Prokofiev: Concerto para Piano no. 2; Rachmaninoff: Variações, Prelúdio, etc. (Ashkenazy/Rozhdestvensky, Postnikova)

A velha Rússia… A Rússia da velha proprietária do Jardim das Cerejeiras de Tchekov, a Rússia dos irmãos Karamazov, do grande inverno que deteve até Napoleão e Hitler… A Rússia onde as ideias liberais chegam sempre com atraso – “ideias fora lugar” lá e cá, diz Roberto Schwarz -, a Rússia onde o progresso é uma desgraça e o atraso uma vergonha…

Neste disco de hoje, alguns pontos altos do piano russo. Quase tudo aqui é em tom menor, com pouco espaço para festas ou gracinhas. Prokofiev aparece com seu 2º concerto, composto pouco antes da Revolução de 1917 e do seu período de exílio. Numa coincidência que vem a calhar, o intérprete é o jovem Vladimir Ashkenazy em 1961, dois anos antes dele também se exilar. A orquestra da União Soviética, regida por Rozhdestvensky, tem um som pesado, grave, ouçam por exemplo os metais do início do 3º movimento, Allegro moderato: pesante… A gravação que Ashkenazy faria depois, com Previn e Sinfônica de Londres (1975), também é muito boa mas menos intensa, um pouco açucarada. Nessa gravação ao vivo em Moscou, a tensão é maior, lembrando que neste concerto de Prokofiev não há um movimento lento e lírico no meio, ao contrário dos concertos nº 3 e 4.

Em seguida temos Rachmaninoff, com suas Variações sobre um tema de Chopin em Dó menor e seu famoso Prelúdio em Dó # menor, apelidado Os sinos de Moscou. São duas obras de quando ele ainda vivia na Rússia, antes de sua vida virar uma longa turnê de concertos, pois ele se tornaria um dos mais célebres pianistas-compositores do planeta nas décadas de 1920 e 30. Entre as duas peças mais pesadas de Rach, uma Polka dá uma alegrada no álbum, que termina com uma curta composição de Anton Arensky. Este último, mais conhecido por seus trios, foi professor de composição de Rach no conservatório de Moscou. Todas essas obras para piano solo são tocadas por Viktoria Postnikova, pianista russa nascida em 1944 e que segue em atividade, ao contrário de Ashkenazy que recentemente anunciou sua aposentadoria após muitas décadas de música.

Prokofiev, Sergei (1891-1953):
Piano Concerto No. 2 in G Minor, Op. 16
I. Andantino—Allegretto
II. Scherzo: Vivace
III. Intermezzo: Allegro moderato
IV. Finale: Allegro tempestoso

Rachmaninoff, Sergei (1873-1943):
Variations on a Theme by Chopin in C Minor, Op. 22
Polka de W. R. in A Flat
Prelude in C-Sharp Minor, Op. 3 no. 2

Arensky, Anton (1861-1906):
Prelude to The Fountain of Bakhchisaray, Op. 46

Vladimir Ashkenazy, piano; Gennady Rozhdestvensky conducting USSR State Symphony Orchestra (Prokofiev)
Viktoria Postnikova, piano (Rachmaninoff, Arensky)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE – FLAC

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE – MP3 320kbps

Prokofiev com penteado e ângulo escolhidos para esconder a calvície que, pouco depois, ele assumiria de vez

Pleyel

Antes tarde do que nunca, amigos… twitter.com/pqpbach instagram.com/pqpbach

.: interlúdio :. Max Roach – Jazz In 3/4 Time + Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music

Embora não tenha sido a primeira vez em que valsas foram vertidas para o jazz, Jazz in 3/4 Time talvez tenha sido o obelisco que a ideia necessitava para ser visitada e revisitada com mais frequencia. A proposta do álbum não foi de Max Roach; na verdade, ele ficou bem pouco entusiasmado com o pedido da EmArcy. Mas a partir do resultado, é possível afirmar que um Max Roach de má vontade continua valendo por uns doze virtuoses modernos da bateria, todos altamente motivados e encharcados de energético. E no fim, a gravadora tinha razão — quem melhor poderia comandar as sessões deste disco?

E não fica por aí, porque logo à frente está o saxofone de Sonny Rollins, e um nada tímido Kenny Dorham assume com personalidade o lugar de Clifford Brown, morto um ano antes, no quinteto de Roach. Das sessões originais (15 a 18 de março de 1957, em Nova Iorque) saíram quatro faixas, sendo “Valse Hot”, composição de Rollins, o grande momento do disco. É uma longa jam de 14 minutos — bem mais do que as valsas costumam ser permitidas, mesmo no jazz. O solo do pianista Billy Wallace é delicioso. Na reedição de 2005 que vem nesse post, há ainda outras duas músicas, gravadas um pouco mais tarde, dentro do mesmo conceito. Leve, com andamento e clima transparecendo certa qualidade cinemática, Jazz in 3/4 Time tanto é um estudo de possibilidades quanto um disco de audição extremamente agradável, e pela doçura que geralmente acompanha as valsas, é recomendado para todos os públicos.

Falava em qualidade cinemática? Ano passado descobri um álbum que me remeteu imediatamente a este Jazz in 3/4 Time. Theatre Play Music, como o próprio nome indica, brinca ser trilha incidental; e executa em valsas e tangos um leitmotif menor, tristonho, mas determinadamente belo. O Contemporary Noise Quintet — nome que em nada remete a um grupo de jazz da crescente cena polonesa — tem diversas encarnações (como -Quartet ou -Sextet) e é destas bandas que estão fazendo a ponte entre o jazz tradicional e o século XXI, mundo onde a guitarra ganhou o centro e o rock foi revirando em si até esgotar o post-rock e virar chamber music (há mais elos em Rachel’s do que o ouvido facilmente demonstra). Álbum curto e preciso, Theatre Play Music proporciona pequenas viagens e não nega ter saído do leste europeu; não é ambicioso, mas complementa certeiro, e em belo contraste, o legado valsístico (?) registrado por Roach, 50 anos antes.


Max Roach – Jazz In 3/4 Time /1957 [320]
Max Roach (drums), Sonny Rollins (tenor sax), Kenny Dorham (trumpet), George Morrow (bass), Billy Wallace (piano)
download – 98MB

01 Blues Waltz (Roach)
02 Valse Hot (Rollins)
03 I’ll Take Romance (Oakland)
04 Little Folks (Roach)
05 Lover (Rodgers)
06 Most Beautiful Girl in the World (Rodgers)


Contemporary Noise Quartet – Theatre Play Music /2008 [192]
Kuba Kapsa (piano), Bartek Kapsa (drums), Kamil Pater (guitar), Patryk Węcławek (double bass)
download – 40MB

01 Main Tune
02 Bitches Tune
03 Tango Lesson
04 Main Tune II
05 Gramophone
06 Chinese Customer
07 Chilly Tango
08 Bitches Tune II
09 Main Tune (Waltz version)

Boa audição!
Blue Dog

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 12, k. 414 e nº 24. k. 491

Como prometido, eis Pollini interpretando o concerto nº 12, K. 414, além do de nº 24, K. 491. Sou sincero ao admitir que prefiro esta versão à versão de Brendel. E só o PQP mesmo para trazer uma gravação dessas, ainda quentinha, recém saída dos fornos da Deutsche Grammophon [postagem original de 2008]. Eis o comentário da amazon:

Product Description

About that recording, The Times [London] stated: ‘ You hear a man in love…he plays Mozart with real feeling, leading us into the music s depth, its inner melodies, never content with the surface…the music always moves forward, developing, growing, with the subtlest range of colours…These are performances of conversational intimacy.’

When one is in love, one can never get enough, so Pollini has done it again: in summer 2007 he and the Vienna Philharmonic recorded the early, cheerful Piano Concerto in A, K. 414 and the famous C minor Concerto, K. 491, a mature work of brooding pathos.

Once again, Pollini and the Vienna Philharmonic work without a conductor, in front of a live audience in Vienna s famous Musikverein, parlaying their deep mutual understanding and respect into one of the noblest and most profound Mozart experiences imaginable.

Quando baixei esta versão, algumas semanas atrás, jamais poderia imaginar que era tão recente. Peço desculpas pela informação errada que passei na postagem anterior, atribuindo esta gravação ao ano de 2006.

Temos aqui um Pollini maduro, nos brindando com um Mozart alegre, brilhante e cheio de vida, e à frente de sua tão conhecida Filarmônica de Viena. E o grau de intimidade entre ambos (solista e orquestra) é tão grande que dispensaram um maestro.

Saboreiem este belíssimo cd.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 12, k. 414 e nº 17. k. 491

01. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – I – Allegro
02. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – II – Andante
03. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – III – Rondeau. Allegretto
04. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – I – Allegro
05. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – II – Larghetto
06. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – III – Allegretto

Maurizio Pollini – Piano
Wiener Philarmoniker (Live, 2007)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – FLAC
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – MP3 320 kbps

FDPBach

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 17, K. 453, e nº 21, K. 467

Dois dos mais belos e famosos concertos para piano de Mozart, na interpretação de Maurizio Pollini. Mais dois belos momentos do italiano Pollini frente à sua orquestra tão conhecida, a Filarmônica de Viena.

