Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

Grande CD!

Então é Natal e sinto algo crescer dentro de mim; trata-se de um súbito amor pela humanidade e pelo comércio. PQP Bach não poderia deixar de comemorar esta data da forma mais santa e pura! Vivemos uma época perigosa em que a falta de valores cristãos ameaça as famílias de bem e aqui em nossa trincheira preparamos a vingança em parceria com nossos amigos da Opus Dei, nossa imaculada patrocinadora. Bem, este CD do espetacular conjunto catalão Capella de Ministrers chama-se Navidad Renascentista e é bastante bom, ainda mais nesta época do ano dedicada ao comer, ao comér… aos bons sentimentos. Trata de um belo registro de música antiga interpretada por especialistas. E, como estamos no Natal, faço votos de um feliz Natal para nossos visitantes! Muita luz para vocês! Usem óculos escuros!

Não é mais Natal? Ah, foda-se!

Vários anônimos: Música de Natal do Renascimento Espanhol (Capella De Ministrers)

1. Pastores dicite by Anonymous
Performer: Jordi Comellas (Vihuela), José Antonio Lopez (Baritone), Josep Hernandez (Countertenor),
Lambert Climent (Tenor), Savid Antich (Recorder), Carles Magraner (Vihuela),
Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder), Eduard Navarro (Clarinet),
Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela), Juan Manuel Rubio (Harp),
Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion), Ruth Rosique (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 1 Minutes 37 Secs.
Language: Latin

2. Bien vengades pastores by Anonymous
Performer: Josep Hernandez (Countertenor), Ruth Rosique (Soprano), Savid Antich (Recorder),
Lambert Climent (Tenor), José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 3 Minutes 25 Secs.
Language: Spanish

3. Yo me soy la morenica by Anonymous
Performer: Pilar Esteban (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: Spain
Date of Recording: 11/23/2004
Venue: Live Palau de la Música, Barcelona, Spain
Length: 2 Minutes 20 Secs.
Language: Spanish

4. Gozate Virgen by Anonymous
Performer: Tu Shi-Chiao (Countertenor)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Length: 1 Minutes 50 Secs.
Language: Spanish

5. E la don don by Anonymous
Performer: Ricardo Sanjuan (Tenor), Isabel Monar (Soprano), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Pere Pou (Tenor), Carlos López-Galarza (Bass)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Length: 3 Minutes 7 Secs.
Language: Spanish

6. Dadme Albricias by Anonymous
Performer: Ricardo Sanjuan (Tenor), Isabel Monar (Soprano), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Pere Pou (Tenor)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Length: 1 Minutes 54 Secs.
Language: Spanish

7. Riu, riu, chiu by Anonymous
Performer: Pere Pou (Tenor), Ricardo Sanjuan (Tenor), Tu Shi-Chiao (Countertenor),
Carlos López-Galarza (Bass)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: Spain
Length: 1 Minutes 50 Secs.
Language: Spanish

8. Soleta y verge estich by Bartolomé Cárceres
Performer: Pilar Esteban (Soprano)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century; Spain
Date of Recording: 11/23/2004
Venue: Live Palau de la Música, Barcelona, Spain
Length: 3 Minutes 0 Secs.
Language: Spanish

9. La Negrina by Mateo Flecha
Performer: Lambert Climent (Tenor), Josep Hernandez (Countertenor), Ruth Rosique (Soprano),
José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela), Savid Antich (Recorder),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Renaissance
Written: 16th Century
Date of Recording: 12/2001
Venue: Capella de la Sapiència, Valencia, Spain
Length: 10 Minutes 7 Secs.
Notes: This selection is sung in Catalan, Latin and Spanish.

10. Cant de la Sibilla: Sibila castellana “Al jorn del judici” by Anonymous
Performer: Ruth Rosique (Soprano), Josep Hernandez (Countertenor), Lambert Climent (Tenor),
José Antonio Lopez (Baritone), Jordi Comellas (Vihuela), Savid Antich (Recorder),
Carles Magraner (Vihuela), Pau Ballester (Percussion), Vicente Parilla (Recorder),
Eduard Navarro (Clarinet), Octavio Lafourcade (Guitar), Octavio Lafourcade (Vihuela),
Juan Manuel Rubio (Harp), Juan Manuel Rubio (Lute), Juan Manuel Rubio (Percussion)
Conductor: Carles Magraner
Orchestra/Ensemble: Capella de Ministrers
Period: Medieval
Written: Spain

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Higiene na Idade Média.

PQP

Danze e musiche del Rinascimento Italiano (Piguet)

Danze e musiche del Rinascimento Italiano (Piguet)

Acho que eu já gostei mais da Música Antiga. Até os meus 40 anos, caçava discos com foco no Renascimento e que tais. Não sei o que houve. Talvez a tomada de poder pela Música Historicamente Informada tenha me acostumado aos sons mais antigos e agora eu queira música de verdade com eles e menos fius-fius e percussões naives. O fato é que este é um disco para o qual eu não estou mais preparado. O grupo de Zurich que interpreta as obras é muitíssimo bom. A Música Renascentista refere-se à música europeia escrita durante o período que abrange, aproximadamente, os anos de 1400 a 1600. A definição do início do período renascentista é complexa devido à falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. O processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo tão cedo quanto 1300 até tão tarde quanto 1470. A música renascentista evoluiu a partir das bases da música medieval, e ao longo do período não se observam bruscas quebras de continuidade, mas sim uma prolongada e gradual transição de um predomínio absoluto da linha melódica horizontal em direção a novos parâmetros, marcados pela concepção da música em sucessivos acordes verticais encaixados dentro de compassos de ritmos invariáveis. Apesar de gradual, ao final do processo a mudança resultante é muito profunda. Assim, é impossível definir a música desta fase da história como um estilo unificado.

Danze e musiche del Rinascimento italiano

Giorgio Mainerio: Suite dal “Primo libro de balli”:
1. Pass’e mezzo della paganina
2. Putta nera ballo furlano
3. Tedesca 1
4. Tedesca 2
5. La lavandara gagliarda
6. Ungaresca
7. Giovanni Gabrieli: Canzon a 7
8. Giovanni Gabrieli: Canzon a 5
9. Giovanni Gabrieli: Canzon a 6
10. Giovanni Gastoldi: Capriccio a due voci
11. Vincenzo Galilei: Capriccio a due voci
12. Giovanni Gastoldi: Capriccio a due voci
13. Alessandro Orologio: Intrada a 5
14. Alessandro Orologio: Intrada a 5
15. Francesco Bendusi: Cortesa padana e frusta
16. Anonimo: Le forze d’Ercole e tripla
17. Vincenzo Ruffo: Capriccio ”Dormendo un giorno” (Verdelot)
18. Vincenzo Ruffo: Capriccio ”La gamba in basso e soprano”
19. Vincenzo Galilei: Contrappunto per due liuti
20. Francesco Canova da Milano – Johannes Matelart: Fantasia per due liuti
21. Luca Marenzio – Bassano: Tirsi morir volea
22. Sperindio Bartoldo: Petit fleur
23. Sperindio Bartoldo: Canzone francese

Performers:
Ensemble Ricercare di Zurigo – dir.Michel Piguet
Michel Piguet, Richard Erig, Renate Hildebrand,
Käte Wagner, Nils Ferber
(recorder, oboe, bassoon, crumhorn)
Anne van Royen, Anthony Bailes (lutes)
Jordi Savall, Adelheid Glatt (viole de gambe)
Martha Gmunder (spinet)
Dieter Dyk (percussions)

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Nego-me a dizer que pintura é esta. Mas digo que é do Renascimento Italiano.

PQP

Carlo Gesualdo (1566-1613): The Complete Madrigals – Delitiæ Musicæ, Longhini (7 cds)

Carlo Gesualdo (1566-1613): The Complete Madrigals – Delitiæ Musicæ, Longhini (7 cds)

É sempre uma tarefa complicada escrever sobre Carlo Gesualdo da Venosa (1566-1613) por conta de certos dados de sua biografia, um tanto quanto peculiares, que terminam por ser de alguma forma incontornáveis. O escriba então se vê frente ao dilema entre a omissão de fatos de grande magnitude, por um lado, e do risco perene de que esses temas contaminem de forma indevida a apreciação geral de sua obra, cuja excepcional qualidade por si só transcende e muito as discussões mais, digamos, folhetinescas de sua biografia.

O fato é que na noite de 16 de outubro de 1590 Gesualdo flagrou sua esposa, Maria D’Avalos, em flamejante adultério com Fabrizio Carafa, terceiro Duque de Andria e sétimo Conde de Ruovo. Os amantes foram assassinados a sangue frio no ato, no palazzo San Severo, em Nápoles. Após uma breve investigação, Gesualdo foi declarado inocente, já que teria apenas agido em legítima defesa da honra.

Seu segundo casamento, com Leonora D’Este, tampouco foi feliz. Ela o acusou diversas vezes de uma série de abusos, passando grande tempo longe. O passar dos anos fez com que Gesualdo mergulhasse no isolamento e na depressão e em acusações de envolvimento com ocultismo e bruxaria. Gesualdo morreu eu seu castelo em Avellino, na Campânia, em 8 de setembro de 1613.

Há um filme muito interessante sobre ele feito pelo brilhante cineasta alemão Werner Herzog. Gesualdo: Morte para Cinco Vozes (“Tod für fünf Stimmen”), de 1995, faz um entrelace interessantíssimo entre música e vida, biografia e encenação, documentário e ficção. Percursos por seu castelo e locais importantes de sua vida são entrecortados por performances de alguns de seus madrigais. Os madrigais, aliás, são o coração espiritual e estético de sua obra, que também compreende dois ciclos de canções sacras e uma coletânea de música destinada à Semana Santa.

Para comemorar o aniversário de Carlo Gesualdo da Venosa, neste dia 30 de março (e que, por uma singela coincidência, também é o aniversário deste que escreve estas linhas), o post traz a integral dos madrigais, com seis livros compostos entre 1594 e 1611. Esta integral foi reunida em uma caixa pelo selo Naxos, com interpretação do conjunto vocal Delitiaæ Musicæ sob regência de Marco Longhini.

 

Francesco Mancini, retrato de Carlo Gesualdo, séc XVIII

Os madrigais de Gesualdo são algumas das peças mais belas e extraordinárias já escritas para grupos vocais. São intrincadas construções harmônicas e cromáticas, complexos contrapontos que resultam em obras profundamente expressivas e sentimentais. São verdadeiros feitos da experiência humana neste planetinha azul que vaga cego pelo espaço, pequenas catedrais musicais em miniatura.

Ainda que sejam essencialmente seculares, os madrigais têm um efeito que acessa outros planos para além da pura experiência acústica e física. Em outras palavras, são composições tão poderosas que parecem ter a capacidade de fazer o ouvinte mergulhar em alguma espécie de oração durante o ato da escuta. É fácil perder-se no tempo e no espaço se escutamos esses discos com a atenção que eles, suavemente, exigem de nós.

São obras que carregam consigo uma beleza terrivelmente trágica, algo que cala fundo na alma e que é muito complicado de ser traduzido em palavras. Agradeço, desde já, aos que porventura quiserem dividir, nos comentários, um pouco das impressões e emoções causadas por essa poderosa obra.

Sempre penso nesses ciclos de madrigais de Gesualdo e de Claudio Monteverdi (1567-1643) como veementes exemplos do poder que a música tem sobre nós. Que grandeza o ser humano pode atingir com apenas cinco vozes! Quanta beleza, quanta paixão, quanta vida (e quanta morte) cabem em cada um desses madrigais. É música de uma grandeza infinita…

 

***

O castelo de Gesualdo, em Avelino, a leste de Nápoles

“ (…) Quase uma mania, Gesualdo. Pois eles o amavam, claro, e cantar seus às vezes quase incantáveis madrigais demandava um esforço que se prolongava no estudo dos textos, procurando a melhor forma de aliar os poemas à melodia, como o príncipe de Venosa fez, à sua maneira obscura e genial. Cada voz, cada tom devia encontrar aquele centro esquivo do qual surgiria a realidade do madrigal, e não uma das tantas versões mecânicas que às vezes escutavam em discos para comparar, para aprender, para ser um pouco Gesualdo, príncipe assassino, senhor da música. (…)

Este é um trecho do conto “Clone”, do livro Amamos tanto a Glenda, de Julio Cortázar, publicado em 1980 (aqui em tradução de Josely Vianna Baptista, Cia. das Letras, 2021). Os madrigais de Gesualdo são um protagonista desse interessante conto. Um pequeno indício material de como a vida e a obra do príncipe de Venosa influenciaram diversos artistas ao longo dos últimos séculos.

