.: interlúdio – Nikolai Kapustin :.

Este post começa com uma pausa — para agradecimentos. Obrigado a todos os leitores do PQP Bach, em especial estes que embarcam nas peripécias jazzísticas (frequentemente experimentais) deste seu Blue Dog. Fico sinceramente feliz com o espaço e a companhia dos colegas autores e leitores. (E meus amigos também agradecem, porque assim diminuo a torrente de e-mails com indicações, espasmos e suspiros musicais variados. (Sou daqueles apaixonados chatos, que não conseguem calar a boca quando o assunto é o preferido.)) E embora eu não responda a todos os comentários deixados nos posts, saibam que não passo nenhuma dica; às vezes demora pra eu ouvir, noutras não é bem o idioma que ando escutando, mas eu sempre vou atrás. Foi o que aconteceu dessa vez, inclusive; está lá num post do ano passado sobre Mouse on the Keys, o César quem disse: “Interessante, a Toccatina do Sezession é o próprio estudo do Concert Etudes Op.40, do Kapustin. Esse compositor seria uma boa pedida para este blog, Blue Dog.”

Mais de um ano depois, fui conferir meio desconfiado. A Toccatina do Mouse on the Keys, excelente, um quase blues-funk, então é uma versão? De um compositor de nome russo, com nome da obra meio em francês, e ainda por cima um opus na referência? Naquele milissegundo do julgamento primário, me bateu muito mal; isso vai ser lento, e chato, certamente.

E foi aí que o cachorro tropeçou nas próprias patas.

A Toccatina original é trocentas vezes melhor. Rápida, energética, até feroz. Jazz? Sem dúvida, há todo aquele swing marcante. Mas há algo na estrutura; o fluxo das notas não parece nenhuma outra improvisação a que estejamos acostumados. A biografia explica: Nikolai Kapustin (nascido na Ucrânia em 1937) estudou música clássica durante anos a anos a fio, e então descobriu e apaixonou-se pelo jazz. Ele conta numa entrevista que viu seu sonho mudar; de um virtuose erudito, passou a desejar ser um compositor clássico para o jazz. A mesma proposta que a Third Stream queria produzir, mas com uma diferença: foco. Kapustin consegue fazer a fusão entre os dois mundos de maneira complexa e altamente satisfatória, sem divagar, e sem “unir duas partes”. Sua música traduz em si mesma o conceito que o autor desenhou, sem jamais soar como um Frankenstein.

Kapustin começou escrevendo para orquestra, e nos anos 1980, focou mais nas composições solo para piano. Suas gravações ganharam pequenas edições na Alemanha e no Japão; mas afora um pequeno círculo, era um desconhecido até mesmo do público russo até 2000, quando Steve Osborne e Marc-André Hamelin registraram, em disco e turnês, suas interpretações para Kapustin. Foi um pequeno foco de luz em seu trabalho, e algum reconhecimento; ainda assim, me parece demais escondida, a música deste senhor. A escassez de informações na internet é um sinal de que, apesar dos calorosos comentaristas do youtube, Kapustin ainda é uma excentricidade musical. Não me parece que sua música seja impopular; e se ele mesmo admite que não gosta de tocar ao vivo, e quase nunca se apresenta — o que certamente ajuda a mantê-lo obscuro — , disseminemos a informação, ora, por favor, e obrigado de novo pela valiosa dica, César. Aliás, se alguém souber como conseguir gravações dos anos 1960, quando Kapustin tocava na big band de Oleg Lundstrom, por favor, me avise. A discografia possível, brilhante e vigorosa que seja, não registra nada parecido com esta raridade, de 1964:

[youtube width=”500″ height=”375″]http://www.youtube.com/watch?v=agr38i9X0sA[/youtube]

E aqui temos ele tocando em 2007 – uma composição mais próxima aos discos do post. Não é fabuloso?

[youtube width=”500″ height=”375″]http://www.youtube.com/watch?v=vDWeGp4UE6M[/youtube]

A ficha de composições é imensa; esta lista é a melhor que encontrei, e ela para em 2009, no Opus 141. Não achei uma discografia decente, mas pude apurar que, afora pequenos registros já perdidos no tempo, seus primeiros discos foram uma série “Kapustin plays Kapustin” que saíram pela Melodiya russa, com uma curta tiragem internacional pela Bohéme. Mais tarde, nos anos 2000, com a atenção provocada por Osborne e Hamelin, a japonesa Triton relançou todos os seus discos, com nomes diferentes; e bancou mais alguns álbuns originais. Coloquei abaixo tudo que encontrei em boa qualidade, e é quase tudo que há disponível, parece; mas fiquei apenas nos que traz Kapustin como intérprete. Tenho escutado todos, mas volto com mais frequência ao Jazz Pieces for Piano e ao Jazz Portrait. (Aliás, a tristeza dele naquela foto da capa é de cortar o coração. Lembra até um certo meme da internet.) O disco em que ele toca com um quinteto é agradabilíssimo, principalmente as peças com duas flautas. Mantive as capas e datas originais, quando possível, mas as gravações são todas das reedições da Triton.

*update 02/01/13: link para torrent contendo todos os discos.


Nikolai Kapustin – Jazz Pieces for Piano /1985 [V0]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01-08 Eight Concert Etude Op.40
09-12 Piano Sonata No.1 “Sonata Fantasy” Op.39
13 Suite in Old Style for Piano Op.28
14 Variations for Piano Op.41


Nikolai Kapustin – 24 Preludes in Jazz Style Op. 53 /1987 [320]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01-24 24 Preludes in Jazz Style, Op. 53
25 Sunrise for Piano Op. 26
26 Toccatina for Piano Op.36
27 Meditation (Contemplation) for Piano Op.47
28 Sounds of Big Band for Piano Op.46
29 Moving Force for Piano Op.45


Nikolai Kapustin – Jazz Portrait /1991 [V0]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01 Andante for Piano, Op.58
02-04 Sonata for Piano No.4, Op.60
05-14 Ten Bagatelles for Piano, Op.59
15-17 Sonata for Piano No.5, Op.61
18-20 Sonata for Piano No.6, Op.62


Nikolai Kapustin – Piano Sonatas Nos. 2 & 3 /1991 [320]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01-04 Sonata for Piano No.2 Op.54
05 Sonata for Piano No.3 Op.55
06 Andante for Piano Op.58
07-08 Introduction and Scherzino for Violoncello Solo Op.93
09-11 Duo for Alto Saxophone and Violoncello Op.99


Nikolai Kapustin – Kapustin Piano Quintet etc /2001 [320]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
Nikolai Kapustin, piano; Alexander Korneev, Mariana Rubinstein, flute; Alexander Zagorinsky, cello; Alexander Chernov, Vladimir Spektor, violin; Svetlana Stepchenko, viola
01-03 Trio for Flute, Cello and Piano Op.86
04-07 Quartet for Two Violins, Viola and Cello Op.88
08-11 Quintet for Two Violins, Viola, Cello and Piano Op.89
12-14 Divertisment for Two Flutes, Cello and Piano Op.91


Nikolai Kapustin – 24 Preludes and Fugues for Piano Op.82 Violin Sonata etc /2001 [256]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
CD1: 01-34 24 Preludes and Fugues Op.82 – 1 a 17
CD2: 01-14 24 Preludes and Fugues Op.82 – 18 a 24
15 Elegy for Cello and Piano Op.96
16 Buriesque for Cello and Piano Op.97
17 Nearly Waltz for Cello and Piano Op.98
18-20 Sonata for Violin Op.70


Nikolai Kapustin – Last Recording /2004 [320]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01-04 Sonata for Piano No.7 Op.64
05 Berceuse for Piano Op.65
06-08 Three Impromptu for Piano Op.66
09-11 Three Etudes for Piano Op.67
12 Impromptu for Piano Op.83
13 Paraphrase on a Theme by P. Dvoyrin Op.108
14-15 Sonata for Piano No.12 Op.102


Nikolai Kapustin – Kapustin Returns! /2008 [V2]
http://thepiratebay.se/torrent/7980318
01 Paraphrase on Aquarela do Brasil by Ary Barroso for piano Op.118
02-03 Two Etude-like Trinkets for Piano Op.122
04 End of the Rainbow Op.112
05 Humoresque Op.75
06 Fantasia Op.115
07 Gingerbread Man Op.111
08 Vanity of Vanities Op.121
09 Spice Island Op.117
10 Paraphrase on Blue Bossa by Kenny Dorham Op.123
11 Countermove Op.130
12-14 Sonata for Piano No.16 Op.131

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – Shakti :.

Tendo experimentado fama repentina e autodestruição em pouco mais de cinco anos, a Mahavishnu Orchestra marcou e mudou profundamente a cena do jazz dos anos 70 e em diante. Nesse curto período o grupo solidificou o fusion, deu cria à rebentos dos mais diversos, e ainda apresentou uma conexão indiana jamais ouvida no jazz. John McLaughlin, entre mudanças de formação e críticas públicas ao seu estilo de liderança, caminhava sobre os mortos e feridos; já estabelecido como uma grande força criativa, continuou gozando de excepecional reputação — tanto que a CBS topou, sem pestanejar, lançar os álbuns de seu novo grupo, Shakti. (Certamente assegurando-se os direitos completos sobre a arte das capas, como perceberemos nas imagens abaixo.)

E o que McLaughlin apresentou foi um aprofundamento no caminho da música indiana; sob olhares boquiabertos, largou a guitarra, puxou o violão e sentou no tapetinho — em meio a uma quase-orquestra indiana de facto. Acústico, mas não sem o vigor de antes, senão ao contrário; com o Shakti, McLaughlin toca mais rápido do que nunca — muitas vezes, seguindo nota a nota a marcação da tabla. Que era um virtuose, se sabia; que era apaixonado pela cultura indiana (com guru pessoal e tudo, como bem em voga na época), também; a surpresa ficou por conta do desassombro com que os músicos desenvolveram temas que vão do energético ao espiritual, do meditativo ao furioso, numa linguagem totalmente nova.

Ou ainda: bicho, é de cair o queixo.