Um comentarista da amazon reclama do barulho da audiência, mas confesso que ouvi apenas os aplausos finais, que não creio que desmereçam a qualidade do cd. Já tivemos excepcionais intérpretes destes concertos aqui no blog, como Géza Anda e o próprio Brendel em sua tradicional versão com a ASMF. Mas confesso que ainda prefiro uma antiga gravação de Malcolm Billson e Trevor Pinnock, que um dia tive em LP, ou então minha primeira gravação do concerto nº 21, com o Rubinstein. Ouvi tanto esta fita cassete que ela arrebentou.

Enfim, mais um belo momento, para quem quiser tirar suas conclusões, ou simplesmente queira ouvir outra versão destes concertos, nas mãos de um exímio instrumentista que se revela um regente competente. Também, com esta orquestra …

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 17, K. 453, e nº 21, K. 467

1. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 2. Andante
3. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 3. Allegretto
4. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 1. Allegro
5. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 2. Andante
6. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 3. Allegro vivace assai

Maurizio Pollini – Piano, conductor
Wiener Philarmoniker (Live, 2005)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – FLAC
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – MP3 320kbps

FDPBach

O entusiasmo fundamentado (para o 80º aniversário de Maurizio Pollini)

Stefano Russomanno

Quando Maurizio Pollini venceu o Concurso Chopin de Varsóvia em 1960, fê-lo com uma maturidade musical que surpreendeu o júri. “Esse garoto toca melhor do que qualquer um de nós”, comentou Arthur Rubinstein na época. O controle técnico e intelectual que esse jovem pianista de 18 anos exibia em cada canto da partitura revelava uma capacidade de análise muito superior não apenas à média de seus contemporâneos, mas à de muitos talentosos intérpretes. Pollini aprofundou-se na essência do texto musical para revelar a lógica de sua construção, a coerência de sua estrutura e a precisão de seu ditado. Ainda assim, a música não era para ele um terreno governado pelas leis do determinismo impassível. Suas versões transmitiam um vigor na expressão de frases e ritmos que despertavam o entusiasmo do ouvinte.

Há algo de didático no estilo pianístico de Pollini no mais alto sentido da palavra. Interpretar, para o pianista italiano, implica ao mesmo tempo em esclarecer, explicar, fornecer ao público um fio condutor que lhe permite compreender os motivos pelos quais a música flui de uma determinada forma. O componente emocional, sempre essencial, deve vir acompanhado do elemento analítico e racional para alcançar a plenitude da mensagem na consciência auditiva.

Uma das marcas de Pollini é sua maneira de estabelecer seus programas de recitais. Neles, o pianista italiano tem-se caracterizado por misturar frequentemente peças do repertório clássico e romântico com obras do século XX (ou seja, de todo o século XX, não apenas das primeiras décadas). Para Pollini, a criação musical é um continuum que não conhece fraturas, uma forma de pensar os sons e, portanto, é errado isolar certas linguagens como se fossem compartimentos estanques. Seus esforços foram na direção oposta: mostrar o que é clássico nas páginas contemporâneas e o que é contemporâneo no repertório clássico. Assim surgem os chamados “Projetos Pollini”, nos quais o diálogo entre o passado e o presente ocorre da forma mais natural. Pode acontecer, por exemplo, que o público tenha ouvido na mesma noite o Hammerklavier de Beethoven e a Sonata para piano nº 2 de Boulez (uma obra que Pollini tocava de cor em sua época de ouro).

Precisamente o Hammerklavier, gravado em 1976, é uma amostra ideal das abordagens de Pollini. Principalmente a fuga final, que talvez seja o momento culminante de sua versão. Para além do espantoso controle técnico, à disposição de poucos pianistas, Pollini conduz o ouvinte pelos meandros do contraponto e revela toda a modernidade do pensamento beethoveniano, a forma revolucionária como o compositor molda os materiais (sublinhando, por exemplo, o carácter quase estrutural dos trinados) e seu revolucionário conceito sonoro, onde o discurso musical parece às vezes transfigurado em termos de pura energia.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas Nº 3 e 21 (Waldstein) e outras peças (Alice Sara Ott)

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas Nº 3 e 21 (Waldstein) e outras peças (Alice Sara Ott)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A vida pode ser muito atemorizante. Este disco da talentosa Alice Sara Ott é de 2010, mas…

Em 2018, Alice Sara Ott acordou em estado de colapso, a princípio a culpa recaiu sobre o estresse. A célebre pianista, na época com 30 anos, acabara de retornar de uma desafiadora turnê pelo Japão com seu recital Nightfall. Lutando contra um forte resfriado, ela seguiu trabalhando, determinada a não cancelar nenhuma apresentação, apesar de se sentir mal. “Depois do último concerto, percebi que tinha os lábios dormentes”, diz ela. “Quando voei para casa em Munique, ao acordar, não conseguia sair da cama e nem conseguia focar os olhos. Eu estava vendo tudo em dobro. Demorou quase duas semanas até que eu pudesse andar novamente.”

Ela escreveu isto em 2019:

«Hoje eu gostaria de compartilhar algo muito pessoal com você. Como alguns de vocês devem saber, recentemente tive alguns problemas de saúde que levantaram preocupações e impactaram meu trabalho. Depois de muitas consultas e exames médicos, fui finalmente diagnosticada com esclerose múltipla em 15 de janeiro deste ano.

Quando os médicos levantaram a possibilidade disso pela primeira vez no ano passado, senti como se o mundo tivesse desabado ao meu redor. Passei por uma montanha-russa de sentimentos de pânico e medo. Eu tinha muitas, muitas perguntas. Como isso impactaria minha vida? Em meu trabalho?

Desde então, passei muito tempo pesquisando a esclerose múltipla e suas implicações e me encontrei com muitos médicos. A cada nova informação, percebo que antes tinha uma falsa imagem dessa doença. A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso central e, embora não exista cura conhecida, graças aos enormes avanços da medicina ao longo dos anos, a grande maioria das pessoas afetadas por ela é capaz de viver uma vida plena e plena.

Vou demorar um pouco para conhecer essa condição e como vou resolvê-la sozinha. Haverá momentos em que terei que enfrentar desafios e fazer ajustes, mas, ao encontrar o equilíbrio certo no tratamento, estou confiante e otimista de que continuarei a viver minha vida – e a viajar e me apresentar – como antes. Estou ansiosa para continuar minha temporada conforme planejado.

Compartilhar isso com todos não foi uma decisão fácil, mas acredito que seja a mais acertada. A EM é uma doença muito mal compreendida em nossa sociedade e, sendo aberto sobre ela, espero poder encorajar outras pessoas (especialmente aquelas que são diagnosticadas quando pensam que suas vidas estão apenas começando) a fazer o mesmo. O reconhecimento não é uma fraqueza, mas uma forma de proteger e ganhar forças, tanto para si como para os que estão ao nosso redor. Sou grata aos meus entes queridos que me mostraram tanto apoio e amor nos últimos meses. Eles não apenas tiveram que lidar com suas próprias emoções, mas também tiveram que enfrentar questões sobre meu bem-estar. Ao esclarecer minha situação, também espero aliviá-los e dar-lhes tempo e espaço para processar isso.

Às vezes a vida leva você por um caminho inesperado, e eu estou bem no começo deste novo caminho para mim. No entanto, acredito fortemente que cabe a nós fazer o melhor ».

Assim esperamos, Alice. Este disco, por exemplo, é PRIMOROSO!

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas Nº 3 e 21 (Waldstein) e outras peças (Alice Sara Ott)

Piano Sonata No. 3 In C Major Op. 2 No. 3
1 Allegro Con Brio 10:51
2 Adagio 6:52
3 Scherzo. Allegro 3:32
4 Allegro Assai 5:25

Piano Sonata No.21 In C Major Op. 53 “Waldstein”
5 Allegro Con Brio 11:16
6 Introduzione. Adagio Molto – Attacca 3:29
7 Rondo. Allegretto Moderato – Prestissimo 9:59

Andante Favori In F Major WoO 57
8 Andante Grazioso Con Moto 7:52

Rondo A Capriccio In G Major Op. 129 “Rage Over A Lost Penny”
9 Allegro Vivace 6:20

Alice Sara Ott

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Alice Sara Ott

PQP

Beethoven (Arr. Mahler): Quarteto de Cordas, Op. 95 & Brahms (Orq. Schoenberg): Quarteto com Piano, Op. 25 – Wiener Philharmoniker & Christoph von Dohnányi ֍

Beethoven (Arr. Mahler): Quarteto de Cordas, Op. 95 & Brahms (Orq. Schoenberg): Quarteto com Piano, Op. 25 – Wiener Philharmoniker & Christoph von Dohnányi ֍

Beethoven/Mahler

Quarteto de Cordas ‘Serioso’

Brahms/Schoenberg

Quarteto com Piano ‘alla zingarese’

Wiener Philharmoniker

Christoph von Dohnániy

Qual é o limite entre música de câmara e música orquestral? Uma forma bem simples de decidir a questão é considerar o número de instrumentos usados na apresentação e estabelecer a fronteira – um noneto ainda seria música de câmara? Isso sem falar nas obras escritas para orquestra de câmara e toda a música escrita no período que vagamente denominamos ‘barroco’.