Para evitar um post gigantesco com uma lista imensa de faixas dos álbuns, elas serão reunidas em um arquivo de texto que integra o download. Grosso modo, os discos estão divididos da seguinte forma:

CD 1: Primeiro Livro de Madrigais
CD 2: Segundo Livro de Madrigais
CD 3: Terceiro Livro de Madrigais
CD 4: Quarto Livro de Madrigais
CD 5: Quinto Livro de Madrigais (parte um)
CD 6: Quinto Livro de Madrigais (parte dois) & Sexto Livro de Madrigais (parte um)
CD 7: Sexto Livro de Madrigais (parte dois)

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Karlheinz

Canções de Amor e Danças da Renascença (Capella Antiqua München)

Canções de Amor e Danças da Renascença (Capella Antiqua München)

Um bom disco, nada excepcional, mas bom e sincero. Tranquilizem-se — o CD é menos tosco do que sua capa. A Capella Antiqua de Munique toca e canta canções e temas instrumentais do período renascentista (séculos XV e XVI). A alegria de viver pode ser ouvida nas danças. As canções de amor soam íntimas e harmoniosas. As versões são convincentes, principalmente pela simplicidade. Os instrumentos originais usados ​​e as vozes provavelmente correspondem ao som da música renascentista. Recomendado para iniciantes na música antiga. Ah, nçao consigo imaginar uma canção mais linda do que Wann ich gedenk der Stund, a faixa 19 deste CD. Que maravilha!

Canções de Ampr e Danças da Renascença (Capella Antiqua München)

aus: Erstes Tanzbuch, P. Attaignant (1530)
1 Pavane 17 1:16
2 Galliarde 4 1:29
3 Bransle 2 0:56
Jacob Regnart (1540/45-1599)
4 All meine Gedanken 2:45
aus: Erstes Tanzbuch, P. Attaignant
5 Pavane 13 1:07
6 Galliarde 14 0:54
Anonym (16.Jh.)
7 Lieblich hat sich gesellet 3:00
Hans Voit (?) / Anonym (um 1540)
8 Für alll ich krön 3:43
aus: Carmina Germanica
9 Propter bonos geschwenkos 1:02
Hans Leo Hassler (1564-1612)
10 Mein Gmüt ist mir verwirret 4:07
aus: Danserye, Tilman Susato (1551)
11 Pavane Mille regretz 1:57
Heinrich Isaac (vor 1450-1517)
12 O liebes Herz 1:18
Guillaume Dufay (1397?-1474)
13 Vostre bruit 1:34
Joh. Stockem (c. 1445-1487 o. 1501)
14 Brunete 1:21
Antonio Scandelli (1517-1580)
15 Schein uns, du liebe Sonne 3:38
Johannes Stockem
16 Unbekannte Chanson 1:36
Antoine Brumel (um 1460-n. 1515)
17 Vray dieu d’amours 1:36
Johannes Stockem
18 Adieu madame 1:39
Jacob Regnart
19 Wann ich gedenk der Stund 5:20
Clemens non Papa (1510-1556/58)
20 Ich sag ade 1:42

Capella Antiqua München
Konrad Ruhland

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O Concerto (1623), de Gerrit van Honthorst (holandês, 1592-1656).

PQP

Música en el Quijote (A Música do livro Dom Quixote): Romances, canções e temas instrumentais

Música en el Quijote (A Música do livro Dom Quixote): Romances, canções e temas instrumentais

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Quando ouvi este CD ela primeira vez, o Quixote completava 400 anos. Eu estava perante uma contribuição distinta para a celebração do 4º centenário da obra-prima de Cervantes. Eu ouvia um trabalho que não era a “música nos tempos do…”, nem uma associação de um compositor ao mito com base unicamente na sua coincidência no tempo, nem uma obra inspirada no romance, mas precisamente aquela que todos sentiam falta: uma espécie de “trilha sonora” do Quixote, as próprias referências citadas pelo livro. Ou seja, aquilo que apimenta o grande trabalho de Cervantes e algumas de suas Novelas Exemplares são coletadas e executadas com amor e respeito. Romances e canções alternam-se com danças como chaconnes, folías e jácaras, criando uma paisagem musical bonita e precisa, na qual o bom leitor localizará facilmente as aventuras do nosso herói.

O disco marcava também o reencontro de José Miguel Moreno com seu renovado grupo, o Orphénica Lyra, após alguns anos. Nuria Rial, com uma voz que nos eleva a alturas sublimes de beleza, sensibilidade e agilidade, compartilha a cena com uma surpreendente Raquel Andueza, e ambos os sopranos se juntam à voz de Jordi Domenech. Um absurdo de perfeição. No âmbito instrumental, temos um conjunto que sabe transmitir o sabor da era cervantina: Eligio Quinteiro, Fernando Paz, Fahmi Alqhai e Álvaro Garrido, conduzido da vihuela por um Moreno em pleno comando de seus poderes.

Música en el Quijote: Romances, songs, instrumental pieces

01 Luys Milán: Pavana VI
02 Anónimo: Al alva venid
03 Juan Arañés: Chacona
04 Luys Milán: Romance de Durandarte
05 Alonso Mudarra: Gallarda
06 Francisco Guerrero: Prado verde y florido
07 Anónimo: Qué me queréis, caballero
08 Anónimo: Romance de Don Gayferos
09 Antonio Martín Y Coll: Canarios
10 Anónimo: Madre, la mi madre
11 Anónimo: Ay luna que reluces
12 Anónimo: Jácaras
13 Alonso Mudarra: Fantasía X, sobre la folía
14 Luys Milán: Romance de Valdovinos
15 Antonio Martín Y Coll: Villanos
16 Anónimo: Qué bonito niño chiquito
17 Alonso Mudarra: Beatus ille
18 Antonio de Ribera: Romance de Cardenio
19 Diego Coll: Recercada segunda
20 Gabriel: De la dulce mi enemiga
21 Anónimo: Romance del Marqués de Mantua
22 Diego Pisador: Flérida, para mí dulce
23 Anónimo: Al villano se la dan
24 Luys de Narváez: Romance de Conde Claros
25 Diego Ortiz: Recercada octava
26 Juan Arañés: Chacona: A la vida bona

Intérpretes: Orphénica Lyra : Nuria Rial, soprano; Raquel Andueza, soprano; Jordi Domenech, countertenor; Eligio Quinteiro, Renaissance guitar; Fernando Paz, recorders; Fahmi Alqhai, viola da gamba; Álvaro Garrido, percussion; José Miguel Moreno, vihuela y dir.

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Ilustração de Gustave Doré para o Quixote

PQP

Watkins Ale — Música da Renascença Inglesa

Watkins Ale — Música da Renascença Inglesa

Esta encantadora coleção de canções renascentistas e músicas de dança seguiu os passos de uma coleção similar de música escocesa do mesmo período, On ​​the Banks of Helicon, e foi seguida alguns anos depois por The Mad Buckgoat, que focou na música antiga na Irlanda. Dos três álbuns, o escocês é o melhor, mas o Watkins Ale é o segundo. O programa baseia-se em material conhecido (“There Were Three Ravens”, “Green Sleeves”) e obscuro, misturando a melancólica música de John Dowland e Thomas Morley com danças e melodias obscenas. A atuação do Baltimore Consort é requintada, como sempre, com reconhecimento especial ao flautista Chris Norman e a gambista Mary Anne Ballard. Eles sabem tocar de forma gentil e elegante, também sabe se distanciar. Bom disco!

Watkins Ale — Music of the English Renaissance

1 The Buffens 1:35
2 Nuttmigs And Ginger 3:05
3 Green Garters 2:40
4 There Were Three Ravens 7:38
5 Howells Delight 1:12
6 Goe From My Window 3:55
7 Green Sleeves 5:04
8 La Sampogna 1:58
9 Unto The Prophet Jonas I Read 5:57
10 The Carmans Whistle 4:50
11 Galliard Can Shee Excuse 1:17
12 Lachrimae Pavin 4:48
13 The Quadro Pavin 2:18
14 Singers Jig 0:27
15 Grimstock 2:27
16 De La Tromba Pavin 3:20
17 Jewes Daunce 1:34
18 Pavane Quadro And Galliard 2:30
19 Joyne Hands 1:31
20 Watkins Ale 6:37

The Baltimore Consort:
Cittern, Bass Viol – Mark Cudek
Lute – Ronn McFarlane
Soprano Vocals – Custer LaRue
Tenor Viol, Bass Viol – Larry Lipkis
Treble Viol, Tenor Viol – Mary Anne Ballard
Wooden Flutes – Chris Norman

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Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569): Festa de Casamento na Vila

PQP

Laudent Deum. Sacred Music by Orlande de Lassus (1532/1530-1594): His Majestys Sagbutts & Cornetts, Choir of St John’s College, Cambridge

CHAN 0778

Laudent Deum: Sacred Music by Orlande de Lassus

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 His Majestys Sagbutts & Cornetts
Choir of St John’s College, Cambridge

dir. Andrew Nethsingha
 .
 .
O Coro do St. John’s College, em Cambridge, se aventura pela primeira vez com um disco de música de Orlande de Lassus. O Coral é conduzido por Andrew Nethsingha e é acompanhado por His Majestys Sagbutts & Cornetts.
 
Lassus nasceu em Mons, na Bélgica atual por volta de 1532, mas passou a maior parte de sua vida profissional na Itália. Ele foi um prolífico e versátil compositor e o músico mais famoso de sua época. Carismático e gregário, ele também era bipolar, uma condição que lhe causou infelicidade pessoal, mas que também foi responsável por algumas das passagens mais originais e surpreendentes de sua música.
 
As peças nesta gravação representam apenas uma pequena parte de sua enorme produção: dezenove dos 750 motetos que sobreviveram, dois de cem composições de Magnificat e três de suas dúzias de obras puramente instrumentais. É uma pequena amostra, mas revela um compositor cuja técnica formidável fizeram dele o queridinho da Alta Renascença musical na Europa Ocidental.

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Orlande de Lassus (also Orlandus Lassus, Orlando di Lasso, Roland de Lassus, or Roland Delattre) (Franco-Flemish, 1532/1530-1594)
01. Ecce nunc benedicite Dominum
02. Veni in hortum meum
03. Qui sequitur me
04. Resonet in laudibus
05. Sine textu 15
06. Omnes de Saba venient
07. Qui moderatur sermones suos
08. Exaudi, Deus, orationem meam
09. Jubilate Deo, omnis terra
10. Sine textu 19
11. Timor et tremor
12. Omnia tempus habent
13. Alleluia, laus et gloria
14. Magnificat tertii toni
15. Quid gloriaris in malitia
16. Laudate pueri Dominum
17. O Maria, clausus hortus
18. Laetentur caeli
19. Laudent Deum cithara
20. Sine textu 13
21. O peccator, si filium Dei
22. Fratres, qui gloriatur
23. Agimus tibi gratias
24. Magnificat ‘O che vezzosa aurora’

Laudent Deum. Sacred Music by Orlande de Lassus – 2011
His Majestys Sagbutts & Cornetts
Choir of St John’s College, Cambridge
dir. Andrew Nethsingha

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Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.

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Boa audição.

Avicenna

Guillaume Dufay (1397? – 1474): Music for St James the Greater – The Binchois Consort

dufay

Mass for St James the Greater

Guillaume Dufay (1397? – 1474)

The Binchois Consort
Maestro Andrew Kirkman

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 Guillaume Dufay, também Du Fay ou Du Fayt (Beersel 5 de agosto de 1397? — Cambrai, 27 de novembro de 1474) foi um compositor do início do Renascimento, da escola franco-flamenga. Figura central da Escola da Borgonha, considerado o mais famoso e influente compositor da primeira metade do século XV e um dos nomes mais importantes do período de transição da música medieval para a renascentista. Guillaume Dufay representou a primeira geração da Escola Borgonhesa. Seu modelo de missa polifônica, baseada no cantus firmus, teve grande aceitação entre os músicos até o final do século XVI.

Homem de grande cultura, soubera, ao longo das suas numerosas viagens, assimilar as técnicas francesa, inglesa e italiana, para delas fazer uma síntese surpreendente. Criou o modelo perfeito da missa polifônica construída sobre um cantus firmus (tema litúrgico ou profano que serve de base e fio condutor a toda composição), modelo cuja fecundidade se manifestou até o final do século XVI.

