Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Este foi o álbum de estreia de Julia Fischer. Sua colaboração com Yakov Kreizberg já vinha de algum tempo. Ela o considerava o mais simpático dos maestros, e ele a ajudou a concretizar a gravação. Ele compartilhava com ela a admiração pelo concerto de Khachaturian e apoiou o plano de gravar esta peça imerecidamente negligenciada. Ela achava difícil até vendê-la para os promotores de concertos, que sem dúvida teriam preferido a milésima versão do concerto de Tchaikovsky. Mas ambos os artistas acreditaram em todos os trinta e sete minutos da obra, que é mesmo magnífica. Kreizberg, imaginem, morreu em 2011 com apenas 51 anos. No Concerto de Khat, há um “apelo de sabor armênio”, às vezes soando folclórico, até mesmo oriental. Há poesia também, como no tratamento do segundo tema, e de todo o comovente Andante sostenuto, com mais cor armênia. David Oistrakh estreou este concerto. O Primeiro Concerto para Violino de Prokofiev é a obra mais familiar deste programa, tanto em concerto como em disco. Nas notas do livreto de Fischer, ela menciona sua ironia, sarcasmo, e seu lirismo, no qual ela diz que pretendeu focar. Ela faz justiça a todos os os estados de espírito, pois saborear esses contrastes é essencial, né? E ela tem razão — este é um concerto principalmente lírico, e sua estrutura incomum de dois movimentos externos lentos emoldurando um scherzo central influenciou alguns outros concertos de cordas. A abordagem de Fischer é bastante íntima e convincente. O Glazunov é aceitável, com um allegro final bem dançável e assobiável.

Khachaturian / Prokofiev / Glazunov: Russian Violin Concertos (Fischer, Russian National Orchestra, Kreizberg)

Khachaturian* Violin Concerto In D Minor (1940)
1 – 1. Allegro Con Fermezza Cadenza – Aram Khatchaturian 14:54
2 – 2. Andante Sostenuto 12:28
3 – 3. Allegro Vivace 9:16

Prokofiev* Violin Concerto No. 1 In D Op. 19 (1916-1917)
4 – 1. Andantino – Andante Assai 10:09
5 – 2. Scherzo (Vivacissimo) 3:37
6 – 3. Moderato – Allegro Moderato – Più Tranquillo 8:14

Glazunov* Violin Concerto In A Minor Op. 82 (1905)
7 – 1. Moderato – 4:19
8 – 2. Andante – Cadenza – Alexander Glazunov 10:29
9 – 3. Allegro 5:40

Julia Fischer, violin
Russian National Orchestra
Yakov Kreizberg

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MP3 | 320 KBPS | 185 MB

Julia Fischer

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Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

O Primeiro Concerto para Piano de Prokofiev (1911) é uma obra da juventude, o Segundo (1912) é o mais original e memorável — na verdade, uma de suas obras-primas. Este concerto, apesar da sua grandeza, parece atrair principalmente pianistas de nicho — como Vladimir Feltsman, emigrado russo nos EUA desde o final da década de 1980, cujo legado gravado consiste em grande parte em alguns grandes concertos russos mais Bach e algum Schubert. Nesta versão, Prokofiev não soa tão revolucionário e audaz quanto talvez devesse, as obras soam enérgicas e charmosas. Está bem, mas estas versões perdem de longe para Ashkenazy, Argerich, Bavouzet e Beroff (Também temos Ash e a Rainha no PQP, só que o Bavouzet e o Beroff têm a integral dos Concertos).

Serguei Prokofiev (1891-1953): Concertos para Piano Nº 1 e 2 + Romeu dá adeus à Julieta (Feltsman / Tilson Thomas)

Concerto No. 1 For Piano & Orchestra, Op. 10 (D-Flat Major / Des-Dur / Ré Bémol Majeur)
Allegro Brioso 3:38
Meno Mosso 3:27
Andante Assai 3:59
Allegro Scherzando 4:30

Concerto No. 2 For Piano & Orchestra, Op. 16 (G Minor / G-Moll / Sol Mineur)
I–Andantino 11:45
II–Scherzo: Vivace 2:42
III–Intermezzo: Allegro Moderato 7:01
IV–Finale: Allegro Tempestoso 11:16

“Romeo Bids Juliet Farewell” (Lento) (No. 10 From 10 Pieces For Piano From Romeo & Juliet, Op. 75) 6:56

Vladimir Feltsman, piano
London Symphony Orchestra
Michael Tilson Thomas

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Os cabelos de Feltsman ficaram mais ralos, os que sobraram ficaram brancos e acho que chegaram uns quilinhos a mais. Acontece com tudo mundo que não morre, Vladi. Aliás, ainda bem!

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953) & Camille Saint-Saens (1835-1921): Pedro e o Lobo & Carnaval dos Animais

Sergei Prokofiev (1891-1953) & Camille Saint-Saens (1835-1921): Pedro e o Lobo & Carnaval dos Animais

O Dia das Crianças estaá longe, mas aqui já temos o presente!  Em homenagem às eternas crianças que somos, ofereço essas três peças de cunho infantil, de Prokofiev e Saint-Saens.

As peças

Sergei Prokofiev escreveu “Pedro e o Lobo” para o Teatro Infantil de Moscou em 1936. Esta história foi criada para ser narrada enquanto a música toca e para entendê-la precisamos, antes de mais nada, sabermos que: O Pássaro é representado pelo som de uma flauta; o Pato, um oboé; o Gato, uma clarineta; o Avô, um fagote; o Lobo, cornetas francesas; os Caçadores, tímpanos. Pedro é representado pelas cordas. Nessa versão não temos o narrador, fica a cargo de cada um, fechar os olhos e deixar a imaginação florar.

“Histórias de uma Velha Avô”, quatro peças para piano, escritas pouco depois da estreia em Nova York de Prokofiev em 1918, não têm enredo especial, mas são permeadas de lembranças russas.

Escutar “Carnaval dos Animais” de Camille Saint-Saens é como fazer uma viagem musical ao zoológico. Em primeiro lugar, após a introdução, surge a “Marcha Real do Leão”, rugindo nas cordas e pianos. Depois surgem galinhas cacarejando e ciscando (cordas e piano) precedendo galos cantando (clarinete). Os “Jumentos Selvagens” da Mongólia, famosos por sua notável velocidade, aparecem retratados pelos dois pianos. Para fazer uma piada, Saint-Saens, em “Tartarugas”´pegou dois temas vistosos de Offenbach (incluindo o seu famoso “Can-Can”) e os colocou num andamento de passo de tartaruga. Outra paródia surge com o “Elefante”, onde as melodias suaves e semelhantes a contos de fada da “Dança das Sílfides” de Berlioz e de “Sonho de uma Noite de Verão” de Mendelsohn são executadas por cantrabaixos duplos.

Os “Cangurus” destaca os dois pianos como que pulando em derredor. No “Aquário” vislumbram-se brincadeiras de peixes na água proporcionada pelos pianos e, originalmente, uma harmônica de vidro (invenção de Benjamim Franklin em que copos de diferentes tamanhos são mergulhados numa calha com água). Em “Personagens com Grandes Orelhas” Saint-Saens não estava somente se referindo a jumentos, mas talvez, também a asnos humanos.

O “Cuco” em duas notas incessantes da clarineta é ouvido nas florestas sombrias (pianos). O “Viveiro de Aves” é um “tour de force” para a flauta. O tratamento de Saint-Saens ao talvez mais tranquilo de todos os animais, os “Pianistas”, de forma bem humorada critica as escalas e exercícios iniciais dos estudantes. “Fósseis” desencava quatro antigas canções francesas, uma parte do “Barbeiro de Sevilha”, bem como “Dança Macabra” do próprio Saint-Saens. O “Cisne” do violoncelo é o mais famosos dos animais e, talvez, o trabalho mais reputador de Saint-Saens. O momento mais sublime não só da peça, mas, provavelmente de toda a obra do compositor.

O “Finale”, outro can-can, reapresenta muitos mebros do zoológico musical, terminando de forma magistral com um último “relinchar” do asno.

.oOo.

Sergei Prokofiev & Camille Saint-Saens: Obras Infantis

Sergei Prokofiev

Peter and the Wolf, Op. 67
01. Andantino (1:00)
02. Allegro – Andantino come prima (1:29)
03. L’istesso tempo – Piu mosso (2:24)
04. Moderato – Allegro ma non troppo – Moderato (1:47)
05. Poco piu andante (1:03)
06. Andantino, come prima (1:07)
07. Andante molto (1:24)
08. Nervoso – Allegro – Andante (1:40)
09. Allegretto – Moderato (1:34)
10. Andantino, come prima – Meno mosso (1:05)
11. Vivo – Andante molto – Vivo – Andante (1:17)
12. Allegro – Poco meno mosso – Moderato (Meno mosso) (1:56)
13. Allegro moderato (1:16)
14. Andante (0:36)
15. Moderato – Poco piu mosso (Allegro moderato) – Sostenuto – L’istesso tempo – Poco piu mosso (4:04)
16. Andante – Allegro (0:30)

The Tales of an old Grandmother, Op. 31
17. I. Moderato (3:24)
18. II. Andantino (1:52)
19. III. Andante assai (2:33)
20. IV. Sostenuto (3:38)

Camille Saint-Saens

Carnival of the Animals
21. No. 1: Introduction and Royal March of Lion (2:24 )
22. No. 2: Hens and Roosters (0:57)
23. No. 3: Wild Donkeys (0:40)
24. No. 4: Tortoises (2:00)
25. No. 5: The Elephant (1:21)
26. No. 6: Kangaroos (0:50)
27. No. 7: Aquarium (2:13)
28. No. 8: Personages with long ears (0:55)
29. No. 9: The Cuckoo in the Heart of the Woods (1:59)
30. No. 10. Aviary (1:17)
31. No. 11: Pianists (1:26)
32. No. 12: Fossils (1:15)
33. No. 13: The Swan (3:04)
34. No. 14: Finale (2:00)

St. Peterburg Radio & TV Symphony Orchestra
Stanislav Gorkovenko

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Marcelo Stravinsky

Prokofiev (1891-1953): Concertos para piano Nº 1 & 3 / Bartók (1881-1945): Concerto para piano Nº 3 (Argerich / Dutoit)

Prokofiev (1891-1953): Concertos para piano Nº 1 & 3 / Bartók (1881-1945): Concerto para piano Nº 3 (Argerich / Dutoit)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Talvez, quem sabe?, este seja um dos melhores CDs que já postei aqui. Na minha opinião é, sem dúvida. Como dois parênteses, dois extraordinários Concertos para Piano de Prokofiev cercam o Concerto Nº 3 do maior compositor do século XX (provocação gratuita do bem, mesmo que expresse minha opinião real, àqueles que votam em Stravinsky, outro gênio indiscutível). Ao piano, Marthita em sua melhor forma. Na última vez em que veio à Porto Alegre, pedi-lhe dois autógrafos, um num antigo vinil onde interpretava peças para dois pianos junto com Nelson Freire — ela olhou para a capa e gritou “Nossa, eu um dia fui jovem, eu era um pouco mais bonita do que a bruxa de hoje, não?”, ao que assenti com entusiasmo… — e este que posto hoje — “Nossa, neste aqui eu tocava muito bem!”, e caiu na gargalhada, completando: “Gravamos tudo rapidamente. Foi perfeito. Gastamos mais tempo conversando e tirando as fotos em preto e branco para o CD”.

Tinha razão, foi tudo perfeito. O que Martha Argerich faz nestes três concertos em termos de virtuosismo e temperatura emocional é efetivamente espantoso, apenas repetível sob outra forma, tão pessoal é sua abordagem.

Não é um CD normal este que você vai baixar hoje.

Prokofiev (1891-1953): Concertos para piano Nº 1 & 3 / Bartók (1881-1945): Concerto para piano Nº 3 (Argerich / Dutoit)

Prokofiev – Piano Concerto No. 1 in D flat Op. 10
1. First movement: Allegro brioso 6:57
2. Second movement: Andante assai 4:34
3. Third movement: Allegro scherzando 4:31

Bartók – Concerto for Piano and Orchestra No. 3 Sz119
4. First movement: Allegretto 7:22
5. Second movement: Adagio religioso -[poco più mosso] – tempo I 10:45
6. Third movement: Allegro vivace – [presto] 6:50

Prokofiev – Piano Concerto No. 3 in C Op. 26
7. First movement: Andante – Allegro 9:43
8. Second movement: Tema (Andatino) and Variations 9:39
9. Third movement: Allegro ma non troppo – meno mosso – Allegro 9:51

Martha Argerich, piano
Orchestre Symphonique De Montréal
Charles Dutoit

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PQP

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Um disquinho bem mais ou menos. Um Shostakovich molenga e um Prokofiev mais ou menos. Harrell e Schwarz ficam a léguas de Rostropovich e Ozawa e a quilômetros disto aqui (Gabetta e Mäkelä). Acho que não é música pra eles, porque, por exemplo, eu me desmilinguo ouvindo Harrell tocando as Sonatas de Brahms para Violoncelo e Piano e aqui não acontece nada. Fui ler outras críticas para ver se estava muito errado e a Gramophone me tranquilizou ao chamar o Shosta de molenga e o Prokofiev de… Nem lembro mais. Harrell é um mestre, mas talvez se saia melhor entre os românticos.

