Krzysztof Penderecki (1933-2020): Paixão Segundo São Lucas (Wit)

– Postagem original de 2009 –

Descobri esta obra na discoteca do Instituto Goethe lá pelos anos 80, quando este ainda localizava-se no centro de Porto Alegre e sua blibioteca-discoteca tinha a mão de Herbert Caro. A obra insere-se na fase radical de Penderecki, nada tendo a ver com sua atual fase melódica, da qual também gosto. Costuma-se afirmar que esta versão de Antoni Wit é superior àquela que ouvia lá no Goethe, que era do próprio compositor. Estou de acordo.

Um leitor da Amazon escreveu a seguinte resenha a respeito:

By Shota Hanai (Torrance, CA):

Krzystof Penderecki has become one of my favorite composers ever since I listened to some of his most radical works, including the “Threnody to the Victims of Hiroshima”, the two “De Natura de Sonoris”, and the “St. Luke Passion”, his musical depiction of the last hours of Christ.

This is one of the most graphic, most intense pieces of music the world has to witness. The work is divided in two parts. In Part I, The ominous introduction, with the chorus singing “Hail the Cross”, already invites doom. Christ’s prayer on Mt. Olives begins somberly, but leads to a teffifying climax as the chorus sings “I am crying”, before dying down to near silence. In the capture scene, once can vision the approaching Roman legion, with a series of nasty brass sounds and stampede of percussion. The mocking of Jesus is equally violent, as the entire orchestra and chorus seems to laugh at Him. Sinister monophonic notes rip the air as the chorus shouts “Crucify Him!”

Part II begins with Christ’s carrying of the cross. The cruficixion scene features one of the most excrutiating tone clusters the chorus ever produced, as overwhelming as the pain Jesus witnessed with pins hammered to His hands and feet. In the “Stabat Mater”, when the Virgin Mary watches her dying Son, the music becomes relatively calm, but the avant-garde sound is still prevalent. The music becomes violent again when Christ utter his last words, before the music dies away, along with Christ’s spirit. The concluding call for redemption begins dark, but ends in a glorious major chord, unachieved within the previous 75 minutes.

Penderecki’s rendition of Christ’s last hours is as shocking, disturbing, and powerful as the controversial Mel Gibson movie. A music like this should have a “Parental Advisory” label (and I am being a little sarcastic).

PENDERECKI: St. Luke Passion

1. Part I: O Crux ave (Hymn ‘Vexilla Regis prodeunt’) 00:05:06
2. Part I: Et egressus (St. Luke) 00:01:49
3. Part I: Deus meus (Psalm 21) 00:03:52
4. Part I: Domine, quis habitabit (Psalms 14, 4 & 15) 00:04:28
5. Part I: Adhuc eo loquente (St. Luke) 00:02:08
6. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:25
7. Part I: Ut quid, Domine (Psalm 9) 00:01:17
8. Part I: Comprehendentes autem eum (St. Luke) 00:01:57
9. Part I: Iudica me, Deus (Psalm 42) 00:01:10
10. Part I: Et viri, qui tenebant illum (St. Luke) 00:02:11
11. Part I: Ierusalem (Lamentation of Jeremiah) 00:01:22
12. Part I: Miserere mei, Deus (Psalm 55) 00:04:04
13. Part I: Et surgens omnis (St. Luke) 00:04:19
14. Part II: Et in pulverem (Psalm 21) 00:00:45
15. Part II: Et baiulans sibi crucem (St. Luke) 00:00:13
16. Part II: Popule meus (Improperia) 00:07:46
17. Part II: Ibi crucifixerunt eum (St. Luke) 00:01:47
18. Part II: Crux fidelis (Antiphons from ‘Pange lingua’) 00:05:00
19. Part II: Dividentes vero (St. Luke) 00:01:12
20. Part II: … in pulverem mortis (Psalm 21) 00:05:39
21. Part II: Et stabat populus (St. Luke) 00:01:31
22. Part II: Unus autem (St. Luke) 00:02:03
23. Part II: Stabant autem iuxta crucem (St. John) 00:01:01
24. Part II: Stabat Mater (Sequence) 00:07:38
25. Part II: Erat autem fere hora sexta (St. Luke, St. John) 00:01:26
26. Part II: Alla breve 00:01:05
27. Part II: In pulverem mortis… / In te, Domine, speravi (Psalm 30) 00:04:08

Klosinska, Izabela, soprano
Kolberger, Krzysztof, reader
Kruszewski, Adam, baritone
Tesarowicz, Romuald, bass
Warsaw Boys Choir
Warsaw Philharmonic Choir
Warsaw National Philharmonic Orchestra
Wit, Antoni, Conductor

Total Playing Time: 01:16:22

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PQP (Pleyel repostou e infelizmente adicionou a data de morte do compositor, que era vivo na época da postagem original)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Trenódia para as vítimas de Hiroshima / Dois Concertos / Adagio (London Philharmonic)

Ao mudar o nome de uma de suas composições – originalmente 8’37”, em homenagem aos 4’33” de John Cage – para homenagear as vítimas da bomba de Hiroshima, Penderecki não podia imaginar que essa obra faria dele uma celebridade internacional. Pouco depois, em 1961, a obra receberia um grande prêmio da UNESCO, não só por méritos musicais mas também pelo caráter pacifista que a composição adquiriu. Penderecki explicava que, da primeira vez que ouviu a composição ser tocada, ficou impressionado com o impacto emocional e resolveu alterar o nome para Trenódia para as vítimas de Hiroshima. Na Grécia antiga, uma trenódia (do grego antigo θρῆνος / thrênos, de θρέομαι / thréomai, “gritar com força”) era um lamento fúnebre nos funerais, antes de se tornar um estilo literário.

A Trenódia é escrita para orquestra de cordas, em uma linguagem extremamente inovadora, usando algumas técnicas que à época eram comuns na música eletroacústica, mas que Penderecki adapta para instrumentos tradicionais. Os 24 violinos são divididos em quatro grupos; as dez violas, em dois, assim como os dez violoncelos e os oito contrabaixos. Uma linha em zigue-zague mostra a ordem de entrada de cada grupo. O compositor também explica que, em seus anos de formação, “tudo começou com o violino, quando criança eu sempre sonhei em me tornar um virtuoso do violino. Foi o violino, não o piano, que me inspirou em minhas primeiras peças… Eu escrevo sobretudo música para cordas, elas são onipresentes na minha criação.”

Semitha Cevallos nos traz mais algumas direções para navegarmos nesse universo: Penderecki alcançou riqueza de invenção nas cordas, criando maneiras de tocar totalmente novas. Ao lado de técnicas já conhecidas como arco e pizzicato, ele fez uso de vários tipos de vibratos rápidos e lentos. Utilizou também as conhecidas técnicas como legno battuto, col legno e sul ponticello, que eram pouco empregadas até então. Os instrumentos e cordas na obra de Penderecki são utilizados como percussão, pois utilizam o arco e as mãos para obter efeitos percussivos ao tocar as cordas e todo o corpo do instrumento. Outras inovações são as observações como “alcançar a nota mais aguda possível de dado instrumento, pela pressão da corda perto do arco”, “bater no corpo do violino, arranhando o estandarte”.

A proximidade com a música eletroacústica pode ser percebida na notação musical: Penderecki trouxe para a música instrumental a grafia da música eletroacústica. Para as notas, o compositor utiliza retângulos e triângulos, fazendo menção aos clusters e glissandos. Ao ouvir a música de Penderecki e de outros sonoristas, percebe-se a liberdade de expressão da obra e a forte carga emocional contida na sonoridade descoberta pelos poloneses. […] Era uma maneira de dizer aos comunistas que a Polônia era livre das diretrizes impostas e de mostrar que eles podiam fazer o que pretendiam no âmbito musical.

O pano de fundo histórico do século XX nos ajuda a entender a explosão de música inovadora na Polônia nas décadas de 1950 e 60, mais precisamente após 1956: naquele ano, após a morte do primeiro-ministro stalinista Bolesław Bierut, seguiu-se um período de maior liberdade artística e de mais intercâmbio de ideias com outros países. Não custa lembrar que o ministro da cultura polonês no período anterior a 1956, após a estreia da 1ª Sinfonia de Lutoslawski, havia declarado que um compositor como ele deveria ser atropelado por um bonde. Ou seja, após se livrarem daqueles burocratas e militares que pretendiam ditar qual era a música correta para a pátria, poloneses como Lutoslawski, Górecki e Penderecki viveram um período de grande efervescência cultural. Como relata o compositor cubano Leo Browuer, o Outono de Varsóvia era um dos festivais de vanguarda mais importantes do planeta, onde circulavam lado a lado obras de Bacewicz, Berio, Cage, Khachaturian, Messiaen, Penderecki, Shostakovich e Stockhausen .

