Ludwig van Beethoven (1770-1827): Music for Wind Ensemble – The Albion Ensemble

Poderia classificar esse CD como curioso, mas a versatilidade dos músicos do Albion Essemble está acima dessa classificação tão simplista. É Beethoven, sim, não precisam ficar assustados, afinal, estamos acostumados a grandes conjuntos orquestrais interpretando a Abertura “Egmont” ou a “Sinfonia nº1”. Talvez os mais puristas fiquem de cabelo em pé, reclamem, esbravejem, mas veja bem, estas transcrições foram realizadas ainda em tempos de Beethoven vivo, ou seja, devem ter passado por sua aprovação. Parece que era moda e muito comum encontrar estas transcrições disponíveis ali no começo do século XIX. Uma curiosidade acerca destas transcrições, o texto foi retirado de outro CD do mesmo Albion Ensemble:

“É amplamente reconhecido que a maior parte do vasto corpo de trabalho do período clássico para pequena banda de sopro, ou ‘Harmonie’, foi planejada para ser usada como música de fundo – isto é, música para fazer serenata aos nobres e ricos ou para acompanhar as suas refeições (Tafelmusik). Embora em muitos casos a qualidade da música, seja ela original ou arranjada, é variável, existe também um belo repertório que merece a escuta mais atenta. Talvez o primeiro grande expoente da música Harmonie tenha sido Mozart, que soube imbuir toda a sua obra, independentemente da função a que se destinava, de uma profundidade faltando na produção de muitos de seus contemporâneos menores. É difícil imaginar a nobre Serenata em E bemol, K375, ou a grande e grave Serenata em dó menor, K388, sendo música destinada apenas a capturar um interesse passageiro do ouvinte. Assim também, nesta gravação, encontramos música Harmonie digna do primeiro plano.

A música Harmonie tornou-se um gênero particularmente na moda em Viena após o Imperador da dinastia, dos Habsburgos  José II, estabeleceu em sua corte um grupo que veio a ser conhecido como Kaiserlich Harmonia königlich. Este conjunto fundado em 1782 era um octeto composto por dois oboés de cada clarinetes, fagotes e trompas, diferindo de outras pequenas bandas de sopro, que eram empregadas em todo o mundo e na Europa a partir de meados do século, na medida em que os seus músicos não eram apenas criados uniformizados, mas também os principais músicos profissionais vienenses da época.”

As peças que o “Albion Ensemble” gravou nesse CD são bem conhecidas pelos fãs do compositor. Começando pela abertura “Egmont”, e terminando com a emblemática Sonata ‘Patetique’, escrita para piano, o que podemos ouvir aqui não são simplificações, ao contrário. Cada peça foi cuidadosamente transcrita, obedecendo o modelo original, claro que com as ressalvas e adaptações necessárias. Nas obras orquestrais obviamente sentimos falta da própria massas orquestral, e na Sonata Patética, principalmente em seus momentos mais intensos, sentimos falta da impulsividade percussiva do solista, não sei se me fiz entender.

Deixo ao crivo dos senhores o veredito desse CD. Gostei do que ouvi, antes de tudo, muito respeito a originalidade da empreitada, e claro, um profundo conhecimento da obra de Beethoven. É mais comum nos dias de hoje ouvirmos as sinfonias transcritas para piano, como a conhecida versão de Liszt, disponível aqui mesmo no PQPBach. Lembrei-me agora de um membro do blog que infelizmente aparece muito pouco por aqui, o Marcelo Stravinsky, que se declara um fã incondicional de versões alternativas, transcrições, etc. Esse com certeza é um CD que ele vai apreciar.

Para maiores informações, sugiro a leitura do livreto anexo ao arquivo compactado.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Music for Wind Ensemble – The Albion Ensemble

01 – Egmont, Op. 84_ Overture
02 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ I. Adagio molto – Allegro con brio
03 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ II. Andante cantabile con moto
04 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ III. Menuetto – Allegro molto e vivace
05 – Symphony No. 1 in C Major, Op. 21_ IV. Finale. Allegro molto vivave
06 – Fidelio, Op. 72_ Overture
07 – Fidelio, Op. 72, Act II_ March
08 – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 16_ II. Andante cantabile
09 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ I. Grave – Allegro di molto e con brio
10 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ II. Adagio cantabile
11 – Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13, _Pathetique__ III. Rondo. Allegro

THE ALBION ENSEMBLE
GEORGE CAIRD, VICTORIA WOOD oboes
ANGELA MALSBURY, MICHAEL HARRIS clarinets
PETER FRANCOMB, SIMON MORGAN horns
GARETH NEWMAN, ROBIN KENNARD bassoons
MARTIN FIELD contrabassoo

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FDP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 9 “Coral”, Op. 125 (Concertgebouw / Haitink)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 9 “Coral”, Op. 125 (Concertgebouw / Haitink)

Haitink gravou 4 vezes a Nona de Beethoven. Cada uma tem seus prós e contras. O “contra” deste CD é o som um pouco distante, os prós são o resto. Bem, mais ou menos. Pois, atenção: é uma versão contida, dentro do padrão e sem grandes voos. Trata-se de uma gravação ao vivo, de um dia em que Haitink resolveu fazer tudo certinho. Então, quando quero “ouvir com gosto” uma Nona, pego Böhm ou outro daqueles sensacionais — quase sempre pego Böhm, Wand, Fricsay ou Barenboim, os melhores. Mas quando quero mostrar a Nona, trago essa, pois é uma espécie de gravação padrão, sem polêmicas.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia Nº 9 “Coral”, Op. 125 (Concertgebouw / Haitink) (1:09:52)

1 I – Allegro Ma Non Troppo, Un Poco Maestoso 16:14
2 II – Molto Vivace 11:12
3 III – Adagio Molto e Cantabile 17:07
4 IV – Presto 25:07

Bass Vocals – Robert Holl
Choir – Groot Omroepkoor
Chorus Master – Robin Gritton
Conductor – Bernard Haitink
Contralto Vocals – Carolyn Watkinson
Orchestra – Concertgebouworkest
Soprano Vocals – Lucia Popp
Tenor Vocals – Peter Schreier

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PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Aberturas (Harnoncourt / Chamber Orchestra Of Europe)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Aberturas (Harnoncourt / Chamber Orchestra Of Europe)

O Beethoven de Harnoncourt sempre é considerado uma experiência emocionante, polêmica e distinta — e este conjunto de aberturas não é diferente. Isto é pura excitação com uma execução verdadeiramente fora deste mundo, especialmente nas transições da “escuridão para a luz” das aberturas Leonora e do maravilhoso “Egmont”, sempre um dos meus favoritos. “As Criaturas de Prometeus” também é muito interessante porque incorpora algumas músicas do próprio balé, enquanto “Coriolano” está repleto de tanto drama e tensão quanto se poderia esperar do mestre austríaco. Porém, na abertura campeã “Coriolano”, Carlos Kleiber permanece imbatível no pódio. Essas gravações estão disponíveis de uma forma ou de outra há vários anos, então, há várias capas para o mesmo disco.

Harnoncourt: é isso aí, o negócio é espremer os músicos até sair algo que preste
Harnoncourt: é isso aí, o negócio é espremer os músicos até sair algo que preste

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Aberturas (Harnoncourt / Chamber Orchestra Of Europe)

Coriolan Op. 62 (8:11)
1 Allegro Con Brio 8:11

Die Geschöpfe Des Prometheus Op. 43 (7:16)
2 Adagio ∙ Allegro Molto Con Brio Introduction: Allegro Non Troppo La Tempesta 7:16

Die Ruinen Von Athen Op. 113 (5:53)
3 Andante Con Moto ∙ Allegro, Ma Non Troppo 5:53

Fidelio Op. 72 (7:27)
4 Allegro 7:27

Leonore I Op. 138 (10:18)
5 Andante Con Moto ∙ Allegro Con Brio 10:18

Leonore II Op. 72 (13:40)
6 Adagio ∙ Allegro 13:40

Leonore III Op. 72 (14:00)
7 Adagio ∙ Allegro 14:00

Egmont Op. 84 (8:13)
8 Sostenuto Ma Non Troppo ∙ Allegro 8:13

Composed By – Ludwig van Beethoven
Conductor – Nikolaus Harnoncourt
Orchestra – Chamber Orchestra Of Europe

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Beethoven de perfil

PQP

R. Strauss (1864-1949): Burleske / Beethoven (1770-1827): Sinfonia nº 7 (Gulda, Böhm)

R. Strauss (1864-1949): Burleske / Beethoven (1770-1827): Sinfonia nº 7 (Gulda, Böhm)

Meine Damen und Herren, apertem os cintos pois vamos fazer uma breve viagem no tempo. O destino: Salzburgo, Áustria, 25 de agosto de 1957. Um encontro de gigantes deu-se no palco do Altes Festspielhaus naquela noite, no 9º concerto sinfônico da programação do Festival de Salzburgo. À frente da Orquestra Filarmônica de Viena estava Karl Böhm, que regeu no festival por mais de quatro décadas, com recém-completados 61 anos. Ao piano, ainda sem os chapeuzinhos que virariam uma de suas marcas registradas, o compatriota vienense Friedrich Gulda. Era sua segunda aparição no festival, seis anos após o recital que catapultou seu nome para as estrelas, em 1951.

No programa, dois dos grandes amores de Böhm: Richard Strauss, seu grande amigo e de quem regeu a estreia de diversas obras, e Ludwig van Beethoven. Uma combinação muito interessante, com a Burleske para piano e orquestra e a eterna, mítica Sétima Sinfonia, Op. 92, do velho Ludovico. Foi um concerto que marcou época, em um ano profundamente simbólico para o panorama cultural austríaco: foi em 1957 que um certo Herbert von Karajan assumiu tanto a direção do Festival de Salzburgo como da Ópera Estatal de Viena, sucedendo o próprio Böhm, que deixara o posto no ano anterior. As gerações estavam mudando no coração musical da Europa.

Com a palavra, Harald Hermann, em sua crítica sobre o concerto no Neues Österreich:

“A Áustria possui um número grande de jovens pianistas altamente qualificados e reconhecidos internacionalmente, mas tem só um Friedrich Gulda. Estrelas deste brilho aparecem no céu noturno apenas uma vez a cada cinquenta anos ou algo assim. O tocar de Gulda combina um conhecimento de professor que conhece os segredos mais íntimos da técnica pianística com a força deslumbrante de sua personalidade artística, uma personalidade que tem a capacidade de julgar a quantidade apropriada de conteúdo emocional para cada mundo estilístico. Gulda não é um modernista, um artista determinado a ser “objetivo” a qualquer custo. Ele não insiste em princípios imutáveis. Naturalmente, ele ataca a Burleske de Strauss do único ângulo apropriado, que é o aspecto de romantismo tardio da obra, e ele interpreta o feliz segundo terma — o sincero encontro de amantes entre Crysothemis e Guntram no jardim de Brahms — com toda a exuberância de uma adolescência dotada de criatividade, uma exuberância que Strauss capturou em sua música de uma forma que foi tanto imediata quanto essencialmente pessoal.”

Gulda: “Que foi, nunca me viu sem chapéu?”

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Richard Strauss (1864-1959)
1. Burleske para piano e orquestra em ré menor

Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Sinfonia nº 7 em lá maior, Op. 92
2. Poco Sostenuto – Vivace
3. Allegretto
4. Presto
5. Allegro con Brio

Friedrich Gulda, piano
Orquestra Filarmônica de Viena
Karl Böhn, regente

Gravado ao vivo no Altes Festpielhaus, durante o Festival de Salzburgo, em 25 de agosto de 1957.

O maestro em Salzburgo, 1963. Esse cara era Böhm demais!

Karlheinz

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 9 de 9)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 9 de 9)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Enfim, chegamos ao final de mais uma série! O Op. 135 é menor em tamanho e nele há temas que aparecem acenar ao Op. 64 de Haydn, principalmente no primeiro movimento. Mas quando pensamos que Beethoven tornou-se mais clássico na forma, ele ataca novamente com seus temas curtos e afirmativos no segundo movimento e volta a expor uma longa reflexão no terceiro movimento. Mesmo assim, acho que nossos leitores-ouvintes, não ficariam escandalizados se eu dissesse que o Op. 135 é a Oitava Sinfonia deste grupo final. É menor e mais relaxado.

O mesmo não se pode dizer do Op. 131. Cheio de abismos e de contrastes, traz grande parte daquilo que Shostakovich faria depois. É. Confiram! Não estou dizendo que falte originalidade à Shosta, estou apenas comentando que ele foi à melhor fonte para fazer a melhor música. Alguns bebem de fontes mais impuras; Shosta caiu de cabeça na melhor delas. Porém, tergiverso. Analisando rapidamente temos um L-R-R-L-R-L-R (L=Lento, R=Rápido). Sim, sim, o homem estava escrevendo novamente em chinês e este quarteto deve ter sido detestadíssimo pelo público. Concordas, Flávio? (Quem trouxe o chinês à baila foste tu!) Na verdade, estou meio divagativo e fico pensando na impressão que aquele público da década de 20 do século XIX teve de um quarteto como este… Sorrio para o monitor como se estivesse vendo suas caras de pasmo ou talvez de indignação. Mal sabiam eles que estavam vendo o futuro. Se os movimentos fossem mais curtos e as mudanças de humor mais constantes, eles estariam DENTRO futuro e Beethoven seria internado.

Não obstante esta apresentação irônica, trata-se de música seríssima e adorada por mim. Sugiro uma audição muito atenta do Andante ma non troppo e molto cantabile. Há algo naquele violoncelo que parece negar toda a tranquilidade ao movimento. Acompanhem-no. É como se Beethoven, inteiramente neurótico como qualquer cidadão de nossa época, nos dissesse: a calma e a beleza, qualquer calma e beleza, meus amigos, são absolutamente falsas.

O Op. 131 é a música que perpassa todo o belíssimo filme "O Último Quarteto" de Yaron Zilberman
O Op. 131 é a música que perpassa todo o belíssimo filme “O Último Concerto” de Yaron Zilberman

Ludwig van Beethoven

String Quartet No. 16 in F major, Op. 135
I. Allegretto 00:06:01
II. Vivace 00:03:14
III. Lento assai, cantante e tranquillo 00:06:39
IV. Grave ma non troppo tratto – Allegro 00:07:03

String Quartet No. 14 in C sharp minor, Op. 131
I. Adagio ma non troppo e molto espressivo 00:08:01
II. Allegro molto vivace 00:03:00
III. Allegro moderato 00:00:50
IV. Andante ma non troppo e molto cantabile 00:13:43
V. Presto 00:05:19
VI. Adagio quasi un poco andante 00:02:02
VII. Allegro 00:07:06

Kodaly Quartet

Total Playing Time: 01:02:58

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Beethoven dando uma voltinha pelas redondezas
Beethoven dando uma voltinha pelas redondezas

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 8 de 9)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 8 de 9)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Originalmente, o Quarteto Op.130 era finalizado por uma enorme fuga. Depois, Beethoven resolveu separá-la do restante, criando a Grande Fuga (Grosse Fugue), Op. 133. Só que a indústria fonográfica atrapalhou as intenções do compositor. Creio que todos os discos de vinil e CDs que têm o Quarteto Op. 130, trazem a Grosse Fugue no final. Ou seja, a separação da fuga como obra autônoma não valeu para as gravações pelo simples motivo que é mais lógico colocá-la ali, logo após o Finale do Quarteto. É uma espécie de descumprimento póstumo. Você desejava assim, mas nós queremos assado… É claro que o CD do Kodály também traz a Grosse Fugue logo ali atrás, grudadinha no colo materno.

Fico pensando nos motivos que teriam levado Beethoven a separar a obra em duas. Talvez a razão fosse a inacreditável Cavatina, que normalmente era a última faixa do lado 1 dos discos… A Cavatina foi muitas vezes saudada pelo compositor como uma de suas maiores realizações. E é. Movimento aparentado do glorioso Adagio da Nona Sinfonia e ainda mais do terceiro movimento do Op. 132, é belíssima, com algumas melodias claras e outras apenas sugeridas, balbuciadas. Coisa de gênio. Talvez ele não quisesse ter dois movimentos tão significativos juntos, ou talvez achasse que a fuga tinha espírito diverso do resto ou que o quarteto já estava muito grande, não sei. Ou talvez algum de nossos leitores-ouvintes saiba o real motivo e o explique nos comentários.

O que importa é que este quarteto não fica a dever em nenhum aspecto a meu preferido, o Op. 132. É também genial e foi o primeiro que conheci, numa gravação do início dos anos 60 feita pelo Quarteto Amadeus, com a enorme carranca de Ludwig van na capa. Um presente do Dr. Herbert Caro há exatos de 37 anos.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Integral dos Quartetos de Cordas (CD 8 de 9)

1. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Adagio ma non troppo: Allegro 13:00
2. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Presto 2:03
3. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Andante con moto ma non troppo 6:28
4. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Alla danza tedesca: Allegro assai 2:51
5. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Cavatina: Adagio molto espressivo 6:17
6. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Finale: Allegro 9:00

7. Grosse Fuge in B flat major, Op. 133

Kodály Quartet

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Separo a Grosse Fugue do 130 ou deixo assim?
Goethe humilhando-se, Beethoven passando reto pelo monarca

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Mozart (1756-1791): Concertos para Piano nº 20, 22 e 25 / Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano nº 3 (A. de Larrocha / A.B. Michelangeli)

Alicia de Larrocha

Dois discos gravados ao vivo com orquestras alemãs na década de 1980. Dois discos com concertos de Mozart, um deles também com um de Beethoven. Dois pianistas de imensa reputação nesse repertório. Nem preciso apresentar Alicia de Larrocha (1923-2009) e Arturo Benedetti Michelangeli (1920-1995), então falarei um pouco das orquestras.

