Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – "Coral" (Furtwängler)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – "Coral" (Furtwängler)

Não reclamem se insisto com mais uma gravação de Beethoven (e se reclamarem, não estarei nem aí). E no mais, não se trata de qualquer documento. É uma gravação de peso. Daquelas que dispensam comentários, simplesmente, pela relevância histórica que evoca. Furtwängler e Beethoven, uma combinação que deu certo, chegou a moldes de perfeição. Wilhelm Furtwängler nasceu em Berlim, no ano de 1886. Desde muito cedo estabeleceu uma relação de muita intimidade com a música. Aos 20 anos, já possuía várias peças compostas. Alguns estudiosos da vida do regente afirmam que Furtwängler tornou-se condutor com o escopo de executar suas próprias músicas. O  regente criou peças de certa relevância. Destaca-se a Sinfonia No. 2, composta nos momentos mais quentes da Segunda Grande Guerra. Inclusive, já subi o arquivo para postar por esses dias. A peça é regida pelo próprio Furtwängler. Os fatos mais discutíveis acerca da vida de Furtwängler transladam em torno da sua suposta relação com o nazismo. Segundo Alex Ross, Hitler tinha Furtwängler como o seu regente favorito. Várias foram as vezes que o líder supremo do Terceiro Reich compareceu aos ensaios da Filarmônica de Berlim para ver o regente em ação. Por exemplo, em 1938 Furtwängler foi diretor para os concertos da Juventude Hitlerista, conduzindo Os Mestres Cantores de Nurenberg, de Wagner, o compositor preferido de Adolf Hitler. O regente era imbatível conduzindo Beethoven, Brahms, Bruckner e Wagner. Com a derrocada do nazismo não ficou provada a sua relação de aprovação para com as sandices de Hitler. Talvez tenha sido coagido pelas circunstâncias assim como se deu com Richard Strauss. Com relação à gravação que ora posto, acredito que tenha sido uma das maiores que já ouvi da Nona Sinfonia. Por isso, não deixe de ouvir! Boa apreciação incontida!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonia No. 9 em Ré menor, Op. 125 – “Coral”

01. Furtwangler parle de la Newvieme Symphonie
02. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
03. Molto vivace
04. Adagio molto e cantabile
05. Presto
06. Allegro assai
07. Allegro assai vivace
08. Andante maestoso – allegro energico – prestissimo

*Gravado em 1954 no Festival de Lucerne

Philharmonia Orchestra
Wilhelm Furtwängler, regente
Elisabeth Schwarzkopf, soprano
Elsa Cavelti, contralto
Ernst Häfliger, tenor
Otto Edelmann, baixo

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Wilhelm Furtwängler desesperado com as violas

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 1, Op. 21 e Sinfonia No. 3, Op. 55 (Eroica) – Mravinsky

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 1, Op. 21 e Sinfonia No. 3, Op. 55 (Eroica) – Mravinsky

Primeiramente, quero afirmar que há motivos de sobra para que você baixe e saia ouvindo esse CD imediatamente. (1) Temos a presença de Evgeny Mravinsky, um dos maiores e melhores regentes do século XX. Se a obra de Beethoven possui sisudez, seriedade, com Mravinsky essa característica chega a paroxismos. (2) A Sinfonia no. 1 é o trabalho de um Beethoven ainda jovem, mas capaz de proezas. Vemos nela todo rigor e maturidade que seria revelada na Terceira, na Quinta, na Sétima e na Nona, sendo que esta última é a vida transfigurada, a subida ao paraíso. A Sinfonia No. 1 possui belos momentos de reflexão, de seriedade e alegria. (3) Já a Terceira Sinfonia é um tratado moral, um livro cuja metafísica é o próprio mundo interior de Beethoven. A Marcha Fúnebre do segundo movimento sugere seriedade, meditação, crença no homem e toda sorte de idealismos possíveis. Tudo isso sendo construído com paisagens de silêncio. Música medíocre nos leva ao barulho, aos piores instintos; a boa música, por sua vez, nos remete ao silêncio. Convido você a baixar sua cabeça e meditar com Beethoven. Bom deleite!

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 1, Op. 21 e Sinfonia No. 3, Op. 55 (Eroica) – Mravinsky

Sinfonia No. 1 in C major, Op. 21

01. Adagio molto: Allegro con brio
02. Andante cantabile con moto
03. Menuetto: Allegro molto e vivace
04. Adagio; Allegro molto e vivace

Sinfonia No. 3 em Mi bemol maior, Op. 55 – “Heróica”
05. Allegro con brio
06. Marcia funebre: Adagio assai
07. Scherzo: Allegro vivace
08. Finale: Allegro molto

Leningrad Philharmonic Orchestra
Evgeny Mravinsky, regente

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Mravinsky não tinha o hábito de sorrir. Mesmo nas fotos onde todos se arreganham, ele aparece putaço.

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets (Melos)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets (Melos)

Estes quartetos de cordas do mestre Ludwig van Beethoven estavam separados há muito tempo para serem postados. Não sei o porquê de não ter postado há mais tempo. O fato é que fui abandonando o empreendimento e uma certa omissão me tomou por completo. Mas como estou de bom humor no dia de hoje, resolvi-me por postar esta extraordinária caixa com os imortais quartetos do mestre de Bonn, tendo o Melos Quartett como porta-voz. Sobre os quartetos de cordas de Beethoven é importante dizer que estão entre as produções mais brilhantes e geniais do alemão. Sendo assim, comecemos a audição agora mesmo. Uma boa apreciação!

Os Middle, com o Melos, estão AQUI.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Early String Quartets

DISCO 01

String Quartet in F, op.18 No.1
01. I. Allegro con brio
02. II. Adagio affettuoso es appassionato
03. III. Scherzo. Allegro molto
04. IV. Allegro

String Quartet in G, op.18 No.2
05. I. Allegro
06. II. Adagio cantabile – Allegro – Tempo I
07. III. Scherzo. Allegro
08. IV. Allegro molto quasi Presto

DISCO 02

String Quartet in D, op.18 no.3
01. I. Allegro
02. II. Andante con moto
03. III. Allegro
04. IV. Presto

String Quartet in c, op.18 no.4
05. I. Allegro ma non tanto
06. II. Scherzo. Andante scherzoso quasi Allegretto
07. III. Menuetto. Allegretto
08. IV. Allegro – Prestissimo

DISCO 03

String Quartet in A, op.18 no.5
01. I Allegro
02. II Menuetto
03. III Andante canabile. Thema – Variationen I…
04. IV Allegro

String Quartet in B flat, op.18 no.6
05. I. Allegro con brio
06. II. Adagio ma non troppo
07. III. Scherzo. Allegro
08. IV. La Malinconia. Adagio – Allegretto …

Melos Quartett
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello

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O Melos em 1965, época do início da construção do império PQP Bach. Neste ano, compramos nosso primeiro iate.

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos) #BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos) #BTHVN250

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Melos Quartett de Stuttgart foi fundado em 1965 por quatro jovens, membros de conhecidas orquestras de câmara alemãs. O quarteto existiu até 2005, quando seu primeiro violinista faleceu e o grupo foi extinto. Os caras eram ótimos e gravaram muito. Se fossem bonitos, as capas de seus discos poderiam tapar uma parede da sala de sua casa, mas eles eram apenas notáveis músicos e é melhor ouvi-los apenas. Aqui temos notáveis interpretações dos três Quartetos Rasumovsky e elas são os destaques do trio de CDs. O conde (mais tarde príncipe) Andrey Kirillovich Razumovsky (1752-1836) foi um diplomata russo que passou muitos anos de sua vida em Viena. Ele encomendou a obra pedindo a Beethoven que, em cada dos quartetos, houvesse um movimento de inspiração russa. Os Quartetos Razumovsky refletem um afastamento agudo da música de câmara anterior de Beethoven, que havia sido escrita dentro de um estilo simples, com os conjuntos amadores de Viena em mente. Os Quartetos Razumovsky são riquíssimos e variados, com partes intricadas e desenvolvimentos ambiciosos de temas que impõem pesadas demandas técnicas aos executantes. Existem mudanças emocionais radicais, muitas vezes acompanhadas de justaposições estilísticas, equilibrando-se entre temas cerebrais e danças camponesas russas.

As interpretações do Ébène para este repertório middle de Beethoven, que postamos anteriormente, são melhores, talvez muito melhores, mas o charme do Melos ainda tem seu valor.

Os Early, com o Melos, estão AQUI.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): The Middle String Quartets (Melos)

DISCO 01

String Quartet in F after the Piano Sonata in E, Op.14 no.1
01. I.Allegro
02. II.Allegretto
03. III.Rondo. Allegr0…

String Quartet in F, Op.59 no.1 (Rasumovsky)
04. I.Allegro
05. II.Allegretto vivace e sempre sc…
06. III.Adagio molto e mesto – attacca
07. IV.Theme russe. Allegro

DISCO 02

String Quartet in E, Op.59 no.2 (Razumovsky)
01. I.Allegro
02. II.Molto adagio. Si tratta questo…
03. III.Allegretto
04. IV.Finale. Presto

String Quartet in F, Op.95
05. I.Allegro con brio
06. II. Allegretto ma non troppo – attacca
07. III.Allegro assai vivace ma serioso
08. IV.Larghetto espressivo – Allegretto agitato

DISCO 03

String Quartet in C, Op.59 no.3 (Razumovsky)
01. I.Introduzione. Andante con moto …
02. II.Andante con moto quasi Allegretto
03. III.Menuetto. Grazioso – attacca
04. IV.Allegro molto

String Quartet in E flat, Op.74 (‘Harp’)
05. I.Poco Adagio – Allegro
06. II.Adagio ma non troppo
07. III.Presto – attacca
08. IV.Allegretto con Variazioni

Melos Quartett
Wilhelm Melcher, 1. violino
Gerhard Voss, 2. violino
Hermann Voss, viola (alto)
Peter Buck, Violoncello

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O Melos não parece um grupo envelhecido de rock?

PQP

Beethoven (1770-1827): Fidelio, Op. 72 #BTHVN250

Beethoven (1770-1827): Fidelio, Op. 72 #BTHVN250

“Simplesmente Beethoveniana! “Fidelio” a única ópera de Beethoven, é um memorial atemporal de Amor, Vida e Liberdade. Uma celebração dos direitos humanos, da liberdade de expressão, à dissidência, um manifesto político contra a tirania e a opressão, um hino à beleza e santidade do casamento, uma afirmação exaltada da fé em Deus como o último recurso humano” (Leonard Bernstein).

No tempo em que Fidelio foi composta a ópera italiana era a paixão de Viena, a ópera alemã ganhava admiração sobretudo pela “A Flauta Mágica” (postamos recentemente AQUI ) e que Beethoven considerava como a melhor obra de Mozart. Beethoven sempre se manteve a uma distância segura da ópera, conhecia e escolhia melodias operísticas contemporâneas como temas de algumas variações para piano. Na época em que Beethoven começou a pensar em projetos para o palco, por volta de 1803, em Viena, sua surdez já se estabelecera e piorava, o que tornou difícil lidar com o pessoal da ópera – cantores, empresários, diretores de palco, público, escritório de reservas -, em suma, com o mundo atarefado da produção operística. Quando ele estudou a colocação de texto em italiano com Salieri, sem dúvida já estava com projeto de ópera em mente. A grande motivação aconteceu em 1802, quando Emanuel Schikaneder (aquele amigo de Mozart que escreveu o libreto da “A Flauta Mágica”) apresentou a ópera “Lodoïska”, de Cherubini, no recém-inaugurado Theater an der Wien e lhe propôs o desafio de compor para o palco.

Interior of Theater an der Wien, Vienna. Beethoven’s Fidelio premiered here in 1805. Ludwig van Beethoven.

Com essa ópera a nova escola operística francesa entrou em cena: as óperas “de salvamento”. As óperas de salvamento estavam na moda há mais de vinte anos, certamente desde “O rapto do serralho” de Mozart, de 1782, e agora serviam como histórias de aventuras de heróis em reinos exóticos e como evocações fictícias das prisões e das guilhotinas da Revolução Francesa. A evocação de uma cruel realidade política nas óperas convidava à ilusão da verdade, enquanto o final feliz abrandava o medo do público. A prisão política, o heroísmo e a restauração da liberdade pela força do iluminismo liberal constituem o tema central de “Leonore”.

Fidelio. Um oferecimento do extrato de carne da Liebig

O libreto de Leonore, ou L’amour conjugale, tinha sido escrito originalmente no final de 1790 por Jean Nicolas Bouilly, um homem letrado que tinha sido administrador de uma província perto de Tours durante o período de “ O Terror” (…na Revolução Francesa, o Período do Terror, ou O Terror, ou Período dos Jacobinos, foi um período compreendido entre 5 de setembro de 1793 (queda dos girondinos) e 27 de julho de 1794 prisão de Maximilien de Robespierre, ex-líder dos Jacobinos que foi um precursor da ideia de um Terrorismo de Estado. Entre junho de 1793 e julho de 1794, cerca de 16 594 pessoas foram executadas durante o Reinado de Terror na França, sendo 2 639 mortes só em Paris. Apesar disso, há um consenso de que o número é muito maior devido a mortes na prisão – wikipédia). Acreditava-se que, durante o governo de Bouilly, um episódio parecido com a trama da ópera tinha realmente acontecido. Segundo a história, uma mulher disfarçada de homem teria conseguido entrar no cárcere do marido e libertá-lo da prisão injusta. Assim, se a lenda fosse verdade, o próprio Bouilly teria sido o ministro que libertara o prisioneiro e, portanto, o libreto parecia comemorar não somente o verdadeiro heroísmo, mas também a própria benevolência do autor na atmosfera aterrorizante da França naqueles anos.

Ato 1 cena 4

O libreto de 1805 de Leonore foi traduzido para Beethoven por Joseph Sonnleithner, secretário do Court Theater e proeminente advogado e músico vienense, que Beethoven tinha conhecido por meio de seus empreendimentos musicais alguns anos antes. Esse libreto é bem-feito, satisfaz as exigências do melodrama, entremeando pequenas intrigas domésticas entre os personagens secundários (o carcereiro Rocco, sua filha Marzelline e seu pretendente Jacquino) com cenas de poder e de compaixão para com os personagens principais (a disfarçada heroína Leonore, o sofrido prisioneiro Florestan e o cruel governador da prisão Pizarro). Nas cenas domésticas, Beethoven criou um conjunto efetivo de números, com ocasionais toques mozartianos (algumas vezes até mesmo com virtuais citações de Mozart, sem dúvida inconscientes, mas inequívocas), mas as cenas de intensidade mais dramática são inteiramente originais.