Shostakovich: Concerto para Violoncelo e Orq. Nº 2 / Prokofiev: Sinfonia Concertante para Violoncelo e Orq. (Harrell, Schwarz, Royal Liverpool Phil Orch)

Cello Concerto No. 2 In G Major Op. 126
Composed By – Dmitri Shostakovich
(34:20)
1 I. Largo 13:42
2 II. Allegretto — 4:40
3 III. Allegretto 15:58

Symphony-Concerto For Cello And Orchestra In E Minor Op. 125
Composed By – Sergei Prokofiev
(38:03)
4 I. Andante 10:14
5 II. Allegro Giusto 17:26
6 III. Andante Con Moto — Allegretto — Allegro Marcato 10:23

Violoncelo – Lynn Harrell
Orchestra – Royal Liverpool Philharmonic Orchestra
Conductor – Gerard Schwarz

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Saudades da Sol Gabetta

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

Ora, ora, ora, uma repostagem? Não, meus caros amigos nada disso. A versão do Celibidache era a versão do Celibidache: lenta, tão lenta que não coube mais nada no CD. Aqui temos uma concepção diferente das Sinfonias Nº 1 e 5, bem dentro do habitual. Se ganhamos uma gravação boa, super-melodiosa e dentro dos padrões, perdemos algo da monumentalidade do Celi. E ganhamos uma versão completa do divertido “Tenente Kijé” e ainda a Marcha do “Amor por Três Laranjas”. Apesar da seriedade da Sinfonia Nº 5 parecer estranha ao resto do repertório, trata-se de um belo CD. A orquestra eslovaca que interpreta as obras mantém intacta a reputação do país de contar com conjuntos extraordinários.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

1. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: I. Allegro 4:16
2. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: II. Larghetto 4:03
3. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: III. Non troppo allegro 1:27
4. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: IV. Molto vivace 4:21
Slovak Philharmonic Orchestra
Gunzenhauser, Stephen, Conductor

5. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: I. Andante 14:08
6. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: II. Allegro marcato 9:00
7. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: III. Adagio 13:33
8. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: IV. Allegro giocoso 10:41
Slovak Philharmonic Orchestra
Gunzenhauser, Stephen, Conductor

9. Lieutenant Kije, Op. 60: I. The Birth of Kije 4:10
10. Lieutenant Kije, Op. 60: II. Romance 4:48
11. Lieutenant Kije, Op. 60: III. Kije’s Wedding 2:57
12. Lieutenant Kije, Op. 60: IV. Troika 3:04
Slovak State Philharmonic Orchestra, Kosice
Mogrelia, Andrew, Conductor

13. The Love for Three Oranges Suite, Op. 33bis: No. 3: March
Slovak State Philharmonic Orchestra, Kosice
Mogrelia, Andrew, Conductor

Total Playing Time: 01:18:03

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Nada mais russo

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Suíte Romeu e Julieta, Op. 64 (Salonen)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Suíte Romeu e Julieta, Op. 64 (Salonen)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O balé Romeu e Julieta de Prokofiev é uma composição dividida em três atos e treze cenas. Foi estreada no dia 11 de janeiro de 1940 no teatro Kirov, em Leningrado, e é, obviamente, baseado na tragédia homônima de William Shakespeare. Prokofiev extraiu deste balé três suítes orquestrais (Op. 64, 64a e Op. 101), além de uma seleção ainda mais reduzida adaptada para o piano (Op. 75). Bem. quem procura esta Suíte não precisa ir além deste magnífico CD. Este é um disco extraordinário e eu gostaria que a CBS tivesse contratado Esa-Pekka Salonen para fazer a versão completa do balé. Tudo começa por Prokofiev, claro, ao selecionar os itens que constariam da Suíte. Eles são admiravelmente paralelos à narrativa, mas também estão dispostos de forma a tornar a escuta contínua muito prazerosa. A execução orquestral é maravilhosamente feliz em seus detalhes: “Julieta – A Jovem” é cativantemente leve e graciosa, enquanto a mais robusta “Máscaras” tem apontamentos rítmicos soberbamente nítidos. O contorno melódico de Salonen é comovente na “Dança do Amor” com um toque das cordas maravilhosamente livre e expressivo, enquanto que, mais tarde, o “Adeus antes da despedida” é igualmente tocante. As duas danças que seguem a “Dança do Amor” fazem um contraste encantador. A “Dança Folclórica” é de total alegria, com violinos delicados contra sopros jocosos e a “Dança com Bandolins” é picantemente colorida com grande efeito. Depois, a “Serenata da Manhã” oferece outro interlúdio de bandolim antes do poderoso desfecho dramático de encerramento. Uma joia!

Serguei Prokofiev (1891-1953): Suíte Romeu e Julieta, Op. 64 (Salonen)

1 A Ordem do Duque 1:36
2 Interlúdio 2:08
3 Preparativos para o baile 1:41
4 Julieta – A Jovem 3:13
5 Chegada dos convidados 3:32
6 Máscaras 2:36
7 Dança dos Cavaleiros 5:50
8 A cena da varanda 1:18
9 Variação de Romeu 1:07
10 Dança de amor 4:53
11 Dança folclórica 3:23
12 Dançar com bandolins 1:51
13 Tybald luta contra Mercutio 1:19
14 Romeu resolve vingar a morte de Mercúcio 2:10
15 Final: Ato II 2:03
16 Adeus antes da despedida 4:58
17 Serenata da Manhã 2:27
18 Funeral de Julieta 5:37
19 Morte de Julieta 3:34

Orquestra Filarmônica de Berlim
Esa-Pekka Salonen

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Prokofiev na mesma cama com Nikolay Nabôkov: não é nada disso que vocês estão pensando!

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 / Maurice Ravel (1875-1937): Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Anna Vinnitskaya

Este CD foi postado originalmente lá em 2018, muita água já passou por baixo da ponte, e como gosto dessa pianista, estou atualizando o Link. 

Vou fazer hoje uma postagem em ritmo acelerado, pois o tempo urge, e em menos de meia hora preciso sair para cumprir minha rotina diária de serviço. Mas antes vou dar aos senhores o prazer de ouvirem novamente este jovem talento, Anna Vinnistskaya, pianista russa nascida em 1983. Aqui ela encara dois dos grandes concertos para piano do século XX, o Segundo de Prokofiev e o em Sol Maior de Ravel. Duas obras primas indiscutíveis.

A moça está muito bem acompanhada aqui pela Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, dirigida por Gilbert Varga, filho de uma lenda do violino, Tibor Varga.

Espero que apreciem.

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 / Maurice Ravel (1875-1937): Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Anna Vinnitskaya

01. Piano Concerto no.2 in G minor, op.16 -Andantino-Allegretto
02. Scherzo Vivace – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.
03. Intermezzo Allegro – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.
04. Allegro tempestoso – Serge Prokofiev piano concerto n2 Gm op16.

05. Concerto pour Piano et Orchestre en Sol Majeur – Allegramente
06. Adagio assai
07. Presto

Anna Vinnistskaya – Piano
Deutsches Symphonie-Orchester Berlin
Gilbert Varga – Director

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FDP

Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Galina Vishnevskaya & Mstislav Rostropovich – Mussorgsky, Shostakovich, Prokofiev

Andei relapso com os trabalhos neste blog, e começo este post com um breve pedido de desculpas por isso; a vida andou um tanto cheia de afazeres e o tempo, esse danado, voou. Mas cá estamos, e vamos em frente. Para tentar me redimir por essa ausência, voltei com um discaço que me acompanha há muitos anos. Nada mais nada menos que Galina Vishnevskaya e seu marido Mstislav Rostropovich gravados ao vivo em Moscou nos anos 60. O repertório, creio, não deixa nem um tiquinho de decepção para quem, em plena terceira década do terceiro milênio, viaja no tempo para a capital russa com essas preciosas gravações: Mussorgsky (1839-1881), Shostakovich (1906-1975) e Prokofiev (1891-1953).

Um detalhe charmoso deste álbum é que nele podemos ouvir Rostropovich em sua múltiplas frentes de atuação: como regente (Mussorgsky), como violoncelista (Shostakovich, op. 127) e como pianista (Shostakovich 0p. 109 e Prokofiev). Slava – como Rostropovich era carinhosamente conhecido – respirava música, era todo colcheias e semifusas e sustenidos da cabeça aos pés, e esse disquinho é como um prisma que revela suas diferentes faces conforme a luz vai mudando de direção.

Shosta e Slava: mais que amigos, friends

E tem mais, bem mais. Com a palavra, Sigrid Neef, no encarte do disco, em livre tradução deste blogueiro:

“Diversas gravações documentam a aclamada parceria entre Vishnevskaya e Rostropovich, a prima donna do Teatro Bolshoi em Moscou e o grande violoncelista virtuoso. Ainda assim, este CD é uma pequena sensação e um golpe de sorte. Gravações de dois concertos foram descobertas no arquivo da antiga gravadora estatal soviética Melodiya. Um deles incluía a lendária estreia do ciclo de canções de Dmitri Shostakovich a partir de poemas de Alexander Blok, seu opus 127, com Galina Vishnevskaya, Mstislav Rostropovich, David Oistrakh e Moisei Vainberg. Era um ensamble verdadeiramente fenomenal e autêntico, porque o compositor escreveu o ciclo com eles em mente e dedicou a peça a Vishnevskaya. Apesar de tudo isso, a Melodiya arquivou a fita e lançou posteriormente uma nova gravação da obra com artistas menos proeminentes, em 1976. Vishnevskaya e Rostropovich haviam sido proscritos pela burocracia cultural soviética.

O delito deles foi ter abrigado em sua dacha o dissidente Alexander Solzhenitsyn, autor do histórico e monumental Arquipélago Gulag, que seria expulso da União Soviética no ano seguinte, 1974. Mais tarde, naquele mesmo ano, Vishnevskaya e Rostropovich deixaram a URSS. Eles perderam a cidadania em 1978, e essa só lhes foi restituída em 1990.

A espetacular história dessa performance é ofuscada por uma sensacional serenidade interior. A cantora e o violoncelista mostram simpatia, amor, bondade e verdade em um mundo cheio de agressividade, crueldade e mentiras. Eles sentiram sua responsabilidade para com a música e, mais que isso, a Deus. Essa é a fonte desse seu feito singular. Há também um senso de maré alta. Todas as composições de Shostakovich presentes foram escritas para Galina Vishnevskaya e dedicadas a ela. Já para a adaptação de Sergei Prokofiev para Akhmatova, não existem no mundo artistas mais apropriados que Vishnevskaya e Rostropovich.”

Sem mais delongas, portanto. vamos ao disco!

Modest Mussorgsky (1839-1881)
Songs and Dances of Death
(orquestrado por Dmitri Shostakovich – estreia mundial)

1 – I. Lullaby
2 – II. Serenade
3 – III. Trepak
4 – IV. The Field-Marshall

Galina Vishnevskaya, soprano
Gorki State Philharmonic Orchestra
Mstislav Rostropovich, regência

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
Seven Romances to Poems by Alexander Blok, op. 127
(estreia mundial)

5 – I. Ophelia´s song
6 – II. Hamayun, the prophetic bird
7 – III. We were together
8 – IV. The city sleeps
9 – V. Storm
10 – VI. Mysterious sign
11 – VII. Music

Galina Vishnevskaya, soprano
David Oistrakh, violino
Mstislav Rostropovich, violoncelo
Moisei Vainberg, piano

Satires, op. 109
Five romances on lyrics by Sasha Chorny

12 – I. To a critic
13 – II. Spring´s awakening
14 – III. The descendants
15 – IV. Misunderstanding
16 – V. The Kreutzer Sonata

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, pino

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Five Poems by Anna Akhmatova, op. 27

17 – I. The Sun has filled my room
18 – II. True tenderness
19 – III. Memory of the Sun
20 – IV. Greetings
21 – V. The king with grey eyes

Galina Vishnevskaya, soprano
Mstislav Rostropovich, piano

As faixas 1 a 4 foram gravadas ao vivo no auditório da Gorki State Philharmonic Society, em 9 de fevereiro de 1963. As faixas 5 a 21 foram gravadas ao vivo na Grande Sala do Conservatório de Moscou, em 23 de outubro de 1967.

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Vishnevskaya e Rostropovich com as filhas em casa, 1959

Karlheinz

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

Eu tinha plena certeza de que esta série já tinha sido postada. Não sei como nem por que isso nunca aconteceu. Já oferecemos algumas outras opções para estes concertos, mas nunca estas aqui.

Provavelmente estas leituras de Ashkenazy para os concertos para piano de Prokofiev são suas melhores gravações já realizadas, junto com seu espetacular Rach, com o mesmo Previn e Sinfônica de Londres.

Nem vou me estender muito nos comentários, deixar que os senhores apreciem estes dois cds que merecem mais que cinco estrelas, com músicos no apogeu de suas carreiras.

O último a baixar é mulher do padre !!!

Serguei Prokofiev (1891-1953) – Integral dos Concertos para Piano (Ashkenazy, Previn, LSO)

CD1

01. Piano Concerto No. 1 in D flat major- I Allegro brioso
02. Piano Concerto No. 1 in D flat major- II Andante assai
03. Piano Concerto No. 1 in D flat major- III Allegro scherzando

04. Piano Concerto No. 4 in B flat major- I Vivace
05. Piano Concerto No. 4 in B flat major- II Andante
06. Piano Concerto No. 4 in B flat major- III Moderato
07. Piano Concerto No. 4 in B flat major- IV Vivace

08. Piano Concerto No. 5 in G major- I Allegro con brio
09. Piano Concerto No. 5 in G major- II Moderato ben accentuato
10. Piano Concerto No. 5 in G major- III Allegro con fuoco
11. Piano Concerto No. 5 in G major- IV Larghetto
12. Piano Concerto No. 5 in G major- V Vivo

CD 2

01. Piano Concerto No.2 in G minor -I- Andantino
02. Piano Concerto No.2 in G minor -II- Scherzo – Vivace
03. Piano Concerto No.2 in G minor -III- Intermezzo – Allegro moderato
04. Piano Concerto No.2 in G minor -IV- Allegro tempestoso

05. Piano Concerto No.3 in C -I- Andante – Allegro
06. Piano Concerto No.3 in C -II- Terna con variazioni
07. Piano Concerto No.3 in C -III- Allegro ma non troppo

Vladimir Ashkenazy – Piano
London Symphony Orchestra
Andre Previn

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A família Prokofiev curtindo a vida na datcha de PQP Bach na Crimeia.

