Makaris: Wisps in the Dell #BTHVN250

Makar (plural: makaris): originalmente o nome dos bardos da corte real escocesa nos séculos XV e XVI, posteriormente atribuído aos gigantes literários do Iluminismo de Edinburgh no século XVIII, e hoje um termo para se referir a um menestrel ou poeta escocês”


​A primeira viagem de Haydn a Londres, em 1791, rendeu-lhe um encontro com o editor William Napier, que tinha o plano de publicar coleções de canções escocesas arranjadas por grandes compositores do continente. Napier, claro, sonhava contar com Haydn, mas as dívidas em que chafurdava tornavam altamente improvável remunerar à altura o maior mestre vivo da nobre Arte. Ainda assim, devia ter a cara bastante dura, pois fez a proposta ao Mestre de Rohrau e, para sua surpresa, não só ela foi aceita, como Haydn declinou qualquer pagamento antecipado. Acabou por arranjar-lhe cento e cinquenta canções, que salvaram o editor da prisão por insolvência e abriram um rico filão.

Em Edinburgh, como já lhes contei noutra postagem, George Thomson resolveu explorar a vereda aberta por Napier, editando arranjos para voz e conjunto de câmara para numerosas canções de diversas nacionalidades. Para refinar as letras, em sua maioria em dialetos considerados chucros, Thomson contou com a valiosa assistência de seu amigo Robert Burns, o poeta nacional da Escócia. Para os arranjos, recrutou a crème de la crème da Música continental, incluindo o próprio Haydn e, como vimos há alguns meses, aquela fonte de enxaqueca de nome Beethoven. Entre bloqueios continentais napoleônicos e a genuína teimosia beethoveniana, o tráfico de música através da Mancha floresceu e rendeu algumas boas centenas de publicações, a maioria das quais hoje jaz em esquecimento.

Quando publiquei os arranjos de Beethoven, há alguns meses, vários leitores-ouvintes, ao manifestarem sua grata surpresa com o evidente zelo que o renano dedicou à tarefa, estranharam nas interpretações a falta de um sotaque mais apropriado às canções e suas origens que, se não de todo folclóricas, são por demais plebeias para que, na voz impostada de cantores líricos, não soem constritas.

Creio, pois, que esses leitores-ouvintes gostarão dessa gravação que ora lhes trago. Com exceção da primeira e da penúltima faixas, todas as outras foram adaptadas por notáveis compositores alemães e austríacos, e aqui aparecem em seus arranjos autênticos. O conjunto Makaris interpreta-as com um gracioso equilíbrio de precisão clássica e espontaneidade popular. A soprano Fiona Gillespie, que vem duma família com longa tradição em música celta, tem a voz sob medida para o repertório, e seu bonito timbre, aplicado a inflexões escocesas e livre de vibrato, garante o encanto do começo ao fim. Os demais músicos também são extraordinários, e o clima geral é de frescor e espontaneidade, como se estivéssemos a acompanhar o animado sarau de talentosos amigos. De lambujem, para alegria dos completistas compulsivos, duas premières mundiais (faixas 12 e 18), de versões preliminares de arranjos de Beethoven que nosso herói acabou por reescrever porque Thomson as achou difíceis demais para o seu público-alvo (o que o fez levar, como já lhes contei, um senhor sabão do mestre). Aos brasileiros, há a curiosidade do arranjo de Sigismund von Neukomm (faixa 11), que morou no Rio de Janeiro entre 1816 e 1821: por muitos anos atribuído a seu professor Haydn, sabe-se hoje que foi feito pelo então aluno.

Wisps in the Dell será um deleite aos ouvidos menos ortodoxos, e o belíssimo som dos Makaris fica fortemente recomendado para quem quiser começar o dia a sorrir – do que, sinceramente, estamos todos precisando demais.


MAKARIS: WISPS IN THE DELL

ANÔNIMO
1 – The Burning of Auchindoun (arranjo para vozes)

Carl Maria Friedrich Ernst Freiherr von WEBER (1786-1826)
2 – Canções populares escocesas – No. 4, True-hearted Was He, J. 298

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
3 – Canções irlandesas, WoO 152 – No. 14, Dermot & Shelah

Franz Joseph HAYDN (1732-1809)
4 –  I Do Confess Thou Art Sae Fair, Hob.XXXIa:110

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
5 – Canções irlandesas, WoO 152 – No. 8, Come Draw We Round a Cheerful Ring

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
6 – An Old Scottish Ballad, D. 923

Joseph HAYDN
7 – My Love She’s but a Lassie Yet, Hob.XXXIa:194

Ludwig van BEETHOVEN
8 – Vinte e cinco canções escocesas, Op. 108 – No. 2, Sunset

Ignaz Josef PLEYEL (1757-1831)
9  – Trinta e duas canções escocesas – No. 13, The Ewe Bughts, B. 719

Johann Nepomuk HUMMEL (1778-1837)
10 – Arranjos de canções escocesas para Thomson, S. 169: Jock o’ Hazeldean

Sigismund Ritter von NEUKOMM (1778-1858)
11 – Jenny Dang the Weaver, Hob.XXXIa:240 (atribuído anteriormente a Joseph Haydn)

Ludwig van BEETHOVEN
12 – On the Massacre of Glencoe, Hess 192 – PRIMEIRA GRAVAÇÃO

Carl Maria von WEBER
13 – Dez canções escocesas: No. 6, Pho Pox o’ This Nonsense, J. 300

Friedrich Daniel Rudolf KUHLAU (1786-1832)
Sete variações sobre uma canção escocesa, Op. 105
14  – Tema – Variação 1 – Variação 5 – Variação 6 – Variação 7

Joseph HAYDN
15 – My Boy Tammy, Hob.XXXIa:18

Ignaz PLEYEL
16  – Trinta e duas canções escocesas – No. 17, Sweet Annie, B. 723

Carl Maria von WEBER
17 – Dez canções escocesas: No. 1, The Soothing Shade of Gloaming, J. 295

Ludwig van BEETHOVEN
18 – Bonny Laddie, Highland Laddie, Hess 201 – PRIMEIRA GRAVAÇÃO

Ignaz PLEYEL
19  – Trinta e duas canções escocesas – No. 10, From Thee Eliza I Must Go, B. 716

Leopold KOŽELUH (1747-1818)
20 – Vinte canções escocesas, irlandesas e galesas, P. XXII:1  – Should Auld Acquaintance Be Forgot

Muzio Filippo Vincenzo Francesco Saverio CLEMENTI (1752-1832)
21 -“Lochaber”, ária escocesa

ANÔNIMO
22 – The Bonnie House o’ Airlie (arranjo de Doug Balliett)

Ludwig van BEETHOVEN
23 – Vinte e cinco canções escocesas, Op. 108 – No. 13, Come Fill, Fill, My Good Fellow

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Makaris e a breja gelada (foto do site do conjunto Makaris, https://www.makaris.org/)
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Sigismund von Neukomm (1778-1858) – Requiem à la Mémoire de Louis XVI – Jean-Claude Malgoire, La Grande Écurie et la Chambre du Roy, Choeur de Chambre de Namur

O Selo Alpha continua nos brindando com magníficas gravações. Este CD que ora vos trago foi lançado em 2016, e tem a participação da excelente ‘La Grande Écurie et la Chambre du Roy’,uma das principais Orquestras de interpretação de música barroca historicamente informada e dirigida pelo maestro Jean-Claude Malgoire, uma lenda neste repertório. Para quem não o conhece, Malgoire fundou a ‘La Grande Écurie et la Chambre du Roy’ em 1966, ou seja, são mais de cinquenta anos de dedicação à causa, sempre com muito cuidado, dedicação e empenho.
Mas vamos falar um pouco sobre este cidadão, Sigismund von Neukomm, compositor nascido na Áustria, mas que transitou por três continentes, onde apresentou sua música, inclusive aqui no Brasil, onde frequentou a corte de Dom João Vi entre os anos de 1816 e 1821. Há rumores, inclusive, de que era espião, a mando de um príncipe francês, Talleyrand, Ministro de Luis XVIII. Com certeza, o cara teve uma vida emocionante.
Compôs muito, e fez muito sucesso na sua época, porém com o tempo foi esquecido. Sua obra começou a ser pesquisada novamente a partir da década de 50, do século XX. De acordo com a Wikipedia em português, existem diversas pesquisas realizadas sobre este período que passou aqui no Brasil. Todas estão listadas na Bibliografia do verbete.

01. Marche funebre – Miserere mei Deus
02. Missa di Requiem- I. Introit
03. Missa di Requiem- II. Sequence (Dies irae)
04. Missa di Requiem- III. Offertorium
05. Missa di Requiem- IV. Sanctus
06. Missa di Requiem- V. Benedictus
07. Missa di Requiem- VI. Agnus Dei
08. Missa di Requiem- VII. Libera me

Clémence Tilquin soprano
Yasmina Favre Mezzo-soprano
Robert GetcheLL ténor
Alain Buet baryton
Choeur de Chambre de Namur
La Grande Ecurie et La chambre du Roy
Jean-Claude Malgoire Direction

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Sigismund von Neukomm (1778-1858) – Neukomm no Brasil (Acervo PQPBach)

Captura de Tela 2018-01-15 às 03.17.23Postagem originalmente realizada pelo CVL e que agora apresenta novos links.

Com instrumentos de época. On period instruments.

Resultado de uma pesquisa de cinco anos em bibliotecas européias, a cravista Rosana Lanzelotte lança em novembro de 2008 o CD/DVD Neukomm no Brasil, ao lado de Ricardo Kanji (flauta). O programa inclui as primeiras obras de música de câmara escritas no país.

O compositor Sigismund Neukomm (1778 – 1858) o aluno predileto de Haydn, é quase um desconhecido, apesar da qualidade de sua música e do sucesso de que desfrutava na época.