Ato 2 cena 8a

A Leonore fracassou em suas primeiras apresentações em novembro de 1805, bem provável porque Viena tinha acabado de ser invadida e ocupada pelos exércitos de Napoleão. De fato, a audiência da primeira apresentação estava repleta de oficiais do exército francês, mas pode ser também que a ópera estivesse bem além da compreensão de muitos ouvintes, acostumados a obras mais leves. Embora se acredite que as alterações feitas por Beethoven resultaram de uma reunião com seus amigos, é mais provável que essa reunião tenha acontecido, se é que realmente aconteceu, em 1807, depois que os planos para uma apresentação em Praga fracassaram. Em todo caso, a versão revisada produzida em março e abril de 1806, com a abertura no 3 da Leonore reescrita, no lugar daquela conhecida como no 2, obteve muito mais sucesso. A história subsequente da Leonore na vida de Beethoven foi marcada por tentativas malogradas de produzir a obra em Berlim e em Praga, embora tenha sido finalmente apresentada em Leipzig e em Dresden em 1815. De longe, o passo mais importante foi a concordância de Beethoven em revisar a obra para uma nova produção em Viena, no início de 1814. A versão final, veio a ser o “Fidelio” como nós a conhecemos. O libreto foi revisto por G. F. Treitschke, um homem experiente em teatro – e Beethoven reescreveu muitas partes da partitura, um trabalho que o ocupou de março a maio de 1814. Ele afirmou que isso lhe custou muito mais trabalho do que se estivesse compondo uma obra nova, mas ficou orgulhoso em oferecer encaixes sutis para as alterações de Treitschke, em reduzir as redundâncias e em fortalecer o conteúdo musical. Também teve que escrever várias partes novas, notavelmente o segmento final da cena de Florestan na masmorra. Tudo isso faz da conversão da “Leonore” de 1805-06 em “Fidélio” – a única vez que Beethoven revisou uma obra do vasto período intermediário, durante a transição para seu estilo final.

Ato 2 cena 8b

A essência de “Fidélio”, implícita no título, é o amor de Leonore por Florestan e sua coragem em arriscar a vida para salvá-lo. A obra tem ressoado através de quase dois séculos como a celebração do heroísmo feminino. A crítica feminista, que protesta contra o sofrimento e a morte das heroínas nas mãos de homens ou por causa de suas maquinações, acha em “Fidélio” uma exceção poderosa, já que a vítima sofredora é o homem, e o agente da salvação, a mulher. O subtítulo da obra é “Die eheliche Liebe”, que traduz literalmente o “L’amour conjugal” de Bouilly.

Que o espírito de Mozart paire como pano de fundo dessa obra não deveria nos surpreender. Mais surpreendente é a capacidade de Beethoven para aprofundar a expressão no lado sério e ético da trama, de modo a fazer com que a obra se tornasse – como de fato se tornou – um dos clássicos da literatura operística, insuperável na transmissão da verdade dramática e emocional. Sua importância não está intrinsecamente relacionada à crença de Beethoven de que a trama deveria transmitir a verdadeira história, não uma fantasia operística. Tem, sim, a ver com sua capacidade para enquadrar as dinâmicas formais à obra, de modo a dar um peso máximo às questões morais subjacentes à ação: o sofrimento físico dos maltrapilhos prisioneiros e o sistema que promove esse sofrimento; o heroísmo de Florestan diante da injustiça; o amor e a coragem de Leonore, esposa apaixonada, disposta a correr qualquer risco.

Beethoven ainda escreveu quatro aberturas que foram compostas na seguinte ordem: Leonore no 2 (1805); Leonore no 3 (1806); Leonore no 1 (1808), para uma produção malograda em Praga; e por fim a abertura Fidélio (1814). As versões destas beethovenianas aberturas que ora compartilho com vocês é a seguinte: “Leonore 1”, Op.138 com o maestro Eugen Jochum. “Leonore 2”, Op 72 com o Claudio Abbado. “Leonore 3”, Op. 72b com o maestro Leonard Bernstein e pôr fim a abertura “Fidelio”, Op.72 com o mestre Nikolaus Harnoncour.

Ato 3 cena 2

Causo: Em 1822, Beethoven desejava dirigir o ensaio geral da sua ópera. Será que ele pretende desprezar a doença ou, mais uma vez, enganar a todos sobre o seu verdadeiro estado? Infelizmente foi um caos completo: palco e orquestra desentenderam-se, e todos ficaram a olhar, temerosos, o mestre que continuava a dirigir. De repente, enxerga a terrível verdade na expressão dos que o cercam. O seu fiel amigo Schindler (que nos pinta a cena) escreveu-lhe estas linhas: “Por favor, não continue; explicar-lhe-ei tudo depois”. Mas a explicação já não é necessária; alquebrado, Beethoven cai sobre uma cadeira e por muitas horas é incapaz de levantar-se …

Resumo – Fidelio

Ato 1
Em uma prisão nos arredores de Sevilha, onde Rocco, pai de Marzelline, trabalha como carcereiro. Marzelline é incomodada pelos flertes de Jacquino, assistente de seu pai. Jacquino tem grandes esperanças de se casar com ela um dia, mas Marzelline tem o coração em Fidelio, o novo garoto que trabalha na prisão. Fidelio trabalha duro e chega à prisão todos os dias com muitas provisões. Quando Fidelio descobre que Marzelline se interessou por ele, ele fica ansioso – especialmente depois que descobre que Rocco deu sua bênção ao possível relacionamento. Acontece que Fidelio não é quem ele diz que é; Fidelio é na verdade uma nobre chamada Leonore, disfarçada de jovem, com o objetivo de encontrar o marido que foi capturado e preso por causa de suas diferenças políticas. Rocco menciona que um homem acorrentado nas profundezas das masmorras está praticamente à beira da morte. Leonore o ouve e acredita que é seu marido, Florestan. Leonore pede que Rocco o acompanhe em suas rondas na prisão, com as quais ele concorda alegremente, mas o governador da prisão, Don Pizarro, apenas permite que Rocco entre nos níveis mais baixos da masmorra.

Ato 3 cena 3

No pátio onde os soldados se reúnem, Don Pizarro recebe notícias de que o ministro de Estado, Don Fernando, está indo para a prisão a fim de inspecioná-la e investigar os rumores de que Don Pizarro é um tirano. Com um senso de urgência, Don Pizarro decide que seria melhor executar Florestan antes da chegada do ministro. Chamando Rocco, Don Pizarro ordena que ele cave uma cova pelo corpo de Florestan. Felizmente, Leonore está por perto e ouve os planos malignos de Don Pizarro. Ela reza por força e depois implora a Rocco que a leve novamente na prisão, mais especificamente a cela do condenado. Ela convence Rocco a deixar os prisioneiros entrarem no pátio para tomar um pouco de ar fresco. Assim que os prisioneiros são levados para o pátio, Don Pizarro ordena que retornem imediatamente às suas celas. Ele então leva Rocco a cavar o túmulo de Florestan. Quando Rocco entra na masmorra, Leonore rapidamente segue atrás dele.

Ato 2
Nas profundezas da masmorra da prisão, um delirante Florestan tem visões de Leonore libertando-o do lugar infernal. Infelizmente, quando ele chega, ele se vê sozinho e cai em desespero. Momentos depois, Rocco e Leonore entram com pás, prontos para cavar a cova. Florestan engasga algumas palavras, sem reconhecer sua esposa, pedindo uma bebida. Rocco mostra compaixão pelo prisioneiro e pega um copo de água para ele. Leonore mal consegue se conter, mas ela permanece composta o suficiente para lhe oferecer um pouco de pão, enquanto lhe diz para permanecer esperançoso. Quando terminam de cavar a cova, Rocco apita para alertar Don Pizarro de que está tudo pronto. Don Pizarro entra na cela de Florestan, mas antes de matá-lo, confessa seus atos de tirania. Assim como Don Pizarro puxa a adaga para o ar e faz o balanço para baixo, Leonore revela sua verdadeira identidade e retira a pistola que ela havia escondido consigo, o que faz com que o movimento de Don Pizarro pare.
Em um instante, as buzinas soam quando Don Fernando pisa nos terrenos da prisão. Rocco acompanha imediatamente Don Pizarro ao pátio para cumprimentá-lo. Enquanto isso, Florestan e Leonore comemoram o reencontro.

Do lado de fora, Don Fernando anuncia a erradicação da tirania. Rocco se aproxima dele com Leonore e Florestan, que por acaso é um velho amigo dele. Rocco pede ajuda e explica como Don Pizarro aprisionou Florestan e seu tratamento cruel com ele, como as ações heroicas de Leonore salvaram seu marido e revela a trama de assassinato de Don Pizarro. Don Fernando imediatamente condena Don Pizarro à prisão e seus homens o escoltam para longe. Leonore recebe as chaves para destrancar as correntes de Florestan, e ela o liberta feliz e apressadamente. Os prisioneiros restantes também são libertados e todos se alegram e comemoram Leonore.

Furtwängler em ação, 1953

Wilhelm Furtwängler gravou quatro vezes a ópera Fidélio, esta que ora compartilho com os amigos é de estúdio realizada em 1953. O brilhante elenco é liderada por Martha Modl, e ainda tem Wolfgang Windgassen, Gottlob Frick, Otto Edelmann. O canto dos comandados pelo incomparável Wilhem e sua orquestra de Viena é possuído e dominado por um verdadeiro “frisson” e energia, belíssima versão e a remasterização está de boa para ótima. Para aqueles que ainda acreditam que a música clássica pode falar com o que há de mais nobre e melhor na humanidade, com mais poder do que meras palavras, esta versão é obrigatória. “Incandescente” é um adjetivo muito suave. A maneira pela qual Furtwängler conduz a orquestra para expressar alguns momentos da fúria reprimida não apenas de Leonore, mas de todos aqueles que queimam com fúria por injustiça em qualquer lugar, é impressionante. Existem muitas versões desta ópera, particularmente esta versão me toca mais, pode ser pelo fato da regência e do canto terem uma tendência proposital para ser “mozartiano”, ai aquele véu de inspiração que mencionamos da admiração de Beethoven se encaixa perfeitamente, no início logo na primeira cena parece mesmo uma parte da “Flauta Mágica” mas com orquestração de Beethoven.

Muito interessante também são os cartazes de patrocínio do extrato de carne da Liebig (atual Fray Bentos) com desenhos de diversas óperas, nesta postagem estão os cartazes referentes à versão da ópera em três atos. Os cartazes são do final do século XIX vale a pena dar uma conferida AQUI, pois é o período em que a indústria dos enlatados começa.

A história “passo a passo” com fotos do encarte original do CD estão junto no arquivo de download com as faixas, o resumo da ópera foi extraído do livro “As mais Famosas Óperas”, Milton Cross (Mestre de Cerimônias do Metropolitan Opera). Editora Tecnoprint Ltda., 1983.

Pessoal, abrem-se as cortinas e deliciem-se com a “Simplesmente Beethoveniana! “Fidélio” !!!

Aberturas

Overture “Leonore 1”, Op.138
Concertgebouw Orchestra of Amsterdam, Eugen Jochum

Overture “Leonore 2”, Op 72
Vienna Philhamonic Orchestra Claudio Abbado

Overture “Leonore 3”, Op. 72b
Bavarian Broadcast Symphony Orchestra Venue, Leonard Bernstein

Ouverture “Fidelio”, Op.72
Orchestre de l-Opéra de Zurich, Nikolaus Harnoncour

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Fidélio, op. 72

01 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 Ouvertüre
02 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 1 Duett – Jetzt, Schätzchen
03 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 2 Arie – O wär ich schon
04 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 3 Quartett – Mir ist so wunderbar
05 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 4 Arie – Hat man nicht
06 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 5 Terzett – Gut, Söhnchen
07 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 6 Marsch
08 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 7 Arie mit Chor
09 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 8 Duett – Jetzt, Alter, hat es Eile!
10 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 9 Rezitativ und Arie – Abscheulicher!
11 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 No. 10 Finale – O welche Lust, in freier Luft
12 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 Nun sprecht, wie ging-s
13 – BEETHOVEN Fidelio – Act 1 Ach! Vater, eilt!
14 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 11 Introduktion
15 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 11 Arie – Gott! Welch Dunkel hier!
16 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 12 Melodram – Wie kalt ist es hier!
17 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 12 Duett – Nur hurtig fort
18 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 13 Terzett – Euch werde Lohn in besser-n Welten
19 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 14 Quartett – Er sterbe! Doch er soll erst wissen
20 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 14 Recitative – Vater Rocco!
21 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 15 Duett – O namenlose Freude!
22 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 Ouvertüre – Leonore III in C, Op. 72a
23 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 16 Finale – Heil sei dem Tag
24 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 16 Finale – Des besten Königs
25 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 16 Finale – Du schlossest auf des Edlen Grab
26 – BEETHOVEN Fidelio – Act 2 No. 16 Finale – Wer ein holdes Weib errungen

Leonore – Martha Mödl
Florestan – Wolfgang Windgassen
Don Pizarro – Otto Edelmann
Rocco – Gottlob Frick

Vienna State Opera Chorus
Vienna Philharmonic Orchestra
Wilhelm Furtwängler

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Ammiratore

Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 5 / Schubert (1797-1828): Sinfonia No. 8 “Inacabada” – Leopold Stokowski

Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 5 / Schubert (1797-1828): Sinfonia No. 8 “Inacabada” – Leopold Stokowski

Pessoal, depois de um tempão volto a postar algumas grandes gravações do imenso maestro Leopold Stokowski (1882 – 1977). Nesta quarta parte da mini biografia compreende intenso período na carreira do maestro que vai de 1923 até 1940. No início dos anos vinte Leopold se separou de Olga Samaroff e logo se casou novamente, e desta vez com Evangeline Brewster Johnson, filha e herdeira de Robert Wood Johnson, co-fundador da empresa farmacêutica Johnson & Johnson. Ele renovou a orquestra da Filadélfia para poder se expandir para o balé e a ópera. Carismático conseguiu arrecadar fundos e pressionou a oposição do Conselho da Orquestra da Filadélfia e alguns de seus partidários para montar produções do drama musical de Schoenberg “Die glückliche Hand opus 18”, e uma produção de ballet completo de “Le Sacre du Printemps” de Stravinsky em 1930. As três apresentações, com lotação total, dessas duas obras na Filadélfia e na cidade de Nova York esgotaram-se, justificando a aposta de Stokowski de que teriam sucesso. Com muita moral (e dólares) Stokowski alcançou em 1936 um dos objetivos que procurava há pelo menos uma década: o Conselho da Associação de Orquestra concordou com uma excursão transcontinental da Orquestra da Filadélfia. Isso seria financiado pela RCA Victor Records, e incluiria 33 shows em 27 cidades ao longo de 35 dias.