FDP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonata para Piano nº 1 e 6, Danças de Cinderela, Estudos (Argentieri)

Um disco recente com música que eu amo profundamente (principalmente as Sonatas 1 e 6) interpretada por uma pianista jovem e pouco conhecida. Poderia dar errado: não seria a primeira nem a segunda vez se eu parasse o disco no meio e retornasse aos grandes mestres do passado – ou no caso de Prokofiev, dois grandes pianistas ainda vivos mas já na casa dos 70 anos: Sokolov e Raekallio.

A aposta na moça italiana, porém, deu certo: Stefania Argentieri faz um Prokofiev envolvente e escolhe um repertório bastante interessante, começando com obras maduras (Peças de Cinderela, de 1944, 6ª Sonata, de 1940) e passa depois para obras de quando o compositor tinha menos de 20 anos. Nessa abordagem cronológica invertida, é como se a pianista mergulhasse na individualidade de Prokofiev mostrando como ele partiu de ideias que circulavam em sua época e foi criando, aos poucos, um lugar próprio para si.

Com seus ritmos constantes ligados à dança (não por acaso seus balés e música para o palco em geral tiveram tanto sucesso), Prokofiev seria, na sua geração, uma espécie de anti-Debussy. O francês, em sua busca pelos sons do vento e do mar, nunca imitava o ritmo previsível dos relógios. É verdade que o jovem Debussy havia composto, na Suite Bergamasque (de 1890, retocada para publicação em 1905), um minueto e um passepied, duas danças de ritmo constante apesar de extremamente sofisticadas. Mas seu estilo ainda estava em formação. É nos 24 Prelúdios para piano (1909-1913) que a linguagem de Debussy está plenamente formada e ele utiliza ritmos constantes apenas para quebrá-los pouco depois, como em La sérénade interrompue (A serenata interrompida), de nome autoexplicativo, e em Hommage à S. Pickwick Esq. P.P.M.P.C. (Homenagem a um personagem cômico de Charles Dickens). Nesta última, o hino da Grã-Bretanha começa solene e grave, mas logo se torna bem-humorado e grotesco justamente pelas interrupções e irregularidades.

Assim como Debussy, Prokofiev precisou tatear um pouco antes de achar o seu estilo que aparece nas danças extraídas do balé Cinderela e na 6ª Sonata. Na sua 1ª sonata, Prokofiev ainda era um jovem compositor e pianista estudando no Conservatório de São Petersburgo. O estilo às vezes parece imitar o de Scriabin, mas uma imitação muito bem feita, uma cópia de gênio. E nos estudos a figura de Chopin também aparece nas entrelinhas.

Vejamos abaixo, nas palavras extraídas do encarte do álbum por Attilio Cantore (professor em Milão), outros aspectos da relação entre Prokofiev e o vasto e agitado mundo que existia ao redor dele. Nessa verificação da hipótese mais ou menos óbvia de que Prokofiev não era um sábio em sua torre de marfim isolado da música do século XX, o interessante é percebermos como Prokofiev ocupa, no meio dos outros e relacionado a eles, um lugar que ninguém mais poderia ocupar.

Aluno de Liadov, Tcherepnin e Rimsky-Korsakov, de quem assimilou a veia épica, Sergei Prokofiev apareceu na cena russa e internacional bastante jovem. Seu ecletismo encontrou um terreno fértil numa época em que o cenário musical incluía o impressionismo francês, o romantismo sinfônico tardio da Europa central, além do “profeta” Scriabin e Schönberg participando da crise na organização tonal.

Se é verdade que Prokofiev, quando mais maduro, se sentia estrangeiro ao pensamento dodecafônico, é igualmente verdade que em 1911 foi o jovem Prokofiev que estreou na Rússia os Klavierstücke, Op. 11 de Schönberg. Igualmente significante foi a nunca resolvida rivalidade com Stravinsky: uma contínua batalha com o compositor 9 anos mais velho, também formado em São Petersburgo, que levou o mais jovem ao estudo e à assimilação tática e tácita de características de Stravinsky.

A música de Prokofiev oferece um retorno à tonalidade: de um jeito novo, ele cria um mundo tonal cheio de “notas erradas”. Sua escrita, embora mostre diversas influências, parece evitar estratégias codificadas: é uma escrita com suas próprias leis. Mesmo na mesma obra, podem coexistir diferentes princípios de difícil identificação.

Retrato de Prokofiev por Anna Ostroumova – Paris, 1926

Sergei Prokofiev (1891-1953):
Seis peças de Cinderela, op.102
1 I. Valsa: Cinderela e o Príncipe
2 II. Variação de Cinderela
3 III. A disputa
4 IV. Valsa: Cinderela vai para o baile
5 V. Pas de Chale
6 VI. Amoroso
Sonata para Piano nº 6 em lá maior, op. 82
7 I. Allegro Moderato
8 II. Allegretto
9 III. Temp di Valzer, Lentissimo
10 IV. Vivace
11 Sonata para Piano nº 1 em fá menor, op. 1
Quatro Estudos, op. 2
12 No. 1 em ré menor
13 No. 2 em mi menor
14 No. 3 em dó menor
15 No. 4 em dó menor
16 Suggestion Diabolique, op. 4 nº 4

Stefania Argentieri, piano
Recorded at Teastro Giuseppe Curci, Barletta, Italy, 2019

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Stefania Argentieri é professora em Lecce, sul da Itália: no mapa, é o salto alto da bota

Pleyel

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Nona Década (2021-) [Martha Argerich, 82 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-

Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.

Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.


Robert Alexander SCHUMANN
(1810-1856)
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso

Renaud Capuçon, violino

Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en-Provence (França) em 22 de abril de 2022.

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Apesar de já não serem exatamente novidades, por circularem há algumas décadas entre pirat…, er, fãs incondicionais afeitos a compartilhar gravações não oficiais, os muitos registros ao vivo presentes nos oito volumes duplos lançados pelo selo Doremi ao longo do último ano são muito bem-vindos à discografia de Marthinha. Chamo atenção para as sonatas de Beethoven, particularmente sua elétrica – diria até demais! – leitura da “Waldstein” (volume 10) e uma belíssima interpretação da Op. 101 (vol. 11), que, até prova em contrário, são suas únicas para estas obras-primas; uma rara aparição do Concerto no. 3, aquele que ela menos toca entre os três  de Ludwig que estão em seu repertório, e que viria a gravar oficialmente só décadas mais tarde (vol. 9); um Rach 3 ainda menos comum, captado durante a brevíssima janela em que ela o tocou (vol. 13); e colaborações com regentes notáveis como Rafael Kubelík (vol. 13), Lorin Maazel (vol. 10), Claudio Abbado (vols. 10 e 11), além de Charles Dutoit – seu ex-marido, amigo e parceiro artístico de tantas décadas, que se faz presente na maior parte dos tomos dessa coleção, acompanhando Martha por toda parte.

Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro, ma non troppo

Orquestra Sinfónica del SODRE
Charles Dutoit, regência

Gravado em Montevideo (Uruguai) em 14 de junho de 1969

Robert SCHUMANN
Toccata em Dó maior para piano, Op. 7
4 – Allegro

Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17
5 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen. Im Legenden-Ton
6 – Mäßig. Durchaus energisch
7 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
9 – Presto con fuoco

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 6 de setembro de 1966

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
10 – Prélude
11 – Allemande
12 – Courante
13 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
14 – Bourrée I & II
15 – Gigue

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
16 – So rasch wie möglich
17 – Andantino
18 – Scherzo
19 – Rondo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
20 – Très doux

Franz LISZT
Das Harmonies poétiques et religieuses para piano, S. 173:
21 – No. 7: Funérailles

Fryderyk CHOPIN
Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
22 – Allegretto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41:
23 – No. 4 em Lá bemol maior

Das Três mazurcas para piano, Op. 63:
24 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 33:
25 – No. 2 em Ré maior

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
26 – Presto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
27 – No. 2 em Dó maior

Gravado em Edinburgh (Escócia) em 8 de setembro de 1967

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Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice
3 – Allegro con fuoco

Göteborgs Symfoniker
Charles Dutoit, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 27 de outubro de 1972

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Česká Filharmonie
Václav Neumann, regência

Gravado em München (Alemanha Ocidental) em 29 de março de 1971

Ludwig van BEETHOVEN
Das Três sonatas para piano, Op. 10:
No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Minuet. Allegro
10 – Rondo. Allegro

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
11 – Allegro moderato
12 – Sostenuto e pesante
13 – Allegro molto

Fryderyk CHOPIN
Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28
14 – No. 1  em Dó maior
15 – No. 2 em Lá menor
16 – No. 3 em Sol maior
17 – No. 4 em Mi menor
18 – No. 5 em Ré maior
19 – No. 6 em Si menor
20 – No. 7 em Lá maior
21 – No. 8 em Fá sustenido menor
22 – No. 9 em Mi maior
23 – No. 10 em Dó sustenido menor
24 – No. 11 em Si maior
25 – No. 12 em Sol sustenido menor
26 – No. 13 em Fá sustenido maior
27 – No. 14 em Mi bemol menor
28 – No. 15 em Ré bemol maior
29 – No. 16 em Si bemol menor
30 – No. 17 em Lá bemol maior
31 – No. 18: em Fá menor
32 – No. 19 em Mi bemol maior
33 – No. 20 em Dó menor
34 – No. 21 em Si bemol maior
35 – No. 22 em Sol menor
36 – No. 23 em Fá maior
37 – No. 24 em Ré menor

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
38 – Sonata em Ré menor, K. 141

Fryderyk CHOPIN
Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
39 – No. 2 em Fá menor

Gravado em Tokyo (Japão) em 8 de junho de 1976

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó menor, Op. 37
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Lausanne (Suíça) em 17 de outubro de 1973

Fryderyk CHOPIN
Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 41:
4 – No. 1 em Dó sustenido menor

Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
5 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro Mazurcas para piano, Op. 24:
6 – No. 2 em Dó maior

Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47
7 – Andantino

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
8 – Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
9 – Allegro tempestoso

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
10 – Très doux

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 2 e 3 de dezembro de 1967

Fryderyk CHOPIN
Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
11 – No. 1 em Dó menor

Gravado em Warszawa (Polônia), durante o VII Concurso Internacional Chopin (fevereiro e março de 1965)


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
11 – Allegro tempestoso

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
12 – Allegro maestoso
13 – Scherzo. Molto vivace
14 – Largo
15 – Finale. Presto non tanto

Gravado em Ludwigsburg (Alemanha Ocidental) em 1° de abril de 1967

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Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
1 – Allegro con brio
2 – Introduzione. Adagio molto
3 – Rondo. Allegretto moderato – Prestissimo

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
4 – Allegro maestoso
5 – Scherzo. Molto vivace
6 – Largo
7 – Finale. Presto non tanto

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Das Estampes para piano, L. 100:
8 – No. 3: Jardins sous la pluie

Gravado em Tokyo (Japão) em 4 de outubro de 1970

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
9 – Allegramente
10 – Adagio assai
11 – Presto

Radio-Sinfonieorchester Stuttgart
Peter Maag, regência

Gravado em Stuttgart (Alemanha Ocidental) em 10 de outubro de 1969


Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Radio-Sinfonieorchester Berlin
Lorin Maazel, regência

Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 1972

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
4 – Andante
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro, ma non troppo

Orchestre National de la Radiodiffusion Française
Claudio Abbado, regência

Gravado na França em 7 de dezembro de 1967

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de abril de 1973

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo: Allegro scherzando

Česká Filharmonie
Claudio Abbado,
regência

Gravado em Salzburg (Áustria) em 4 de agosto de 1971

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

4 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

NDR Symphonieorchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburg (Alemanha Ocidental) em 8 de novembro de 1971

Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 35
5 – Grave. Doppio movimento
6 – Scherzo
7 – Marche funèbre: Lento
8 – Finale: Presto

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 2 de outubro de 1974


Johann Sebastian BACH
Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807
1 – Prélude
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
5 – Bourrée I & II
6 – Gigue

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
7 – Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
8 – Lebhaft. Marschmäßig
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Robert SCHUMANN
Kinderszenen, para piano, Op. 15
11 – Von fremden Ländern und Menschen – Kuriose Geschichte – Hasche-Mann – Bittendes Kind – Glückes genug – Wichtige Begebenheit – Träumerei – Am Kamin – Ritter vom Steckenpferd – Fast zu ernst – Fürchtenmachen – Kind im Einschlummern – Der Dichter spricht

Gravado em Veneza (Itália) em 10 de fevereiro de 1969

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano em Lá maior, K. 310
12 – Allegro maestoso
13 – Andante cantabile con espressione
14 – Presto

Gravado em Colônia (Alemanha Ocidental) em 8 de setembro de 1960

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Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21
1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace

Detroit Symphony Orchestra
Klaus Tennstedt, regência

Gravado em Detroit (Estados Unidos) em 9 de fevereiro de 1978

Robert SCHUMANN
Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace

Orchestre de l’Office de Radiodiffusion-Télévision Française
Charles Dutoit,
regência

Gravado em Paris (França) em 6 de setembro de 1973

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124

7 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato

Göteborgs Symfoniker
Norman del Mar, regência

Gravado em Göteborg (Suécia) em 18 de março de 1971


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Sergei PROKOFIEV
Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
7 – Allegro inquieto
8 – Andante caloroso
9 – Precipitato

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
10 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
11 – Presto con fuoco

Fryderyk CHOPIN
12 – Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante para piano, Op. 22

