Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos – Schoonderwoerd – Cristofori

Digamos que para se apreciar estas gravações os senhores terão de mudar alguns conceitos, uma quebra de paradigma, eu diria. Esqueçam todas as versões que postamos aqui: Pollini, Brendel, Richter, Zimerman, Rubinstein, etc. Esqueçam os grandes conjuntos orquestrais, como Filarmônica de Viena, de Berlim, Concertgebow, entre tantos outros.
O que temos aqui é uma leitura dita histórica, com uma orquestração mínima, parecendo às vezes um quarteto ou quinteto de cordas. E o piano é um pianoforte, baseado em um instrumento construido no início do século XIX. Ou seja, temos um sonoridade totalmente diferente da que estamos acostumados quando ouvimos um solista tocando num Steinway ou num Yamaha. Algumas passagens também soam diferentes daquelas que estamos acostumados a ouvir. A idéia é nos aproximarmos do que realmente se ouvia à época de Beethoven. O pianista e condutor, Arthur Schoonderwoerd, é professor de pianoforte, e musicólogo, especialista neste repertório, ou seja, sabe do que está falando. Encontrei esta pequena biografia sua na internet:

ARTHUR “SCHOONDERWOERD studied piano and chamber music at the Utrecht Conservatoire, where he also studied musicology. From 1992 he specialised in performance on historical keyboard instruments under Jos van Immerseel, studying fortepiano at the Conservatoire Supérieur in Paris, where in 1995 he was unanimously awarded First Prize. The following year he was named “Lauréat Juventus” by the Council of Europe. Pianist, fortepianist, harpsichordist and clavichordist, Arthur Schoonderwoerd is currently one of the leading international specialists in historical keyboard instruments. He has made numerous recordings, including a recent, highly controversial version of Beethoven’s 4th and 5th Concertos with Ensemble Cristofori (Alpha Productions, 2005), as well as a monographic Chopin (2004) and other discs devoted to the music of Mozart, Eckard, Schubert, Reichardt, Berlioz and other composers. Arthur Schoonderwoerd teaches fortepiano advanced higher training in fortepiano. “

Mas lhes garanto: estas gravações são absolutamente IM-PER-DÍ-VEIS. Para aqueles que gostam de novas possibilidades, é um prato cheio. Para os que não gostam de novidades, bem, temos diversas outra opções, mas pediria que ouvissem estes cds ao menos uma vez.

Essa é a magia da música, e nos dá mais uma mostra da genialidade de Beethoven. Seria esta a forma e era assim que ele queria que sua obra fosse executada duzentos anos depois? Nunca saberemos, mas pelo menos podemos ter uma idéia de como estas obras primas deviam soar naquela época.

Com esta postagem pretendo começar a trazer algumas outras gravações que tenho interpretadas em fortepiano.
P.S. – Antes que perguntem, os que se assustarem com o tal com concerto nº6, nada mais é que a transcrição para piano do Concerto para Violino, op. 61. Existem poucas gravações desta transcrição, que particularmente a mim não agrada, ainda prefiro a versão original para violino.

CD 1

01. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 I. Allegro Con Brio
02. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 II. Largo
03. Konzert Nr.1 C-Dur Op.15 III. Rondo, Allegro
04. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 I. Allegro Con Brio
05. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 II. Adagio
06. Konzert Nr.2 B-Dur Op.19 III. Rondo, Allegro Molto

CD 2

01. Concerto pour pianoforte en Do mineur n°3 op. 37 – I. Allegro con brio
02. II. Largo
03. III. Rondo, Allegro
04. Concerto pour pianoforte en Re majeur n°6 op. 61a – I. Allegro, ma non troppo
05. II. Larghetto
06. III. Rondo

CD 3

01. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 1. Allegro moderato
02. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 2. Andante con moto
03. Klavierkonzert Nr.4 op.68 – 3. Rondo. Vivace
04. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 1. Allegro
05. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 2. Adagio un poco moto
06. Klavierkonzert Nr.5 op.73 – 3. Rondo. Allegro ma non troppo