Tornou-se Cavaleiro após ter recebido a comenda da Legião de Honra francesa por ter escrito a Missa de Réquiem em homenagem a Luís XVI. Ao mesmo tempo em que introduziu no Brasil o estilo vienense, com repertório de seus conterrâneos Mozart e Haydn, fez a ponte com a Europa, divulgando lá modinhas e lundus. Transcreveu a obra de Joaquim Manoel da Câmara, e escreveu textos elogiosos sobre o Padre José Mauricio. Neukomm inaugurou a prática que se tornou a marca registrada da produção musical brasileira: a mistura de gêneros clássicos e populares. Inspirou-se na modinha – “A Melancolia” – de Joaquim Manoel da Câmara para escrever L’Amoureux, e em um lundu, no caso de O Amor Brasileiro.

Desde 2003, Rosana Lanzelotte percorre as instituições onde se encontram os manuscritos do compositor, principalmente a Biblioteca Nacional da França, depositária de 2000 obras, e Biblioteca de Viena. O resultado da pesquisa foi registrado no CD/DVD, o primeiro com som surround dedicado à música clássica produzido no país. (extraído da internet)

PS. Nosso ouvinte Mário recomenda-nos o artigo sobre Neukomm no excelente site “Música Brasilis”, capitaneado pela Rosana Lanzelotte: está aqui!  E já que você vai passar por lá, não deixe de passear pelo site. Compensa conhecê-lo bem!!!!!!!

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Neukomm no Brasil

1 – Sonata para fortepiano e flauta para S.A.R a condessa Maria Teresa (1849)
01 Allegro ma non troppo
02 Andante con moto
03 Allegro alla turca

2 – Lámoreux – Fantasia para fortepiano e flauta (1819)
04 Andante
05 Andantino Grazioso
06 Allegro

3 – Fantasia para flauta (1823)
07 Fantasia para flauta (1823)

4 – O Amor Brasileiro Capricho para fortepiano sobre lundu brasileiro (1819)
08 O Amor Brasileiro Capricho para fortepiano sobre lundu brasileiro (1819)

5 – Duo para flauta e fortepiano (1820)
09 Andante
10 Allegro agitato
11 Adagio
12 Allegrato

Neukomm no Brasil – 2008
Rosana Lanzelotte – pianoforte: Paul McNulty 2005, cópia Walter e Sohn (1805)
Ricardo Kanji – flauta R. Tutz, cópia de Grenser (1780)

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Boa audição.

Avicenna

Ecos da fé na Alma Brasileira

k06gkjTaí, um CD de música sacra de todos os períodos da história da música brasileira cantada por um dos poucos corais femininos do país: o Collegium Cantorum, de Curitiba. Pena ele não oferecer uma interpretação fervorosa neste disco, mas trata-se de uma gravação de referência, pelo ineditismo de algumas peças e pela proposta. Abaixo, uma notícia sobre o lançamento do álbum.

Coro feminino resgata composições sacras
Collegium Cantorum apresenta concerto de lançamento do disco Ecos da Alma, hoje na Oficina de Música

O coro feminino Collegium Cantorum, de Curitiba, lança hoje, na 26ª edição da Oficina de Música, o CD Ecos da fé na Alma Brasileira, na Igreja Presbiteriana. O projeto é o resultado de sete anos de pesquisa no intuito de fazer o resgate e o registro de composições sacras brasileiras. São 25 faixas inéditas gravadas em latim e em português, um retrato do Brasil desde a chegada da família real, há 200 anos. O coro é formado por 25 mulheres, mas nem todas estarão participando. “Muita gente que estava comigo desde o início acabou saindo, mas ainda assim todas quiseram gravar o cd”, conta a maestrina Helma Heller, idealizadora do coro, explicando que, por ser um projeto voluntário, muitas foram atrás de algo que trouxesse retorno financeiro. “Esse repertório foi feito para vozes femininas. Existem poucos coros femininos no Brasil e enfrentar um repertório diferenciado não é fácil”.

Desde 2000 Helma Haller se dedica ao coro, que faz a interpretação, pesquisa e divulgação da música de concerto paranaense e brasileira. O CD promove também o resgate de músicas de compositores paranaenses, como Brasílio Itiberê.

A obra central deste trabalho é a “Missa de Neukomm”, que faz um retrato das expressões musicais e religiosas do início do século 19. O austríaco Sigismund Neukomm viveu no Brasil durante cinco anos, e incorporou às suas composições a sonoridade brasileira. Outra faixa que merece destaque, observa Helma, é o “Pai Nosso”, que vem apresentado em três versões musicadas por diferentes compositores. Com orientação teológica e estética diferenciada, outras obras mais contemporâneas convidam a uma reflexão sobre o sagrado e sua repercussão atemporal na vida humana.

Do site Bem Paraná

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Listagem de faixas disponibilizada pelo estimado Avicenna

Glauco Velásquez (1884-1914)
01. Padre Nosso
Helma Haller (1950- )
02. Pater Noster (1996)
Ernani Aguiar (1950- )
03. Três Motetinos 1. Pater Noster
04. Três Motetinos 2. Ego sum resurrectio et vita
05. Três Motetinos 3. Deo gratias

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
06. Moteto para a Procissão da Ressurreição
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
07. Messe a Duabis Vocibus 1. Kyrie
08. Messe a Duabis Vocibus 2. Gloria
09. Messe a Duabis Vocibus 3. Credo
10. Messe a Duabis Vocibus 4. Sanctus
11. Messe a Duabis Vocibus 5. Benedictus
12. Messe a Duabis Vocibus 6. Agnus Dei

Henrique de Curitiba (1934- )
13. Suíte Coral Pro Pace 1. Oração pela Paz (1953, 2ª versão, 2003)
14. Suíte Coral Pro Pace 2. Parce Domine (1952)
15. Suíte Coral Pro Pace 3. Agnus Dei (1952)
16. Suíte Coral Pro Pace 4. Aleluia – Amen (2002)
17. Suíte Coral Pro Pace 5. Kyrie (1954)
18. Suíte Coral Pro Pace 6. Domine, non sum dignus (1954)
19. Suíte Coral Pro Pace 7. Dá-nos a Paz, Senhor (2003)

Brazílio Itiberê II (1896-1967)
20. Oração da Noite
Marcílio de Oliveira Filho (1947-2005)
21. O Salmo do Messias 1. Oração e testemunho sobre o Messias (Salmo 72.1-3)
22. O Salmo do Messias 2. Domínio do Messias (Salmo 72.8-11)
23. O Salmo do Messias 3. Ministério do Messias (Salmo 72.12-17)
24. O Salmo do Messias 4. Louvor ao Messias (Salmo 72.18, Salmo de uma nota só, processual)
25. O Salmo do Messias 5. O Reino do Messias (Salmo 72.19)

Tudo sobre o CD e o Collegium Cantorum AQUI.

Já para baixar o álbum, CLIQUE AQUI

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CVL – repostado pelo Avicenna

Mozart: Requiem K. 626, conclu par Sigismund Neukomm, version "Rio de Janeiro" (Acervo PQPBach)

b8k749Esta postagem apresenta o Requiem K. 626 de Mozart completo, com o “Libera me” composto e incluido por Neukomm. 

Muito embora Süssmayr e Eybler tenham completado a grande obra sacra inacabada de Mozart logo após a morte do compositor, ela permaneceu ainda inconclusa. O Libera me que no rito da Igreja Romana termina a missa para os mortos, estava ausente no Réquiem de Mozart. O Libera Me era o que faltava para conseguir terminar essa obra monumental. No Rio de Janeiro, o compositor Sigismund Neukomm teve a ousadia de enfrentar essa tarefa, compondo o final Libera me Domine para grande orquestra, para fazer sequência ao Requiem de Mozart.

Em 15 de maio de 2012, o Prof. Paulo Castagna apresentou o 11º episódio da série “Alma Latina” na Rádio Cultura FM de São Paulo (103,3 MHz), e teceu os seguintes comentários:

Franz Joseph Haydn dizia que seu melhor aluno havia sido Beethoven, mas seu preferido era Neukomm. Foi esse mesmo Neukomm que viajou para o Rio de Janeiro em 1816, em uma comitiva diplomática destinada a felicitar o novo rei e reatar suas relações com a França, rompidas desde as guerras napoleônicas.

Sigismund Neukomm deveria ficar somente alguns meses, mas acabou se encantando com o Rio de Janeiro e aceitou o convite do ministro do reino para exercer atividades musicais na corte. Uma das novas funções de Neukomm foi ensinar música aos infantes reais, como o Príncipe Dom Pedro e sua esposa Dona Leopoldina.

Poucas casas do Rio de Janeiro daquela época possuíam um piano. As variações sobre um lundu, intituladas “O amor brasileiro”, compostas por Neukomm em 1819 e aqui interpretadas por Rosana Lanzelotte, provavelmente foram destinadas ao ambiente doméstico da corte e das famílias europeias do Rio de Janeiro.

O lundu era uma exceção na elite carioca, que desejava consumir música de caráter essencialmente europeu, apartando da corte a sonoridade de qualquer outra etnia. Os autores referenciais da alta classe da época eram sempre europeus, como Haydn e Mozart.

A presença de Neukomm na corte real era, portanto, emblemática. Esse compositor havia nascido em Salzburg, na casa em frente àquela onde nasceu Mozart. E foi nesse contexto que Neukomm deparou-se com uma tarefa delicada: completar, no Rio de Janeiro, nada mais, nada menos, que o Requiem de Mozart.

Wolfgang Amadeus Mozart trabalhou neste Requiem em Viena, nos meses que antecederam sua morte, em 1791. Mozart estava atendendo a encomenda de um
comprador não identificado, e que hoje se sabe ter sido o Conde Franz Von Walsegg e não o compositor Antonio Salieri, como sugeriu o conhecido filme “Amadeus”, de Peter Shaffer, [cuja trilha sonora já postamos aquí.]

Wolfgang morreu sem terminar a partitura. Para concluí-la e entregá-la ao Conde Walsegg, o que era necessário para receber o pagamento final, Constanze Mozart procurou secretamente a ajuda de dois outros compositores e provavelmente os pagou para terminar a partitura: Joseph von Eybler e Franz Xaver Süssmayr, este último responsável pela orquestração da obra.

Com a edição que a Breitkopf & Hartel fez em 1799, a partir da versão de Eybler e Süssmayr, o Requiem de Mozart começou a circular pela Europa. E foi provavelmente um exemplar dessa edição que Sigismund Neukomm levou ao Rio de Janeiro em 1816.

