Um CD barulhento de peças avulsas, famosas e populares de compositores russos. O incrível é que eu estava fazendo o almoço quando coloquei o CD para tocar bem alto. Quando chegou o momento do primeiro canhão o amplificador fez PUM (de canhão, não dos intestinos do genocida) e desligou totalmente. Foi demais pra ele. Talvez a vibração, sei lá. Botei o CD novamente para rodar e o aparelho suportou o ataque. Aqui temos interpretações muito boas de coisas muito ouvidas. Sou totalmente apaixonado pela “Grande Páscoa Russa” e posso garantir que Neeme Järvi e seus sinfônicos de Gotemburgo foram dignos da obra, assim como das outras. Cuidem-se com os canhões! Não vão ficar surdos tá?
Tchaikovsky / Borodin / Rimsky-Korsakov: Abertura 1812 e Marcha Eslava / Nas Estepes da Ásia Central e Danças Polovtsianas / A Grande Páscoa Russa e Capricho Espanhol (Neeme Järvi)
PETER TCHAIKOVSKY
1 Overture Solennelle “1812” Op.49
Bells – Churchbells Of Gothenburg
Brass – Gothenburg Symphony Brass Band
Chorus – Gothenburg Symphony Chorus
Chorus Master – Ove Gotting
Percussion [Cannon] – Gothenburg Artillery Division
16:18
2 Marche Slave Op.31 9:39
ALEXANDER BORODIN
3 In The Steppes Of Central Asia 7:21
Polovtsian Dances (From The Opera “Prince Igor”)
Bass Vocals [Khan Konchak] – Torgny Sporsén
Chorus – Gothenburg Symphony Chorus
Chorus Master – Ove Gotting
(11:24)
4.1 Flowing Dance Of The Polovtsian Maidens
4.2 Men’s Dance
4.3a General Dance
4.3b Dance Of The Polovtsian Slaves
4.4a Young Men’s Dance
4.4b Men’s Dance
4.5a Flowing Dance Of The Polovtsian Maidens
4.5b Slow Dance Of The Maidens; Fast Dance Of The Young Men
4.6a Young Men’s Dance
4.6b Men’s Dance
4.7 General Dance
N. RIMSKY-KORSAKOV
5 Russian Easter Festival Overture Op.36 (On Liturgical Themes For Large Orchestra) 14:53
Capriccio Espagnol Op.34 (15:48)
6.1 Alborada: Vivo E Strepitoso – Attacca
6.2 Variazioni: Andante Con Moto – Attacca
6.3 Alborada: Vivo E Strepitoso – Attacca
6.4 Scena E Canto Gitano: Allegretto – Attacca
6.5 Fandango Asturiano
Fim de domingo aqui, muito calor e praia lotada. Eu sigo com algumas atribulações, mesmo assim prossegui um pouco mais com a leitura do ótimo Noites das mil e uma noites, de Naguib Mahfouz.
Aladim tornou-se discípulo do sheik Abdala, casou-se com Zubaida, a linda filha do sheik, que toca alaúde e tem voz maviosa. Tanta fortuna certamente traria inveja aos corações dos outros pretendentes e Aladim acaba acusado de roubo de joias e de meter-se com os karijitas. Estou ansioso para saber como ele se safará dessas enrascadas.
Enquanto isso, decidi ouvir Rimsky-Korsakov, Sheherazade (ou Scherazade, na grafia do livro). Saí em busca de uma gravação porreta! É claro, há essa aqui, muito boa, mas eu queria novidades (ou mesmo velhidades, desde que ótimas). Andei às voltas com Reiner (ótimo), Markevitch e o bamba do Kondrashin, mas acabei mesmo aqui, Kirov Orchestra e Valery Gergiev. A capa é espetacular, como tudo o mais, Sheherazade sedutora como nunca, segundo os músicos russos, que exibem e esbaldam talento. Até os contrapesos são atrativos. São eles, o poema sinfônico Nas estepes da Ásia Central, de Borodin, e uma orquestração de Islamey, a peça mais quebra-dedos do repertório de piano até a chegada do Gaspard de la nuit, do Ravel. Enfim, um disco das Arábias!
Nikolay Rimsky Korsakov (1844 – 1908)
Scheherazade, Op. 35
The Sea and Sinbad’s Ship
The Story of the Calender Prince
The Young Prince and the Young Princess
Festival at Bagdad – The Sea – The Shipwreck
Alexander Borodin (1833 – 1887)
In the Steppes of Central Asia
In the Steppes of Central Asia
Mily Balakirev (1837 – 1910)
Islamey – Oriental Fantasy (Orch. Lyapunov)
Islamey
Sergei Levitin (violin)
Mariinsky (Kirov) Orchestra
Valéry Gergiev
Recorded: 2001-11
Recording Venue: Mariinsky Theatre, St. Petersburg
Trecho da crítica na Gramophone: The virtuosity of the St Petersburg soloists is also a ready match for even that of the Chicago Symphony Orchestra in its heyday, whether woodwind, brass or strings, with an edge-of-seat tension conveyed, particularly when Gergiev opts for challengingly fast speeds in the climactic passages of the second and fourth movements.
Da BBC Music Magazine: [Gergiev] bring[s] out Rimsky’s crystalline solo textures, such as the passages for solo cello, horn and woodwinds in the first movement. And if tempos are slow in the first three movements, Gergiev makes up for lost time in the fiery, bristling fourth, which becomes a tour-de-force for an orchestra clearly at the height of its powers
Veja o artigo Valery Gergiev and the Nightmare of Music Under Putin no link , caso seja de seu interesse.