O primeiro disco, autointitulado, é de 1976; um registro ao vivo, e por isso mesmo, o mais improvisado deles — incluindo uma quase-raga de meia hora como lado B. O segundo, do mesmo ano, gravado em Londres, demonstra uma proposta melhor consolidada, e provavelmente as melhores composições do grupo (Lady L pra mim, a qualquer hora do dia ou da noite.) O terceiro e último já vem num suspiro; Shakti não vendeu quase nada à época, e esse disco, de temas mais curtos e menos agressivos, foi a última (e fracassada) tentativa da gravadora em fazer alguns tostões, que, aliás, não viriam. Era outra vez a índole do inquieto McLaughlin, com seus projetos-relâmpago: já em 1977 o Shakti havia dito o que queria dizer, e ficava pra trás. (Ao menos até ganhar uma reunião na virada dos anos 2000, chamada Remember Shakti, e que até hoje faz turnês irregulares). E esse projeto, como tudo (ou quase tudo) que ele fez, transformou-se em objeto de culto e reverência.


Shakti – Shakti (live) /1976 [V0]
John McLaughlin, guitar; L. Shankar, violin; R. Raghavan, mridangam; T. H. Vinayakaram, ghatam, mridangam; Zakir Hussain, tabla
download – 88MB /mediafire

01 Joy (McLaughlin/Shankar) 18’13
02 Lotus Feet (McLaughlin) 4’44
03 What Need Have I for This/What Need Have I for That/I Am Dancing at the Feet of My Lord/All Is Bliss/All Is Bliss (McLaughlin/Shankar) 29’03


Shakti – A Handful of Beauty /1976 [320]
John McLaughlin, guitar; L. Shankar, violin, vocals; T. H. Vinayakram, percussion, vocals; Zakir Hussain, percussion, tabla
download – 109MB /mediafire

01 La Danse Du Bonheur (McLaughlin/Shankar) 4’48
02 Lady L (Shankar) 7’23
03 India (McLaughlin/Shankar) 12’31
04 Kriti (trad.) 2’58
05 Isis (McLaughlin/Shankar) 15’11
06 Two Sisters (McLaughlin) 4’41


Shakti – Natural Elements /1977 [320]
John McLaughlin, guitar; L. Shankar, violin; Zakir Hussain, percussion, tabla; T. H. Vinayakaram, ghatam
download – 89MB /mediafire

01 Mind Ecology (McLaughlin) 5’48
02 Face to Face (Shankar) 5’58
03 Come On Baby (Shankar) Dance with Me 1’59
04 The Daffodil and the Eagle (McLaughlin) 7’03
05 Happiness is Being Together (McLaughlin) 4’29
06 Bridge of Sighs (McLaughlin) 3’52
07 Get Down and Sruti (McLaughlin) 7’03
08 Peace of Mind (McLaughlin) 3’21

Boa audição!
Blue Dog

.: tevê interlúdio – Duofel :.

Uma hora de Duofel no Studio n° 7, iniciativa de uma marca de uísque e que ganhou uma perna aqui no Brasil pela Trama. O show foi transmitido ao vivo pela internet em junho passado. Dizer que é sensacional é pouco. Assista e anote mentalmente: jamais perder um show quando o Duofel passar pela cidade.

Quem quiser baixar o vídeo (ou ripar em mp3) pode acessar o clipconverter e usar a url original do vídeo no youtube. No entanto, esteja avisado: trouxe aqui uma versão editada, porque a marca de uísque colocou 65’32 minutos de seu logotipo em loop antes do show em si. Quer dizer — nós disponibilizamos a apresentação completa de graça, mas em troca vamos irritar você até que a coisa toda perca a graça um pouquinho. Marketing clássico. No clipconverter há opção de especificar o início do vídeo; use o tempo acima. Corte nos 170’42, antes que comecem videoclipes spam sem qualquer relação com o show. (Ah, e tem um intervalo no meio, incluindo um documentário sobre o patrocinador.)

Este show é focado no trabalho mais recente da dupla, que é uma releitura dos Beatles. Eu sinceramente prefiro qualquer trabalho original a outra releitura dos Beatles, mas posso fazer uma concessão, e que eles ganhem um pouco mais de reconhecimento internacional, merecido, quem sabe, tomara. Ainda assim, os arranjos são qualquer coisa menos que apuradíssimos, e pra quem aprecia os violões, é daquela técnica de derrubar queixos. E por favor, revisite logo aqui dois discos fantásticos dessa dupla. Atualizei este antigo post, lá de 2007, com rips mais adequados, em 320 — e incluí o álbum ao vivo que comemorou os 20 anos da dupla, em 2000.

Desnecessário dizer, são desses artistas que vale a pena comprar o disquinho. E sim, eles estão lá, na mirrada estante de jazz deste cão.

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :. Jan Garbarek & The Hilliard Ensemble – Officium (1994)

Este disco foi uma grande novidade quando de seu lançamento lá em 1994. Um esplêndido saxofonista tocando junto com um conjunto vocal especialista na polifonia dos motetos e em canto gregoriano. Os críticos abrem as pernas para este projeto que foi repetido depois em dois outros CDs, comprovação de seu sucesso. PQP Bach acha o CD chato ao extremo, ruim mesmo. Porém, como ele está longe de ser o dono da verdade, faz questão de por na roda a fim de saber a opinião do povo pequepiano. Digam alguma coisa aê, por favor!

(Um amigo meu perguntou se isso não seria uma espécie de Kenny G gregoriano…).

Jan Garbarek & The Hilliard Ensemble – Officium (1994)

01. “Parce mihi domine” (Christóbal de Morales) – 6:42
02. “Primo tempore” (Anonymous) – 8:03
03. “Sanctus” (Anonymous) – 4:44
04. “Regnanten Sempiterna” (Anonymous) – 5:36
05. “O Salutaris Hostia” (Pierre de La Rue) – 4:34
06. “Procedentem sponsum” (Anonymous) – 2:50
07. “Pulcherrima rosa” (Anonymous) – 6:55
08. “Parce mihi domine” (de Morales) – 5:35
09. “Beata viscera” (Magister Perotinus) – 6:34
10. “De spineto nata rosa” (Anonymous) – 2:30
11. “Credo” (Anonymous) – 2:06
12. “Ave maris stella” (Guillaume Dufay) – 4:14
13. “Virgo flagellatur” (Anonymous) – 5:19
14. “Oratio Ieremiae” (Anonymous) – 5:00
15. “Parce mihi domine” (de Morales) – 6:52

The Hilliard Ensemble:
David James – countertenor
Rogers Covey-Crump – tenor
John Potter – tenor
Gordon Jones – baritone

Jan Garbarek – soprano and tenor saxophones

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PQP

.: interlúdio :. Pan-African Orchestra — Opus 1

A esmagadora maioria de vocês nunca ouviu algo parecido com isso. Quem me trouxe o CD e me obrigou a ouvir foi meu filho — e estou agradecido a ele. A Pan-African Orchestra combina música tradicional africana com música moderna. Trata-se de um projeto incomum, ambicioso e altamente profano, como tudo o que é realmente bom e saudável. A ausência de deus é Maravilhosa. O objetivo é o de fazer a integração musical de várias tradições musicais africanas em uma (tentativa de) síntese, ou seja, de criar um sistema verdadeiramente africano de música sinfônica. Reunido em Danso Abiam (Gana), o grupo foi altamente combatido no continente, porque não apenas agrupa sonoridades que tradicionalmente não se misturam na música africana (como combinações entre flautas e xilofones, por exemplo), mas também por utilizar instrumentos usados ​​apenas para fins ritualísticos. Não obstante toda a controvérsia e discussão gerada pelo grupo, Opus I é um disco espetacular que capta o parte do espírito musical e humano do continente Africano. Vale a pena. É uma música nova. Embriague-se.

IM-PER-DÍ-VEL PARA QUEM GOSTA DE SABORES FORTES.

Pan-African Orchestra — Opus 1

1 Wia Concerto No.1 (First Movement – in Four Parts)
2 Yaa Yaa Kol
3 Mmenson
4 Explorations – Hi-Life Structures
5 Akan Drumming
6 Sisala Sebrew
7 Explorations – Ewe 6,8 Rhythms
8 Box Dream
9 Adawura Kasa

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PQP

.: interlúdio :. Thelonious Monk – San Francisco Holiday (1958-61)

San Francisco Holiday é uma seleção de quatro apresentações ao vivo entre 1958 e 1961, período em que Monk estava at his absolute best. São 69 minutos da mais plena satisfação jazzística.

Antes disponíveis apenas em caixas de integrais, as faixas deste disco foram resgatadas de quatro diferentes concertos: de um show de 1959 no New York City’s Town Hall, com performances de três peças bastante conhecidas: “Em Walked Bud”, “Blue Monk” e “Rhythm-a Ning” (com um tremendo solo de Charlie Rouse). Art Blakey se junta ao grupo em “Bye-Ya/Epistrophy” em gravação de 1958 no NY’s Five Spot. De 1960, num concerto em São Francisco e já com Harold Land no sax e Joe Gordon no trompete, temos “San Francisco Holiday” e “Four In One”. E de Paris, em registro de 1961, temos “Jackie-ing” e a versão full-length de “Epistrophy”.

É Monk, né? O pianista de “poucos dedos” dá um banho nestes registros como deve ser: ao vivo.

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

Bom fim de semana a todos!

Thelonious Monk – San Francisco Holiday (1958-61)

01. In Walked Bud
02. Blue Monk
03. Rhythm-a-ning
04. Medley: Bye-Ya / Epistrophy
05. San Francisco Holiday (Worry Later) [Take 2]
06. Four In One (Take 1)
07. Epistrophy
08. Jackie-ing
09. April In Paris
10. Epistrophy

Thelonious Monk (piano)
Charlie Rouse, Johnny Griffin, Harold Land (tenor saxophones)
Joe Gordon (trumpet)
Sam Jones, Ahmed Abdul-malik, John Ore (bass)
Art Blakey, Frankie Dunlop, Billy Higgins, Art Taylor (drums)

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PQP

.: interlúdio – The Skipper and The Reverend :.