José Maurício Nunes Garcia teve acesso à partitura naquele mesmo ano e dirigiu, em 1819, a primeira apresentação do Requiem de Mozart fora da Europa, em uma festividade organizada pela Confraria de Santa Cecília do Rio de Janeiro.

Neukomm publicou, no ano de 1820, uma interessante notícia em alemão sobre a estréia carioca do Requiem de Mozart, no Allgemeine Musikalische Zeitung de Leipzig. Seu primeiro parágrafo diz o seguinte:

“Rio de Janeiro – A corporação dos músicos […] comemora anualmente a Festa de Santa Cecília e, alguns dias após, é celebrada uma missa em memória dos músicos falecidos no decorrer do ano. Para esse fim, alguns integrantes da corporação, interessados em boa música, propuseram o Requiem de Mozart, que foi executado em dezembro passado na Igreja do Parto, por uma orquestra numerosa. O mestre da Capela Real, Padre José Maurício, assumiu a direção do conjunto”

O Requiem de Mozart foi reapresentado no Rio de Janeiro em 1821 e, para essa ocasião, Neukomm decidiu completá-lo. Mas este compositor não fez o mesmo que Eybler e Süssmayr fizeram em Viena. Neukomm apenas acrescentou, ao final do Requiem, o Responsório “Libera me”, que não havia sido planejado por Mozart, mas que era previsto na liturgia romana.

Wolfgang estava atendendo a uma encomenda do Conde Walsegg destinada ao aniversário de falecimento de sua esposa, e para esse tipo de ocasião, um Requiem não inclui o “Libera me”, cantado somente nas missas de corpo presente.

Wolfgang Amadeus Mozart (Austria, 1756-1791)
Requiem In D Minor, K 626 – I. Introitus: “Requiem aeternam” / II. Kyrie
Requiem In D Minor, K 626 – IIIa. Sequenz: “Dies irae, dies illa”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIb. Sequenz: “Tuba mirum spargens sonum”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIc. Sequenz: “Liber scriptus proferetur”
Requiem In D Minor, K 626 – IIId. Sequenz: “Quid sum miser dunt dicturus?”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIe. Sequenz: “Rex tremendae majestatis”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIf. Sequenz: “Recordare, Jesu pie”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIg. Sequenz: “Ingemisco tamquam reus”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIh. Sequenz: “Confutatis maledictis”
Requiem In D Minor, K 626 – IIIi. Sequenz: “Lacrimosa dies illa”
Requiem In D Minor, K 626 – IV. Offertorium: “Domine Jesu Christe, rex gloriae”
Requiem In D Minor, K 626 – V. “Sanctus, sanctus, sanctus, Dominus”
Requiem In D Minor, K 626 – VI. “Agnus Dei”
Requiem In D Minor, K 626 – VII. Communio: “Lux aeterna luceat eis”
Sigismund Ritter von Neukomm (Salzburg, 1778 – Paris, 1858)
Requiem In D Minor, K 626 – VIII. Communio: “Libera me, Domine”

Mozart: Requiem K. 626, conclu par Sigismund Neukomm – 2005
La Grande Écurie et la Chambre du Roy & Kantorei Saarlouis
Direction: Jean-Claude Malgoire

CD gentilmente cedido pelo musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
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MP3 320 kbps – 136,9 + 17,2 MB – 48,8 min
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Boa audição.

mt32qc

 

 

 

 

 

 

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.Avicenna

Sigismund Neukomm (1778-1858) – Missa Solemnis Pro Die Acclamationis Joahannis VI (Acervo PQPBach)

68val2Missa Solemnis Pro Die Acclamationis Joahannis VI

Sigismund Neukomm

A partida de Lisboa em novembro de 1807 foi precipitada. Famílias foram separadas, pois não havia suficiente lugar para todos nos navios. Se a viagem seria desgastante para os que partiam, prenunciava-se uma tragédia em Portugal para os que ficaram. Dois meses depois, em janeiro de 1808, o Príncipe Regente desembarcava em Salvador da Bahia, e no Rio em março. Ele veio acompanhado de sua mãe, a pertubada Rainha Maria, e de umas dez mil pessoas (5% da população da capital de Portugal), em cerca de vinte navios. Dom João instalou um genuíno aparato de Estado e um corpo diplomático. A capital da colônia tornou-se a sede de ministérios, secretarias, serviços públicos e do Conselho de Estado.

As minas de ouro brasileiras já haviam sido exauridas, e a colônia recuperara seu papel tradicional de fornecedora de produtos agrícolas, operada por escravos. O Rio era o maior mercado de escravos da América: um terço de seus habitantes era de origem africana. Os ministros e secretários do Príncipe Regente foram obrigados a contemplar os efeitos de sua política  e, ainda pior, conviver com os resultados de sua obra colonial. O choque foi mútuo. Para os brasileiros, o impensável aconteceu: figuras míticas se materializavam inesperadamente na colônia. Os ícones gravados em suas moedas, os personagens que eles conheciam somente através de estátuas e gravuras, estavam ao seu lado, em carne e osso.

Treze anos depois, em abril de 1821, Dom João VI partia em direção oposta, de volta à Lisboa. Mas antes que isso acontecesse, ele foi aclamado no Rio de Janeiro como Rei de Portugal, Brasil e Algarves, uma cerimônia preparada durante dois anos e cujas festividades se prolongaram por muitos dias. (extraído e traduzido do encarte)

C’est à Rio, en 1817, que Neukomm composa cette messe monumentale, destinée à saluer l’accession au trône du Portugal et du Brésil, du roi Jean VI, lors de la grande cérémonie d’acclamations qui devait avoir lieu l’année suivante. Mais de sombres raisons la firent censurer et le manuscrit en dormait depuis, parmi les quelques deux mille œuvres léguées à la France par ce compositeur.
Après le “Libera me” ajouté à la version carioca du Requiem de Mozart et le Grand Office funèbre, Jean-Claude Malgoire poursuit ici son exploration raisonnée des chefs d’œuvre de ce compositeur trop injustement oublié, avec cet enregistrement “live”. (Disques K617)

Missa Solemnis Pro Die Acclamationis Johannis VI
01. Kyrie
02. Gloria 1. Gloria
03. Gloria 2.Laudamus te
04. Gloria 3.Adoramus te
05. Gloria 4.Gratias agimus tibi
06. Gloria 5.Domine Deus
07. Gloria 6.Qui tollis
08. Gloria 7.Quoniam
09. Gloria 8.Cum Sancto Spiritu
10. Credo 1.Credo
11. Credo 2.Et incarnatus
12. Credo 3.Et resurrexit
13. Sanctus
14. Benedictus
15. Agnus Dei

Missa Solemnis Pro Die Acclamationis Joahannis VI – 2008
Sigismund Ritter von Neukomm (Salzburg,1778 – Paris,1858)
La Grande Écurie et la Chambre du Roy & Chœur de Chambre de Namur
Regência: Jean-Claude Malgoire
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Boa audição!

Avicenna

Modinhas de Amor – Lira d’Orfeo (Acervo PQPBach)

29wr5kwLira d’Orfeo
Modinhas de Amor

O repertório para esta gravação foi escolhido a partir de pesquisas próprias em arquivos diversos no Brasil e em Portugal. Na maioria das vezes, trabalhamos com manuscritos ou edições efetuadas na época e reproduzidas em fac-símile em publicações diversas. As únicas exceções são as modinhas “Hei de amar a quem me ama” e “Ah! Nerina, eu não posso“, publicadas pelo pesquisador Manuel Morais em seu livro Modinhas, Lundus e Cançonetas (Lisboa: Casa da Moeda, 2001), e o lundu “Porque me dizes chorando“, publicado pela pesquisadora Gabriela Cruz no livro 20 Modinhas Portuguesas para Canto e Piano (Lisboa: Musicoteca, 1998). (extraído do encarte)

Palhinha: ouça o “Lira d’Orfeo”

Modinhas de Amor
Cândido Ignácio da Silva (Rio de Janeiro, 1800-1838)/Manuel Araujo de Porto-Alegre (Rio Grande do Sul, 1806-Lisboa, 1879)
01. Lá no Largo da Sé
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)/Domingos Caldas Barbosa (Rio de Janeiro, 1738 – Lisboa, 1800)
02. Você trata amor em brinco
Anônimo séc. XVIII
03. Você se esquiva de mim
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
04. Beijo a mão que me condena
Anônimo séc. XVIII/Domingos Caldas Barbosa (Rio de Janeiro, 1740 – Lisboa, 1800)
05. Homens errados e loucos
Joaquim Manuel Gago da Câmara (Rio de Janeiro, ca.1780 – ca.1840)/Sigismund Ritter von Neukomm (Salzburg, 1778 – Paris, 1858)
06. Porque me dizes chorando
Anônimo séc. XVIII
07. Triste Lereno
08. A saudade que no peito
09. Ausente, saudoso e triste
Anônimo séc. XIX
10. A estas horas (Instrumental)
11. Uma mulata bonita
Anônimo séc. XVIII
12. Ah! Nerina, eu não posso
13. Ganinha, minha Ganinha
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)/Aria de Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu
14. Ah! Marilia, que tormento
Anônimo séc. XVIII
15. Lundum, Brasilian Volkstanz (Instrumental)
16. Estas lágrimas sentidas
17. É delicia ter amor
Colhida em S. Paulo por Spix e Martius. Texto: Tomaz Antônio Gonzaga
18. Acaso são estes
Anônimo séc. XVIII
19. Se fores ao fim do mundo
20. Quem ama para agravar
José Forlivese – séc. XVIII
21. Hei de amar
Anônimo séc. XVIII
22. Os me deixas que tu dás
Antônio da Silva Leite (Porto, 1759 – 1833)
23. Xula carioca

Modinhas de Amor – 2006
Lira d’Orfeo
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Um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna

20 Modinhas de Joaquim Manuel da Câmara: Luiza Sawaya (soprano) & Pedro Persone (fortepiano) – (Acervo PQPBach)

11htb9hO gerente do nosso SAC, Sr. Voxpopuli Voxdei,  entrou esbaforido na sala:
– Atenção! Atenção! Um ouvinte nosso, que está quase morrendo congelado em Nova Iorque, acabou de ligar para o meu celular e pediu para postarmos as “20 Modinhas” em arquivo flac!!
– Como você sabe que não foi um trote, Voxpopuli?
– O meu celular e o meu ouvido estavam congelados quando ele desligou!!!!
– Opa! Vamos postar, então, urgentemente …

20 Modinhas Portuguesas de Joaquim Manuel da Câmara, notadas e arranjadas com acompanhamento para fortepiano por Sigismund Neukomm

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Sawaya (soprano) & Pedro Persone (fortepiano) – 1998

Mais um CD gentilmente cedido pelo musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
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Boa audição.