Guillaume Dufay aprendeu música como menino do coro da catedral de sua cidade natal. Depois, foi chantre da capela pontifícia em Roma, Florença e Bolonha (1435-1437), além de músico do duque de Saboia (1434-1535 e 1437-1444). Há indícios de que, a partir de 1445, teria fixado em Cambrai a sua residência principal, fazendo, no entanto, numerosas, embora breves, viagens, principalmente às cortes de Borgonha e Saboia, a Turim e a Besançon, no Bourbonnais.

A sua celebridade foi então considerável, e a sua autoridade musical exerceu uma influência benéfica sobre uma grande parte da Europa. Como testemunho de admiração, as personagens mais ilustres deram-lhe a sua amizade (Carlos, o Temerário conta-se entre os seus legatários), bem como pensões, prebendas e títulos lucrativos: foi cantor do duque de Borgonha, cônego em Tournai, Bruges, Lausanne, Mons e, sobretudo, a partir de 1435, em Cambrai (França) (Wikipedia)

Guillaume Dufay (Du Fay, Du Fayt) (Franco-Flemish, 1397? – 1474)
01. Mass for Saint James the Greater – 01. Introit
02. Mass for Saint James the Greater – 02. Kyrie
03. Mass for Saint James the Greater – 03. Alleluia
04. Mass for Saint James the Greater – 04. Gloria
05. Mass for Saint James the Greater – 05. Credo
06. Mass for Saint James the Greater – 06. Offertory
07. Mass for Saint James the Greater – 07. Sanctus
08. Mass for Saint James the Greater – 08. Agnus Dei
09. Mass for Saint James the Greater – 09. Communio
10. Mass for Saint James the Greater – 10. Rite majorem Jacobum canamus / Arcibus summis miseri reclusi
11. Mass for Saint James the Greater – 11. Balsamus et munda cera
12. Mass for Saint James the Greater – 12. Gloria
13. Mass for Saint James the Greater – 13. Credo
14. Mass for Saint James the Greater – 14. Apostolo glorioso
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Music for St James the Greater – 1997
The Binchois Consort
Maestro Andrew Kirkman
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Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.
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Guillaume Dufay
Guillaume Dufay

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Boa audição.

Avicenna

Alma Latina: Les Routes de l’Esclavage – Hespèrion XXI, Savall

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Repostagem com novos links, agregando no arquivo o encarte completo (540 páginas), compartilhado pelo ilustre João Ferreira. Valeu, João!

Postagem marcando o retorno do Bisnaga, depois de quase dois anos sem postar

Eita! Jordi Savall e seu toque de Midas…
E como fazer de uma longa história de opressão e sofrimento uma coisa bela?

Savall já vem há alguns anos trabalhando com temas de música mais antiga e mais periférica para os domínios europeus: música cipriota, música armênia… Aqui o maestro e violista catalão avança pelo universo da África e o que a une à Europa e à América: infelizmente, a escravidão… Seguindo o rastro da maior imigração forçada da história, coleta aqui e ali relatos, leis, decretos, mostrando a visão oficial, e canções, ritmos e danças, apresentando o outro lado, o da resistência dos negros levados às colônias de todo o continente americano, episódio terrível da nossa história e da história de tantos povos desses três continentes ligados pela escravidão…

De um lado, o álbum trata dos horrores da escravidão:

Uma das grandes coisas que se vêm hoje no mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da África continuamente estão passando a esta América. (…) Já se, depois de chegados, olharmos para estes miseráveis, e para os que se chamam seus senhores, o que se viu nos dois estados de Jó é o que aqui representa a fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo teatro. Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os, como deuses; os senhores em pé, apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema miséria. Oh! Deus! quantas graças devemos à fé que nos destes, porque ela só nos cativa o entendimento, para que à vista destas desigualdades, reconheçamos, contudo, vossa justiça e providência. Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel? (Padre Antonio Vieira – Sermão Vigésimo Sétimo – trecho que é recitado, reduzido, na faixa 10)

… Do outro, a beleza que reside justamente na resistência (e talvez aqui esteja uma parte da resposta), na insistência dos povos africanos transplantados para as Américas e aqui misturados em suas etnias e credos, de celebrar a vida, de zombar dos patrões, de cantar a sua crença ou as crenças que forçosamente aprendeu. O álbum então se enche das misturas, das festas e das danças dos negros que chegaram aqui e dos que ficaram no continente natal, num envolvente colorido musical, tão bem lapidado e acabado, como era de se esperar das produções dirigidas pelo velho Savall.

É uma produção de vulto, patrocinada pela UNESCO: um verdadeiro livro multilígue de 540 páginas em francês, inglês, castelhano, catalão, alemão e italiano (eu escaneei os dados gerais e a parte em castelhano para vocês, já que não há texto em português, por ser a língua mais próxima da nossa e a Espanha ser o segundo país que mais acessa o PQPBach – ainda assim, deu 105 páginas!). Possui um DVD com filmagem do concerto e 2 CDs com os mesmos áudios (disponibilizo aqui os CDs). O encarte ainda traz, além das letras das músicas, pequenos artigos sobre o trabalho forçado escritos por antropólogos e sociólogos, uma cronologia do trabalho escravo no mundo e um Índice Global da Escravidão em 2016 da UNESCO. Informações ricas, importantes e chocantes sobre a realidade da servidão.

O resultado é grande, abrangente e muito equilibrado, com pesquisadores, musicólogos e músicos de França, Mali, Madagascar, México, Colômbia, Brasil (uhú!), Argentina, Venezuela e Espanha. O som é riquíssimo, como é a cultura africana, redondo: há um discurso muito bem alinhavado e coerente de cada récita para cada música. Enfim, um material de grandissíssima qualidade, que leva inexoravelmente o selo de IM-PER-DÍ-VEL !!!

Ouça! Ouça ! Deleite-se!

Um teaser do álbum, pra vocês terem uma ideia:

Les Routes de l’Esclavage
As Rotas da Escravidão

Aristóteles (Estagira, Grécia, 384 a.C. – Cálcis, Grécia, 322 a.C.)
01. Recitado: 400 a.C. L’humanité est divisée en deux: Les maîtres et les esclaves.
Anônimo (Portugal)
02. Recitado: 1444. La 1ère cargaison africaine, avec 235 esclaves, arrive à l’Algarve
Tradicional (Mali)
03. Djonya (Introduction) Kassé Mady Diabaté voix
Mateo Flecha, el Viejo (Prades, Espanha, 1481 – Poblet, Espanha, 1553) / Tradicional (México), Son jarocho
04. La Negrina / Gugurumbé
Tradicional (Brasil – rec. por Lazir Sinval)
05. Vida ao Jongo (Jongo da Serrinha)
Fernando II de Aragão (Aragão, 1452 – Granada, 1516)
06. Recitado: 1505. Le roi Ferdinand le Catholique écrit une lettre à Nicolas de Ovando
Juan Gutierrez de Padilla (Málaga, Espanha, 1590 – Puebla, México, 1665)
07. Tambalagumbá (Negrilla à 6 v. et bc.)
Tradicional (Colômbia)
08. Velo que bonito (ou San Antonio)
Tradicional (Mali), canto griote
09. Manden Mandinkadenou
Padre Antônio Vieira (Lisboa, Portugal, 1608 – Salvador, BA – 1697)
10. Recitado: 1620. Les premiers esclaves africains arrivent dans les colonies anglaises. Sermões, 1661.
Tradicional (Brasil – rec. por Erivan Araújo)
11. Canto de Guerreiro (Caboclinho paraibano)
Tradicional (Mali)
12. Kouroukanfouga (instr.)
Richard Ligon (1585?-1662)
13. Recitado: 1657. Les musiques des esclaves. Histoire…de l’Île de la Barbade
Tradicional (México)
14. Son de la Tirana: Mariquita, María
Frei Felipe da Madre de Deus (Lisboa, Portugal, c.1630 – c.1690)
15. Antoniya, Flaciquia, Gasipà (Negro à 5)
Hans Sloane (Killyleagh, Irlanda, 1660 – Londres, 1753)
16. Recitado: 1661. Les Châtiments des esclaves. A voyage to the islands
Tradicional (Mali), canto griote
17. Sinanon Saran
Luís XIV (Saint-Germain-en-Laye, França, 1638 – Versalhes, França 1715)
18. Recitado: 1685. Le “Code Noir” promulgué par Louis XIV s’est imposé jusqu’à 1848
Roque Jacinto de Chavarría (Bolívia, 1688-1719)
19. Los Indios: ¡Fuera, fuera! ¡Háganles lugar!
Tradicional (ciranda – Brasil)
20. Saí da casa
Montesquieu (Brède, França, 1689 – PArias, França, 1755)
21. Recitado: 1748. De l’Esprit des lois. XV, 5: “De l’esclavage des nègres
Tradicional (Madagascar)
22. Véro (instrumental)
Tradicional (Colômbia)
23. El Torbellino
Juan de Araujo (Villafranca, Espanha, 1646 – Lima, Peru, 1712)
24. Gulumbé: Los coflades de la estleya
Escrava Belinda (Estado Unidos)
25. Recitado: 1782. Requête de l’esclave Belinda, devant le Congrès du Massachusetts
Tradicional (Mali), canto griote
26. Simbo
Tradicional (México), Son jarocho
27. La Iguana
Parlamento Francês
28. Recitado: 1848. Décret sur abolition de l’esclavage, dans toutes les colonies françaises
Anônimo (Codex Trujillo, Peru, século XVIII)
29. Tonada El Congo: A la mar me llevan
Tradicional (Brasil – rec. por Paolo Ró & Águia Mendes), maracatu e samba
30. Bom de Briga
Martin Luther King (Atlanta, Estados Unidos, 1929 – Memphis, Estados Unidos, 1968)
31. Recitado: 1963. “Pourquoi nous ne pouvons pas attendre
Tradicional (Mali), canto griote
32. Touramakan
Juan García de Céspedes/Zéspedes (Puebla, México, 1619 – 1678)
32. Guaracha: Ay que me abraso

França
Bakary Sangaré, voz (recitativos)
Mali
3MA
Kassé Mady Diabaté, voz
Ballaké Sissoko, kora
Mamami Keita, voz (coro)
Nana Kouyaté, voz (coro)
Tanti Kouiaté, voz (coro)
Madagascar
Rajery, valiha
Marrocos
Driss El Maloumi, alaúde
México / Colômbia
Tembembe Ensamble Continuo
Ada Coronel, vihuela, wasá e voz
Leopoldo Novoa, marimbol, marimba de chonta, triple colombiano e voz
Enrique Barona, vihuela, leona, jarana, quijada de caballo e voz
Ulisses Matínez, violon, vihuela, leona e voz
Brasil
Maria Juliana Linhares, voz
Zé Luís Nascimento, percussão
Argentina
Adriana Fernández, soprano
Venezuela
Iván García, voz
Espanha
   La Capella Reial de Catalunya
David Sagastume, contratenor
Víctor Sordo, tenor
Lluís Villamajó, tenor
Daniele Carnovich, baixo
   Hespèrion XXI
Pierre Hamon, flautas
Jean-Pierre Canihac, corneto
Béatrice Delpierre, chalémie
Daniel Lassalle, sacqueboute
Josep Borràs, dulciana
Jordi Savall, violas
Phillippe Pierlot, baixo de viola
Xavier Puertas, violon
Xavier Díaz-Latorre, teorba, guitarra romanesca e vihuela de mão
Andrew Lawrence-King, harpa barroco espanhola
Pedro Estevan, percussão
Jordi Savall, direção

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Dança de escravos – Johann Moritz Rugendas (1802-1858)

Bisnaga

Hume: Musicall Humors, London 1605 – Jordi Savall

capaTobias Hume
Escócia, ca.1569 – 1645

Jordi Savall
Viola da gamba Barak Norman, Londres, 1697

Como diz nosso amigo catalão David: É hora para um Savall em “estado puro”: Hume, Savall e a Barak Norman.

O compositor inglês e violista Tobias Hume (ca.1569-1645) provavelmente foi introduzido na composição musical um pouco tarde. Embora ele tenha sido um dos melhores violinistas do seu tempo, Hume continua a ser um personagem real em um romance, uma personalidade truculenta, forte, irregular e excêntrica. Esta característica de personalidade pode ser que o fez ocupar um lugar especial no mundo dos músicos da Renascença, mas mantido longe da Royal Courts.