Giuseppe Domenico SCARLATTI
(1685-1757)
13 – Sonata em Ré menor, K. 141

Gravado em Toronto (Canadá) em 3 de novembro de 1978

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Wolfgang Amadeus MOZART
Concerto para piano e orquestra no. 25 em Dó maior, K. 503
1 – Allegro Maestoso
2 – Andante
3 – Allegretto

New York Philharmonic
Rafael Kubelík, regência

Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de fevereiro de 1978

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30
4 – Allegro ma non tanto
5 – Intermezzo. Adagio
6 – Finale. Alla breve

Hannover Rundfunk Symphonieorchester
Bernhardt Klee, regência

Gravado em Hannover (Alemanha Ocidental) em 14 de junho de 1979


Johann Sebastian BACH
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio

Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo

Fryderyk CHOPIN

Dos Dois noturnos para piano, Op. 27:
11 – No. 2 em Ré bemol maior

.Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
12 – Presto con fuoco

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
13 – Ondine
14 – Le gibet
15 – Scarbo

Gravado em Saarbrücken (Alemanha Ocidental) em 14 de abril de 1972

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Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo. Allegro scherzando

NDR Orchester
Moshe Atzmon, regência

Gravado em Hamburgo (Alemanha Ocidental) em 23 de agosto de 1976

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
4 – Allegro non troppo e molto maestoso
5 – Andantino semplice
6 – Allegro con fuoco

Orchestre de la Suisse Romande
Charles Dutoit, regência

Gravado em Génève (Suíça) em 24 de outubro de 1973

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano
7 – Très doux

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
8 – Sonata em Ré menor, K. 141


Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
1 – Allegro moderato
2 – Sostenuto e pesante
3 – Allegro molto

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
4 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied

Maurice RAVEL
Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55
5 – Ondine
6 – Le gibet
7 – Scarbo

Fryderyk CHOPIN
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
8 – Allegretto

Dos Dois noturnos para piano, Op. 48
9 – No. 1 em Dó menor

Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39
10 – Presto con fuoco

Gravado em Zürich (Suíça) em 9 de outubro de 1977

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“Siri com Toddy”, diriam alguns, ao verem o lépido trio de Haydn pareado com o demoníaco Concerto no. 3 de Prokofiev, ambos gravados durante participações da Rainha no Festival de Verbier. Mas quem pode reclamar, quando o Haydn é tão lindamente tocado, e o Prokofiev vem num dos melhores registros desta que é, há décadas, uma de suas mais magmáticas intérpretes?

Joseph HAYDN (1732-1809)
Trio para piano, violino e violoncelo no. 39 em Sol maior, Hob.XV:25
1 – Andante
2 – Poco adagio
3 – Rondo all’Ongarese (Presto)

Vadim Repin, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Verbier (Suíça) em 27 de julho de 2000

Sergei PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 30
4 – Andante – Allegro
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro ma non troppo

Verbier Festival Orchestra
Yuri Temirkanov, 
regência

Gravado em Verbier em 20 de julho de 2001

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Falando em reclamar, chegou a minha vez: reconheço os méritos da longa carreira e extraordinária vida de Ivry Gitlis, mas não me conto entre seus fãs como intérprete. Martha, aparentemente, nunca ligou para minha opinião desimportante (no que age muito bem), e foi muito amiga do violinista israelense, a quem acompanhou em muitos recitais, excertos dos quais apareceram nesse volume duplo e meio mal ajambrado da Doremi. Só porque sou implicante, incluí somente as faixas com participação da Rainha – se os aficionados por Gitlis me xingarem o bastante nos comentários, talvez eu lhes traga, algum dia, as faixas que arbitrariamente limei.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para violino e piano no. 18 em Sol maior, K. 301
1 – Allegro con spirito
2 – Allegro

Ludwig van BEETHOVEN
Da Sonata para violino e piano em Fá maior, Op. 24, “Primavera”:
3 – Rondo

Gravado em Lugano (Suíça) em 14 de junho de 2006

Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 –  Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

Friedrich (“Fritz”) KREISLER (1875-1962)
7 – Liebesleid

Gravado em Lugano em 7 de junho de 2003

Claude DEBUSSY
Sonata para violino e piano em Sol menor, L.
140
8 – Allegro vivo
9 – Fantasque et léger
10 – Finale. Très animé

Gravado em Lugano em 24 de junho de 2004

Fritz KREISLER
11 – Schön Rosmarin
12 – Liebesleid

Gravado em Verbier (Suíça) em 24 de julho de 2004

Fritz KREISLER
13 – Schön Rosmarin
14 – Schön Rosmarin (com Shonosuke Okura, tsuzumi)

Gravado em Lugano em 19 de junho de 2011

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A já longa recusa a tocar solo, tanto nos palcos quanto nos estúdios, naturalmente direcionou Marthinha para rumos e repertórios novos como camerista. Suas participações em festivais, em especial o de Lugano, costumam trazer surpresas, entre as quais poucas poderiam ser mais obscuras que o duo pianístico Bilder aus Osten (“Quadros do Oriente”) de Schumann, aqui num arranjo do clarinetista Mark Denemark, e a seleção de peças de Bruch para piano, clarinete e viola (tocada por Lyda, a filha mais velha da Diva) que encerra o disco a seguir.

Robert SCHUMANN
Bilder aus Osten, para piano a quatro mãos, Op. 66
(arranjo de Mark Denemark para piano, clarinete, viola e violoncelo)
1 – Lebhaft
2 – Nicht schnell und sehr gesangvoll zu spielen
3 – Im Volkston
4 – Nicht schnell ‘Chanson Orientale’
5 – Lebhaft
6 – Reuig andächtig

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola
Mark Drobinsky, violoncelo

Gravado em Lugano (Suíça) em 16 de junho de 2007

Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)
Das Oito peças para clarinete, viola e piano, Op. 83:
7 – No. 5: Rumänische Melodie: Andante
8 – No. 6: Nachtgesang: Andante con moto
9 – No. 7: Allegro vivace, ma non troppo
10 – No. 8: Moderato

Mark Denemark, clarinete
Lyda Chen, viola

Gravado em Lugano em 25 de junho de 2009

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A um só tempo celebração dos noventa anos de Rodion Shchedrin e um bom apanhado geral de sua fascinante e multifacetada obra, a compilação a seguir, que reúne gravações ao vivo em diversas edições do Festival de Verbier, nos faz ouvir Martha e seu amicíssimo ex-vizinho Mischa Maisky no Concerto Duplo para violoncelo e piano – a única obra de Shchedrin que tem em seu repertório -, além duma minigaláxia de celebridades musicais que inclui o próprio compositor, um excelente pianista.

Rodion Konstantinovich SHCHEDRIN (1932)
Concerto duplo para piano, violoncelo e orquestra, “Oferenda Romântica”
1 – Moderato quasi andantino
2 – Allegro
3 – Sostenuto assai

Mischa Maisky, violoncelo
Verbier Festival Orchestra
Neeme Järvi,
regência

Gravado em Verbier (Suíça) em 30 de julho de 2012

Antigas Melodias Tradicionais Russas, para violoncelo e piano
4 – Lento un poco rubato
5 – Allegro, ma non troppo
6 – Maestoso
7 – Adagietto
8 – Moderato

Rodion Shchedrin, piano
Sol Gabetta, violoncelo

Duetos Românticos, para piano a quatro mãos
9 – Andante cantabile
10 – Allegro sotto voce
11 – Maestoso con moto
12 – Allegretto moderato, a la gypsy
13 – Allegro, ma non troppo
14 – Andante recitando
15 – (Coda) Prestissimo

Rodion Shchedrin e Roland Pöntinen, piano

16 – Concerto no. 1 para orquestra, ‘Tschastuschi’

Verbier Festival Orchestra
Mikhail Pletnev, 
regência

Improvisos para piano, “Páginas sem Arte”
17 – No. 1, Romantic Etude (Staccato-Etude)
18 – No. 2, Unforgettable Micaëla
19 – No. 3, Music to Chekhov’s Play
20 – No. 4, The Tsar’s Cortege
21 – No. 5, Aria
22 – No. 6, Reminiscenses of Old-Age Romances…
23 – No. 7, The Politician Speaks … !

Yuja Wang, piano

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Um dos veios mais belos e imutáveis da personalidade de Martha é a generosidade com que ela acolhe, prestigia e promove jovens artistas. A suíça Maria Solozobova tinha um pouco mais da metade da idade da Rainha quando tornou-se sua parceira de duo e, como quase sempre acontece com quem dela se aproxima, também sua amiga. O relato seguinte de Maria, parte duma entrevista a uma agência russa, é puro suco de Argerich:

“Nos conhecemos por acaso. As estrelas deviam estar alinhadas, ou algo assim. Certa vez, dei um concerto com a Orquestra Filarmônica do Sul da Alemanha em Konstanz e um amigo nosso, um advogado, me apresentou a uma jovem pianista nos bastidores. Ele disse que precisávamos nos conhecer, pois ela era uma ótima artista. Essa pessoa era Cristina Marton-Argerich, que é casada com o sobrinho de Martha. Cristina e eu imediatamente nos tornamos amigas e começamos a tocar juntas e isso acabou me levando a conhecer Martha. (…) não é fácil conhecer uma artista do calibre de Martha, então pedi a Cristina para me apresentar a ela. Na época, o festival de Martha ainda acontecia em Lugano, então fui para lá e, depois de nos apresentarmos, decidimos nos encontrar e tocar algumas peças juntas, por pura diversão, em casa. Nos encontramos então na casa dela em Genebra [para tocar] a sonata de Franck. Há uma história quanto a esse encontro: fiquei presa em um engarrafamento e cheguei duas horas atrasada. Martha é uma pessoa muito fora do comum: ela quase nunca atende o telefone, então ela me esperou na rua – quer dizer, ela ficou ali o tempo todo, mulher pequena e frágil que ela é. Fiquei terrivelmente envergonhada, pois mal nos conhecíamos na época e ainda não tínhamos nos tornado amigas. Quando tocamos a peça juntas pela primeira vez, parecia tão natural que mal pude acreditar. Nós a executamos perfeitamente do começo ao fim na primeira tentativa, e então ela disse: ‘Vamos para a cozinha comer algumas guloseimas’. Fiquei sem palavras e não pude deixar de perguntar: ‘Podemos tocar mais uma vez?’ Ela se virou e perguntou: ‘Para quê?’ Fiquei novamente sem palavras, mas rapidamente pensei na resposta: ‘Não poderíamos… Só por prazer?’. Martha é muito brincalhona. Ela é tão efervescente, e tem esse olhar brilhante, especial. Ela me olhou bem e disse “Tudo bem”, e tocamos pela segunda vez, de uma forma completamente diferente! Foi incrível, e eu realmente adorei. Ela sente a música tão profundamente, duma maneira tão colorida… As palavras não podem expressar o quão bom foi. Você realmente tem que experimentar para entender”.

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
1 –  Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Finale. Presto

Sergei PROKOFIEV
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a
4 – Moderato
5 – Scherzo. Presto
6 – Andante
7 – Allegro con brio

Maria Solozobova, violino

Gravado em Zürich (Suíça) em 23 de dezembro de 2014

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Acolher jovens como Solozobova não significa, para Martha, deixar de lado seus velhos parceiros na Música. O mais antigo deles é seu conterrâneo Daniel Barenboim, que ela conhece desde os tempos em que ambos eram as mais famosas crianças-prodígio de Buenos Aires.  A gravação a seguir, lançada pelo selo Peral, do próprio Barenboim, não poderia trazer Martha em situação mais confortável: o No. 2 de Beethoven, que ela tocaria de olhos vendados, na companhia de Daniel, com uma orquestra idealizada e burilada pelo próprio ao longo de algumas décadas, e no mesmo venerando palco do Teatro Colón em que ela estreara incríveis… sessenta e seis anos antes!

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

West-Eastern Divan Orchestra
Daniel Barenboim, regência

Gravado no Teatro Colón em Buenos Aires (Argentina), julho de 2015

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Encerrando nosso tributo anual à deusa maior do piano, o Concerto no. 2 de Beethoven volta, pareado com outro cavalo de batalha de Martha: o Concerto em Sol de Ravel, do qual legou à eternidade a gravação para mim definitiva com Abbado, e que ela toca aqui na companhia de seu mais novo queridinho, o israelense Lahav Shani. Shani tem colaborado estreitamente com a Rainha (e talvez tanto quanto denote a ilustração da capa do álbum, que os torna um só ser bicéfalo), ora como pianista, ora frente a Filarmônica de Israel, do qual é atualmente o diretor musical. Cinquenta inacreditáveis anos separam essas duas leituras de Ravel, e é assombroso como a passagem do tempo só se faz notar pela engenharia de som, pois ninguém o diria pela agilidade, elã e consumada arte de Marthinha ao teclado.

Feliz cumple, Reina – e que nunca pares de nos encantar ❤

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 –  Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro

Gravado em Tel Aviv (Israel) em 22 de dezembro de 2019

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra
4 – Allegramente
5 – Adagio assai
6 – Presto

Gravado em Tel Aviv em 24 e 27 de dezembro de 2019

Israel Philharmonic
Lahav Shani, regência

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Ampliar o repertório depois dos oitenta anos? Sim, se tu és Marthinha: ei-la tocando pela primeira vez em público o pouquíssimo conhecido Souvenir de Paganini, um memento musical composto por Chopin aos 19 anos, instigado por um concerto do célebre violinista em Varsóvia.

Vassily

Sergei Prokofiev (1891-1953): Pedro e o Lobo, op. 67 (Rita Lee, Orquestra Nova Sinfonieta, Roberto Tibiriçá)

Sergei Prokofiev (1891-1953): Pedro e o Lobo, op. 67 (Rita Lee, Orquestra Nova Sinfonieta, Roberto Tibiriçá)

Ontem o Brasil perdeu uma de suas maiores artistas: Rita Lee Jones de Carvalho (1947-2023), ou simplesmente Rita Lee, para todos os milhões de pessoas que a temos, eternamente, como rainha. Sequer vou tentar colocar em palavras aqui o que ela representa; tudo soaria pequeno, banal, clichê, e de ontem pra hoje uma boa turma fez isso muito melhor do que eu faria.