Segundo a já citada Semitha Cevallos, a partir dos anos 1960 características da vanguarda polonesa apareceram nas obras para orquestra e/ou coral de vários compositores brasileiros, como Almeida Prado (Pequenos Funerais Cantantes, de 1969), Claudio Santoro (Interações Assintóticas, de 1969) e Edino Krieger (Canticum Naturale, de 1972, Três Imagens de Nova Friburgo, de 1988).

Sidney Molina, na Folha de SP, afirmou que mesmo quando radical e experimental, sua arte gélida parece exercer uma inesperada atração sobre o público. Há uma autenticidade em Penderecki, que combina com o olhar triste e os passos pesados com que se dirigia ao centro do palco para reger. Talvez por isso sua música tenha sido tão bem-sucedida no cinema, o que inclui a utilização em trilhas de clássicos como “O Exorcista”, de 1973, e “O Iluminado”, de 1980. Ao longo de muitas décadas ele alternou a composição com a regência, chegando a dirigir 60 concertos por ano em todos os continentes. Esteve muitas vezes na América do Sul, tendo sido próximo do compositor argentino Alberto Ginastera.

O CD lançado pela Filarmônica de Londres em 2020, além da Trenódia, tem outra peça para cordas: um Adagio publicado originalmente como parte da 3ª Sinfonia, para grande orquestra (1995) e depois adaptado pelo compositor para orquestra de cordas (em 2013). Para Penderecki, como explica o libreto do CD, não há problema algum em se tocar um movimento avulso de uma sinfonia. Desde o começo, esse Adagio lembra o Adagietto da 5ª de Mahler, outro movimento de sinfonia que de certa forma ganhou vida própria. Não é possível afirmar que se trate de uma homenagem ou paródia de Mahler, mas sem dúvida este Adagio de Penderecki pertence à mesma família daquele Adagietto.

Dos dois concertos, gostei mais do mais recente, para trompa (2008), que consegue utilizar o instrumento solista não só da forma solene que é mais comum, mas também em orquestrações com outros metais de formas cômicas que lembram Prokofiev e Shostakovich. O 1º concerto para violino (1977) é mais sério, de certa forma impregnado da seriedade de outras obras de Penderecki como a Trenódia (1960), a Paixão Segundo São Lucas (1966) ou o Credo (1998).

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Trenódia para as vítimas de Hiroshima / Concerto para trompa e Concerto para violino nº 1 / Adagio para cordas
1. Horn Concerto ‘Winterreise’ (17:31)
2. Adagio For Strings (11:37)
3. Violin Concerto No. 1 (40:25)
4. Threnody For The Victims Of Hiroshima (8:56)

London Philharmonic Orchestra
Recorded live at the Royal Festival Hall, London, 2013 (3) and 2015 (1-2, 4)
Conductor – Krzysztof Penderecki (1-2, 4)
Conductor – Michał Dworzynski (3)
Horn – Radovan Vlatković (1)
Violin – Barnabás Kelemen (3)

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Penderecki roubando uma muda do vizinho.

Pleyel

Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

O pequeno piano de armário acima, da marca Ellington, foi feito pela Baldwin Piano Company em Cincinatti, nos Estados Unidos. Sua proprietária, uma japonesa de nome Shizuko, emigrou para os Estados Unidos sozinha depois de se formar em uma escola para moças. Isso não era comum no Japão da época, pois a sociedade fortemente patriarcal oferecia poucas oportunidades para que as mulheres pudessem viajar desacompanhadas, quanto mais para um outro país. Shizuko estabeleceu-se na Califórnia e casou-se com Genkichi Kawamoto, um imigrante japonês, em 1922.

Genkichi trabalhava em uma companhia de seguros e tinha o hábito de levar sua esposa, que ele amava muito, em suas viagens pela empresa. O piano foi um presente de Genkichi para ela, e Shizuko logo nele buscou conforto para os longos períodos de solidão e para os desafios de viver numa terra estranha. Em 25 de maio de 1926, algo da solidão dos Kawamoto arrefeceu: nasceu sua primeira filha, no Hospital Japonês de Los Angeles. “Esperamos tanto por ela!”, escreveu Genkichi em seu diário, “Espero que ela seja inteligente. Chamei-a de Akiko”.

O casal Kawamoto haveria de criar a primogênita com muito cuidado, quanto mais num ambiente crescentemente hostil aos japoneses e seus descendentes. Genkichi registrava seu peso e altura a cada poucos dias e anotou todos os sinais de seu crescimento. Em 1929, nasceria seu segundo filho, Nobuhiro. Em 1932, a família retornou ao Japão, que experimentava forte crescimento econômico e, também, vivia sob uma violenta retórica militarista que levara o país, no ano anterior, a invadir a Manchúria e, subsequentemente, a uma expansão imperialista que ocuparia – com muita truculência e a expensas de imenso sofrimento às populações locais – grande parte do Extremo Oriente e do Sudeste Asiático.

Os Kawamoto estabeleceram-se em Hiroshima, onde Akiko começou a frequentar a escola primária. Embora ela tivesse passado seus primeiros anos em um país anglófono, Genkichi e Shizuko fizeram o possível para que sua filha pudesse aprender japonês. Para praticar o idioma, a menina iniciou um diário, que manteria por onze anos e no qual anotaria, entre outras coisas, sua dedicação ao piano Ellington que os pais trouxeram dos Estados Unidos.

Em 1933, a família de Akiko mudou-se para uma casa localizada no Monte Mitaki, a noroeste de Hiroshima. Naquela época, poucas famílias tinham um piano em casa e, porque moravam num lugar remoto, eles pediram ao professor de piano que viesse à casa deles para aulas particulares. Durante a guerra, já nos anos 40, as condições de vida da família pioraram. Os Kawamoto alugaram um cômodo de sua casa para um conhecido, e a falta de espaço e de privacidade tirou-lhes muito da alegria com que celebravam festivais e aniversários. Em 1943, Akiko ingressou no curso de Economia Doméstica da Universidade de Hiroshima, o que a deixou radiante, embora viesse a se aborrecer com o pouco tempo para dedicar-se ao piano: além das exigências acadêmicas, havia aquelas, compulsórias e crescentes, para com os esforços de guerra, que incluíam trabalhar no Hospital do Exército, participar de exercícios antiaéreos e ajudar a cuidar de plantações.


9 de abril de 1944: Papai quer que eu continue meus estudos, mas mamãe, não. Isso me deixa confusa. É trabalho da mulher passar o dia todo preparando comida? Se sim, qual é o propósito da minha vida? Eu não teria tempo para estudar, e isso me deixaria infeliz”


Em 1944, ela começou a se preocupar com a saúde dos pais. Ela passou a tentar comer menos para que seus irmãos pudessem comer mais:


3 de maio de 1944: Minhas medidas do terceiro período: altura 159,1 cm; peso 51,5 kg; busto 73 cm. Estou 0,5 cm mais alta que no ano passado, mas perdi 1,5 kg e meu busto está 3,5 cm menor. Sinto-me mal, mas sou a única a tentar reduzir o arroz”


O trabalho nas plantações consumia todo tempo livre de Akiko, que largou o piano e, também, seu diário, no qual anotou, no final de 1944:


Tenho 19 anos. Sou estudante do segundo ano do Departamento de Economia Doméstica. Um terço ou um quarto da minha vida já passou”


Em 6 de agosto de 1945, o dia tórrido de verão começou como qualquer outra segunda-feira, e a população de Hiroshima, que se deslocava para o trabalho os estudos, pouco se impressionou com as sirenes que anunciaram a chegada de três bombardeiros B-29 sobre aqueles céus sem nuvens. Às 8h15, um clarão como nunca antes fora visto fez-se seguir duma violentíssima explosão, que pulverizou imediatamente vinte mil pessoas, mataria outras quarenta mil nos dias seguintes, e fecharia sua conta macabra em cento e vinte mil mortos nas décadas subsequentes. Akiko estava a poucos quilômetros do hipocentro, trabalhando como estudante mobilizada nos esforços de guerra. Sobreviveu à explosão por estar num prédio que não colapsou, e poucas horas depois começou a voltar a pé para casa. A devastação sem precedentes, que não preservara nem a alicerçagem das construções, deve tê-la impressionado. Como as pontes foram destruídas, ela foi forçada a atravessar o rio a nado. Quando chegou ao sopé do Monte Mitaki e avistou sua casa, sua energia se acabou, e ela não conseguia mais andar.