Sei quase nada sobre Henry Franklin. Que fez seu caminho no jazz em Los Angeles, que aprendeu muito com Freddie Hubbard e Archie Sheep, que possui extensa discografia — tanto como líder quanto integrante — e que ainda hoje, aos 71 anos, grava e se apresenta regularmente, na Califórnia. E está bem assim; se o “Skipper” manteve consigo certa aura underground, porque não manter a proposta? Principalmente porque meu primeiro contato com o disco que trouxe hoje, The Skipper, se deu por impulso, num sebo. Já compraram disco pela capa? Pois foi o caso. Um tanto de esoterismo, a mancha toda quase em negativo, indicando: jazz tarja preta. O selinho da Black Jazz chancelava. Pensei em perguntar se era um álbum de fusion (o disco é de 1972), mas não quis chamar a atenção, já que o preço era ridículo e o vendedor podia se dar conta. Cheguei em casa pra descobrir uma obra — não de fusion, que eu queria evitar (fusion é um assunto muito delicado), mas de hard bop. E primeira linha. Mas PÕE primeira linha nisso.

Franklin, baixista, faz um caminho mais Paul Chambers, menos Mingus. É mais contido, mas não menos audível nas gravações; fácil de perceber um compasso certeiro com Henderson, no piano elétrico. (Já falei o quanto eu gosto da sonoridade do piano elétrico? Os timbres trazem uma claridade que lembra o exato ponto entre o piano e um vibrafone, e as notas ressaltam em meio dos temas de uma forma inconfundível, que pra mim se traduzem como um instrumento que toca nos sonhos. Sempre me encanto.) Baixo e piano complementam-se e conduzem perfeitamente os temas, deixando à bateria e aos sopros uma liberdade que toma um ar meio europeu, lembrando Evan Parker. O disco alterna temas longos, mais velozes e experimentais, à momentos de maior swing; uma pitada, não mais que isso, de soul aqui e ali, e até um blues. O repertório é interessante e variado, porém os temas mais brilhantes são os mais violentos, mesmo — em especial o de abertura. (“Beauty And The Electric Tub” poderia ser out-take de Bitches Brew, até.)

E já que estamos tratando de pérolas escondidas cujas quais o autor do post sabe pouco (além do que ouve), cabe como uma luva trazer também Uhuru na Umoja, swahili para “liberdade e fraternidade”, magnum opus do saxofonista Frank Wright. Aos ouvidos, logo diz: “lembra o Coltrane free jazz, mas antes de ficar completamente fora do controle (hm, Ascension)”. Na resenha, também lembra Coltrane: as liner notes do álbum trazem a inscrição “Fui colocado neste planeta pelo Criador, para proclamar a mensagem do Espírito Universal, levá-la ao povo”. Não à toa, Wright é chamado de “Reverendo”, e sola como se estivesse fazendo um sermão no delta do Mississipi — que foi onde nasceu, inclusive. Gravado em Paris (Frank deixou os EUA em 1969 e viveu o resto da vida na Europa) e lançado pela Verve em 1970, Uhuru na Umoja não quer ser solene como os discos de Coltrane; no entanto, consegue trazer boa dose de misticismo no jogo de sopros que Wright faz com Noah Howard, outro devoto do avant-garde jazz (e que assina todas as composições bases do disco). Soma-se a isso o fato de que — paradoxalmente ao primeiro disco deste post — o quarteto não tem baixo. E por “não ter baixo” eu também quero dizer que nem piano, nem bateria vão tentar emular essa função; a cozinha está mais improvisada que os saxofones, e são eles que, curiosamente, vão dar a progressão na maior parte do tempo. (“Grooving”, apesar de arrebatadora, não tem groove absolutamente nenhum (o que deixa tudo muito divertido). Junto com “Being”, bastante percussiva, são os pontos altos da bolacha.) Encorpado, é free jazz não recomendado para iniciantes (ou seja, daqueles que PQP adora — e inclusive adora usar pra provocar os incautos). Mas quem tem um pé no estilo vai se esbaldar. Aliás, prestem atenção, se puderem em meio à mixagem pré-setentista (e à fumaceira que os sopros estão fazendo), na elegância que Art Taylor mantém na bateria. Sem perder-se do intuito free jazz, não sai da linha em nenhuma baquetada.


Henry Franklin – The Skipper /1972 [V2]
download – 65MB /mediafire
Henry Franklin (Fender and upright bass), William Henderson (electric piano), Mike Carvin (drums), Oscar Brashear (trumpet, flugelhorn), Charles Owens (tenor sax, alto sax), Kenny Climax (guitar, electric tub), Fred Lido, Tip Jones (percussion)
01 Outbreak (Franklin) 10’08
02 Plastic Creek Stomp (Franklin) 3’27
03 Theme for Jojo (Hall) 7’46
04 Beauty and the Electric Tub (Franklin) 12’40
05 Little Miss Laurie (Franklin) 7’42
06 The Skipper (Henderson) 5’21


Frank Wright Quartet – Uhuru na Umoja /1970 [192]
Frank Wright (tenor sax), Noah Howard (alto sax), Bobby Few (piano), Art Taylor (drums)
download – 47MB /mediafire
01 Oriental Mood 8’53
02 Aurora Borealis 7’41
03 Grooving 6’50
04 Being 6’26
05 Pluto 3’51

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – Mama!milk :.

Ok, sejamos diretos e honestos: o interlúdio de hoje traz um grupo de tango. Japonês. Chamado Mama!milk.

~.~

Se você continua neste post, parabéns! Você é um curioso, e isso é muito bom. E por causa disso será recompensado com uma quadra de ases. Afinal, admitamos: friamente, a descrição não é das mais promissoras. No entanto, quem tem alguma intimidade com o universo musical japonês (orgulhosamente presente aqui no PQP) sabe que é preciso abandonar paradigmas ao escutar algo vindo de lá. Embora a proposta pareça inusitada, quem tem ouvidos atentos sabe que nada que surja do Japão pode, com honestidade, ser classificado de improvável.

O cerne do Mama!milk é a acordeonista Yuko Ikoma e o contrabaixista Kosuke Shimizu, ambos baseados em Tóquio, e com músicos convidados (piano, sopros, bateria — até um theremin) a orbitar seus shows e discografia. Mais do que compor e interpretar temas que invariavelmente nos atingem como tangueros, a música do duo parece um estudo sobre as possibilidades do acordeão no cool jazz. Se eu fosse resenhista de alguma revista descoladinha, eu os chamaria de post-tango sem hesitar; frequentemente as músicas estendem-se sem pressa, com as notas colocadas suavemente, e uma produção que enfatiza climas, antes de execuções. Somos remetidos a passeios em ruas antigas, a jardins de grama alta, a sonhos primaveris, a beijos de cinema noir. Sem exigir muito em troca — os andamentos não são simples, mas a técnica passa despercebida — , a música do Mama!milk é uma experiência altamente gratificante.

Os discos deste post se parecem entre si; a carreira do grupo, que já dura quase 15 anos, não marca nenhuma guinada brusca. (Inclusive porque ambos músicos principais tem seus outros projetos, mantendo o foco do Mama!milk intacto enquanto se divertem experimentando em outras frentes.) No entanto, isso não significa que não haja evolução; sua música vai se refinando, ficando mais sofisticada. Sugiro começarem por “Fragrance of Notes”; se não por ter sido eleito um dos 5 melhores álbuns de jazz pela BBC/Radio 1 em 2008, pela faixa The Moon. Me digam se não é a coisa mais bonita que vocês já ouviram nos últimos tempos. (E Two Ripples não fica muito atrás.)

(Além dos discos postados, o grupo lançou três EPs em colaborações especiais, dois discos em 2010 — “Quietude”, apenas com o duo principal, e “Parade”, com grupo completo — e está trazendo mais um, “Nude”, no mês que vem. Tanto no mundo físico quanto no virtual, são uma raridade pra encontrar.)


Mama!milk – Abundant Abandon /1999 [160]
Yuko Ikoma (accordion, piano), Kosuke Shimizu (double bass), Toru Satake (violin), Haruo Kondo (clarinet), Kunihiko Kurosawa (percussion)
download – 55MB /mediafire
01 Tricky clown round midnight
02 Sugar Daddy
03 Marie!; a big sweet dame in red
04 Popula; populus.poplars.pupulorum
05 Balloons over the carny
06 Ecco la carne
07 Dance your destiny, Nana
08 Abundant abandon
09 Pierre Angeric
10 A spree & French jinks
11 Heureux jours sous le ciel


Mama!milk – Lamb and Mutton /2001 [320]
Yuko Ikoma (accordion, piano, organ, music box), Kosuke Shimizu (double bass), Yasuko Saito (violin), Satoshi Yoshiike (clarinet), Satoru Takeshima (flute, sax), Yuki Yano (theremin), Masaki Mori (guitar), Gaku Nakamura (percussion), Tsutom Kurihara (percussion), Maki Takeuchi (drums)
download – 84MB /mediafire
01 Anemone Anaemia
02 Lamb and Mutton
03 Andante, Coquettish “kuroneko”
04 Sugar Daddy’s Daddy
05 4 Down
06 Crimson Erosion
07 Mieulou
08 Ao
09 Granpa in 3a.m.


Mama!milk – Gala de Caras /2003 [320]
Yuko Ikoma (accordion, piano), Kosuke Shimizu (double bass), Atsuko Hatano (violin, cello), Takeo Toyama (marimba), Pyon Nakajima (claves, bongo, castanets, guiro)
download – 82MB /mediafire
01 August
02 Greco on Thursday
03 Gala de Caras
04 Intermezzo, Op. 28
05 0
06 Greco on Monday
07 Zizi
08 Waltz for Hapone
09 Sones
10 A Piacere


Mama!milk – Fragrance of Notes /2008 [192]
Yuko Ikoma (accordion), Kosuke Shimizu (double bass), Yuichi Inobori (flute, trombone), Gak Sato (theremin), Takeo Toyama (piano), Tsutom Kurihara (drums)
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01 Kujaku
02 Antique Gold
03 Hourglass
04 The Moon
05 Intermezzo, Op. 32
06 Avant Fermentation
07 Anise
08 Rosa Mundi
09 Smoky Dawn
10 Rosa Moschata
11 Two Ripples
12 Mano Seca
13 Sometime Sweet
14 Waltz, Waltz

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :. Paul Bley / Evan Parker / Barre Phillips: Sankt Gerold

Free jazz não é para todo mundo. Há pessoas que se irritam com ele, porém, guardadas as proporções, sinto-o análogo a uma abordagem à Guimarâes Rosa. As primeiras páginas são difíceis de entender, mas, depois que a coisa se acomoda, vale a pena. Lembrem que eu escrevi “guardadas as proporções”. Na Variação 3, eu já começo a achar este Sankt Gerold bem normal e começo a gostar da coisa. Bley tem a reputação, dentro do jazz moderno, de ser um pianista e compositor excessivamente cerebral mas suficientemente incompreensível. Já o inglês Evan Parker é um dos expoentes mais obstinados do atonalismo selvagem, deixando em sérios apuros aqueles que buscam “melodia”. Ele parece querer derrubar a melodia assim como toda a habitual sintaxe do jazz.