1.-Castelo-topo

Mas o capitão Tobias Hume foi principalmente um oficial que dedicou sua vida à carreira militar; ele foi contratado pelo Rei da Suécia e pelo Imperador da Rússia, e vamos encontrá-lo na guerra da Polônia antes de retornar a Londres em 1629, procurando ser contratado pelo rei para combater a rebelião na Irlanda. Com cerca de 60 anos de idade encontrou refúgio no Chartreuse ( “Charterhouse”) de Londres, hospício e mosteiro para servir aos senhores, oficiais, membros do clero necessitados. Arruinado morre ali, amargo e quase louco, em 16 de abril de 1645. 2.-Collegiata

Hume foi o primeiro compositor a escrever música para solo de viola da gamba, num momento em que o alaúde era o instrumento que dominava a vida musical. Foi também o primeiro a usar técnicas muito inovadoras para a prática de seu instrumento, incluindo o “legno col” (as cordas são atingidas com a madeira do arco), e o pizzicato.

Suas duas principais obras foram publicadas em Londres em 1605 (Musicall Humors ou A primeira parte de Ayres, apenas para viola da gamba) e em 1607 (Musicke Poeticall).

Sua coleção Musicall Humors é um manuscrito de uma centena de peças cada uma mais extraordinária que a outra, com uma característica certamente autobiográfica, e algumas estão diretamente relacionadas à sua carreira no exército (A Souldiers Resolution, A Souldiers March, A Souldiers Gaillard…). Além disso, Hume utiliza todos os recursos do instrumento para produzir efeitos sonoros originais (batalhas, trompetes, tambores). Finalmente, a maioria de suas composições é inegavelmente ligada à arte da improvisação.

3.-on-grava

Tobias Hume é um amigo de longa data de Jordi Savall, que descobriu seu trabalho há mais de 40 anos. O gambista catalão já dedicou duas gravações a Hume no início dos anos 80 (incluindo um para Musicall Humors em 1982). Temos aqui um retorno ansiosamente aguardado para esta nova gravação de 2004, para a qual Jordi Savall decidiu regravar certas partes de seu primeiro disco, bem como incluir peças inéditas como Soldat de profession, Mercenaire par nécessité, Mourant pauvre e Presque fou.

Finalmente, Tobias Hume foi uma personalidade musical essencial para a viola da gamba, como compositor e como intérprete. Jordi Savall faz a ele as mais belas homenagens neste disco soberbo que, sem dúvida, vai marcar a discografia.

Tobias Hume. (Escócia, ca.1569 – 1645)
01. A humorous Pavin (núm.43 a ‘Musical Humors’)
02. Capitane Humes Galliard (núm.50 a ‘Musical Humors’)
03. My hope is decayed (núm.7 a ‘Musical Humors’)
04. Capitane Humes Pavin (núm.46 a ‘Musical Humors’)
05. Harke, harke (núm.10 a ‘Musical Humors’)
06. A Souliders Galliard (núm.48 a ‘Musical Humors’)
07. The Spirit of Gambo (núm.4 a ‘Musical Humors’)
08. A Pavin (núm.42 a ‘Musical Humors’)
09. Touch me lightly (núm.38 a ‘Musical Humors’)
10. Beccus an Hungarian Lord (núm.95 a ‘Musical Humors’)
11. The Second part (núm.96 a ‘Musical Humors’)
12. Loves farewell (núm.47 a ‘Musical Humors’)
13. The Duke of Holstones Almaine (núm.6 a ‘Musical Humors’)
14. Death (núm.12 a ‘Musical Humors’)
15. Life (núm.13 a ‘Musical Humors’)
16. A Question (núm.25 a ‘Musical Humors’)
17. An Answere (núm.26 a ‘Musical Humors’)
18. The new Cut (núm.27 a ‘Musical Humors’)
19. A Souliders Resolution (núm.11 a ‘Musical Humors’)
20. Good againe (núm.14 a ‘Musical Humors’)

Hume: Musicall Humors, London 1605 – Savall – 2004
Jordi Savall (viola da gamba Barak Norman, Londres 1697)

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MP3 | 320 kbps | 169,6 MB | 1 h 10 min

 Boa audição!

4.--Savall

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Avicenna

William Byrd (1540-1623): Gradualia, the Marian Masses – William Byrd Choir

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Gradualia, the Marian Masses – 1607 
William Byrd Choir

‘Just for fun I listened to all nine Alleluia settings one after the other and was astonished at the variety and interest of the music … Byrd at his most impressive and sublime here in the glorious ‘Nunc Dimittis’ and in the delicate intricacy of ‘Optimam partem’. The recording and performances are superb’ (BBC Music Magazine Top 1000 CDs Guide)

Mais informações, veja aqui

Gradualia, the Marian Masses
William Byrd (1540-1623)
01. Suscepimus Deus – 1: Suscepimus Deus
02. Suscepimus Deus – 2: Iustitia
03. Suscepimus Deus – 3: Magnus Dominus
04. Sicut audivimus – 1: Sicut audivimus
05. Sicut audivimus – 2: Alleluia
06. Senex puerum portabat
07. Nunc dimittis
08. Responsum accepit Simeon
09. Salve sancta parens – 1: Salve sancta parens
10. Salve sancta parens – 2: Alleluia
11. Salve sancta parens – 3: Eructavit cor meum
12. Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix – 1: Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix
13. Benedicta et venerabilis – Virgo Dei genetrix – 2: Alleluia
14. Felix es, sacra Virgo
15. Beata es, Virgo Maria – 1: Beata es, Virgo Maria
16. Beata es, Virgo Maria – 2: Alleluia
17. Beata viscera – 1: Beata viscera
18. Beata viscera – 2: Alleluia
19. Rorate caeli – 1: Rorate caeli
20. Rorate caeli – 2: Benedixisti Domine
21. Tollite portas
22. Ave Maria – 1: Ave Maria
23. Ave Maria – 2: Alleluia
24. Ecce virgo concipiet – 1: Ecce virgo concipiet
25. Ecce virgo concipiet – 2: Alleluia
26. Vultum tuum – 1: Vultum tuum
27. Vultum tuum – 2: Alleluia
28. Speciosus forma – Eructavit – Lingua mea – 1: Speciosos forma – Erucavit – Lingua mea
29. Speciosus forma – Eructavit – Lingua mea – 2: Alleluia
30. Post partum
31. Felix namque es
32. Alleluia – Ave Maria – 1: Alleluia – Ave Maria
33. Alleluia – Ave Maria – 2: Virga Jesse
34. Gaude Maria
35. Diffusa est gratia – 1: Diffusa est gratia
36. Diffusa est gratia – 2: Propter veritatem
37. Diffusa est gratia – 3: Alleluia
38. Diffusa est gratia – 4: Vultum tuum
39. Gaudeamus omnes – 1: Gaudeamus omnes
40. Gaudeamus omnes – 2: Assumpta est Maria
41. Assumpta est Maria
42. Optimam partem elegit

Gradualia, the Marian Masses – (gravado em 1990 e comercializado em 2002)
William Byrd Choir. Gavin Turner (conductor)

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XLD |FLAC | 328,3 MB | HQ Scans

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Boa audição.

 

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Avicenna

A la venue de Noël: Messe sur des Noëls: André Raison, Guillaume Minoret, Marc-Antonie Charpentier, Michel Corrette, Michel Richard de Lalande, Nicolas Lebègue.

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Um Feliz Natal aos que nos tem acompanhado nesta aventura musical !!

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A la venue de Noël
Messe sur des Noëls
Ensemble Aria Voce

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Missa de Natal inédita. O Ensemble Aria Voce, dirigido por Philippe Le Corf, foi constituído para interpretar repertórios barrocos pouco conhecidos. É neste espírito que a obra de William Minoret foi gravada. Sua missa, original até então, “Missa pro tempore Nativitatis” é construída sobre temas populares de Natal. Uma obra sagrada magistral para se descobrir.
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A La Venue de Noël: Messe sur des Noëls
André Raison (France, c.1640 – 1719)
01. Une jeune pucelle
02. Joseph est bien marié
03. Or, nous dites Marie
Guillaume Minoret (France,1650 – 1717 /1720)
04. Missa pro tempore Nativitatis 1. Kyrie
05. Missa pro tempore Nativitatis 2. Gloria
06. Missa pro tempore Nativitatis 3. Credo
07. Missa pro tempore Nativitatis 4. Sanctus
08. Missa pro tempore Nativitatis 5. Agnus Dei
09. Missa pro tempore Nativitatis 6. Domine, salvum fac Regem
Marc-Antonie Charpentier (France, 1643-1704)
10. Joseph est bien marié-Symphonie
11. À la venue de Noël-Symphonie
12. Ô pretiosum
13. Or, nous dites Marie-Symphonie
14. Petite Cantate de Noël
Michel Corrette (France, 1707 – 1795)
15. Où s’en vont ces gays bergers
Michel Richard de Lalande (France, 1657-1726)
16. Symphonie sur des Noëls
Nicolas Lebègue (France, 1631-1702)
17. Une Vierge Pucelle

A la venue de Noël: Messe sur des Noëls – 2005
Ensemble Aria Voce
Maestro Philippe Le Corf

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Boa audição.

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Avicenna

Constantinopla: Música da Idade Média e do Renascimento

Constantinopla: Música da Idade Média e do Renascimento

Kiya Tabassian é um músico iraniano que emigrou para Montreal em 1990. Em 1998, ele fundou o Constantinopla (ou Constantinople), um conjunto com base em Montreal, que ganhou reputação internacional por sua justaposição única de fontes musicais antigas e as tradições vivas do Oriente Médio. O grupo gravou 15 CDs até hoje. Eu acho que este é o primeiro CD deles, mas pode ser que não seja. Só sei que é muito bom, de extrema sensibilidade e delicadeza. Eu curti muito. Espero que vocês também gostem. A música antiga tem sido rara por aqui, não?  Aliás, tem sido cada vez mais esquecida pelas gravadoras e, talvez, pelos músicos.

Constantinopla: Música da Idade Média e do Renascimento

1 Branle de la Haye 4:16
2 Branle d’Ecosse 2:54
3 Branle du village 5:56
4 Pazzo e Mezzo 2:04
5 Harbi 2:19
6 Yekchoubeh 1:22
7 Saltarello: Saltarello 2:55
8 Estampie anglaise 4:34
9 Sospitati dedit egros 2:48
10 Mignone allons: Mignonne allons 3:35
11 Saltrello: Saltarello 2:37
12 La tricotea 2:39
13 So ell Enzina 2:49
14 Tres morillas 2:22
15 Danza alta, sobre “la Spagna”: Danza Alta 3:44
16 Un amiga tengo: Un’amiga tengo, hermano 1:31
17 Tir’alla, que non quiero 2:36
18 Callabaza no se 2:39
19 Al alva venid 2:33
20 Rodrigo Martinez 2:04
21 Fata la parte 2:58
22 Pedro, y bien te quiero 1:24
23 Todos los bienes del mundo 5:10

Kiya Tabassian

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Kiya Tabassian, do Constantinople
Kiya Tabassian, do Constantinople

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Cancionero de Upsala: obra completa – Camerata Antiqua de Curitiba: Roberto de Regina

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REPOSTAGEM

Primeira gravação mundial em CD da obra completa, em 1997

Ay, luna que reluces!
Toda la noche m’alumbres*, 
m’alumbres.
Ay, luna tán bella, 
alúmbresme a la sierra…
Por do[nde] vaya y venga, 
toda la noche m’alumbres,
m’alumbres.
* Alumies, ilumines, deslumbres, inspires. Villancico XXVII do Cancionero de Upsala.

Foi nos anos 70 que fui atingido pela primeira vez pelas eruditopopulares canções da renascença espanhola – tendo por resultado imediato um encantamento intenso que não cessou até hoje. Porém, estranhamente, não me caíram como novidade, e sim como reencontro com algo de originário que eu sentia como já profundamente entranhado em mim.

Reencarnação? Ou, quem sabe, seivas antiquíssimas absorvidas nos próprios sons registrados já desde o útero, na fala e no canto deste país praticante de uma língua ibérica?

Na verdade não me interessa explicar: me interessa é gozar desse encantamento! Mas paralelamente quero sim registrar um tributo a quem primeiro me deu a ouvir as peças do Cancionero del Palacio e deste Cancionero de Upsala: Roberto de Regina. Primeiro com as gravações e apresentações do seu Conjunto Roberto de Regina, baseado no Rio de Janeiro, e depois com os ensaios e apresentações da Camerata Antiqua de Curitiba, que tive a oportunidade de acompanhar como estudante de música nessa cidade, nos ditos anos 70.

De passagem pela cidade bem mais tarde, em 1996, me surpreendi com uma Camerata incrivelmente mais amadurecida, apresentando a íntegra das 54 canções, que no ano seguinte seriam registradas no CD que os senhores têm agora em suas mãos, olhos e ouvidos.

