Béla Bartók (1881-1945): The Piano Concertos (Bavouzet / Noseda / BBC)

Béla Bartók (1881-1945): The Piano Concertos (Bavouzet / Noseda / BBC)

Sim, eu sei o que o mano PQP vai dizer: nunca houve uma gravação dos concertos para piano como a que Géza Anda realizou ainda nos anos 60, com o Férenc Fricsay. Mas o genial pianista húngaro já morreu há bastante tempo, assim como o fantástico maestro húngaro, e neste meio tempo nasceu Jean-Efflam Bavouzet, este excelente pianista francês, um de meus favoritos da atualidade. Lembram de seu Debussy e de seu Ravel que postei ano passado? Aqui, Bavouzet encara os três petardos bartokianos com maestria, perícia, e tranquilidade. Coisa de gente grande, que sabe o que faz. Para ouvir, sugiro pararem de fazer o que estiverem fazendo e prestarem atenção, e depois me digam se o rapaz não é bom mesmo. Enquanto escrevo este texto, e ouço este excelente CD, meu vizinho ouve uma música eletrônica horrível, possivelmente para irritar os vizinhos antes de ir para as baladas de sexta feira à noite, e também para mostrar que o equipamento de som dele é melhor que o meu, e provavelmente o é. Mas deixemos ele de lado… cada um sabe a dor e a delícia de ser o que se é, como dizia o poeta. E fiquemos com o Béla. Divirtam-se.

Béla Bartók (1881-1945): The Piano Concertos (Bavouzet / Noseda / BBC)

01. Béla Bartók – Piano Concerto No.1, BB 91 – I Allegro moderato
02. Béla Bartók – Piano Concerto No.1, BB 91 – II Andante
03. Béla Bartók – Piano Concerto No.1, BB 91 – III Allegro

04. Béla Bartók – Piano Concerto No.2, BB 101 – I Allegro
05. Béla Bartók – Piano Concerto No.2, BB 101 – II Adagio – Presto – Adagio
06. Béla Bartók – Piano Concerto No.2, BB 101 – III Allegro molto

07. Béla Bartók – Piano Concerto No.3, BB 127 – I Allegretto
08. Béla Bartók – Piano Concerto No.3, BB 127 – II Adagio religioso
09. Béla Bartók – Piano Concerto No.3, BB 127 – III [Allegro vivace]

Jean-Efflam Bavouzet – Piano
BBC Philharmonic
Gianandrea Noseda – Conductor

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Bavouzet durante uma live com os gaúchos do PQP Bach. É que ele quer fazer uma churrasqueira naquela janela ali atrás.

FDP & PQP

In memoriam Ranulfus (1957-2023)

Nós – e o mundo – perdemos Ranulfus no último dia 9, e, após reverente silêncio, retomamos as atividades do PQP Bach.

Nossas homenagens, claro, continuarão – e a caixa de comentários, que tantas e tão significativas mensagens recebeu nos últimos dias, pelas quais muito agradecemos e que encaminhamos aos que lhe eram mais próximos, seguirá aberta às manifestações de seus colegas e leitores-ouvintes.

Boris Tishchenko (1939-2010): Concerto para Piano e Concerto para Harpa (Tishchenko / Blazhkov / Donskaya-Tishchenko / Serov)

Boris Tishchenko (1939-2010): Concerto para Piano e Concerto para Harpa (Tishchenko / Blazhkov / Donskaya-Tishchenko / Serov)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

(refiro-me, principalmente, ao Concerto para Harpa)

Como a aceitação tem sido positiva com relação a Sinfonia Nº 7 de Boris Tishchenko, trago aqui mais um grande disco desse excelente compositor. A primeira obra é um concerto para piano escrito em 1962, quando o jovem Boris acabava sua graduação. A estrutura do concerto tem a tradicional forma em três movimentos, mas ela é bem peculiar no desenvolvimento dos temas. O segundo movimento começa com uma fuga que é um brincadeira entre a orquestra e o piano. Obra interessante, o registro não tem um som muito bom (gravação de 1966), mas vale pela interpretação ao piano do próprio compositor. Já no concerto para harpa, a segunda peça desse disco, escrita em 1977, o compositor tinha atingido o ápice de sua criatividade e linguagem. A estrutura em cinco movimentos, bem típica do compositor, começa, assim como a sinfonia n.7, de maneira contemplativa e sinistra. A harpa às vezes soa como um cravo, e o diálogo com a orquestra é de uma precisão incrível. Mas a impressão é de que o primeiro movimento é um prelúdio para o segundo movimento, que começa com os instrumento de sopro dando a direção do diálogo, depois os instrumentos de cordas e logo em seguida a percussão. A harpa vai percorrendo e ligando cada seção da orquestra até reinar absoluta. A impressão da harpa ser um instrumento delicado e com serventia apenas ao lirismo é totalmente corrigida neste movimento. No quarto movimento, uma soprano surge de maneira bem suave, enriquecendo o clima nostálgico e íntimo. O quinto e último movimento é um andante que retoma alguns dos temas inicias dos outros movimentos, num tom triste e pessimista.

P.S. de PQP Bach: são lindas as citações de Mussorgsky durante o Concerto para Harpa.

Boris Tishchenko (1939-2010): Concerto para Piano e Concerto para Harpa (Tishchenko / Blazhkov / Donskaya-Tischenko / Serov)

1. Piano Concerto: Allegro moderato
2. Piano Concerto: Allegretto tranquillo. Allegro vivo

Leningrad Philharmonic Orchestra
Conductor: Igor Blazhkov
Piano: Boris Tishchenko

3. Harp Concerto: Moderato
4. Harp Concerto: Allegro con molto
5. Harp Concerto: Moderato
6. Harp Concerto: Intermezzo
7. Harp Concerto: Andante

Leningrad Philharmonic Orchestra
Conductor: Edward Serov
Harp: Irinia Donskaya-Tishchenko

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Compositor mais luminoso do que a foto, credo

cdf

W. A. Mozart (1756-1791) – Concertos para Clarinete e Oboé (Hogwood, Pay, Piguet)

Essa postagem é lá de 2007, nos primórdios do PQPBach, quinze anos se passaram, muita água passou por baixo da ponte, estamos mais velhos, com cabelos brancos já quase dominando nossas cabeças,  mas continuamos firmes e fortes com o propósito de trazer boa música para os senhores.

Esse disco traz uma das melhores gravações já realizadas do maravilhoso Concerto para Clarinete de Mozart, nas mãos competentíssimas de Antony Pay, acompanhado pela excelente orquestra dirigida por Christopher Hogwood, lá no seu auge, em meados da década de 80, a Academy of Ancient Music.  De quebra ainda temos outra obra prima mozartiana, o Concerto para Oboé, que tem como solista Miguel Piguet. Lembro que sempre que saía um disco dessa série do Hoogwood me desdobrava para conseguir o dinheiro para comprar. Não era fácil. Tinhamos duas excelentes lojas de disco em Florianópolis na época, e quando lá chegávamos o gerente, que já nos conhecia, vinha mostrar as novidades. Bons tempos. Vacas magras, é verdade. Minha mãe brigava comigo pois gastava o dinheiro que ganhava comprando discos e livros.

Mas vamos de Mozart novamente, nunca é demais, não concordam?

1. Clarinet Concerto In A Major, K622: I Allegro
2. Clarinet Concerto In A Major, K622: II Adagio
3. Clarinet Concerto In A Major, K622: III Rondo: Allegro

Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Academy of Ancient Music (UK)
with Antony Pay
Conducted by Christopher Hogwood

4. Oboe Concerto In C Major, K314: I Allegro aperto
5. Oboe Concerto In C Major, K314: II Adagio non troppo
6. Oboe Concerto In C Major, K314: III Rondo: Allegretto

Composed by Wolfgang Amadeus Mozart
Performed by Academy of Ancient Music (UK)
with Michel Piguet
Conducted by Christopher Hogwood

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FDP

Claude Debussy (1862-1918) – Prelúdios Completos, Children’s Corner, Images I e II (Michelangeli)

Se o nome Arturo Benedetti Michelangeli (1920-1995) não significa nada para você, tudo mudará a partir do momento em que você baixar esta maravilha trazida por F.D.P. Bach. São dois CDs com os Prelúdios Completos – primeiro e segundo livros -, mais as Images I e II e o Children’s Corner, também completos.

O pianista Arturo Benedetti Michelangeli tinha algo de João Gilberto. Absolutamente maníaco, só tocava em seu Steinway e viajava sempre com o mesmo afinador. Compreesivelmente, cada turnê era um suplício para seus acompanhantes. Quando não podia levar seu piano, fazia tantas exigências que até os japoneses perderam a paciência com ele. Mas há o outro lado: foi o primeiro pianista que impressionou este humilde P.Q.P. pela sonoridade perfeita. Era uma sonata de Schubert e fiquei paralisado pela qualidade da interpretação e pelo som do pianista, que parecia ter planejado cada nota. Arturo era tão perfeccionista que, mesmo tendo vivido 75 anos, nunca teve um repertório imenso. Como João Gilberto, trilhava por muito tempo as mesmas obras até deixá-las per-fei-ti-nhas.

Embriague-se com Michelangeli.

Claude Debussy (1862-1918) – Prelúdios livros I e II, Children`s Corner, Images livros I e II
CD 1
1. Préludes (Livre I): Danseuses de Delphes
2. Préludes (Livre I): Voiles
3. Préludes (Livre I): Le Vent dans la plaine
4. Préludes (Livre I): ‘Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir’
5. Préludes (Livre I): Les collines d’Anacapri
6. Préludes (Livre I): Des pas sur la neige
7. Préludes (Livre I): Ce qu’a vu le vent d’ouest
8. Préludes (Livre I): La Fille aux cheveux de lin
9. Préludes (Livre I): La Sérénade interroumpue
10. Préludes (Livre I): La Cathédrale engloutie
11. Préludes (Livre I): La Danse de Pluck
12. Préludes (Livre I): Minstrels
13. Children’s Corner: Docteur Gradus ad Parnassum
14. Children’s Corner: Jimbo’s lullaby
15. Children’s Corner: Serenade for the doll
16. Children’s Corner: The snow is dancing
17. Children’s Corner: The little shepherd
18. Children’s Corner: Golliwogg’s Cake-Walk

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – FLAC
CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – mp3 320kbps

CD 2
1. Préludes (Livre II): Brouillards
2. Préludes (Livre II): Feuilles mortes
3. Préludes (Livre II): La Puerta del Vino
4. Préludes (Livre II): ‘Les fées sont d’exquises danseuses’
5. Préludes (Livre II): Bruyères
6. Préludes (Livre II): ‘General Lavine’ – eccentric
7. Préludes (Livre II): La terrasse des audiences du clair de lune
8. Préludes (Livre II): Ondine
9. Préludes (Livre II): Hommage à S. Pickwick Esq. P.P.MP.C.
10. Préludes (Livre II): Canope
11. Préludes (Livre II): Les Tierces alternées
12. Préludes (Livre II): Feux d’artifice
13. Images I: Reflets dans l’eau
14. Images I: Hommage à Rameau
15. Images I: Mouvement
16. Images II: Cloches à travers les feuilles
17. Images II: Et la lune descend sur le temple qui fut
18. Images II: Poissons d’or

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – FLAC
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O jovem Debussy na capa do vinil

Arturo Benedetti Michelangeli, piano (DG 1971, Images, Children’s Corner; DG 1978, Préludes Livre I; DG 1988, Préludes Livre II)

PS: Em 2008 tivemos o comentário de Junior de Oliveira:
“Ótima gravação de Michelangeli como sempre!!! eu sei que é pedir demais .mas vocês poderiam postar mais gravações desse genio da musica”
Com a lentidão habitual do nosso SAC, informamos que o pedido foi atendido aqui (Haydn), aqui (Galuppi, Bach/Busoni), aqui (Chopin) e aqui (Schumann no Vaticano). O pedido mais recente do Bernardo também foi atendido aqui (Beethoven em Viena).

