Gostei muito. As gravações são todas ao vivo, tomadas na Tonhalle de Zurique, com aplausos. Trata-se de uma coleção dos ‘bis depois de Beethoven’ que András Schiff deu durante seu ciclo das 32 sonatas do mestre entre 2004 e 2006. Com 52 minutos, equivalem a um banquete dos finais clássicos dos recitais do pianista – de Bach, Haydn e Mozart, passando por Beethoven até Schubert. Se você pensa nos bis como coisas leves, bem, eles podem ser ou não ser. Esses compositores escreveram muitas peças características que são menos ambiciosas do que as grandes sonatas, mas que não devem ser descartadas como miniaturas. Composições mais curtas, sim, mas com longas reflexões por trás delas.
O que tocar depois de uma noite de, digamos, cinco sonatas de Beethoven? Nada, afirmariam muitos pianistas. E Schiff está de acordo com aqueles que, depois da última Sonata de todas (a famosa Op. 111), considerariam a adição de qualquer coisa que não fosse o silêncio como um terrível erro. No entanto, ele nos chega com uma atitude do tipo “por que não?, não há razão para negar a um público entusiasmado um pouco mais de música, desde que estejam relacionadas com as sonatas ouvidas anteriormente”. Os bis variam em extensão e escopo, desde a pequena Giga em Sol maior de Mozart, K. 574 (1’42” e bem traiçoeira), até a Sonata em Sol menor de dois movimentos de Haydn (nº 44 em Hob.) que chamou a atenção de vários grandes pianistas, como Sviatoslav Richter. E ainda temos Bach! Uma joia de CD!
J. S. Bach / Beethoven / Haydn / Mozart / Schubert: Encores After Beethoven (Bis depois de Beethoven) (András Schiff)
Three Piano Pieces D 946 (Franz Schubert)
1 No. 1 e- Flat minor. Allegro assai 07:26
2 Allegretto c minor D 915 (Franz Schubert) 04:59
3 Eine kleine Gigue in G Major KV 574 (Wolfgang Amadeus Mozart) 01:42
Sonata g minor Hob XVI :44 (Joseph Haydn)
4 Moderato 09:33
5 Allegretto 04:04
6 Hungarian Melody in b minor D 817 (Franz Schubert) 03:59
7 Andante favori F major WoO 57. Andante grazioso con moto (Ludwig van Beethoven) 08:41
Partita No. 1 B-flat Major BWV 825 (Johann Sebastian Bach)
8 Menuet I & II 02:32
9 Gigue 02:33
Prelude and Fugue b-flat minor BWV 867 (Johann Sebastian Bach)
10 Prelude 02:30
11 Fugue 03:27
Para os fãs das interpretações historicamente informadas, o nome de Robert Levin é bem conhecido. Trata-se de um exímio pianista, e musicólogo e desde 1993, professor em Harvard, que realizou diversas gravações com a Academy of Ancient Music, em seus áureos tempos com Christopher Hogwood como diretor, pelo saudoso selo L´Oiseau-Lyre, cujos lançamentos aguardávamos ansiosos ali em meados da década de 1980, principalmente suas gravações dos Concertos para Piano de Mozart.
A sonoridade dos instrumentos utilizados nas gravações em um primeiro momento nos deixou boquiabertos, não conhecíamos nada parecido. O som ao qual estávamos acostumados era o dos pianos Steinway, Bossenfelder ou Yamaha, e aquilo ali parecia muito seco, sem nenhuma amplitude sonora. E de Orquestras como Filarmônica de Berlim, de Viena, dentre outros grandes conjuntos europeus e norte americanos. Eram outros tempos, não tínhamos Internet, nossa opção e talvez única forma de obter maiores informações era ler as matérias assinadas por ‘especialistas’ nos jornais e revistas da época. Então, quando estes LPs começaram a chegar aqui no Brasil, meio que virou uma febre. Aliados à qualidade das interpretações, outro detalhe a se destacar eram as capas.
Bem, e assim se passaram algumas décadas, e até mesmo aquele estilo de interpretação conhecido como historicamente informado evoluiu, muito devido a pesquisas de musicólogos como o próprio Robert Levin. Os instrumentos utilizados nesta gravação foram construídos baseados em um modelo de pianoforte que o próprio Mozart utilizava.
Ao lado de sua esposa, a também pianista Ya-Fei Chuang, Levin nos brinda com um belo CD para se ouvir o bom e velho Mozart como deveria soar lá no século XVIII. Quem nunca ouviu vai estranhar a sonoridade, não apenas do pianoforte, mas também da própria orquestra, criada há cinquenta anos por Christopher Hogwood exatamente para interpretações historicamente informadas. Atualmente ela é dirigida por Lawrence Cummings, e também já tem seu próprio selo.
Além dos conhecidos Concertos K. 242 (de nº 7) e do K. 365 (nº10), temos também uma rara gravação de uma obra que Mozart nunca concluiu, o K.Anh.56 (K315f), do qual se conheciam apenas fragmentos. A versão aqui apresentada foi reconstruída e concluida pelo próprio Robert Levin, mas com apenas um movimento. Trata-se de um Concerto para Piano e Violino, e aqui temos como solista o Spalla da AAM, Bojan Čičić. O colega René Denon já postou um CD desta mesma turma há alguns meses, que traz o imenso e poderoso Concerto de nº 21, o meu favorito e o de muita gente que conheço.
Ouvir Mozart sempre é um prazer para os ouvidos. E Robert Levin e sua turma aumenta ainda mais este prazer, nos proporcionando um Mozart leve, solto, divertido. Discaço, que vale e muito sua audição.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concertos para Piano K. 242, K. 365 e K. 315f – AAM, Robert Levin, Ya-Fei Chuang
Concerto No. 7 For Two Pianos And Orchestra In F Major K242
1 I Allegro
2 II Adagio 7:57
3 III Rondo. Tempo Di Minuetto 5:47
4 Concerto Movement For Piano, Violin, And Orchestra In D Major KAnh56 (315f)
Composed By [Completed By] – Robert Levin
Concerto No. 10 In E-flat Major For Two Pianos And Orchestra K365 (316a)
5 I Allegro
6 II Andante
7 III Rondo. Allegro
Obs. de PQP: Neste ano de 2016, o mundo falará muito em Florence Foster Jenkins. Afinal, Stephen Frears acaba de finalizar a cinebiografia desta absurda, patética e desafinadíssima cantora com Meryl Streep no papel principal. Ela é simplesmente hilariante. As plateias desenvolveram uma curiosa convenção. Quando ela chegava em momentos particularmente horríveis em que eles tinham que rir, eles explodiam em aplausos e assobios para poderem rir livremente, sem machucar tanto a auto-estima — na verdade uma inabalável fortaleza — da pobre cantora. Ouçam o que ela consegue fazer nesta que é sua melhor gravação (não estou ironizando). Ouvir ‘A Faust Travesty’ é algo só para os fortes, mas ‘A Rainha da Noite’, ‘Biassy’ e ‘Like a Bird’ também quase me mataram. Mas deixemos a palavra para Das Chucruten.
Hoje vou postar uma pérola da indústria fonográfica do século XX, que de vez em quando deixa escapar suas máculas de maneira muito divertida. Esta é o que podemos chamar de raridade humorística da música.
Florence Foster Jenkins foi uma moça da alta sociedade americana, nascida ainda no final do séc.XIX, casada durante pouco tempo com um médico, e depois com um ator que virou seu empresário. Ao que parece sua família era muito rica e lhe permitiu manter-se de forma extravagante mesmo depois de uma separação. Consta que ela sempre quis ser cantora, mas nem seus pais nem seu marido deram bola, então ela resolveu seguir por conta própria. O resultado é que ela se autopromoveu e começou a organizar apresentações de canto às próprias custas.
Chamou a atenção dos críticos porque era totalmente desprovida de qualquer musicalidade mínima: não entendia a pulsação rítmica, era incapaz de manter-se no ritmo; não conseguia afinar-se minimamente e tinha uma pronúncia de língua estrangeira que beirava o ridículo. Não obstante, suas apresentações se tornaram “cult”, e, mesmo sabendo que o público ia assisti-la para o escárnio, dizia que os risos eram “inveja profissional”.
Pouco antes de morrer, em 1944, conseguiu apresentar-se no Carnegie Hall e gravou seu único disco de 78 rotações (aos 70 anos de idade!), que é a pérola que aqui vos apresento. O mérito do pianista acompanhador é grande, um verdadeiro malabarista que consegue, com maestria, seguir um motorista bêbado. O CD ainda tem umas faixas bônus com uma sátira ao Fausto de Gounod, cantado de forma invertida, e muito propriamente, chamado “A Faust Travesty”. Agradeço à minha amiga Ana Lucia pela introdução desta Diva na minha discografia
Abraços.
FLORENCE FOSTER JENKINS – THE GLORY (???) OF HUMAN VOICE / A FAUST TRAVESTY
01 Mozart: Die Zauberflöte, K 620 – Queen Of The Night Aria
02 Lyadov: Die Musikdose, Op. 32
03 Cosme McMoon: Like A Bird
04 Delibes: Lakme – Ou Va La Jeune Hindoue_
05 Cosme McMoon: Serenata Mexicano
06 David: La Perle Du Bresil – Charmant Oiseau
07 Bach,J.S. / Pavlov: Biassy
08 Strauss, Jr.: Die Fledermaus – La Chauve-Souris_ Adele’s Laughing Son – Air D’adele – ‘mein Herr Marquis’
09 Gounod: A Faust Travesty: Valentine’s Aria (Ere I Leave My Native Land)
10 Gounod: A Faust Travesty: Jewel Song (O Heavenly Jewels)
11 Gounod: A Faust Travesty: Salut, Demeure Chaste Et Pure (Emotions Strange)
12 Gounod: A Faust Travesty: Final Trio (My Heart Is Overcome With Terror)
Florence Foster Jenkins, Soprano
Cosme McMoon, pianist
Jenny Williams – Thomas Burns, singing the Faust parody
Dois dos melhores Divertimentos de Mozart. O Divertimento K. 287 é formado por seis movimentos tranquilos e gentis, sendo que seu Adágio (4º mov.) tem uma melodia sublime, do melhor Mozart. Não me canso de ouvi-lo. Diga-se de passagem que o K. 131 também apresenta seis movimentos… A performance da Capella Istropolitana é, como sempre, de alto nível. Hoje, eles foram rebatizados como Orquestra de Câmara da Cidade de Bratislava. Aquela região sabe o que é um bom Mozart. Aliás, sabem que Bratislava já foi chamada de Istrópolis? Bem, o Divertimento é uma forma musical que se caracteriza pela leveza. Pode ser composto para um ou vários instrumentos e consta em geral de uma série de movimentos alternados e livres. O termo indica, sobretudo na França, um intermezzo com dança, que no século XVII e XVIII se inseria nas óperas e comédias-balés.
