Beethoven, Hassler, Penalva, Henrique de Curitiba, Edino Krieger, Krzysztof Meyer: tributo ao maestro Roberto Schnorrenberg (1/2)

oglwea8º Festival de Música de Curitiba
1975

Em janeiro de 2016 Curitiba realizou sua 34.ª Oficina de Música anual. Notável, não? Mas seria ainda mais caso se contassem junto os nove “Festivais” realizados antes, ano a ano de 1965 a 1970, e depois em 74, 75 e 77, todos (exceto o de 74) com a apaixonada direção de Roberto Schnorrenberg.

Apaixonada e competentíssima! Schnorrenberg, que nos deixou em 1983, com apenas 54 anos, era um músico extraordinário. Eu, monge Ranulfus, posso testemunhar porque estava lá nos três últimos festivais (como vocês poderão perceber distinguindo minha maviosa e inconfundível voz em meio às outras seiscentas do coral, na segunda postagem desta série…)

Figura inesquecível, “o Schnô” – suas fúrias teatrais nos ensaios: “trrrrogloditas!” para os baixos, “galinááááceas!” para as sopranos. Nos atuais tempos mal humorados isso talvez lhe tivesse rendido algum processo, mas a verdade é que só nos divertia e estimulava.

Mas não era só onda: neste país em que tanta realização musical ainda permanece no nível das excelentes intenções mas afinação nem tanto – para ficar só no mais elementar – é vitalmente necessário resgatar e preservar os sons produzidos sob a batuta de Schorrenberg e seus amigos – gente que a partir do Collegium Musicum e da Escola Livre de Música Pro Arte iluminou a vida musical de São Paulo nos anos 50 e 60, e de quebra também a de Curitiba e muitos lugares mais.

Quatro discos de vinil documentaram uma fração da música que se fez em Curitiba naquele janeiro de 1975 – tudo ensaiado em um mês, ou menos, por músicos vindos dos mais diversos lugares – profissionais os instrumentistas e solistas vocais, amadores os coralistas. Mestre Avicenna teve um trabalho hercúleo para digitalizá-los e limpar os ruídos. Em uns poucos casos sobrou um resíduo impossível de eliminar, como no final do 2º movimento da Pastoral, mas mesmo assim, @s senhor@s hão de convir: isso não é uma realização menor da Pastoral, que possa ser esquecida.

Com a exceção do belo salmo cromático de Hassler, o segundo bloco é só de autores contemporâneos – que estiveram todos presentes e lecionando nesse mesmo festival. Muitas obras, de brasileiros e estrangeiros, estreavam nessas ocasiões – a exemplo da “Metánoia” do Padre Penalva, que no festival seguinte ganharia a companhia de “Dóxa” e “Eiréne”, sob o nome conjunto de “Agápe”. O polonês Krzysztof Meyer, que comparece aqui com um quarteto de cordas de altíssima qualidade (para quem já aprendeu a ouvir a música mais experimental do século XX) estrearia seu “Concerto Retrô” no festival do ano seguinte – cujo registro ainda hei de postar.

O Estudo Aberto de Henrique de Curitiba não impressiona muito na gravação: sua intenção era observar as mudanças de textura com os diferentes músicos se deslocando no palco. A obra brasileira mais bem sucedida aqui me parece ser a de Edino Krieger – pois a do Padre Penalva… ah, que drama: as texturas corais e instrumentais dessa obra são admirabilíssimas, coisa de Penderecki – mas confesso que não aguento ouvi-la – isso porque se há modalidade artística em que o Brasil me parece realmente fraco, incompetente de tudo, é a da locução artística, tanto solo quanto coral [jogral]. Alemães sabem fazer isso como grande arte; acho que precisaríamos de anos de treinamento com eles para realizar adequadamente um obra desta complexidade. O que ouço em matéria de texto falado é constrangedor (ainda mais lembrando que é minha uma das vozes que engrolam “Miserere mei, Deus…” logo no início. Bota misericórdia nisso!). Mesmo assim recomendo a vocês no mínimo zapearem pela obra e conferirem as texturas de que falei.

Enfim, senhor@s, divirtam-se com estes vinis 1 e 2. Logo voltaremos à carga com os 3 e 4: a Missa Solemnis Op.123, de vocês-sabem-quem. Aguardem!

8º CURSO INTERNACIONAL DE MÚSICA DO PARANÁ  e
8º FESTIVAL DE MÚSICA DE CURITIBA   (1975)
Postagem 1/2

• VINIL 1/4

Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Sinfonia No.6 em Fá maior, op.68 ‘Pastoral’
1. Despertar de alegres emoções ao chegar ao campo – Allegro ma non troppo
2. Cena junto ao regato – Andante con moto
3. Convívio divertido da povo da roça – Allegro
4. Tempestade – Allegro
5. Cantos dos pastores: sentimentos de alegria e gratidão após a tempestade – Allegretto
Orquestra do 8º Festival de Música de Curitiba – Reg. Roberto Schnorrenberg

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• VINIL 2/4

1. Hans Leo Hassler (1564-1612):
    Salmo 119, v.1-2: Ad Dominum cum tribulare clamavi
(faixa incluída originalmente no vinil 1/4)
2. Pe. José de Almeida Penalva (Campinas, 1924 – Curitiba, 2002)
    Metánoia (1ª versão)
Madrigal dos Alunos do 8º Curso Internacional de Música do Paraná.
Narração: Pe. Nereu Teixeira. Regência: Henrique Gregori

3-4. Henrique de Curitiba (Zbigniew Henrique Morozowicz) (Curitiba, 1934-2008)
    Estudo Aberto
Faixa 3: Primeira posição / Improviso
Faixa 4: Segunda posição / Final
Flauta: Norton Morozowicz
Clarinete: Daniel Blech
Fagote: Noel Devos

5. Edino Krieger (Brusque, SC, 1928)
    Estro Armonico
Orquestra do 8º Festival de Música de Curitiba.
Regência: Roberto Schnorrenberg

6. Krzysztof Meyer
(Kraków, Polônia, 1943)
    Quarteto de Cordas nº 4, op. 33 (1973):
I. Preludio interroto – II. Ostinato – III. Elegia e Conclusione
Quarteto Wilanow
Violino: Tadeusz Gadzina
Violino: Pawel Losakiewicz
Viola: Arthur Paciorkiewics
Violoncelo: Wojciech Walasek

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PALHINHA: ouça 5. Estro Armonico (Edino Krieger)
com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC

Boa audição!

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Ranulfus: idealização e texto
Avicenna: digitalização do LP e mouse conductor