seu então marido, Daniel Baremboim.

Realmente, duas gravações memoráveis e emocionantes.  Espero que a apreciem.

Antonín Dvořák (1841-1904) – Cello Concerto in B Minor 

01-Dvorak Cello Concerto in B Minor, Mvt 1

02-Dvorak Cello Concerto in B Minor, Mvt 2

03-Dvorak Cello Concerto in B Minor, Mvt 3

Jacqueline Du Pré

Chicago Symphony Orchestra –

Daniel Baremboim – Conductor

Edward William Elgar (1857-1934) – Cello Concerto in E Minor

04-Elgar Cello Concerto in E Minor, Mvt 1

05-Elgar Cello Concerto in E Minor, Mvt 2

06-Elgar Cello Concerto in E Minor, Mvt 3

07-Elgar Cello Concerto in E Minor, Mvt 4

Jacqueline Du Pre 

London Symphony Orchestra

John Barbirolli – Conductor

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Antonio Vivaldi (1678 – 1741) – Motetos

Preparem-se para um fim-de-semana cheio. Indócil no partidor, FDP Bach está quase postando um pedido de nossos amados leitores-ouvintes e um post que contempla versões do mesmo concerto com instrumentos diferentes. E eu tenho que liberar área de meu HD e pretendo postar um CD por dia até o abençoado 1º de fevereiro, quando tirarei uns 7 ou 8 dias de folga de tudo, até de vocês, meus queridos! Motetos de Vivaldi? Sim, motetos, pero no mucho. Na verdade, o meu New Grove Dictionary of Music – presente de FDP – diz que motetos não são apenas aquelas músicas para coral que papai fazia. No single set of characteristics serves to define it generally, except in particular historical or regional contexts. Então, os motetos de Vivaldi são música sacra para voz e orquestra, aqui regidas pelo grande Fabio Biondi e sua Europa Galante. É CD imperdível. É mais um Vivaldi perfeito, inesperado e desconhecido; o segundo dos três que postarei esta semana por aqui.

On this CD:

Laudate Pueri Dominum (Psalm 113), for voice, strings & continuo in C minor, RV 600
Composed by Antonio Vivaldi
with Patrizia Ciofi, Fabio Biondi, Europa Galante
1. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Laudate, pueri Dominum [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
2. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Sit nomen Domini [largo] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
3. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: A solis ortu usque ad occasum [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
4. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Excelsus super omnes [Andante] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
5. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Qui sicut Dominus Deus [largo] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
6. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Suscitans a terra inopem [Presto] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
7. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Ut collocet eum [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
8. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Gloria Patri et Filio [Largo] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
9. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Laudate, pueri Dominum [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
10. Laudate, pueri Dominum, psalm 112 for soprano, 2 violins, viola & bass RV 600: Amen [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi

In furore giustissimae irae, solo motet for voice, strings & continuo in C minor, RV 626
Composed by Antonio Vivaldi
with Patrizia Ciofi, Fabio Biondi, Europa Galante
11. In furore, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV626: I Aria: In furore [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
12. In furore, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV626: II Recitativo Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
13. In furore, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV626: III Aria: Tunc mesu fletus [Largo] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
14. In furore, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV626: IV Alleluia [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi

In turbato mare irato, solo motet for voice, strings & continuo in G major, RV 627
Composed by Antonio Vivaldi
with Patrizia Ciofi, Fabio Biondi, Europa Galante
15. In turbato mare irato, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV627: I Aria: In turbato mare irato [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
16. In turbato mare irato, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV627: II Recitativo: Splmende serena, o lux amata Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
17. In turbato mare irato, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV627: III Aria: Respende, bella, divina stella [Larghetto] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
18. In turbato mare irato, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV627: IV Alleluia [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi

O qui coeli terraeque serenitas, solo motet for voice, strings & continuo in E flat major, RV 631
Composed by Antonio Vivaldi
with Patrizia Ciofi, Fabio Biondi, Europa Galante
19. O qui coeli terraeque serenitas, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV631: I Aria: O qui coeli terraeque serenitas [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
20. O qui coeli terraeque serenitas, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV631: II Recitativo: Fac ut sordescat tellus Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
21. O qui coeli terraeque serenitas, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV631: III Aria: Rosa quae moritur [Largo] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi
22. O qui coeli terraeque serenitas, motet for soprano, 2 violins, viola & bass RV631: IV Alleluia [Allegro] Fabio Biondi/Europa Galante/Patrizia Ciofi

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Antonio Vivaldi (1678 – 1741) – Concertos para Bandolim e Diversos (mesmo!) Instrumentos

Faz um lindo dia em Porto Alegre, não está quente demais e Vivaldi é uma opção natural. Este é o primeiro de dois extraordinários CDs dedicados à música do veneziano que postarei aqui. O outro virá amanhã. Ambos têm o excelente conjunto Eutropa Galante com regência do violinista Fabio Biondi. Pode-se criticar alguns andamentos rapidíssimos adotados por Biondi, assim como algumas intervenções escandalosas da orquestra, porém nunca a qualidade da mesma e a criteriosa escolha do repertório. Passei anos procurando o Concerto in tromba marina, for 2 violins, 2 recorders, 2 mandolins, 2 chalumeaux, 2 theorbos, cello, strings & continuo in C, RV 558 e apenas vim encontrá-lo aqui. A gravação anterior que possuo é um antigo vinil de Claudio Scimone. É realmente raro encontrar um CD com obras instrumentais de Vivaldi que sejam de primeiríssima linha e desconhecidas, mas o de hoje e de amanhã serão assim e depois ainda virá a integral das sonatas para violoncelo e contínuo. Então, vocês poderão comprovar que Vivaldi é mesmo um compositor de rara riqueza, mas que há que procurar em meio às gravações redundantes das Quatro Estações e das Stravaganzi de sempre.

Double Mandolin Concerto, for 2 mandolins, strings & continuo in G major, RV 532
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
1. I. Allegro
2. II. Andante
3. III. Allegro

Concerto in tromba marina, for 2 violins, 2 recorders, 2 mandolins, 2 chalumeaux, 2 theorbos, cello, strings & continuo in C, RV 558
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
4. I. Allegro Molto
5. II. Andante Molto
6. III. Allegro

Concerto for violin, oboe, 2 recorders, 2 oboes, bassoon, strings & continuo in G minor, RV 576
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
7. I. [Allegro]
8. II. Larghetto
9. III. Allegro

Concerto for 2 violins, 2 cellos, strings & continuo in D major, RV 564
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
10. I. Allegro
11. II. Largo
12. III. Allegro

Violin Concerto, for violin, strings & continuo in G minor, RV 319
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
13. I. Allegro
14. II. [Lento]
15. III. Allegro

Mandolin Concerto, for mandolin, strings & continuo in C major, RV 425
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
16. I. [Allegro]
17. II. Largo
18. III. [Allegro]

Concerto for 3 violins, oboe, viola all’inglese, chalmeleau, 2 cellos, harpsichord, strings & continuo in C, RV 555
Composed by Antonio Vivaldi
with Fabio Biondi, Europa Galante
19. I. Allegro
20. II. Largo A Piacimento
21. III. Allegro

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Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) – Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041, Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042, Concerto for 2 Violins, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1043

Mais uma obra para violino, juro que não foi proposital.. Mas depois que meu irmão PQP postou aquela maravilhosa gravação de Leonhardt para as suítes inglesas, FDP tinha de continuar a manter o nível. E a primeira coisa que lhe veio a mente foi essa gravação dos Concertos para Violino de nosso pai. 