Aproveite!
René Denon
Prestativos como sempre, o pessoal do Departamento de Artes do PQP Bach Publishing House logo providenciou uma ilustração ao perceber o nome Aladin no texto
Umas das características da música russa é um certo elemento fantástico, de mitos e seres lendários, folclóricos. Isso está presente na primeira peça do disco, também pioneira nesse gênero por lá – Uma Noite no Monte Calvo – que saiu da mente imaginosa de Mussorgsky. Mas, teve que esperar a intervenção (e orquestração) de Rimsky-Korsakov para se firmar no repertório. Tornou-se tão popular que fez parte, em 1940, do filme Fantasia, de Walt Disney.
Outra característica da música russa é a orquestração requintada, um pouco exótica, arte que certamente deve bastante ao já mencionado Rimsky-Korsakov, compositor de duas outras peças do disco, justamente famosas – favoritas do público. A Abertura da Páscoa Russa e o Capricho Espanhol são figurinhas carimbadas em concertos de viés mais popular e justamente, pois encantam pela riqueza das melodias e dos timbres orquestrais.
A quarta faixa do disco, assim como a faixa bônus, as Danças Polovitsianas e Nas Estepes da Ásia Central, são composições de Borodin, outra figura importante da música russa. Eu incluí essa última composição por ser uma das minhas preferidas, desde sempre.
É interessante como esses dois compositores que tanto contribuíram para a música russa tiveram vida profissional dupla. Rimsky-Korsakov foi membro da Marinha Imperial Russa, seguindo a tradição familiar, e Borodin, além de músico, foi médico e químico atuante.
Gennady deu uma passadinha na redação do PQP Bach Press para um chá e um papinho…
Quanto aos intérpretes, o dito nas entrelinhas dos memorandos aqui na repartição é que, para música russa, o melhor é intérprete russo! Assim, para a postagem escolhi um disco que cumprisse, pelo menos em parte, o adágio local. Gennady Rozhdestvensky rege uma orquestra que não é russa, mas é espetacular e conhece o repertório como poucas, dada sua relação com músicos e compositores russos. O disco foi gravado no início da década de 1970, mas tem um produção excelente e é espetacular, a começar pela capa…
Veja a descrição do estilo do maestro: Rozhdestvensky foi considerado um maestro versátil e um músico altamente culto com uma técnica flexível. Ao moldar as suas interpretações, dava uma ideia clara dos contornos estruturais e do conteúdo emocional da peça, combinados com um estilo performático que fundiu lógica, intuição e espontaneidade.
A faixa extra é uma gravação de outra estirpe, Leonard Slatkin regendo a Orquestra de Saint Louis, conjunto e maestro que se conhecem como ninguém.
Eu adoro essa peça, a caravana surgindo no horizonte e passando até se perder de vista novamente. Veja a descrição deixada pelo próprio compositor: No silêncio das monótonas estepes da Ásia Central ouve-se o som desconhecido de uma pacífica canção russa. Ao longe ouvimos a aproximação de cavalos e camelos e as notas bizarras e melancólicas de uma melodia oriental. Uma caravana se aproxima, escoltada por soldados russos, e segue em segurança seu caminho pelo imenso deserto. Ele desaparece lentamente. As notas das melodias russas e asiáticas unem-se numa harmonia comum, que se extingue à medida que a caravana desaparece ao longe.
Modest Mussorgsky (1839 – 1881)
A Night On Bare Mountain (orquestração de Rimsky-Korsakov)
Alexander Borordin (1833 – 1887)
Polovtsian Dances From “Prince Igor”, Act 2 (Orquestração de Rimsky-Korsakov & Glazunov)
Seção ‘The Book is on the Table’: Gennadi Rozhdestvensky is the son of two famous musicians. He received his musical education at the Moscow Conservatoire, studying conducting with his father and piano with Lev Oborin. While still a student there, he made his debut at the age of twenty in Tchaikovsky’s Sleeping Beauty at the Bolshoi Theatre. By the time he graduated he was already well known as a conductor both in the USSR and abroad.
José Eduardo D’Elboux é um pequepiano. Volta e meia ele comenta algum post, está sempre por aí. Há poucos anos, ele me mandou este CD que eu ouvi e deixei de lado por estar passando uma fase meio anti-rock progressivo. Mas hoje o peguei gostei muito do que ouvi. Os clientes da LivrariaBamboletras (2 links) também. As pergutavam o que era aquilo e o José Eduardo ficaria feliz porque um deles perguntou se era o ELP. Achei ótimo e muito divertido. Ele é dividido em duas partes: a primeira composta por D’Elboux sozinho ou com parceiros e a segunda com arranjos de eruditos de outrem ou par D’Elboux.
Como disse, às vezes, D’Elboux soa muito como o grupo que mais admira, o Emerson, Lake & Palmer, mas sua voz natural me parece mais tranquila do que com a fúria habitual dos ingleses. Gostei muito dos arranjos de eruditos. Seu Coriolano e o início da Sinfonia Nº 4, Romântica, de Bruckner, ficaram excelentes, assim como a Toccata e Fuga em Ré Menor, BWV 565, de Bach.