No entanto, há outros aspectos que transcendem o número dos instrumentos e que se refere à natureza da própria música. Quantos são os comentários que tratam das ‘dimensões orquestrais’ de certas sonatas para piano de Beethoven ou das ‘características camerísticas’ de algumas obras orquestrais de Mahler?

Como tudo na vida e em especial na música, a tentativa de rotular e estabelecer compartimentos estanques para colocar as coisas (e, pior ainda, as pessoas) sempre encontrará contraexemplos e deve ser tomado no sentido mais flexível possível.

Dia destes postei um disco com ‘reduções’ de obras orquestrais para conjuntos camerísticos – disco no qual se destacavam os nomes do Quarteto Arditti e de Arnold Schoenberg. O disco desta postagem vai na outra direção, onde temos arranjos para conjuntos maiores de obras originalmente escritas para conjuntos de câmara.

O arranjo de Quarteto Serioso, de Beethoven, feito por Mahler para orquestra (completa) de cordas foi destinado a um concerto com a Wiener Philharmoniker em 1899, a mesma orquestra desta gravação. Mahler fez arranjos e ajustes em obras que ele acreditava poderem atingir desta forma toda a sua potencialidade, levando em conta os recursos de sua magnífica orquestra. Imagine o tamanho do desafio colocado às cordas da orquestra, de manter o equilíbrio de música de câmera e a mesma agilidade esperada de um conjunto com poucos elementos, acrescentando o brilho e o volume possíveis de alcançar com a nova formação. Será que eles conseguiram em 1899 e nesta gravação? Você poderá julgar, pelo menos a segunda possibilidade.

De natureza um pouco diferente é a orquestração feita por Schoenberg do Quarteto com Piano de Brahms. As razões que o levaram a tal empreitada foram dadas por ele mesmo em uma carta escrita ao crítico americano Alfred Frankenstein: 1) Eu gosto desta peça; 2) Ela é raramente apresentada; 3) É sempre muito mal tocada, pois quanto melhor o pianista, mais alto ele toca e você nada ouve das cordas. Eu queria pelo menos uma vez ouvir tudo, e isto foi alcançado.

Apesar do uso de uma orquestra moderna, com muita percussão, incluindo xilofone, e novidades como glissando de trombone, a proposta de Schoenberg foi de ‘permanecer estritamente no estilo de Brahms’. Será que ele conseguiu? O que esta gravação nos diz?

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quarteto de Cordas em fá menor, Op. 95

Arranjo para Orquestra de Cordas feito por Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Allegro con brio
  2. Allegretto ma non troppo
  3. Allegro assai vivace ma serioso
  4. Larghetto esspressivo – Allegretto agitato

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quarteto com Piano em sol menor, Op. 25

Orquestrado por Arnold Schoenberg (1874 – 1951)

  1. Allegro
  2. Intermezzo: Allegro non troppo
  3. Andante con moto
  4. Rondo alla zingarese: Presto

Wiener Philharmoniker

Christoph von Dohnányi

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 297 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 166 MB

 

O regente, Christoph Dohnányi, é alemão de origem húngara e nasceu em 1929. É neto do pianista e compositor Ernö Dohnanyi e fez sua carreira passando pelas posições de assistente e diretor nas casas de ópera e balés. Recebeu apoio de George Solti e teve importantes posições como Diretor de Ópera de Hamburgo e Frankfurt. Atuou também por bom tempo com a Cleveland Orchestra, da qual é Music Director Laureate.

Gramophone: Dohnanyi’s performance is lucid, transparent and generally well played – especially by the strings. The sound is pleasingly luminous…

Então, está esperando o que? Aproveite!

René Denon

O Conjunto de Câmara da Wiener Philharmoniker

Bach: (1685-1750): Partitas BWV 825 – 830 – Masaaki Suzuki ֍

Bach: (1685-1750): Partitas BWV 825 – 830 – Masaaki Suzuki ֍

J. S. Bach

Partitas BWV 825 – 830

Masaaki Suzuki, cravo

 

 

Para responder a um debate sobre qual gravação das Partitas devemos preferencialmente ouvir – piano ou cravo – parti em busca das mais sensíveis testemunhas para debelar a questão por meio de um bem conduzido experimento.

Aproveitei o ambiente de trabalho, já que estes dias tenho dividido o escritório com minha cara metade, e tasquei o som, primeiro piano, depois o cravo. É claro, para manter a experiência sem qualquer interferência do experimentador, nada sobre isso falei para a minha querida, mas de quando em vez observava as reações dela pelos cantos dos olhos, enquanto as gravações se sucediam. É verdade que ela já está acostumada às minhas esquisitices, passou um bom pedaço de inverno ouvindo uma enfiada de sinfonias de Bruckner, e não demostrou outro sentimento que não fosse de satisfação com a música. Sendo assim, dei o experimento como inconclusivo e levei o exercício para o próximo estágio.

Neta chorando no colo, muito calor, liguei o ventilador e música no ambiente. Pasmem vocês, temos um vencedor, pelo menos até que novo debate se acenda no Grupo de WhatsApp dos blogueiros e amigos do PQP Bach. A coroa de louros vai para a gravação feita já há alguns anos (2001) pelo conhecido regente, cravista e organista, Masaaki Suzuki. Louros e direito à súbita postagem. A neném parou de chorar e adormeceu lá pela sarabanda da Primeira Partita e assim continuou até quase toda a Terceira Partita, que a segue no primeiro dos dois CDs.

Masaaki Suzuki talvez seja agora mais conhecido pelas suas gravações das Cantatas e outras obras corais de Bach, mas sua formação original foi como organista, estudando com Tsuguo Hirono. Também estudou cravo com Motoko Nabeshima. Em 1979 foi aperfeiçoar-se em Amsterdã, cravo com Ton Koopman e órgão com Piet Kee.

Eu certamente acredito que a qualidade da gravação, com produção exemplar do selo BIS, muito influiu para o sucesso de meus experimentos e vou continuar ouvindo esta gravação muitas vezes. Sugiro que você faça suas próprias experiências, ouvindo tanto o Suzuki quanto o Pinnock, para cravo. Ou ainda, o Esfahani. Se tiver dúvidas e quiser tentar gravações ao piano, pode incluir a segunda da Angela Hewitt e também a do articulado pianista Igor Levit, assim como Murray Perahia (I e II). Depois me conte…

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

CD1

Partita No. 1 em si bemol maior, BWV825

  1. Praeludium
  2. Allemande
  3. Corrent
  4. Sarabande
  5. Menuet I & II
  6. Giga

Partita No. 3 em lá menor, BWV827

  1. Fantasia
  2. Allemande
  3. Corrente
  4. Sarabande
  5. Burlesca
  6. Scherzo
  7. Gigue

Partita No. 4 em ré maior, BWV828

  1. Ouverture
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Aria
  5. Sarabande
  6. Menuet
  7. Gigue

CD2

Partita No. 2 em dó menor, BWV826

  1. Sinfonia
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Rondeaux
  6. Capriccio

Partita No. 5 em sol maior, BWV829

  1. Preambulum
  2. Allemande
  3. Corrente
  4. Sarabande
  5. Tempo di Minuetta
  6. Passepied
  7. Gigue

Partita No. 6 em mi menor, BWV830

  1. Toccata
  2. Allemande
  3. Corrente
  4. Air
  5. Sarabande
  6. Tempo di Gavotta
  7. Gigue

Masaaki Suzuki, cravo

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 1,01 GB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 381 MB

If you like a bold harpsichord sound, this very realistic BIS disc should provide great satisfaction, for Suzuki’s Bach perceptions are fully revealed here and he plays thoughtfully, commandingly and spontaneously. [Penguin Guide to Recorded Classical Music – 2009]

Espontaneidade, talvez? Aproveite!

René Denon

 

Franz-Joseph Haydn (1732-1809) – 4 Masses, Stabat Mater, Die Sieben letzten Worte unseres Erlösers am Kreuze – Cd 1 de 6 – Harnoncourt, Concentus musicus Wien

frontFDP: Ainda dentro da minha modesta comemoração ao aniversário de Haydn, resolvi trazer mais um pacotaço do mestre austríaco, desta vez com outro mestre, descendente direto da família Habsburgo: Nikolaus Harnoncourt, recentemente falecido [em 2016, primeira repostagem desses CDs], e já devidamente reverenciado e homenageado aqui no PQPBach.

Estas missas são um dos pontos altos da imensa obra de Haydn, e Harnoncourt lhe dá a devida e merecida atenção, dirigindo seu excelente conjunto ‘Concentus Musicus Wien’ e o excepcional ‘Arnold Schoenberg Choir’ , e rodeado de excelentes solistas. Vale cada minuto de audição.

