Marlos Nobre (1939): Selección sonora (Nobre e outros) (Premio Tomás Luis de Victoria 2005)

Marlos Nobre (1939): Selección sonora (Nobre e outros) (Premio Tomás Luis de Victoria 2005)

Como Marlos Nobre e Edino Krieger são os dois expoentes mais representativos da música clássica brasileira atual e como Krieger teve duas postagens contra uma de Nobre, esta dividida com Villa-Lobos, faço agora o contrabalanço, com a segunda do compositor pernambucano, mais fácil de ser achado em coletâneas do que em CDs inteiramente dedicados a ele.

Por sorte, tenho um – dos bons – que é uma coletânea de coletâneas. Explico.

Marlos Nobre ganhou em 2005 o Prêmio Tomás Luis de Victoria, uma espécie de Prêmio Príncipe de Astúrias da música clássica espanhola concedida a compositores latino-americanos e ibéricos, e teve a edição de um livro sobre sua vida e obra (El sonido del realismo mágico) bancado pela fundação que concede a láurea. O livro acompanha o presente CD, que compila gravações retiradas de outros álbuns.

Destacam-se no disco: o famoso Frevo, para piano, que tem uma transcrição para violão e depois foi transformado no quinto e último movimento do IV Ciclo Nordestino para piano. Yanomami, uma bem sucedida peça para tenor solo e coral acompanhada por somente um único violão. As Três canções negras, com letra dos poetas pernambucanos Ascenso Ferreira e Manuel Bandeira, em particular a primeira delas. E Passacaglia, a melhor obra sinfônica de Nobre depois de Convergências e antes de Kabbalah (esta não me agrada muito).

A remissão das Três canções negras à Bachianas n° 5 é explícita pela igual formação instrumental, para oito celli e soprano, e pela utilização de poemas de Bandeira – tanto que o CD original traz ambas as obras. Porém não há outros traços, fora esses. Já a Passacaglia foi ampliada um pouco e destinada a balé com o nome de Saga Marista, sob encomenda dos Irmãos Maristas pelo centenário da congregação no Brasil, em 1997, e reciclada em uma transcrição para banda sinfônica chamada Chacona amazônica – nada que supere os Desafios, que é quase a mesma coisa tendo cada instrumento da orquestra como solista.

***

Marlos Nobre (1939): Selección sonora (Nobre e outros) (Premio Tomás Luis de Victoria 2005)

Quarteto de cordas, op. 23 n° 1 (1967)
1. Variantes
2. Interlúdio
3. Postlúdio
Música Nova String Quartet

Desafio VII para piano e orquestra de cordas, op. 31, n° 7 (1980)
4. I. Cadenza e II. Desafio
Maria Luíza Corker-Nobre, piano
Música Nova String Orchestra
Marlos Nobre, regência

5. Yanomami, para coro misto, tenor e violão, op. 47 (1980)
Choeur des XVIème de Fribourg
Olivier Rumpf, tenor
Dagoberto Linhares, violão
Jean Jacques Martin, regência

Sonante I, para marimba solo, op. 80 (1994)
6. Intrata
7. Toccata
Miguel Bernat, marimba

Três canções negras, para soprano e octeto de violoncelos, op. 88 (1999)
8. Maracatu
9. Cantilena
10. Candomblé
Cello Octeto Conjunto Ibérico
Pilar Jurado, soprano
Elias Arizcúren, regência

11. Tango, para piano, op. 61 (1984)
12. Frevo, para piano, op. 43 (1977)
Marlos Nobre, piano

13. Passacaglia, para orquestra, op. 84 (1997)
Não constam regente e orquestra

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Acreditem, quando conheci Marlos Nobre, ele tinha cabelo escuro

CVL

Guiomar Novaes: transcrições & miniaturas, de Bach e Gluck a Villa-Lobos (+ a Fantasia Triunfal de Gottschalk)

Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 11/5/2010.

