#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Dichterliebe, Op. 48 & Liederkreis, Op. 39 – Olaf Bär, barítono & Geoffrey Parsons, piano

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Dichterliebe, Op. 48 & Liederkreis, Op. 39 – Olaf Bär, barítono & Geoffrey Parsons, piano

Robert Schumann

Dichterliebe – Liederkreis

Olaf Bär

Geoffrey Parsons

 

Esta postagem é também uma homenagem a Robert Schumann, por ocasião dos 210 anos desde seu nascimento.

Schumann nutria diversas paixões, afinal foi uma figura enorme do romantismo. Entre estas paixões estava a literatura, a música e (é claro) a pequena e linda Clara Wieck. Estas muitas paixões convergiram e no ano 1840 apenas, Robert (ouso tuteá-lo) deitou em papel cerca de 150 canções – einhundertfünfzig Lieder. Entre elas, as que foram compostas sobre os poemas de Heinrich Heine e Joseph von Eichendorff, que acabaram reunidas em dois ciclos: o Dichterliebe, Op. 48 e o Liederkreis, Op. 39. Dichterliebe significa Amor do Poeta, mas prefiro pensar em Os Amores do Poeta, uma vez que poeta merece certas regalias. Já Liederkreis é mais burocrático e significa Ciclo de Canções e este nome foi usado para outros grupos de canções.

Heinrich (Dichter) Heine

O Dichterliebe é o mais famoso dos dois e acho que merecidamente, mas o outro ciclo tem suas muitas belezas.

Percebi na primeira vez que ouvi esta coleção de canções, na voz do inigualável Dietrich Fischer-Dieskau, que gostaria delas para sempre. Pois que há música da qual gostamos, mas que podemos deixar de gostar. A introdução brevíssima ao piano, seguida da frase ‘Im wunderschönen Monar Mai’ – No Maravilhoso Mês de Maio – é uma combinação matadora. Trata da chegada da Primavera, que no hemisfério norte inicia em maio.

Interior da Catedral

Pleno de expectativas começa o ciclo, que se desenrolará para uma decepção amorosa, passando antes por algumas outras paradas. Entre elas, a majestosa Catedral de Colônia, próxima do Reno, com a imagem da Santa, cujos olhos, lábios e bochechas (palavra que em Português perde um pouco de seu romantismo) são tais quais os da amada. Já deu para sentir que vai rolar um pouquinho de ‘dor de corno’. Mas é parte do filme. Vá lá, ouça por você…

Geoffrey Parsons

Do ponto de vista da música, o que eu acho maravilhoso no ciclo é a alternância de ritmos, uma canção mais lenta seguida de outra que dança e outra que acelera. Eu poderia ouvi-lo vez e mais outra e outra ainda. Sem cansar. Especialmente nesta linda, linda gravação do barítono Olaf Bär, acompanhado do excelente pianista Geoffrey Parsons, que teve o talento que não é dado a muitos, de saber acompanhar os cantores. De certa forma, Geoffrey fez o papel que foi exercido por Gerlad Moore uma geração antes. Pena ter ido embora relativamente cedo, em 1995. Olaf Bär esteve atuante nas décadas de 1980 e 1990 como cantor de ópera e de Lieder. Tem uma voz maravilhosa, curiosamente em algumas situações, bonita até demais. Eu não ouço mais sua gravação do ciclo Die Schöne Müllerin por isso. E também por que acho que ele se dá muuuiito tempo. Mas não é hora de me estender nestas coisas, trarei mais coisas dele aqui, provavelmente. Especialmente Hugo Wolf!!!

Ah, sim, o outro ciclo não conta assim, uma espécie de historinha, mas as canções se aninham umas as outras em função dos temas ligados à natureza, coisa que os germânicos são, por assim dizer, chegados.

Robert Schumann (1810 – 1856)

Dichterliebe, Op. 48

Ciclo de canções sobre poemas de Heinrich Heine

Liederkreis, Op. 39

Ciclo de canções sobre poemas de Joseph von Eichendorff

Olaf Bär, barítono

Geoffrey Parsons, piano

Gravação feita em julho de 1985

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FLAC | 188 MB

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MP3 | 320 KBPS | 123 MB

Este é um daqueles discos que pode ficar assim, eclipsado, pela busca recorrente de mais famosos cantores, como o já citado Fischer-Dieskau ou o tenor Peter Schreier, mas merece ser ouvido. Eu escolheria-o antes de muitos, muitos outros. Espero que você tenha a chance de ver por si mesmo.

Aproveite!

René Denon

 

Martha Argerich & Friends – Live in Lugano 2006

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A Saga Argerichiana continua, com seu Festival de Lugano. Espero que estejam gostando.

Estive pensando com meus botões e tentando lembrar o que estava fazendo em 2006, um ano após uma mudança de cidade que fiz, o que ocasionou um desvio de rota em minha vida. Lembrei então que foram dois anos bem difíceis e complicados, desempregado, e os empregos que conseguia eram apenas bicos que ajudavam a quebrar um galho. A situação começou a melhorar em 2008, mas isso já é outra história.
O maravilhoso Quarteto com Piano op. 47 de Schumann abre esta caixa. O terceiro CD entra um pouco mais no século XX com uma sonata de Schnittke e um Concerto para Violoncelo até então totalmente desconhecido para mim, de Friedrich Gulda.
Divirtam-se.

Cd 1

01. Schumann Piano Quartet in E-flat, op.47 – 1. Sostenuto assai
02. Schumann Piano Quartet in E-flat, op.47 – 2. Scherzo
03. Schumann Piano Quartet in E-flat, op.47 – 3. Andante cantabile
04. Schumann Piano Quartet in E-flat, op.47 – 4. Finale. Vivace

Martha Argerich, Renaud Capuçon, Lida Chen, Gautier Capuçon

05. Mendelssohn Cello Sonata No.2 in D, op.58 – 1. Allegro assai vivace
06. Mendelssohn Cello Sonata No.2 in D, op.58 – 2. Allegretto scherzando
07. Mendelssohn Cello Sonata No.2 in D, op.58 – 3. Adagio
08. Mendelssohn Cello Sonata No.2 in D, op.58 – 4. Molto allegro e vivace

Gabriela Montero, Gautier Capuçon

09. Schumann Fantasiestucke, for flugelhorn and piano, op.73 – 1. Zart und mit A
10. Schumann Fantasiestucke, for flugelhorn and piano, op.73 – 2. Lebhaft, leicht
11. Schumann Fantasiestucke, for flugelhorn and piano, op.73 – 3. Rasch und mit

Martha Argerich, Sergei Nakariov

CD 2

01. Schumann Piano Trio No.1 in D minor, op.63 – 1. Mit Energie und Leidenschaft
02. Schumann Piano Trio No.1 in D minor, op.63 – 2. Lebhaft, doch nicht zu rasch
03. Schumann Piano Trio No.1 in D minor, op.63 – 3. Langsam, mit inniger Empfindung
04. Schumann Piano Trio No.1 in D minor, op.63 – 4. Mit Feuer

Nicolas Angelich, Renaud Capuçon, Gautier Capuçon

05. Taneyev Piano Quintet in G minor, op.30 – 1. Introduzione. Adagio mesto – Al
06. Taneyev Piano Quintet in G minor, op.30 – 2. Scherzo
07. Taneyev Piano Quintet in G minor, op.30 – 3. Largo
08. Taneyev Piano Quintet in G minor, op.30 – 4. Finale. Allegro vivace

Lilya Zilberstein, Dora Schwarzberg, Lucy Hall, Nora Romanoff-Schwasberg, Jorge Bosso

CD 3

01. Debussy Nocturnes, for 2 pianos (trans.Ravel) – 1. Nuages
02. Debussy Nocturnes, for 2 pianos (trans.Ravel) – 2. Fetes

Sergio Tiempo, Karin Lechner

03. Schnittke Violin Sonata No.1 (1963) – 1. Andante
04. Schnittke Violin Sonata No.1 (1963) – 2. Allegretto
05. Schnittke Violin Sonata No.1 (1963) – 3. Largo
06. Schnittke Violin Sonata No.1 (1963) – 4. Allegretto scherzando

Alissa Margulis, Polina Leschenko

07. Friedrich Gulda Concerto for cello and wind orchestra – 1. Overture
08. Friedrich Gulda Concerto for cello and wind orchestra – 2. Idylle
09. Friedrich Gulda Concerto for cello and wind orchestra – 3. Cadenza
10. Friedrich Gulda Concerto for cello and wind orchestra – 4. Menuet
11. Friedrich Gulda Concerto for cello and wind orchestra – 5. Finale alla marcia

Gautier Capuçon – Cello
Members of The Orchestra della Svizzera Italiana
Alexander Rabinovich-Barakovsky

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FDP

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Genoveva, Op. 81 – Ziesak – Widmer – van der Walt – Lipovšek – Quasthoff – Harnoncourt


Muito estranho que uma das pessoas que mais lindamente escreveram para a voz humana tenha escrito apenas uma ópera, e que ela tenha sido um retumbante fracasso.

“Genoveva”, baseada numa lenda medieval, ocupou a imaginação de Schumann depois de sua mudança de Leipzig para Dresden. Na nova cidade, conheceu Richard Wagner, que trabalhava em seu “Lohengrin”. Apesar de desencorajar Robert em seus intentos operísticos por conta da precariedade do libreto, Wagner acabou por ter importante influência na concepção da peça, inteiramente posta em música, com temas que, se não são Leitmotive estritos, associam-se frouxamente a personagens, e sem grandes árias e duetos para o brilho dos solistas.

Por não a conseguir estrear em Dresden, conduziu-a em Leipzig,  no mesmo 1850 em que o “Lohengrin” estreou com imenso sucesso em Weimar. “Genoveva” teve uma acolhida gélida e foi tirada de cartaz após meras três apresentações, jogando uma pá de cal, sepultando e selando com concreto quaisquer outros planos operísticos de Schumann.

Se “Genoveva” é cheia das belíssimas melodias dum genial compositor de Lieder – Schumann chega mesmo a acrescentar poslúdios aos números vocais, da mesma forma que em muitas de suas maiores canções -, por outro lado ela padece dum enredo esquemático e de frouxidão dramática. O libreto, iniciado por seu amigo Robert Reinick e terminado pelo próprio compositor, é amplamente apontado como seu maior problema. Schumann, afinal, nunca se interessou realmente por ópera e, desconhecendo o gênero, o meio e os bastidores, não se surpreende que não tivesse a menor ideia de como escrever para o palco. Há quem defenda que “Genoveva” talvez funcionasse melhor como oratório, mas seu relativo esquecimento torna difícil de trazer a questão a qualquer mérito. As raras encenações modernas foram bem sucedidas, e houve um número razoável de gravações nas últimas décadas, de modo que podemos estender a “Genoveva” nossa generosa mão para tirá-la do fosso do fracassos e dar-lhe uma merecida chance, cheia de bons momentos e muitas belezas que ela é.

Um dos mais entusiasmados defensores de “Genoveva” foi Nikolaus Harnoncourt, que conduziu várias montagens, das quais minha favorita é esta, com Ruth Ziesak no papel-título, uma voz delicada e angelical que parece criada à medida para a mocinha. Oliver Widmer, como Siegfried, lembra Fischer-Dieskau, se não no timbre, na ótima articulação e dicção impecável. O time de vilões inclui, incomumente, um tenor, aqui o sul-africano Deon van der Walt, infelizmente falecido numa tragédia familiar, e pela imensa voz da eslovena Marjana Lipovšek, que quase engole o luminoso Heldentenor de van der Walt como a feiticeiresca Margaretha. O ponto alto, para mim, como sói acontecer com tudo o que envolve esse maravilhoso artista, é a infelizmente breve participação de Thomas Quasthoff num papel secundário, o do mordomo Drago. Harnoncourt garante que tudo fique bem redondinho, numa performance muito bem ensaiada, com notáveis participações do ótimo Arnold Schoenberg Chor.