W. A. Mozart (1756-1791): Divertimentos K. 287 e 131 (Capella Ostropolitana / Nerat)
Divertimento No. 15 in B flat major, K. 287, “Lodron Night Music No. 2”
Performed by: Capella Istropolitana
Conducted by: Harald Nerat
1. I. Allegro 09:42
2. II. Andante grazioso con variazioni 08:35
3. III. Menuetto 03:41
4. IV. Adagio 08:35
5. V. Menuetto 04:12
6. VI. Andante – Allegro molto 08:05
Divertimento in D major, K. 131
Performed by: Capella Istropolitana
Conducted by: Harald Nerat
7. I. Allegro 05:19
8. II. Adagio 06:10
9. III. Menuetto 05:35
10. IV. Allegretto 03:06
11. V. Menuetto 04:09
12. VI. Adagio – Allegro molto – Allegro assai 06:12
Alfred Brendel (nasc. 5 jan. 1931) hoje completa 93 anos e vamos aproveitar a data para completar uma série de postagens que vinha lá de 2007, primórdios deste blog e época em que o veterano pianista dava seus últimos concertos e recitais antes de se aposentar. Depois eu, Pleyel, reativei os links em 2019 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) adicionando algumas opiniões e imagens.
E depois de todo esse tempo, finalmente adicionamos esse lote com quase metade dos concertos do gênio de Salzburgo (aqui estamos excluindo da conta os concertos nº 1 a 4, exercícios infantis nos quais Mozart fez arranjos de música de outros autores). Provavelmente, pensarão vocês, se esses concertos demoraram tanto para aparecer é porque não importam tanto assim. E é verdade que a maior parte das apresentações ao vivo e discos se dedicam à metade final dos concertos para piano de Mozart. Mas no meio de alguns concertos um tanto burocráticos (para o meu gosto, do 5º ao 8º e o 13º), há algumas pérolas aqui. A tarefa de identificar as pérolas depende um pouco do gosto do freguês, mas há uma certa unanimidade sobre o fato de que o concerto divisor de águas, o “nada será como antes” desse grupo é o Concerto nº 9, de apelido “Jeunehomme” (que é mais ou menos o equivalente masculino de “mademoiselle” – senhorita -, ou seja, a forma educada de se chamar com um homem jovem em francês). Esse apelido foi usado por séculos, e é apropriado pois Mozart tinha apenas 21 anos quando o compôs! Mas recentemente descobriram que o concerto provavelmente se referia a Victoire Jenamy, jovem e admirada pianista da época, filha de um amigo de Mozart. Mais um caso de silenciamento do papel de mulheres na História.
Além do nº 9, meu coração bate mais forte pelo 10º, para dois pianos, pelo 11º, pelo 12º e pelo 14º, por motivos bem diferentes referentes a cada um deles. O 10º tem melodias e ritmos que lembram a Marselhesa, hino da França composto poucos anos depois. Os de nº 11 a 13 são os primeiros após a chegada de Mozart em Viena, onde ele teve contato com novas orquestras, com novos amigos e com antigas partituras de mestres como J.S. Bach, de modo que esses três concertos têm uma discreta inclinação para o contraponto bachiano.
Neste blog, além das integrais já postadas com Mitsuko Uchida e com Lili Kraus, destaco ainda as grandes gravações do 12º com Maurizio Pollini e a do 14º com Maria João Pires, que vocês conseguem encontrar pelo mecanismo de busca no alto da tela. Mas o austríaco Brendel e os ingleses da Academy of Saint Martin in the Fields não fazem feio frente a essa concorrência não, pelo contrário, são leituras que apontam para vários detalhes nessas obras que às vezes as outras gravações não apontaram, ou ao menos não do mesmo jeito. A suavidade, os detalhes e a leveza do toque de Brendel, nunca pesado ou sério, nem sempre me agrada quando ele toca Beethoven ou Schubert, mas com Mozart, se a memória não me falha, é sempre excelente.
W. A. Mozart (1756-1791):
Concertos para Piano e Orquestra Nº 5 a 14
Rondós para Piano e Orquestra KV 382 e 386
Alfred Brendel- piano
Neville Marriner – conductor
Academy of Saint Martin in the Fields
Esta gravação foi encontrada por aí; não lembro onde. Trata-se de uma conversão de LP para MP3 tal quais muitas do Avicenna. E trata-se também de um tesouro. O divertido K. 522 é tão famoso quanto raro e a interpretação do grande Rudolf Barshai com a Orquestra de Câmara de Moscou vale o resgate. OK, o som não é tudo aquilo, mas e daí? O Divertimento K. 136 é bem mais gravado e é a melhor companhia para a genial brincadeira de Mozart. Uma joia para os pequepianos. Barshai foi um enorme regente. Confiram!
W.A.Mozart – Musical Joke K522, Divertimento No.1 in D K136
LP Conversion | MP3-320kbps
Contents:
W.A.Mozart (1756-1791)
Side 1
Musical Joke ‘The village musicians sextet’ (Village Symphony) in F major K.522
– 1. Allegro
– 2. Menuetto (Maestoso) – Trio
– 3. Adagio cantabile
– 4. Presto
Side 2
Divertimento No.1 for the string orchestra in D major K.136
– 1. Allegro
– 2. Andante
– 3. Presto
Melodija 1980
Muita gente tem pedido a repostagem destes concertos de Violino de Mozart com o Carmignola e com o Claudio Abbado, postagem de uns três anos atrás, creio. Porém, no momento, não é possível fazer esta repostagem pelo simples fato de não ter mais este cd, devido a diversos problemas que tive nos últimos tempos com meu computador pessoal, onde ele estava armazenado.
Para os mais necessitados, digamos assim, por uma gravação histórica, resolvi tirar do baú esta gravação do Simon Standage, nos tempos em que ele era o spalla da “Academy of Ancient Music”, nos bons tempos do Christopher Hogwood. Esta gravação foi realizada em 1987, e o Standage ainda não tinha criado seu excelente conjunto “Colegium Musicum 90” . Sua parceria com o Hogwood nos anos 80 rendeu gravações antológicas, alimentando mais o comércio das gravações de orquestras que tocavam com instrumentos de época. Nesta gravação específica, o violino de Standage é uma réplica de um Stradivarius de 1703.
Adoro estes concertos, já devo tê-los ouvido umas cinquenta vezes cada um. Gosto muito das gravações do Oistrakh, realizadas ainda nos anos 60, se não me engano, e entre as recentes, a Julia Fischer fez um trabalho extraordinário. Não posso esquecer de nossa eterna musa, Anne-Sophie Mutter que há uns 5 anos atrás regravou os cinco concertos, além da Sinfonia Concertante.
Um detalhe interessante: as cadenzas são do próprio Standage. O homem não é fraco não, como diziam na minha terra.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Os Concertos para Violino (Standage / Hogwood)
CD 1
1 Violin Concerto n°1, in B Flat major, K. 207 – I – Allegro moderato
2 II – Adagio
3 III – Presto
4 Violin Concerto n°2, in D major, K. 211 – I – Allegro moderato
5 – II – Andante
6 – III – Rondeau
7 – Violin Concerto in G Major, K. 216 – I – Allegro
8 – II – Adagio
9 – III – Rondeau: Allegro
10 – Rondo in B Flat Major, K. 269
CD 2
1 – Violin Concerto n° 4, in D Major, K. 218 – I – Allegro
2 – II – Andante Cantabile
3 – III – Rondeau: Andante grazioso
4 – Violin Concerto n°5, in D Major, K. 219 – I – Allegro aperto
5 – II – Adagio
6 – III – Rondeau: Tempo de menuetto
7 – Adagio in E major, K. 261
8 – Rondo in C Major, K. 373
Simon Standage – Violin
The Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood – Director
The Guardian sentenciou: “Absolutamente de primeira linha… entre as performances mais frescas e lindamente tocadas que você pode encontrar em qualquer lugar, maravilhosamente gravadas.” Este é o disco mais leve dos cinco das Sinfonias de Mozart com Wordsworth. Ele destaca as virtudes de sua abordagem. As articulações superprecisas e despojadas, embora estimulantes nas sinfonias maiores, ficariam arrogantes com peças lúdicas como a Sinfonia nº 27. uma qualidade de Wordsworth reside em sua disposição de deixar a música respirar. O movimento de abertura da Nº 33 é lento o suficiente para exibir o gracioso senso da obra: nada melancólico, mas majestoso (isso vale também para o fantástico primeiro movimento adagio-come-allegro da Nº 36). Os movimentos lentos têm a alegria suave e pensativa da famosa pintura de uma jovem e seu livro de Fragonard. E os alegres movimentos finais giram em alegria. A combinação de instrumentos modernos e a presença de câmara da Capella Istropolitana ajudam muito a tornar esta música perfeita.
Rampal e Mozart, que dupla…! Já me emocionei muito com estas gravações, que apenas consolidaram minha opinião a respeito de Rampal… gênio, mestre absoluto da flauta. Confesso que minha gravação favorita do concerto para flauta e harpa é com o Aurele Nicolet, acompanhado pelo Karl Richter… mas sejamos fiéis à coleção… tenho certeza de que ninguém vai se arrepender. E estou preparando outra postagem com esta dupla Nicolet / Richter… Para quem não conhece a obra, preste atenção no andantino do Concerto para flauta, harpa e orquestra. É um dos mais belos momentos da história da música. A delicadeza do dedilhar da harpa, acompanhada pelo sopro divino que emana dos pulmões de Rampal é de ressuscitar até defunto, de tão emocionante…
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Flute Concerto No. 1 in G Major, No. 2 in D major, Concerto for flute and Harp
O que posso dizer de um Don Giovanni com a Orquestra Barroca de Freiburg sob a regência de René Jacobs? Eu achei que nem precisava ouvi-lo para entregar-me a Don Juan, mas ouvi e o resultado foi o esperado. Entreguei-me a ele desde os primeiros compassos. Olha, é tão bom que nem parece ópera, ops, melhor dizendo, este Don Giovanni pode ser ouvido como se fosse um concerto sem maiores problemas.
Anos atrás, Maria Callas — que não era exatamente uma débil mental –, criticou os artistas que costumam cantar e tocar Mozart como se estivessem nas “pontas dos pés”. René Jacobs obedece à diva: disse que seus cantores deviam usar “apenas a voz”. O resultado são 3 CDs de música onde a gente não precisa pular os recitativos. Os personagens estão plenamente desenvolvidos, com o conjunto instrumental fornecendo o suporte perfeito para a ação. É um verdadeiro drama musical: às vezes suave, às vezes bombástico, às vezes hilariante, às vezes austera e terrível, cheia daqueilo que o século XVIII chamava de “Sturm und Drang”. Ponto.