 

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Avicenna

19º Festival de Música de Juiz de Fora: Mozart (1756-1791) + Neukomm (1778-1858): Acervo PQPBach

2rgjmkk19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
2008

Com instrumentos de época. On period instruments.

 

Passado e Presente em Sintonia

A Orquestra Barroca do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora é o carro-chefe do principal evento promovido pelo Centro Cultural Pró Música. Para a décima nona edição do Festival, que reúne anualmente renomados artistas e pesquisadores na área, a Orquestra Barroca registra no seu nono CD a importante data de comemoração dos 200 anos da transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil. A vinda da Corte para o Rio de Janeiro, em 1808, foi decisiva para o avanço das artes no Brasil. Em pouco tempo, muitos parâmetros culturais, oriundos da velha tradição europeia, se somaram aos já existentes traços da nossa cultura colonial. Para a vida musical brasileira, isso representou uma nova etapa histórica. Inúmeros músicos profissionais europeus se transferiram para o Brasil, trazendo uma bagagem artística muito mais sólida, contribuindo para um notável aumento na qualidade da música que passou a ser executada e criada em solo brasileiro.

Um bom exemplo disso é a música que Padre José Maurício compôs para a então recém criada Capela Real, que possuiu um efetivo de músicos de quantidade e qualidade sem precedentes até então no Brasil. É também dessa época crucial da nossa História a peça que a Orquestra Barroca registra pela primeira vez em CD, executada com instrumentos de época: a Sinfonie a Grand Orchestre do compositor austríaco Sigismund Neukomm. Possivelmente estamos tratando da primeira sinfonia dentro dos cânones clássicos estabelecidos pela escola norte-europeia de Haydn, Mozart e Beethoven composta no Brasil. Na sua breve passagem pelo Brasil, Neukomm compôs várias obras, algumas inclusive procurando assimilar a inventividade musical que ele aqui encontrou, como a modinha, por exemplo. Contudo, a Sinfonie é, na sua invenção, totalmente austríaca. E o fôlego que ela exige da orquestra se compara a outras grandes obras compostas nesse período na Europa.

2lveirmA Orquestra Barroca sempre procurou nos seus CDs confrontar o repertório europeu e o brasileiro, vistos sob a luz da interpretação histórica. Com isso, o CD deste ano vem com uma proposta singular, diferente: ao lado da Sinfonia Haffner de Mozart, a Orquestra Barroca traz uma obra também europeia, mas de um compositor que muito contribuiu para a construção de um novo gosto musical aqui no Brasil. Portanto, levando isso em consideração, ao lado da bagagem cultural que a Família Real presenteou à vida brasileira desde a sua chegada, pode-se dizer, e com muita propriedade, que a Sinfonie (datada : Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1820) faz parte, sim, do nosso patrimônio artístico brasileiro.

Orquestra Barroca
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
01. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – I. Allegro con spirito
02. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – II. Andante


03. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – III. Minuetto
04. Sinfonia no. 35, em ré maior, K. 385, “Haffner” – IV. Presto
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
05. Sinfonia para grande orquestra, E bemol – I. Andante maestoso – Allegro
06. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – II. Minuetto
07. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – III. (sem indicacao)
08. Sinfonia para grande orquestra, E Bemol – IV. Allegro

19º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora – 2008
Orquestra Barroca, Maestro Luis Otávio Santos
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Mais um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

Boa audição.

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Avicenna

Antologia da música brasileira I e II, por Arnaldo Estrella (piano)

capaArnaldo Estrella (1908-1980) foi um dos principais nomes do piano brasileiro no século XX, com uma longa dedidação ao repertório de compositores nacionais como Villa-Lobos e Mignone, que dedicaram obras a ele. Foi também professor, formando várias gerações de alunos, dos quais o mais famoso foi provavelmente Antonio Guedes Barbosa. Fiz algumas perguntas sobre ele para outra ex-aluna de destaque na música nacional, a pianista Linda Bustani.

– Arnaldo Estrella realmente tocava muita música brasileira? Ou os convites que ele teve pra gravar privilegiaram essa parte do repertório dele?

Linda: Ele se dedicou mesmo à música brasileira. Inclusive era um dos poucos pianistas, ou o único àquela época, a fazer turnê na União Soviética. Na década de 1960, todo ano ele passava um mês lá, tocando música brasileira. Inclusive ele trazia russos pra visitarem o Brasil e com tudo aquilo que teve, ditadura, comunismo e tal, ele nunca foi preso, era intocável, todo mundo o respeitava.

– Com qual compositor brasileiro ele tinha uma maior identificação?

Linda: A paixão dele mesmo era Villa-Lobos. Ele convivia muito com Mignone, Claudio Santoro, essa gente toda. Ele levava a música brasileira ao exterior, por isso também teve tantos convites pra gravar música brasileira.

– Mais alguma curiosidade sobre ele?

Linda: Era um homem extremamente exigente, ele escrevia muito bem, tinha um programa de rádio, e além de tudo era um excelente pintor, essa particularidade pouca gente conhece. Tinha um conhecimento incrível de arte, de pintura, literatura, de tudo, por isso era extremamente exigente com a qualidade e o desempenho dos alunos dele.

O repertório destes dois CDs serve como uma aula da história do piano brasileiro. Não podendo falar de todas as obras, me limito a destacar que após a bela melodia ‘Il Neige’ (está chovendo, em francês), de pianismo delicado, o Tango Brasileiro já começa trazendo um outro universo musical, mais quente, tropical, brasileiro. Alexandre Levy, que morreu aos 27 anos, expressou fortemente a musicalidade da sua terra natal e, sem nenhuma base científica para dizê-lo, suspeito que esse tango, de 1890, teve influência no nacionalismo musical de Villa-Lobos, Radamés Gnattali e outros tantos.

Sobre as doze Valsas de Esquina de Francisco Mignone, Enio Silveira escreveu:
Caracteristicamente brasileiras na essência e no sentimento, assim como na forma, (“Hoje em dia bom número das modinhas populares são em três-por-quatro e valsas legítimas” – Mário de Andrade in Pequena História da Música), essas composições nos dão expressivo retrato musical desse doce-amargo que constitui ou constituía o modo de ser de nosso povo.

No encarte do segundo LP vinha o seguinte texto de Manuel Bandeira:
Creio não errar se disser que Arnaldo Estrella é agora o maior pianista que o Brasil tem.
Aqui são sobretudo as suas qualidades de frase, elegância, malícia, que Estrella nos proporciona no gênero tão amável da valsa, vindo da melodia ainda não brasileira de Oswald, já brasileira de Nepomuceno, até à brasileiríssima série de nosso “rei da valsa” Francisco Mignone, passando por Villa-Lobos, sempre surpreendente, e Lorenzo Fernandez, rematando com o fino, o raro Camargo Guarnieri.

Antologia da música brasileira I
1. O Amor Brasileiro (Sigismond Neukomm)
2. A Sertaneja (Brasílio Itiberê)
3. Noturno (Leopoldo Miguez)
4. Il Neige (Henrique Oswald)
5. Tango Brasileiro (Alexandre Levy)
6. Galhofeira (Alberto Nepomuceno)
7. Minha Terra (Barroso Neto)
8. Lenda do Caboclo (Villa-Lobos)
9. Protetor Exu (Brasílio Itiberê)
10. Dança de Negros (Fructuoso Viana)
11. Moda (Lorenzo Fernandez)
12. Cucumbizinho (Francisco Mignone)
13. Valsa nº 7 (Radamés Gnattali)
14. Canção Sertaneja (Camargo Guarnieri)
15. Saci Pererê (Luiz Cosme)

Folder
Antologia da música brasileira II
1. Valsa de esquina nº 12 (Francisco Mignone)
2. Valsa de esquina nº 1 (Francisco Mignone)
3. Valsa Chôro nº 11 (Francisco Mignone)
4. Valsa Chôro nº 8 (Francisco Mignone)
5. Primeira Valsa (Souza Lima)
6. Valsa Suburbana (Lorenzo Fernandez)
7. Valsa da Dôr (Villa-Lobos)
8. Poema Singelo (Villa-Lobos)
9. Valsa Lenta (Henrique Oswald)
10. Valsa (Alberto Nepomuceno)
11. Valsa nº 4 (Camargo Guarnieri)

Arnaldo Estrella, piano

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Estrella
Estrella, fingindo que está estudando, posa para foto

Pleyel

Música na Corte Brasileira – Vol. 3 de 5: Na Corte de D. Pedro I (Acervo PQPBach)

25g3urtMúsica na Corte Brasileira – Vol. 3
Na Corte de D. Pedro I
1965

 

A Arquiduquesa d’Áustria, D. Leopoldina de Habsburgo, primeira esposa de D. Pedro I e mãe de D. Pedro II, escrevendo a seu pai, o lmperador Francisco I, em data de 19-11-1821, encaminha a este uma Missa cantada de Sigismond Neukomm e acrescenta que essa obra “contem duas fugas que, todos sabemos, vós muito gostais”. Passa então ao principal: “O meu marido é compositor também, e faz-vos presente de uma Sinfonia e Te Deum, compostos por êle; na verdade são um tanto teatrais, o que é culpa do seu professor (Marcos Portugal), mas o que posso assegurar é que êle próprio os compôs sem auxílio de ninguém”. D. Pedro I estudou teoria, harmonia, composição, flauta, clarineta, fagote, trombone, violino, celo. Tinha boa voz e cantava acompanhando-se êle próprio ao cravo e à guitarra. No entanto, os interesses afetivos e as preocupações políticas do monarca impediam-no de dar assídua atenção à vida musical. Assim, com a abdicação de D. Pedro I encerrou-se um período ainda de relativo esplendor devido principalmente, e de qualquer modo, à presença daqueles mestres insígnes, José Maurício, Marcos Portugal e Neukomm.