O enredo: na metade do século VIII, Siegfried, Eleitor do Palatinado, vai lutar com Charles Martel, rei dos francos, e deixa sua esposa Genoveva sob os cuidados de seu criado e amigo Golo, que secretamente a deseja. Quando Genoveva rechaça seu assédio, Golo monta uma cilada para acusá-la de adultério, com a assistência de sua antiga babá, Margaretha, e do mordomo Drago, que é morto por Golo e acusado de ser o amante de Genoveva. Siegfried retorna das batalhas e, acreditando no embuste, condena a esposa à morte. No entanto, o fantasma (!) de Drago aterroriza Margarethe a ponto de fazê-la confessar a verdade, o que leva Siegfried a comutar a sentença de Genoveva, que o perdoa, enquanto Golo se suicida. O libreto, que como já foi dito não é lá grandes coisas, não fará lá muita falta a vocês. Quem entender alemão poderá acompanhá-lo aqui, enquanto os hispanohablantes poderão se divertir ali.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

“Genoveva”, ópera em quatro atos, Op. 81

Libreto de Robert Reinick e do compositor, baseado em “Genoveva” de Friedrich Hebbel e “Leben und Tod der heiligen Genoveva” de Ludwig Tieck

1 – Abertura

PRIMEIRO ATO

2 – “Erhebet Herz und Hande” (Hidulfus)
3 – “Könnt ich mit ihnen” (Golo)
4 – “So wenig Monden erst, dass ich dich fand” (Siegfried, Genoveva)
5 – “Dies gilt uns!” (Siegfried, Drago, Genoveva, Golo)
6 – “Auf, auf, in das Feld!” (Genoveva, Siegfried, Golo)
7 – “Der rauhe Kriegsmann!”
8 – “Sieh da, welch feiner Rittersmann!” (Margaretha, Golo)

SEGUNDO ATO

9 – “O weh des Scheidens, das er tat!” (Genoveva, Golo)
10 – “Wenn ich ein Vöglein war” (Genoveva, Golo)
11 – “Dem Himmel dank, dass ich Euch finde” (Drago, Golo, Margaretha, Genoveva)
12 – “O Du, der über alle wacht” (Genoveva)
13 – “Sacht, sacht, aufgemacht!” (Balthasar, Genoveva, Golo, Drago, Margaretha)

TERCEIRO ATO

14 – “Nichts halt mich mehr” (Siegfried, Margaretha)
15 – “Ja, wart du bis zum jungsten Tag” (Siegfried, Golo)
16 – “Ich sah ein Kind im Traum” (Margaretha, Siegfried, Golo)
17 – “Erscheint! … Abendlufte kuhlend weh’n” (Margaretha, Siegfried, Golo, Fantasma de Drago)

QUARTO ATO

18 – “Steil und steiler ragen die Felsen” (Genoveva, Balthasar, Caspar)
19 – “Kennt Ihr den Ring?” (Golo, Genoveva, Caspar, Balthasar)
20 – “Weib, heuchelt nicht” (Balthasar, Genoveva, Caspar, Margaretha, Siegfried)
21 – “O lass es ruh’n, dein Aug, auf mir!” (Siegfried, Genoveva)
22 – “Bestreut den Weg mit grunen Mai’n”
23 – “Seid mir gegrüsst nach schwerer Prufung” (Hidulfus, Genoveva, Siegfried)

Genoveva, esposa de Siegfried –  Ruth Ziesak, soprano
Golo, mordomo de Siegfried – Deon van der Walt, tenor
Siegfried, Conde de Brabant – Oliver Widmer, barítono
Hidulfus, bispo de Trier – Rodney Gilfry, barítono
Margaretha, uma criada –  Marjana Lipovšek, soprano
Drago, um velho criado – Thomas Quasthoff, baixo
Arnold Schoenberg Chor
Chamber Orchestra of Europe
Nikolaus Harnoncourt, regência

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Uma montagem bastante hemática de “Genoveva” em Zurique.

Vassily

Robert Schumann (1810-1856): Carnaval, Kinderszenen, Papillons, Symphonic Etudes, Fantasiestücke, Piano Concerto (Guiomar Novaes)

Schumann publicou centenas de artigos sobre música na imprensa de sua época. Ao contrário da maioria dos compositores, cujo pensamento pode ser vislumbrado apenas em cartas para amigos e parentes, Schumann deixou muito claras nesses artigos as suas ideias sobre música.

Por exemplo, aos 21 anos, em 1831, Schumann elogiava as Variações opus 2 de Chopin, sobre um tema do Don Giovanni de Mozart: “Os personagens, é claro, são Don Giovanni, Zerlina, Leporello e Masetto.” A primeira variação, ele descrevia como aristocrática e amorosa, com o Don Juan espanhol flertando com uma camponesa. A segunda, mais íntima e cômica, como dois amantes rindo juntos. A terceira tinha o luar, e por aí vai…

O curioso é que também há registro da opinião de Chopin sobre a resenha publicada por Schumann: “Eu poderia morrer de rir da imaginação desse alemão!”, escreveu ele em carta a um amigo polonês.

Cinco anos depois, em 1836, Schumann descreveria as Danças Alemãs de Schubert (op. 33) como um carnaval inteiro, com máscaras, tambores, trompetes, figuras cômicas sussurrando, Arlequim com a mão na cintura…

Essas palavras, é claro, dizem muito mais sobre a música do próprio Robert Schumann do que sobre a do austríaco Franz Schubert. Em Papillons, op. 2 (1831), Schumann se inspira em um baile de máscaras descrito no livro do romancista Jean Paul. Procedimento que ele levaria adiante em uma obra mais longa e complexa, o Carnaval, op. 9 (1835). A miniatura, a bagatela, que era uma obra de pouca importância para Beethoven (como Pour Elise, que ele nem se preocupou em publicar oficialmente), é transformada por Schumann: ao juntar várias composições pequenas contrastantes, como quem descreve vários aspectos de sua própria personalidade, ele cria um todo maior do que a soma das partes.

Schumann é esse sujeito com a pretensão de expressar todos esses sentimentos com a música instrumental (mesma ideia de seu amigo Mendelssohn com suas famosas Canções sem palavras). Ele escreveu uma ópera e alguns Lieder, mas o principal de sua obra, assim como a de Beethoven, é instrumental. Alfred Cortot, o pianista francês mais famoso da época em que Guiomar Novaes estudava em Paris, dizia, sobre Schumann: “Não bastam a bela sonoridade, o fraseado expressivo, mas também um sentimento de sonho. Na verdade, é preciso sonhar essa música, não tocá-la.”

Guiomar Novaes (1894-1979) gravou, na década de 1950, essas obras de Schumann que ocupavam 4 LPs e foram reeditadas em um CD duplo. Quem teve o privilégio de ver Guiomar tocar ao vivo diz que a grande marca dela era a naturalidade: seu fraseado, seu rubato, todas suas escolhas interpretativas pareciam muito intuitivas, sem qualquer busca de virtuosismo performático ou de intelectualismo acadêmico. Não era uma artista historicamente informada, do tipo que lê tratados de C.P.E.Bach, nem uma artista obcecada com notas erradas. Estava mais para uma poetisa do piano e, talvez por isso, expressa de forma tão sublime os diversos humores pelos quais transita a música de Schumann.

Nelson Freire relata uma história engraçada: um fã chegou para ela maravilhado com a poesia de seu Chopin, as cores infinitas de seu Debussy e perguntou como ela fazia tudo aquilo. Guiomar simplesmente olhou para ele e disse: Está tudo escrito!

Robert Schumann (1810–1856): Carnaval, Kinderszenen, Papillons, Symphonic Etudes, Fantasiestücke, Piano Concerto

CD1
(01-22) Carnaval Op. 9 [23’14”]
(23-35) Kinderszenen Op. 15 [18’10”]
(36-47) Papillons Op. 2 [13’53”]
(48-60) Symphonic Etudes Op. 13 [23’10”]

CD2
(01-08) Fantasiastücke Op. 12 [29’38”]
(09-11) Piano Concerto a-moll Op. 54 [31’56”]

Guiomar Novaes, piano
Vienna Symphony Orchestra, Otto Klemperer

CD1 – BAIXE AQUI – CD 1 – DOWNLOAD HERE (MP3 320 kbps)

CD 2 – BAIXE AQUI – CD 2 – DOWNLOAD HERE (MP3 320 kbps)

Capas dos LPs originais da década de 1950, remasterizados neste CD de 2009

Pleyel

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): «Manfred», poema dramático em três partes, de Lord Byron, com música, Op. 115 – Schwab – Weil

Apesar de sua belíssima, soturna abertura permanecer no repertório – a única obra orquestral tardia de Schumann a conseguir a proeza – , o “Manfred”, Op. 115, vai muito além dela. Inspirado pelo poema de Lord Byron, numa tradução alemã de Karl Adolf Suckow, Robert escreveu-lhe um prólogo e compôs quinze peças de música incidental para acompanhar sua leitura dramática. O ultrarromântico “Manfred” original, terminado logo quando do exílio de Byron na Suíça, narra a jornada dum homem afligido por uma terrível culpa ligada a uma amada perdida, suas interações com diferentes espíritos que não a conseguem redimir, sua contemplação do suicídio e, enfim, sua morte sem qualquer redenção. O amargurado poema, considerado praticamente uma confissão da culpa de Byron acerca do escandaloso relacionamento com sua meia-irmã, certamente ecoou com força em Schumann, também oprimido por vários fantasmas, fossem eles os de seus desejos inconfessos, ou, então, as várias vozes de espíritos que escutava em suas cada vez mais frequentes alucinações.

Quem não entende alemão, ou entende e não gosta de sua música e prosódia, poderá pular o prólogo, essencialmente uma contextualização acerca do texto que virá a seguir, e todas as partes declamadas, indicadas por títulos entre aspas logo abaixo. As quinze peças de música incidental, que estão numeradas, contêm muitas belezas, embora não cheguem à concisão da marcante abertura. Quem entende alemão provavelmente apreciará a expressiva leitura de Martin Schwab, muito bem entremeada à música de Schumann, e a excelente qualidade da gravação, muito bem ensaiada e conduzida por Bruno Weil, mais conhecido por seu meticuloso trabalho com aquele excelente conjunto de música antiga, o Tafelmusik. Infelizmente, não achei o libreto em português – assim, peço-lhes que acompanhem esta versão em alemão e italiano e, se necessário, apelem para São Google:

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

“Manfred”, Dramatisches Gedicht in drei Abteilungen von Lord Byron mit Musik, Op. 115

1 – Ouvertüre
2 – Prolog

PRIMEIRA PARTE

3 – “Die Geschichte könnte ungefähr so beginnen…”
4 – No. 1: Gesang der Geister
5 – “Vergessen sucht Manfred…”
6 – No. 2: Erscheinung eines Zauberbildes
7 – No. 3: Geisterbannfluch
8 – “Manfred erwacht…”
9 – No. 4: Alpenkruhreigen

SEGUNDA PARTE

10 – No. 5: Zwischenaktmusik
11 – “In der Hütte des Jägers…”
12 – No. 6: Rufung der Alpenfee
13 – “Die Alpenfee…”
14 – No. 7: Hymnus der Geister Arimans
15 – “Ariman auf seinem Thron…”
16 – No. 8: Wirf in den Staub dich
17 – No. 9: Zermalmt den Wurm
18 – No. 10: Beschwörung der Astarte
19 – No. 11: Manfreds Ansprache an Astarte

TERCEIRA PARTE

20 – “Die Abenddämmerung naht…”
21 – No. 12: Ein Friede kam auf mich
22 – “Eine Besucher unterbricht seine Gedanken…”
23 – No. 13: Abschied von der Sonne
24 – “Noch einmal naht ihm der Abt…”
25 – No. 14: Nichts. – Blick nur hierher
26 – No. 15: Schluss-Szene (Klostergesang)

Rainer Guggenberger, baixo
Sigrid Plundrich, soprano
Michelle Breedt, mezzo-soprano
Johannes Chum, tenor
Florian Boesch, baixo
Martin Schwab, narrador

Wiener Singverein
Tonkünstler Orchestra
Theresia Melichar, corne-inglês
Bruno Weil, regência

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“Poderias resmungar esse pouquinho menos, Manfred?”