D’Elboux fez sua vida como engenheiro. Foi uma opção consciente. “Especialmente no Brasil, onde o tipo de música que gosto é pouco divulgada, preferi ter uma carreira como profissional de engenharia (o que também gosto) e levar o lado musical como hobby – mas fazendo exatamente o que eu queria em Música, sem concessões, uma vez que não iria depender financeiramente disso. (…) Foi minha “cabeça-dura”, de insistir no que acredito, que fez, desde meu início em 1982 com as primeiras tentativas de bandas, até formar o Tau Ceti em 1988 (cuja semente já estava em minha banda anterior, o Antares, de 1985), e lançar o primeiro álbum em 1995… Depois de um longo tempo parado, retomando a Música ainda insisti e lancei mais um álbum em 2019, mais de 20 anos depois do primeiro. E, neste, já sem outros músicos que topassem a empreitada, fiz um álbum solo onde me responsabilizei por tudo, desde composições e tocar os teclados, como programar os demais instrumentos, arranjos, produção, etc.”.
Para quem chegou da Lua ontem, o rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um gênero que se desenvolveu na Inglaterra e nos EUA em meados da década de 1960, atingindo o pico no início da década de 1970. O estilo foi uma consequência das bandas psicodélicas que abandonaram as tradições padrão em favor de instrumentação e técnicas de composição mais frequentemente associadas ao jazz ou à música clássica. Elementos adicionais contribuíram para o rótulo de “progressivo”: as letras eram mais poéticas, a tecnologia era aproveitada para novos sons, a música se aproximava da condição de “arte” e o estúdio, mais do que o palco, tornou-se o foco da atividade musical, que muitas vezes envolvia criar música para ouvir em vez de dançar.
.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos
Parte 1 — Mundo Prog
1. Prelúdio para Sintetizador (D’Elboux) 1:23
2. D’Elboux is on the Table (D’Elboux) 3:17
3. Boto (D’Elboux / Iantorno) 2:21
4. Tempestades Noturnas (D’Elboux / Cesarino) 2:52
5. Reflexões Ectoplasmáticas (D’Elboux) 4:55
6. Prelúdio-Improviso para Piano (D’Elboux) 5:16
Com sua riqueza de temas marcantes, ricamente melódicos e sua estrutura dramática original, a Segunda Sinfonia de Borodin deveria ser uma das sinfonias russas mais populares. Mas não é. Vá entender. As sinfonias de Borodin são criaturas estranhas, pois soam espontâneas e belas mas, ainda assim, não decolam realmente. Em outras palavras, muitas vezes soam como se fossem suítes. Há várias versões excelentes da No.2, como a de Kubelik, só que elas realmente não me convenciam de que esta fosse uma sinfonia de primeira linha. Esta versão de Ashkenazy é uma das poucas que torna essa música ótima.
A primeira sinfonia é apenas OK. O final é uma peça dançante alegre que soa polovistiana e que conquistou a admiração de Liszt.
A segunda, como disse, é muito mais conhecida e Ashkenazy consegue fazer com que pareça nova. O tema de abertura do primeiro movimento é o grande teste para mim. Ashkenazy realmente deixa rolar, dando-lhe naturalidade. Soa rico e portentoso. Cada momento soa bem para meus ouvidos. O delicioso Scherzo está sensacional. Em suma, uma boa interpretação dos dons líricos e sinfônicos de Borodin. Mesmo se você tiver muitas gravações da segunda, adicione esta à pilha – e você esquecerá rapidamente a maioria das outras. Ah – temos aqui uma ótima versão de Nas Estepes da Ásia Central também.
Alexandr Borodin (1833-1887): Symphonies 1 & 2, In The Steppes Of Central Asia (RPO, Ashkenazy)
1 In Central Asia 7:02
Symphony No. 1 In E Flat Major
2 I Adagio – Allegro – Andantino 13:01
3 II Scherzo: Presto – Trio: Allegro 6:56
4 III Andante 8:00
5 IV Allegro Molto Vivo 7:04
Symphony No. 2 In B Minor
6 I Allegro 7:03
7 II Scherzo: Prestissimo – Trio: Allegretto 5:07
8 III Andante 8:48
9 IV Finale: Allegro 5:59
Composed By – Alexander Borodin
Conductor – Vladimir Ashkenazy
Orchestra – The Royal Philharmonic Orchestra
Uma gravação ao vivo e sem retoques do Borodin durante uma excursão realizada em 1962. O som não é bom e a plateia parecia estar agitada. Mas o CD vale por sua enorme qualidade musical e pela interpretação extremamente compreensiva de Shosta e Borodin. Por exemplo, talvez jamais se ouça outro quarteto iniciar o último movimento do segundo quarteto de Borodin imitando com tamanha perfeição o som de um bayan. É uma questão de afinidade cultural. Os russos sabem como fazer porque têm aquilo instalado desde o nascimento. O Shosta idem. O Ravel tem um sotacão russo, mas é o Borodin e eles sempre convencem.
String Quartet No. 8 In C Minor, Op. 110
Composed By – Dmitri Shostakovich
1 I. Largo 4:09
2 II. Allegro Molto 2:41
3 III. Allegretto 3:49
4 IV. Largo 4:55
5 V. Largo 3:18
String Quartet No. 2 In D Major
Composed By – Alexander Borodin
6 I. Allegro Moderato 7:56
7 II. Scherzo. Allegro 4:43
8 III. Notturno. Andante 8:10
9 IV. Finale. Andante — Vivace 6:53
String Quartet In F Major
Composed By – Maurice Ravel
10 I. Allegro Moderato. Très Doux 7:39
11 II. Assez Vif. Très Rythmé 5:37
12 III. Très Lent 8:29
13 IV. Vif Et Agité 5:02
Quarteto Borodin
Recordings at Leith Town Hall, Edinburgh Festival: August 31, 1962 (tracks 1-5, 10-13), August 29, 1962 (tracks 6-9).