Pleyel: Estou repostando essas gravações que FDP trouxe no aniversário de 180 anos de Haydn em 2012. Já começamos com uma das minhas obras preferidas de Haydn, a Missa in tempore belli (Missa em tempos de guerra), nome escrito pelo compositor no alto da partitura. Desde 1792 os Habsburgos estava em guerra com a França Revolucionária, e em 1796, ano em que essa missa foi composta, uma estrela em ascensão chamada General Napoleão Bonaparte vencia várias batalhas na Itália e podia invadir Viena a qualquer momento. Naquela época, era estritamente proibido defender a paz, que significaria uma rendição contra aqueles bárbaros que mataram Maria Antonieta, tia do então Imperador da Áustria. Então o que Haydn fez foi dar enorme ênfase, no trecho final da missa (Agnus Dei), àquela velha frase “Cordeiro de Deus… dai-nos a paz.”

Mas é uma paz em tempos de guerra, tempos revolucionários, tempos imprevisíveis, e Haydn expressa esse clima bélico com o rufar dos tambores… Não conheço outra obra da tradição católica que utilize percussões com tanta intensidade quanto essa, que tem em alemão o apelido Paukenmesse (missa do tímpano).

Franz-Joseph Haydn (1732-1809):
01 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – I. Kyrie
02 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – II. Gloria
03 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – III. Credo
04 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – IV. Sanctus
05 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – V. Bendictus
06 – ‘Missa in tempore belli’ HobXXII9 c-dur – VI. Agnus Dei
07 – Salve Regina HobXXIIb2 g-moll – I. Salve regina
08 – Salve Regina HobXXIIb2 g-moll – II. Eja ergo, advocata nostra
09 – Salve Regina HobXXIIb2 g-moll –  III. Et Jesum

Dorothea Röschmann – Soprano
Elisabeth von Magnus – Mezzo-Soprano
Herbert Lippert – Tenor
Oliver Widmer – Bass Baritone
Arnold Schoenberg Choir
Concentus musicus Wien
Nikolaus Harnoncourt – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – FLAC
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – mp3 320kbps

Papa Haydn

PS: Agora estamos também no Twitter: twitter.com/pqpbach

Piotr Illich Tchaikovsky – Violin Concerto, op. 35, Édouard Lalo – Symphonie espagnole, Op. 21 – Augustin Hadelich, LPO

Sem dúvidas, eis um CD pra mostrar os talentos virtuosísticos de Augustin Hadelich, exuberante violinista italo-germânico. Ao lado da Filarmônica de Londres ele traz duas das principais obras para violino do repertório romântico, a saber, o Concerto de Tchaikovsky, talvez o mais famoso dos concertos para violino já compostos, e a extraordinária Sinfonia Espanhola, de Édouard Lalo. São duas obras que dispensam apresentações, já as trouxemos aqui com diversos outros intérpretes.

Detalhe a destacar é que são registros gravados ao vivo, com direito a palmas, etc. E nas duas obras temos uma demonstração do talento deste incrível violinista, que vem se destacando nestes últimos anos. Recentemente lançou uma elogiada gravação das Sonatas e Partitas para Violino Solo, de Bach, se não me engano, já também postada por aqui.

Gosto de ouvir novas versões de obras tão conhecidas e gravadas. Todos temos nossas gravações favoritas, mas sangue novo sempre traz novas possibilidades. São registros cheios de vigor e intensidade e muito envolventes. Impossível ficarmos alheios à elas. Desde Heifetz, passando por Oistrakh, Francescatti, Milstein, Szeryng, todos excepcionais músicos que deram sua contribuição para as possíbilidades de interpretação destas obras, enfim, já há muito tempo venho colecionando gravações delas. Gostei de todas, e Augustin Hadelich com certeza já inscreveu seu nome no rol destes grandes músicos.

01. Violin Concerto in D Major, Op. 35, TH 59 I. Allegro moderato
02. Violin Concerto in D Major, Op. 35, TH 59 II. Canzonetta Andante –
03. Violin Concerto in D Major, Op. 35, TH 59 III. Finale Allegro vivacissimo
04. Symphonie espagnole, Op. 21 I. Allegro non troppo
05. Symphonie espagnole, Op. 21 II. Scherzando Allegro molto
06. Symphonie espagnole, Op. 21 III. Intermezzo Allegretto non troppo
07. Symphonie espagnole, Op. 21 IV. Andante
08. Symphonie espagnole, Op. 21 V. Rondo Allegro

Augustin Hadelich – Piano
London Philharmonic Orchestra
Vassily Petrenko – Conductor (faixas 1 a 3)
Omer Meir Webber – Conductos (4 a 8)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Augustin Hadelich fez questão de vir mostrar seu Stradivarius na sede da PQPCorp. em München.

Stefan Temmingh & Dorothee Mields – Inspired by Song

Mais um CD com a parceria Temmingh & Mields, e como não poderia ser diferente, mais um CD com o selo “IM-PER-DÍ-VEL !!” do PQPBach. Assim ele nos é apresentado na capa do Disco:

“Instrumental variations for recorder and baroque ensemble, inspired by early baroque tunes and English Songs”. 

Ambos os solistas vem se destacando nos últimos anos, e afirmando-se como os grandes músicos que são. Sim, trata-se de um CD barroco, ou pré barroco, mas não encontramos aqui nenhum daqueles ‘excessos’ de alguns grupos historicamente informados. Temos sim uma leitura moderna, atualizada, mas sem perder aquele frescor, ainda mais com a delicadíssima voz de Dorothee Mields e o som único, com um timbre limpo, fluído das flautas doces de Stefan Temminghs. Ele se utiliza dos mais variados instrumentos, com as mais diversas afinações. Lembro que quando criança me colocaram para aprender a tocar Flauta Doce, e ainda tenho a minha velha Yamaha, e por incrível que pareça, quarente e cinco anos depois, ela não desafinou. De vez em quando dou limpada nela e arrisco algumas notas. Meus cachorros uivam, minha esposa me olha com o canto dos olhos, aí entendo o recado e a guardo novamente.

Cada faixa desse CD é uma jóia sendo lapidada, nada falta, nada sobra, mesmo nas faixas instrumentais. Meu único lamento é que não tenha conhecido isso antes. Temos obras de compositores anônimos, desconhecidos, para mim, é claro, e famosos, como Geminiani, Purcell e Dowland.

1 John Come Kiss Me Now
2 Lady Ann Bothwel’s Lament
3 Lady Ann Bothwel’s Lament
4 Engels Nachtegaeltje

5 A Division On A Ground By Mr. Eccles
Written-By – Solomon Eccles

6 An Irish Tune
7 An Irish Tune
8 Flow My Tears
Written-By – John Dowland

9 Lachrimae Pavan
Written-By – Johann Schop

10 When Daphne Did From Fair Phoebus Fly
11 Doen Daphne D’over Schoone Maeght
12 Faronells Ground (From The Division Flute)
13 The King’s Health, Sung To Farrinel’s Ground
Written-By – Thomas D’Urfey*

14 Greensleeves
15Can Love Be Controul’d?
Written-By – Frederick Nussen

16 Can Love Be Controul’d By Advice?
Written-By – Johann Christoph Pepusch

17 Toccata (Improvisation)

18 Dido’s Lament
Written-By – Henry Purcell

Dorothee Mields – Soprano
Stefan Temminghs – Recorder
The Gentleman´s Band.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Samuel Barber (1910-1981): Cello Concerto / Medea Ballet Suite / Adagio for Strings (Alsop)

Samuel Barber (1910-1981): Cello Concerto / Medea Ballet Suite / Adagio for Strings (Alsop)

Surpreendi-me com a alta qualidade deste CD — mais um do compositor americano Samuel Barber. O Concerto para Violoncelo é uma verdadeira joia. As passagens são belíssimas e de bom gosto. Ainda não tivera a oportunidade de conhecer esse compositor. Mas após as duas sinfonias que postei a semana passada e com mais este concerto para cello, Barber entrou positivamente em meu conceito. Vale ressaltar ainda o belo Adagio para cordas, Op.11 encontrado neste CD que ora posto. Duas palavras o traduz: belo e desolador. Parece com uma daquelas velhas melodias sobre os efeitos devastadores da guerra. Não deixe de ouvir. Uma boa apreciação!

Samuel Barber (1910-1981) – Cello Concerto, Op. 22, Medea Ballet Suite, Op. 23 e Adagio for Strings, Op. 11

Cello Concerto, Op. 22
01. Allegro moderato
02. Andante sostenuto
03. Molto allegro e appassionato

Medea Ballet Suite, Op. 23
04. Parodos
05. Choros. Medea and Jason
06. The Young Princess. Jason
07. Chroso
08. Medea
09. Kantikos Agonias
10. Exodos

Adagio for Strings, Op. 11
11. Adagio for Strings, Op. 11

Royal Scottish National Orchestra
Marin Alsop, regente
Wendy Warner, cello

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Barber fumando sob uma árvore do Sítio da PQP Bach Corp da Pensilvânia

Carlinus

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Sim, sim, um bom disco de grandes compositores modernos. Em 23 de agosto de 2011 Anne-Sophie Mutter comemorou seus 35 anos de palco. De palco, gente. Ela não é apenas uma das principais violinistas do mundo, mas também uma best-seller internacional, tendo vendido mais de 5.000.000 CDs em todo o mundo — e subindo. Para celebrar, a Deutsche Grammophon lançou um novo álbum com gravações de estreias mundiais de duas novas obras escritas para Mutter: Lichtes Spiel de Wolfgang Rihm e Time Machines de Sebastian Currier, gravadas com a Orquestra Filarmônica de Nova York. Penderecki também está no CD original, mas por não ser uma estreia ficou fora até da capa, vejam só.