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio com obras do gênio brasileiro, pelos motivos expostos AQUI


À medida em que avança a aventura de redescoberta de Guiomar Novaes, iniciada aqui há duas semanas, começo a ter a impressão de que seu legado de gravações é um tanto desigual: algumas são realizações gigantescas, cuja importância se percebe com absoluta certeza de modo intuitivo, mas alcança tão longe que temos dificuldade de explicar em palavras (do que ouvi até agora, é o caso das suas realizações de Chopin, especialmente os Noturnos); já outras são, digamos, meramente grandes…

Temos aqui as 7 peças curtas retiradas do CD Beethoven-Klemperer postado há alguns dias, mais o disco só de peças brasileiras (com certo desconto para Gottschalk) lançado em 1974 pela Fermata – creio que o seu último.

As primeiras parecem ter se firmado em sua carreira como standards no tempo dos discos de 78 rotações, que só comportavam peças curtas. Hoje qualquer pianista “sério” franziria o nariz pra esse repertório: “transcrições de concerto” de um prelúdio para órgão de Bach e de trechos orquestrais de Gluck e Beethoven. Ao que parece, no começo do século XX o fato de serem coisas agradáveis de ouvir ainda era tido como justificativa bastante para tocá-las.

Mas o que mais me surpreendeu foi à abordagem às 3 peças originais de Brahms: nada da solenidade que se costuma associar a esse nome; sem-cerimônia pura! Como também nos movimentos rápidos do Concerto de Beethoven com Klemperer, tenho a impressão de ver uma “moleca” divertindo-se a valer, e me pergunto se não é verdade o que encontrei em uma ou duas fontes: que a menina Guiomar teria sido vizinha de Monteiro Lobato, e este teria criado a personagem Narizinho inspirado nela!

Também me chamou atenção que Guiomar declarasse que sua mãe, que só tocava em casa, teria sido melhor pianista que ela mesma, e que tenha escolhido por marido um engenheiro que também tocava piano e compunha pequenas peças: Otávio Pinto. Casaram-se em 1922, ano de sua participação na Semana de Arte Moderna, ela com 27, ele com 32. Guiomar nunca deixou de tocar peças do marido em recitais mundo afora – nada de excepcional, mas também não inferiores a tantos standards do repertório europeu – e ainda no disco lançado aos 79 anos encontramos as Cenas Infantis do marido, além de uma peça do cunhado Arnaldo (Pregão).

Dados sem importância? Não me parece. Parecem apontar para que a própria Guiomar visse as raízes últimas da sua arte não no mundo acadêmico, “conservatorial”, e sim numa tradição brasileira hoje extinta: a (como dizem os alemães) Hausmusik praticada nas casas senhoriais e pequeno-senhoriais, paralela à arte mais de rua dos chorões, mas não sem interações com esta. Aliás, podem me chamar de maluco, mas juro que tive a impressão de ouvir evocações de festa do interior brasileiro – até de sanfona! – tanto no Capricho de Saint-Saëns sobre “árias de balé” de Gluck quanto no Capricho de Brahms.

Será, então, que podemos entender Guiomar como uma espécie de apoteose (= elevação ao nível divino) da tradição das “sinhazinhas pianeiras”? Terá ela querido conscientemente levar ao mundo clássico um jeito brasileiro de abordar a música?

E terá sido ao mesmo tempo um “canto de cisne” dessa tradição, ou terá tido algum tipo de herdeiro? Não sei, mas se alguém me vem à cabeça na esteira dessa hipótese, certamente não é o fino Nelson Freire e sim o controverso João Carlos Martins!

Para terminar: a vida inteira Guiomar insistiu em terminar programas com a ‘famigerada’ Fantasia Triunfal de Gottschalk sobre o Hino Brasileiro, que, honestamente, não chega a ser grande música. Acontece que, segundo uma das biografias, logo ao chegar a Paris, com 15 anos, Guiomar teria sido chamada pela exilada Princesa Isabel – ela mesma pianista – e teria recebido dela o pedido de que mantivesse essa peça sempre no seu repertório. E, curioso, ainda ontem o Avicenna postava aqui duas peças de Gottschalk como músico da corte de D. Pedro II (veja AQUI).

Será que isso traz água ao moinho da hipótese de Guiomar como apoteose e canto-de-cisne de um determinado Brasil? Bom, vamos ouvir música, e depois vocês contam as suas impressões!