W. A. Mozart (1756-1791): Don Giovanni
Disc: 1
1. Ouvertura
2. No.1 Introuzione: Notte E Giorno Faticar
3. Recitativo: Leporello, Ove Sei?
4. Recitativo: Ah Del Padre In Periglio/No.2 Recitativo Accomp.: Ma Qual Mai S’offre, O Dei
5. Duetto: Fuggi, Crudele, Fuggi!
6. Recitativo: Orsu, Spicciati Presto
7. No.3 Aria: Ah Chi Mi Dice Mai
8. Recitativo: Chi E La?
9. No.4 Aria: Madamina, Il Catalogo E Questo
10. Recitativo: In Questa Forma Dunque
11. No.5 Coro: Giovinette Che Fate All’amore
12. Recitativo: Manco Male E Partita
13. No.6 Aria: Ho Capito, Signor Si
14. Recitativo: Alfin Siam Liberati
15. No.7 Duettino: La Ci Darem La Mano
16. Recitativo: Fermati Scellerato
17. No.8 Aria: Ah Fuggi Il Traditor
18. Recitativo: Mi Par Ch’oggi Il Demonio Si Diverta
19. Recitativo: Ah Ti Ritrovo Ancor/No.9 Quartetto: Non Ti Fidar, O Misera
20. Recitativo: Povera Sventurata!
21. No.10 Recitativo Accomp.: Don Ottavio, Son Morta!
22. Aria: Or Sai Chi L’onore
23. Recitativo: Come Mai Creder Deggio
24. No.10a Aria: Dalla Sua Pace
Disc: 2
1. Recitativo: Lo Deggio Ad Ogni Patto
2. No.11 Aria: Fin Ch’han Dal Vino
3. Recitativo: Masetto: Senti Un Po’
4. No.12 Aria: Batti, Batti, O Bel Masetto
5. Recitativo: Guarda Un Po’ Come Seppe
6. No.13 Finale: Presto Presto Pria Ch’ei Venga/Su Svegliatevi, Da Bravi
7. Tra Quest’arbori Celeta
8. Bisogna Aver Coraggio
9. Riposate, Vezzose Ragazze
10. No.14 Duetto: Eh Via Buffone
11. Recitativo: Leporello/Signore
12. No.15 Terzetto: Ah Taci, Ingiusto Core
13. Recitativo: Amico, Che Ti Par?/Recitativo: Eccomi a Voi!
14. No.16 Canzonetta: Deh Vieni Alla Finestra
15. Recitativo: V’e Gente Alla Finestra!/Recitativo: Non Ci Stanchiamo
16. No.17 Aria: Meta Di Voi Qua Vadano
17. Recitativo: Zitto! Lascia Ch’io Senta/Ahi Ahi! La Testa Mia!
18. No.18 Aria: Vedrai, Carino
19. Recitativo: Di Molte Faci Il Lume
20. No.19 Sestetto: Sola Sola In Buio Loco/Ferma, Briccone
Disc: 3
1. Recitativo: Dunque Quello Sei Tu/Recitativo: Ah Pieta…/Recitativo: Ferma, Perfido, Ferma…
2. Recitativo: Restati Qua!
3. No.21a Duetto: Per Queste Tue Manine
4. Recitativo: (Amico…) Guarda Un Po’come Stretto
5. Recitativo: Andiam, Andiam, Signora
6. No.21b Recitativo Accompagnato: In Quali Eccessi, O Numi
7. Aria: Mi Tradi Quell’alma Ingrata
8. Recitat.: Ah Ah Ah Ah, Questa E Buona
9. No.22 Duetto: O Statua Gentillissima
10. Recitativo: Calmatevi, Idol Mio
11. No.23 Recitativo Accompagnato: Crudele! Ah No, Mio Bene!
12. Rondo: Non Mi Dir, Bell’idol Mio
13. Recitativo: Ah, Si Segua Il Suo Passo
14. No.24 Finale: Gia La Mensa E Preparata
15. L’ultima Prova
16. Don Giovanni, a Cenar Teco
17. Ah Dove E Il Perfido
18. Recitativo: Dunque Quello Sei Tu
19. No.20 Aria: Ah Pieta, Signori Miei
20. Recitativo: Ferma, Perfido, Ferma
21. No.21 Aria: Il Mio Tesoro Intanto
Johannes Weisser, Don Giovanni
Lorenzo Regazzo, Leporello
Alexandrina Pendatchanska, Donna Elvira
Olga Pasichnyk, Donna Anna
Kenneth Tarver, Don Ottavio
Sunhae Im, Zerlina
Nikolay Borchev, Masetto
Alessandro Guerzoni, Il Commendatore
Freiburger Barockorchester
RIAS Kammerchor
René Jacobs
Quando Maurizio Pollini completou 70 anos, a DG fez-lhe esta homenagem em 3 CDs. A boa curiosidade que são seleções pessoais do pianista de suas gravações para a Deutsche Grammophon: de Petrushka de Stravinsky e Estudos de Chopin a concertos de Beethoven e Mozart. Também inclui sua primeira e rara gravação de sua premiada performance do Primeiro Concerto para Piano de Chopin em Varsóvia, em 1960. Ganhei este álbum de alguém — desculpe, esqueci de quem. Os 3 CDs vêm acoplados num um livro de capa dura colorido de 120 páginas, com muitas fotos e a discografia completa de Pollini na DG. Para um fã do pianista, imperdível é pouco.
Aliás, em junho deste ano, o grande pianista nos deu um belo susto. Aos 81 anos, ele esqueceu da obra que estava tocando e se atrapalhou totalmente. Pior, passou a tocar uma que viria depois e passou longe de seus habituais e altíssimos padrões de interpretação. Tudo aconteceu no imenso Royal Festival Hall, do Southbank Center, local onde vi Pollini tocar esplendidamente em fevereiro de 2014. A primeira peça do programa, o Arabesque de Schumann, foi interpretada lindamente de memória, mas em seguida, em vez da anunciada Fantasia de Schumann, ele começou uma Mazurka de Chopin, que deveria vir no segundo bloco. Ele pareceu se perder (ou possivelmente lembrou de que estava na peça errada) e de repente parou e saiu do palco por alguns minutos. Voltou com uma partitura da Fantasia de Schumann e começou a tocá-la, mas continuou folheando as páginas aparentemente ao acaso. Algumas das páginas estavam soltas e foram parar no chão, então ele caiu em verdadeira confusão, muitas vezes parando e arruinando qualquer senso de fluxo da música. Deve ter sido muito triste de assistir. Pollini sempre foi perfeito, imaculado, dando grande sentido a cada nota. Na segunda metade, um vira-páginas esteve presente e a execução foi muito mais parecida com o que temos experimentado com ele nos últimos anos. Foi certamente uma bela execução, mas também com algumas notas erradas e passagens confusas. Ele toca há décadas de memória, sempre. É claro que ele foi aplaudido de pé, mas nenhum bis foi oferecido. A experiência deve tê-lo abalado.
Para tirar o gosto amargo do parágrafo acima, coloco aqui o texto que publiquei em meu perfil do Facebook logo após ver Pollini p0wela primeira vez ao vivo em 18 de fevereiro de 2014:
“Hoje foi um dia especialíssimo e irrepetível — quem sabe? — em Londres. Eu e Elena assistimos ao concerto de Maurizio Pollini no Royal Festival Hall, sala principal do Southbank Center. O programa era vasto, mas centrado em peças de Chopin e Debussy. Ele tocou o primeiro livro dos prelúdios do francês e peças esparsas do primeiro. O concerto foi dedicado por Pollini à memória de Claudio Abbado. Talvez isso explique a recolocação no programa da Sonata nº 2 para piano, Op. 35, cujo terceiro movimento é a célebre Marcha Fúnebre. Tudo isso contribuiu para que a eletricidade estivesse no ar. Mas talvez o melhor seja passar a palavra para a Elena, que não tinha tido ainda muito contato com Pollini, enquanto que eu o conheço desde os anos 70, chamo-o de deus no PQP Bach e considero-o um dos maiores artistas vivos de nosso planeta, tão vulgar. No intervalo, após uma série de Chopins, a Elena já me dizia: “Ele tem altíssima cultura musical e concisão. Enquanto o ouvia, pensava em diversas formas de reciclagem: ecológica, emocional, psíquica… Sua interpretação é a de um asceta que pode tudo, mas demonstra humildade e grandeza em trabalhar apenas para a música. Pollini não fica jogando rubatos e efeitos fáceis para o próprio brilho, mas me fez rezar e chorar. Que humanidade, que sabedoria! Depois desse concerto, minha vida não será a mesma”. Foi a primeira vez que vi Pollini em ação, após ouvir dúzias de seus discos. Acho que não vou esquecer da emoção puramente musical — pois ela existe, como não? — de ouvir meu pianista predileto. Para Pollini ser absolutamente fabuloso, só falta o que não quero que aconteça e que já ocorreu com Abbado.