Bley — ou o ambiente monástico da ECM — parecem ter acalmado um pouco a selvageria de Parker, mas mesmo assim ele traz boa quantidade emocional ao trabalho de Bley. Barre Phillips completa o trio vanguardista de forma quase poética. As contribuições de Parker são os mais exigentes. É difícil não se maravilhar com sua técnica e com a enorme variedade de sons que ele verte quase ao mesmo tempo. As Variações 3, 6, 7, 9 e 10 são as minhas favoritas. O estranho mesmo é que, se Phillips e Parker são os mais impressionantes, é Bley quem fica em nossa mente por mais tempo.

Paul Bley / Evan Parker / Barre Phillips: Sankt Gerold

Variation 1 10:18 Phillips, Parker, Bley
Variation 2 7:12 Phillips, Parker, Bley
Variation 3 2:56 Phillips
Variation 4 1:59 Parker
Variation 5 6:20 Phillips, Parker, Bley
Variation 6 3:56 Bley
Variation 7 7:13 Phillips
Variation 8 8:14 Phillips, Parker, Bley
Variation 9 7:03 Bley
Variation 10 5:22 Parker
Variation 11 4:49 Phillips, Parker, Bley
Variation 12 1:29 Parker

Barre Phillips, Double Bass
Paul Bley, Piano
Evan Parker, Soprano & Tenor Saxophones

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PQP

.: interlúdio – Ketil vs Kjetil :.

Já vinha comigo desde ano passado o Piano Poems do (evidentemente) pianista norueguês Kjetil Bjerkestrand. Como o título sugere, trata-se de um disco delicado, de arranjos bastante atmosféricos — Kjetil também compõe para cinema, influência que se faz presente no clima de algumas faixas. Além do piano, Ketil faz uso de um par de órgãos e uma extensa linha de sintetizadores vintage; no entanto, o Steinway é sempre a figura de proa, cabendo aos outros teclados a formação de texturas, bases discretas ou mesmo beats muito suaves, esparsos. O resultado é bastante leve e agradável. E às vezes, leve demais, pro meu gosto; pra manter seu instrumento solo isolado durante todo um disco, é preciso ter alta energia inspirativa, além de boa dose de virtuosismo — e em certas faixas, os poemas parecem ter uma rima fácil demais. Outros temas (como February e Hymn II), no entanto, funcionam muito bem e demonstram grande sensibilidade. No fim das contas, é como álbum o que a maioria dos livros de poemas também é: irregular, mas repleto de boas possibilidades e alguns grandes momentos — que nos fazem voltar periodicamente à obra. (Aliás, funciona muito bem como um sofisticado pano de fundo pra adormecer.) (Confirmando: é um elogio.)

EIS QUE meses atrás me deparo com um disco novo do Kjetil, ou assim eu pensei; fui conferir com boa curiosidade. Só depois de um par de audições percebi que Night Song era, na verdade, disco de Ketil Bjørnstad, um OUTRO pianista norueguês. Achei que era pegadinha, ou algum efeito de numerologia, até o google me explicar que, de fato, são pessoas diferentes. Além de quase homônimos, tem apenas três anos de diferença de idade; no entanto, Ketil é um artista de nome melhor estabelecido, que grava para a ECM desde os anos 90, e tem uma discografia bastante extensa (além de uma bibliografia do mesmo vulto. Aliás, por prolífico, o All About Jazz o compara a Schubert). Enfim, sorte minha: porque este Night Songs, gravado em par com o violoncelista Svante Henryson, é um belíssimo disco. As melodias são de uma doçura angular raríssima. E ao longo de 16 faixas a inspiração se mantém; se Kjetil parece inseguro, ou simplista, em alguns momentos de Piano Poems, Ketil demonstra um domínio criativo absolutamente maduro e orgânico. O primeiro disco é bom; este é imperdível.

Kjetil, var. Kettill. Lê-se TCHEH-til. Do nórdico antigo Ketill, como no inglês “kettle”: chaleira, caldeirão usado nos rituais antigos para recolher o sangue de um animal sacrificado. No uso moderno, a palavra também significa capacete.

*Ketil e Kjetil já tocaram juntos, inclusive aqui no PQP Bach.


Kjetil Bjerkestrand – Piano Poems /2010 [V2]
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01 Amelie 4’30
02 21/11 3’55
03 The Ladder 3’41
04 Hymn I – Velt Alle Dine Veie 4’45
05 February 3’19
06 602 3’21
07 Sanctus 2’59
08 Hymn II – Lær Meg Å Kjenne Dine Veie 4’22
09 Geirriano 3’04
10 Daddy’s Theme 3’12
11 ADAE 3’00
12 502 3’33
13 Hymn III – Jesus, Din Søte Forening Å Smake 3’53


Ketil Bjørnstad/Svante Henryson – Night Song /2011 [320]
Ketil Bjørnstad (piano), Svante Henryson (violoncelo)
download – 174MB /mediafire

01 Night Song (Evening Version) 4’28
02 Visitor 5’06
03 Fall 3’26
04 Edge 5’37
05 Reticence 5’40
06 Schubert Said 4’31
07 Adoro 6’21
08 Share 4’20
09 Melting Ice 3’22
10 Serene 5’57
11 The Other 4’05
12 Own 3’09
13 Sheen 5’41
14 Chain 6’15
15 Tar 2’57
16 Night Song (Morning Version) 5’01

Boa audição!
Blå Hund

.: interlúdio :. Pat Metheny – Zero Tolerance for Silence (1992)

Se você não suporta o free jazz, a Segunda Escola de Viena e as liberalidades de uma forma geral, fuja deste disco. Não se engane, o brilhantíssimo guitarrista Pat Metheny tem outra criatura dentro dele, mas não como você, leitor que sexualiza tudo, pensou. Há Dr. Jeckyll: o Metheny doce, melódico, brando, que poderia criar um trabalho com o titulo de Zero Tolerance for Noise; e Mr. Hyde: o parceiro de Ornette Coleman de Song X e autor deste agressivíssimo Zero Tolerance for Silence.

“A gravação mais radical da década…”. “Um novo marco na música para guitarra elétrica…”. “O instrumento queima, voa, são fragmentos retorcidos da imaginação de um incendiário mestre do imprevisível, um desafio para aqueles que se aventuram…”. Estes foram alguns trechos escritos para Zero Tolerance for Silence pelo guitarrista do Sonic Youth, Thurston Moore, em sua crítica. E é difícil expressar melhor a sensação — porque trata-se disso, de sensação — de ouvi-lo.

Em dezembro de 1992, Pat entrou no New York Power Station armado apenas com uma guitarra elétrica, pôs nela toda a distorção possível e gravou as cinco partes que compõem este disco absolutamente selvagem. Nele, o caos impera de forma especialmente arbitrária: são acordes quebrados, métricas inviáveis, conversas entre duas guitarras que lembram Frank Zappa — mas sem suas confusas influências eruditas, porque aquilo são apenas influências — , escalas inexistentes e todo o arsenal que você pode imaginar para um processo rigoroso de desconstrução que deixaria o free jazz tonto. Muitos, virando-lhe as costas, chamariam o CD de vanguardista ou o acusaria de ter apenas ruído como conteúdo, mas, desculpem, o fato é que há uma lógica estrutural nesta estranha suíte. A “situação” da primeira parte (18 minutos) torna-se logo depois mais agradável e melódica — de uma forma canhestra pra caralho — na parte 2, trazendo de volta lembranças de uma outra composição, “Parallel Realities” (com Jack DeJohnette, 1990), não ortodoxa. Neste mundo cheio de referências é dífícil ser totalmente original e os acordes de Metheny passam a lembrar Jimi Hendrix. Depois, o tema cerne do CD está agonizando e as notas se parecem com o movimento das garras de um animal morrendo… A parte 4 recebe um toque decididamente roqueiro reforçado pela presença de um terceira guitarra largando seus acordes em meio ao desarticulado diálogo dos dois principais instrumentos.

Um CD absolutamente radical, indicado apenas àquelas pessoas que não nada de varizes e conservadorismo em seus ouvidos.

IM-PER-DÍ-VEL, mas, repito, só para radicais !!!

Pat Metheny – Zero Tolerance for Silence (1992)

1. Part 1
2. Part 2
3. Part 3
4. Part 4
5. Part 5

Pat Metheny, guitarras

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.: interlúdio – Mouse on the Keys :.

Seguindo o giro pelo Japão à procura das novas possibilidades do jazz, peço que parem por quatro minutos e assistam ao vídeo abaixo, preferencialmente em tela cheia.

Sob o singelo nome de Mouse on the Keys, um duo de pianos e um baterista vem fazendo uma daquelas espécies de música difíceis de caracterizar. Tem instrumental e improv de jazz, usa as estruturas leves do post-rock, e alterna momentos de força e velocidade com outros de swing, ou até atmosfera rarefeita. A marcação firme do baterista permite aos pianistas que concentrem-se na alternância entre baixo e solo; o resultado é absolutamente instigante.