Pasta 1: faixas adicionais do CD “Guiomar-Beethoven-Klemperer”
04 J. S. Bach (arr. Silotti) – Prelúdio para Órgão em Sol m, BWV 535
05 C. W. Gluck (arr. Sgambati e Friedman) – Danças dos Espíritos Bem-Aventurados, de “Orfeo”
06 C. Saint-Saëns: Caprice sur des airs de ballet de “Alceste”, de Gluck
07 J. Brahms – Intermezzo op.117 nº 2
08 J. Brahms – Capriccio op.76 nº 2
09 J. Brahms – Valsa em La bemol, op.39 nº 15
10 L. van Beethoven (arr. Anton Rubinstein) – Marcha Turca das “Ruínas de Atenas”

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Pasta 2: disco “Guiomar Novaes”, Fermata, 1974
a1 Francisco Mignone – Velho Tema (dos Estudos Transcedentais)
a2 Otávio Pinto – Cenas Infantis
a3 Marlos Nobre – Samba Matuto (do Ciclo Nordestino)
a4 Arnaldo Ribeiro Pinto – Pregão (de Imagens Perdidas)
a5 J. Souza Lima – Improvisação
a6 M. Camargo Guarnieri – Ponteio
b1 H. Villa-Lobos – Da Prole do Bebê: Branquinha, Moreninha
b2 H. Villa-Lobos – O Ginete do Pierrozinho (do Carnaval das Criancas)
b3 H. Villa-Lobos – Do Guia Prático: Manda Tiro, Tiro, Lá; Pirulito; Rosa Amarela; Garibaldi foi a Missa
b4 L. M. Gottschalk – Grande Fantasie Triomphale sur l’Hymne National Brésilien Op. 69

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Ranulfus

[restaurado com reverência e saudade por seu amigo Vassily em 4/3/2023]

Nelson com Guiomar Novaes. Foto do acervo particular de Nelson Freire, publicada pelo sensacional Instituto Piano Brasileiro

Antonio Meneses – Suítes brasileiras

Antonio Meneses – Suítes brasileiras

SuitesBrasileirasEste é o terceiro CD de Meneses que ora está sendo postado e talvez o mais importante de todos os que o violoncelista recifense gravou pois concretiza um projeto e sem precedentes no país: o de estímulo à produção de um repertório específico para um instrumento.

Diz o release de divulgação do disco:

“Há alguns anos, Antonio Meneses encomendou a compositores brasileiros obras que servissem como uma espécie de preâmbulo para cada uma das seis suítes para violoncelo solo de Johann Sebastian Bach. O objetivo era realizar um prolongamento, guardadas as proporções, da homenagem que Villa-Lobos fizera a Bach nas Bachianas Brasileiras.”

Daí que cada uma das seis primeiras obras – totalmente diferentes entre si na estética – parafraseia uma suíte bachiana. Na segunda metade do álbum, há uma suíte inteira em cinco movimentos, que Meneses pediu especialmente ao conterrâneo pernambucano Clóvis Pereira.

Clóvis, depois de Marlos Nobre, é o maior compositor erudito pernambucano vivo. Embora sua produção não seja muito extensa e seja quase desconhecida fora de seu estado natal, dificilmente decepciona, deixando-se claro que ela segue em maior ou menor grau as linhas do Movimento Armorial.

A parceria Meneses-Clóvis nasceu uma obra antes, com o Concertino para violoncelo e orquestra (2005) – o qual vai ser lançado por Meneses em disco este ano junto com os dois concertos de Haydn -, e deu tão certo que já está sendo escrita uma sonata pra cello e piano, a ter estreia em 2011.

***

Antonio Meneses – Suítes brasileiras

1. Etius Melos, de Ronaldo Miranda
2. Cantoria 1 para violoncelo solo, de Marlos Nobre
3. Preambulum, de Almeida Prado
4. Pequena seresta de Bach, de Edino Krieger
5. Preludiando, de Marisa Resende
6. Invocatio nº 1, de Marco Padilha

Suíte macambira, de Clóvis Pereira
7. Overture
8. O canto do cego
9. Dança característica
10. Coco embolado
11. Frevo canzonado

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Antonio Meneses: indiscutível, bom pra caralho
Antonio Meneses: indiscutivelmente, bom pra caralho

CVL

Rapsódia Latina – Obras para violoncelo e piano

Rapsódia Latina – Obras para violoncelo e piano

rapsodia latinaUm dos melhores CDs de repertório moderno e contemporâneo para violoncelo e piano já lançados: formidável de cabo a rabo.