Dentre as inúmeras gravações que possuo e que já ouvi desses concertos, confesso que sou viciado nessa versão da família Oistrach. Até consegui-la, a menina dos meus olhos era uma versão do Perlmann com o Zukermann, dirigidos pelo Baremboim, isso nos idos dos inícios dos anos 70.  Todos jovens, praticamente iniciando suas carreiras, mas já consolidados como excepcionais intérpretes.

Mas Oistrach é Oistrach.. o senso de tempo e ritmo imprimido nessa gravação se encaixa perfeitamente à música de nosso pai, e sua interpretação soa leve, sem muitos virtuosismos, tão característicos dele. Um mestre em sua maturidade.  Como diria um amigo, parece tão fácil tocar violino quando o ouvimos… e quando toca com o filho, Igor, parece mais fácil ainda.. imagino que os dois tenham praticado o concerto duplo juntos desde que Igor era uma criança, crescendo à sombra do gigantismo de seu pai, e não querendo fazer feio perante ele.

Meu concerto favorito é o de nº1, com um andante no segundo movimento que me comove cada vez que o ouço. Oistrach nos faz levitar, alcançando um grau de emotividade que não consegui encontrar em outras gravações. Ouçam, e depois me digam se não é uma das mais belas melodias  já compostas pelo ser humano… na verdade, trata-se de um trabalho sobre-humano, realizado por um gênio, e interpretada por outro.

A versão que possuo desses concertos não é a mesma da capa ao lado. Infelizmente trata-se de uma série da Deutsche Grammophon já fora de catálogo, e que a amazon não possui mais. A minha versão vem apenas com os concertos para violino de Bach e mais nada. Mas de qualquer forma, tratam-se das mesmas gravações.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) –  Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041, Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042, Concerto for 2 Violins, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1043

 Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041
1    1. (Allegro moderato) 
2    2. Andante
3    3. Allegro assai
 
Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042
4    1. Allegro
5    2. Adagio
6    3. Allegro assai 

David Oistrach – violin
Wiener Philarmoniker
Georg Fischer – Direktor

Concerto for 2 Violins, Strings, and Continuo in D minor, BWV 1043
7    1. Vivace 
8    2. Largo ma non tanto
9    3. Allegro

David Oistrach, Ygor Oistrach – Violins
Royal Philarmonic Orchestra
George Malcolm – Direktor

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.: interlúdio :.

Chico Hamilton é também uma lenda do jazz, embora relativamente pouco conhecido. Ainda assim, é um dos raros bateristas a quem se pode nomear e identificar de ouvido. Chico – não sei o porquê do apelido, mas de qualquer forma é melhor do que seu nome, Foreststorn – tocou com centenas de músicos ao longo de quase 70 anos de carreira (ainda em curso, veja-o em NY) e domina quase todos os estilos do jazz. No dia 22 de agosto de 1958, reuniu-se com seu quinteto – que incluía um jovem promissor chamado Eric Dolphy – e gravou 9 temas de Duke Ellington para a obra que seria nomeada, apropriadamente, de Ellington Suite. O registro ficaria conhecido por conter os primeiros solos gravados de Dolphy.

Para dissabor de muitos, o produtor da Pacific Jazz preferiu a segunda sessão, com Buddy Collette nos sopros, e enterrou a série com Dolphy. 25 anos depois as fitas foram encontradas por jazzófilos, e o registro foi recuperado – e é hoje trazido a vocês. Que sabem o que vão encontrar: temas suaves e midtempo de Ellington, o sax angular de Dolphy e a leveza certeira de Hamilton criando atmosferas sofisticadas.

Chicofront

Chico Hamilton Quintet – Original Ellington Suite (320)
Chico Hamilton: drums
Eric Dolphy: alto saxophone, flute, clarinet
Nate Gershman: cello
John Pisano: guitar
Hal Gaylor: bass
Produzido por Richard Bock para a Pacific

download – 66MB
01 In A Mellotone – 4’18
02 In A Sentimental Mood – 5’40
03 I’m Just A Lucky So And So – 5’09
04 Just A Sittin’ And A Rockin’ – 5’25
05 Everything But You – 5’16
06 Day Dream – 3’42
07 I’m Beginning To See The Light – 5’07
08 Azure – 3’13
09 It Don’t Mean A Thing – 4’19

Boa audição!

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suítes Inglesas Completas

Com a finalidade de me recuperar aos olhos de nossos navegadores-ouvintes, apresso-me a postar música! As Suítes Inglesas contêm grande variedade estilística. Elas fazem referências diretas à música de outros compositores, do gênero que se encontra nos dois primeiros períodos criativos de meu pai. À parte a relação com Dieupart, existe uma semelhança entre o tema inicial do Prelúdio da Suíte Nº 2 e o sujeito da Fuga do Op. 3, Nº 4, de Corelli, ao passo que a Giga de Suíte Nº 6 parece ter sido adaptada de uma obra para órgão do grande tio Bux. Além disso, o espírito de suas obras mais antigas foi revivido em algumas das turbulentas Gigas da coleção e, ocasionalmente, uma certa alegria juvenil é perceptível nas Allemandes. Por outro lado, a minúcia didática com que papai se detém nos detalhes da execução dos ornamentos das Sarabandas das Suítes Nº 2 e 3 reflete o Bach pedagógico que meus irmãos tiveram em Cöethen, not me. A ordem descendente de tons maior-menor usada aqui tem paralelo com as Invenções, enquanto que a Sarabanda da Suíte Nº 3 com suas extensas modulações poderia ser do Cravo bem Temperado.

As Suítes Inglesas são música de primeira linha, mas exibem uma combinação algo confusa de características mais antigas e mais recentes e a conclusão lógica é que papi ocupou-se delas por largo tempo.

Escrito com o providencial auxílio de Johann Sebastian Bach, de Karl Geiringer.

Ah, meu CD das Suítes não é mais vendido. Agora transformou-se de álbum duplo em quádruplo. Foram-lhe acrescentadas as Partitas, sempre com o imbatível Leonhardt (suspiros viris e platônicos [claro] pelo artista Gustav Leonhardt…). É este CD – o quádruplo – que está no quadradinho da Amazon para venda. E meus movimentos preferidos nas inglesas são um bem simples, juvenis e alegres. São a Bourée da Suíte Nº 2, faixa 11 do CD1, e a Gavota da Suíte Nº 6, faixa 17 do CD2.

Chega por hoje!