PS2: Nem deu tempo de comentar os Prelúdios, essa obra prima pianística sem igual. Deixo apenas uma impressão, a ser confirmada ou negada por cada ouvinte. O livro I (1909-10) é cheio de paisagens e cores iluminadas pela luz do sol: a Catedral submersa, as colinas de Anacapri, os passos sobre a neve que são uma caminhada tranquila, bem diferente da tensão de um gelado caminhar noturno. Já o livro II (1912-13) tem muitos momentos boêmios ou irônicos ou sombrios, um clima bem mais noturno: a porta do vinho, as folhas mortas, os fogos de artifício… Assim como em uma das Images (1907) e também no seu anterior Clair de lune (1905), no 2º livro dos Prelúdios Debussy lembra-se novamente da lua, companheira dos poetas. Mais sobre os prelúdios aqui e aqui.

Por que o terno e gravata na praia, Monsieur Debussy? Ele é cheio de mistérios…

PQP e FDP Bach (2007) / Pleyel (2022)

Ernesto Nazareth (1863-1934) & Darius Milhaud (1892-1974): Brasil (Bratke)

Ernesto Nazareth (1863-1934) & Darius Milhaud (1892-1974): Brasil (Bratke)

Ernesto Nazareth foi um pianista e compositor brasileiro, considerado um dos grandes nomes do “tango brasileiro” ou, simplesmente, choro. Influenciou muitos compositores, do popular ao erudito. Milhaud é um dos muitos compositores influenciados pela música de Nazareth.

Os quase dois anos de residência de Milhaud no Brasil (1917-1918) foram de extrema importância para sua música. Milhaud escreveu o seguinte sobre seu encontro com a música brasileira:

Os ritmos dessa música popular me intrigavam e me fascinavam. Havia uma suspensão imperceptível nas síncopes, uma respiração despreocupada, uma pausa leve que achei muito difícil de dominar. Comprei então uma quantidade de maxixes e de tangos; fiz um esforço para tocá-los em seus ritmos sincopados que passam de uma mão para a outra. Meus esforços foram recompensados e eu podia finalmente expressar e analisar esse “pequeno nada” tão tipicamente brasileiro. Um dos melhores compositores desse gênero musical, Nazareth, costumava tocar piano na frente da porta de um cinema na Avenida Rio Branco. Sua maneira fluida, impalpável e triste de tocar também me ajudou a conhecer melhor a alma brasileira.

Em 1918, enquanto Milhaud estava no Rio, Ernesto Nazareth tocava no Cinema Odeon, para o qual ele dedicara seu mais famoso tango. Milhaud não foi o único europeu a ouvir Nazareth e se maravilhar com suas criações. O pianista Artur Rubinstein visitou o Brasil no mesmo ano, e ficou igualmente impressionado.

Mesmo assim, quando Milhaud mencionou as fontes de Le Boeuf sur le Toit, não houve nenhuma palavra sobre Nazareth e seus tangos, usados pelo compositor francês em sua peça mais conhecida.

Fonte: Crônicas Bovinas
Uma análise detalhada sobre a obra Le Boeuf Sur Le Toit e as
melodias brasileiras usadas na música mais popular de Milhaud.
Pesquisa feita por Daniella Thompson – Extremamente interessante

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Nazareth & Milhaud – Brasil

Nazareth – Tangos

01 Brejeiro (2:15)
02 Ameno Resedá (2:55)
03 Tenebroso (3:52)
04 Travesso (3:06)
05 Fon-Fon (2:57)
06 Batuque (4:18)
07 Cubanos (2:31)
08 Sarambeque (3:02)
09 Apanhei-te Cavaquinho (2:09)
10 Odeon (3:01)

Milhaud – Saudades do Brasil

11 Sorocaba (1:37)
12 Botafogo (1:56)
13 Leme (2:21)
14 Copacabana (2:31)
15 Ipanema (1:40)
16 Gávea (1:23)
17 Corcovado (1:58)
18 Tijuca (2:02)
19 Sumaré (1:50)
20 Paineiras (1:14)
21 Laranjeiras (1:06)
22 Paissandu (1:39)

Marcelo Bratke, piano

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Marcelo Bratke

Strava

Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Este é um dos cds que mais tenho ouvido nos últimos dois anos, não entendo porque demorei tanto a compartilhá-lo com os amigos. Trata-se de um álbum com obras de compositores franceses compostas nos extremos do século XX, ou seja, início, com os Les Six Satie, Milhaud e Auric e final do século com Françaix e Fetler. Satie nos presenteia com seu balé Parade, música que mais tenho escutado já há um bom tempo. De Milhaud temos a polêmica e empolgante Le Boeuf Sur Le Toit, pantomima baseada em canções brasileiras. A alegre, ritmada e cheias de emoções Ouverture é uma das poucas peças de Auric que tive a oportunidade de ouvir. Completam o álbum dois compositores que eu nunca tinha ouvido falar, mas que me empolgaram bastante, Jean Françaix nos brinda com seu despretensioso e singelo, mas muito bonito Concertino para Piano e Orquestra e Paul Fetler com os Contrasts para Orquestra, obra que me surpreendeu bastante, com passagens rápidas e ritmadas, bem ao meu gosto. Enfim, um álbum que vale a pena ouvir.

Uma ótima audição!

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Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Parade (Ballet Realiste On A Theme Of Jean Cocteau)
Composed By – Erik Satie
Orchestra – London Symphony Orchestra*
(14:27)
1.1 Choral – Prelude de Rideau Rouge – Prestidigitateur Chinois 5:16
1.2 Petite Fille Americaine 3:51
1.3 Acrobates 2:56
1.4 Final – Suite au “Prelude du Rideau Rouge” 2:24

2 Le Boeuf Sur le Toit (Ballet, After Jean Cocteau)
Composed By – Darius Milhaud
Orchestra – London Symphony Orchestra*
18:35

3 Ouverture
Composed By – Georges Auric
Orchestra – London Symphony Orchestra*
7:51

Concertino For Piano And Orchestra
Composed By, Piano – Jean Françaix
Orchestra – London Symphony Orchestra*
4 1. Presto Leggiero 1:51
5 2. Lent 1:44
6 3. Allegretto; Rondeau 4:15

Contrasts For Orchestra
Composed By – Paul Fetler
Orchestra – Minneapolis Symphony Orchestra
7 1. Allegro Con Forza 4:03
8 2. Adagio 5:24
9 3. Scherzo: Allegro Ma Non Troppo 3:52
10 4. Allegro Marciale – Presto 4:58

Regente: Antal Dorati, com as orquestras acima citadas.

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Dorati: de anta não tinha nada

Marcelo Stravinsky

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concertos – Berman, Gutiérrez, Jarvi, RCO

Já se passaram dez anos desde que postei esta integral dos Concertos de Prokofiev com a direção do Neeme Järvi. Muita coisa aconteceu neste meio tempo, na época nem imaginava que estaria atualizando estes links em 2021. Também não passava pela cabeça de ninguém que sofreríamos uma pandemia nestas proporções em que estamos sofrendo atualmente. Meus cabelos ainda não tinham ficado brancos, enfim, são dez anos vivendo em uma realidade totalmente diferente.

O colega René Denon pediu estas gravações e pedi um tempo para encontrá-las, pois lembrava do impacto que senti quando as ouvi pela primeira vez. Curiosamente, encontrei-as rapidamente. 

Estou devendo estes concertos desde o começo do ano, e confesso que por algum motivo acabei deixando-os de lado. Pois bem, aí estão a primeira parte dos Concertos para Piano de Prokofiev com o Neeme Järvi (lembrando que postei as sinfonias com este mesmo regente no começo do ano).

Como hoje é quinta feira e ficamos quase vinte e quatro horas fora do ar, resolvi fazer uma postagem rápida, daquelas vapt-vupt, aproveitando que o arquivo já estava no megaupload há pelo menos dez meses, aguardando pacientemente sua vez.

O solista é o excelente Boris Berman, um especialista na obra de Prokofiev.

01 – Piano Concerto No. 1 in D flat major Op. 10 – Allegro brioso
02 – Andante assai
03 – Allegro scherzando
04 – Piano Concerto No. 4 in B flat major Op. 53 – I. Vivace
05 – II. Andante
06 – III. Allegro moderato
07 – IV. Vivace
08 – Piano Concerto No. 5 in G major Op. 55 – I. Allegro con brio
09 – II. Moderato ben accentuato
10 – III. Toccata. Allegro con fuoco
11 – IV. Larghetto
12 – V. Vivo

Boris Berman – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

Pois bem, senhores, concluindo esta caixa, aqui estão os dois Concertos para piano mais famosos de Prokofiev, o Segundo e o Terceiro. É difícil dizer qual deles é o meu preferido, creio que na verdade gosto dos cinco, mas esta introdução melódica do Segundo é de partir os corações mais duros.

Horácio Gutiérrez me era desconhecido até então, mas o rapaz é um assombro. É um virtuose de mão cheia que conhece muito bem seu instrumento, e não se deixa pegar nas armadilhas que Sergey colocou, e não são poucas. Os clientes da amazon foram quase unânimes em dar cinco estrelas à esta gravação, e com razão.

E porque hoje é sábado, usando uma frase muito usada no blog do nosso amigo Milton Ribeiro, vou deixá-los por aqui, e sair para aproveitar o dia.

Boa audição.

Serguei Prokofiev – Piano Concertos nº 2 in G Minor, op. 16, Piano Concerto nº3, in C Major, op. 26

01 – Piano Concerto No. 2 in G minor Op. 16 – I. Andantino – Allegro
02 – II. Scherzo. Vivace
03 – III. Intermezzo. Allegro moderato
04 – IV. Finale. Allegro tempestuoso
05 – Piano Concerto No. 3 in C major Op. 26 – I. Andante – Allegro
06 – II. Tema. Andantino – Variations 1-5 – Tema. L’istesso tempo
07 – III. Alegro ma non troppo

Horácio Gutiérrez – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

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FDPBach

Béla Bartók (1881-1945) – Peças para Piano com Andor Foldes #BRTK140

IM-PER-DÍ-VEL!

Esta postagem abaixo de PQPBach foi revista e ampliada para a celebração dos 140 anos de nascimento de Béla Bartók. Acredito que em 2007, ano da postagem original, havia apenas um CD simples com algumas das gravações de Bartók por Andor Foldes pela Deutsche Grammophon. O resto estava disponível apenas no vinil. Mais recentemente a gravadora soltou, remasterizadas, todas essas gravações que hoje ocupam um CD triplo.

As obras para piano de Béla Bartók têm um pé na tradição e um pé na modernidade: o material temático é quase sempre influenciado pela música folclórica de vários povos da Europa central e oriental, enquanto a escrita pianística usa procedimentos típicos do século XX, com destaque para os clusters.

Um cluster, ou agrupamento de tons, é um acorde musical que compreende (dois ou tipicamente três ou mais) tons adjacentes, ou seja, teclas adjacentes, que podem ser tocadas com os dedos ou, em alguns casos, com socos ou mesmo cotoveladas no teclado, algo que os músicos de jazz já faziam em seus improvisos desde tempos imemoriais.Não por acaso, os precedentes são em sua maioria norte-americanos, como o pianista Scott Joplin e o compositor Charles Ives. Na Europa, Debussy usou clusters para representar os sinos da catedral em um célebre prelúdio para piano. Mas esses três usavam esse tipo de sonoridade de forma eventual. Quem batizou a técnica e usou sequências deles de forma explícita foi o norte-americano Henry Cowell, também um dos introdutores da ideia de “piano preparado”.

Béla Bartók conheceu Henry Cowell em dezembro de 1923. No ano seguinte, ele escreveu para Cowell perguntando se ele poderia utilizar tone clusters sem ofender o colega. A partir daí, ele entraria em um fértil período de escrita pianística, com algumas de suas principais obras para piano finalizadas em 1926: a Sonata, a Suíte Out of Doors e o 1º Concerto para Piano e Orquestra.

O uso mais óbvio dos clusters, por seu caráter dissonante, é em movimentos rápidos e percussivos, com o teclado sendo martelado em andamentos como Presto ou Pesante, como nos exemplos abaixo, que testemunham a influência de Cowell sobre Bartók.

