Guitar Classics from Spain – Marcelo Kayath, violão ֎

Guitar Classics from Spain – Marcelo Kayath, violão ֎

Peças Clássicas Espanholas para Violão

Marcelo Kayath

Na época em que eu ouvia música dos CDs tive duas referências no gênero ‘música espanhola para violão’: Julian Bream tocando peças de Albeniz e Granados e o disco desta postagem, Guitar Classics from Spain, de Marcelo Kayath.

O disco de Julian Bream é um primor, quem sabe em um futuro não muito distante ele seja postado aqui, mas hoje é dia de Marcelo Kayath!

Eu sempre quis saber algo mais sobre esse tremendo violonista, mas a ocasião não aparecia, até agora. Sabia virtualmente apenas que ele é brasileiro. Nenhuma grande surpresa até aí, pois que nossa terra é fértil em excelentes violonistas.

Retrato do artista quando jovem…

Descobri que Marcelo é um destes raros exemplos de pessoas que conseguem ter duas carreiras muito distintas, ambas com muito sucesso. No caso dele, a carreira de músico veio primeiro. Nascido em 1964, estudou no Rio de Janeiro com Turíbio Santos e aos 16 anos ganhou o Prêmio Segóvia no Concurso Internacional Villa-Lobos. Em 1984 conseguiu um feito extraordinário ao ganhar dois concursos internacionais para violão, o de Toronto e o de Paris. Isso levou a uma carreira de concertos e gravações. Este disco da postagem é o segundo de uma sequência de seis. Mas então, emergiu uma segunda carreira e isso acabei descobrindo ao assistir uma entrevista que ele deu ao também excelente violonista brasileiro, Fábio Zanon e lendo um artigo no Valor Econômico – À mesa com o Valor – Marcelo Kayath: Ex-Credit Suisse concilia a carreira musical com o mercado financeiro, escrito por Adriana Abujamra [aqui].

Marcelo Kayath havia conciliado a música com o curso de Engenharia na UFRJ até os 20 anos, quando então a música prevaleceu. Mas, um ano depois ele retomou os estudos e como era fascinado pelo mercado de ações, onde aplicava o dinheiro ganho nos concertos, inscreveu-se e foi aceito em um seletíssimo MBA na Universidade de Stanford e daí seguiu outra carreira. Música continuou a fazer parte de sua vida, assim como as boas relações com o mundo musical, até surgirem novas oportunidades. Em 2014 voltou a gravar um disco, sobre o qual ele fala na entrevista mencionada, e que pode ser acessado no Spotify, por exemplo.

Vamos ao conteúdo do disco da postagem, que traz música de diversos compositores. Começamos mui propriamente com um prelúdio, seguido de duas figurinhas carimbadas, peças de Francisco Tarrega. Ele, que foi ótimo pianista, mas fez muito pelo violão, incluindo instigar o lutier Antonio Torres a construir novos instrumentos, mais robustos, para os quais apurou e aperfeiçoou a técnica. Para esses instrumentos, Tarrega compôs música nova e também fez transcrições de músicas dos mais diversos compositores. Capricho Árabe e Recuerdos de la Alhambra são duas peças suas que se firmaram absolutamente no repertório do violão clássico.

Granados e Albéniz eram pianistas, mas suas músicas eram muito adequadas para as transcrições. Eles foram amigos de Tarrega e certamente conheciam muitas de suas peças nas versões preparadas por ele. As próximas peças do disco são deles, mas em transcrições do próprio Marcelo Kayath ou de Andrés Segóvia, outro imenso violonista espanhol. Nessas peças, tais como La maja de Goya ou Mallorca, podemos vivenciar grandes modelos desse universo musical que eu tanto admiro. Mesmo que seja ligeiramente inebriante, como poderiam dizer alguns…

Dois compositores violonistas mais recentes, do século 20, completam o repertório – Federico Torroba e Joaquin Rodrigo, com seu Zapateado. A título de bis, completando o disco, uma música tradicional natalina catalã, que se tornou popular nos concertos de Andrés Segóvia. Resumindo, uma pérola de disco, papa fina!