Minha pequena homenagem vai na forma de trazer pra vocês este pequeno disco que foi muito, mas muito, mas muito importante na minha vida. Foi seguramente a fita K7 que mais escutei nessa minha caminhada nesse planetinha azul. O clique para a música clássica viria um pouco mais tarde, aos 12 anos, por obra de meu irmão e um par de discos de Vladimir Horowitz e Glenn Gould que ele trouxera de uma viagem aos Estados Unidos.

Mas as sementes foram lançadas com aquela fitinha K7 que trazia Rita Lee narrando Pedro e o Lobo, op. 67, de Sergei Prokofiev, junto com a Orquestra Nova Sinfonieta regida por Roberto Tibiriçá. O fascínio, o estímulo à imaginação e à fantasia, a crença no poder mágico dos sons organizados em forma de música: estava tudo ali. Era o começo de uma jornada de vida inteira pelas maravilhas do som e dos instrumentos.

Por isso, e por mais um tantão de coisa: obrigado, Rita! Que a volta aí pras estrelas seja bacana…

 

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Pedro e o Lobo, op. 67
fábula sinfônica para crianças

Rita Lee, narração
Orquestra Nova Sinfonieta
Roberto Tibiriçá, regência

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Karlheinz

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Este é um daqueles discos tão bem interpretados — orquestra, solistas, regente — que nos convence de qualquer coisa. O trabalho de Sokhiev e seus pupilos é esplêndido, a captação do som é notável e até Rach fica parecendo muito bom. Falo sério!

O Concerto Nº 2 para Violino de Prokofiev é muito bonito — é uma de minhas músicas preferidas neste mundo –, dois belos movimentos rápidos circundam um sublime e apaixonado movimento central. Pouco antes de seu regresso definitivo à Rússia, em 1935, na mesma época em que trabalhava no balé Romeu e Julieta, Prokofiev compôs este maravilhoso Concerto. Trata-se de sua última obra composta no Ocidente.

Já a composição das Danças — pero no mucho — Sinfônicas permitiu a Serguei Rachmaninov um mergulho nas lembranças de sua antiga Rússia. Última de suas obras, as Danças são como um resumo de sua vida de compositor. De grande variedade rítmica e lirismo, a obra é plena de reminiscências dos cantos da Igreja Ortodoxa Russa e de citações de obras do próprio Rachmaninov, além de Rimsky-Korsakov, Stravinsky e outros.

Serguei Prokofiev — Violin Concerto No.2 In G Minor, Op. 63
Violin – Geneviève Laurenceau
1 – Allegro Moderato
2 – Andante Assai
3 – Allegro, Ben Marcato

Serguei Rachmaninov — Symphonic Dances, Op. 45
4 – Non Allegro
5 – Andante Con Moto (Tempo Di Valse)
6 – Lento Assai – Allegro Vivace – Lento Assai. Come Prima – Allegro Vivace

Geneviève Laurenceau, violin
Orchestre National Du Capitole De Toulouse
Tugan Sokhiev

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Geneviève Laurenceau posando para nosso blog na Cathédrale Athée du Son Moderne de Toulouse (propriedade da PQP Bach Corp.)

PQP

Rachmaninov (1873 – 1943) • Scriabin (1872 – 1915) • Ligeti (1923 – 2006) • Prokofiev (1891 – 1953): Yuja Wang – Recital de Berlim (2018) • PQP-Originals ֍

Rachmaninov (1873 – 1943) • Scriabin (1872 – 1915) • Ligeti (1923 – 2006) • Prokofiev (1891 – 1953): Yuja Wang – Recital de Berlim (2018) •  PQP-Originals ֍

Rachmaninov • Scriabin

Ligeti • Prokofiev

Peças para Piano

Yuja Wang

 

 

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

150 anos de nascimento

&

György Ligeti (1923 – 2006)

100 anos de nascimento

O pessoal do PQP Bach Pâtisserie Gourmet caprichou no bolo do Ligeti!

Mais uma postagem comemorativa, agora com dois homenageados! Para prestar essa homenagem trazemos a reedição de uma postagem feita pelo PQP Bach em 2020 – o Recital de Berlim de Yuja Wang (2018).

Yuja Wang é uma pianista sensacional e coloca aqui toda a sua arte a brilhar em um programa que demanda certa atenção do ouvinte, pois foge do óbvio.

Aqui está o texto da postagem original e o selo da série PQP-Originals:

 

Yuja Wang e Khatia Buniatishvili são livres para se vestirem como quiserem. É justo. Mas boa parte do público as conhece mais através das pernas de uma e dos seios e costas da outra do que por suas qualidades musicais. É injusto. Wang é efetivamente uma tremenda pianista, mas creio que o mesmo não se possa dizer de Buniatishvili, uma instrumentista que aposta apenas na emoção. Para comprovar o que digo, este CD da DG venceu vários prêmios de melhor disco eruditosolo de 2019. Isto é, Wang merece ser ouvida. O Ligeti e o Prokofiev dela são sensacionais. Já Rachmaninov e Scriabin são compositores tão estranhos a meu gosto que não vou falar. A 8ª Sonata de Prokofiev é notavelmente interpretada. Como Sviatoslav Richter, ela consegue integrar o poder e o lirismo que caracterizam os longos movimentos externos. Ao manter o Andante sognando estável, elegante e discreto, os toques expressivos de Wang tornam-se ainda mais significativos. Dos três Estudos de Ligeti, o Vertige é o melhor, e raramente soou tão suave e transparente.

Decidi fortalecer o pacote adicionando ao arquivo musical mais dois Estudos de Ligeti e uma outra Sonata para Piano de Scriabin, que fazem parte de um outro disco de Yuja Wang, chamado Sonatas e Estudos, postado também pelo PQP Bach, em 2016.

Assim temos um pacote com peças bastante representativas dos dois homenageados que certamente lhe abrirão o apetite por mais e umas sonatas para piano de dois conterrâneos e bem conhecidos de Rachmaninov. As Sonatas de Scriabin estão espetaculares e a interpretação da Sonata de Prokofiev foi elogiada pelo PQP Bach!

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

  1. Prelude Op. 23 No. 5 em sol menor
  2. Etude-Tableaux, Op. 39, No. 1 em dó menor
  3. Étude-Tableaux, Op. 33, No. 3 em dó menor
  4. Prelude Op. 32 No. 10 em si menor

Alexander Scriabin (1872 – 1915)

  1. Sonata para Piano No. 10, Op. 70

György Ligeti (1923 – 2006)

Études Pour Piano

  1. No. 3 “Touches bloquées”
  2. No. 9 “Vertige”
  3. No. 1 “Désordre”
  4. No. 4 “Fanfares” (Faixa Extra)
  5. No. 10 “Der Zauberlehrling” (Faixa Extra)

Alexander Scriabin (1872 – 1915)

Sonata para Piano No. 2 em sol sustenido menor “Sonate-Fantasie”

  1. Andante (Faixa Extra)
  2. Presto (Faixa Extra)

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Piano Sonata No. 8 in B flat major, Op. 84

  1. Andante dolce
  2. Andante sognando
  3. Vivace

Yuja Wang, piano

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FLAC | 307 MB

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MP3 | 320 KBPS | 215 MB

As peças de Rachamaninov são dois famosos Prelúdios, peças com as quais ele ganhou a atenção do mundo musical bem no início da carreira, além de dois Estudos-Tableau. Ou seja, estudos, mas que também contam uma história. Eu sempre tomo como referência algumas das peças de Mussorgsky, que compõem a suíte Quadros de Uma Exposição.

Aproveite!

Luminosa!

As postagens originais:

Chopin · Scriabin · Liszt · Ligeti: Sonatas para Piano e Estudos

Rachmaninov / Scriabin / Ligeti / Prokofiev: The Berlin Recital (Yuja Wang)

PQP Bach Quizz: Qual ator você escolheria para fazer o papel de György Ligeti?

Bartók: Contrastes / Milhaud: Suíte para Violino, Clarinete & Piano / Khachaturian: Trio para Clarinete, Violino, & Piano / Prokofiev: Overture On Hebrew Themes para Clarinete, 2 Violinos, Viola, Cello & Piano (de Peyer, Hurwitz*, Crowson, Members Of The Melos Ensemble Of London)

Bartók: Contrastes / Milhaud: Suíte para Violino, Clarinete & Piano / Khachaturian: Trio para Clarinete, Violino, & Piano / Prokofiev: Overture On Hebrew Themes para Clarinete, 2 Violinos, Viola, Cello & Piano (de Peyer, Hurwitz*, Crowson, Members Of The Melos Ensemble Of London)

Sem dúvida, as duas obras mais interessantes deste LP/CD são Contrastes, de Béla Bartók e o Trio de Khachaturian. A extraordinária Contrastes é uma composição de 1938 baseada em melodias de dança húngaras e romenas. Bartók escreveu a obra em resposta a uma encomenda do clarinetista Benny Goodman. Na época, o compositor já residia nos EUA, fugido do nazismo. Aram Khachaturian é geralmente celebrado como o principal compositor armênio do século XX, fazendo a junção da música clássica européia com elementos marcantes da música folclórica de seu país. Excelente maestro e professor, Khachaturian é lembrado hoje principalmente por sua música orquestral que compreende sinfonias, concertos, música para balé e filmes. Ele nasceu e foi criado em Tbilisi, Geórgia (então parte do império russo). Aos dezessete anos mudou-se para Moscou para buscar uma educação superior, primeiro em biologia, depois em performance de violoncelo e finalmente composição. Após anos de estudo e prática, Khachaturian alcançaria uma reputação internacional atraindo elogios de Prokofiev e Shostakovich, que, como o próprio Khachturian, ganhou prêmios e censuras fulminantes do estado soviético. Embora tenha escrito pouca música de câmara, em 1932 Khachaturian compôs um maravilhoso trio em três movimentos para clarinete, violino e piano. Este é magistral e único, uma mostra perfeita da mistura de elementos folclóricos clássicos e exóticos de Khachaturian, particularmente enfatizados pela instrumentação colorida. O primeiro movimento cujo título é Andante con dolore, con molto espressione, imediatamente evoca um novo mundo sonoro. Aqui e ao longo do trio, você ouve melodias ondulantes que evocam cantos emotivos e improvisados. O segundo movimento celebra a dança. O final mais moderado é um tema e variações baseadas em uma melodia folclórica uzbeque.

Bartók: Contrastes / Milhaud: Suíte para Violino, Clarinete & Piano / Khachaturian: Trio para Clarinete, Violino, & Piano / Prokofiev: Overture On Hebrew Themes para Clarinete, 2 Violinos, Viola, Cello & Piano (de Peyer, Hurwitz*, Crowson, Members Of The Melos Ensemble Of London)

Contrasts, For Violin, Clarinet & Piano
Composed By – Bartók
1st Movement: Verbunkos (Recruiting Dance) – Moderato, Ben Ritmato
2nd Movement: Pihenö (Relaxation) – Lento
3rd Movement: Sebes (Fast Dance) – Allegro Vivace

Suite For Violin, Clarinet & Piano
Composed By – Milhaud
1st Movement: Ouverture
2nd Movement: Divertissement
3rd Movement: Jeu
4th Movement: Introduction Et Final

Trio For Clarinet, Violin & Piano
Composed By – Khachaturian
1st Movement: Andante Con Dolore, Con Molto Espressione
2nd Movement: Allegro
3rd Movement: Moderato

Overture On Hebrew Themes, Op. 34 For Clarintet, 2 Violins, Viola, ‘Cello & Piano
Composed By – Prokofiev

Cello – Terence Weil
Clarinet – Gervase de Peyer
Ensemble – Members Of The Melos Ensemble Of London
Piano – Lamar Crowson
Viola – Cecil Aronowitz
Violin – Emanuel Hurwitz, Ivor McMahon

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Um sofá de peso: Prokofiev, Shostakovich e Khachaturian de papo em 1945

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Nº 6, Op.111

“Os dolorosos resultados da guerra”, disse Prokofiev sobre sua 6ª sinfonia.

O primeiro movimento é tenso em alguns momentos, delicado em outros. Às vezes o naipe de metais parece interromper o andar da carruagem, o que traz à memória as sinfonias de Shostakovich (os dois devem ter se influenciado mutuamente, mas Shosta deve ter imitado mais seu colega 15 anos mais velho com mais frequência do que o inverso). Aliás, Shostakovich foi uma das cerca de 30 pessoas no funeral de Prokofiev enquanto a multidão chorava por Stalin.

O longo movimento lento (“largo“) segue o clima do anterior e deixa tudo ainda mais enigmático, como se Prokofiev estivesse jogando sem abrir as cartas que tem na mão: elas vão aparecendo uma por uma e não vemos a mão inteira. No último movimento, com interrupções de metais que lembram Shosta mas dessa vez mais circenses e menos sérias, novamente o clima é de enigma… e o fim da sinfonia é sui generis, porque Prokofiev termina do jeito que outros começam. Senão, vejamos…

A 6ª de Prokofiev termina com percussões enunciando o mesmo tema rítmico da 5ª sinfonia de Beethoven. Se a 5ª de Mahler também começava com essa célula rítmica de curto-curto-curto-longo, como uma pergunta que inicia as discussões, nesta 6ª de Prokofiev a pergunta fica no fim, obviamente sem resposta. Deve ser por isso que – nos ensina a wikipedia em inglês – durante os ensaios para a primeira apresentação, Prokofiev descreveu a coda (fim) da sinfonia como “questões colocadas para a eternidade”.