Fotos: clusters na suíte Out of doors. À esquerda, clusters pesados (pesante) no começo do 1º movimento e à direita clusters lentos e misteriosos no 4º movimento – Música Noturna.

Outra forma de utilizar os clusters é com a mão esquerda tocando, delicadamente, sequências dissonantes que fazem parte da criação do clima de “Música Noturna”, título do 4º movimento da Suíte Out of Doors. Boa parte dos movimentos lentos da fase madura de Bartók também recebem esse nome de música noturna: por exemplo os movimentos centrais do 2º Concerto para Piano e do Concerto para Orquestra, sem falar em várias cenas do Mandarim Miraculoso, talvez o mais noturno de todos os balés, por lidar com o tema da prostituição, que aliás causou grande escândalo nos anos 1920.

Pano rápido e as palavras de PQP em 2007: Não vou reescrever o que já está pronto sobre este espetacular CD de um pianista que aprendeu a tocar Bartók com o próprio. Atenção: a gravação é de 1955, mas a qualidade do som parece digital.

Texto de Melvin Yap

Bartók is probably most famous for his Concerto for Orchestra and his piano and violin concertos. As a consequence, many of the works on this disc will probably be unfamiliar to most listeners out there.

This recording belongs to DG’s Dokumente series and as such, is not a recent recording. It was recorded in 1955 in monophonic sound. However, since the whole disc is a piano recital, the monophonic sound isn’t that serious a drawback.

Who was Andor Foldes anyway? From the documentation supplied with the disc, I gathered that he had quite an illustrious bevy of piano teachers. He studied the piano with Ernst von Dohnányi and first met Bartók at the age of fifteen in 1929. They later became close friends until Bartók’s death. His intimate relationship with the composer himself hints that he probably is eminently qualified to interpret Bartók’s work and this is borne out by the quality of the recital.
The Mikrokosmos are teaching pieces that range from beginners’ pieces to works of exuberant virtuosity. Foldes is never condescending and he invests these pieces with detail and meticulous precision. I believe that Foldes hardly deviates from the strict dynamics and tempo markings that Bartó The same approach can be seen in the other pieces too. Rather than playing these works coldly and mechanically, as some pianists are apt to do, Foldes strives for emotion and expression. He is technically brilliant but never allows the technical aspect of a work to overshadow its intrinsic artistic qualities. This is one of the most atmospheric recordings I’ve ever heard and it is not hard to imagine the pianist playing right before you.

There’s plenty of exciting moments in this disc, for example in the last part of the Suite Op.14. Percussive, almost overflowing in a kaleidoscope of sound but always coherent and imaginative, the playing is a delight. Nor are the slower parts especially boring. Foldes has a way of mulling over the slower bits in an interesting sort of way so that you are enlightened rather than irked.

Despite its vintage, the sound of this disc is perfectly acceptable and probably acoustically superior to many of our so-called digital recordings. This is not a disc for everybody but it should be rewarding for any serious collector of Bartók or piano music.

Béla Bartók – Peças para Piano

CD 1
1–17 For Children, Sz.42 (BB 53): Books I & II (excerpts)
18–20 Sonatina, Sz.55 (BB 69)
21–26 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book IV (excerpts)
27–33 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book V (excerpts)
34–44 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book VI (excerpts)
45–50 For Children, Sz.42 (BB 53): Book III (excerpts)
51–54 For Children, Sz.42 (BB 53): Book IV (excerpts)
55–56 Two Elegies, Sz.41 (BB 49)

CD 2
1–6 Six Romanian Folk Dances, Sz.56 (BB 68)
7 Fantasy II (No. 3 of Four Piano Pieces, Sz.22, BB 27)
8–14 Seven Sketches, Sz.44 (BB 54)
15 Improvisations on Hungarian Peasant Songs, Sz.74 (BB 83)
16 Fifteen Hungarian Peasant Songs, Sz.71 (BB 79)
17–19 Sonata for Piano, Sz.80 (BB 88)
20–22 Three Rondos on Hungarian Folk Tunes, Sz.84 (BB 92)
23–24 Romanian Christmas Carols, Sz.57 (BB 67)

CD 3
1–4 Suite, Sz.62 (BB 70)
5–9 Out of Doors, Sz.81 (BB 89)
10–15 Nine Little Piano Pieces, Sz.82 (BB 90)
16–26 Ten Easy Piano Pieces, Sz.39 (BB 51)
27–29 Three Burlesques, Sz.47 (BB 55)
30 Allegro barbaro, Sz.49 (BB 63)

Piano: Andor Foldes (1913-1992)
Recording: Beethovensaal, Hannover, Germany, 1954-1955

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Clusters alternados entre as duas mãos no Mikrokosmos nº 140

PQP (2007) / Pleyel (2021)

Igor Stravinsky (1882-1971) – Ballets, Stage Works and Orchestral Works (Ansermet) – 50 anos de Falecimento

Exatos dez anos depois, aqui estamos mais uma vez, homenageando os 50 anos do falecimento de Stravinsky após 88 anos passados entre São Petersburgo, Paris, Suíça, Califórnia e Nova York. Ernest Ansermet foi o maestro que estreou várias das obras contidas nestes 8 CDs. Ele conhecia de cabo a rabo os famosos balés Pássaro de Fogo, Petrushka e Sagração da Primavera. Chamo atenção também para duas outras obras menos conhecidas: as Sinfonias para instrumentos de sopro, no CD 6, composta em homenagem a Debussy poucos anos após sua morte, nas quais Stravinsky emula a leveza de seu ídolo francês. A obra foi estreada em Londres por uma orquestra pouco familiarizada com esse tipo de música, e foi um fracasso. Ansermet, pelo que diz o encarte desta caixa, foi o primeiro a regê-la com uma orquestra devidamente preparada.

A outra obra que me dá arrepios na gravação de Ansermet é o Canto do rouxinol, em que ouvimos uma espécie de disputa de canto entre um rouxinol verdadeiro e um rouxinol mecânico… A obra tem a beleza bucólica dos pássaros orquestrados por Beethoven (Sinfonia Pastoral), Mahler (Sinfonia nº 3), Villa-Lobos (Uirapuru) e Messiaen (Réveil des oiseaux) ao mesmo tempo em que o lado mecânico e industrial de obras vanguardistas de Arthur Honegger (Pacific 231), Shostakovich (Sinfonia nº2 e outros momentos de realismo proletário) e novamente Villa-Lobos (Trenzinho do Caipira), tudo isso na mesma obra em um diálogo que resume algumas das grandes questões de sua época: o orgânico versus o mecânico, o improviso instintivo versus a perfeição das máquinas, o tradicional versus o novo, o selvagem versus o civilizado, a curva versus o ângulo reto. São questões que dialogam com as vanguardas futuristas dos anos 1910 e 20 e são ainda questões da nossa época. (Pleyel, 2021)

Ainda em homenagem ao aniversário de 40 anos [6 de abril de 2011] do falecimento de Igor Stravinsky, quero compartilhar essa maravilhosa e imperdível coleção de 8 cds com a Orchestre de la Suisse Romande na regência do extraordinário Ernest Ansermet, e trazer-lhes ainda, um pequeno trecho da reportagem do New York Times do dia do falecimento do compositor.

Igor Stravinsky, the Composer, Dead at 88

By DONAL HENAHAN

Igor Stravinsky, the composer whose “Le Sacre du Printemps” exploded in the face of the music world in 1913 and blew it into the 20th century, died of heart failure yesterday.
The Russian-born musician, 88 years old, had been in frail health for years but had been released from Lenox Hill Hospital in good condition only a week before his death, which came at 5:20 A.M. in his newly purchased apartment at 920 Fifth Avenue.
Stravinsky’s power as a detonating force and his position as this century’s most significant composer were summed up by Pierre Boulez, who becomes musical director of the New York Philharmonic next season:
“The death of Stravinsky means the final disappearance of a musical generation which gave music its basic shock at the beginning of this century and which brought about the real departure from Romanticism.
“Something radically new, even foreign to Western tradition, had to be found for music to survive, and to enter our contemporary era. The glory of Stravinsky was to have belonged to this extremely gifted generation and to be one of the most creative of them all.”

Leia AQUI o texto na íntegra .

Tenha uma ótima audição!

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Stravinsky – Ballets, Stage Works and Orchestral Works

CD 1 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
L’oiseau de feu – Pássaro de fogo
Le Chant du rossignol – O Canto do rouxinol

CD 2 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Petrushhka
Le Sacre du printemps – Sagração da primavera

CD 3 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Pulcinella (Marilyn Tyler, soprano / Carlo Franzini, tenor / Boris Carmeli, bass)
Apollon musagète – Apolo, líder das musas

CD 4 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Le baiser de la fée – O Beijo da fada
Renard – A Raposa (estória burlesca) (Gerald English, John Mitchinson, tenors / Peter Glossop, baritone / Joseph Rouleau, bass)

CD 5 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
L’histoire du soldat (Suite) – A História do soldado (Suíte)
Pulcinella – Suite

CD 6 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Symphony in C – Sinfonia em Dó Maior
Symphony in Three Movements – Sinfonia em três movimentos
Symphonies of Winds – Sinfonias para instrumentos de sopro

CD 7 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
Concerto for piano (Nikita Magaloff, piano)
Capriccio for piano (Nikita Magaloff, piano)
Suites 1-2 for Orchestra
4 Études for Orchestra
Scherzo à la russe

CD 8 – Download Here / Baixe Aqui – Mega ou Aqui – Mediafire
CD 08 – Download Here / Baixe Aqui
Symphony of Psalms (Choeur de jeunes de Lausanne and Choeur de Radio Lausanne)
Les Noces (Basia Retchitzka, soprano / Lucienne Devalier, contralto / Hugues Cuénod, tenor / Heinz Rehfuss, bass)
Mavra (Joan Carlyle, soprano / Helen Watts, contralto / Monica Sinclair, contralto / Kenneth Macdonald, tenor)

Booklet – Download Here / Baixe Aqui o encarte

Orchestre de la Suisse Romande, Ernest Ansermet

A capa dessa caixa de 8 CDs é um retrato de Igor Stravinsky por seu filho Théodore, que também fez os figurinos de uma montagem de Petrushka em 1944

Marcelo Stravinsky (2011), Pleyel (2021)

Aurora Luminosa: Música Brasileira no Alvorecer do Século XX – Antonio Carlos Gomes (1836-1986), Leopoldo Miguez (1850-1902), Alexandre Levy (1864-1892) e Alberto Nepomuceno (1864-1920) [link atualizado 2017]

Aurora Luminosa: Música Brasileira no Alvorecer do Século XX – Antonio Carlos Gomes (1836-1986), Leopoldo Miguez (1850-1902), Alexandre Levy (1864-1892) e Alberto Nepomuceno (1864-1920)  [link atualizado 2017]

Reapresentamos aqui este belíssimo projeto: a Aurora Luminosa, que desfila quatro dos maiores nomes do romantismo/nacionalismo brasileiro: Carlos Gomes, o maior compositor de óperas do continente americano; Leopoldo Miguez, autor Hino à Proclamação da República; Alexandre Levy, de obra muito pequena (faleceu precocemente, aos 28 anos…) mas de grande caráter nacionalista; e Alberto Nepomuceno, o cara que todo compositor do início do modernismo brasileiro queria ser…

Para ajudar, temos uma das melhores orquestras do país, a Sinfônica Nacional, comandada pela batuta sensível de Ligia Amadio. Já tive a oportunidade de vê-la regendo em São Paulo: há muito amor, sentimento e candura em sua condução, o que é perfeito para músicas do romantismo.

As peças são fenomenais! Ouça, ouça!
Abaixo, o texto original do colega Strava, com o excerto do texto do encarte do CD.

Este projeto foi realizado pela Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense em conjunto com o Ministério da Educação para comemorar os 45 anos da OSN-UFF e com o intuito de divulgar a música sinfônica brasileira gratuitamente na Internet através do Portal Domínio Público.