J.S. Bach – The English Suites

Disc: 1

Suite Nº 1 – BWV 806 em lá maior
1. 1. Prelude
2. 2. Allemande
3. 3. Courante 1/Courante 2 Avec Deux Doubles
4. 4. Sarabande
5. 5. Bourree 1/Bourree 2/Bourree 1
6. 6. Gigue

Suite Nº 2 – BWV 807 em lá menor
7. 1. Prelude
8. 2. Allemande
9. 3. Courante
10. 4. Sarabande/Les Agrements De La Meme Sarabande
11. 5. Bourree 1 Alternativement/Bourree 2/Bourree 1
12. 6. Gigue

Suite Nº 3 – BWV 808 em sol menor
13. 1. Prelude
14. 2. Allemande
15. 3. Courante
16. 4. Sarabande/Les Agrements De La Meme Sarabande
17. 5. Gavotte 1 Alternativement/Gavotte 2 Et la Musette/ Gavotte 1
18. 6. Gigue

BAIXE AQUI O CD1 – DOWNLOAD CD1 HERE

Disc: 2

Suite Nº 4 – BWV 809 em fá maior
1. 1. Prelude (Vitement)
2. 2. Allemande
3. 3. Courante
4. 4. Sarabande
5. 5. Menuet 1/Menuet 2/Menuet 1
6. 6. Gigue

Suite Nº 5 – BWV 810 em mi menor
7. 1. Prelude
8. 2. Allemande
9. 3. Courante
10. 4. Sarabande
11. 5. Passepied 1 En Rondeau/Passepied 2/Passepied 1
12. 6. Gigue

Suite Nº 6 – BWV 811 em ré menor
13. 1. Prelude
14. 2. Allemande
15. 3. Courante
16. 4. Sarabande/Double
17. 5. Gavotte 1/Gavotte 2/Gavotte 1
18. 6. Gigue

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Cravo: apenas Gustav Leonhardt

Tomaso Albinoni (1671–1751) – Balletti a tre, Op. 3

A única obra de alguma importância de Albinoni foi composta em 1945 por Remo Giazotto a partir de um pequeno fragmento – um movimento lento de uma trio sonata – descoberto entre as ruínas da Biblioteca Estatal. Trata-se do famoso Adágio de Albinoni, composição utilizada, entre outros, no filme Gallipoli. Giazotto era um sujeito modesto ou esperto? Escolha você. O fato é que a obra ficou famosíssima, apesar de, no verdadeiro Albinoni, haver poucos ecos de Giazotto. Mesmo sabendo-o autor de 50 óperas esquecidas e de uma música instrumental apenas agradável, comprei este World Premiere Recording para concluir o que esperava: os Balletti poderiam tranqüilamente permanecerem inéditos, repousando sua morte absoluta em alguma biblioteca.

É um CD que pode ser utilizado como fundo musical para festas classudas. Fica aquele barulhinho barroco no ambiente e as pessoas não perdem a atenção na conversa pois a música só surpreende por sua qualidade na faixa 38.

Dispensável!

Tomaso Albinoni (1671–1751) – Balletti a tre, Op. 3

1 Balletto Op. 3 N. 1 In Do Maggiore – Preludio Largo
2 Balletto Op. 3 N. 1 In Do Maggiore – Allemanda Allegro
3 Balletto Op. 3 N. 1 In Do Maggiore – Corrente Allegro
4 Balletto Op. 3 N. 1 In Do Maggiore – Gavotta Presto
5 Balletto Op. 3 N. 2 In Mi Minore – Allemanda Largo
6 Balletto Op. 3 N. 2 In Mi Minore – Sarabanda Allegro
7 Balletto Op. 3 N. 2 In Mi Minore – Giga Allegro
8 Balletto Op. 3 N. 3 In Sol Maggiore – Preludio Largo
9 Balletto Op. 3 N. 3 In Sol Maggiore – Allemanda Allegro
10 Balletto Op. 3 N. 3 In Sol Maggiore – Corrente Allegro
11 Balletto Op. 3 N. 3 In Sol Maggiore – Gavotta Presto
12 Balletto Op. 3 N. 4 In La Maggiore – Preludio Largo
13 Balletto Op. 3 N. 4 In La Maggiore – Allemanda Allegro
14 Balletto Op. 3 N. 4 In La Maggiore – Sarabanda Allegro
15 Balletto Op. 3 N. 4 In La Maggiore – Giga Allegro
16 Balletto Op. 3 N. 5 In Re Minore – Allemanda Largo Appoggiato
17 Balletto Op. 3 N. 5 In Re Minore – Corrente Allegro
18 Balletto Op. 3 N. 5 In Re Minore – Giga Allegro
19 Balletto Op. 3 N. 6 In Fa Maggiore – Preludio Largo
20 Balletto Op. 3 N. 6 In Fa Maggiore – Allemanda Allegro
21 Balletto Op. 3 N. 6 In Fa Maggiore – Sarabanda Allegro
22 Balletto Op. 3 N. 6 In Fa Maggiore – Giga Presto
23 Balletto Op. 3 N. 7 In Re Maggiore – Preludio Largo
24 Balletto Op. 3 N. 7 In Re Maggiore – Allemanda Allegro
25 Balletto Op. 3 N. 7 In Re Maggiore – Corrente Allegro
26 Balletto Op. 3 N. 7 In Re Maggiore – Sarabanda Allegro
27 Balletto Op. 3 N. 8 In Do Minore – Allemanda Largo
28 Balletto Op. 3 N. 8 In Do Minore – Corrente Allegro Assai
29 Balletto Op. 3 N. 8 In Do Minore – Giga Allegro
30 Balletto Op. 3 N. 9 In Sol Minore – Preludio Largo
31 Balletto Op. 3 N. 9 In Sol Minore – Allemanda Allegro
32 Balletto Op. 3 N. 9 In Sol Minore – Sarabanda Allegro
33 Balletto Op. 3 N. 9 In Sol Minore – Giga Allegro
34 Balletto Op. 3 N. 10 In Mi Maggiore – Preludio Largo
35 Balletto Op. 3 N. 10 In Mi Maggiore – Allemanda Presto
36 Balletto Op. 3 N. 10 In Mi Maggiore – Corrente Allegro Assai
37 Balletto Op. 3 N. 10 In Mi Maggiore – Giga Allegro
38 Balletto Op. 3 N. 11 In La Minore – Allemanda Larghetto
39 Balletto Op. 3 N. 11 In La Minore – Sarabanda Allegro
40 Balletto Op. 3 N. 11 In La Minore – Gavotta Presto
41 Balletto Op. 3 N. 12 In Sib Maggiore – Preludio Largo
42 Balletto Op. 3 N. 12 In Sib Maggiore – Allemanda Allegro
43 Balletto Op. 3 N. 12 In Sib Maggiore – Corrente Allegro
44 Balletto Op. 3 N. 12 In Sib Maggiore – Giga Allegro

Ensemble Benedetto Marcello

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte 1

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Restaurado – Robert Schumann (1810-1856) – Symphony No. 1 in B flat major “Frühlingssinfonie”, Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”

FDP Bach se contrapõe ao seu irmão PQP e seus contemporâneos e continua envolvido com o romantismo.

Desta vez, venho fazer um pequeno agrado a nossa colega Clara, afastada por um tempo do blog, devido a problemas pessoais (está envolvida com seu doutoramento), mas que promete voltar com força total assim que possível. Estou postando sinfonias de seu marido, Robert, desta vez nas sempre competentes mãos de Phillipe Herreweghe e sua Orchestre des Champs-Élysées.

Quando mostrei-lhe esse cd, ela suspirou e disse apenas: “Ah, Robert, ah, Phillippe.” Entendo que esse suspiro seja uma manifestação de sua satisfação pela postagem.