De José Maurício Nunes Garcia pouco resta no gênero instrumental puro. E eis, porém, surge há pouco a Overtura em Ré (como está inscrito nas suas partes), a extraordinária Abertura em Ré. Vem-nos ela dum passado talvez mais do que sesquicentenário; chega-nos com as suas intatas vivências, nobre e dramática de acentos, dum vigoroso dinamismo. E estruturada com mão de mestre, nos elementos pouco numerosos porém incisivos.  De imediato, a Abertura em Ré colocou-se na culminância não somente da música instrumental do Reino e do Império, como de nossa música sinfônica de todos os tempos, entre o melhor que, nesse terreno, temos produzido.

A Sinfonia de D. Pedro I (Queluz, Portugal 12-X-1798 Porto, 14-IX-1834) a que alude D. Leopoldina será possivelmente a obra agora cognominada Abertura Independência, antes sempre mencionada como Sinfonia Para Grande Orquestra. Será a mesma a que se refere a seguinte carta, de Gioacchino Rossini a D. Pedro ll e que foi publicada por Álvaro Cotrim (Álvarus) no seu livro sobre Daumier, ed. do S. de D. do M.E.C.: “Pendant le trop court séjour de sa Majesté l’Empereur Don Pedro à Paris j’ai fait exécuter au Théatre Italien uneouverture de sa composition qui était charmante, elle eut un grand succès, et comme par discrétion je n’ai pas nommé l’auteur on m’adressa des compliments croyant peut-être que la susdite overture était composé par moi, erreur qui ne déplaira pas à son auguste fills, qui pourrait bien en souvenir m’adresser un peu d’un café si célèbre de vos contrées. (Ass. DG. Rossini/Paris  5 avril/1866)” zelosamente conservada em São João del-Rei, cujas tradicionais orquestras possuem preciosos arquivos, sobretudo de música do Oitocentos. Apresenta na parte de 1.a clarineta a seguinte inscrição: “Ouvertura composta pelo Senhor D. Pedro I na época da Independência do Brasil“. A sua propensão para a composição é de maior evidência em outras obras por ele deixadas, como o Te-Deum para o batizado da lnfanta D. Maria da Glória, futura D. Maria II, ou o Credo – outrora muito executado em todo o Brasil – da missa cantada em 5 de dezembro de 1829, na Capela Imperial, escrita especialmente para a celebração de suas bodas com a Arquiduquesa D. Amélia de Leuchtenberg, sua segunda esposa.

Sigismond Neukomm (Salzburgo, 10-VII-1778 – Paris, 3-IV-1858), vindo na comitiva do Duque de Luxemhurgo, embaixador da Áustria, teve aqui posição e atividades abaixo do seu merecimento. Retornou à Europa (Paris) em 1821. A ele, no entanto, se deve o reconhecimento do valor do Padre José Maurício, por êle declarado “o maior improvisador do mundo”; a regência por José Maurício do Requiem de Mozart foi nestes termos por êle comentada no “Allegemeine Musik-Zeitung”, de Viena: “A execução da obra-prima mozartiana nada deixou a desejar.” Deu lições a D. Pedro I e a Francisco Manuel da Silva. É de sua autoria a primeira obra conhecida em que aparece um tema musical brasileiro: o belo capricho O Amor Brasileiro, no qual engastou a melodia de um lundu, obra essa encontrada em Paris por Mozart de Araujo, que também alí verificou a existência de uma Fantasia Para Grande Orquestra Sobre uma Pequena Valsa de D. Pedro I. Harmonizou modinhas do músico popular carioca Joaquim Manuel.

A Abertura “Le Héros” (O Herói) dedicada a D. Pedro I, é cabalmente reveladora da segurança artesanal de Neukomm.

A Missa de Nossa Senhora da Conceição (de “8 de dezembro”), de José Maurício, escrita em 1810, está provavelmente completa, porque naquela época era frequente encontrarem-se partituras de missas contendo somente o Kyrie, mais o Gloria, ou o Credo. A sua feição é predominantemente teatral, a exemplo de tantas do melhor repertório barroco, aí incluídas as de Haydn e Mozart. João de Freitas Branco narra: “Aliás D. João VI manifestara a Marcos Portugal o seu real desejo de que tornasse a sua música sacra mais leve e parecida com a profana – de ópera, está claro. (H. da M. Portuguêsa, 1959, Lisboa, p. 142‘)”. Assim, compreende-se que tantos elementos da linguagem musical do melodrama estejam acusados nessas páginas das quais, ainda assim, não estão excluídas a nobreza natural de inflexões expressivas, caracteristicas da música do Padre-Mestre, bem como a sua superioridade no trato da matéria coral.

Para Marcos Portugal, operista de renome europeu, cantado nos maiores teatros, com peças traduzidas até para o russo e o alemão, a Modinha saloneira não passaria de simples aria-minor e despretensiosa. Assim, esta delicada Cuidados, Tristes Cuidados, em que se afirma o melodista experiente.

D. Pedro I deixou-nos uma página que nunca mais saiu do sentimento de todos os brasileiros, e hoje já com leve pátina de simpático arcaismo: o Hino da Independência, letra de Evaristo da Veiga. Após a abdicação, a bordo da corveta “D. Amélia”, em viagem da Ilha da Madeira para o Pôrto – a fim de confirmar no trono de Portugal a sua filha D. Maria II – compôs o Hino da Carta Constitucional, Carta que iria outorgar para contrapô-la ao absolutismo de seu irmão D. Miguel. Esse hino foi mantido como Hino Nacional Português até a Revolução Republicana de 1910.

Bernardo José de Sousa Queiroz, músico português, radicado no Rio de Janeiro desde, parece, antes da chegada da Côrte, foi bastante considerado como operista e autor de peças leves, como a valsa O Aniversário, de 1838, ou o Lundum Variado, de 1839. Pelo “Jornal do Commercio”, em 1835, “oferece seus préstimos” como “mestre de música e compositor”. A Abertura em Si Bemol, de 1814, mostra um músico senhor do seu “métier”.
Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música, 1965 (extraído da contra-capa do LP)

Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
01. Abertura Em Ré Maior
Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834)
02. Independência – Abertura
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
03. O Herói – Abertura
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
04. Missa de Nossa Senhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810 – Kyrie e Fuga
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
05. Cuidados, Tristes Cuidados
Imperador D. Pedro I (Queluz, Portugal, 1798 – idem, 1834)
06. Hino da Carta Constitucional
Bernardo José de Souza Queiroz (Séc. XIX)
07. Abertura em Sí Bemol (1814)

Música na Corte Brasileira – Vol. 3 de 5: Na Corte de D. Pedro I – 1965
* Faixa 01 a 06: Associação de Canto Coral. Maestrina Cleofe Person de Mattos & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino
* Faixa 07 a 11: Collegium Musicum da Rádio M.E.C. Maestrina Julieta Strutt & Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio M.E.C. Maestro Alceo Bocchino
Selo Odeon, Coordenador-Assistente: Marlos Nobre

LP gentilmente ofertado pelo nosso ouvinte Antonio Alves da Silva e digitalizado por Avicenna.

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MP3 320 kbps – 93,6 MB – 40 min
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Boa audição.

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Avicenna

Neukomm – Messe de Requiem suivie d’une Marche Funèbre

neukomm_-requiem
Sigismund Neukomm
Messe de Requiem suivie d’une Marche Funèbre
La Grande Écurie et La Chambre du Roy
Cantaréunion
Ensemble vocal de L’Océan Indien

 

Enquanto morava em Paris em março de 1838, o compositor austríaco Sigismund Neukomm, então com 60 anos, escreveu a sua 16ª missa, um Requiem incorporado ao “Service Funèbre complet”. Com efeito, mesmo quando Beethoven ainda era vivo, foi uma missa de Neukomm a escolhida para a comemoração da morte de Luís XVI no Congresso de Viena (1815). Também foi Neukomm o encarregado de escrever o “Te Deum” tocado em Notre Dame para a entrada solene de Luís XVIII em Paris, em 1814.  Alguns anos mais tarde, enquanto estava no Brasil, Neukomm compôs o Libera me com a intenção de concluir uma das primeiras apresentações do Requiem de Mozart na América do Sul. Dentre as 50 missas que o autor registra em seu nome, devemos mencionar a que foi escrita no Brasil para as festividades da aclamação de D. João VI ao trono do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Quase esquecido na atualidade, o prolífico compositor Sigismund Neukomm era extremamente famoso em seu tempo. Ele foi o convidado para reger a “Coronation” Mass and Requiem de Mozart, na inauguração do monumento ao compositor em Salzburg em 1842. Os oratórios de Neukomm eram particularmente admirados: David, por exemplo, foi escolhido para a inauguração do Birminghan Town Hall, durante o primeiro Festival de Música dessa cidade.

Disciple de Haydn, Neukomm sillonna l’Europe et le Brésil, laissant une œuvre immense trop méconnue. C’est en mars 1838 qu’il composa cette messe de Requiem comme un grand cérémonial funèbre liant les sombres accents des voix d’hommes à un ensemble de cuivres et, pour la procession finale, à un tam tam. Le résultat est prenant, d’une rare émotion, et la présence d’un chœur venu de l’Océan Indien confère à cette véritable découverte une puissante vérité sonore. (Disques K617)

Messe de Requiem
1. Requiem æternam dona eis Domine
2. Kyrie eleison
3. Dies iræ
4. Recordare Jesu pie
5. Lacrymosa dies illa
6. Domine Jesu Christe
7. Hostias et præces tibi
8. Sanctus & Benedictus
9. Pie Jesu
10. Agnus Dei
11. Libera me
12. De profundis

13. Marche Funèbre & Miserere

Messe de Requiem suivie d’une Marche Funèbre – 2008
Sigismund Ritter von Neukomm (Salzburg,1778 – Paris,1858)
La Grande Écurie et la Chambre du Roy & Cantaréunion, Ensemble vocal de L’Océan Indien
Regência: Jean-Claude Malgoire

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MP3 | 320 kbps | 115 MB

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Avicenna

Música na Catedral de São Paulo – Brasilessentia Grupo Vocal & Orquestra de Câmara da UNESP (Acervo PQPBach)

14np6h4Música na Catedral de São Paulo
Brasilessentia Grupo Vocal
Vitor Gabriel, regente

Orquestra de Câmara da UNESP
Ayrton Pinto, diretor artístico

As obras aqui gravadas representam uma mostra das mais de 450 composições referentes à Série Manuscritos Musicais dos Séculos XVIII-XIX da Seção de Música do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo (ACMSP), que pertenceram ao antigo arquivo musical da Catedral, selecionadas e transcritas pela equipe responsável por sua organização e catalogação.