Francisco Tarrega (1852 – 1909)

  1. Prelude In A Minor
  2. Capricho Arabe
  3. Recuerdos De La Alhambra

Enrique Granados (1867 – 1916)

  1. La Maja De Goya

Isaac Albéniz (1860 – 1909)

  1. Granada
  2. Zambra Granadina
  3. Sevilla
  4. Mallorca

Federico Moreno Torroba (1891 – 1982)

  1. Prelude In E
  2. Sonatina
  3. Nocturno

Joaquín Rodrigo (1902 – 1999)

  1. Zapateado

Tradicional

  1. El Noy De La Mare

Marcelo Kayath, violão

Arranjos: Marcelo Kayath (4, 5, 7, 13) & Andrés Segóvia (6, 8)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 144 MB

I bought this recording 33 years ago and have never stopped enjoying it. Although I have since purchased other versions by more well known guitarists, there are few that come close to the quality of the playing or of the recording. If you only buy one guitar record buy this one. [Resenha na Amazon]

Aproveite!

René Denon

Marcelo Kayath

Se você gostou dessa postagem, poderá se interessar por essa aqui:

Stephen Hough’s Spanish Album – Peças de A. Soler, E. Granados, I. Albeniz, F. Mompou, F. Longas, C. Debussy, M. Ravel, F. X. Scharwenka, W. Niemann e S. Hough

Vários compositores: Piano Rarities · Vol. 1 Transcriptions

Vários compositores: Piano Rarities · Vol. 1 Transcriptions

Um disco gentil e agradável. Nada demais, mas também nada indigno. Chama a atenção, é claro, as transcrições para piano do lied An Sylvia, de Schubert, e do Adagietto da Quinta Sinfonia de Mahler. Cyprien Katsaris é um virtuose daqueles que fazem uma brilhatura e sorriem. Ele ama transcrições, tanto que já gravou a integral das Sinfonias de Beethoven transcritas por Liszt. Mas sua maior aventura foi ter gravado uma rara versão para piano de A Canção da Terra, de Gustav Mahler com Brigitte Fassbaender e Thomas Moser. Em registros mais sérios, está gravando todos os Concertos para Piano de Mozart. Olha, com o espírito que ambos têm, Mozart e Katsaris, acho que deve ser uma boa ouvir. É um sujeito peculiar esse pianista.

Vários compositores: Piano Rarities · Vol. 1 Transcriptions

1 Fritz Kreisler (1875-1962) · Praeludium and Allegro in the style of Pugnani
2 Robert Schumann (1810-1856) · MondNacht, op. 39 no. 5
3 Franz Schubert (1797-1828) · Gesang (An Sylvia), op. 106 no. 4, D. 891
4 Richard Wagner (1813-1883) · Der Engel (no. 1 from Wesendonck-Lieder)
5 Richard Strauss (1864-1949) · Zueignung, op. 10 no. 1
6 Gustav Mahler (1860-1911) · Adagietto (from Symphony no. 5)
7 Federico Mompou (1893-1987) · Damunt de tu només les flors
8 Francisco Táregga (1852-1909) · Recuerdos de la Alhambra
9 Agustín Barrios Mangoré (1885-1944) · Chôro Da Saudade
10 Georges Bizet (1838-1875) · Adieux de l’Hôtesse arabe
11 Gabriel Fauré (1845-1924) · Nell, op. 18 no. 1
12 Léo Delibes (1836-1891) · Valse (from Coppélia ou la Fille aux yeux d’émail)
13 Stanislaw Moniuszko (1819-1872) · Gwiazdka
14 Sergei Rachmaninov (1873-1943) · Vocalise
15 Reinhold Glière (1875-1956) · Valse (from The Bronze Horseman)

Cyprien Katsaris, piano

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Cyprien Katsaris: a cara deste CD
Cyprien Katsaris: a cara deste CD

PQP

Francisco Tárrega (1852-1909): Recuerdos De La Alhambra; Lágrima; Danza mora; Etc.

IM – PER – DÍ – VEL!!!! Este CD é um super-clássico da discografia de todos os tempos. Não sei quantas vezes foi reeditado. Francisco Tárrega foi um gênio espanhol que não julgava necessário refrigerar o violão abanando-o loucamente. É o anti-Al Di Meola, o calorento norte-americano que, quando não sabe o que fazer, usa a mão direita como leque. No violão, claro. Tárrega revolucionou a composição para o instrumento. Defendeu uma metodologia diferente da que era usada em sua época. Segundo ele, o toque realizado pela mão direita no violão devia ser feita num ângulo de 90º, e com a parte “macia” do dedo, ou seja, a unha não deveria ser utilizada. Tárrega justificava essa metodologia afirmando que o toque do dedo “nu” causava uma sensação de maior “controle emocional” e técnico da obra em execução.