Shizuko não sabia da situação de Akiko e estava cuidando da casa, que desabou na explosão da bomba atômica. O piano sofrera danos no lado esquerdo e fora cravejado de fragmentos de vidro, mas estava inteiro. Foi quando um vizinho lhe avisou: “Sua filha está ali e não pode se mexer!”. Shizuko então correu para Akiko e a trouxe para casa. A menina parecia ter escapado por pouco da morte, mas logo perdeu a consciência: ela tinha sido exposta a níveis letais da radiação que chovia invisivelmente sobre Hiroshima, enquanto o “cogumelo atômico” gerado pela explosão se dissipava.


Mamãe, eu quero um tomate vermelho…


… implorou Akiko, em suas últimas palavras antes de morrer na manhã seguinte, depois de viver apenas “um terço de sua vida”.

ooOoo

Havia, na época, muitos tomates vermelhos no jardim dos Kawamoto, e, a cada verão depois do de 1945, até o final de seus 103 anos de vida, Shizuko cultivou tomates vermelhos, próximos ao imenso caquizeiro sob o qual sepultou as cinzas de Akiko.

O piano, que perdera aquela que mais o amou, passou grande parte dos sessenta anos seguintes em silêncio.  De vez em quando algumas crianças da vizinhança visitavam Shizuko e o tocavam, mas aos poucos algumas das teclas foram perdendo seu movimento e, por fim, seu som.

Uma menina e um piano, ambos nascidos nos Estados Unidos. Uma perdeu a vida; o outro perdeu o som.

O silêncio do piano Ellington durou até 2005, quando Tomie Futakuchi decidiu restaurá-lo. Ela foi vizinha dos Kawamoto e, quando criança, costumava visitá-los e receber o carinho de Shizuko, que lhe contava histórias sobre Akiko e seu amado amigo musical. Quando a casa da família foi demolida, em 2004, muitas lembranças da jovem, guardadas como tesouros por Shizuko, foram doadas ao Memorial da Paz de Hiroshima. O piano foi legado a Tomie, que, na esperança de que as crianças de Hiroshima pudessem transmitir uma mensagem de paz através do precioso instrumento, chamou o restaurador Hiroshi Sakaibara.

Tomie, Hiroshi e o Ellington, em 2005

O piano foi restaurado com todas as peças originais, e mantido nas condições em que estava imediatamente após o ataque a Hiroshima – incluindo os danos em seu lado esquerdo e os incontáveis pedaços de vidro que nele se incrustaram. Em 6 de agosto de 2005, no sexagésimo aniversário da desgraça, ele foi tocado em público pela primeira vez, e desde então encontra-se em exibição num salão do Parque Memorial da Paz.

A pianista Mami Hagiwara e a Sra. Futakuchi com o piano de Akiko, em seu local de exibição permanente, no Parque Memorial da Paz.

Martha Argerich, nossa Rainha, adora o Japão e não deve ter hesitado sequer um instante para aceitar o convite que a Orquestra Sinfônica de Hiroshima lhe fez para tocar na icônica cidade em 5 de agosto de 2015 – véspera do 70º aniversário do criminoso ataque à sua população. A apresentação da deusa do piano, que incluiu seu tradicional cavalo de batalha – aquele primeiro concerto de Ludwig que ela toca desde sempre -, foi o esperado sucesso, e ela permaneceu na cidade para a sentidas cerimônias do dia seguinte, que culminaram com a tradicional procissão das velas flutuantes que os cidadãos de Hiroshima e os visitantes largam ao sabor da corrente do rio Motoyasu, em memória das vítimas.

A procissão das velas flutuantes passa em frente ao Domo da Bomba Atômica – que abrigava a Exposição Comercial da Prefeitura de Hiroshima e foi o prédio mais próximo do hipocentro a permanecer de pé (foto do autor)

Durante as cerimônias, Martha foi apresentada a Tomie Futakuchi, que lhe contou a história de Akiko e de seu piano, e nossa Rainha, num arroubo de sua impetuosidade tão típica, decidiu fazer uma visita surpresa ao Memorial da Paz no dia seguinte, 7 de agosto, para conhecer e tocar o instrumento.

Martha não sabia disso, mas estava a tocar o piano de Akiko na hora e no dia exatos em que a menina falecera, setenta anos antes.


O encontro entre a estrela mundial do piano e o inestimável instrumento calou fundo no compositor Dai Fujikura, que se pôs imediatamente a compor um concerto, que foi oferecido a Martha e à memória de Akiko. A Rainha ficou muito lisonjeada com a dedicatória e, uma vez mais, aceitou sem titubear um novo convite para tocar em Hiroshima, dessa feita para estrear o concerto de Fujikura com a sinfônica local em agosto de 2020, por ocasião do septuagésimo quinto aniversário da morte de Akiko.

Nas palavras do compositor,


Este concerto muito especial para piano e orquestra, chamado “O Piano de Akiko”, foi escrito e dedicado à Embaixadora da Paz e da Música da Orquestra Sinfônica de Hiroshima, Martha Argerich.
(…)
Embora naturalmente este concerto tenha a ‘música para a paz’ como mensagem principal, eu, como compositor, gosto de concentrar nos pontos de vista pessoais. Sinto que essa visão microscópica, para a partir daí contar sobre assuntos universais, deve ser o caminho a percorrer em minhas composições: a visão de Akiko, uma garota comum de 19 anos que não tinha nenhum poder sobre a política (…) Deve haver histórias semelhantes à dessa garota de 19 anos em todas as guerras da história e em todos os países do mundo. Toda guerra deve ter uma Akiko.
(…)
Neste concerto, faço uso de dois pianos: um é o piano de cauda principal, e outro, o Piano de Akiko, o piano que sobreviveu à bomba atômica, tocado na cadenza do final, ambos pelo solista.

Para expressar um tema tão universal quanto a  ‘música para a paz’, a peça deve retratar o ponto de vista mais pessoal. Acho que esse é o caminho mais poderoso, e só através da Música se pode segui-lo.”


Em agosto de 2020, a pandemia impediu Martha de viajar o Japão. De sua casa na Suíça, ela gravou o vídeo seguinte, em inglês, no qual expressa seus sentimentos acerca da obra que lhe foi dedicada, do honroso convite que lhe foi feito, e de sua desolação por não poder honrá-lo:

O concerto de Fujikura foi, então, estreado na data prevista pela pianista Mami Hagiwara, juntamente com obras de J. S. Bach, Beethoven, Mahler e Penderecki – e a integral de sua première, incluindo a cadenza tocada no piano de Akiko, vocês podem conferir a seguir:

Todos os principais envolvidos na celebração da memória de Akiko Kawamoto – Martha Argerich, Dai Fujikura, Mami Hagiwara e os músicos da Orquestra Sinfônica de Hiroshima – autorizaram generosamente a publicação das gravações dos concertos supracitados em dois álbuns, cuja venda em linha, por período limitado, viu sua renda integralmente revertida para a preservação dos memoriais de Hiroshima e do piano de Akiko. E são essas as gravações, que adquiri na ocasião, que ora compartilho com nossos leitores-ouvintes, no septuagésimo sétimo aniversário do criminoso ataque a Hiroshima, em memória de suas dezenas de milhares de vítimas inocentes.


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondó: Allegro scherzando

Martha Argerich, piano
Hiroshima Symphony Orchestra
Kazuyoshi Akiyama, regência


BIS:
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Das Fantasiestücke para piano, Op. 12
4 – No. 7: Traumes Wirren

Martha Argerich, piano

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Gravado ao vivo na Hiroshima Bunka Gakuen Hall, Hiroshima, Japão, em 5 de agosto de 2015


Dai FUJIKURA (1977)
1 – Concerto para piano e orquestra no. 4, “Akiko’s Piano” (estreia mundial)

Mami Hagiwara, pianos: Steinway & Sons, Hamburgo; e Baldwin, Cincinatti (cadenza, a partir de 16:45)

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Do Quarteto de cordas no. 13 em Si bemol maior, Op. 130
2 – Cavatina: Adagio molto espressivo (arranjo para orquestra de cordas)

Gustav MAHLER (1860-1911)
Kindertotenlieder, para voz e orquestra (1904)
3 –
Nun will die Sonn’ so hell aufgeh’n
4 –
Nun seh’ ich wohl, warum so dunkle Flammen
5 –
Wenn dein Mutterlein
6 –
Oft denk’ ich, sie sind nur ausgegangen!
7 –
In diesem Wetter!