Este é um dos discos que eu levaria para a ilha deserta. Como viver sem ele? Borodin foi filho ilegítimo do príncipe georgiano Luka Gedevanishvili (ou Gedianov, em russo) e teve sua paternidade atribuída a um servo do nobre, Porfiry Borodin. Apesar de ter recebido lições de piano quando criança, sua educação foi direcionada às ciências. Formado em medicina, interessado em química, aperfeiçoou-se em Heidelberg, Alemanha (1859-1862). Em toda sua vida, dedicou-se quase inteiramente à química, escrevendo muitos tratados científicos e fazendo muitas descobertas, notadamente no campo do benzol e aldeídos. Também foi professor de química orgânica na Academia Militar de São Petersburgo (1864-1887). Considerava-se apenas “um compositor aos domingos”.
Mas meu deus, ele devia ser um gênio. Ouçam estas obras do compositor de domingos, principalmente a obra-prima representada pelo Quarteto Nº 2. No vídeo abaixo, numa interpretação ao vivo do velho Quarteto Borodin, vocês podem ouvir o Noturno de chorar aos 12min30. Aos 20min50, no início do quarto e folclórico movimento, o quarteto imita o som de um bayán (espécie de acordeão russo, mais complicado que o nosso). Logo depois, vem um som de uma grande balalaica. Ouçam e babem!
Aleksandr Borodin (1833 -1887): Quartetos de Cordas Nos. 1 e 2
String Quartet No. 1 in A major
I. Moderato – Allegro 13:15
II. Andante con moto 7:50
III. Scherzo: Prestissimo 6:00
IV. Allegro risoluto 10:44
String Quartet No. 2 in D major
I. Allegro moderato 8:09
II. Scherzo: Allegro 4:47
III. Notturno: Andante 8:26
IV. Finale: Andante – Vivace 7:11
Este disco tem uma proposta diferente. No lugar de apresentar peças de um único compositor ou mesmo reunir peças com alguma ligação temática, nos propõe uma coleção de obras que permite um olhar sobre a arte do intérprete. Eu gostei imenso do disco por isso.
Começamos com uma sonata de Haydn, para aquecer os dedos. E que aquecimento! Linda música. Iniciamos numa ascendente, uma de poucas sonatas de Haydn em tom menor. O ritmo logo acelera e gera um movimento de abertura cheio de bom humor. O movimento lento é mais interrogativo e reflexivo, mas bastante reservado quanto aos sentimentos, talvez uma das características do Franz Joseph. De qualquer forma, o último movimento irrompe com verve e ritmos marcados e trazendo de volta a alegria e o bom humor.
A próxima parada é um bom salto no tempo e no estilo musical. Brahms no seu período outonal, com um dos conjuntos de peças escritas quando Johannes já usava barba e barriga. Mas o Opus 119 tem suas surpresas em três intermezzi e uma rapsódia. O conjunto exibe diversidade, passando de um Adagio para Adantino agitato, depois grazioso, terminando com um Allegro risoluto.
Chegamos então aos russos e encontramos um pouco de melancolia. Mas nada que possa preocupar nosso caro leitor-seguidor. Borodin é compositor da Pequena Suíte, uma coleção de sete peças para piano, que inicia com um andante religiosos, mas como deve toda suíte, passa por suas danças.
A peça que dá nome ao disco é um arranjo para piano feito por Balakirev, um russo bamba no piano, de uma canção escrita por Glinka, de nome Zhavoronok (Lark em inglês e Cotovia em português).
Para arrematar, a título de encore, uma linda peça de Schubert, uma melodia húngara.
Joseph Haydn (1732 – 1809)
Sonata para piano em mi menor, Hob. XVI: 34
Presto
Adagio
Finale
Johannes Brahms (1833 – 1897)
Klavierstücke, Op. 119
Intermezzo (Adagio)
Intermezzo (Andantino)
Intermezzo (Grazioso e giocoso)
Rapsódia (Allegro risoluto)
Alexander Borodin (1833 – 1887)
Petite Suite pour piano
Au Couvent. Andante religioso
Tempo di menuetto
Allegro
Allegretto
Andante
Allegretto
Andantino
Mikhail Glinka (1804 – 1857)
Zhavoronok (The Lark – A Cotovia) – Arranjo para piano de Mily Balakirev (1837 – 1910)
Sobre o pianista, veja como a crítica o descreveu depois de um concerto no BBC Proms de 2013: … um talento verdadeiramente notável para cativar e encantar qualquer audiência com seu ‘toque de pérolas, um som de outro mundo’.
Christian Ihle Hadland, atuante até na quarentena. Busque no YouTube…
Choque. No dia 26 de setembro de 2012, PQP Bach postou Dvořák. Sim, mas é por motivos nobres. Em primeiro lugar, não tenho problemas em opinar que o Quarteto Americano é uma boa composição. Gosto dele. Mas o destaque deste CD chama-se Alexandr Borodin e seu esplêndido Quarteto Nº 2, onde nosso amigo acertou a mão em cheio, escrevendo música sublime de ponta a ponta. Já o Shosta que fecha o disco é notável em termos de repertório — é grande música — , mas não recebeu o melhor dos tratamentos por parte do Borodin Quartet. Já o Borodin (o Alexandr) e o Dvořák estão perfeitos.