No final dos anos 30, Stokowski levou ao envolvimento da Orquestra da Filadélfia no histórico filme “Fantasia” de Walt Disney. Um encontro casual com Walt Disney resultou em um jantar no “Chasen’s Restaurant” em Hollywood em 1938. Disney delineou seus planos para fazer “O Aprendiz de Feiticeiro” e outros projetos combinando música clássica com animação. Disney ficou surpreso quando o maestro respondeu “Eu gostaria de fazer estre trabalho com você…”. Ter o proeminente maestro voluntário para o projeto era uma oportunidade que a Disney não podia deixar passar. O projeto foi expandido em vários curtas que seriam combinados no “Concert Feature”. Enquanto considerava vários títulos melhores para o projeto, foi o próprio Stokowski que sugeriu o termo musical “fantasia” – um título perfeito para um filme só com música e sem enredo (O Mestre Aviccena já postou AQUI).
Estas gravações tiveram algumas dificuldades técnicas quanto à sincronização, mas Stokowski as aprovou e elas foram usadas no filme final. No entanto, Walt Disney decidiu que o curta-metragem “The Sorcerer’s Apprentice” precisava ser expandido para um filme completo, a fim de ser financeiramente viável. Depois de discutir seleções musicais adicionadas com Stokowski, Disney garantiu os direitos de “Le Sacre du Printemps” em abril de 1938. Em dezembro de 1939, Stravinsky visitou os estúdios da Disney e, embora anos depois tenha sido crítico de “Fantasia”, Stravinsky, na época, parecia favorável. Mais tarde, houve mais críticas às escolhas musicais de Stokowski e Disney, particularmente na edição da música. Por exemplo, a Sinfonia Pastoral de Beethoven foi cortada em 22 minutos. “Fantasia” foi estreada em 1940. Foi amplamente vendido em DVD, em várias versões restauradas. Esta estadia em Hollywood foi tão ativa e produtiva que em março de 1938, Leopold Stokowski e Greta Garbo passaram férias juntinhos na ilha de Capri, na Itália . Será que ele pegou a Greta ? O resultado, claro, foi o divórcio com a herdeira da Johnson & Johnson.
To be continued…..

Beethoven – Sinfonia No. 5
O que dizer da quinta de Beethoven que já não estamos cansados de saber…. Bom ele terminou a composição no início de 1808. A “Quinta Sinfonia” foi executada, pela primeira vez, no dia 22 de dezembro de 1808, no “Theater an der Wien”, por um grupo de músicos angariados para o concerto, sob a regência do próprio Beethoven. Um ouvinte de hoje transportado para a Viena da época se assustaria com a precariedade dos concertos. Viena não tinha orquestras permanentes nem salas de concerto. Os concertos eram realizados nos palácios dos príncipes ou nos teatros, geralmente com acústica precária. Os músicos eram contratados para ocasiões específicas e geralmente executavam as obras com pouquíssimos ensaios, já que os cachês eram, na maioria das vezes, insuficientes para um trabalho artístico detalhado. Um típico concerto do início do século XIX consistia de uma abertura, um concerto, uma sinfonia, árias e cenas de ópera e uma improvisação do solista. O concerto que Beethoven deu naquele dia, além de muito longo, mesmo para os padrões da época, foi longe de ser perfeito. Nele foram estreadas a “Quinta e a Sexta Sinfonias”, a “Fantasia Coral”; o “Concerto para piano nº 4” que também foram executados em público pela primeira vez; quanto à ária de concerto “Ah! Perfido” e movimentos da “Missa em Dó maior” tiveram naquela oportunidade sua primeira execução em Viena; Beethoven ainda se sentou ao piano para uma série de improvisações. Embora o público estivesse acostumado a concertos longos, o concerto de estreia da “Quinta Sinfonia” durou intermináveis quatro horas, em um teatro com sistema de aquecimento estragado. Beethoven havia requisitado o teatro durante todo o ano e lhe deram apenas uma noite morta, três dias antes do Natal. Foi uma noite longa de inverno para o público vienense, que assistiu a um concerto das 18h30 às 22h30 com obras modernas de um compositor ainda pouco conhecido, executadas por uma orquestra que não havia ensaiado suficientemente. O compositor Johann Reichardt, que estava presente ao concerto, escreveu: “O pobre Beethoven, que finalmente realizava seu próprio concerto e conseguia seu primeiro e único pequeno lucro de todo o ano, recebeu, nos ensaios e na apresentação, apenas oposição e praticamente nenhum suporte. Os cantores e a orquestra, compostos dos elementos mais heterogêneos, não conseguiram realizar um único ensaio completo das peças apresentadas.”

Schubert – Sinfonia No. 8 “Inacabada”
Esta sinfonia é a mais romântica de todas as sinfonias de Schubert. Foi escrita em outubro de 1822, mais ou menos na mesma época em que o compositor foi diagnosticado com sífilis, mais impressionante ainda, e totalmente consistente com o silêncio de Schubert sobre o assunto, ele nos dá um pouco de sua música mais pessoal, angustiada e intimista – música de natureza nunca antes associada com o meio muito ‘popular’ da sinfonia. Esta situação é inteiramente consistente com a escuridão, pungência e violentas erupções de protestos angustiados que caracterizam ambos os movimentos da Sinfonia “Inacabada”. Qualquer que seja a explicação, os dois movimentos concluídos complementam-se perfeitamente e, juntos, constituem uma das supremos obras-primas da história da música. Esta é outra obra que para mim traz uma grande recordação: no início dos anos 80, ainda criança, eu via meu pai chegar do trabalho toda sexta feira e colocar exatamente este LP para ouvir a oitava de Schubert, se deitava no tapete da sala ao lado da “Radio Vitrola Valvulada Telefunken” fechava os olhos e entrava numa espécie de transe. Acabava a música ele se levantava e ia tomar banho. Quem viveu aquela época sabe da grande recessão que o Brasil passava. Ele trabalhava numa grande montadora de veículos que tinha cerca de 30.000 funcionários e deveria reduzir o quadro à metade até o fim do ano. Depois mais calmo ele contava as histórias para minha mãe como esta: “… hoje vi vários amigos e pais de família chorando desesperados após serem mandados embora…”. Esta música acalmava o que chamamos hoje de stress (mas na época ele chegava era puto mesmo).

Acredito que a interpretação deste Beethoven do Stoki é bastante tradicional, mas o Schubert é muito tenso e dramático, espetacular, ambos gravados em setembro de 1969 no Walthamstow Assembly Hall, Londres, com a London Philharmonic Orchestra. Stokowski tinha 87 anos na época da gravação, idoso, mas com controle total dos seus movimentos, seus olhos e as mãos mágicas sem a batuta, transmitindo suas emoções para a orquestra. É interessante ver seu arranjo e sua técnica para criar o “Som Stokowski”. O desempenho destas sinfonias é impecável.

Deleitem-se amigos !

Beethoven – Sinfonia No. 5
1 – Allegro Con Brio
2 – Andante Con Moto
3 – Allegro
4 – Allegro

Schubert – Sinfonia No. 8 “Inacabada”
5 – Allegro Moderato
6 – Andante Con Moto

London Philharmonic Orchestra
Leopold Stokowski
Recorded: 9 and 10 September 1969
Recording Venue: Walthamstow Assembly Hall, London

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E ai Greta, bora para a praia ?

Ammiratore

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino e Orq., Op. 61, Romance para Violino e Orq., Op. 40 e Romance para Violino e Orq., Op. 50

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino e Orq., Op. 61, Romance para Violino e Orq., Op. 40 e Romance para Violino e Orq., Op. 50

51dAwfocJGL._SY355_Gosto imensamente do Opus 61 de Beethoven, cheio sensibilidade, leveza e reflexão. Há outras três ou quatro versões aqui no blog. Esta que trarei agora é com um dos meus condutores favoritos, que entende tudo e mais um pouco de regência e música, Nikolaus Harnoncourt. Ao violino temos o grande Gidon Kremer. Separei para os próximos dias uma versão muito boa com uma das minhas violinistas favoritas da atualidade, Anne-Sophie Mutter, que gosto duplamente pelos seguintes motivos: (1) pela técnica apurada e pela maturidade musical que a moça quase cinquentona conquistou; e (2) pela beleza, pela compleição física. Alguns dirão: “Ela não é nada!” Para mim o é. Tenho devaneios com aquela mulher. O Previn é quem se deu bem. Que pena! Por que não nasci na Alemanha? Voltando ao concerto: Beethoven escreveu o Concerto para violino e orquestra, Op. 61 em 1806. A obra não fez sucesso quando da estreia e foi pouco executada nos anos seguintes. Mendelssohn, em 1844, retomou as execuções desse concerto que de lá para cá tornou-se um dos principais concertos para o instrumento, o violino. Não deixe de ouvir. Boa apreciação!

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Violino e Orq., Op. 61, Romance para Violino e Orq., Op. 40 e Romance para Violino e Orq., Op. 50

Concerto para violino e orquestra em Ré maior, Op. 61
01. Allegro ma non troppo
02. Larghetto
03. Rondo, Allegro

Romance para violino e Orquestra em Sol maior, Op. 40
05. Romance para violino e Orquestra em Sol maior, Op. 40

Romance para violino e Orquestra em Fá maior, Op. 50
06. Romance para violino e Orquestra em Fá maior, Op. 50

The Chamber Orchestra of Europe
Nikolaus Harnoncourt, regente
Gidon Kremer, violino

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Alguém pode me explicar que porra foi aquela que fizeram nas cadenzas do meu belíssimo concerto?

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto Nº 5 para piano e orquestra, Op. 73, “Imperador” & 32, 12 e 6 Variações para Piano Solo

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto Nº 5 para piano e orquestra, Op. 73, “Imperador” & 32, 12 e 6 Variações para Piano Solo

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Vamos ao último concerto para piano e orquestra de Beethoven com o Gilels. Uma beleza! O concerto número 5 de Beethoven é conhecido também como “Imperador”. Essa designação não foi dada pelo próprio Beethoven. O compositor Johann Baptist Cramer teria sido o responsável por assim denominá-lo. Ficou primeiramente conhecido com esse epíteto nos países de língua inglesa e logo em seguida tornou-se comum chamar o concerto de “Imperador”. Certo mesmo é que a obra foi escrita entre os anos de 1809 e 1811 em homenagem ao arquiduque Rodolfo, mecenas e aluno de Beethoven. O concerto número 5 é uma peça possuidora daquela beleza idealista de Beethoven. Nele percebemos os sonhos, esperanças e reflexões do grande mestre. Aparecem ainda três variações impelidas pelas mãos geniais de Emil Gilels.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto No. 5 para piano e orquestra in E flat, Op. 73 – “Imperador”, 32 Variations in C minor on an Original Theme, Wo080, 12 Variations in A on Russian Theme from Wranitzky’s ‘Das Waldmädchen’, Wo071 e 6 Variations in D on a Turkish March from “The Ruins of Athens”, Op. 76

Concerto No. 5 para piano e orquestra in E flat, Op. 73 – “Imperador”
01. I – Allegro
02. II – Adagio un poco mosso
03. III – Rondo, Allegro

Cleveland Orchestra
Geroge Szell, regente
Emil Gilels, piano

32 Variations in C minor on an Original Theme, Wo080
04. 32 Variations in C minor on an Original Theme, Wo080

12 Variations in A on Russian Theme from Wranitzky’s ‘Das Waldmädchen’, Wo071
05. 12 Variations in A on Russian Theme from Wranitzky’s ‘Das Waldmädchen’, Wo071

6 Variations in D on a Turkish March from “The Ruins of Athens”, Op. 76
06. 6 Variations in D on a Turkish March from “The Ruins of Athens”, Op. 76

Emil Gilels, piano

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Gilels: uma autoridade em Beethoven
Gilels: uma autoridade em Beethoven

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 3, Op. 55 – "Eroica"

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 3, Op. 55 – "Eroica"

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um portento. Uma coisa de louco esta gravação de Fricsay (1914-1963) com a Filarmônica de Berlim. Se não estou errado é uma gravação de 1958. Aqui não estamos falando de curiosidades como esta, mas de uma orquestra fenomenal regida pelo maior dos regentes, ou quase isso.

Esta Sinfonia contém a dedicatória rasgada mais célebre de todos os tempos: a que Beethoven dedicou a Napoleão, pensando-o um libertador, rasgando-a — ou melhor, apagando-a no papel COM UMA FACA — quando percebeu a que sonhos de grandeza vinha o pigmeu corso. É impossível ouvi-la sem a paixão da dedicatória, antes e depois.