Stravinsky / Chopin / Beethoven / Webern / Liszt / Debussy / Mozart / Bach: The Art of Maurizio Pollini
Three Movements From Petrushka
Composed By – Igor Stravinsky
1-1 Danse Russe: Allegro Giusto 2:32
1-2 Chez Petrouchka 4:18
1-3 Le Semaine Grasse: Con Moto – Allegretto – Tempo Giusto – Agitato 8:28
12 Etudes, Op.25
Composed By – Frédéric Chopin
1-4 No: 1 In A Flat Major: Allegro Sostenuto 2:13
1-5 No: 2 In F Minor: Presto 1:27
1-6 No: 3 In F Major: Allegro 1:53
1-7 No: 4 In A Minor: Agitato 1:41
1-8 No: 5 In E Minor: Vivace 2:56
1-9 No: 6 In G Sharp Minor: Allegro 2:04
1-10 No: 7 In C Sharp Minor: Lento 4:52
1-11 No: 8 In D Flat Major: Vivace 1:04
1-12 No: 9 In G Flat Major: Allegro Assai 0:57
1-13 No: 10 In B Minor: Allegro Con Fuoco 3:58
1-14 No: 11 In A Minor: Lento – Allegro Con Brio 3:32
1-15 No: 12 In C Minor: Molto Allegro, Con Fuoco 2:31
Piano Sonata No: 32 In C Minor, Op.111
Composed By – Ludwig van Beethoven
1-16 Maestoso – Allegro Con Brio Ed Appassionato 8:47
1-17 Arietta: Adagio Molto Semplice E Cantabile 17:22
Variations For Piano, Op.27
Composed By – Anton Webern
1-18 Sehr Maassig 1:53
1-19 Sehr Schnell 0:40
1-20 Ruhig Fliessend 3:26
2-1 Polonaise In F Sharp Minor, Op.44 – Tempo Di Polacca-Doppio Movimento, Tempo Di Mazurka-Tempo I
Composed By – Frédéric Chopin
10:51
2-2 Polonaise In A Flat Major, Op.53 “Heroic” – Maestoso
Composed By – Frédéric Chopin
7:02
Piano Concerto No: 5 In E Flat Major, Op. 73 “Emperor”
Composed By – Ludwig van Beethoven
Conductor – Karl Böhm
Orchestra – Wiener Philharmoniker
2-3 Allegro 20:28
2-4 Adagio Un Poco Mosso – Attaca 8:02
2-5 Rondo: Allegro 10:15
2-6 La Lugubre Gondola I, S200 No: 1
Composed By – Franz Liszt
4:04
2-7 R.W. – Venezia, S201
Composed By – Franz Liszt
3:45
Preludes, Book 1
Composed By – Claude Debussy
2-8 VI: Des Pas Sur La Neige. Triste Et Lent. 3:45
2-9 Vii: Ce Qu’A Vu Le Vent D’Ouest. Anime Et Tumultueux. 3:06
2-10 X: La Cathedrale Engloutie Profondement Calme 6:10
Piano Concerto No: 24 In C Minor, K. 491
Cadenza – Salvatore Sciarrino
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Leader – Maurizio Pollini
Orchestra – Wiener Philharmoniker
3-1 Allegro 12:33
3-2 Larghetto 8:12
3-3 Allegretto 9:23
The Well-Tempered Clavier, Book 1 – “Prelude And Fugue In C Sharp Minor”, Bwv 849
Composed By – Johann Sebastian Bach
3-4 Praeludium IV 2:43
3-5 Fuga IV 4:48
The Well-Tempered Clavier, Book 1 – “Prelude And Fugue In G Major”, Bwv 860
Composed By – Johann Sebastian Bach
3-6 Praeludium XV 0:57
3-7 Fuga XV 2:52
Piano Concerto No: 1 In E Minor, Op. 11
Composed By – Frédéric Chopin
Conductor – Jerzy Katlewicz
Orchestra – Warsaw Philharmonic Orchestra*
3-8 Allegro Maestoso 16:10
3-9 Romance: Larghetto 9:44
3-10 Rondo: Vivace 9:32
Conductor – Jerzy Katlewicz (faixas: CD 3 (8 to 10)), Karl Böhm (faixas: CD 2 (3 to 5))
Orchestra – Warsaw Philharmonic Orchestra* (faixas: CD 3 (8 to 10)), Wiener Philharmoniker (faixas: CD 2 (3 to 5); CD 3 (1 to 3))
Piano – Maurizio Pollini (faixas: All Tracks)
O disco consiste em dois concertos para piano de Mozart, do período de plena maturidade do compositor, mas com características próprias, muito distintas.
O Concerto No. 20 em ré menor (1785) é austero, começa com ares ameaçadores e sombrios, cheio de afinidades com a ópera ‘Don Giovanni’. É um de dois concertos em tonalidade menor e tem um dos movimentos lentos mais sublimes em toda a literatura musical. Já o Concerto No. 27 em si bemol maior (1791) é o último da série de concertos, cheio de leveza, claridade e de uma certa alegria que só Mozart é capaz de produzir em seus momentos de grande tristeza.
O intérprete, solista e regente nesta gravação, parece mais adequado aos grandes concertos românticos, é verdade, mas talvez por ter sido criança prodígio, assim como Wolfie, mostra grande afinidade com a música e o disco é tão bom que dá vontade de ouvir de novo…
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para Piano No. 20 em ré menor, K. 466
Allegro
Romanze
Allegro assai
Concerto para Piano No. 27 em si bemol maior, K. 595
Seção ‘The-book-is-on-the-table’: EMI recorded the two concertos in Munich in 2008, capturing a pleasantly ambient acoustic that perfectly suits the music; it’s slightly resonant without in any way hampering midrange transparency. There is ample stage depth for the relatively small ensemble accompanying Kissin, with a realistic piano sound, reasonably wide dynamics, a modest impact, and good, clean definition and air. It’s probably easier to describe the sound by what it’s not: It’s not bright, hard, or edgy nor is it unnecessarily warm, soft, clouded, or fuzzy. For this music, it is just right. Para ler toda a crítica, clique aqui.
Música leve e agradável, os quatro Concertos para Trompa de Wolfgang Amadeus Mozart foram escritos para seu amigo Joseph Leutgeb, um conhecido de infância. Leutgeb era um trompista habilidoso, pois as obras são difíceis de executar na trompa natural da época, exigindo a língua mais rápida do velho oeste. Os quatro concertos são curtos e cabem até em um LP. Abbado gravou um CD com estes Concertos e não penso que haja versão melhor (Allegrini + Abbado), mas a doçura deles espraiou-se por Karajan de tal forma que mesmo sua mão pesada conseguiu acariciar nesta gravação aceitável. Karajan parece ter tido relações sexuais satisfatórias antes de ir ao estúdio, pois chegou tomado de tranquilidade primaveril, desejando servir mais à música do que a seu ego. O Concerto N° 4 é especialmente bonito.
W. A Mozart (1756-1791): Os 4 Concertos para Trompa (Berlin Philharmonic, Seifert, Karajan)
Concerto For Horn And Orchestra No. 1 In D Major, K. 412
A1 Allegro
A2 Rondo: Allegro
Concerto For Horn And Orchestra No. 4 In E Flat Major, K. 495
A3 Allegro Moderato
A4 Romanza: Andante
A5 Rondo: Allegro Vivace
Concerto For Horn And Orchestra No. 2 In E Flat Major, K. 417
B1 Allegro Maestoso
B2 Andante
B3 Rondo
Concerto For Horn And Orchestra No. 3 In E Flat Major, K. 447
B4 Allegro
B5 Romance: Larghetto
B6 Allegro
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart
Composed By [Cadenzas] – Manfred Klier (tracks: A3, B4)
Conductor – Herbert Von Karajan
Horns – Gerd Seifert
Orchestra – Berliner Philharmoniker
Eis mais um delicioso CD do incansável clarinetista Dieter Klöcker, que gravou dezenas de CDs com obras para o seu instrumento. Aqui ele junta-se a um Quarteto de Cordas para tocarem o Quinteto para Clarinete K. 516c. Já trouxemos gravações dessa obra em outras ocasiões, com outros solistas. Mas já me declarei fã deste músico, que tem uma discografia considerável, tendo sido um musicólogo especializado na redescoberta de obras esquecidas para o seu instrumento, principalmente de compositores contemporâneos de Mozart e de Beethoven. Já trouxe outros CDs dele, quem não conhece, recomendo fortemente.
“O Quinteto para Clarinete em lá maior de Mozart, K. 581, foi escrito em 1789 para o clarinetista Anton Stadler. É o único quinteto de clarinete de Mozart e é uma das primeiras e mais importantes obras escritas para o instrumento. O quinteto é considerado uma conquista suprema da era clássica e é uma das obras mais populares de Mozart.”
É sempre bom ouvirmos este Quinteto. É uma obra deliciosa, que apenas confirma a genialidade de Mozart.
01. Movement for Clarinet and String Quartet in B-Flat Major, KV 516c Allegro
02. Movement for Clarinet and String Quartet in A Major, KV 581a Allegro non troppo
03. Movement for Clarinet, Bassetthorn and String Trio in F Major, KV 580b Allegro
04. Clarinet Quintet in A Major, KV 581 I. Allegro
05. Clarinet Quintet in A Major, KV 581 II. Larghetto
06. Clarinet Quintet in A Major, KV 581 III. Menuetto
07. Clarinet Quintet in A Major, KV 581 IV. Allegro con Variazioni
Estou bem longe de ser um nostálgico, mas esta gravação de 1968, feita em Amsterdam, ainda mora em meu coração. Toda vez que a ouço, me encanto, e olha que há outras, mais recentes deste repertório, que são igualmente espetaculares. Eu sempre sonho com o contrabaixista que toca aqui… E dos sopros nem vou falar.
Ademais lembram disso?
Na página não parecia nada! O princípio simples, quase cômico. Só uma pulsação. Trompas, fagotes… Como uma sanfona enferrujada. E depois, subitamente… Lá bem no alto… Um oboé. Uma única nota, ali pendurada, decidida. Até que um clarinete a substitui, adoçando-a numa frase de tal voluptuosidade… Isto não era uma composição de um macaco amestrado. Era música como eu nunca tinha ouvido. Cheia de uma saudade, de uma saudade não realizada. Parecia-me que estava a ouvir a voz de Deus.
Pois é, Ouçam o Adágio da Gran Partita, K. 361. E mais não digo.
W. A. Mozart (1756-1791): Serenatas K. 361 e 375 (de Waart)
Serenade In B Flat, KV 361 “Gran Partita” B-dur En Si Bémol
1 Largo-Allegro Molto 9:45
2 Menuetto – Trio I-II 9:17
3 Adágio 5:41
4 Menuetto (Allegretto) – Trio I-II 5:23
5 Romanze (Adagio – Allegretto – Adagio) 5:49
6 Thema Mit 6 Variationen (Andante) 9:46
7 Finale (Molto Allegro) 3:20
Serenata Em Mi Bemol, KV 375 Es-dur. En Mi Bemol
8 Allegro Maestoso 7:53
9 Menuetto 4:10
10 adágio 5:48
11 Menuetto 3:19
12 Alegro 3:35
Claro que é uma boa gravação, mas já ouvi melhores. As duas Chicas fazem tudo certinho, mas me pareceram um tanto inexpressivas. Essas são leituras realizadas em instrumentos modernos em um estilo historicamente informado. O CD não me fez prender a respiração da mesma forma que ocorreu com Isabelle Faust e Alexander Melnikov em suas leituras em instrumentos de época. Se você está procurando uma versão discreta e de bom gosto, Dego e Leonardi é uma boa pedida. Se você está procurando um som de época com um pouco mais de calor e urgência expressiva, eu o levaria a Faust e Melnikov. Foi a impressão que tive ao ouvir este CD uma única vez.