Vassily

[Restaurado] Aniversário da Rainha: Martha Argerich, 79 anos – Robert Schumann (1810-1856) – Concerto para piano em Lá menor, Op. 54 – Concerto para violino em Ré menor, WoO 23 – Argerich – Kremer – Harnoncourt #SCHMNN210

Uma mesma gravação, duas capas medonhas: uma que parece ter sido feita no Paint por minha tia-avó que me mandava PowerPoints de bom-dia, outra semelhante a uma colagem que eu fiz, de braço quebrado, para o Dia das Mães de 1986. Ainda assim, e mesmo com o montão de concertos para piano de Schumann que temos em nosso acervo pequepiano, não poderia deixar de homenagear Martha Argerich, nossa musa pianística máxima, pelo seu aniversário, e com essa obra-prima que ela toca como ninguém. Confesso que não esperava muito de sua parceria com um regente de temperamento artístico tão diametralmente oposto, mas o conde d’Harnoncourt-Unverzagt desincumbe-se bem da tarefa de seguir Marthinha (ou Marthula, como a chamavam na Argentina) de bem perto.  Quem não esperar grandes arroubos da orquestra, que me parecem ademais pouco apropriados neste mais camerístico dos concertos românticos para piano, gostará desta gravação.


Marthinhazinha, aos 11 anos, tocando Schumann para nosso assombro.

Seu par no disco, o concerto para violino de Schumann, tem provavelmente a mais bizarra história entre todos os concertos. Composto no final de sua vida para o amigo Joseph Joachim, nunca foi tocado em público pelo dedicatário. Este, pelo contrário, considerando-o fruto da insanidade do compositor, talvez fruto das vozes de comando que o perturbaram nos últimos anos da vida, ou mesmo uma relíquia macabra depois da tentativa de suicídio, do internamento voluntário num hospício e da solitária morte de Schumann, resolveu guardar o concerto entre seus papéis e, no final de sua própria vida, legá-lo a uma biblioteca com instruções expressas de não o trazer a público até 1956 – cem anos após a morte do amigo. A história seria somente funérea, e não bizarra, se uma voz atribuída ao compositor não tivesse solicitado às irmãs Adila e Jelly Aranyi, durante uma sessão espírita, que a obra fosse recuperada. A voz de Joachim, tio-avô das moças, teria então encaminhado as duas para a biblioteca em que ele depositara o concerto. Jelly ainda disputaria com Yehudi Menuhin – a cujas mãos o concerto chegara por vias não mediúnicas – a primazia pela estreia da obra, que acabou acontecendo, mais de oitenta anos após sua composição, pelo arco de nenhum dos dois, e sim o do alemão Robert Kulenkampff. O concerto em si, algo constrito, está num estilo muito econômico e afeito ao das últimas obras do mestre, e integra admiravelmente a parte do solista à escritura sinfônica do acompanhamento orquestral. Na primeira vez que o escutei na rádio, ouvindo-o a partir da metade do primeiro movimento, tive a impressão de que fosse alguma composição de Max Bruch, por evocar em meus toscos tímpanos vários cacoetes daquele famoso concerto em Sol menor. A revelação do verdadeiro autor me chocou, até porque, já conhecendo a história do concerto, também supus que ele fosse ruim por ser fruto de insanidade (suposição muito preconceituosa e idiota, aliás), e as audições subsequentes, se não me o trouxeram ao patamar dos melhores concertos para violino, me trouxeram ainda mais gosto.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Concerto em Lá menor para piano e orquestra, Op. 54

1 – Allegro affettuoso
2 – Intermezzo: Andantino grazioso
3 – Allegro vivace

Martha Argerich, piano
Chamber Orchestra of Europe
Nikolaus Harnoncourt, regência

Concerto em Ré menor para violino e orquestra, WoO 23

4 – In kräftigem, nicht zu schnellem Tempo
5 – Langsam
6 – Lebhaft, doch nicht schnell

Gidon Kremer, violino
Chamber Orchestra of Europe
Nikolaus Harnoncourt, regência

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Feliz cumple, Marthita

Vassily

[restaurado por Vassily em 5/6/2021, em homenagem aos oitenta anos da Rainha!]

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Cenas Infantis, Cenas da Floresta, Páginas Coloridas (Maria João Pires)

Chega hoje ao fim nossa série de postagens dedicada às gravações de Maria João Pires pela gravadora Erato, de 1972 a 1987. A gravadora francesa tinha uma linha editorial mais discreta, com artistas um tanto distantes dos holofotes, como a organista Marie-Claire Alain e o regente/organista Ton Koopman. Hoje, a Erato faz parte do grupo Warner, que também comprou a EMI, a Teldec… Coisas do capitalismo tardio.

Mas voltemos a Maria João. O Schumann da pianista portuguesa é poético, íntimo, mais apropriado aos salões familiares do que às grandes salas de concerto com dois mil assentos. Para tocar Schumann, é necessário que o pianista consiga expressar as diversas emoções e mudanças de humor que já são representadas nos títulos das peças, por exemplo nas Cenas Infantis: Fast zu ernst (quase sério demais), Fürchtenmachen (ameaçador), Kind im Einschlummern (criança caindo no sono), além de uma das melodias mais famosas de Schumann: Träumerei (sonhando).

Maria João Pires “shapes and colours every phrase, and with immaculate taste, and she makes sure the phrases end as eloquently as they begin”, wrote Gramophone in 1974. “She conveys not just the details but the relevance of every note to the whole”.
O primeiro professor de Pires, Campos Coelho, disputou batalhas constantes com ela. Ele aconselhou a mãe a bater nela para amansar seu temperamento, mas em vão – Maria João passou dez anos desafiando-o. Com quinze anos, ela o abandonou. Depois ela continuou seus estudos na Alemanha: não foi, de início, uma experiência tão positiva. Em Munique ela estudou com Rosl Schmid, um virtuoso que demandou demais dela e das suas pequenas mãos que a impediam de tocar boa parte do repertório romântico. Então, Wilhelm Kempff a ouviu tocar. Será que ele se reconheceu nas sonoridades iluminadas, no toque “sem martelos” ao piano e na simplicidade das linhas melódicas que já tinham se tornado suas marcas? O que sabemos é que ele lhe deu acesso a uma dimensão espiritual que alterou sua música. Ela é talvez a única discípula viva de Kempff, um alemão com raízes em uma cultura antiga.
Após Munique, em Hanover, a borboleta finalmente saiu do casulo. Suas frases respiram livremente, com um toque leve, diferente do som muscular dos vistuosos seus contemporâneos. Algo da arte de grandes pianistas do passado – Kempff, Perlemuter, Horszowski, Novaes.
(Do encarte do CD)

Guiomar Novaes, aliás, será a próxima pianista que vou trazer para a apreciação dos senhores neste mês de junho em que celebramos 210 anos do nascimento de Robert Schumann. Nesta mesma bat-hora, neste mesmo bat-canal.

Robert Schumann (1810–1856):
1-13. Kinderszenen, Op.15 (Childhood Scenes – Cenas Infantis)
14-22. Waldszenen, Op.82 (Forest Scenes – Cenas da Floresta)
23-31. Bunte Blätter, Op. 99 (nos. 1-9 & 10) (Colorful Leaves – Folhas Coloridas)

Maria João Pires – piano
Gravado em agosto de 1984 em Chartreuse de Vileneuve-lès-Avignon. Piano Steinway

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Maria João de quarentena em Belgais, Portugal (março de 2020)

Pleyel

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

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Comecei a postar esta coleção lá em 2016, mas acabei parando. Não tenho muita certeza de que tenho todos os cds desta série, mas trarei o que tenho. Começo então renovando os links que trouxe naquela época. 

Esta coleção de gravações de Martha Argerich é sensacional, e virou meio que uma tradição. A EMI lançou durante aproximadamente dez anos um conjunto de três Cds de cada vez, que trazia as principais performances dos mais diversos músicos em um festival em uma cidadezinha suiça chamada Lugano.

Nestes três cds temos performances realizadas entre os anos de 2002 e 2004. Em minha modesta opinião, o melhor momento é a transcrição para dois pianos da Sinfonia Clássica de Prokofiev. Martha e Yefim Bronfman dão um show de versatilidade, talento e virtuosismo, mas o que mais poderiamos esperar destes dois?

Temos Maxim Vengerov, os irmãos Capuçon, Lilya Zilberstein, entre outros nomes não tão conhecidos.

Então vamos ao que viemos.

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival

CD 1
Prokofiev:
01. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 I. Allegro
02. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 II. Larghetto
03. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 III. Gavotte Non troppo all
04. Symphony No. 1 in D major (‘Classical’), Op. 25 IV. Finale Molto vivace

Martha Argerich & Yefim Bronfman – Pianos

Tchaikovsky:
05. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a I. Ouverture miniature
06. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Marcia viva
07. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse de la fée dragée – Andante non tropo
08. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse russe: trépak
09. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse arabe: Allegretto
10. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Danse chinoise: Allegro Moderato
11. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a II. Danses caractéristiques. Dans de mirlitons: Moderato assai
12. Nutcracker, suite from the ballet, Op. 71a III. Valse des fleurs

Martha Argerich & Mirabela Dina – Pianos

Shostakovich:
13. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 I. Andante – Moderato
14. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 II. Allegro non troppo
15. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 III. Largo
16. Piano Trio No. 2 in E minor, Op. 67 IV. Allegretto

Martha Argerich – Piano
Maxim Vengerov – Violin
Gautier Capuçon – Cello

CD 2
Brahms:
01. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- I. Allegro
02. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- II. Adagio
03. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- III. Un poco presto e co
04. Sonata for Violin & Piano No. 3 in D minor, Op. 108- IV. Presto agitato

Lilya Zilberstein – Piano
Maxim Vengerov – Violin

Schubert:
05. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- I. Allegro moderato
06. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- II. Andante un poco mosso
07. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- III. Scherzo- Allegro
08. Piano Trio in B flat major, D. 898 (Op. 99)- IV. Rondo- Allegro vivace

Yefim Bronfman – Piano
Renaud Capuçon – Violin
Gautier Capuçon – Cello

CD 3
Schumann:
01. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 I. Allegro brillante
02. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 II. In modo d’una marcia – Un poco lar
03. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 III. Scherzo Molto vivace
04. Piano Quintet in E flat major, Op. 44 IV. Allegro ma non troppo

Martha Argerich – Piano
Dora Schwarzberg – Violin
Renaud Capuçon – Violin
Nora Romanoff-Schwarzberg – Viola
Mark Dobrinsky – Cello

 

Schumann:
05. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 I. Mit leidenschaftliche
06. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 II. Allegretto
07. Sonata for violin & piano No. 1 in A minor, Op. 105 III. Lebhaft

Martha Argerich – Piano
Géza Hossu-Legocky – Violin

Dvořák:
08. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) I. Allegro con fuoco
09. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) II. Lento
10. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) III. Allegro moderato
11. Piano Quartet No. 2 in E flat major, B. 162 (Op. 87) IV. Allegro ma non troppo

Walter Delahunt – Piano
Renaud Capuçon – Violin
Lida Chen – Viola
Gautier Capuçon – Cello

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FDP

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Sonatas para violino e piano – Tetzlaff/Vogt



O interesse de Schumann pelo violino surgiu tardiamente, por instigação de dois virtuoses. O primeiro, Ferdinand David, era o celebrado spalla da prestigiosa orquestra do Gewandhaus de Leipzig, cujo diretor artístico era Felix Mendelssohn – ninguém menos. David, que estreara o concerto de Mendelssohn sob a batuta do compositor, era amigo dos Schumanns a ponto de poder ser pidão assim a Robert numa carta:

“Sou incomumente apaixonado por suas Fantasiestücke para piano e clarinete; por que você não escreve algo para violino e piano? Quão esplêndido seria se você pudesse escrever algo do tipo, para que sua esposa e eu tocássemos para você!”