Mihoko Fujimura, mezzo-soprano

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Orquestração de Hideo Saito (1902-1974)
Da Partita no. 2 em Ré menor para violino solo, BWV 1004
8 – Ciaccona

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FAIXA-BÔNUS (não consta no CD original, e foi extraída da transmissão radiofônica do concerto):

Krzysztof Eugeniusz PENDERECKI (1933-2020)
Do Réquiem Polonês (Polskie Requiem):
1 – Ciaccona

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Hiroshima Symphony Orchestra
Tatsuya Shimono, regência

Gravado ao vivo na Hiroshima Bunka Gakuen Hall, Hiroshima, Japão, em 5 e 6 de agosto de 2020


 

Vassily

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Sim, sim, um bom disco de grandes compositores modernos. Em 23 de agosto de 2011 Anne-Sophie Mutter comemorou seus 35 anos de palco. De palco, gente. Ela não é apenas uma das principais violinistas do mundo, mas também uma best-seller internacional, tendo vendido mais de 5.000.000 CDs em todo o mundo — e subindo. Para celebrar, a Deutsche Grammophon lançou um novo álbum com gravações de estreias mundiais de duas novas obras escritas para Mutter: Lichtes Spiel de Wolfgang Rihm e Time Machines de Sebastian Currier, gravadas com a Orquestra Filarmônica de Nova York. Penderecki também está no CD original, mas por não ser uma estreia ficou fora até da capa, vejam só.

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Lichtes Spiel (2009)
Composed By – Wolfgang Rihm
1 Ein Sommerstück 17:08
Duo Concertante (2010)

Composed By – Krzysztof Penderecki
2 Andante, Quasi Una Cadenza – Allegretto Scherzando – Andante, Quasi Una Cadenza 5:03
Dyade (2010-2011)

Composed By – Wolfgang Rihm
3 Andante, Quasi Sempre Rubato 12:35
Time Machines (2007)

Composed By – Sebastian Currier
4 I Fragmented Time 2:36
5 II Delay Time 4:19
6 III Compressed Time 1:29
7 IV Overlapping Time 3:44
8 V Entropic Time 6:26
9 VI Backwards Time 1:39
10 VII Harmonic Time 8:52

Composed By – Krzysztof Penderecki (faixas: 2), Sebastian Currier (faixas: 4 to 10), Wolfgang Rihm (faixas: 1, 3)
Conductor – Alan Gilbert (2) (faixas: 4 to 10), Michael Francis (3) (faixas: 1)
Double Bass – Roman Patkoló (faixas: 2, 3)
Orchestra – New York Philharmonic* (faixas: 1, 4 to 10)
Violin – Anne-Sophie Mutter

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A esperada foto de Mutter

PQP

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Sinfonia Nº 6 (Canções Chinesas) e Concerto para Clarinete, Cordas, Percussão e Celesta

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Sinfonia Nº 6 (Canções Chinesas) e Concerto para Clarinete, Cordas, Percussão e Celesta

Um belo CD!

Penderecki fez várias visitas à China desde o final dos anos 90. Tendo grande interesse pela cultura chinesa, especialmente a poesia, ele criou a Sinfonia nº 6, “Canções (ou Poemas) Chineses”, uma obra inspirada na literatura chinesa — aqui em tradução alemã — de oito poemas da dinastia Tang (618-907 dC) e da Song (960-1279 dC ). Nesta Sinfonia, Penderecki incorporou instrumentos musicais tradicionais chineses, como o erhu, no padrão de sinfonia ocidental. A obra foi estreada em Guangzhou, província de Guangdong, em 2017. O polonês já havia demonstrado carinho pela música folclórica chinesa antes, descrevendo-a como “alegre e positiva”.

A escrita sinfônica de Krzysztof Penderecki é um dos elementos mais importantes de sua produção como compositor, e possivelmente o mais fascinante. O próprio compositor enfatizou frequentemente a identidade autônoma de sua obra sinfônica.

O Concerto para Clarinete — originalmente escrito para viola — tem um movimento único, cuja dicotomia interna nítida é refletida na sequência das seções: Lento – Vivace – Lento – Vivo – Lento. Dois mundos emocionais opostos se manifestam alternadamente. O primeiro tema parece retirado do barroco e é responsável pelo clima sombrio do primeiro Lento. Isto é seguido por uma seção que soa um pouco como uma máquina em movimento perpétuo. O próximo Lento, mais romântico que o primeiro, é sobrenatural e imaterial, levando-nos ao segundo scherzo, precedido por uma cadência. A seção final completa toda a forma narrativa, com o retorno do tema inicial e a ascensão conjunta da orquestra e do solista às alturas. Gostei muito do concerto.

Há uma distância de mais de 30 anos entre a composição do Concerto para o Clarinete e a Sinfonia nº 6. Os  os dois trabalhos evidenciam uma mudança na postura artística de Krzysztof Penderecki — uma mudança do expansivo para uma declaração musical muito íntima.

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Sinfonia Nº 6 (Canções Chinesas) e Concerto para Clarinete, Cordas, Percussão e Celesta

1 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: I. Die geheimnisvolle Flöte
2 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: II. in der Fremde
3 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: III. Auf dem Flusse
4 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: IV. Die wilden Schwäne
5 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: V. Verzweiflung
6 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: VI. Mondnacht
7 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: VII. Nächtliches Bild
8 Symphony No. 6 “Chinese Poems”: VIII. Das Flötenlied des Herbstes

9 Viola Concerto (Version for Clarinet, Strings, Percussion & Celesta): I. Lento quasi recitativo
10 Viola Concerto (Version for Clarinet, Strings, Percussion & Celesta): II. Vivace
11 Viola Concerto (Version for Clarinet, Strings, Percussion & Celesta): III. Lento
12 Viola Concerto (Version for Clarinet, Strings, Percussion & Celesta): IV. Vivo
13 Viola Concerto (Version for Clarinet, Strings, Percussion & Celesta): V. Lento

– Stephan Genz, barítono
– Joanna Kravchenko, viola
– Andrzej Wojciechowski, clarinete
– Polish Chamber Philharmonic Orchestra Sopot
– Wojciech Rajski, regente

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Penderecki roubando uma muda do vizinho.

PQP

In memoriam Krzysztof Penderecki (1933-2020) – Hommage à Penderecki – Anne-Sophie Mutter – Lambert Orkis – Roman Patkoló – Krzysztof Penderecki

No último domingo, Krzysztof Penderecki deixou este mundo que já dizíamos distópico, embora agora estejamos a prantear aquele quase anteontem em que o podíamos chamar tão só assim.

Nossa homenagem a ele vai acompanhada de votos de melhoras a Anne-Sophie Mutter, a quem Penderecki dedicou as quatro obras que compõem este álbum duplo. Mutter, que contraiu o coronavírus e recupera-se em seu lar bávaro, tem mantido a bonita escrita de colaborar estreitamente com músicos veteranos numa postura de quase veneração, da qual o mais recente exemplo é o inspirado álbum com composições de John Williams. Aqui, soma-se a dois de seus colegas favoritos – o pianista Lambert Orkis, de quem é inseparável, quase seu gêmeo siamês, e o contrabaixista eslovaco Roman Patkoló – para interpretar obras de câmara, além do próprio Penderecki, que rege a London Symphony Orchestra no extraordinário “Metamorphosen”, seu segundo concerto para violino e orquestra. Notem que, como a gravação do concerto é a mesmíssima que já foi publicada aqui, preferi remetê-los à postagem do patrão PQP Bach, tanto para refazer meu filme com ele, depois de um breve sumiço, quanto porque “Metamorphosen”, que aqui está sozinho em seu disco, tem lá a eletrizante companhia de uma sonata de Bartók.