Alicia tocou esses concertos com duas orquestras do sul da Alemanha, em Stuttgart e Baden-Baden, e os concertos foram gravados pelas rádios alemãs: o lançamento em CD foi décadas depois. Em um ou outro detalhe, soam diferentes das orquestras novíssimas que, nos últimos 15 ou 20 anos, têm mostrado um Mozart mais leve. Mas esses músicos alemães, em 1986, defendiam de modo muito convincente o Mozart criador de tensões sonoras que já soam como profecias dos exageros do romantismo. Sobretudo a percussão: neste Concerto nº 22 – como aliás em outros concertos do Mozart maduro: o 25º, o 26… –  as pauladas no tambor são intensas como em Beethoven ou, se corrermos um pouco no túnel do tempo, lembram até os tambores e martelos de Mahler.

E tenho para mim que os músicos de Stuttgart fazem um Mozart mais rico em detalhes do que os da English Chamber Orchestra, com quem Larrocha gravaria este Concerto nº 22 nos anos 90. Também no 3º Concerto de Beethoven o desempenho da orquestra é bastante interessante, ao menos para quem gosta de Beethoven tocado por orquestras com um número generoso de cordas.

Michelangeli (com um cigarrinho)

O disco de Arturo, também ao vivo, é com a orquestra da Rádio do Norte Alemão (NDR-Sinfonieorchester), em Hamburgo. No Concerto nº 20, o primeiro composto por Mozart em um tom menor, a orquestra faz milagres que nunca ouvi em outras gravações deste concerto. Um som cheio de mistérios, sombras e nuvens. Também Michelangeli está em excelente forma e muto bem gravado, fazendo cada um dos ornamentos com o cuidado e perfeccionismo que eram sua marca registrada. E ele usa a cadência de Beethoven. No Concerto nº 25, porém, a orquestra exagera na intensidade do 1º movimento (Allegro maestoso) e hoje em dia, com tantas gravações historicamente mais informadas, fica difícil perdoar alguns exageros que eram comuns na época. Ou seja: pare o que estiver fazendo agora para ouvir o Concerto em ré menor, mas o outro em dó maior dá pra deixar pra ouvir outro dia.


Alicia de Larrocha – Piano Concertos: Mozart 22, Beethoven 3 – mp3

Alicia de Larrocha – Piano Concertos: Mozart 22, Beethoven 3 – flac


Michelangeli – Piano Concertos: Mozart 20, 25 – mp3

Pleyel

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos (Tau Ceti)

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos (Tau Ceti)

José Eduardo D’Elboux é um pequepiano. Volta e meia ele comenta algum post, está sempre por aí. Há poucos anos, ele me mandou este CD que eu ouvi e deixei de lado por estar passando uma fase meio anti-rock progressivo. Mas hoje o peguei gostei muito do que ouvi. Os clientes da Livraria Bamboletras (2 links) também. As pergutavam o que era aquilo e o José Eduardo ficaria feliz porque um deles perguntou se era o ELP. Achei ótimo e muito divertido. Ele é dividido em duas partes: a primeira composta por D’Elboux sozinho ou com parceiros e a segunda com arranjos de eruditos de outrem ou par D’Elboux.

Como disse, às vezes, D’Elboux soa muito como o grupo que mais admira, o Emerson, Lake & Palmer, mas sua voz natural me parece mais tranquila do que com a fúria habitual dos ingleses. Gostei muito dos arranjos de eruditos. Seu Coriolano e o início da Sinfonia Nº 4, Romântica, de Bruckner, ficaram excelentes, assim como a Toccata e Fuga em Ré Menor, BWV 565, de Bach.

D’Elboux fez sua vida como engenheiro. Foi uma opção consciente. “Especialmente no Brasil, onde o tipo de música que gosto é pouco divulgada, preferi ter uma carreira como profissional de engenharia (o que também gosto) e levar o lado musical como hobby – mas fazendo exatamente o que eu queria em Música, sem concessões, uma vez que não iria depender financeiramente disso. (…) Foi minha “cabeça-dura”, de insistir no que acredito, que fez, desde meu início em 1982 com as primeiras tentativas de bandas, até formar o Tau Ceti em 1988 (cuja semente já estava em minha banda anterior, o Antares, de 1985), e lançar o primeiro álbum em 1995… Depois de um longo tempo parado, retomando a Música ainda insisti e lancei mais um álbum em 2019, mais de 20 anos depois do primeiro. E, neste, já sem outros músicos que topassem a empreitada, fiz um álbum solo onde me responsabilizei por tudo, desde composições e tocar os teclados, como programar os demais instrumentos, arranjos, produção, etc.”.

Para quem chegou da Lua ontem, o rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um gênero que se desenvolveu na Inglaterra e nos EUA em meados da década de 1960, atingindo o pico no início da década de 1970. O estilo foi uma consequência das bandas psicodélicas que abandonaram as tradições padrão em favor de instrumentação e técnicas de composição mais frequentemente associadas ao jazz ou à música clássica. Elementos adicionais contribuíram para o rótulo de “progressivo”: as letras eram mais poéticas, a tecnologia era aproveitada para novos sons, a música se aproximava da condição de “arte” e o estúdio, mais do que o palco, tornou-se o foco da atividade musical, que muitas vezes envolvia criar música para ouvir em vez de dançar.

.: interlúdio :. D’Elboux / Beethoven / Bruckner / Borodin / Bach: Meus Dois Mundos

Parte 1 — Mundo Prog
1. Prelúdio para Sintetizador (D’Elboux) 1:23
2. D’Elboux is on the Table (D’Elboux) 3:17
3. Boto (D’Elboux / Iantorno) 2:21
4. Tempestades Noturnas (D’Elboux / Cesarino) 2:52
5. Reflexões Ectoplasmáticas (D’Elboux) 4:55
6. Prelúdio-Improviso para Piano (D’Elboux) 5:16

Parte 2 — Mundo Clássico
7. Coriolano (Beethoven / arr. D’Elboux) 5:07
8. Prelúdio para Orquestra (D’Elboux) 1:17
9. Romântica (Bruckner / arr. D’Elboux) 5:12
10. Prelúdio para Órgão (D’Elboux) 1:41
11. Épica (Borodin / arr. D’Elboux) 1:58
12. Antares (D’Elboux) 4:49
13. Toccata (Bach / arr. D’Elboux) 3:36

José Eduardo D’Elboux: teclados e programação

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Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

Diabelli teve sorte e foi imortalizado mesmo sem nunca ter escrito grande coisa. As 33 Variações sobre uma Valsa de Anton Diabelli, Op. 120, comumente conhecidas como Variações Diabelli, é um conjunto de variações para piano escritas entre 1819 e 1823 por Beethoven sobre uma valsa composta por — adivinhem? — Anton Diabelli. É frequentemente considerado um dos maiores conjuntos de variações para teclado junto com as Variações Goldberg de Bach. Recentemente, Vassily postou uma gravação da mesma obra que parece ser imbatível — é esta aqui. Pollini mantém sua categoria habitual e sua versão não é nada secundária, mesmo que perca para Uchida. Aqui, cada detalhe tem a marca de Pollini: a afirmação assertiva, quase brusca, do tema, o tremendo ataque a tudo o que exige brilho técnico, a altivez aristocrática com que trata as variações mais introspectivas, a ótima intepretação nos momentos de humor, como a citação da ária de Leporello de Don Giovanni de Mozart na variação 22. Todos são claramente o produto do comando soberano do teclado. Mas ficaremos com Uchida desta vez.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): 33 Variações sobre uma Valsa de Diabelli, Op. 120 (Maurizio Pollini)

1 Tema. Vivace 0:50
2 Var. 1. Alla Marcia Maestoso 1:40
3 Var. 2. Poco Allegro 0:51
4 Var. 3. L’Istesso Tempo 1:12
5 Var. 4. Un Poco Più Vivace 0:59
6 Var. 5. Allegro Vivace 0:50
7 Var. 6. Allegro Ma Non Troppo E Serioso 1:32
8 Var. 7. Un Poco Più Allegro 1:15
9 Var. 8. Poco Vivace 1:24
10 Var. 9. Allegro Pesante E Risoluto 1:59
11 Var. 10. Presto 0:36
12 Var. 11. Allegretto 1:03
13 Var. 12. Un Poco Più Moto 0:50
14 Var. 13. Vivace 0:55
15 Var. 14. Grave E Maestoso 3:26
16 Var. 15. Presto Scherzando 0:36
17 Var. 16. Allegro 0:57
18 Var. 17 0:58
19 Var. 18. Poco Moderato 1:24
20 Var. 19. Presto 0:50
21 Var. 20. Andante 2:06
22 Var. 21. Allegro Con Brio – Meno Allegro 1:09
23 Var. 22. Allegro Molto (Alla “Notte E Giorno Faticar” Di Mozart) 0:50
24 Var. 23. Allegro Assai 0:55
25 Var. 24. Fughetta. Andante 2:48
26 Var. 25. Allegro 0:47
27 Var. 26 0:58
28 Var. 27. Vivace 0:54
29 Var. 28. Allegro 0:59
30 Var. 29. Adagio Ma Non Troppo 1:08
31 Var. 30. Andante, Sempre Cantabile 1:46
32 Var. 31. Largo, Molto Espressivo 4:49
33 Var. 32. Fuga. Allegro 2:54
34 Var. 33. Tempo Di Menuetto, Moderato (Ma Non Tirarsi Dietro) 3:58

Maurizio Pollini, piano

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Diabelli: o homem que entrou de gaiato na imortalidade.

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Beethoven (1770-1827): Algumas Sonatas para Piano – Rachmaninov (1873 – 1943): Concerto para Piano No. 1 – Richard Strauss (1864 – 1949): Burleske – Byron Janis (piano) ֎

Beethoven (1770-1827): Algumas Sonatas para Piano – Rachmaninov (1873 – 1943): Concerto para Piano No. 1 – Richard Strauss (1864 – 1949): Burleske – Byron Janis (piano) ֎

 

Homenagem ao pianista Byron JANIS (1928 – 2024)

Imagine ser um pianista virtuose no período no qual reinavam nomes como Gilels, Horowitz, Rubinstein, Richter. O pelotão de frente era espetacular, estelar… Pois isso foi o que viveu profissionalmente Byron Janis, que faleceu há alguns dias, em 14 de março de 2024, pouco antes de completar 96 anos.

Viver 96 anos é um feito reservado a poucos, ainda mais se pensarmos que esses anos decorreram entre 1928 e 2024, podemos imaginar quantas mudanças ele testemunhou.

Nascido na Pensilvânia, estreou como pianista aos 15 anos com a orquestra do maestro Toscanini e aos 18 anos tornou-se o mais novo aluno de Horowitz. Também nessa idade tornou-se o mais novo pianista a ser contratado pela RCA Victor.

Em 1960 foi o primeiro artista americano a participar de um pioneiro Intercâmbio Cultural entre os Estados Unidos e a então União Soviética.

A partir dos anos 1970 passou a sofrer de um tipo de artrite que lhe causava muitas dores, mesmo assim prosseguiu na carreira e essa condição só se tornou pública em 1985, quando deu um concerto na Casa Branca, na era Reagan. Desde então passou a ser o porta voz da Arthritis Foundation e também seu Embaixador para as Artes.

Eu conhecia suas gravações dos enormes concertos para piano, como os ultra-românticos Rach #2 e #3 e o espetacular Prkfv #3, originalmente gravados pelo selo Mercury, mas para essa postagem escolhi algumas gravações mais antigas, talvez menos conhecidas, mas de maneira alguma desinteressantes.

As Sonatas para piano de Beethoven estão supimpas e há de bônus um impromptu de Schubert que está delicioso.

Para representar sua arte como pianista com orquestra escolhi um disco com o primeiro concerto de Rachmaninov, que esbanja juventude e impetuosidade, acompanhado da Burleske, de Strauss, uma peça intrigante e aqui muito bem apresentada. Para garantir que tudo fosse nos trinques, essas peças veem acompanhadas pela Orquestra Sinfônica de Chicago regida pelo seu tiranossauro mor, Fritz Reiner!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1828 )

Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Franz Schubert (1797 – 1828)

  1. Impromptu in E flat major, D899 No. 2

Byron Janis (piano)

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MP3 | 320 KBPS | 58 MB

Ludwig van Beethoven (1770 – 1828 )

Piano Sonata No. 21 in C major, Op. 53 ‘Waldstein’

  1. Allegro con brio
  2. Introduzione – Adagio molto
  3. Rondo – Allegro comodo

Piano Sonata No. 30 in E major, Op. 109

  1. Vivace, ma non troppo
  2. Prestissimo
  3. Andante molto cantabile ed espressivo

Byron Janis (piano)

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MP3 | 320 KBPS | 98 MB

Sergey Vassilievich Rachmaninov (1873-1943)

Piano Concerto No. 1 in F sharp minor, Op. 1

  1. Vivace
  2. Andante cantabile
  3. Allegro vivace

Richard Strauss (1864–1949)

Burleske for Piano and orchestra in D minor, AV85

  1. Burleske

Byron Janis (piano)

Chicago Symphony Orchestra

Fritz Reiner

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Maestro Reiner com o jovem Byron nos ensaios para a gravação do disco
Postagem com selo Jurássico!

In 1967, Janis accidentally discovered two previously unknown manuscripts of Chopin waltzes in France and later found two others while teaching at Yale University.

“In spite of adverse physical challenges throughout his career, he overcame them, and it did not diminish his artistry,” Maria Cooper Janis, 86, wrote. “Music is Byron’s soul, not a ticket to stardom, and his passion for and love of creating music informed every day of his life of 95 years.

Foi um bamba do teclado…

Aproveite!

René Denon

 

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Concertos para Piano (Pollini / Abbado)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Concertos para Piano (Pollini / Abbado)

Maurizio Pollini faleceu hoje, dia 23 de março de 2024, aos 82 anos. Certamente, foi o pianista que mais ouvi tocar em meus 66 anos e o que maior prazer me causou. Meu pai começou tudo quando eu ainda era adolescente. Como esquecer da série de concertos de Mozart gravados por Pollini com Karl Böhm? Depois vieram seus imbatíveis Concertos para Piano de Brahms, a música moderna, as Sonatas de Schubert — sua Fantasia Wanderer… — as últimas Sonatas de Beethoven e depois a integral. E Debussy e Chopin. Eu não estou aqui para medir pianistas, mas não creio ter havido melhores do que S. Richter e Pollini. Ah, e como esquecer quando o vi em Londres? Como esquecer do discurso que minha mulher — uma muito talentosa e inteligente musicista — fez no intervalo, falando sobre como ele dava sentido a cada nota que tocava? O fato é que estou triste, apesar de termos registrados grandes momentos deste enorme artista. Jamais escreverei um RIP para ele, pois agora mesmo estou ouvindo estes CDs que ora posto. Não vou te deixar descansando, Maurizio. Esqueça.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Concertos para Piano (Pollini / Abbado)

The Piano Concertos (Live Recordings)

Concerto For Piano And Orchestra No. 1 In C Major
1. Allegro Con Brio 17:16
2. Largo 11:13
3. Rondo. Allegro [Scherzando] 8:59

Concerto For Piano And Orchestra No. 2 In B Flat Major
1. Allegro Con Brio 13:33
2. Adagio 7:41
3. Rondo. Molto Allegro 7:31

Concerto For Piano And Orchestra No. 3 In C Minor
1. Allegro Con Brio 16:07
2. Largo 10:07
3. Rondo. Allegro 9:28

Concerto For Piano And Orchestra No. 4 In G Major
1. Allegro Moderato 17:18
2. Andante Con Moto 5:17
3. Rondo. Vivace 10:00

Concerto For Piano And Orchestra No. 5 In E Flat Major, “Emperor”
1. Allegro 20:29
2. Adagio Un Poco Moto – Attacca: 7:48
3. Rondo. Allegro 10:35

Maurizio Pollini, piano
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado

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A luz mais constante do céu musical da minha vida se apagou. Grazie, maestro. (Karlheinz)