O pedido foi prontamente atendido, e Schumann lhe compôs uma sonata em Lá menor em uma semana, que Clara e o próprio David estreariam alguns meses depois.

O segundo virtuose foi Joseph Joachim, então com vinte e pouco anos, já amplamente reconhecido como o melhor violinista da Europa. Seu cavalo de batalha era até então esquecido concerto de Beethoven, cuja reputação de obra-prima ele e Mendelssohn muito se empenharam em resgatar. O jovem violinista incendiou a já febril criatividade de Robert, que lhe escreveu e dedicou em rápida sucessão uma fantasia para violino e orquestra, um concerto que ele nunca tocou, e um arranjo do concerto para violoncelo que só foi descoberto em 1987 (!). De lambujem, Schumann, que ficara insatisfeito com a sonata em Lá menor, escreveu uma outra sonata para David, que foi estreada por Clara e Joachim no primeiro entre as centenas de recitais que fariam juntos ao longo de mais de quarenta anos de amizade e colaboração.

Para apresentar-lhes estas obras ardentes, que certamente são mais sonatas para o piano tão familiar ao compositor do que para o violino, eu escolheria minha musa suprema, Martha Argerich. A deusa do teclado toca Schumann como ninguém e tem uma parceria muito afinada com seu amigo Gidon Kremer, o que resulta num registro redondinho e cativante dessas obras pouco conhecidas. Só que essa postagem já foi feita pelo colega FDP Bach em 2017, então eu a restaurei para que vocês a aproveitem.

Faltou-lhes, no entanto, tocar a terceira sonata, de modo que resolvi também alcançar-lhes a excelente gravação de Christian Tetzlaff e Lars Vogt, que abocanharam a trinca completa. Publicada postumamente, obscura e pouquíssimo tocada, a sonata WoO 2 tem sua raiz em outra peça quase esquecida, a chamada sonata F-A-E, que restaurei em nossa discografia na interpretação de Isabelle Faust e Alexander Melnikov. Essa composição colaborativa foi dedicada a Joseph Joachim – sempre ele! – por três de seus amigos: o próprio Schumann, seu aluno Albert Dietrich (1829-1908), e o recém-chegado Johannes Brahms, que conhecera os Schumanns algumas semanas antes por intermédio de Joachim e estava a morar na casa deles. Conta-se que, ao receber a sonata-presente em seu aniversário, Joachim tocou-a à primeira vista com Clara e foi instigado a adivinhar os compositores de cada movimento, acertando todos sem qualquer dificuldade – e, para quem pergunta o que raios é o “F-A-E” do título, respondo que, além dum fragmento melódico correspondente a “Fá-Lá-Mi” que aparece em todos movimentos, ele é a abreviatura de Frei aber einsam (“Livre, mas só”), o moto de Joachim, o qual certamente hei de tatuar na fronte se voltar a ficar solteiro.

Schumann, que escrevera o intermezzo e o finale, resolveu compor, num de seus arroubos de criatividade, um allegro (que coubera a Dietrich) e um scherzo (que sobrara para Brahms) e completou sua sonata, a última obra de alguma importância que nos legou antes do colapso mental, a tentativa de suicídio e o internamento voluntário no hospício em que terminaria seus dias. Assim como quase toda produção dos últimos anos do compositor, a sonata foi considerada maldita, produto duma mente enlouquecida e, muito pelo zelo de Clara, Joachim e Brahms em resguardar a memória da sanidade de Robert, eficientemente escondida dos palcos através da destruição dos originais. Décadas depois, foram descobertos manuscritos que escaparam à fogueira, o que possibilitou a reconstrução da sonata no. 3, publicada somente em 1956, no centenário da morte do compositor.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105

1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Sonata para violino e piano no. 2 em Ré menor, Op. 121

4 – Ziemlich langsam – Lebhaft
5 – Sehr lebhaft
6 – Leise, einfach
7 – Bewegt

Sonata para violino e piano no. 3 em Lá menor, WoO 2

8 – Ziemlich langsam
9 – Intermezzo. Bewegt, doch nicht zu schnell
10 – Lebhaft
11 – Markiertes, ziemlich lebhaftes Tempo

Christian Tetzlaff, violino
Lars Vogt, piano

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Vassily

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Quarteto de cordas, Op. 41 no. 3 – Quinteto para piano e cordas, Op. 44 – Hamelin, Takács Quartet

Que o bonito quarteto Op. 41 no. 3 me perdoe, mas só terei aqui palavras para a maravilhosa obra que o acompanha neste disco.

Que coisa mais impressionante, esse quinteto de Schumann! Lembro-me da primeira vez que o ouvi, sob Rubinstein e o quarteto Guarneri, aquela pujança do Allegro inicial a arrebatar-me e, pela força mesmerizante da Marcha e do Scherzo, devolver-me à consciência só no brilhante Mi bemol final. A paixão à primeira audição que nunca arrefeceu, inda mais porque sua superposição magistral de um quarteto em chamas e uma brilhante parte para piano torna-o veículo ideal para aventuras de grandes virtuoses em suas empreitadas de câmara, e são formações como essas – e não com cameristas-raiz – que o tenho preferido escutar ao longo dessas décadas.

Essa pujança toda do teclado não foi, claro, por acaso, pois Schumann dividia lençóis com uma das melhores pianistas de seu tempo. Clara foi não só a dedicatária da obra como a pianista em sua estreia pública, e certamente a difícil parte para teclado é um retrato fiel de seu pianismo. Na estreia privada do quinteto, entretanto, ela adoeceu e foi substituída na penúltima hora por um rapaz chamado Felix Mendelssohn, que desconhecia a obra e teve que lê-la à primeira vista, informação que me fez invejar molto assai o círculo de amizades desses Schumanns, e só não me matou de inveja porque a morte viria depois, ao me dar conta de que, onze anos depois do quinteto, um outro rapazote chamado Johannes Brahms bateria à porta de sua casa em Düsseldorf!

Essa combinação incomum de brilho e robustez, de espontaneidade e rigor – o que é aquele fugato no finale? -, fez do quinteto um imediato sucesso. Ele é, com folgas, a mais conhecida das obras de câmara de Schumann e a pedra fundamental de uma extensa linhagem de quintetos com piano que passaria pelo supracitado Brahms e Dvořák e chegaria a Shostakovich. Seu êxito foi tamanho que até Clara, que durante a vida de Robert relutou em incorporar a seu repertório as obras do marido, o tocou com muita frequência. Tenho certeza de que os dois adorariam esta versão que lhes apresento, tanto pelo brilhante Takács Quartet, de tanta força sinfônica, quanto por Marc-André Hamelin, talvez o pianista de técnica mais deslumbrante entre aqueles em atividade e que sempre a põe com extremo bom gosto a serviço de sua arte. Hamelin é um desbravador de repertórios tão complicados como pouco conhecidos, com especial predileção pela obra de pianistas-compositores com Alkan, Busoni e Godowsky, de modo que é relativamente raro poder ouvi-lo tocar uma obra assim, mais consagrada. Quem se impressionar com a cintilância de sua participação no Allegro brillante terá que guardar um pouco de pasmo para o movimento seguinte: o que ele faz na Marcia, frequentemente entendida como uma marcha fúnebre e que aqui soa como um solene cortejo, é de fazer os olhos suarem.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Quarteto para dois violinos, viola e violoncelo em Lá maior, Op. 41 no. 3

1 – Andante espressivo – Allegro molto moderato
2 – Assai agitato – Un poco adagio – Tempo risoluto
3 – Adagio molto
4 – Allegro molto vivace

Quinteto em Mi bemol maior para piano, dois violinos, viola e violoncelo, Op. 44

5 – Allegro brillante
6 – In modo d’una Marcia: un poco largamente – Agitato
7 – Scherzo: Molto vivace
8 – Allegro, ma non troppo

Marc-André Hamelin, piano
Tákacs Quartet:
Edward Dusinberre e Károly Schranz
, violinos
Geraldine Walther
, viola
András Fejér, 
violoncelo

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Além de pianista de supremos poderes, Hamelin também compõe e arranja tanto
obras de grandes dimensões quanto melodias tão irritantemente familiares como
esta, que ele pôs em pauta para tentar sublimar um pouco da irritação que ela
sempre lhe trazia quando a ouvia em seus recitais.

Vassily

Postagens restauradas – #SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856) – Integral das Sinfonias – Gardiner – Karajan – Szell – Bernstein – Nézet-Séguin – Herreweghe

Para fim de comparação com as versões retocadas por Mahler, que postei ontem, ou para quem não ainda não está familiarizado com as versões originais dessas obras cheias de cruezas e belezas melhor poder conhecê-las, resgatei do éter algumas integrais que já tinham sido publicadas aqui no PQP, reativando seus links:

Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner

Sinfonia em Sol menor – Sinfonia no. 1 – Abertura, Scherzo & Finale
Sinfonia no. 4 (1ª versão) – Sinfonia no. 2
Konzertstück para quatro trompas – Sinfonia no. 3 – Sinfonia no. 4 (versão de 1851)
[esta última, já restaurada pelo patrão PQP]

Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan

Sinfonias nos. 1-4

 

The Cleveland Orchestra
George Szell

Sinfonias nos. 1-4 – Abertura “Manfred”

 

Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein

Sinfonias nos. 1 & 4
Sinfonia no. 3 – Concerto para piano (com Justus Franz)
Sinfonia no. 2 – Concerto para violoncelo (com Mischa Maisky)

 

Chamber Orchestra of Europe
Yannick Nézet-Séguin

Sinfonias nos. 1-4

 

Orchestre des Champs-Élysées
Philippe Herreweghe

Sinfonias nos. 1 & 3

[O segundo disco da integral, nunca postado antes, aqui está para arredondar a segunda-feira de vocês]
Sinfonias nos. 2 & 4

Schumann só olhando vocês compararem as orquestrações dele com as de Mahler

Vassily

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Integral das Sinfonias, retocadas por Gustav Mahler – Chailly

Nossas contribuições às celebrações do ducentésimo décimo aniversário de Schumann, que foram instigadas entre os pequepianos pelo colega Pleyel, tomarão emprestado pela próxima quinzena este espaço que, nos últimos meses, vínhamos dedicando à música do duzentosecinquentão Beethoven, que por aqui voltará na quinzena seguinte.

Tentarei trazer algumas obras da vasta e admitidamente desigual produção schumanniana ainda inéditas neste blog, bem como algumas gravações de obras já muitas vezes publicadas que, bem, eu amo e gostaria de compartilhar com vocês.

De alguma forma, esta gravação que ora lhes apresento se encaixa nos dois critérios. Se já há um número razoável de gravações das sinfonias de Schumann aqui no PQP Bach, de modo que não seria louco de dizê-las inéditas, elas nunca aqui estiveram nesta roupagem, num arranjo de ninguém menos que Gustav Mahler.

“Arranjo”, talvez, seja um termo que lhes faça esperar diferenças mais marcantes do que as que de fato encontrarão. Mahler, hoje certamente lembrado como um compositor do primeiríssimo escalão, ganhava sua vida como regente – certamente o mais célebre e influente de sua época – e adotava com frequência o expediente de retocar as obras de outros compositores, para obter efeitos que considerava mais apropriados às grandes salas de concerto e aos avantajados conjuntos orquestrais que conduzia. E, se fez isso com obras e compositores sacrossantos como Ludwig e sua Nona, por que não faria com as sinfonias de Schumann, achincalhadas desde suas primeiras audições pelo que se considerava a orquestração incompetente de um homem que sempre pensava em termos pianísticos?