Krzysztof Eugeniusz PENDERECKI (1933-2020)

CD 1
La Follia, para violino solo (2013)

Encomendada por Anne-Sophie Mutter e a ela dedicada
01 – Andante
02 – Var. I. Tempo I
03 – Var. II. Allegro giocoso alla polacca
04 – Var. III. Adagio, ma non troppo
05 – Var. IV. Tempo I
06 – Var. V. Allegro con brio
07 – Var. VI. Tempo I
08 – Var. VII. Allegretto
09 – Var. VIII. Adagio tranquillo
10 – Var. IX. Tempo I – Più mosso – Poco pesante – Tempo I

Anne-Sophie Mutter, violino

Duo concertante para violino e contrabaixo (2010)
Encomendado pela Fundação Anne-Sophie Mutter e dedicado a Anne-Sophie Mutter e Roman Patkoló
11 – Andante, quasi una cadenza – Allegretto scherzando – Andante, quasi una cadenza

Anne-Sophie Mutter, violino
Roman Patkoló, contrabaixo

Sonata no. 2 para violino e piano (1999)
Encomendada por Anne-Sophie Mutter e a ela dedicada
12- Larghetto
13 – Allegretto scherzando
14 – Notturno. Adagio
15 – Allegro
16 – Andante

Anne-Sophie Mutter, violino
Lambert Orkis, piano

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CD 2
Metamorphosen – Concerto para violino e orquestra no. 2
(1992–95)
Dedicado a Anne-Sophie Mutter
1 – Allegro ma non troppo
2 – Allegretto
3 – Molto
4 – Vivace
5 – Scherzando
6 – Andante con moto

Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra
Krzysztof Penderecki, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE, na postagem de PQP Bach


Vassily

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Credo

Vejam bem, meus amigos, nada tenho contra CDF Bach, muito pelo contrário! Só que costumo postar o que ouço e estou em pleno período — alguns diram crise — moderno. Espero não provocar a ira cedeefiana.

Um comentarista escreveu algo muito interessante sobre o Credo de Penderecki: aqui, ele não utiliza estilos de empréstimo de outros compositores; aqui, é a própria voz de Penderecki numa composição que une coral e solistas de forma absolutamente natural. O compositor teve a fortuna de contar com Helmuth Rilling e um notável grupo de solista na estreia que apresentamos, mas o que interessa realmente é a espetacular música de indiscutível religiosidade que nos faz pensar em alguns grandes autores do passado, como nosso papai.

Deixo-vos com o entusiasmado comentário de um músico:

A masterpiece for this century in a superb recording

In June 1999 I had the privelege of performing a recently written work by Polish composer Krzysztof Penderecki, under his direction. By that time I had no idea who was Penderecki, but as soon as I heard that piece I was enchanted by his music: the piece was Credo. Since then, I have been studying his art and atracted even more to his music. Credo is definitely a masterpiece for this century, from the beginning till the end. As soon as it begins, with the choir, in the powerful main theme it captures all your attention. Particularly expressive is the place where the theme comes back, with the soloists. The second movement is very beautifull and rich in textures and solo melodies that express the happening of the Lord’s birth. But the focus point should be the third movement, with it’s Latin, Polish and German interpolations. The quasi aria Pangue Lingua (Mz) is rich in power and virtuosity, but it is enriched by the glorious appearance of the hymn Ludu moj ludu, for me, the most beautiful moment in the whole piece. The 4th movement is incredibly dramatic and rhythmic. The 5th, brings again the main theme with virtuoso parts for the soloists. I must take notice of the powerful harmonies in the brasses in “visibilium omnium” and the beautiful melody in the choir in “unum Dominum…” After a big dramatic section, it begins to push toward the ending, only interrupted by an Alleluia in the children’s choir that resembles the Gregorian chant. The finale is amazing: three big Amens, but…, wait…, a soft chord in the offstage brass remind us that Credo is supposed to be part of a BIG Mass to be completed soon. So this is not really THE END. This recording is great: the choirs, the orchestra, the soloists, the CONDUCTOR, but the one who should REALLY be praised is the composer. Bravi!

F.J. Rivera

Penderecki – Credo

1. Credo: I. Credo In Unum Deum
2. Credo: II. Qui Propter Nos Homines – III. Et Incarnatus Est
3. Credo: IV. Crucifixus
4. Credo: V. Et Resurrexit Tertia Die
5. Credo: VI. Et In Spiritum Sanctum – VII. Et Vitam Venturi Saeculi

Juliane Banse, Soprano / Milagro Vargas, Mezzosoprano / Marietta Simpson, Mezzosoprano / Thomas Randle, Tenore / Thomas Quasthoff, Basso
Helmuth Rilling, conductor
Oregon Bach Festival Orchestra and Choir

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Descanse em paz!

PQP (2008) / Pleyel (2020)

Aram Katchaturian (1903-1978) – Cello Concerto in E Minor, Krzysztof Penderecki (1933) – Cello Concerto nº 2 – Astrig Siranossian, Sinfonia Varsovia, Adam Klocek

Apresentado pela primeira vez em 30 de outubro de 1946, no Grande Salão do Conservatório de Moscou, no meio da turbulência soviética, o Concerto para Violoncelo foi o último de uma série de três concertos, como violino ou piano, a serem apresentados a Sviatoslav Knouchevitski (dedicado) no violoncelo e na direção de Aleksandr Gauk. Embora tenha sido apresentado pela primeira vez em 1946, foi escrito muitos anos antes, enquanto o compositor estudava violoncelo no Instituto Gnessin. O “Prêmio Stalin” (1941) por seu Primeiro Concerto para Violino (que contribuiu para sua fama internacional), bem como sua Terceira Sinfonia, realizada pela primeira vez em 1947 pelo trigésimo aniversário da Revolução de Outubro, não o impediu, após o Zhdanov de 1948 Decreto, de ser acusado – como Prokofiev e Shostakovich – de escrever música hermética formalista com dissonâncias incompreendidas. Ser barrado da União de Compositores Soviéticos deixou uma forte marca nos três amigos.

O Concerto para Violoncelo em Mi menor é um reflexo do amor precoce de Khachaturian pela ópera. Frequentemente descrito como “Symphonie Concertante”, apresenta os aspectos rítmicos, melódicos, virtuosos e populares da música da época. A longa cadência do primeiro movimento precede a “Sonata-Fantasia” para violoncelo de Khachaturian, publicada em 1974 e inclui vários temas caucasianos que estão intimamente relacionados à história de sua família.

Em 1962, ele escreveu, em colaboração com Mstislav Rostropovich, uma Rapsódia de Concerto em uma linguagem menos lírica, abrindo caminho para um estilo de escrita mais avant-garde para o violoncelo, que é inegavelmente encontrado no Segundo Concerto de Penderecki.

Apresentado pela primeira vez em 1982 por Mstislav Rostropovich, o Segundo Concerto para Violoncelo e Orquestra de Penderecki é composto em um único movimento: sua visão arquitetônica – em estilo de arco, incluindo várias cadências para o instrumento solo – mantém uma atmosfera dramática durante todo o trabalho. O compositor, tendo sido um precursor no uso de instrumentos clássicos como percussão na escrita em série nos anos 60, voltou, no entanto, a uma linguagem pós-romântica nos anos 80. Como em várias dessas peças de violoncelo, Penderecki baseia-se na herança do uso percussivo deste instrumento (seu Primeiro Concerto para Violoncelo criado em 1972 é um exemplo perfeito disso) e anuncia um novo período inspirado em seu gosto pela música sacra.

Muito parecido com o khachaturiano, mas em uma linguagem mais avant-garde, a idéia de dramatização está muito presente neste segundo concerto para violoncelo. O uso de aglomerados, glissandi, descansos, massas de som e imersão de passagens extremamente tonais criam um cenário para este trabalho. De fato, não é de admirar que a música de Penderecki tenha sido usada em muitos filmes como “O Exorcista”, de William Peter Blatty em 1973, “The Shining”, de Stanley Kubrick, em 1980, ou “Shutter Island”, de Martin Scorsese, em 2010. Com esses dois trabalhos, Khachaturian e Penderecki oferecem uma visão mais completa do uso do violoncelo como instrumento solo, apoiado por uma orquestração muito densa.

