Restaurado – Os DOIS encontros de Guiomar e Beethoven no Quarto – e ainda Ao Luar!

Restaurado – Os DOIS encontros de Guiomar e Beethoven no Quarto – e ainda Ao Luar!

http://www.tropis.org/imagext/guiomar novaes beethoven swarowsky.jpgIM-PER-DÍ-VEL !!!

Publicado originalmente em 07.05.2010

Este post só foi possível graças a uma rede de colaborações. Primeiro, nosso leitor Eduardo Maia Bandeira de Melo enviou a gravação do concerto com Klemperer. Eu só conhecia a outra, e fiquei pasmo de ouvir como a mesma pianista pôde produzir duas versões tão diferentes da mesma obra – e as duas antológicas.

Aí veio a vontade irresistível de ouvi-las lado a lado – e obviamente de compartilhar essa audição com vocês – mas trombei com que a versão com Swarowsky anda inincontrável em CD e internet. E aí entrou nosso companheiro de equipe Avicenna, grande mestre em ripagem de LPs de vinil e pós-processamento dos arquivos. E de repente…

… eis que ouço saindo pela primeira vez do micro aqueles sons que me atingiam vindos da vitrola de meu pai quando eu ainda nem havia saído da barriga da minha mãe. (Parece que eram esse concerto e a Pastoral com Walter Goehr. Pouco depois esta era o único jeito de acalmar um certo sujeito um tanto indignado por ter nascido…)

Aí, uma decisão delicada: o CD oferecido pelo Eduardo contém mais 7 peças de recital, desacompanhadas, de Bach-Silotti, Brahms, Gluck-Sgambatti, Saint-Saëns sobre Gluck… em interpretações espantosas por diferentes motivos. Imperdível, mas inseridos artificialmente no mesmo disco. Totalmente fora do campo desse Beethoven. E decidi transferi-las para outro post, a ser feito em breve.

Por outro lado, o disco de Swarowsky contém ainda a Sonata ao Luar – provavelmente a leitura mais clássica, desapaixonada, cool, que já ouvi dessa obra. Ela ficaria totalmente desenturmada entre aquelas outras peças (quando vocês ouvirem vão entender…) e definitivamente não destoa do clima geral deste post. E então ficou aqui, de bis – ou tris, pois aparece depois que o concerto inteiro é bisado!

Antes de deixar com vocês, só quero dizer que não vejo o objetivo de “eleger a melhor” nessa audição lado a lado; acho mesmo que seria uma atitude mesquinha demais para matérias desta ordem. São diferentes, e ponto. Mas confesso que tendo a achar Klemperer mais interessante nos movimentos rápidos, enquanto o Andante com Swarowsky… ouçam em silêncio e atenção até a ÚLTIMA nota e depois me digam.

E ainda: Klemperer perderá um pouco na qualidade de som, e não por culpa do Eduardo: a gravação é de 1951 (informação do leitor Flavio Dutra), e a de Swarowsky foi lançada em 1962 já em stereo.

Finalmente: não parece notável que as duas versões tenham sido gravadas em Viena – a cidade que Beethoven adotou, e onde compôs e apresentou ao mundo esta música toda?

Beethoven, Concerto para piano e orquestra n.º 4, em Sol, op.58
Orquestra Sinfônica de Viena – Regente: Otto Klemperer
Solista: Guiomar Novaes

Ano de lançamento: 1951

01 I Allegro moderato
02 II Andante con moto
03 III Rondo, Vivace

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

As outras peças contidas no mesmo CD (Bach, Brahms, Gluck etc.) serão postadas separadamente.