A Marcha Fúnebre… Quem quer viver na “Marcia Funebre” todas as dores da perda, só há a gravação de Ferenc Fricsay. E aqui está ela. Não há melhor gravação da Eroica.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sinfonia No. 3, Op. 55 – “Eroica”

1) Allegro con brio
2) Marcia funebre. Adagio assai
3) Scherzo. Allegro vivace
4) Finale. Allegro molto

Berliner Philharmoniker
Ferenc Fricsay

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Nossa, quanta delicadeza ao apagar...
Nossa, quanta delicadeza ao apagar…

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Criaturas de Prometeu, Op. 43 – Die Geschöpfe des Prometheus

Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Criaturas de Prometeu, Op. 43 – Die Geschöpfe des Prometheus

Em 1800, o mestre de balé na Hoftheater Viena Salvatore Vigano pediu Beethoven a compor a música para seu novo balé sobre a astúcia de Prometeu, que roubou o fogo de Zeus e deu aos mortais. E Beethoven escreveu de forma primorosa a obra ora postada. Não deixe de ouvir esta maravilhosa peça do mestre alemão. Boa apreciação!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Criaturas de Prometeu, Op. 43 – Die Geschöpfe des Prometheus

01. Overture Adagio – Allegro molto con brio –
02. Introduction ‘La Tempesta’ Allegro non troppo

Ato I

03. Poco adagio
04. Adagio – Allegro con brio
05. Allegro vivace

Ato II

06. Maestoso – Andante
07. Adagio – Andante quasi allegretto
08. Un poco adagio – Allegro
09. Grave
10. Allegro con brio – Presto
11. Adagio – Allegro molto
12. Pastorale Allegro
13. Andante
14. Solo di Gioia Maestoso – Allegro
15. Allegro – Comodo
16. Solo della Casentini Andante – Adagio – Allegro
17. Solo di Vigan Andantino – Adagio – Allegro
18. Finale Allegretto – Allegro molto

Scottish Chamber Orchestra
Sir Charles Mackerras, regente

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Prometeu era fortão.
Prometeu era fortão.

Carlinus

Beethoven, Brahms, Mozart: Sonatas solo / para Violoncelo e Piano / Concerto

Beethoven, Brahms, Mozart: Sonatas solo / para Violoncelo e Piano / Concerto

Já havia um certo tempo que eu tencionava postar este CD duplo, com peças de Beethoven, Brahms e Mozart, interpretados por Rudolf Serkin. Serkin nasceu na Boêmia, Império Astro-Húngaro. Como mostrava propensões para o piano, foi enviado para Viena aos 9 anos para estudar e aprimorar a sua técnica. Deu seu primeiro concerto aos 12 anos pela Filarmônica de Viena. Chegou a estudar composição com Schoenberg. Após mudar para os Estados Unidos na década de 30, Serkin tornou-se habitué da Filarmônica de Nova York, que tinha como diretor Arturo Toscanini. Segue este CD com uma pequena mostra de seu talento. O pianista morreu em 1991, aos oitenta e oito anos. Boa apreciação desse repertório bem escolhido!

DISCO 1

Ludwig van Beethoven (1770-1827) –
Sonata para piano no. 30 em E maior, Op. 109

01. Adagio espressivo
02. Prestissimo
03. Gesangvoll, mit innigster Empfindung
04. Variation I. Molto espressivo
05. Variation II. Leggiermente
06. Variation III. Allegro vivace
07. Variation IV. Etwas langsamer als das Thema
08. Variation V. Allegro, ma non troppo
09. Variation VI. Tempo l del tema (Cantabile)

Sonata para piano no.31 in A flat maior, Op.110
10. Moderato cantabile molto espressivo
11. Allegro molto
12. Adagio, ma non troppo – Fuga. Allegro, ma non troppo

Sonata para piano no.32 em C menor, Op.111
13. Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
14. Arietta. Adagio molto semplice e cantabile

DISCO 2

Johannes Brahms (1833-1897)
Sonata para piano e violoncelo em E menor, Op.38
01. Allegro non troppo
02. Allegretto quasi menuetto
03. Allegro

*Mstilav Rostropovich, violoncelo

Wolfgand Amadeus Mozart (1756-1791) –
Concerto para piano e orquestra no.16 em D maior, K.451
04. Allegro assai (Cadenza. Mozart)
05. Andante
06. (Rondeau.) Allegro di molto (Cadenza. Mazart)

**Chamber Orchestra of Europe
Claudio Abbado, regente

Rudolf Serkin, piano

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Rudolf Serkin e um apreciador
Rudolf Serkin e um apreciador

Carlinus

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Stephen Kovacevich plays Beethoven Piano Concertos – Kovacevich, Colin Davis, BBCSO, LSO

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Postagem realizada originalmente em 2011, com algumas adaptações. Links Novos !!!

Posso chamar esta postagem de projeto em parceria, pois sem a ajuda do Carlinus, iria demorar para eu ter acesso a esse material já há algum tempo cobiçado.
Os críticos são unânimes em considerar estas gravações de Kovacevich, realizadas nos anos 70, como definitivas. Os comentaristas da amazon foram unânimes em dar 5 estrelas. E pelo pouco que ouvi, e ainda estou ouvindo, elas realmente tem aquele “quê” especial. Não perguntem o que é, pois não saberia responder É para sentir.. As escolhas são as mais acertadas? Bem, é difícil dizer, mas dentre as dezenas de gravações que já ouvi destes concertos, e entre as mais de 20 gravações que tenho deles, talvez seja a mais próxima do que posso considerar ideal. Talvez a juventude tenha falado mais alto, e o jovem Kovacevich tenha acertado a mão exatamente por não temer se expor, encarar de frente os grandes intérpretes, lembrando que naquela época muitos dos grandes pianistas do século XX ainda eram vivos, como Rubinstein, Kempff, Richter, Serkin, Horowitz, e a nova geração já vinha se impondo, como Pollini, Argerich, Baremboim, Lupu… para deixar sua marca, Kovacevich resolveu deixar de lado o trivial, e partir para o ataque. Em postagem anterior, trouxe os concertos de Brahms também com ele e com Colin Davis, postagens que já alcançaram a incrível marca de quase 800 downloads, sem contar os mais de 500 downloads do Concerto n°2 postado há uns dois ou três anos atrás. Ou seja, houve uma grande aceitação destas interpretações. Espero que com este Beethoven aconteça o mesmo.

CD 1

01. Piano Concerto No.1 in C major, op.15 – I. Allegro con brio
02. Piano Concerto No.1 in C major, op.15 – II. Largo
03. Piano Concerto No.1 in C major, op.15 – III. Rondo_ Allegro scherzando
04. Piano Sonata No.5 in C minor, Op.10 No.1, 1. Allegro molto e con brio
05. Piano Sonata No.5 in C minor, Op.10 No.1, 2. Adagio molto
06. Piano Sonata No.5 in C minor, Op.10 No.1, 3. Finale (Prestissimo)

Stephen Kovacevich – Piano
BBC Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

CD 2

01. Piano Concerto No.2 in B flat major, op.19 – I. Allegro con brio
02. Piano Concerto No.2 in B flat major, op.19 – II. Adagio
03. Piano Concerto No.2 in B flat major, op.19 – III. Rondo_ Molto allegro
04. Piano Concerto No.4 in G major, op.58 – I. Allegro moderato
05. Piano Concerto No.4 in G major, op.58 – II. Andante con moto
06. Piano Concerto No.4 in G major, op.58 – III. Rondo_ Vivace

Stephen Kovacevich – Piano
BBC Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

CD 3

01. Piano Concerto No.3 in C Minor, Op.37, 1. Allegro con brio
02. Piano Concerto No.3 in C Minor, Op.37, 2. Largo
03. Piano Concerto No.3 in C Minor, Op.37, 3. Rondo (Allegro)
04. Piano Sonata No.8 in C Minor, Op.13,’Pathétique’, 1. Grave – Allegro di molto e con brio
05. Piano Sonata No.8 in C Minor, Op.13,’Pathétique’, 2. Adagio cantabile
06. Piano Sonata No.8 in C Minor, Op.13,’Pathétique’, 3. Rondo (Allegro)

Stephen Kovacevich – Piano
London Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

CD 4

01. Piano Concerto No.5 in E Flat, Op.73,’Emperor’, 1. Allegro
02. Piano Concerto No.5 in E Flat, Op.73,’Emperor’, 2. Adagio un poco mosso
03. Piano Concerto No.5 in E Flat, Op.73,’Emperor’, 3. Rondo (Allegro)

Stephen Kovacevich – Piano
BBC Symphony Orchestra
Colin Davis – Conductor

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CD 3 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CD 4 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDPBach

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Diabelli Variationen – Paul Lewis

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Diabelli Variationen – Paul Lewis

O CD que estou trazendo para os senhores é novidade. Ainda nem foi lançado. Só no dia 14 estará à disposição para os senhores comprarem no site da amazon. A não ser que comprem em mp3.

Nosso mentor PQPBach ama essas pequenas miniaturas beethovenianas. E elas realmente são incríveis. Mais incríveis ainda quando estão sendo executadas por um dos grandes nomes do piano na atualidade, o queridinho das massas, Paul Lewis. E justiça seja feita, o cara é bom mesmo. Vide sua integral dos concertos para piano e das sonatas do mesmo Beethoven. Foi protegido de ninguém menos que Alfred Brendel, que dispensa apresentações. E grava pela Harmonia Mundi.

Como diz nosso colega Carlinus, que está viajando, uma boa apreciação.

1. 33 Variations on a Waltz by Diabelli, op.120: Thème. Vivace – Var. I. Alla Marcia maestoso
2 II. Poco allegro
3. Var. III. L’istesso tempo
4. Var. IV. Un poco più vivace
5. Var. V. Allegro vivace
6. Var. VI. Allegro ma non troppo e serioso
7. Var. VII. Un poco più allegro
8. Var. VIII. Poco Vivace
9. Var. IX. Allegro pesante e risoluto
10. Var. X. Presto
11. Var. XI. Allegretto
12. Var. XII. Un poco più moto
13. Var. XIII. Vivace
14. Var. XIV. Grave e maestoso
15. Var. XV. Presto scherzando
16. Var. XVI. Allegro
17. Var. XVII.
18. Var. XVIII. Poco Moderato
19.Var. XIX. Presto
20.Var. XX. Andante
21.Var. XXI. Allegro con brio – Meno allegro
22.Var. Xxii. Allegro Molto
23.Var. Xxiii. Allegro Assai
24.Var. Xxiv – Fughetta. Andante
25.Var. XXV. Allegro
26. Var. Xxvi.
27. Var. Xxvii. Vivace
28.Var. Xxviii. Allegro
29.Var. Xxix. Adagio Ma Non Troppo
30. Var. XXX. Andante, sempre cantabile
31.Var. Xxxi. Largo, Molto Espressivo
32.Var. Xxxii – Fuga. Allegro – Poco Adagio
33.Var. Xxxiii. Tempo Di Menuetto Moderato

Paul Lewis – Piano

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Hoje tô de mal com o piano.
Hoje tô de mal com o piano.

FDPBach

W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para piano e orquestra Nº 22, K. 482 / L. v. Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra Nº 3, Op. 37

W. A. Mozart (1756-1791): Concerto para piano e orquestra Nº 22, K. 482 / L. v. Beethoven (1770-1827): Concerto para piano e orquestra Nº 3, Op. 37

Um clássico de capa nova. A anterior era branquinha, lembram? Para um CD como este, penso que as apresentações sejam dispensáveis. Por isso iremos com certa urgência à música. Uma excelente apreciação!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) –
Concerto para piano e orquestra No. 22 em Mi bemol maior, K. 482
01. Allegro
02. Andante
03. Allegro

Ludwig van Beethoven (1770-1827) –
Concerto para piano e orquestra No. 3 em Dó menor, Op. 37
04. Allegro con brio
05. Largo
06. Rondo (Allegro)

Sviatoslav Richter, piano
Philharmonia Orchestra
Riccardo Muti, regente

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mozaer Beethoven

Carlinus

A ‘jam session’ de Beethoven com o violinista negro Bridgetower (Op.47) e seu ‘jazz 120 anos antes’ (Op.111)

Publicado originalmente em 02.07.2010

Juro que tentei fazer mais curto, isto que o Grão-Mestre PQP, o Filho de Bach, chamou de ‘post-tese’… mas acho que a história a seguir é saborosa demais pra ser escondida, e outra chance não haverá. Só espero que vocês concordem! Trata-se do encontro entre Beethoven e o outro violinista negro com George no nome, mencionado de passagem na nossa primeira postagem sobre o Cavaleiro de Jorge francês (Chevalier de Saint-George).

John Frederick Bridgetower era um valete negro numa residência polonesa dos príncipes Esterházy do Império Austro-Húngaro. Lê-se que provavelmente havia fugido da escravidão em Barbados (novamente o Caribe), mas também que alegava ser um príncipe de seu próprio povo.

Sabemos por outros casos que isso não seria impossível, e, verdade ou não, John parece ter vivido nas cortes como um peixe n’água. Ainda na Polônia casou-se com Marianna Ursula – que uns creem suábia, outros polonesa – e aí mesmo, em 1778, nasceu-lhes George Augustus Polgreen Bridgetower – o que definitivamente não parece nome de filho de alguém que se considerasse servo.

George Bridgetower jovem http://i47.tinypic.com/112a0ic.jpg

Quanto a ‘George’, de certa forma também presente no nome daquele outro mestiço, Joseph Bologne, Chevalier de Saint-George – será mera coincidência? Pode ser, mas… um ano antes Mozart havia encontrado a vida musical de Paris dominada pela figura do violinista mestiço. Os Bridgetower viviam dentro da corte austríaca – e muito, muito cedo o pequeno Geoge Bridgetower também estava com o violino nas mãos. Nunca encontrei uma linha sobre isso, mas acho difícil não especular uma relação!

Mesmo se com o nome não houve mais que coincidência, é de fato improvável que não tenham sabido um do outro mais tarde: logo a família passou a servir no próprio Castelo Esterházy, onde atuava ninguém menos que Haydn – tão empregado dos Esterházy quanto os pais de George – e segundo algumas fontes, este logo teve o privilégio de aulas com o gigante.

Ora, se é verdade que Saint-George foi pessoalmente à Áustria encomendar as seis Sinfonias Parisienses (oferecendo por elas um valor que o pobre Haydn jamais havia sonhado), pode ter encontrado aí o pequeno George com 6 ou 7 anos. E mesmo se não foi pessoalmente, não deixou de haver correspondência entre o compositor de Paris e o austríaco que ele evidentemente admirava – pois empenhou-se em promovê-lo numa Paris que ainda não se havia dado conta da sua importância, como se vê no surpreso encantamento registrado nos jornais após essa estréia sêxtupla regida por Saint-George.

Para completar, aos 11 anos George Bridgetower faz seu début como virtuose do violino justamente no Concert Spirituel de Paris – do qual Saint-George havia sido diretor, se é que já havia deixado de ser.