01. Cello Concerto in E minor- I. Allegro moderato
02. Cello Concerto in E minor – II. Andante sostenuto – Attacca
03. Cello Concerto in E minor – III. Allegro (a battuta)
04. Cello Concerto No. 2- Andante con moto
05. Cello Concerto No. 2- Poco meno mosso
06. Cello Concerto No. 2- Allegretto
07. Cello Concerto No. 2- Lento
08. Cello Concerto No. 2- Allegretto 2
09. Cello Concerto No. 2- Finale

Astrig Siranossian – Cello
Sinfonia Varsovia
Adam Klocek

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Krzysztof Penderecki (1933): Peças para Violino e Piano

Krzysztof Penderecki (1933): Peças para Violino e Piano

Penderecki tem carreira longuíssima e variada. Começou como um moderno ultra radical e depois fez até música tonal e melodiosa. É um enorme talento que começou como Pollock e depois fez retratos e paisagens. Ou seja, suas primeiras obras eram enquadradas na chamada música de vanguarda. Tempos depois, contudo, Penderecki passou a escrever obras com uma estética mais conservadora, retornando ao sistema tonal, eventualmente utilizando alguns elementos atonais. Sua música se enquadra no período denominado classicismo pós-moderno. É um dos poucos compositores contemporâneos que trânsito entre o grande público. De uma forma bastante rarefeita, este disco demonstra tal evolução. É um grande compositor e, se você não conhece, deveria. Este disco é uma joia que serve bem de porta de entrada para um compositor fascinante.

Krzysztof Penderecki (1933): Peças para Violino e Piano

01. Violin Sonata No. 1 – I. Allegro
02. Violin Sonata No. 1 – II. Andante
03. Violin Sonata No. 1 – III. Allegro vivace

04. 3 Miniatures for Violin and Piano – No. 1. Allegro
05. 3 Miniatures for Violin and Piano – No. 2. Andante cantabile
06. 3 Miniatures for Violin and Piano – No. 3. Allegro ma non troppo

07. Cadenza (arr. C. Edinger for solo violin)

08. Violin Sonata No. 2 – I. Larghetto
09. Violin Sonata No. 2 – II. Allegretto scherzando
10. Violin Sonata No. 2 – III. Notturno
11. Violin Sonata No. 2 – IV. Allegro
12. Violin Sonata No. 2 – V. Andante

Beata Bilinska, piano
Patrycja Piekutowska, violino

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Penderecki adverte: "Eu sou um dos melhores compositores contemporâneos".
Penderecki adverte: “Eu sou um dos melhores compositores contemporâneos”.

PQP

Transformations 20th Century Works Violin & Piano (com Roman Mints e Evgenia Chudinovich)

Transformations 20th Century Works Violin & Piano (com Roman Mints e Evgenia Chudinovich)

Grande CD de 1999 que traz uma espécie de apanhado, na verdade, da segunda metade do século XX. Para comprovar, basta notar que a maioria dos compositores da “mostra” ainda está viva em 2017. Claro que o destaque fica com Fratres, obra de Pärt (diga Piárt) tão famosa que já foi utilizada em mais de dez filmes, sendo os mais famosos Sangue Negro (There Will Be Blood), de Paul Thomas Anderson e Amor Pleno (To the Wonder), de Terrence Malick. O restante das peças também são excelentes. Um Penderecki da fase radical, uma Gubaidulina sensacional e um Schnittke, ah, Schnittke.

Transformations 20th Century Works Violin & Piano
(com Roman Mints e Evgenia Chudinovich)

Artem Vassilev
1. Pieces (5) for violin & piano
2. Pieces (5) for violin & piano
3. Pieces (5) for violin & piano
4. Pieces (5) for violin & piano
5. Pieces (5) for violin & piano

Arvo Pärt
6. Fratres, for violin & piano

Krzysztof Penderecki
7. Miniatures (3) for violin & piano: Movement 1
8. Miniatures (3) for violin & piano: Movement 2
9. Miniatures (3) for violin & piano: Movement 3

Elena Langer
10. Transformations for violin & piano
11. Transformations for violin & piano

Witold Lutoslawski
12. Subito, for violin & piano

Sofia Gubaidulina
13. Dancer on a Tightrope, for violin & piano

Alfred Schnittke
14. Silent Night (Stille Nacht), for violin & piano

Roman Mints, violino
Evgenia Chudinovich, piano

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Pärt e Schnittke tentando repetir a foto de formatura de ambos, muitos ano depois
Pärt e Schnittke tentando repetir a foto de formatura de ambos, muitos anos depois

PQP

Krzysztof Penderecki (1933): Concerto for Violin & Orchestra No. 2 “Metamorphosen” / Béla Bartók (1881-1945): Sonata for Violin & Piano No. 2

Krzysztof Penderecki (1933): Concerto for Violin & Orchestra No. 2 “Metamorphosen” / Béla Bartók (1881-1945): Sonata for Violin & Piano No. 2

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Penderecki dedicou seu Concerto Nº 2 para violino e orquestra para Anne-Sophie Mutter. Fez mais: regeu esta gravação. Sem exageros, é uma das melhores peças escritas no século XX. É um concerto em seis movimentos, com um tema de abertura bem definido que é repetido no movimento final. É tudo muito intenso e belo. Mutter escreve no encarte que a peça termina “com uma cena de enterro”. É verdade, mas há um Scherzando engraçadíssimo bem no coração do concerto. O violino de Mutter é intimista e frágil. A orquestra é dialógica, nunca esmagando o solista. Uma composição notável que ganha vida por meio de um desempenho incrível. A Sonata pata Violino e Piano de Béla Bartók é tonal, mas altamente dissonante, utilizando o piano de forma percussiva. Suas melodias são folclóricas, o meio escolhido por Bartók para dar vazão a seu avançado pensamento musical. A Sonata foi escrita no “Ano do Piano” de Bartók, 1926.

Mutter é a deusa do violino da música moderna.

(Esqueçam a mancada no nome do arquivo. O Penderecki é a principal peça deste CD.)

Krzysztof Penderecki: Concerto for Violin & Orchestra No. 2 “Metamorphosen” (1992-95) / Béla Bartók: Sonata for Violin & Piano No. 2, Sz 76 (1922)

1. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 1. Allegro ma non troppo 14:22
2. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 2. Allegretto 3:21
3. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 3. Molto 4:32
4. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 4. Vivace 2:06
5. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 5. Scherzando 5:07
6. Penderecki: Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 6. Andante con moto 8:34

7. Bartók: Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 1. Molto moderato 8:03
8. Bartók: Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 2. Allegretto 11:43

Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra
Krzysztof Penderecki, regente
Lambert Orkis, piano

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Não sou mais aquela menininha, mas ouve só como eu toco.
Não sou mais aquela menininha, mas ouve só como eu toco.

PQP

Krzysztof Penderecki (1933) – Clarinet Concerto (world premiere recording), Sinfonietta nº2 for clarinet and Strings, 3 Miniatures for clarinet and piano, Präludium for solo clarinet, Witold Lutoslawski (1913-1994) – Dance Preludes for clarinet, harp, piano, percussion and strings

51bCSTfbTlLEis finalmente o quinto cd dessa coleção. A clarinetista israelense Sharon Kam interpreta dois compositores contemporâneos poloneses, Penderecki e Lutoslawski, sendo que o Concerto de Penderecki é uma “world premiere recording”. A moça não é fraca não, como diriam lá na minha terra.
Fiquei muito feliz com a repercussão que essa coleção teve. Até ter acesso a este material essa excelente clarinetista me era desconhecida, mas o talento dela está muito bem demonstrado nesta série de cinco cds que eu trouxe para os senhores nestas últimas semanas. Espero que tenham gostado.

1 Penderecki – Concerto – 1 Andante
2 Penderecki – Concerto – 2 Più mosso
3 Penderecki – Concerto – 3 Andante
4 Penderecki – Concerto – 4 Allegro con brio
5 Penderecki – Concerto – 5 Adagio
6 Penderecki – Concerto – 6 Vivace
8 Penderecki – Concerto – 7 Allegro molto – Andante recitativo
9 Lutoslawski – Dance Preludes – 1 Allegro molto
10 Lutoslawski – Dance Preludes – 2 Andantino
11 Lutoslawski – Dance Preludes – 3 Allegro giocoso
12 Lutoslawski – Dance Preludes – 4 Andante
13 Lutoslawski – Dance Preludes – 5 Allegro molto
14 Penderecki – Sinfonietta Nr.2 – 1 Notturno_ Adagio
15 Penderecki – Sinfonietta Nr.2 – 2 Scherzo_ Vivacissimo
16 Penderecki – Sinfonietta Nr.2 – 3 Serenade_ Tempo di Valse
17 Penderecki

– Sinfonietta Nr.2 – 4 Abschied_ Larghetto

Czech Philharmonic Orchestra
Krzysztof Penderecki – Conductor
Sharon Kam – Clarinet

18 Penderecki – Three Miniatures – 1 Allegro
19 Penderecki – Three Miniatures – 2 Andante cantabile
20 Penderecki – Three Miniatures – 3 Allegro ma nontroppo

Itamar Golam – Piano
Sharon Kam – Clarinet

21 Penderecki – Prelude – Lento sostenuto
Sharon Kam – Clarinet

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

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Uma bela clarinetista, em todos os sentidos.