Nem todos os momentos são perfeitos; sendo um projeto recente, há ainda que lapidar, com uma inspiração mais cultivada, a criatividade transbordante. Isso não significa que sejam menos dignos de serem ouvidos; é inovador e de poucos paralelos, e isso por si só já justifica a audição (e a torcida). Esta postagem traz os dois discos já lançados. “Sezession” é um EP, e tem composições mais vigorosas, recordando (de alguma forma) os momentos mais agressivos de Stanley Jordan; já no álbum “An Anxious Object” há mais espaço para mostrar a variação, e a evolução, dos estilos que compõem os ‘ratos nas teclas’.

Mouse on the Keys
Akira Kawasaki: drums, keyboards
Atsushi Kiyota: piano, keyboards
Daisuke Niitome: piano, keyboards


Sezession /2007 (V0)
download – 27MB [mediafire]
01 Saigo No Bansan
02 Toccatina
03 RaumKrankheit
04 A Sad Little Town


An Anxious Object /2009 (320)
download – 70MB [mediafire]
01 Completed Nihilism
02 Spectres de Mouse
03 Seiren
04 Dirty Realism
05 Forgotten Children
06 Unflexible Grids
07 Double Bind
08 Soil
09 Ouroboros

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – Middle 9 :.

Embora a influência do jazz seja notável em diversos outros gêneros, são raras as investidas que efetivamente misturam-no a um outro estilo. Porque convencionou-se dizer que certa batida, ou timbre, dá a uma música um toque jazzy — mas trata-se de apenas isso, um detalhe, sem ultrapassar sua característica original. Exceção feita, claro, ao fusion, que de tão fusion é tratado como um subgênero do jazz, e não uma entidade distinta. (O que me parece acertado.)

Por outro lado, nós aqui, desse lado do planeta, raramente sabemos os que os japoneses andam fazendo — quase sempre de forma surpreendente. E nos últimos 10 anos a cena alternativa de Tóquio e Osaka vem revivendo, expandido e experimentado o jazz — num grande exercício (quase acadêmico) de como apropriar-se dele e recriá-lo.

E quem me impressionou ultimamente foi o Middle 9. Centrado em vibrafone e guitarra, o grupo junta jazz, post-rock, fusion e algum funk para criar ótimas composições híbridas — à medida em que as faixas desse álbum vão passando, a variedade explorada impede que se possa categorizar a banda, ou definir qual seu estilo predominante. Seja lá o que for, é sofisticado e criativo; às vezes enérgico como Weather Report, noutras leve como uma canção lenta de Pat Metheny. E, ao mesmo tempo, evocando as bandas mais sensíveis de post-rock que também usam vibrafone, como Tortoise e The Mercury Program.

Middle 9 – Sea That Has Become Known /2008 (V0)
Toyama Motoko: vibraphone, elec piano, guitar
Shinbori Hiroshi: guitar
Mukai Nakofumi: bass
Aoki Fumihiki: drums

download – 69MB /mediafire

01 Island Pull Out
02 Liam
03 Replique, Tableau
04 Paprika
05 Marsupial
06 Fix
07 Shu Shu
08 Tonotopy The Bamboo Coral
09 After It Pause

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – um curso + Coltrane Blues :.

Para os leitores de Porto Alegre e cercanias: a dica é o curso “Análise Musical Histórica e Estética – Análise das obras do século XVIII ao século XXI”, com o compositor e professor Fernando Mattos. Não estou ganhando nada pela divulgação, mas a raridade da empreitada merece algum destaque, ou não? Mais informações no site da Arena, ou clicando na imagem abaixo.

——

E, como de praxe, pra não perder a viagem, deixo aqui uma bolacha bastante especial. Se você não se interessa muito pela historinha, basta o título: “Coltrane Plays the Blues” diz tudo que é preciso dizer.

Por outro lado, se é dos que gosta do contexto (e ouvir jazz sem ele é feito comer goiabada sem queijo), vai achar interessante saber que este disco foi gravado em 24/10/60 — ou seja, durante a segunda sessão do imperdível “My Favorite Things”, que nasceu dos estúdios da Atlantic nos dias 20, 24 e 26. Embora Tyner, Jones e Davis tenham precisão e coesão de estrelas, aqui estão mais coadjuvantes do que de costume; o formato do blues, os temas em sua maioria improvisados, e o amálgama ainda se criando entre o quarteto propiciam que Coltrane esteja sempre no centro das atenções. (Não que alguém esteja reclamando.) Há, inclusive, duas faixas no lado A gravadas em trio, sem piano, algo que raramente aconteceu.

Também é um bom momento para relembrar que Coltrane tinha uma forte ligação com o blues. Tanto nos temas inesquecíveis em sua discografia (Blue Train e Slowtrane me vem a memória) quanto nos shows, como contam as liner notes desse disco: Coltrane iniciava a sessão com suas composições mais conhecidas, o que a maioria do público queria ouvir, e fechava o segundo set com um blues cuja base poderia durar 30 ou 40 minutos de improviso, agradando os fãs mais “hardcore” de jazz. Isso mostra não apenas o envolvimento do músico com o blues, mas também como sua ligação com o free jazz e o avant-garde a que se entregaria, anos depois, não foram acidente ou mera epifania.

O resultado de “Plays the Blues” é um disco agradabilíssimo para quem está acostumado ao jazz — daqueles que se deixa tocando e melhora qualquer ambiente e/ou estado de espírito — e também uma ótima porta de entrada para quem está ainda se avizinhando ao estilo.

Coltrane Plays the Blues /1962 (V2)

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John Coltrane (tenor and soprano saxophone); McCoy Tyner (piano); Steve Davis (bass); Elvin Jones (drums). Produzido por Nesuhi Ertegün para a Atlantic

01 Blues To Elvin
02 Blues To Bechet
03 Blues To You
04 Mr. Day
05 Mr. Syms
06 Mr. Knight
07 Untitled Original (“Exotica”) *bonus track da reedição de 1990

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – klezmer jazz :.

“John Zorn once remarked to that in the ’60s, “we didn’t want to hear Jewish music at our Bar Mitzvahs, we wanted to hear Hendrix.” Funny how a few decades and some intermarriage with post-bop jazz can change all that. However, if back then some very hip parents convinced the best free jazzers to do a Bar Mitzvah party set, the result could very likely have been something akin to this album.” leia mais

Se o leitor imagina este Blue Dog como um cusco impertinente, meio baqueado, que frequentemente sai explorando onde o nariz aponta e não se furta a cheirar o que lhe passa pelo nariz — acertou. E tem horas em que paro e olho pros lados e penso “mas como é que eu vim parar aqui?”

Penso por um instante, só. Porque não é importante.

O Klez-Edge é o projeto mais recente de Burton Greene, pianista de Chicago que gravou para a ESP nos anos 60, e radicou-se na Europa desde os 70 (começou por Paris, hoje na Holanda). Sua trajetória sempre teve o free jazz como base, mas, também um explorador, vem estudando suas relações com os mais diversos estilos — como a raga, o folclore dos Bálcãs e o klezmer, a música tradicional judaica. Lançado pela Tzadik, o selo de John Zorn, na série Radical Jewish Culture, Ancestors, Mindreles, NaGila Monsters apresenta uma soma simples: post-bop e improviso mais klezmer. Diferente de seu projeto anterior, o Klezmokum, tem um homem como vocalista: e prepare-se para ouvir o polonês Marek Balata fazer o scat como você jamais imaginou ouvir — não sem rir.

Que foi a minha primeira reação: rir! Não parecia sério. Senão, acompanhe: a abertura, uma canção folclórica romena chamada “Mindrele”, inicia com frases de tuba — reconhecidamente o mais engraçado dos instrumentos musicais. A primeira seção traz um clarinete choroso, piano acompanhando a tuba e o vocalista improvisando sílabas em tenor; usando a voz como instrumento e dentro do contexto do jazz (ou seja, solando). E com que fôlego! Porque os músicos são refinados e as harmonias, agradáveis, vão conduzindo a audição, logo a risada desaparece e deixa só um sorriso. Passada a estranheza, se percebe como o que se ouve é levado a sério — ou tão sério quanto uma fanfarra judaica uptempo pode ser. “Odessa on the Hudson” é ainda mais cativante, com o pulmão infinito de Balata dobrando notas junto a Greene a desaguar num refrão melódico em tons menores. Apesar do destaque todo ao vocalista e seu trabalho de “libertar” o klezmer, mantem-se o jazz: solos e solos de jazz modal, num grupo sem baixo — que é substituído, com mais textura, pela tuba.

O resultado é nada menos que hipnótico. Descobri o disco há pouco mais de uma semana e venho o escutando três vezes por dia desde então. Esteja avisado. E a não ser que seja judeu, espere o momento em que você estará com vontade de bater palmas durante a música, e se perguntará “…mas o que É que eu estou ouvindo mesmo?!?”

***

Embora o Klez-Edge seja, na minha opinião, bastante superior ao do Klezmokum, este post traz também dois discos desta banda. Que difere-se basicamente por ser bem mais contida nos improvisos, mais tradicional, e traz uma vocalista “típica”, cantando em iídiche. No entanto, o trabalho de Greene aparece mais; há momentos belíssimos de seu piano (gosto especialmente dos andamentos complexos de “Di Nakht”).

(Os discos do Klezmokum, pouco distribuídos, podem (e devem) ser comprados no site oficial. Ignore as capas horríveis.)


Klez-Edge – Ancestors, Mindreles, NaGila Monsters/2008 (320)
download – mediafire /115MB
Burton Greene: piano; Perry Robinson: clarinet; Marek Balata: vocals; Larry Fishkind: tuba; Roberto Haliffi: drums.
01 Mindrele 02 Odessa on the Hudson 03 Ancestral Folk Song 04 Funk Tashlikh 05 Prelude in D Minor for Andrzej 06 Oy Joy 07 Bagdad 08 Moldavian Blues 09 Have Another NaGila Monster


Klezmokum – ReJewvenation/1998 (320)
download – mediafire /160MB
Burton Greene: piano; Larry Fishkind: tuba; Roberto Haliffi: drums; Perry Robinson: clarinet; Patricia Beysens: voice, flugelhorn; Hans Mekel: clarinet, sax.
01 Atesh Tanz 02 Russian Sher N° 5 – Sherele 03 Ydid Nefesh 04 Doina in G Major 05 Shir Hashomer 06 El Rey por Muncha Madruga 07 Hora Mare 08 Shoror 09 Adonai Melech – Hodu L’adonai 10 Los Kaminos de Sirkidji 11 Desert Dance 12 Nevala


Klezmokum – Le Dor Va Dor/2000 (256)
download – mediafire /130MB
Mesma formação, mais Sofie van Lier: voice
01 Jews and Gypsies Suite: a) Tants, tants, tants b) Tsigaynerlid 02 Kineret 03 Di Nakht 04 Fun Tashikh 05 Dremlen Feygl 06 Yiddish Tango 07 A Nigun Variations 08 El Male Rachamim 09 Sa’dawi Variations

Shalom!
Blue Dog

.: interlúdio: Mariano Otero :.