A esta altura o pai aparentemente já não servia aos Esterházy, pois pelas cortes da Europa se comentava da finesse e desenvoltura em cinco idiomas com que empresariava os concertos do filho-prodígio – e este aos 13 anos cai nas graças de mais um George: o Príncipe de Gales, futuro George IV da Inglaterra e Hannover. Este lhe banca estudos de violino, teclado e composição com os maiores mestres da Londres da época – em troca, obviamente, do “passe” do menino.

Aos 25 anos, em licença, George chega a Viena, onde Beethoven, com 33, já pontificava. A amizade parece ter sido imediata, informal e entusiástica: Beethoven retoma alguns esboços, e em uma semana conclui a nona e mais importante das suas sonatas para violino e piano. Vão estreá-la juntos em 25/05/1803, com Bridgetower – acreditem ou não – tocando boa parte à primeira vista, e ainda lendo por sobre o ombro do compositor, pois nem tinha havido tempo para copiar a parte do violino.

Mas o melhor da história vem no segundo movimento, quando o piano reapresentava sozinho uma idéia exposta antes pelo violino – e Bridgetower ousou improvisar comentários uma oitava acima em vez de aguardar. Beethoven teria saltado do piano e… ao contrário do que se poderia esperar do seu gênio, teria abraçado o violinista com palavras que se traduzem perfeitamente por “Mais, camaradinha, mais!” – o que me faz perguntar: terá sido essa a primeira jam session da história?

Que o clima era de divertimento, atesta-o também o título que aparece no manuscrito original: nada menos que “Sonata mulattica, composta per il mulatto Brischdauer [grafia jocosa do nome], gran pazzo [grande maluco] e conpositore mulattico” – havendo referência ainda à anotação “Sonata per un mulattico lunatico”.

Tão informal, porém… que segundo um relato da época os dois teriam comemorado a estréia com uma bebedeira homérica, no meio da qual Beethoven teria se dado por ofendido por uma observação de Bridgetower sobre determinada mulher… A amizade teria terminado aí, e seria por isso que pouco tempo depois Beethoven enviou a sonata com dedicatória ao francês Rodolphe Kreutzer, violinista mais famoso da época.

Outros veem uma razão mais pragmática: com brigas ou não, Beethoven planejava uma temporada em Paris e pensou que dedicar a sonata a Kreutzer podia ajudar no projeto. O fato é que a viagem não se concretizou, e Kreutzer, por sua vez, apenas passou os olhos e disse que a obra era um nonsense inexecutável, e que de resto não lhe interessava porque ‘nem era virgem’ (a expressão é minha)… Nunca tocou a peça que imortalizou seu nome injustamente, enquanto o de Bridgetower só recentemente vem sendo recuperado.

Mas não pensem que para este a briga com Beethoven – se é que houve – tenha sido o fim: em 1811 bacharelou-se em Música em Cambridge ‘defendendo’ um anthem para coro e orquestra (e eu fiquei extremamente surpreso de saber que já existia isso em música na época); deixou ainda peças para piano, canções, suítes de arranjos de danças, e ao que parece dois concertos e uma sinfonia desaparecidos (nunca encontrei referência a nenhuma gravação de suas peças, infelizmente). Foi membro das associações profissionais mais importantes, e parece ter tido considerável papel como professor, do que é documento uma carta de Vincent Novello, pioneiro do revival de Bach na Inglaterra, assinada como “seu antigo aluno e admirador profissional sempre”. Bridgetower viveu ainda alguns períodos em Roma e fez diversas viagens pela Europa, até morrer em Londres com 82 anos, em 1860.

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Quanto à música, é de notar que esta Sonata op.47 tenha sido composta no mesmo ano que a Eroica, tida por um marco no estabelecimento do romantismo em música. As duas têm praticamente o dobro da duração das obras anteriores do mesmo gênero, e são saltos definitivos no sentido da pessoalidade da linguagem. (Quanto ao fato de anteriormente Beethoven já ter publicado 8 sonatas para violino e só 2 sinfonias, me faz pensar numa imensa preparação interior para revolucionar esta forma antes de poder adotá-la como seu campo privilegiado de expressão pessoal).

Este blog já tem outra gravação da Sonata “a Kreutzer” (argh!), e com ninguém menos que Yehudi Menuhin – mas fui ouvi-la e achei um tanto fria, e sobretudo daquela solenidade pedante que se costumava atribuir a Beethoven, mas que – como vimos – não tem nada a ver com o clima da criação da obra. Preferi esta gravação recente do austro-canadense Corey Cerovsek com o finlandês Paavali Jumppanen – apesar de a qualidade de som deixar a desejar, nesta versão ao vivo (que não é a mesma do CD acima).

Mas a postagem ainda me parecia incompleta, e aí lembrei daquela outra obra de Beethoven, onde, incompreensivelmente, sua experimentação resultou em cinco minutos que soam literalmente como o mais legítimo jazz pianístico de 120-150 anos depois: sua última sonata para piano, a famosa Opus 111. Para isso escolhi mais uma gravação ao vivo recente, a do inglês Paul Lewis (e, mais uma vez, o selo da Amazon se refere à versão de estúdio. Lewis, a propósito, já fez a integral das sonatas).

Beethoven muitas vezes abriu mão do processo clássico de desenvolvimento de idéias musicais em favor da forma tema-e-variações, tida pela musicologia como de origem espanhola. Uma das vezes foi no 2.º movimento da sonata estreada com Bridgetower. Outra, no 2.º e (de modo incomum) último movimento da op. 111, o que lá pelas tantas ‘vira jazz’.

Também em muito de Saint-Georges parecemos encontrar uma opção pela apresentação de um tema e sua variação, em lugar de um desenvolvimento propriamente dito.

Haverá algo de uma ‘sensibilidade negra’ nessa opção pela variação – que, afinal, é o próprio processo estrutural do jazz? E teria Beethoven sido tocado de algum modo por essa sensibilidade negra através do seu encontro com Bridgetower, ou mesmo de um nada impossível contato com obras de Saint-George?

Talvez não – mas também não seria impossível. E se é certo que nunca teremos certeza, também me parece extremamente estimulante mantê-lo como hipótese em aberto, ‘talvez não, talvez sim…’ Afinal, não se tratando de questões de sobrevivência, a certeza é tanto desnecessária quanto empobrecedora – e sobretudo anti-poética, incompatível com a natureza da arte!

Faixa 1
Sonata para violino e piano n.º 9, op. 47 – ‘Mullatica’, ‘Kreutzer’ (1803)
. . 00:00 Adagio sostenuto – Presto
. . 13:40 Andante con variazioni
. . 28:50 Presto
Corey Cerovsek, violino – Paavali Jumppanen, piano
Gravação ao vivo disponibilizada na internet.
Gravação de estúdio pelos mesmos artistas: Claves Records, 2007

Faixa 2
Sonata para piano n.º 32, op. 111 (1822)
. . 00:00 Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
. . 08:45 Arietta – Adagio molto semplice e cantabile
. . . . (‘jazz’ de 13:59 a 17:40)
Paul Lewis (Inglaterra), piano
Gravação ao vivo disponibilizada na internet.
Gravação de estúdio pelo mesmo artista: Harmonia Mundi, 2008

. . . . . BAIXE AQUI – download here

Ranulfus

Restaurado – Os DOIS encontros de Guiomar e Beethoven no Quarto – e ainda Ao Luar!

Restaurado – Os DOIS encontros de Guiomar e Beethoven no Quarto – e ainda Ao Luar!

http://www.tropis.org/imagext/guiomar novaes beethoven swarowsky.jpgIM-PER-DÍ-VEL !!!

Publicado originalmente em 07.05.2010

Este post só foi possível graças a uma rede de colaborações. Primeiro, nosso leitor Eduardo Maia Bandeira de Melo enviou a gravação do concerto com Klemperer. Eu só conhecia a outra, e fiquei pasmo de ouvir como a mesma pianista pôde produzir duas versões tão diferentes da mesma obra – e as duas antológicas.

Aí veio a vontade irresistível de ouvi-las lado a lado – e obviamente de compartilhar essa audição com vocês – mas trombei com que a versão com Swarowsky anda inincontrável em CD e internet. E aí entrou nosso companheiro de equipe Avicenna, grande mestre em ripagem de LPs de vinil e pós-processamento dos arquivos. E de repente…

… eis que ouço saindo pela primeira vez do micro aqueles sons que me atingiam vindos da vitrola de meu pai quando eu ainda nem havia saído da barriga da minha mãe. (Parece que eram esse concerto e a Pastoral com Walter Goehr. Pouco depois esta era o único jeito de acalmar um certo sujeito um tanto indignado por ter nascido…)

Aí, uma decisão delicada: o CD oferecido pelo Eduardo contém mais 7 peças de recital, desacompanhadas, de Bach-Silotti, Brahms, Gluck-Sgambatti, Saint-Saëns sobre Gluck… em interpretações espantosas por diferentes motivos. Imperdível, mas inseridos artificialmente no mesmo disco. Totalmente fora do campo desse Beethoven. E decidi transferi-las para outro post, a ser feito em breve.

Por outro lado, o disco de Swarowsky contém ainda a Sonata ao Luar – provavelmente a leitura mais clássica, desapaixonada, cool, que já ouvi dessa obra. Ela ficaria totalmente desenturmada entre aquelas outras peças (quando vocês ouvirem vão entender…) e definitivamente não destoa do clima geral deste post. E então ficou aqui, de bis – ou tris, pois aparece depois que o concerto inteiro é bisado!

Antes de deixar com vocês, só quero dizer que não vejo o objetivo de “eleger a melhor” nessa audição lado a lado; acho mesmo que seria uma atitude mesquinha demais para matérias desta ordem. São diferentes, e ponto. Mas confesso que tendo a achar Klemperer mais interessante nos movimentos rápidos, enquanto o Andante com Swarowsky… ouçam em silêncio e atenção até a ÚLTIMA nota e depois me digam.

E ainda: Klemperer perderá um pouco na qualidade de som, e não por culpa do Eduardo: a gravação é de 1951 (informação do leitor Flavio Dutra), e a de Swarowsky foi lançada em 1962 já em stereo.

Finalmente: não parece notável que as duas versões tenham sido gravadas em Viena – a cidade que Beethoven adotou, e onde compôs e apresentou ao mundo esta música toda?

Beethoven, Concerto para piano e orquestra n.º 4, em Sol, op.58
Orquestra Sinfônica de Viena – Regente: Otto Klemperer
Solista: Guiomar Novaes

Ano de lançamento: 1951

01 I Allegro moderato
02 II Andante con moto
03 III Rondo, Vivace

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

As outras peças contidas no mesmo CD (Bach, Brahms, Gluck etc.) serão postadas separadamente.

Beethoven, Concerto para piano e orquestra n.º 4, em Sol, op.58
Orquestra Pro-Musica de Viena – Regente: Hans Swarowsky
Solista: Guiomar Novaes

Ano de lançamento: 1962

01 I Allegro moderato
02 II Andante con moto
03 III Rondo, Vivace

Beethoven, Sonata para piano n.º 14, em Do sustenido menor, op.27 nº 2
“Ao Luar”, “Moonlight”, “Mondschein”
Pianista: Guiomar Novaes

Incluído no LP (vinil) do 4.º Concerto com Swarowsky (1962)

04 (faixa única)
. . . 0:00 I Adagio Sostenuto
. . . 5:20 II Allegreto
. . . 7:42 III Presto Agitato

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Guiomar, dois encontros com homens diferentes
Guiomar, dois encontros com homens diferentes

Ranulfus

[restaurado por Vassily em 22/5/2020]

Beethoven (1770-1827): as 32 Sonatas para piano por Paul Lewis (2006-08) – REVALIDADO

Que mistério tem Paul Lewis? Pra ser sincero, conheço uma carrada de pianistas que passam, bem mais que ele, impressões de profundidade, expressividade, grandiosidade no que fazem. Quanto mais ouço, mais me convenço de que Lewis usa, digamos, uma paleta limitada de climas, cores, efeitos –

… entre eles, é verdade, o uso mais afetuosamente aveludado do pedal ‘una corda’ que já ouvi – sem falar da capacidade de fazer cada nota soar audível por si, sem jamais virar mera componente de massas. Mas por magistrais que sejam essas habilidades, continuam sendo parte de um quadro bastante limitado.

E no entanto eu não consigo parar de ouvir! Que mistério tem o Paul?

Tento levantar hipóteses. Penso em chamar sua abordagem de “vitória da simplicidade”, quem sabe até “apoteose”. Suponho uma opção de não carregar a música com emoções e interpretações pessoais, para deixar transparecer com pureza a vida mental-emocional do próprio compositor, corporificada na estrutura mesma da música com tanta clareza que – como a Marina morena que já é bonita com o que Deus lhe deu – torna supérfluo ou contraproducente qualquer tipo de maquiagem.

Será por aí? Venho apostando que sim, mas com uma dimensão adicional: vejo (com os ouvidos) Lewis abordar Beethoven com uma forma eminentemente clássica de tocar, não romântica. Tocá-lo como quem tocasse Mozart, Haydn ou – mais ainda – aquela enxurrada de música mais ou menos didática para teclado deixada pelos Diabellis e Clementis da vida.

Mas isso não seria rebaixá-lo, de certa maneira? Fazê-lo retroceder?

É aí que estaria a genialidade da sacada de Lewis: tocando ao modo romântico, Beethoven pode soar “pré” alguma coisa: estilisticamente, uma espécie precursor imaturo de um Schumann, um Brahms, até um Tchaicóvski… Tocado como clássico, no entanto, desaparece qualquer ideia de “pré”, e em seu lugar se ergue retumbante um “pós-“, um “trans”, um “meta-“,

… a dilatação de uma linguagem até os seus limites e, de repente, para além deles, por territórios que simplesmente não existiam antes – e, se não existiam, nem eles nem os que vieram depois, a troco de quê considerá-los um “pré”?

Se é por isso não sei, mas meu antigo preconceito contra as peças mais antigas do Ludovico desta vez não resistiu: fui ouvir a primeira de todas as sonatas – que é Opus 2, quer dizer: apenas a segunda obra publicada pelo nosso compositor… e já achei música madura, consistente – e estilisticamente (mais uma vez) um passo além de Mozart e Haydn com segurança, sem titubear. E ainda mais: música com conteúdo emocional denso, sem absolutamente nada que se pudesse julgar “banal” (embora, curiosamente, eu não consiga evitar uma impressão de banalidade em vários trechos – trechos, nunca peças inteiras – de obras bem posteriores, como p.ex. da Sonata 18 e mesmo da 28, apesar de esta de certa forma já integrar o Himalaia final, constituído pelas Sonatas 29 [Hammerklavier], 31 e 32, com esta 28 e a 30 como vales surgidos da mesma rocha, no entremeio).