Beethoven, Concerto para piano e orquestra n.º 4, em Sol, op.58
Orquestra Pro-Musica de Viena – Regente: Hans Swarowsky
Solista: Guiomar Novaes

Ano de lançamento: 1962

01 I Allegro moderato
02 II Andante con moto
03 III Rondo, Vivace

Beethoven, Sonata para piano n.º 14, em Do sustenido menor, op.27 nº 2
“Ao Luar”, “Moonlight”, “Mondschein”
Pianista: Guiomar Novaes

Incluído no LP (vinil) do 4.º Concerto com Swarowsky (1962)

04 (faixa única)
. . . 0:00 I Adagio Sostenuto
. . . 5:20 II Allegreto
. . . 7:42 III Presto Agitato

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Guiomar, dois encontros com homens diferentes
Guiomar, dois encontros com homens diferentes

Ranulfus

[restaurado por Vassily em 22/5/2020]

Coleção Grandes Compositores 13/33: Antonio Vivaldi (1678-1741)

O décimo terceiro volume da Coleção Grandes Compositores, nos traz alguns dos mais famosos trabalhos do Padre Ruivo. Confesso que já tive vontade de me livrar dessa coleção de uma vez por todas, postando vários volumes de uma vez só e sem me preocupar em escrever algum texto sobre o compositor, mas pensei melhor e decidi que vale a pena fazer cada postagem individualizada. Infelizmente o 33º volume não vai poder ser postado, pois trata-se de Villa-Lobos, e acho que já é notório os problemas que tivemos com as postagens de obras do maior compositor das Américas.

Um grande abraço a todos!

Excetuando-se talvez o amor romântico, nenhum assunto inspirou mais os músicos do que as delícias da natureza. Ao longo dos séculos, grande número de compositores tentou traduzir em melodias os seus encantos: a Sinfonia Pastoral de Beethoven, La Mer de Debussy, as evocações florestais de Bruckner, Mahler e Sibelius, são apenas alguns dos exemplos mais famosos desse rico legado de músicas inspiradas na natureza. No topo dessa lista, ou bem perto dele, encontra-se  o quarteto de concertos para violino de Antonio Vivaldi, conhecido como As Quatro Estações, Op. 8.

Já adulto, na Itália das primeiras décadas do século XVIII, Vivaldi cultivava o concerto acima de todas as outras formas musicais. Compôs mais de 400 trabalhos desse tipo, tendo incorporado a eles uma grande variedade de timbres e efeitos instrumentais, assim como um estilo expressivo e ajustado de inventividade melódica. Nas Quatro Estações, Vivaldi utilizou esses recursos com o que se poderia chamar de finalidades pictóricas, para imitar fenômenos naturais como o vento, a chuva e o canto dos pássaros, bem como atividades humanas, como a dança e a caça. Para eliminar quaisquer dúvidas a respeito dessas alusões auditivas, ele chegou a registrar frases descritivas nas partituras das Estações, nos lugares correspondentes.

Além disso, quando publicou as Quatro Estações, em 1725, Vivaldi prefaciou cada concerto com um poema resumindo o programa ou “enredo” da música. Esses versos, sem dúvida, contribuíram muito para o rápido sucesso dos concertos. Durante sua vida, a obra foi fartamente executada em toda a Europa e recebida com entusiasmo. Consta que ninguém menos que o rei Luís XV, da França, solicitou a inclusão do concerto Primavera nas audições parisienses.

Cada um dos concertos que compõe as Quatro Estações foi composto segundo o esquema de três movimentos (rápido-lento-rápido) que Vivaldi adotara para esse tipo de composição. Dentro desse esquema bastante convencional, no entanto, os detalhes musicais não deixam de evocar a natureza e suas criaturas.

Fonte: Encarte do álbum.

Uma ótima audição!