Para uma gravação ao vivo desta sinfonia que enfatiza os aspectos rítmicos e essa “pergunta final”, confira neste blog da concorrência. Mas esta interpretação aqui, com a orquestra de Köln e o maestro russo Kitajenko, tem outra proposta igualmente válida, mais lenta e pensativa no movimento central e mais pesada, brutalista, nos outros movimentos.

Sergei Prokofiev: Symphony No. 6 in E flat minor, op. 111
I. Allegro moderato
II. Largo
III. Vivace

Gürzenich-Orchester Köln
Dimitri Kitajenko
Recorded: Kölner Philharmonie, 12/2007

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PS: Querem ter uma ideia do tramanho do repertório sinfônico russo e soviético?
Desde a década de 1990, quando saiu da Rússia em desintegração, Dimitri Kitajenko construiu uma sólida reputação na Alemanha, Suíça e Coreia do Sul regendo praticamente só música russa e soviética (não estritamente russa, pois inclui gente como o armênio Khachaturian). Em uma entrevista, ele disse:

Em Moscou [até 1990], eu conduzi as obras sinfônicas completas de Richard Strauss e também a estreia russa da oitava de Mahler. Mas hoje, as orquestras me chamam principalmente para o repertório russo. Elas querem um intérprete autêntico dessa música. E eu devo dizer que uma grande parte do repertório russo – pense nos Sinos de Rachmaninoff, em Ivan o Terrível de Prokofiev, nas sinfonias de Scriabin… – é ainda pouco conhecida na Europa. Talvez seja uma certa missão para mim reger esse tipo de música e torná-la mais popular.

D. Kitajenko e F.X. Roth, nos camarins em 2016 após uma apresentação da orquestra de Köln da qual o russo é o maestro honorário e o francês o maestro principal

Pleyel

Sibelius / Prokofiev / Glazunov: Concertos para Violino (Heifetz)

Sibelius / Prokofiev / Glazunov: Concertos para Violino (Heifetz)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Jascha Heifetz, alguma dúvida? Aqui ele toca o espetacular e ultra-solado Concerto de Sibelius, o bom Concerto de Prokofiev com seus esplêndidos segundo e terceiro movimentos e outro bem ruinzinho de Glazunov, autor cujo maior mérito foi o ter sido professor de Shostakovich, que não o suportava nem como compositor e muito menos como autor. BAITA DISCO!

Jean Sibelius (1865-1957)

Violin concerto in D minor, op. 47
Chicago Symphony Orchestra
Walter Hendl

Sergei Prokofiev (1891-1953)
Violin concerto No. 2 in G minor, op. 63
Boston Symphony Orchestra
Charles Munch

Alexander Glazunov (1865-1936)
Violin concerto in A minor, op. 82
RCA Victor Symphony Orchestra
Walter Hendl

Jascha Heifetz, violin

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Heifetz: esse tocava

PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para 2 Violinos (Emerson)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Quartetos de Cordas Nº 1 e 2 / Sonata para 2 Violinos (Emerson)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Prokofiev, com outros artistas soviéticos, foi evacuado das principais cidades quando os nazistas quebraram seu pacto de não agressão e invadiram a União Soviética em 1941. Em 8 de agosto de 1941, Prokofiev viajou para Nalchik com outros artistas, entre eles seu amigo Nikolai Myaskovsky, atores como a viúva de Anton Tchékhov e outros. Prokofiev ficou na cidade de Nalchik, na região de Kabardino-Balkar, no Cáucaso do Norte, cerca de 1.400 quilômetros ao sul de Moscou (próximo da fronteira com a Turquia e os mares Negro e Cáspio).

Durante esta estadia, Prokofiev foi instruído por um funcionário do governo a escrever um quarteto usando temas folclóricos de Kabardino-Balkar e escreveu este Quarteto de Cordas Nª 2, com temas baseados em melodias, ritmos e texturas folclóricas. O caráter da música folclórica é evidenciado pela imitação de instrumentos orientais dedilhados e de percussão, combinados com o uso engenhoso de efeitos sonoros. O acompanhamento de fundo no segundo movimento tenta imitar a execução de um instrumento de cordas do Cáucaso, o kjamantchi. Este Quarteto é belíssimo!

O Quarteto de Cordas Nº 1 foi encomendado pela Biblioteca do Congresso estadunidense. O Quarteto foi apresentado pela primeira vez em Washington em 25 de abril de 1931 pelo Quarteto Brosa e em Moscou em 9 de outubro de 1931 pelo Quarteto Roth.

A Sonata para Dois Violinos foi compostas em 1932 durante as férias perto de St. Tropez, Foi uma encomenda para concluir o concerto inaugural da Triton, uma sociedade sediada em Paris dedicada à apresentação da nova música de câmara. Esse concerto foi realizado em 16 de dezembro de 1932. No entanto, com a permissão do compositor, a sonata foi executada pela primeira vez três semanas antes em Moscou, em 27 de novembro de 1932. Baita música.

Este CD vale pelo Quarteto Nº 2 e pela Sonata.

Sergei Prokofiev (1891-1953) – String Quartet No. 1 in B minor, Op. 50, Sonata for 2 violins in C major, Op. 56 e String Quartet No. 2 in F major (‘Kabardinian’), Op. 92

String Quartet No. 1 in B minor, Op. 50
01. 1. Allegro
02. 2. Andante molto – Vivace
03. 3. Andante

Sonata for 2 violins in C major, Op. 56
04. 1. Andante cantabile
05. 2. Allegro
06. 3. Commodo (quasi Allegretto)
07. 4. Allegro con brio

String Quartet No. 2 in F major (‘Kabardinian’), Op. 92
08. 1. Allegro sostenuto
09. 2. Adagio
10. 3. Allegro – Andante molto – Quasi Allegro 1, ma non poco più tranquillo

Emerson String Quartet

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O Emerson tomando café na datchazinha da PQP Bach Corp, na beira do Mar Cáspio

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonata para Piano nº 9, Visions Fugitives, Toccata, Estudos, etc. (Raekallio)

A nona e última sonata para piano de Prokofiev foi composta entre 1945 e 47, poucos anos após as “sonatas de guerra”. Mas é bastante diferente daquelas: mais introspectiva, alternando entre melodias líricas tranquilas e assobiáveis e algumas passagens mais apressadas, ela não tem arroubos de virtuosismo tão impressionantes quanto as sonatas nº 6 e 7. Lembra um pouco as últimas sonatas de Beethoven no sentido de ser uma música mais madura, um pouco difícil de se gostar, mas com muitas recompensas para quem se aventurar. Foi dedicada a Sviatoslav Richter e aparentemente era uma das preferidas dele, que a manteve no seu repertório por muito tempo, junto com as sonatas nº 2, 4, 6, 7 e 8.
Compostas em 1915-1917, as Visões Fugitivas de Prokofiev são peças curtas e poéticas, assim como os Prelúdios de Debussy e os Gitanjali-Hymner de Langgaard, todos eles publicados na mesma década. Mas ao contrário das miniaturas de Debussy e de Langgaard, com títulos poéticos como “A catedral submersa”, “A porta do vinho” ou “Vento sem repouso”, as curtas obras de Prokofiev têm apenas os nomes dos andamentos (“Ridicolosamente”, “Allegretto tranquillo”, “Con una dolce lentezza”…) de forma que elas podem significar o que o pianista e o ouvinte quiserem que elas signifiquem. E a ordem das peças tradicionalmente foi livre: pianistas como V. Sofronitsky, S. Richter, E. Gilels e mais recentemente N. Freire e D. Thai-Son, todos esses selecionaram umas 8 ou 10 dessas peças em seus recitais. Os três primeiros conheceram Prokofiev, então supomos que o compositor aprovava essa seleção que, para alguns puristas, pode parecer estranha.

Sobre os Sarcasmos, op. 17, e os Contos de uma velha avó, op. 31, sejamos sinceros: pouca gente se lembra deles a não ser nesse tipo de integral. Os Estudos são apenas um pouco mais conhecidos. Já a Toccata, op. 11 é uma peça de bravura escolhida por muitos jovens pianistas: V. Horowitz e M. Argerich a gravaram aos 26 e aos 19 anos respectivamente.

Sobre as 10 Peças de Romeu e Julieta, Op. 75, a história é longa e mereceria ser contada em detalhes. Mas vou resumir: essa versão para piano é correlata à 1ª versão do balé, de 1935, jamais encenado por um motivo que chocou o regime soviético: era um Romeu e Julieta alegre e com desfecho positivo em que o casal ia embora dançando, felizes para sempre. Alguém no regime stalinista deve ter achado que o final era uma crítica a fulano ou sicrano… Podemos (ou melhor, não podemos!) imaginar as paranoias que rolavam naquele contexto. Enfim, a obra não foi encenada, o dramaturgo responsável pelo libretto (Adrian Piotrovsky) ficou mal falado e, após outro escândalo com um balé de Shostakovich, foi preso e fuzilado em novembro de 1937. Como dizia o poeta: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas.”

Isso para não acharmos que a vida de Prokofiev foi moleza. Mas não esperem aqui uma música pesada e fria como o ar em Moscou: ao contrário de algumas das sinfonias de Prokofiev que expressam uma seriedade maior, aqui o clima é frequentemente saltitante e as interpretações de Raekallio pendem sempre para os andamentos rápidos.

A escrivaninha e demais móveis de Prokofiev nos anos 1940-50

Sergey Prokofiev (1891-1953) – Complete Piano Sonatas, Visions Fugitives, etc. – CDs 3-4 de 4 (Raekallio)

CD 3
1-4 – Sonata No.9 in C major Op.103: I. Allegretto, II. Allegro strepitoso, III. Andante tranquillo, IV. Allegro con brio, ma non troppo presto
5-8 – 4 Etudes, Op. 2: I. Allegro, II. Moderato, III. Andante Semplice, Presto, IV. Presto Energico
9 – Toccata In D Minor, Op. 11
10-14 – Sarcasms, Op. 17

CD 4
1-20 – Visions Fugitives, Op. 22
21-24 – Old Grandmother’s Tales, Op. 31
25-34 – 10 Pieces From Romeo And Juliet, Op. 75

Matti Raekallio, piano
Original releases: 1988-1999

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Piano Bechstein que pertenceu a Sergey Prokofiev

As fotos nesta postagem são da casa onde Prokofiev viveu de 1947 a 53. Hoje é um museu. Saiba mais em https://www.moscovery.com/sergei-prokofiev-museum/

Pleyel

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano, nº 1 a 8 (Raekallio)

Ao contrário de gente como Dutilleux, Berg, Bacewicz ou Shostakovich, que compuseram apenas uma ou duas sonatas para piano, Prokofiev nos deixou nove sonatas. Ouvi-las em sequência nos diz muito sobre sua trajetória musical.

A 1ª sonata (1907-1909) é praticamente uma sonata de Scriabin composta por Prokofiev. O uso nervoso das dissonâncias e do cromatismo, assim como a forma concentrada em um único movimento, lembra muito as últimas sonatas desse compositor russo 20 anos mais velho que Prokofiev, como a 7ª (aqui) ou a 9ª (aqui). É um Prokofiev que não soa exatamente como Prokofiev, mas não deixa de ser fascinante e é uma pena que pouca gente toque essa sonata de juventude.

A 2ª sonata, estreada pelo compositor ao piano em 1914, já tem várias características que costumamos associar a Prokofiev: o sarcasmo e a presença de algumas passagens mecânicas, meio industriais, típicas daquele período em que Villa-Lobos e Honneger tentavam expressar musicalmente o andar de um trem.

A 3ª e a 4ª sonata foram finalizadas em 1917, pouco antes da 1ª Sinfonia (“Clássica”), mas se baseiam em melodias antigas, daí o subtítulo “de velhos cadernos”. A 3ª, concentrada em um só movimento, é mais agressiva, enquanto a 4ª é mais calma e neoclássica.

A 5ª, também um pouco introvertida e neoclássica, é uma das raras composições para piano solo do período em que Prokofiev circulava entre Paris e os Estados Unidos, fugindo das guerras revolucionárias do período pós-1917. Nesse período, ele se dedicou mais a obras para os palcos: balés e óperas, além dos brilhantes Concertos para Piano nº 3, 4 e 5.

As chamadas “sonatas de guerra”, nº 6, 7 e 8, foram compostas a partir de 1939 (pouco antes da URSS entrar na 2ª Guerra). Prokofiev já vivia em Moscou desde 1936 e essas obras logo alcançaram um imenso sucesso de público e de crítica, junto com a 5ª sinfonia e o balé Cinderella (ambos de 1944). Na 6ª sonata, a valsa lenta (Tempo di valzer lentissimo) é um dos seus momentos mais sublimes e nesta gravação, Raekallio toca menos lento do que outros, como Pogorelich, mas ele faz a valsa se desenrolar com um tempo rubato, uma respiração muito suave, mesmo que não tão devagar.

A 7ª sonata consegue ser, ao mesmo tempo, intelectualmente estimulante e exibicionista, deixando plateias boquiabertas com as proezas pianísticas, sobretudo no último andamento, “precipitato” em 7/8, com harmonias que lembram também o jazz. A 8ª sonata, mais calma e com melodias muito bonitas, começa “andante dolce”, depois “sognando” e apenas no 3º movimento, “vivace”, temos um pianismo exuberante.

O pianista finlandês Matti Raekallio mostra aspectos novos dessas sonatas: não é uma daquelas gravações integrais em que a música soa meio uniforme e mecânica, pelo contrário, as sonoridades são bem variadas, às vezes pesadas e extravagantes, às vezes com um fraseado sutil que lembra a voz humana.