Wolfgang Rihm / Sebastian Currier / Krzysztof Penderecki: Lichtes Spiel / Time Machines / Duo Concertante (Mutter / NYP)

Lichtes Spiel (2009)
Composed By – Wolfgang Rihm
1 Ein Sommerstück 17:08
Duo Concertante (2010)

Composed By – Krzysztof Penderecki
2 Andante, Quasi Una Cadenza – Allegretto Scherzando – Andante, Quasi Una Cadenza 5:03
Dyade (2010-2011)

Composed By – Wolfgang Rihm
3 Andante, Quasi Sempre Rubato 12:35
Time Machines (2007)

Composed By – Sebastian Currier
4 I Fragmented Time 2:36
5 II Delay Time 4:19
6 III Compressed Time 1:29
7 IV Overlapping Time 3:44
8 V Entropic Time 6:26
9 VI Backwards Time 1:39
10 VII Harmonic Time 8:52

Composed By – Krzysztof Penderecki (faixas: 2), Sebastian Currier (faixas: 4 to 10), Wolfgang Rihm (faixas: 1, 3)
Conductor – Alan Gilbert (2) (faixas: 4 to 10), Michael Francis (3) (faixas: 1)
Double Bass – Roman Patkoló (faixas: 2, 3)
Orchestra – New York Philharmonic* (faixas: 1, 4 to 10)
Violin – Anne-Sophie Mutter

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

A esperada foto de Mutter

PQP

Vamos resolver isso? Falta pouco! —> .: interlúdio :. Argonautas Interpretam Edu Lobo

Vamos resolver isso? Falta pouco! —> .: interlúdio :. Argonautas Interpretam Edu Lobo

Este trabalho precisa de você para existir  fisicamente e poder render uma graninha para os Argonautas. PQP, os caras merecem! E como! O que falta? Ora, pagar os royalties de alguns artistas e o serviço de liberação para poder ser lançado nas plataformas digitais. Como colaborar?

Aqui, ó. Falta pouco.

Só os pequepianos receberão o CD antes para poderem comprovar sua qualidade! Mas isso não significa que não possam ajudar os artistas! Vejam a imagem que coloquei após a foto do Edu Lobo, lá embaixo.

O recado dos Argonautas:

Fazer um disco com músicas de Edu Lobo sempre foi de nosso interesse. Com suas canções mágicas, coloca-se, vizinho de Tom e Chico, no nosso mais alto patamar.

As participações agigantam o álbum. Há Mônica Salmaso, Renato Braz, Leonardo Torres, Marco Forte e Heriberto Porto. Todos foram generosos e passionais, pelo que somos muito gratos.

Este disco tem, embutidos no repertório, uma atmosfera, um poder imersivo, que nós tentamos manter nos arranjos, na gravação, nas interpretações e até na mixagem e na masterização. Trata-se de uma coletânea de momentos artesanais, que para nós foram de transcendência, e que meio sem querer, meio meticulosos, tivemos a oportunidade de capturar.

Só podemos esperar que essa força que ele guarda atinja e cative a todos.

Argonautas Interpretam Edu Lobo

01. Jogo 3
Edu Lobo

Rafael Torres  arranjo, violão, viola, flauta e acordeon
Ayrton Pessoa  piano
Ednar Pinho  baixo

02. Choro Bandido
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres   arranjo, violão e voz
Ayrton Pessoa  acordeon
Ednar Pinho baixo

03. Pra Dizer Adeus
Edu Lobo e Torquato Neto

Rafael Torres arranjo, violão, guitarra e voz
Ednar Pinho baixo
Igor Ribeiro  bateria

04. A Permuta dos Santos
Edu Lobo e Chico Buarque

Mônica Salmaso  voz
Rafael Torres  arranjo, violão e vocal
Ayrton Pessoa acordeon
Ednar Pinho baixo
Igor Ribeiro  percussão
Luiz Orsano  bateria

05. Canção do Amanhecer
Edu Lobo e Vinícius de Moraes

Rafael Torres  arranjo, violão, flautas, clarinetes e voz
Ednar Pinho baixo
Igor Ribeiro  bateria

06. Meia-Noite
Edu Lobo e Chico Buarque

Edu Lobo  voz
Rafael Torres  arranjo e violão
Ayrton Pessoa piano e acordeon
Ednar Pinho baixo

07. Beatriz
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres arranjo, violão, flauta e voz
Ayrton Pessoa bandolim
Leonardo Torres  piano
Ednar Pinho baixo

08. Forrobodó
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres  arranjo, violão, flauta e voz
Ednar Pinho baixo
Igor Ribeiro  bateria

09. Sobre Todas as Coisas
Edu Lobo e Chico Buarque

Renato Braz voz
Rafael Torres arranjo, violão e voz
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano

10. Valsa Brasileira
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres arranjo, clarinete e voz
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano

11. A Moça do Sonho
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres violão e voz

12. O Circo Místico
Edu Lobo e Chico Buarque

Ayrton Pessoa  piano, acordeon e voz

13. Ave Rara
Edu Lobo e Aldir Blanc

Marco Forte voz​
Rafael Torres arranjo e violão
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano
Luiz Orsano percussão

14. No Cordão da Saideira
Edu Lobo

Rafael Torres arranjo, voz e violão
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano
Luiz Orsano bateria

15. Opereta de Casamento
Edu Lobo e Chico Buarque

Rafael Torres arranjo, arranjo, voz, saxofones e violão
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano
Luiz Orsano bateria

16. Corrupião / Ode Aos Ratos
Edu Lobo / Edu Lobo e Chico Buarque

Heriberto Porto  flautas
Rafael Torres arranjo, voz e violão
Ednar Pinho baixo
Ayrton Pessoa  piano
Luiz Orsano bateria

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Edu Lobo | Foto: Nana Moraes / Divulgação
De El Roto, no El País de Madrid, em 18/12/2021

PQP

Sorin Lerescu (1953): Sinfonias

Sorin Lerescu (1953): Sinfonias

Como comentei em um post anterior de música romena, às vezes a sonoridade, a ambiência da música de Lerescu me lembram muito o Stefan Niculescu dos anos 70 e 80. Verdade que tenho a sensação de que falta um quê inominável, aquele que separa a obra-prima de uma obra “apenas” muito interessante e que não se restringe simplesmente a uma falta de novidade, ou de originalidade extrema. O que posso dizer é que parece faltar o peso, a força extrema com Niculescu bizarramente nos conduz pela leveza. E mais ainda, como ele consegue abandoná-la sempre que quer, sem se tornar refém da criação. Ainda assim, as sinfonias de Lerescu são obras de enorme beleza, e tenho certeza de que devem agradar mesmo os exigentes. Há nelas um transbordar de cor e dramaticidade que me recordam também um pouco daquele grandeur do Rautavaara dos primeiros concertos para piano, da época em que este ainda não tinha diluído de vez sua música (mas as sinfonias do Lerescu, ainda assim, são melhores que o melhor Rautavaara). As três primeiras sinfonias, respectivamente de 1984, 1987 e 1994, é que realmente são o caso. A quarta, para orquestra com órgão, não me impressiona tanto. E dentre as três primeiras, tenho um carinho todo especial pela segunda, que desde os primeiros segundos já nos envolve com uma entrada brilhante e sua delicadeza um pouco infantil.

Boa diversão!

Sorin Lerescu (1953)

Sinfonias

CD 1
01 Sinfonia nº1, para orquestra (1984)
02 Sinfonia nº2, para orquestra (1987)

CD 2
01 Sinfonia nº3, para orquestra (1987)
02 Sinfonia nº4, para orquestra com órgão

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Sorin Lerescu naquele país que não existe. (Esta é uma piada interna).

itadakimasu

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Weihnachts-Oratorium, BWV 248 – Savall

“Tsc”, diriam alguns, enquanto palitam dos dentes os resíduos do peru de quatrocentos guedes, “eis Vassily a aplicar o velho e preguiçoso golpe de postar o Oratório de Natal no dia do Natal!”

“Não vos afobeis”, replicaria eu, “oh, soldados de Herodes: este não é qualquer Oratório de Natal, nem tampouco deveríeis escutá-lo todo agora, enquanto contemplais as faturas de janeiro e as fraturas familiares expostas pelos arranca-rabos da ceia”.