O acervo musical preservado no Arquivo da Cúria Metropolitana começou a ser constituido na Catedral de São Paulo em 1774, quando da chegada do compositor português André da Silva Gomes (1752- 1844), para exercer a função de mestre de capela. Até as primeiras décadas do séc. XIX, predominaram no arquivo as cópias do próprio A. S. Gomes e, em menor número, as dos músicos Floriano da Costa e Silva e Antonio Joaquim de Araújo, surgindo, como copistas predominantes, em meados deste século, os mestres de capela Antonio José de Almeida e Joaquim da Cunha Carvalho. A maioria das obras copiadas até essa fase filia-se, esteticamente, à música religiosa europeia da segunda metade do séc. XVIII e de inícios do séc. XIX, relacionada, sobretudo, ao repertório musical da Sé Patriarcal de Lisboa naquele periodo.

O jornal Correio Paulistano informava, em 01/10/1861, que o repertório da Catedral carecia de renovação e que lá ainda se ouviam músicas do tempo de D. José I (1750-1777) e de D. João VI (1792-1821), como as de André da Silva Gomes, Marcos Portugal (1762-1830) e José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), considerando a única música progressista da cidade, naquele momento, a militar … Na segunda metade do séc. XIX, entretanto, o arquivo da Catedral foi ampliado, pela incorporação de uma grande quantidade de cópias feitas por músicos locais (a maioria delas por João Nepomuceno de Souza) ou então trazidas de outras regiões brasileiras e do exterior, a maioria ligada ao estilo operístico italiano do séc. XIX. Em 25/01/1864, na festa do padroeiro da cidade, os moços do coro da Catedral, membros da Sociedade Musical Paulistana e o organista Hermenegildo José de Jesus, regidos por Antonio José de Almeida e pelo então mestre de capela Joaquim da Cunha Carvalho, executaram obras sacras recém trazidas de Roma pelo Cônego Joaquim do Monte Carmelo.

É muito provável que, na transição do século XIX para o XX, grande parte desse arquivo ainda estivesse na Catedral de São Paulo. Parte dos manuscritos relacionados ao arquivo pode ter permanecido com músicos particulares. Cópias realizadas por músicos que atuaram nessa igreja, como André da Silva Gomes, Romualdo Freire Vasconcelos, Antonio José de Almeida, Floriano da Costa e Silva, por exemplo, foram preservadas no Arquivo Veríssimo Glória (músico que trabalhou em São Paulo no inicio do séc. XX), atualmente de propriedade do musicólogo Regis Duprat. Provavelmente pela perda de interesse da maior parte do repertório sacro dos séculos XVIII e XIX, decorrente da tendência de depuração do “funesto influxo que sobre a arte sacra exerce a arte profana e teatral“, regulamentada no Motu Proprio (1903) do Papa Pio X, as obras remanescentes do arquivo musical foram retiradas da Catedral em inícios do século XX. Recolhido na Cúria Metropolitana, então na Praça Clóvis Bevilacqua, lá permaneceu até sua transferência para o atual espaço no bairro do Ipiranga, inaugurado em 30/ 11/1984.

Furio Fransceschini (1880-1976), mestre de capela desde 1908, não conheceu integralmente o arquivo musical, nem na Catedral nem na Cúria. Entretanto, no concerto que organizou em homenagem ao centenario da morte de José Maurício Nunes Garcia em 16/12/1930, na Igreja de Santa Ifigênia (onde então funcionava a Sé, pois fora demolida a antiga Catedral), Franceschini incluiu no programa o hino Ave maris stella de André da Silva Gomes, para 4 vozes e órgão, cujo manuscrito autógrafo localizou no Arquivo da Cúria, em uma caixa com 17 composições, organizada entre 1929-30. Esta e outra caixa com 14 peças resultaram da iniciativa de Francisco de Salles Collet e Silva, primeiro diretor do Arquivo (1918-1934), de organizar o antigo arquivo musical da Catedral, dedicando-se apenas a algumas obras, provavelmente às que ainda encontrassem função nas concepções de música sacra estabelecidas no século XX.

Se Collet e Silva chegou a planejar uma organização para o acervo musical do Arquivo da Cúria, infelizmente não chegou a empreendê-la em sua totalidade: até a década de 60, receberam número de catálogo mais alguns manuscritos e cerca de 30 volumes de música litúrgica, impressos nos sécs. XIX e XX. Clóvis de Oliveira, que em 1946 escreveu a primeira monografia sobre André da Silva Gomes (publicada em 1954), não conhecia nenhum outro manuscrito com música desse mestre de capela no Arquivo da Cúria, além do citado Ave maris stella.

Foi somente no final da década de 50 que o musicólogo Francisco Curt Lange tomou conhecimento do importante material ali existente. Interessado no desenvolvimento das pesquisas em acervos musicais paulistas, Curt Lange estimulou Regis Duprat a iniciar em 1959, seus estudos no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. Duprat começou sua pesquisa pioneira no Arquivo da Cúria em 1960, publicando um catálogo de obras, de André da Silva Gomes em seu livro Música na Sé de S.P. Colonial (São Paulo: Paulus, 1995).

Transferido para o Ipiranga em 1984, juntamente com a documentação referente ao Bispado de São Paulo, os manuscritos musicais ali chegaram sem qualquer organização, enquanto os livros litúrgicos se dispersaram da cota original. Por iniciativa do Chefe do Arquivo, Jair Mongelli Jr., entre 1987-88, os manuscritos foram empacotados em 16 volumes, sem ordem definida, assim permanecendo até maio de 1996, quando iniciamos sua organização. Nessa época, constituimos a Equipe de Organização e Catalogação da Seção de Música do ACMSP – formada pelos pesquisadores Paulo Castagna (coordenador), Fabio del’ Antonio Taveira, Fernando Pereira Binder, Ivan Chaves Nunes e pelo Maestro Vitor Gabriel – equipe que também trabalhou para a realização desta gravação.
(Paulo Castagna e Vitor Gabriel, extraído do encarte, 1998)

Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
Libera me (para a Absolvição e Inumação na Missa dos Mortos)
01. 1. Libera me
02. 2. Tremens factus
03. 3. Quando caeli – Dies illa
04. 4. Requiem
05. 5. Libera me
06. 6. Kyrie
07. 7. Requiescat

Pietro Terziani (Roma, 1765-1831)
08. Mihi autem nimis (Ofertório da Missa de Santo André Apóstolo)
José Alves (Portugal, sec. XVIII)
Dixit Dominus (Salmo 109)
09. 1. Dixit Dominus
10. 2. Donec ponam
11. 3. Juravit Dominus
12. 4. Tu es sacerdos
13. 5. Gloria Patri
14. 6. Sicut erat

José Gomes Veloso (Portugal, séc. XVIII)
Iste sanctus (Anfífona de Magnificat das Primeiras Vésperas de um Mártir, fora do Tempo Pascal)
15. 1. Dixit Dominus
16. 2. Et a verbis impiorum
17. 3. Fundatus enim

José Joaquim dos Santos (Portugal, c.1747-1801)
Lauda Sion (Sequência da Missa da Festa do Corpo de Deus)
18. 1. Lauda Sion Salvatorem
19. 2. Sub diversis speciebus
20. 3. Amen

André da Silva Gomes (Lisboa, 1752 – São Paulo, SP, 1844)
Confitebor Tibi Domine (Salmo 110)
21. 1. Confitebor Tibi Domine
22. 2. Sanctum et terribile
23. 3. Intellectus bonus
24. 4. Gloria Patri
25. 5. Sicut erat

André da Silva Gomes (Lisboa, 1752 – São Paulo, SP, 1844)
26. O vos omnes (Moteto para o depósito da Imagem do Senhor dos Passos)
Anônimo (Séc. XVIII)
Procissão do Enterro (Para Sexta-feira Santa)
27. 1. Heu! Heu!
28. 2. Pupilli facti sumus
29. 3. Cecidit corona
30. 4. Spiritus cordis
31. 5. Æstimatus sum
32. 6. Sepulto Domino
33. 7. In pace factus est
34. 8. In pace in idipsum
35. 9. Caro mea

Antônio José de Almeida (S. Paulo, 1816-1876)
36. Música para Verônica, na Procissão do Enterro de Sexta-feira Santa – O vos omnes
Antônio José de Almeida (S. Paulo, 1816-1876)
Ladainha de Nossa Senhora
37. 1. Kyrie eleison
38. 2. Pater de cælis
39. 3. Sancta Maria
40. 4. Sancta Virgo
41. 5. Mater divinæ
42. 6. Mater castissima
43. 7. Mater intemerata
44. 8. Regina angelorum
45. 9. Regina prophetarum
46. 10 Agnus Dei

Manuel José Gomes (SP, 1792-1868)
Ária para o Pregador
47. 1. Veni Creator Spiritus
48. 2. Amen

Música na Catedral de São Paulo – 1998
Brasilessentia Grupo Vocal, Vitor Gabriel, regente
Orquestra de Câmara da UNESP, Ayrton Pinto, diretor artístico
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Avicenna