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios para Cordas (Mutter, Giuranna, Rostropovich)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios para Cordas (Mutter, Giuranna, Rostropovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Os Trios de Cordas Op. 9 são frequentemente descartados como trabalhos de treino – o Mestre se preparando para seu primeiro ataque sério ao Quarteto. Pfff… Como qualquer compositor lhe dirá, esta é uma maneira bastante estranha de preparação: o Trio de Cordas é um meio particularmente difícil de dominar. No Op. 9, Beethoven dominou-o totalmente, e a inclusão neste conjunto do Op. 3 Trio nos mostra como ele remodela outro grande trio, o Divertimento de Mozart, K563. Então, um conjunto “educacional”? Não! Os três Op. 9 Trios são obras esplêndidas: vivas, engenhosas e cheias de poesia. Anne-Sophie Mutter pode ser um pouco feroz às vezes, especialmente na abertura do Op. 3, mas ela pode. Os humores e os tempos são bem avaliados. Apesar da seriedade predominante, Mutter, Giuranna e Rostropovich também são sensíveis ao senso de humor travesso do jovem Beethoven – mesmo no Op. 9 No. 3 (Dó menor nem sempre significa tragédia para Beethoven). Mutter está beethoveniana, sensacional e ousada, Rostropovich é sozinho uma orquestra e o violista é tri afinado. Não dá pra pedir mais.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios para Cordas (Mutter, Giuranna, Rostropovich)

CD 1

1. String Trio in E flat, Op.3 – 1. Allegro con brio
2. String Trio in E flat, Op.3 – 2. Andante
3. String Trio in E flat, Op.3 – 3. Menuetto (Allegretto)
4. String Trio in E flat, Op.3 – 4. Adagio
5. String Trio in E flat, Op.3 – 5. Menuetto (Moderato)
6. String Trio in E flat, Op.3 – 6. Finale (Allegro)

7. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 1. Marcia (Allegro – Adagio)
8. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 2. Menuetto (Allegretto)
9. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 3. Adagio – Scherzo (Allegro molto) – Adagio (Tempo I) – Allegro molto
10. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 4. Allegretto alla Polacca
11. Serenade for String Trio in D, Op.8 – 5. Thema con Variazioni: Andante quasi Allegretto – Variations I -IV – Marcia. Allegro

CD 2

1. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 1. Adagio – Allegro con brio
2. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 2. Adagio, ma non tanto, e cantabile
3. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 3. Scherzo (Allegro)
4. String Trio in G major, Op.9, no.1 – 4. Presto

5. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 1. Allegretto
6. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 2. Andante quasi allegretto
7. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 3. Menuetto (Allegro)
8. String Trio in D major, Op.9, no.2 – 4. Rondo (Allegro)

9. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 1. Allegro con spirito
10. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 2. Adagio con espressione
11. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 3. Scherzo (Allegro molto e vivace)
12. String Trio in C minor, Op.9, no.3 – 4. Finale (Presto)

Anne-Sophie Mutter – Violin
Bruno Giuranna – Viola
Mstislav Rostropovich – Cello

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“Chega de objetificar a Mutter no PQP Bach!”, grita Rostrô.

PQP

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Gostei muito. As gravações são todas ao vivo, tomadas na Tonhalle de Zurique, com aplausos. Trata-se de uma coleção dos ‘bis depois de Beethoven’ que András Schiff deu durante seu ciclo das 32 sonatas do mestre entre 2004 e 2006. Com 52 minutos, equivalem a um banquete dos finais clássicos dos recitais do pianista – de Bach, Haydn e Mozart, passando por Beethoven até Schubert. Se você pensa nos bis como coisas leves, bem, eles podem ser ou não ser. Esses compositores escreveram muitas peças características que são menos ambiciosas do que as grandes sonatas, mas que não devem ser descartadas como miniaturas. Composições mais curtas, sim, mas com longas reflexões por trás delas.

O que tocar depois de uma noite de, digamos, cinco sonatas de Beethoven? Nada, afirmariam muitos pianistas. E Schiff está de acordo com aqueles que, depois da última Sonata de todas (a famosa Op. 111), considerariam a adição de qualquer coisa que não fosse o silêncio como um terrível erro. No entanto, ele nos chega com uma atitude do tipo “por que não?, não há razão para negar a um público entusiasmado um pouco mais de música, desde que estejam relacionadas com as sonatas ouvidas anteriormente”. Os bis variam em extensão e escopo, desde a pequena Giga em Sol maior de Mozart, K. 574 (1’42” e bem traiçoeira), até a Sonata em Sol menor de dois movimentos de Haydn (nº 44 em Hob.) que chamou a atenção de vários grandes pianistas, como Sviatoslav Richter. E ainda temos Bach! Uma joia de CD!

J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)

Three Piano Pieces D 946 (Franz Schubert)
1 No. 1 e- Flat minor. Allegro assai 07:26

2 Allegretto c minor D 915 (Franz Schubert) 04:59

3 Eine kleine Gigue in G Major KV 574 (Wolfgang Amadeus Mozart) 01:42

Sonata g minor Hob XVI :44 (Joseph Haydn)
4 Moderato 09:33
5 Allegretto 04:04

6 Hungarian Melody in b minor D 817 (Franz Schubert) 03:59

7 Andante favori F major WoO 57. Andante grazioso con moto (Ludwig van Beethoven) 08:41

Partita No. 1 B-flat Major BWV 825 (Johann Sebastian Bach)
8 Menuet I & II 02:32
9 Gigue 02:33

Prelude and Fugue b-flat minor BWV 867 (Johann Sebastian Bach)
10 Prelude 02:30
11 Fugue 03:27

András Schiff, píano

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É difícil não chamar Schiff de volta ao palco

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer – Nemanja Radulović, Double Sens

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer –  Nemanja Radulović, Double Sens

Confesso que não vinha acompanhando muito a carreira de Nemanja Radulović até me chegar em mãos esse extraordinário CD da Warner, lançamento de final de ano pela gravadora, onde toca o Concerto para Violino, e uma incrível versão orquestral da Sonata a Kreutzer, que vai deixar os mais puristas de cabelo em pé. O rapaz é acompanhando pela própria orquestra, originalmente um Conjunto de Câmara, mas para esta empreitada, deu uma aumentada no número de músicos, afinal, é o Concerto de Beethoven, né?

Mas enfim, vamos ao CD. Como não poderia deixar de ser, o talento, a versatilidade e o incrível domínio do instrumento prevalecem. Nemanja Radulović é um violinista de mão cheia, cheio de recursos técnicos e ousado em algumas escolhas. E a cumplicidade da ótima orquestra ajuda muito, estão sempre em perfeita sintonia.

Talvez alguns puristas estranhem o arranjo para Violino e Orquestra da “Sonata a Kreutzer”. Mas de acordo com o biógrafo de Beethoven, Maynard Solomon, o próprio compositor considerava essa obra quase uma Sinfonia Concertante, quando anotou na Primeira Edição da Sonata: “Escrita num estilo muito concertante, como o de um concerto”, e Solomon conclui: “assinalando assim a sua intenção de introduzir elementos de conflito dinâmico num dos principais gêneros de salão do período clássico” (SOLOMON, p. 259).

O Concerto para Violino de Beethoven é provavelmente o maior dos Concertos para Violino já compostos e é um prazer ouvir Nemanja Radulović tocando ele. É uma lufada de ar novo, uma nova roupagem, uma nova abordagem, como várias outras que temos acompanhado, que mostram o quanto este Concerto é atemporal. Espero que apreciem, eu gostei muito.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino, Sonata a Kreutzer – Nemanja Radulović, Double Sens

01. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ I. Allegro ma non troppo
02. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ II. Larghetto
03. Beethoven_ Violin Concerto in D Major, Op. 61_ III. Rondo. Allegro
04. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer_
05. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer__ II. Andante con variazioni
06. Beethoven _ Arr. Radulović_ Sonata No. 9 in A Major, Op. 47 _Kreutzer__ III. Finale. Presto

Nemanja Radulović – Violino
Double Sens

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FDP

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Trinta e três Variações sobre uma Valsa de Anton Diabelli, Op. 120 – Mitsuko Uchida #BTVHN253

 

Admito: quase que não demos os parabéns a Ludwig. Ontem mesmo nosso colega René apontou que o aniversário de quem chamou de vice-padroeiro do blog passara em branco, pelo que resolvi antecipar essa postagem que já tinha no prelo, e ainda em tempo de lhe render homenagem. Afinal, presume-se que Beethoven, batizado em 17 de dezembro de 1770, nasceu um dia antes, mas nem ele próprio sabia em que dia sua querida mãe o trouxera ao mundo, de modo que celebrava seu natalício no dia 17 e, alemão que era, provavelmente não apreciasse a ideia de receber parabéns na véspera, esperando com isso agouros ainda piores que os tantos desgostos que teve na vida.

Não foi só para não fazer desfeitas, entretanto, que lhes apresento esta gravação. Faço-o porque desde que foi lançada, há já ano e meio, ela quase só encontrou, entre um e outro resmunguinho, bramidos de aclamação. Não me importaria com eles, claro, e jamais haveria de compartilhá-la, por óbvio, se um desses bramidos não fosse meu – e porque sim, meus caros, essa leitura de Dame Mitsuko para as Variações Diabelli é realmente transcendental.

Admito, também, enquanto ainda surfo a mesma onda sincericida com que abri essa postagem, que esperava algo bem diferente quando me coloquei a ouvi-la pela primeira vez. Talvez mais o fogo e a fúria com que Mitsuko-san atacara, por exemplo, a leviatânica Hammerklavier, que demonstrações da sabedoria amealhada em quase sete décadas a debulhar os caroços do repertório beethoveniano. Estranhei, por exemplo, as diminutas cisuras na apresentação do tema e a acentuação peculiar dos tempos da valsinha (ou, mais apropriadamente, do Ländler) de Diabelli, só para, algumas variações adiante, ouvir essa acentuação fazer todo sentido, ao reaparecer como um dos poucos elementos reconhecíveis do tema, então  transfigurado por completo. Quando dei por mim, uma fabulosa hora já tinha passado e me vi a recomeçar a jornada com Uchida, a reencontrar a valsinha de Diabelli e reconhecer a coerência sobre-humana que a arte dela concedera àquele longo arco de trinta e três transformações.

[Poucas vezes, aliás – se me permitem não só parênteses, mas também colchetes -, a preferência de Beethoven pelo termo Veränderungen (“transformações”) em lugar do consolidado Variationen para o título da primeira edição soou-me tão sobejamente honrada numa gravação dessa sua última grande obra para piano, testamento da dedicação de uma vida inteira, e desde a tenra idade, tanto ao piano quanto à forma das variações]

Escutei-a inda outra vez – a terceira em sequência -, com a partitura em mãos, e me maravilhei com a atenção da intérprete às indicações precisas de articulação e dinâmica que Beethoven lhe deixou, a despeito de toda minha (agora reconhecia) insensata estranheza inicial. Estava, e isso vocês já perceberam, inteiramente arrebatado pela gravação. Passei então alguns meses sem ouvi-la, para tentar ganhar dela algum distanciamento, e então reencontrá-la, talvez, com ouvidos mais críticos. Teria eu, perguntava-me, embriagado pelo hype dos bramidos supracitados, realmente exagerado em minha reação? Ou teria tão só, doente de tanta dor, doideira e feiúra que testemunhara no Brasil dos anos anteriores, me deixado emocionar por um encontro schopenhaueriano com a Arte ante o sofrimento da vida?

“Não”, respondi – e foi um “não” tão cabal, e tanto, e a tal ponto, que hesito até em revisitar as minhas gravações outrora prediletas das Diabelli. Teriam sido elas menos convincentes? Não lhes sei responder. Talvez haja algumas com mais colorido, ademais fundamental para sustentar quase uma hora toda em Dó maior (pois apenas quatro das variações, todas no final da série, não são nessa tonalidade), mas, se aqui a cores não faltam, tampouco Mitsuko-san as exagera. Talvez outras realcem mais os bruscos contrastes de temperamento que permeiam, com sugestões da legendária rabugice do compositor, a maior parte da obra. Uchida, sabiamente, consegue realçar tais contrastes e o abundante humor da partitura sem que isso soe como histrionismo raso. Mais ainda: ela supera sem taquicardias aparentes as medonhas exigências técnicas para nos oferecer uma sequência de tours de force que jamais exaspera  e nos deixa, ao final de cada variação, sempre doidos de vontade pelo que vem a seguir (e sua maestria é tamanha que eu convido os leitores-ouvintes a perceberem que até as durações dos intervalos entre as variações parecem escolhidos à perfeição).

Ouço-a uma vez mais, enquanto preparo esta postagem, e ela me reforça a impressão de que esse registro está para esse K-2 (e não Everest, porque é ainda mais repleto de despenhadeiros) da literatura pianística como a lendária gravação de Carlos Kleiber está para a Quinta do renano: uma interpretação reveladora, tão rica em atenção ao detalhe, ao pulso e à arquitetura de uma obra-prima que nos fará ouvir com ouvidos novos, e ainda mais aguçados, tudo o que vier depois.

Mesmo depois de tanta rasgação de seda, não serei capaz de recomendar-lhes essa gravação o bastante. Reconheço que há poucos frutos mais espinhudos dos visionários anos finais da carreira de Beethoven (sim, Grosse Fuge: estou olhando para ti!) e que as Diabelli são de difícil digestão a muitos ouvintes. Convido-os, ainda assim, a arriscar o repasto: talvez o que lhes tenha faltado até hoje, enfim, fosse alguém com os afiados dedos de Uchida para perfurar-lhe a carapaça e remover-lhe os caroços.


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Trinta e três variações em Dó maior para piano sobre uma valsa de Anton Diabelli, Op. 120
1 – Tema: Vivace
2 – Variação I: Alla marcia maestoso
3 – Variação II: Poco allegro
4 – Variação III: L’istesso tempo
5 – Variação IV: Un poco più vivace
6 – Variação V: Allegro vivace
7 – Variação VI: Allegro ma non troppo e serioso
8 – Variação VII: Un poco più allegro
9 – Variação VIII: Poco vivace
10 – Variação IX: Allegro pesante e risoluto
11 – Variação X: Presto
12 – Variação XI: Allegretto
13 – Variação XII: Un poco più moto
14 – Variação XIII: Vivace
15 – Variação XIV: Grave e maestoso
16 – Variação XV: Presto scherzando
17 – Variação XVI: Allegro
18 – Variação XVII: Allegro
19 – Variação XVIII: Poco moderato
20 – Variação XIX: Presto
21 – Variação XX: Andante
22 – Variação XXI: Allegro con brio – Meno allegro – Tempo primo
23 – Variação XXII: Allegro molto, alla «Notte e giorno faticar» di Mozart
24 – Variação XXIII: Allegro assai
25 – Variação XXIV: Fughetta (Andante)
26 – Variação XXV: Allegro
27 – Variação XXVI: (Piacevole)
28 – Variação XXVII: Vivace
29 – Variação XXVIII: Allegro
30 – Variação XXIX: Adagio ma non troppo
31 – Variação XXX: Andante, sempre cantabile
32 – Variação XXXI: Largo, molto espressivo
33 – Variação XXXII: Fuga: Allegro
34 – Variação XXXIII: Tempo di Menuetto moderato

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Mitsuko Uchida, piano

Outra sugestão de René Denon

Vassily

D. Scarlatti: 6 Sonatas / J.S. Bach: Suíte Francesa nº 6 / L.v. Beethoven: Sonata opus 2 nº 2 / M. Rameau: 4 peças / Ravel: Concerto para a mão esquerda / Debussy: En blanc et noir / Fauré: Dolly, etc. (Robert Casadesus, piano)





A série “Great Pianists of the 20th Century”, lançada em 1999, juntou grandes gravações de 72 pianistas: algumas muito conhecidas e reeditadas como Arrau tocando Beethoven, Larrocha tocando Albéniz etc.; outras que não são tão fáceis de se encontrar, como é o caso da Fantasia de Schumann por Freire ou destas várias gravações feitas por Robert Casadesus entre 1947 e 1963.

A comparação entre os franceses Robert Casadesus e Alfred Cortot serve como ilustração do fato de que grandes figuras artísticas resistem à categorização em “escolas”. Enquanto Cortot buscava nas obras o que era mais romântico e frequentemente se movia por inspirações momentâneas, Casadesus, pelo contrário, buscava projetar a estrutura e a lógica interna de cada obra.

Então Cortot, assim como Guiomar Novaes (brasileira com educação em grande medida francesa), ambos se destacavam em suas interpretações de Chopin e Schumann. Já Casadesus, com sua elegência e clareza – mas também com momentos de brilho pianístico – talvez tenha sido o maior intérprete de Scarlatti e Rameau da sua época. Na mesma Paris onde vivia Casadesus, o crítico musical francês Claude Rostand escrevia sobre Domenico Scarlatti:

Apesar da liberdade, fantasia e humor impulsivo que caracterizam Scarlatti – na alegria como na emoção -, suas sonatas seguem um modelo mais ou menos constante. Nessas centenas de sonatas, as dificuldades técnicas não são objetivos em si mesmos: nenhuma ostentação, muita elegância. Quanto à invenção rítmica, ela é inesgotável, o que torna ainda mais notável o fato das sonatas jamais tatearem a confusão, mas serem sempre de uma naturalidade e transparência jamais igualada.
(Rostand, 1950, Les chefs-d’œuvre du piano, tradução especial para este blog)

Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 15 ago 1931

Casadesus também gravou muito Mozart, ausente nesta coleção, e Beethoven, que aparece com uma sonata do seu opus 2 dedicado a Haydn. Ela é tocada aqui com menos arroubos sentimentais do que nas interpretações de Arrau ou Pollini: mesmo no movimento lento “Largo apassionato”, Casadesus privilegia – como antes no Scarlatti – a elegância, característica importante do chamado classicismo vienense.