E falo sério: nem o próprio João Sebastião Ribeiro pretendia que as seis cantatas de seu Oratório – quase todas provindas de material brilhantemente parodiado de obras suas anteriores – fossem todas escutadas num só dia de Natal. Havia uma cantata para cada uma das noites festivas de Natal, que eram três (25, 26 e 27 de dezembro) em Leipzig; também uma para o primeiro domingo após o Natal, e outra para a Festa da Epifania, que conhecemos como Dia de Reis (6 de janeiro); e até uma, vejam só, para o primeiro dia do ano, não porque ela fosse celebrar o Ano Novo, mas para honrar a dita Festa da Circuncisão de Jesus.

Parabéns, Jesus

 

 

 

O fato de Sebastião ter preparado esse banquete sonoro para seis dias e noites (pois sabe-se que ele, o bicho-carpinteiro, estreou o oratório tanto na Thomaskirche quanto na Nikolaikirche) não os deve demover, tampouco, de ouvir o oratório de uma só vez. Eu próprio, que tenho um fraco pelo eletrizante coro inicial, com o toque dos tímpanos a abrir-lhe os trabalhos, as fanfarras e a brilhante parte vocal, facilmente me deixo levar pela torrente de grande música.

Por óbvio, não seria diferente quando ao ouvi-lo nessa gravação de Jordi Savall. O Midas catalão, que sempre me captura com suas criativas, estimulantes leituras do repertório barroco, operou novamente o milagre de me levar enxurrada abaixo feito pauzinho de enchente e fazer essas duas horas e meia passarem com muito deleite. Há, mais que competência, muito frescor na concepção e precisão na execução, que garantem a clareza mesmo com os rápidos andamentos escolhidos. Ainda que devesse destacar os ótimos solistas, em particular o Evangelista de Martin Platz e o contratenor Raffaele Pé, afirmo que o mais importante retrogosto dessa gravação é o de caloroso aconchego, principalmente nos belíssimos corais, que aqui trazem o habitual repouso dos números mais lépidos, sem no entanto sedarem o ouvinte, nem quebrarem o fluxo da narrativa da Natividade. A gravação, feita ao vivo no Palau de la Música Catalana em Barcelona, tem o som um tanto cavernoso, típico dos registros feitos naquele magnífico auditório, mas haverá, tenho certeza, de soar-lhes como tudo com que Savall nos presenteia: com uma pujança aventureira, e como nenhuma outra que ouviram antes.

Johann Sebastian BACH (1685-1750)

Oratório de Natal (Weihnachts-Oratorium), para solistas, coro e orquestra, BWV 248

DISCO 1

Primeira parte: Para a Primeira Noite do Natal
1 – Coro: Jauchzet, frohlocket, auf preiset die Tage
2 – Recitativo (Evangelista): Es begab sich aber zu der Zeit
3 – Recitativo (contralto): Nun wird mein liebster Brautigam
4 –  Ária (contralto): Bereite dich, Zion, mit herrlichen Trieben
5 – Coral: Wie soll ich dich empfangen
6 – Recitativo (Evangelista): Und sie gebar ihren ersten Sohn
7 – Coral (soprano) e recitativo (baixo): Er ist auf Erden kimmen arm
8 – Ária (baixo): Grosser Herr, o starker König
9 – Coral: Ach, mein herzliebes Jesulein

Segunda parte: Para a Segunda Noite do Natal
10 – Sinfonia
11 – Recitativo (Evangelista): Und es waren Hirten in derselben Gegend
12 – Coral: Brich an, o schönes Morgenlicht
13 – Recitativo (Evangelista, soprano): Und der Engel sprach zu ihnen/Fürchtet euch nicht
14 – Recitativo (baixo): Was Gott dem Abraham verheißen
15 – Ária (tenor): Frohe Hirten, eilt, ach eilet
16 – Recitativo (soprano): Und das habt zum Zeichen
17 – Coral: Schaut hin, dort liegt im finstern Stall
18 – Recitativo (baixo): Sogeht denn hin, ihr Hirten, geht
19 – Ária (contralto): Schlafe, mein Liebster, genieße der Ruh
20 – Recitativo (Evangelista): Und alsobald war da bei dem Engel
21 – Coro: Ehre sei Gott in der Höhe
22 – Recitativo (baixo): So recht, ihr Engel, jauchzet und singet
23 –  Coral: Wir singen dir in deinem Heer

Terceira parte: Para a Terceira Noite do Natal
24 – Coro: Herrscher des Himmels, erhöre das Lallen
25 – Recitativo (Evangelista): Und da die Engel von ihnen gen Himmel führen
26 -Coro: Lasset uns nun gehen gen Bethlehem
27 –  Recitativo (baixo): Er hat sein Volk getröst
28 – Coral: Dies hat er alles uns getan
29 – Dueto (soprano, baixo): Herr, dein Mitleid, dein Erbarmen
30 –  Recitativo (Evangelista): Und sie Kamen eilend
31 – Ária (contralto): Schließe, mein Herze, dies selige Wunder
32 – Recitativo (contralto): Ja, ja, mein Herz soll es bewahren
33 – Coral: Ich will dich mit Fleiss bewarhen
34 – Recitativo (Evangelista): Und die Hirten kehrten wieder um
35 – Coral: Seid froh
36 – Coro (da capo): Herrscher des Himmels, erhöre das Lallen

DISCO 2

Quarta Parte: Para a Festa da Circuncisão
1 – Coro: Fallt mit Danken, fallt mit Loben
2 – Recitativo (Evangelista): Und da acht Tage um waren
3 – Recitativo (baixo) com Coral (soprano): Immanuel, o süßes Wort/Jesu, du mein liebstes Leben
4 – Ária (soprano, eco): Flößst, mein Heiland, flößt dein Namen
5 – Recitativo (baixo) com coral (soprano): Wohlan, dein Name soll allein/Jesu, mein Freud und Wonne
6 – Ária (tenor): Ich will nur zu Ehren leben
7 – Coral: Jesus, richte mein Beginnen

Quinta Parte: Para o Domingo após o Natal
8 – Coro: Ehre sei dir, Gott, gesungen
9 – Recitativo (Evangelista): Da Jesus geboren war zu Bethlehem
10 – Coro e recitativo (contralto): Wo ist der neugeborne König der Juden?/Sucht ihn in meiner Brust
11 – Coral: Dein Glanz all Finsternis verzehrt
12 – Ária (baixo): Erleucht auch meine finstre Sinnen
13 – Recitativo (Evangelista): Da das der König Herodes hörte
14 – Recitativo (contralto): Warum wollt ihr erschrecken?
15 – Recitativo (Evangelista: Und ließ versammlen alle Hohenpriester
16 – Terceto (soprano, contralto, tenor): Ach, wenn wird die Zeit erscheinen?
17 – Recitativo (alto): Mein Liebster herrschet schon
18 – Coral: Zwar ist solche Herzensstube

Sexta Parte: Para a Festa da Epifania
19 – Coro: Herr, wenn die stolzen Feinde schnauben
20 – Recitativo (Evangelista, baixo): Da berief Herodes die Weisen heimlich/Ziehet hin und forschet Fleißig nach dem Kindlein
21 – Recitativo (soprano): Du Falscher, suche nur den Herrn zu fällen
22 – Ária (S): Nur ein Wink von seinen Händen
23 – Recitativo (Evangelista): Als sie nun den König gehöret hatten
24 – Coral: Ich steh an deiner Krippen hier
25 – Recitativo (Evangelista): Und Gott befahl ihnen im Traum
26 – Recitativo (tenor): So geht! Genung, mein Schatz
27 – Ária (tenor): Nun mogt ihr stolzen Feinde schrecken
28 – Recitativo (soprano, contralto, tenor, baixo): Was will der Höllen Schrecken nun
29 – Coro: Nun seid ihr wohl gerochen

Katja Stuber, soprano
Raffaele Pé, contratenor
Martin Platz, tenor
Thomas Stimmel, baixo
La Capella Reial de Catalunya
Le Concert des Nations
Jordi Savall, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

O maravilhoso Palau de la Música Catalana, onde foi feita a gravação que hoje lhes ofereço (fotos do autor)

 

 

 Quem quiser mais do Oratório de Natal saberá encontrar deleite nessa gravação primorosa, e aqui já publicada pelo patrão PQP:

J. S. Bach (1685-1750): Oratório de Natal (Weihnachts-Oratorium / Christmas Oratorio)

Aproveito para reiterar o pedido do colega René Denon, feito ontem: se puder e for de seu agrado, lembre-se também de…

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily

Handel (1685-1759): Messiah – Solistas, Le Concert d’Astrée Choeur et Orchestre – Emmanuelle Haïm ֍

Handel (1685-1759): Messiah – Solistas, Le Concert d’Astrée Choeur et Orchestre – Emmanuelle Haïm ֍

Handel

Messiah

Solistas

Le Concert d’Astrée

Choeur et Orchestre

Emmanuelle Haïm

 

Eu não senti a falta do livro de ouro nestes dias que antecederam mais este Natal com distanciamento social. Se bem que o tal distanciamento tem encurtado muito pra meu gosto e o social está em plena expansão…

O desfile de letras gregas continua, para a minha enorme preocupação, mas se você está lendo estas linhas, é véspera de Natal ou mesmo o próprio dia de Natal de 2021, o segundo que vivemos sob a sombra da pandemia.