Os retoques de Mahler, no entanto, não incluem alterações importantes em harmonia e em linhas melódicas, que seguem puro Schumann. As mudanças mais notáveis são na orquestração, que dá aos instrumentos de sopros a considerável proeminência que conquistaram na música orquestral na segunda metade do século XIX, em algumas alterações de ritmo, especialmente nos metais, e nas detalhadas indicações dinâmicas. A impressão geral é de um Schumann com menos cordas e mais sopros, mais enérgico e límpido, que lhes poderá soar estranho, mas certamente muito convincente – ainda que a grandiloquência dos clímaxes e dos tímpanos tonitruantes volta e meia delatem quem está por trás da coisa toda.

Para encarar a empreitada de gravar a mahlerização destas sinfonias, esta gravação lhes traz talvez os melhores intérpretes concebíveis: uma veneranda orquestra alemã de imensa tradição, que responde como talvez nenhuma outra orquestra no mundo de hoje a seu regente, um mestre que tem em Mahler e Schumann duas de suas especialidades. Por isso, tenho certeza de que Riccardo Chailly e a orquestra do Gewandhaus de Leipzig não hão de os decepcionar.

Robert Alexander SCHUMANN
(1810-1856)

Arranjo de Gustav MAHLER (1860-1911)

Sinfonia no. 1 em Si bemol maior, Op. 38, “Primavera”

1 -Andante un poco maestoso – Allegro molto vivace
2 – Larghetto
3 – Scherzo: molto vivace – Trio I: Molto più vivace – Tempo I – Trio II: (Molto vivace) – Tempo I – Coda
4 – Allegro animato e grazioso

Sinfonia no. 2 em Dó maior, Op. 61

5 – Sostenuto assai – Un poco più vivace – Allegro ma non troppo
6 – Scherzo – Trio I – Trio II – Coda: Allegro vivace
7 – Adagio espressivo
8 – Allegro molto vivace

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Sinfonia no. 3 em Mi bemol maior, Op. 97, “Renana”

1 – Lebhaft
2 – Scherzo: Sehr Mäßig
3 – Nicht schnell
4 – Feierlich
5 – Lebhaft – Schneller

Sinfonia no. 4 em Ré menor, Op. 120

6 – Ziemlich langsam – Lebhaft
7 – Romanze: Ziemlich langsam
8 – Scherzo & Trio: Lebhaft
9 – Langsam – Lebhaft – Schneller – Presto

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Gewandhausorchester
Riccardo Chailly, regência

Nessa foto, que eu adoro, está não só o retrato do semblante, mas de toda zelosa arte de Chailly.

Vassily

Frederic Chopin (1810-1849): Préludes, Op. 28 – Eric Lu, piano

Frederic Chopin (1810-1849): Préludes, Op. 28 – Eric Lu, piano

Chopin – Prelúdios, Op. 28

Brahms – Intermezzo

Schumann – Geistervariationen

Eric Lu, piano

 

Após um ano de postagens, mais ou menos, me dou conta que nunca postei um álbum de Chopin. Estou envergonhado! Mas esta falta pretendo corrigir presto, súbito!

Chopin e o piano nasceram um para o outro. Poucos compositores influenciaram tanto a música para piano quanto o Frederico. Era grande conhecedor da literatura para teclado e tinha admiração pelas obras de Scarlatti e Bach.

Uma grande conexão dele com este último são os Prelúdios. Chopin conhecia profundamente os Prelúdios e Fugas de Bach. Este ciclo de peças certamente o instigou a produzir um ciclo de peças que também chamou prelúdios. Veja um trecho copiado de um fascículo que acompanhava um LP vendido nas bancas há muitos, muitos anos.

‘Em fins de 1838 e princípios de 1839, em Maiorca, Chopin empreendeu a tarefa de concluir a série de 24 Prelúdios, iniciada anteriormente em Paris e que levaria o número de Opus 28. […] Homenagem a Bach, foram concebidos a exemplo do Cravo Bem Temperado: ainda mais claramente que nos estudos, encontramos aqui um plano tonal preestabelecido, segundo o chamado ciclo das quintas, passando por todos os tons da escala cromática, cada tom maior seguido de perto pelo seu relativo menor (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor, etc., até chegar a mi sustenido menor e seu relativo dó sustenido menor, representados por seus enarmônicos fá maior e ré menor)’.

As ditas vidraças…
Este é um legítimo descendente do gato de Chopin

Os prelúdios de Chopin são peças curtas e sua ordenação é planejada para apresentar um máximo de contraste propondo aos intérpretes um enorme desafio. Destacar a individualidade de cada peça e ao mesmo tempo apresentar um panorama completo. Liszt tinha grande admiração por estas peças que muito intrigaram Robert Schumann.

Alguns dos prelúdios acabaram se destacando, mesmo assim, como o Prelúdio No. 15, em ré bemol maior. Com indicação ‘Sostenuto’, tem o nome ‘Gota de Chuva’, puro romantismo. Neste prelúdio há uma repetição de notas que evocaria o som da chuva batendo em uma vidraça. A tal vidraça seria a da cela número 4 do mosteiro da Cartuxa de Valldemossa, que fica em Maiorca. Chopin passou uma temporada aí, em companhia da escritora George Sand, ambos buscando inspiração para suas obras.

O disco que escolhi para a postagem é um dos primeiros de um jovem talentosíssimo pianista de pouco mais do que 20 anos, Eric Lu. Ele ganhou o primeiro prêmio do importantíssimo The Leeds International Piano Competition em 2018, tocando o maravilhoso Quarto Concerto para Piano de Beethoven. Na ocasião ele também interpretou a Segunda Sonata e a Quarta Balada de Chopin.

Eu imagino que ao longo de sua vida ele mudará sua perspectiva sobre este ciclo e possivelmente mudará sua interpretação. De certa forma, ele já iniciou este processo, pois há uma gravação anterior, mas que ele considera mais um documento de uma de suas provas em concurso do que uma gravação mais definitiva. A gravação desta postagem foi feita no excelente estúdio Teldex, em Berlim. Veja o que foi dito sobre este aspecto do álbum em uma crítica que você poderá ler na íntegra aqui.

The piano sound here has a sumptuous warmth and tasteful reverb that enhances rather than masks the superb clarity.

Além dos prelúdios, Lu também interpreta a última obra composta por Schumann, um conjunto de variações – Geistervariationen. Achei a peça enigmática. Mas, ouvirei mais algumas vezes. Entre elas, um lindíssimo intermezzo de Brahms, que contrasta de maneira dramática do último dos Prelúdios, o tempestuoso Prelúdio em ré menor, justamente chamado ‘Tempestade’.

Frederic Chopin (1810 – 1849)

Prelúdios, Op. 28

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Intermezzo, Op. 117, 1

Robert Schumann (1810 – 1856)

Tema com Variações, WoO 24 – ‘Geistervariationen’

Eric Lu, piano

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FLAC | 668 MB

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MP3 | 320 KBPS | 439 MB

Observação: As faixas 19 e 20 do CD original foram unidas em uma só, para garantir a continuidade da música. Assim, as 23 primeiras faixas do arquivo contêm os Prelúdios e as seguintes, o restante da música.

 

Nesta entrevista Lu fala sobre a escolha do repertório para o disco, explica um pouco como foram as gravações. Ele fala de modo bem especial sobre as últimas composições do disco. Vale o trabalho de ler…

Aproveite!
René Denon

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quarteto com piano em Mi bemol, Op. 16 – Robert Schumann (1810-1856) – Quarteto com piano em Mi bemol, Op. 47 – Stern – Ax – Laredo – Ma

Confesso que nunca tinha ouvido o quarteto Op. 16 – que considerava, em minha imensa ignorância, um mero arranjo do quinteto para piano e sopros que tanto aprecio. Ao escutá-lo, e muito apreciá-lo, aprendi que as duas obras foram publicadas quase que simultaneamente (o que a mim, mau sapão, deveria ter sido óbvio, por terem o mesmo número de Opus), dentro da praxe beethoveniana de tentar atingir todos os públicos para lucrar mais com suas edições, pois o quinteto, que foi um sucesso, demandava um conjunto instrumental bem mais difícil de reunir do que um quarteto com piano. Se a versão com sopros tem obviamente mais colorido timbrístico, o quarteto destaca mais a faceira parte do piano, tocada pelo próprio Beethoven na estreia e em muitas outras ocasiões. De algum modo, também, na versão sem sopros me pareceu mais evidente um grande efeito humorístico do rondó, em que as cordas parecem atrasar-se na entrada do tema.

Mesmo que não tivesse gostado do quarteto, e ainda que não me obrigasse a postá-lo por conta da proposta, da qual ainda não me arrependi (frise-se o ainda), de lhes alcançar tudo o que Ludwig publicou até do Beethoven-Tag em dezembro, eu o faria por conta dos intérpretes desta gravação, uma legião estrangeira estelar que parece divertir-se bastante com essa obra do mestre. Ao violino, o legendário Isaac Stern, nascido numa região disputada entre Polônia e Ucrânia e criado nos Estados Unidos. Seu compatriota Emanuel Ax, nascido em Lviv, então polonesa Lwów, toca a parte para piano que tanto apetecia a Beethoven. O conjunto se completa com Yo-Yo Ma – nascido de família chinesa na França, e também cidadão dos Estados Unidos – e o cochabambino Jaime Laredo, que aqui toca viola, mas distinguiu-se como violinista e, entre tantas proezas, por conseguir cair nas graças de Glenn Gould, que o escolheu como parceiro na gravação das sonatas para violino e teclado de Bach. O disco encerra com o belo quarteto que Schumann escreveu, para a mesma formação e na mesma tonalidade, naquele extraordinário 1842 em que produziu febrilmente tanta ótima música de câmara, incluindo o Quinteto, Op. 44, que, se não é gêmeo do quarteto como as duas versões do Op. 16 de Beethoven, é estreitamente próximo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quarteto em Mi bemol maior para piano, violino, viola e violoncelo, Op. 16
1 – Grave – Allegro ma non troppo
2 –  Andante cantabile
3 – Rondo: Allegro ma non troppo

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

Quarteto em Mi bemol maior para piano, violino, viola e violoncelo, Op. 47
4- Sostenuto assai – Allegro ma non troppo
5 – Scherzo: Molto vivace – Trio I – Trio II
6 – Andante cantabile
7 – Finale: Vivace

Isaac Stern, violino
Jaime Laredo, viola
Yo-Yo Ma, violoncelo
Emanuel Ax, piano

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Ma e Ax: pequenos-grandes nomes
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

 

 

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Radu Lupu

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Radu Lupu

Robert Schumann

Humoreske 

Kinderszenen 

Kreisleriana

 

Outro CD da série ‘Meus CDs Mais Queridos’! Com Robert Schumann estamos em pleno romantismo. O compositor hesitou entre a literatura e a música e foi também crítico musical.

Neste álbum temos três coleções de peças para piano típicas do romantismo. Elas não têm uma forma definida com uma sonata e mais parecem uma série de improvisações, sob diferentes inspirações. A palavra ‘sonhadoramente’ vem à nossa mente o tempo todo e inclusive um dos nomes das peças das Kinderszenen é Träumerein.

A literatura está presente na inspiração e no nome da última série do álbum – Kreisleriana – que faz referência a Johannes Kreisler, o nome de um personagem músico de alguns contos de E.T.A. Hoffmann.

Romantismo também paira sobre a vida do compositor, que escreveu estas peças enquanto estava apaixonado por Clara e sofria oposição ferrenha do pai dela.