Obras

Werther – Alexandre Levy
Repleta de Lirísmo, Werther é inspirada na obra de Goethe – Os sofrimentos do jovem Werther, de 1774, um dos pontos de partida para o estabelecimento da imagem trágica do herói romântico, que, ironicamente, seria encarnada pelo próprio Levy em 1892, quando morreu prematura e misteriosamente, aos 28 anos de idade.

Alvorada – Carlos Gomes
Lo schiavo possui intenções claras de exaltar o movimento abolicionista brasileiro. Dedicada à Princesa Isabel, estreou no Imperial Teatro D. Pedro II, no Rio de Janeiro em 2 de Setembro de 1889. Hoje, pode causar certa estranheza serem  índios os escravos retratados nessa ópera e não negros africanos; o fato é que Carlos Gomes optou pela etnia indígena para não desgostar ainda mais D. Pedro II que, sabia ele, aceitara a abolição da escravatura muito a contragosto. Da partitura de Lo schiavo fazem parte oito das mais belas páginas orquestrais de Carlos Gomes: é a Alvorada, que retrata o nascer de um novo dia na floresta tropical, quando se ouvem a brisa nas folhagens, toques de corneta de uma frota portuguesa ao longe, voos de pássaros, gorjeios de uma sabiá  e ecos de um imponente hino marcial, tudo estruturado em harmonia ímpar. A riqueza de suas nuances melódicas tem impressionado ouvintes de todas as épocas, em qualquer parte do Brasil ou do mundo.

Avè libertas – Leopoldo Miguez
O poema sinfônico Avè libertas, composto em 1890 para comemorar o primeiro ano da Proclamação da República e dedicado ao Marechal Deodoro, segue a fórmula romântica de exaltação nacionalista, inspirada na Europa e mantendo o espírito libertário da época, o mesmo que marca o refrão do Hino à Proclamação da República, cuja música é de sua autoria.

Série Brasileira – Alberto Nepomuceno
Estreada, na versão integral para orquestra, em 1897, a Série Brasileira é um marco na música nacionalista brasileira, utilizando temas que evocam canções e melodias bastante populares, hoje incorporados à memória coletiva nacional. Sua qualidade composicional é indiscutível, e o “Batuque” (a Quarta da série) ganhou destaque internacional: foi muitas vezes executado isoladamente por orquestras do mundo todo.

Fonte: Os textos sobre as obras foram retirados do encarte do cd – Pesquisa textual – Robson Leitão.

Uma ótima audição!

Lígia Amadio em Alvorada

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Aurora Luminosa – Música Brasileira no Alvorecer do Século XX

Alexandre Levy (São Paulo, SP, 1864 — São Paulo, SP, 1892)
01. Werther

Antônio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Alvorada, da ópera Lo Schiavo

Leopoldo Miguez (Niterói, RJ, 1850 – Rio de Janeiro, RJ, 1902)
03. Avè Libertas

04 Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
Movimentos:
– Alvorada na serra
– Intermédio
– A sesta na rede
– Batuque

Orquestra Sinfônica Nacional – UFF
Lígia Amadio, regente
Rio de Janeiro, 2006

BAIXE AQUI / DOWNLOAD HERE

Em tempo: todas as obras estão disponíveis no http://www.dominiopublico.gov.br

Lígia Amadio em Werther

Marcelo Stravinsky

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin sonatas – Viktoria Mullova – Kristian Bezuidenhout #BTHVN250

Fiz esta postagem lá em 2012, incrível, já se passaram oito anos. Muita água rolou embaixo da ponte de lá para cá, mas uma coisa continua igual: o altíssimo nível de interpretação destes dois incríveis músicos, principalmente Viktoria Mullova. Os comentaristas / clientes da amazon são quase que unânimes em considerarem esta sua leitura da Sonata a Kreutzer como uma das melhores já realizadas. E tenho quase certeza de que os senhores irão concordar. Pena que essa gravação não se transformou em um projeto de gravar a integral destas sonatas … mas estamos falando de Mullova, e como comentei abaixo, a qualidade acima da quantidade.

Viktoria Mullova, para variar, dá um show neste baita CD onde interpreta duas sonatas para violino do gênio de Bonn, a sonata n°3 do op. 12, e a obra máxima para esta formação, a divina “Sonata a Keutzer”. Como parceiro tem o excelente “pianofortista” Kristian Bezuidenhout. Tenho este CD já há algum tempo, porém reconheço que também faz tempo que não dou atenção a ele, pois estava meio inacessível em um HD externo, que fica guardado em um armário. De vez em quando pego ele, para procurar alguma coisa diferente para postar.
Como salientei diversas vezes nos últimos tempos, estou trabalhando como um condenado, e este foi meu primeiro domingo livre em mais de um mês, portanto desconheço o que significa a expressão “descansar no final de semana”. Se não tenho respondido á solicitações de reupagens, respondo agora: não, infelizmente não há condições mínimas de reupar arquivos deletados pelos Megauploads e rapidshares. É material que está em hds externos, partições de hds de computadores que foram descartados e do qual não foram feitos backups, e o que é pior, material que foi gravado em cds e dvds que simplesmente não são mais lidos. Trata-se da famosa “redundância cíclica de dados”. O computador trava mas não consegue ler os dados gravados naquela mídia.
Voltando à Mullova, que é o que interessa aqui, tenho a dizer o seguinte: baixem e ouçam… é Beethoven, porra!!! Interpretado por uma das maiores violinistas de sua geração. Não tenho informações se ela chegou a encarar gravar todas as sonatas para violino e piano de Beethoven, assim como o fez Anne-Sophie Mutter, há algum tempo atrás, ou outros tantos violinistas de renome. Mullova prefere a qualidade à quantidade. Grava pouco, porém é difícil dizer que um CD dela não é tão bom quanto outro.
Deleitem-se.

01 Violin Sonata no.3 in E flat op.1
02 II. Adagio con spirito
03 III. Rondo Allegro molto
04 Violin Sonata no.9 in A op.47 ‘Kreutzer’
05 II. Andante con variazioni
06 III. Presto

Viktoria Mullova – Violin
Kristian Bezuidenhout – Fortepiano

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FDPBach

Postagem restaurada – Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – Klemperer (2/6)

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 20/10/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 24/3/2020 e 6/5/2022

Continuo com a integral das Sinfonias de Beethoven com Otto Klemperer. Problemas com o uploaded.to e a falta de confiança em qualquer outro servidor de armazenamento me fizeram voltar para o rapidshare.
E aqui o negócio se torna mais sério. Temos a mítica Sinfonia n°3, também conhecida como “Eroica”. Dia destes PQPBach postou uma versão com o Fricsay, e a considerava a mais perfeita que já ouvira. Sugiro então que se faça a comparação entre estes dois gigantes da regência. Talvez Fricsay tenha certa vantagem pelo fato de ter atingido tal maturidade musical tão precocemente, lembrando que ele morreu com 46 anos de idade, ou seja, era mais jovem quando a gravou, enquanto que Klemperer já estava com 85 anos de idade quando encarou o desafio de gravar esta integral. Claro que esta não foi sua única gravação, na verdade, existem dez registros fonográficos que ele realizou desta sinfonia. Algumas em estúdio, outras ao vivo, em broadcasting. O próprio Karajan considera as interpretações da “Eroica” pelo Klemperer a base de suas próprias interpretações.
Alguns podem achar que o bom velhinho desacelerou um pouco na Marcia Funebre (16:53), mas no conjunto a leitura que Klemperer faz desta sinfonia, que é a divisora de águas das sinfonias é, em minha modesta opinião, perfeita. Claro que a orquestra ajuda, mas podemos sentir o pulso do regente alemão controlando cada nuance, cada detalhe da música. Para se ouvir sem medo, e várias vezes. De preferência, sentados em suas melhores poltronas, apreciando um bom vinho.

P.S. – Aos 62 primeiros downloaders deste arquivo peço desculpas, mas troquei os links e disponibilizei as sinfonias de n°2 e 5. O link com a 3ª Sinfonia já está corrigido.

 

01. Symphonie Nr. 3 Es-dur op. 55 – I. Allegro con brio
02. II. Marcia funebre Adagio assai
03. III. Scherzo und Trio Allegro vivace
04. IV. Finale Allegro molto – Poco andante – Presto
05. Grosse Fuge B-dur op. 133

Philharmonia Orchestra
Otto Klemperer

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FDPBach

Postagem restaurada – Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – Klemperer (1/6)

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 19/10/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 23/3/2020

LINK CORRIGIDO !

Alguém dia destes pediu a Sinfonia Pastoral com o Klemperer, e pensei então, por que apenas a Sinfonia Pastoral e não todas elas com o bom velhinho Otto Klemperer, no apogeu de seus 85 anos de idade? São gravações de primeiríssima linha com um dos grandes nomes da regência do século XX. Coisa de gente grande, para baixar e guardar, para ouvir com carinho sempre que se tiver vontade.

Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – CD 1 de 6 – Otto Klemperer, Philharmonia Orchestra

01. Symphony n° 1 in C Major, op. 21. Adagio molto – Allegro con brio
02. 2. Andante cantabile con moto
03. 3. Menuetto and Trio. Allegro molto e vivace
04. 4. Adagio – Allegro molto e vivace
05. Symphony n°6 in F Major, op. 68 ´Pastoral´ 1. Allegro ma non troppo
06. 2. Andante molto mosso
07. 3. Allegro – In tempo d’allegro – Tempo I –
08. 4. Allegro –
09. 5. Allegretto

Philharmonia Orchestra of London
Otto Klemperer – Conductor

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Sergei Prokofiev (1891 – 1953): Sinfonias Nº 1 “Clássica” e 5

De todas as sinfonias que conheço, a 5ª de Prokofiev tem um dos adagios mais bonitos e profundos, mais ainda na interpretação lenta e cuidadosa de Celibidache e Filarmônica de Munique. Procurem no Youtube a entrevista “Celibidache on his Philosophy of Music”, em que ele explica seus conceitos sobre o andamento, que deve permitir ao ouvinte perceber todos os elementos da partitura. Quanto mais complexidade, mais o andamento deve ser lento, diz ele. Deixo vocês com o texto de nosso patriarca P.Q.P., de 2007, quando o Youtube engatinhava e o Orkut reinava.

Alguma limitação me faz confundir as sinfonias de Prokofiev. Boto para tocar a quinta, esperando ouvir a sétima; ambas são excelentes, mas chego a pensar no Sr. Alzheimer quando as confundo.

A Clássica é uma Sinfonia de Haydn composta por Prokofiev. É merecidamente famosa, irresistivelmente melodiosa e está no repertório de qualquer boa orquestra. A Quinta é bem mais séria e diz a lenda que foi bem recebida pelo regime soviético. É estranho, pois mesmo com a habitual grandiosidade das interpretações de Celibidache – ouçam aqui! – , ela permanece emitindo para mim enorme quantidade de bom humor e um heroísmo não todo destituído de ironia. Gosto muito dela.

P.Q.P. Bach.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953) – Sinfonias Nº 1 “Clássica” e 5
1. Symphonie N°1 En Ré Majeur “Classique”, Opus 25 : Allegro
2. Symphonie N°1 En Ré Majeur “Classique”, Opus 25 : Larghetto
3. Symphonie N°1 En Ré Majeur “Classique”, Opus 25 : Gavotta
4. Symphonie N°1 En Ré Majeur “Classique”, Opus 25 : Finale, Molto Vivace
5. Applaudissements

6. Symphonie N°5 En Si Bémol Majeur, Opus 100 : Andante
7. Symphonie N°5 En Si Bémol Majeur, Opus 100 : Allegro Marcato
8. Symphonie N°5 En Si Bémol Majeur, Opus 100 : Adagio
9. Symphonie N°5 En Si Bémol Majeur, Opus 100 : Allegro Giocoso
10. Applaudissements

Munich Philharmonic Orchestra – Sergiu Celibidache

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Prokofiev pensando em ritmo de relógio

Marlui Miranda (1949): IHU 2 : Kewere = Rezar (Missa Indígena)

Marlui Miranda (1949): IHU 2 : Kewere = Rezar (Missa Indígena)

Inspirado pela postagem da Misa Criolla pelo amigo Avicenna, apresento-lhes a Missa Indígena Kewere da pesquisadora, compositora e cantora indigenista Marlui Miranda.