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Coleção Grandes Compositores Vol. 13: Antonio Vivaldi

DISCO A

Concerto Nº 1 em Mi, RV 269 “Primavera”
01 Allegro 3:30
02 Largo 2:28
03 Allegro 3:56
Solista: Christopher Hirons

Concerto Nº 2 em Sol Menor, RV 315 “Verão”
04 Allegro non molto 5:28
05 Adagio – Presto 2:03
06 Presto 2:44
Solista: John Holloway

Concerto Nº 3 em Fá, RV 293 “Outono”
07 Allegro 5:03
08 Adagio molto 2:22
09 Allegro 3:09
Solista: Alison Bury

Concerto Nº 4 em Fá Menor, RV 297 “Inverno”
10 Allegro non molto 3:23
11 Largo 2:01
12 Allegro 3:08
Solista: Catherine Mackintosh

Concerto Nº 5 em Mi Bemol, RV 253 “La Tempesta di Mare”
13 Presto 2:48
14 Largo 2:35
15 Presto 3:40
Solista: John Holloway

Concerto Nº 6 em Dó, RV 180 “Il Piacere”
16 Allegro 2:55
17 Largo 2:21
18 Allegro 2:46
Solista: Alison Bury

Academia de Música Antiga, Christopher Hogwood

DISCO B

Concerto para Cordas em Sol “alla rustica”, RV 151
01 Presto 1:08
02 Adagio 1:01
03 Allegro 1:31

Concerto para Oboé e Violino em Si Bemol, RV 548
04 Allegro 3:44
05 Largo 3:21
06 Allegro 2:10
Oboé: David Reichenberg – Violino: Simon Standage

Concerto em Dó “con molti stromenti”, RV 558
07 Allegro molto 5:21
08 Andante molto 1:45
09 Allegro 2:55
Flauta-doce: Philip Picket, Rachel Beckett
Chalumeau: Colin Lawson, Carlos Riera
Violino: Simon Standage, Micaela Comberti
Bandolim: James Tyler, Robin Jeffrey
Tiorba: Nigel North, Jakob Lindberg
Violoncelo: Anthony Pleeth

Concerto para Dois Violinos em Sol, RV 516
10 Allegro molto3:49
11 Andante (molto) 2:04
12 Allegro 3:05
Violinos: Simon Standage, Elizabeth Wilcock

Concerto para Oboé em Lá Menor, RV 461
13 Allegro non molto 4:13
14 Larghetto 3:14
15 Allegro 2:38
Oboé: David Reichenberg

Concerto para Dois Bandolins em Sol, RV 532
16 Allegro 4:01
17 Andante 2:09
18 Allegro 3:51
Bandolins: James Tyler, Robin Jeffrey

The English Concert
Cravo, órgão e regência: Trevor Pinnock

BAIXE AQUI – DOIS DISCOS / DOWNLOAD HERE – TWO DISCS

Marcelo Stravinsky

Heitor Villa-Lobos (1887-1959): peças para Orquestra de Câmara e Solistas – com Paulo Moura (1933-2010) ao sax (reloaded in memoriam)

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Fazia tempo que eu queria postar esse CD, mas ele simplesmente tinha desaparecido. Lembrei dele, porque senti falta da Fantasia para Saxofone e Orquestra entre as obras postadas, mas acabei perdendo a oportunidade de postá-lo em homenagem aos 50 anos de falecimento de Villa-Lobos, exatamente por não saber onde andava o meu exemplar. Agora que o encontrei, cá estou compartilhando com vocês.

***

O instrumento mais representativo da música brasileira é o violão. Não é à toa que uma das parcelas mais legítimas da obra de Heitor Villa-Lobos seja dedicada a este instumento. É claro que seria incongruente afirmar-se que há composições mais ou menos legítimas do que outras. Mas, no caso específico de Villa-Lobos, a obra para violão, principalmente os Préludios, os Estudos e o Concerto para Violão e Pequena Orquestra, já integram em caráter definitivo o repertório universal do violão, enquanto outras obras ainda aguardam a vez de se legitimarem. Todo compositor passa por esse processo. Mahler, Bruckner e muitos outros também viveram essa experiência, embora já estivessem mortos.