A grande estrela do disco é certamente o pianista – Radu Lupu. Cada uma das faixas reserva um encanto especial para o ouvinte e ele, com suma maestria, revela este encanto sem pecar pelo excesso romântico, dando a exata medida em cada uma destas pérolas.

Veja o que disse deste álbum a Gramaphone de 2010: ‘Do ponto de vista de tocar piano, este disco tem uma distinção aristocrática remanescente de [Dinu] Lipatti’.

Robert Schumann (1810 – 1856)

Humoreske, Op. 20
Kinderszenen, Op. 15
Kreisleriana, Op. 16

Radu Lupu, piano

Gravado na Salle de Châtonneyre, Corseaux, Suiça, 1993
Produção: Michael Woolcock

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FLAC | 225 MB

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MP3 | 320 KBPS | 172 MB

Radu em pose decididamente romântica…

Você poderá descobrir mais detalhes sobre a biografia e a música de Robert Schumann visitando esta página aqui.

Detalhes sobre o número de faixas do disco, assim como os nomes das peças, podem ser vistos aqui ou nos arquivos de música.

Aproveite!

René Denon

Johannes Brahms (1833-1896) – Sonatas para Violoncelo e Piano, Robert Schumann (1810-1856) – Fünf Stünke in Volkston, op. 102 – Anner Bylsma, Lambert Orkis

Este CD reúne dois excepcionais músicos, o violoncelista Anner Bylsma e o pianista Lambert Orkis, dois experientes músicos, que gravaram juntos nos anos 90, até Orkis ser ‘cooptado’ pela divina Anne-Sophie Mutter, para ser seu fiel escudeiro, e assim tem sido nos último 25 anos.  Aqui eles interpretam duas das mais importantes e belas obras do Romantismo, as Sonatas para Violoncelo de Brahms. Isso aqui é tão bom, mas tão bom que só a primeira sonata já ouvi três vezes seguidas.
A intensidade que a dupla impõe às obras é única. Trata-se de um CD emocionante, antes de tudo. O som do violoncelo de Anner Bylsma quase chora em um lamento angustiante, dolorido. Poucas vezes tive a oportunidade de ouvir uma interpretação tão apaixonada e intensa quanto esta. Só os grandes músicos conseguem este resultado, depois de muito tempo de dedicação. A comparação inevitável é Rostropovich – Serkin, e ouso dizer que Bylsma / Orkis ganharia por uma diferença de meio corpo.

01. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) I. Allegro non troppo
02. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) II. Allegretto quas
03. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 1 in E minor (op. 38) III. Allegro
04. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) I. ‘Vanitas vanitatum’. Mi
05. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) II. Lansgam
06. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) III. Nicht schnell, mit vi
07. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) IV. Nicht zu rasch
08. Schumann Robert – 5 Stuecke im volkston (op. 102) V. Stark und markiert
09. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) I. Allegro vivace
10. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) II. Adagio affetuoso
11. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) III. Allegro passionato (
12. Brahms Johannes – Cello Sonata No. 2 in F (op. 99) IV. Allegro molto

Anner Bylsma – Violoncelo
Lambert Orkis – Piano

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Concert of the Century: Celebrating the 85th Anniversary of Carnegie Hall (1976)

61YHCGMSB4L._SX425_“Concerto do Século” é um título bastante presunçoso para esta gravação da celebração dos 85 anos (jubileu esquisito, né?) do Carnegie Hall em Nova York, e que eu comprei no Carrefour nos anos 90.

Os talentos reunidos talvez justifiquem a presunção: afinal, se hoje Leonard Bernstein, Isaac Stern, Yehudi Menuhin, Vladimir Horowitz, Slava Rostropovich e Dietrich Fischer-Dieskau provavelmente estão, entre uma piada e outra de Slava, a fazer música no Olimpo, no tempo em que eles repartiam conosco o ar pestilento do Hades era bem difícil vê-los repartindo um palco.

O repertório é um saco de gatos difícil de entender, cujo único critério de eleição, parece, era o da Roda da Fortuna. Talvez quisessem apenas achar pretextos para reunir o notável panteão musical e ganhar dinheiro com isso – a edição de luxo da gravação, por exemplo, limitada a mil exemplares e autografada pelos artistas, ainda pode trocar de mãos pela ninharia de duas mil e trezentas doletas.

Essa, no entanto, é uma questão que empalidece quando imaginamos o espetáculo sui generis que não deve ter sido assistir aos célebres instrumentistas cantando (!) o Hallelujah de Händel que encerra o festim musical. Não conseguimos, em momento algum, discernir suas vozes em meio ao coro e, por isso, provavelmente devamos à Oratorio Society e à Filarmônica de New York nossos efusivos agradecimentos.

Ver Horowitz soltando um dó de peito certamente foi uma das trombetas do Apocalipse, mas o fechamento meio bizarro do concerto não condiz com algumas das belezas nele contidas. Ok, o Concerto Duplo de Bach com Stern e Menuhin é decepcionante, meio cru e cheio de arestas, e também fica difícil entender por que o “Pater Noster” à capela de Tchaikovsky está ali, perdido entre Bach e Händel. No entanto, o “Pezzo Elegiaco” que abre o belo Trio em Lá menor de Tchaikovsky (com Stern, Horowitz e Rostropovich) e o Andante da Sonata para violoncelo e piano de Rachmaninov (com Rostropovich e Horowitz) são tão bons que a gente fica cá com os botões a se perguntar por que diachos deles foram tocados só excertos.

O ouro maciço, entretanto, está no MA-RA-VI-LHO-SO “Dichterliebe” de Schumann, na voz de seu maior intérprete, Dietrich Fischer-Dieskau, e com Horowitz ao piano. Não conseguiríamos tecer loas bastantes à maior voz do século XX, então concentramos nossos confetes sobre Horowitz, que não só acompanha impecavelmente como também acrescenta tensão e lirismo a momentos cruciais. Para mim, esta é disparadamente a melhor gravação que existe desta obra-prima do gênero, e tenho certeza de que, se fosse lançada separadamente e não escondida neste saco de gatos de pedigree, seria um sempiterno sucesso.

CONCERT OF THE CENTURY – CELEBRATING THE 85th ANNIVERSARY OF CARNEGIE HALL

Gravado ao vivo em 18 de maio de 1976

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

01 – Abertura “Leonore”, Op. 72a

New York Philarmonic
Leonard Bernstein, regência

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

02 – Trio em Lá menor para violino, piano e violoncelo, Op. 50 – Pezzo elegiaco

Isaac Stern, violino
Vladimir Horowitz, piano
Mstislav Rostropovich, violoncelo

Sergey Vasilyevich RACHMANINOV (1873-1943)

03 – Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 19 – Andante

Mstislav Rostropovich, violoncelo
Vladimir Horowitz, piano

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CD2

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)

01 – Dichterliebe, Op. 48, ciclo de canções sobre poemas de Heinrich Heine

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Vladimir Horowitz, piano

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Concerto em Ré menor para dois violinos, orquestra de cordas e baixo contínuo, BWV 1043

02 – Vivace
03 – Largo ma non tanto
04 – Allegro

Isaac Stern e Yehudi Menuhin, violinos
New York Philarmonic
Leonard Bernstein, cravo e regência

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

05 – Nove Peças Sacras – Pater Noster

The Oratorio Society
Lyndon Woodside, regência

Georg Friedrich HÄNDEL (1685-1759)

06 – Messiah, Oratório HWV 56 – no. 42, coro: “Hallelujah”

Isaac Stern, Yehudi Menuhin, Vladimir Horowitz, Mstislav Rostropovich, Leonard Bernstein, Dietrich Fischer-Dieskau, vozes
The Oratorio Society
New York Philarmonic
Leonard Bernstein, regência

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Menuhin, Slava, Volodya, Bernstein e Stern cantam, e Fischer-Dieskau pergunta-se como veio parar no meio do pior coro do mundo.

Vassily

 

A Família das Cordas: The Glory of Cremona – Ruggiero Ricci

FrontSerá que um Stradivarius vale tudo o que pedem por ele?

E um Amati? Ou um Guarneri?

Talvez este álbum possa ajudá-los a responder.

Nele, o virtuoso ítalo-americano Ruggiero Ricci (1918-2012) toca, em quinze famosos violinos, várias peças curtas que considera adequadas às características de cada instrumento. Depois, no que é talvez a parte mais interessante do álbum, ele toca o mesmo trecho – o início solo inicial do Concerto no. 1 de Max Bruch – com as mesmíssimas condições de estúdio em cada um dos violinos, a maior parte dos quais leva apelidos que remetem a ex-proprietários célebres. Apesar da overdose de Stradivari, o xodó de Ricci era seu inseparável Guarneri del Gesù (o “Ex-Huberman”, que surpreendemente não aparece nesta gravação), que foi, depois de sua morte, adquirido por uma companhia japonesa e cedido à violinista japonesa Midori Gotō.

A “Glória de Cremona” a que se refere o título é a rica tradição de luteria daquela cidade, que teve seu pináculo entre os séculos XVI e XVIII através de luthiers da estirpe de Stradivari, Guarnieri, Bergonzi, Amati e da Salo, cujos preciosos instrumentos são, há já muito tempo, o privilégio dos maiores virtuosos.

THE GLORY OF CREMONA – RUGGIERO RICCI

Jean-Antoine DESPLANES [Giovanni Antonio Piani] (1678-1760)
01 – Intrada [violino de Andrea Amati, c. 1560-170]

Pietro NARDINI (1722-1793)
02 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “ex-Rode”, 1733]

Antonio Lucio VIVALDI (1678-1741)
03 – Praeludium [violino de Nicolò Amati, 1656]

Niccolò PAGANINI (1782-1840)
04 – Cantabile e Valzer [violino de Antonio Stardivari, “Il Monasterio”,1719]

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
arranjo de Carl Friedberg (1872–1955)
05 – Adagio [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden”, 1735]

Dmitri Borisovich KABALEVSKY (1904-1987)
06 – Improvisation, Op. 21 no. 1 [violino de Antonio Stradivari, “Il Spagnolo”, 1677]

Piotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
07 – Souvenir d’un lieu cher, Op. 42 – no. 2: Mélodie [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont”, 1735]

Francesco Maria VERACINI (1690-1768)
08 – Largo [violino de Gasparo da Salo, ca. 1570-80]

Maria Theresia von PARADIS (1759-1824)
arranjo de Samuel Dushkin (1891-1976)
09 – Sicilienne [violino de Carlo Bergonzi, “Il Constable”, 1731]

Jenő HUBAY (1858-1937)
10 – The Violin Maker of Cremona  [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot”, 1744]

Georg Friedrich HÄNDEL (1685-1759)
11 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “El Madrileño”, 1720]

Robert SCHUMANN (1810-1856)
arranjo de Fritz Kreisler (1875-1962)
12 – Romance em Lá maior [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps”, 1739]

Johannes BRAHMS (1833-1897)
13 – Dança Húngara no. 20 [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Joachim”, 1714]
14 – Dança Húngara no. 17  [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Gibson”, 1734]

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)
arranjo de Fritz Kreisler
15 – Lieder ohne Wörte, Op. 62 – No. 1: “Mailüfte” (“Brisas de Maio”) [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Ernst”, 1709]

Ruggiero Ricci, violinos
Leon Pommers, piano

 

Max Christian Friedrich BRUCH (1838-1920)

Concerto para violino e orquestra no. 1 em Sol menor, Op. 26
I – Vorspiel. Allegro moderato (excerto – solo inicial)
Executado por Ruggiero Ricci nos seguintes instrumentos:

16 – Andrea Amati (c. 1560-70)
17 – Nicolò Amati (1656)
18 – Antonio Stradivari, “Il Spagnolo” (1677)
19 – Antonio Stradivari, “Ex-Ernst” (1709)
20 – Antonio Stradivari, “Ex-Joachim” (1714)
21 – Antonio Stradivari, “Il Monasterio” (1719)
22 – Antonio Stradivari, “El Madrileño” (1720)
23 – Antonio Stradivari, “Ex-Rode” (1733)
24 – Gasparo da Salo (c. 1570-80)
25 – Carlo Bergonzi, “Il Constable” (1731)
26 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Gibson” (1734)
27 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont” (1735)
28 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden” (1735)
29 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps” (1739)
30 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot” (1744)

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Quebre um, e passe reencarnações pagando.
Quebre um, e passe reencarnações pagando.