Lembro, no entanto, que quando elogiei a ousadia de enfrentarem o ciclo completo, uma professora envolvida no projeto meio que se desculpou pelas “ousadias interpretativas” do regente, supostamente excessivas: coisas do Roberto…

Curiosamente, nesse mesmo ano Thomas Wimmer dirigia em Viena uma gravação do Cancionero Musical del Palacio (publicada aqui no blog pelo colega Marcelo Stravinkski) cuja ousadia interpretativa me parece ultrapassar em muito a da presente gravação, interligando as diversas peças com uma ambientação sonora (para usar a palavra com que Villa-Lobos gostava de designar muitos de seus arranjos para canções folclóricas) que parece de fato nos transportar para uma noite de música iluminada a fogo, quinhentos anos atrás…

Em comparação, esta gravação da Camerata chega a soar um tanto acadêmica, devo admitir – especialmente nas 12 peças iniciais, escritas em apenas duas vozes (no sentido composicional da expressão: duas linhas melódicas que podem ser executadas, cada uma, quer por uma voz cantante, quer por um instrumento), resultando numa textura musical sóbria, pouco exuberante para nossos ouvidos acostumados ao excesso.

Sugiro aos amigos que não se deixem desencorajar se, à primeira audição, essas peças iniciais parecerem monótonas; que aproveitem a oportunidade de sair um pouco do ritmo stressy em que vivemos para um estado algo mais contemplativo… ou que comecem, talvez, por peças mais conhecidas como a 1-14, 1-17, 1-18, 1-27, 2-2, 2-4, ou toda a sequência dos 12 villancicos de Natal (2-6 a 2-17) que, bem posso esperar, lhes darão vontade de despejar no vaso os Jingle Bells e Noite Feliz da vida, seguidos de uma longa descarga…

Enfim: convivam com o Cancionero de Upsala – e depois me digam se não se verão viciados na música tão distante e ao mesmo tempo tão nossa que ele nos traz!

Querem mais informações sobre a música, a poesia, a época, a coleção? Não deixem de consultar o encarte que nosso Avicenna teve a dedicada paciência de escanear, que contém quatro substanciosos textos sobre a obra, mais os textos de todos os 54 villancicos (canções em arranjo polifônico) em sua linguagem e grafia original – acompanhados de tradução ao português atual: um primor.

Da minha parte, sugiro apenas que reparem na intenção sistemática, talvez até didática, dessa coleção: 12 villancicos a 2 vozes + 12 a 3 vozes, + 12 a 4 vozes + 12 de Natal a 4 ou 3 vozes + 6 a 5 vozes, num crescendo de complexidade textural. Observo ainda que depois das canções a coleção inclui 16 peças para órgão, inteirando 70 peças. Por um lado, lamento que estas últimas não tenham sido incluídas, mas entendo que se trata de um material artisticamente muito diverso, com o qual a gravação poderia ganhar um tom excessivamente documental ou acadêmico, em detrimento da unidade artística.

Finalmente: por quê pitombas essa coleção de música espanhola leva o nome de Upsala/Uppsala, uma cidade sueca? Já não bastava que tivesse sido impressa em 1556 na Itália (em Veneza), depois de organizada na cidade de Valencia, na corte de Fernando de Aragón, Duque de Calábria? Pois quis o destino que dessa edição restasse um único exemplar conhecido, o qual dormiu por séculos na biblioteca da universitária cidade de Upsala, até que o diplomata e musicólogo espanhol Rafael Mitjana y Gordón topasse com ele em 1907. Bendita Upsala, que nos preservou essa música, y bendito Gordón que se la nos dió.

Disco 1

……[12 villancicos a 2 vozes]……
1-01. I – Como Puedo Yo Bivir
1-02. II – Y Dezid, Serranicas
1-03. III – Dime, Robadora
1-04. IV – No Soy Yo Quien Veis Bivir
1-05. V – No Me Los Amuestres Mas
1-06. VI – Yéndome Y Viniendo
1-07. VII – No Tienen Vado Mis Males
1-08. VIII – Andarán Siempre Mis Ojos
1-09. IX – Mal Se Cura, Muyto Mal
1-10. X – Para Verme Com Ventura
1-11. XI – Un Dolor Tengo En Ell’alma
1-12. XII – Que Todos Se Passan En Flores
……[12 villancicos a 3 vozes]……
1-13. XIII – Si N’os Huviera Mirado
1-14. XIV – Si La Noche Haze Escura
1-15. XV – Deposastes Os, Senõra
1-16. XVI – Desdeñado Soy De Amor
1-17. XVII – No Soy Yo Quien Veis Bivir
1-18. XVIII – Vésame Y Abráçame, Marido Mio
1-19. XIX – Alta Estava La Peña
1-20. XX – Dime, Robadora
1-21. XXI – Alça La Niña Los Ojos
1-22. XXII – Ay De Mi, Qu’en Tierra Agena
1-23. XXIII – Soleta Yo So Açi
1-24. XXIV – Vella De Vos Son Amoros
……[12 villancicos a 4 vozes]……
1-25. XXV – Ojos Garços A La Niña
1-26. XXVI – Estas Noches À Tan Largas
1-27. XXVII – Ay Luna Que Reluzes
1-28. XXVIII – Vi Los Barcos, Madre
1-29. XXIX – Con Que La Lavaré La Flor
1-30. XXX – Soy Serranica
1-31. XXXI – Si Ti Vas A Bañar, Juanilla

Disco 2
2-01. XXXII – Serrana, dónde dormistes?
2-02. XXXIII – Falalalanlera
2-03. XXXIV – Ah, Pelayo, que desmayo!
2-04. XXXV – Que farem del pobre Joan!
2-05. XXXVI – Teresica hermana de la fararira!
……[10 villancicos de Natal a 4 vozes]……
2-06. XXXVII – No la devemos dormir
2-07. XXXVIII – Rey à quien reyes adoran
2-08. XXXIX – Verbum caro factum est
2-09. XL – Alta Reyna soberana
2-10. XLI – Gózate, Virgen sagrada
2-11. XLII – Un niño nos es nascido
2-12. XLIII – Dadme albricias, hijos d’Eva
2-13. XLIV – Yo me soy la morenica
2-14. XLV – E la don don, Verges Maria
2-15. XLVI – Riu, riu, chiu
……[2 villancicos de Natal a 3 vozes]……
2-16. XLVII – Señores, el qu’es nascido
2-17. XLVIII – Vos, Virgen, soys nuestra madre
……[6 villancicos a 5 vozes]……
2-18. XLIX – Dezilde al caballero
2-19. L – Dizen à mi que los amores hè
2-20. LI – Si amores me han de matar
2-21. LII – Si de vos mi bien me aparto
2-22. LIII – Hartaos ojos de llorar
2-23. LIV – Falai meus olhos [texto em galego-português]

Cancionero de Upsala – 1997
Camerata Antiqua de Curitiba
Regente: Roberto de Regina

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Boa audição.

Monge Ranulfus – texto
Avicenna – Layout & mouse operator

 

 

Palestrina (1525-1594): Missa Papae Marcelli & Missa Brevis: HABEMUS PAPAM!! HABEMUS PAPAM!!!

vjgjtHABEMUS PAPAM!! HABEMUS PAPAM!!!
Originalmente postado em 13.03.13, dia da eleição do Papa Francisco.

REPOSTAGEM

Missa Papae Marcelli ou Missa do Papa Marcelo é uma missa composta por Giovanni Pierluigi da Palestrina em homenagem ao Papa Marcelo II. É a missa mais conhecida e mais executada de Palestrina. Frequentemente, é ensinada em cursos de música. Foi tradicionalmente cantada em todas as missas de coroações papais até a coroação de Paulo VI, em 1963.

A Missa Papae Marcelli consiste, como grande parte das missas renascentistas, de Kyrie eleison, Gloria in Excelsis Deo, Credo, Sanctus/Benedictus e Agnus Dei, embora o Agnus Dei seja em duas partes, em vez das três usuais. A composição da missa é livre, sem se basear em um cantus firmus nem parodiar outra peça. Talvez por causa disso, essa missa não tem a consistência temática típica das peças de Palestrina baseadas em modelos. É, a princípio, uma missa a seis vozes (há oito no Agnus Dei, devido a divises). Entretanto, o uso do conjunto completo fica reservado a porções específicas, sujeitas ao clima requerido pelo texto. Além disso, as combinações de vozes variam ao longo da peça. A textura é basicamente homorrítmica, em estilo declamatório, com pouca sobreposição de textos e uma clara preferência por acordes em bloco, de modo que o texto possa ser ouvido nitidamente, ao contrário do que acontece em diversas missas polifônicas do século XVI. Como em grande parte do trabalho contrapontístico de Palestrina, as vozes se movem predominantemente em grau conjunto e a condução de vozes segue estritamente as regras modais codificadas por Gioseffo Zarlino.

A missa foi composta em homenagem ao Papa Marcelo II, que reinou por apenas três semanas em 1555. Pesquisas recentes sugerem que a data provável da composição é 1562, quando foi copiada para um manuscrito que se encontra na Basílica de Santa Maria Maior em Roma.

Giovanni Pierluigi da Palestrina (Italy,1525-1594)
Missa Papae Marcelli – Missa Brevis
01. Missa Papae Marcelli – 01. Kyrie
02. Missa Papae Marcelli – 02. Gloria
03. Missa Papae Marcelli – 03. Credo
04. Missa Papae Marcelli – 04. Sanctus
05. Missa Papae Marcelli – 05. Benedictus
06. Missa Papae Marcelli – 06. Agnus Dei 1
07. Missa Papae Marcelli – 07. Agnus Dei 2
08. Missa brevis – 01. Kyrie
09. Missa brevis – 02. Gloria
10. Missa brevis – 03. Credo
11. Missa brevis – 04. Sanctus
12. Missa brevis – 05. Benedictus
13. Missa brevis – 06. Agnus Dei 1
14. Missa brevis – 07. Agnus Dei 2

Missa Papae Marcelli – Missa Brevis – 1987
Westminster Cathedral Choir
Regente: David Hill

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Boa audição.

33zed0m

 

 

 

 

 

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Avicenna

Qvadro Cervantes – 20 anos (Acervo PQPBach)

588syO QVADRO CERVANTES é considerado pela crítica especializada como o melhor conjunto brasileiro de música antiga medieval, renascentista e barroca. A excelência do conjunto tem inspirado compositores contemporâneos, que a ele dedicaram inúmeras peças.

REPOSTAGEM

Responsável pela formação de uma geração de músicos, os integrantes do Qvadro Cervantes têm sido convidados a lecionar e apresentar-se por todo o Brasil. Merece destaque a sua atuação frequente em concertos didáticos, que contribuem para a formação de novas platéias.

Ao longo de sua existência, o Qvadro Cervantes mudou seus músicos, mas não seus ideais. Atualmente integram-no: Clarice Szajnbrum (voz e percussão), Veruschka Bluhm Mainhard (flautas, voz e percussão), Niclodas de Souza Barros (alaúde, harpa, saltério, fídula„ voz e percussão) e Helder Parente (voz, sopros, viola da gamba e percussão).

A essa qualidade e a esses ideais a Brascan se associa na gravação deste disco comemorativo dos vinte anos do Qvadro Cervantes.

As CANTIGAS DE SANTA MARIA, além de serem dos primeiros documentos musicais da península ibérica, têm também grande importância pela quantidade de iluminuras apresentando os instrumentos conhecidos no século XIII. O rei Alfonso X ‘O Sábio’ (1221-1284), soberano de Castela e Léon, grande devoto da Virgem Maria, mandou compilar mais de 400 canções de louvor que descrevem milagres ocorridos por intermédio da mãe de Jesus. Nos 4 manuscritos que são conhecidos atualmente, mais de 350 destas canções estão em galego, dialeto que deu origem ao português. Algumas estão grafadas em notação mensurada, o que permite uma transcrição clara e definida sob o aspecto rítmico.

O LLIBRE VERMEIL (Livro Vermelho) contém peças musicais de caráter popular praticadas pelos fiéis em peregrinação à abadia de Montserrat e foi copiado em fins do século XIV ou princípio do século XV. No último terço do século XIX foi encadernado em veludo vermelho, originando sua denominação. Além de canções e danças de culto monofônicas, contém os primeiros exemplos de polifonia ibérica, dos quais Mariam Matrem é, sem dúvida, o mais sofisticado.