Sergey Prokofiev (1891-1953) – Complete Piano Sonatas, Visions Fugitives, etc. – CDs 1-2 de 4 (Raekallio)
CD 1
1 – Sonata No.1 in F minor Op.1 – Allegro
2 – Sonata No.2 in D minor Op.14 – I. Allegro, ma non troppo
3 – II. Scherzo. Allegro marcato
4 – III. Andante
5 – IV. Vivace
6 – Sonata No.3 in A minor Op.28 – Allegro tempestoso
7 – Sonata No.4 in C minor Op.29 – I. Allegro molto sostenuto
8 – II. Andante assai
9 – III. Allegro con brio, ma non leggiero
10 – Sonata No.5 in C major Op.38 – I. Allegro tranquillo
11 – II. Andantino
12 – III. Un poco allegretto

CD 2
1 – Sonata No.6 in A major Op.82 – I. Allegro moderato
2 – II. Allegretto
3 – III. Tempo di valzer lentissimo
4 – IV. Vivace
5 – Sonata No.7 in B-flat major Op.83 – I. Allegro inquieto
6 – II. Andante caloroso
7 – III. Precipitato
8 – Sonata No.8 in B-flat major Op.84 – I. Andante dolce. Allegro moderato
9 – II. Andante sognando
10 – III. Vivace

Matti Raekallio, piano
Original releases: 1988-1999

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Retrato de Prokofiev por Anna Ostroumova – Paris, 1926

Pleyel

Sergei Prokofiev (1891-1953): Scythian Suite / Symphony No. 5 (Celibidache, Stuttgart)

Sergei Prokofiev (1891-1953): Scythian Suite / Symphony No. 5 (Celibidache, Stuttgart)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um tremendo disco! Uma linda gravação ao vivo com Celi em grande forma. Aliás, Celibidache não apreciava os estúdios, preferindo sempre os registros ao vivo. Concordo com ele. Ao vivo, no ambiente de concerto, tudo fica muito melhor. A Quinta Sinfonia foi composta em 1944 e estreada em Moscou a 13 de janeiro de 1945, sob a regência do próprio compositor. Segundo Sviatoslav Richter, a obra é reflexo de “uma alcançada maturidade interior e uma volta ao passado”. Para ele, o compositor olhava “para a própria vida e para tudo o que aconteceu”. Prokofiev tinha retornado ao momento anterior do exílio de dezessete anos e revivia seu passado como artista e como homem. Mesmo tolhido artisticamente, viu que era preciso dar uma face russa a sua obra. A Quinta Sinfonia foi escrita quinze anos após a Quarta e dez anos após o reingresso de Prokofiev na Rússia. Nesse hiato, o compositor viu seu estilo de composição sofrer uma transformação considerável e buscava inspiração na força melódica autêntica do seu país, em suas raízes: “o estrangeiro não combina com minha inspiração, porque eu sou russo e a coisa pior para um homem como eu é viver no exílio. Devo voltar. Devo ouvir ressoar ao ouvido a língua russa, devo falar com as pessoas, a fim de que possa restituir-me o que me falta: os seus cantos, os meus cantos.” Sobre a Quinta Sinfonia, ele disse: “esta música amadureceu dentro de mim, encheu minha alma” […] “não posso dizer que escolhi estes temas, eles nascem em mim e devem se expressar”. A volta ao país natal se desdobrou no retorno às raízes musicais de sua juventude, na qual demonstrara amar profundamente a música de Haydn. A simplicidade e inocência das composições de Haydn eram vistas por Prokofiev como exemplo de clareza e sofisticação. O regresso à natureza neoclássica da Primeira Sinfonia deveu-se mais ao renascimento em si do espírito haydniano que propriamente pela censura impingida à sua música pelo Comitê Central do Partido Comunista. Ao compor nos moldes do “realismo socialista”, Prokofiev inaugurou uma fase chamada por ele de “nova simplicidade”. Nas palavras do compositor: uma “linguagem musical que possa ser compreendida e amada por meu povo”. Simples, sem ser simplista, ele fez sua música retornar ao predomínio do elemento melódico, à transparência na orquestração e à nitidez da forma, de acordo com as normas clássicas. Se os movimentos lentos I e III – Andante e Adagio – se vestem de uma ternura elegíaca e de introspecção, os allegros II e IV, um scherzo e um finale refletem o puro humor advindo de Haydn. Desse contraste, sem dores nem tristezas, nasceu uma das obras mais célebres da música soviética, definida pelo compositor como o “canto ao homem livre e feliz, à sua força, à sua generosidade e à pureza de sua alma”.

Adaptado deste texto de Marcelo Corrêa para a Filarmônica de Minas Gerais.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Scythian Suite / Symphony No. 5 (Celibidache, Stuttgart)

Scythian Suite Op. 20
1 The Adoration Of Veless And Ala (Allegro Feroce – Poco Meno Mosso – Poco Meno Lento) 6:29
2 The Enemy God And The Dance Of The Spirits Of Darkness (Allegro Sostenuto) 3:21
3 Night (Andantino – Poco Più Mosso) 6:54
4 The Glorious Departure Of Lolly And The Sun’s Procession (Tempestoso – Un Poco Sostenuto – Allegro – Andante Sostenuto) 6:17

Symphony No. 5 In B Flat Major Op. 100
5 Andante 12:50
6 Allegro Marcato 9:02
7 Adagio 13:52
8 Allegro Giocoso 9:31

SWR Stuttgart Radio Symphony Orchestra
Sergiu Celibidache

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Celi com seu grupo de heavy metal

PQP

Mariss Jansons / Concertgebouw Orchestra – The Radio Recordings 1990-2014 – CDs 10-13 de 13

Nascido em Riga durante a Segunda Guerra mundial, Mariss Jansons passou a primeira infância escondido dos nazistas com sua mãe, uma cantora de ópera judia. Na década de 1950, mudou-se com seu pai para Leningrado (hoje São Petersburgo), onde aos 30 anos foi nomeado maestro substituto do grande Yevgeny Mravinsky.

Estudaria também com Hans Swarowsky em Viena e com Karajan em Salzburg. Aprendeu muito, é claro, com esses maestros do período jurássico, trazendo parte dessa sonoridade grandiosa das orquestras soviéticas e austro-germânicas de meados do século XX, mas atualizando tudo como um homem do seu tempo. Raramente se ouve uma de suas interpretações e se pensa “nossa, que surpresa!” Ao mesmo tempo, raras são as decepções e raras as escolhas excêntricas.

Após seu sucesso com a Filarmônica de Oslo (Noruega) entre 1979 e 2002, Jansons torna-se em 2004 o Maestro Principal da Real Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam (Países Baixos), sucedendo Riccardo Chailly e Bernard Haitink. Seu contrato inicial era de três anos, se estendendo depois até 2015. Ele faleceu em 2019, em casa, após algus anos com problemas no coração. Seu pai, que também era maestro, já havia morrido do coração, mas à maneira de Molière, no palco, enquanto regia a Hallé Orchestra de Manchester.

Prokofiev e Strauss estão entre as especialidades de Jansons. Além disso, nesses álbuns ao vivo, ele aborda muitos outros compositores que merecem um lugar ao sol, como o italiano Berio, o francês Poulenc e o tcheco Martinů. Em postagem de CVL neste blog há alguns anos, aprendi que há “duas principais fases de Martinu: a fase da guerra, com a Missa de campo e o Concerto para duas orquestras de cordas, piano e tímpano; e a fase impressionista, do final da vida, com os Afrescos de Piero della Francesca. A fase da guerra é impressionante. Quem gosta da Música para cordas, percussão e celesta de Bartók vai se identificar prontamente…”

Zimmerman, o solista no concerto de Martinů

O 2º Concerto para Violino de Martinů, assim como a 5ª Sinfonia de Prokofiev, são dessa fase da guerra, época em que o bebê Jansons vivia na clandestinidade. Martinů, que detestava os nazistas ao menos desde a invasão da Checoslováquia pela Alemanha em 1938, vivia em exílio em Nova York, enquanto Prokofiev respirava o ar pesado da Moscou stalinista. O último disco da caixa de Jansons/Concertgebouw, portanto, fecha com chave de ouro: já falei que Prokofiev é uma especialidade desse maestro?

CD 10:
Gioachino ROSSINI
Overture – La gazza ladra (1817)

Luciano BERIO
4 Dédicaces (1978-1989)

Francis POULENC
Organ Concerto (1938)
Leo van Doeselaar – organ

Louis ANDRIESSEN
Mysteriën, version No. 1 (2013)

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CD 11:
Richard STRAUSS
Tod und Verklärung, Op. 24 (1889)

Sergei RACHMANINOV
Symphony No. 2 in E minor, Op. 27 (1906)

Baixe aqui – Download here – CD11

CD 12:
Richard WAGNER
Vorspiel und Liebestod, from Tristan und Isolde (1859)

Anton BRUCKNER
Symphony No. 3 in D minor (1877, rev. 1889)

Baixe aqui – Download here – CD12

CD 13:
Bohuslav MARTINŮ
Violin Concerto No. 2, H 293 (1943)
Frank Peter Zimmermann – violin

Sergei PROKOFIEV
Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100 (1944)

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Royal Concertgebouw Orchestra Amsterdam, Mariss Jansons

Jansons entre os músicos em sua última temporada no Concertgebouw

Pleyel

Scriabin, Ravel, Prokofiev, Haydn, Beethoven, Chopin, Debussy – Sviatoslav Richter – Out of Later Years

Teofil Danilovich Richter (1872–1941), pai de Sviatoslav, foi um pianista, organista e compositor, de família alemã, que estudou no Conservatório de Viena e deu aula muitos anos no Conservatório de Odessa, atualmente na Ucrânia.

Na Segunda Guerra Mundial, como o pai de Sviatoslav Richter era alemão, ele estava sob suspeita das autoridades e foi feito um plano para que a família fugisse do país. Envolvida com um outro homem, sua mãe não queria sair e assim eles permaneceram em Odessa. Em agosto de 1941, seu pai foi preso e considerado culpado de espionagem, sendo condenado à morte em 6 de outubro de 1941. Não era difícil conseguir uma sentença de morte no regime stalinista. E não é preciso ser um discípulo de Freud para supor que alguém com essa história familiar se tornaria uma pessoa excêntrica, neurótica, peculiar…

Após se tornar famoso mundialmente e receber aplausos e gravações em Moscou, Londres, Praga, Nova York etc., Richter passaria suas últimas décadas frequentando cidades muito menores como Aldeburgh (Inglaterra), la Grange de Meslay, no vale do Loire (França), Ludwigshafen am Rhein (Alemanha). Ele pedia que os palcos fossem menos iluminados, dizendo que assim o público prestaria mais atenção na música do que em assuntos irrelevantes como as expressões faciais e gestos do pianista.

É comum que músicos idosos e respeitados tirem do seu repertório alguns compositores e voltem seu foco para alguns que tocam mais fundo em seu coração, afinal, já não precisam mais provar nada pra ninguém. É o caso, por exemplo, de Nelson Freire que, quando velho, tirou de seu repertório orquestral alguns concertos como os de Liszt, Tchaikovsky e Bartók, se concentrando sobretudo nos concertos de Brahms, no 2º de Chopin e nos dois últimos de Beethoven: ele tocou inúmeras vezes cada um desses nos seus últimos 20 anos de carreira. E nos recitais solo, Freire de barba grisalha raramente saiu do palco sem tocar algo de Chopin, compositor que ele parece ter admirado cada vez mais ao longo dos anos.

Nos concertos do velho Richter com orquestra, por outro lado, surgem obras raras do repertório como o concerto de Gershwin e o 5º de Saint-Saens. Nos recitais solo de Richter, ao contrário de Freire, Chopin foi ficando raro: nos anos 90, segundo as listas dos richterófilos, não há registro de que o russo tenha tocado os Scherzos, os Prelúdios, os Estudos, a Barcarolle, mas sobra uma obra grandiosa, a Polonaise-Fantaisie.

E o pianista russo (ucraniano de nascimento) parece ter tido um reencontro tardio com a música de Ravel: obras que não apareciam nos seus programas de recitais desde os anos 1960 ressurgem a partir de 1992 e ocupam boa parte de um dos álbuns ao vivo dessa série da Live Classics. Importante ressaltar que cada CD se dedica a uma só noite, ao contrário de outras edições que fazem colagens.

Também aparecem alguns russos no repertório: não os Quadros de uma Exposição de Mussorgsky, cavalo de batalha de Richter quando jovem, nem Shostakovich nem Stravinsky. Os escolhidos nesses recitais de 1992 e 94 são Prokofiev e Scriabin. O pianista e professor José Eduardo Martins fez uma recente homenagem, em seu blog, aos 150 anos de Scriabin. Diz ele:

Se as criações de Chopin (1810-1849) exerceram influência na escrita de Scriabine, não desprovida das raízes russas, mas sem cariz popular, seria contudo mais acentuadamente a partir do início do século XX que o compositor-pensador empreenderá um caminho singular, personalíssimo (aqui e aqui). Caminho que já aparece discretamente nas Mazurkas op. 40 (1903) e de forma escancarada no Poème-Nocturne op. 61 (1912) e na Sonata nº 7, op. 64 (1912). Noturno, como sabemos, é um gênero tão associado a Chopin quanto a Mazurka. Scriabin escreveu alguns Noturnos curtos e chopinianos quando mais jovem, mas esse Poema-Noturno escolhido por Richter é bem mais longo e já cheio do clima misterioso do compositor russo, com curtas frases seguidas por rápidos cromatismos ascendentes ou descendentes. Segundo J.E.Martins, são motivos curtos neurótico-obsessivos, que vão se acentuando conforme o compositor chega à maturidade. Richter, o pianista famoso por sua construção sólida de longas frases nas sonatas de Beethoven, Brahms e Schubert, se adapta surpreendentemente bem a esse clima noturno-neurótico de Scriabin, clima no qual algumas notas são cuidadosamente aproximadas e alcançadas para em seguida se quebrarem em dissonâncias.