Tive a oportunidade de apreciar a Missa Kewere em julho de 1997, numa transmissão ao vivo da TV Cultura , direto da Catedral da Sé de São Paulo, em comemoração ao IV Centenário de Morte de José de Anchieta. A Catedral estava completamente tomada pelo povo, com a presença de representantes das nações indígenas, do Governador do Estado, do Presidente da República e do Cardeal Arns. Fiquei apaixonado logo de cara pelas melodias e pela linguagem indígena.

Para falar sobre  a obra, nada melhor que as palavras da própria compositora cearense, em texto extraído do encarte do cd.

Muitas missas étnicas foram compostas, tais como a “Missa Creolla”, a “Missa da Terra Sem Males”, “Missa Yoruba”. A Missa Kewere assume os ingredientes culturais dos índios amazônicos brasileiros, distantes de uma tradição musical erudita.

Em Kewere, a idéia central é a contraposição de crenças: de um lado, cantos de pajés; de outro, versos cristãos de José de Anchieta e textos da liturgia acomodados dentro da mesma trama composicional. Os cantos indígenas selecionados são de natureza solene, lírica, portanto dignificam e são adequados para serem interpretados por orquestra sinfônica e grande coro sinfônico. Assim, a escolha desta formação pareceu-me pertinente à ideia da catequese, da conversão dos índios a uma religião européia. A língua tupi ancestral unifica a composição como um todo.

Ao mesmo tempo que o “oratório” nos distancia das origens deles, nos aproxima misteriosamente, porque uma parte da interpretação vocal é feita de maneira étnica, evocando personagens indígenas, vozes esquecidas no passado da catequese. Assim, no Kyerie, a índia canta à sua maneira, misturando duas crenças: “Kyrie Eleyson… Tupã oré r-ausubar iepé… Tupã Eleyson…”, enquanto, paralelamente, acontece um canto “gregoriano” e um canto de “nominação”, este último explicado como uma espécie de “batismo”, inspirado na tradição indígena.

Kewere é uma composição de equilíbrio delicado, em que procurei adequar o sentido poético dos Aruá, dos Tupari, dos Urubu-Kaapor. Estes cantos são tão leves e frágeis quanto os espíritos que os trouxeram através do mundo dos sonhos. É nesta estrutura leve que pousam os versos de José de Anchieta.

Marlui Miranda

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01. Canto de Entrada
Música: Marlui Miranda
(adaptada dos cantos dos índios Aruá)
Texto: José de Anchieta
extraído de Dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba, v.v. 45 séc.XVI
Arranjo: Nelson Ayres

2. Kyrie
Música: Marlui Miranda
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Marlui Miranda
Percussão: Paolo Vinaccia
Teclado: Bugge Wesseltoft

3. Glória
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Tupari
Texto: José de Anchieta
extraído de Pitãngi Porãgeté, v.v. 18 e 36 séc. XVI
Arranjo: Marlui Miranda

4. Aleluia: Aclamação do Evangelho
Música: Marlui Miranda
Texto: José de Anchieta
extraído de Tupána Kuápa, v.v. 39 séc. XVI
Arranjo: Marlui Miranda

5. Credo
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Texto: José de Anchieta
extraído de Em Deus, Meu Criador, v.v. 1, 8 e 29, séc. XVI
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft
Baixo Acústico: Rodolfo Stroeter
Percussão: Paolo Vinaccia

6. Ofertório
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Caíto Marcondes
Teclado: Bugge Wesseltoft

7. Pai Nosso
Música: Marlui Miranda
Texto extraído do Catecismo da Língua Brasílica séc. XVI
Arranjo: Mateus Hélio

8. Agnus Dei
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Texto: José de Anchieta
extraído de Pitãngi Porãgeté, v.v. 92-95 e de Polo Moleiro, v.v. 122-125
Arranjo: Nelson Ayres

9. Comunhão
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Texto: José de Anchieta
extraído de Santíssimo Sacramento, séc. XVI
Arranjo Coral: Marlui Miranda
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft
Baixo Acústico: Rodolfo Stroeter
Percussão: Paolo Vinaccia

10. Ação de Graças
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Marlui Miranda
Percussão: Paolo Vinaccia

11. Canto Final
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Texto: José de Anchieta
extraído de Dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba, v.v. 90-98 séc.XVI
Arranjo: Ruriá Duprat
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft

Baixe as Letras e Traduções

Concepção e Composição de Marlui Miranda, adaptada da música dos índios, Aruá, Tupari e Urubu-Kaapor
Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo
Coral Sinfônico do Estado de São Paulo
Coral IHU
Regência: Maestro Aylton Escobar

BAIXE AQUI / DOWNLOAD HERE

LINK ALTERNATIVO

A grande Marlui Miranda

Strava

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 – Konstantin Scherbakov

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR PQPBACH EM 28/5/2007,  RESTAURADO POR RANULFUS EM 4/7/2015 E POR VASSILY EM 12/12/2019

NOTA DE VASSILY: quatro anos atrás, fizemos um esforço de restaurar os links, então todos perdidos, para as gravações em nosso acervo desse maior monumento da literatura pianística do século XX, o op. 87 de Shostakovich. Os links colapsaram novamente, e alguns de nós outros acabaram por hibernar no éter internético (internéter?). Comemoro meu despertar redisponibilizando as gravações para vocês, caros leitores-ouvintes, começando por aquela que entusiasmou tanto o Ranulfus que me instigou a recuperar a série, a do ebuliente siberiano Scherbakov. Se tudo correr bem, em muito breve estarão elas todas por aqui, para completarmos nossa lista de cromos faltantes, a saber:

Tatiana Nikolayeva: três versões, a primeira (1961), a segunda (1987) e a derradeira (1990)

Aleksander Melnikov

Vladimir Ashkenazy

Konstantin Scherbakov

Keith Jarrett

Peter Donohoe  (já disponível em postagem do patrão PQP)

BÔNUS: DVD sobre Tatiana Nikolayeva e uma integral do Op. 87

Publicação original: 28.05.2007

Nota de Ranulfus: Esta postagem do nosso grão-mestre PQP foi a primeira de seis postagens dos Prelúdios e Fugas do Shosta que apareceram aqui – e precisamente a que me conquistou. Depois o próprio PQP publicou a de Nikolayeva, tida como a referência nesta obra, em áudio (2009) e em vídeo (2010), a de Keith Jarrett (de que ele gostou e eu não gostei) em 2012, a de Melnikov em 2013. Além disso, o Carlinus publicou a de Ashkenazy em 2010. Pois mal: devido aos acidentes a que o compartilhamento tem estado sujeito, nenhuma delas chegou a 2015 no ar – o que foi trágico, pois avalio esta obra como um clássico maior, ainda insuficientemente conhecido, mas digno de ficar para sempre – e desde já!

Então está aqui de novo a versão de Scherbakov – e quem sabe os colegas se animem a revalidar também alguma(s) das outras!

Texto de Anderson Paiva (fragmento). Em 1950, comemorava-se o bicentenário da morte de Johann Sebastian Bach, em Leipzig. O festival foi o palco da Competição Internacional Bach de Piano, que requeria a execução de qualquer um dos 48 Prelúdios e Fugas do Cravo Bem-Temperado. Entre os jurados, estava Dmitri Shostakovich.

A vencedora do concurso foi Tatiana Nikolayeva, que tocou não apenas um dos prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado, conforme requeria a competição, mas executou todos os 48 Prelúdios e Fugas. Ela ganhou a medalha de ouro.

Dmitri Shostakovich, que entregou o prêmio à vencedora de 26 anos (na condição de presidente do júri), ficou impressionado com a interpretação da jovem pianista.

A última atração do evento foi o Concerto em Ré Menor para Três (cravos) Pianos, de J. S. Bach, tendo Maria Youdina, Pavel Serebriakov e Tatiana Nikolayeva como solistas. Incrivelmente, após Youdina machucar o dedo, Shostakovich, sem nenhuma preparação, e de última hora, tomou o seu lugar ao piano.

O mestre russo havia sido convidado para participar do festival de Leipzig em uma época que sua música silenciara na União Soviética, após o Decreto de Zhdanov (1948). Mas em meio ao silêncio, ele prosseguia compondo. E após retornar de Leipzig, contagiado pelo espírito de Bach – num primeiro momento, pretendia escrever apenas exercícios de técnica polifônica –, resolveu compor os seus próprios Prelúdios e Fugas. A partir daí, nasceria uma das maiores obras para piano do século XX: os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87.

O trabalho é um verdadeiro monumento à arte de J. S. Bach. Shostakovich admirava-o grandemente, e a música do mestre de Leipzig é um dos pilares de sua obra. Aos 44 anos, e a exemplo de compositores como Mozart, Beethoven e Brahms, que em sua fase outonal voltaram-se para o passado em uma justa reverência ao mestre barroco, aqui Shostakovich aprofunda-se no estudo do contraponto e faz música polifônica da mais alta qualidade.

Por que vinte e quatro? São 24 os Prelúdios e Fugas do CBT I, e são 24 os Prelúdios e Fugas do CBT II, de J. S. Bach – que integram os 48 prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Vinte e quatro são os Prelúdios de Chopin, e são vinte e quatro os Caprichos de Paganini. O número 24 não é por acaso – ele corresponde aos vinte e quatro tons da música ocidental: doze maiores e doze menores.

Na Idade Mádia e em todo o Renascentismo, não havia música tonal. A música era modal. Predominavam os modos antigos (modos gregos), que eram sete. A partir do sistema tonal, que se consolidou no barroco, passaram a existir somente dois modos: o modo maior e o modo menor. Antes, haviam os complicados sistemas de afinação (temperamento), a fim de fazer os “ajustes das comas”. A coma é a nona parte de um tom inteiro, e é considerado o menor intervalo perceptível ao ouvido humano. Os físicos e músicos divergiam sobre o semitom diatônico e o semitom cromático. Para os músicos, o semitom cromático (de dó para dó sustenido) possuía 5 comas, e o diatônico (de dó sustenido para ré) possuía 4. Os físicos afirmavam o contrário. Durante muito tempo persistiu esse dilema, e os diferentes sistemas de afinação. O cravo precisava ser afinado (temperado) constantemente, de acordo com o modo da música que se estava a tocar. Até que surgiu a idéia de afinar o cravo em doze semitons iguais, com um sistema de afinação fixa, de modo que o intervalo entre cada semitom ficasse ajustado em 4 comas e meia (diferença imperceptível ao ouvido humano), quando o teórico Andreas Werckmeister publicou um documento com essa teoria, em 1691. Desse modo, qualquer peça poderia ser transposta para qualquer tonalidade sem precisar fazer constantes “reajustes” de afinação.

Essa idéia foi recebida com polêmica, mas Johann Sebastian Bach foi um dos primeiros a reconhecer a importância da inovação. Em 1722, publicou sua coleção de 24 Prelúdios e Fugas, para cada uma das doze tonalidades maiores e menores, e a chamou “Cravo Bem-Temperado, ou Prelúdios e Fugas em todos os Tons e Semitons”, provando que era possível tocar e transpor uma música para qualquer tonalidade, com o sistema temperado, sem precisar alterar a afinação. Em 1744, vinte e dois anos depois, publicaria o segundo volume (agora chamado Cravo Bem-Temperado, Livro II). Portanto, cada um dos volumes do CBT foram escritos em épocas distintas de sua vida, e é notável o fato de que a primeira parte foi escrita no mesmo ano em que Jean-Philippe Rameau publicou o seu Tratado de Harmonia (1722), com o mesmo objetivo. Ambos trabalhos foram decisivos para a consolidação do sistema tonal, que revolucionou a Harmonia e as técnicas de composição. O Cravo Bem-Temperado é considerado a “bíblia do pianista”, e permaneceu reconhecido mesmo após a morte de Bach, quando todas as suas outras obras foram esquecidas, de modo que o sistema tonal que prevaleceu até a época de Schöenberg, e que ainda é uma vital referência em nossos dias, é o legado de Johann Sebastian Bach.