As NOTAS são música de dança, menos complexas e menos extensas que os ductios e os estampidos. Os dois exemplos provêm de manuscrito, hoje na British Library. O primeiro é composto de três frases melódicas repetidas na voz inferior segunda, enquanto a superior executa um contraponto continuamente diferenciado. O segundo exemplo tem duas frases, a princípio apresentadas na voz inferior e depois, na superior transposta uma quinta acima.

A Danza Alta, em oposição à dança baixa, exige grande disposição dos dançarinos em virtude dos saltos que a caracterizam. A peça de F. de la Torre (Cancioneiro do Palácio) apresenta uma melodia ricamente ornamentada com o suporte de duas vozes acompanhantes.

Triste Estaba el Rey David – A. Mudarra. Nesta pungente peça, o famoso vihuelista narra a tristeza do rei David ao saber da morte de seu querido filho Absalão, conforme narrada em II Samuel, 18:33.

Triste estaba el rey David
cuando le vinieron nuevas
de la muerte de Absalon.
Palavras tristes decia
saldas dei corazón.

Fantasia que Contrahaze la Harpa de Ludovico — O harpista Ludovico era cego, e gozava de prestígio entre os vihuelistas espanhóis de então, justamente porque conseguia ‘semitonar’ as cordas do seu instrumento através de uma técnica especial.

Entre as coleções espanholas de música polifônica profana dos séculos XV e XVI destacam-se, pela qualidade do material nelas contido, o CANCIONEIRO DO PALÁCIO e o de MEDINACELI. O repertório destas coleções é basicamente vocal e com textos em espanhol, em sua maioria.

De uma coleção do século XVII, ROMANCES Y LETRAS A 3 VOCES, provém uma versão musicada em espanhol do famoso soneto de Camões Sete anos de pastor.

Em 1492 Suas Majestades Católicas, Fernando e Isabel, houveram por bem expulsar da Península Ibérica uma enorme população de judeus por razões pretensamente religiosas. Estes judeus, que se encontravam desde a invasão árabe em perfeita convivência com ambas as culturas, a católica e a islâmica, são chamados de sefaraditas (em hebraico Sefared significa Espanha) e falam uma língua judaico-espanhola própria, o ladino (do espanhol latin). Nas novas terras onde aportam, mantêm alguns traços culturais que se transmitem até nossos dias pela tradição oral, tais como língua e canções. Extremamente difícil de serem datados, alguns destes cantos de amor, religiosos, de zombaria, são considerados por especialistas como anteriores à data da expulsão. Merece registro a semelhança da melodia de Adios querida com a ária do quarto ato da Traviata de Verdi, “Addio dei passato”.

Publicadas originalmente pelo “Jornal de Modinhas”, que funcionou de 1792 a 1795 em Lisboa, os duos Amor concedeu-m’um prêmio de Antonio Silva Leite, Se dos males e Você trata amor em brinco de Marcos Portugal mostram, junto com No momento da partida do Pe. José Maurício, a influência do gosto musical italiano, maltratando a língua portuguesa pelos frequentes problemas de prosódia que apresentam.
O Velludo e Chegou! Chegou? são peças publicadas para piano no início de nosso século que, por sua estrutura de melodia acompanhada, nos sugeriram a versão que apresentamos para flauta e violão. A primeira possui uma dedicatória “ao distinto flautista paulista João de Oliveira Duarte”, e a segunda é uma polka sobre o motivo da cançoneta Chegou! Chegou? cantada no Theatro Apollo por Mr. Visconti.

INSTRUMENTOS E ESTILOS
No começo era a diversidade, a multiplicidade, a riqueza: o mesmo som poderia ser reproduzido por instrumentos com formas completamente diferentes, mantendo-se os mesmos princípios de produção sonora – cordas friccionadas ou tangidas, sopros de embocadura livre ou não, palheta simples ou dupla etc.

O começo da padronização instrumental acompanha o advento da imprensa (início do século XVI) quando surgem os primeiros tratados gerais de música e métodos para instrumentos. Assim, começamos a poder reconhecer instrumentos que, apesar de tamanhos diferentes, são classificados como pertencentes a uma mesma família, com o mesmo timbre em registros diferentes (ex: viola da gamba baixo, tenor e soprano em ordem decrescente ).

Paralelamente a esta padronização ocorrem mudanças na escrita e na linguagem musical. A um modelo anterior que seria a melodia sozinha executada, por exemplo, com voz humana e flauta doce acompanhados por pedal (fídula) e percussão acrescentam-se linhas acompanhantes que se movem em blocos verticais, servindo de colunas de sustentação para a melodia (harmonia), podendo ter movimentos independentes (contraponto). (extraído do encarte, 1994)

Anônimo (copiladas a mando do rei Alfonso X ‘O Sábio’ (1221-1284)
01. Cantigas de Santa Maria 1. Des oje mais
02. Cantigas de Santa Maria 2. Como poden
03. Cantigas de Santa Maria 3. Maravillosos
04. Cantigas de Santa Maria 4. Gran dereit’
05. Cantigas de Santa Maria 5. A Madre de Deus
Anônimo séc. XIII
06. Música de Danza 1.Nota I
07. Música de Danza 2.Nota II
08. Llibre Vermeil – Mariam Matrem
Francisco de la Torre (Spain, floruit 1483–1504)
09. Cancioneiro do Palácio – Danza alta (séc. XV)
Cancioneiro de Medinaceli, séc. XVI
10. Cancioneiro de Medinaceli – Claros e frescos rios
Juan del Encina (Espanha, ca.1468-1529)
11. Oy comamos
Alonso de Mudarra (Spain, c.1510-1580)
12. Triste estaba el Rey David
13. Fantasia
Anônimo séc. XVII
14. Romances y Letras a 3 voces – Siete años de pastor
Anônimo séc. XV – XVII
15. Canções Sefaraditas – 1. Una matica de ruda
16. Canções Sefaraditas – 2. Los bilbilicos
17. Canções Sefaraditas – 3. Tres hermanicas
18. Canções Sefaraditas – 4. Noches, noches
19. Canções Sefaraditas – 5. En la mar
20. Canções Sefaraditas – 6. Hija mia, y casar te quiero yo
21. Canções Sefaraditas – 7. Adios querida
22. Canções Sefaraditas – 8. A la una
Antônio da Silva Leite (Porto, 1759 – 1833)
23. Amor condeceu-m’um prêmio
Marcos Antonio Portugal da Fonseca (Portugal, 1762-Rio, 1830)
24. Si dos males
25. Voce trata amor em brinco
Pe. José Maurício Nunes Garcia (1767-1830, Rio de Janeiro, RJ)
26. No momento da partida
C.A.G. Villela (séc. XX)
27. O velludo
Mazarino Lima (séc. XX)
28. Chegou! Chegou?

Qvadro Cervantes – 1994

Um CD do acervo do musicólogo Prof. Paulo Castagna. Não tem preço !!!
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Boa audição.

beijo

 

 

 

 

 

 

 

 

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Avicenna

Conjunto Musikantiga de São Paulo (vol 1) – 1967

1pcr5iConjunto Musikantiga de São Paulo, fundado por Ricardo Kanji em 1966.

REPOSTAGEM

Ricardo Kanji nasceu em São Paulo em 1948. Iniciou os seus estudos musicais com Tatiana Braunwieser, prosseguindo-os com Lavínia Viotti que lhe proporcionou o primeiro contacto com a flauta doce. Aos quinze anos de idade começou a estudar flauta transversal com João Dias Carrasqueira e, dois anos mais tarde, ingressou nas orquestras Filarmônica e Sinfônica Municipal de São Paulo. Em 1966, depois de um período de estudos nos Estados Unidos da América, fundou o conjunto Musikantiga, com o qual manteve uma significativa e inovadora atividade musical no país.

Em 1969, Ricardo Kanji regressou aos EUA para estudar flauta transversal no Peabody Institute of Music, em Baltimore. Tendo decidido dedicar-se ao estudo da Música Antiga, no fim do mesmo ano viajou para a Holanda, onde estudou no Conservatório Real de Haia com Frans Brüggen e Frans Vester, entre 1970 e 1972, obtendo então seu «Solist Diploma». Em 1970 foi premiado no I Concurso Internacional de Flauta Doce, em Bruges, na Bélgica.

Em 1973 foi nomeado professor sucessor de Frans Brüggen no Conservatório Real de Haia, cargo que ocupou até 1995, dedicando-se à formação de músicos provenientes de todo o mundo. Como diretor da Orquestra Barroca do Conservatório, por ele criada, realizou vários projetos com inúmeras séries de concertos, com repertórios barroco e clássico.

Assim começa o currículo de Ricardo Kanji preparado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

O Conjunto Musikantiga de São Paulo foi fundado em 1966 por Ricardo Kanji e seu irmão Milton Kanji (flautas doces), Paulo Herculano (cravo) e Dalton de Luca (viola de gamba). Esse primeiro volume, de 1967, foi um verdadeiro sucesso, muito apreciado pela juventude da época.

Acho que comprei esse LP com o primeiro salário que ganhei como universitário recém formado, em março de 1968 mas, ao almoçar hoje na casa do meu irmão caçula, êle me disse que esse LP era dele e que eu o ‘afanei’! Então não sei mais nada e, isso sim, dedico esta postagem ao meu irmão caçula Luis Carlos!

Palhinha: ouça 03. Sonata a tres, nº 5 (1736)

Conjunto Musikantiga de São Paulo
Anônimo do séc. XVIII
01. Greensleeves to a ground
Anônimo do séc. XIV
02. Il lamento di Tristano
Pierre Prowo (1697-1757)
03. Sonata a tres, nº 5 (1736)
Orlando Gibbons (England, 1583-1625)
04. Galharda
John Dowland (England, 1563-1626)
05. Lacrimae antiquae
Diego Ortiz (Spain, ca.1510–ca.1570)
06. Recercada Quinta
Jean-Baptiste Loeillet of London (Flemish, 1680-1730)
07. Sonata para flauta e baixo contínuo
Anônimo do séc. XIII
08. Il trotto
J. Adson (séc. XVI)
09. Aria
William Byrd (England, 1540 or late 1539 – 1623)
10. Pavana e galharda
A. Valderravano (séc. XVI)
11. Fantasia
Anônimo do séc. XIII
12. Moteto: alle psalite cum luya

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Boa audição.

rhkas4

 

 

 

 

 

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Avicenna

Conjunto Musikantiga de São Paulo (vol 2) – 1968

capa-solo-web-300x297Conjunto Musikantiga de São Paulo
Musikantiga (vol. 2)
1968

REPOSTAGEM

O volume 2 foi inicialmente lançado em Long Play, em 1968, pela gravadora Rozenblit, como produção de Roberto Corte Real e posteriormente relançado com capa verde, pela gravadora “Discos Marcos Pereira”. Também saiu em CD, porém com tiragem muito limitada.

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Os componentes desse conjunto eram:
Ricardo Kanji (flautas doces, krummhorn, rauschpleife, corneto),
Milton Kanji (flautas doces, krummhorn),
Sandino Hohagen (flautas doces, kortholt),
Roberto Bumagny (flautas doces, krummhorn),
Abel Santos Varagas (flautas doces, krummhorn),
Dalton de Luca (violas de gamba soprano e baixo),
Fernando Tancredi (fagote),
Beatriz Ferreira Leite (cravo),
Claudio Stephan (percussão)

Artistas convidados para este volume 2: Salvador Masano (oboé), Alejandro Ramirez (violino), Jorge Salim (violino) e Ernesto de Luca (percussão). (http://laplayamusic.blogspot.com.br/2012/01/musikantiga-volume-2-1968.html)

O flautista e regente Ricardo Kanji especializou-se na interpretação da música barroca e clássica ao longo dos 25 anos de sua estada na Holanda, onde foi professor no renomado Conservatório Real de Haia, de 1973 a 1995.

Foi diretor artístico da orquestra Concerto Amsterdam de 1991 a 1996, e é membro da Orquestra do Século XVIII, dirigida por Frans Brüggen, desde sua fundação em 1980.

Desde seu retorno ao Brasil, em 1995, tem atuado no meio musical brasileiro como concertista, regente, professor e luthier. Como regente, apresentou-se com orquestras e coros de renome por todo o país.