O problema é que depois que ouço o inusitadamente romântico Poema III de Marlos Nobre, acho as outras peças sem encanto, mas admito que é uma preferência pessoal: o Poema é daquelas músicas para você fazer um powerpoint com as fotos de sua namorada e mandar pra ela no próximo 12 de junho (fica a dica).

Rapsodia Latina

01 Marlos Nobre (Brasil, 1939): Poema III – op.94 n.º 3 (2001)
Andante con motto

Gabriela Frank (EUA/Peru, 1972): Manhattan Serenades (1995) *
02 I Uptown
03 II Midtown
04 III Downtown

05 Joaquín Silva-Díaz (Venezuela, 1886-1977): Serenata (1935) *
Andantino, quasi allegretto

Esteban Benzecry (Argentina, 1970): Toccata y Misterio (1991) *
06 Allegro enerqico
07 Misterioso
08 Allegro enerqico

09 Esteban Benzecry (Argentina, 1970): Rapsodia Andina (2002)*
Obra dedicada ao Duo Lin/Castro-Balbi

Luis Sandi (México, 1905-1996): Sonatina (1958) *
10 I Largo – Allegro comodo
11 II Adagio non troppo
12 III Allegro vivo

Marlos Nobre (Brasil, 1939): Desafio II, op.31 n.º 2bis (1968)
13 I Cadenza: calmo e rubato
14 II Desafio: vivo – Lento – tempo vívo

15 Manuel M. Ponce (México, 1882-1948) Lejos de tí (arr. Gloria Lin) *

16 William Bolcom (EUA, 1938): Gingando: Brasilian Tango Tempo
(Tombeau d’Ernesto Nazareth)
– from Capriccio (1985)

Duo Lin/Castro-Balbi:
Jesús Castro-Balbi, cello
Gloria Lin, piano

* Primeiras gravações mundias / world premiere recordings

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Marlos Nobre: qual será o segredo de sua cabeleira?
Marlos Nobre: qual será o segredo de sua cabeleira?

CVL

International Rostrum of Composers – 6 CDs – LINKS REVALIDADOS

Postado inicialmente por CVL em 13 de fevereiro de 2009.

Ouvi os quatro primeiros CDs dessa caixa e fiquei impressionado com a qualidade, por isso resolvi revalidar os links. Tomei a liberdade e inseri uma imagem no post, CVL.

Um post pra vocês se ocuparem até depois do carnaval, quando estarei de volta das ladeiras de Olinda, e que vai dedicado ao mano CDF Bach: só compositores contemporâneos.

Na busca que fiz na Internet, nenhum site traz os dados completos do box de CDs. Peço desculpas de antemão por evitar o trabalho de digitar todos os intérpretes. Se algum fã do blog possuir este álbum (o que acho difícil) e fizer esse favor pra mim, concedo a glória de escolher um post dentro de minha jurisdição (Música das Américas).

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O International Rostrum of Composers (ou Tribuna Internacional de Compositores) é fórum periódico do Conselho Internacional de Música da Unesco que promove a difusão, lado a lado, de obras contemporâneas de compositores jovens e experientes. Todo ano, uma emissora de rádio ou TV anfitriã, dentre as mais de trinta filiadas, organiza a transmissão das peças selecionadas pelas demais filiadas. Esta coletânea vai de 1955 (primeira edição do fórum) a 1999 e contém a célebre Trenódia para as vítimas de Hiroshima de Penderecki, Ad matrem de Górecki e mais 17 compositores. O único brasileiro no meio é Marlos Nobre, regendo sua Biosfera para pequena orquestra com a Sinfônica da Rádio MEC.