Dvořák | String Quartet op.96 »American«
1. String Quartet No. 12 in F major (‘American’), B. 179 (Op. 96): 1. Allegro ma non troppo
2. String Quartet No. 12 in F major (‘American’), B. 179 (Op. 96): 2. Lento
3. String Quartet No. 12 in F major (‘American’), B. 179 (Op. 96): 3. Molto vivace
4. String Quartet No. 12 in F major (‘American’), B. 179 (Op. 96): 4. Finale: Vivace ma non troppo
Borodin | String Quartet No.2
5. String Quartet No. 2 in D major: 1. Allegro moderato
6. String Quartet No. 2 in D major: 2. Scherzo: Allegro
7. String Quartet No. 2 in D major: 3. Notturno: Andante
8. String Quartet No. 2 in D major: 4. Finale: Andante – Vivace
Shostakovich | String Quartet No.8 op.110
9. String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110: 1. Largo
10. String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110: 2. Allegro molto
11. String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110: 3. Allegretto
12. String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110: 4. Largo
13. String Quartet No. 8 in C minor, Op. 110: 5. Largo
Alexander Borodin (1833-1887) dividiu sua vida entre a música e as atividades de professor e pesquisador de química. Como cientista, chegou a ser conhecido internacionalmente, tendo escrito cerca de vinte estudos sobre química orgânica ! A música foi o seu sonho. A principal obra que compôs é esta que ora compartilho com os amigos do blog. O cara era um “cabeção”, sua memória era prodigiosa e muitas de suas invenções musicais foram perdidas porque, conhecendo-os de cor, ele não se preocupou em escrevê-las. Ele tinha uma imaginação fervorosa e sua fantasia permitia evocar países e arredores nunca vistos e conseguir traduzir suas visões deslumbrantes maravilhosamente em som. O grande exemplo é o seu Príncipe Igor (Knyaz’ Igor’ – 1869-87) uma belíssima ópera em quatro atos e um prólogo.
A ópera Príncipe Igor foi o pensamento dominante da vida de Borodin e por ela se dedicou ao estudo histórico com atenção e cuidado. Ele leu os poemas Zadonshchina e A Batalha de Mamayevo, estudou as canções épicas e líricas do Turkmens, a fim de melhor compreender o caráter polovtsiano dos Tártaros [Cumans]. Sua leitura do poema O Regimento de Igor provocou seu ardor poético e, assim, ele decidiu escrever o libreto de sua própria ópera. Enquanto isso, em contato com Balakirev, ele aprofundou seus estudos de composição, refinou seu gosto em harmonias e fortaleceu sua experiência técnica em orquestração, preparando assim para o cultivo de suas inclinações inatas para a arte e de seu temperamento como músico lírico. O libreto centra-se num príncipe russo do século XII (Igor Svyatoslavich) e nas suas campanhas contra as tribos polovtsianas invasoras que estavam interferindo nas rotas comerciais para o sul. A ópera foi encenada pela primeira vez em São Petersburgo em 4 de novembro de 1890. Borodin deixou a orquestração da ópera incompleta, inúmeras vezes interrompida e recomeçada. Composição e orquestração foram concluídas postumamente por Nikolai Rimsky-Korsakov e o jovem promissor Alexander Glazunov. De acordo com a partitura impressa, a ópera foi completada da seguinte forma: Rimsky-Korsakov orquestrou os trechos anteriormente não-orquestrados do Prólogo, Atos 1, 2 e 4, e a “Marcha Polovetsiana” que abre o Ato 3. Glazunov usou o material existente e orquestrou o terceiro ato inteiro e a abertura baseada nos temas de Borodin. Tanto a Abertura quanto as “Danças Polovetsianas” (do Ato II) são comuns em concertos e juntamente com a “Marcha Polovetsiana”, formam a chamada “suíte” da ópera.
Suas belezas musicais a redimiram do confuso libreto (sendo desconhecido o destino de dois personagens principais na cortina final). O Ato II do “Príncipe Igor”, o único que Borodin pode plausivelmente ter concluído (embora é sabido que tenha sido muito retocado por Glazunov e Rimsky-Korsakov), seria, sem dúvida, tão banal e despretensioso quanto este texto que vos escrevo, não fosse pelo fato de que cada número é uma obra-prima. O idioma exótico de Borodin, as melodias originárias do folclore, era um estilo intensamente pessoal e flexível, de todos os idiomas “Borodinescos” este ato é o mais identificável com o estilo do compositor, de grande expressão emocional. O “orientalismo” de Borodin enfatiza a coloratura cromática, em plena força sensual, os passes cromáticos crescem para abranger escalas inteiras, é a suprema expressão da música oriental, a exuberância do oriente visto pelos olhos europeus – traço de Borodin. Quando o dueto de amor deste ato atinge seu clímax, o efeito é surpreendente, a melodia resgata o texto insípido. As danças polovtsianas concludentes deste ato são sedutoras, uma música que beira a perfeição. Mais algumas cenas como essa, e o “Príncipe Igor” estaria entre as óperas mais representadas. A ópera é um magnífico exemplo da qual todos os ouvintes e críticos parecem encontrar alguma melodia que goste. Em sua ópera, Borodin visava ação cênica colorida, rica em incidentes, e ele escreveu uma espécie de “canção de gestos” em que a história flui para a clareza visual da apresentação. É o épico transmutado em lirismo e sinfonia. Um personagem não é um personagem concebido no espírito das limitações teatrais do drama, mas é a vida da emoção concentrada em uma figura humana. O plano se torna uma pintura, a pintura é animada pela música, o palco é carregado de cores e transfigurado em músicas e danças. Como Borodin colocou em uma carta, “Curiosamente, todos os membros do nosso círculo (Grupo dos 5) parecem se unir em meu Igor: todos estão satisfeitos com o Igor, embora possam divergir sobre alguns detalhes”.