E Casadesus tocava, claro, a música dos compositores franceses que ele conheceu pessoalmente: Fauré, Debussy, Ravel. Embora o som do Concerto para mão esquerda de Ravel – com o grande maestro Eugene Ormandy – denuncie que a gravação é antiga e em mono (1947), ainda assim é muito interessante ouvirmos um pianista que conheceu bem o compositor: após o primeiro contato em 1922 quando Ravel ouviu Casadesus tocar o Gaspard de la nuit, os dois fizeram uma turnê em 1923 na Espanha e Inglaterra, não tenho certeza se a dois pianos ou se com Ravel regendo. Foram anos de amizade que tornaram Casadesus, por motivos óbvios, um intérprete respeitado das obras de Ravel.

Great Pianists of the Century – Robert Casadesus (1899-1972)
CD1
Jean-Philippe Rameau:
1. Gavotte
2. Le Rappel des Oiseaux
3. Les Sauvages
4. Les Niais de Sologne

Johann Sebastian Bach:
5-12. French Suite No. 6 in E, BWV 817

Domenico Scarlatti:
13. Sonata in E, K. 380
14. Sonata in A, K. 533
15. Sonata in D, K. 23
16. Sonata in G, K. 14
17. Sonata in B Minor, K. 27
18. Sonata in D, K. 430

Ludwig van Beethoven:
19-22. Sonata in A, Op. 2 No. 2

CD2
Claude Debussy:
En blanc et noir (For 2 Pianos, with Gaby Casadesus)
1. Avec Emportement
2. Lent. Sombre
3. Scherzando

Gabriel Fauré:
4-9. Dolly Suite, Op. 56
10. Prélude in D-flat, Op. 103 No. 1
11. Prélude in G Minor, Op. 103 No. 3
12. Prélude in D Minor, Op. 103 No. 5
13. Nocturne No. 7 in C-sharp Minor, Op. 74
14. Barcarolle No. 5 in F-sharp Minor, Op. 66
15. Impromptu No. 5 in F-sharp Minor, Op. 102

Maurice Ravel:
16. Piano Concerto in D “For the left hand”
The Philadelphia Orchestra, Conductor: Eugene Ormandy

Recorded:
1947 (Ravel); 1951 (Bach; Fauré: Nocturne, Barcarolle, Impromptu); 1952 (Rameau, Scarlatti, Beethoven); 1959 (Fauré: Dolly); 1961 (Fauré: Préludes); 1963 (Debussy)

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Pleyel

Stravinsky / Chopin / Beethoven / Webern / Liszt / Debussy / Mozart / Bach: The Art of Maurizio Pollini

Stravinsky / Chopin / Beethoven / Webern / Liszt / Debussy / Mozart / Bach: The Art of Maurizio Pollini

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Quando Maurizio Pollini completou 70 anos, a DG fez-lhe esta homenagem em 3 CDs. A boa curiosidade que são seleções pessoais do pianista de suas gravações para a Deutsche Grammophon: de Petrushka de Stravinsky e Estudos de Chopin a concertos de Beethoven e Mozart. Também inclui sua primeira e rara gravação de sua premiada performance do Primeiro Concerto para Piano de Chopin em Varsóvia, em 1960. Ganhei este álbum de alguém — desculpe, esqueci de quem. Os 3 CDs vêm acoplados num um livro de capa dura colorido de 120 páginas, com muitas fotos e a discografia completa de Pollini na DG. Para um fã do pianista, imperdível é pouco.

Aliás, em junho deste ano, o grande pianista nos deu um belo susto. Aos 81 anos, ele esqueceu da obra que estava tocando e se atrapalhou totalmente. Pior, passou a tocar uma que viria depois e passou longe de seus habituais e altíssimos padrões de interpretação. Tudo aconteceu no imenso Royal Festival Hall, do Southbank Center, local onde vi Pollini tocar esplendidamente em fevereiro de 2014. A primeira peça do programa, o Arabesque de Schumann, foi interpretada lindamente de memória, mas em seguida, em vez da anunciada Fantasia de Schumann, ele começou uma Mazurka de Chopin, que deveria vir no segundo bloco. Ele pareceu se perder (ou possivelmente lembrou de que estava na peça errada) e de repente parou e saiu do palco por alguns minutos. Voltou com uma partitura da Fantasia de Schumann e começou a tocá-la, mas continuou folheando as páginas aparentemente ao acaso. Algumas das páginas estavam soltas e foram parar no chão, então ele caiu em verdadeira confusão, muitas vezes parando e arruinando qualquer senso de fluxo da música. Deve ter sido muito triste de assistir. Pollini sempre foi perfeito, imaculado, dando grande sentido a cada nota. Na segunda metade, um vira-páginas esteve presente e a execução foi muito mais parecida com o que temos experimentado com ele nos últimos anos. Foi certamente uma bela execução, mas também com algumas notas erradas e passagens confusas. Ele toca há décadas de memória, sempre. É claro que ele foi aplaudido de pé, mas nenhum bis foi oferecido. A experiência deve tê-lo abalado.

Para tirar o gosto amargo do parágrafo acima, coloco aqui o texto que publiquei em meu perfil do Facebook logo após ver Pollini p0wela primeira vez ao vivo em 18 de fevereiro de 2014:

“Hoje foi um dia especialíssimo e irrepetível — quem sabe? — em Londres. Eu e Elena assistimos ao concerto de Maurizio Pollini no Royal Festival Hall, sala principal do Southbank Center. O programa era vasto, mas centrado em peças de Chopin e Debussy. Ele tocou o primeiro livro dos prelúdios do francês e peças esparsas do primeiro. O concerto foi dedicado por Pollini à memória de Claudio Abbado. Talvez isso explique a recolocação no programa da Sonata nº 2 para piano, Op. 35, cujo terceiro movimento é a célebre Marcha Fúnebre. Tudo isso contribuiu para que a eletricidade estivesse no ar. Mas talvez o melhor seja passar a palavra para a Elena, que não tinha tido ainda muito contato com Pollini, enquanto que eu o conheço desde os anos 70, chamo-o de deus no PQP Bach e considero-o um dos maiores artistas vivos de nosso planeta, tão vulgar. No intervalo, após uma série de Chopins, a Elena já me dizia: “Ele tem altíssima cultura musical e concisão. Enquanto o ouvia, pensava em diversas formas de reciclagem: ecológica, emocional, psíquica… Sua interpretação é a de um asceta que pode tudo, mas demonstra humildade e grandeza em trabalhar apenas para a música. Pollini não fica jogando rubatos e efeitos fáceis para o próprio brilho, mas me fez rezar e chorar. Que humanidade, que sabedoria! Depois desse concerto, minha vida não será a mesma”. Foi a primeira vez que vi Pollini em ação, após ouvir dúzias de seus discos. Acho que não vou esquecer da emoção puramente musical — pois ela existe, como não? — de ouvir meu pianista predileto. Para Pollini ser absolutamente fabuloso, só falta o que não quero que aconteça e que já ocorreu com Abbado.

Stravinsky / Chopin / Beethoven / Webern / Liszt / Debussy / Mozart / Bach: The Art of Maurizio Pollini

Three Movements From Petrushka
Composed By – Igor Stravinsky
1-1 Danse Russe: Allegro Giusto 2:32
1-2 Chez Petrouchka 4:18
1-3 Le Semaine Grasse: Con Moto – Allegretto – Tempo Giusto – Agitato 8:28

12 Etudes, Op.25
Composed By – Frédéric Chopin
1-4 No: 1 In A Flat Major: Allegro Sostenuto 2:13
1-5 No: 2 In F Minor: Presto 1:27
1-6 No: 3 In F Major: Allegro 1:53
1-7 No: 4 In A Minor: Agitato 1:41
1-8 No: 5 In E Minor: Vivace 2:56
1-9 No: 6 In G Sharp Minor: Allegro 2:04
1-10 No: 7 In C Sharp Minor: Lento 4:52
1-11 No: 8 In D Flat Major: Vivace 1:04
1-12 No: 9 In G Flat Major: Allegro Assai 0:57
1-13 No: 10 In B Minor: Allegro Con Fuoco 3:58
1-14 No: 11 In A Minor: Lento – Allegro Con Brio 3:32
1-15 No: 12 In C Minor: Molto Allegro, Con Fuoco 2:31

Piano Sonata No: 32 In C Minor, Op.111
Composed By – Ludwig van Beethoven
1-16 Maestoso – Allegro Con Brio Ed Appassionato 8:47
1-17 Arietta: Adagio Molto Semplice E Cantabile 17:22

Variations For Piano, Op.27
Composed By – Anton Webern
1-18 Sehr Maassig 1:53
1-19 Sehr Schnell 0:40
1-20 Ruhig Fliessend 3:26

2-1 Polonaise In F Sharp Minor, Op.44 – Tempo Di Polacca-Doppio Movimento, Tempo Di Mazurka-Tempo I
Composed By – Frédéric Chopin
10:51
2-2 Polonaise In A Flat Major, Op.53 “Heroic” – Maestoso
Composed By – Frédéric Chopin
7:02

Piano Concerto No: 5 In E Flat Major, Op. 73 “Emperor”
Composed By – Ludwig van Beethoven
Conductor – Karl Böhm
Orchestra – Wiener Philharmoniker
2-3 Allegro 20:28
2-4 Adagio Un Poco Mosso – Attaca 8:02
2-5 Rondo: Allegro 10:15

2-6 La Lugubre Gondola I, S200 No: 1
Composed By – Franz Liszt
4:04
2-7 R.W. – Venezia, S201
Composed By – Franz Liszt
3:45

Preludes, Book 1
Composed By – Claude Debussy
2-8 VI: Des Pas Sur La Neige. Triste Et Lent. 3:45
2-9 Vii: Ce Qu’A Vu Le Vent D’Ouest. Anime Et Tumultueux. 3:06
2-10 X: La Cathedrale Engloutie Profondement Calme 6:10

Piano Concerto No: 24 In C Minor, K. 491
Cadenza – Salvatore Sciarrino
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Leader – Maurizio Pollini
Orchestra – Wiener Philharmoniker
3-1 Allegro 12:33
3-2 Larghetto 8:12
3-3 Allegretto 9:23

The Well-Tempered Clavier, Book 1 – “Prelude And Fugue In C Sharp Minor”, Bwv 849
Composed By – Johann Sebastian Bach
3-4 Praeludium IV 2:43
3-5 Fuga IV 4:48

The Well-Tempered Clavier, Book 1 – “Prelude And Fugue In G Major”, Bwv 860
Composed By – Johann Sebastian Bach
3-6 Praeludium XV 0:57
3-7 Fuga XV 2:52

Piano Concerto No: 1 In E Minor, Op. 11
Composed By – Frédéric Chopin
Conductor – Jerzy Katlewicz
Orchestra – Warsaw Philharmonic Orchestra*
3-8 Allegro Maestoso 16:10
3-9 Romance: Larghetto 9:44
3-10 Rondo: Vivace 9:32

Conductor – Jerzy Katlewicz (faixas: CD 3 (8 to 10)), Karl Böhm (faixas: CD 2 (3 to 5))
Orchestra – Warsaw Philharmonic Orchestra* (faixas: CD 3 (8 to 10)), Wiener Philharmoniker (faixas: CD 2 (3 to 5); CD 3 (1 to 3))
Piano – Maurizio Pollini (faixas: All Tracks)

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Foto de PQP Bach no citado recital.

PQP

Beethoven (1770 – 1827): Concertos para Piano Nos 3 & 2 – Till Fellner – Academy of St. Martin-in-the-Fields & Sir Neville Marriner ֎

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 3 & 2

Till Fellner, piano

Academy of St. Martin-in-the-Fields

Sir Neville Marriner

 

Um jovem pianista com muita confiança se prepara para lançar um de seus primeiros álbuns no qual aparecerá como solista de uma conhecida orquestra e seu famoso maestro. Qual repertório escolher? Uma grande obra com centenas de gravações famosas que certamente levarão a comparações com os monstros sagrados do teclado ou algumas peças que ficam em menos evidência, mas que exercem uma atração especial no solista e também na audiência?

Esse tipo de questão deve ter cruzado a mente do jovem Till Fellner lá pelos idos de 1994, quando gravou este álbum. Em 1993 sua carreira foi lançada de vez quando ganhou o primeiro prêmio no Concours Clara Haskil, em Vevey, Suíça. Aposto que ele buscou inspiração em outro jovem pianista no início de carreira e escolheu os dois brilhantes concertos de Beethoven. O Concerto No. 2 foi o primeiro dos cinco publicados que ele compôs e com o novo finale para a publicação é uma peça espetacular. O Terceiro Concerto também é uma peça importante na carreira do compositor, escrito na tonalidade dó menor, assim como o concerto de Mozart que tanto gostava. Com essa escolha, Till Fellner teve muito material para mostra toda a sua técnica e musicalidade, mas ainda assim evitar os dois grandes concertos, que eventualmente viriam a aparecer em sua discografia.

O acompanhamento ficou a cargo da experientíssima orquestra de St. Martin-in-the-Fields, regida pelo incansável Neville Marriner, que tantos ótimos álbuns nos deixou.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. I Allegro con brio
  2. II Largo
  3. III Rondo – Allegro

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. I Allegro con brio
  2. II Adagio
  3. III Rondo – Molto allegro

Till Fellner, piano

The Academy Of St. Martin-in-the-Fields

Sir Neville Marriner

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MP3 | 320 KBPS | 200 MB

Till Fellner passeando pelo bosque do PQP Bach de POA achando o friozinho muito estimulante…

The Book-is-on-the-table section: The young Austrian pianist Till Fellner teamed with the famous British chamber orchestra Academy of St. Martin in the Fields in 1994 and they recorded the set of two Beethoven’s early piano concertos for the French label Erato.
Fellner does a good job, his technique is more than adequate for the pieces and his musicality soars on slower movements. The orchestra under Sir Neville Marriner is as polished as ever, making for an impressive recording, which deserves much more attention than it actually gets. […]
I do not think you will go wrong with purchasing this album, even if you already have some recordings of Piano Concertos 2&3. Fellner and Marriner certainly do no shame to the great composer.

Assim disse Antonio Roberto, um crítico amador, para a Amazon. Eu não consigo discordar dele. Aproveite!

René Denon

Aqui o outro disco com Concertos para Piano de Beethoven com o Till Fellner:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concertos para Piano Nos. 4 e 5 – Till Fellner ● Orchestre symphonique de Montréal ● Kent Nagano

Beethoven (1770 – 1827): Concerto para Piano No. 1 & Outras Peças para Piano – Alice Sara Ott – Netherlands Radio Philharmonic Orchestra & Karina Canellakis ֍

Beethoven (1770 – 1827): Concerto para Piano No. 1 & Outras Peças para Piano – Alice Sara Ott – Netherlands Radio Philharmonic Orchestra & Karina Canellakis ֍

BTHVN

Concerto para Piano No. 1, Op. 15

Sonata para Piano No. 14 “Ao Luar”

Bagatelas

Alice Sara Ott, piano

Netherlands RPO

Karina Canellakis

 

A jovem pianista achou que fosse apenas cansaço da turnê ou uma virose e continuou cumprindo sua agenda até o último concerto. No entanto, ao acordar depois disso, percebeu que a situação era mais séria – ela não conseguia levantar-se da cama e estava com a visão afetada, pois via tudo duplicado. Demorou duas semanas para que conseguisse voltar a andar de novo. Após muitos exames e visitas a diferentes médicos, a pianista Alie Sara Ott que havia maravilhado o mundo da música com suas interpretações da música de Liszt, Chopin, Beethoven, estava diante de um desafio gigante: foi diagnosticada como tendo esclerose múltipla.

Esclerose Múltipla

Também chamada: EM

Uma doença em que o sistema imunológico ataca a cobertura protetora dos nervos. Na EM, o dano resultante nos nervos interrompe a comunicação entre o cérebro e o corpo. A esclerose múltipla causa muitos sintomas diferentes, incluindo perda de visão, dor, fadiga e coordenação prejudicada. Os sintomas, gravidade e duração podem variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem não apresentar sintomas na maior parte de suas vidas, enquanto outras podem ter sintomas graves e crônicos que nunca desaparecem. A fisioterapia e a medicação que suprime o sistema imunológico podem ajudar com os sintomas e retardar a progressão da doença.

Isso ocorreu em 2018. “Encontrei-me a bordo de uma montanha-russa emocional, com sentimentos de pânico, medo e devastação”, ela escreve. No entanto, com o equilíbrio certo de tratamento e terapia, seus sintomas gradualmente diminuíram e Ott conseguiu continuar sua carreira como concertista. “Eu sempre fui uma pessoa positiva. Tenho 31 anos e ainda tenho uma longa vida pela frente. Não quero passar o resto da minha vida sendo lastimável e triste. Isso não é quem eu sou”, ela diz.