Sarau Brasileiro: Odette E. Dias (flauta) & Elza K. Gushikem (piano) – 1979

Um disco dedicado inteiramente à música brasileira de passadas eras foi produzido no ano passado, em Brasília, e distribuído, como brinde, principalmente entre os associados da Federação Nacional de Associações Atléticas Banco do Brasil – FENAB – que comemorava o segundo aniversário de sua fundação. Este disco, “Sarau Brasileiro”, o Estúdio Eldorado entrega hoje ao público mais amplo, a todos os interessados pelo repertório marcadamente brasileiro.
(Vicente Salles, 1979, extraído da capa do LP)

Um piano e uma flauta dando asas ao nosso imaginário …. aos sonhos … voem …

Sarau Brasileiro
Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858), fantasia sobre “La Mélancolie”, modinha de Joaquim Manuel Câmara
01. L’amoureux (modinha)
Autor desconhecido, recolhido por Mário de Andrade
02. Lundum
Joaquim Antônio da Silva Calado (Rio de Janeiro, 1848-1880)
03. Lundu característico
Clemente Ferreira Júnior (Belém, PA 1864-1917)
04. Noites veladas (valsa)
Anônimo, modinha localizada em arquivos de Mariana, MG
05. Escuta ó Virgem (modinha)
06. Basta, amor (modinha)
07. Lundu mineiro
Ernesto Dias (Belém, PA 1857-1908)
08. Minha esperança (valsa)
Bernardino Belém de Souza (Belém, PA séc. XIX)
09. Casinha pequenina (xótis)
Clemente Ferreira Júnior (Belém, PA 1864-1917)
10. Na maromba (polca)
Carlos Cordeiro Tobias
11. Porto Arthur (tango)
Bernardino Belém de Souza (Belém, PA séc. XIX)
12. No cavaquinho (tango)

Sarau Brasileiro – 1979
Odette Ernest Dias (flauta) & Elza Kazuko Gushikem (piano)
Ao violão, Jaime Ernest Dias

LP de 1979 gentilmente cedido pelo nosso ouvinte Alex (não tem preço!) e digitalizado por Avicenna

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Até os deuses ...
Até os deuses …

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

Edmundo Hora: Estes nossos Brasis: Música para fortepiano no Brasil dos séculos XVIII e XIX (Acervo PQPBach)

30lo4e1Estes nossos Brasis: Música para fortepiano no Brasil dos séculos XVIII e XIX

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A invenção do “Fortepiano” deu-se em Florença na Itália, no final do século XVII, por Bartolomeo Cristofori (1655-1731) e a grande novidade que esse instrumento propunha era a capacidade de se realizar uma dinâmica “forte” e “piano” por meio do seu teclado sensitivo.

Os primeiros instrumentos já possuíam o formato conhecido de hoje, ainda que em dimensões bem menores. Uma grande variedade de modelos existiu, porém todos eles possuíam os Martelletti (martelinhos) que foram se modificando com o passar dos séculos, à medida que mais sonoridade foi requerida. O seu primeiro nome foi Clavicembalo con Martelletti… (Cravo com martelinhos…), que era capaz de tocar forte e piano. Essa nova maneira de se tocar revolucionou a música para os instrumentos de teclados, promovendo então nova estética musical. Assim, numa melodia, os “crescendos e diminuendos” podiam ser realizados permitindo uma semelhança com a voz cantada.

Ao final do século XVIII, nos países de língua alemã, esses instrumentos já haviam percorrido um grande caminho adquirindo novos recursos técnicos. Na Áustria, compositores como J. Haydn (1732-1803) e W. A. Mozart (1756-1791) compuseram muito do seu repertório para esse novo “instrumento expressivo”.

Já no início do século XIX, com a chegada da família Real Portuguesa ao Brasil, precisamente em 1808, a cidade do Rio de Janeiro adquiriu o status de capital do Reino, transformando-se da noite para o dia, num grande centro político e cultural. Porém, ainda na segunda metade do século XVIII, atividades musicais foram ali muito praticadas e a figura do Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) projeta-se como o mais importante compositor e tecladista da época, ficando, por um determinado período, como o responsável pelas atividades na Capela Real da Corte. Contudo, muito pouco podemos afirmar sobre a formação musical do nosso Padre músico, e até o presente momento, que ela tenha sido adquirida pelo contato com o músico mineiro Salvador José de Almeida.

O ano de 1816 registra a chegada ao Brasil de Sigismund Neukomm (1778-1858), compositor austríaco e aluno de J. Haydn. De suas atividades como instrumentista e compositor, constava também a tarefa de ensinar música aos futuros monarcas D. Pedro (1798-1834) e sua esposa D. Leopoldina (1797-1826). Nessas funções ele permaneceu por 6 anos, legando ao nosso repertório de câmara uma vasta quantidade de músicas nas mais diversas formações, destacando-se o Les Adieux à ses amis bresiliénnes, obra escrita em 1821, como despedida aos seus amigos que aqui ficaram. Na Corte do Rio de janeiro, Neukomm travou amizade com José Maurício, reconhecendo nele o talento, a virtuosidade na composição e nos instrumentos como o Cravo e o Órgão. Assim, é natural supor-se que com essa vivência e troca de influências ambas as partes lucraram, e José Maurício pôde aperfeiçoar-se em suas atividades artísticas seja como compositor, seja também como instrumentista ao Fortepiano.

Posteriormente, e mais precisamente em 1817, a chegada ao Rio de Janeiro de D. Leopoldina, a esposa austríaca de D. Pedro, coloca o ambiente musical brasileiro na vanguarda de uma nova tendência estética, a futura música “romântica”. Dentre os diversos conteúdos de sua bagagem, a presença de um Fortepiano austríaco e sua posterior utilização, pode ser considerada como uma justificativa razoável para se executar num instrumento europeu músicas com influência brasileira. Assim, entre outras obras, tomamos a liberdade de acrescentar ao nosso programa musical os 3 Lundus, demonstrando uma vertente de miscigenação ocorrida na linguagem instrumental, como sendo a gênesis da futura música brasileira.

Reunir obras instrumentais de diferentes autores e épocas num só programa é sempre um desafio que se impõe ao intérprete contemporâneo, ainda mais em se tratando de repertório Brasileiro de concerto e de salão. O “sonho” de todo o instrumentista tecladista brasileiro sempre foi o de encontrar material suficiente para um programa de concerto, já que as fontes são escassas, limitando significativamente a margem de escolha. Felizmente nos últimos anos, tem aparecido um expressivo número de obras o que toma a nossa tarefa um pouco mais cômoda.

Também de relevante significado na interpelação é a questão da afinação e do temperamento como recurso expressivo para o instrumento utilizado. Ao se optar por um sistema de temperamento desigual, evidenciaram-se ainda mais as características tonais, favorecendo-se as “cores” dos textos musicais escolhidos. E neste campo, devemos mencionar que muito já tem sido demonstrado através de fontes históricas, da importância e da influência no plano sensorial deste elemento para a reconstrução sonora no plano estético-estilístico. Em contrapartida à proposta do sistema mesotônico de afinação, característico do séc. XVII, em que se dá preferência à beleza e à perfeição das terças maiores em seu estado puro, construiu-se, no século XVIII, diversas propostas desiguais de afinação, possibilitando-se as enarmonias e modulações, evidenciando-se as cores e “afetos” à cada tonalidade. Dessa maneira, inspirado nas orientações históricas, construímos um sistema desigual de afinação no qual os diferentes campos tonais são ressaltados, buscando melhor traduzir o conteúdo sentimental de cada obra.

Compartilhem do nosso sonho! Edmundo Hora, 2003.

Edmundo Hora, fortepiano
Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus [Lat. Amadeus] Mozart (Austria, 1756-1791)
01. Fantasia em dó menor, Kv 396
Franz Joseph Haydn (Germany, 1732-1809)
02. Adágio em Fá Maior, Hob. XVI:21
Anônimo (Sabará, MG, final do séc. XVIII)
03. Sonata 2ª (Sabará) – 1. Allegro
04. Sonata 2ª (Sabará) – 2. Adágio
05. Sonata 2ª (Sabará) – 3. Rondó
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
Lições extraídas do Compêndio de Música e Método de Pianoforte, Rio 1821
06. – 1. Lição 9ª – Andantino em Dó Menor (Iªparte)
07. – 2. Lição 3ª – Andantino em Mí Maior (IIªparte)
08. – 3. Lição 5ª – Allegretto em Sol Maior (Iªparte)
09. – 4. Lição 11ª – Allegretto em Ré Maior (Iªparte)
10. – 5. Lição 12ª – Allegretto em Ré Menor (Iªparte)
11. – 6. Lição 6ª -Allegro Maestoso em Lá Maior (IIªparte)
Antonio Vieira dos Santos (Porto, 1784 – Morretes, PR, 1854)
12. Lundum da Bahia em Ré Maior (da coleção “Cifras de Música “), ajeitado por E. Hora
Anônimo bahiano (séc. XVIII e XIX)
13. Lundum em Lá Menor – com naturalidade de conversa
14. Lundum em Lá Maior – allegro
Sigismund Ritter von Neukomm (Salzburg, 1778 – Paris, 1858)
15. Les Adieux à ses amis Brésiliènes à Rio de Janeiro, em Mib Maior (Rio, 7 de abril de 1821)

Música para fortepiano no Brasil dos séculos XVIII e XIX – 2003
Edmundo Hora

Mais um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!

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Avicenna

O Amor Brazileiro – CD 1/2: Sigismund Neukomm (1778-1858) – Acervo PQPBach

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O Amor Brazileiro: Sigismund Neukomm

“… fico aqui durante algum tempo, quem sabe para sempre… Sinto-me muito bem e minha situação na corte portuguesa do Brasil é muito agradável. O Rei e sua família são muito bons para mim” (S. von Neukomm, Rio de Janeiro 18/3/1817)

Em 1808 D. João VI havia instalado no Rio de Janeiro a única corte real jamais existente na América Latina. Amante das artes e privado da riqueza cultural de que dispunha em Lisboa, graças principalmente ao ouro extraído do Brasil, ambicionava incrementar as atividades artísticas no Novo Mundo. Paradoxalmente, o destino quis que o mesmo Napoleão que havia causado a sua fuga de Lisboa ajudasse esse projeto. Após a queda do imperador, um grupo de artistas que o apoiava decidiu deixar a Franca; assim chega ao Brasil em 1816 a Missão Artística Francesa, reunida pelo Embaixador do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, o Marquês de Marialva. A Missão era composta de artistas notáveis, como os pintores Jean Baptiste Debret, Nicolas Taunay, Joachim Lebreton, os escultores Auguste Marie Taunay, Marc e Zépherin Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny.