***

International Rostrum of Composers

CD 1

1-2. Frank Martin – Concerto para cravo e pequena orquestra
I. Allegro comodo
II. Adagio – Più allegro

3. Krzysztof Penderecki – Trenódia para as vítimas de Hiroxima
4-6. Roman Haubenstock-Ramati – Sinfonia K
I. Satz
II. Satz
III. Satz

7. Peter Schat – To you, op. 22

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CD 2

1. Henryk Górecki – Ad matrem
2-3. Marlos Nobre – Biosfera
I. Variantes
II. Postlúdio

4-6. Dimitri Tapkov – Cantata da paz
I. Retrospecto
II. Contagem regressiva
III. Canção de inverno sobre o pombo

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CD 3

1. György Kurtág – Mensagens da recém-finada senhorita R. Y. Troussova
2. Alejandro Iglesias Rossi – Ritos ancestrais de uma cultura esquecida

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CD 4

1. Magnus Lindberg – Kroft
2. Roger Smalley – Concerto para piano e orquestra
3. Chris Paul Harman – Indescência

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CD 5

1. Thomas Demenga – Solo per due
2. Jesper Koch – Icebreaking
3. Michio Kitazume – Ei-sho, para orquestra
4. Mari Vihmand – Floreo

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CD 6

1. Pär Lindgren – Oaijé
2. Maja Ratkje – Wave II B
3-4. Bernard Cavanna – Concerto para violino e orquestra
I. Lively, chaotic
II. Slow, immutable

O caro visitante EGLab, a quem ora agradecemos, nos enviou em 11/07/09 este link, com os dados dos intérpretes e regentes.

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CVL (revalidado por Carlinus)

Quintetos de sopro brasileiros (1926-1974) – Quinteto Villa-Lobos

Em razão da postagem com obras para sopros solistas de Mozart, me lembrei deste CD duplo do Quinteto Villa-Lobos que estava aqui guardado, esperando para ser postado. Ainda não estou de volta à ativa – vou demorar mais alguns meses em banho-maria – mas pude dar conta desta postagem porque não tenho muitas apreciações a fazer sobre o álbum: é uma compilação (a primeira) de obras importantes do ponto de vista histórico para esta formação instrumental, e algumas são muito bem escritas, mas não consigo ver transcendência, ousadia ou empolgação em quase nenhuma delas (a exceção no terceiro quesito ficou por conta do terceiro movimento dos quintetos de Marlos Nobre e Bruno Blauth; já ousadia, só encontrei no quinteto de Lindembergue Cardoso, mas aviso aos ouvidos menos afeitos à música do séc. XX que a obra é dissonante e fragmentária de cabo a rabo). Espero que vocês possam apreciá-las de alguma forma.

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Quintetos de sopro brasileiros (1926-1974) – Quinteto Villa-Lobos

CD1
Oscar Lorenzo Fernandez – Suite para Quinteto de Sopros, Op.37
1. Pastoral. Crepúsculo no Sertão
2. Fuga. Saci Pererê
3. Canção. Canção da Madrugada
4. Scherzo. Alegria da Manhã

Claudio Santoro – Quinteto de Sopros
5. Alegre
6. Lento
7. Vivo

Osvaldo Lacerda – Variações e Fuga
8. 1º versão 1962, 2º versão, revista e reformulada 1994

José Vieira Brandão – Divertimento nº 1 para Quinteto de Sopros
9. Allegro Moderato
10. Andante Sostenuto
11. Allegro com Moto

Marlos Nobre – Quinteto de Sopro, Op.29
12. Lento. Animato
13. Lento
14. Vivo

Ernst Mahle – Quinteto
15. Poco Lento e Rubato-Vivace
16. Andantino “Noturno”
17. Vivo “Rondo”

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CD2
Mozart Camargo Guarnieri
1. Choro nº 3

José Siqueira
2. Brincadeira a Cinco

Francisco Mignone – 1º Quinteto para Sopros
3. Andante Calmo (Misterioso). Allegro. Andante Calmo
4. Scherzo
5. Adagio
6. Finale

Brenno Blauth – Quinteto para Sopros T.18
7. Moderado
8. Lento
9. Movido

Ricardo Tacuchian – Suite Brasileira para Quinteto de Sopros
10. Canto Místico
11. Canto Sentimental
12. Canto Festivo

Sergio Vasconcellos Correia – Dez Cantos Populares Infantis
13. Seu Sabiá, Terezinha de Jesus, A Moda da Carranquinha, Sapo Cururu, O Castelo Pegou Fogo, O Barqueiro, A Ponte do Avião, Cachorrinho, Você Gosta de Mim?, Eu sou Mineiro de Minas

Lindembergue Cardoso
14. Quinteto

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CVL

Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão 2004

Aqui vai o terceiro CD (na verdade, o primeiro dos três) com Minczuk e a Orquestra Acadêmica de Campos do Jordão – assim, vocês poderão apreciar melhor a peça de Marlos Nobre que o Dudamel regeu no YouTube – e ainda tem a bela oitava sinfonia de Dvorák.