Este disco recente mostra que ela tem conseguido seguir com sua carreira de pianista, assim como outras atividades que fazem parte de sua vida. Ela também se conecta às pessoas ao colocar sua proeminência global a serviço de contratos lucrativos. Enquanto Ray Chen se apresenta exclusivamente em ternos Armani, Yuja, Yundi e Domingo consideram o relógio Rolex seu “instrumento favorito”, Alice Sara Ott modela diamantes, pulseiras e todo tipo de joia, e ela projetou uma série de bolsas de couro para uma exclusiva empresa alemã. Ela é a Embaixadora Global da Technics, a marca de áudio Hi-Fi da Panasonic.

Ludwig Van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Allegro scherzando

Sonata para Piano No. 14 em dó sustenido menor, Op. 27 No. 2 “Ao Luar”

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto – Trio
  3. Presto agitato

Für Elise, WoO 59

  1. Bagatela

11 Bagatelles, Op. 119, No. 1

  1. Allegretto

Bagatelle in C Major, WoO 54 “Lustig und Traurig”

  1. Bagatela

Allegretto in B Minor, WoO 61

  1. Allegretto

Alice Sara Ott, piano

Netherlands Radio Philharmonic Orchestra

Karina Canellakis

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Alice Sara Ott entrou no mundo dos smartphones com sua série de adesivos “E Aqui Vem a Alice”, projetada para o popular aplicativo de mensagens instantâneas LINE. Sua estratégia de vendas diz: “Alice toca piano, preferencialmente descalça. Ela adora viajar, chocolate, uísque e origami”. E como toca…

Depois de toda a correria para fazer a postagem, ela adorou passar um tempinho na piscina do PQP Bach, em Araruama…

Aqui tem uma ótima gravação da Waldstein:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas Nº 3 e 21 (Waldstein) e outras peças (Alice Sara Ott)

Aproveite!

René Denon

Jenő Jandó (1952 – 2023): Uma Pequena Antologia ֎

Jenő Jandó (1952 – 2023): Uma Pequena Antologia ֎

“De muitas maneiras, Jenő Jandó definiu a abordagem que a Naxos tem para o seu catálogo: inovação, completude, qualidade, abrangência e disponibilidade. A isso pode-se acrescentar talvez a supremacia da obra sobre o ego do intérprete.”

Em 4 de julho de 2023 o mundo da música gravada perdeu um de seus mais prolíficos artistas – Jenő Jandó, pianista húngaro. Nascido em Pécs, em 1º de fevereiro de 1952, começou a carreira como a maioria dos pianistas, ganhando concursos e visibilidade. Atuou também como professor da Academia Franz Liszt de Budapest. O acervo de gravações deixado por Jenő Jandó merece as características listadas na página da Naxos – inovação, completude, qualidade, abrangência e disponibilidade.

Gravou para o selo Hungaroton, mas sua carreira de artista de disco se confunde com a do selo Naxos, para o qual deixou um enorme legado.

Para reverenciar tudo o que ele fez pelos amantes da música, especialmente os menos abastados, reuni nesta postagem quatro de seus discos, tentando dar alguma representatividade à sua extensa e bela obra.

Piano e Orquestra: Neste gênero Jenő Jandó deixou muitas gravações memoráveis, como a Integral dos Concertos para Piano de Mozart, que você encontrará aqui no PQP Bach. Há uma gravação da dobradinha com os concertos de Grieg e Schumann e outro disco espetacular com os Concertos de Bartók. Esse último também está aqui no blog. Como neste ano também reverenciamos o último dos românticos, decidi postar o Concerto No. 2 de Rachmaninov, que vem acompanhado da Rapsódia sobre um tema de Paganini. Música para milhões! Veja os louvores do Penguin Guide sobre esse disco, pela tradução feita pelo Chat PQP: As performances dessas obras por Jenő Jandó são muito recomendáveis. Ele tem a completa medida das idas e vindas, a fluência da fraseologia rachmaninoviana e o movimento lento é romanticamente expansivo, a reprise particularmente bela, assim como o final tem bastante energia e um sentimento lírico maduro. A Rapsódia é interpretada brilhantemente, tão boa quanto qualquer performance no catálogo.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Concerto para Piano No. 2 em dó menor, Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio sostenuto
  3. Allegro scherzando

Rapsódia sobre um tema de Paganini, Op. 43

  1. Rapsódia

Jenő Jandó, piano

Budapest Symphony Orchestra

Giőrgy Lehel, regência

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FLAC | 191 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

 

Piano Solo: Aqui a lista de gravações é imensa. Nomes como Beethoven, Mozart, Bach, Schubert, Haydn, Schumann, Liszt, Scarlatti estão por lá. De Beethoven, Mozart, Haydn e Schubert gravou as integrais das sonatas para piano e outras cositas… De Bach há gravações do Cravo Bem Temperado e das Variações Goldberg. De qualquer forma, para mim, a Integral das Sonatas para Piano de Beethoven merece uma referência, mesmo tendo seus montes e vales, como disse o Conde Vassily. Desta coleção escolhi o disco que foi lançado como o Volume 2, com três sonatas que têm apelidos: Waldstein, Tempest e Les Adieux. Mais uma vez, o Penguin Guide: Jenő Jandó oferece aqui três das famosas sonatas, interpretadas com muito prazer, e elas soam bem agradáveis devido à sua abordagem direta.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 21 em dó maior, Op. 53 “Waldstein”

  1. Allegro con brio
  2. Introduzione: Molto Adagio
  3. Rondo: Allegretto Moderato

Sonata para Piano No. 17 em ré menor Op. 31 No. 2 “Tempest”

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Sonata para Piano No. 26 em mi bemol maior Op. 81a “Les Adieux”

  1. Adagio – Allegro (Les Adieux)
  2. Andante Espressivo (L’Absence)
  3. Vivacissimamente (Le Retour)

Jenő Jandó, piano

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FLAC | 187 MB

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MP3 | 320 KBPS | 146 MB

Alguns dias após está postagem ter ido ao ar, recebemos alguns comentários singelos. Entre eles, uma menção a esse disco, que decidi acrescentar à pequena antologia. Vale!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 8 em dó menor, Op. 13 ‘Pathetique’

  1. Grave – Allegro di molto e con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Rondo: Allegro

Sonata para Piano No. No. 14 em dó sustenido menor, Op. 27 No. 2 ‘Ao Luar’

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Sonata para Piano No. No. 23 em fá menor, Op. 57 ‘Appassionata’

  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Jenő Jandó, piano

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MP3 | 320 KBPS | 128 MB

Música de Câmara: Jenő era ótimo músico camarístico e há vários discos primorosos nesse gênero. Sonatas para Violino e Piano com Takako Nishizaki, música para violoncelo e piano, de Kodaly, por exemplo, com a violoncelista Maria Kliegel, música para clarinete e piano com o clarinetista Kálmán Berkes. Para essa postagem escolhi uma gravação na qual ele faz parceria com o ótimo Quarteto Kodály, outra instituição da Naxos. Veja os comentários sobre a gravação dos Quintetos com Piano de Schumann e Brahms por esses titulares absolutos do time Naxos. Sobre o Quinteto de Brahms: “Essa ótima gravação da Naxos tem muito a oferecer, mesmo que não inclua a repetição da exposição do primeiro movimento. A execução é ousadamente espontânea e possui muita energia e sentimento expressivo. A abertura do final também possui um certo mistério e, de maneira geral, com uma gravação cheia de corpo e muita presença, isso causa uma forte impressão. Certamente, é uma pechincha.” Sobre o Quinteto de Schumann: “Uma performance fortemente caracterizada do belo Quinteto de Schumann, interpretado por Jenő Jandó e o Quarteto Kodály. Esta é uma interpretação vigorosa, romântica em espírito, e sua espontaneidade é bem transmitida por uma gravação vívida, feita em uma acústica atraente e ressonante.”

Robert Schumann (1810 – 1856)

Quinteto com Piano em mi bemol maior, Op. 44

  1. Allegro Brillante
  2. In Modo D’una Marcia. Un Poco Largamente
  3. Scherzo: Molto Vivace – Trio I – Trio II – L’istesso Tempo
  4. Allegro, Ma Non Troppo

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quinteto com Piano em fá menor, Op. 34

  1. Allegro Non Troppo
  2. Andante, Un Poco Adagio
  3. Scherzo: Allegro – Trio
  4. Finale: Poco Sostenuto – Allegro Non Troppo – Presto, Non Troppo

Jenő Jandó, piano

Kodaly Quartet

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FLAC | 245 MB

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MP3 | 320 KBPS | 152 MB

 

Música Ligeira: Num outro aspecto da música gravada, decidi trazer esse disco com selo Hungaroton, com música mais leve e despretensiosa – típica do período austro-húngaro, que revela outro aspecto da produção deste verdadeiro maratonista do piano que foi Jenő Jandó. O disco contém peças de Rossini e Schubert arranjadas para piano por Liszt. Rossini era frequentador das soirées nas casas dos abastados Aguado e Rothschild, onde ele geralmente acompanhava trechos mais famosos de suas óperas ao piano. Eventualmente ele acabou compondo novas peças para essas ocasiões. Isso deu surgimento a árias e duetos que foram posteriormente publicadas em ciclos, com o nome Soirées musicales. Liszt gostava bastante dessas peças e acabou fazendo arranjos delas para piano, que é o que ouvimos aqui. Já as Soirées de Vienne foram feitas sobre melodias de Schubert e buscam entreter e encantar.

Arranjos de Ferenc Liszt (1811 – 1886)

Composições de Franz Schubert (1797 – 1828)

Soirées De Vienne

  1. 2 Poco Allegro

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Gioacchino Rossini (1792 – 1868)

Soirées Musicales R.236: Part One

  1. 1 La Promessa (The Promise) – Canzonetta
  2. 5 Il Rimprovero (Reproach) – Canzonetta
  3. 7 La Partenza (Depart) – Canzonetta
  4. 11 L’Orgia (The Orgy) – Arietta
  5. 3 L’Invito (Invitation) – Bolero
  6. 6 La Pastorella Dell’Alpi (The Shepherdess Of The Alps) – Tirolese
  7. 7 La Gita In Gondola (By Gondola) – Barcarola
  8. 8 La Danza (Dance) – Tarantella Napoletana

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Franz Schubert

Soirées De Vienne

  1. 7 Allegro Spiritoso

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Gioacchino Rossini

Soirées Musicales R.236: Part Two

  1. 2 La Regata Veneziana (The Venice Regatta) – Notturno
  2. 8 La Pesca (Fishing) – Notturno
  3. 10 Serenata (Serenade) – Notturno
  4. 12 Li Marinari (The Sailors) – Duetto

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Franz Schubert

Soirées De Vienne

  1. 8 Allegro Con Brio

Jenő Jandó, piano

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FLAC | 282 MB

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MP3 | 320 KBPS | 203 MB

 

Aproveite e celebre a obra desse grande artista!

René Denon

Beethoven (1770 – 1827): Integral dos Concertos para Piano – Haocheng Zhang – The Philadelphia Orchestra – Nathalie Stutzmann ֎

Beethoven (1770 – 1827): Integral dos Concertos para Piano – Haocheng Zhang – The Philadelphia Orchestra – Nathalie Stutzmann ֎


Beethoven  

Concertos para Piano

Haocheng Zhan, piano

The Philadelphia Orchestra

Nathalie Stutzmann, regência

 

O pobre Inácio ficava cada vez mais confuso na medida que o concerto avançava – havia sido convocado pelo seu amigo Ludovico para virar as páginas da partitura na noite de estreia de seu concerto para piano, mas as páginas estavam praticamente em branco. ‘No máximo, em uma página ou outra alguns hieróglifos egípcios totalmente incompreensíveis para mim, mas ele havia anotado para servir de pontos de referência. Ele tocou quase todo o concerto de memória, já que, como então aconteceu, não teve tempo de colocar tudo no papel’.

O que pode acontecer quando se reúnem um medalhista de ouro do Concurso Van Cliburn, uma das grandes orquestras americanas e uma cantora excepcional? Pois aqui você verá que acontece uma viagem artística em um relativamente curto espaço de tempo, do classicismo ao romantismo.

O que nós conhecemos como Concerto para Piano No. 1 não foi a primeira tentativa no gênero feita por Beethoven. Houve um concerto escrito na adolescência e uma longa gestação do concerto que agora conhecemos como o de número 2. Esses concertos marcam sua transição de Bonn para Viena e estão completamente imersos no universo clássico dos concertos de Haydn, Mozart e CPE Bach (espero que o boss esteja lendo estas linhas e que lhe seja agradável esta justa menção ao parente).

O Concerto No. 3 foi composto no limiar do novo século em 1800 e atinge o que uma certa torcida chama de ‘um novo patamar’. A tonalidade é dó menor e a estreia só se deu em 1803. Nesse período a vida do Ludovico andou complicada. 1802 foi o ano do Testamento de Heiligenstadt e o período também assistiu o nascimento de outras obras importantes. A orquestra que acompanha o piano é bem mais rica do que nos casos anteriores, contando com flautas, oboé, clarinetes e até trompetes.

Mas ele não ficou por aí e em 1807 veio o Concerto No. 4. A novidade está já na abertura, com o solista entrando bem no começo do concerto.  A estreia não poderia ser mais marcante, uma vez que no pantagruélico concerto também fizeram as suas estreias a Quinta, a Sexta Sinfonia e a Fantasia Coral, tudo dedicado ao Arquiduque Rodolfo. Esta foi a última apresentação pública de Beethoven como o solista de um concerto.

O último concerto, apelidado de ‘Imperador’ pelo editor inglês das obras de Beethoven, foi o único dos concertos a não ser estreado pelo próprio compositor. Na primeira apresentação privada o intérprete foi o amigo e patrono e aluno Arquiduque Rodolfo. Na primeira apresentação pública o intérprete foi Friedrich Schneider. Assim como a orquestra estava sendo expandida, as ideias de Beethoven demandavam instrumentos maiores, melhores. O Imperador realmente abriu caminho para os concertos românticos que estavam por vir.

Haochen foi confundido com um medalhista de ouro da Olimpíada de Matemática quando estava dando entrevista para o pessoal do PQPBach

Nesta integral o intérprete é o ainda jovem e espetacular pianista Haocheng Zhan, que estudou inicialmente no Conservatório de Shangai e na Escola de Arte Shenzhen com o professor Dan Zhaoiy e graduou-se pelo Curtis Institute of Music, na Filadélfia, tendo como professor o pianista Gary Graffman. Em 2009 ele ganhou a Medalha de Ouro do Concurso Van Cliburn e agora tem uma carreira internacional completamente consolidada como solista e como músico de câmara.

A Orquestra da Filadélfia é uma das maiores e é uma verdadeira instituição, oferecendo à sua comunidade muito mais do que os anuais concertos. Para reger esse maravilhoso grupo temos Nathalie Stutzmann, mais conhecida anteriormente por sua carreira de cantora contralto, excelente no repertório barroco e como intérprete de Lieder. Atuando agora como regente, na verdade Nathalie começou na música ainda muito jovem, estudando piano, fagote, violoncelo e … regência, com Jorma Panula. Seiji Ozawa e Simon Rattle tiveram papel importante em sua formação. Além de ser a Principal Regente Convidada da Orquestra da Filadélfia, ela é a diretora artística da Orquestra Sinfônica de Atlanta. Vocês poderão ver como a sob a sua batuta a orquestra canta magnificamente.

Nathalie flagrada na entrada do PQP Bach Hall em Novo Hamburgo

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 1 em dó menor, Op. 15

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Rondo

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo

Concerto para Piano No. 4 em sol maior, Op. 58

  1. Allegro moderato
  2. Andante con moto
  3. Rondo

Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73 ‘Imperador’

  1. Allegro
  2. Adagio un poco mosso
  3. Rondo

Haochen Zhang, piano

Philadelphia Orchestra

Nathalie Stutzmann

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FLAC | 603 MB

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MP3 | 320 KBPS | 402 MB

Zhang offers some breathtakingly beautiful moments…The Philadelphia Orchestra, here conducted by Nathalie Stutzmann, is one of those rare musical juggernauts that has its musical own distinctive sound. [BBC Music Magazine]

Together, Zhang and Stutzmann’s Beethoven is at once stylistically assured and not quite like any other.[Gramophone]

Os cinco concertos de Beethoven levaram, num curto espaço de tempo, entre os fins de 1780 até 1811, um gênero musical que havia atingido um nível de perfeição com a obra de Mozart, a uma nova dimensão artística. Os dois últimos concertos eram tão inovadores nos dias que foram criados que não foram mais ouvidos por muitos anos depois de suas estreias. O Concerto No. 4 foi retomado por Mendelssohn na década de 1830, que o levou para diversos centros musicais em suas turnês. Clara Schumann também o tomou como peça em seu repertório e gostava muito dele. Já o Imperador teve que esperar por Liszt para que realmente pudesse passar a ser apreciado pelas plateias mais diversas.