Deve ter razão, pois aqueles abanos à base de unhadas — as quais apenas incentivam as dançarinas a matar todas as baratas do salão a sapatadas fulminantes — são detestáveis.

A obra mais famosa música de Tárrega é conhecida não é conhecida integralmente pela maioria das pessoas… Mas todas já ouviram um pedaço: é o toque padrão do celular Nokia…

Aqui estamos da mão de outro gênio: Narciso Yepes.

Abaixo, uma nota biográfica do violonista. Vai em inglês, acho que tudo lê, né?

Yepes was born into a family of humble origin in Lorca, southern Spain. His father gave him his first guitar when he was four years old. He took his first lessons from Jesus Guevara, in Lorca. Later his family moved to Valencia when the Spanish Civil War started in 1936.

When he was 13, he was accepted to study at the Conservatorio de Valencia with the pianist and composer Vicente Asencio. Here he followed courses in harmony, composition, and performance.

On December 16th 1947 he made his Madrid début, performing Joaquin Rodrigo’s Concierto de Aranjuez with Ataúlfo Argenta conducting the Spanish National Orchestra. The overwhelming success of this performance brought him renown from critics and public alike. Soon afterwards, he began to tour with Argenta, visiting Switzerland, Italy, Germany and France. During this time he was largely responsible for the growing popularity of the Concierto de Aranjuez.

In 1950, after performing in Paris, he spent a year studying interpretation under the violinist George Enesco, and the pianist Walter Gieseking. He also studied informally with Nadia Boulanger. This was followed by a long period in Italy where he profited from contact with artists of every kind.

In 1952 a song Yepes wrote when he was a young boy became the theme to the film Forbidden Games (Jeux interdits) by René Clément. However, the piece, Romance, has often speculatively been attributed to other authors, without conclusive evidence that can stand up to scientific scrutiny, and despite the fact that Yepes confessed to being its composer. If you have a good look at the credits of the movie “Jeux Interdits” however, you will see that Romance is credited as “Traditional: arranged – Narciso Yepes.” Yepes also performed other pieces for the “Forbidden Games” soundtrack. His later credits as film composer include the soundtracks to La Fille aux Yeux d’Or (1961) and ‘La viuda del capitán Estrada’ (1991). He also starred as a musician in the 1967 film version of El amor brujo.

In 1958 he married Marysia Szumlakowska, then a young Polish Philosophy student. They had two sons, Juan de la Cruz (deceased), Ignacio Yepes, an orchestral conductor and flautist, and one daughter, dancer and choreographer Ana Yepes.

In 1964, Yepes performed the Concierto de Aranjuez with the Berlin Philharmonic Orchestra, premièring the ten-string guitar, which he invented in collaboration with the renowned guitar maker José Ramírez III.

Yepes’ 10-string guitar tuning

The instrument made it possible to transcribe works originally written for baroque lute without deleterious transposition of the bass notes. However, the main reason for the invention of this instrument was the addition of string resonators tuned to C, A#, G#, F#, which resulted in the first guitar with truly chromatic string resonance – similar to that of the piano with its sustain/pedal mechanism.

After 1964, Yepes used the ten-string guitar exclusively, touring to all six inhabited continents, performing in recitals as well as with the world’s leading orchestras, giving an average of 130 performances each year.

Aside from being a consummate musician, Yepes was also a significant scholar. His research into forgotten manuscripts of the sixteenth and seventeenth centuries resulted in the rediscovery of numerous works for guitar or lute. He was also the first person to record the complete lute works of Bach on period instruments (14-course baroque lute). In addition, through his patient and intensive study of his instrument, Narciso Yepes developed a revolutionary technique and previously unsuspected resources and possibilities.

He was granted many official honours including the Gold Medal for Distinction in Arts, conferred by King Juan Carlos I; membership in the Academy of “Alfonso X el Sabio” and an Honorary Doctorate from the University of Murcia. In 1986 he was awarded the National Music Prize of Spain, and he was elected unanimously to the Real Academia de Bellas Artes de San Fernando.

