Serguei Prokofiev (1891-1953): Symphonic Suite From War And Peace / Suite From The Duenna / Russian Overture (Järvi)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Symphonic Suite From War And Peace / Suite From The Duenna / Russian Overture (Järvi)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco muito bom daquele Prokofiev mais agitado do qual tanto gostamos. Lá em 2009, esta performance foi a Gravação do Mês na Gramofone. É a única gravação disponível da Suíte Sinfônica da ópera Guerra e Paz e aqui vem combinada com a bela Abertura Russa e a Suíte de uma Noite de Verão. Järvi e a Filarmônica parecem totalmente familiarizados com essas partituras, e a qualidade de som da Chandos é espetacular. É um Prokofiev típico, apesar de pouco familiar, que fornece um apêndice altamente estimulante para o repertório sinfônico do compositor. Järvi disse uma vez que desconhece compositor mais melódico do que Prokofiev. Aqui está uma comprovação… Sim, nas melodias irregulares e melodiosas dos anos de Prokofiev na URSS. Um excelente disco!

Serguei Prokofiev (1891-1953): Symphonic Suite From War And Peace / Suite From The Duenna / Russian Overture

War And Piece: Symphonic Suite
I. The Ball
1 Fanfare And Polonaise. Maestoso E Brioso 2:59
2 Waltz. Allegro, Man Non Troppo 5:40
3 Mazurka. Animato 2:58
II. Intermezzo – May Night
4 Andante Assai 5:53
III. Finale
5 Snowstorm. Tempestoso 2:11
6 Battle. Allegro 3:56
7 Victory. Allegro Fastoso – Andante Maestoso 3:13

Summer Night: Suite From ‘The Duenna”, Op. 123
8 I. Introduction. Moderato, Ma Con Brio – Piú Animato 2:25
9 II. Serenade. Adagio 6:01
10 III. Minuet. Allegro Ma Non Troppo 2:46
11 IV. Dreams. Andante Tranquilo 8:01
12 V. Dance. Allegretto 3:05

Russian Overture, Op. 72
13 Allegro Con Brio – Moderato – Tempo Primo – Andante Cantabile – Piú Mosso 14:08

Composed By – Sergey Sergeyevich Prokofiev*
Conductor – Neeme Järvi

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Neeme Järvi com a torcida do Inter antes de cantarem o “Arerê, o Grêmio vai jogar a Série B”

PQP

Prokofiev: Concerto para Piano no. 2; Rachmaninoff: Variações, Prelúdio, etc. (Ashkenazy/Rozhdestvensky, Postnikova)

A velha Rússia… A Rússia da velha proprietária do Jardim das Cerejeiras de Tchekov, a Rússia dos irmãos Karamazov, do grande inverno que deteve até Napoleão e Hitler… A Rússia onde as ideias liberais chegam sempre com atraso – “ideias fora lugar” lá e cá, diz Roberto Schwarz -, a Rússia onde o progresso é uma desgraça e o atraso uma vergonha…

Neste disco de hoje, alguns pontos altos do piano russo. Quase tudo aqui é em tom menor, com pouco espaço para festas ou gracinhas. Prokofiev aparece com seu 2º concerto, composto pouco antes da Revolução de 1917 e do seu período de exílio. Numa coincidência que vem a calhar, o intérprete é o jovem Vladimir Ashkenazy em 1961, dois anos antes dele também se exilar. A orquestra da União Soviética, regida por Rozhdestvensky, tem um som pesado, grave, ouçam por exemplo os metais do início do 3º movimento, Allegro moderato: pesante… A gravação que Ashkenazy faria depois, com Previn e Sinfônica de Londres (1975), também é muito boa mas menos intensa, um pouco açucarada. Nessa gravação ao vivo em Moscou, a tensão é maior, lembrando que neste concerto de Prokofiev não há um movimento lento e lírico no meio, ao contrário dos concertos nº 3 e 4.

Em seguida temos Rachmaninoff, com suas Variações sobre um tema de Chopin em Dó menor e seu famoso Prelúdio em Dó # menor, apelidado Os sinos de Moscou. São duas obras de quando ele ainda vivia na Rússia, antes de sua vida virar uma longa turnê de concertos, pois ele se tornaria um dos mais célebres pianistas-compositores do planeta nas décadas de 1920 e 30. Entre as duas peças mais pesadas de Rach, uma Polka dá uma alegrada no álbum, que termina com uma curta composição de Anton Arensky. Este último, mais conhecido por seus trios, foi professor de composição de Rach no conservatório de Moscou. Todas essas obras para piano solo são tocadas por Viktoria Postnikova, pianista russa nascida em 1944 e que segue em atividade, ao contrário de Ashkenazy que recentemente anunciou sua aposentadoria após muitas décadas de música.

Prokofiev, Sergei (1891-1953):
Piano Concerto No. 2 in G Minor, Op. 16
I. Andantino—Allegretto
II. Scherzo: Vivace
III. Intermezzo: Allegro moderato
IV. Finale: Allegro tempestoso

Rachmaninoff, Sergei (1873-1943):
Variations on a Theme by Chopin in C Minor, Op. 22
Polka de W. R. in A Flat
Prelude in C-Sharp Minor, Op. 3 no. 2

Arensky, Anton (1861-1906):
Prelude to The Fountain of Bakhchisaray, Op. 46

Vladimir Ashkenazy, piano; Gennady Rozhdestvensky conducting USSR State Symphony Orchestra (Prokofiev)
Viktoria Postnikova, piano (Rachmaninoff, Arensky)

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Prokofiev com penteado e ângulo escolhidos para esconder a calvície que, pouco depois, ele assumiria de vez

Pleyel

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Serguei Prokofiev (1891–1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 – Han-na Chang (PQP Originals) & Alban Gerhardt ֎

Serguei Prokofiev (1891–1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 – Han-na Chang (PQP Originals) & Alban Gerhardt ֎

Prokofiev

Concerto para Violoncelo, Op. 58

Sinfonia Concertante, Op. 125

Sonata para Violoncelo, Op. 119

Semana cheia, muitos compromissos e Natal se aproximando já quase dá para ouvir os sininhos das renas de Papai Noel! Não tem sobrado muito tempo para ouvir música, mas para o que gostamos, sempre se dá um jeito

Na esteira do Concerto para Violoncelo de Shostakovich, continuei a explorar a música para violoncelo e orquestra de compositores russos e dei com meus costados neste disco espetacular. Gostei tanto que comecei a preparação da postagem, deixando a tradicional busca nos vaults da corporação para saber se ele já havia sido postado para depois. Pois lá estava, com a tradicional verve do nosso editor-chefe e o carimbo iso-PQP Bach de qualidade: IM-PER-DÍ-VEL !!!

PQP Bach menciona que Han-Na Chang superou Rostropovich nesta gravação. Bem, vale a pena dizer que a moça estudou bastante e teve aulas diretamente com Misha Maisky, que foi aluno de Rostropovich. Em 1994 ela ganhou o Quinto Concurso Rostropovich de Violoncelo e passou a estudar diretamente com ele. Assim, a moça fez sua lição de casa…

A Sinfonia Concertante, obra comum aos dois discos da postagem, foi escrita entre 1950 e 1952 como uma completa revisão do Concerto para Violoncelo, op. 58, composto entre 1933 e 1938.

Rostropovich dando umas dicas para o Prokofiev

Prokofiev ouviu em 1947 um jovem violoncelista de 25 anos interpretar seu concerto e gostou tanto que prometeu rever a obra para ele. É claro, o violoncelista era Mstislav Rostropovich e o resultado da promessa a Sinfonia Concertante.

Basicamente, uma sinfonia concertante é um concerto para um ou mais instrumentos que atuam como solistas, mas também se misturam sinfonicamente na textura musical mais ampla. Esse gênero musical deriva em parte dos concerti grossi do período barroco e floresceu na França nos dias de Devienne, Gossec e Playel. Nosso irmão de Londres, o Johann Christian Bach compôs obras desta natureza que eram apresentadas em Londres pela orquestra dos concertos da dupla Abel-Bach. Mozart certamente conhecia estas obras e escreveu uma obra-prima no gênero. Quando Papa Haydn andou por Londres, foi jogado em um ringue pela imprensa local, tendo no outro corner um dos seus ex-alunos, o já mencionado Ignaz Playel. Qual deles seria o campeão das sinfonias concertantes. Pois não é que o idoso compositor levou o cinturão com a sua Sinfonia-Concertante

Apesar da terminologia, as sinfonias concertantes dos compositores mais recentes se colocam em seus próprios termos e há algumas gemas que merecem ser devidamente exploradas, assim como esta obra de Prokofiev.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sinfonia Concertante em mi menor para violoncelo e orquestra, Op. 125

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Andante con moto

Sonata em dó maior para violoncelo e piano, Op. 119

  1. Andante grave – Moderato animato – Andante grave, come prima – Allegro animato
  2. Moderato – Andante dolce – Moderato primo
  3. Allegro, ma non troppo – Andantino – Allegro, ma non troppo

Han-Na Chang, violoncelo

London Symphony Orchestra

Antonio Pappano, direção e piano

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MP3 | 320 KBPS | 156 MB

Chang and Pappano offer a fiercely communicative Symphony-Concerto and an equally distinctive, though more conventionally ruminative account of the Sonata. […] The cellist is placed closer than would be the case in live concert, but such technically invulnerable playing can take it.
Han-Na Chang’s disc is quite superb. [The Gramophone Classical Music Guide 2010]

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Concerto em mi menor para violoncelo e orquestra, Op. 58

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Tema: Allegro – Interludio: L’istesso tempo – Variations 1-3 – Cadenza – Interludio II – Variation 4 – Reminiscenza – Coda

Sinfonia Concertante em mi menor, para violoncelo e orquestra, Op. 125

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Andante con moto

Alban Gerhardt, violoncelo

Bergen Philharmonic Orchestra

Andrew Litton, direção

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Whatever conclusions one draws from a direct comparison between the two works, there is little doubt that Alban Gerhardt is equally committed to both. [BBC Music Magazine 2009]

Matching menace with intense lyricism, these performances of two closely related works are compelling. Alban Gerhardt…can convey the lyrical lines mellifluously and also whet his cutting edge when the composer is at his most acerbic. [The Daily Telegraph 2009]

Cellista que cuida de seu pet tem postagem garantida aqui no PQP Bach!

Postagem original do PQP Bach:

Serguei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 / Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119

Nelson Freire – Ao Vivo

Em homenagem ao grande Nelson Freire (1944 – 2021), vamos trazer hoje gravações que vocês não encontram nos serviços de streaming nem na livraria digital com nome de floresta. Quem sabe faz ao vivo e no caso de Nelson o que ele sabia muito bem, entre outras coisas, era a arte dos recitais variados, com uma associação livre de ideias em que um impromptu (improviso) de Chopin é seguido de algumas mazurkas ou dois estudos do polonês, depois vem um Debussy, um Villa-Lobos, um Albéniz…

Há pianistas que fazem, às vezes ou sempre, recitais com temas bem definidos: três ou quatro grandes sonatas de Beethoven, como fazem Pollini e Levit. Ou só prelúdios e fugas de Bach do início ao fim, como fazem Hewitt e Schiff. Richter fez recitais especializados em Bach (1969), em Beethoven (1960, 1991) em Scriabin (1972), em Prokofiev (1960), em Chopin (1976) e alguns com o longo ciclo de quadros de Mussorgsky. Não é entre esses recitais cerebrais, estimulantes como um longo romance russo, que se enquadravam os de Nelson. Seus grandes ídolos, que ele sempre mencionava com saudades, eram Novaes e Horowitz e outros dessa turma, mestres das miniaturas pianísticas e dos programas que contrastavam Mozart com Scriabin, Chopin com Debussy, Scarlatti com Schumann. Por isso a Folha de SP acertou na mosca ao publicar, recentemente, uma manchete sensível e respeitosa: “Nelson Freire foi o elo entre a era de ouro do piano e o terceiro milênio”.

Nem sempre ele estava tocando obras tão curtinhas: a longa Fantasia de Schumann esteve no seu repertório desde jovem até os últimos anos e, como vocês sabem, sua gravação dos Concertos de Brahms com Chailly/Leipzig foi elogiada por várias revistas e indicada para o Grammy. Mas aqui em casa a medalha de ouro vai para o cuidado de Nelson ao preparar e executar essas charmosas peças curtas.

Em 2014, Nelson dizia que estava sempre mudando os programas dos recitais. “Sempre evito me comprometer com as coisas com um ano de antecedência. Às vezes eu mudo tanto os programas que, quando chego, tenho a impressão de que todo o mundo vai ficar com raiva. Gosto de decidir na hora”. E pra decidir na hora, nada melhor do que o(s) bis(es). Nos últimos vinte anos, Nelson tinha uma peça sempre à manga para o bis: o arranjo de Sgambati (1841 – 1914) para uma melodia da ópera Orfeu (1762), de Gluck. Permitindo ao pianista mostrar a delicadeza de seus timbres suaves, esse era o bis padrão da maioria das noites. Mas a depender do humor, outras obras apareciam de surpresa, muitas vezes de compositores pouco conhecidos, como o catalão Mompou (1893 – 1987) ou o polonês Paderewski (1860 – 1941). Também podiam aparecer pesos-pesados como Debussy ou Bach, na transcrição da pianista Myra Hess (1890 – 1965) da cantata “Jesus, alegria dos homens”.

Em um prefácio de sua edição (1898) de transcrições dos Prelúdios Corais de Bach, obras originalmente compostas para órgão, o pianista italiano F. Busoni escreveu que seus arranjos eram em “estilo música de câmara”. É bom lembrar que o órgão para o qual Bach escrevia tinha pedais, de forma que as composições têm três vozes: as duas mãos e os pés. Daí as Triosonatas para órgão, por exemplo. Isso tudo pra dizer que o interessante ao ouvir essas transcrições de Bach-Busoni e Bach-Hess ao vivo é acompanhar os malabarismos de Nelson pra tocar três vozes com duas mãos. É um pequeno desafio tocar todas as notas e um grande desafio fazer soar as três vozes de forma separada e musical.

Em seus últimos anos, Nelson Freire foi aclamado em Londres, em São Petersburgo, no Brasil, é claro, mas talvez o lugar onde mais tenha tocado em sua maturidade tenha sido Paris, onde ele passava parte do ano em uma casa de frente para a de sua amiga Martha Argerich.  Ao contrário do  Presidente do Brasil, o da França soltou uma nota homenageando, poucos dias após a morte, “o excepcional intérprete de Debussy que tantas vezes honrou o nosso país com a sua presença”.

Nelson Freire – Encores 2 – Live
Schumann: Arabeske in C major, op. 18
Chopin: Impromptu no. 2 in F-sharp major, op. 36
Mazurka op. 17 No.4 in A minor
Mazurka op. 33 No.4 in B minor
Mazurka op. 41 No.1 in C# minor
Étude op. 10 no. 3 “Tristesse”
Étude op. 10 no. 12 “Revolutionary”
Bach-Busoni: Ich ruf zu Dir, Herr Jesu Christ, BWV 639
Komm, Gott Schöpfer, heiliger Geist, BWV 667
Bach-Hess: Jesu, Joy of Man’s Desiring, BWV 147
Debussy: La plus que lente
Prokofiev: 10 Visions Fugitives
Debussy: Poissons d’or (bis)
Mompou: Jeunes filles au jardin (bis)
Albéniz-Godowsky: Tango (bis)
Grieg: “Wedding Day at Troldhaugen” from the Lyric Pieces (bis)
Paderewski: Nocturne in B-flat major, op. 16 (bis)
Gluck-Sgambati: Mélodie d’Orphée (bis)

Nelson Freire – piano
Live recordings from: Maryland 1975, Amsterdam 2005, La Chaux-de-Fonds 2012, Paris 2018 & 2019, Brasilia 2019, Bucharest 2019.

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“Cada vez que toco Chopin, mais eu gosto dele”, dizia Nelson

E ainda temos, de brinde, Freire tocando o 3º Concerto de Bartók com o luxuoso acompanhamento da orquestra alemã da NDR de Hannover regida por Ferdinand Leitner, maestro que fez sua fama regendo óperas de Wagner e Carl Orff. Leitner também gravou, nos anos 1960, discos históricos dos concertos de Beethoven com os veteranos A. Foldes e W. Kempff. Era um maestro daqueles que sabem criar o pano de fundo para os solistas – cantores ou instrumentistas – brilharem. Os momentos de “música noturna” do Adagio Religioso soam especialmente interessantes. No diálogo entre os músicos alemães e o então jovem brasileiro, o adjetivo religioso ganha aqui um caráter meditativo que nunca chega a uma solenidade exagerada como em outras gravações.

Béla Bartók (1881-1945): Piano concerto No. 3 in E major
I. Allegretto
II. Adagio religioso – poco più mosso – tempo I
III. Allegro vivace

Nelson Freire – piano
Ferdinand Leitner – conductor
Rundfunkorchester Hannover des NDR (NDR Radiophilharmonie)
22/10/1971, Funkhaus des NDR, Hannover

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No palco em Bucareste, Romênia, 2019. Obrigado, Nelson!

Pleyel

 

Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Nos. 6, 7 e 8, Opp. 82, 83 e 84 – Steven Osborne ֎

Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Nos. 6, 7 e 8, Opp. 82, 83 e 84 – Steven Osborne ֎

PRoKoFieV

Sonatas Nos. 6, 7 e 8

Steven Osborne, piano

 

Em outubro de 2019 fiz uma postagem com música de Prokofiev – Sonatas para Violino – e na propaganda da postagem que fiz no fb, eu dizia: Música que demanda um pouco de esforço, no princípio, mas uma vez conquistada, proporciona muito prazer!

Não poderia dizer nada diferente sobre a música desta postagem. Um disco espetacular, mas que demanda ser conquistado.

Steven Osborne

Não é por nada que o pianista é o mesmo da mencionada postagem, o selo do disco, a inglesa Hyperion, assim como o compositor – Prokofiev, o homem que não ganhou flores em seu funeral.

No disco, uma série de três sonatas para piano com uma sequência de numeração, 6, 7 e 8, assim como na publicação, Opp. 82, 83 e 84, evidência de como as três fazem parte de um grupo. Elas foram compostas durante a guerra, entre 1939 e 1944. Prokofiev trabalhou na composição das três simultaneamente, assim como em outras obras, como a ópera Guerra e Paz e o balé Romeu e Julieta. Em alguns momentos, especialmente nos movimentos lentos, nas sonatas, pode-se perceber ecos das danças usadas no balé. Ouça, por exemplo, o segundo movimento da Sexta Sonata.

Nas sonatas ouvimos as diferentes expressões da música para piano de Prokofiev. Dos ritmos percussivos aos momentos mais tranquilos. Um caminho recheado de armadilhas para os pianistas: martelar ou amarelar?

É por isso que a gravação é importante e a Hyperion mantem seus altíssimos padrões: produção primorosa, incluindo os detalhes. A capa do disco é um exemplo disso. A escolha da imagem nos coloca em imediata sintonia com a música – bela, moderna e ligeiramente alarmante. A arte de Marianne von Werefkin pode gerar uma certa inquietação, à la Edvard Munch, mas é também marcante, inesquecível.

Aqui está a proposta: ouça o disco uma duas, três vezes, e depois responda: valeu a pena?

Serge Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para Piano No. 6 em lá maior, Op. 82

  1. Allegro moderato – Poco più mosso – Allegro moderato, come I
  2. Allegretto
  3. Tempo di valzer lentissimo
  4. Vivace – Andante – Vivace

Sonata para Piano No. 7 em si bemol maior, Op. 83

  1. Allegro inquieto – Andantino – Allegro inquieto, come I
  2. Andante caloroso – Poco più animato – Tempo
  3. Precipitato

Sonata para Piano No. 8 em si bemol maior, Op. 84

  1. Andante dolce – Allegro moderato – Andante dolce, come I – Allegro
  2. Andante sognando
  3. Vivace – Allegro ben marcato – Andantino – Vivace, come I

Steven Osborne, piano

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MP3 | 320 KBPS | 182 MB

Steven e o piano da biblioteca do PQP Bach Cultural Center de Volta Redonda

Nas notas do disco, Steven agradece a ajuda de sua fisioterapeuta, Bronwen Ackermann, que o ajudou a realizar o disco: From first electrifying note-punch to last, with so much poetry and poignancy in between, this is a tour de force of pianism highlighting what seems more than ever like the great sonata sequence of the 20th century.

Hyperion’s sound never flinches from Osborne’s colossal bass in climaxes. Is it any wonder he dedicates the disc to ‘Bronwen Ackermann, physio extraordinaire’? Whatever the fallout, he must know that it was worth it: this is legendary stuff.  BBC Music Magazine

[…] Osborne is at his best in Sonata No 8 … no pianist in my experience has matched Osborne’s finale for acuity of touch, pinpoint transparency and airborne suppleness. The music dances off the page, tickles the ear, engages the mind and, for once, sounds far shorter than its nine-minute duration. […] Gramophone

 

 

 

 

 

Não deixe de visitar as postagens a seguir, caso tenha gostado desta…

Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Nos. 3, 7 & 8 – Andrei Gavrilov

Serge Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Violino – Alina Ibragimova & Steven Osborne

S. Prokofiev (1891-1953): Romeu e Julieta – Sonata para Piano No. 2 – Elena Kuschnerova, piano

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev – Scriabin Kapustin

Sonatas para Piano

Vanessa Benelli Mosell

Vincenzo Maltempo

Sun Hee You

 

É o que tem para hoje! Esta frase costuma ser usada em situações desconfortáveis. Você queria aquele prato tão elogiado pelos amigos ao chegar no restaurante que demorou tanto para conseguir ir e ouve isto do maitre, oferecendo o guisadinho do dia e que você costuma comer em casa…

O disco desta postagem poderia vir acompanhado desta frase – é o que eu tenho para hoje! – mas, não desista da felicidade tão facilmente. Surpresas agradáveis também ocorrem.

O selo – Brilliant – vocês já conhecem e oferece gravações feitas em outras companhias, mas também produz seus próprios discos. Tem a característica de editar integrais, como a das Sonatas para Piano de Mozart, com a Klara Würtz, postada aqui nas nossas páginas. Alô, Bernardo, a Uchida é ótima, mas a Klara oferece uma outra opção que vale a pena ser ouvida.

Pois o selo arranjou uma série de discos com o tema Sonatas para Piano do Século 20, tomando peças de seu enorme acervo. Eu que adoro me aventurar por essas iniciativas um pouco afastadas do mainstream, decidi ouvir um ou outro disco da série.

Mas, a história do disco começa mesmo aqui. Ele estava na playlist de meu telefone, de onde ouço música quando vou caminhar. Pois que na minha última caminhada acabei me demorando um pouco mais e o disco entrou no circuito. Como as sonatas de Prokofiev e Scriabin são mais manjadas, decidi ir logo para a sonata do Kapustin, nome que minha embotada mente quase tomou por Rasputin. Som no headphone e Asics no pé, meio quarteirão depois achei que estava ouvindo um disco de jazz. Logo achei (teorias conspiratórias abundam) que o telefone havia se revoltado com as músicas de sempre e havia me pregado uma peça. Mas não, certifiquei-me no próximo poste, lá estava, Kapustin, Sonata para Piano, interpretada por Sun Hee You. E eu nem sabia o primeiro nome do camarada e nunca houvera falar da ou do pianista. Gostei muito e, como você já sabe, se gostei, acabo postando.

Nikolai! O nome dele é Nikolai Girshevich Kapustin, soube pelo Google assim que cheguei em casa. Nikolai, uma pena, morreu ano passado aos 83 anos. Como você deve ter adivinhado, era russo e teve perfeita formação musical. Graduou-se como pianista tocando o Concerto para Piano No. 2, de Prokofiev. Não é para fracos…

Quando descobriu o jazz recebeu apoio de seu professor, Avrelian Rubakh, e sua música incorporou muitos elementos jazzísticos. Mas ele sempre se considerou um músico no sentido clássico, mesmo atuando como pianista em orquestras russas de jazz. Pelo que entendi, ele afirmava que o que caracteriza o músico de jazz é a improvisação, enquanto toda a sua música era completamente estabelecida previamente, nas partituras, mesmo quando soavam improvisadas. Seja lá como for, o importante é se você gosta ou não. E eu gostei bastante.

Assim, vamos ficando por aqui e deixando o convite para que você também explore mais a música de Kapustin, coisa que eu já tenho feito. Espero em breve trazer mais um e outro disco com músicas dele. Ah, ia esquecendo, a Sun Hee You é uma linda jovem pianista coreana e você poderá saber mais alguma coisa dela visitando a sua página clicando aqui.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para Piano No. 7 em si bemol maior, Op. 82

  1. Allegro inquieto
  2. Andante caloroso
  3. Precipitato

Vanessa Benelli Mosell, piano

Alexander Scriabin (1872 – 1917)

Sonata para Piano No. 5, Op. 53

  1. Sonata

Vincenzo Maltempo, piano

Nikolai Kapustin (1937 – 2020)

Sonata para Piano No. 1, Op. 39 – Sonata-Fantasia

  1. Vivace
  2. Largo
  3. Scherzo
  4. Allegro molto

Sun Hee You, piano

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Vanessa Benelli Mosell
Vincenzo Maltempo

 

 

 

 

 

Sun Hee You

Depois de escrever o texto da postagem, fui verificar no vault do PQP Bach o que havia de Kapustin e a única referência está nesta postagem aqui do Blue Dog, cujos links muito provavelmente estão boiando no espaço digital sideral. No entanto, o texto vale a visita.

Aproveite!
René Denon

PS: A Toccatina mencionado pelo Blue Dog não chegou ao disco da Yuja Wang, mas esteve no concerto como um dos encores.

Prokofiev (1891 – 1953): Concertos para Piano Nos. 1 & 3 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

Prokofiev (1891 – 1953): Concertos para Piano Nos. 1 & 3 – Simon Trpčeski – RLPO – Vasily Petrenko ֍

PRKFV

Concertos para Piano Nos. 1 & 3

Abertura sobre Temas Hebraicos

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

Não me canso de ouvir estes concertos para piano… São os dois entre os cinco compostos por Prokofiev que ouço com mais frequência. O juvenil e impetuoso Concerto No. 1 é conciso e brilhante, como se esperava de um autoconfiante estudante que buscava se firmar como compositor e pianista. O outro concerto, o Terceiro, é mais espetacular ainda. Se bem que não é necessário fazer comparações…

Simon Trpčeski

Essas maravilhosas peças andaram em minha vitrola no disco que o FDP Bach repostou dia destes, na interpretação do ótimo Horácio Gutiérrez e como nada é por acaso, pouco depois me dei com este disco. O pianista macedônio Simon Trpčeski nos oferece uma excelente interpretação. Veja o que nos diz uma crítica que apareceu no The Guardian: ‘Nas mãos de ST, os dois concertos de Prokofiev no disco estão maravilhosamente apresentados – articulação impetuosa, ritmos atrevidos, uma habilidade de contornar as curvas com uma arrogância a um só tempo ágil e robusta’.

Vasily Petrenko

A Royal Liverpol Philharmonic Orchestra sob a regência de Vasily Petrenko está em ótima forma, inclusive na faixa entre os dois concertos, a bem-humorada Abertura sobre Temas Hebraicos.

Realmente, a tríplice aliança Trpčeski / RLPO / Petrenko tem colocado ótimos discos no mercado e, assim que obtivermos sinal verde da direção para postar Rachmaninov no blog, além de Prokofiev, voltaremos à carga…

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Concerto para Piano No. 1 em ré bemol maior, Op. 10

  1. Allegro brioso – Andante assai – Allegro scherzando

Abertura sobre Temas Hebraicos, Op. 34 bis

  1. Abertura

Concerto para Piano No. 3 em dó maior, Op. 26

  1. Andante – Allegro
  2. Tema e Variações: Andantino
  3. Allegro ma non troppo

Simon Trpčeski, piano

Royal Liverpol Philharmonic Orchestra

Vasily Petrenko

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Simon, Vasily e a RLP

Momento ‘The Book is on The Table’: The performances by Trpčeski and the Royal Liverpool Philharmonic Orchestra under Vasily Petrenko are very strong, capturing the exuberance of the Piano Concerto No. 1 and delivering a crowd-pleasing, sparkling Third with no hint of the mordant quality many attach to the work. The Overture on Hebrew Themes, Op. 34bis, is a fine, little-known entr-acte. A crowd-pleasing Prokofiev release.

Aproveite!

René Denon

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Oitava Década (2011-2020) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Oitava Década (2011-2020) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Se a década pré-pandêmica de nossa Rainha consolidou práticas das anteriores – raras gravações em estúdio, pouquíssimas aparições solo, prolífico camerismo e generoso incentivo a jovens talentos -, os anos 10 também a viram explorar repertório novo e desempenhar papéis inéditos, alguns ligados a suas raízes bonaerenses, tais como tangueira e Luthier, e outros ainda mais insuspeitos, como acompanhista em Lieder e em cancioneiro iídiche. Notem que essa discografia argerichiana que ora concluímos, e que supomos tão completa quanto a pudemos deixar, não inclui a importante coleção de registros de Marthinha no Festival de Lugano, que nosso colega FDP Bach está a nos trazer aos poucos.


Exceto por uma já tradicional vinda a Buenos Aires na metade do ano, quando dá a seus conterrâneos o privilegiado ar de sua graça, Martha não é lá muito afeita a explorar seu continente. Uma exceção notável foi a turnê por várias capitais do Brasil em 2004, certamente instigada pelo amado amigo Nelson Freire, com quem tocou em duo e autografou um LP do patrão PQP e um CD meu lá em nossa Dogville natal. Outra foi essa breve residência na província de Santa Fe, para a qual foi persuadida por outro amigo, Daniel Rivera, um pianista nascido em Rosario e radicado na Itália há muitas décadas. Cada disco registra a íntegra de uma das noites de Martha no festival, o que explica a repetição de algumas peças. Destaco a interpretação de Scaramouche, cujo movimento Brazileira cita (e, para muitos, plagia) Ernesto Nazareth, marcando, ainda que tangencialmente, uma das muito poucas vezes que a música brasileira passou pelos dedos de nossa deusa (outra delas está aqui). Digna de nota, também, é a substancial participação no repertório de compositores argentinos contemporâneos, especialmente na última noite, na qual a Rainha fez parte dum mui hábil conjunto de tango que incluiu sua primogênita, Lyda, a tocar viola.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381
1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Variações sobre um tema de Joseph Haydn, para dois pianos, Op. 56b
4 – Thema: Andante
5 – Poco più animato
6 – Più vivace
7 – Con moto
8 – Andante con moto
9 – Vivace
10 – Vivace
11 – Grazioso
12 – Presto non troppo
13 – Finale: Andante

Franz LISZT (1811-1886)
Les Préludes, poema sinfônico, S. 97
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
14 – Andante maestoso

Daniel Rivera, piano II

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

1 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto

Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17
2 – Introduction
3 – Valse
4 – Romance
5 – Tarantella

Darius MILHAUD (1892-1974)
Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b
6 – Vif
7 – Modéré
8 – Brazileira

Luis Enríquez BACALOV (1933-2017)
9 – Astoreando, para dois pianos

Daniel Rivera, piano II

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Johannes BRAHMS
1-8 – Variações sobre um tema de Joseph Haydn, para dois pianos, Op. 56b

Sergei RACHMANINOFF
9-12 – Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17

Franz LISZT
13 – Les Préludes, poema sinfônico, S. 97
Transcrição para dois pianos do próprio compositor

Johannes BRAHMS (1833-1897)
De Souvenir de Russie, para piano a quatro mãos, Anh. 4/6:
14 – No. 3: Romance de Warlamoff. Con moto (vídeo)

Daniel Rivera, piano II

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Luis BACALOV
1 – “Astoreando”, para dois pianos

Ástor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
2 – “Milonga Del Angel”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón

Aníbal Carmelo TROILO (1914-1975)
3 – “Sur” y “La Última Curda”, para bandoneón

Néstor Eude MARCONI (1942)
e Daniel MARCONI
(1970)
4 – “Gris Se Ausencia” y “Robustango”, para bandoneón

Ástor PIAZZOLLA
5 – “Oblivión” del “Concierto Aconcagua” – “Tema de María” – “Verano Porteño” – Cadencia del “Concierto Aconcagua”-  “La Muerte del Angel” – “Lo Que Vendrá” – “Decarísimo”, para bandoneón

Néstor MARCONI
6 – “Para El Recorrido”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón
7 – “Moda Tango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón

Ástor PIAZZOLLA
8 – “Libertango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneó
9 – “Tres Minutos Con La Realidad”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón

Néstor Marconi, bandoneón (faixas 3-9)
Enrique Fagone, contrabaixo (faixas 6-9)
Daniel Rivera, piano (faixas 1, 2 e 9)
Gabriele Baldocci, piano (faixa 6)
Martha Argerich (faixas 1, 2, 7-9)
Lyda Chen, viola (faixas 2, 6-9)

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Gravado ao vivo em Rosario, Argentina, entre 19 e 25 de outubro de 2012


Se Martha também é María, e Argerich pela família catalã do pai, ela também é Heller por sua mãe Juanita, filha de judeus russos estabelecidos na província de Entre Ríos. E, se não lhes posso afirmar que o iídiche fez parte de sua infância, não tenho muitas dúvidas de que ele ajudou a aproximá-la de Ver bin Ikh! (“Quem sou eu!”), projeto da atriz e cantora Myriam Fuks. Nascida em Tel Aviv e radicada em Bruxelas, Myriam aqui resgata, com sua profunda voz de contralto, diversas canções judaicas centro-europeias, acompanhada dum prodigioso conjunto de amigos, que inclui o demoníaco Roby Lakatos, Mischa e Lily Maisky, o brilhante Evgeny Kissin (que desenvolve uma belíssima carreira paralela na composição e declamação de poemas em iídiche) e, claro, nossa Rainha, a quem cabe a honra de encerrar o álbum com a parte de piano de Der Rebe Menachem (“O Rabino Menahem”).

VER BIN IKH! – MYRIAM FUKS

1 – Vi Ahin Zol Ikh Geyn (S. Korn-Teuer [Igor S. Korntayer]/O. Strokh)
Evgeny Kissin, piano

02 – Far Dir Mayne Tayer Hanele/Klezmer Csardas de “Klezmer Karma” (R. Lakatos/M. Fuks)
Alissa Margulis, violino
Nathan Braude, viola
Polina Leschenko, piano

3 – Malkele, Schloimele (J. Rumshinsky)
Sarina Cohn, voz
Philip Catherine, guitarra
Oscar Németh, baixo

4 – Deim Fidele (B. Witler)
Lola Fuks, voz
Michael Guttman, violino

5 – Yetz Darf Men Leiben (B. Witler)
Paul Ambach, voz

6 – Greene Bletter (M. Oiysher)
Roby Lakatos, violino

7 – Die Saposhkeler’ (D. Meyerowitz)

8 – Pintele Yid (L. Gilrot/A. Perlmutter-H. Wohl)
Zahava Seewald, voz

9 – ls In Einem Is Nicht Dou Ba Keiner (B. Witler)

10 – Dous Gezang Fin Mayne Hartz (B. Witler)
Myriam Lakatos, voz

11 – Schlemazel (B. Witler)
Édouard Baer, voz

12 – Nem Der Nisht Tsim Hartz (B. Witler)

13 – Hit Oup Dous Bisele Koyer’ (B. Witler)
Michel Jonasz, voz

14 – Schmiele (G. Ulmer)
Mona Miodezky, voz
Roby Lakatos, violino

15 – Ziben Gite Youren (D. Meyerowitz)

16 – Bublitchki (Beygeleich) (Tradicional)
Alexander Gurning, piano

17 – Ver Bin Ikh? (B. Witler)
Mischa Maisky, violoncelo
Lily Maisky, piano

18 – Der Rebe Menachem (A. Gurning/M. Fuks-M. Rubinstein)
Martha Argerich, piano

Myriam Fuks, voz
Aldo Granato, acordeão
Klaudia Balógh, violino
Lászlo Balógh, guitarra
Christel Borghlevens, clarinete
Oscar Németh, contrabaixo

Gravado em Bruxelas, Bélgica, maio de 2014

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Martha sempre teve o costume de acolher, tanto em sua vida pessoal quanto sob as suas protetoras asas artísticas, artistas mais jovens, e um seu modus operandi bem típico nas últimas décadas tem sido o das participações, por óbvio muito especiais, em álbuns de colegas que admira. O pianista russo-alemão Jura Margulis teve o privilégio de ter a Rainha a seu lado para encerrar este volume de suas próprias transcrições para piano, tocando a dois pianos a Noite no Monte Calvo, de Mussorgsky. Eu, que adoro Modest quase tanto quanto amo Marthinha, não só fiquei entusiasmado ao finalmente ouvi-la tocar uma de suas obras, como também passei a sonhar com o dia em que a escutaria a tocar os Quadros de uma Exposição, que certamente ficariam supimpas sob suas mãos. Pode parecer um pedido exagerado a quem já tem oitenta anos e um tremendo repertório, mas não perdi minhas esperanças; muito pelo contrário, eu as vi renovadas quando Martha, em 2020, aprendeu e tocou as partes de piano da maravilhosa Der Hirt auf dem Felsen de Schubert e, para minha maior alegria, de duas das Canções e Danças da Morte de Mussorgsky. Sonhar, enfim, nada custa – ainda.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Matthäus-Passion, BWV 244
1 – Wir setzen uns mit Tränen nieder

Wolfgang Amadeus MOZART
Do Requiem em Ré menor, K. 626
2 – Confutatis maledictis
3 – Lacrimosa

Giacomo PUCCINI (1858-1924)
4 – Crisantemi, SC 65

Franz LISZT
5 – Mephisto-Walzer

Robert SCHUMANN
De Dichterliebe, Op. 48:
6 – No. 4: Wenn ich in deine Augen seh’

Dmitri SHOSTAKOVICH
Da Sinfonia no. 8 em Dó menor, Op. 65
7 – Toccata
8 – Passacaglia

Sayat NOVA (1712-1795)
Transcrição de Arno Babadjanian (1921-1983)
9 – Melodie – Elegie

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)
10 – Noch′ na lysoy gore (“Noite no Monte Calvo”), para dois pianos

Jura Margulis, piano (1-10) e transcrições (exceto faixa 9)
Martha Argerich, piano II (faixa 10)

“Noite no Monte Calvo” gravada em Lugano, Suíça, junho de 2014

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Uma overdose de genialidade portenha, e praticamente um esculacho de Buenos Aires para com cidades menos dotadas de talentos (i.e., quase todas as outras), foi aquela noite de agosto de 2014 em que Les Luthiers encontraram Daniel Barenboim e Martha Argerich no sacrossanto palco do Teatro Colón. Depois da habitual dose de obras do imerecidamente obscuro Johann Sebastian Mastropiero, o genial quinteto juntou-se a Barenboim para narrar A História do Soldado de Stravinsky, e os seis se somariam a Martha para o Carnaval dos Animais de Saint-Saëns. Nem o vídeo, nem o áudio do memorável encontro foram lançados comercialmente – o que nos obriga a nos contentarmos com o ensaio geral, feito na manhã do concerto, com a plateia repleta de fãs que não tinham conseguido ingressos para a noite:


Martha e Daniel voltariam a se encontrar no Colón no ano seguinte, sem Les Luthiers, para um programa de formato mais familiar a eles. À rara audição dos estudos canônicos de Schumann no arranjo improvável de Debussy, eles fizeram seguir uma obra do próprio Claude-Achille e a irresistível sonata com percussão de Bartók: repertório incomum e – em que pese a ausência de J. S. Mastropiero – nada menos que tremendo.

Robert SCHUMANN

Seis estudos em forma canônica, para piano, Op. 56
Transcrição para dois pianos de Claude Debussy (1862-1918)
1 -Nicht zu schnell
2 – Mit innigem Ausdruck
3 – Andantino
4 – Innig
5 – Nicht zu schnell
6 -Adagio

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
En Blanc et Noir, suíte para dois pianos, L. 134
7 – Avec Emportement (À Mon Ami A. Koussevitzky)
8 – Lent. Sombre (Au Lieutenant Jacques Charlot Tué a l’ennemi en 1915, le 3 Mars)
9 – Scherzando (À Mon Ami Igor Stravinsky)

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para dois pianos e percussão, Sz. 110
10 – Assai lento – Allegro molto
11 – Lento, ma non troppo
12 – Allegro non troppo

Daniel Barenboim, piano II
Lev Loftus e Pedro Manuel Torrejón González, percussão (faixas 10-12)

Gravado ao vivo em Buenos Aires, Argentina, agosto de 2015

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Dezoito anos depois de sua primeira gravação juntos, Martha e Itzhak Perlman reecontraram-se em Paris para novas sessões em estúdio – as primeiras de Martha na década para o repertório de concerto. Às Fantasiestücke de Schumann e a sonata no. 4 de Bach, eles somaram a fatia brahmsiana da sonata F-A-E, completando o álbum com uma sonata de Schumann gravada em 1998 e ainda mantida inédita por falta de pareamento.

“Trabalhar com Martha”, disse Itzhak, “foi uma experiência única para mim… seu brilho e as cores que ela usa quando toca são reconhecíveis tão longo você as escuta – é ela, ninguém mais soa assim… Estou muito feliz com que pudemos de fato gravar novamente… quando surgiu a possibilidade de que ela tivesse um punhado de dias livres para gravar eu disse ‘eu irei a qualquer lugar!!!'”. A julgar pela cumplicidade com que tocaram e pelo olhar curioso de Martha para o bonachão Itzhak na capa do álbum, tenho certeza de que a viagem valeu a pena.

Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Fantasiestücke, para violino e piano, Op. 73
4 – Zart und mit Ausdruck
5 – Lebhaft, leicht
6 – Rasch und mit Feuer

Johannes BRAHMS
Scherzo para violino e piano, WoO 2 (da sonata “F-A-E”, composta em colaboração com Robert Schumann e Albert Dietrich)
7 – Allegro

Johann Sebastian BACH
Sonata para violino e teclado no. 4 em Dó menor, BWV 1017
8 – Siciliano. Largo
9 – Allegro
10 – Adagio
11 – Allegro

Itzhak Perlman, violino

Gravado em Saratoga, Estados Unidos, julho de 1998 (1-3) e Paris, França, março de 2016 (4-11)

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Ainda que a gravação anterior de Martha para o Carnaval dos Animais – aquela com Gidon Kremer – seja mais famosa, eu prefiro essa, com Antonio Pappano no duplo papel de pianista e regente e Annie, filha de Martha com Charles Dutoit, a narrar. Se aquela com Les Luthiers é melhor que essa, jamais saberemos enquanto os detentores da preciosa gravação no Colón não a trouxerem a público. O que sabemos é que Johann Sebastian Mastropiero é um compositor muitíssimo superior a Saint-Saëns e que, por isso, nossa Rainha deveria tocá-lo mais. Fica a dica, Marthinha.

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)

Sinfonia no. 3 em Dó menor, Op. 78, “com Órgão”
1 – Adagio – Allegro moderato
2 – Poco Adagio
3 – Allegro moderato – Presto
4 – Maestoso – Allegro

Daniele Rossi, órgão

Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique
5 – Introduction et Marche Royale du Lion
6 – Poules et Coqs
7 – Hémiones
8 – Tortues
9 – L’Éléphant
10 – Kangourous
11 – Aquarium
12 – Personnages à Longues Oreilles
13 – Le Coucou au Fond des Bois
14 – Volière
15 – Pianistes
16 – Fossiles
17 – Le Cygne
18 – Finale

Annie Dutoit, narração
Gabriele Geminiani, violoncelo
Libero Lanzilotta, contrabaixo
Antonio Pappano, piano II e regência

Gravado em Roma, Itália, novembro de 2016

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Enquanto se desligava aos poucos do festival centrado sobre si em Lugano, Martha passou a visitar Hamburgo com cada vez mais frequência, até ver um novo festival em torno de si, realizado no mês de junho na soberba Laeiszhalle daquela cidade em que mais chove em toda Alemanha. Este Rendez-vous with Martha Argerich é o tributo fonográfico do impressionante programa do festival em 2018, reunindo um elenco cheio de figuras estelares da galáxia da Rainha – incluindo algumas literalmente familiares, como suas filhas Lyda e Annie e o ex-companheiro Kovacevich. Gosto de todos os discos, repletos que são do elã característico de Marthinha, mesmo quando ela não está de fato a tocar. Meu xodó, no entanto, é o último, com um delicioso Carnaval dos Animais narrado por Annie e uma não menos saborosa seleção de repertório ibérico e latino-americano que se encerra com uma versão tanguera de Eine kleine Nachtmusik que certamente faria Amadeus gargalhar em dois por quatro.

Claude DEBUSSY
De Nocturnes, L. 91
1 – Fêtes (arranjo para dois pianos de Maurice Ravel)

Anton Gerzenberg, piano II

Sonata em Sol menor para violino e piano, L. 140
2 – Allegro vivo
3 – Intermède. Fantasque et léger
4 – Finale. Très animé

Géza Hosszu-Legocky, violino
Evgeni Bozhanov, piano

5 – Prélude à l’après-midi d’un faune, L. 86
(arranjo para dois pianos do próprio compositor)

Stephen Kovacevich, piano I

Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, L. 135
6 – Prologue: Lent, sostenuto e molto risoluto
7 – Sérénade: Modérément animé
8 – Finale: Animé, léger et nerveux

Mischa Maisky, violoncelo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
9 – La Valse, poème choreographique (arranjo para dois pianos do próprio compositor)

Nicholas Angelich, piano II

Sonata em Ré menor para violino e violoncelo, M. 73
10 – Allegro
11 – Très vif
12 – Lent
13 – Vif, avec entrain

Alexandra Conunova, violino
Edgar Moreau, violoncelo

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace

Evgeni Bozhanov e Akane Sakai, pianos

5 – Abertura sobre temas hebraicos, para piano, clarinete, dois violinos, viola e violoncelo, Op. 34

Pablo Barragán, clarinete
Akiko Suwanai e Alexandra Conunova, violinos
Lyda Chen, viola
Edgar Moreau, violoncelo

Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
6 – Introduction: Andante dolce
7 – Querelle: Allegretto
8 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
9 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
10 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso

Akane Sakai e Alexander Mogilevsky, pianos

11 – Gavotte: Allegretto
12 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
13 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
14 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante

Evgeni Bozhanov e Kasparas Uinskas, pianos

Sonata em Dó maior para dois violinos, Op. 56
15 – Andante cantabile
16 – Allegro
17 – Commodo (quasi allegretto)
18 – Allegro con brio

Tedi Papavrami e Akiko Suwanai, violinos

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio

Sergei Nakariakov, trompete
Symphoniker Hamburg

Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Mi menor, Op. 67
5 – Andante – Moderato – Poco più mosso
6 – Allegro con brio
7 – Largo
8 – Allegretto – Adagio

Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein
, violoncelo

Zoltán KODÁLY (1882-1967)
Duo para violino e violoncelo, Op. 7
9 – Allegro serioso, non troppo
10 – Adagio – Andante
11 – Maestoso e largamente, ma non troppo lento – Presto

Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein, violoncelo

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Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)

Trio para violino, violoncelo e piano no. 1 em Ré menor, Op. 49 (transcrição para flauta, violoncelo e piano)
1 – Molto allegro ed agitato
2 – Andante con moto tranquillo
3 – Scherzo
4 – Finale

Susanne Barner, flauta
Gabriele Geminiani, violoncelo

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto em Dó maior para violino, violoncelo e piano, Op. 56
5 – Allegro
6 – Largo – attacca:
7 – Rondo alla polacca

Tedi Papavrami, violino
Mischa Maisky, violoncelo
Symphoniker Hamburg
Ion Marin, regência

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Robert SCHUMANN
Fantasiestücke
para violoncelo e piano, Op. 73
1 – Zart und mit Ausdruck
2 – Lebhaft, leicht
3 – Rasch und mit Feuer

Mischa Maisky, violoncelo

04-23 – Dichterliebe, ciclo de canções sobre textos do Lyrisches Intermezzo de Das Buch der Lieder de Heinrich Heine, Op. 48 (edição original de 1840)

Thomas Hampson, barítono

 

Johannes BRAHMS
Sonata para piano e violino no. 2 em Lá maior, Op. 100
1 – Allegro amabile
2 – Andante tranquillo — Vivace — Andante — Vivace di più — Andante — Vivace
3 – Allegretto grazioso (quasi andante)

Akiko Suwanai, violino
Nicholas Angelich, piano

Sergey RACHMANINOV
Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 19
4 – Lento. Allegro moderato
5 – Allegro scherzando
6 – Andante
7 – Allegro mosso

Jing Zhao, violoncelo
Lilya Zilberstein, piano

Camille SAINT-SAËNS
1-30 – Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique

Annie Dutoit
, narração
Jing Zhao, violoncelo
Lilya Zilberstein e Martha Argerich, pianos
Symphoniker Hamburg
Ion Marin, regência

Ernesto Sixto de la Asunción LECUONA Casado (1895-1963)
Quatro danças cubanas, para piano
31 – A la antigua
32 – Al fin te ví
33 – No hables más!
34 – En tres por cuatro

Três danças afro-cubanas, para piano
35 – La Conga de Medianoche
36 – La Comparsa
37 – Danza de los Ñañigos

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Arranjo de Mauricio Vallina (1970)
Da Suíte España, Op. 165
38 – No. 2: Tango

Ángel Gregorio VILLOLDO Arroyo (1861- 1919)
Arranjo de Lea Petra
39 –
El Choclo

Mauricio Vallina, piano

Eduardo Oscar ROVIRA (1925- 1980)
40 – A Evaristo Carriego

Ástor PIAZZOLLA
41 – Triunfal
42 – Adiós Nonino

Wolfgang Amadeus MOZART
43 – Musiquita Noturna (arranjo do Allegro da Eine Kleine Nachtmusik, K. 525)

Jing Zhao, violoncelo (faixa 40)
The Guttman Tango Quartet:
Michael Guttman, violino
Lysandre Denoso, bandoneón
Chloe Pfeiffer, piano
Ariel Eberstein, contrabaixo

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Gravado em Hamburgo, Alemanha, junho de 2018


Entre os protegidos de Martha Argerich, o sul-coreano Dong Hyek Lim é um dos meus favoritos: não são muitos os jovens pianistas que conseguem, na falta de melhor definição, dizer a música sem firulas egocêntricas, nem aparentar qualquer esforço, mesmo nas passagens mais cabeludas do repertório. Aqui ele doma o monstruoso Rach 2 com um som apropriadamente grande e muita precisão, para depois encarar as Danças Sinfônicas de Sergey em companhia de Sua Majestade, que lhe concede o privilégio da especialíssima participação em seu álbum: uma moral e tanto para o pibe.

Sergey RACHMANINOV
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Dó menor, Op. 18
1 – Moderato
2 – Adagio sostenuto – Più animato – Tempo I
3 -Allegro scherzando

Dong Hyek Lim, piano
BBC Symphony Orchestra
Alexander Vedernikov

Gravado em Londres, Reino Unido, setembro de 2018

Danças sinfônicas para orquestra, Op. 45
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
4 – Non allegro
5 – Andante con moto
6 – Lento assai – Allegro vivace – Lento assai. Come prima – Allegro vivace

Dong Hyek Lim, piano I

Gravado em Berlim, Alemanha, dezembro de 2018

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Mais um Rendez-vous com Martha em Hamburgo, desta vez em 2019, com resultados muito bons, ainda que tão entusiasmantes quanto os do ano anterior. Jamais escreveria isso num tom de queixume, mas a Rainha legou-nos tantas interpretações memoráveis que as revisitas aos itens de seu repertório despertam comparações com as legendárias versões anteriores, num curioso efeito colateral dos setenta anos de carreira e duma magnífica discografia. Refiro-me, principalmente, à gravação do concerto de Tchaikovsky, em que ela brilha como sempre, mas a Sinfônica de Hamburgo não tanto quanto a Royal Philharmonic sob a mesma batuta de Charles Dutoit, décadas antes. E teria havido, enfim, menos elã no notável elenco de intérpretes do que no ano anterior, ou estarei eu tão só blasé depois de tanto escutar gravações antológicas de Marthinha para lhes apresentar sua discografia integral? Só vocês me poderão dizer.

Felix MENDELSSOHN
Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Dó menor, Op. 66
1 – Allegro energico e con fuoco
2 – Andante espressivo
3 – Scherzo
4 – Finale. Allegro appassionato

Renaud Capuçon, violino
Edgar Moreau, violoncelo

Johannes BRAHMS
Sonata para violino e piano no. 1 em Sol maior, Op. 78
5 – Vivace ma non troppo
6 – Adagio
7 – Allegro molto moderato

Renaud Capuçon, violino
Nicholas Angelich, piano

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Wolfgang Amadeus MOZART
Andante e variações em Sol maior para piano a quatro mãos, K. 501
1 – Thema – Variationen I-V

Stephen Kovacevich e Martha Argerich, piano

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
2 – Adagio sostenuto — Presto
3 – Andante con variazioni
4 – Finale. Presto

Tedi Papavrami, violino

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
Fantasia em Fá menor para piano a quatro mãos, D. 940
5 – Allegro molto moderato
6 – Largo
7 – Scherzo. Allegro vivace
8 – Finale. Allegro molto moderato

Gabriela Montero e Martha Argerich, piano

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Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice – Prestissimo – Tempo I
3 – Allegro con fuoco

Symphoniker Hamburg
Charles Dutoit, regência

Igor Fyodorovich STRAVINSKY (1882-1971)
Les Noces, Cenas Coreográficas com Música e Vozes
4 – La tresse
5 – Chez le Marié
6 – Le Départ de la Mariée
7 – Le Repas de Noces

Nicholas Angelich, Gabriele Baldocci, Alexander Mogilevsky e Stepan Simonian, pianos
Europa Choir Akademie Görlitz
Charles Dutoit, regência

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Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
Sonatas (Esercizi) para teclado:
1 – K. 495 em Mi maior
2 – K. 20 em Mi maior
3 – K. 109 em Lá menor
4 – K. 128 em Si bemol menor
5 – K. 55 em Sol maior
6 – K. 32 em Ré menor
7 – K. 455 em Sol maior

Evgeni Bozhanov, piano

Johann Sebastian BACH
Concerto em Lá menor para quatro pianos e orquestra de cordas, BWV 1065
8 – Allegro
9 – Largo
10 – Allegro

Martha Argerich, Dong Hyek Lim, Sophie Pacini e Mauricio Vallina, pianos
Symphoniker Hamburg
Adrian Iliescu, regência

Robert SCHUMANN
Kinderszenen
, para piano, Op. 15
11 – Von fremden Ländern und Menschen
12 – Kuriose Geschichte
13 – Hasche-Mann
14 – Bittendes Kind
15 – Glückes genug
16 – Wichtige Begebenheit
17 – Träumerei
18 – Am Kamin
19 – Ritter vom Steckenpferd
20 – Fast zu ernst
21 – Fürchtenmachen
22 – Kind im Einschlummern
23 – Der Dichter spricht

Martha Argerich, piano

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
24 – Largo – Alla polacca

Mischa Maisky, violoncelo

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Sergey PROKOFIEV
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré maior, Op. 94a
1 – Moderato
2 – Presto
3 – Andante
4 – Allegro con brio

Tedi Papavrami, violino

Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
1 – Andante – Allegro
2 – Tema con variazioni
3 – Allegro ma non troppo

Symphoniker Hamburg
Sylvain Cambreling, regência

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Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381
1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto

Martha Argerich e Akane Sakai, piano

Claude DEBUSSY
Petite Suite, para piano a quatro mãos, L. 65
4 – En bateau
5 – Cortège
6 – Menuet
7 – Ballet

Sergei Babayan e Evgeni Bozhanov, piano

Enrique GRANADOS Campiña (1862-1916)
Transcrição para violino e piano de Fritz Kreisler (1875-1962)
Das Doze danças espanholas, Op. 37
8 – No. 5: Andaluza

Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
9 – Schön Rosmarin

Géza Hosszu-Legocky, violino
Sergei Babayan, piano

Francis Jean Marcel POULENC (1899-1963)
Sonata para dois pianos, FP 165
10 – Prologue
11 – Allegro molto
12 – Andante lyrico
13 – Epilogue

Witold Roman LUTOSŁAWSKI (1913-1994)
14 – Variações sobre um tema de Paganini, para dois pianos

Karin Lechner e Sergio Tiempo, pianos

Sergey RACHMANINOV
Das Seis peças para piano a quatro mãos, Op. 11
15 – No. 4: Valsa

Martha Argerich e Khatia Buniatishvili, piano

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Gravado em Hamburgo, Alemanha, junho de 2019


 

A gravação mais recente de Martha, já sob a égide da Covid-19, foi feita em duo com a pianista grega Theodosia Ntokou, outra de suas muito queridas protegidas. A escolha de uma transcrição da sinfonia “Pastoral” de Beethoven só não é mais curiosa do que a própria versão escolhida: em lugar da mais famosa e autoritativa, feita por Carl Czerny, aluno do próprio renano, elas escolheram o obscuro arranjo do ainda mais obscuro Selmar Bagge. A “Pastoral” foi-me uma grata surpresa, assim como lhes será a bonita leitura que Ntokou entrega da sonata “Tempestade”, depois de se despedir da Rainha. E, já que estamos a falar de despedidas, despeço-me eu aqui por terminar de oferecer-lhes, ao longo de oito capítulos e incontáveis adiamentos, a discografia completa da maior pianista de nosso tempo, num tributo aos seus oitenta anos que, concluído já no caminho de seus oitenta e dois, deseja-lhe a saúde e o fogo de sempre para oferecer ao público que tanto a ama o estupor com que ela o nutre há mais de sete décadas.

Ludwig van BEETHOVEN

Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral”
Transcrição para dois pianos de Selmar Bagge (1823-1896)
1 – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande. Allegro ma non troppo
2 – Szene am Bach. Andante molto moto
3 – Lustiges Zusammensein der Landleute. Allegro
4 – Gewitter. Sturm. Allegro
5 – Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm. Allegretto

Theodosia Ntokou, piano II

Gravado em Lugano, Suíça, julho de 2020

Das Três sonatas para piano, Op. 31:
No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
6 – Largo
7 – Adagio
8 – Allegretto

Theodosia Ntokou, piano

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Desta década da discografia da Rainha vocês já encontravam aqui no PQP Bach as seguintes gravações:

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concerto No.25 K.503 & Piano Concerto No.20 K.466

2013


A Quatro Mãos: Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Franz Schubert (1797-1828) – Igor Stravinsky (1882-1971) – Duos para piano – Martha Argerich e Daniel Barenboim

2014

[Restaurado] Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Abertura de “Le Nozze di Figaro” – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra em Dó maior, Op. 15 – Maurice Ravel (1875-1937): Rapsodie Espagnole – Pavane pour une Infante Défunte – Alborada del Gracioso – Boléro – Argerich – Barenboim #BTHVN250

2014


Hiroshima, ano 77 [Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano no. 1, Op. 15 – Argerich / Dai Fujikura (1977): Concerto para piano no. 4, “Akiko’s Piano” – Hagiwara]

2015


[Restaurado] BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra em Dó maior, Op. 15 – Sinfonia no. 1 em Dó maior, Op. 21 – Argerich – Ozawa

2017


[Restaurado] Sergey Prokofiev – Prokofiev for Two – Martha Argerich, Sergei Babayan

2017


Viva a Rainha! – Martha Argerich, 80 anos [Debussy: Fantasia para piano e orquestra]

2018


[Restaurado] BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 18 – Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Divertimento, K. 136 (excerto) – Edvard Grieg (1843-1907) – Suíte Holberg, Op. 40 – Argerich – Ozawa

2019



Nossa Rainha fala português [e que sdds, Nelson ♥♥♥]

Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Sétima Década (2001-2010) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Se o novo milênio da Rainha teve poucas gravações em estúdio, ele abundou em registros ao vivo. O Festival de Lugano, que aconteceu entre 2002 e 2016, garantiu pelo menos um álbum triplo anual à discografia de Martha, sempre em companhias por ela escolhidas, e com muitas obras novas em seu repertório. Passaremos ao largo do legado de Lugano, no entanto, pois o colega FDP Bach já vem publicando seus discos há algum tempo e pretende prosseguir sua série. Assim, hemos de lhes alcançar o que La Diosa gravou fora do Ticino, que também privilegia a colaboração com outros artistas, particularmente aqueles bem mais jovens que ela.


A primeira gravação de estúdio da década nada tem de jovem guarda: à  mui madura troika de Martha, Kremer e Maisky, veterana de tantas gravações importantes, soma-se a também calejada viola de Yuri Bashmet. O resultado, mais que a soma de solistas, é um conjunto afiado, especialmente no eletrizante Brahms que abre o disco, que desfaz os rumores não só de que Martha não gosta de Brahms, como também de que não o toca bem. Sobre o tópico, aliás, ela declarou ano passado: “quando eu toco [Brahms], eu amo, mas a música dele não é do tipo ao qual sou naturalmente inclinada. Eu estudei o concerto no. 2 com o Gulda [seu professor], mas nunca o toquei em concerto. Pode ser uma história de libido. Certas pianistas adoram sua música: Irene Russo, Hélène Grimaud, Karin Lechner… Elas são talvez mulheres atraídas por homens mais velhos. Esse nunca foi meu caso. Eu toquei sua sonata para piano no. 2 por um tempo porque ela é muito schumanniana (…) Eu gosto de Brahms. Era Gulda que não gostava muito dele”.

O álbum é encerrado pelas Fantasiestücke de Schumann para trio, que, ainda que executadas com muita competência (e talvez vibrato demais pelos cordistas), não deixam de soar um pouco frugais depois da tempestade brahmsiana daquele “Rondó à Moda Cigana” que encerra o quarteto.

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Quarteto para piano, violino, viola e violoncelo em Sol menor, Op. 25
1 – Allegro
2 – Intermezzo: Allegro ma non troppo – Trio: Animato
3 – Andante con moto
4 – Rondo alla Zingarese

Gidon Kremer, violino
Yuri Bashmet, viola
Mischa Maisky, violoncelo

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Fantasiestücke para piano, violino e violoncelo, Op. 88
5 – Romanze: Nicht schnell, mit innigem Ausdruck
6 – Humoreske: Lebhaft
7 – Duett: Langsam und mit Ausdruck
8 – Finale: Im Marschtempo

Gidon Kremer, violino
Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Berlim, Alemanha, fevereiro de 2002

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Martha é uma pianista dos pianistas, e nos perderíamos facilmente na conta dos colegas que a admiram. Mikhail Pletnev, que foi por um tempo seu vizinho na Suíça, é um de seus maiores fãs, e pôs sua admiração à obra, dedicando à Rainha uma transcrição para dois pianos da “Cinderella” de Prokofiev, estreada e gravada por ambos em 2003. A gravação, à qual se segue uma charmosa “Mamãe Gansa” de Ravel, é um deleite, e nos permite saborear os contrastes entre o estilo único de Marthinha (no piano à esquerda em Prokofiev e sentada à esquerda no Ravel) com o clássico sonzão russo de Pletnev (sentado à direita nas duas gravações).

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
1 – Introduction: Andante dolce
2 – Querelle: Allegretto
3 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
4 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
5 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso
6 – Gavotte: Allegretto
7 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
8 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
9 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante

Mikhail Pletnev, piano II

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Ma Mère l’Oye, suíte para piano a quatro mãos, M. 62
10 – Pavane de la Belle au Bois Dormant: Lent
11 – Petit Poucet: Très modéré
12 – Laideronnette, Impératrice des Pagodes: Mouvement de Marche
13 – Les Entretiens de la Belle et de la Bête: Mouvement de Valse très modéré
14 – Le Jardin Féerique: Lent et Grave

Martha Argerich e Mikhail Pletnev, piano

Gravado em Vevey, Suíça, agosto de 2003

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Apesar das muitas décadas morando na Europa, de ser cidadã suíça há mais de cinquenta anos, e de ter criado filhas francófonas, Martha nunca deixou de ser argentina, tanto no passaporte, quanto, principalmente, na identidade cultural. Em seus frequentes retornos a seu país, faz breves turnês por cidades do interior, de Rosario a Córdoba, e de Salta a Tucumán, e colabora, sempre que pode, com músicos argentinos.

A colaboração mais marcante, com sobras, foi aquela que aconteceu durante o Festival Argerich, em sua Buenos Aires natal, em setembro de 2003. Na ocasião, Martha e a Camerata Bariloche acompanharam a voz mítica de Mercedes Sosa (1935-2009), que, já abalada pelos problemas de saúde que a calariam alguns anos depois, não deixou de lotar o Teatro Colón e transformar a escadaria da avenida Libertad numa cachoeira de lágrimas. A colaboração foi proposta por Martha, para a completa incredulidade de Mercedes, tesouro nacional argentino e lenda viva da música do continente, que achou estar a receber um trote:

De repente eu peguei o telefone e ouvi ‘sou Martha Argerich’ e eu não entendi nada. Perguntei: ‘Martha, é você mesma?’ A minha surpresa foi tanta que só consegui convidá-la para comer empanadas. Mas ela me disse: ‘quero que você cante comigo no Colón’. Eu pensei que era uma piada. Nunca imaginei… Meus planos iam até cantar com Mina ou com Carlos Santana… E foi a Martha quem me ofereceu isso. Apesar de conhecê-la há muitos anos, nunca imaginei que ela me chamaria para fazer algo juntas. Nunca, nunca… Ela interpreta Prokofiev e nunca se apresentou com um cantor popular. Tenho toda a coleção de Chopin da Martha, comprada na França. Agora vamos fazer juntas obras como ‘A canção da árvore do esquecimento’, de Alberto Ginastera. Isso é um sonho.”

Sonho é uma boa palavra, que também descreve a vontade minha, tiete apaixonado das duas, de virar um besouro para me embrenhar nas coxias do Colón naquela noite portenha de inverno. Para minha, e por certo também nossa alegria, se o único encontro entre La Diosa e La Negra nunca foi lançado em álbum, alguma boa alma fez-nos o favor de colocá-lo no YouTube.



MERCEDES SOSA Y MARTHA ARGERICH EN VIVO EN EL TEATRO COLÓN

1 – La tempranera (León Benarós) 00:00
2 – Como pájaros en el aire (Peteco Carabajal) 05:12
3 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro) 08:32
4 – Doña Ubensa (Chacho Echeñique) 13:15
5 – Allá lejos y hace tiempo (A. Tejada Gómez – Ariel Ramírez)
16:33
6 – Canción del árbol del olvido (F. Silva Valdés – A. Ginastera) 21:27
7 – Las cartas de Guadalupe (Félix.Luna – Ariel Ramirez) 23:44
8 – El alazán (Atahualpa Yupanqui – Pablo del Cerro)
27:05
9 – Alfonsina y el mar (Félix Luna – Ariel Ramirez) 31:47

Gravado ao vivo no Teatro Colón em Buenos Aires, Argentina, em 8 de setembro de 2003


Um expediente recorrente de Martha no novo milênio passou a ser o de fazer participações especiais em álbuns de jovens colegas, seus protegidos. É o caso deste, da pianista petersburguense Polina Leschenko, com quem Martha divide a saborosa transcrição da por si só deliciosa “Sinfonia Clássica” de seu xodó Prokofiev. Leschenko prossegue com boas companhias, entre as quais o legendário violinista romani Roby Lakatos, que a despeito do shape de cantor de churrascaria e de flertar com ambiências semelhantes às de André Rieu, é um instrumentista e improvisador monstruoso, dos maiores que estão presentemente a respirar nesta mesma atmosfera. Prova disso é a “Dança do Sabre” de Khachaturian que surge como surpresa após o “Vocalise” de Rachmaninov extinguir-se: pura doideira!

Sergey PROKOFIEV

Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace

Polina Leschenko, piano II

Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
5 – Allegro inquieto
6 – Andante caloroso
7 – Precipitato

Polina Leschenko, piano

Sonata em Dó maior para violoncelo e piano, Op. 119
8 – Andante grave
9 – Moderato
10 – Allegro ma non troppo

Christian Poltéra, violoncelo
Polina Leschenko, piano

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
De Souvenir d’un lieu cher, para violino e piano, Op. 42:
11 – No. 3: Mélodie

Sergey PROKOFIEV
De Lyubov k Tryom Apelsinam (“Amor das Três Laranjas”), Op. 33:
Arranjo para violino e piano de Jascha Heifetz (1901-1987)
12 – Marcha

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Sergey Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943)
Dos Quatorze Romances, Op. 34:
13 – No. 14: Vocalise (arranjo para piano, violino e violoncelo)

Polina Leschenko, piano
Roby Lakatos, violino
Christian Poltéra, violoncelo

BÔNUS – faixa oculta (após o Vocalise):

Aram KHACHATURIAN (1903-1978)
Arranjo para violino e piano de Roby Lakatos (1965)
Dança do Sabre, do balé Gayane

Roby Lakatos, violino
Polina Leschenko, piano

Gravado em Bruxelas, Bélgica, março a abril de 2005

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Da mesma maneira que colabora com jovens talentos, Martha empresta seu prestígio para impulsionar carreiras de contemporâneas sem muita projeção discográfica. Nascida no Uzbequistão soviético e educada no Conservatório de Moscou, Dora Schwarzberg imigrou para Israel para depois radicar-se em Nova York. Importante pedagoga, cuja aluna mais ilustre é a enfant terrible Patricia Kopatchinskaja, Dora começou a construir sua discografia depois que Martha colou nela e não mais a largou. Aqui, na estreia do duo em álbum próprio – pois já tinham gravado Schumann naquele pacotão que lhes alcancei na postagem passada – elas atravessam um repertório familiar a Martha, especialmente pela sonata de Franck, em que ela já acompanhou inúmeros pianistas, de Accardo a Perlman, passando por Gitlis e Kremer.

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
1 – Allegretto ben moderato
2 – Allegro
3 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
4 – Allegretto poco mosso

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Sonata em Sol menor para violino e piano
5 – Allegro vivo
6 – Intermède. Fantasque et léger
7 – Finale. Très animé

Robert SCHUMANN
Fantasiestücke para violino e piano, Op. 73
8 – Zart und mit Ausdruck
9 – Lebhaft, leicht
10 – Rasch und mit Feuer

Dora Schwarzberg, violino

Gravado em Bruxelas, Bélgica, dezembro de 2005

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Martha dificilmente estará em território mais seguro que o de Schumann, seu grande amor de longuíssima data, e cujas composições seus dedos e temperamento tocam como ninguém. Poucas pessoas conseguem devorar o concerto de Robert como ela, que facilmente o toma como café da manhã, sem a menor taquicardia, nem derramar qualquer gotícula de suor. Martha, que o toca há setenta anos, nunca deixa de voltar a ele, como foi no caso da última vez que a ouvi ao vivo, ou como foi sob a batuta de outro grande schumanniano, Riccardo Chailly, na Gewandhaus da mesma Leipzig em que o compositor viveu tantos momentos fundamentais de sua breve existência. Esse registro é o meu preferido dela para essa obra, e recomendo fortemente aos que puderem assistir ao vídeo correspondente que observem o quão absoluto é o domínio de Martha sobre seu cavalo de batalha, e quão comovente é o contraste com o singelo bis (não incluso no CD) das Kinderszenen que ela toca no final.

Robert SCHUMANN

De Genoveva, ópera em quatro atos, Op. 81:
1 – Abertura

Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54
2 – Allegro affettuoso
3 – Intermezzo: Andantino grazioso
4 – Allegro vivace

Sinfonia no. 4 em Ré menor, Op. 120
5 – Ziemlich langsam – Lebhaft
6 – Romanze: Ziemlich langsam
7 – Scherzo & Trio: Lebhaft
8 – Langsam – Lebhaft – Schneller – Presto

Gewandhausorchester
Riccardo Chailly, regência

Gravado ao vivo em Leipzig, Alemanha, junho de 2006

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Martha reencontra Rabinovitch, e ambos reencontram Varsóvia – e a Rainha presta uma homenagem a seu mestre, Friedrich Gulda, dividindo o palco com dois dos filhos dele no concerto para três pianos de Mozart. A noite seguiu com um ótimo No. 1 de Shostakovich, uma das peças favoritas de Martha (e o verdugo dos pobres trompetistas escalados para acompanhá-la), e concluiu com uma ótima leitura de Rabinovitch para a Nona de Dmitri. Por algum motivo, talvez contingências de espaço, o Mozart não coube no álbum oficial lançado pelo Instituto Nacional Chopin de Varsóvia, mas eu dei um jeito de consegui-lo e oferecê-lo em separado.

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto em Fá maior para três pianos e orquestra, K. 242, “Lodron”
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Rondo: Tempo di minuetto

Rico Gulda, piano II
Paul Gulda, piano III

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Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio
5 – Allegro con brio (bis)

Jakub Waszczeniuk, trompete

Sinfonia no. 9 em Mi bemol maior, Op. 70
6 – Allegro
7 – Moderato
8 – Presto
9 – Largo
10 – Allegretto — Allegro

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Sinfonia Varsovia
Alexandre Rabinovitch-Barakovsky, regência

Gravado ao vivo em Varsóvia, Polônia, agosto de 2006


Nesta nova parceria com seu amigo letão menos hirsuto, gravada ao vivo na Grande Sala da Philharmonie de Berlim, Martha escolheu repertório familiar a ambos e, a partir dele, teceu um programa engenhoso. O álbum abre com a mais impetuosa das sonatas de Schumann, da qual o duo já nos legou uma das melhores gravações disponíveis, e prossegue com dois números solo. Com a cabeluda sonata para violino solo de Bartók, Kremer passa consideravelmente mais trabalho que Martha, que toca as Kinderszenen que já têm impregnadas no tálamo, e que são sua primeiríssima opção sempre que tem que – como sabemos, a contragosto – voltar sozinha ao palco. A dupla volta a reunir seus esforços para uma elétrica sonata no. 1 de Bartók, uma das especialidades de Gidon, após a qual surpreendentemente restam forças para oferecer os dois singelos bombons de Kreisler.

Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 2 em Ré menor, Op. 121
1 – Ziemlich langsam – Lebhaft
2 – Sehr lebhaft
3 – Leise, einfach
4 – Bewegt

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para violino solo, Sz. 117, BB 124 (1943-44)
5 – Tempo di ciaccona
6 – Fuga. Risoluto, non troppo vivo
7 – Melodia. Adagio
8 – Presto

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Robert SCHUMANN
Kinderszenen
, para piano, Op. 15
1 – Von fremden Ländern und Menschen
2 – Kuriose Geschichte
3 – Hasche-Mann
4 – Bittendes Kind
5 – Glückes genug
6 – Wichtige Begebenheit
7 – Träumerei
8 – Am Kamin
9 – Ritter vom Steckenpferd
10 – Fast zu ernst
11 – Fürchtenmachen
12 – Kind im Einschlummern
13 – Der Dichter spricht

Béla BARTÓK
Sonata para violino e piano no. 1, Sz. 75
14 – Allegro appassionato
15 – Adagio
16 – Allegro

Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
17 – Liebesleid
18 – Schön Rosmarin

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Gidon Kremer, violino

Gravado ao vivo em Berlim, Alemanha, dezembro de 2006


O protagonista desde álbum, obviamente, é Vadim Repin e seu belo, nobre timbre que fazem do concerto de Beethoven uma delícia ainda maior de se ouvir, quanto mais sob a batuta de Riccardo Muti. Martha participa com uma de suas especialidades: ser a endiabrada pianista da “Kreutzer”, em contraste vivo com o som mais polido de Repin. O resultado – dir-se-ia um violino apolíneo e um teclado dionisíaco – é excelente e remete a gravações de outras duplas com o mesmo temperamento, como Oistrakh e Richter.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghetto
3 – Rondo: Allegro

Vadim Repin, violino
Wiener Philharmoniker
Riccardo Muti, regência

Sonata para violino e piano em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Presto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Arranjo para violino e piano de Dmitri Tziganov (1903-1992)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34
7 – No. 10 em Dó sustenido menor

Vadim Repin, violino

Gravado em Viena, Áustria, fevereiro de 2007 (concerto) e ao vivo em Lugano, Suíça, junho de 2007

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Eis que Marthinha faz uma nova participação especial para dar novamente uma força (uma tremenda força) a um muito jovem colega. Pelo obscuro selo Dynamic, ela e o estiloso garoto Gabriele Baldocci – então com tenros dezoito anos – gravaram um recital de muito sumo e com repertório de vasto escopo, de Mozart a Shostakovich. Na Brazileira de Scaramouche, Milhaud cita (sem creditar) temas de Ernesto Nazareth, da mesma forma que fez, décadas antes, em Le Boeuf sur le Toit – também, avacalhadamente, sem crédito algum ao nosso gênio do Morro do Pinto.

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para dois pianos em Ré maior, K.448 (375a)
1 – Allegro con spirito
2 – Andante
3 – Allegro molto

Dmitri SHOSTAKOVICH
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94

4 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto

Sergei RACHMANINOFF
Suíte para dois pianos no. 1 em Sol menor, “Fantaisie-Tableaux”, Op. 5
6 – Barcarolle
7 – La Nuit….L’Amour
8 – Les Larmes
9 – Pâques

Darius MILHAUD (1892-1974)
Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b
10 – Vif
11 – Modéré
12 – Brazileira

Maurice RAVEL
13 – La Valse, poema coreográfico

Gabriele Baldocci, piano II

Gravado ao vivo em Livorno, Itália, fevereiro de 2008

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O encerramento discográfico da década de Martha deu-se, como ocorrera na anterior, com Chopin. Num de seus muitos retornos a Varsóvia, ela apresentou a oferenda quase compulsória do concerto em Mi menor de Fryderyk, além de peças para violoncelo e piano na companhia de seu irmão quase siamês, Mischa Maisky. As gravações ao vivo resultantes foram realizadas no contexto do Festival “Chopin e sua Europa”, promovido pelo Instituto Nacional Fryderyk Chopin da capital polonesa, para o qual Marthinha e seus amiguinhos costumam ser arroz de festa.

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace

Sinfonia Varsovia
Jacek Kaspszyk, regência

Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 65
4 – Allegro moderato
5 – Scherzo
6 – Largo in B-flat major
7 – Finale. Allegro

Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
8 – Introduction: Lento – Alla polacca: Allegro con spirito

Mischa Maisky, violoncelo

Gravado em Varsóvia, Polônia, agosto de 2010

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Dessa década da carreira da Rainha vocês já encontravam no blog as seguintes gravações:

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

2002/2004


Stravinsky (1882-1971): Suite italienne / Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119, Valsa do balé “Stone Flower” / Shostakovich (1906-1975) Sonata para Violoncelo e Piano, Op.40

2003


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival 2003

2003


Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2005 #BTHVN250

2005

Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2006

2006


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2007 #BTHVN250

2007


¡Larga vida a la Reina! – Carte Blanche [Martha Argerich, 81 anos]

2007


Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2008

2008


Brahms, Rachmaninov, Schubert, Ravel: Martha Argerich & Nelson Freire — Salzburg

2009


Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Quarta Década (1971-1980) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Quarta Década (1971-1980) [Martha Argerich, 80 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Martha chegou aos trinta anos com a carreira já consolidada, após o triunfo no VII Concurso Internacional Chopin. Baseada na Suíça Romanda e casada com o regente Charles Dutoit, via-se bastante requisitada pelos estúdios e em turnês pela Europa, Américas e Japão. Restava pouco tempo para a família que crescia: além da genebrina Lyda e da bernesa Anne-Catherine, filha de Dutoit, a década ainda veria o nascimento de outra menina, Stéphanie, fruto de seu breve relacionamento com o pianista Stephen Kovacevich – e que, após um frugal cara e coroa, recebeu o sobrenome da mãe.

Passaremos ao largo da colorida, dir-se-ia rocambolesca vida pessoal de nossa deusa, uma porque jamais conseguiríamos contá-la de maneira tão deliciosa quanto a do documentário que Stéphanie lhe dedicou, outra porque, no que tange ao nosso interesse maior, que é a grande música que faz a Rainha, sua década foi por demais prolífica para perdermos tempo com ninharias que envolvam fraldas e ruidosos compartilhamentos de lençóis.

Vamos, pois, à música:


A primeira gravação da quarta década de Martha inclui aquela que é, talvez, a mais sensacional leitura jamais feita da sonata de Liszt. Sei que muitos preferem a atenção ao detalhe à pirotecnia, mas, claramente inspirada no legendário registro de seu ídolo Horowitz, a Rainha aqui entrega puro frenesi. Muitas vezes vejo-me em saturação sensorial após ouvir essa sonata, mas sempre vale a pena. Completa o disco a sonata em Sol menor de Schumann, uma obra menos visitada desse compositor que é, confessadamente, o xodó da vovó.

Franz LISZT (1811-1886)
Sonata para piano em Si menor, S. 178
1 – Lento assai – Allegro energico
2 – Grandioso
3 – Cantando espressivo
4  – Pesante – Recitativo
5 – Andante Sostenuto
6 – Quasi adagio
7 – Allegro energico
8 – Più mosso
9 – Cantando espressivo senza slentare
10 – Stretta quasi presto – Presto – Prestissimo
11 – Andante Sostenuto – Allegro Moderato – Lento Assai

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22
12 – So rasch wie möglich
13 – Andantino
14 – Scherzo. Sehr rasch und markiert
15 – Satz: Rondo. Presto – Etwas langsamer – Prestissimo

Gravado em Munique, Alemanha Ocidental, em junho de 1971

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É curioso que, numa discografia relativamente pequena como a de Martha, haja duas gravações tocando uma das quatro partes para piano da “cantata dançada” Les Noces, de Stravinsky. Nesta, que é a primeira delas, ela colabora com o então esposo, Charles Dutoit, e inaugura em disco a parceria com Nelson Freire, seu velho amigo desde os tempos de estudantes em Viena (a segunda gravação de Les Noces, sob Bernstein e na distinta companhia de Krystian Zimerman, já apareceu antes por aqui)

Igor Fyodorovich STRAVINSKY (1882-1971)
Les Noces, Cenas Coreográficas com Música e Vozes
1 – La tresse
2 – Chez le Marié
3 – Le Départ de la Mariée
4 – Le Repas de Noces

5-10 – Renard, Histoire burlesque chantée et jouée
6 – Ragtime para onze instrumentos

Basia Retchitzka, soprano
Arlette Chedel, contralto
Eric Tappy, tenor
Philippe Huttenlocher, baixo
Chœur Universitaire de Lausanne
Michel Corboz, regente do coro
Harald Glamsch, Jean-Claude Forestier, Markus Ernst, Rafael Zambrano, Roland Manigley e Urs Herdi, percussão
Edward Auer, Nelson Freire e Suzanne Husson, pianos
Charles Dutoit, regência

Gravado em Lausanne, Suíça, em junho de 1972

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Os raros registros seguintes, jamais lançados em mídia digital, são provavelmente os primeiros testemunhos de três vertentes que viriam a ter importância crescente na carreira da Rainha: sua participação em festivais, muitas vezes centrados nela; a colaboração com outros virtuoses em música de câmara; e as gravações ao vivo. Dignos de nota são os belíssimos quintetos com piano de Dvořák e de Schumann, em colaboração com Salvatore Accardo, diretor do Festival Internazionale di Musica d’Insieme, durante o qual foram feitas as gravações. Note-se também, ainda que sem a participação de Martha, a primeira gravação de que se tem registro do Quartettsatz, a única obra que Mahler deixou para um conjunto de câmara.

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
Quinteto para piano, dois violinos, viola e violoncelo em Lá maior, Op. 81

1 – Allegro, ma non tanto
2 – Dumka: Andante con moto
3 – Scherzo (Furiant): Molto vivace
4 – Finale: Allegro

Salvatore Accardo e Pierre Amoyal, violinos
Luigi Alberto Bianchi, viola
Klaus Kanngiesser, violoncelo

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Robert SCHUMANN
Quinteto para piano, dois violinos, viola e violoncelo em Mi bemol maior, Op. 44
1 – Allegro brillante
2 – In modo d’una marcia
3 – Scherzo: Molto vivace. Trio
4 – Allegro ma non troppo

Salvatore Accardo e Felice Cusano, violinos
Dino Asciolla, viola
Klaus Kanngiesser, violoncelo

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César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
1 – Allegretto ben moderato
2 – Allegro
3 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
4 – Allegretto poco mosso

Salvatore Accardo, violino

Gustav MAHLER (1860-1911)
Quartettsatz em Lá menor para piano, violino, viola e violoncelo
5 – Nicht zu schnell

Claude Levoix, piano
Salvatore Accardo, violino
Pasquale Pellegrino, viola
Klaus Kanngiesser, violoncelo

Gravado em Nápoles, Itália, em novembro de 1973

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Evidente que não faltaria Chopin a essa década, e Martha capricha neste álbum: a sonata em Si bemol menor tem uma marcha fúnebre impressionante e o mais líquido e tempestuoso de todos seus finales. Completam o disco um scherzo – talvez o gênero na obra do polonês mais afeito à personalidade artística da Rainha – e uma Grande Polonaise realmente brilhante, antecedida dum Andante spianato tão delicado que a gente chega quase a duvidar de que os dedos que o fizeram foram os mesmos que causaram a torrente da faixa anterior.

 Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Sonata para piano no. 2 em Si bemol maior, Op. 35
1 – Grave – Doppio movimento
2 – Scherzo
3 – Marche Funèbre. Lento
4 – Finale. Presto

Grande Polonaise Brillante para piano em Mi bemol maior, precedida de um Andante spianato, Op. 22
5 – Andante spianato: Tranquillo – Polonaise: Allegro molto

Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
6 – Presto

Gravado em Munique, Alemanha Ocidental, em julho de 1974

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Ravel é outro xodó a quem Martha dedicou gravações insuperáveis. Este é possivelmente o melhor Gaspard de la Nuit jamais gravado e, uma vez que se o escuta, torna-se impossível confundi-lo com qualquer outro: somente a Rainha, afinal, seria capaz de fazer um Scarbo tão veloz, soturno e grotesco (muito embora, como bem lembrou um amigo, Martha tenha declarado que quis morrer ao ouvir o produto dessa gravação, pois estava grávida  e achou que tocara “muito devagar” (!))

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Gaspard de la nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand, M. 55
1 – Ondine
2 – Le gibet
3 – Scarbo

Sonatina para piano
4 – Modéré
5 – Mouvement de Menuet
6 – Animé

Valses Nobles et Sentimentales, para piano
7 – Modéré – Très franc
8 – Assez lent – Avec une expression intense
9 – Modéré
10 – Assez animé
11 – Presque lent – Dans un sentiment intime
12 – Vif
13 – Moins vif
14 – Epilogue. Lent

Gravado em Berlim Ocidental, Alemanha Ocidental, em novembro de 1974

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Se foram os prelúdios que começaram a mudar a história de Martha no VII Concurso Internacional Chopin, aqui se tem uma ótima prova: o Op. 28, com suas miniaturas concisas e expressivas, é perfeitamente afeito ao toque da Rainha. A curiosa inclusão dos pouquíssimo gravados prelúdios Op. 45 e Op. póstumo sugere que esta gravação fizesse parte dos planos de uma integral chopiniana, que jamais foi adiante.

Fryderyk CHOPIN
Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 28
1 – No. 1 em Dó maior: Agitato
2 -No. 2 em Lá menor: Lento
3 – No. 3 em So maior: Vivace
4 – No. 4 em Mi menor: Largo
5 – No. 5 em Ré maior: Molto allegro
6 – No. 6 em Si menor: Lento assai
7 – No. 7 em Lá maior: Andantino
8 – No. 8 em Fá sustenido menor: Molto agitato
9 – No. 9 em Mi maior: Largo
10 – No. 10 em Dó sustenido menor: Molto allegro
11 – No. 11 em Si maior: Vivace
12 – No. 12 em Sol sustenido menor: Presto
13 – No. 13 em Fá sustenido maior: Lento
14 – No. 14 em Mi bemol menor: Allegro
15 – No. 15 em Ré bemol maior: Sostenuto
16 – No. 16 em Si bemol menor: Presto con fuoco
17 – No. 17 em Lá bemol maior: Allegretto
18 – No. 18 em Fá menor: Molto allegro
19 – No. 19 em Mi bemol maior: Vivace
20 – No. 20 em Dó menor: Largo
21 – No. 21 em Si bemol maior: Cantabile
22 – No. 22 em Sol menor: Molto agitato
23 – No. 23 em Fá maior: Moderato
24 – No. 24 em Ré menor: Allegro appassionato

Prelúdio para piano em Dó sustenido menor, Op. 45
25 – Sostenuto

Prelúdio para piano em Lá bemol maior, Op. Posth.
26 – Presto con leggierezza

Gravado em Munique, Alemanha Ocidental, em outubro de 1975 (Op. 28) e Watford, Reino Unido, em fevereiro de 1977 (Op. 45, Op. Posth.)

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O violinista israelo-francês Ivry Gitlis (1922-2020) foi amigo de Martha por mais de seis décadas e com ela tocou em muitos festivais, sobretudo a sonata de Franck. Esta é a única gravação que fizeram em estúdio e, embora eu não seja fã nem do timbre, nem do rubato de Gitlis, ela vale para imaginar o que a Rainha seria capaz de fazer se tocasse mais Debussy.

César FRANCK
Sonata em Lá maior para violino e piano
1 – Allegretto ben moderato
2 – Allegro
3 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
4 – Allegretto poco mosso

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
Sonata em Sol menor para violino e piano
5 – Allegro vivo
6 – Intermède. Fantasque et léger
7 – Finale. Très animé

Ivry Gitlis, violino

Gravado em Milão, Itália, em 1976

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Ainda que realizadas no final dos anos 70, estas gravações ao vivo naquele templo da perfeita acústica que é o Concertgebouw de Amsterdã foram lançadas somente em nosso século. Nelas pode-se apreciar uma parte do vasto repertório que a Rainha jamais trouxe aos estúdios e perceber que seu temperamento artístico em performances ao vivo é ainda mais ebuliente. Martha não teme correr riscos – poucos se animam a encarar o Gaspard de la Nuit ante uma plateia, ainda mais com tanta agilidade – e tampouco liga para as eventuais esbarradas. Se o Scherzo de Chopin certamente não é o seu melhor, as seleções de Bartók e Prokofiev seguramente estão entre seus mais sensacionais momentos. Ouvi-la in natura é, enfim, expor-se a um fenômeno da Natureza, sem abrigos, nem truques, e com absoluta certeza do estupor: já tive esse privilégio duas vezes, e ainda quererei tê-lo outra vez, enquanto a deusa quiser dar os ares de sua imensa graça num palco que eu possa visitar.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Partita no. 2 em Dó menor, BWV 826
1 – Sinfonia — Grave. Adagio
2 – Sinfonia – Andante
3 – Allemande
4 – Courante
5 – Sarabande
6 – Rondeau – Capriccio

Fryderyk CHOPIN
Dos Dois noturnos para piano, Op. 48:
7 – No. 1 em Dó menor: Lento

Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
8 – Presto con fuoco

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata para piano, Sz. 80
9 – Allegro moderato
10 – Sostenuto e pesante
11 – Allegro molto

Alberto Evaristo GINASTERA (1916-1983)
Danzas Argentinas, para piano, Op. 2
12 – Danza del Viejo Boyero
13 – Danza de la Moza Donosa
14 – Danza del Gaucho Matrero

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
15 – Allegro inquieto — Andantino
16 – Andante caloroso
17 – Precipitato

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
Sonata em Ré menor, K. 141/L. 422
18 – Allegro

Johann Sebastian BACH
Da Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807:
19 – Bourrée

Gravado em Amsterdã, Países Baixos em maio de 1978 (7-14, 18-19) e abril de 1979 (1-6, 15-17)

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Robert SCHUMANN
Fantasiestücke, para piano, Op. 12
1 – Des Abends
2 – Aufschwung
3 – Warum?
4 – Grillen
5 – In der Nacht
6 – Fabel
7 – Traumes Wirren
8 – Ende vom Lied

Maurice RAVEL
Sonatine, para piano
9 – Modéré
10 – Mouvement de Menuet
11 – Animé

Gaspard de la Nuit
12 – Ondine
13 – Le Gibet
14 – Scarbo

Gravado em Amsterdã, em maio de 1978 (1-8, 12-14) e em abril de 1979 (9-11)

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Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto para piano e orquestra no. 25 em Dó maior, K. 503
1 – Allegro maestoso
2 – Andante
3 – Allegretto

Nederlands Kamerorkest
Szymon Goldberg, regência

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior, Op. 15
4 – Allegro con brio
5 – Largo
6 – Allegro scherzando

Koninklijk Concertgebouworkest
Heinz Wallberg, regência

Gravado em Amsterdã em maio de 1978 (Mozart) e outubro de 1992 (Beethoven)

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Se a Rainha tem os seus xodós musicais, ela também tem seus países favoritos. Um deles é a Polônia, onde venceu o concurso que lhe foi a catapulta para o superestrelato, e para a qual volta com muita frequência. Nessa gravação, ela se faz acompanhar da mesma orquestra com que tocou na fase final do VII Concurso Chopin, ainda que curiosamente passe ao largo das obras do polonês em prol de dois de seus outros cavalos de batalha: o concerto no. 1 de Tchaikovsky, do qual ela fez gravações famosas com Kondrashin e Dutoit, e o concerto de Schumann, que ela toca praticamente desde o ovo.

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23
1 – Allegro non troppo e molto maestoso – Allegro con spirito
2 – Andantino semplice – Prestissimo – Tempo Ⅰ
3 – Allegro con fuoco

Robert SCHUMANN
Concerto para piano e orquestra em Lá menor, Op. 54
4 – Allegro affetuoso
5 – Intermezzo. Andante grazioso – attacca:
6 – Allegro vivace

Orkiestra Filharmonii Narodowej w Warszawie
Kazimierz Kord, regência

Johann Sebastian Bach
Da Suíte Inglesa no. 2 em Lá menor, BWV 807:
7 – Bourrée

Fryderyk Chopin
Das Três mazurcas para piano, Op. 63:
8 – No. 2 em Fá menor

Domenico SCARLATTI
Sonata em Ré menor, K. 141/L. 422
9 – Allegro

Alberto Ginastera
Das Danzas argentinas, Op. 2
10 – No. 2: Danza de la Moza Donosa

Gravado em Varsóvia, Polônia, em dezembro de 1979

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Por fim, uma gravação pouco conhecida em que Martha não só nos encanta ao teclado, como também dirige a orquestra. Em seu único registro fonográfico como regente, o concerto de Haydn – o gênio que ela gravou tão pouco – com a London Sinfonietta é especialmente delicioso.

Ludwig van BEETHOVEN
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior, Op. 19

1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Rondò. Molto allegro

Joseph HAYDN (1732-1809)
Concerto para piano em Ré maior, Hob. ⅩⅧ-11
4 – Vivace
5 – Un poco adagio
6 – Rondo all’ungherese. Allegro assai

London Sinfonietta
Nona Liddell, spalla
Martha Argerich, regência

Gravado em Londres, Reino Unido, em 1980

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Martha Argerich, piano

Da mesma década da carreira de Marthinha vocês já encontravam no blog:

[Restaurado] Serguei Prokofiev – Sonate for Flute in D, op. 94, Cesar Franck – Sonata in A (transcribed for Flute) – Martha Argerich, James Galway


#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Fantasia op. 17; Fantasiestücke op. 12 (Martha Argerich)


Igor Stravinsky (1882-1871) – Les Noces III (The Wedding), ballet in 4 tableaux for vocal soloists, chorus, 4 pianos & percussion e Mass, for chorus & double wind quintet


Bela Bartok (1881-1945): Sonata for 2 Pianos and Percussion, BB 115, W. A. Mozart (1756-1791): Andante and Five Variations in G for Piano (4-Hands), K.501, Debussy: En blanc et noir, L.134


[Restaurado] Argerich Collection – Beethoven, Chopin, Tchaikovsky, Schumann, Liszt, Prokofiev e Ravel


J. S. Bach (1685-1750): Toccata BWV 911 / Partita BWV 826 / English Suite No. 2 BWV 807


Serguei Rachmaninov (1873-1943) – Piano Concerto nº3, in D Minor, op. 30, Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, in B Flat Minor, op. 23 (Argerich, Chailly, Kondrashin)


[Restaurado] Chopin: Cello Sonata; Polonaise Op.3; Schumann: Adagio & Allegro – Rostropovich – Argerich


 

 



La nostra regina parla italiano

Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Terceira Década (1961-1970) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Terceira Década (1961-1970) [Martha Argerich, 80 anos]


1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Os conturbados anos sessenta foram um turbilhão para Martha. Depois dum breve período a morar sozinha, longe do jugo da mãe, a viver la vida loca em Viena, desiludiu-se com a carreira de concertista e cogitou de tudo, até estudar Medicina (!). Insegura sobre sua capacidade como artista, resolveu dar um tempo ao piano e mudou-se para Nova York.

O motivo? Vladimir Horowitz.

Martha soube que sua gravação da Rapsódia Húngara no. 6 impressionara Volodya e achou que isso seria credencial bastante para tornar-se aluna do ídolo. Enganou-se: nunca se encontraram e, para desnortear ainda mais seus rumos, ela viu-se grávida de sua primeira filha, Lyda.


Depois de três anos sem tocar, Martha retornou ao piano. Seu objetivo é o Concurso Internacional Chopin, em Varsóvia, em 1965.


Logo na primeira etapa da competição, ficou óbvio que seu maior concorrente seria o brasileiro Arthur Moreira Lima, aluno do Conservatório de Moscou, que conquistou o público com suas interpretações e com sua semelhança física com o próprio Chopin, de quem se tornaria um dos mais distintos intérpretes. Arthur venceu a primeira etapa, Martha, as duas seguintes, e na grande final, com sua interpretação do concerto em Mi menor, ela acabou por conquistar o primeiro prêmio.

Ei-los

O resto, como dizem, é história.

ooOoo

A década de Martha, no entanto, começou numa posição até então inédita: a de camerista.  Como nada em sua carreira indicara, até então, a importância que a música de câmara teria para os anos de sua maturidade, presumo que foram as prementes necessidades de juntar dinheiro e de afastar-se das saias de Juanita, sua mãe, que a levaram à União Soviética para duas apresentações em Leningrado (atual São Petersburgo). Ainda mais inusitado que o local foi seu parceiro de palco: o violinista Ruggiero Ricci (1918-2012), nascido Woodrow Wilson Rich (!) na Califórnia e, vinte e três anos mais velho que Martha, já mundialmente famoso. Quem não o soubesse percebê-lo-ia rapidamente pelo predomínio de peças repletas de pirotecnias para violino, algumas delas a dispensarem o piano – incluindo as cabeludíssimas variações de Paganini sobre “Nel cor non più me sento”, que estão entre as coisas mais difíceis jamais escritas para o instrumento. Exceto pelas duas sonatas do jovem Beethoven e por aquela de Franck – que ela viria a tocar com praticamente todo violinista com que fizesse duo -, o papel da Rainha resume-se a acompanhar o astro do arco em partes frugais, como a da peça de Sarasate ou a célebre sonata de Tartini. A dupla improvável, no entanto, deu liga tanto no palco quanto fora deles: Ricci não só seria seu amigo por toda longa vida (ei-los em 2009, nos noventa anos do mestre!), como também demonstrou inúmeras vezes orgulho de ter proporcionado à futura estrela seus primeiros passos fora da germanosfera.

1 – Anúncio (em russo)

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Das Três sonatas para violino e piano, Op. 12:
Sonata no. 3 em Mi bemol maior
2 – Allegro con spirito
3 – Adagio con molta espressione
4 – Rondo: Allegro molto

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Sonata em Ré maior para violino solo, Op. 115
5 – Moderato
6 – Andante dolce. Tema con variazioni
7 – Con brio. Allegro precipitato

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)
Sonata em Ré maior para violino e piano sobre canções folclóricas da Transilvânia
Arranjo da sonatina para piano, Sz. 55 (1915) por André Gertler (1907-1998)
8 – Dudások (gaitas de foles). Allegretto
9 – Medvetánc (dança do urso). Moderato
10 – Finale. Allegro vivace

Sonata para violino solo, Sz. 117
11 – Tempo di ciaccona
12 – Fuga: Risoluto, non troppo vivo
13 – Melodia: Adagio
14 – Presto

Pablo Martín Melitón de SARASATE y Navascués (1844-1908)
Introdução e tarantela para violino e piano, Op. 43
15 – Introduction: Moderato – Tarantella: Allegro vivace

Ruggiero Ricci, violino

Gravado ao vivo em Leningrado, União Soviética, em 21 de abril de 1961

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Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Partita para violino solo no. 2 em Ré menor, BWV 1004:
1 – Ciaconna

Ludwig van BEETHOVEN
Das Três sonatas para violino e piano, Op. 12:
Sonata no. 1 em Ré maior
2 – Allegro con brio
3 – Tema con variazioni: Andante con moto
4 – Rondo: Allegro

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
5 – Allegretto ben moderato
6 – Allegro
7 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
8 – Allegretto poco mosso

Béla BARTÓK
Danças folclóricas romenas, para violino e piano

Transcrição do original para piano (Sz. 56) por Zoltán Székely (1903-2001)
9 – Jocul cu bâtă (Allegro moderato) – Brâul (Allegro) – Pe loc (Andante) – Buciumeana (Moderato) – Poarga Românească (Allegro) – Mărunțel

Niccolò PAGANINI (1782-1840)
10 – Introdução e variações sobre “Nel cor non più me sento”, de “L’amor contrastato”, de Giovanni Paisiello, para violino solo, Op. 38

Giuseppe TARTINI (1692-1770)
Sonata para violino em Sol menor, “O Trilo do Diabo” (arranjo para violino e piano)
11 – Larghetto – Affettuoso
12 – Allegro
13 – Grave – Allegro assai

Gravado ao vivo em Leningrado, União Soviética, em 21 de abril de 1961

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Tomo a liberdade de quebrar a ordem mormente cronológica dessa discografia para, com um salto de dezoito anos, mostrar-lhes o lugar especial que Ruggiero e Martha mantiveram na vida um do outro. Por ocasião do jubileu de ouro da carreira de Ricci, ele apresentou-se no mesmo Carnegie Hall em que estreara aos onze anos, e convidou a velha amiga – agora consagrada como a deusa maior do piano – para dividir o palco consigo. Em alusão, talvez, aos recitais de Leningrado, eles tocaram novamente a sonata de Franck e concluíram a colaboração com o arranjo para violino da bela sonata para flauta de Prokofiev, que Martha já gravara com James Galway. Como sobremesa, o sessentão Ruggiero serviu dois números cabeludos – a mais exigente das sonatas de Ysaÿe e as impressionantes variações de Paganini sobre o hino britânico – e encerrou a noite com uma refrescante gavota de Sebastião Ribeiro.

César FRANCK
1-4 – Sonata em Lá maior para violino e piano

Sergey PROKOFIEV
Sonata em Ré maior para violino e piano, Op. 94a
5 – Moderato
6 – Scherzo: Presto
7 – Andante
8 – Allegro con brio

Eugène-Auguste YSAŸE (1858-1931)
Das Seis sonatas para violino solo, Op. 27
9 – No. 3 em Ré menor, “Ballade”

Niccolò PAGANINI
10 – Variações sobre “God Save The King”, para violino solo, Op. 9

Johann Sebastian BACH
Da Partita para violino solo no. 3 em Mi maior, BWV 1006
11 – Gavotte en rondeau

Ruggiero Ricci, violino

Gravado ao vivo em Nova York, Estados Unidos, em 20 de outubro de 1979

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Cigarrillo y fernet con coca

Voltamos para a década de 60, e quase quatro anos depois de Martha voltar da turnê soviética com Ricci. Três deles foram passados completamente longe de qualquer teclado, boa parte deles em Nova York, tentando encontrar Horowitz e achar um novo rumo para sua vida, e outro bom naco desse tempo na Suíça, onde nasceria Lyda, sua primogênita. O entrevero entre nossa Rainha e seu instrumento – ou, mais acuradamente, entre ela e a vida de pianista – acabou graças à participação decisiva de Stefan Askenase, que lhe deu aulas e restituiu sua autoconfiança, e da esposa dele, Anny, que estimulou Marthinha a preparar-se para o Concurso Internacional Chopin de 1965. As Kinderszenen que abrem o upload seguinte, gravadas ao vivo em Colônia, são o primeiro registro de que se tem notícia da Rainha a tocar dessa coleção que lhe é tão cara que, hoje em dia, é praticamente a única coisa que ela toca sozinha no palco. Completam o arquivo um Gaspard de la Nuit despachado da costumeira e assombrosa maneira, aquela gravação do scherzo de Chopin que muitos de vocês já viram, feita para a televisão polonesa  imediatamente após o triunfo no Concurso Chopin, e o primeiro registro de Martha a tocar aquele seu familiar cavalo de batalha, o terceiro concerto de Prokofiev.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
1 – Kinderszenen, para piano, Op. 15

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Gaspard de la nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand), M. 55
2 – Ondine
3 – Le Gibet
4 – Scarbo

Gravado ao vivo em Colônia, Alemanha Ocidental, em 27 de janeiro de 1965

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
5 – Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39

Gravado em Varsóvia, Polônia, em março de 1965

Sergey PROKOFIEV
Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26
6 – Andante – Allegro
7 – Tema con variazioni
8 – Allegro ma non troppo

WDR Sinfonieorchester Köln
Karl Melles, regência

Gravado ao vivo em Colônia, Alemanha Ocidental, em 10 de dezembro de 1965

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Apresento-lhes agora todas as gravações que consegui recolher da trajetória de Martha no VII Concurso Internacional Chopin, em 1965 (e, a despeito de muito vasculhar a cyberesfera, nunca encontrei o estudo do Op. 25 que dizem que ela tocou). Elas deixam óbvio por que nossa Rainha conquistou o júri, atacando o teclado com a fúria e a paixão habituais, sem medo de correr riscos (ao que abdicam muitos participantes de concursos pianísticos). O mais impressionante, talvez, é que não fosse a qualidade medíocre do som, poderíamos jurar que as performances são de anteontem, tamanha era a maturidade da artista, então com 23 anos, e tão espetacular que é sua técnica hoje, depois dos oitenta.

PRIMEIRA ETAPA – 22 de fevereiro de 1965

1 – Apresentação (em polonês)

Fryderyk CHOPIN

Dos Três noturnos para piano, Op. 15
2 – No. 1 em Fá maior

Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
3 – No. 1 em Dó maior
4 – No. 4 em Dó sustenido menor

Polonaise para piano em Lá bemol maior, Op. 53, “Heroica”
5 – Maestoso

Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 28
6 – No. 19 em Mi bemol maior
7 – No. 20 em Dó menor
8 – No. 21 em Si bemol maior
9 – No. 22 em Sol menor
10 – No. 23 em Fá maior
11 – No. 24 em Ré menor

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SEGUNDA ETAPA – 5 de março de 1965

Fryderyk CHOPIN

Das Três valsas para piano, Op. 34:
1 – No. 1 em Lá bemol maior, “Grande Valse Brillante”

Três mazurcas para piano, Op. 59
2 – No. 1 em Lá menor
3 – No. 2 em Lá bemol maior
4 – No. 3 em Fá sustenido menor

Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
5 – No. 10 em Lá bemol maior

Barcarola em Fá sustenido maior, Op. 60
6 – Allegretto

Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
7 – Presto con fuoco

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TERCEIRA ETAPA – 10 de março de 1965

1 – Apresentação (em polonês)

Fryderyk CHOPIN

Dos Dois noturnos para piano, Op. 55:
2 – No. 2 em Mi bemol maior

Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
3 – Allegro maestoso
4 – Scherzo: Molto vivace
5 – Largo
6 – Finale: Presto non tanto

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FINAL – 13 de março de 1965

Para a grande final, Arthur e Martha escolheram concertos diferentes – ambos, felizmente, lançados pela primeira vez numa remasterização decente, publicada pelo Instituto Fryderyk Chopin, e que ora lhes apresento, tanto para lembrar o triunfo da Rainha, como também para homenagear nosso compatriota, um magnífico chopinista. A título de curiosidade, aponto que quase todos os vencedores do Concurso tocaram na final o concerto em Mi menor – o último a triunfar com o concerto em Fá menor foi Đặng Thái Sơn em 1980, edição que se celebrizou pela intempestiva saída de nossa deusa do júri, em protesto à eliminação a seu ver injustificada de Ivo Pogorelić, a quem chamou de “gênio”.

Fryderyk CHOPIN

Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace

Martha Argerich, piano

Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21

4 –  Maestoso
5 – Larghetto
6 – Allegro vivace

Arthur Moreira Lima, piano

Orkiestra Filharmonii Narodowej w Warszawie (Orquestra Filarmônica Nacional de Varsóvia)
Witold Rowicki, regência

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Gravações feitas ao vivo na Sala Filarmônica de Varsóvia, Polônia, durante o VII Concurso Internacional Fryderyk Chopin

Trailer do documentário “Martha Argerich in Warsaw 1965”, que aborda o marco zero do nascimento da superestrela. Notem a participação de Arthur Moreira Lima, um excelente artista que, convenhamos, teve pouca sorte de disputar a primazia na competição com uma das melhores pianistas de todos os tempos.

Programa original da participação de Martha no VII Concurso Internacional Chopin, em 1965. Notem que há diferenças entre o programa previsto e aquele realmente executado, mais notavelmente o concerto da etapa final.

Ao triunfo no Concurso Chopin só poderia, naturalmente, se seguir demanda por mais Chopin. A EMI agiu rápido e trouxe a Rainha a Londres, onde colocou a serviço de Sua Majestade Marthínhica seus ótimos estúdios e excelentes engenheiros de som. Para profunda decepção dos ingleses, no entanto, um contrato que se descobriu vigente com a Polygram impossibilitou o lançamento da gravação, que só veio a público em 1999. Como atesta o depoimento a seguir, de Suvi Raj Grubb, que produziu o álbum, a espera valeu a pena:

“’Argerich foi, entre todos músicos, a mais formidável que já encontramos’, escreve o produtor do álbum, Suvi Raj Grubb, ‘Nada estava fora do alcance dessa mulher’ (…)”

“Quando comecei a me interessar por música, levei algum tempo para me acostumar com o piano. Mas, quando entrei na EMI (agora Warner Classics), eu já adorava música para piano e tinha muito conhecimento sobre ela. Assim, sempre que um novo pianista aparecia, eu era a primeira escolha como produtor.”

“Em 1966, eu já produzira um punhado de discos de piano, um dos melhores dos quais nunca viu a luz do dia. Quando Martha Argerich entrou no estúdio, foram seus olhares sombrios e ardentes que me impressionaram pela primeira vez. Assim que chegou, pediu café; quando lhe ofereci uma xícara, ela a engoliu de uma só vez e pediu mais. Sentei-a no estúdio com um grande bule de café e entrei na sala de controle.”

“No início, suas mãos se moviam despreocupadamente sobre o teclado enquanto ela testava o piano. Então ela despejou a Polonaise [Op.53] de Chopin. Sentei-me na minha cadeira com um longo ‘Jee-sus’ – e o engenheiro de som disse ‘Uau!'”

“Se isso fora uma amostra de seu pianismo, então Argerich era a pianista mais formidável que já encontráramos. Os grandes acordes soaram enormes, as passagens entre eles, limpas; no trio, um grande espetáculo, as difíceis passagens em oitava à esquerda eram equilibradas, e o crescendo, controlado. Dei uma espiada no estúdio para ter certeza de que essa torrente de som era realmente originária do toque de uma garota sentada ao piano. Foi verdadeiramente inacreditável.”

“Sorri ao lembrar do comentário de Clara Schumann a Brahms sobre as ‘Variações Paganini’, lamentando que estivesse além da capacidade de uma pianista. Nada estaria fora do alcance daquela mulher.”

“Ela entrou na sala de controle, olhou para mim e sorriu, pois sabia que tivera um impacto devastador sobre mim. Nos dias seguintes, energizada por galões de café preto e forte, ela terminou um recital de Chopin que incluía a terceira sonata, o terceiro scherzo e, modelados como joias em miniatura, um grupo de mazurcas e noturnos. O último movimento da sonata foi feito num só take impecável. Ela disse que gostou das sessões; que gostou do som do piano no disco e que estava ansiosa para trabalhar comigo novamente.”

“Para minha amarga decepção, soubemos algumas semanas depois que seu compromisso com outra empresa não nos permitiria publicar o disco e, nem pela primeira nem pela última vez, desejei que não houvesse cláusulas de exclusividade. No devido tempo, um disco com o mesmo repertório foi lançado pelos nossos rivais – quando o ouvi, soube que nossa Argerich era a melhor das duas.”

Certeza de que era.

Fryderyk CHOPIN

Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
1 – Allegro maestoso
2 – Scherzo: Molto vivace
3 – Largo
4 – Finale: Presto non tanto

Três mazurcas para piano, Op. 59
5 – No. 1 em Lá menor
6 – No. 2 em Lá bemol maior
7 – No. 3 em Fá sustenido menor

Dos Três noturnos para piano, Op. 15
8 – No. 1 em Fá maior

Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
9 – Presto con fuoco

Polonaise para piano em Lá bemol maior, Op. 53, “Heroica”
10 – Maestoso

Gravado em Londres, Reino Unido, junho de 1965

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A alta demanda do planeta por sua nova superestrela do piano deu poucas oportunidades a Martha para ampliar seu repertório. Assim, às peças que ela preparara para o concurso Chopin, somaram-se aquelas que ela já aprendera antes de seus três anos sabáticos. O rol de obras resultante repete-se em quase todas as gravações até o final da década, que hemos de apresentar a seguir, e sem maiores comentários, que resultariam necessariamente repetitivos. Limitamo-nos a apontar, como adições mais notáveis ao repertório da Rainha, a impressionante Fantasia de seu queridinho Schumann, a toccata em Dó menor de J. S. Bach e, de Chopin, o outro queridinho, o segundo scherzo e a transcendental Polonaise-Fantaisie – além do já citado terceiro concerto de Prokofiev e dos primeiros concertos de Tchaikovsky e Liszt, já publicados anteriormente aqui no PQP Bach.

Sergey PROKOFIEV
Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
1 – Allegro inquieto – Poco meno – Andantino
2 – Andante caloroso – Poco più animato – più largamente – Un poco agitato
3 – Precipitato

Franz LISZT (1811-1886)
Dos Três estudos de concerto para piano, S. 144:
4 – No. 2 em Fá menor, “La leggierezza”

Fryderyk CHOPIN
Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
5 – No. 4 em Dó sustenido menor

Dos Três noturnos para piano, Op. 15
6 – No. 1 em Fá maior

Barcarola em Fá sustenido maior, Op. 60
7 – Allegretto

Três mazurcas para piano, Op. 59
8 – No. 1 em Lá menor
9 – No. 2 em Lá bemol maior
10 – No. 3 em Fá sustenido menor

Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
11 – Presto con fuoco

Robert SCHUMANN
Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17
12 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen; Im Legenden-Ton
13 – Mäßig. Durchaus energisch
14 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten

Gravado ao vivo no Carnegie Hall, Nova York, Estados Unidos, em 16 de janeiro de 1966

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Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto para piano e orquestra no. 20 em Ré menor, K. 466
1 – Allegro
2 – Romanze
3 – Rondo: Allegro assai

Symphonieorchester des Norddeutschen Rundfunks
Reinhard Peters, regência

Gravado em Hamburgo, Alemanha Ocidental, junho de 1966

Johann Sebastian BACH
4 – Toccata em Dó menor, BWV 911

Robert SCHUMANN
5-7 – Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17

Fryderyk CHOPIN
8-10 – Três mazurcas para piano, Op. 59

Gravado em Milão, Itália, março de 1966

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Fryderyk CHOPIN
Scherzo para piano no. 2 em Si bemol menor, Op. 31
1 – Presto

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
2 – No. 2 em Dó maior

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41:
3 – No. 2 em Mi menor

Franz LISZT (1811-1886)
Dos Três estudos de concerto para piano, S. 144:
4 – No. 2 em Fá menor, “La leggierezza”

Rapsódia Húngara para piano no. 6 em Ré bemol maior
5 – Introduction – Lassan – Friska

Gravado em Munique, Alemanha Ocidental, em 1966

Sergey PROKOFIEV
Da Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
6 – Precipitato

Robert SCHUMANN
Da Sonata para piano no. 2 em Sol menor, Op. 22:
7 – Rondo. Presto.

Gravação para a TV no estúdio da WDR, Colônia, Alemanha, 1966

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Fryderyk CHOPIN

1-4 – Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58

Polonaise-Fantaisie para piano em Lá bemol maior, Op. 61
5 – Allegro maestoso

Polonaise para piano em Lá bemol maior, Op. 53, “Heroica”
6 – Maestoso

7-9 – Três mazurcas para piano, Op. 59

Gravado em Munique, Alemanha Ocidental, janeiro de 1967

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Fryderyk CHOPIN

1-4 – Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58

Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
5 – No. 4 em Dó sustenido menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 41:
6 – No. 1 em Dó sustenido menor
7 – No. 2 em Mi menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 24:
8 – No. 2 em Dó maior

Das Três mazurcas para piano, Op. 63:
9 – No. 2 em Fá menor

Das Quatro mazurcas para piano, Op. 33:
10 – No. 2 em Ré maior

Dos Três noturnos para piano, Op. 15
11 – No. 1 em Fá maior

Dos Dois noturnos para piano, Op. 55
12 – No. 2 em Mi bemol maior

Gravado em Berlim Ocidental, março de 1967 (sonata, ao vivo) e dezembro de 1967

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Fryderyk CHOPIN
1-3 –Três mazurcas para piano, Op. 59

Sergey PROKOFIEV
4-6 – Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83

Toccata para piano em Ré menor, Op. 11
7 – Allegro marcato

Maurice RAVEL
8-10 – Gaspard de la nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand), M. 55

Sergey PROKOFIEV
Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
11 Allegro tempestoso – Moderato – Allegro tempestoso – Moderato – Più lento – Più animato – Allegro I – Poco più mosso

Maurice RAVEL
Sonatina para piano em Fá sustenido menor, M. 40
12 – Modéré
13 – Mouvement de Menuet
14 – Animé

Gravado em Colônia, Alemanha Ocidental, outubro de 1967

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Dessa década da carreira da Rainha vocês já encontravam as seguintes gravações no PQP Bach:

Prokofiev (1891-1953): Piano Concerto No. 3 / Ravel (1875-1937): Piano Concerto in G

Os ebulientes concertos em Sol de Ravel e o no. 3 de Prokofiev, naquelas que são talvez suas gravações definitivas, sob a batuta de Claudio Abbado (1967)


[Restaurado] Argerich Collection – Beethoven, Chopin, Tchaikovsky, Schumann, Liszt, Prokofiev e Ravel

As grandes gravações de Martha para os primeiros concertos de Chopin e Liszt, sob Abbado, e do primeiro de Tchaikovsky sob Dutoit (1968)


Our Queen speaks English

Vassily

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Segunda Década (1951-1960) [Martha Argerich, 80 anos]

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Segunda Década (1951-1960) [Martha Argerich, 80 anos]


1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-


Logo que ficou ficou óbvio que não haveria professores no Hemisfério Sul capazes de darem conta da pequena María Martha (porque eu tinha HOJE anos de idade quando descobri que Martha também é María), começaram as tratativas para que a niña precoz fosse estudar na Europa. A escolha de María era clara: queria ir para Viena estudar com Friedrich Gulda, um pianista brilhante que já granjeara fama de excêntrico e anticonvencional, e cujo antiacademicismo mui provocativo o tornava o mais improvável dos professores.

E isso tudo antes de adotar o visual que, a partir dos anos 70, fê-lo ser mimosamente comparado a um “cafetão sérvio”.

Como os Argerich não nadavam em recursos, a mãe de María resolveu tomar providências. A (assim a chamemos) mui assertiva Juanita, com quem Martha sempre teria uma relação complicada, resolveu as coisas com ninguém menos que Juan Domingo Perón. Nas palavras da filha:

Eu tinha pouco mais de 12 anos, tinha tocado no Teatro Colón e o Perón tinha me convidado para um encontro na residência presidencial. Mamãe perguntou se ela poderia vir comigo, e eles disseram que sim, é claro. Eu não era muito peronista; lembro-me que estava sempre colando pedacinhos de papel em todos os lugares que diziam “Balbín-Frondizi” [antiperonistas ferrenhos e candidatos da oposição às eleições de 1951]. Perón nos recebeu e me perguntou: “E para onde você quer ir, ñatita?” E eu queria ir para Viena, estudar com Friedrich Gulda. Ele gostou de eu não querer ir para os Estados Unidos. O mais engraçado foi que minha mãe, para bajulá-lo, disse a ele que eu adoraria fazer um show na UES [União dos Alunos do Ensino Médio]. E devo ter feito uma cara um tanto reveladora de que não gostei da ideia, pois o Perón começou a concordar com mamãe, dizendo “claro senhora, vamos organizar”, enquanto piscava para mim e, por baixo da mesa, fazia com um dedo que não. Ele estava contendo mamãe e isso me acalmou – percebeu que eu não queria. Fantástico, não é? E ele deu um emprego ao meu pai. Ele o nomeou adido econômico em Viena. E disse à mamãe que a achava também muito inteligente, empreendedora e capaz, e que conseguiu outro cargo para ela na embaixada.

Naqueles tempos, o que Perón mandava, o governo fazia: no ano seguinte, os Argerich deixariam Buenos Aires com mala e cuias, rumo a Viena e ao encontro de Gulda.

Martha e Gulda em Viena, sob o olhar atento do filho mais ilustre de Aracati, o grande Jacques Klein (à esquerda). Foto do acervo de Nelson Freire, disponibilizada pelo Instituto Piano Brasileiro.

Foram apenas dezoito meses de estudo, durante os quais Martha foi a única aluna de Gulda, um mestre apenas onze anos mais velho que ela e de ademais pouquíssimos alunos. Ainda que viesse a receber lições de outros pianistas (sobre os quais o colega Pleyel gentilmente versou no primeiro comentário dessa postagem), Gulda foi a mais decisiva influência na carreira de nossa Rainha. Ela, que sempre o idolatrou,  frequentemente o cita em suas entrevistas. O austríaco, no entanto, não se impressionou com o estrelato posterior de sua aluna, aparentemente por achá-lo convencional demais para seus heterodoxos parâmetros. E a vida pessoal de Martha, também, parecia bater recordes mesmo para os caóticos padrões guldanianos: ao encontrá-la num camarim, décadas depois, depois de um recital, Gulda – que ficaria notório por divulgar a notícia de sua morte um ano antes de morrer de fato, e que intitulou seu concerto seguinte “Festa da Ressurreição” – tascou:

O que fizeste da tua vida???

O que fazer da vida é a preocupação de todas as ex-crianças prodígio, e Martha, egressa dos estudos com Gulda, não sabia o que fazer da. Estava longe da bajulação que tinha na Argentina, mas ainda controlada a cabresto pela mãe, e no coração dum continente onde saíam enxames de pianistas promissores debaixo de qualquer pedra que se levantasse. A saída mais óbvia eram as láureas em concursos de piano, e ela conseguiu duas em menos de um mês, em 1957: no Concurso Internacional Busoni em Bolzano (Itália), e no Concurso Internacional de Genebra (Suíça), o qual Gulda também vencera com 16 anos.

Enquanto botava as manguinhas de fora para morar sozinha, Martha excursionava extensamente pelo continente e, antes dos vinte anos, fez sua estreia discográfica oficial pela prestigiosa Deutsche Grammophon, ostentando na capa os cabelos cacheados e o olhar tristonho típicos daquela década:

MARTHA ARGERICH – PIANO

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op.
39
1 – Presto con fuoco

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Duas rapsódias para piano, Op. 79
2 – Agitato, em Si menor
3 – Molto passionato, ma non troppo allegro, em Sol menor

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Toccata para piano em Ré menor, Op. 11
4 – Allegro marcato

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Jeux d’eau, para piano, M. 30
5 – Très doux

Fryderyk CHOPIN
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
6 – Allegretto

Franz LISZT
Rapsódia Húngara no. 6 em Ré bemol maior, para piano, S. 244
7 – Introduction (Tempo giusto – Presto) – Lassan (Andante) – Friska (Allegro)

Gravado em Hannover, Alemanha Ocidental, de 4 a 8 de julho de 1960

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A relação da promissora jovem com seu instrumento, enfim, sempre tivera profundas rachaduras e muito poucas alegrias. Num dos trechos mais tocantes do documentário assinado por sua filha, Stéphanie, Martha está a olhar álbuns da infância e estimar sua idade nas fotos pela presença do sorriso – sinal de que o piano ainda não entrara em sua vida.

Esse difícil período de transição entre ex-criança prodígio e superestrela do teclado será ilustrado pelas gravações seguintes, que mostram nossa Rainha como uma artista consumada antes mesmo de completar 20 anos. Em diversos registros ao vivo de qualidade variável, principalmente para rádios alemãs, são óbvias as qualidades que até hoje, mais de sessenta anos depois, nos deixam boquiabertos. Perceba-se também que, com a notável exceção de Mozart, cujo espaço diminuiria um tanto em seu repertório na maturidade, já estava escalado o time de compositores a que ela mais se dedicaria: Beethoven; Chopin e Schumann; Prokofiev e Ravel.

Como o sucesso universal de Martha, sobretudo após o triunfo do Concurso Internacional Chopin de 1965, reavivou o interesse em suas gravações antigas, elas acabaram relançadas num sem-número de discos, sempre com os mesmos fonogramas, em ordens sortidas. Para facilitar a vida dos leitores-ouvintes, resolvi fazer uma compilação das melhores fontes disponíveis e organizá-las em ordem cronológica, com a exceção de dois álbuns com orquestra, que virão na sequência

Fryderyk CHOPIN
Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
1 – No. 1 em Dó maior
Gravado em 1955 em Buenos Aires

Franz LISZT
Dos Três estudos de concerto, S. 144:
2 – No. 2: La Leggerezza
Gravado ao vivo em Bolzano, Itália, agosto de 1957, durante o Concurso Internacional Busoni

Sergey PROKOFIEV
Toccata para piano em Ré menor, Op. 11
3 – Allegro marcato
Gravada ao vivo em Bolzano, Itália, agosto de 1957, durante o Concurso Internacional Busoni

Franz LISZT
Rapsódia Húngara no. 6 em Ré bemol maior, para piano, S. 244
4 – Introduction (Tempo giusto – Presto) – Lassan (Andante) – Friska (Allegro)
Gravada ao vivo em Genebra, Suíça, setembro de 1957, durante o Concurso Internacional de Genebra

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1956)
Do Concerto para piano e orquestra em Lá menor, Op. 54:
5 – Allegro affettuoso
Orchestre de la Suisse Romande
Samuel Baud-Bovy, regência
Gravado ao vivo em Genebra, Suíça, setembro de 1957, durante o Concurso Internacional de Genebra

Fryderyk CHOPIN
Balada para piano no. 1 em Sol menor, Op. 23
6 – Largo – Lento – Moderato – Presto in coda
Gravada em Berlim Ocidental, janeiro de 1959

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano no. 18 em Ré maior, K. 576
7 – Allegro
8 –  Andante cantabile
9 – Allegretto grazioso
Gravada em Colônia, Alemanha Ocidental, janeiro de 1960

Fryderyk CHOPIN
Balada para piano no. 4 em Fá menor, Op. 52
10 – Andante con moto
Gravada em Colônia, Alemanha Ocidental, janeiro de 1960

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Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Gaspard de la Nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand, M. 55
1 – Ondine
2 – Le Gibet
3 – Scarbo

Sergey PROKOFIEV
Toccata para piano em Ré menor, Op. 11
4 – Allegro marcato

Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
5 – Allegro tempestoso – Moderato – Allegro tempestoso – Moderato – Più lento – Più animato – Allegro I – Poco più mosso

Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
6 – Allegro inquieto
7 – Andante caloroso
8 – Precipitato

Gravados em Hamburgo, Alemanha Ocidental, março de 1960

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para piano no. 8 em Lá menor, K. 310
9 – Allegro maestoso
10 – Andante cantabile con espressione
11 – Presto
Gravada em Munique, Alemanha Ocidental, abril de 1960

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Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para piano no. 13 em Si bemol maior, K. 333, “Linz”
1 – Allegro
2 – Andante cantabile
3 – Allegretto grazioso
Gravada em Munique, Alemanha Ocidental, abril de 1960

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Das Três sonatas para piano, Op. 10: 
No. 3 em Ré maior
4 – Presto
5 – Largo e Mesto
6 – Menuetto. Allegro
7 – Rondo. Allegro

Maurice RAVEL
Sonatina para piano em Fá sustenido menor, M. 40
8 – Modéré
9 – Mouvement de Menuet
10 – Animé

Robert SCHUMANN
Toccata em Dó maior para piano, Op. 7
11 – Allegro

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para piano no. 18 em Ré maior, K. 576
12 – Allegro
13 –  Andante cantabile
14 – Allegretto grazioso

Gravadas em Colônia, Alemanha Ocidental, setembro de 1960

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Completam a discografia da segunda década de Marthinha esses dois álbuns com gravações ao vivo, feitas durante transmissões radiofônicas. O primeiro é notório tanto por conter os mais antigos registros de nossa deusa tocando dois de seus mais famosos cavalos de batalha- o Concerto em Sol de Ravel e o Mi menor de Chopin – quanto por marcar a primeira parceria dela com seu amigo de toda a vida e futuro marido, Charles Dutoit, que a acompanha no Ravel. O segundo, feito com orquestras alemãs, alinha o concerto de Ravel com o no. 21 de Mozart, que Martha tocou muito em sua juventude e, parece, abandonou na maturidade.

Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra, M. 83
1 – Allegramente
2 – Allegro assai
3 – Presto
Orchestre de Chambre de Lausanne
Charles Dutoit, regência

Gravado em Lausanne, Suíça, em 19 de janeiro de 1959

Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
4 – Allegro maestoso
5 – Romanze – Larghetto
6 – Rondo – Vivace
Orchestre de la Suisse Romande
Louis Martin, regência

Gravado em Genebra, Suíça, em 25 de setembro de 1959

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Maurice RAVEL
1 – 3 Concerto em Sol maior para piano e orquestra, M. 83
Südwestfunk-Sinfonieorchester Baden-Baden
Ernest Bour, regência

Gravado em Baden-Baden, Alemanha Ocidental, em 4 de fevereiro de 1960

Wolfgang Amadeus MOZART
Concerto para piano e orquestra no. 21 em Dó maior, K. 467
4 – Allegro maestoso
5 – Andante
6 – Allegro vivace assai
Kölner Rundfunk-Sinfonieorchester
Peter Maag, regência

Gravado em Colônia, Alemanha Ocidental, em 5 de setembro de 1960

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Unsere Königin spricht Deutsch

Vassily

Serguei Prokofiev (1891-1953): Violin Concerto nº2, Violin Sonata nº1, Sonata for 2 Violins – Janine Jansen, Boris Brovtsyn, Itamar Golan, Jurowsky, LPO

Sempre em sintonia com nosso querido mentor PQPBach, eis mais um jovem talento interpretando nosso querido Prokofiev.

Os lindos olhos verdes de Janine Jansen com certeza seduzem desde o primeiro momento em que cruzamos com eles. E quando começamos a ouvir essa moça tocar seu violino entendemos que não são apenas os lindos olhos verdes que seduzem, mas também seu talento. Esse seu incrível CD intitulado apenas “Prokofiev” é uma amostra disso. Prestem atenção no belíssimo Andante do segundo movimento do concerto para violino e os senhores entenderão do que estou falando.

Serguei Prokofiev (1891-1953): Violin Concerto nº2, Violin Sonata nº1, Sonata for 2 Violins – Janine Jansen, Boris Brovtsyn, Itamar Golan, Jurowsky, LPO

01 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ I. Allegro moderato
02 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ II. Andante assai
03 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ III. Allegro, ben marcato

Janine Jansen – Violin
London Philharmonic Orchestra
Vladimir Jurowski – Conductor

04 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ I. Andante cantabile
05 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ II. Allegro
06 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ III. Commodo (Quasi allegretto)
07 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ IV. Allegro con brio

Janine Jansen & Boris Brovtsyn – Violins

08 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ I. Andante assai
09 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ II. Allegro brusco
10 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ III. Andante
11 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ IV. Allegrissimo

Janine Jansen – Violin
Itamar Golan – Piano

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Janine-Jansen
Janine Jansen – Linda, talentosa, enfim, perfeita !!!

FDP / Link revalidado por PQP

Serguei Prokofiev (1891-1953): Piano Concertos – Berman, Gutiérrez, Jarvi, RCO

Já se passaram dez anos desde que postei esta integral dos Concertos de Prokofiev com a direção do Neeme Järvi. Muita coisa aconteceu neste meio tempo, na época nem imaginava que estaria atualizando estes links em 2021. Também não passava pela cabeça de ninguém que sofreríamos uma pandemia nestas proporções em que estamos sofrendo atualmente. Meus cabelos ainda não tinham ficado brancos, enfim, são dez anos vivendo em uma realidade totalmente diferente.

O colega René Denon pediu estas gravações e pedi um tempo para encontrá-las, pois lembrava do impacto que senti quando as ouvi pela primeira vez. Curiosamente, encontrei-as rapidamente. 

Estou devendo estes concertos desde o começo do ano, e confesso que por algum motivo acabei deixando-os de lado. Pois bem, aí estão a primeira parte dos Concertos para Piano de Prokofiev com o Neeme Järvi (lembrando que postei as sinfonias com este mesmo regente no começo do ano).

Como hoje é quinta feira e ficamos quase vinte e quatro horas fora do ar, resolvi fazer uma postagem rápida, daquelas vapt-vupt, aproveitando que o arquivo já estava no megaupload há pelo menos dez meses, aguardando pacientemente sua vez.

O solista é o excelente Boris Berman, um especialista na obra de Prokofiev.

01 – Piano Concerto No. 1 in D flat major Op. 10 – Allegro brioso
02 – Andante assai
03 – Allegro scherzando
04 – Piano Concerto No. 4 in B flat major Op. 53 – I. Vivace
05 – II. Andante
06 – III. Allegro moderato
07 – IV. Vivace
08 – Piano Concerto No. 5 in G major Op. 55 – I. Allegro con brio
09 – II. Moderato ben accentuato
10 – III. Toccata. Allegro con fuoco
11 – IV. Larghetto
12 – V. Vivo

Boris Berman – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

Pois bem, senhores, concluindo esta caixa, aqui estão os dois Concertos para piano mais famosos de Prokofiev, o Segundo e o Terceiro. É difícil dizer qual deles é o meu preferido, creio que na verdade gosto dos cinco, mas esta introdução melódica do Segundo é de partir os corações mais duros.

Horácio Gutiérrez me era desconhecido até então, mas o rapaz é um assombro. É um virtuose de mão cheia que conhece muito bem seu instrumento, e não se deixa pegar nas armadilhas que Sergey colocou, e não são poucas. Os clientes da amazon foram quase unânimes em dar cinco estrelas à esta gravação, e com razão.

E porque hoje é sábado, usando uma frase muito usada no blog do nosso amigo Milton Ribeiro, vou deixá-los por aqui, e sair para aproveitar o dia.

Boa audição.

Serguei Prokofiev – Piano Concertos nº 2 in G Minor, op. 16, Piano Concerto nº3, in C Major, op. 26

01 – Piano Concerto No. 2 in G minor Op. 16 – I. Andantino – Allegro
02 – II. Scherzo. Vivace
03 – III. Intermezzo. Allegro moderato
04 – IV. Finale. Allegro tempestuoso
05 – Piano Concerto No. 3 in C major Op. 26 – I. Andante – Allegro
06 – II. Tema. Andantino – Variations 1-5 – Tema. L’istesso tempo
07 – III. Alegro ma non troppo

Horácio Gutiérrez – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor

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FDPBach

С днем ​​рождения! – 130 anos de Sergey Prokofiev: Prokofiev por ele mesmo

Nós, que tanto gostamos de Sergey Sergeyevich, não poderíamos deixar seu aniversário passar em brancas nuvens. Por isso, ainda neste seu 23 de abril, e antes que viremos abóbora com as doze badaladas da meia-noite, oferecemos aos leitores-ouvintes essas preciosas gravações do mestre tocando suas próprias obras. O destaque é a leitura frenética, em altíssima voltagem, diria mesmo incomparável, de seu terceiro concerto para piano, que – a despeito das limitações da gravação quase nonagenária e do acompanhamento a meia-fase pela London Symphony, que pena para acompanhar a fúria maníaca de Sergey – demonstra bem o frisson que o grande enxadrista sempre causava ao sentar-se ao teclado. As peças remanescentes, por sua vez, formam uma miscelânea de vastos contrastes que demonstram a expressividade do pianista Prokofiev, com destaque para as ótimas “Visões Fugitivas”, a “Sugestão Diabólica” e o maravilhoso Andante Assai da Sonata no. 4. Se por um lado só temos a lamentar que um músico tão brilhante nos tenha deixado tão poucas gravações, mesmo vivendo até os anos 50, por outro nós  nos podemos considerar privilegiados por escutá-lo através dessa fascinante janela aural aberta para o passado.

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Concerto para piano no. 3 em Dó maior, Op. 26

1 – Andante – Allegro
2 – Tema con Variazioni (Andantino)
3 – Allegro ma non troppo

Sergey Prokofiev, piano
London Symphony Orchestra
Piero Coppola, regência
Gravado em Londres (1932)

Das Quatro peças para piano, Op. 4:
4 – No. 4: Suggestion Diabolique

Das Visions Fugitives, Op. 22:

5 – No. 9: Allegro tranquillo
6 – No. 3: Allegretto
7 – No. 17: Poetico
8 – No. 18: Con una dolce lentezza
9 – No. 11: Con vivacità
10 – No. 10: Ridicolosamente
11 – No. 16: Dolente
12 – No. 6: Con eleganza
13 – No. 5: Molto giocosa

Da transcrição para piano da Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”:
14 – Gavotte

Da Sonata para piano no. 4 em Dó maior, Op. 29:
15 – Andante assai

Dos Contos duma Velha Avó, Op. 31
16 – No. 2: Andantino
17 – No. 3: Andante assai

Das Quatro peças para piano, Op. 32:
18 – No. 3: Gavotte

Das Seis peças para piano, Op. 52
19 – No. 3: Étude

Das Três peças para piano, Op. 59:
20 – No. 3: Sonatine Pastorale
21 – No. 2: Paysage

Sergey Prokofiev, piano
Gravados em Paris (1935)

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Assim como a Música, o xadrez foi uma paixão de toda vida para Sergey Sergeyevich. Ele sempre levava seu tabuleiros e livros de tática para onde quer que fosse. Foi amigo de grandes enxadristas, como Aleksandr Alekhine e o gênio cubano José Raúl Capablanca, a quem chegou a derrotar uma partida.
Oistrakh vs. Prokofiev. A menina é Yelizaveta Gilels, filha de Emil, titã do piano.
A parceria dos amigos Oistrakh e Prokofiev nos palcos dava lugar a uma rivalidade notória nos tabuleiros. Este cartaz de 1937 anuncia uma partida entre ambos, cujo perdedor haveria de tocar um recital para o Clube de Xadrez de Moscou. Depois de quatro empates, os dois acabaram por tocar o recital prometido.

Vassily

A Obra Completa de Bartók (1881-1945) – Miraculous Mandarin Suite, Piano Concerto no. 3 #BRTK140 + Stravinsky (1882-1971) – Firebird

Hoje, seguimos com as homenagens a Bartók e iniciamos uma série de postagens dedicadas a Igor Stravinsky, que morreu há 50 anos, em abril de 1971.

O russo Valery Gergiev foi maestro titular da Orquestra Sinfônica de Londres de 2007 a 2015. Eles gravaram, nesse período, todas as sinfonias de Mahler, de Prokofiev e de Scriabin. Tudo ao vivo. Além da ópera Barba-Azul, de Bartók. Stravinsky já faz parte do repertório de Gergiev há muito tempo, com a orquestra Mariinsky de São Petersburgo.

Nesta gravação ao vivo de 2015, muito bem captada, ouvimos um concerto inteiro da Orquestra Sinfônica de Londres, na turnê de despedida de Gergiev como maestro principal, antes de ele assumir a Filarmônica de Munique.

Na obra de abertura, a Suíte Mandarim Miraculoso, Sz. 73, a orquestra londrina mostra sua capacidade de criar as sonoridades mais diversas, da agitada e urbana introdução até as várias cenas noturnas de Bartók, um mestre em criar noturnos orquestrais com cordas graves misteriosas e sopros suaves. O ballet Mandarim Miraculoso (aqui reduzido pelo compositor a uma suíte, uma espécie de “melhores momentos”), tem como protagonista uma prostituta, apesar desse título que com certeza foi pensado para atenuar os escândalos (em 1947 por exemplo, Sartre estreava a peça de teatro La P… respectueuse, escrita assim porque a publicação da palavra p*** era proibida até 1962 na França). Normal, em uma obra desse tipo, que as cenas sejam quase todas noturnas.

O 3º Concerto para Piano de Bartók é o ponto mais fraco da noite. Há muitos momentos interessantes, mas no geral, o pianista Yefim Bronfman e os músicos londrinos não conseguem competir com gravações como a de Schiff/Fischer/Budapest Festival Orchestra. É uma obra de orquestração mais concisa com menos cordas, menos percussões, menos solos exuberantes de sopros, e que exige realmente uma grande sensibilidade dos músicos, apenas parcialmente atingida aqui.

No balé Pássaro de Fogo, de Stravinsky, voltamos às orquestrações exuberantes já desde o começo, com 8 contrabaixos, seguidos por 3 fagotes e dois contrafagotes, 3 harpas e por aí vai… Gergiev é um especialista nesse repertório e a qualidade dos músicos e da gravação completam o time vencedor. Um comentarista na Amazon descreve que, como a gravação foi realizada por uma estação de rádio, ele esperava qualidade de áudio não tão espetacular, mas se enganou, pois as dinâmicas captam bem desde os sons mais suaves aos mais barulhentos, e todos os instrumentos têm seus momentos para brilhar. Ele completa:

I was impressed with the recording quality, and it deserves to be in the well-engineered LSO series with no reservations. As for the Firebird, Gergiev doesn’t do anything radical: the tempi are fairly brisk compared to other favorite recordings, but not excessively so. What struck me every time through is how the work grabbed me: I wanted to hit the next track button to hear my favorite bits, but almost always got enthralled in the tension the LSO was building. The last few tracks are easily as good as any other recording of this work in my collection, and that covers over three dozen recordings. While there’s not the massive bass sound from the Telarc recording, for example, there’s no lack of bass here.

Para completar o concerto ao vivo, não podia faltar um bis, é claro. Gergiev traz mais um russo – na verdade ucraniano – com uma famosa melodia de Prokofiev.

CD1
Béla Bartók (1881–1945)
1-3. Suite from The Miraculous Mandarin, Op 19, Sz 73, BB 82 (1918–24)
4-6. Piano Concerto No 3 in E major, Sz 119, BB 127 (1945)

CD2
Igor Stravinsky (1882–1971)
1-9. The Firebird (complete ballet, 1910)
Sergei Prokofiev (1891–1953)
10. Suite No 2 from Romeo and Juliet, Op 64ter: “No 1: Montagues and Capulets” (1936)

London Symphony Orchestra
Valery Gergiev
Yefim Bronfman piano
Recorded live on 24 October 2015 at the New Jersey Performing Arts Center

DOWNLOAD HERE – BAIXE AQUI – FLAC

DOWNLOAD HERE – BAIXE AQUI – MP3 320 kbps

Quem desenhou esta ilustração presente em programas do Mandarim?

Pleyel

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Não me apaixonei por este disco, mas é surpreendente encontrar num lugar só representados tantos aspectos do estilo do compositor. Desde o romantismo da balada, passando pelas dissonâncias pontiagudas de Chout até a elegíaca e inacabada Sonata Solo. Porém, mesmo que auxiliado por uma boa pianista, Tatyana Lazareva, o recital de Ivashkin não me seduziu muito. Começa com a familiar Sonata para violoncelo e piano, tocada de forma altamente sentida, com Lazareva fornecendo um acompanhamento pesado e autenticamente russo. A Ballade é certamente uma das melhores versões para esta obra cada vez mais popular. O tratamento lúdico de Ivashkin para a seção central semelhante a uma gavota nos lembra que Prokofiev sabe fazer humor. Ou seja, duas boas peças logo de cara e depois o repertório cai de qualidade, não obstante a categoria de Ivashkin e Lazareva.

Serguei Prokofiev (1891-1953): Todas as peças para Violoncelo e Piano (Ivaskin, Lazareva)

Sonata For Cello And Piano, Op. 119 (23:58)
1 I Andante Grave 11:24
2 II Moderato 4:37
3 III Allegro Ma Non Troppo 7:57

4 Ballade, Op. 15 13:12

5 Adagio From The Ballet Cinderella, Op 97 Bis 4:31

6 Andante – Second Movement From The Unfinished Cello Concertino, Op. 132 5:57

Fragments From The Ballet ‘Chout’, Op. 21
Arranged By – Roman Sapozhnikov
(7:23)
7 Chout And Choutika (The Buffoon And Buffooness) 1:40
8 The Merchant Is Dreaming 1:44
9 Choutika 0:50
10 The Merchant In Despair 2:04
11 Dance Of The Buffoons’ Daughters 1:02

12 Sonata For Solo Cello, Op. 134 (Unfinished)
Score Editor [Completed By] – Vladimir Blok*
12:23

Cello – Alexander Ivashkin
Piano – Tatyana Lazareva

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Prokofiev nos advertiu que não aceitaria brincadeiras na legenda da foto.

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Suíte Chout (O Bufão) op.21 e Suíte de Valsas op. 110

Sergei Prokofiev é uma unanimidade aqui na redação do PQP Bach. Só em 2020, entre outras postagens, René trouxe as sonatas para piano, ele e FDP trouxeram os concertos para piano, PQP trouxe 3 intérpretes diferentes para os concertos para violino, Vassily trouxe “Pedro e o Lobo – Conto de Fadas Sinfônico para Crianças”.

Prokofiev também compôs muita música para os palcos: ópera, balé, música incidental… E ele tinha o hábito de criar suítes que eram uma espécie de ‘melhores momentos’, para serem tocadas em concertos puramente sinfônicos, como também fazia seu contemporâneo Igor Stravinsky (cf. Suíte Pássaro de fogo, Suíte L’histoire du soldat, etc.) Fica inclusive a dica para os novatos na música clássica: se na época de Rameau e Bach a palavra suíte tinha outro significado, no século XX ela às vezes lembra aqueles CDs de greatest hits ou, mais recentemente, playlists de melhores momentos de uma ou várias obras anteriores. No caso, o DJ é o próprio compositor, que publica a playlist com um número de opus.

Composto entre 1941 e 1944, durante a 2ª Guerra Mundial, e estreado alguns meses após o armistício de 1945, o balé Cinderella tem ao mesmo tempo uma grande leveza e beleza de conto de fadas e um clima pesado, com aquela história de família cheia de inveja e maldade… A ópera Guerra e Paz, também composta durante a guerra, é explicitamente uma exaltação patriota do povo russo. Gennadi Rozhdestvensky e sua orquestra russa se equilibram fantasticamente entre o lado bucólico e o lado sombrio da música inspirada no conto de Perrault e no romance de Tolstoi. Alguns timbres, sobretudo os metais, garantem um ar sempre um pouco sério, bem diferente da tranquilidade aristocrática de valsas tocadas com sotaque austríaco ou britânico.