Krzysztof Penderecki (1933-): Orchestral Works (Link revalidado)

Esse álbum duplo é IM-PER-DÍVEL !!!, diz PQP.

… para algo realmente extenuante. Pendereki dos anos 1960 é o meu preferido; experimental, pessimista, trágico e macabro. Como disse um amigo, “é preciso colhões para ouvir isso aqui”. Esse disco duplo tem as mais importantes obras do mestre polonês, as mais indigestas, bem diferente das últimas obras neo-românticas do compositor, período injustamente chamado (por compositores invejosos) de decadente.

A primeira obra é uma das mais perfeitas sínteses do primeiro período do compositor – Anaklasis – cuja duração é de poucos minutos. Anaklasis está para Penderecki assim com Atmospheres está para Ligeti, ambas as peças escritas por volta de 1960. Em seguida temos sua obra mais popular – Threnody (1960)– que, anos depois, passou a ter o subtítulo “para vítimas de Hiroshima”. Ela foi escrita para uma orquestra de cordas (52, no total), cujo tratamento em muitos momentos é percussivo. É inegável a originalidade dessa obra, e em termos sentimentais, a melhor tradução do horror da guerra, no mesmo nível do Survivor from Warsaw (1947) de Schoenberg e das sinfonias de Shostakovich. Obra que não mostra sinais de velhice. No disco 1, ainda destaco De Natura Sonoris I (1966) e II (1971) – desculpem mas não encontro palavra melhor – geniais (no caso do Naturas II, devo concordar com o meu amigo). Capiccio para violino e orquestra também não fica pra trás. Percebam, falo ainda do primeiro disco.

O segundo disco parece ser ainda melhor. Com o ótimo concerto para cello n.1 (1966) e a excepcional sinfonia n.1 (1973), cujo inicio é realmente excitante. É difícil acreditar que um compositor tão difícil fosse ser tão popular, talvez o mais reverenciado compositor da segunda metade do século XX. Não posso esquecer da Partita para cravo e orquestra, minha obra preferida.

Claro que muito do que foi feito e imitado nessa “famigerada” época foi justamente esquecido. Escrever música “difícil” ou “original” não dá garantia de sobrevivência. Mas passado esse período, o que ficou? Olha, é difícil dizer. Hoje, eu ouço música contemporânea sem expectativas e tenho adorado o que venho descobrindo…(continua)

CDF

Faixas:

Disco 1

1. Anaklasis for Strings & Percussion (1959)
2. Threnody to the Victims of Hiroshima (1959 – 61)
3. Fonogrammi
4. De Natura Sonoris No. 1
5. Capriccio for Violin and Orchestra (1967)
6. Canticum Canticorum Salomonis (1970)
7. De Natura Sonoris No. 2

Disco 2

1. Emanations for Two String Orchestras
2. Partita for Harpsichord and Chamber Orchestra
3. Cello Concerto No. 1
4. Symphony No. 1 (1995 Digital Remaster): I. Arche – Dynamis I
5. Symphony No. 1 : II. Dynamis II – Arche II

Perfomed by Polish Radio National Symphony Orchestra and London Symphony Orchestra
Conducted by Krzysztof Penderecki

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

CDF (revalidação por PQP)

Krzysztof Penderecki (1933-) – Concerto for cello and orchestra No. 1 , Concerto for cello and orchestra No. 2 e Concerto for viola and chamber orchestra

“Hoje cedo eu e PQP estabelecemos um rapido diálogo sobre o sábado mais polaco da história do PQP Bach. Já que apareceram Chopin e Szymanovsky, decidi postar um outro polonês da pesada – Penderecki. Acredito que Penderecki seja um dos compositores vivos mais renomados da atualidade. Esse respeito não se deve a aspectos gratuitos, mas a uma qualidade não encontrável em muitos compositores contempôraneos. Fiquei impressionado com a qualidade desse CD. Traz os dois concertos para cello e o concerto para viola e orquestra de câmera. É notável como o compositor polônes consegue produzir um tipo de música pessimista, com cintilações macabras; como se uma esponja estivesse apagando o céu; como se unhas invisíveis estivessem dilacerando os nossos ouvidos. É o que senti, por exemplo, quando estava ouvindo o concerto no. 1 para Cello. Olhe, esse é um dos melhores Cds que postei nos últimos tempos. Exige audácia e um entusiasmo blindado para quem quiser ouvi-lo. Não deixe de ouvir. Uma aboa apreciação!

Krzysztof Penderecki (1933-) – Concerto for cello and orchestra No. 1 , Concerto for cello and orchestra No. 2 e Concerto for viola and chamber orchestra

Concerto for cello and orchestra No. 1 (1967_1972)
01. Concerto for cello and orchestra No. 1

Concerto for cello and orchestra No. 2 (1982)

02. Concerto for cello and orchestra No. 2

Concerto for viola and chamber orchestra (1983)
03. Concerto for viola and chamber orchestra

Sinfonia Varsovia
Krzysztof Penderecki, regente
Arto Noras, cello

BAIXAR AQUI

Carlinus

International Rostrum of Composers – 6 CDs – LINKS REVALIDADOS

Postado inicialmente por CVL em 13 de fevereiro de 2009.

Ouvi os quatro primeiros CDs dessa caixa e fiquei impressionado com a qualidade, por isso resolvi revalidar os links. Tomei a liberdade e inseri uma imagem no post, CVL.

Um post pra vocês se ocuparem até depois do carnaval, quando estarei de volta das ladeiras de Olinda, e que vai dedicado ao mano CDF Bach: só compositores contemporâneos.

Na busca que fiz na Internet, nenhum site traz os dados completos do box de CDs. Peço desculpas de antemão por evitar o trabalho de digitar todos os intérpretes. Se algum fã do blog possuir este álbum (o que acho difícil) e fizer esse favor pra mim, concedo a glória de escolher um post dentro de minha jurisdição (Música das Américas).

***

O International Rostrum of Composers (ou Tribuna Internacional de Compositores) é fórum periódico do Conselho Internacional de Música da Unesco que promove a difusão, lado a lado, de obras contemporâneas de compositores jovens e experientes. Todo ano, uma emissora de rádio ou TV anfitriã, dentre as mais de trinta filiadas, organiza a transmissão das peças selecionadas pelas demais filiadas. Esta coletânea vai de 1955 (primeira edição do fórum) a 1999 e contém a célebre Trenódia para as vítimas de Hiroshima de Penderecki, Ad matrem de Górecki e mais 17 compositores. O único brasileiro no meio é Marlos Nobre, regendo sua Biosfera para pequena orquestra com a Sinfônica da Rádio MEC.

***

International Rostrum of Composers

CD 1

1-2. Frank Martin – Concerto para cravo e pequena orquestra
I. Allegro comodo
II. Adagio – Più allegro

3. Krzysztof Penderecki – Trenódia para as vítimas de Hiroxima
4-6. Roman Haubenstock-Ramati – Sinfonia K
I. Satz
II. Satz
III. Satz

7. Peter Schat – To you, op. 22

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CD 2

1. Henryk Górecki – Ad matrem
2-3. Marlos Nobre – Biosfera
I. Variantes
II. Postlúdio

4-6. Dimitri Tapkov – Cantata da paz
I. Retrospecto
II. Contagem regressiva
III. Canção de inverno sobre o pombo

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CD 3

1. György Kurtág – Mensagens da recém-finada senhorita R. Y. Troussova
2. Alejandro Iglesias Rossi – Ritos ancestrais de uma cultura esquecida

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CD 4

1. Magnus Lindberg – Kroft
2. Roger Smalley – Concerto para piano e orquestra
3. Chris Paul Harman – Indescência

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CD 5

1. Thomas Demenga – Solo per due
2. Jesper Koch – Icebreaking
3. Michio Kitazume – Ei-sho, para orquestra
4. Mari Vihmand – Floreo

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CD 6

1. Pär Lindgren – Oaijé
2. Maja Ratkje – Wave II B
3-4. Bernard Cavanna – Concerto para violino e orquestra
I. Lively, chaotic
II. Slow, immutable

O caro visitante EGLab, a quem ora agradecemos, nos enviou em 11/07/09 este link, com os dados dos intérpretes e regentes.