Since 1993 Narcisco Yepes limited his public appearances due to illness. He gave his last concert on March 1st 1996, in Santander (Spain).

He died in Murcia in 1997, after a long battle with lymphoma.

Tárrega – Recuerdos de la alhambra

01. Lagrima – Andante
02. Estudio en forma de Minuetto
03. La Cartagenera
04. Danza mora
05. Columpio – Lento
06. Endecha – Andante
07. Oremus – Lento
08. La Mariposa – Allegro Vivace
09. Recuerdos de la Alhambra – Andante
10. Preludio in G major – Allegretto
11. Adelita – Lento
12. Sueno
13. Minuetto
14. Pavana – Allegretto
15. Estudio de velocidad – Allegro
16. Jota – Andante-Allegro-Tempo primo-Lento, expressivo-Cantabile

Narciso Yepes, violão

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

PQP

Narciso Yepes – Guitarra Española – CD 3 de 5

Minha vida anda uma correria só, e tem sido muito difícil arranjar um tempinho para postar. Por isso serei econômico no texto, afinal de contas, o que importa aqui é o violão de Narciso Yepes, o resto é só blá, blá, blá.

O CD começa com o magnífico “Recuerdos de Alhambra”, talvez a peça mais conhecida de Tárrega, depois temos Albéniz, Falla, Turina, Rodrigo, entre outros.

Respondendo ao questionamento feito em postagem anterior, relacionado à autoria da transcrição da obra “Astúrias”, de Albéniz, informo que Yepes aqui toca a versão de Andrés Segovia. Aqui, neste terceiro cd, a transcrição de “Malagueña” é do próprio Yepes.

Narciso Yepes – Guitarra Espanõla – CD 3

Francisco Tárrega

01 Recuerdos de La Alhambra(Andante)

02 ‘Marieta’ Mazurke(Lento)

03 Capricho arabe. Serenata(Andantino)

04 Tango

Isaac Albéniz

05 Malaquena from op.165(Transcr.; Narciso Yepes)

Manuel de Falla

06 Homenaje ‘Le tombeau de Claude Debussy’

Joaquin Turina

07 Garrotin y soleares

08 Rafaga

Joaquin Rodrigo

09 En los Trigales

Anonimo

10 La Filla del marxant

11 La filadora

12 El mestre

13 La canco del lladre

Emilio Pujol

14 El abejorro. Estudio

Federico Moreno Torroba

15 Madronos

Xavier Montsalvatge

16 Habanera(Arr.; Narciso Yepes)

Maurice Ohana

17 Tiento(Arr.; Narciso Yepes)

Antonio Ruiz-Pipó

18 Cancion y danza Nr.1(Arr.; Narciso Yepes)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP Bach

Narciso Yepes – Guitarra Española – CD 2 de 5

Aí está o segundo cd da coleção “Guitarra Española”, na excepcional interpretação de Narciso Yepes. E este cd aqui, bem, este segundo cd é talvez o melhor da coleção , pois traz aquela que é a maior das composições de Isaac Albeniz, a Suíte Española nº5 – Asturias, uma das belas composições feitas para o violão.

Pois então, divirtam-se:

Narciso Yepes – Guitarra Española – CD 2 de 5

01 Isaac Albeniz; Suite espanola; No. 5 Asturias. Leyenda
02 Isaac Albeniz; Recuerdos de viaje; No. 6 Rumores de las caleta. Malaguena
03 Isaac Albeniz; Piezas características; No. 12 Torre bermeja. Serenata
04 Enrique Granados; Danza espanola no. 4 – Villanesca
05 Francisco Tarrega; Alborada. Capriccio
06 Francisco Tarrega; Danza mora
07 Francisco Tarrega; Sueno
08 Manuel de Falla; El círculo mágico (El amor brujo)
09 Manuel de Falla; Cancíon del fuego fatuo (El amor brujo)
10 Manuel de Falla; Danza del molinero. Farruca (El sombrero de tres picos)
11 Joaquín Turina; Sonata Op. 61 (Allegro – Andante – Allegro vivo)
12 Joaquín Turina; Fandanguillo Op. 36
13 Salvador Bacarisse; Passapie
14 Narciso Yepes; Catarina d’Alió
15 Anónimo; Romance (du film ‘Jeux interdits’)

Narciso Yepes – Violão

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP Bach