01-04. Sinfonia n° 8, de Dvorák
05. Kabbalah, de Marlos Nobre
06. Dança húngara n° 5, de Brahms

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CVL

Cello Octet Conjunto Ibérico – Marlos Nobre (1939) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

O complicadíssimo português da soprano espanhola Pilar Jurado é terrivelmente problemático nas interpretações em que ela aparece no presente CD, mas a seleção de obras – todas de primeiro nível – faz valer a pena o download. É o caso até de se pensar uma nova reedição desse repertório, com uma boa solista nacional, ou que pelo menos seja fluente em português.

As execuções das duas Bachianas, se não são das mais sublimes quando comparadas a outras gravações, também não fazem feio pois estão a cargo de um dos poucos octetos para violoncelos da atualidade em contínua atividade, senão o único.

E, Marlos Nobre, a pedido do Octeto Ibérico, adaptou algumas obras para a formação celística que Villa-Lobos consagrou, e mostrou porque é o compositor brasileiro vivo de maior projeção no exterior. Particularmente excepcional é a primeira das três canções sobre poema de Ascenço Ferreira (conterrâneo do mesmo estado de Marlos, Pernambuco), intitulada Maracatu.

Aí vai o poema, para compensar a dicção da solista:

Zabumba de bombos,
Estouro de bombas,
Batuques de ingonos,
Cantigas de banzo,
Rangir de ganzás…

– Luanda, Luanda, onde estás?
Luanda, Luanda, onde estás?

As luas crescentes
De espelhos luzentes,
Colares e pentes,
Queijares e dentes
De maracajás…

– Luanda, Luanda, onde estás?
Luanda, Luanda, onde estás?

A balsa do rio
Cai no corrupio
Faz passo macio,
Mas toma desvio
Que nunca sonhou…

– Luanda, Luanda, onde estou?
Luanda, Luanda, onde estou?

***

1. Bachianas Brasileiras nr. 5: Aria
2. Bachianas Brasileiras nr. 5: Dansa
3. Três canções negras (op. 88): Maracatú
4. Três canções negras (op. 88): Cantilena
5. Três canções negras (op. 88): Candomblé
6. Desafio XXXII
7. Canto A García Lorca (op. 87)
8. Três canções de Beiramar (op. 21 bis): Estrêla do mar
9. Três canções de Beiramar (op. 21 bis): lemanjá ôtô
10. Três canções de Beiramar (op. 21 bis): Ogum de lê
11. Bachianas Brasileiras: Introduction
12. Bachianas Brasileiras: Preludio
13. Bachianas Brasileiras: Fugue

Cello Octet Conjunto Ibérico, regido por Elias Arizcuren
Soprano: Pilar Jurado

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CVL

Joaquim Freire – Marlos Nobre (1939) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Já que estou ainda no Recife, sem destino definido, vai mais um CD relacionado a dois músicos daqui.

Um deles é intérprete: o violonista Joaquim Freire, que precisou deixar o Recife ainda criança após seu pai, o pedagogo Paulo Freire, ter de se exilar nos tempos da ditadura. Depois de uns tempos no Chile, nos EUA e no Reino Unido, estabeleceu-se na Suíça, onde viria a conhecer a também violonista e futura esposa Susanne Mebes, com quem criou o selo Léman.

O outro é talvez o maior compositor brasileiro vivo, Marlos Nobre, que, assim como Villa-Lobos, tem o melhor de sua discografia no primeiro mundo e em tiragens esgotadas. Curiosamente, Nobre assumiu a cadeira n° 1 da Academia Brasileira de Música em 1984, cujo primeiro ocupante foi o Villa.

Sem mais delongas, este post é dedicado aos fãs do repertório violonístico nacional.