Criou, em 1997, o Coro e Orquestra Vox Brasiliensis, conjunto com o qual se dedicou, como diretor artístico, ao projeto História da Música Brasileira, que resgatou, com uma série de programas de televisão e CDs, a rica e desconhecida produção musical brasileira. Por este trabalho foi premiado como o melhor regente de 1999 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

Tem difundido a música colonial brasileira no Brasil e na Europa, como regente convidado na Holanda, Bélgica, Portugal, França e Polônia. Em novembro de 2006 dirigiu a ópera Don Pasquale, de Donizetti, na Holanda, Bélgica e Polônia, numa produção do Teatro de Ópera de Cracóvia. O CD “Neukomm no Brasil” [postado AQUI] , realizado por Ricardo Kanji e Rosana Lanzelotte, recebeu o Prêmio Bravo de 2009 pela melhor gravação do ano, e recebeu a nomeação para o Grammy Latino, no mesmo ano. (http://emesp.org.br/Ricardo-Kanji#.VohqkPGTsh4)

Conjunto Musikantiga de São Paulo
John Adson (Inglaterra, c.1587 – 1640)
01. 3 Courtly masquing ayres (3 Árias dos reais bailes de máscaras)
Andrea Gabrieli (Itália, 1533 – 1585)
02. Ricercar del XII tono
Diego Ortiz (Espanha, 1510 – 1570)
03. Recercada setima
William Brade (Inglaterra, 1560 – Alemanha,1630)
04. Canzon no. 5
Pierre Phalèse, the Elder (Bélgica, 1510 – 1573)
05. Gaillarde “traditore”
06. Bransle de Champaigne 4
07. Bransle de Champaigne 5
08. Bransle de Champaigne 6
09. La parma
10. Putta nera ballo furlano
Michaël Praetorius (Alemanha, 1571 – 1621)
11-Reigentänze (Dança da chuva)
Antonio Lucio Vivaldi, (Itália, 1678 – Áustria, 1741)
12. Concerto em Lá Menor para flauta doce, 2 violinos e baixo contínuo
Georg Philipp Telemann (Alemanha, 1681-1767)
13. Trio Sonata para flauta doce, oboé e baixo contínuo, TWV 42:a6

Musikantiga (vol. 2) – 1968
Conjunto Musikantiga de São Paulo

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LP do selo Rozenblit, de 1968, digitalizado por Avicenna

Boa audição.

Contra-capa do LP.
Contra-capa do LP.

Avicenna

Utopia Triumphans: The Great Polyphony of the Renaissance – Paul van Nevel, Huelgas Ensemble SONY 1995

O bom filho à casa torna. Para comemorar o Retorno do Chucruten, um CD primoroso que exalta a complexidade da harmonia e do contraponto na idade de ouro da polifonia, a Renascença.

Não é exagero dizer que, uma vez que a música se libertou dos grilhões monofônicos do cantochão, literalmente se esbaldou de sobrepor vozes. Nunca haviam comido mel, então, claro, se lambuzaram todos. E o resultado é, além de curioso, também incrivelmente convincente: motetos de 13, 16, 24 e até 40 vozes, cada uma com linhas melódicas distintas, criam um cluster harmônico que causam a impressão singular de estar diante de uma música ao mesmo tempo imemorial e moderna, extremamente antiga e nova: sensação de eternidade.

O moteto Qui Habitat de Josquin desPrez é uma das pérolas deste disco, 24 vozes que se sobrepõe, uma a uma, causando um curioso padrão de interferência sonoro de resultantes harmônicas e rítmicas. E, o carro-chefe do disco, o Spem in Allium de Thomas Tallis: 40 vozes. Um professor de música colega meu, que não conhecia a obra, ouviu-a numa instalação artística em Inhotim-MG, e achou ser uma peça contemporânea!

Utopia Triumphans

Thomas Tallis: Spem in alium
Constanzo Porta: Sanctus – Agnus Dei
Josquin Desprez: Qui habitat
Jean de Ockeghem: Deo gratias
Pierre de Manchicourt: Laudate Dominum
Giovanni Gabrieli: Exaudi me Domine
Alessandro Striggio: Ecce beatam lucem

Huelgas Ensemble – Paul van Nevel

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CHUCRUTEN

Hespèrion XXI: Orient – Occident (1200-1700) — Jordi Savall

Hespèrion XXI: Orient – Occident (1200-1700) — Jordi Savall

coverDentre músicas culturalmente divergentes da nossa eu gosto principalmente da música árabe. Mas neste caso Jordi Savall e o Hespèrion XXI não fazem uma reprodução daquilo que poderíamos chamar de música árabe de fato, mas sim de música influenciada e com características dessa, além de outras músicas de outros povos do mediterrâneo, oriente médio, Pérsia entre os séculos XIII e XVII.

É interessante notar que esse álbum tente reproduzir aquilo que devia ser algo como a música popular ou folclórica das localidades citadas, nem por isso deve ser pensada como uma música menos complexa. E sempre lembrando, a música reproduzida por especialistas em música antiga como é o Hespèrion XXI não deve ser pensada como exatamente aquela que era feita naquela época, mas sim uma aproximação do que se acredita que fosse a música da época.

Hespèrion XXI: Orient – Occident (1200-1700)

01 Makam Rast “Murass’a” Usul Düyek
02 Ductia (Cantigas 248-353)
03 A La Una Yo Naci
04 Alba (Castelló de la Plana)
05 Danse De L’âme, for oud & bendir
06 Istampitta: La Manfredina
07 Laïli Djân (Afghanistan Perse), for traditional ensemble
08 Istampitta: In Pro
09 Danza Del Viento
10 Istampitta: Saltarello I
11 Chahamezrab (Perse), for santur & tamburello
12 Danza De Las Espadas
13 Makam Nikriz Üsul Berevsân
14 Istampitta: Saltarello II
15 Ya Nabat Elrichan – Magam Lami
16 Rotundellus (Cantiga 105)
17 Makam Rast Semâ’i
18 Istampitta: Lamento Di Tristano
19 Molâ Mâmad Dján
20 Saltarello (Cantigas 77-119)
21 Makam ‘Uzäl Sakil “Turna”

Hespèrion XXI
Jordi Savall

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Monstro.
Monstro.

Luke

Conjunto Roberto de Regina 25 anos [1976] (excertos da série Cantos e Danças da Renascença)

Cj Roberto de Regina 25 anos http://i34.tinypic.com/2jb5ikh.jpgEm 19.08.1961 a revista Cash Box, editada em Nova York, tratava como “um dos lançamentos mais importantes do ano” o Volume 1 de Cantos e Danças da Renascença, série de LPs produzidos pelo carioca Roberto de Regina com o conjunto vocal e instrumental que vinha desenvolvendo havia dez anos.

Infelizmente não tenho os discos originais, só uma espécie de compacto feito pela CBS em 1976 em um só LP – em lugar de reeditar inteira essa que devia ser considerada umas glórias da realização musical basileira.

Exagero? Bem, o grupo tinha sido absoluto pioneiro no repertório renascentista no Brasil. Verdade que em Belo Horizonte um grupo já usava o nome “madrigal renascentista”, mas não só seu repertório não era exclusivamente renascentista, como sequer se tratava de um madrigal e sim de um coral em moldes de épocas posteriores; seu trabalho estava longe de significar uma revivência minimamente autêntica de como essa música devia ter soado.

Mas a coisa da autenticidade é mais sutil: Roberto de Regina também poderia ser acusado (como foi) de não ser autêntico por, na falta de instrumentos de época, usar oboés e fagotes modernos (só por exemplo). No entanto suas interpretações absolutamente não soavam como algo modernizado – e sobretudo tinham como que um encanto, um mel: não eram de hoje, mas soavam como música viva, fluente como a feita ali no boteco da esquina, e não em um laboratório acadêmico. Enfim, talvez se possa dizer, muito de acordo com a época, que tinham BOSSA.

Talvez o que mais ajude nesse sentido seja as vozes usarem uma impostação muito discreta, sem nenhum cacoete operístico – e além disso se permitirem um discreta nasalidade, uma malemolência… como quem realmente não pretende negar que a música está sendo feita por brasileiros (ato comparável, talvez, ou de lermos Fernando Pessoa com qualquer um dos nossos sotaques, e não como ele ‘ouviu’ a poesia quando a escreveu).

De resto, alinho algumas observações que, acredito, podem ajudar na apreciação. A primeira é me desculpar que em alguns vários pontos pontos os agudos parecem sujos ou estourados – mas não foi falha na digitalização: creio que esse vinil foi abusado com agulhas rombudas em alguma época da sua vida.

Outra, que a série original vinha dividida em discos para a França, para a Espanha, para os franco-flamengos, os vasc… – ops, perdão! – o que de certa ‘conversa’ com a minha postagem anterior (Música da Renascença para alaúdes, vielas e bandurra). Só que aqui temos uma amostragem um tanto desequilibrada: um lado inteiro em francês, outro quase inteiro para a Espanha, e três faixas divididas por três outros países.

O francês usado é quase compreensível para quem tem noção razoável dessa língua se apenas se levar em conta que oi ou oy não vêm pronunciados ‘uá’ e sim ‘oê’. E assim fica compreensível o verso que termina as estrofes de Perdre le sens devant vous (‘perder o senso diante de ti…’), para mim uma das interpretações mais encantadoras do disco: ditte le mois, ditte le mois, je vous pris (‘dize-me, dize-me, eu te suplico’).

Notabilíssima a peça ‘Os gritos de Paris’ (Les cris de Paris) de Jannequin, que pretende descrever a agitação da feira ou mercado, com os vendedores apregoando uma delirante variedade de produtos… Aqui vale comparar com a leitura mais tradicionalmente coral de Klaus-Dieter Wolf à frente do Madrigal Ars Viva de Santos, que postei há não muito – e lá vocês encontram o texto de Les cris de Paris no encarte!

Roberto executa Mit ganczen Willen, do organista cego alemão Conrad Paumann (1410-1473), num dos cravos que ele mesmo construía. A seguir o Pater Noster de Obrecht também me parece um ponto alto de interpretação. Mas logo vêm os espanhóis, que comparecem com duas peças que devem ter sido selecionadas só como amostras da sua polifonia mas, honestamente, me parecem muito chatas (Dezilde al caballero e Falai meus ollos – esta em galaico-português), uma de extraordinário lirismo (Ay luna que reluces, do Cancioneiro de Upsala – coleção de música espanhola que tem esse nome pois a única cópia conhecida foi encontrada na Universidade de Upsala, na Suécia), e três de puro espírito farrista: ao fim de cada repetição do estribilho Dale si le das uma cantora começa a dizer uma palavra que, pela rima, seria obscena, e outra a interrompe ‘consertando a coisa’. Em Besad me y abrazad me uma mulher incita o marido a agir em termos como ‘pára de fingir que está dormindo!’. E Hoy comamos y bebamos, que termina o disco, joga no lixo qualquer hipocrisia e assume ‘Vamos comer e beber, cantar e folgar, que amanhã é dia de jejum. E não vamos perder bocado, pois [para comer mais] iremos vomitando’.

Dá pra fazer uma tal música com pedantismo acadêmico? Pode-se questionar o rigor musicológico de Roberto de Regina aqui e ali, mas fez música viva – e no meu sentir isso é precisamente o melhor que se pode dizer de um musicista.

25 anos do Conjunto Roberto de Regina
LP CBS de 1976. Digitado por Ranulfus, ago. 2010

FRANÇA
A1 Bon jour, bon moys (Dufay)
A2 Je ne vis oncques la pareille (Dufay)
A3 Petite camusette (Josquin des Prez)
A4 Ou mettra l’on ung baiser favorable? (Janequin)
A5 Les cris de Paris (Janequin)
A6 Ce sont gallans (Janequin)
A7 Que vaut Catin? (Costeley)
A8 En ung chasteau (Roland de Lassus)
A9 Perdre le sens devant vous (Claude le Jeune)

ALEMANHA
B1 Mit ganczen Willen (Paumann)

FLANDRES
B2 Pater Noster (Obrecht)

ITÁLIA
B3 Due villotte dei Fiori(Azzaiollo)

ESPANHA
B4 Besad me e abraçad me (n.n., Cancioneiro de Upsala)
B5 Dezilde al caballero (N.Gombert, Cancioneiro de Upsala)
B6 Falai meus ollos (n.n., Cancioneiro de Upsala)
B7 Dale si le das (n.n., Cancioneiro del Palacio)
B8 Ay luna que reluzes (n.n., Cancioneiro de Upsala)
B9 Hoy comamos y bebamos (Juan Encina)

. . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus (publicado originalmente em 08/08/2010)

“Renaissance Brass” – Scheidt (1578-1654), Weelkes (1576-1623) etc.: canzone, madrigais etc. em quinteto de metais

RenaissanceBrass CAPA-FRENTEGosto demais deste disco! É verdade que o nome e a imagem da capa são enganosos: os instrumentos de metal que temos aqui não são renascentistas: são dois trompetes, uma trompa, um trombone e uma tuba, todos modernos, que constituem o quinteto da Eastman School of Music, de Rochester, estado de New York.