Me perdoem a prolixidade, mas acontece que, apesar de meus pais terem usado um disco da Pastoral (a sinfonia) pra me fazerem dormir no berço (juro!), foi só agora, meio século e meia década mais tarde, que tive a oportunidade de conhecer as 32 sonatas como conjunto – e não há como não estar embriagado. Queria mesmo é falar horas sobre este e aquele detalhe desta e daquela sonata, mas, sosseguem, só vou registrar umas poucas impressões:
• Cada vez mais encantado por diferentes aspectos da Waldstein (nº 21)… e da Tempestade (nº 17).
• Entre as popularmente famosas, parece que a Appassionata (nº 23) é de longe a mais consistente.
• Alguém aí já prestou atenção na “despretensiosa” nº 27? Coisa gostosa, sô!
• Ainda não contabilizei quantos dos 102 movimentos são séries de variações – mas são um monte, dentre eles algumas das criações máximas do Ludovico (vide Opus 111). Ele chega ao cúmulo de abrir a nº 12 com um Andante con variazioni – o que parece uma negação da própria ideia de sonata!
Por outro lado, seu cabelo preto e olhos castanhos têm provocado muitos a supor uma ancestralidade espanhola, e até moura, através do lado flamengo da família (isto é, de região dominada pela Espanha por alguns séculos). E a Espanha é tida como pioneira na construção de peças na forma tema-e-variações, na música europeia. Não tem como evitar uma vontade danada de especular relações… mas a verdade é que, se eu tenho algum bom senso, o que ele diz dessa hipótese é “bullshit!”. Abobrinha pura.
• O Himalaia I: quer me parecer que foi só na Hammerklavier (Op.106, de 1819) que Beethoven transcendeu de vez o uso clássico do teclado, com sua herança cravística ou clavicordística. Os acordes massivos nas duas mãos – que soam como produzidos por 20 dedos, não 10 -, as explorações dos extremos do teclado – parecem estabelecer de uma vez, numa obra só, a linguagem pianística do romantismo e, no último movimento, já grande parte do que o século XX viria a explorar.
• O Himalaia II. A Opus 110 (nº 31) é uma joia de primeira grandeza que nunca deveria ser deixada na sombra da Opus 111, como tantas vezes se faz. Aliás, olhando o conjunto de cada uma dessas quatro ou cinco como sonata, a Opus 111 não é de modo nenhum a melhor. Mas quem diz que a esta altura estamos falando de sonatas? A altitude chegou a tanto que as formas começaram a se evaporar, a sequência de variações virou uma trilha, uma passagem… (Para o quê? Melhor não tentar explicar!)

Voltando a Lewis, pra terminar: ao falar de “modo clássico de tocar”, longe de mim a ilusão de que Lewis toque precisamente como um Mozart ou um Clementi tocariam! Afinal, ele vive hoje, ouviu tudo o que veio depois… mas parece dar preferência a deixar entrever que ouviu jazz, e até mesmo tango, a deixar transparecer que ouviu Chopin ou Liszt ou Brahms, em sua preparação para abordar o Ludovico.

Talvez venha daí um tanto do encanto desta sua realização das sonatas – um encanto que talvez não seja imortal: talvez fique para sempre atrelado a este momento ‘pós-moderno’ que vivemos. Mas mesmo sabendo disso… torço pra que seja infinito enquanto dure!

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As sonatas estão postadas aqui em sua ordem cronológica, que não foi seguida nos 10 CDs da gravação de Lewis, lançados de 2006 a 2008. Se alguém quiser ouvir na ordem dos CDs, é a seguinte:
CD 01: Sonatas 16, 17 e 18 · CD 02: Sonatas 08, 11 e 28 · CD 03: Sonatas 09, 10, 21 e 24
CD 04: Sonatas 25, 27 e 29 · CD 05: Sonatas 01, 02 e 03 · CD 06: Sonatas 04, 22 e 23
CD 07: Sonatas 12, 13 e 14 · CD 08: Sonatas 05, 06 e 07 · CD 09: Sonatas 15, 19, 20 e 26
CD 10: Sonatas 30, 31 e 32
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BEETHOVEN: AS 32 SONATAS PARA PIANO em sua ordem original

ATENÇÃO: os mp3 estão soltos dentro dos arquivos rar; sugiro criar uma pasta e extrair o conteúdo dos 4 arquivos rar dentro dela. Mp3 files are loose within the rar files; the best way to manage them is creating a folder to extract all 4 rar files into it.

Arquivo 1 : Sonatas 1 a 7 : BAIXE AQUI – download here

Arquivo 2 : Sonatas 8 a 15 : BAIXE AQUI – download here

Arquivo 3 : Sonatas 16 a 24 : BAIXE AQUI – download here

Arquivo 4 : Sonatas 25 a 32 : BAIXE AQUI – download here

• • • • • • • • • • ARQUIVO / FILE 1 • • • • • • • • • •
Sonata no.01 in F minor, Op.2 no.1 – 1795
..1………01.1………Allegro
..2………01.2………Adagio
..3………01.3………Menuetto: Allegretto
..4………01.4………Prestissimo

Sonata no.02 in A major, Op.2 no.2 – 1795
..5………02.1………Allegro vivace
..6………02.2………Largo appassionato
..7………02.3………Scherzo: Allegretto
..8………02.4………Rondò: Grazioso

Sonata no.03 in C major, Op.2 no.3 – 1795
..9………03.1………Allegro con brio
10………03.2………Adagio
11………03.3………Scherzo
12………03.4………Allegro assai

Sonata no.04 in E flat major, Op.7 ‘GRAND SONATA’ – 1797
13………04.1………Allegro molto e con brio
14………04.2………Largo con gran espressione
15………04.3………Allegro
16………04.4………Rondò: Poco allegretto e grazioso

Sonata no.05 in C minor, Op.10 no.1 – 1798
17………05.1………Allegro molto e con brio
18………05.2………Adagio molto
19………05.3………Finale: Prestissimo

Sonata no.06 in F major, Op.10 no.2 – 1798
20………06.1………Allegro
21………06.2………Allegretto
22………06.3………Finale: Presto

Sonata no.07 in D major, Op.10 no.3 – 1798
23………07.1………Presto
24………07.2………Largo e mesto
25………07.3………Menuetto: Allegro
26………07.4………Rondò: Allegro

• • • • • • • • • • ARQUIVO / FILE 2 • • • • • • • • • •
Sonata no.08 in C minor Op.13 ‘PATHETIQUE’- 1798
27………08.1………Grave – Allegro di molto e con brio
28………08.2………Andante cantabile
29………08.3………Rondò: Allegro

Sonata no.09 in E major Op.14 no.1 – 1798
30………09.1………Allegro
31………09.2………Allegretto
32………09.3………Rondò: Allegro commodo

Sonata no.10 in G major Op.14 no.2 – 1798
33………10.1………Allegro
34………10.2………Andante
35………10.3………Scherzo: Allegro assai

Sonata no.11 in B flat major Op.22 – 1800
36………11.1………Allegro con brio
37………11.2………Adagio con molto espressione
38………11.3………Tempo di menuetto
39………11.4………Rondò: Allegretto

Sonata no.12 in A flat major, Op.26 ‘MARCIA FUNEBRE’- 1801
40………12.1………Andante con variazioni
41………12.2………Scherzo: Allegro molto
42………12.3………Marcia funebre sulla morte d’un eroe
43………12.4………Allegro

Sonata no.13 in E flat major, Op.27 no.1 ‘QUASI UNA FANTASIA I’ – 1801
44………13.1………Andante
45………13.2………Allegro molto e vivace
46………13.3………Adagio con espressione
47………13.4………Finale. Allegro vivace

Sonata no.14 in C sharp minor, Op.27 no.2
‘QUASI UNA FANTASIA II’, ‘MOONLIGHT’, ‘AO LUAR’ – 1801
48………14.1………Adagio sostenuto
49………14.2………Allegretto
50………14.3………Presto agitato

Sonata no.15 in D major, Op.28 ‘PASTORALE’ – 1801
51………15.1………Allegro
52………15.2………Andante
53………15.3………Scherzo: Allegro vivace
54………15.4………Rondò: Allegro ma non troppo

• • • • • • • • • • ARQUIVO / FILE 3 • • • • • • • • • •
Sonata no.16 in G major, Op.31no.1 – 1802
55………16.1………Allegro vivace
56………16.2………Adagio grazioso
57………16.3………Rondò: Allegretto

Sonata no.17 in D minor, Op.31 no.2 ‘TEMPEST’, ‘A TEMPESTADE’- 1802
58………17.1………Largo
59………17.2………Adagio
60………17.3………Allegretto

Sonata no.18 in E flat major, Op 31 no.3 ‘LA CACCIA’, ‘A CAÇA’ – 1802
61………18.1………Allegro
62………18.2………Allegretto vivace
63………18.3………Menuetto: Moderato e grazioso
64………18.4………Presto con fuoco

Sonata no.19 in G minor, Op.49 no.1 – 1805
65………19.1………Andante
66………19.2………Rondò: Allegro

Sonata no.20 in G major, Op.49 no.2 – 1805
67………20.1………Allegro ma non troppo
68………20.2………Tempo di menuetto

Sonata no.21 in C major Op.53 ‘WALDSTEIN’ – 1803
69………21.1………Allegro con brio
70………21.2………Introduzione. Adagio molto
71………21.3………Rondò: Allegretto moderato

Sonata no.22 in F major, Op.54 – 1804
72………22.1………In tempo di menuetto
73………22.2………Allegretto

Sonata no.23 in F minor, Op.57 ‘APASSIONATA’ – 1805
74………23.1………Allegro assai
75………23.2………Andante con moto
76………23.3………Allegro ma non troppo

Sonata no.24 in F sharp major Op.78 ‘A THERESE’ – 1809
77………24.1………Allegro ma non troppo
78………24.2………Allegro vivace

• • • • • • • • • • ARQUIVO / FILE 4 • • • • • • • • • •
Sonata no.25 in G major Op.79 ‘ALLA TEDESCA’ – 1809
79………25.1………Presto alla tedesca
80………25.2………Andante
81………25.3………Vivace

Sonata no.26 in E flat major, Op.81a ‘LEX ADIEUX’, ‘LEBEWOHL’ – 1810
82………26.1………Adagio – Allegro (Les Adieux)
83………26.2………Andante espressivo (L’Absence)
84………26.3………Vivacissimamente (Le Retour)

Sonata no.27 in E minor Op.90 – 1814
85………27.1………Allegro: Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
86………27.2………Rondò: Nicht zu geschwind und sehr singbar vorzutragen

Sonata no.28 in A major Op.101 – 1816
87………28.1………Allegretto ma non troppo. Etwas lebhaft
88………28.2………Vivace alla marcia. Lebhaft
89………28.3-4……Adagio ma non troppo – Allegro ma non troppo

Sonata no.29 in B flat major Op.106 ‘HAMMERKLAVIER’ – 1819
90………29.1………Allegro
91………29.2………Scherzo: Assai vivace
92………29.3………Adagio sostenuto: Appassionato e con molto sentimento
93………29.4………Largo – Allegro risoluto

Sonata no.30 in E major, Op.109 – 1820
94………30.1………Vivace ma non troppo. Adagio espressivo
95………30.2………Prestissimo
96………30.3………Andante: Gesangvoll mit innigster empfindung, mezza voce

Sonata no.31 in A flat major, Opus 110 – 1821
97………31.1………Moderato cantabile molto espressivo
98………31.2………Allegro molto
99………31.3………Adagio ma non troppo – Allegro ma non troppo (Fuga)

Sonata no.32 in C minor, Opus 111 – 1822
100………32.1………Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
101………32.2………Arietta: Adagio molto semplice e cantabile

Ranulfus (postado originalmente em 20.10.2012)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 – Mullova, Oistrakh

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 – Mullova, Oistrakh

Enquanto o mano PQP goza de suas merecidas férias, e os outros membros do blog também parecem estar desfrutando deste período de festas, trago mais duas versões do Concerto para Violino de Beethoven.


A primeira é a gravação, de 2002, que Viktoria Mullova fez com o John Elliot Gardiner e a Orchestre Revolutionnaire et Romantique, cujos músicos tocam com instrumentos e orientações de época.  Gardiner é um grande especialista neste estilo de interpretação, mas por algum motivo, que não consegui identificar, não conseguiu convencer alguns clientes da Amazon, que em média, deram “apenas” quatro estrelas para esta gravação.  Mas claro que aqui a estrela é Mullova, sempre perfeita, e totalmente à vontade. Um assombro essa menina.


A outra gravação é considerada “A” gravação do século XX desse concerto, com um David Oistrakh no apogeu e auge da carreira, final dos anos 50. E Oistrakh? Para que falar? O homem é, em minha modesta opinião, o maior violinista do século XX. E ponto final. Quem tiver interesse, e tempo, existe uma série de 17 cds postadas no avaxhome chamada “David Oistrakh – The Complete Recordings”. Pode até mesmo comprar, pois está custando apenas 54 dólares no site da amazon. A famosa barbada. Mas vamos ao que interessa. E antes que me esqueça, um excelente 2010 para todos.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto, op. 61

01. Violin Concerto in D major Op.61 – I. Allegro ma non troppo (Cadenza; Kreisler)
02. Violin Concerto in D major Op.61 – II. Larghetto
03. Violin Concerto in D major Op.61 – III. Rondo; Allegro (Cadenza; Kreisler)

David Oistrakh – Violin
Orchestre National Radiodiffusion Française
Andre Cluytens – Conductor

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Viktoria Mullova – Violino
Orchestre Revolutionnaire et Romantique
John Elliot Gardiner – Conductor

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Preferimos Mullova a Oistrakh
No âmbito das fotos, preferimos Mullova a Oistrakh

FDPBach

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 — Jansen, Perlman

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Violin Concerto, Op. 61 — Jansen, Perlman

Eis uma falha do blog que nunca deverá ser perdoada. Um leitor alertou que não encontrou nenhuma gravação do Concerto para Violino de Beethoven, o famoso op. 61. Em minha cabeça, eu tinha certeza de que havia postado alguma versão, ainda no início do blog, mas para minha surpresa, nem com Heifetz, nem com o Stern, nem com o Oistrakh, enfim,nenhuma. Nem da parte de meus colegas, talvez Clara Schumann tenha postado alguma versão, mas não lembro, e quando ela se retirou do blog, apagou todas as suas postagens.