…E o oscar vai para: Mariano Otero!

(Eu poderia continuar a relação de Otero a Campanella, mas paro; embora seja antigo fã do cinema deste argentino, me parece que seu conterrâneo atinge maior profundidade em sua obra.)

Às apresentações: Otero é um jovem, perspicaz e ambicioso compositor e contrabaixista de jazz. E para bom leitor eu já disse até demais. Descobri por acaso que ganhou um prêmio do Clarín — “La Figura del Jazz Argentino 2009” — e fiquei, basicamente, perplexo ao ouvir seus discos. Porque trazem algo raro e que procuro: jazz contemporâneo feito com jeitão cinquentista. Não é gostar de mofo: é ver o legado seguindo adiante; é o respeito formando novos músicos; é reinventar o reinventado, a síntese do jazz. E com QUE qualidade surge este portenho.

Mariano Otero, com todas as suas funções (onde se inclui (competentíssimo) arranjador e produtor de trilha sonora), evidentemente vai evocar Mingus, e sobre isso só peço que vejam o nome da primeira faixa do disco logo abaixo (e assistam ao vídeo). Mas não se trata de seguir estilo; há, em diversos e muito presente, mas não apenas. Em Três há também um pouco de fusion; Desarreglos, em homenagem ao mítico guitarrista argentino Walter Malosetti, há muitas doses de swing e blues. Otero iniciou carreira com Malosetti (há parcos 10 anos) e seguiu em boas companhias, que incluem Rodrigo Dominguez como sax solo em seus grupos. Aliás, falando em sopros, estes dominam grande parte do espectro sonoro, e com grande eficácia. Otero formou uma big band — hoje um noneto — e algumas passagens levam direto à Miles no período Sketches of Spain. E diferente do que se pode imaginar apressadamente, tudo que não faz é jazz latino. É possível reconhecer alguns grooves mais próximos, mas, de fato e direito, Mariano Otero toca é bop. Vai variar andamentos, como manda a cartilha de boas práticas, mas não deixará o caminho.

A excelência e universalidade de seu jazz renderam um contrato de três discos com a Sony; Desarreglos é o primeiro deles. Mais que ouvinte, passei a torcedor de Otero: que seu talento conquistem o mundo afora. E ele venha logo tocar no Brasil.


Tres /2006 (128)
download [mediafire] 65MB
01 Mingusiana
02 Flor
03 Nudos
04 Las dos Marías (Flow)
05 Hollanda
06 Hacia Un Lugar
07 Hentrane

Desarreglos /2009 (320)
download (mediafire) 146MB *link atualizado
01 El Maestro
02 Ale Blues
03 Mini
04 Grama
05 Walter’s Rithm
06 Avellaneda
07 Madrid
08 Pappo’s Blues
09 Espiritu
10 Blues for Pepi
11 Adios Lala
12 Clifford

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :. Jump Start and Jazz: Two Ballets by Wynton Marsalis

Eu coloquei na categoria jazz, mas não sei não. É jazz? É erudito? E interessa saber? Certamente não. Esses ballets, cada um com duração de pouco de mais de meia hora, são composições escritas onde, apesar da inflexão jazzística, há pouco espaço para a improvisação e muito para o humor. Um humor fácil, descomedido, quase infantil. Como em boa parte dos escritos de Marsalis nos anos 90 — este CD é de 1996, ele gira em torno do bebop, indo para frente e para trás, às vezes alcançando o dixieland e para depois retornar às lamentações Ellington-like. Jazz: 6 1 / 2 Syncopated mouvements é uma série de episódios vão do ragtime ao jazz dissonante. Às o humor envolvido é tão presente que a música assemelha-se a dos desenhos animados. Apesar do título pomposo, Jump Start – The Mastery of Melancholy é na verdade despretensiosa. Trata-se de um conjunto de dez peças curtas muito interessantes. Reforçado por elementos do Wynton Marsalis Septet, a Lincoln Center Jazz Orchestra toca ambas as obras de forma precisa e nítida.

Tudo muito inteligente, virtuosístico e divertido.

Jump Start and Jazz: Two Ballets by Wynton Marsalis

1. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Jubilo (The Scent of Democracy) (Instrumental) 4:44
2. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Tick-Tock (Nightfalls on Toyland) (Instrumental) 4:16
3. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Trail of Tears (Across Death Ground) (Instrumental) 7:10
4. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Express Crossing (Astride Iron Horses) (Instrumental) 5:12
5. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/”D” in the Key of “F” (Now the Blues) (Instrumental) 5:16
6. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Ragtime (Instrumental) 5:01
7. Jazz: 6 1/2 Syncopated Movements/Fiddle Bow Real (Instrumental) 2:37

8. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Boogie Woogie Stomp (Instrumental) 4:13
9. Jump Start – The Mastery of Melancholy/The Dance (Instrumental) 3:38
10. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Slow Drag (Instrumental) 4:36
11. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Habanera (Instrumental) 2:57
12. Jump Start – The Mastery of Melancholy/March (Instrumental) 2:51
13. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Gagaku (Instrumental) 3:31
14. Jump Start – The Mastery of Melancholy/The Spellcaster (Instrumental) 4:51
15. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Bebop (Instrumental) 3:15
16. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Root Groove (Instrumental) 3:51
17. Jump Start – The Mastery of Melancholy/Jump (Instrumental) 4:23

Wynton Marsalis
The Lincoln Center Jazz Orchestra
Robert Sadin, conductor

Final dos posts do PQP:

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PQP

.: interlúdio – jazz icons, wes montgomery :.

Na internet tudo se acha, mas quando se fala em DVDs de jazz, aí a história fica um pouco diferente. Não apenas não são tantos assim, como só se encontram enterrados em torrents com meia dúzia de seeders. Foi assim que, armado de obstinação e toneladas de paciência, venho tentando garimpar as preciosidades que encontro pelo caminho. Me interessam principalmente os registros dos grandes artistas do estilo, em gravações ao vivo; documentários podem ser interessantes, mas muitas vezes as entrevistas tomam espaço demais de onde se gostaria de simplesmente ver os mestres tocando. Embora fascinantes em diversos aspectos, são assim “The World According to John Coltrane” e “Thelonious Monk – Straight No Chaser”. A maioria das gravações vem da tevê europeia, interessada nas turnês de jazz pelo continente nos anos 60 e 70; essa é a especialidade da série Jazz Icons, que vem bravamente resgatando tantos rolos de filme perdidos. Como, infelizmente, são difíceis de encontrar nas lojas brasileiras, e facilmente passam dos cem reais o disco — muito para este pobre cão –, compartilho hoje o meu preferido. E já não vinha falando há alguns posts que atravesso um período de grande fascínio por Wes Montgomery?

Pois “Wes Montgomery Live in ’65” é puro deleite com chocolate. São 78 minutos de show, e nada mais. Em três momentos diferentes: Holanda, Bélgica e Inglaterra; que tempo para se viver, ligar a tevê valvulada preto-e-branco e assistir um programa de jazz desse calibre! Era um momento especial também para Wes: havia sido dispensado pela Riverside e, no retorno aos EUA, entraria no período em que tantos o apontariam como “vendido”, suavizando seu bop para atingir maiores audiências. Ou seja, o timing é perfeito. Na tela, o que se vê é o carisma percebido nos discos: naturalidade e sorrisos. Wes parece não fazer qualquer esforço jamais, e não que seja desleixado; apenas demonstra a naturalidade assombrosa com que comanda a guitarra.

Dos três programas, o primeiro, em Amsterdã, se ressalta — por raro e realmente engrandecedor. Vemos Montgomery tocando com um trio local onde um jovem Han Bennink demonstra todo o papel que viria a ter muito em breve; seu estilo de swing, confiante, arranca sorrisos de Wes nos solos de Nica’s Dream pelos grunhidos (geniais) que solta durante as baquetadas. (Se estiver com pressa, pule até o sétimo minuto do vídeo abaixo. E fique tranquilo, a baixa qualidade do youtube não se repete no dvdrip que trago.)

Além disso, uma oportunidade rara de ver Wes ensinando. No caso, instruindo The End Of A Love Affair para a banda, na hora. Após as explicações, tocam em velocidade bem baixa, até que sintam-se seguros e aumentem os bpm até o ritmo correto. O resultado é arrepiante, como se soubessem e estivessem tocando a musica juntos há anos. As outras gravações não tem tanta descontração, mas não deixam a desejar; na Bélgica, um “especial” completinho, tocando com a banda que levou dos EUA; e em Londres, ouvimos até a cândida história de como Wes aprendeu a tocar com o dedão — técnica jamais igualada, marca indelével de seu jazz.

(Porque quando comprou uma guitarra e um amplificador, aos 19, percebeu que, sem a palheta, tocava mais baixo — e assim evitava as reclamações da vizinha, logo atrás das finas paredes do apartamento onde vivia. E na primeira apresentação, durante a abertura, percebeu que, usando a palheta, já não podia diferenciar uma corda da outra. Usou o dedão para sempre.)