Sinopse
Fatos encenados na cidade de Putivl e nos acampamentos Polovtsianos em 1185.
O prólogo.
O príncipe Igor, que está prestes a começar uma campanha contra Khan Konchak Rei dos polovtsianos, se recusa a dar ouvidos às advertências de sua mulher e de seu povo que interpretam um recente eclipse como um mau presságio. Seu cunhado, o príncipe de Galich (Kniaz Galitsky) suborna Skoula e Eroshka para encorajar o príncipe Igor em sua determinação de partir, ele deseja usurpar o lugar de Igor. Igor desavisadamente confia sua esposa aos seus cuidados (faixas 2 a 5).
Ato 1
(1) A corte do príncipe Vladimir Galitsky. Skula e Yeroshka cantam um hino ao devasso cunhado de Igor e conta como ele raptou uma donzela para seu prazer (faixa 6). Galitsky anuncia sua filosofia (faixa 7). Ele zomba da desaprovação de sua irmã Yaroslavna. Uma multidão de donzelas corre para protestar contra Galitsky (faixa 9). Os homens mostram brevemente medo de Yaroslavna , mas, voltando sua atenção para o vinho, voltam a cantar os louvores à Galitsky: ele deveria ser seu príncipe, não Igor (faixa12).
(2) Câmara nos aposentos de Yaroslavna Yaroslavna, ansiando por Igor, sofre de maus sonhos (faixa 13). A criada anuncia a chegada das donzelas, que se queixam do comportamento de Galitsky. Galitsky inesperadamente chega, assusta as donzelas, tenta rir das censuras de sua irmã, mas no final concorda em libertar a garota raptada; ele sai. Um grupo de soldados chega a Yaroslavna com notícias terríveis: Igor e seu filho Vladimir foram feitos prisioneiros pelos Polovtsï (faixa 16).
Ato 2
O acampamento polovtsiano; é noite, um coro de donzelas polovtsianas entretem Konchakovna com um hino para o início fresco da noite (faixa 17 – um canto envolvente, belíssimo !), após começa a famosa dança polovtsiana (faixa18). Konchakovna canta seu esperado encontro com Vladimir. Prisioneiros russos marcham no caminho de volta do trabalho forçado. Konchakovna pede que as donzelas levem água para eles. A patrulha polovtsiana faz a ronda. Ovlur furtivamente permanece no palco quando eles saem. Vladimir caminha cautelosamente até a tenda de Konchakovna e canta seu encontro (faixa 22), recitativo e cavatina. Konchakovna aparece, e os amantes cantam em êxtase. Eles correm ao som da abordagem de Igor. Ele canta uma elaborada ária em duas partes, a primeira expressando sua apaixonada sede de liberdade, a segunda seus ternos pensamentos de Yaroslavna (faixas 24 e 25). Ovlur aproveita o momento: ele se aproxima de Igor e propõe um plano de fuga. Igor a princípio se recusa a considerar tal curso desonroso, mas concorda; Ovlur desaparece. Khan Konchak entra, exalta a magnanimidade em direção ao seu “honrado convidado” (faixa 26). Ele se oferece para conceder a liberdade de Igor em troca de uma promessa de não-agressão, até sugere que eles se tornam aliados; a tudo isso Igor recusa-se firmemente, muito para a admiração de Konchak. O Khan ordena entretenimento de seus escravos, oferecendo a Igor escolha das donzelas. Começa a belíssima dança polovtsiana (faixas 28 a 30).
Ato 3
Um posto avançado do acampamento de Khan , prisioneiros retornam de Putivl, ha uma saudação tumultuada de Khan Konchak e dos Polovtsï, enquanto os russos observam (faixa 31). Konchak canta uma canção de triunfo. Ele ordena uma festa ; os khans partem para dividir os espólios; os russos lamentam sua derrota e pedem para Igor aceitar a oferta de Ovlur. Os Polovtsïs bebem e dançam em um estupor (faixa 35). Ovlur convoca Igor. Konchakovna, tendo ouvido falar do plano, corre ; ela discute com Igor sobre Vladimir, Igor fazendo seu apelo à melodia de sua ária “liberdade”. Finalmente, ela desperta o acampamento, e Igor deve fugir sem o filho. Os Polovtsï ameaçam Vladimir, mas Konchak, sempre magnânimo, poupa-o e até abençoa sua união com Konchakovna (faixa 38).
Ato 4
Na muralha da cidade de Putivl, Yaroslavna lamenta seu destino e o de seu marido (faixa 39). Alguns transeuntes cantam um lamento próprio ao destino de Putivl, uma estilização magistral e famosa da polifonia popular (faixa 40). O humor abatido de Yaroslavna é quebrado pelo som de batidas de cascos; ela reconhece Igor de longe. Quando ele desmonta, ela corre para ele e eles trocam cumprimentos. Skula e Yeroshka atrapalhados, reconhecendo Igor e em pânico salvam suas peles tocando o sinete para anunciar o retorno do príncipe e declarar sua lealdade (faixa 43). A ópera termina com um alegre coro de saudação (‘Sabemos que o Senhor ouviu nossas orações’).