W. A. Mozart (1756-1791): Violin Sonatas KV. 301, KV. 303, KV. 305, KV. 454 (Dego, Leonardi)
1. Violin Sonata in B-Flat Major, Op. 7 No. 3, KV. 454: I. Largo (10:13)
2. Violin Sonata in B-Flat Major, Op. 7 No. 3, KV. 454: II. Andante (7:15)
3. Violin Sonata in B-Flat Major, Op. 7 No. 3, KV. 454: III. Allegretto (7:33)
4. Violin Sonata in G Major, Op. 1 No. 1, KV. 301: I. Allegro con spirito (11:15)
5. Violin Sonata in G Major, Op. 1 No. 1, KV. 301: II. Allegro (5:09)
6. Violin Sonata in C Major, Op. 1 No. 3, KV. 303: I. Adagio (5:10)
7. Violin Sonata in C Major, Op. 1 No. 3, KV. 303: II. Tempo di Menuetto (6:47)
8. Violin Sonata in A Major, Op. 1 No. 5, KV. 305: I. Allegro di molto (6:34)
9. Violin Sonata in A Major, Op. 1 No. 5, KV. 305: II. Tema con variazioni (10:18)
Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Aqui também há uma salada, mas uma salada só de Mozart, tudo transcrito para os espetaculares 5 metaleiros do Canadá. Na verdade, Mozart não gostava muito de usar uma tonelada de metais porque seus ouvidos eram muito sensíveis e os registros mais altos podiam ser incômodos para ele. (Quando criança, ele vomitou na primeira vez que ouviu um trompete em ação). No entanto, acho que ele ficaria impressionado e honrado com este álbum fantástico que presta uma verdadeira e respeitosa homenagem a um mestre. Eu recomendo fortemente este álbum para os amantes de Mozart e para os amantes de todas as belas músicas, apesar de ser um gatinho. Se ele tivesse esses sujeitos à disposição, escreveria-lhes peças sob medida.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): The Mozart Album (Canadian Brass)
1 Overture To “The Magic Flute (Die Zauberflöte), K. 620
Arranged By – Fen Watkin
Percussion – Russ Hartenberger
7:01
2 Sarastro’s Aria: “O Isis Und Osiris” From Act II Of “The Magic Flute”
Arranged By – Arthur Frackenpohl
2:48
3 The Queen Of The Night’s Aria: “Der Hölle Rache” From Act II Of “The Magic Flute”
Arranged By – Howard Cable
Percussion – Russ Hartenberger
2:56
4 “Tuba Mirum” From Requiem, K. 626
Arranged By – Frederic Mills
3:13
5 “Alleluia” From Exultate Jubilate, K. 165
Arranged By – Arthur Frackenpohl
2:26
6 Ave Verum Corpus, K. 618
Arranged By – Fen Watkin
2:58
7 Figaro’s Aria: “Non Più Andrai” From “The Marriage Of Figaro,” K. 492
Arranged By – Frederic Mills
Percussion – Russ Hartenberger
2:38
8 Rondo Alla Turca From Piano Sonata In A Major, K. 331
Arranged By – Arthur Frackenpohl
Percussion – Russ Hartenberger
2:22
9 Adagio & Fugue In C Minor, K. 546
Arranged By – Dale Fawcett
7:58
10 Theme & 5 Variations In G Major, K. 501
Arranged By – Arthur Frackenpohl
9:11
11 Adagio & Allegro In F Minor, K. 594
Arranged By – Arthur Frackenpohl
8:39
French Horn – David Ohanian
Trombone, Euphonium – Eugene Watts
Trumpet – Frederic Mills, Ronald Romm
Tuba – Charles Daellenbach
Diretamente do acervo de nosso amigo Helio Tavares, eis que finalmente consigo os Trios de Mozart, na interpretação sempre correta e sensível do Beaux Arts Trio. Era um sonho de consumo antigo, que se realizou, com a gentileza de Hélio em disponibilizar de seu acervo. E que acervo… neste mesmo lote, eis que também consigo os trios de Beethoven… é emoção demais para o coração do pobre FDP. Mas esses Beethoven vão esperar um pouco… E para aqueles que diziam que havia pouco Mozart no blog, eis que senti-me sensibilizado com as solicitações, e resolvi abrir meu acervo particular do mestre de Salzburg. Minhas próximas postagens serão mozartianas.
A interpretação está a cargo do Beaux Arts Trio (alguém já deve estar se perguntando por que diabos que os irmãos PQP e FDP têm tanta predileção por este trio? Ouçam e procurem as respostas na qualidade destas interpretações). Quem tocou junto por tantas décadas deve ter algo a acrescentar, não acham?
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): The Piano Trios (Beaux Arts Trio)
Trio In B Flat, K. 254 – B-dur – En Si Bémol (Divertimento)
1-1 1. Allegro Assai 6:23
1-2 2. Adagio 7:22
1-3 3. Rondeau (Tempo Di Minuetto) 6:47
Trio In G, K. 496 – G-dur – En Sol
1-4 1. Allegro 8:29
1-5 2. Andante 7:54
1-6 3. Allegretto (Thema Mit Variationen) 10:39
Trio In B Flat, K. 502 – B-dur – En Si Bémol
2-1 1. Allegro 8:08
2-2 2. Larghetto 9:11
2-3 3. Allegretto 6:00
Trio In E, K. 542 – E-dur – En Mi
2-4 1. Allegro 7:24
2-5 2. Andante Grazioso 4:55
2-6 3. Allegro 6:47
Trio In C, K. 548 – C-dur – En Ut
3-1 1. Allegro 7:27
3-2 2. Andante Cantabile 9:38
3-3 3. Allegro 4:14
Trio In G, K. 564 – G-dur – En Sol
3-4 1. Allegro 5:14
3-5 2. Andante (Thema Mit Variationen) 7:10
3-6 3. Allegretto 4:47
Trio In D Minor, K. 442 – D-moll – En Ré
Arranged By [Completed By] – Karl Marguerre, Abbé Stadler*
3-7 1. Allegro in D Minor – D-moll – En Ré 5:19
3-8 2. Tempo Di Minuetto In G- G-dur – En Sol 6:01
3-9 3. Allegro In D – D-dur – En Ré 5:07
Piano: Menahem Pressler
Violin: Isidore Cohen
Cello: Bernard Greenhouse
Para desespero de nossa querida Clara Schumann, que por algum motivo próprio não suporta a soprano neo-zelandesa Kiri Te Kanawa, trago uma deliciosa versão desta que é considerada por muitos a melhor ópera de Mozart, “La Nozze di Figaro” , ou “As Bodas de Fígaro”. O cast é estelar, comandados pelo grande Samuel Ramey e tendo estrelas do porte de Kiri Te Kanawa, Kurt Moll, Lucia Popp, Frederica Von Stade entre outros.
Sou fâ do maestro húngaro-britânico George Solti, que possui um extenso currículo na área, e será com ele que trarei mais a frente o ciclo do Anel dos Nibelungos.
Mas aqui temos um Mozart delicioso e divertido. Espero que gostem.
Wolfgang Amadeus Mozart – Le Nozze di Figaro, K. 492
CD 1
1. Overture
2. Act 1 – “Cinque… deci… venti…” – “Cosa stai misurando”
3. Act 1 – “Se a caso Madama” – “Or bene, ascolta, e taci”
4. Act 1 – Bravo, signor padrone…Se vuol ballare…Ed aspettaste
5. Act 1 – “La vendetta” – “Tutto ancor non ho perso”
6. Act 1 – “Via resti servita” – “Va là, vecchia pedante”
7. Act 1 – Non so più…Ah, son perduto!
8. Act 1 – Cosa sento!…Basilio, in traccia tosto…Giovani
9. Act 1 – “Non più andrai”
10.Act 2 – Porgi amor…Vieni, cara Susanna
11.Act 2 – “Voi che sapete” – “Bravo! che bella voce!”
12.Act 2 – Venite! Inginocchiatevi…Quante buffonerie!
1.Act 2 – “Che novità!”
2.Act 2 – “Susanna, or via, sortite” – “Dunque, voi non aprite”
3.Act 2 – “Aprite, presto” – “O guarda il demonietto!” – “Tutto è come io lasciai”
4.Act 2 – “Esci, ormai, garzon malnato” – “Susanna!… Signore!”
5.Act 2 – “Signore, di fuori” – “Ah! signore… signor!”
6.Act 2 – “Voi signor, che giusto siete” Jane Berbié
7.Act 3 – “Che imbarazzo è mai questo” – “Via, fatti core”
8.Act 3 – “Crudel! perché finora” – “E perché fosti meco”
9.Act 3 – Hai già vinta la causa!…Vedrò mentr’io sospiro…
10.Act 3 – “Riconosci in questo amplesso” – “Eccovi, o caro amico” – “Andiamo, andiam, bel paggio”
1. Act 3 – E Susanna non vien…Dove sono i biei momenti…Io
2. Act 3 – Cosa mi narri!…Che soave zeffiretto…Piegato è
3. Act 3 – Ecco la marcia…Eh, già, solita usanza
4. Act 4 – L’ho perduta…Barbarina, cos’hai?
5. Act 4 – Il capro e la capretta…Nel padiglione a manca
6. Act 4 – “In quegli anni in cui val poco”
7. Act 4 – “Tutto è disposto” – “Aprite un po’ quegli occhi”
8. Act 4 – Giunse alfin il momento…Deh, vieni, non tardar.
9. Act 4 – Pian pianin le andrò più presso…Tutto è tranquillo
10.Act 4 – “Gente, gente, all’armi”
Lucia Popp, Kiri Te Kanawa, Frederica von Stade, Samuel Ramey,Sir Thomas Allen e Kurt Moll – solistas
London Opera Chorus
London Philarmonic Orchestra
Sir George Solti – Director
o Penguin Guide rasga a seda: Solti opta por uma proporção justa de velocidades extremas, tanto lentas quanto rápidas, mas elas raramente, se é que alguma vez, interferem na felicidade essencial do entretenimento. Samuel Ramey, um barítono de voz firme, interpreta um Figaro viril, perfeitamente combinado com a mais encantadora das Susannas gravadas, Lucia Popp, que apresenta uma performance brilhante e radiante. Thomas Allen também está magnífico. Kurt Moll como Don Bartolo canta um La vendetta inesquecível. Frederica von Stade é uma Cherubino muito atraente, mas coroando tudo está a Condessa de Kiri TeKanawa.
Duas notáveis sinfonias de Mozart e outra mais ou menos. A Júpiter é a Júpiter, né? É sua esplêndida última sinfonia e foi composta em circunstâncias incríveis. Geralmente, uma sinfonia leva meses para ser composta. Mozart, entretanto, durante o verão de 1788, compôs três sinfonias em menos de dois meses: a Sinfonia no 39 (K. 543) foi completada no dia 26 de junho; a Sinfonia no 40 (K. 550), em 25 de julho; e a Sinfonia no 41,“Júpiter” (K. 551), em 10 de agosto. Ao que tudo indica, as três não foram encomendadas por ninguém, mas Mozart raramente compunha sem um propósito. Em vista das dificuldades financeiras que passava na época, talvez ele estivesse planejando vendê-las a um editor ou executá-las em algum concerto em Viena.