Robert Schumann – Symphonies Nos. 1 & 3

1. Symphony No. 1 in B flat major “Frühlingssinfonie”.: I. Andante un poco maestoso – Allegro molto vivace
2. Symphony No. 1 in B flat major “Frühlingssinfonie”.: II. Larghetto
3. Symphony No. 1 in B flat major “Frühlingssinfonie”.: III. Scherzo. Molto vivace – Trios I [moto più vivace] & II
4. Symphony No. 1 in B flat major “Frühlingssinfonie”.: IV. Finale. Allegro animato e grazioso
5. Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”.: I. Lebhaft [Vivace]
6. Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”.: II. Scherzo. Sehr mässig
7. Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”.: III. Nicht schnell [Andante]
8. Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”.: IV. Feierlich [Maestoso]
9. Symphony No. 3 in E flat major “Rheinische Sinfonie”.: V. Finale. Lebhaft

Conductor: Phillipe Herreweghe

Orchestra: Orchestre des Champs-Élysées

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[restaurado por Vassily em 26/5/2020]

Radamés Gnattali (1906 — 1988) e outros – Acervo Funarte

Radames GnattaliO Itaú Cultural lançou este CD, originalmente um vinil , em 1999. As informações a respeito são mais do que insuficientes e o incrível é que ele conta com ilustres desconhecidos, como Tom Jobim, Paulinho da Viola e outros… Sabe-se o grupo que interpreta as primeiras músicas e nem se imagina quem toca o bom quarteto de cordas final. Não vou criticar o Itaú Cultural; afinal, se o CD existe e chegou a mim é por mérito da instituição, mas bem que ele poderia ser mais informativo.

Radamés Gnattali (Porto Alegre, 27 de janeiro de 1906 — Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1988) foi um grande músico e compositor brasileiro. Foi também pianista, maestro e arranjador especializado em choro. Teve trajetória única, não tendo abandonado nunca o erudito, nem o popular. Era notável o carinho que muitos músicos tinham pelo maestro. Desde Raphael Rabello até Tom Jobim, do qual foi parceiro, passando por Cartola, Villa-Lobos, Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Francisco Mignone, Paulinho da Viola, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri.

É popular, é erudito? Olha, só pensei nisso agora e não me interessa a resposta.

Radamés Gnattali – CD do Acervo da Funarte editado pelo Itaú Cultural

Instrumentistas:

– Tom Jobim piano e flauta
– Paulinho da Viola cavaquinho
– José Menezes guitarra
– Chiquinho do Acordeão acordeão
– Um quarteto de cordas não informado….

Faixas:

1. Meu amigo Radamés (Tom Jobim)
2. Meu amigo Tom Jobim (Radamés Gnatalli)
3. Sarau para Radamés (Paulinho da Viola)
4. Obrigado, Paulinho (Radamés Gnatalli)
5. Capibaribe (Radamés Gnatalli)
6. Um choro para Radamés (Capiba)
7. Quarteto Popular (Radamés Gnattali)
– 1º Mvto: Movido
– 2º Mvto: Lento-Vivo-Lento
– 3º Mvto: Allegro Moderato

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O Novo Banner

Banner é este desenho que você vê aí em cima, no topo da página. Alguns notaram que ele foi alterado nos últimos dias. O que ninguém notou é que a gravura é de nossa família. Sim, de um sarau realizado na casa de nossos pais. F.D.P. Bach ficou na porta, chorando porque não o deixaram entrar. Eu sou aquele menino de cabelos escuros que é levado delicadamente de volta para a rua, observado por papai, o que hoje muito me comove.

– O lugar dos bastardinhos é lá fora – dizia minha tia enquanto me empurrava…

Nicolo Paganini (1782-1840) – Paganini for Two

De vez em quando um leitor pergunta por que o blog ainda não tem nada de Paganini, o gênio do violino do século XIX, para alguns o maior violinista de todos os tempos. Respondemos então que com o tempo ele seria postado, seguimos nossos instintos em nossas postagens, nada é planejado. Muitos planos elaborados são deixados para trás, pois em determinado momento ao fuçarmos nossos cds encontramos algum material que achamos importante postarmos.

Mas Paganini realmente estava fazendo falta por aqui. Meu irmão PQP diz que não gosta de Paganini por causa de seu virtuosismo exacerbado. Tudo em excesso, o coitado do solista sofre, e, segundo ele, seus ouvidos também sofrem. Meu irmão PQP com certeza está exagerando um tanto quanto em sua opinião, sei que no fundo, no fundo, ele admira o virtuose italiano, assim como de certa forma se rendeu à Dvorak quando postei seu concerto para violino com o excepcional Maxim Vengerov.

Mas antes de começarmos com os concertos para violino, vamos á esses magníficos duos para violino e violão, nas mãos de outros dois mestres em seus instrumentos, Gil Shaham e Goran Sollscher. FDP Bach porém confessa: apesar de ser um grande cd, sua versão favorita de algumas dessas peças é com a dupla John Williams / Itzak Perlman, cujo cd infelizmente se encontra perdido, talvez emprestado para algum “amigo” que se “esqueceu” de devolve-lo. É a minha versão favorita por ser fã de John Williams desde minha adolescência.

Por não ter tido até então nenhum contato com o violonista sueco Goran Sollscher, fui atrás de sua biografia. E pude verificar, como os senhores podem ler aqui, que o cara não é pouca coisa não. Virtuose do instrumento, tem um repertório bem vasto, que vai de Bach á Beatles. E sua parceria aqui com Gil Shaham lhes valeu excelentes críticas pela imprensa especializada. Estou ansioso aguardando o novo cd dessa dupla, onde interpretam Schubert, a grande paixão da nossa colega Clara Schumann (claro que trata-se de uma paixão platônica, afinal Clara será sempre fiel ao seu Robert). Gil Shaham já me era conhecido, mas nunca tinha ouvido com atenção suas interpretações. Bem, que podemos dizer além de que ele segue a tradição dos grandes violinistas judeus, como Perlman, Heifetz, Mintz, Stern, Szering, entre tantos outros? Além de tocar com um Stradivarius 1699, claro, do qual consegue tirar sons que possivelmente não conseguiria com outro instrumento.

Enfim, fiquemos pois com esse belíssimo cd, que tenho certo certeza lhes proporcionará momentos de intenso prazer.

Nicólo Paganini (1782-1840) – Paganini for Two

1. Sonata concertata M.S. 2 per chitarra e violino in A major – Allegro spiritoso

2. Sonata concertata M.S. 2 Sonata per chitarra e violino in A major – Adagio, assai espressivo

3. Sonata concertata M.S. 2 per chitarra e violino in A major – Rondeau. Allegretto con brio, scherzando

4. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.1 – in A major – Larghetto

 5. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.1 – in A major – Presto Variato – Variazione

6. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.4 – in A minor – Andante largo

7. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.4 – in A minor – Allegretto

8. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.6 – in E minor – Andante

9. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.6 – in E minor – Allegro vivo e spiritoso – Minore

10. Grand Sonata M.S.3 per chitarra e violino – in A major

11. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.2 – in D major – Adagio cantabile

12. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.2 – in D major – Rondoncino. Andantino, Tempo di Polacca – Minore

13. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.4 – in A major – Adagio cantabile

14. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.4 – in A major – Rondo. Andantino. Allegretto – Minore – Maggiore

15. Cantabile M.S.109 – in D major – per violino e chitarra (pianoforte)

16. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 1. Introduction. Allegro

17. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 2. Thème. Tempo alla Marcia

18. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. I 

19. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. II. Vigoroso –

20. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. III.