Debussy e Ravel, é claro, eram compositores de música mais solar, menos noturna, mas ao tocá-los depois de Scriabin, ficam evidentes as semelhanças na linguagem dessas obras do comecinho do século XX. Se as gravações dos Prelúdios de Debussy por Richter não me empolgam tanto, aqui o pianista septuagenário emerge profundamente no mundo de Debussy e sobretudo no de Ravel com seus pássaros tristes, seu barco no oceano, sua alvorada e seu vale de sinos (Oiseaux tristes, Une Barque sur l’Océan, Alborada del gracioso, Vallée des cloches).

E as sonatas de Beethoven, essas pelo jeito nunca estiveram distantes do coração e dos dedos de Richter (aliás os 3 B’s estiveram nos seus programas do início ao fim da carreira). Aqui ele toca a penúltima sonata de Beethoven, uma obra madura interpretada por um Richter maduro que sabia aquilo de trás pra frente mas sempre trazia um algo mais de emoção nessa sonata. Ainda mais considerando que ele havia dedicado o recital à memória de sua amiga pessoal de longa data, a atriz e cantora alemã Marlene Dietrich (Berlim, 27 de dezembro de 1901 — Paris, 6 de maio de 1992).

Sviatoslav Richter – Out of Later Years Vol. 2
01. Prokofiev: Klaviersonate Nr. 2 D-Moll Op.14, Allegro ma non troppo
02. Prokofiev: Klaviersonate Nr. 2 D-Moll Op.14, Scherzo – Allegretto Marcato
03. Prokofiev: Klaviersonate Nr. 2 D-Moll Op.14, Andante
04. Prokofiev: Klaviersonate Nr. 2 D-Moll Op.14, Vivace
05. Scriabin: Klaviersonate Nr.7 Op.64 – Allegro
06. Ravel: Valses nobles et sentimentales
07. Ravel: Miroirs, Noctuelles. Très Léger
08. Ravel: Miroirs, Oiseaux tristes. Très Lent
09. Ravel: Miroirs, Une Barque sur l’Océan. D’un Rythme Souple
10. Ravel: Miroirs, Alborada del gracioso. Assez Vif
11. Ravel: Miroirs, La Vallée des cloches. Très Lent
Sviatoslav Richter – piano
Ludwigshafen, 1994-05-19

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Sviatoslav Richter – Out of Later Years Vol. 3
01. Haydn: Andante con variazioni in F minor H17-6
02. Beethoven: Sonata No.31 in A flat major Op.110 – I Moderato cantabile
03. Beethoven: Sonata No.31 in A flat major Op.110 – II Allegro molto
04. Beethoven: Sonata No.31 in A flat major Op.110 – III Andante molto cantabile
05. Chopin: Polonaise-Fantaisie in A flat major Op.61
06. Scriabin: Mazurka Op.40 No.1 in D flat major
07. Scriabin: Mazurka Op.40 No.2 in F sharp major
08. Scriabin: Poème-Nocturne Op.61
09. Debussy: L’isle joyeuse
10. Ravel: Miroirs, La Vallée des cloches. Très Lent
Sviatoslav Richter – piano
München (Munich), 1992-05-16

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Sviatoslav Richter pensando em levar todas aquelas cervejas ali sem que ninguém note

Pleyel

Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

 

O inesquecível Jascha Heifetz, que completaria hoje 121 anos, adorava jazz. Sua mansão em Beverly Hills recebia músicos de várias vertentes, que frequentemente mergulhavam em jam sessions, e os estudantes para os quais organizava animadas festas em Malibu testemunhavam o mestre improvisar, tanto ao violino quanto ao piano, sobre as canções populares que amava.

Descobrir que o jazz era o xodó de Heifetz me surpreendeu. Afinal, tiete incondicional do gigante desde que o conheci, acostumara-me com seu semblante estoico nas capas de discos, que nada mudava nos tantos filmes em que, para meu assombro, eu o via enfrentar e vencer, impávido, os trechos mais medonhos da literatura violinística. Foi só ao ler suas biografias e, principalmente, assistir aos documentários e aos preciosos registros de suas masterclasses que conheci seu senso de humor, seu rigor cordial para com os alunos e, não menos importante, constatei que ele era um músico extraordinário o bastante para convencer como mau músico, imitando à perfeição um jovem estudante em pânico durante uma prova:

Jascha também foi um contumaz viajante, legando-nos inúmeros mementos que são verdadeiras pérolas do humor involuntário, como essa sua foto duma visita ao México, em que seu tradicional olhar blasé parece nada impressionado com a indumentária local…


… e também um homem corajoso e cidadão muito grato ao país que o acolheu, percorrendo o front europeu a tocar voluntariamente para as tropas aliadas, além de arrecadar, com concertos beneficentes, vultosos valores para os esforços de guerra.

Perenemente acusado por um ou outro crítico de ser um tecnicista frio, indiferente às intenções do compositor, Heifetz é uma deidade de devoção unânime entre seus colegas: dir-se-ia um “violinista dos violinistas”. Ainda assim, mesmo que todos sonhem em tocar como ele, nem tantos acham que devam. Jascha cresceu imbuído das tradições da Velha Escola russa no Conservatório de São Petersburgo, onde foi discípulo de Leopold Auer – aquele mesmo com quem Tchaikovsky se estranhou por conta de seu concerto para violino. Seria inevitável, pois, que seu estilo, moldado por gente do século XIX, pareça-nos um tanto antiquado, a despeito da tanta beleza que tange. Além disso, suas gravações das peças fundamentais do repertório concertístico, normalmente despachadas em velocidade lúbrica, são referências incontestes que poucos violinistas de hoje tentariam imitar: mesmo o próprio ídolo de Heifetz, Fritz Kreisler, após escutar o prodígio de onze anos de idade, afirmou que todos os violinistas presentes no recinto poderiam quebrar seus instrumentos nos joelhos.

Aqui, Kreisler (à direita) relaxa num lago com Heifetz (à esquerda), que se apoia num trapiche feito, provavelmente, da madeira de violinos quebrados.

Em minha desimportante opinião, será através das pequenas peças que a grandeza de Heifetz rebrilhará aos ouvidos dos séculos vindouros. Esta compilação que ora lhes apresento, com algumas dúzias delas, inclui vários de seus números de bis mais famosos, algumas canções folclóricas e várias composições de George Gershwin, que Jascha muito admirava.  Os arranjos, como verão, são quase todos de sua própria lavra e, se privilegiam o timbre inconfundível do mestre e a elegância de seu fraseado, também lhe dão amplas oportunidades para demonstrar seu deleite em tocar, como mais célebre rebento da Velha Escola russa, a música do Novo Mundo em que escolheu viver.


Uma atração em especial para nós, brasileiros, é escutar “Ao Pé da Fogueira”, um dos prelúdios do genial Flausino Valle, aqui abordado por Heifetz numa masterclass.

A grande surpresa, talvez, esteja na última faixa do álbum. Depois de alguns açucarados bombons em que acompanha o cantor Bing Crosby, Heifetz dá-nos a rara oportunidade de escutá-lo ao piano (!), instrumento em que era, por todos os relatos, muito proficiente. Ele toca “When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)”, uma canção que fez sucesso na voz do próprio Crosby, frequentemente pareada com outra, “So Much in Love“. Ainda mais surpreendente é que o autor de ambas, um certo Jim Hoyl, só existia na capa das partituras, pois era tão só o pseudônimo que o próprio Jascha Heifetz (“J.H.”, captaram?) usava para publicar canções populares.

“Um brinde a Jim Hoyl!”

Que a imagem sisuda que dele tiverem liquide-se para sempre, e que a inigualável musicalidade do aniversariante consiga entretê-los tanto quanto espero.

Grato por tanto, Mestre!

In memoriam Iosif Ruvimovich Kheyfets, dito Jascha Heifetz (Vilnius, 2.2.1901 – Los Angeles, 10.12.1987)



Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

DISCO 1

Samuel GARDNER (1891-1984)

1 – From The Canebrake, Op. 5 no. 1

Arthur Leslie BENJAMIN (1893-1960)
2 – Jamaican Rumba (arranjo de William Primrose)

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
3 – Beau Soir (arranjo de Jascha Heifetz)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
4 – Pièce en Forme de Habanera (arranjo de Georges Catherine)

Clarence CAMERON White (1880-1960)
5 – Levee Dance, Op. 27 No. 2 (baseada em “Go Down, Moses”)

Mario CASTELNUOVO-TEDESCO (1895-1968)
6 – Figaro, Rapsódia de Concerto sobre “Il Barbiere di Siviglia”, de Rossini

Stephen Collins FOSTER (1826-1864)
7 – Jeanie With The Light Brown Hair (arranjo de Heifetz)

Victor August HERBERT (1859-1924)
8 – À la Valse

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
9 – Humoresques, Op. 101 – No. 1 em Sol bemol maior (arranjo de Heifetz)

Folclore irlandês
10 – Gweedore Brae (arranjo de John Crowther)

Stephen FOSTER
11 – Old Folks at Home (arranjo de Heifetz)

Anônimo
12 – Deep River (arranjo de Heifetz)

Leopold GODOWSKY (1870-1938)
13 – Doze Impressões para violino e piano: no. 12, Wienerissh (arranjo de Heifetz)

Jascha Heifetz, violino
Milton Kaye, piano

Irving BERLIN (1888-1989)
14 – White Christmas

Jascha Heifetz, violino
Salvator Camarata and his Orchestra

George GERSHWIN (1898-1937)
Da ópera “Porgy and Bess” (arranjos de Heifetz)
15 – Summertime
16 – A Woman is a Sometime Thing
17 – My Man’s Gone Now
18 – It Ain’t Necessarily So
19 – Tempo Di Blues (There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York)
20 – Bess, You is my Woman Now

Três prelúdios para piano solo (arranjos de Heifetz)
21 – I. Allegro ben ritmato e deciso
22 – II. Andante con moto e poco rubato
23 – III. Allegro ben ritmato e deciso

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano

DISCO 2

Susan Hart DYER (1880-1922)
1 – An Outlandish Suite, para violino e piano: Florida Night Song

Claude DEBUSSY
2 – Children’s Corner L. 115 – 6. Golliwogg’s Cakewalk (arranjo de Heifetz)
3 – Suite Bergamasque L. 75 – 3. Clair de Lune (arranjo de Alexandre Roelens)

Flausino Rodrigues do VALLE (1894-1954)
4 – Vinte e seis prelúdios característicos e concertantes para violino só – no. 15, “Ao Pé da Fogueira” (arranjo de Heifetz)

Julián Antonio Tomás AGUIRRE (1868-1924)
5 – Huella, Op. 49 (arranjo de Heifetz)

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34 (arranjo de Dmitri Tziganov e Quinto Maganini)
6 – No. 10 em Dó sustenido menor
7 – No. 15 em Ré bemol maior

Edwin GRASSE (1884-1954)
8 – Waves At Play (Wellenspiel) (arranjo de Heifetz)

Sergei Sergeieivich PROFOKIEV (1891-1953)
9 – O Amor das Três Laranjas, Op. 33 – Marcha (arranjo de Heifetz)
10 – Suíte do balé “Romeu e Julieta”, para piano, Op. 75 – Máscaras (arranjo de Heifetz)

Robert Russell BENNETT (1894-1981)
Hexapoda (five studies in Jitteroptera), para violino e piano
11 – Gut-Bucket Gus
12 – Jane Shakes Her Hair
13 – Betty and Harold Close Their Eyes
14 – Jim Jives
15 – …Till Dawn Sunday

Kurt Julian WEILL (1900-1950)
16 – Die Dreigroschenoper – Mack The Knife (Moderato assai) (arranjo de Stefan Frenkel)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
17 – Souvenir d’un Lieu Cher, para violino e piano, Op. 42 – no. 3: Mélodie em Mi bemol maior

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
18 – Noturnos para piano, Op. 55 – no. 2 em Mi bemol maior (arranjo de Heifetz)

Christoph Willibald von GLUCK (1717-1784)
19 – Orfeo ed Euridice – Dança dos Espíritos Abençoados (arranjo de Fritz Kreisler)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
20 – Waldszenen, Op. 82 – no. 7: Vogel als Prophet (arranjo de Heifetz)

Nikolai Andreievich RIMSKY KORSAKOV (1844-1908)
21 – O Galo de Ouro – Hino ao Sol (arranjo de Kreisler)

Alexander Abramovich KREIN (1883-1951)
22 – Dança no. 4 (arranjo de Heifetz)

Johannes BRAHMS (1833-1897)
23 – Danças Húngaras – no. 7 em Lá maior (arranjo de Joseph Joachim)

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)
24 – Le Carnaval Des Animaux – Le Cygne (arranjo de Heifetz)

Cecil BURLEIGH (1885-1980)
25 – Six Pictures, Op. 30 – no. 4: Hills
26 – Small Concert Pieces, Op. 21 – no. 4: Moto Perpetuo

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano


Benjamin Louis Paul GODARD (1849-1895)
27 – Jocelyn – Berceuse (arranjo de Ernest R. Ball)

Hermann LÖHR (1871-1943)
28 – Where my Caravan has Rested  (arranjo de Edward Teschemacher)

Bing Crosby, voz
Jascha Heifetz, violino
Victor Young and his Orchestra


Jim HOYL, pseudônimo de Jascha HEIFETZ (1901-1987)
29 – When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)

Jascha Heifetz, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Querem mais Heifetz? Confiram-no em ação, então, na sua imbatível gravação do concerto de Sibelius (juntamente com o de Glazunov e o segundo de Prokofiev)…

Concertos para Violino de Sibelius, Prokofiev e Glazunov com Jascha Heifetz

… e na frenética leitura do concerto de Beethoven com os sinfônicos de Boston sob Charles Munch:

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto in D – Heifetz, Munch, BSO

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily