Nossa Rainha completa hoje oitenta outonos, e nós, seus súditos aqui no PQP Bach, não poderíamos deixar de lhe prestar nossas embevecidas homenagens.
Não que elas tenham faltado, claro, ao longo desses quase quinze anos de blog. Foram algumas toneladas de seda rasgadas, que custaram talvez mais que o PIB duma micronação no Pacífico, o que é absolutamente natural, porque não há a respirar nessa atmosfera uma outra pianista como Marthinha – e porque, para nossa felicidade, também não há sinais de que ela deixe de nos embevecer tão cedo.
Os heréticos que dela duvidam talvez possam arder de arrependimento ao vê-la voltar aos recitais solo (ainda que sem público) e à sonata no. 3 de Chopin, ambos depois de décadas, para fazer ISSO em Hamburgo, no ano passado:
Se poucos são os pianistas que, ao entrarem em seu octagésimo ano de vida, se animariam a enfrentar uma obra tão exigente, em número ainda menor são aqueles que o fariam com tanto vigor, correndo tantos riscos, e de lambujem trazendo ainda mais beleza à sua leitura: o cantabile do Largo, na minha desimportante opinião, é ainda mais maravilhoso que em suas versões anteriores da sonata.
Não conheço, tampouco, outros artistas na idade que Marthita atinge hoje que se animem a aprender repertório novo. A última edição da revista Gramophone dá conta de que ela está aprendendo as schumannianas “Estações” de Tchaikovsky, e que pediu ao amigo e afilhado artístico Nelson Goerner a partitura do “Imperador” de Beethoven, que ela aprendeu (e esqueceu) na juventude:
Novidade em seu repertório é, também, a Fantasia para piano e orquestra de Claude Debussy que está no disco lançado ontem, em parceria com velho amigo e conterrâneo Daniel Barenboim, e que ora lhes alcançamos: no aniversário da Rainha, os parabéns vão para ela – mas o presente, fomos nós que o recebemos.
Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)
Fantaisie, para piano e orquestra, L. 73
1 – Andante ma non troppo
2 – Lento e molto espressivo
3 – Allegro molto
Martha Argerich, piano
Staatskapelle Berlin
Daniel Barenboim, regência
Sonata em Sol menor para violino e piano, L. 140
4 – Allegro vivo
5 – Intermède. Fantasque et léger
6 – Finale. Très animé
Michael Barenboim, violino
Daniel Barenboim, piano
Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, L. 135
7 – Prologue. Lent
8 – Sérénade et Finale. Modérément animé
9 – Finale. Animé
Kian Soltani, violoncelo
Daniel Barenboim, piano
La Mer, Três Esboços Sinfônicos para orquestra, L. 109
10 – De l’aube a midi sur la mer
11 – Jeux de vagues
12 – Dialogue du vent et de la mer
Staatskapelle Berlin
Daniel Barenboim, regência
Se você nasceu e cresceu na Lua e não conhece Martha Argerich (que, como diz nosso amigo René Denon, é de Marthe), esse vídeo do músico e youtuber Rick Beato foi feito para você.
Como mimo extra à Rainha, e para que vocês se esbaldem, restaurei todos os links inativos das numerosas postagens com sua arte, espalhados ao longo de quase quinze anos de blog. Aproveitem!
[Restaurado] Sergei Prokofiev (1891-1953) – Sonatas para Violino e Piano e 5 Melodias
[Restaurado] Robert Schumann (1810-1856) – Sonatas para Piano e Violino – Kremer, Argerich
[Restaurado] Sergey Prokofiev – Prokofiev for Two – Martha Argerich, Sergei Babayan
[Restaurado] Frédéric Chopin (1810-1849) – Argerich plays Chopin
Vassily
Grande e bela homenagem à nossa amada Martha Argerich … parabéns, Vassily … e claro, principalmente nossos Parabéns à grande rainha do piano … título mais do que justo.
Muito oportuna a homenagem à grande Martha Argerich.
Apenas um senão: faltou a faixa 9.
Salve, Sergio!
Grato por avisar. Tente novamente, que agora tudo deve estar certo.
Olá, Vassily!
No livrinho do CD das Sonatas para Piano e Violoncelo de Brahms, gravadas por Rostropovitch e Serkin, há um depoimento de Rostropovich dizendo que admirava Serkin por ter aprendido a (difícil) parte de piano da Sonata em fá maior quando este já tinha 79 anos, exatamente para a famosa gravação…
Linda a tua postagem!
Abração do
René
Boa noite.
Eu sei que a emoção é muita pelo aniversário da Martita, mas a postagem “[Restaurado] Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto para Piano em Sol Maior, Gaspard de la Nuit e Sonatine” de 2 de abril de 2007 e a postagem “[Restaurado] Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto para piano em Sol Maior, Gaspard de la Nuit, Sonatine” de 9 de setembro de 2018 não têm o mesmo conteúdo? Os arquivos são do mesmo tamanho e na postagem de 9 de setembro de 2018 aparece o trecho “…mas como se trata de um cd já postado…”
Boa noite,
Sim, foi exatamente isso: a emoção de comemorar o aniversário da Rainha, o afã de restaurar as postagens, inclusive as duplicadas, e meu engano. Suprimirei a menção à mais recente, para evitar que outros leitores-ouvintes baixem duas vezes a mesma gravação. Peço desculpas, enquanto espero que tenha gostado dela!
Sim, gostei, e obrigado pelo seu trabalho e sua dedicação.