21. Sonata a preghiera M.S. 23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 3. Finale

22. Allegro vivace a movimento perpetuo M.S.72 (op.11) in C major – per violino e chitarra – Revision of guitar part Lars Hannibal

Gil Shaham – Violin

Göram Söllscher – Guitar

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Igor Stravinski (1882 – 1971) e Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Agon e Sinfonia Nº 15

Extraordinária gravação em que Evgeni Mravinski conduz a Orquestra Filarmônica de Leningrado no balé Agon, de Stravinski (gravação de 1965), e na 15ª Sinfonia de Dmitri Shostakovich (gravação de 1976).

Agon é de 1957, quando Stravinski tinha 75 anos. A música, aqui, prescinde do balé – que alívio, não? -, mas não me causa nenhum entusiasmo. Já o Shostakovich… A Sinfonia Nº 15 é a última do compositor e, em 1976, Mravinski iniciou a temporada de sua orquestra dedicando nada menos do que quatro concertos a seu amigo. A gravação postada traz um registro deste extraordinário evento.

Sem dúvida, a Sinfonia Nº 15 é uma de minhas preferidas no gênero. É difícil estabelecer-se um conteúdo programático para ela. Trata-se de uma música muito viva, com colorido orquestral atraente, temas facilmente assimiláveis e nada triviais, clímax e pausas meditativas que empolgam e mantém o ouvinte permanentemente atento. E com os contrastes inesperados característicos de Shostakovich. Parece um roteiro de Shakespeare passado à música, trazendo o trágico ao festivo, empurrando a reflexão para junto da zombaria. Bom, já viram que sou um apaixonado desta sinfonia.

O primeiro movimento (Allegretto) é uma curiosidade por manter sempre ativo o motivo da cavalgada da abertura Guilherme Tell, de Rossini, e pela participação incessante da percussão. O segundo movimento (Adagio) é circunspecto. Os metais trazem uma melodia sombria, para depois o violoncelo completá-la com um solo dilacerante, a cujas cores será acrescida, mais adiante, a ressonância do contrabaixo. Um novo Alegretto surge repentinamente do Adagio, retomando o clima do primeiro movimento, mas desta vez somos levados pelos solos do fagote, violino, clarinete e flautim. O movimento final, outro adagio, é enigmático. A simbologia está presente com a apresentação de imediato do Prenúncio da Morte, composto por Wagner para a Tetralogia do Anel. O ouvinte wagneriano fica desconcertado ao escutar de imediato esta música conhecida, parece tratar-se de um equívoco, de um erro de partitura. Ao pesado motivo de Wagner são contrapostos temas executados pelo setor leve da orquestra, porém, a todo instante, o sinistro aviso retorna e, mais adiante, os metais refletirão uma angustiada exasperação… A sinfonia esvai-se em delicados sons de percussão, deixando um desconcertante ponto de interrogação no ar. O significado do Prenúncio da Morte é óbvio, porém, o que significam a percussão, a orquestração e as melodias jocosas que o cercam? Uma simples experiência sinfônica? Impossível. O desejo de felicidade de alguém cuja vida se encerra? Ou, voltando a Shakespeare, que a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significa (*)? Porém, a significação, a intenção exata de uma obra instrumental é tão importante? Ou seria mais inteligente fazer como fez Shostakovich, levando-nos bem próximo ao irrespondível para nos abandonar por lá?

(*) Macbeth, William Shakespeare.

STRAVINSKY Agon (40mb)
1. Pas de quatre 1:48
2. Double Pas de quatre 1:36
3. Triple Pas de quatre 1:09
4. Prelude 0:57
5. First Pas de trios Saraband Step 1:18
6. Gaillarde 1:19
7. Coda 1:28
8. Interlude 0:55
9. Second Pas de trios Bransle simple 0:59
10. Bransle gay 0:53
11. Bransle double 1:27
12. Interlude 0:56
13. Pas de deux Adagio – variation – refrain 4:16
14. Coda 1:35
15. Four Duos 0:32
16. Four Trios 0:39
17. Coda 1:53

SHOSTAKOVICH Symphony No.15 (70mb)
18. Allegretto 7:42
19. Adagio, Largo 14:28
20. Allegretto 3:38
21. Adagio,Allegretto 13:50

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BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte II

Dois Avisos

1. Andei relendo uns textos que escrevi (eu, P.Q.P. Bach) e fiz a correção de várias atrocidades ao idioma. A maior parte dos erros era de digitação. Não conheço blog que tenha revisão; então, se vocês encontrarem erros, podem denunciar. Não me ofendo, até gosto, pois gosto ainda mais das coisas corretinhas. Porém, como disse, blogs não têm revisão e a gente erra mesmo!

2. O hospedeiro deste blog está passando por instabilidades e será trocado. Muitos de vocês devem ter notado que o PQP some às vezes. Acho que ele deverá sumir por um período talvez mais longo nos próximos dias, coisa de um a dois dias. Quando voltar, voltará de forma mais estável. Em termos de acesso, nada mudará.

George Frideric Handel – Concerti Grossi op. 6 nºs 1, 2, 3, 4 e 5

FDP Bach volta ao barroco, trazendo mais um volume da integral dos Concerti Grossi de Handel, com a interpretação de Karl Richter e sua Münchener Bach-Orchestra. Como prometido, estarei postando em média um cd por mês dessa integral composta por 4 cds.

Enjoy it.  

Então, vamos ao que interessa:

George Frideric Handel –  Concerti Grossi op. 6 nºs 1, 2, 3, 4 e 5 

 Concerto grosso in G, Op.6, No.1
 
1    1. A tempo giusto 
2    2. Allegro
3    3. Adagio  
4    4. Allegro
5    5. Allegro
 
Concerto grosso in F, Op.6, No.2
 
6    1. Andante larghetto   
7    2. Allegro  
8    3. Largo – Adagio – Larghetto andante, e piano  
9    4. Allegro, ma non troppo 
 
Concerto grosso in E minor, Op.6, No.3
 
10    1. Larghetto
11    2. Andante
12    3. Allegro
13    4. Polonaise  
14    5. Allegro, ma non troppo
 
Concerto grosso in A minor, Op.6, No.4
 
15    1. Larghetto affettuoso
16    2. Allegro
17    3. Largo, e piano
18    4. Allegro [2:50]
 
Concerto grosso in D, Op.6, No.5
 
19    1. (Larghetto, e staccato)
20    2. Allegro
21    3. Presto   
22    4. Largo
23    5. Allegro
24    6. Menuet (un poco larghetto)
 

Münchener Bach Orchestra

Gerhart Hetzel, Kurt-Christian Stier, Fritz Kiskalt, Hedwig Bilgram – solistas

Münchener Bach-Orchester

Karl Richter

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Josquin des Prés (1440-1521) – Missa Hercules dux Ferrariae

Confesso ter me apaixonado por este disco mais devido ao trabalho impecável do time de músicos que participam da gravação do que pelas obras interpretadas. Des Prés é um precursor da música francesa e, como tal, acerta de forma espetacular assim como erra bisonhamente, mas sempre mantendo um ar blasé. Talvez eu esteja sendo injusto com Desprez, porém aqui há falta de unidade. Há movimentos belíssimos ao lado de coisas para cumprir carnê. A missa é um carnê, não? Bom, vou parar por aqui. Tenho receio de que Clara Schumann fique muito indignada comigo.

Ah, CD de som espetacular. Aumente o volume!

Josquin des Prés – Missa Hercules Dux Ferrariae

A Sei Voci – Maitrise Notre-Dame de Paris – Les Saqueboutiers de Toulouse –
Ensemble Labyrinthes

Year: 1996
Style: Sacred music
Country: France

TrackList:

01 – Josquin Desprez – Deus, In Nomine tuo salvum me fac
02 – Johannes Martini – Perfunde coeli rore

Josquin Desprez: Missa Hercules Dux Ferrariae:
03 – Josquin Desprez – Introit
04 – Josquin Desprez – Kyrie, Christe, Kyrie
05 – Josquin Desprez – Gloria
06 – Josquin Desprez – Credo
07 – Josquin Desprez – Sanctus, Benedictus
08 – Josquin Desprez – Agnus Dei

09 – Josquin Desprez – Inviolata, integra, et casta es, Maria
10 – Josquin Desprez – Miserere mei, Deus
11 – Eneas Dupre – Chi a martello dio gl’il toglia

A Sei Voci:
Raoul Le Chenadec – countertenor
Thierry Brehu – tenor
Eric Gruchet – tenor
James Gowings – baritone
Didier Bolay – bass

Maitrise Notre-Dame de Paris:
William Anger, Ambroise Audoin-Rouseau, Raphael Audoin-Rouseau,
Benjamin Limonet, Raphael Mas, Francois-Xavier Casadavant – treble
Aino Lund, Marie-Pierre Wattiez, Valerie Rio, Cyprile Meier,
Mathilde Ambrois – soprano
Andres Rojas Urrego, Cecile Pilorger, Helene Bordes – alto
Pascal Lefebvre, Christophe Poncet, Marc Manodritta, Nicolas Maire – tenor
Eric Lavoipierre, Robert Labrosse, Emmanuel Bouquey, Emmanuel Vistorky,
Serge Schoonbroodt – bass

Les Saqueboutiers de Toulouse:
Jean-Pierre Canihac – cornett
Daniel Lassalle, Stefan Legee – sackbut
Thierry Durant – bass sackbut
Gisele David – percussions

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Anton Bruckner (1824-1896) – Final da Integral das Sinfonias – Sinfonias Nros. 8 e 9

Fechamos as sinfonias de Bruckner com gravações clássicas de Eugen Jochum e com o excelente artigo escrito por Luís Antônio Giron quando do centenário de morte do compositor, ocorrido há 11 anos. Vale a pena ler:

Anton Bruckner ganha celebração incógnita

Um ancião de aparência insignificante passa a manhã de domingo de 11 de outubro de 1896 às voltas com papéis. Venta muito em Viena. Ele se sente mal e se deita. Sua governanta, Kathi, lhe traz uma xícara de chá. Sorve o líquido com satisfação e pede mais um pouco. Kathi vai buscar o chá na cozinha. Quando volta, encontra o velho com a cabeça pendida para o lado. Assim morreu Anton Bruckner, aos 72 anos de idade, de pneumonia. Aquela manhã ele havia consumido ao piano a fim de retocar o “Finale” de sua “Nona Sinfonia, em Ré Menor”. Não completou o trabalho. As comemorações do centenário do acontecimento calham à banalidade que caracterizou sua vida. Talvez a monumentalidade de sua escritura nada tenha a ver com um mero século.

O centenário passa quase incógnito para um dos grandes mestres da sinfonia. Foi lembrado somente em Linz, onde trabalhou boa parte de sua vida como mestre-de-capela e organista da catedral da cidade. Realizou-se há um mês o Festival Bruckner, com execuções das dez sinfonias (há uma sinfonia “0”, desprezada pelo compositor) e algumas de suas sete missas, além do”Quarteto de Cordas em Fá Maior”, uma das raras peças de câmara que criou. O regente francês Pierre Boulez fez pela primeira vez uma obra do compositor. Regeu a “Sétima”, à frente da Orquestra Filarmônica de Viena. “Nós, franceses, nos acostumamos a desprezar Bruckner”, diz Boulez. “É uma obra que integra o patrimônio orquestral germânico”. As flutuações agógicas de Bruckner pouco têm a ver com a síntese bouleziana, herdada de outro Anton, Webern. O ritmo e os andamentos nas sinfonias brucknerianas se movem por ondas de indeterminação, prolongando-se ao infinito. A “Oitava, em Dó Menor”, por exemplo, dura quase 90 minutos. O dobro deste tempo é o que leva para ser executada a obra completa de Webern.

Bruckner se presta a esse tipo de paradoxo. Começou a compor aos 41 anos, idade em que Mozart, Schubert ou Pergolesi não alcançaram nem de longe. Ignorante e carola, pouco evoluiu em relação à mentalidade de sua aldeia natal, Ansfelden, na Alta-Áustria. Quase sem sair dela, amplificou a orquestra e alongou a forma sinfônica a escalas sobre-humanas, preparando o terreno para as alucinações apocalípticas de Gustav Mahler. Introduziu a técnica do leitmotiv e a instrumentação de Richard Wagner na sinfonia. Um dos traços de suas sinfonias é a utilização enfática da tuba wagneriana, maior e mais potente do que a normal. Assinou as passagens mais longas e vagarosas da história da música. Pretendeu, desse modo, inserir a melodia infinita wagneriana nas grandes formas do discurso sinfônico. Sua música envereda pela dízima periódica dos andamentos. Há adágios, como o da “Sinfonia número 7, em Mi Maior”, que parecem fermatas instaladas na música para indicar a eternidade.

O católico praticante forjou harmonias tão ousadas para a época, que alunos e editores trataram de revisar as partituras. Bruckner aceitou as alterações e se encarregam de algumas delas no fim da vida. Daí até hoje existirem controvérsias quanto à execução. Elas se expressam nas duas grandes edições de obras completas de Bruckner existentes: a “Gesamtausgabe” (Edição Completa), organizada por L. Nowak, contém versões “corrigidas” e com cortes; a “Sämtliche Werke” (Obras Completas), organizada por R. Haas, afirma seguir fielmente os manuscritos. Quem quiser apreciar a produção de Bruckner em sua inteireza deve prestar atenção a tais detalhes. Há gravações no mercado baseadas nas duas versões. Hoje em dia, porém, os maestros pesquisam nos originais para executar as obras, mencionando sempre o fato nos programas de concerto e livretos de CDs. Bruckner demorou muito para ser executado. Ganhou estima de público depois da Primeira Guerra, por iniciativa dos maestros wagnerianos Bruno Walter (1876-1962) e Hans Knappertsbusch (1888-1965) e Wilhelm Furtwängler (1886-1954). Este, aliás, quis seguir a carreira de compositor como herdeiro direto do mestre de Linz.

Literalmente Bruckner beijou os pés de Wagner, mas guardou para si o pior dos orgulhos, o dos que se vêem como gênios e agem com obstinação imbatível. Num dos acessos de megalomania que lhe nasciam da vida medíocre, Bruckner escreveu a um amigo: “Aconteceu comigo o que aconteceu a Beethoven; ele também não foi entendido pelos imbecis”.

Sua formação como compositor foi autodidata. Aprendeu órgão com o pai, músico amador e mestre-escola. No início da vida adulta, Bruckner ensinou em escolas de vilarejos, até ser admitido como aluno e mais tarde organista da abadia de St. Florian. Ali tomou contato com a música de Palestrina, Antonio Caldara, Johann Sebastian Bach, Haydn e Mozart. Nos dois últimos baseou-se para escrever suas primeiras obras, “Requiem em em Ré Bemol” e a. “Missa Solemnins em Si Bemol”. Até então escrevia como um atrasado da província. Em 1863, porém, fez-se a luz. O organista assistiu à première da ópera “Tannhäuser”, de Wagner, em Linz, em fevereiro de 1863. Dois anos depois assistiu à estréia de “Tristão e Isolda” em Munique. Conheceu Wagner pessoalmente e se assumiu como wagnerista.