Jazz Icons – Wes Montgomery live in ’65 DVDRip XViD

Holland: Wes Montgomery (guitar), Pim Jacobs (piano), Ruud Jacobs (bass), Han Bennink (drums). I Love Blues; Nica’s Dream; “Love Affair” Rehearsal; The End Of A Love Affair.
Belgium: Wes Montgomery, Arthur Harper (bass), Harold Mabern (piano), Jimmy Lovelace (drums). Impressions; Twisted Blues; Here’s That Rainy Day; Jingles; Boy Next Door.
England: Wes Montgomery, Rick Laird (bass), Stan Tracey (piano), Jackie Dougan (drums). Four On Six; Full House; Here’s That Rainy Day; Twisted Blues; West Coast Blues.

parte 1 + parte 2 + parte 3 + parte 4 + parte 5 + parte 6

Ao todo são 800MB e sei que é uma tarefa que pode ser chata; mas vale a pena. Os arquivos estão guardados no Multiupload, que espelha para diversos filesharers da web. Recomendo baixarem pelo Megaupload, que não incomoda com slots por país nem coloca limite de arquivos baixados por hora.

Bom filme!

Blue Dog

.: interlúdio – mais jazz natalino! :.

Arrá! Vocês pensaram que a postagem abaixo era a única manifestação natalina deste trauriger hund, mas não! A série mais impopular deste blog retorna em seu terceiro ano consecutivo, postando os melhores discos de christmas jazz de todos os tempos — se é que isso é possível. A missão continua a mesma: demonstrar para sua tia que o disco de natal da Simone é o responsável por choro, ranger de dentes, caspa e o aquecimento global. (Além de que é o único período do ano em que ouvir estes discos não soa inexoravelmente errado.)

The Ramsey Lewis Trio – Sound of Christmas (1961) (V0)

Um dos bestsellers do nicho é um disco sui generis: o piano soul de Lewis à frente, uma seção de cordas ao fundo. Um pouco esquizofrênico, já que mistura o tom divertido e swingado à grandiosidade orquestral. Poderia ser usado como trilha sonora se a Disney fizesse um especial de natal com jazz. Prefira o lado A do disco, sem as cordas, e com interpretações bastante criativas (por pouco não se esquece que é um disco natalino). A melhor faixa é “Christmas Blues”, cujo DNA identifica geograficamente o prolífero (e mais tarde pop) Ramsey Lewis: Chicago.

download – 43MB [mediafire]

Ramsey Lewis (piano), Eldee Young (double bass), Redd Holt (drums). String section (tracks 6-10): Sol Bobrou, David Chausow, Leonard Chausow, Oscar Chausow, Karl Fruh, Irving Kaplan, Harold Kupper, Abe Meltzer, Emil Podsada, Theodore Silavin. Produzido por Ralph Bass para a Verve

01 Merry Christmas, Baby
02 Winter Wonderland
03 Santa Claus is Coming to Town
04 Christmas Blues
05 Here Comes Santa Claus
06 The Sound of Christmas
07 The Christmas Song
08 God Rest Ye Merry, Gentlemen
09 Sleigh Ride
10 What are you Doing New Year’s Eve

Verve Presents: Very Best of Christmas Jazz (comp. 2001) (v0)

São estes os momentos em que compilações são divertidas. Neste disco não há coadjuvantes e todas as canções são bem executadas — embora se precise de alguma paciência para ouvir mais uma canção do xmasholic Louie Armstrong. Minhas preferidas aqui são a rendição do guitarrista Kenny Burrell — um blues arraigado, com um belíssimo double bass — e, pra variar, qualquer coisa que Bill Evans toque. “Greensleeves”, na conhecida gravação de Coltrane, também é natalina por acidente.

download – 65MB [sharebee *multiplataforma: recomendo baixar pelo megaupload]

01 Ella Fitzgerald – Rudolph the Red-Nosed Reindeer
02 Kenny Burrell – Merry Christmas, Baby
03 Billy Eckstine – Christmas Eve
04 Ramsey Lewis – Here Comes Santa Claus
05 Joe Williams – Let it Snow
06 John Coltrane – Greensleeves
07 Mel Torme – The Christmas Song
08 Louis Armstrong – ‘Zat You, Santa Claus
09 Shirley Horn – Winter Wonderland
10 Bill Evans – Santa Claus is Comin’ to Town
11 Count Basie – Good Morning Blues
12 Jimmy Smith – Jingle Bells
13 Dinah Washington – Silent Night
14 Oscar Peterson – A Child is Born

Crystal Lewis – Holiday (2000) (320)

Este disco foi uma surpresa. Descobri-o porque tinha uma mocinha bonita na capa, mas vejam só — ela tem uma banda de apoio muito boa, bastante presente, ao contrário do que se poderia imaginar em um álbum de cantora. O repertório é o mais clichê possível e Crystal Lewis é uma cantora gospel, e apesar disso algumas faixas funcionam muito bem, em especial as uptempo, como “Angels We Have Heard on High”, espetacular. As mais lentas são apropriadas como pano de fundo de shopping centers americanos.

download – 110MB [sharebee]

Crystal Lewis (vocals), Alan Pasqua (piano, arrangements), Dave Carpenter (double bass), Peter Erskine (drums), Dean Parks (guitar), mais uma seção de cordas com umas 20 pessoas. Produzido por Brian Ray para a Metro One

01 Joy to the World
02 Let It Snow, Let It Snow, Let It Snow
03 I’ll Be Home for Christmas
04 Winter Wonderland
05 Go Tell it on the Mountain
06 What Child is This?
07 Have Yourself a Merry Little Christmas
08 The Christmas Song
09 Silent Night
10 Angels we Have Heard on High
11 Jingle Bells
12 O Holy Night

Yule Struttin’: A Blue Note Christmas (comp. 1990) (V0)

Mais uma compilação de selo, nesse caso a Blue Note. Um disco bastante dividido: as faixas com vocal são bem fracas, e as instrumentais são fantásticas. Apesar de ser calcado em pianistas, com excelentes execuções, são os guitarristas quem saltam aos ouvidos: Stanley Jordan, John Scofield e John Hart proporcionam os melhores momentos. Nas faixas baseadas em sopros, há Dexter Gordon e Chet Baker — e há também o psychoswing de Count Basie, claro. Outro ponto bastante positivo são as pernas da mamãe noel da capa. Esse disco sem os vocais, e com um filtro de sininhos, seria para ouvir, tranquilamente, o ano todo. Se for baixar só um, vá nesse. Se não for baixar nenhum mas resolveu ler todo o post porque estava matando tempo, baixe esse também.

download parte1/85MB + parte2/48MB [mediafire]

01 Bobby Watson & Horizon – Vauncing Chimes
02 Stanley Jordan – Silent Night
03 Lou Rawls – The Christmas Song
04 Eliane Elias – I’ll be Home for Christmas-Sleigh Ride
05 Chet Baker – Winter Wonderland
06 Benny Green – A Merrier Christmas
07 Dianne Reeves – A Merrier Christmas
08 John Hart – O Tannenbaum
09 Count Basie – Jingle Bells
10 John Scofield – Chipmunk Christmas
11 Joey Calderazzo – God Rest ye Merry Gentlemen
12 Dexter Gordon – Have yourself a Merry Little Christmas
13 Benny Green – Silent Night
14 Rick Margitza – Little Drummer Boy

Christmas for Lovers (comp. 2003) (V0)

Mais um caça-níqueis da Verve, dentro da coleção For Lovers, que eu confesso ter incluído aqui por uma curiosidade bizarra. Afinal de contas, o que um disco de jazz pode fazer por um natal entre amantes e apaixonados? Musicalmente, o natal entre um casal de pombinhos é diferente de um com a família toda, e se sim, faz diferença que é natal? Só eu acho meio perturbadora essa associação entre natal e sexo? Só eu estou vendo sexo aqui??? De qualquer modo, Yusef Lateef e Gerry Mulligan são os que salvam o disco. E por favor, PAREM de botar Mel Tormé em todas as coletâneas! “Mel Tormé for Christmas Lovers” deve ser um assombro.

download – 95MB [mediafire]

01 Mel Tormé – The Christmas Song
02 Ella Fitzgerald – What are you Doing New Year’s Eve
03 Joe Sample – I Saw Mommy Kissing Santa Claus
04 Shirley Horn – The Secret of Christmas
05 Joe Williams – Christmas Waltz
06 Yusef Lateef – Warm Fire
07 Billy Eckstine – Christmas Eve
08 Dinah Washington – Ole Santa
09 Ramsey Lewis Trio – Snowfall
10 Antonio Carlos Jobim – Looks like December
11 Oscar Peterson – A Child is Born
12 Diane Schuur – I’ll Be Home For Christmas
13 Gerry Mulligan – Wintersong
14 Abbey Lincoln – Christmas Cheer
15 Kenny Burrell – Merry Christmas Baby

Publicações anteriores desta série:
Tony Bennett & The Count Basie Big Band– A Swingin’ Christmas
Oscar Peterson – An Oscar Peterson Christmas
Wynton Marsalis – Crescent City Christmas Card
Dave Brubeck – A Dave Brubeck Christmas
Ella Fitzgerald – Wishes you a Swingin’ Christmas
Louis Armstrong & Friends – The Christmas Collection
Vince Guaraldi Trio – A Charlie Brown Christmas
Chet Baker & Christopher Mason Quartet – Silent Night

Bom natal e virada de ano para todos, e até 2010!

Blue Dog

.: interlúdio: Christian McBride – Live at Tonic :.

Christian McBride é provavelmente o melhor baixista da sua geração — é um jovem, nasceu em 1972. Conquistou-me definitivamente com este disco, de um jazz ousado na forma, embora purista; mais tarde fui descobrir que McBride entrou com os dois pés no mundo do fusion e do groove. Neste Live at Tonic (NY) esta avenida é escancarada — o allaboutjazz diz o aponta como o melhor disco de funk jazz desde Agartha, de Miles Davis.

São três CDs que vão caminhando em direção à modernidade; o primeiro, principal, é fusion tradicional. No último há até DJs executando scratches enquanto os metais evocam tempos antigos de James Brown. Impossível não se deixar sorrir com as intervenções da plateia e imaginar a energia do show. Escandalize seus vizinhos tocando-o bem alto no dia de Finados que está chegando. É o que eu pretendo fazer. Quem quer ficar lamentando, que fique longe de mim!