A combinação entre o Prelúdio e a Fuga (considerada, mais do que uma forma musical, uma técnica de composição) é um casamento perfeito entre duas “formas” distintas, duas forças, dois opostos. A fuga é provavelmente a técnica de composição mais complexa da música ocidental. Ápice da música polifônica, e com regras que submetem o tratamento dos elementos musicais a padrões extremamente rígidos, reúne arte e ciência.

O Prelúdio é uma “forma” musical de caráter extremamente livre, como a Fantasia e o Noturno, e também de caráter improvisatório, como a Toccata e o Impromptu. Remonta à era da Renascença, desde as composições para alaúde, passando a ser utilizado como introdução das suítes francesas no século XVII. O “prato de entrada”, com a função de Abertura, como as antigas Sinfonias barrocas, e de curta duração, com passagens de difícil execução, sempre fazendo improvisar o virtuose (como a Toccata), com o objetivo de chamar a atenção da platéia, antes da execução da “peça principal”. Johann Pachelbel foi um dos primeiros a combinar Prelúdios e Fugas, e a partir de J. S. Bach, o Prelúdio adquiriu grande importância, sendo utilizado depois mesmo individualmente, por compositores como Beethoven, Chopin, Debussy, Rachmaninoff, Hindemith, Ginastera, etc.

A Fuga é utilizada desde o período medieval, e é uma técnica de composição polifônica que segue o princípio de imitação, como o Canon, porém muito mais complexa do que esse. Toda fuga começa com uma voz sem acompanhamento expondo o tema, que é o sujeito. A seguir, entra a segunda voz repetindo o sujeito na dominante (uma quinta acima ou uma quarta abaixo da tônica), enquanto a primeira voz prossegue, agora dando início a um segundo tema contrastante, que é o contra-sujeito. Os temas devem ser independentes, (como melodias distintas que se combinam), e a distinção entre as vozes, clara. Mas devem “afinar” entre si – e esse é o ponto de desafio que alia a estética da arte à engenharia da ciência. Os temas se contrapõem na direção da música polifônica, que é considerada “horizontal”, ao contrário da música homofônica, em que as partes são dependentes e simultâneas, considerada “vertical”. O contraponto é muito complexo, restrito a muitas regras de consonância e direcionamento de vozes, e, da sua complexidade, a fuga é a expressão máxima. Após todas as vozes exporem o sujeito (a fuga pode ser a duas, três, quatro ou a cinco vozes, etc.) e o contra-sujeito, segue-se um complexo desenvolvimento de temas e
motivos que culminam no ponto alto e de tensão da fuga: o stretto. É onde as vozes se aproximam, cada vez mais – e as vezes ocorrem entradas paralelas –, produzindo a impressão de que uma voz está perseguindo a outra, daí o nome fuga.

Palestrina e outros compositores utilizaram a fuga no Renascentismo. Teve o seu ápice no Barroco, sendo usada por compositores como Sweelinck, Froberger, Corelli, Pachelbel, Buxtehude e Händel. Mas foi através de Bach, com o Cravo Bem-Temperado e A Arte da Fuga, que essa magistral arte e ciência do contraponto atingiu o seu ponto culminante. Depois ela cairia em parcial esquecimento, mas sendo aproveitada por compositores como Haydn, Mozart e Beethoven, no Classicismo; Mendelssohn, Brahms, Schumman, Rmski-Korsakov, Saint-Saëns, Berlioz, Richard Strauss, Rachmaninoff e Glazunov, no Romantismo; e, no século XX, por Max Reger, Kaikhosru Sorabji, Bártok, Weinberger, Barber, Stravinsky, Hindemith, Charles Ives e Dmitri Shostakovich.

Ah! Quão belos e magistrais são os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 de Shostakovich! Elaborados, profundos, sinceros, é arte que desabrocha, ora sutil, ora retumbante, do mais íntimo e abissal silêncio. É música que, uma vez expandida, repreendida e calada, retorna a si, ao íntimo do compositor, e tácita e reflexiva, espera a sua hora, para irromper como um monumento, colosso perpétuo para as gerações futuras que ouvirão, ao seu tempo, os pensamentos calados e as palavras não ditas. Shostakovich, de mão dadas a Bach, como um furacão transcende o momento, atravessa o tempo, e chega como brisa aos nossos ouvidos. Quando ela foi executada pelo pianista soviético Svyatoslav Richter, um crítico que estava presente disse: “Pedras preciosas derramaram-se dos dedos de Richter, refletindo todas as cores do arco-íris”. Essa obra, Shostakovich iniciou após retornar do festival de Leipzig, trabalhando rapidamente, levando apenas três dias em média para escrever cada peça. O trabalho completo foi escrito entre 10 de outubro de 1950 e 25 de fevereiro de 1951. Após concluir a obra, Shostakovich dedicou-a a Tatiana Nikolayeva, a pianista que o inspirou, e que brilhou vencendo a competição do festival do bicentenário de Bach em Leipzig, executando os prelúdios e fugas do Cravo Bem-Temperado. Assim que ele completou o ciclo, ele a chamou ao seu apartamento em Moscou para lhe mostrar o seu trabalho. Shostakovich tocou a obra na União dos Compositores Soviéticos, em maio de 1951, e Nikolayeva estreou-a em Leningrado, à 23 de dezembro de 1952.

Mas os 24 Prelúdios e Fugas não foram bem recebidos pelos críticos soviéticos, a princípio, especialmente na União dos Compositores. Desagradaram-lhes a dissonância de algumas fugas, e eles também a reprovaram por a considerarem “ocidental” e “arcaica”. E essa obra, hoje acessível, permanece ainda, por muitos, desconhecida.

Tatiana Petrovna Nikolayeva, pianista russa, como Shostakovich, e também compositora, foi uma das maiores pianistas soviéticas do século XX. Nasceu em 1924 e começou a aprender piano aos três anos de idade. Depois entrou para o Conservatório de Moscou e estudou com Alexander Goldenweiser e Yevgeny Golubev. Após vencer a Competição Internacional Bach de Piano de Leipzig, acumulou um imenso repertório, abrangendo Beethoven, Bártok e diversos compositores. Foi uma das grandes intérpretes de Bach. Enquanto muitos pianistas escolhiam tocar em instrumentos de época, Nikolayeva preferia tocar Bach no moderno piano Steinway, sempre com grande sucesso. Suas composições incluem um concerto para piano em si maior, executado e gravado em 1951 e publicado em 1958, um trio para piano, flauta e viola, gravado pela BIS Records, prelúdios para piano e um quarteto de cordas. A partir de 1950, ela passaria a ser uma das grandes amizades de Dmitri Shostakovich.

Após Nikolayeva gravar os 24 Prelúdios e Fugas Op. 87, surgiram outras grandes gravações. Vladimir Ashkenazy, pela Decca, Keith Jarret, pela ECM, Konstantin Scherbakov, pela Naxos, e Boris Petrushansky, pela Dynamic, estão entre os poucos discos que disputam no mercado. Keith Jarret, mais conhecido como músico de jazz, afirmou o seu nome na música clássica pela ECM, com o seu toque de impecável técnica. Vladimir, Scherbakov e Petrushansky fizeram gravações notáveis, cada um com a sua interpretação única. E o próprio Shostakovich também gravou os seus 24 Prelúdios e Fugas, pela EMI. Dessas gravações, a que possuo, até o momento, é somente a de Sherbakov, a qual considero uma pérola musical.

Mas é Tatiana Nikolayeva a maior intérprete dessa obra cheia de nuanças, e quem desvenda com toque de perfeição o universo musical de Shostakovich. Ela gravou a obra por três vezes: duas pela BGM-Melodya, em 1962 e 1987, e a terceira pela Hyperion, em 1990. Todas as gravações supracitadas (exceto a primeira de Nikolayeva pela Melodya) encontram-se na internet.

Essa obra completa dura mais de duas horas. Os pianistas costumam executá-la em duas apresentações, tocando metade do ciclo em cada uma.

A ordem dos prelúdios e fugas não é aleatória, nem escolhida por um critério extra-musical qualquer. Partindo de dó maior, percorre um ciclo de progressões harmônicas. Os prelúdios e fugas de Bach, no paralelo maior/menor, seguem a ordem da escala cromática ascendente (dó maior, dó menor, dó sustenido maior, dó sustenido menor, etc.). Mas Shostakovich, a exemplo dos 24 Prelúdios de Chopin, com a relação do par maior/menor, segue o ciclo das quintas (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor, ré maior, si menor, etc.). E se a obra é construída em torno das 24 tonalidades, quer dizer que a música é tonal. Sim, Shostakovich faz música tonal em plena era do atonalismo, mas com incursões atonais, abuso de dissonâncias e domínio da técnica com diferentes assimilações que sustentam o seu estilo singular e “poliestilista”. Nos Prelúdios e Fugas de Shostakovich há citações de Bach. Mas a substância dessa obra é a expressão musical única e interior do próprio compositor, Shostakovich, que com grande capacidade eclética e assimilativa, e sendo, ao mesmo tempo, profundamente original, percorre os mais diversos climas e variações de humor, com modulações ora bruscas e desconcertantes, ora tênues e elegantes. Serena, como na fuga n.º. 1 ou na fuga n.º. 13, brincalhona, como na fuga n.º. 3 ou no prelúdio n.º 21, a música de Shostakovich permeia os mais distintos aspectos da expressão musical. Estranhas são as fugas n.º 8 e n.º 19, misteriosas; cômica é a fuga n.º 11, ousada é a fuga n.º 6, luminosa é a fuga n.º 7. Os prelúdios de Shostakovich às vezes combinam-se perfeitamente com as fugas, e eles se atraem; e às vezes se contrastam. As fugas magnificamente elaboradas são emolduradas pelos belos prelúdios que, no entanto, não devem ser considerados obras menores. Cada peça, além de ser parte essencial de um todo, é também uma pequena obra-prima à parte, de modo que o conjunto de 24 Prelúdios e Fugas Op. 87 formam, na verdade, uma coleção de 48 obras agrupadas em torno de um trabalho monumental e único.

Dmitri Shostakovich
24 Preludes and Fugues, Op. 87
Konstantin Scherbakov, piano

CD 1

  1. Prelude No. 1 in C major: Moderato 02:50
  2. Fugue No. 1 in C major: Moderato 04:02
  3. Prelude No. 2 in A minor: Allegro 00:52
  4. Fugue No. 2 in A minor: Allegretto 01:33
  5. Prelude No. 3 in G major: Moderato non troppo 01:51
  6. Fugue No. 3 in G major: Allegro molto 01:56
  7. Prelude No. 4 in E minor: Andante 01:57
  8. Fugue No. 4 in E minor: Adagio 05:35
  9. Prelude No. 5 in D major: Allegretto 01:44
  10. Fugue No. 5 in D major: Allegretto 02:01
  11. Prelude No. 6 in B minor: Allegretto 01:42
  12. Fugue No. 6 in B minor: Allegro poco moderato 04:00
  13. Prelude No. 7 in A major: Allegro poco moderato 01:24
  14. Fugue No
    . 7 in A major: Allegretto 02:47
  15. Prelude No. 8 in F sharp minor: Allegretto 01:18
  16. Fugue No. 8 in F sharp minor: Andante 07:10
  17. Prelude No. 9 in E major: Moderato non troppo 02:36
  18. Fugue No. 9 in E major: Allegro 01:36
  19. Prelude No. 10 in C sharp minor: Allegro 01:52
  20. Fugue No. 10 in C sharp minor: Moderato 05:43
  21. Prelude No. 11 in B major: Allegro 01:22
  22. Fugue No. 11 in B major: Allegro 02:10
  23. Prelude No. 12 in G sharp minor: Andante 03:13
  24. Fugue No. 12 in G sharp minor: Allegro 03:28

BAIXE AQUI (Download)