Em 1868 mudou-se para Viena para trabalhar como professer de harmonia, contraponto e órgão no Conservatório. De 1871 até a morte, dedicou-se a escrever sinfonias. Teve poucos amores, não se casou. Para conquistar uma mulher, oferecia-lhe missais. Não teve sucesso com nenhuma. Em 1873 visitou Bayreuth, ainda em construção. Os cronistas da época o retratam em caricatura como um bajulador, sempre pronto a se auto-humilhar. Ao fim dos concertos, entregava moedas de ouro ao maestro que se saía bem em suas sinfonias. Em Bayreuth, sobraçava uma casaca, para vesti-la toda vez que topasse com Wagner. Então se inclinava e fazia rapapés. Havia enviado ao guru a partitura de sua “Terceira Sinfonia, em Ré Menor”, a ele dedicada, e queria ouvir-lhe a opinião. A mulher de Wagner, Cosima, queria impedir o encontro. Mas Wagner finalmente o recebeu na mansão de Wahnfried. “Sua sinfonia é uma obra-prima”, disse, segundo contou depois Bruckner. “Estou muito honrado de aceitar a dedicatória”. Bruckner, segundo ele próprio, não pôde conter as lágrimas.

Wagner passou a lutar pela execução das obras de Bruckner. Seu papado, entretanto, não compreendia Viena. Ali ditava as normas do gosto o inimigo número um do pontífice de Bayreuth, o crítico Eduard Hanslick (1825-1904). Formalista, Hanslick refutava a música do futuro wagneriana por considerá-la excessivamente expressiva. Defendia a música de Brahms e considerava Bruckner o representante de Wagner em Viena. “A expressão dos sentimentos não constitui o conteúdo da música”, escreveu oi crítico. Ora, era tudo o que não pensava Wagner e, por extensão natural, Bruckner. Por influência de Hanslick, a Filarmônica de Viena recusou-se a executar uma a uma sinfonia que Bruckner lhe apresentava. A primeira chamaram de “desvairada” e assim por diante. As apresentações dessas partituras colecionaram desastres.

Wagner morreu em 1883 e Bruckner parecia despontar para o anonimato aos 60 anos de idade. Envolvido pelo luto, escreveu a “Sétima Sinfonia”. O maestro Arthur Nikish (1855-1922), antigo violinista da Filarmônica de Viena, decidiu executá-la no Teatro Municipal de Leipzig, do qual era diretor artístico. A estréia, em 30 de dezembro de 1884, colocou Bruckner no mapa musical. Aos 60 anos, foi comparado a Beethoven e Liszt. A “Sétima” sintetizava as linguagens de Beethoven e Wagner e é a obra mais conhecida do compositor.. Até então, a forma-sonata em sinfonia compreendia duas áreas tonais. Bruckner adotou uma terceira. Os desenvolvimento dos temas da obra são tempestuosos e erram por modulações estranhas. As melodias cromáticas dão saltos de sétima, quinta e sexta. Nascem do silêncio para aos poucos se elevarem em “tutti” desenhados monumentalmente por cordas, oito trompas, três trompetes, três trombones e cinco tubas. A “Sétima” foi a única fatia de glória que recebeu em vida.

As obras orquestrais de Bruckner formam estruturas achatadas, interrompidas vez por outro por terremotos de semicolcheias, tocados por metais e hachurados por cordas agitadas. À maneira de Mahler, Bruckner compôs os mundos excêntricos onde quis viver. Habitou sinfonias que lembram planícies pedregosas e vincadas de precipícios. Dedicou a úiltima sinfonia “ad majorem Dei gloriam” (para a maior glória de Deus) e autografou o tema final do Adagio (“muito lento e solene”) com a expressão “Abschied vom Leben” (Adeus à Vida). As tubas realizam um coral cromático sustentada pelos violinos. Tudo soa coerente.

A obra do mestre-escola de Linz deve ser compreendida pela grandiloqüência dos saltos abruptos de intervalos, harmonias e dinâmicas. É um planeta único, para muitos irrespirável, mas sem o qual não é possível entende a tradição sinfônica vienense que começa em Haydn, progride por Beethoven e Schubert e se encerra nas hipérboles de Mahler. O humilde Bruckner produz a culminância do gênero. Com ele, a sinfonia refuta a voz humana e o programa extramusical, como a virar pelo avesso a “obra de arte total” (Gesamtkunstwerk”) de Wagner. Torna-se conceito indefinido. Tinha razão. Os imbecis vão continuar sem entendê-lo.

Luís Antônio Giron

Symphony No. 9 em Ré Menor de Anton Bruckner (Ed. Nowak)
com a Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera
Direção de Eugen Jochum

Symphony No. 8 em Dó Menor de Anton Bruckner (Ed. Haas)
com Orquestra Filarmônica de Hamburgo
Direção de Eugen Jochum

Disc: 1
1. Symphonie Nr. 9 d-moll: 1. Feuerlich, misterioso
2. Symphonie Nr. 9 d-moll: 2. Scherzo. Bewegr, lebhaft – Trio, Schnell
3. Symphonie Nr. 9 d-moll: 3. Adagio. Langsam, feierlich
4. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 1. Allegro moderato

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte 1

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – Parte 2

Disc: 2
1. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 2. Scherzo. Allegro moderato
2. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 3. Adagio. Feierlich langsam, doch nicht schleppend
3. Symphonie Nr. 8 In C Minor: 4. Finale. Feierlich nicht schnell

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Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893) – Sinfonia Manfred, op. 58

A colaboração de nossos leitores / ouvintes para a manutenção e inspiração deste blog tem sido significativa. Nosso colega que assina como “exigente” gentilmente subiu para o badongo e nos cedeu o link da Manfred Symphony, de Tchaikovsky, versão do próprio Mariss Jansons, e que nos permite concluir o ciclo das sinfonias do mestre russo com esse excepcional regente. Explico para o “exigente” que re-upei a mesma para o rapidshare para podermos ter um melhor controle do número de nossos downloads. Mas fica aqui o agradecimento pela gentileza.

 Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893) – Sinfonia Manfred, op. 58

  1. Manfred Symphony, Op. 58: I. Lento lugubre

2. Manfred Symphony, Op. 58: II. Vivace con spirito

3. Manfred Symphony, Op. 58: III. Andante con moto

4. Manfred Symphony, Op. 58: IV. Allegro con fuoco

Oslo Philarmonic Ochestra

Mariss Jansons – Director

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Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Missa em Si Menor (versão de Gustav Leonhardt)

Fragmento retirado do blog de Milton Ribeiro:

Tenho ouvido a Missa desde minha adolescência e parece-me que sempre descubro nela um detalhe a mais, um novo encanto. Voltei a ouvi-la ontem. Coloquei o CD duplo da gravação de Gustav Leonhardt e, por quase duas horas, acreditei em Deus. A noção de divindade sempre evitou este cético que vos escreve, mas, como afirmou o também descrente Ingmar Bergman, é impossível ignorar que Bach (1685-1750) nos convence do contrário através de sua arte perfeita.