Pouco depois desembarca também no Rio o Cavalheiro Sigismund von Neukomm, o aluno preferido de Joseph Haydn e protegido de Talleyrand. Sua autobiografia e as cartas escritas ao longo de sua estadia são um testemunho do seu encanto por tudo em que encontrou no Brasil. É notória a admiração que nutria pelo Padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o maior compositor brasileiro da época. Neukomm foi também fortemente impressionado pelos gêneros populares, o lundu e a modinha, que o inspiraram em duas de suas obras: “O Amor Brazileiro” e “L’amoureux”. Recolheu e harmonizou ainda uma coleção de vinte “modinhas”, de autoria de Joaquim Manoel da Camara, virtuose do “cavaquinho” e do violão, porém analfabeto em notação musical. Essa coletânea, impressa em 1821 em Paris sob a supervisão de Neukomm, constitui um dos primeiros registros de modinhas da história, além de ser o único testemunho da arte de Câmara e um importante documento sobre a atividade musical no Rio de Janeiro no início do século XlX.

O programa deste CD compreende a integral das obras de Neukomm para flauta transversal solo ou acompanhada de fortepiano. A maior parte das obras foi escrita quando da estadia de Neukomm no Rio de Janeiro, onde ele encontrou provavelmente o flautista virtuose Pierre Laforge, nomeado para a Capela Real e para a Câmara Real em novembro de 1816. As partes destinadas ao fortepiano deixam entrever as habilidades do compositor ao teclado. Observe-se que quatro das cinco obras foram impressas na época pela editora Breitkopf, o que permite vislumbrar o prestígio do compositor.

Fantasia para fortepiano e flauta (São Petersburgo, 11/7/1805)
Neukomm nutria estima por vários de seus colegas, a quem dedicou elegias, como a escrita em 1812 para Jan Ladislav Dussek (1760 – 1812) quando de sua morte. O compositor boêmio, que havia precedido Neukomm como pianista do Principe Talleyrand, é também o dedicatário da Fantasia gravada neste CD.

Toda a primeira seção do Largo enfatiza a tonalidade de ré menor, fortepiano e flauta alternando-se em um diálogo que cresce dinamicamente, passando por acordes de 7° diminuta. Um pedal em lá precede a modulação para si bemol maior, em que o fortepiano faz um desenho rítmico marcado, enquanto a melodia da flauta faz lembrar o discípulo de Haydn. A seção seguinte, em fá maior, é outro exemplo da habilidade melódica de Neukomm, e cabe ao fortepiano, que a desenvolve antes de preparar a nova entrada da flauta, também em fá. Uma volta ao desenho inicial e seguida por uma sequência de retardos. A última seção, bem mais movida, vai num crescendo de virtuosidade, alternando arpejos e escalas, que anunciam o tema do terceiro movimento.

O segundo movimento é escrito em 5 tempos, assim como o Andante do último Duo, uma ousadia rara naquela época! Lembramos, então, de que Neukomm era um maçon e, talvez, quisesse ilustrar a estrela de 5 pontas que está presente na fachada das lojas maçônicas.

O tema principal do terceiro movimento é marcado por uma escala ascendente, enérgica, que é alternada com arpejos descendentes, tanto no fortepiano quanto na flauta. O segundo tema, em fá, faz lembrar a doçura do tema em fá do primeiro movimento. O ápice da obra acontece no fugato final, em que o tema principal é apresentado em quatro vozes, com aumentações, até o final fortíssimo.

L’Amoureux (Rio de Janeiro, 12/4/1819)
Esta fantasia é dedicada aos seus amigos Madame e Monsieur Langsdorf, cônsules da Rússia no Brasil e em cuja chácara costumavam-se reunir, em serões musicais, os melhores músicos da época. Ali o Padre José Maurício dava expansão aos seus raros dotes de improvisador, ao mesmo tempo que lia, com Neukomm, as últimas novidades musicais chegadas da Europa.

Há no manuscrito a seguinte inscrição: “La Melancolie, modinha por Joaquim Manoel da Câmara”. Joaquim Manoel foi, depois de Domingos Caldas Barbosa, o mais famoso modinheiro do Brasil Colônia, célebre também por sua virtuosidade ao cavaquinho.

O primeiro movimento comega por um recreativo em dó maior, tonalidade predominante da obra. A modinha é apresentada em lá menor, sugestiva da “melancolia”, primeiro na flauta e depois no fortepiano. No segundo movimento, um Andantino Grazioso, flauta e fortepiano alternam-se em um diálogo cheio de humor. O Allegro final explora mais uma vez as habilidades do pianista virtuose. Como no Amor Brazileiro, a obra termina em vigorosos acordes em dó maior.

O Amor Brazileiro, capricho para fortepiano sobre um lundu brasileiro (Rio, 3/5/1819)
Desta obra, a primeira de todos os tempos inspirada em um lundu, existem dois originais manuscritos de Neukomm, um deles dedicado à Mademoiselle Donna Maria-Joaquina d’Almeida. As modinhas e lundus brasileiros faziam sucesso em Portugal, na voz de Domingos Caldas Barbosa. Acompanhando-se em sua viola de arame, o modinheiro era figura frequente nos salões da aristocracia lisboeta. Um desses lundus tem por assunto “o amor brasileiro”. Perdeu-se a música, mas salvaram-se os versos, publicados no “Viola de Lereno”, obra muito conhecida na época. O perfeito encaixe da letra com a música permite supor que daí tenha vindo a inspiração para o capricho de Neukomm.

A principal particularidade do lundu é a síncope característica, herdada de fontes africanas, que será posteriormente incorporada no tango brasileiro, no choro e no samba, gêneros tipicamente brasileiros.

O capricho começa por uma introdução em 6/8, marcada Andante grazioso. lmediatamente antes da primeira intervenção do lundu, Neukomm transforma o ritmo, acentuando a Segunda parte de cada tempo, o que prepara o ritmo sincopado. O trecho referente ao lundu recebe a indicação de Allegro e o compasso muda para 2/4. A partir de sua primeira exposição, o compositor explora o lundu à maneira de tema com variações ou de fantasia até a seção final. Ali acontece a transmutação do lundu em valsa, metáfora da aculturação a que o lundu foi submetido quando incorporado pelos salões da aristocracia carioca.

Fantasia para flauta (Paris, 10/11/1823)
Composta de uma introdução Adagio, seguida por um Allegro, a Fantasia é a unica obra que Neukomm compôs para flauta solo. O Adagio se inicia com o mesmo harpejo em ré menor da Fantasia em homenagem a Dussek. Neukomm se serve de belas melodias, progressões e modulações muito próprias, alternando o ré menor com o fá maior de conotação otimista. Explora com frequência as notas graves da flauta clássica, que não existiam na flauta barroca – o ré bemol (ou dó sustenido) e o dó.

O Allegro é iniciado por uma dramática melodia em ré menor na região grave da flauta. Mostra uma riqueza em dinâmica e contrastes entre passagens de virtuosismo e cantabile. Desde o compasso 7, e depois no compasso 106, há um fragmento melódico bastante característico, que seria uma semente do hino nacional brasileiro, composto por Francisco Manuel da Silva em 1831. O compositor brasileiro havia sido discípulo de Neukomm durante toda a sua estadia no pais. Em dois momentos Neukomm faz uso da escala cromática, eterno simbolo de “busca”, ainda tecnicamente bastante desconfortável na flauta de 5 chaves. Depois de modulações em lá menor e maior, a fantasia termina triunfalmente na tonalidade de ré maior.

Duo para flauta e fortepiano (Rio de Janeiro, 23/2/1820)
Aqui está novamente a estrela maçônica metaforizada no primeiro movimento em 5/8, bastante soturno, em mi menor. O Allegro do Segundo movimento, em forma sonata, é cheio de vitalidade. O primeiro tema, em mi menor, começa por harpejo ascendente, o segundo tema toma a forma de uma inspirada melodia em sol maior. Na Segunda parte, o piano reapresenta o tema em mi menor e, após seqüências em sétima diminuta, modula para si menor. Novas apresentações do tema na tonalidade original, até uma surpreendente modulação em dó maior, depois em mi bemol maior, mi bemol menor, sol bemol maior, até a apresentação do tema dois em mi maior pelo piano. Um “affretando” conclui o movimento.

O terceiro movimento, Adagio “com religiosidade”, é um dos momentos mais inspirados da música de Neukomm. As tonalidades de dó maior e sol maior contribuem para a paz que emana da melodia. A seção intermediária evolui através de surpreendentes modulações em mi bemol maior, dó menor, fá menor, ré bemol maior, lá bemol maior, dó menor. Depois de uma cadência em hemiola, o tema reaparece à guisa de conclusão, confiado – como no início – ao piano.

Enfim, o último movimento toma a forma de uma giga. O tema é primeiramente apresentado pelo piano, depois pela flauta. A modulação em sol sustenido menor surpreende, ainda mais pela pouca adaptabilidade à flauta. O tema é apresentado novamente em si maior, antes de uma seção solo do piano, onde aparece uma nova melodia. Os dois instrumentos dialogam antes do “da capo” final.
(Rosana Lanzelotte, extraído do encarte)

Sigismund Ritter von Neukomm (1778-1858)
01. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 1. Largo
02. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 2. Andante Con Moto
03. Fantaisie pour Pianoforte et Flûte (1805) 3. Allegro Assai
04. L’Amoureux (1819) 1. Andante
05. L’Amoureux (1819) 2. Andantino Grazioso
06. L’Amoureux (1819) 3. Allegro
07. O Amor Brazileiro (1819)
08. Fantaisie Pour Flûte (1823)
09. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 1. Andante
10. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 2. Allegro Agitato
11. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 3. Adagio
12. Duo pour Flûte et Pianoforte (1820) 4. Allegretto

O Amor Brazileiro – CD 1 de 2 – 2004
Ricardo Kanji, flûtes
Rosana Lanzelotte, pianoforte
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Avicenna