 

Vassily Genrikhovich

Robert Schumann (1810-1856) – Sinfonias – Christian Thielemann, Staatskapelle Dresden

Christian Thielemann vem construindo uma sólida carreira como maestro nas principais orquestras alemãs. E tem gravado bastante, também. Esta integral dedicada a Schumann foi recém lançada, e tem muita qualidade, ainda mais com uma Orquestra do nível desta de Dresden.

Schumann foi um dos maiores expoentes do Romantismo, como todos devem saber, apesar da doença mental que o afetou e o levou a morte. Foi casado com uma das grandes personagens do século XIX, Clara Schumann, e provavelmente foi um dos casais mais apaixonados da história da música ocidental.

Estas suas sinfonias são uma das maiores provas da genialidade de Schumann. Prestem atenção na qualidade da orquestração, na riqueza dos timbres, da harmonia … nas belíssimas melodias que ele criava. Impossível não se inspirar com tal música.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Staatskapelle Dresden
Christian Tielemann – Conductor

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CD 1 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (FLAC)
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F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano

F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano

Felix Mendelssohn

Robert Schumann

Quartetos com Piano

Märchenbilder

Este despretensioso disco reúne tantas coisas que eu gosto que decidi postá-lo. É mais um destes discos vendidos nas bancas junto com a BBC Music Magazine a esconder algumas gemas.

Felix Mendelssohn

O disco inicia com o Quarteto para Piano em si menor, Op. 3, de Mendelssohn, que foi composto quando Felix tinha apenas 16 anos. Nascido em família rica, ele foi criança prodígio e sua música tem muita ligação com a herança clássica de Mozart e Beethoven, mas com traços românticos, como em seu belíssimo Concerto para Violino. Este quarteto com piano é repleto de impetuosidade e brilhantismo.

Robert Schumann

Felix Mendelssohn e Robert Schumann foram amigos e nos primeiros dias do ano 1846, o casal Mendelssohn visitou o casal Schumann, que realizaram uma soirée. Nesta noite, Clara Schumann tocou a parte de piano e Mendelssohn a parte da viola do Quarteto para Piano em mi bemol maior de Robert Schumann. É uma obra de uma fase de intensa produção camerística do compositor, guarda muita beleza no Andante cantabile e imenso frescor nos outros movimentos. Fica um pouco na sombra do magnífico Quinteto com Piano, composto na mesma fase, mas é uma pequena obra prima.

Completam o disco quatro peças escritas por Schumann para viola e piano, os Märchenbilder, Op. 113. Schumann compôs estas peças para Wilhelm Joseph von Wasielewski, o primeiro violinista da Düsseldorf Musikverein, da qual Schumann era o diretor, e que fora roubado da Leipzig Gewandhaus, de Mendelssohn.

Talvez o Quarteto de Schumann seja a peça mais destacada do disco, mas as outras compõem com ele com muita harmonia.

Narek Hakhnazaryan
Juho Pohjonen

O disco, com repertório camerístico, tem por intérpretes músicos relativamente jovens, provenientes dos mais diferentes cantos do mundo. Como um produto típico de nossos dias, está repleto de diversidade. A sua gravação é proveniente da Chamber Music Society – CMS – do Lincoln Center, da cidade de Nova Iorque.

O violoncelista é Narek Hakhnazaryan, da Armênia, que em 2011 ganhou a Golden Medal do International Tchaikovsky Competition. Ao violino, Erin Keefe, a concertmaster da Minnesota Orchestra e detentora do Avery Fisher Carrer Grant de 2006. De uma geração anterior, o violista Paul Neubauer chegou ao posto de primeira viola da New York Philharmonic aos 21 anos, no início da década de 1980. Juho Pohjonen é um jovem pianista finlandês que tem se destacado por participar de muitos festivais de música e se apresentado com as principais orquestras do mundo.

Erin Keefe
Paul Neubauer

No entanto, o nome que me fez chegar ao disco é Da-Hong Seetoo, o produtor. A biografia de Da-Hong é impressionante. Nascido na China, de família musical, estudou violino na infância, mas tudo foi interrompido pela Revolução Cultural Chinesa. A música, os discos e livros, tudo foi banido de uma hora para outra. Nesta adversidade, Da-Hong acabou aprendendo muito sobre gravações. O gravador que ganhou de seu pai, que usava para gravar e regravar os discos que conseguiam emprestar, tudo por baixo dos panos, foi reparado por Da-Hong inúmeras vezes. Estudante do Conservatório de Shangai, foi ouvido em 1979 pelo primeiro violino da Sinfônica de Boston, Joseph Silverstein, que o recomendou para estudar no Curtis Institute of Music. Foi aceito sem mesmo uma audição. Posteriormente fez pós-graduação na Julliard School of Music. Neste período de estudos passou a gravar os discos de seus colegas. Esta experiência o ajudou a optar pela carreira de produtor de discos, na qual tem muito sucesso. Assim, seu nome completa esta constelação de talentos de diferentes países.

Da-Hong preparando-se para gravar a Abertura 1812

Felix Mendelssohn (1809 – 1847)

Quarteto com Piano em si menor, Op. 3

  1. Allegro molto
  2. Andante
  3. Allegro molto
  4. Finale: Allegro vivace

Robert Schumann (1810 – 1856)

Märchenbilder (para viola e piano), Op. 113

  1. Nicht schnell (Não rápido)
  2. Lebhaft (Vivo)
  3. Rasch (Rápido)
  4. Langsam, mit melancholischem Ausdruck (Lento, com expressão melancólica)

Quarteto com Piano em mi bemol maior, Op. 47

  1. Sostenuto assai – Allegro ma non tropo
  2. Scherzo: Molto vivace
  3. Andante cantábile
  4. Finale: Vivace

Juho Pohjonen, piano

Erin Keefe, violino

Paul Neubauer, viola

Narek Hakhnazaryan, violoncelo

Produção: Da-Hong Seetoo

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FLAC | 298 MB

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MP3 | 320 KBPS | 173 MB

Aproveite, nem sempre temos tantas pessoas interessantes juntas vindo tocar para a gente.

René Denon

Abbado / Pollini – Complete Recordings – CD 7 e 8 de 8

Fui intimado pelo nosso Grão-Senhor PQPBach, fã inconteste deste dupla Abbado / Pollini, a concluir essa série. E como se fosse uma ordem judicial, cumpro a ordem. Confesso que tinha outros planos, mas tudo bem.

Estas integrais são complicadas, as vezes vejo mais que o que vale é a intenção, mas tudo bem. Reunir Schumann e Schoenberg no  sétimo CD é estranho, não acham? O maior expoente do Romantismo ao lado do criador e fundado da música moderna do Século XX … no mínimo curioso. O oitavo CD também flerta descaradamente com a música do Século XX, trazendo Bártok e Luigi Nono. Integrais…

Enfim, eis aí concluída mais uma integral. Divirtam-se.

CD 7

01 – Piano Concerto A-Moll 1. Allegro Affettuoso
02 – Piano Concerto A-Moll 2. Intermezzo. Andantino Grazioso
03 – Piano Concerto A-Moll 3. Allegro Vivace
04 – Piano Concerto Op.42 1. Andante
05 – Piano Concerto Op.42 2. Molto Allegro
06 – Piano Concerto Op.42 3. Adagio
07 – Piano Concerto Op.42 4. Giocoso (Moderato), Stretto

CD 8

01 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 1. Allegro moderato – Allegro
02 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 2. Andante – Allegro
03 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 3. Allegro molto
04 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 1. Allegro
05 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 2. Adagio – Presto – Adagio
06 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 3. Allegro molto – Presto
07 – Como una ola de fuerza y luz – Beginning
08 – Interno dolce
09 – Duro deciso
10 – (Part II) Piano entry
11 – Soprano veces de ninos doblen campanas dulces
12 – (Part III) Orchestra entry
13 – (Part IV) Orchestra and piano entry

CD 7 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 8 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Weber, Schumann, Hindemith, Schnittke: Obras para Violino e Piano & Violino e Orquestra

Weber, Schumann, Hindemith, Schnittke: Obras para Violino e Piano & Violino e Orquestra

A capa é medonha, mas a música que sai do CD é bem boa. Inicia com um Weber. Música ligeira, como se dizia antigamente. Coisa leve, bonitinha e esquecível. O Concerto para Violino de Schumann é daquelas obras que os comentaristas chamam de “negligenciadas”. Melhor se fosse esquecida. É totalmente anti-violinístico — alguns acham que é inspirado, outros que é pirado. Saiu de uma mente já doente, foi escrito quando o compositor já estava no internato de Endenich, talvez seja algo único na história da música. A tragédia do concerto de violino de Schumann é a fatal comparação com os de Brahms e Tchaikovsky, dois matadores absolutos. A coisa fica sensacional quando entram em ação Hindemith e Schnittke, principalmente o último. Quasi una Sonata (ou Sonata Nº 2), de 1968, é um de meus trabalhos favoritos de Schinittke. É violenta e lembra muitas vezes o Concerto para violino de Berg. É uma obra importante, continua sendo uma das peças seminais do compositor em qualquer de suas versões, marcando a estréia de seu célebre “poliestilismo” e seu afastamento da vanguarda.

Weber, Schumann, Hindemith, Schnittke: Obras para Violino e Piano & Violino e Orquestra

WEBER, Carl Maria von (1786-1826)
Grand Maria Von Weber, Op.48
1. I.Allegro con fuoco 7:22
2. II.Andante con moto 4:59
3. III.Rondo (Allegro) 5:13

SCHUMANN, Robert (1810-1856)
Violin Concerto in D minor, Op.posth
4. I.In kraftigem, nicht zu schnellem, Tempo 15:07
5. II.Langsam-III. Lebhaft, doch nicht schnell 14:20

HINDEMITH, Paul (1895-1963)
Violin Sonata in E flat, Op.11
6. I.Frisch 4:40
7. II.Im Zeitmass eines langsamen, feierlichen Tanzes 5:39

SCHNITTKE, Alfred (1934-1998)
Violin Sonata No.2
8. I.Quasi una sonata 20:11

GAVRILOV, Andrei (piano)
KREMER, Gidon (violin)
Philharmonia Orchestra
MUTI, Riccardo

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Kremer e Gavrilov à época desta gravação.

PQP

[Restaurado] Robert Schumann – Cello Concerto, Adagio and Allegro in A-Flat Major, Op. 70, etc. – Gautier Capucon, Martha Argerich,, Bernard Haitink, Chamber Orchestra of Europe

Este Concerto para Violoncelo de Schumann provavelmente é o mais belo já composto para este instrumento. É o apogeu do romantismo, e o jovem Gautier Capucon está muito bem acompanhado aqui, sendo acompanhado por Bernard Haitink e a Chamber Orchestra of Europe. E nas obras de Câmara ele é acompanhado por sua ‘madrinha’ Martha Argerich. Só tem fera aqui, queridos.
Lembro de ter ouvido este concerto pela primeira vez com Pierre Fournier, e foi um LP que ouvi muito, até riscar. Sempre terei por essa gravação um carinho muito especial. Mas o tempo passa e a nova geração vem com tudo, mostrando um talento incrível, com novas possibilidades de interpretação graças ao desenvolvimento da técnica.
Eis mais um belo CD para ser apreciado em uma chuvosa tarde de domingo, sentado em uma boa poltrona, e se possível, degustando um bom vinho.