Mas ao dizer que a capa não corresponde ao conteúdo, não estou dizendo que o conteúdo seja de má qualidade: dentro de sua proposta, é impecável!

Transcrevendo das notas de Joel Israel Cohen na capa deste vinil de 1967:

   Para os puritanos de meados do século XX, a ideia de transcrever música de um meio para outro é definitivamente suspeita: a memória de um passado recente em que orquestras de bandolins tocavam rondós de Mozart e pianolas martelavam a Nona de Beethoven ainda persiste e causa estremecimentos embaraçados. Queremos nossa música pura e precisa, com os legatos do segundo oboé exatamente como o compositor os escreveu.

   Outras épocas, no entanto, foram decididamente indiferentes a isso. Durante a Idade Média, Renascimento e Barroco inicial a troca (interchangeability) dos meios de execução era antes a regra do que exceção. Uma composição podia ser cantada, soprada, dedilhada ou friccionada, dependendo das forças que houvesse à mão; nem parece ter existido a ideia da coloração sonora real, verdadeira e autêntica para uma determinada peça. Os madrigais de Thomas Weelkes, por exemplo: embora tenham sido escritos como música vocal, podiam ser e provavelmente eram executados também por instrumentos, e embora o compositor não fosse familiarizado com o timbre dos instrumentos de metal modernos, é improvável que ele fizesse objeção à presente reencarnação de suas obras.

Enfim: o monge Ranulfus acha isso extraordinariamente bonito, e sente algo assim como um efeito tranquilizante, consolador, ao ouvir essas frases com esses timbres. E espera que entre nossos leitores também haja quem venha a gostar!

“Renaissance Brass”
German and English music of the late renaissance “for brass”

  • MÚSICA ALEMÃ: Samuel Scheidt (1587-1654)
    A01 Canzona Gallicam 04’45
    A02 Benedicamus Domino 5’12
    A03 Galliard Battaglia 01’32
    A04 Wendet euch um ihr Äderlein 02’00
    A05 Canzona Aethiopicam 04’36
    A06 Canzona Bergamasca 04’35
  • MÚSICA INGLESA: Thomas Weelkes (1576-1623)
    B01 In Pride of May 01’58
    B02 O Care, Thou Wilt Despatch Me 02’15
    B03 Sit Down and Sing 01’09
    B04 Death Hath Deprived Me 04’43
    B05 As Wanton Birds 01’24
  • MÚSICA INGLESA: diversos
    B06 William Simmes (1575-1625): Fantasie 02’08
    B07 Alphonso Ferrabosco Jr (1575-1628): Four Note Pavan 02’12
    B08 Anthony Holborne (1545-1602): Galliard 01’54
    B09 John O’Koever (?-?): Fantasie 02’28
    B10 Orlado Gibbons (1583-1625): In Nomine 03’34

EASTMAN BRASS QUINTET
Daniel Patrylak and Philip Collins, trompetes
Verne Reynolds, trompa
Donald Knaub, trombone
Cherry Beauregard, tuba

Gravado em Nova York em setembro de 1967
Digitalizado por Ranulfus em junho de 2016

. . . . . . . BAIXE AQUI (download here) – FLAC

. . . . . . . BAIXE AQUI (download here) – MP3 320 kbps

Ranulfus

Madrigal ARS VIVA (1971): 1ªs gravações de Gilberto Mendes (1922-2016) e Willy Corrêa de Oliveira (1936) + Idade Média e Renascença

Gilberto Mendes 13/10/1922 a 01/01/2016Publicado originalmente em 11.07.2010. Revalidado in memoriam Gilberto Mendes.

Santos se diferencia das outras cidades importantes do estado de São Paulo por ser mais antiga e durante uns três séculos mais importante que a capital. A distância entre as duas é de apenas 75 Km, mas talvez o desnível abrupto de 700 metros tenha ajudado a preservar na cidade-porto uma identidade cultural própria, até um sotaque e caráter de povo diferente. Em alguns momentos isso se refletiu não só no futebol mas também numa vida musical digna de nota –

capa-peq… sobretudo nas décadas de 1960 e 70, com os compositores Gilberto Mendes (Santos, 1922), Willy Corrêa de Oliveira (Recife, 1936), e em parte também Almeida Prado (Santos, 1943) fazendo da cidade uma referência mundial com os Festivais de Música Nova.

Esses festivais ainda acontecem, mas infelizmente, é preciso dizer, não com a mesma vitalidade e impacto de antes. Como outras cidades do mesmo porte, Santos parece ter a sina de ser berço de gente que vai brilhar em outros lugares. De todo aquele movimento, só Gilberto Mendes permanece lá [escrito em 2010], ao que parece ainda insuperado em irreverência e espírito jovem – aos 88 anos!

Outro dos protagonistas que deve ter feito muita falta ao movimento foi o regente Klaus-Dieter Wolff – este por sua morte prematura. Klaus nasceu em 1926 em Frankfurt mas viveu no Brasil desde os 10 anos. Em 1951 fundou o Conjunto Coral de Câmara de São Paulo; em 1961 o Madrigal Ars Viva de Santos. Em 1968 colaborou com Roberto Schnorrenberg – três anos mais jovem e que em 1964 fundara o Collegium Musicum de São Paulo – na primeira realização brasileira das Vésperas de Monteverdi. Em 1971 gravou este disco, pioneiro em muitos sentidos – mas já em 1974 veio a falecer, com meros 48 anos. (Clique AQUI para mais informações sobre a formação e atuação dos dois).

Tanto Klaus quanto Roberto trabalhavam com o ideal declarado de ampliar o repertório conhecido no Brasil, e ao que parece foi esse ideal que presidiu a escolha das peças deste disco, que contém alguns verdadeiros standards do repertório medieval (como Alle psallite cum luya) e renascentista (como Mille regretz de vous abandonner – “mil mágoas por vos deixar” -, canção que inspirou muitíssimos instrumentistas e outros compositores ao longo dos séculos seguintes), ou então exemplos de compositores de primeira grandeza desses 4 séculos (Machault, Josquin des Près, Lassus, Jannequin).

Nem sempre acho felizes as opções do regente Wolff: ainda é compreensível que Alle psallite apareça tão lenta, pois se trata de um canto de cortejo, de procissão, mas um Rodrigo Martínez assim tão duro e quadrado? (Em breve posto o de Roberto de Regina, e vocês terão oportunidade de ver quase que o exagero oposto).

Mas nas peças mais introvertidas Klaus me parece conseguir uma combinação belíssima de concentração, intensidade e delicadeza (Ave Maria, Todos duermen corazón, Pámpano verde, Mille regretz, etc). É pena que os meus meios técnicos atuais não dêem conta de eliminar 100% do ruído que aparece nas frases finais de Mille regretz, um dos momentos mais delicados do disco.

As três peças ‘de vanguarda’ são de 1962, 66 e 69, todas inspiradas em poemas concretos (de Décio Pignatari e de José Lino Grünewald). Beba Coca-Cola é hoje uma peça consagrada, com muitas gravações no Brasil e no exterior – mas esta foi a primeira.

Na contracapa e no encarte há ricos textos informativos de Gilberto Mendes, e também os textos de todas as peças (muitas vezes naquelas esdrúxulas misturas lingüísticas características do renascimento) – e então acho que já posso entregar a bola a vocês!

Madrigal Ars Viva (Santos, SP)
Regência: Klaus-Dieter Wolff
(1926-1974)
Gravação: 1971 (independente)

A01  Alle psalite cum luya – anônimo séc.13
A02 Nel mezzo a sei paone – madrigal de Johannes/Giovanni de Florentia, séc.14
A03 Lasse! Comment oublieray / Se j’aim mon loyal ami / Pour quoy me bat mes maris
– motete (3 textos simultâneos) de Guillaume de Machault, séc.14
A04  Alma Redemptoris Mater – Johannes Ockeghem, séc.15
A05  Ave Maria – ‘carol’ anônimo, séc.15
A06 Nowell sing we – ‘carol’ anônimo, séc.15
A07  Todos duermen, corazón – Baena, séc.15-16
A08 Rodrigo Martínez – anônimo, séc.15-16
A09 Pámpano verde – Francisco de Torre, séc.15-16
A10 Mille regretz de vous abandonner – Josquin des Prez/Près, séc.15

B01 Bonjour, mon coeur – Roland de Lassus (1532-1594)
B02 Les cris de Paris – Clement Jannequin, séc.16
B03 Um movimento vivo (1962) – Willy Corrêa de Oliveira (*1936)
B04 Beba Coca-Cola (1966) – Gilberto Mendes (*1922)
B05 Vai e Vem (1969) – Gilberto Mendes

. . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

Guia dos Instrumentos antigos 3/8 – Fantasias & Ricercare / Chansons & Madrigais / Música eclesiástica / Variações [link atualizado 2017]

ES-PE-TA-CU-LAR !!!

Livro com oito CDs fenomenalmente cedido pelo internauta Camilo Di Giorgi! Não tem preço!!!

Os arquivos foram todos renomeados e o livro tem o texto reconhecível graças ao trabalho do Igor Freiberger! Mais uma contribuição impagável!

Tem na Amazon: aqui.

Continuamos a saga pelos fantásticos instrumentos antigos!
Uns que deixaram de existir, outros foram mudando tanto ao longo dos anos que hoje possuem timbres já bastante distintos de seus originais.
.

Também continuo sacana e estou esperando a última postagem, no domingo, para disponibilizar o livro completinho. Aqui vou deixando algumas imagens e trechos a cada dia, para que vocês tenham cada vez mais vontade de possuí-lo (ui!).

Hoje começam a aparecer alguns nomes de compositores mais famosos, como William Byrd e Orlando de Lasso (Roland de Lassus) e há também música vocal, mas o CD é uma verdadeira aula da família da viola! Tem composições com vários membros diferentes da família, além das aparições de bombardas, flautas de vários tipos e harpa cromática, entre outros. Muita informação num Cd só.

O baixo de viola figura na página 18 do livro, executada na “Divisions in Sol”, faixa 32 de hoje .

AGUARDEM! Já estamos no terceiro dos oito CDs, um por dia, de domingo passado até o domingo que vem, coroando com o livro de 200 páginas escaneado integralmente ao final.

Ouça! Leia! Estude! Divulgue e… Deleite-se!

Guide des Instruments Anciens – CD3
Fantasias & Ricercare / Chansons & Madrigais / Música eclesiástica / Variações

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 175Mb

Perdeu o Primeiro? Está AQUI.
Não tomou conhecimento do Segundo? Pode deixar: AQUI.
Partituras e outros que tais? Clique aqui

Tão bom quando vocês comentam… Pode comentar, pessoal!

O mundo para para ver as fofinhas!

Avicenna & Bisnaga

Guia dos Instrumentos antigos 2/8 – Renascença: danças e balés [link atualizado 2017]

ES-PE-TA-CU-LAR !!!

Livro com oito CDs fenomenalmente cedido pelo internauta Camilo Di Giorgi! Não tem preço!!!

Os arquivos foram todos renomeados e o livro tem o texto reconhecível graças ao trabalho do Igor Freiberger! Mais uma contribuição impagável!

Tem na Amazon: aqui.

Estamos na segunda postagem deste belíssimo Guia dos Instrumentos Antigos, com o CD dedicado às danças e balés do Renascimento. Tão bom ou melhor que o primeiro!
E o nível não vai cair. Vai nesse padrão até o final

Viuela de roda, ilustrações da página 44 do livro e instrumento da faixa 10 deste 2º CD.

Não se esqueça e não perca os próximos capítulos! Uma postagem com cada CD por dia, do domingo (ontem) até o domingo que vem, quando disponibilizaremos o livro escaneado integralmente também.

Já falei um tanto na primeira postagem. Agora não tem muito mais o que falar. Só ouvir essas raridades!
Então, ouça! Leia! Estude! Espalhe, divulgue e… Deleite-se!

Guide des Instruments Anciens – CD2
Renascença: danças e balés

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE 180Mb

Perdeu o primeiro CD? Está AQUI.
Partituras e outros que tais? Clique aqui

Não comentou ainda? Comentou a primeira e ainda está empolgado e quer voltar a escrever algo? Não se avexe: pode comentar: a gente adora!

Mas a bunda dela tá meio “escorrida”, não?

Avicenna & Bisnaga