Arthur Schoonderwoerd – Pianoforte
Essemble Cristofori

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP

19 comments / Add your comment below

  1. Claudio, existem diversas gravações destes concertos aqui no PQP. O que diferencia essa versão do Cristofori é a sua instrumentação, mínima eu diria, se for comparar com as grandes orquestras, como a Filarmônica de Berlim, ou Viena, e o instrumento, um pianoforte, instrumento este que deu origem ao piano que conhecemos hoje.
    Uma curiosidade, que esqueci de colocar no texto: Cristofori é o nome de um fabricante sde instrumentos italiano, e que é considerado o pai do Piano. Maiores informações aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Cristofori

  2. devo ter ouvido uma ou duas versões.
    honestamente, tenho preferencia por coisas enxutas. nada contra mahler ou wagner, mas confesso que o mais simples me agrada mais, pois se percebe melhor os detalhes, a sensibilidade.

    apesa de não conhecer outras, ótima versão. espero um dia ter tanto conhecimento como alguns frequentadores aqui dste blog

  3. Oh, so you say you don’t understand nothing, Vanderson, and in a certain level I guess you are right… If you understood something, then you wouldn’t understand anything. And perhaps one might say that would already be a certain progress!…

  4. Ouvindo e gostando muito. A sonoridade do homem impronunciável é muito semelhante à obtida por Hogwood em suas gravações dos anos 70 e 80 em pianoforte, idem. Apenas penso-ouço que a orquestra por vezes vem tão alto que a gente mal ouve o pequeno pf lá embaixo.

    Mas meu amor pelo radicalismo passa por cima dessas coisas.

    Excelente, FDP.

  5. Sim, sim, concordo com o PQP! E gosto MUITO de ouvir um Beethoven que fica mais perto de gente comum, menos titânico, ou menos cachorro doido espumando…

    Fico querendo fazer comparações analíticas, mas algo me diz que é besteira: é música da boa, da MUITO boa, e fim!!

    (Ouvindo neste momento o Largo do Concerto 3: nem lembrava, mas tem algumas frases de fazer qualquer chopiniano revirar os olhos, hehehe… – mas admito que não fica insistindo nessa tecla, como o Frederico faria…)

  6. Ah, quanto à PRONÚNCIA do nome do sujeito, os próprios falantes nativos dizem que holandês não é uma língua e sim uma doença na garganta…

    … mas ainda assim, usando “kh” pra representar o mesmo som de “ch” em Bach, dá pra dizer que é SKHÔUNDER-WÚRD.

    Só não tenho como escrever o jeito todo particular de eles nasalizarem esse OUND e rolarem esses Rs!…

  7. Que estranho! Há momentos em que os naipes se “comem”. E as partes mais marciais do 5º ficaram com cara de bandinha mesmo.
    Interessantíssimo.

    Mas esquisito mesmo era o concerto 4 quando eu tocava numa celesta(!); além da orquestra ser tão mínima que nem existia.

  8. Vanderson, negosseguinte: Mió iscrevê em brasileis que tentá iscrevê em ingreis sem necessidade, quando não se tem efetivo domínio da gramática do diacho. Assim, cos amigo no msn, ou em correspondência privada, é outra coisa – mas em espaço público, pra quê?

    Só uma dica: fiz acima uma brincadeira com o fato de vc ter usado uma dupla negação (“I DON’T understand NOTHING”), coisa que a língua inglesa não admite.

    Se quiser, investigue o assunto em livros ou com amigos em privado – não voltarei a falar sobre isso aqui. Bye.

  9. acho dificil daqui por diante falar do concerto para piano n 5 de beethoven sem lembrar dessa gravação, que não conhecia. Muito bom, obrigado por compartilhar.

  10. olá, caríssimos.
    sim, essas gravações são extraordinárias [i. e., fora do ordinário, do comum] e já as tive . mas, por conta de um problema com meu HD, perdi os arquivos . não haveria como disponibilizá-las novamente pelo rapidshare? se assim for feito, ficarei imensamente grato.
    e parabéns por todas as postagens . acompanho esse blog faz já uns 2 anos e meio ou pouco mais do que isso, e tenho (re)encontrado coisas muito boas aqui !

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