Para compensar esta tremenda falha, estarei nos próximos dias estarei postando as minhas versões favoritas, desde as mais antigas, até as mais atuais.

Para começar, trago duas versões. Uma é a recentemente lançada pela Janine Jansen, uma jovem holandesa, que já nos deixou embevecidos com sua beleza graças a uma postagem do mano PQP, em sua redenção à obra de Tchaikovsky.

A outra gravação que trago aqui agora é a celebrada versão de Itzhak Perlmann com o Giulini, creio que gravada em 1980.

Não quero fazer comparações, apenas demonstrar de que forma esta obra vem sendo interpretada no correr dos anos. Não posso comparar gigantes em seu apogeu, como Oistrakh ou Heifetz com a própria Jansen, ou Hahn, jovens que tem uma vida inteira pela frente.

Enfim, vamos ao que interessa.

Ludwig van Beethoven – Violin Concerto, op. 61

1 Allegro ma non troppo
2 Larghetto
3 Rondo – Allegro

Itzhak Perlman – Violin
Philharmonia Orchestra
Carlo Maria Giulini

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Ludwig van Beethoven – Violin Concerto, op. 61

1 Allegro ma non troppo
2 Larghetto
3 Rondo – Allegro

Janine Jansen – Violin
London Symphony Orchestra
Paavo Järvi

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No âmbito das fotos, preferimos Jansen a Perlman
No âmbito das fotos, preferimos Jansen a Perlman

FDP Bach

Ospa nas igrejas ou Nada é o que parece ou Concerto de Gatinhos

Clarke: revirando-se no túmulo
Clarke: revirando-se no túmulo

Nossa, que chuvarada a de ontem à noite! E que acústica horrível e gritona a da Igreja dos Navegantes! Quando o excelente oboísta Javier Balbinder começou a ensaiar sozinho no palco já deu para concluir que o final da Abertura Egmont soaria como uma manada de elefantes na ponte do Guaíba. E soou mesmo.

Quando o concerto iniciou, os sismógrafos londrinos tremeram, indicando movimentos no solo abaixo da Catedral de St. Paul. É que Jeremiah Clarke revirava-se e dava socos para todo lado dentro de seu túmulo. O concerto começou com Trumpet Voluntary

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Miau!
Miau!

Desde 1940, é sabido que a obra conhecida por Trumpet Voluntary foi escrita por Jeremiah Clarke e não por Henry Purcell, como anunciou o programa da Ospa. Quando a peça foi escrita, Purcell já estava morto havia cinco anos. A peça foi escrita originalmente para cravo e chama-se Prince of Denmark’s March. De 1878 até 1940, a peça foi atribuída a Henry Purcell e chamada de Trumpet Voluntary. Tudo porque, naquele ano do século XIX, um certo William Sparkes publicou um volume chamado Pequenas Peças para o Órgão, Livro VII, No. 1 (Londres, editado por Ashdown & Parry), incluindo erroneamente a peça de Clarke como se fosse de Purcell. Esta versão chamou a atenção de Sir Henry J. Wood, que fez duas transcrições orquestrais do mesma. Aí é que apareceu o trompete e o novo nome. Antigas gravações do início do século XX cimentaram o erro. Mantido o título dado por Wood, a peça tornou-se popular em casamentos reais, mas sabe-se desde 1940 que seu autor é Jeremiah Clarke, não Purcell.  Não acho muito legal errar o autor de uma obra.

Volo 1
Estou mortinho!

O pobre Clarke não foi sacaneado somente pela Ospa. Dizem os livros que “uma paixão violenta e sem esperança por uma bela senhora de uma classificação superior a sua levou-o a cometer suicídio”. Antes de se matar, ele ficou na dúvida: enforcamento ou afogamento? Como forma de decidir seu destino, ele jogou uma moeda para o alto, mas esta caiu em pé na lama. Gente, não brinco, falo sério. Em vez de considerar o fato como um sinal de que deveria desistir de seu intento, ele escolheu um terceiro método, matando-se com um tiro na cabeça nos jardins da Catedral de St. Paul, em Londres. Suicidas não têm muita chance com igrejas, mas foi feita uma exceção para Clarke, que foi enterrado na cripta da Catedral.

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Óin!
Óin! Olha o adágio de Albinoni aí, gente!

Por outro lado, com toda a razão, estava escrito no programa da Ospa: Albinoni (Remo Giazzoto) – Adagio.

Albinoni foi um compositor barroco veneziano relativamente obscuro. Então, em 1958, surgiu este “Adagio” que tem sido usado por companhias de balé, patinadores, filmes — lembram de Gallipoli, um filme de 1981 sobre a Primeira Guerra Mundial? — e, com letras, por uma série de vocalistas como Sarah Brightman, por exemplo. Esta peça é, no entanto, uma composição moderna, como salientou o maestro Tiago Flores após regê-la. Conto o caso a seguir.

cacda
Gato mau. Será por causa de Wagner?

Manuscritos de Albinoni, incluindo uma série de partituras que nunca tinha sido publicada, estavam há muitos anos na Alemanha. Mas a biblioteca onde se encontravam foi destruída no bombardeio de Dresden, em fevereiro de 1945. Os papéis de Albinoni foram perdidos no incêndio. Porém, algumas obras do compositor tinham sido antes catalogadas por um musicólogo italiano chamado Remo Giazotto, autor de uma biografia de Albinoni. Em 1958, Giazotto introduziu esta peça como obra de seu biografado. Ele a teria reconstruído a partir de fragmentos de uma sonata.

Mas outros musicólogos tinham realizado as mesmas pesquisas e acharam tudo muito estranho. Denunciaram. Diante disso, como bom italiano enrolão, a história de Giazotto mudou um pouco. Ele passou a dizer que tinha se baseado em alguns fragmentos de uma linha de baixo que estavam num manuscrito de Albinoni. Mais: ele alegou que tinha os fragmentos. E mais: disse que eles tinham sido enviados a ele por questões de segurança, quando a biblioteca em Dresden dispersou muitos de seus tesouros… Um cidadão imaginativo, sem dúvida. É fundamental saber que os direitos autorais da peça têm apenas o nome de Remo Giazotto. E que ele, é claro, jamais mostrou os tais manuscritos.

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Bunitinho!
Soninho.

Abertura Egmont. Aqui não há erro nem má intenção, apenas curiosidades. A música incidental para a peça Egmont, de Goethe, foi composta no final de 1809 para o Court Theater de Viena. A obra de Goethe é de 1786 e refere-se à acontecimentos não contemporâneos dos autores. No século XVI, o conde Egmont, de Flandres, lidera o povo flamengo em sua revolta contra a tirania espanhola. Depois de sua captura e prisão pelos espanhóis, sua amante Clärchen tenta resgatá-lo, mas fracassa em sua tentativa e ela se suicida, ingerindo veneno. Em sua cela, Egmont tem visões da imagem da liberdade e esta é uma mulher que se parece com sua amada. Ela coloca uma coroa de louros em sua cabeça enquanto uma música militar é ouvida. Então Egmont é executado, mas leva consigo a certeza de que a liberdade irá prevalecer.

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Meus
Bunitinho…

Este foi um Concerto de Gatinhos. Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Salada semelhante foi-nos servida  na noite de ontem. A Ospa estava cheia de gatinhos, óin… Olha, eu acho que isso não cria público, acredito que este gênero de programa seja válido apenas em séries de concertos para escolas ou como eram os velhos “Concertos para a Juventude”, mas enfim. O apelido “Disco de Gatinhos” ou “Concerto de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções…

Não vou avaliar o lado artístico do concerto de ontem. Era quase impossível tocar alguma coisa sem desafinar no meio daquela reverberação. Os membros da orquestra devem ter saído meio surdos de lá.

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O programa:

Com aquela chuva, queriam que não estivesse amassado?
Com aquela chuva, queriam que não estivesse amassado?

PQP

[Restaurado] Argerich Collection – Beethoven, Chopin, Tchaikovsky, Schumann, Liszt, Prokofiev e Ravel

Martha Argerich é com certeza uma das maiores pianistas da história. Exagero? Não. Senso profundo de um discernimento apurado. Suas interpretações geralmente são eivadas de expressividade, energia e paixão. Existe um frescor latente em sua performance. Posso notar, por exemplo, nesse momento enquanto escuto o concerto no. 1 de Beethoven isso que acabei de enunciar. Esse box que ora posto com 4 CDs, traz os principais concertos para piano já escritos. Senti falta de Brahms e Grieg, já que o repertório é em quase sua totalidade romântico. Os quatro CDs nos levam a mais de quatro horas de música da mais alta qualidade, com esta argentina polida e apaixonada. Um bom deleite!

DISCO 01

Ludwig van Beethoven (1770-1827) –

Piano Concerto No.1 in C major, Op.15
01. I.Allegro con brio
02. II.Largo
03. III.Rondo Allegro

Piano Concerto No.2 in B flat major, Op. 19
04. I.Allegro con brio
05. II.Adagio
06. III.Rondo Allegro molto

Philharmonia Orchestra
Giuseppe Sinopoli, regente
Martha Argerich, piano

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DISCO 02

Frédéric Chopin (1810-1849) –

Piano Concerto No.1 in e minor, Op.11
01. I.Allegro maestoso
02. II.Romance-Larghetto
03. III.Rondo-Vivace

London Symphony Orchestra
Claudio Abbado, regente
Martha Argerich, piano

Piano Concerto No.2 in f minor, Op.21
04. I.Maestoso
05. II.Largetto
06. III.Allegro vivace

National Symphony Orchestra
Mstilav Rostropovich, regente
Martha Argerich, piano

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DISCO 03

Peter I. Tchaikovsky (1840-1893) –

Piano Concerto No.1 in B flat minor, Op.23
01. I.Allegro non troppo e molto maestoso-Allegro con sp
02. II.Andantino semplice
03. III.Allegro con fuoco

Royal Philharmonic Orchestra
Charles Dutoit, regente
Martha Argerich, piano

Robert Schumann (1810-1856) –

Piano Concerto in a minor Op.54
04. I.Allegro affettuoso
05. II.Intermezzo Andantino-attacca
06. III.Allegro vivace

National Symphony Orchestra
Mstilav Rostropovich, regente
Martha Argerich, piano

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DISCO 04

Franz Liszt (1811-1886) –

Piano Concerto No.1 in E flat major
01. I.Allegro maestoso
02. II.Quasi Adagio
03. III.Allegretto vivace-Allegro animatto
04. IV.Allegro marziale animato

London Symphony Orchestra
Claudio Abbado, regente
Martha Argerich, regente

Serge Prokofiev (1891-1953) –

Piano Concerto No.3 in C major
05. I.Andante-Allegro
06. II.Thema Andantino
07. III.Allegro ma non troppo

Maurice Ravel (1875-1937) –

Piano Concerto in G major
08. I.Allegramente
09. II.Adagio assai
10. III.Presto

Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado, regente
Martha Argerich, piano

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Carlinus

[restaurado por Vassily em 5/6/2021, em homenagem aos oitenta anos da Rainha!]

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos – Schoonderwoerd – Cristofori

Digamos que para se apreciar estas gravações os senhores terão de mudar alguns conceitos, uma quebra de paradigma, eu diria. Esqueçam todas as versões que postamos aqui: Pollini, Brendel, Richter, Zimerman, Rubinstein, etc. Esqueçam os grandes conjuntos orquestrais, como Filarmônica de Viena, de Berlim, Concertgebow, entre tantos outros.
O que temos aqui é uma leitura dita histórica, com uma orquestração mínima, parecendo às vezes um quarteto ou quinteto de cordas. E o piano é um pianoforte, baseado em um instrumento construido no início do século XIX. Ou seja, temos um sonoridade totalmente diferente da que estamos acostumados quando ouvimos um solista tocando num Steinway ou num Yamaha. Algumas passagens também soam diferentes daquelas que estamos acostumados a ouvir. A idéia é nos aproximarmos do que realmente se ouvia à época de Beethoven. O pianista e condutor, Arthur Schoonderwoerd, é professor de pianoforte, e musicólogo, especialista neste repertório, ou seja, sabe do que está falando. Encontrei esta pequena biografia sua na internet:

ARTHUR “SCHOONDERWOERD studied piano and chamber music at the Utrecht Conservatoire, where he also studied musicology. From 1992 he specialised in performance on historical keyboard instruments under Jos van Immerseel, studying fortepiano at the Conservatoire Supérieur in Paris, where in 1995 he was unanimously awarded First Prize. The following year he was named “Lauréat Juventus” by the Council of Europe. Pianist, fortepianist, harpsichordist and clavichordist, Arthur Schoonderwoerd is currently one of the leading international specialists in historical keyboard instruments. He has made numerous recordings, including a recent, highly controversial version of Beethoven’s 4th and 5th Concertos with Ensemble Cristofori (Alpha Productions, 2005), as well as a monographic Chopin (2004) and other discs devoted to the music of Mozart, Eckard, Schubert, Reichardt, Berlioz and other composers. Arthur Schoonderwoerd teaches fortepiano advanced higher training in fortepiano. “

Mas lhes garanto: estas gravações são absolutamente IM-PER-DÍ-VEIS. Para aqueles que gostam de novas possibilidades, é um prato cheio. Para os que não gostam de novidades, bem, temos diversas outra opções, mas pediria que ouvissem estes cds ao menos uma vez.

Essa é a magia da música, e nos dá mais uma mostra da genialidade de Beethoven. Seria esta a forma e era assim que ele queria que sua obra fosse executada duzentos anos depois? Nunca saberemos, mas pelo menos podemos ter uma idéia de como estas obras primas deviam soar naquela época.

Com esta postagem pretendo começar a trazer algumas outras gravações que tenho interpretadas em fortepiano.
P.S. – Antes que perguntem, os que se assustarem com o tal com concerto nº6, nada mais é que a transcrição para piano do Concerto para Violino, op. 61. Existem poucas gravações desta transcrição, que particularmente a mim não agrada, ainda prefiro a versão original para violino.