O Esboço de Outono, op.8, é uma obra de juventude, de um compositor que ainda buscava sua voz própria. O Balé Chout, ou “O Bufão”, se inspira no folclore russo e foi estreado em Paris em 1921 pelos Ballets Russes, que anos antes haviam estreado os grandes balés de Stravinsky e Jeux de Debussy. Em 1924, a Suíte foi estreada em Bruxelas.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Suíte Chout (O Bufão) op.21 e Suíte de Valsas op. 110
Tale Of The Buffoon, “Chout” – Concert Suite From Ballet Op. 21a
1 The Buffoon And His Wife
2 Dance Of The Buffoons’ Wives
3 The Buffoons Kill Their Wives (Fugue)
4 The Buffoon Disguised As Young Woman
5 Entr’acte No. 3
6 Dance Of The Buffoons’ Daughters
7 Arrival Of The Merchant – Dance Of Greeting – Choosing The Bride
8 In The Merchant’s Bedroom
9 The “Young Woman” Is Transformed Into A Nanny Goat
10 Entr’acte No. 5 – The Burial Of The Nanny Goat
11 Quarrel Of The Buffoons And The Merchant
12 Final Dance
13 Autumnal Sketch Op. 8
Waltz Suite Op. 110
14 Since We Met (War And Peace)
15 In The Place (Cinderella)
16 Mephisto Waltz (Lermotontov)
17 End Of The Fairy Tale (Cinderella)
18 New Year’s Eve Ball (War And Peace)
19 Happiness (Cinderella)
Conductor – Gennady Rozhdestvensky
Orchestra – Grand Symphony Orchestra of Radio and Television – Moscow
Recorded 5 June 1962 (Tale Of The Buffoon), 7 January 1962 (Autumnal Sketch) and 15 June 1967 (Waltz Suite)
CD remaster: 1997

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Pleyel

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

Prokofiev & Shostakovich: Concertos para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD recebeu todos os prêmios possíveis de se ganhar em 1994. Mereceu, é sensacional, esplêndido, até hoje imbatível, creio. Rostropovich estendeu a mão para o menino Vengerov, na época com 20 anos, para que ele subisse nos ombros de gigantes como Kogan e Oistrakh e conseguisse superá-los. Aqui, Rostrô atua como regente. Não há nada mais ou menos nesta gravação — solista, orquestra e regente estão impecáveis. Se o destaque é o tenso Concerto de Shostakovich, Prokofiev não lhe fica atrás. Creio que Rostrô deve ter orientado Vengerov a fazer a mais dilacerante das cadenzas na Passacaglia de Shosta, uma especialidade de Oistrakh. Nela o violino acaba abandonado pela orquestra, realizando um belíssimo e longo solo que dá entrada ao movimento final. Este CD é um dos que devem ser levados para a ilha deserta ou, no mínimo, deve ser guardado no nosso ventrículo esquerdo, que é onde o coração bate mais forte.

Prokofiev: Concerto para Violino Nº 1 / Shostakovich: Concerto para Violino Nº 1 (Vengerov / Rostropovich)

1. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Andantino
2. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Scherzo: Vivacissimo
3. Prokofiev: Violin Concerto No. 1 In D Major, Op. 19: Moderato

4. Shostakovich: Violin Concerto No.1 In A Minor: Nocturne: Moderato
5. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Scherzo: Allegro
6. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Passacaglia: Andante
7. Shostakovich: Violin Concerto No.1 in A minor: Burlesque: Allegro con brio

Performed by London Symphony Orchestra
with Maxim Vengerov, violin
Conducted by Mstislav Rostropovich

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Prok e Shosta: os autores dos grandes concertos deste excepcional CD.

PQP

In memoriam Sean Connery (1930-2020) – Sergei Prokofiev (1891-1953) – Pedro e o Lobo, Op. 67 – Suíte “Tenente Kijé”, Op. 60 – Benjamin Britten (1913-1975) – The Young Person’s Guide to the Orchestra – Connery – Dorati

Sir Thomas Sean Connery deixou-nos no finalzinho do mês passado, e, tão logo soube da má notícia, lembrei de trazer-lhes este pequenino disco.

A comoção das legiões de fãs com sua morte foi tão grande quanto o reaceso rechaço à sua inaceitável e tantas vezes reiterada opinião quanto a bater em mulheres – opinião que, claro, eu não corroboro e que vigorosamente condeno. Enquanto aproveito para recondená-la, e por vivermos tempos em que nenhum óbvio é mais ululante, esclareço que não pretendo aqui tecer loas ao espancador de mulheres, e sim celebrar o legado artístico do ator icônico, dono duma voz inconfundível e de distinto sotaque que, algumas vezes, soltou no cinema:

E é com a voz que Connery aparece nesta nossa homenagem, acompanhado por Antál Dorati e a Royal Philarmonic, em duas figurinhas fáceis do repertório para narrador e orquestra: “Pedro e o Lobo”, de Prokofiev, numa versão em inglês atenuada das cores soviéticas do original (no primeiro esboço, Pedro era um jovem pioneiro de Lênin), e no “Guia dos Jovens para Orquestra”, de Britten, uma adaptação duma obra em variações sobre um tema da música de cena de Purcell para a peça “Abdelazer”, de Aphra Behn. Dorati, um verdadeiro monstro de eficiência, sai-se bem como sempre (e em especial na música para “Tenente Kijé”, também inclusa no disco), e a voz de Connery é tão clássica que não tenho como lhe fazer críticas, e mesmo a forma hilária com que ele pronuncia a palavra “brass” para se referir aos metais inunda a narração de charme.

Tapadh leat, Tom!

Sergei Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Pedro e o Lobo (Petya i volk), Conto de Fadas Sinfônico para Crianças,  Op. 67

1 – This is the story of Peter and the Wolf
2 – It was early morning
3 – Grandfather led him back to the house
4 – Now this is how things stood
5 – And now, the victory parade

Sean Connery, narrador
Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência


Suíte “Tenente Kijé” (Poruchik Kizhe), da trilha sonora do filme de Aleksandr Faintsimmer, Op. 60

6 – O nascimento de Kijé
7 – Romance
8 – Casamento de Kijé
9 – Troika
10 – O funeral de Kijé

Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência


Edward Benjamin BRITTEN (1913-1976)

Variações e fuga sobre um tema de Purcell, para orquestra, Op. 34 (The Young Person’s Guide To The Orchestra), Op. 34

11 – Introduction
12 – Let us hear each instrument play a variation
13 – The highest instruments in the string family
14 – We now come to the brass family
15 – The percussion family
16 – You have heard the whole orchestra in sections

Sean Connery, narrador
Royal Philarmonic Orchestra
Antal Doráti, regência

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DÃ BRAÉSSS (CC0 1.0 Universal (CC0 1.0), Public Domain Dedication, https://pxhere.com/en/photo/594911)

Vassily

Sergei Prokofiev (1891-1953): Os 2 Concertos para Violino / Sonata For Violin Solo, Op. 115 (Steinbacher, Petrenko)

Sergei Prokofiev (1891-1953): Os 2 Concertos para Violino / Sonata For Violin Solo, Op. 115 (Steinbacher, Petrenko)

Os dois Concertos para Violino de Prokofiev são incontornáveis, autênticas obras-primas da música do século XX. Arabella Steinbacher e Vasily Petrenko dão-lhes tratamento sublime. A violinista é excelente e fez a muito boa escolha de se fazer acompanhada por russos. O resultado ficou como deve ser. Claro que a concorrência é forte, mas Arabella coloca-se bastante bem dentro dela. O primeiro concerto é lindo, mas o segundo sempre foi inquilino de meu ventrículo esquerdo — que é onde o coração bate mais forte. Ambos são esplêndidos!

A Sonata para Violino Solo, Op. 115, foi composta em 1947. Foi encomendada pelo Comitê de Assuntos de Artes da União Soviética como um trabalho pedagógico para estudantes de violino. É uma peça originalmente projetada para ser tocada ou por um solista ou por vários jovens intérpretes em uníssono. Não foi apresentada até 10 de julho de 1959 — seis anos após a morte de Prokofiev — por Ruggiero Ricci no Conservatório de Moscou.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Os 2 Concertos para Violino / Sonata For Violin Solo, Op. 115 (Steinbacher, Petrenko)

Violin Concerto No. 1 In D Major Op. 19
1 Andantino 10:22
2 Scherzo – Vivacissimo 3:59
3 Moderato – Allegro Moderato – Più Tranquillo 9:09

Violin Concerto No. 2 In G Minor Op. 63
4 Allegro Moderato 11:20
5 Andante Assai – Alegretto – Andante Assai 10:06
6 Allegro, Ben Marcato 6:12

Sonata For Violin Solo In D Major Op. 115
7 Moderato 5:15
8 Theme – Andante Dolce 0:28
9 Variation 1 0:28
10 Variation 2 – Scherzando 0:26
11 Variation 3 – Andante 0:32
12 Variation 4 0:37
13 Variation 5 0:41
14 Con Brio – Allegro Precipitato 4:07

Violin – Arabella Steinbacher
Orchestra – Russian National Orchestra (tracks: 1 to 6)
Conductor – Vasily Petrenko (tracks: 1 to 6)

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Arabella Steinbacher caminhou por toda a sede de verão da PQP Bach Corp. em Florianópolis. Ela estava procurando Vassily Genrikhovich para ir à praia com ele, mas não teve sucesso.

PQP

Sergey Prokofiev (1891-1953) – Piano Concerto nº3 in C Major, op.26, Piotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, in B Flat Major, op. 23 –

Hoje trago sangue novo para o blog, um nome que provavelmente ainda iremos ouvir falar e muito. Trata-se de Behzod Abduraimov, jovem pianista (nasceu em 1991) que veio do longinquo Uzbequistão, e que vem se destacando nos palcos do mundo inteiro, com um talento imenso e uma técnica apuradíssima. Foi vencedor do prestigiadíssimo “Van Cliburn International Piano Competition“, e na esteira deste sucesso, vem se apresentando com as mais renomadas orquestras e regentes, inclusive gravando CDs.

Neste CD que ora vos trago, Behzod encara duas pedreiras, o Concerto nº1 de Tchaikovsky e o Terceiro de Prokofiev, dois concertos conhecidos não apenas por suas dificuldades de execução mas também pela forte carga emotiva e dramática que carregam. São obras que exigem muito do solista, mas aqui a juventude fala mais alto, e o então garoto brilha com todo o seu talento, tirando de letra.  Vale a pena ouvir, para conhecer.

Seguindo as recomendações de René Denon, que sempre diz que a fila anda, quando conversamos sobre antigos intérpretes, apresento para os senhores, então, uma das gratas surpresas que tivemos no mundo do piano neste novo século. Espero que apreciem. Vamos dar voz aos novos talentos que surgem.

Sergey Prokofiev (1891-1953) – Piano Concerto nº3 in C Major, op.26

1 – I – Andante – Allegro
2 – II – Andantino con Variazoni
3 – III – Allegro ma non troppo

Piotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, in B Flat Major, op. 23

4 – I – Allegro non troppo e molto maestoso – Allegro con spirito
5 – II – Andantino semplice – Prestissimo – Tempo I
6 – III – Allegro con fuoco

Behzod Abduraimov – Piano
Orchestra Sinfonica Nazionale della RAI
Juraj Valcuha – Conductor

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In memoriam Leon Fleisher (1928-2020): Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto para piano e orquestra em Ré maior – Sergei Prokofiev (1891-1953) – Concerto para piano e orquestra no. 4, Op. 53 – Benjamin Britten (1913-1976): Diversions

Quando aqueles dedos da mão direita começaram a curvar-se teimosamente, Leon Fleisher, então com trinta e poucos anos e a requisitada agenda cheia para talvez mais trinta, não imaginava que eles lhe davam os primeiros sinais de um então inominado problema que, eventualmente, o faria perder completamente o controle dos movimentos da mão direita.

Após submeter-se sem sucesso a diversos tratamentos experimentais – muitos deles com o grande pianista e tremendo amigo Gary Graffman, sobre cuja mão direita também recaiu a mesma desgraça -, Fleisher não se deu por vencido e, sem abandonar a busca por uma cura, passou a explorar o repertório escrito para a mão esquerda dos pianistas, gravando-o e levando-o em turnês pelo planeta.


O compositor William Bolcom homenageou Graffman e Fleisher, amigos e companheiros de infortúnio, compondo um concerto para dois pianos tocados com a mão esquerda, cuja estreia mundial corresponde à gravação do vídeo acima

A maior parte desse significativo repertório deve-se a um só homem: o pianista vienense Paul Wittgenstein, que perdera o braço direito em combate na Primeira Guerra Mundial e, admiravelmente, retomou sua carreira artística após o armistício. Obstinado e, não menos importante, muito endinheirado, fez três ciclos de encomendas a compositores renomados para que lhe criassem obras executáveis somente com a mão esquerda. O primeiro ciclo, nos anos 20, viu surgirem obras de Erich Wolfgang Korngold, Richard Strauss, Bohuslav Martinů  e Franz Schmidt. O segundo, nos anos 30, incluiu Maurice Ravel e Sergei Prokofiev. Por fim, entre 1940-45, depois de fugir do Nazismo e radicar-se nos Estados Unidos, Wittgenstein solicitou obras aos ingleses Benjamin Britten e Norman Demuth.

O pianista pagava bem e exigia muito, de modo que as estreias das obras e os direitos de longa data sobre sua execução ficavam, contratualmente, sob sua responsabilidade. Ademais, contrariando o “pagando bem, que mal tem?” com que certamente aquela grana toda sorria naqueles bicudos tempos de guerra na Europa, os compositores não ganharam muitos mimos de Wittgenstein. O concerto de Prokofiev – que ouvirão a seguir – foi devolvido com um agradecimento e a ressalva de que o dedicatário não entendera “uma só nota dele” e que, enquanto a iluminação não viesse, ele não o tocaria. O concertino de Martinů foi também devolvido, o que foi sorte melhor que a Klaviermusik de Paul Hindemith, que Wittgenstein estudou e, sem entender tchongas, escondeu tão bem entre seus papeis que a peça só foi encontrada depois da morte de sua esposa, em 2001. Três anos depois de redescoberta, e oitenta anos após sua composição, a Klaviermusik foi pela primeira vez ouvida em público, estreada por nosso homenageado, Leon Fleisher, em 2004.

Entre toda a, chamemo-la assim, “Wittgensteiniana” para a mão esquerda, o concerto de Ravel é certamente a obra mais célebre. Concebido em um só movimento com seções contrastantes, e iniciando com um sensacional solo de contrafagote, ele distingue-se pela intrincada escritura pianística que emula, com muito sucesso, a impressão dum pianista a tocar com dez dedos. Consta que, ao ouvi-lo tocado pelo dedicatário, Ravel enfureceu-se com alterações arbitrárias que este fizera na orquestração e, pior ainda, com vários cortes, e nunca mais falou com Wittgenstein. Este, pelo jeito um homem de poucas papas na língua, também levou uma carga de azia para o normalmente pacífico Benjamin Britten, que não levou tanta fé em suas “Diversions” quanto deveria e, talvez contaminado pela pentelhância do pianista, acabou por não promover sua obra mesmo depois da morte do encomendante. É uma pena, porque é uma composição muito bem trabalhada que, assim como o concerto de Prokofiev, não busca imitar o efeito de duas mãos a tocarem, e sim explorar o teclado como um novo meio.

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)

Concerto para piano e orquestra em Ré maior, para a mão esquerda

1 – Lento – Andante – Allegro – Tempo 1˚

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Concerto para piano e orquestra no. 4 em Si bemol maior, Op. 53, para a mão esquerda

2 – Vivace
3 – Andante
4 – Moderato
5 – Vivace

Benjamin BRITTEN (1913-1976)

Diversions, para piano (mão esquerda) e orquestra, Op. 21

6 – Theme. Maestoso
7 – Var. 1: Recitative. L’Istesso Tempo
8 – Var. 2: Romance. Allegretto mosso
9 – Var. 3: March. Allegro con Brio
10 – Var. 4: Arabesque. Allegretto
11 – Var. 5: Chant. Andante solennemente
12 – Var. 6: Nocturne. Andante piacevole
13 – Var. 7: Badinerie. Grave
14 – Var. 8: Burlesque. Molto moderato
15 – Var. 9a: Toccata I. Allegro
16 – Var. 9b: Toccata II. L’Istesso tempo
17 – Var. 10: Adagio
18 – Finale – Tarantella. Presto Con Fuoco

Leon Fleisher, piano
Boston Symphony Orchestra
Seiji Ozawa, regência

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Além da notável carreira concertística com obras para a mão esquerda, Leon Fleisher distinguiu-se como pedagogo. Era muito querido por sua postura amável, que buscava contribuir com o aperfeiçoamento de seus estudantes sem moldar-lhes o estilo a seu próprio. Sugiro fortemente àqueles que entendem inglês que acompanhem esta masterclass em que a extraordinária Yuja Wang – então com 17 anos e aluna de Gary Graffman, grande amigo de Fleisher – desenvolve sua interpretação duma das mais sublimes sonatas de Schubert através de gentis contribuições do mestre.

Vassily

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

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Comecei a postar esta coleção lá em 2016, mas acabei parando. Não tenho muita certeza de que tenho todos os cds desta série, mas trarei o que tenho. Começo então renovando os links que trouxe naquela época. 

Esta coleção de gravações de Martha Argerich é sensacional, e virou meio que uma tradição. A EMI lançou durante aproximadamente dez anos um conjunto de três Cds de cada vez, que trazia as principais performances dos mais diversos músicos em um festival em uma cidadezinha suiça chamada Lugano.

Nestes três cds temos performances realizadas entre os anos de 2002 e 2004. Em minha modesta opinião, o melhor momento é a transcrição para dois pianos da Sinfonia Clássica de Prokofiev. Martha e Yefim Bronfman dão um show de versatilidade, talento e virtuosismo, mas o que mais poderiamos esperar destes dois?

Temos Maxim Vengerov, os irmãos Capuçon, Lilya Zilberstein, entre outros nomes não tão conhecidos.

Então vamos ao que viemos.

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

CD 1
Prokofiev:
01. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 I. Allegro
02. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 II. Larghetto
03. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 III. Gavotte Non troppo all
04. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 IV. Finale Molto vivace

Martha Argerich & Yefim Bronfman – Pianos

Tchaikovsky:
05. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a I. Ouverture miniature
06. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Marcia viva
07. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse de la fée dragée – Andante non tropo
08. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse russe: trépak
09. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse arabe: Allegretto
10. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse chinoise: Allegro Moderato
11. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Dans de mirlitons: Moderato assai
12. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a III. Valse des fleurs

Martha Argerich & Mirabela Dina – Pianos

Shostakovich:
13. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 I. Andante – Moderato
14. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 II. Allegro non troppo
15. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 III. Largo
16. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 IV. Allegretto

Martha Argerich – Piano
Maxim Vengerov – Violin
Gautier Capuçon – Cello

CD 2
Brahms:
01. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- I. Allegro
02. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- II. Adagio
03. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- III. Un poco presto e co
04. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- IV. Presto agitato

Lilya Zilberstein – Piano
Maxim Vengerov – Violin

Schubert:
05. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- I. Allegro moderato
06. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- II. Andante un poco mosso
07. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- III. Scherzo- Allegro
08. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- IV. Rondo- Allegro vivace

Yefim Bronfman – Piano
Renaud Capuçon – Violin
Gautier Capuçon – Cello

CD 3
Schumann:
01. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 I. Allegro brillante
02. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 II. In modo d’una marcia – Un poco lar
03. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 III. Scherzo Molto vivace
04. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 IV. Allegro ma non troppo

Martha Argerich – Piano
Dora Schwarzberg – Violin
Renaud Capuçon – Violin
Nora Romanoff-Schwarzberg – Viola
Mark Dobrinsky – Cello

 

Schumann:
05. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 I. Mit leidenschaftliche
06. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 II. Allegretto
07. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 III. Lebhaft

Martha Argerich – Piano
Géza Hossu-Legocky – Violin

Dvořák:
08. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) I. Allegro con fuoco
09. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) II. Lento
10. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) III. Allegro moderato
11. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) IV. Allegro ma non troppo

Walter Delahunt – Piano
Renaud Capuçon – Violin
Lida Chen – Viola
Gautier Capuçon – Cello

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FDP

Prokofiev / Nielsen: Concerto para Violino Nº 1 / Concerto para Violino Op. 33

Prokofiev / Nielsen: Concerto para Violino Nº 1 / Concerto para Violino Op. 33

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Liya Petrova venceu o Concurso Internacional de Violino Carl Nielsen em 2016, o que tornou inevitável este disco do único concerto para violino da Nielsen. Há alguns anos, essa peça era tão rara no catálogo gravado que era preciso procurar muito para encontrar algo realmente bom. Hoje, pode-se escolher entre trinta ou quarenta gravações, incluindo algumas das principais celebridades. Sendo assim, Liya Petrova devia justificar a recomendação, né? E justifica. O primeiro ponto a seu favor é o som maravilhoso que ela produz. Esta é realmente uma das interpretações mais belas que se pode encontrar, algo que combina técnica aparentemente ilimitada com musicalidade de primeira. E isto tanto no Nielsen quando no extraordinário Concerto Nº 1 de Prokofiev. A Odense Symphony Orchestra também faz um trabalho espetacular. A búlgara Liya Petrova é uma estrela em ascensão, com a agenda lotada. Merece.

Prokofiev / Nielsen: Concerto para Violino Nº 1 / Concerto para Violino Op. 33

Prokofiev: Violin Concerto No. 1 in D major, Op. 19 23:19
I. Andantino 10:03
II. Scherzo. Vivacissimo 4:02
III. Moderato 9:14

Nielsen: Violin Concerto, Op. 33 (FS61) 38:25
I. Prelude. Largo – Allegro cavalleresco 20:40
IIa. Poco adagio 7:02
IIb. Rondo. Allegretto scherzando 10:43

Liya Petrova (violin)
Odense Symphony Orchestra
Kristiina Poska

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Liya Petrova está feliz por estrear no PQP Bach. Nós também.

PQP