CD 2

  1. Prelude No. 13 in F sharp major: Moderato con moto 01:56
  2. Fugue No. 13 in F sharp major: Adagio 04:55
  3. Prelude No. 14 in E flat minor: Adagio 03:33
  4. Fugue No. 14 in E flat minor: Allegro non troppo 02:17
  5. Prelude No. 15 in D flat major: Moderato non troppo 03:03
  6. Fugue No. 15 in D flat major: Allegretto 01:54
  7. Prelude No. 16 in B flat minor: Allegro molto 02:37
  8. Fugue No. 16 in B flat major: Andante 06:46
  9. Prelude No. 17 in A flat major: Allegretto 01:57
  10. Fugue No. 17 in A flat major: Allegretto 03:51
  11. Prelude No. 18 in F minor: Moderato 02:21
  12. Fugue No. 18 in F minor: Moderato con moto 02:54
  13. Prelude No. 19 in E flat major: Allegretto 02:13
  14. Fugue No. 19 in E flat major: Moderato con moto 02:34
  15. Prelude No. 20 in C minor: Adagio 03:47
  16. Fugue No. 20 in C minor: Moderato 05:08
  17. Prelude No. 21 in B flat major: Allegro 01:16
  18. Fugue No. 21 in B flat major: Allegro non troppo 02:59
  19. Prelude No. 22 in G minor: Moderato non troppo 02:08
  20. Fugue No. 22 in G minor: Moderato 03:15
  21. Prelude No. 23 in F major: Adagio 02:52
  22. Fugue No. 23 in F major: Moderato con moto 03:14
  23. Prelude No. 24 in D minor: Andante 03:44
  24. Fugue No. 24 in D minor: Moderato 07:23

Total Playing Time: 02:23:19

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PQP, 28.05.2007. Revalidado por Ranulfus, 2015 e por Vassily, 2019

W. A. Mozart (1756-1791) – Concertos para Piano Nº 15, 16, 17 e 18

É impressionante pensar que em um ano, Mozart compôs seis concertos e, mais ainda, se pensarmos que não havia uma receita de bolo a seguir: foram concertos inovadores em comparação com os anteriores. Como estamos indo de trás pra frente, hoje o dia é do 15º ao 18º, todos compostos em 1784.

O Concerto nº 15 já começa quebrando paradigmas, com o oboé e o fagote tocando sozinhos, para só no terceiro compasso os violinos e violas entrarem. As partes das madeiras nos concertos de Mozart, a partir deste 15º, ganham independência em relação às cordas. É um concerto com uma atmosfera bucólica, pastoral, um pouco como um dos quadros de Watteau (1684-1721),  pintor francês que representa como poucos o Antigo Regime naquelas cenas campestres onde os aristocratas se divertiam sem se preocupar com o dia de amanhã. As paisagens campestres bucólicas de Watteau são palco de festas e encontros, formando retratos vivos de uma época considerada decadente mas extremamente elegante e requintada.

A flauta em “Accord Parfait” de Watteau

O Concerto 17 é outro que também combina com essa elegância bucólica do mundo pré-Revolução. Flauta, oboé e fagote fazem uma entrada surpresa no 4º compasso, algo que seria impensável nos concertos de juventude de Mozart. Como escreveu Aaron Copland, o oboé tem um som algo pastoral, enquanto o fagote, nos seus registros mais graves, é capaz de um staccato bem-humorado, que tem um efeito quase cômico.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para piano e orquestra n. 15 em Si Bemol Maior, KV. 450
1. Allegro
2. Andante
3. Allegro

Concerto para piano e orquestra n. 16 em Ré Maior, KV. 451
1. Allegro
2. Andante
3. Allegro di Molto

Concerto para piano e orquestra n. 17 em Sol Maior, KV. 453
1. Allegro
2. Andante
3. Allegretto – Finale (presto)

Concerto para piano e orquestra n. 18 em Si Bemol maior, KV. 456
1. Allegro Vivace
2. Andante un poco sustenuto
3. Allegro Vivace

Academy of St. Martin in the Fields
Alfred Brendel, Piano
Sir Neville Marriner, regência

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Baixe aqui o 1º mov. do Concerto 15, que faltou no link que estava até dia 24/9.

Pleyel

W. A. Mozart (1756-1791) – Concertos para Piano Nº 19, 20 e 21

Imaginem só a cena: 1790, coroação de Leopoldo II como imperador do Sacro-Império Germânico, toda a pompa e circunstância na frente de incontáveis príncipes, duques e similares daquelas dezenas de reinos que formariam a Alemanha, todos querendo se impor para evitar o destino de Luís XVI, que ainda não tinha perdido a cabeça mas estava quase lá. Agora imaginem se a orquestra começasse a tocar a introdução densa, sombria e misteriosa do Concerto nº 20. Seria desastre garantido. Se introduzisse o sério tema do Concerto nº 21, apesar da indicação allegro maestoso, também não sei se os duques e os cardeais iriam aprovar.

O Concerto nº 19, que o acadêmico inglês A. Hutchings descreve como “atlético, combinando graça e vigor”, também é considerado o “outro” concerto da coroação, pois foi tocado por Wolfgang, junto com o nº 26, na coroação de Leopoldo II como imperador do Sacro-Império Germânico em 1790. O 20 e o 21, que o acompanham aqui, são bem diferentes e dificilmente seriam convenientes para aquela ocasião majestosa enquanto a Revolução Francesa espreitava. O Concerto nº 19 foi escrito em dezembro de 1784 e os dois seguintes, em fevereiro e março de 1785 (!).Essa sequência impressionante de concertos acompanha o período provavelmente de maior sucesso de Mozart com o público vienense.

Após as muitas viagens que Mozart fez quando criança, é quase certo que uma das razões para sua permanência em Viena a partir de 1781 foi a grande liberdade de opinião que vigorava naquela cidade. Segundo o padre que foi seu professor de direito, José II era um estudante “interessado pelas ideias novas, pelos ‘direitos humanos’ e pelo bem-estar do povo”.

Muito diferente era a situação em outros reinos: na França, por exemplo, quase todas as obras de Voltaire (1694-1778) eram proibidas, sendo publicadas na Holanda ou na Suíça e depois entrando clandestinamente em território francês.

A muitas e muitas léguas, no Brasil, a impressão de qualquer obra era quase impossível, por causa da necessidade das licenças da Inquisição e do Conselho Ultramarino em Portugal. É bom lembrar que só em 1821 se dá a extinção formal da inquisição em Portugal e no Brasil.

Após a Revolução Francesa, a liberdade geral que se vivia em Viena foi pro brejo. Nesses períodos de inquietude, os artistas são os primeiros a terem suas asinhas cortadas. Haydn, por exemplo, teve de ir pra Londres para continuar compondo suas obras orquestrais, mas lá também teve um contratempo: sua ópera L’anima del filosofo, ossia Orfeo ed Euridice (A Alma do Filósofo, ou Orfeu e Eurídice) não teve a licença do rei e só foi estreada muitos anos depois, quanto Haydn já tinha morrido.

Mas voltemos a Mozart. Nessa época, então, ele vivia o auge do seu sucesso de público e crítica: amigo de Haydn, que o respeitava enormemente, brilhando nos palcos de Viena, o que mais ele poderia querer? Talvez inventar um novo tipo de concerto para piano, após os seus dezenove anteriores, todos em tons maiores?

Isso ele fez com o Concerto nº 20, em ré menor. Na mesma tonalidade da famosa ária da Rainha da Noite, o concerto já começa com um clima misterioso e noturno que dura até o final. A popularidade deste concerto pode ser julgada pela lista de compositores que escreveram cadências para ele, provavelmente ao interpretá-lo eles mesmos ao piano:

  • Ludwig van Beethoven (1770-1827), que chegou a Viena Em 1792, já com 21 anos de idade, mudou-se definitivamente para Viena em 1792 (apenas um ano após a morte, na cidade, de Mozart),
  • Johann Nepomuk Hummel (1778-1837), que também era criança-prodígio, foi aluno de Mozart por dois anos e publicou um dos principais tratados sobre o pianoforte em 1828,
  • Franz Xaver Mozart (1791-1844), filho de Wolfgang,
  • Clara Schumann (1819-1896) e Johannes Brahms (1833-1897), que dispensam apresentações.

Será que os célebres concertos românticos em tons menores, como o de Schumann, os dois de Chopin e o de Grieg, existiriam sem o ré menor de Mozart?

O Concerto nº 21, em dó maior, é menos inovador mas também muito popular, especialmente o movimento lento.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para piano e orquestra n. 19 em Fá maior, KV. 459
1. Allegro vivace
2. Allegretto
3. Allegro assai

Concerto para piano e orquestra n. 20 em Ré Menor, KV. 466
1. Allegro
2. Romance
3. Rondo (Allegro Assai)

Concerto para piano e orquestra n. 21 em Dó maior, KV. 467
1. Allegro maestoso
2. Andante
3. Allegro vivace assai

Academy of St. Martin in the Fields
Alfred Brendel, Piano
Sir Neville Marriner, regência

BAIXE AQUI (DOWNLOAD)

PS: link novo no Mediafire. O Mega.nz está fora do ar no Brasil.

Pleyel

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 23 e 24

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 23 e 24

“É uma revolta? – Não, Majestade, é uma revolução.”  (diálogo entre Luís XVI e o duque de La Rochefoucauld no dia 14 ou 15 de julho de 1789)

O músico, maestro e escritor autríaco Nikolaus Harnoncourt (1929-2016) disse uma vez: “A expressão historicamente informado me dá enjoo”. Ele se considerava “não informado, mas curioso”. Pois bem, sejamos curiosos.

A ideia de que algumas tonalidades eram apropriadas para expressar certos tipos de humor ou características psicológicas era universalmente aceita nos séculos 17 e 18, em parte por causa do temperamento desigual, que fazia com que as terças e quintas de cada tom fossem notavelmente diferentes. Isso se torna menos relevante com o temperamento uniforme, aquele que Bach “defendia” ao publicar o Cravo bem temperado.
A época da Revolução Francesa e da Revolução Industrial é também a época de uma mudança profunda nos gostos. O mundo da música barroca se caracterizava pelo temperamento desigual e por desigualdades também no ritmo e na articulação. Esse período revolucionário coincidiu com a popularização da ideologia do desenvolvimento e do progresso, que ocuparam até nossa bandeira brasileira. Esse conjunto de valores acompanha a uniformidade da produção industrial e da linha reta. É um mundo completamente diferente do anterior: uma revolução estética. Vejam por exemplo a caligrafia de Bach e de Mozart em partituras escritas pela mão dos compositores. Bach parece se divertir desenhando curvas elegantes, enquanto Mozart prefere a linha reta. É um golpe baixo naqueles que acham a música do pai de P.Q.P. um tanto quadrada ou uniforme… quem acha isso, me desculpe, mas está com pouca curiosidade.

Sonata para violino BWV 1001, pelas mãos de Bach. Niemeyer gostaria de ver essas curvas!
Concerto para piano nº 24, pelas mãos de Mozart

Resumindo: até meados do século 18, as desigualdades entre tonalidades dão a cada composição uma “cor” diferente, como se dizia na época. Por outro lado, era muito difícil modular (trocar de tonalidade durante a execução). Na música de Mozart e Beethoven, a escolha dos tons ainda tem uma grande importância, mesmo se as razões são mais culturais do que propriamente acústicas. E as modulações são abundantes.

Para os franceses Jean-Philippe Rameau (Tratado de Harmonia, 1722) e M. Charpentier (Regras de composição, 1690), o tom lá maior é alegre e camponês, enquanto para o alemão Christian Schubart (Ideias sobre a estética da música, séc.18), ele contém declarações de amor inocente, alegria juvenil. O Concerto nº 23 de Mozart, em lá maior, realmente é menos heroico e grandioso que os outros concertos de 1986, ele tem um caráter mais brilhante e bucólico como o 15º e o 17º concertos, mas com a presença do clarinete, que só aparece do 22º ao 24º.
O Concerto nº 24 é em dó menor, tonalidade que para Charpentier é obscura e triste e, para Rameau e Schubart, combina com lamentos de amor infeliz. Para Mozart, porém, essa tonalidade já apresenta o caráter de ombra, termo italiano usado para as cenas de ópera em que aparecem oráculos, demônios, bruxas ou fantasmas. Não por acaso, Beethoven ficaria muito associado ao dó menor em suas composições mais sombrias ou misteriosas: Sonata Patética, Sinfonia nº 5 (o tan-tan-tan-tan do “destino”), Sonata op.111, etc.