A ocasião é propícia para uma avaliação do que temos feito de nossos dias e eu posso dizer que tenho me esforçado para fazer bom uso de todos os recursos, que são cada vez mais limitados. Busco ouvir apenas os discos mais promissores, progredi bastante nas técnicas de preparação para atividades a distância – síncronas ou assíncronas. Tenho tentado aplicar os três res: reuse, reduza e recicle!

Finalmente retomei alguma atividade física prazerosa – tênis uma vez por semana. Na primeira vez quase morri e lembrei-me da cena do filme em que Nick Nolte faz um jogador de futebol americano acordando num dia pós-jogo. Ainda bem que o tênis não é um dos chamados jogos de contato físico, limitando-se ao contato da bolinha com a raquete.

E você? O que tem feito de seus dias? Muito fb e poucas leituras? Maratonando aquelas séries ou maratonando as Sinfonias de Bruckner? Seja lá como for, espero que encontre um equilíbrio e que tenhas conseguido adentrar a lista de Papai Noel!

Para garantir, preparei aqui este presente natalino, uma gravação do Messias, Messiah, como quiser. A Emmanuelle Haïm tem todas as credenciais e qualificações para a obra. Ótima regente de coro e orquestra, acompanha os cantores maravilhosamente e tem muita experiência com a obra de Handel. Isso a permite até algumas liberdades e como o Messias é uma obra que foi apresentada muitas, muitas vezes, mesmo ao longo da vida do compositor, há muitas variantes. Portanto, você terá a oportunidade de ouvir tudo novamente.

A orquestra no melhor estilo ‘quem …. ?’

Eu gosto especialmente dos coros. Nem precisa mencionar o Hallelujah, ainda no primeiro disco você ouvirá o His yoke is easy, his burthen is light, mas o que me emociona sempre é o For unto us a child is born! O segundo arquivo começa com o assertivo Surely He hath borne our grifes, continua com outro coro, And with His stripes we are healed, que se completa com o delicioso All we, like sheep, have gone astray. Mas há árias, para tenor, contralto, soprano e baixo. Maravilhosas. O dueto O death, where is thy sting já prenuncia a vitória do Senhor sobre a morte. É verdade que no Natal celebramos o nascimento de Jesus, mas impossível não associar sua passagem por aqui sem considerar a morte e a ressurreição. Eis uma boa mensagem para todos aqui, seja qual for a sua fé ou mesma a sua não fé. Enquanto isso, vamos de boa música. Eu mesmo não me envergonho de quando em vez tirar um pequeno cisco do olho quando ouço esta música.

George Frideric Handel (1685 – 1759)

Messiah

Lucy Crowe, soprano
Tim Mead, contratenor
Andrew Staples, tenor
Christopher Purves, baixo

Le Concert d’Astrée

Choeur et Orchestre

Emmanuelle Haïm, direção

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 709 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 358 MB

Lembremos do aniversariante…

Se puder e for de seu agrado, lembre-se também de…

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachts Musik & Transcriptions – Arditti String Quartet ֍

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachts Musik & Transcriptions – Arditti String Quartet ֍

Quem tem medo de Arnold Sch… ?

Hasta la vista, baby!

Bem não estou falando do austríaco fortão que ficou famoso como fisiculturista e ator, chegando a ser o governador da Califórnia, mas sim do outro Arnold, o Schoenberg, inventor de uma maneira totalmente nova de compor.

Podemos dizer que Arnold Schoenberg foi o compositor mais estudado e falado do século 20, mas também teve sua música bem pouco executada. Uma de suas peças bem conhecidas é o Sexteto de Cordas Verklärte Nacht (Noite Transfigurada), escrita em 1899 e se enquadra perfeitamente ao lado das peças da época – do romantismo tardio de Richard Strauss, por exemplo. Mesmo esta, que hoje poderíamos considerar peça comum nos programas de concertos e discos, foi recebida com pouco entusiasmo nos dias de sua composição.

Auf Wiedersehen, baby!

Nesta época de vacas magérrimas, no primeiro quarto do século 20, quando sua própria música não tinha qualquer chance de ser executada, Arnold fez muitas adaptações e arranjos de música de outros compositores, regeu coros amadores e até orquestrou algumas operetas para compositores muito ocupados… Tudo para colocar das Brot auf den Tisch. Obras do escopo de Guerrelied estavam a caminho, mas tiveram que esperar. Quem sabe algum dos nossos colaboradores mais versados nas obras deste compositor e de seus discípulos se anime e prepare assim uma cesta básica para a iniciação nessas obras.

A motivação da postagem de hoje – 23 de dezembro de 2021 – é ilustrar uma parte mais intimista e mais acessível do Arnold, além de apresentar uma peça que estreou exatamente 100 anos atrás, no dia 23 de dezembro de 1921, a Weihnachtsmusik.

Além de compositor, Arnold fazia auto-retratos…

Como era essencialmente impossível ter suas peças apresentadas regularmente em Viena, no início do século 20, Schoenberg fundou em 1918 uma Sociedade para Performances Musicais Privadas, que oferecia concertos semanais de música de câmara para audiências que se subscreviam e estavam interessadas nas novidades.

As peças eram compostas ou arranjadas para os programas e estes arranjos eram feitos por diversos músicos, pois que havia um espírito de coletividade pairando sobre a sociedade, tudo sob a liderança do Arnold.

Este disco é uma boa mostra do que ocorria nestes concertos: obras de Mahler e Busoni ao lado de valsas de Strauss, Johann Strauss II. Com destaque para esta linda peça que Arnold compôs de olho no Natal de 1921.

Feliz Natal!

Arnold Schoenberg (1874 – 1951)

Weihnachtsmusik, para harmônio, piano e quarteto de cordas

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Lieder eines fahrenden Gesellen

(arr. A. Schoenberg voz, piano, flauta, clarinete, harmônio e quarteto de cordas)

I Wenn mein Schatz Hochzeit macht

II Ging heut’ morgen ubers Feld

III Ich hab’ ein gluhend Messer

IV Die zwei blauen Augen

Ferrucio Busoni (1866 – 1924)

Berceuse élégiaque, Op. 42

(Arranjo para harmônio, flauta, piano, clarinete e quarteto de cordas)

Johann Strauss, II (1825 – 1899)

Kaiser-Walzer, Op. 437

(arranjo para piano, flauta, clarinete e quarteto de cordas)

Rosen aus dem Süden, Op. 388

(Arranjo para piano, harmônio e quarteto de cordas)

Jean-Luc Chaignaud, barítono (Mahler)

Isabelle Berteletti, percussão (Mahler)

Louise Bessette, piano

Hakon Austbo, harmônio

Michel Moragues, flauta

Paul Meyer, clarinete

Arditti Quartet

Irvine Arditti e Avid Alberman, violinos

Levine Andrade, viola

Rohan de Saram, violoncelo

Michel Béroff, direção

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 253 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 158 MB

Quarteto Arditti apresentando um programa com peças de Kurtág e Ligeti no Salão Dourado do PQP Bach Building de San Francisco
Arnold, quando soube da postagem…

Béla Bartók (1881-1945): Three folksongs from the Csík District / Two Hungarian folksongs / Székely folksong / Four Slovakian folksongs / Petits morceaux zongorára / Four songs for voice and piano / Scherzo-fantasie for piano / “Evening” / Marche funèbre from symphonic poem “Kossuth” for piano / “Evening” for male choir #BRTK140 Vol. 29 de 29

Béla Bartók (1881-1945): Three folksongs from the Csík District / Two Hungarian folksongs / Székely folksong / Four Slovakian folksongs / Petits morceaux zongorára / Four songs for voice and piano / Scherzo-fantasie for piano / “Evening” / Marche funèbre from symphonic poem “Kossuth” for piano / “Evening” for male choir #BRTK140 Vol. 29 de 29

Aqui, toda a coleção.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

É claro, já estou com saudades. Após ouvir a obra completa do húngaro, penso em quando irei retornar a ela. Acho que não demorará muito. Ouvir estes CDs foi uma linda aventura patrocinada pelo colega Vassily Genrikhovich. Ouvir Bartók foi conviver com o compositor, o pianista, o professor, o musicólogo, o etnomusicólogo, o colecionador de música folclórica, enfim, com o gênio de um dos principais criadores do século XX.

Os grandes compositores barrocos, clássicos e românticos combinaram qualidade com quantidade — pense nas produções de Handel, Telemann, Bach, Mozart, Haydn e Beethoven. Por outro lado, nos tempos modernos, considere o caso extremo de Anton Webern, cuja produção de toda a vida é reproduzida por pouco mais de duas horas, ou seja, cerca de metade da duração de uma ópera de Strauss ou Wagner. Apesar disso, Webern é reconhecido como uma grande influência musical na segunda metade do século XX. Pois, julgada pelos padrões dos séculos anteriores ao XX, a produção de Béla Bartók não é grande. Cabe em 29 CDs. Não é pouco, mas também não é algo caudaloso. Há seis quartetos de cordas, seis concertos, três obras de palco em um ato, quatro sonatas, três suítes e outras peças orquestrais e um grande número de pequenas obras para piano, cada uma ocupando apenas algumas folhas de partitura. Ele também escreveu uma cantata e um grande número de arranjos de canções folclóricas. Nada de sinfonias. No entanto, é consenso que Bartók é um dos  grandes compositores de nosso tempo. Isso por um único motivo, por causa da alta qualidade e originalidade de sua música.