He Wanted Larger And Louder: The Pianos Of Beethoven’s Time Weren’t Enough For Him (Ele os queria maiores e que soassem mais alto: Os Pianos do tempo de Beethoven não eram bons o suficiente para ele…

Você, por outro lado, só precisa baixar o arquivo e se deliciar com essa maravilhosa música. Ah, e se puder, deixe comentário para sabermos se gostou… repassarei tudo para o Ludovico.

Aproveite!

René Denon

Outra integral dos concertos para piano de Beethoven boa para caramba:

BTHVN250 – Beethoven (1770-1827): The Beethoven Journey – Concertos para Piano ∞ Mahler Chamber Orchestra – Leif Ove Andsnes ֍

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Nona Década (2021-) [Martha Argerich, 82 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-

Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.

Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.


Robert Alexander SCHUMANN
(1810-1856)
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso

Renaud Capuçon, violino

Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en-Provence (França) em 22 de abril de 2022.

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Apesar de já não serem exatamente novidades, por circularem há algumas décadas entre pirat…, er, fãs incondicionais afeitos a compartilhar gravações não oficiais, os muitos registros ao vivo presentes nos oito volumes duplos lançados pelo selo Doremi ao longo do último ano são muito bem-vindos à discografia de Marthinha. Chamo atenção para as sonatas de Beethoven, particularmente sua elétrica – diria até demais! – leitura da “Waldstein” (volume 10) e uma belíssima interpretação da Op. 101 (vol. 11), que, até prova em contrário, são suas únicas para estas obras-primas; uma rara aparição do Concerto no. 3, aquele que ela menos toca entre os três  de Ludwig que estão em seu repertório, e que viria a gravar oficialmente só décadas mais tarde (vol. 9); um Rach 3 ainda menos comum, captado durante a brevíssima janela em que ela o tocou (vol. 13); e colaborações com regentes notáveis como Rafael Kubelík (vol. 13), Lorin Maazel (vol. 10), Claudio Abbado (vols. 10 e 11), além de Charles Dutoit – seu ex-marido, amigo e parceiro artístico de tantas décadas, que se faz presente na maior parte dos tomos dessa coleção, acompanhando Martha por toda parte.

Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro, ma non troppo

Orquestra Sinfónica del SODRE
Charles Dutoit, regência

Gravado em Montevideo (Uruguai) em 14 de junho de 1969

Robert SCHUMANN
Toccata em Dó maior para piano, Op. 7
4 – Allegro

Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17
5 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen. Im Legenden-Ton
6 – Mäßig. Durchaus energisch
7 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
9 – Presto con fuoco

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 6 de setembro de 1966

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
10 – Prélude
11 – Allemande
12 – Courante
13 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
14 – Bourrée I & II
15 – Gigue

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
16 – So rasch wie möglich
17 – Andantino
18 – Scherzo
19 – Rondo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
20 – Très doux

Franz LISZT
Das Harmonies poétiques et religieuses para piano, S. 173:
21 – No. 7: Funérailles

Fryderyk CHOPIN
Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
22 – Allegretto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41:
23 – No. 4 em Lá bemol maior

Das Três mazurcas para piano, Op. 63:
24 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 33:
25 – No. 2 em Ré maior

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
26 – Presto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
27 – No. 2 em Dó maior

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 8 de setembro de 1967

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Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice
3 – Allegro con fuoco

Göteborgs Symfoniker
Charles Dutoit, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 27 de outubro de 1972

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Česká Filharmonie
Václav Neumann, regência

Gravado em München (Alemanha Ocidental) em 29 de março de 1971

Ludwig van BEETHOVEN
Das Três sonatas para piano, Op. 10:
No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Minuet. Allegro
10 – Rondo. Allegro

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
11 – Allegro moderato
12 – Sostenuto e pesante
13 – Allegro molto

Fryderyk CHOPIN
Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28
14 – No. 1  em Dó maior
15 – No. 2 em Lá menor
16 – No. 3 em Sol maior
17 – No. 4 em Mi menor
18 – No. 5 em Ré maior
19 – No. 6 em Si menor
20 – No. 7 em Lá maior
21 – No. 8 em Fá sustenido menor
22 – No. 9 em Mi maior
23 – No. 10 em Dó sustenido menor
24 – No. 11 em Si maior
25 – No. 12 em Sol sustenido menor
26 – No. 13 em Fá sustenido maior
27 – No. 14 em Mi bemol menor
28 – No. 15 em Ré bemol maior
29 – No. 16 em Si bemol menor
30 – No. 17 em Lá bemol maior
31 – No. 18: em Fá menor
32 – No. 19 em Mi bemol maior
33 – No. 20 em Dó menor
34 – No. 21 em Si bemol maior
35 – No. 22 em Sol menor
36 – No. 23 em Fá maior
37 – No. 24 em Ré menor

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
38 – Sonata em Ré menor, K. 141

Fryderyk CHOPIN
Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
39 – No. 2 em Fá menor

Gravado em Tokyo (Japão) em 8 de junho de 1976

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó menor, Op. 37
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Lausanne (Suíça) em 17 de outubro de 1973

Fryderyk CHOPIN
Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 41:
4 – No. 1 em Dó sustenido menor

Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
5 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 24:
6 – No. 2 em Dó maior

Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
7 – Andantino

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
8 – Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
9 – Allegro tempestoso

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
10 – Très doux

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 2 e 3 de dezembro de 1967

Fryderyk CHOPIN
Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
11 – No. 1 em Dó menor

Gravado em Warszawa (Polônia), durante o VII Concurso Internacional Chopin (fevereiro e março de 1965)


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
11 – Allegro tempestoso

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
12 – Allegro maestoso
13 – Scherzo. Molto vivace
14 – Largo
15 – Finale. Presto non tanto

Gravado em Ludwigsburg (Alemanha Ocidental) em 1° de abril de 1967

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Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
1 – Allegro con brio
2 – Introduzione. Adagio molto
3 – Rondo. Allegretto moderato – Prestissimo

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
4 – Allegro maestoso
5 – Scherzo. Molto vivace
6 – Largo
7 – Finale. Presto non tanto

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Das Estampes para piano, L. 100:
8 – No. 3: Jardins sous la pluie

Gravado em Tokyo (Japão) em 4 de outubro de 1970

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
9 – Allegramente
10 – Adagio assai
11 – Presto

Radio-Sinfonieorchester Stuttgart
Peter Maag, regência

Gravado em Stuttgart (Alemanha Ocidental) em 10 de outubro de 1969


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Radio-Sinfonieorchester Berlin
Lorin Maazel, regência

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 1972

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
4 – Andante
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro, ma non troppo

Orchestre National de la Radiodiffusion Française
Claudio Abbado, regência

Gravado na França em 7 de dezembro de 1967

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de abril de 1973

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo: Allegro scherzando

Česká Filharmonie
Claudio Abbado,
regência

Gravado em Salzburg (Áustria) em 4 de agosto de 1971

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

4 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

NDR Symphonieorchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburg (Alemanha Ocidental) em 8 de novembro de 1971

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 35
5 – Grave. Doppio movimento
6 – Scherzo
7 – Marche funèbre: Lento
8 – Finale: Presto

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 2 de outubro de 1974


Johann Sebastian BACH
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
1 – Prélude
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
5 – Bourrée I & II
6 – Gigue

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
7 – Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
8 – Lebhaft. Marschmäßig
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Robert SCHUMANN
Kinderszenen, para piano, Op. 15
11 – Von fremden Ländern und Menschen – Kuriose Geschichte – Hasche-Mann – Bittendes Kind – Glückes genug – Wichtige Begebenheit – Träumerei – Am Kamin – Ritter vom Steckenpferd – Fast zu ernst – Fürchtenmachen – Kind im Einschlummern – Der Dichter spricht

Gravado em Veneza (Itália) em 10 de fevereiro de 1969

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano em Lá maior, K. 310
12 – Allegro maestoso
13 – Andante cantabile con espressione
14 – Presto

Gravado em Colônia (Alemanha Ocidental) em 8 de setembro de 1960

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Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21
1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace

Detroit Symphony Orchestra
Klaus Tennstedt, regência

Gravado em Detroit (Estados Unidos) em 9 de fevereiro de 1978

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Orchestre de l’Office de Radiodiffusion-Télévision Française
Charles Dutoit,
regência

Gravado em Paris (França) em 6 de setembro de 1973

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

7 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

Göteborgs Symfoniker
Norman del Mar, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 18 de março de 1971


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
7 – Allegro inquieto
8 – Andante caloroso
9 – Precipitato

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
10 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
11 – Presto con fuoco

Fryderyk CHOPIN
12 – Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante para piano, Op. 22

Giuseppe Domenico SCARLATTI
(1685-1757)
13 – Sonata em Ré menor, K. 141

Gravado em Toronto (Canadá) em 3 de novembro de 1978

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Wolfgang Amadeus MOZART
Concerto para piano e orquestra no. 25 em Dó maior, K. 503
1 – Allegro Maestoso
2 – Andante
3 – Allegretto

New York Philharmonic
Rafael Kubelík, regência

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de fevereiro de 1978

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30
4 – Allegro ma non tanto
5 – Intermezzo. Adagio
6 – Finale. Alla breve

Hannover Rundfunk Symphonieorchester
Bernhardt Klee, regência

Gravado em Hannover (Alemanha Ocidental) em 14 de junho de 1979


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Fryderyk CHOPIN

Dos Dois noturnos para piano, Op. 27:
11 – No. 2 em Ré bemol maior

.Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
12 – Presto con fuoco

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
13 – Ondine
14 – Le gibet
15 – Scarbo

Gravado em Saarbrücken (Alemanha Ocidental) em 14 de abril de 1972

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo. Allegro scherzando

NDR Orchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburgo (Alemanha Ocidental) em 23 de agosto de 1976

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
4 – Allegro non troppo e molto maestoso
5 – Andantino semplice
6 – Allegro con fuoco

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Génève (Suíça) em 24 de outubro de 1973

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
7 – Très doux

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
8 – Sonata em Ré menor, K. 141


Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
1 – Allegro moderato
2 – Sostenuto e pesante
3 – Allegro molto

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
4 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
5 – Ondine
6 – Le gibet
7 – Scarbo

Fryderyk CHOPIN
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
9 – No. 1 em Dó menor

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
10 – Presto con fuoco

Gravado em Zürich (Suíça) em 9 de outubro de 1977

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“Siri com Toddy”, diriam alguns, ao verem o lépido trio de Haydn pareado com o demoníaco Concerto no. 3 de Prokofiev, ambos gravados durante participações da Rainha no Festival de Verbier. Mas quem pode reclamar, quando o Haydn é tão lindamente tocado, e o Prokofiev vem num dos melhores registros desta que é, há décadas, uma de suas mais magmáticas intérpretes?

Joseph HAYDN (1732-1809)
Trio para piano, violino e violoncelo no. 39 em Sol maior, Hob.XV:25
1 – Andante
2 – Poco adagio
3 – Rondo all’Ongarese (Presto)

Vadim Repin, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Verbier (Suíça) em 27 de julho de 2000

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 30
4 – Andante – Allegro
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro ma non troppo

Verbier Festival Orchestra
Yuri Temirkanov, 
regência

Gravado em Verbier em 20 de julho de 2001

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Falando em reclamar, chegou a minha vez: reconheço os méritos da longa carreira e extraordinária vida de Ivry Gitlis, mas não me conto entre seus fãs como intérprete. Martha, aparentemente, nunca ligou para minha opinião desimportante (no que age muito bem), e foi muito amiga do violinista israelense, a quem acompanhou em muitos recitais, excertos dos quais apareceram nesse volume duplo e meio mal ajambrado da Doremi. Só porque sou implicante, incluí somente as faixas com participação da Rainha – se os aficionados por Gitlis me xingarem o bastante nos comentários, talvez eu lhes traga, algum dia, as faixas que arbitrariamente limei.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para violino e piano no. 18 em Sol maior, K. 301
1 – Allegro con spirito
2 – Allegro

Ludwig van BEETHOVEN
Da Sonata para violino e piano em Fá maior, Op. 24, “Primavera”:
3 – Rondo

Gravado em Lugano (Suíça) em 14 de junho de 2006

Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

Friedrich (“Fritz”) KREISLER (1875-1962)
7 – Liebesleid

Gravado em Lugano em 7 de junho de 2003

Claude DEBUSSY
Sonata para violino e piano em Sol menor, L.
140
8 – Allegro vivo
9 – Fantasque et léger
10 – Finale. Très animé

Gravado em Lugano em 24 de junho de 2004

Fritz KREISLER
11 – Schön Rosmarin
12 – Liebesleid

Gravado em Verbier (Suíça) em 24 de julho de 2004

Fritz KREISLER
13 – Schön Rosmarin
14 – Schön Rosmarin (com Shonosuke Okura, tsuzumi)

Gravado em Lugano em 19 de junho de 2011

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A já longa recusa a tocar solo, tanto nos palcos quanto nos estúdios, naturalmente direcionou Marthinha para rumos e repertórios novos como camerista. Suas participações em festivais, em especial o de Lugano, costumam trazer surpresas, entre as quais poucas poderiam ser mais obscuras que o duo pianístico Bilder aus Osten (“Quadros do Oriente”) de Schumann, aqui num arranjo do clarinetista Mark Denemark, e a seleção de peças de Bruch para piano, clarinete e viola (tocada por Lyda, a filha mais velha da Diva) que encerra o disco a seguir.

Robert SCHUMANN
Bilder aus Osten, para piano a quatro mãos, Op. 66
(arranjo de Mark Denemark para piano, clarinete, viola e violoncelo)
1 – Lebhaft
2 – Nicht schnell und sehr gesangvoll zu spielen
3 – Im Volkston
4 – Nicht schnell ‘Chanson Orientale’
5 – Lebhaft
6 – Reuig andächtig

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola
Mark Drobinsky, violoncelo

Gravado em Lugano (Suíça) em 16 de junho de 2007

Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)
Das Oito peças para clarinete, viola e piano, Op. 83:
7 – No. 5: Rumänische Melodie: Andante
8 – No. 6: Nachtgesang: Andante con moto
9 – No. 7: Allegro vivace, ma non troppo
10 – No. 8: Moderato

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola

Gravado em Lugano em 25 de junho de 2009

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A um só tempo celebração dos noventa anos de Rodion Shchedrin e um bom apanhado geral de sua fascinante e multifacetada obra, a compilação a seguir, que reúne gravações ao vivo em diversas edições do Festival de Verbier, nos faz ouvir Martha e seu amicíssimo ex-vizinho Mischa Maisky no Concerto Duplo para violoncelo e piano – a única obra de Shchedrin que tem em seu repertório -, além duma minigaláxia de celebridades musicais que inclui o próprio compositor, um excelente pianista.

Rodion Konstantinovich SHCHEDRIN (1932)
Concerto duplo para piano, violoncelo e orquestra, “Oferenda Romântica”
1 – Moderato quasi andantino
2 – Allegro
3 – Sostenuto assai

Mischa Maisky, violoncelo
Verbier Festival Orchestra
Neeme Järvi,
regência

Gravado em Verbier (Suíça) em 30 de julho de 2012

Antigas Melodias Tradicionais Russas, para violoncelo e piano
4 – Lento un poco rubato
5 – Allegro, ma non troppo
6 – Maestoso
7 – Adagietto
8 – Moderato

Rodion Shchedrin, piano
Sol Gabetta, violoncelo

Duetos Românticos, para piano a quatro mãos
9 – Andante cantabile
10 – Allegro sotto voce
11 – Maestoso con moto
12 – Allegretto moderato, a la gypsy
13 – Allegro, ma non troppo
14 – Andante recitando
15 – (Coda) Prestissimo

Rodion Shchedrin e Roland Pöntinen, piano

16 – Concerto no. 1 para orquestra, ‘Tschastuschi’

Verbier Festival Orchestra
Mikhail Pletnev, 
regência

Improvisos para piano, “Páginas sem Arte”
17 – No. 1, Romantic Etude (Staccato-Etude)
18 – No. 2, Unforgettable Micaëla
19 – No. 3, Music to Chekhov’s Play
20 – No. 4, The Tsar’s Cortege
21 – No. 5, Aria
22 – No. 6, Reminiscenses of Old-Age Romances…
23 – No. 7, The Politician Speaks … !