Outra obra de Beethoven em dó menor é o Concerto para piano nº3, em que o tema inicial que é quase um plágio do 24 de Mozart. E realmente não é uma coincidência: Beethoven teria dito a um amigo, ao ouvir este concerto nº 24: “nós nunca vamos conseguir fazer algo assim”. Na Beethoven-Haus em Bonn, há vários cadernos de Beethoven em que ele estudava os concertos de Mozart, cheios de anotações.

Last but not least, fiquem com a postagem original de P.Q.P., que descreve o pianista Alfred Brendel melhor do que eu conseguiria.

Antes que alguém tente algo mais violento, aí vão mais dois concertos para piano de Mozart. Nestas gravações, Brendel alcança aquele pontinho exato entre a pura alegria de tocar Mozart e o abismo representado por uma interpretação superficial. A naturalidade e a categoria com que o pianista permanece nesta posição é para qualquer um – aí sim! – abismar-se. A foto abaixo foi-me mostrada pela mais querida das amigas e não posso me furtar de mostrá-la a nossos leitores-ouvintes. Ah, com nossa exatidão habitual, informamos que o nome da gata de Brendel é Minnie.
P.Q.P. Bach.

Piano Concerto nº 23, K. 488, em lá maior
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Allegro Assai

Piano Concerto nº 24, K. 491, em dó menor
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Allegretto

Academy of Saint Martin in the Fields
Alfred Brendel – Piano
Neville Marriner – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Brendel E Minnie ReduzidaPleyel

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nº 22 e 25

230 anos da queda da Bastilha!

Como foi dito na postagem de ontem, é interessante notar até que ponto a ascensão e o declínio da popularidade de Mozart em Viena coincidem com a ascensão e declínio das ideias iluministas no Império Austríaco. Os concertos que trago hoje, no aniversário de 230 anos do dia 14 de julho de 1789, mostram um Mozart no age da sua fama, compondo para orquestras grandes – para os padrões da época – e arrebatando as plateias vienenses com seu virtuosismo ao piano. Não há cadências escritas por Mozart para esses concertos (assim como para o 20, 21, 24 e o 26) provavelmente porque o compositor estreava os concertos, improvisava as cadências e não tinha tempo para compô-las para seus alunos tocarem. Vale ressaltar que, na época, qualquer pianista respeitável improvisava suas próprias cadências, ler a cadência e tocá-la nota por nota era coisa de iniciantes.

O tom mi bemol maior frequentemente era usado em obras impactantes e grandiloquentes como o Concerto Imperador e a Sinfonia Heroica de Beethoven. No Concerto nº 22 (1785) de Mozart, o sentimento heroico ocupa tdo o 1º moviemnto, desde o tema do primeiro compasso, enquanto os outros dois movimentos alternam entre momentos lentos e momentos heroicos: o 2º, lento e em dó menor, tem uma passagem rápida em dó maior no meio, enquanto o 3º, rápido, tem uma passagem lenta no meio. Esse procedimento simétrico é idêntico ao do Concerto nº 9 “jeunehomme”, também em mi bemol maior, e é um tipo de simetria que vemos, por exemplo, nas obras de Bartók, que sempre têm número ímpar de movimentos espelhados dessa forma.

O Concerto nº 25 é o mais longo de Mozart, um dos mais expansivos também em termos de orquestração e uso do piano. O tema principal do Concerto nº 25 (1786) tem uma grande semelhança com a Marselhesa, hino nacional francês, composto em 1792 pelo oficial do exército revolucionário francês Rouget de Lisle. Coincidência ou não, um hino para órgão composto em 1787 lembra ainda mais a harmonia da Marselhesa, enquanto o concerto 25 lembra mais o ritmo, então fica uma séria dúvida se o militar francês não cometia seus plágios aqui e ali… Ou se trataria apenas do “espírito da época” (Zeitgeist) ou, nas palavras de Jung, da sincronicidade?

Dúvidas e suposições à parte, temos aqui dois concertos do “Mozart heroico”, que precede em muitos sentidos o “Beethoven heroico”, aquele que tanta gente associou ao “espírito da Revolução”.

Concerto para piano e orquestra n. 22 em Mi bemol maior, KV. 482
1. Allegro
2. Andante
3. Allegro (Rondó)

Concerto para piano e orquestra n. 25 em Dó Maior, KV. 503
1. Allegro maestoso
2. Andante
3. Allegretto

Academy of St. Martin in the Fields
Alfred Brendel, Piano
Sir Neville Marriner, regência

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Pleyel

Erik Satie (1866-1925): Peças arranjadas para flauta e violão – Sketches of Satie

Erik Satie (1866-1925): Peças arranjadas para flauta e violão – Sketches of Satie

Eu, como um grande entusiasta da obra de Satie, quero compartilhar essa pequena joia musical.

“Sketches of Satie” é uma coletânea de composições originais para piano de Erik Satie, rearranjadas e tocadas pelos irmãos Steve (violão) e John Hackett (flauta). As peças foram tão bem transcritas para flauta e violão que é difícil acreditar, principalmente para os leigos, que não tenham sido originalmente compostas para estes instrumentos.

Os fãs do grupo Genesis, não serão surpreendidos pelo virtuosismo de Steve Hackett, ex-guitarrista da banda britânica. A revelação aqui é seu irmão John, que toca de forma tão natural e fluente, que demonstra uma inspiração quase divina.

A performance dos irmãos apresenta uma assombrosa e hipnótica, beleza exótica. Steve Hackett mostra aqui, porque é um dos melhores e mais versáteis violonistas (guitarristas) do mundo, cedendo os holofotes para seu irmão, ele exibe sem constrangimentos, uma admirável e irrestrita modéstia.

Uma ótima audição!

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— Sketches of Satie —

1. Gnossienne No. 3 (2:24)
2. Gnossienne No. 2 (1:56)
3. Gnossienne No. 1 (3:18)
4. Gymnopédie No. 3 (2:36)
5. Gymnopédie No. 2 (2:52)
6. Gymnopédie No. 1 (3:55)
7. Pièces Froides No. 1 Airs À Faire Fuir I (2:46)
8. Pièces Froides No. 1 Airs À Faire Fuir II (1:36)
9. Pièces Froides No. 2 (2:05)
10. Avant Dernières Pensées (Idylle à Debussy) (0:57)
11. Avant Dernières Pensées (Aubade à Paul Dukas) (1:11)
12. Avant Dernières Pensées (Méditation à Albert Roussel) (0:54)
13. Gnossienne No. 4 (2:41)
14. Gnossienne No. 5 (3:20)
15. Gnossienne No. 6 (1:41)
16. Nocturnes No. 1 (3:31)
17. Nocturnes No. 2 (2:14)
18. Nocturnes No. 3 (3:36)
19. Nocturnes No. 4 (2:49)
20. Nocturnes No. 5 (2:27)

Steve Hackett (guitar)
John Hackett (flute)

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Os irmãos Hackett

Marcelo Stravinsky

Johannes Brahms (1833-1896): Symphonies 1 & 3 – Günter Wand – NDR Sinfonieorchester

Johannes Brahms (1833-1896): Symphonies 1 & 3 – Günter Wand – NDR Sinfonieorchester

Dia desses foi postado pelo mano PQP Bach uma gravação deste bom velhinho, Günter Wand, creio que da Nona de Bruckner. Resolvi então procurar e achei suas gravações das sinfonias de Brahms.

Amo, adoro e venero estas sinfonias, e não canso de procurar outras versões delas. Já devo ter umas 6, pelo menos. E ainda procuro aquela que poderei considerar definitiva. Toscanini, Fürtwangler, Karajan, Bernstein, Abbado, Wand, Klemperer, Jochum, todos eles sem exceção deram suas contribuições. Não consegui estabelecer um ranking entre estas gravações, nem pretendi fazê-lo, pois os vejo de diferentes perspectivas. Alguns críticos consideram as gravações de Toscanini e de Fürtwangler imbatíveis. Porém os métodos de gravação da época ainda eram precários, e por mais que os engenheiros de som trabalhassem, não conseguiam fazer milagres. Os outros acima citados viram a evolução das gravações, a criação do estéreo, do som digital.

Vejo nas obras dele um embate constante entre a razão e a emoção, e dependendo do regente, vemos este conflito quase que explícito. Por exemplo, o primeiro e o quarto movimentos da Sinfonia nº1, este último já discutido aqui no blog. Wand nos brinda com uma gravação impecável do ponto de vista do equilíbrio e dinâmica. O registro da massa orquestral nos momentos mais expressivos não soa tão grandiloquente quanto ao que Karajan imprimiu à Filarmônica de Berlim (tremo ao lembrar da abertura da primeira sinfonia na sua gravação dos anos 80), ou o Bernstein, um pouco mais contido, é verdade, à Filarmônica de Viena, porém acho que o resultado soou mais agradável, não tão assustador quando a de Herr Karajan. Wand é grande em todos os sentidos. Conseguiu colocar a excelente NDR Sinfonieorchester nos níveis de excelência de outras orquestras tradicionais alemãs, e a sonoridade que ele consegue extrair é exemplar, contando também com a ajuda da engenharia de som da RCA.

Deixem-me contar uma pequena crônica de minha vida, que se passou há exatos 20 anos atrás, quando morava em São Paulo. Minha casa tinha uma varanda nos fundos, de onde tinhamos uma vista privilegiada do bairro da Aclimação. Certo final de tarde de sábado, sozinho em casa, coloquei minha velha fita cassete da Sinfonia nº1 com o Karajan no walkman, sentei-me em uma cadeira, e fiquei ali ouvindo o velho Herbert regendo a sua Filarmônica de Berlim. Senti minha alma ser transportada para outra dimensão. Naquele dia fui agraciado com um pôr-de-sol de outubro deslumbrante, com nuvens assustadoras no céu, e quando soavam os timpanos da orquestra parecia que era a voz de Deus querendo falar comigo, ou pelo menos tentando. Não, não fumei nem tomei nada antes, e não arrisco dizer que foi uma experiência quase mística. Aqueles foram um dos momentos mais marcantes de minha vida. Nunca mais consegui experimentar a mesma emoção. Já ouvi esta sinfonia milhares de vezes, e ouvirei quantas mais forem possíveis, mas sei que nunca mais ter a mesma sensação.

Com relação á terceira sinfonia, bem, só tenho a dizer que se Brahms só tivesse composto o terceiro e o quarto movimentos desta sinfonia já teria dado sua contribuição para história da música ocidental. É uma sinfonia romântica em sua essência, talvez a mais desavergonhadamente romântica das quatro. Seu terceiro movimento é de um lirismo pungente, emocionante, quase nos leva às lágrimas. Nela Brahms extravasa suas emoções.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms – Symphonies 1 & 3 – Günter Wand – NDR Sinfonieorchester

01 – Brahms Symphony No.1 in C minor, Op.68 – I. Un poco sostenuto, Allegro
02 – Brahms Symphony No.1 in C minor, Op.68 – II. Andante sostenuto
03 – Brahms Symphony No.1 in C minor, Op.68 – III. Un poco allegretto e grazioso
04 – Brahms Symphony No.1 in C minor, Op.68 – IV. Adagio non troppo ma con brio

05 – Brahms Symphony No.3 in F, Op.90 – I. Allegro con brio
06 – Brahms Symphony No.3 in F, Op.90 – II. Andante
07 – Brahms Symphony No.3 in F, Op.90 – III. Poco allegretto
08 – Brahms Symphony No.3 in F, Op.90 – IV. Allegro

NDR-Sinfonieorchester
Günter Wand – Director

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Este carinha foi um gênio.

FDPBach