Em 1951, atendendo a um pedido do violonista Andrés Segóvia, Villa-Lobos compôs o Concerto para Violão e Pequena Orquestra. Hoje em dia, a popularidade de uma obra, sem nos descuidarmos de sua valoração intrínseca, pode ser medida estatisticamente, através do número de gravações registrado em catálogos. Nos últimos dez anos, o Concerto para Violão mereceu mais de vinte gravações, tendo como intérpretes alguns dos maiores violonistas da atualidade: Juliam Bream, Pepe Romero, John Williams, Turíbio Santos e outros. Na verdade, o Concerto é um verdadeiro achado, dividido nos tradicionais três movimentos, obedientes aos andamentos rápido-lento-rápido. Uma das grandes atrações inventadas por Villa-Lobos é a cadenza que faz a união do segundo com o terceiro movimento, onde o violonista exige suas habilidades técnicas em harmônicos, ritmos e citações de grande sutileza.

Talvez a identificação de um paralelismo entre Bach e a essência da música brasileira tenha sido a principal marca da genialidade de Heitor Villa-Lobos.  Foi a partir daí que a representação de nossos sistemas rítmicos adquiriu a grandeza indispensável à fama internacional. Doa a quem doer, o sistema rítmico da antiga MPB era viciado no uso e abuso da síncope, tanto na melodia quanto no acompanhamento, o que dificultava sua reprodução por músicos de outras culturas. Uma vez Villa-Lobos se referiu à dificuldade com que os compositores brasileiros da primeira metade do século anotavam o samba. Além do mais, os ritmos que acentuam os tempos fortes do acompanhamento se tornam mais populares (a valsa, a marcha, o tango, o blues, etc.). A grandeza das Bachianas foi sublinhada justamente por essa característica rítmica mais universal, sem que se perdessem os padrões brasileiros. O grande exemplo é a Quarta Bachianas. Já a Bachianas Nº 9 é mais econômica e, devido a isso, talvez seja mais representativa das intenções de Villa. Composta originalmente para vozes, sendo em seguida reestruturada para orquestra, apresenta como introdução um Prelúdio de escritura absolutamente despojada, seguido por uma Fuga a seis vozes, onde Heitor esbanja seus conhecimentos de contraponto.

Tanto a Fantasia para Saxofone e Pequena Orquestra, de 1948, quanto a Ciranda das Setes Notas, para fagote e quinteto de cordas, de 1933, mostram o compositor numa de suas preferências: a combinação de instrumentos de sopro e conjuntos de cordas. Na verdade, a Fantasia para Saxofone, funciona como um pequeno concerto, também nos três movimentos tradicionais, rápido-lento-rápido, já empregados no Concerto para Violão.

Na Ciranda, as sete notas do título são enunciadas pelas cordas e repetidas pelo fagote, do primeiro ao sétimo grau da escala, com um retorno imediato ao sexto. Um tema simples, que passará por diversos estágios, garantindo ao fagote o papel de condutor de uma estrutura composta em forma contínua, mas que na realidade têm um sabor de suíte. A comunicação através de uma escritura multifacetada, às vezes tipicamente brasileira, outras vezes, em tonalidades reflexivas, tão bem desenhadas pelo timbre nostálgico do instrumento solista.

Fonte: Encarte do CD. (Victor Giudice)

Uma ótima audição!

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Villa-Lobos: Concertos para Solista e Orquestra

Concerto para Violão e Pequena Orquestra (1951)
01. Allegro preciso (5:14)
02. Andantino ed Andante – Cadenza (7:03)
03. Allegro non troppo (4:43)

Bachianas Brasileiras Nº 9 para orquestra de cordas (1945)
04. Prelúdio (2:11)
05. Fuga (6:50)

Fantasia para Saxofone e Orquestra (1948)
06. Animé (4:41)
07. Lent (3:11)
08. Très animé (3:12)

09. Ciranda das Sete Notas para fagote e cordas (1933) (10:26)

Turíbios Santos, violão
Paulo Moura, saxofone soprano
Noel Devos, fagote

Orquestra de Câmara Brasileira
Bernardo Bessler

BAIXE AQUI / DOWNLOAD HERE

Marcelo Stravinsky