Yuja Wang, piano

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Um dos veios mais belos e imutáveis da personalidade de Martha é a generosidade com que ela acolhe, prestigia e promove jovens artistas. A suíça Maria Solozobova tinha um pouco mais da metade da idade da Rainha quando tornou-se sua parceira de duo e, como quase sempre acontece com quem dela se aproxima, também sua amiga. O relato seguinte de Maria, parte duma entrevista a uma agência russa, é puro suco de Argerich:

“Nos conhecemos por acaso. As estrelas deviam estar alinhadas, ou algo assim. Certa vez, dei um concerto com a Orquestra Filarmônica do Sul da Alemanha em Konstanz e um amigo nosso, um advogado, me apresentou a uma jovem pianista nos bastidores. Ele disse que precisávamos nos conhecer, pois ela era uma ótima artista. Essa pessoa era Cristina Marton-Argerich, que é casada com o sobrinho de Martha. Cristina e eu imediatamente nos tornamos amigas e começamos a tocar juntas e isso acabou me levando a conhecer Martha. (…) não é fácil conhecer uma artista do calibre de Martha, então pedi a Cristina para me apresentar a ela. Na época, o festival de Martha ainda acontecia em Lugano, então fui para lá e, depois de nos apresentarmos, decidimos nos encontrar e tocar algumas peças juntas, por pura diversão, em casa. Nos encontramos então na casa dela em Genebra [para tocar] a sonata de Franck. Há uma história quanto a esse encontro: fiquei presa em um engarrafamento e cheguei duas horas atrasada. Martha é uma pessoa muito fora do comum: ela quase nunca atende o telefone, então ela me esperou na rua – quer dizer, ela ficou ali o tempo todo, mulher pequena e frágil que ela é. Fiquei terrivelmente envergonhada, pois mal nos conhecíamos na época e ainda não tínhamos nos tornado amigas. Quando tocamos a peça juntas pela primeira vez, parecia tão natural que mal pude acreditar. Nós a executamos perfeitamente do começo ao fim na primeira tentativa, e então ela disse: ‘Vamos para a cozinha comer algumas guloseimas’. Fiquei sem palavras e não pude deixar de perguntar: ‘Podemos tocar mais uma vez?’ Ela se virou e perguntou: ‘Para quê?’ Fiquei novamente sem palavras, mas rapidamente pensei na resposta: ‘Não poderíamos… Só por prazer?’. Martha é muito brincalhona. Ela é tão efervescente, e tem esse olhar brilhante, especial. Ela me olhou bem e disse “Tudo bem”, e tocamos pela segunda vez, de uma forma completamente diferente! Foi incrível, e eu realmente adorei. Ela sente a música tão profundamente, duma maneira tão colorida… As palavras não podem expressar o quão bom foi. Você realmente tem que experimentar para entender”.

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
1 –  Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Finale. Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a
4 – Moderato
5 – Scherzo. Presto
6 – Andante
7 – Allegro con brio

Maria Solozobova, violino

Gravado em Zürich (Suíça) em 23 de dezembro de 2014

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Acolher jovens como Solozobova não significa, para Martha, deixar de lado seus velhos parceiros na Música. O mais antigo deles é seu conterrâneo Daniel Barenboim, que ela conhece desde os tempos em que ambos eram as mais famosas crianças-prodígio de Buenos Aires.  A gravação a seguir, lançada pelo selo Peral, do próprio Barenboim, não poderia trazer Martha em situação mais confortável: o No. 2 de Beethoven, que ela tocaria de olhos vendados, na companhia de Daniel, com uma orquestra idealizada e burilada pelo próprio ao longo de algumas décadas, e no mesmo venerando palco do Teatro Colón em que ela estreara incríveis… sessenta e seis anos antes!

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

West-Eastern Divan Orchestra
Daniel Barenboim, regência

Gravado no Teatro Colón em Buenos Aires (Argentina), julho de 2015

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Encerrando nosso tributo anual à deusa maior do piano, o Concerto no. 2 de Beethoven volta, pareado com outro cavalo de batalha de Martha: o Concerto em Sol de Ravel, do qual legou à eternidade a gravação para mim definitiva com Abbado, e que ela toca aqui na companhia de seu mais novo queridinho, o israelense Lahav Shani. Shani tem colaborado estreitamente com a Rainha (e talvez tanto quanto denote a ilustração da capa do álbum, que os torna um só ser bicéfalo), ora como pianista, ora frente a Filarmônica de Israel, do qual é atualmente o diretor musical. Cinquenta inacreditáveis anos separam essas duas leituras de Ravel, e é assombroso como a passagem do tempo só se faz notar pela engenharia de som, pois ninguém o diria pela agilidade, elã e consumada arte de Marthinha ao teclado.

Feliz cumple, Reina – e que nunca pares de nos encantar ❤

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Gravado em Tel Aviv (Israel) em 22 de dezembro de 2019

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
4 – Allegramente
5 – Adagio assai
6 – Presto

Gravado em Tel Aviv em 24 e 27 de dezembro de 2019

Israel Philharmonic
Lahav Shani, regência

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Ampliar o repertório depois dos oitenta anos? Sim, se tu és Marthinha: ei-la tocando pela primeira vez em público o pouquíssimo conhecido Souvenir de Paganini, um memento musical composto por Chopin aos 19 anos, instigado por um concerto do célebre violinista em Varsóvia.

Vassily

Pérolas do Low Budget Price

O ano era 1988. O CD acabava de chegar ao Brasil, depois de uns 4 ou 5 anos de atraso em relação ao resto do mundo. Eu e meus amigos melômanos, no alto de nossos 14, 15 anos, ouvíamos entusiasmados sobre a novidade pelos noticiários da TV e reportagens nos grandes jornais, todos anunciando em letras garrafais: o LP morreu. O mundo se convertia gradativamente ao digital, os computadores pessoais entravam nos lares e se falava de uma grande e obscura rede de comunicação chamada internet.

Para nós, o pacote era realmente convidativo e não tínhamos nenhum saudosismo, pois significava, como decorrência, o fim dos chiados e dos riscos do disco. Justamente um dos chamarizes de marketing: o CD era indestrutível, som puro para toda a vida. Não demorou muito tempo para que percebêssemos que essa historia estava mal contada, o CD não era eterno, mas realmente tinha duas enormes vantagens: não tinha chiado e não se desgastava em cada reprodução.

Nossos olhos se enchiam quando começamos a ver as primeiras prateleiras das lojas de discos acomodando CDs, e mais: muita música clássica, como nunca tínhamos visto antes. Um paraíso.  Talvez pela questão da novidade, mudança de hábitos, e tal, os lojistas começaram pelos clássicos, que justamente levantava a bandeira do scratch-free. A empolgação era tamanha que nem me dei conta de que muitas daquelas gravações não eram as mesmas que comprávamos em LP ou K7. Na verdade, nem atinei para a apresentação dos discos. Como seriam suas capas? Iguais à dos LPs? Capas genéricas iam surgindo e, cegos pela avidez, nem nos tocamos que estávamos comprando budget-price.

Comecei comprando uma gravação do Concerto no.3 de Beethoven, e percebi que aquele som era bem diferente do que estava acostumado. Não era ruim a interpretação, mas como vivíamos em lojas de discos, sabíamos todos os grandes intérpretes. Pollini, Argerich, Michelangeli, Arrau, Weissenberg, Brendel, Kempff, e não era nenhum deles. Para usar uma expressão da época, as fichas começaram a cair: fui conferir e não tinha o nome dos intérpretes na capa! Isso nunca tinha acontecido. Olhei a contracapa (foi difícil achar), e vi que a (ou o, não dava para dizer naquela situação) pianista era uma tal de Dubravka Tomsic e o maestro era um certo Sr. Anton Nanut com uma Sinfõnica da Rádio de Ljiubjana, que sei lá onde era, nem como se pronunciava.

Pouco depois, com o aumento das vendas dos CDs, começaram a chegar também as gravações dos grandes selos, DG, PHILIPS, DECCA, SONY e EMI. Mas este? MOVIEPLAY?? Que diabos?? E por fim as diferenças de preços, não deixavam mentir: eram gravações low budget price, ou como começamos a chamar, CDs de “Baciada”, já que eram oferecidos em grandes lotes como ofertas e pontas de estoque.

Qual era a mágica? Basicamente, uma gravadora espanhola e portuguesa chamada Sonoplay, fundada em meados dos anos 1960 por um dissidente da PHILIPS, teve acesso a fonogramas originais de orquestras e solistas obscuros, principalmente do leste europeu, que, depois da 2a.Guerra, ficaram à mercê de contratos irrisórios para aumentar o orçamento, sem garantia de que seriam lançados algum dia. Em 1968, a gravadora se tornou MOVIEPLAY, e gravava nada além de música folclórica portuguesa e pot-pourris de disco-dance.

O golpe veio com a mudança de suporte. Com o CD, a reciclagem desse material se tornava possível e legítima. Pegaram esses velhos fonogramas, digitalizaram e começaram a vender como produtos novos, em série, alterando os nomes dos intérpretes, omitindo as datas de gravação e afirmando que se tratavam de gravações digitais (a sigla DDD estava sempre presente). Chegaram a inventar alguns nomes: Henry Adolph e Alberto Lizzio são personagens fictícios, este ultimo deliberadamente um pseudônimo do maestro e produtor musical Alfred Scholz, que provavelmente vendeu alguns desses fonogramas. Um disco com o Concerto para Flauta e Harpa de Mozart, regido por esse sr. Lizzio (provavelmente Scholz), e tendo à harpa uma tal Renata Modron – que também não possui NENHUMA referência na internet inteira –  ganharia facilmente o prêmio de pior gravação desse concerto. Nível amador. A festa era tamanha que um mesmo fonograma circulava por vários selos de baixo orçamento, e como ninguém sabia ao certo de quem eram os detentores dos direitos, lançavam e relançavam sem nenhum pudor. A gravadora NAXOS começou fazendo algo muito semelhante, mas tomou o caminho da aprovação crítica e busca pela consagração de qualidade. No caso desses budgets, isso não era sequer cogitado.

Outros maestros e solistas, talvez por ainda estarem vivos e atuantes, acabaram exigindo contratos e direitos sobre as gravações, mas mesmo assim, sendo desconhecidos do circuito Star System dos grandes selos, faziam ou vendiam suas gravações por preços bem mais baixos. O leste europeu às vésperas da Perestroika era um mercado imenso a se explorar.

Neste momento final dos anos 80, a Movieplay começou a lançar essas gravações por toda a Europa e também no Brasil, numa divisão de clássicos que envolvia uma série chamada ‘Digital Concerto’, e uma outra, composta basicamente de coletâneas ao estilo dos pot-pourris antigos, chamada ‘Romantic Classics’, todas com o mesmo design padrão, cuja única variação possível era a pintura de fundo. No meio de um monte de fonogramas genéricos, alguns sem dono e/ou sem registro de intérprete, combinados com outros legítimos, começam a aparecer verdadeiras pérolas: gravações de baixo custo, com esses maestros/orquestras/solistas pouco festejados, mas que se destacam como leituras e interpretações que, não fosse o descaso do marketing envolvido, poderiam sem problemas situarem-se entre os grandes selos e as performances lendárias. Ok, um pouco exagerado, mas quero dizer que sim, há boas gravações no meio da baciada. ‘Barganhas’ como se costuma dizer. Trouxe algumas aqui, que considero realmente registros de excelência que valem a pena divulgar:

 

1.Haydn: String Quartets –  op.1 no.1 ‘Hunting quartet’, op.64 no.5 ‘The Lark’ & op.76 no.3 ‘ Emperor’ – Caspar da Salo Quartet
Este é um caso típico dessas apropriações para evitar pagamento de direitos. O Quarteto ‘Caspar da Salo’, nomeado em função de um famoso Luthier do séc.XVI, Gasparo de Saló, é um embuste, um conjunto fictício, criado por Alfred Scholz para vender fonogramas alheios na onda do digital. Felizmente, a leitura desses quartetos é límpida e precisa, o conjunto tem um equilíbrio sonoro incrivelmente coeso, com uma técnica segura e clara que destaca todo o esplendor das abundantes invenções melódicas de Haydn. Infelizmente jamais saberemos quem está realmente tocando ou quando a gravação foi feita.

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2.Beethoven: Piano Concerto no.3, Pathétique Sonata – Dubravka Tomsic, piano – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
Sim, Dubravka Tomšič Srebotnjak existe mesmo, nasceu na Eslovênia em 1940 e ainda está viva (Wikipedia). Infelizmente, ficava muito difícil, no meio de um monte de nomes eslavos desconhecidos,  saber quem era quem. Foi preciso um amigo, o saudoso pianista e professor Antonio Bezzan, para nos chamar a atenção para seu talento. E realmente, ao ouvirmos com mais atenção, seu acento eslavo realça uma interpretação bastante pessoal e nada frívola. Técnica e esteticamente, Tomsic demonstra sensibilidade e desenvoltura. Se não chega a impressionar, também não faz feio, e nos revela uma interessante verve russa em Beethoven.

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3.Dvórak: Symphony no.9 ‘From the New World’; Smetana: Die Moldau – Anton Nanut, Radio Symphony Orchestra Ljubljana
No fim das contas, Anton Nanut, que também existe e é real (Norman Lebrecht, em seu blog, até publicou uma nota sobre seu falecimento), acaba se mostrando um regente de primeira grandeza. Comprometido com uma tradição sonora imponente, que mescla reminiscências do império Austro-Húngaro com a verve russa, essa é uma das mais contundentes versões da Sinfonia Novo Mundo. Se não soubéssemos quem está regendo, poderíamos facilmente tomar esta como uma gravação de Szell ou Doráti. Mas o grande destaque deste disco é o Moldau. Sim, nem Kubelik fez um Moldau tão sensível e autêntico. Recomendo sem restrições.
A parte ruim é que também não temos certeza de quem está realmente regendo e nem quando foi feita a gravação. Há vários selos e edições que usam esse mesmo fonograma, e há indicações dúbias nos sites de streaming e lojas virtuais, de que esse Moldau talvez tenha sido regido por Alfred Scholz. Mas uma pesquisa exaustiva nos dá mais referências (e também referências mais antigas) indicando ser de Nanut. Ficamos com ele, por enquanto. O descaso do selo budget inclui também a indicação errada de uma Dança Eslava de Dvorak. Ao invés da op.72 no.1, é na verdade a op.46 no.1. O fato é que é um disco memorável, bom e barato, apesar disso fazer pouca diferença hoje em dia.

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4.Mahler: Symphony no.6 – Hartmut Haenchen, Philharmonia Slavonica
Esta é uma gravação realmente legítima. Haenchen (nascido em 1943) é um maestro relativamente conhecido na Europa, que tem referências autênticas e um site próprio, com uma discografia imensa e um invejável currículo, que inclui até mesmo participações recentes no Festival de Bayreuth. Talvez seja mais conhecido no Brasil por ser especialista em C.P.E. Bach, mas suas incursões na música romântica e pós-romântica são bastante relevantes, tendo sido recentemente apontado como um destaque de profunda conexão com Bruckner e Mahler. É curioso que um regente dessa estatura nunca tenha assinado contratos fixos com grandes selos (aparece de vez em quando na SONY), mas de qualquer modo, essa gravação não nos deixa mentir: é a mais convincente Sexta de Mahler que já ouvi. A fúria com que destaca a sonoridade das angústias mahlerianas é irresistível, ao mesmo tempo que contrabalança o lírico Andante com uma doçura tocante. A percussão é onipresente, as pratadas são épicas, e os golpes do martelo e do tam-tam do último movimento, os mais sonoros que já ouvi. Devastador. A gravação é realmente surpreendente, não apenas pela contundência da leitura, mas também pelo equilíbrio das forças maciças que Mahler evoca. Provavelmente foi o CD de melhor relação custo/benefício que já comprei.
Haenchen gravou outras vezes essa sinfonia, até com a Netherlands Philharmonic, mas essa me parece a mais relevante. Conforme uma crítica que recebeu na Amazon, “an energetic, dinamic, colourful interpretation in only one CD, in a bargain collection. Haenchen is an inmense conductor and I think the appropiate conductor for (for example) Philadelphia or NY orchestras in USA. ” Fica a dica.

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CHUCRUTEN

Guiomar Novaes: transcrições & miniaturas, de Bach e Gluck a Villa-Lobos (+ a Fantasia Triunfal de Gottschalk)

Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 11/5/2010.

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio com obras do gênio brasileiro, pelos motivos expostos AQUI


À medida em que avança a aventura de redescoberta de Guiomar Novaes, iniciada aqui há duas semanas, começo a ter a impressão de que seu legado de gravações é um tanto desigual: algumas são realizações gigantescas, cuja importância se percebe com absoluta certeza de modo intuitivo, mas alcança tão longe que temos dificuldade de explicar em palavras (do que ouvi até agora, é o caso das suas realizações de Chopin, especialmente os Noturnos); já outras são, digamos, meramente grandes…

Temos aqui as 7 peças curtas retiradas do CD Beethoven-Klemperer postado há alguns dias, mais o disco só de peças brasileiras (com certo desconto para Gottschalk) lançado em 1974 pela Fermata – creio que o seu último.

As primeiras parecem ter se firmado em sua carreira como standards no tempo dos discos de 78 rotações, que só comportavam peças curtas. Hoje qualquer pianista “sério” franziria o nariz pra esse repertório: “transcrições de concerto” de um prelúdio para órgão de Bach e de trechos orquestrais de Gluck e Beethoven. Ao que parece, no começo do século XX o fato de serem coisas agradáveis de ouvir ainda era tido como justificativa bastante para tocá-las.

Mas o que mais me surpreendeu foi à abordagem às 3 peças originais de Brahms: nada da solenidade que se costuma associar a esse nome; sem-cerimônia pura! Como também nos movimentos rápidos do Concerto de Beethoven com Klemperer, tenho a impressão de ver uma “moleca” divertindo-se a valer, e me pergunto se não é verdade o que encontrei em uma ou duas fontes: que a menina Guiomar teria sido vizinha de Monteiro Lobato, e este teria criado a personagem Narizinho inspirado nela!