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CVL (revalidado por Carlinus)

Krzysztof Penderecki (1933-) Symphony No.2 'Christmas Symphony', Te Deum, Lacrimosa, Magnificat e Kanon

Como estamos no período do Natal, achei oportuno fazer a postagem desse extraordinário CD.  O fato é que a moçada aqui do PQP Bach anda numa fase fabulosa de postagens antológicas. FDP andou tirando umas preciosidades do Piazzola da manga; Ranulfus sacou um oratório do Saint-Säens que eu nem sonhava que existisse; PQP desferiu um golpe no qual ficamos atordoados – postou 8 CDs com “padre vermelho”, Antonio Vivaldi, Telemann e outros. Pelo que tenho escutado nos bastidores, outras coisinhas surgirão para deslumbrar. Imaginem! FDP preparou o Oratório de Natal de Bach com Richter. Irá ao ar à meia-noite. Ranulfus está preparando uma de suas postagens cheias de erudição e bom gosto. Avicenna com sua alma filosoficamente cândida, deve também trazer algo especial. PQP deve está em alguma floresta traçando uma ninfa, como um fauno voraz que é, mas também deve trazer algo muito bom. Eu que não sou bobo, resolvi postar este baita CD  do compositor polonês Krzysztof Penderecki, uma das personalidades marcantes da música contemporânea. Advirto: é preciso ter nervos de  aço e um estômago musical forte para ouvir o polonês. A música é bastante condimentada. Densa. De emoções ásperas, trágica. A Sinfonia No. 2, “Sinfonia de Natal”, é uma daqueles obras que ouvimos, ouvimos e ouvimos; e em cada nova audição somos surpreendidos. Não disponho informações quanto ao regente e quanto aos cantores. Nosso Natal com Penderecki será ríspido, trágico. Mas nem por isso, deixará de ser belo. Imagine se não iremos para o Paraíso e teremos 20 virgens cada um para nos embriagarmos de amor!? Não deixe de ouvir. Boa apreciação!

*Desejo a todos paz, saúde e muita alegria.

Krzysztof Penderecki (1933-) Symphony No.2 ‘Christmas Symphony’, Te Deum, Lacrimosa, Magnificat e Kanon

DISCO 01

Symphony No.2 ‘Christmas Symphony’
01. Symphony No.2 ‘Christmas Symphony’

Polish Radio National Symphony Orchestra

Te Deum
02. Te Deum

Polish Radio National Symphony
Orchestra
Polish Radio Chorus Of Krakow

DISCO 02

Lacrimosa
01. Lacrimosa

Polish Radio Chorus Of Krakow

Magnificat
02. I. Fuga (Quia respexit) – Et misericordia
03. II. Fecit potentiam
04. III. Passacaglia (Desposuit potentes)
05. IV. Sicut locutus est – Gloria

Polish Radio National Symphony Orchestra
Polish Radio Chorus Of Krakow
Krakow Philharmonic Chorus

Kanon
06. Kanon

Polish Radio National Symphony Orchestra

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Carlinus

Krzysztof Penderecki (1933) / Béla Bartók (1881-1945): Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 / Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76

O pior que pode acontecer com uma obra talvez seja a de não chamar a atenção. Estava trabalhando enquanto “ouvia” as Metamorphosen de Penderecki. Elas não me chamaram a atenção. Passei por ela como se estivesse apreciando alguma coisa new age. Porém o mesmo não aconteceu com a Sonata Nº 2 de Bartók, um dos três de meus compositores preferidos ao lado de Bach, Beethoven e Brahms. A Sonata é extraordinária e recebeu belo tratamento de Mutter e Orkis. Mas há um problema: como caçei este CD por aí, ele veio sem separação de faixas. É um arquivão estilo tijolo, sem separação de coisa nenhuma.

Mas vale pelo Bartók. E como!

Krzysztof Penderecki (1933):
1. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 1. Allegro ma non troppo
2. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 2. Allegretto
3. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 3. Molto
4. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 4. Vivace
5. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 5. Scherzando
6. Metamorphosen, Konzert für Violine und Orchester Nr. 2 – 6. Andante con moto

Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra
Krzysztof Penderecki

Béla Bartók (1881-1945):
7. Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 1. Molto moderato
8. Sonata No.2 for violin & piano, Sz.76 – 2. Allegretto

Anne-Sophie Mutter, violino
Lambert Orkis, piano

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PQP

K. Penderecki (1933) – Symphony No. 7 ‘Seven Gates of Jerusalem’

Apesar de não amá-lo como Clara Schumann, costumo gostar das obras de Penderecki. Porém, ouvi este disco com frieza e desatenção. Explico: muitas vezes estou trabalhndo enquanto ouço música e, desta vez, Penderecki apenas logrou captar minha atenção quando de um discurso que há lá pelo final da Sinfonia. Não direi que é ruim, direi somente que não me chamou a atenção, mesmo que tenha ouvido a obra por duas vezes. Também estou meio cheio desses caras modernos que quase só fazem música religiosa. Haja Deus para agüentar as repetidas louvações de Pärt e Penderecki! Devem ser pagos para fazê-las, não? Acho que vou publicar a Missa de Bernstein; servirá como espanador para o ranço católico — argh! — que grassa nesta postagem. (Peço desculpas aos crentes por minha franqueza). Tenho aquela super gravação do Nagano para a Harmonia Mundi. Me aguardem.

Penderecki – Symphony No. 7 ‘Seven Gates of Jerusalem’

1. Sym No.7: Part I: Magnus Dominus Et Laudabilis Nimis
2. Sym No.7: Part II: Si Oblitus Fuero Tui, Lerusalem
3. Sym No.7: Part III: De Profundis
4. Sym No.7: Part IV: Si Oblitus Fuero Tui, Lerusalem
5. Sym No.7: Part V: Lauda, Lerusalem, Dominum
6. Sym No.7: Part VI: ‘Hajeta Alai Jad Adonai’
7. Sym No.7: Part VII: Haec Dicit Dominus: Ecce Ego Do Coram Vobis Viam Vitae Et Viam Mortis

Ewa Podles (Alto)
Izabella Klosinska (Soprano)
Gustaw Holoubek (Spoken Vocals)
Bozena Harasimowicz (Soprano)
Romuald Tesarowicz (Bass)
Wieslaw Ochman (Tenor)

Warsaw National Choir
Warsaw National Philharmonic Orchestra
Kazimierz Kord

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PQP

Krzysztof Penderecki (1933- ) – Um Réquiem Polonês

Mesmo assoberbado pelo trabalho – expressão muito original, não? – não poderia deixar de vir aqui fazer uma postagem. Afinal, faz uns três dias que não compareço! Só que o mesmo verdugo – o trabalho – me impedirá de alongar-me muito. Gosto muito desta obra em que Penderecki demonstra um recuo em relação ao modernismo mais furioso que apresentava em “A Paixão Segundo São Lucas”, por exemplo. Seu pós-serialismo é uma manifestação evidente de maturidade e nisto não vai nenhuma crítica às duas horas da música de Webern, nem ao resto da turma da Segunda Escola de Viena. Sua “Lacrimosa” chega a ser cantabile! Gosto dessas pessoas que conseguem renovar-se. É ecológico para a alma saber-se capaz de várias linguagens, mas isso já é outra história e estou sem tempo… Se fosse você, baixava agora. Vale a pena ouvir. A celebridade de Penderecki não é injusta.

Krzysztof Penderecki – A Polish Requiem

Conductor: Antoni Wit
Performers:
Jadwiga Rappe (Alto)
Ryszard Minkiewicz (Tenor)
Piotr Nowacki (Bass)
Izabella Klosinska (Soprano)

Ensemble Warsaw National Philharmonic Choir

CD1

01 Introitus 04:10
02 Kyrie 04:16
03 Dies Irae 01:34
04 Tuba mirum 01:58
05 Mors stupebit 06:30
06 Quid sum miser 04:46
07 Rex tremendae 02:18
08 Recordare Jesu pie 11:24
09 Ingemisco tanquam reus 12:07
10 Lacrimosa 04:39

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CD2

01 Sanctus 13:44
02 Agnus Dei 07:35
03 Lux aeterna 04:43
04 Libera me, Domine 09:44
05 Offertorium – Swiety Boze 06:33
06 Libera animas 03:26
07 The Dream Of Jacob Lento (new Sanctus) 08:40

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