Composta em apenas dois dias no final de 1773, quando Mozart tinha 17 anos, a espetacular Sinfonia nº 25 em Sol Menor, K.183 representa uma ruptura em relação às obras precedentes do compositor. Em sua perfeição, ela prenuncia suas últimas sinfonias. Seu estilo, cheio de fogo e paixão, é novo em Mozart. Lembra, porém, obras de Johann Christian Bach e Haydn deste mesmo período, conhecidas como Sinfonias Sturm und Drang (Tempestade e Tensão), por analogia ao movimento da literatura alemã.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Sinfonias Nº 41, 25 e 32 (Wordsworth)
Sinfonia nº 41 em dó maior, K. 551, “Júpiter”
1 Allegro vivace 11:22
2 Andante Cantabile 11:24
3 Menuetto: Allegretto 4:45
4 Molto Allegro 9:34
Sinfonia nº 25 em sol menor, K. 183
5 Allegro Con Brio 7:41
6 Andante 3:49
7 Menuetto 3:26
8 Alegro 5:15
9 Sinfonia nº 32 em sol maior, K. 318 7:50
Maestro – Barry Wordsworth
Orquestra – Capela Istropolitana
Não se deixe enganar pela capa, este é um ótimo disco. Reuniu um time de músicos e técnicos excelentes para ser gravado e está recheado de lindas obras de Mozart.
O repertório consiste dos dois quartetos com piano e o trio ‘Kegelstatt’, combinações incomuns de instrumentos e mesmo inéditas (no caso do trio) nos dias em que foram compostas.
O quarteto Domus era então formado por Krysia Osostowicz (violino), Timothy Boulton (viola), Rchard Lester (violoncelo) e eram todos bem jovens em 1991. O selo Virgin colocou a produção nas mãos de Andrew Keener e as gravações foram feitas na St. George’s Church, em Bristoll. O produtor deixou uma pequena nota no livreto contando da enorme alegria do grupo ao tocar para uma audiência e, por isso, boa parte do resultado final do disco foi gravada ao vivo.
Os quartetos para piano de Mozart chegaram à sua existência graças a um ótimo personagem que vivia em Viena, era músico, compositor e, como Mozart, fora atraído para essa cidade mais ou menos na mesma época que ele. Franz Anton Hoffmeister publicava música e encomendou três quartetos com piano de Mozart, esperando grandes vendas para os músicos amadores vienenses, sempre ávidos por boas melodias. Mas, quando o primeiro dos quartetos ficou pronto, Hoffmeister cancelou o acordo com o amigo Wolfie, deixando que este ficasse com o dinheiro já pago e liberando-o da obrigação de compor os outros. O fato é que no dia da inspiração para o primeiro quarteto, a musa que atendeu aos chamados do compositor era a da tonalidade sol menor… e ela estava inspirada. A parte para piano é bem mais difícil do que se esperava e, apesar da belíssima música, toda a obra soava estranhíssima para aqueles dias. Veja por você como essa tonalidade afetava Mozart, que a usou também em outras obras impressionantes, como as Sinfonias Nos. 25 e 40, assim como no Quinteto de Cordas K. 516. Aqui está uma postagem recente, feita pelo nosso editor chefe, com uma gravação também recente e excelente do quinteto…
Hoffmeister explicou tudo para o amigo Mozart, sobre a parte para piano, a tonalidade… deve ser isso, pois apesar de estar livre do compromisso, Mozart compôs ainda mais um Quarteto, aquele bem mais próximo da receita de Franz Anton. O Quarteto em mi bemol maior, K. 493, foi completado nos mesmos dias que Mozart finalizou a ópera As Bodas de Fígaro e, assim como o Concerto No. 22, também em mi bemol, é uma obra elegante e graciosa.
O Trio com Clarinete tem sua história ligada a outro amigo de Mozart, o clarinetista Anton Stadler, que tocou essa parte pela primeira vez em companhia do próprio Mozart, que por sua vez tocou a parte da viola, na estreia da peça. Ao piano a jovem Franziska, filha do dono da casa onde o evento se deu, o Barão Gottfried van Jacquin. A jovem e seu irmão eram alunos de Mozart e, pelo que podemos ouvir no trio, era talentosa.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Quarteto com Piano No. 1 em sol menor, K 478
Alegro
Andante
Rondo: Allegro
Trio para Piano, Clarinete e Viola em mi bemol maior, K 498 ‘Kegelstatt’
Na seção ‘The book is on the table’ de hoje, temos um resumo de uma crítica de Mr. Stanley Crowe:
Domus is long gone, and its members have morphed into the Florestan Trio, but it was a great group, and by the time they recorded these Mozart pieces, they had been together for a dozen years. The music […] is superbly played and recorded here. Just as sound, I was taken with the recording of the “Kegelstat” Trio (for piano, viola, and clarinet), where the instruments seem in perfect balance and the charm of the piece […] comes through well. As always, the pianist Susan Tomes excels […] and it’s good to hear the viola to somewhat more advantage than one usually does in quartets. Timothy Boulton plays beautifully, as does Richard Hosford, an excellent clarinetist. There are other fine recordings of these pieces out there, but this is as good as any.
Os dois concertos deste disco foram compostos apenas alguns meses um do outro, em 1786, ano que assistiu a estreia de As Bodas de Fígaro. Mozart estava em plena forma. Num período de dois anos compôs nada menos do que 11 concertos para piano (!) e todos de altíssimo nível.
O Concerto No. 21 em dó maior (K. 467) tem um movimento lento especialmente lírico que o torna um dos preferidos do público. Esse movimento ficou famoso por ser usado em um clássico do cinema chamado ‘Elvira Madigan’.
O Concerto No. 22 em mi bemol maior (K. 482) tem a mesma orquestração que o concerto anterior, mas no lugar de oboés, Mozart usa dois clarinetes, que torna a audição bastante interessante. O movimento lento deste concerto é também muito bonito e a interpretação que você ouvirá aqui pode ajudar a entender a razão de ter sido exigido a sua repetição na estreia do concerto. Esse fato ficou registrado em uma carta que Leopold – pai de Mozart, que o visitava em Viena, – escreveu para Nannerl, sua irmã, surpreso por esse fato tão pouco usual.
O pianista Jonathan Biss nasceu em uma família de músicos e cresceu em Bloomington, estado de Indiana, no meio oeste americano. Bloomington é uma cidade universitária e tem uma vida musical muito rica, assim como a escola de música da Universidade de Indiana, que é muito forte.
Em uma entrevista, Jonathan Biss contou como foi importante o encontro com o pianista Leon Fleisher. Seus pais o levaram para Baltimore quando ele tinha 14 anos. Nesse dia Leon Fleisher tocou todas as Sonatas de Beethoven junto com seus alunos. Essa experiência certamente marcou muito o jovem pianista. Jonathan Biss gravou a integral das Sonatas de Beethoven. Espero que não seja preciso esperar mais alguma data festiva para ver essas gravações alcançando as nossas publicações aqui no PQP Bach.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para Piano No. 21 em dó maior, K. 467
Allegro maestoso (Cadência: J. Biss)
Andante
Allegro vivace assai (Cadência: Dinu Lipatti)
Concerto para Piano No. 22 em mi bemol maior, K. 482 (Cadências: J. Biss)
Biss (on modern concert grand rather than any period instrument) has completely and satisfyingly surrendered to the music’s moods and emotions, whilst maintaining Mozartian clarity and poise. […] His emotive reading of the mournful, unsettled Andante (K. 482) leaves one in no doubt as to why the first audience demanded an encore. Fantastic stuff. [BBC Music Magazine, 2008]
Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.
Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856) Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827) Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto
César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890) Sonata em Lá maior para violino e piano 7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso
Renaud Capuçon, violino
Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en-Provence (França) em 22 de abril de 2022.
Apesar de já não serem exatamente novidades, por circularem há algumas décadas entre pirat…, er, fãs incondicionais afeitos a compartilhar gravações não oficiais, os muitos registros ao vivo presentes nos oito volumes duplos lançados pelo selo Doremi ao longo do último ano são muito bem-vindos à discografia de Marthinha. Chamo atenção para as sonatas de Beethoven, particularmente sua elétrica – diria até demais! – leitura da “Waldstein” (volume 10) e uma belíssima interpretação da Op. 101 (vol. 11), que, até prova em contrário, são suas únicas para estas obras-primas; uma rara aparição do Concerto no. 3, aquele que ela menos toca entre os três de Ludwig que estão em seu repertório, e que viria a gravar oficialmente só décadas mais tarde (vol. 9); um Rach 3 ainda menos comum, captado durante a brevíssima janela em que ela o tocou (vol. 13); e colaborações com regentes notáveis como Rafael Kubelík (vol. 13), Lorin Maazel (vol. 10), Claudio Abbado (vols. 10 e 11), além de Charles Dutoit – seu ex-marido, amigo e parceiro artístico de tantas décadas, que se faz presente na maior parte dos tomos dessa coleção, acompanhando Martha por toda parte.
Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953) Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro, ma non troppo
Orquestra Sinfónica del SODRE Charles Dutoit, regência
Gravado em Montevideo (Uruguai) em 14 de junho de 1969
Robert SCHUMANN Toccata em Dó maior para piano, Op. 7 4 – Allegro
Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17
5 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen. Im Legenden-Ton 6 – Mäßig. Durchaus energisch 7 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten
Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849) Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60 8 – Allegretto
Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39 9 – Presto con fuoco
Gravado em Edinburgh (Escócia) em 6 de setembro de 1966
Johann Sebastian BACH (1685-1750) Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807 10 – Prélude
11 – Allemande
12 – Courante
13 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
14 – Bourrée I & II
15 – Gigue
Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22 16 – So rasch wie möglich
17 – Andantino
18 – Scherzo
19 – Rondo
Joseph Maurice RAVEL (1875-1937) Jeux d’eau, para piano 20 – Très doux
Franz LISZT Das Harmonies poétiques et religieuses para piano, S. 173:
21 – No. 7: Funérailles
Fryderyk CHOPIN Balada para piano no. 3 em Lá bemol maior, Op. 47 22 – Allegretto
Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41: 23 – No. 4 em Lá bemol maior
Das Três mazurcas para piano, Op. 63: 24 – No. 2 em Fá menor
Das Quatro mazurcas para piano, Op. 33:
25 – No. 2 em Ré maior
Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31 26 – Presto
Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
27 – No. 2 em Dó maior
Gravado em Edinburgh (Escócia) em 8 de setembro de 1967
Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893) Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice
3 – Allegro con fuoco
Göteborgs Symfoniker Charles Dutoit, regência
Gravado em Göteborg (Suécia) em 27 de outubro de 1972
Robert SCHUMANN Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54 4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace
Česká Filharmonie Václav Neumann, regência
Gravado em München (Alemanha Ocidental) em 29 de março de 1971
Ludwig van BEETHOVEN Das Três sonatas para piano, Op. 10: No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Minuet. Allegro
10 – Rondo. Allegro
Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945) Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
11 – Allegro moderato
12 – Sostenuto e pesante
13 – Allegro molto
Fryderyk CHOPIN Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28 14 – No. 1 em Dó maior
15 – No. 2 em Lá menor
16 – No. 3 em Sol maior
17 – No. 4 em Mi menor
18 – No. 5 em Ré maior
19 – No. 6 em Si menor
20 – No. 7 em Lá maior
21 – No. 8 em Fá sustenido menor
22 – No. 9 em Mi maior
23 – No. 10 em Dó sustenido menor
24 – No. 11 em Si maior
25 – No. 12 em Sol sustenido menor
26 – No. 13 em Fá sustenido maior
27 – No. 14 em Mi bemol menor
28 – No. 15 em Ré bemol maior
29 – No. 16 em Si bemol menor
30 – No. 17 em Lá bemol maior
31 – No. 18: em Fá menor
32 – No. 19 em Mi bemol maior
33 – No. 20 em Dó menor
34 – No. 21 em Si bemol maior
35 – No. 22 em Sol menor
36 – No. 23 em Fá maior
37 – No. 24 em Ré menor
Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
38 – Sonata em Ré menor, K. 141
Fryderyk CHOPIN
Das Três Mazurcas para piano, Op. 63:
39 – No. 2 em Fá menor
Ludwig van BEETHOVEN Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
1 – Allegro con brio
2 – Introduzione. Adagio molto
3 – Rondo. Allegretto moderato – Prestissimo
Fryderyk CHOPIN Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58 4 – Allegro maestoso
5 – Scherzo. Molto vivace
6 – Largo
7 – Finale. Presto non tanto
Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Das Estampes para piano, L. 100:
8 – No. 3: Jardins sous la pluie
Gravado em Tokyo (Japão) em 4 de outubro de 1970
Maurice RAVEL Concerto em Sol maior para piano e orquestra
9 – Allegramente
10 – Adagio assai
11 – Presto
Radio-Sinfonieorchester Stuttgart Peter Maag, regência
Gravado em Stuttgart (Alemanha Ocidental) em 10 de outubro de 1969
Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro
Radio-Sinfonieorchester Berlin Lorin Maazel, regência
Gravado em Berlim Ocidental (Alemanha Ocidental) em 1972
Sergei PROKOFIEV Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
4 – Andante
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro, ma non troppo
Orchestre National de la Radiodiffusion Française Claudio Abbado, regência
Gravado na França em 7 de dezembro de 1967
Robert SCHUMANN
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22 7 – So rasch wie möglich
8 – Andantino
9 – Scherzo
10 – Rondo
Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de abril de 1973
Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo: Allegro scherzando
Česká Filharmonie
Claudio Abbado, regência
Gravado em Salzburg (Áustria) em 4 de agosto de 1971
Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124
4 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato
NDR Symphonieorchester Moshe Atzmon, regência
Gravado em Hamburg (Alemanha Ocidental) em 8 de novembro de 1971
Fryderyk CHOPIN Sonata para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 35 5 – Grave. Doppio movimento
6 – Scherzo
7 – Marche funèbre: Lento
8 – Finale: Presto
Gravado em New York City (Estados Unidos) em 2 de outubro de 1974
Johann Sebastian BACH Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807 1 – Prélude
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande – Les agréments de la même Sarabande
5 – Bourrée I & II
6 – Gigue
Ludwig van BEETHOVEN Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
7 – Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
8 – Lebhaft. Marschmäßig
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit
Robert SCHUMANN Kinderszenen, para piano, Op. 15 11 – Von fremden Ländern und Menschen – Kuriose Geschichte – Hasche-Mann – Bittendes Kind – Glückes genug – Wichtige Begebenheit – Träumerei – Am Kamin – Ritter vom Steckenpferd – Fast zu ernst – Fürchtenmachen – Kind im Einschlummern – Der Dichter spricht
Gravado em Veneza (Itália) em 10 de fevereiro de 1969
Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791) Sonata para piano em Lá maior, K. 310 12 – Allegro maestoso
13 – Andante cantabile con espressione
14 – Presto
Gravado em Colônia (Alemanha Ocidental) em 8 de setembro de 1960
Fryderyk CHOPIN Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21 1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace
Detroit Symphony Orchestra Klaus Tennstedt, regência
Gravado em Detroit (Estados Unidos) em 9 de fevereiro de 1978
Robert SCHUMANN Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54 4 – Allegro affettuoso
5 – Intermezzo
6 – Allegro vivace
Orchestre de l’Office de Radiodiffusion-Télévision Française Charles Dutoit, regência
Gravado em Paris (França) em 6 de setembro de 1973
Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124
7 – Allegro maestoso – Quasi adagio – Allegretto vivace – Allegro animato – Allegro marziale animato
Göteborgs Symfoniker Norman del Mar, regência
Gravado em Göteborg (Suécia) em 18 de março de 1971
Johann Sebastian BACH Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826 1 – Sinfonia
2 – Allemande
3 – Courante
4 – Sarabande
5 – Rondeau
6 – Capriccio
Sergei PROKOFIEV Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83 7 – Allegro inquieto
8 – Andante caloroso
9 – Precipitato
Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12 10 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied
Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39 11 – Presto con fuoco
Fryderyk CHOPIN
12 – Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante para piano, Op. 22
Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
13 – Sonata em Ré menor, K. 141
Gravado em Toronto (Canadá) em 3 de novembro de 1978
Wolfgang Amadeus MOZART Concerto para piano e orquestra no. 25 em Dó maior, K. 503 1 – Allegro Maestoso
2 – Andante
3 – Allegretto
New York Philharmonic Rafael Kubelík, regência
Gravado em New York City (Estados Unidos) em 7 de fevereiro de 1978
Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943) Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30 4 – Allegro ma non tanto
5 – Intermezzo. Adagio
6 – Finale. Alla breve
Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15 1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo. Allegro scherzando
NDR Orchester Moshe Atzmon, regência
Gravado em Hamburgo (Alemanha Ocidental) em 23 de agosto de 1976
Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893) Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
4 – Allegro non troppo e molto maestoso
5 – Andantino semplice
6 – Allegro con fuoco
Orchestre de la Suisse Romande Charles Dutoit, regência
Gravado em Génève (Suíça) em 24 de outubro de 1973
Joseph Maurice RAVEL (1875-1937) Jeux d’eau, para piano 7 – Très doux
Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
8 – Sonata em Ré menor, K. 141
Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945) Sonata para piano. BB 88, Sz. 80
1 – Allegro moderato
2 – Sostenuto e pesante
3 – Allegro molto
Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12 4 – Des Abends – Aufschwung – Warum? – Grillen – In der Nacht – Fabel – Traumes Wirren – Ende vom Lied
Maurice RAVEL Gaspard de la nuit, Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, M. 55 5 – Ondine
6 – Le gibet
7 – Scarbo
Fryderyk CHOPIN Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60 8 – Allegretto
Dos Dois noturnos para piano, Op. 48 9 – No. 1 em Dó menor
Scherzo em Dó sustenido menor para piano, Op. 39 10 – Presto con fuoco
“Siri com Toddy”, diriam alguns, ao verem o lépido trio de Haydn pareado com o demoníaco Concerto no. 3 de Prokofiev, ambos gravados durante participações da Rainha no Festival de Verbier. Mas quem pode reclamar, quando o Haydn é tão lindamente tocado, e o Prokofiev vem num dos melhores registros desta que é, há décadas, uma de suas mais magmáticas intérpretes?
Joseph HAYDN (1732-1809) Trio para piano, violino e violoncelo no. 39 em Sol maior, Hob.XV:25 1 – Andante
2 – Poco adagio
3 – Rondo all’Ongarese (Presto)
Vadim Repin, violino Mischa Maisky, violoncelo
Gravado em Verbier (Suíça) em 27 de julho de 2000
Sergei PROKOFIEV Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 30 4 – Andante – Allegro
5 – Tema con variazioni
6 – Allegro ma non troppo
Verbier Festival Orchestra
Yuri Temirkanov, regência
Falando em reclamar, chegou a minha vez: reconheço os méritos da longa carreira e extraordinária vida de Ivry Gitlis, mas não me conto entre seus fãs como intérprete. Martha, aparentemente, nunca ligou para minha opinião desimportante (no que age muito bem), e foi muito amiga do violinista israelense, a quem acompanhou em muitos recitais, excertos dos quais apareceram nesse volume duplo e meio mal ajambrado da Doremi. Só porque sou implicante, incluí somente as faixas com participação da Rainha – se os aficionados por Gitlis me xingarem o bastante nos comentários, talvez eu lhes traga, algum dia, as faixas que arbitrariamente limei.
Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para violino e piano no. 18 em Sol maior, K. 301 1 – Allegro con spirito
2 – Allegro
Ludwig van BEETHOVEN Da Sonata para violino e piano em Fá maior, Op. 24, “Primavera”: 3 – Rondo
Gravado em Lugano (Suíça) em 14 de junho de 2006
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto
Friedrich (“Fritz”) KREISLER (1875-1962)
7 – Liebesleid
Gravado em Lugano em 7 de junho de 2003
Claude DEBUSSY
Sonata para violino e piano em Sol menor, L. 140
8 – Allegro vivo
9 – Fantasque et léger
10 – Finale. Très animé
Gravado em Lugano em 24 de junho de 2004
Fritz KREISLER
11 – Schön Rosmarin
12 – Liebesleid
A já longa recusa a tocar solo, tanto nos palcos quanto nos estúdios, naturalmente direcionou Marthinha para rumos e repertórios novos como camerista. Suas participações em festivais, em especial o de Lugano, costumam trazer surpresas, entre as quais poucas poderiam ser mais obscuras que o duo pianístico Bilder aus Osten (“Quadros do Oriente”) de Schumann, aqui num arranjo do clarinetista Mark Denemark, e a seleção de peças de Bruch para piano, clarinete e viola (tocada por Lyda, a filha mais velha da Diva) que encerra o disco a seguir.
Robert SCHUMANN
Bilder aus Osten, para piano a quatro mãos, Op. 66 (arranjo de Mark Denemark para piano, clarinete, viola e violoncelo) 1 – Lebhaft
2 – Nicht schnell und sehr gesangvoll zu spielen
3 – Im Volkston
4 – Nicht schnell ‘Chanson Orientale’
5 – Lebhaft
6 – Reuig andächtig
Mark Denemark, clarinete Lyda Chen, viola Mark Drobinsky, violoncelo
Gravado em Lugano (Suíça) em 16 de junho de 2007
Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)
Das Oito peças para clarinete, viola e piano, Op. 83: 7 – No. 5: Rumänische Melodie: Andante
8 – No. 6: Nachtgesang: Andante con moto
9 – No. 7: Allegro vivace, ma non troppo
10 – No. 8: Moderato
A um só tempo celebração dos noventa anos de Rodion Shchedrin e um bom apanhado geral de sua fascinante e multifacetada obra, a compilação a seguir, que reúne gravações ao vivo em diversas edições do Festival de Verbier, nos faz ouvir Martha e seu amicíssimo ex-vizinho Mischa Maisky no Concerto Duplo para violoncelo e piano – a única obra de Shchedrin que tem em seu repertório -, além duma minigaláxia de celebridades musicais que inclui o próprio compositor, um excelente pianista.