01. Cello Concerto in A Minor, Op. 129 I. Nicht zu schnell (Live)
02. Cello Concerto in A Minor, Op. 129 II. Langsam (Live)
03. Cello Concerto in A Minor, Op. 129 III. Sehr lebhaft (Live)
04. Adagio and Allegro in A-Flat Major, Op. 70 I. Langsam, mit innigem Ausdruck (Live)
05. Adagio and Allegro in A-Flat Major, Op. 70 II. Allegro, rasch und feurig (Live)
06.Phantasiestücke, Op. 73 I. Zart und mit Ausdruck (Live)
07. Phantasiestücke, Op. 73 II. Lebhaft, leicht (Live)
08. Phantasiestücke, Op. 73 III. Rasch und mit Feuer (Live)
09. 5 Stücke im Volkston, Op. 102 I. Mit Humor – Vanitas vanitatum (Live)
10. 5 Stücke im Volkston, Op. 102 II. Langsam (Live)
11. 5 Stücke im Volkston, Op. 102 III. Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen (Live)
12. 5 Stücke im Volkston, Op. 102 IV. Nicht zu rasch (Live)
13. 5 Stücke im Volkston, Op. 102 V. Stark und markiert (Live)
14. Phantasiestücke, Op. 88 I. Romanze. Nicht schnell, mit innigem Ausdruck (Live)
15. Phantasiestücke, Op. 88 II. Humoreske. Lebhaft (Live)
16. Phantasiestücke, Op. 88 III. Duett. Langsam und mit Ausdruck (Live)
17. Phantasiestücke, Op. 88 IV. Finale. Im Marsch-Tempo (Live)

Gautier Capucon – Cello
Martha Argerich – Piano
Chamber Orchestra of Europe
Bernard Haitink – Conductor

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[restaurado por Vassily em 5/6/2021, em homenagem aos oitenta anos da Rainha!]

Chopin Evocations – Daniil Trifonov, Mikhail Pletnev, Mahler Chamber Orchestra

Este CD vai em homenagem à todos aqueles românticos babões, como este que vos escreve, que sempre se emocionam com as obras do polonês Chopin, mesmo que já as tenham ouvido dezenas, quiçá, centenas de vezes.
Daniil Trifonov é um dos grandes nomes do piano da atualidade, sem dúvida nenhuma. E esta sua parceria com o também pianista, regente e compositor Mikhail Pletnev, e claro, russo como ele, é uma grande prova disso. Os fãs destes concertos vão notar que existe uma diferença na parte orquestral, e aí é que entra Pletnev, que reescreveu essa parte. Li em certa ocasião que aí residia um dos grandes problemas destes concertos: a parte orquestral, que não seria a praia de Chopin. Alguns excessos desnecessários, diziam os críticos. Pletnev realmente deu um trato, digamos assim, enxugou estas partes. Volto a repetir, os fãs dos concertos e ouvintes destas obras há décadas, como este que vos escreve, irão entender do que estou falando. Aliás, antes de ouvir com mais atenção esta gravação, ouvi a histórica gravação de Samson François, lá do final dos anos 50, com a regência de Louis Fremaux, uma de minhas leituras favoritas. E Samson François foi um dos maiores intérpretes de Chopin do século XX.

Mas vamos ouvir o que Trifonov tem a dizer:
“Chopin revolutionized the expressive horizons of the piano. From very early in his musical output, Chopin’s lyrical grace, thematic sincerity, harmonic adventure and luminous virtuosity embodied all the qualities the Romantics, like Schumann, found irresistible.”

O texto do booklet continua a análise:

“In the context of these diverse works composed or inspired by Chopin, a new light is cast on his two piano concertos, written in close succession when he was turning 20. The F minor “Second” Concerto was in fact composed and premiered first, although it was published after the E minor “First” Concerto. Yet irrespective of sequence, the two works can be understood together as a singular experiment in a genre to which Chopin never returned. They reflect the young composer’s creative consciousness paying homage to his musical predecessors while searching for new expressive means. As Trifonov explains: “The concertos are more massive in terms of length and instrumentation than anything else Chopin ever wrote. He knew and admired the piano concertos of Mozart and Beethoven, yet his interest in the form was not in the Classical balance between soloist and orchestra, but in the concerto as a lyrical epic form, like a Delacroix painting, providing a huge tableau for his musical expression.”
The experiment was only partly successful. While the E minor Concerto is more bravura and the F minor more introversion, they are both full of candid sentiment, drama and pianistic innovation, their central movements evoking bel canto melodies of heartbreaking intimacy. But the proportions are challenging. Chopin eschews the Classical convention of discrete cadenzas, instead subsuming all elements of thematic variation and technical development in a continuous soloistic narrative. His typically delicate, improvisational style and compact elegance can get lost in the sprawling dimensions of the works, the authenticity of whose orchestrations have always been a matter of debate. In both concertos, the piano plays almost uninterruptedly from the solo introduction in the first movement exposition through to the final bars. Yet, as the soloist winds and twists and explores melodic nuances, the original orchestral accompaniment provides punctuation and amplitude but little affinity with this flow of ideas. It was the desire to restore these two works to more chamberlike proportions commensurate with the detail of the solo material and to allow for more faithful interaction between soloist and orchestra that motivated Mikhail Pletnev to create new orchestrations for the two Chopin concertos. The piano parts are unaltered, but Pletnev’s streamlined instrumentation, in Trifonov’s words, “liberates the soloist. The new orchestral transparency allows the pianist greater spontaneity and sensitive engagement with the other voices.” Himself a brilliant pianist-composer, Pletnev’s intimate knowledge of the scores as both performer and orchestrator make him an ideal partner in Trifonov’s Chopinist evocations. The Mahler Chamber Orchestra, a dynamic ensemble of soloists steeped in the responsiveness demanded by opera and chamber music, realizes Pletnev’s refreshed balances of voice and colour. Pletnev’s contribution to the musical constellation is not only material, but also spiritual. As Trifonov explains: “My mentor and teacher, Sergei Babayan, studied with Mikhail Pletnev in Moscow in the 1980s. That makes him a little bit like my musical forefather.” The family portrait is completed on this album by a rendition of Chopin’s rarely heard and devilishly difficult Rondo op. posth. 73, performed by Trifonov and Babayan together. This autobiographical element closes the circle of thematic motives in Trifonov’s project revolving around Chopin. “Chopin is one of the world’s most beloved composers – the poetry of his music goes straight to the heart and requires no justification”, Trifonov contends. “But in a sense, the genius of Chopin becomes even more clear in the context of those who influenced him and those who have been inspired by him.” The programme affords an opportunity to hear his familiar music afresh, transfigured within a tapestry of historical, musicological, personal and expressive “evocations”, as well as a glimpse of the young man to whose “genius, steady striving, and imagination” Schumann bowed his head.”

Espero que apreciem. Eu gostei muito deste CD.

CD 1
FRÉDÉRIC CHOPIN (1810–1849)
Concerto for Piano and Orchestra No.  2 in F minor op.  21 f-Moll | en fa mineur
1 1. Maestoso
2 2. Larghetto
3 3. Allegro vivace

Daniil Trifonov piano
Mahler Chamber Orchestra
Mikhail Pletnev

Variations on “Là ci darem la mano” from the opera Don Giovanni by W. A. Mozart in B flat major op.  2 B-Dur | en si bémol majeur
4 Introduction. Largo – Poco più mosso
5 Tema. Allegretto
6 Var. 1. Brillante
7 Var. 2. Veloce, ma accuratamente
8 Var. 3. Sempre sostenuto
9 Var. 4. Con bravura
10 Var. 5. Adagio

ROBERT SCHUMANN (1810–1856)
12 Chopin. Agitato 1:30 No. 12 from Carnaval op.  9

EDVARD GRIEG (1843–1907)
13 Study “Hommage à Chopin” op.  73 no. 5. Allegro agitato

SAMUEL BARBER (1910–1981)
14 Nocturne op.  33. Moderato

PYOTR ILYICH TCHAIKOVSKY (1840–1893)
15 Un poco di Chopin op. 72 no.  15. Tempo di Mazurka

Daniil Trifonov piano

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CD 2

1 Rondo for Two Pianos in C major op. posth. 73 n ut majeur
Daniil Trifonov, Sergei Babayan pianos

Concerto for Piano and Orchestra No. 1 in E minor op. 11 e-Moll
2 1. Allegro maestoso
3 2. Romance. Larghetto
4 3. Rondo. Vivace

Daniil Trifonov piano
Mahler Chamber Orchestra
Mikhail Pletnev

FREDERIC MOMPOU (1893–1987) Variations on a Theme by Chopin
5 Theme. Andantino
6 Var. 1. Tranquillo e molto amabile
7 Var. 2. Gracioso
8 Var. 3. Lento (Para la mano izquierda / For the left hand)
9 Var. 4. Espressivo
10 Var. 5. Tempo di Mazurka
11 Var. 6. Recitativo
12 Var. 7. Allegro leggiero
13 Var. 8. Andante dolce e espressivo
14 Var. 9. Valse
15 Var. 10. Évocation. Cantabile molto espressivo
16 Var. 11. Lento dolce e legato
17 Var. 12. Galope y Epílogo 3:19

FRÉDÉRIC CHOPIN
18 Impromptu No.  4 in C sharp minor 5:36 “Fantaisie-Impromptu” op.  66

Daniil Trifonov piano

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Robert Schumann – Piano Quintet in E-flat major, Op.44, Piano Quartet in E-flat major, Op.47 – Beaux Arts Trio

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O TEMPO PASSA, O TEMPO VOA, E ESSA GRAVAÇÃO CONTINUA IMBATÍVEL E IMPERDÍVEL !!! NOVOS LINKS !!!

Mais uma vez vos trago uma gravação histórica do Beaux Arts Trio. Começa com o magnífico Quinteto op. 44, que considero uma das mais belas obras escritas para esta formação, e logo em seguida encaram outra obra prima, o Quarteto op. 47. Em seguida, os três encaram os três trios que Schumann escreveu. Lhes garanto que vale cada minuto dedicado à audição destes CDs.
Já comentei anteriormente que provavelmente o Op. 44 foi a primeira obra de câmara que ouvi em minha vida, há pelo menos uns quarenta anos, em uma rádio que só tocava música clássica. Claro que não vou me lembrar de quem eram os intérpretes, mas a música ficou gravada em minha cabeça, principalmente a marcha do segundo movimento. Um primor de concisão e explosão emocional, em um dos momentos mais criativos da vida de Schumann. Podem-se ouvir ecos de Brahms se refletindo neste movimento, ou vice versa.

01. PIANO QUINTET in E-flat major, Op.44 I. Allegro brillante
02. II.  In modo d’una marcia. Un poco largamente
03. III. Scherzo. Molto vivace
04. IV. Allegro, ma non troppo
05. PIANO QUARTET in E-flat major, Op.47 I. Sostenuto assai–Allegro ma non troppo
06. II.  Scherzo. Molto vivace
07. III. Andante cantabile
08. IV.  Finale. Vivace
09. PIANO TRIO No.1 in D minor, Op.63 I. Mit Energie und Leidenschaft
10. II.  Lebhaft, doch nicht zu rasch

Beaux Arts Trio
Dolf Betelheim, Samuel Rhodes

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CD 2

01. (cont.) PIANO TRIO No.1 in D minor, Op.63 III. Langsam, mit inniger Empfindung
02. IV.  Mit Feuer
03. PIANO TRIO No.2 in F major, Op.80 I. Sehr lebhaft
04. II.  Mit innigem Ausdruck
05. III. In M..iger Bewegung
06. IV.  Nicht zu rasch
07. PIANO TRIO No.3 in G minor, Op.110 I. Bewegt, doch nicht zu rasch
08. II.  Ziemlich langsam
09. III. Rasch
10. IV.  Kr.ftig, mit Humor

Beaux Arts Trio

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