A grandeza da Missa não é casual. Bach escreveu-a em 1733 (revisou-a em 1749) com a intenção de que ela fosse uma obra ecumênica. Seria a coroação de sua carreira de compositor sacro. Suas outras obras sacras (Missas, Oratórios, Paixões, Cantatas, etc.) foram sempre compostas em alemão e apresentadas em igrejas luteranas, porém na Missa Bach usa o latim que, em sua opinião, seria mais cosmopolita e poderia trafegar entre outras religiões, principalmente a católica. O texto utilizado não foi o das missas de sua época, é mais antigo e inclui alguns versos retirados após a Reforma, como o significativo Unam sanctam Catholicam et apostolicam Ecclesiam, que é cantado no Credo. É como se Bach pretendesse demonstrar a possibilidade de entendimento entre católicos e protestantes. Curiosamente, esta obra tão profundamente erudita e religiosa, é hoje mais apresentada em salas de concertos do que em igrejas, pois suas necessidades de tempo (105 a 120 minutos) e de grupo de executantes são maiores do que as igrejas normalmente dispõem. Não obstante este problema, Bach consegue transformar tanto as salas de concerto quanto nossas casas em locais de devoção – musical ou religiosa.

Desde os anos 70, comprei algumas gravações da Missa. Comecei por uma que não recomendo a ninguém, a de Karl Richter (3 LPs) com a Orquestra e Coro Bach de Munique. Sem dúvida é o registro mais pesado que possuo da Missa e também o mais remendado, patchy. A orquestra utilizada por Richter é maior que a dos padrões barrocos e, para fazer frente a isto, o coral teve de ser multiplicado. Há enorme intensidade dramática nos tutti, porém, nos trechos mais camarísticos, apesar de sublimes, ficamos nos perguntando para onde foi toda aquela gente. É uma gravação maníaco-depressiva, é capaz de passar da mais louca alegria à expressão mais triste e íntima em segundos. Não gosto.

Minha segunda experiência foi com Andrew Parrott (Solisten des Tölzer Knabenchors e Taverner Consort & Players). Depois da multidão, fui para uma gravação que envolve um contingente mínimo de cantores e instrumentistas. Parrot é um dos precursores da execução de músicas com instrumentos originais. Em minha opinião, esta tese é correta; devemos ouvir preferencialmente o que o compositor ouvia, mas talvez Parrott exagere. Como Bach dava liberdade a que se executassem suas músicas com grupos maiores ou menores, Parrott não o contraria, mas torna seu registro indigente. Não fosse a extraordinária qualidade dos cantores, teria fracassado. Durante este período, sonhava com o meio termo entre Richter e Parrott, entre o faraônico e o indigente. A solução apareceu com Helen Osório e os holandeses. Quem é Helen Osório? Ora, é uma amiga que, um belo dia, emprestou-me sua gravação da Missa sob a regência de Gustav Leonhardt. Quando a ouvi, pensei: aí está. Esta deve ser a melhor de todas as gravações da Missa. Fui ler as principais publicações e minha impressão foi confirmada. Leonhardt, que é holandês, convidou outros da orquestra de câmara La Petite Bande e do Collegium Musicum e conseguiu nos enviar sem escalas ao coração de Bach. Deve ser mais fácil fazer uma gravação melhor depois de ouvir as mancadas dos antecessores; diria até que há ecos do melhor de Richter, Parrott e Harnoncourt em seu registro, mas há muito de mérito próprio. Leonhardt é difícil de superar.

E um comentário aparecido no mesmo blog, escrito por alguém apaixonado e que sabe muito bem do que fala:

Milton. Tens razão (ou quase) do que dizes sobre a Missa do Deus Homem ou do Homem Deus. Ai, Bach, Bach, nestes dias conturbados que passo tenho-te a ti. Olho para o quadro dele que tenho na minha sala de estar e respiro melhor. És o apogeu da Humanidade agora e sempre, hoje e daqui a bilhões de anos se este planeta existir. Jamais haverá outro. Dois Bachs são demais para o Mundo, para a decadente raça humana. Eu tenho pena de morrer (lembra-te do tema) e não poder ouvir a tua musica. Se eu pudesse me levantar da campa de dez em dez anos por duas horas e meia (o tempo da Paixão de S.Mateus) não me importava de morrer já. E já que falo na Paixão de S.Mateus, a do Leonhardt (o pai dos outros todos) é a melhor, ou a de que eu gosto mais. Voltando à Missa… A do Leonhardt, como a ti, também é um disco que me tem acompanhado ao longo da minha vida, também era um dos discos que levava para a ilha deserta. A do Gardiner não, dispenso (É aqui que está o quase). Grande interpretação e uma das referências, sem duvida, a de Phillippe Herreweghe (e uma qualidade de som soberba). A de Masaaki Suzuki da Bis é outra a ouvir e a comprar. Com coro de crianças aconselho também uma boa interpretação de Robert King com a Tolzer Knabenchor da Hyperion.

E é melhor parar por aqui que se eu começo a escrever sobre Ele nunca mais paro. Prefiro ouvi-lo, o que faço religiosamente todos os dias. TODOS OS DIAS. No bom sentido ela é viciante, inebriante, comovente e arrasadora. Ao ouvir as suas grandes obras, deitado de olhos fechados, tenho a sensação que pela primeira vez e única alguém atingiu a perfeição. A sua obra desfaz-me em pedaços, arrasa-me, emagreço, tira-me a dor de dentes e da alma. Sinto-me um anão e ao mesmo tempo um gigante (por o ouvir).

Ai, Bach, Bach… E eu vou morrer um dia!
Cumprimentos

Missa em Si Menor, BWV 232, de Johann Sebastian Bach

Gustav Leonhardt (Conductor),
La Petite Bande (Orchestra),
Collegium Musicum Van de Nederlandse Bachvereniging,
Harry van der Kamp,
Max van Egmond,
Guillemette Laurens,
Isabelle Poulenard,
John Elwes.

CD1

1-01 Missa: Kyrie: Kyrie eleison
1-02 Missa: Kyrie: Christe eleison
1-03 Missa: Kyrie: Kyrie eleison
1-04 Missa: Gloria: Gloria in excelsis Deo
1-05 Et in terra pax
1-06 Missa: Gloria: Laudamus te
1-07 Missa: Gloria: Gratias agimus tibi
1-08 Missa: Gloria: Domine Deus
1-09 Missa: Gloria: Qui tollis
1-10 Missa: Gloria: Qui Sedes
1-11 Missa: Gloria: Quoniam tu solus
1-12 Missa: Gloria: Cum Sancto Spiritu

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CD2

2-01 Symbolum Nicenum: Credo: Credo in unum Deum
2-02 Symbolum Nicenum: Credo: Patrem omnipotentem
2-03 Symbolum Nicenum: Credo: Et in unum Dominum
2-04 Symbolum Nicenum: Credo: Et incarnatus est
2-05 Symbolum Nicenum: Credo: Crucifixus
2-06 Symbolum Nicenum: Credo: Et resurrexit
2-07 Symbolum Nicenum: Credo: Et in Spiritum
2-08 Symbolum Nicenum: Credo: Confiteor
2-09 Symbolum Nicenum: Credo: Ex expecto
2-10 Sanctus: Sanctus
2-11 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Osanna
2-12 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem Benedictus
2-13 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Osanna
2-14 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Agnus Dei
2-15 Osanna, Benedictus, Agnus Dei et Dona nobis pacem: Dona nobis pacem

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