***

Reminiscências, op. 83 – Marlos Nobre (primeira gravação mundial)
1. Choro
2. Seresta
3. Frevo

4. Homenagem a Villa-Lobos – Marlos Nobre

5-16. Estudos para violão – Heitor Villa-Lobos

Joaquim Freire, violão

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CVL

Del barroco y del romanticismo ao siglo XXI

Faz muito tempo que não é postado um CD com obras para violoncelo e piano aqui no blog. Aí vai um, com o maior violoncelista mexicano da atualidade, Carlos Prieto. Algumas dentre as primeiras peças são transcrições, mas a maioria é original. O cello de Prieto tá meio fraquinho (detesto cello que canta “pra dentro”), porém, assim como no post da semana passada, vale pela peça de Marlos Nobre – e também pela de Ernst Mahle, pela de Mignone, pela do mexicano Eugenio Toussaint e pela do americano Lukas Foss.

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Del barroco y del romanticismo ao siglo XXI

1. Passacaglia para violín y chelo 7:09
Haendel/Halvorsen

2. Pezzo capriccioso Op.62 6:09
Tchaikovsky

3. Vocalise, op. 34, Nº 14 5:52
Rachmaninoff

4. Introduction et polonaise brillante op. 3 8:40
Chopin/Feuerman

5. Capriccio para violonchelo y piano 6:05
Lukas Foss

6. Modinha 3:38
Francisco Mignone

Ocho dúos Modales
Ernst Mahle

7. (1)Allegro alla marcia 2:29
8. (2) Moderato 2:29
9. (3) Allegro Moderato 1:22
10.(4) Un poco vivo 1:37
11.(5) Allegro 2:07
12.(6) Con moto 2:12
13.(7) Andante 1:59
14.(8) Andantino 2:27

Partita Latina
Marlos Nobre
15. Lento 6:14
16. Appassionato 1:03
17. Scherzando poco vivo 1:56
18. Calmo 2:34
19. Profundo, Molto Lento 2:46
20. Vivo 1:10
21. Grave 2:51

22. Pour les enfants 6:46
Eugenio Toussaint

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CVL

Two days and two nights of new music 2001

Só estou postando este CD – da edição de 2001 do maior festival anual de música contemporânea da Ucrânia (abreviado 2D2N) – por causa das Sonâncias III de Marlos Nobre. Vocês podem até chegar a gostar de outras peças do álbum, principalmente as últimas, mas considerem-se então no lucro.

***

Two days and two nights of new music 2001

1. Marlos Nobre Sonancias III for percussion and 2 pianos 9:51
Performed by: FREIBURG PERCUSSION ENSEMBLE :
Ricardo Marini percussion | Guillaume Chastel percussion | Tetyana Kravchenko piano | Oleksandr Perepelytsya-junior piano | Conductor: Bernhard Wulff

2. Rashid Kalimullin Music for clarinet and violin (world premiere) 9:48
Performed by: Natalia Lytvynova violin | Volodymyr Tomashchuk clarinet

3.Sergiy Pilyutykov Sonata for cello and piano 11:33
Performed by: Hans Jörg Fink piano | Luzius Gartmann cello

4. Karmella Tsepkolenko Wenn die Kette zerrisse, fände sie bestimmt nicht alle Perlen wieder for tenor saxophone, accordion, double bass and percussion 9:12
Performed by: ENSEMBLE WIENER COLLAGE:
Peter Rohrsdorfer saxophone, tenor saxophone | Alfred Melichar accordion | Peter Vasicek percussion | Michael Seifried double bass

5. Hanna Havrylets In B for clarinet solo 4:36
Performed by: Rok-Hyun Kwon clarinet (TRIO HAAN)

6. Julia Gomelskaya Behind the Shadow of Sound for accordion and violin 10:55
Performed by: Duo CADENCE: IVAN YERGIYEV accordion | OLENA YERGIYEVA violin

7. Iryna Kyrylina Chamber cantata for soprano, clarinet, violin and piano 8:32
Performed by: ENSEMBLE CONTINUUM NEW YORK :
Wonjung Kim soprano | Benjamin Fingland clarinet | Renй Jolles violin | Cheryl Seltzer piano, co-director | Joel Sachs conductor, co-director

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