Mark Ermler
Mark Ermler era um grande regente russo na linhagem de Golovanov, Melik-Pashaeyev e Boris Khaikin, com quem estudou. Seu talento dramático brilha nesta performance emocionante do Príncipe Igor, com algumas das estrelas mais radiantes do Bolshoi. Os cantores Ivan Petrov e Artur Eisen nos fazem lembrar como soam os verdadeiros baixos russos de “raiz”, Elena Obratsova subindo para alturas poéticas na cavatina assombrosa de Konchakovna canto maravilhoso, além de Vladimir Atlântov e Alexander Vedernikov esta turma toda estava entre os melhores cantores da geração pós-Stalin. Suas vozes são todas maravilhosas, expressivas e excepcionais, representantes exemplares da era soviética na década de 1960. Vladimir Atlantov, a resposta russa a Mario Del Monaco, esta incrível em seu canto. O dueto com Elena Obraztsova é impressionante; a voz dela é a mais bonita da gravação. O segundo ato, desde o início, passando pelo dueto de amor e as danças polovesianas, é a jóia da coroa dessa performance, mesmo se vocês (como eu) não entenderem nem uma palavra de russo vão se emocionar, repetir, repetir e repetir mais um pouquinho o segundo ato inteiro, realmente muito expressivo e belo.
A gravação está excelente, e é considerada pelos “experts” ainda como a gravação completa e definitiva desta ópera, apesar de ter sido feita em 1969. Coloquei como bônus a suíte das danças Polovtsianas e o libreto em russo e inglês.
Não deixem de ouvir, é linda, uma pérola para quem aprecia temas orientais !
Música soberba da mais linda cultura russa !!!!!
Personagens e intérpretes
Igor Svyatoslavich Principe de Seversk – Ivan Petrov – baritono
Yaroslavna sua segunda esposa – Tatiana Tugarinova – soprano
Vladimir Igorevich filho de seu primeiro casamento – Vladimir Atlantov – tenor
Vladimir Yaroslavich [Galitsky] Principe de Galich, irmã da Princesa Yaroslavna – Artur Eisen – baixo
Khan Konchak – Alexander Vedernikov – baixo
Gzak Polovtsian khan silent
Konchakovna filha de Khan Konchak – Elena Obraztsova – contralto
Ovlur um Polovtsian cristão – Alexander Laptev – tenor
Skula – Valery Yaroslavtsev – baixo
Yeroshka – Konstantin Baskov – tenor
Mulher Polovtsiana – Margarita Miglau – soprano
Choir & Orchestra State Academic Bolshoi Theatre
Regente: Mark Ermler
Geralmente posto aquilo que ouço. E desde que este CD me chegou às mãos eu não cesso de ouvi-lo. São obras bastantes conhecidas. Mas identifiquei nele três questões: (1) ele é “todo russo” – orquestra e regente; obras e compositores, (2) ele possui peças que ao meu modo de ver são sublimes como, por exemplo, Nas Estepes da Ásia Central de Borodin, O Capricho Espanhol de Korsakov e a Abertura da ópera Kovantchina de Mussorgsky e (3) todos são compositores russos a que muito admiro. Em suma: o conjunto é maravilhoso e deve ser essa unidade que me cativou. Não deixe de ouvir. Boa apreciação!
Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857) – Overture Ruslan and Ludmilla
01. Overture Ruslan and Ludmilla
Aleksandr Porfirevich Borodin (1833-1887) – Danças Polovtsianas da ópera Príncipe Igor – Ato 2
02. Danças Polovtsianas da ópera Príncipe Igor – Ato 2
Nas Estepes da Ásia Central
03. Nas Estepes da Ásia Central
A pianista inglesa Margaret Fingerhut apresenta um interessante repertório do Grupo dos Cinco nacionalistas russos. São eles Mily Balakirev, Cesar Cui, Alexander Borodin, Modest Mussorgsky e Nikolai Rimsky-Korsakov. Sua música, tão russa, aqui nos chega com um sotaque perfeitamente britânico. É um bom disco para se conhecer história da música, pois o nacionalismo musical fez muita coisa boa antes e depois da virada do século XIX para o XX. Mas Fingerhut tenta transformar esses russos crassos em algo próximo de Beethoven e aí não funciona tão bem quanto deveria. Mas vale muito a audição. Eu curti.
Balakarev / Borodin / Cui / Mussorgsky / Rimsky-Korsakov: Música Russa para Piano
Balakirev
01 Toccata in C sharp minor
02 In the Garden
03 Polka in F sharp minor Mussorgsky
04 A Teardrop
05 A Children’s Prank
06 In the Village
07 Nanny and I
08 First Punishment Cui
09 No 9 in E major
10 No 10 in G sharp minor
11 No 2 in E minor
12 No 8 in C sharp minor Rimsky-Korsakov
13 Sherzino Op 11 No 3
14 A Little Song
15 Novellette Op 11 No 2 Borodin
16 In the Monastery
17 Scherzo in A flat major
18 Nocturne
Há alguns meses atrás fiz uma postagem com as sinfonias de Tchaikovsky regidas por este grande maestro romeno, Constantin Silvestri, mas ocorreram alguns problemas com os links e acabei tirando a postagem do ar. Vou fazer diferente agora, vou trazer alguns cds dessa excelente coleção, a ICON da EMI.