Rodion Konstantinovich SHCHEDRIN (1932) Concerto duplo para piano, violoncelo e orquestra, “Oferenda Romântica” 1 – Moderato quasi andantino
2 – Allegro
3 – Sostenuto assai
Mischa Maisky, violoncelo Verbier Festival Orchestra
Neeme Järvi, regência
Gravado em Verbier (Suíça) em 30 de julho de 2012
Antigas Melodias Tradicionais Russas, para violoncelo e piano 4 – Lento un poco rubato
5 – Allegro, ma non troppo
6 – Maestoso
7 – Adagietto
8 – Moderato
Rodion Shchedrin, piano Sol Gabetta, violoncelo
Duetos Românticos, para piano a quatro mãos
9 – Andante cantabile
10 – Allegro sotto voce
11 – Maestoso con moto
12 – Allegretto moderato, a la gypsy
13 – Allegro, ma non troppo
14 – Andante recitando
15 – (Coda) Prestissimo
Rodion Shchedrin e Roland Pöntinen, piano
16 – Concerto no. 1 para orquestra, ‘Tschastuschi’
Verbier Festival Orchestra
Mikhail Pletnev, regência
Improvisos para piano, “Páginas sem Arte” 17 – No. 1, Romantic Etude (Staccato-Etude)
18 – No. 2, Unforgettable Micaëla
19 – No. 3, Music to Chekhov’s Play
20 – No. 4, The Tsar’s Cortege
21 – No. 5, Aria
22 – No. 6, Reminiscenses of Old-Age Romances…
23 – No. 7, The Politician Speaks … !
Um dos veios mais belos e imutáveis da personalidade de Martha é a generosidade com que ela acolhe, prestigia e promove jovens artistas. A suíça Maria Solozobova tinha um pouco mais da metade da idade da Rainha quando tornou-se sua parceira de duo e, como quase sempre acontece com quem dela se aproxima, também sua amiga. O relato seguinte de Maria, parte duma entrevista a uma agência russa, é puro suco de Argerich:
“Nos conhecemos por acaso. As estrelas deviam estar alinhadas, ou algo assim. Certa vez, dei um concerto com a Orquestra Filarmônica do Sul da Alemanha em Konstanz e um amigo nosso, um advogado, me apresentou a uma jovem pianista nos bastidores. Ele disse que precisávamos nos conhecer, pois ela era uma ótima artista. Essa pessoa era Cristina Marton-Argerich, que é casada com o sobrinho de Martha. Cristina e eu imediatamente nos tornamos amigas e começamos a tocar juntas e isso acabou me levando a conhecer Martha. (…) não é fácil conhecer uma artista do calibre de Martha, então pedi a Cristina para me apresentar a ela. Na época, o festival de Martha ainda acontecia em Lugano, então fui para lá e, depois de nos apresentarmos, decidimos nos encontrar e tocar algumas peças juntas, por pura diversão, em casa. Nos encontramos então na casa dela em Genebra [para tocar] a sonata de Franck. Há uma história quanto a esse encontro: fiquei presa em um engarrafamento e cheguei duas horas atrasada. Martha é uma pessoa muito fora do comum: ela quase nunca atende o telefone, então ela me esperou na rua – quer dizer, ela ficou ali o tempo todo, mulher pequena e frágil que ela é. Fiquei terrivelmente envergonhada, pois mal nos conhecíamos na época e ainda não tínhamos nos tornado amigas. Quando tocamos a peça juntas pela primeira vez, parecia tão natural que mal pude acreditar. Nós a executamos perfeitamente do começo ao fim na primeira tentativa, e então ela disse: ‘Vamos para a cozinha comer algumas guloseimas’. Fiquei sem palavras e não pude deixar de perguntar: ‘Podemos tocar mais uma vez?’ Ela se virou e perguntou: ‘Para quê?’ Fiquei novamente sem palavras, mas rapidamente pensei na resposta: ‘Não poderíamos… Só por prazer?’. Martha é muito brincalhona. Ela é tão efervescente, e tem esse olhar brilhante, especial. Ela me olhou bem e disse “Tudo bem”, e tocamos pela segunda vez, de uma forma completamente diferente! Foi incrível, e eu realmente adorei. Ela sente a música tão profundamente, duma maneira tão colorida… As palavras não podem expressar o quão bom foi. Você realmente tem que experimentar para entender”.
Ludwig van BEETHOVEN Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
1 – Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Finale. Presto
Sergei PROKOFIEV Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a 4 – Moderato
5 – Scherzo. Presto
6 – Andante
7 – Allegro con brio
Maria Solozobova, violino
Gravado em Zürich (Suíça) em 23 de dezembro de 2014
Acolher jovens como Solozobova não significa, para Martha, deixar de lado seus velhos parceiros na Música. O mais antigo deles é seu conterrâneo Daniel Barenboim, que ela conhece desde os tempos em que ambos eram as mais famosas crianças-prodígio de Buenos Aires. A gravação a seguir, lançada pelo selo Peral, do próprio Barenboim, não poderia trazer Martha em situação mais confortável: o No. 2 de Beethoven, que ela tocaria de olhos vendados, na companhia de Daniel, com uma orquestra idealizada e burilada pelo próprio ao longo de algumas décadas, e no mesmo venerando palco do Teatro Colón em que ela estreara incríveis… sessenta e seis anos antes!
Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro
West-Eastern Divan Orchestra Daniel Barenboim, regência
Gravado no Teatro Colón em Buenos Aires (Argentina), julho de 2015
Encerrando nosso tributo anual à deusa maior do piano, o Concerto no. 2 de Beethoven volta, pareado com outro cavalo de batalha de Martha: o Concerto em Sol de Ravel, do qual legou à eternidade a gravação para mim definitiva com Abbado, e que ela toca aqui na companhia de seu mais novo queridinho, o israelense Lahav Shani. Shani tem colaborado estreitamente com a Rainha (e talvez tanto quanto denote a ilustração da capa do álbum, que os torna um só ser bicéfalo), ora como pianista, ora frente a Filarmônica de Israel, do qual é atualmente o diretor musical. Cinquenta inacreditáveis anos separam essas duas leituras de Ravel, e é assombroso como a passagem do tempo só se faz notar pela engenharia de som, pois ninguém o diria pela agilidade, elã e consumada arte de Marthinha ao teclado.
Feliz cumple, Reina – e que nunca pares de nos encantar ❤
Ludwig van BEETHOVEN Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19
1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondo. Molto allegro
Gravado em Tel Aviv (Israel) em 22 de dezembro de 2019
Maurice RAVEL Concerto em Sol maior para piano e orquestra
4 – Allegramente
5 – Adagio assai
6 – Presto
Gravado em Tel Aviv em 24 e 27 de dezembro de 2019
Ampliar o repertório depois dos oitenta anos? Sim, se tu és Marthinha: ei-la tocando pela primeira vez em público o pouquíssimo conhecido Souvenir de Paganini, um memento musical composto por Chopin aos 19 anos, instigado por um concerto do célebre violinista em Varsóvia.
Os trios com piano de Mozart são música em que o piano brilha mais, como personagem protagonista, com o violino tendo seus momentos de destaque e o violoncelo quase sempre lá no fundo, em um papel que remonta ao baixo continuo da música de seus antecessores.
Brendel, Pollini, assim como os mais jovens Lubimov, Uchida e Brautigam… são muitos os grandes pianistas mozartianos que não se aventuraram em gravar esses trios. Entre as exceções, Maria João Pires fez um belo disco já postado aqui.
E entre os trios de Mozart este de K. 442 é ainda menos lembrado: os três movimentos foram compostos em Viena em meados da década de 1780, mas não se tem certeza se o compositor queria juntá-los ou se seriam partes de obras diferentes. Em todo caso, foram publicados juntos pouco após a morte do compositor. No século XIX, o musicólogo von Köchel deu a esse trio o nº K. 442, indicando que é mais ou menos da mesma época dos quartetos “A Caça” (K. 458) e “As Dissonâncias” (K. 465), do quinteto para piano e sopros (K. 452) e da fase de espantosa abundância de concertos para piano, do No. 14 (K. 449) até o nº 24 (K. 491). Ou seja, o período de Mozart já estabelecido em Viena
Os jovens alemães do Trio Adorno fazem um belo trabalho, em excelente qualidade de som, ao chamar atenção para este trio de Mozart e ainda para um trio de Mendelssohn que costuma ficar à sombra de outro mais famoso e para um trio de Martinů bem pouco tocado, aliás como toda a música de câmara do compositor tcheco. Ao contrário do Mozart, nesses outros dois o violoncelista também tem momentos de destaque, com as exigências técnicas mais ou menos igualmente distribuídas entre os três músicos. E nessa gravação os três alemães mostram versatilidade: fazem um Mozart leve e alegre, um Mendelssohn bem romântico e sublinham as esquisitices de Martinů.
Wolfgang Amadeus Mozart:
1-3. Piano Trio in D Minor, K.442 (Trio em ré menor, 1785-1888)
I. Allegro, II. Tempo di Minuetto, III. Allegro Bohuslav Martinů:
4-6. Piano Trio n. 3 in C Major (Trio em dó maior, 1951)
I. Allegro moderato, II. Andante, III. Allegro Felix Mendelssohn:
7-10. Piano Trio n. 2 in C Minor Op.66 (Trio em dó menor, 1845)
I. Allegro energico con fuoco, II. Andante espressivo, III. Scherzo molto allegro quasi presto, IV. Finale Allegro appassionato
Trio Adorno: Christoph Callies – violin; Samuel Selle – cello; Lion Hinnrichs – piano
Recorded: Laeiszhalle Hamburg, March 2021
Eu, PQP Bach, amo estes dois Quintetos escritos por Mozart em sua fase final. O K. 515 e 516 são dois “quintetos de violas” na medida em que foram escritos para quarteto de cordas e uma viola extra (dois violinos , duas violas e violoncelo), contrariamente ao comum, que é dobrar o violoncelo. O K. 515, em dó maior, foi finalizado em 19 de abril de 1787, menos de um mês antes da conclusão do tempestuoso Quinteto em sol menor, K. 516. Esta não seria a última vez que um grande par de obras em dó maior / sol menor seriam publicadas em estreita proximidade e receberiam números Köchel consecutivos. No ano seguinte, as sinfonias 40 (sol menor) e 41 (dó maior) seriam concluídas com algumas semanas de diferença. Dizem que Mozart compôs estes dois quintetos de cordas só para mostrar ao recém-empossado rei Frederico Guilherme II da Prússia que era tão bom ou melhor do que Luigi Boccherini no formato que celebrizou o italiano… Frederico Guilherme, que sucedeu a Frederico o Grande, era ótimo violoncelista. Fez isso porque teria chegado a seus ouvidos que Boccherini era candidato ao posto de diretor da música na corte da Prússia. Nesta gravação, o Ébène convida o amigo e violista Antoine Tamestit para tocar estas duas obras lindas e contrastantes. Os movimentos lentos estão de cortar os pulsos, mas com alegria…
W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 & 516 (Ébène + Tamestit)