Também me chamou atenção que Guiomar declarasse que sua mãe, que só tocava em casa, teria sido melhor pianista que ela mesma, e que tenha escolhido por marido um engenheiro que também tocava piano e compunha pequenas peças: Otávio Pinto. Casaram-se em 1922, ano de sua participação na Semana de Arte Moderna, ela com 27, ele com 32. Guiomar nunca deixou de tocar peças do marido em recitais mundo afora – nada de excepcional, mas também não inferiores a tantos standards do repertório europeu – e ainda no disco lançado aos 79 anos encontramos as Cenas Infantis do marido, além de uma peça do cunhado Arnaldo (Pregão).

Dados sem importância? Não me parece. Parecem apontar para que a própria Guiomar visse as raízes últimas da sua arte não no mundo acadêmico, “conservatorial”, e sim numa tradição brasileira hoje extinta: a (como dizem os alemães) Hausmusik praticada nas casas senhoriais e pequeno-senhoriais, paralela à arte mais de rua dos chorões, mas não sem interações com esta. Aliás, podem me chamar de maluco, mas juro que tive a impressão de ouvir evocações de festa do interior brasileiro – até de sanfona! – tanto no Capricho de Saint-Saëns sobre “árias de balé” de Gluck quanto no Capricho de Brahms.

Será, então, que podemos entender Guiomar como uma espécie de apoteose (= elevação ao nível divino) da tradição das “sinhazinhas pianeiras”? Terá ela querido conscientemente levar ao mundo clássico um jeito brasileiro de abordar a música?

E terá sido ao mesmo tempo um “canto de cisne” dessa tradição, ou terá tido algum tipo de herdeiro? Não sei, mas se alguém me vem à cabeça na esteira dessa hipótese, certamente não é o fino Nelson Freire e sim o controverso João Carlos Martins!

Para terminar: a vida inteira Guiomar insistiu em terminar programas com a ‘famigerada’ Fantasia Triunfal de Gottschalk sobre o Hino Brasileiro, que, honestamente, não chega a ser grande música. Acontece que, segundo uma das biografias, logo ao chegar a Paris, com 15 anos, Guiomar teria sido chamada pela exilada Princesa Isabel – ela mesma pianista – e teria recebido dela o pedido de que mantivesse essa peça sempre no seu repertório. E, curioso, ainda ontem o Avicenna postava aqui duas peças de Gottschalk como músico da corte de D. Pedro II (veja AQUI).

Será que isso traz água ao moinho da hipótese de Guiomar como apoteose e canto-de-cisne de um determinado Brasil? Bom, vamos ouvir música, e depois vocês contam as suas impressões!

Pasta 1: faixas adicionais do CD “Guiomar-Beethoven-Klemperer”
04 J. S. Bach (arr. Silotti) – Prelúdio para Órgão em Sol m, BWV 535
05 C. W. Gluck (arr. Sgambati e Friedman) – Danças dos Espíritos Bem-Aventurados, de “Orfeo”
06 C. Saint-Saëns: Caprice sur des airs de ballet de “Alceste”, de Gluck
07 J. Brahms – Intermezzo op.117 nº 2
08 J. Brahms – Capriccio op.76 nº 2
09 J. Brahms – Valsa em La bemol, op.39 nº 15
10 L. van Beethoven (arr. Anton Rubinstein) – Marcha Turca das “Ruínas de Atenas”

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Pasta 2: disco “Guiomar Novaes”, Fermata, 1974
a1 Francisco Mignone – Velho Tema (dos Estudos Transcedentais)
a2 Otávio Pinto – Cenas Infantis
a3 Marlos Nobre – Samba Matuto (do Ciclo Nordestino)
a4 Arnaldo Ribeiro Pinto – Pregão (de Imagens Perdidas)
a5 J. Souza Lima – Improvisação
a6 M. Camargo Guarnieri – Ponteio
b1 H. Villa-Lobos – Da Prole do Bebê: Branquinha, Moreninha
b2 H. Villa-Lobos – O Ginete do Pierrozinho (do Carnaval das Criancas)
b3 H. Villa-Lobos – Do Guia Prático: Manda Tiro, Tiro, Lá; Pirulito; Rosa Amarela; Garibaldi foi a Missa
b4 L. M. Gottschalk – Grande Fantasie Triomphale sur l’Hymne National Brésilien Op. 69

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Ranulfus

[restaurado com reverência e saudade por seu amigo Vassily em 4/3/2023]

Nelson com Guiomar Novaes. Foto do acervo particular de Nelson Freire, publicada pelo sensacional Instituto Piano Brasileiro

Hephzibah & Yehudi Menuhin: música e ativismo

Hephzibah & Yehudi Menuhin: música e ativismo
Yehudi Menuhin e Hephzibah Menuhin.

Dois prodígios musicais, os irmãos Hephzibah e Yehudi Menuhin formaram duradoura parceria, entre gravações e concertos… Nascida em San Francisco, California, Hephzibah era 4 anos mais nova que o célebre violinista, nascido em New York. E tinham na irmã caçula, Yaltah, também uma talentosa pianista…

Mais tarde, em Paris, as meninas se tornaram alunas de Marcel Ciampi, que brincava: “O útero da Sra. Menuhin é um verdadeiro conservatório”… Descendentes de linhagem judaico-lituana de rabinos, o pai, Moshe Menuhin, emigrara para USA, 1913, para concluir estudos na Universidade de New York…

Os filhos, no entanto, tiveram pouca escolaridade formal. Hephzibah foi considerada inapta para o aprendizado, sendo alfabetizada em casa. Mas, logo revelou notável aptidão musical, tornando-se aluna de Lev Shorr e, depois, aperfeiçoando-se com Rudolf Serkin e Marcel Ciampi. E aos 13 anos, realizava 1ª gravação com Yehudi, iniciando célebre trajetória…

Parceria que, ao longo dos anos, traria belos resultados – gravações antológicas de Beethoven, Schubert, Franck e outros… Assim, os jovens músicos obtiveram prêmio “Candid” – melhor disco de 1933. E no ano seguinte, estreariam na “salle Pleyel”, em Paris, seguindo-se turnês em New York e Londres…

Yehudi Menuhim e George Enescu, compositor romeno.

Por seu lado, Yehudi iniciou estudos de violino aos 5 anos, em San Francisco, com Sigmund Anker. E aos 7 anos, foi solista da “Orquestra de São Francisco”… Então, estudou com Louis Persinger e incorporou vasto repertório, entre concertos de Bach, Beethoven e Brahms, se apresentando aos 12 anos, com “Filarmônica de Berlim”, direção de Bruno Walter…

A despeito da afinidade musical e sucesso, Hephzibah e Yehudi também desenvolveram carreiras individuais. Aos 14 anos, a pianista partiria em recitais solo em diversos centros europeus e americanos… E Yehudi, aos 18 anos, estudaria com o romeno George Enescu, realizando turnês pela Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Europa, 1935…

O nome Hephzibah significa “aquela esperada com alegria, portadora da vida”… E as duas crianças, depois adolescentes, tornaram-se fenômenos musicais de sua época, anos 1920/30… Em 1938, voltariam a tocar juntos, a convite de Bernard Heinze, no “Royal Albert Hall”, Londres, quando teriam experiência singular:

– Apresentados aos irmãos Nola e Lindsay Nicholas, herdeiros da farmacêutica “Aspro” e agropecuaristas australianos, em pouco tempo, Yehudi se casaria com Nola; e Hephzibah com Lindsay…

E enquanto Yehudi mantinha intensa agenda, Hephzibah optava por morar numa propriedade rural, na Austrália – “Terrinallum”, uma pastagem de ovelhas. E por 13 anos, priorizaria a educação dos filhos e a vida cultural australiana, reduzindo compromissos internacionais…

Yehud Menuhim em visita à Hospital, 2ª guerra Mundial.

E quando o mundo atravessou terrível conflito – “2a guerra mundial”, Hephzibah permaneceu na Austrália e Yehudi juntava-se a diversos artistas, em apoio às forças aliadas, acolhimento aos sobreviventes dos campos de concentração e, mais tarde, atuando no concerto inaugural das “Nações Unidas”. Intensa atividade, sob impacto do conflito e atento aos desdobramentos do “pós-guerra”…

Na Austrália, Hephzibah dedicou-se às atividades educacionais, onde implementou biblioteca itinerante para crianças e manteve intensa agenda musical. Assim, realizou concertos com as sinfônicas de Sydney e Melbourne, além de turnês de música de câmara, com o “Griller Quartet” e com o próprio Yehudi Menuhin. Apoiou projetos, como “Música viva Austrália”, de Richard Goldner, e realizou estreia australiana do “2º concerto para Piano”, de Bartók…

Também mobilizou-se por músicos e amigos europeus, que emigravam para Austrália, durante a guerra. Por fim, ambos os casamentos terminariam em divórcio… E os dois filhos de Hephzibah, Kronrod e Marston, ficariam com o pai, Lindsay Nicholas…

Cemitério judaico em “Theresienstadt” (“Teresin”), na república Tcheca.

Passada a guerra, Hephzibah participou do “Festival de música de Primavera”, em Praga. E Paul Morawetz, empresário de Melbourne, a levou no campo de concentração de “Theresienstadt”, atual república Tcheca – o que lhe causou profunda impressão, levando a refletir sobre a violência perpetrada e herança judaica…

Gradualmente, a pianista ampliou atividades. A partir de 1951, retornaria à Londres, com Yehudi Menuhin, na abertura do “Royal festival Hall”… E sob impacto daqueles tempos, engajava-se em causas sociais e dos direitos humanos, apoiando a “National music camp Association”. Em 1954, mudou-se para Sydney, deu recitais, abrindo sua residência à comunidade, e estreou “concerto para Piano”, do argentino Juan José Castro, titular da “Vitorian Symphony Orchestra”…

Então, conheceu Richard Hauser, sociólogo “quaker” austríaco. E ambos se divorciaram para se casarem, em 1955. Tiveram uma filha, Clara Menuhin-Hauser, e após dois anos, se mudaram para Londres, onde adotaram Michael Alexander Morgan, criança de origem galesa/nigeriana… E Hephzibah, gradualmente, assimilou princípios e bases filosóficas dos “quakers”…

“Freedom means choosing your burden” (“Liberdade significa escolher o seu fardo”) – Hephzibah Menuhin.

Organização místico/filosófica do sec. XVII, fundada por George Fox, os “quakers” – “Sociedade religiosa dos Amigos” – defendiam o pacifismo e a simplicidade, a solidariedade e a filantropia; a alfabetização como instrumento de liberdade e, gradualmente, abraçaram o abolicionismo… Perseguidos na Inglaterra, emigraram para USA, 1861, liderados por William Penn, estabelecendo-se na Pensilvânia (“floresta de Penn”)…

“Quakers” em protesto pela paz no Vietnan – Washington DC, USA.

Em 1947, receberam o prêmio “Nobel da Paz”, pelo programa “Auxílio Quaker Internacional”… E com egressos de comunidades “hippies”, no Canadá, fundaram o “Greenpeace”, 1971, com base no protesto pacífico e na desobediência civil; além de ensejarem a “Anistia Internacional”…

E numa Europa dividida, Yehudi Menuhin trabalharia com Wilhelm Furtwängler, apesar das críticas ao maestro alemão, que dirigiu a “Filarmônica de Berlim”, durante o regime nazi… Yehudi, no entanto, via em Furtwängler irrestrito amor à música, não afinidade ao regime… E, na busca de conforto e equilíbrio, mergulharia na cultura oriental e prática do “yoga”… No “pós-guerra”, uma geração sofria sequelas do conflito e, como artista, uma fase emocionalmente instável, apesar da técnica magistral…

Yehudi Menuhin e Ravi Shankar.

E a partir de 1955, deixaria os USA para fixar residência na Europa, onde fundou a “Yehudi Menuhin School”, em Londres, e dirigiu os “Festivais Windsor” e “Royal Philharmonich Orchestra”. Além de experiências inusitadas, com o indiano Ravi Shankar e o jazz violinista Stephane Grappelli…

As atividades de Yehudi e Hephzibah seguiram em 1962, quando realizaram turnês pela Austrália, USA e Canadá; além de recitais na Europa, que resultaram em expressiva discografia… Notável foi a admiração dos irmãos Menuhin pela música de Béla Bartók. A quem Yehudi ajudou em momentos difíceis e foi retribuído com a “Sonata para violino solo”…

Em 1979, Hephzibah fez últimas apresentações públicas e, após prolongada luta contra o câncer, faleceu em Londres, 1981, aos 60 anos… Yehudi a homenageou em concerto no “Carnegie Hall” e instituições australianas criaram a “bolsa Hephzibah Menuhin”, para jovens pianistas, administrada pela “universidade de Melbourne” e “conservatório de Sydney”, 1980…. 

Yehudi e Hephzibah Menuhin, na escadaria do “Concertgebouw” de Amsterdam, Holanda.

Como ativistas “quakers”, Hephzibah e Richard Hauser fundaram o “Institute for human rights and Responsibilities”, em Londres. Também organizaram albergue, em casa, que resultou no “Instituto de pesquisas Sociais”… E a musicista se tornaria defensora dos direitos das crianças e mulheres, nomeada, 1977, presidente da seção britânica da “Liga internacional feminina pela paz e Liberdade”… Junto com o marido, escreveram uma reflexão: “The fraternal Society”…

No Canadá, grupo de jornalistas e ecologistas – “hippies e quakers” – decidiram protestar contra os testes nucleares na costa do Alasca, USA. Para tanto, 12 pessoas partiram de Vancouver num barco pesqueiro alugado – o que resultou no movimento “Greenpeace”, 1971.

Após falecimento de Hephzibah, Yehudi prosseguiu agenda internacional. Em 1979, visitou a China e tornou-se 1º professor honorário do “conservatório de Pequim”… Na queda do regime soviético, regeu, em Varsóvia, homenagem à João Paulo II. E ao adquirir cidadania britânica, a monarquia conferiu-lhe grau de “Sir Yehudi Menuhin”, depois “Ordem do mérito do Reino Unido” e, finalmente, título de “barão”, com assento na “casa dos Lordes”…

Yehudi Menuhin e João Paulo II, no concerto de Varsóvia, final do regime soviético.

Após 40 anos, retornaria à África do Sul, 1995, em concerto pelo fim do “Apertheid” e posse de Nelson Mandela. Então, dirigiu “concerto por Sarajevo”, com apoio da Unesco, e viria falecer em Berlim, aos 83 anos, em derradeira turnê com a “Sinfônica de Varsóvia”, 1999…  

As vidas de Yehudi e Hephzibah foram marcadas por trágicos acontecimentos mundiais, que os tornaram vigilantes e proativos… E por diferentes caminhos, trabalharam por um mundo possível, mais justo e fraterno, interagindo através da música e dos movimentos sociais… Duas personalidades simbólicas, pelo ativismo político e brilhantes carreiras musicais… 

  • Download no PQP Bach

Em 2016, ao comemorar-se 100 anos do nascimento de Yehudi Menuhin, a “Warner Classics” lançou extenso acervo… A coleção “The Menuhin century”, com 20 CDs, engloba as gravações realizadas com Hephzibah. Para download no PQP Bach, segue CD n° 8, com as sonatas “Primavera”, op. 24; e “Kreutzer”, op. 47, de Beethoven; além da sonata op. 108, de Brahms.

Capa “Warner Classics” – acervo completo de Yehudi e Hephzibah Menuhin – Box 20 CDs.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ludwig van Beethoven: Sonata nº 5, in F Major, Op. 24 – “Spring”
1. Allegro; 2. Adagio molto Espressivo; 3. Scherzo (Allegro molto) and Trio; 4. Rondo (Allegro ma non Troppo)

Ludwig van Beethoven: Sonata nº 9, in A Major, Op. 47 – “Kreutzer”
5. Adagio Sostenuto – Presto; 6. Andante con Variazioni; 7. Finale (Presto)

Johannes Brahms: Sonata nº 3, in D minor, Op. 108
8. Allegro; 9. Adagio; 10. Un poco presto e con sentimento; 11. Presto agitato

Sugerimos também:

1. Vídeo – Piano Trio n° 1, D 898, de Franz Schubert, com Hephzibah Menuhin (piano), Yehudi Menuhin (violino) e Maurice Gendron (cello), Londres, 1964.

2. Audio – Sonata n°3, para violino e piano, “dans le caractère populaire roumain”, op. 25, de George Enescu, com Yehudi Menuhin (violino) e Hephzibah Menuhin (piano), 1967.

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“Homenagem à Ralf Rickli”

“Lamentamos o passamento de Ralf Rickli – apelido ‘Ranulfus’… Seus textos, sensibilidade e reflexões muito contribuíram ao blog ‘PQP Bach’, pelo que expressamos nossos sentimentos e gratidão. Muita paz e condolências aos amigos e familiares…”  

Alex DeLarge