CD 1

01. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 I. Allegro Con Brio
02. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 II. Largo
03. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 III. Rondo, Allegro
04. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 I. Allegro Con Brio
05. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 II. Adagio
06. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 III. Rondo, Allegro Molto

CD 2

01. Concerto pour pianoforte en Do mineur n°3 op. 37 – I. Allegro con brio
02. II. Largo
03. III. Rondo, Allegro
04. Concerto pour pianoforte en Re majeur n°6 op. 61a – I. Allegro, ma non troppo
05. II. Larghetto
06. III. Rondo

CD 3

01. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 1. Allegro moderato
02. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 2. Andante con moto
03. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 3. Rondo. Vivace
04. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 1. Allegro
05. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 2. Adagio un poco moto
06. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 3. Rondo. Allegro ma non troppo

Arthur Schoonderwoerd – Pianoforte
Essemble Cristofori

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FDP

Restaurado – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Fidelio, Op. 72 (ópera em 2 atos) – Klemperer

Fidelio é uma ópera de Beethoven. O trabalho está dividido em dois atos. A seguir está escrita de forma mais pormenorizada uma explicação da Wikipédia:

Personagens

Don Fernando, (Ministro de Estado) baixo
Don Pizarro, (Governador da Prisão) baixo
Florestan, (Esposo de Leonore, prisioneiro político) tenor
Leonore, (Esposa de Florestan, mas disfarçada de Fidélio) soprano
Rocco, (Carcereiro-Chefe) baixo
Marzelline, (filha de Rocco) soprano
Jaquino, (Porteiro da prisão) baixo

Ato I

Pátio do presídio, Marzelline, filha do carcereiro-chefe Rocco, engoma à porta da casa de seu pai, enquanto sonha com a felicidade de viver junto do homem que ama. Chega Jaquino, porteiro da prisão, que aproveita o seu encontro a sós com a moça para paquerá-la. Porém, Marzelline não presta o menor interesse às suas intenções amorosas: apesar de estar prometida a Jaquino, ama na verdade Fidelio, um jovem, que é há pouco tempo ajudante de Rocco. Entra em cena Rocco, seguido de Fidelio, que carrega as correntes consertadas pelo ferreiro. Fidelio é, na verdade, a jovem mulher do nobre espanhol Florestan. Sob a aparência masculina, Leonore infiltrou-se na prisão para investigar se o seu marido desaparecido, está escondido na prisão. Florestan poderá ter sido preso injustamente pelo seu inimigo, Don Pizarro, governador da prisão. Dada as circunstancias, Leonore, que também aos olhos de Rocco é preferível a Jaquino, como futuro marido de Marzelline, vê-se obrigada a aceitar o afeto da filha do carcereiro-chefe para não levantar suspeitas sobre sua identidade. Num quarteto, os quatro personagens expressam os seus diferentes sentimentos: Marzelline e Rocco, manifestam o seu desejo de um futuro casamento entre a jovem e Fidelio; Leonore declara a sua angústia pelo marido e a sua preocupação perante a paixão que despertou em Marzelline, Jaquino, por sua vez, apercebe-se que o coração da sua namorada se encontra cada vez mais longe de si, e sai de cena. Rocco revela a Marzelline e a Fidelio o seu desejo de um rápido casamento entre ambos e, de seguida, declara a sua fé, na importância do dinheiro como elemento de estabilidade num casal. Mas Fidelio acrescenta uma circunstancia que será igualmente vital para a sua própria felicidade: que Rocco permita que o ajude nas suas tarefas mais árduas, pois tem a secreta esperança de poder entrar nas masmorras, onde tem esperança de encontra o seu marido ainda vivo lá. O carcereiro-chefe fala-lhe então de um prisioneiro desconhecido que, por ordem do governador da prisão, está sendo alimentado somente com pão e água. Leonore, angustiada perante a possibilidade de que o torturado seja o seu marido desaparecido, insiste no seu pedido e convence, finalmente, o carcereiro-chefe a pedir permissão ao governador para poder o acompanhar nas masmorras. Uma marcha anuncia a entrada de Pizarro. Os guardas abrem a porta ao governador que surge em cena acompanhado por vários oficiais. À sua chegada, Pizarro recebe a notícia da intenção do ministro de investigar a situação dos prisioneiros do Estado presos na Fortaleza, perante os rumores da sua repressão em condições desumanas. Alarmado pela futura descoberta de sua crueldade para com os prisioneiros, o governado ordena a um oficial que quando avistar o ministro chegar que toque na trombeta com um sinal. Em seguida, paga a Rocco para que ele cave uma fossa na cisterna para Florestan, a quem, para além disso, terá que assassiná-lo. Contudo, o carcereiro-chefe nega-se a fazer o papel de carrasco. Perante a recusa do seu empregado, Pizarro lhe comunica a sua intenção de se disfarçar e ele próprio assassinar Florestan. Ambos homens abandonam a cena e entra Leonore, que amaldiçoa com raiva o cruel e tirano governador e, em seguida, sai para o jardim. Surge Marzelline seguida de Jaquino, que se queixa ao carcereiro-chefe das evasivas de sua filha. Chega então Leonore, que pede a Rocco que permita que os prisioneiros saiam para o jardim, para tomar um banho de sol, aproveitando a ausência do governador. O carcereiro-chefe decide atender o pedido de seu genro: Lenore e Jaquino abrem as portas das celas e, lentamente, surgem o pobres presioneiros, que expressam a sua felicidade e agradecimento pelo favor que foi lhes concedido. Após o coro dos prisioneiros, Rocco comunica a Leonore que lhe foi concedido a permissão para que Leonore o acompanhe nas masmorras para ajuda-lo, assim como o seu concentimento para que possa celebrar o seu casamento com Marzelline. Finalmente, acrescenta que Leonore o há de acompanhar à cisterna para que o ajude a cavar a cova do prisioneiro desconhecido, que vai ser assassinado pelo próprio Pizarro. Leonore, visivelmente aflita, aceita a tarefa de modo a aproximar-se daquele que poderá o seu marido. Entram subitamente Marzelline e Jaquino. A moça avisa ao seu pai de que o governador ficou com muita raiva ao tomar conhecimento de que os prisioneiros foram libertados da prisão para o jardim. Surge Pizarro, enfurecido, e acompanhado por vários oficiais e guardas, a quem Rocco consegue acalmar, explicando-lhe que tal favor se deve ao fato de, neste dia, se celebrar o aniversário do rei. Os presos voltam, desolados, para suas celas e Pizarro ordena ao carcereiro-chefe que cumpra imediatamente a tarefa que o mandou fazer. Fim do 1º Ato.

Ato II

Numa masmorra subterrânea e sombria. Florestan, preso, lamenta o seu amargo destino. Num momento de delírio pensa ver a sua esposa em forma de anjo que o conduz ao descanso eterno. Depois, desolado e esgotado, deita-se sobre um banco de pedra com o rosto entre as mãos. Rocco e Leonore descem com as ferramentas para cavar a cova. Quando chegam a cisterna, encontram o condenado à morte, aparentemente imóvel. Apesar de suas tentativas, Leonore não consegue reconhecer o rosto de seu marido e então decide ajudar Rocco a cavar a cova. Num momento de descanso, Leonore consegue ver o rosto de Florestan, que se reanima por breves instantes. O preso pergunta a Rocco, quem é o governador da prisão, Rocco lhe diz que se trata de Don Pizarro. Florestan pede-lhe que procure por Leonore em sevilha, mas Rocco afirma que não pode lhe conceder o seu desejo, pois seria sua perdição, limitando-se a oferecer-lhe um pouco de vinho. Depois, Leonore oferece com emoção um pedaço de pão ao seu marido, que o consome com rapidez. Florestan, profundamente comovido, agradece aos seus carcereiros as suas amostras de solidariedade. Chega em seguida o cruel Don Pizarro, que oculto por uma capa, está disposto para concluir seu propósito. O governador anuncia a Florestan que o vai matar para se vingar dele, que um dia o tentou derrubar, tirando um punhal. Mas, no momento em que vai meter-lhe o punhal, Leonore interpõe-se e revela, perante os três homens surpreendidos, qual é a sua verdadeira identidade. Soa nesse momento a trompeta que avisa a eminente chegada do ministro de Sevilha. Leonore e Florestan abraçam-se apaixonadamente perante a admiração do malvado Don Pizarro. Surge então Jaquino, acompanhado por vários oficiais e soldados, comunicando a chegada do ministro. O criminoso governador, enfurecido e desesperado perante o seu previsível destino, abandona a cena.No pátio de armas da prisão. Os prisioneiros e os parentes do presos recebem com alegria o ministro Don Fernando que anuncia, por ordem do rei, a imediata libertação dos presos políticos. Aparecem, procedentes da cisterna: Rocco, Florestan e Leonore. O carcereiro-chefe reclama justiça para o casal. Don Fernando reconhece o réu, que é o seu amigo Florestan e que pensava estar morto. Rocco dá então a conhecer ao ministro a proeza de Leonore – para visível surpresa de Marzelline – revelando-lhe como o cruel Pizarro queria tirar a vida de Florestan. Don Fernando ordena de imediato a prisão do cruel governador e pede a Leonore que liberte o seu marido das suas injustas correntes. Todos os presentes exaltam o amor e a coragem da mulher, que conseguiu com a sua resolução o triunfo final da justiça. Fim do 2º ato.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Fidelio, Op. 72 (ópera em 2 atos)

DISCO 01

01 Ouverture

Ato I

02. Jetzt, schätzchen, jetzt sind wir allein
03. Der arme Jaquino dauert mich beinahe
04. O wär’ ich schon mit dir vereint
05. Guten Tag, Marzeline. Ist Fidelio noch nicht zurück _
06. Mir ist so wunderbar
07. Höre, Fidelio, weist du, was ich tue _
08. Hat man nicht auch Gold beineben
09. Ihr könnt das leicht sagen, Meister Rocco
10. Gut, Söchnchen, gut, hab’ immer Mut
11. Der Gouverneur … der gouverneur soll heut’ erlauben
12. Nur auf der Hut, dann geht es gut
13. March (orchestra)
14. Wo sind die Depeschen _
15. Ha! Welch’ ein Augenblick!
16. Hauptmann, besteigen Sie mit einem Trompeter sogleich den Turm
17. Jetzt, Alter, jetzt hat es Eile!
18. Abscheulicher! Wo eilst du hin_
19. Komm, Hoffnung, lass den letzten Stern
20. Rocco, Ihr verspracht mir so oft
21. O welche Lust!
22. Wir wollen mit Vertrauen auf Gottes Hülfe bauen
23. Nun sprecht, wie ging’s
24. Ach! Vater, eilt!
25. Verwegener Alter
26. Leb wohl, du warmes Sonnenlicht

DISCO o2

01. Introduktion

Ato II

02. Gott! Welch’ Dunkel hier!
03. In des Lebens Frühlingstagen
04. Und spür’ ich nicht linde
05. Wie kalt ist es
06. Nur hurtig fort, nur frisch gegraben
07. Er erwacht!
08. Euch werde Lohn in besser’n Welten
09. Alles ist bereit
10. Er sterbe!
11. Vater Rocco!
12. Es schlägt der Rache Stunde!
13. O namenlose Freude!
14. Heil sei dem Tag
15. Des besten Königs Wink und Wille
16. Wohlan! So helfet, helft den Armen!
17. Du schlossest auf des Edlen Grab
18. O Gott! O welch’ ein Augenblick!
19. Wer ein holdes Weib errungen

20. Ouvertüre- Leonore Nr. 3

Philharmonia Chorus & Orchestra
Otto Klemperer, regente
Gottlob Frick, Gerhard Unger,
Raymond Wolansky, Christa Ludwig,
Kurt Wehofschitz, Jon Vickers,
Franz Crass, Walter Berry,
Ingeborg Hallstein

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Carlinus

[restaurado por Vassily em 18/7/2020]

Restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Ah! perfido’ – ‘Per pieta’, Op. 65, Meeresstille und gluckliche Fahrt, Cantata, Op. 112, Missa em C maior, Op. 86

A postagem é homenagem à Sexta Feira Santa dos cristãos. Para não dizerem que somos cínicos e ateus vai este magnífico CD do meu compositor favorito. A Missa em C maior, Op. 86, foi composta em 1807. Ou seja, bem antes da Missa Solemnis, que seria escrita quinze anos depois. A Missa em C foi escrita por encomenda para os Esterhazy, família de nobres, que teve sua gênese ainda na Idade Média. Era comum os Esterházy solicitarem esse tipo de trabalho todos os anos sempre que havia uma data comemorativa que fizesse referência à família. Quem geralmente fazia esse trabalho era o velho Haydn. Todavia, após o ano de 1802, Haydn viu-se gradualmente com o estado de saúde fragilizado, o que impediu o compositor de aceitar o trabalho. A tarefa foi encomendada, assim, a Beethoven, que gozava de grande prestígio. Mas, parece que o trabalho não foi bem aceito pelos Esterhazy, o que gerou sensações inamistosas em Beethoven. Fica aqui a certeza de uma grande obra. Vale a apreciação pela monumental obra que é. Aparece ainda Ah! perfido’ – ‘Per pieta’, Op. 65 e Meeresstille und gluckliche Fahrt, Cantata, Op. 112, de grande beleza e grandeza orquestral.Boa fruição!

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Ah! perfido’ – ‘Per pieta’, Op. 65, Meeresstille und gluckliche Fahrt, Cantata, Op. 112, Missa em C maior, Op. 86

Ah! perfido’ – ‘Per pieta’, Op. 65 – Ária para soprano e orquestra
01. Ah! perfido’ – ‘Per pieta’, Op. 65

Charlotte Margiano, soprano

Meeresstille und gluckliche Fahrt, Cantata, Op. 112
02. Meeresstille und gluckliche Fahrt

Missa em C maior, Op. 86
03. Kyrie
04. Gloria
05. Credo
06. Sanctus-Benedictus
07. Agnus Dei

Orchestre Revolutionnaire et Romantique
The Monteverdi Choir
John Eliot Gardiner, regente
Charlotte Margiono, soprano
Catherine Robin, mezzo-soprano
William Kendall, tenor
Alastair Miles, baixo

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Carlinus

[reativado por Vassily em 1/12/2020]