Christian McBride – Live at Tonic /2006 [V2]

Christian McBride: acoustic and electric bass
Geoffrey Keezer: keyboards
Terreon Gully: drums
Ron Blake: tenor, baritone and soprano saxophones, flute
Charlie Hunter: guitar (CD 2)
Jason Moran: piano (CD 2)
Jenny Scheinman: violin (CD 2)
DJ Logic: turntables (CD 3)
Scratch: beatbox (CD 3)
Eric Krasno: guitars (CD 3)
Rashawn Ross: trumpet (CD 3)
Produzido por Andy Blackman Hurwitz e Christian McBride para a Rope-a-Dope

download (mediafire)
parte 1parte 2parte 3
(os pedaços estão compactados separadamente – pode baixar o primeiro e já sair escutando!)

download (rapidshare)
parte 1parte 2parte 3
(os pedaços estão compactados separadamente – pode baixar o primeiro e já sair escutando!)

CD 1 (10/01/2005)
01 Technicolor Nightmare
02 Say Something
03 Clerow’s Flipped
04 Lejos De Usted
05 Sonic Tonic
06 Hibiscus
07 Sitting on a Cloud
08 Boogie Woogie Waltz
CD 2 (10 e 11/01/2005)
01 See Jam, Hear Jam, Feel Jam
02 Out Jam/Give It Up or Turnit Loose
03 Lower East Side/Rock Jam
04 Hemisphere Jam
05 Bitches Brew
06 Out Jam/Via Mwandishi
07 Mwandishi Outcome Jam
08 The Comedown (LSD Jam)
CD 3 (11/01/2005)
01 E Jam
02 Ab Minor Jam
03 D Shuffle Jam
04 D Shuffle Jam (part 2)

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :. Keith Jarrett: Solo Concerts: Bremen & Lausanne

De vez em quando, Keith Jarrett fazia apresentações que pareciam um stand-up. Ele ia lá para a frente do palco e deixava o piano deitar falação. E falava bem. E havia tantos momentos verdadeiramente sublimes que virou mania. Depois houve outras gravações, sempre com nomes cidades acompanhados de datas e ali tinha sempre algo que se aproveitava. Como estas gravações. (Que me parecem muito adequadas para um despertar dominical como fiz onde moro. Não demorou muito — era 9h30 da manhã — para aparecerem duas mulheres me perguntando que maravilha era aquilo… Ofereci-lhes café, torradas, suco de laranja, ora.)

Keith Jarrett: Solo Concerts: Bremen & Lausanne

1. Bremen, July 12, 1973 Part I – 18:04
2. Bremen, July 12, 1973 Part II – 45:12
3. Lausanne, March 20, 1973 – 1:04:57

BAIXE AQUI O CD 1 – DOWNLOAD CD 1 HERE

BAIXE AQUI O CD 2 – DOWNLOAD CD 2 HERE

Apoie os bons artistas, compre sua música!

PQP

.:interlúdio:. Chick Corea Akoustic Band – Live from The Blue Note – Tokio

Eis uma boa oportunidade para serem feitas algumas comparações entre estes dois gênios do piano, Keith Jarrett e Chick Corea. Não quero com isso estabelecer placar, dizendo que ciclano é melhor que beltrano, ou algo do gênero, apenas peço que se comparem estilo, improvisão, etc.

A formação é semelhante a qualquer Piano Jazz Trio, a saber, um piano, um contrabaixo acústico e uma bateria. Chick Corea nesta gravação está ao lado de seu fiel escudeiro, o baixista John Patittucci e do baterista Vinnie Collaiuta. Para quem conhece estes nomes, sabe que só tem gente grande aqui, para os que não conhecem, fica a oportunidade de conhecerem dois dos melhores músicos da atualidade em seus instrumentos, acompanhando o piano de Corea.

A lista das músicas trás um clássico do repertório do próprio Corea, “Humpty Dumpty”, o clássico de Coltrane “Chasin´ the Train”, e dois standards, por sinal também gravados por Jarrett, “With a Song in My Heart” e a sensacional e única “Autumm Leaves”, que dispensa comentários.

Chick Corea Akoustic Band – Live from The Blue Note – Tokio

01 – Humpty Dumpty
02 – New Waltse
03 – With A Song In My Heart
04 – Chasin’ The Train
05 – Summer Night
06 – Tumba
07 – Autumn Leaves

Chick Corea – Piano
John Patitucci – Bass
Vinnie Colaiuta – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP Bach

.:interlúdio:. – Wynton Marsalis Septet – Citi Movement

Esta postagem é em homenagem ao Milton Ribeiro (que fez aniversário semana passada), e que recomendou um cd deste mesmo Wynton Marsalis Septet em seu blog, “In This House, In this Morning”. Na verdade, estou arriscando com esta postagem, sem saber se ele possui esse CD, mas deixo ao critério dos senhores a devida apreciação, que posso definir da seguinte forma, sendo curto e grosso: é do caralho, com o perdão da expressão. Impossível ficar indiferente com esse tour de force, já que a obra é tocada em um fôlego só, sem pausas.

O texto abaixo foi tirado do encarte do CD:

“Citi Movement was written by Wynton Marsalis for Griot New York, a modern ballet choreographed by Garth Fagan. Its premier performance at the Brooklin Academy of Music in 1991 was received by cheering audiences and drew praising rewiews. With this recording the music stands quite tall alone and now does its own dances. The three-part composition uses jazz to render the feeling of a city, the waves and wages of history, and the emotional references connected to styles and rythmic grooves.

In keeping with the leasury, sequestered situations in wich jazz composers do their work, free of intrusians from the external world, this extended piece was written in a month, while the Marsalis band was on the road, performing every night and giving master classes in the daytime. Herb Harris was playing soprano anda tenor saxophones while Citi Movement was composed: ‘It was crazy. Amazing. We were working all these gigs and Wynton was giving this talks and instructions to students musicians during the day, running to get some food before the concert anda going into this room every night to compose. It shocked all of us. With all he had to do, you wouldn´t have expected him to come up with this kind of music. But there it is’. “

Bem, trata-se de música extremamente elaborada, pensada em cada detalhe,  que mostra um compositor ciente de sua capacidade e profundo conhecimento da linguagem jazzistica, e claro, musical, sem esquecer, seu profundo conhecimento da própria história do jazz. Como o Milton comenta em seu blog, o Septeto é simplesmente perfeito.

Não estou exagerando quando afirmo que se trata de um dos melhores cds de jazz que já tive a oportunidade de ouvir. Se fosse para escolher uma faixa com certeza ficaria com a última do primeiro CD, “Spring Yaoundé”, que traz Eric Reed ao piano e o próprio Marsalis num dueto de arrepiar…

Interlúdio – Wynton Marsalis Septet – Citi Movement

CD 1
1. Hustle Bustle
2. City Beat
3. Daylight Dinosaurs
4. Down The Avenue
5. Stop And Go
6. Nightlife-Highlife (Yas, Yas)
7. How Long?
8. I See The Light (Vocal Version)
9. I See The Light (Instrumental Version)
10. Duway Dialogue
11. Dark Heart Beat
12. Cross Court Capers
13. Bayou Baroque
14. Marthaniel
15. Spring Yaoundé

CD 2
1. The End
2. The Legend Of Buddy Bolden
3. Swingdown, Swingtown
4. Highrise Riff
5. Modern Vistas (As Far As The Eye Can See)
6. Curtain Call

Wynton Marsalis – Trumpet
Todd Williams – Tenor & Soprano Saxophones
Wes Anderson – Alto Saxophone
Wycliffe Gordon – Trombone
Reginald Veal – Bass
Herlin Riley – Drums
Eric Reed – Piano
Herb Harris – tenor sax in “I see the Light (Instrumental) and “Curtain Call
Marthaniel Roberts – Piano on “Marthaniel”, “The End”, “Swingdown, Swintown” and “Curtan Call”.

CD 1 – BAIXE AQUI – DONWLOAD HERE

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP Bach

.: interlúdio :. Keith Jarrett Trio – At the Blue Note – CD 3

Este terceiro cd da série do Keith Jarrett Trio tocando na Blue Note é um dos mais inspirados da série, apesar de ser complicado afirmar isso, devido à qualidade dos outros cds.

Adoro Autumm Leaves, e não sei quantas versões já ouvi, mas devo confessar que Keith Jarrett se supera nesta sua leitura mais do que pessoal. Vinte e seis minutos e quarenta e três minutos de pura inspiração, de puro improviso, e os  méritos claro que não são só dele. Jack DeJohnette e Gary Peacock para variar estão perfeitos, e o que estes três excepcionais músicos fazem com o tema principal de Autumm Leaves é de arrepiar. Abafa o resto do cd, que tem outro clássico logo em seguida, “Days of Wine and Rose”. Quando ouvi esse cd pela primeira vez, o repeti por umas três ou quatro vezes, e uma centena de audições depois, continuo fascinado e impressionado. Um absurdo.

Chega de repetir o óbvio, e vamos ao que interessa.

Interlúdio – Keith Jarrett Trio – At the Blue Note – CD 3

1 Autumn Leaves
2 Days Of Wine And Roses
3 Bop-Be
4 You Don’t Know What Love IsMuezzin
5 When I Fall In Love

Keith Jarrett – Piano
Gary Peacock – Double Bass
Jack DeJohnette – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
FDP Bach

Interlúdio – Keith Jarrett at Blue Note – CD 2

Uma postagem feita a toque de caixa, são quase dez horas da noite, estou acordado desde as 6 da manhã, e amanhã terei de acordar novamente nesta hora. Enfim, coisas dessa nossa vida maluca.

Keith Jarrett, Gary Peacock e Jack De Johnette. Nada mais preciso falar… apenas ouçam, ouçam, ouçam, e não se cansem de ouvir. É um santo remédio para esses dias de tédio. Impossível ficarmos indiferentes para estes três grandes músicos. Divirtam-se. Ah, antes que perguntem, o CD 1 já foi postado, basta procurá-lo…

Keith Jarrett – At Blue Note – CD 2

1. I’m Old Fashioned
2. Everything Happens to Me
3. If I Were a Bell
4. In the Wee Small Hours of the Morning
5. Oleo
6. Alone Together
7. Skylark
8. Things Ain’t What They Used to Be

Keith Jarrett – Piano
Gary Peacock – Bass
Jack DeJohnette – Drums

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP Bach