Começo a todo vapor, com essa série de obras de compositores russos que são figurinhas carimbadas no repertório de qualquer orquestra, como Tchaikovsky, Borodin e Glinka.
Constantin Silvestri – Russian Showpieces
01 Glinka – Overture, Ruslan and Ludmila
02 Borodin – Prince Igor, Overture
Philharmonia Orchestra
Constantin Silvestri – Conductor
03 Borodin – Prince Igor – Polovtsian Dances
04 Borodin – In the Steppes of Central Asia
05 Tchaikovsky – Eugene Onegin, Polonaise
06 Tchaikovsky – Capriccio italien Op.45
07 1812 – Tchaikovsky – Overture Op.49
Bournemouth Symphony Orchestra
Constantin Silvestri – Conductor
CD novíssimo. Foi gravado em 29 e 31 de dezembro de 2007 em Berlim e lançado em fevereiro na Europa. Mas P.Q.P. não pode esperar e fez sua compra na Amazon. Uma bela compra de um CD que nasceu clássico. Não vou ficar escrevendo sobre as qualidades – notáveis – que vejo em Rattle e nem que a Orquestra Filarmônica de Berlim permanece a mesma, vou falar de outra coisa: a EMI ficou repentinamente inteligente. Colocando o CD original no micro, podemos ver na Internet os ensaios da Filarmônica de Berlim antes do concerto (gravado ao vivo), depoimentos de Rattle, imagens e entrevistas com os músicos, etc. Isso é agregar inteligentemente valor a um produto qua circula anda por aí gratuitamente. E é um material bem produzido, esclarecedor e longo. Nada como pensar um pouquinho.
Mussorgsky: Pictures at an Exhibition
Borodin: Symphony No. 2,
Borodin: Polowetzer Dances
1. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Promenade
2. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Gnomus
3. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Promenade
4. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – The Old Castle
5. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Promenade
6. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Tuileries
7. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Bydlo
8. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Promenade
9. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Ballet of the Unhatched Chicks
10. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Samuel Goldenberg & Schmuyle
11. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – The Market at Limoges
12. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Catacombae
13. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – Cum mortuis in lingua mortua
14. Mussorgsky: Pictures At An Exhibition – The Hut on Fowl’s Legs
15. Mussorgsky: Pictures At An Exhibtion – The Great Gate of Kiev
16. Borodin: Symphony #2 in B minor – I. Allegro
17. Borodin: Symphony #2 in B minor – II. Scherzo: Prestissimo – Allegretto
18. Borodin: Symphony #2 in B minor – III. Andante
19. Borodin: Symphony #2 in B minor – IV. Finale: Allegro
Ausente por alguns dias do blog, devido a compromissos pessoais, FDP Bach está prestes a entrar em férias, mas antes estará disponibilizado mais algumas pérolas da música, escolhidas a dedo.
Esta minha postagem é uma espécie de contraposição à anterior feita pela minha colega Clara Schumann. Enquanto ela se dedica de corpo e alma à causa francesa, FDP continua envolvido com a alma russa. E esse cd que estou postando hoje é, como o de Clara, uma espécie de coletânea também, só que de música russa. Três grandes compositores que souberam captar a alma russa e transmiti-la para sua música. E os três pertencentes ao famoso “Grupo dos Cinco”, grupo de compositores russos nacionalistas, que procuravam produzir uma música especificamente russa.
Sou fã ardoroso de Mussorgsky, principalmente de seus “Quadros de uma Exposição”, já postada aqui em versão para piano, se não me engano. Pois nessa coletânea teremos “Uma Noite no Monte Calvo” (com o perdão da tradução tosca, mas foi a que me pareceu mais adequada). Quem não se lembra do clima sombrio capturado por Walt Disney em seu “Fantasia” ? Eu era um garoto quando assisti pela primeira vez à este clássico da animação, e confesso que fiquei com um certo temor, pela atmosfera conseguida pela interpretação de Stokowsky e as imagens de Disney: uma combinação genial.
Borodin comparece duas vezes, e Rimsky-Korsakov 3 vezes, com sua magnífica “Russian Easter Overture”, obra da qual PQP Bach já se declarou fã, a prova de fogo para qualquer instrumentista, “Flying of the Bumble Bee”, e claro, o indefectível “Capriccio Espanol”, sempre presente nessas coletâneas de música “ligeira”.
André Cluytens é um regente experiente, e consegue capturar e transmitir essa alma russa a que me referi no começo da postagem.
Enjoy it.
Alexander Borodin, Modest Mussorgsky, Rimsky Korsakov – Musique Russe
1 – Modest Mussorgsky: Night on the Bald Mountain
2 – Alexander Borodin: In the Steppes of Central Asia
3 – Nikolai Rimsky-Korsakov: Capriccio Espagnol
Philharmonia Orchestra, André Cluytens (Rec. 1960)
4 – Nikolai Rimsky-Korsakov: Russian Easter, Festival Overture
5 – Nikolai Rimsky-Korsakov: The Flight of the Bumble-Bee
6 – Alexander Borodin: Polovtsian Dances from ‘Prince Igor’
Société des Concerts du Conservatoire
Andre Cuytens – Director
Philharmonia Orchestra, André Cluytens
Société des Concerts du Conservatoire