Bartók era uma pessoa muito quieta, tímida e calma. Não gostava de ser importunado. Aliás, adorava ser importunado, mas só por crianças. Dizia-se que, quando admiradores entusiasmados se dirigiam a ele como “Mestre” ou “Maestro”, ele respondia: “Meu nome é Bartók”. Sim, seu nome é Bartók e você deveria conhecê-lo se quiser saber em que mundo está pisando.

E, se você tiver alguma dúvida sobre este último volume, ouça Evening e a Marcha Fúnebre do poema sinfônico Kossuth (versão para piano solo). Sim, ouça.

Béla Bartók (1881-1945): Three folksongs from the Csík District / Two Hungarian folksongs / Székely folksong / Four Slovakian folksongs / Petits morceaux zongorára / Four songs for voice and piano / Scherzo-fantasie for piano / “Evening” / Marche funèbre from symphonic poem “Kossuth” for piano / “Evening” for male choir #BRTK140 Vol. 29 de 29

1 Three folksongs from the Csík District for recorder and piano, Sz. 35, BB 45/a “Gyergyó”: No. 1. (Rubato)
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
recorder:
Gábor Kállay (tenor)
recording of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a: I. (Rubato)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a
0:51

2 Three folksongs from the Csík District for recorder and piano, Sz. 35, BB 45/a “Gyergyó”: No. 2. (Poco piú mosso)
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
recorder:
Gábor Kállay (tenor)
recording of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a: II. (Poco piú mosso)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a
1:06

3 Three folksongs from the Csík District for recorder and piano, Sz. 35, BB 45/a “Gyergyó”: No. 3. Tempo di marcia
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
recorder:
Gábor Kállay (tenor)
recording of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a: III. Tempo di marcia
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Gyergyóból, tilinkóra és zongorára, Sz. 35, BB 45a
0:31

4 Two Hungarian folksongs for voice & piano, Sz. 33/b, BB 44: No. 1. “Édesanyám rózsafája”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Két magyar népdal: I. “Édesanyám rózsafája”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Két magyar népdal (Two Hungarian Folksongs), for voice and piano, Sz. 33b, BB 44
0:47

5 Two Hungarian folksongs for voice & piano, Sz. 33/b, BB 44: No. 2. “Túl vagy rózsám, túl vagy a málnás erdején”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Két magyar népdal: II. “Túl vagy rózsám, túl vagy a málnás erdején”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Két magyar népdal (Two Hungarian Folksongs), for voice and piano, Sz. 33b, BB 44
1:51

6 Székely folksong for voice & piano, Sz. 30, BB 34 “Négy szlovák népdal énekhangra zongorakísérettel”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Székely népdal (“Piros alma”)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1904)
1:44

7 Four Slovakian folksongs for voice & piano No. 1, Sz. 35/b+63/a, BB 46+73 “Bisztrói határon”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy szlovák népdal: I. “V tej Bystrickej bráne”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Négy szlovák népdal, Sz. 35b, BB 46
1:46

8 Four Slovakian folksongs for voice & piano No. 2, Sz. 35/b+63/a, BB 46+73 “Pohàební písen (Dolu dolinámi)”: “Halotti ének (Lent a völgyben mélyen)”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy szlovák népdal: II. “Pohřební pisen (Dolu dolinámi)”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Négy szlovák népdal, Sz. 35b, BB 46
2:28

9 Four Slovakian folksongs for voice & piano No. 3, Sz. 35/b+63/a, BB 46+73 “Priletel pták”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy szlovák népdal: III. “Priletel pták”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
Négy szlovák népdal, Sz. 35b, BB 46
2:51

10 Four Slovakian folksongs for voice & piano No. 4, Sz. 63/a, BB 73 “Krutí Tono vretena”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy szlovák népdal: IV. “Krutí Tono vretena”
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1916)
part of:
Négy szlovák népdal, Sz. 35b, BB 46
0:49

11 Petits morceaux zongorára voice & piano, Sz. 29, BB 38 “Orsót pörget Tónika”: I. Adagio
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Kassai István
recording of:
Petits morceaux: I. Adagio
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1905)
part of:
Petits morceaux
2:30

12 Petits morceaux zongorára voice & piano, Sz. 29, BB 38 “Orsót pörget Tónika”: II. Moderato
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Kassai István
recording of:
Petits morceaux: II. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1905)
version of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire: I. “Őszi szellő”part of:
Petits morceaux
1:09

13 Four songs for voice and piano No. 1, BB 24, DD 67 “Õszi szellõ”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire: I. “Őszi szellő”
lyricist:
Pósa Lajos
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1902)
part of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire, Sz. 15, BB 24, DD 67
1:14

14 Four songs for voice and piano No. 2, BB 24, DD 67 “Még azt vetik a szememre”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire: II. “Még azt vetik a szememre”
lyricist:
Pósa Lajos
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1902)
part of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire, Sz. 15, BB 24, DD 67
0:53

15 Four songs for voice and piano No. 3, BB 24, DD 67 “Nincs olyan bú”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire: III. “Nincs olyan bú”
lyricist:
Pósa Lajos
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1902)
part of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire, Sz. 15, BB 24, DD 67
1:47

16 Four songs for voice and piano No. 4, BB 24, DD 67 “Ejnye, ejnye”
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire: IV. “Ejnye, ejnye”
lyricist:
Pósa Lajos
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1902)
part of:
Négy dal Pósa Lajos szövegeire, Sz. 15, BB 24, DD 67
1:00

17 Scherzo-fantasie for piano in B major, BB 11, DD 50
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Kassai István
recording of:
Scherzo or Fantasie, Sz. 8, BB 11, DD 50
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1897)
part of:
Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 8) and Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 11)
4:57

18 “Evening” for voice and piano, BB 29, DD 73
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Emese Virágh (pianist)
soprano vocals:
Meláth Andrea
recording of:
Est, BB 29, DD 74 (for voice and piano)
lyricist:
Harsányi Kalman
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 29)
3:46

19 Marche funèbre from symphonic poem “Kossuth” for piano, BB 31, DD 75/b
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
piano:
Kassai István
recording of:
Marcia funèbre from Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75b (for piano)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 21) and Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 31)
version of:
Kossuth: IX. Mindennek vége
5:21

20 “Evening” for male choir, BB 30, DD 74
engineer:
István Berényi (engineer)
producer:
Bárány Gusztáv
editor:
Dvorák Zsuzsa
choir vocals:
Honvéd Együttes férfikara
chorus master:
Tóth András
recording of:
Est, Sz. 19, BB 30, DD 74 (for male choir)
lyricist:
Harsányi Kalman
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 19) and Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 30)
version of:
Est, BB 29, DD 74 (for voice and piano)
3:32

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Não adianta olhar com essa cara, acabou mesmo! 29 de 29, sacô?

PQP

Leo Brouwer (1939): Concierto Elegiaco / Joaquín Rodrigo (1901-1999): Fantasía para un gentilhombre

Além do violão, o inglês Julian Bream (1933-2020) também tocava alaúde, introduzindo para muitas plateias as obras de Vivaldi, Bach e Dowland para esse instrumento de cordas. Talvez pela sua familiaridade com o alaúde, Bream tirava do violão um som que me arrisco a definir como mais limpo, mais leve, com menos tensão (tesão?) nas cordas em comparação com alguns outros grandes nomes do instrumento como Narciso Yepes e Turíbio Santos. Esse estilo mais sóbrio funciona bem no concerto nº 3 do compositor cubano Leo Brouwer, que recebe o apelido “elegíaco”. Não temos aqui tanta sensualidade cubana que o público poderia esperar, é tudo bem mais sutil, e a gravação tem o próprio compositor como maestro, então imaginamos que é assim que ele queria que a obra soasse, né?

Brouwer vive em Havana, onde alternou sua carreira entre a composição de trilhas sonoras, algumas funções burocráticas na rádio cubana que ele ajudou a fundar, além de também atuar como maestro e compor mais de dez concertos para violão e orquestra e várias obras para violão solo.

Em entrevista de 1988, Brouwer tentava responder à recorrente pergunta sobre a aparente contradição entre “raízes folclóricas” e música universal/abstrata/vanguardista:

Você teve que “viajar” para o abstrato, para a vanguarda, para voltar para o folclórico?

LB: Essas são duas perguntas em uma. A primeira diz respeito a se distanciar de sua própria experiência para ser objetivo. Como foi dito por um dos grandes filósofos do século 20, José Ortega y Gassett: à distância, você pode ver todo o panorama, não apenas os pequenos detalhes no microscópio. Isso é importante.

Agora, a segunda parte da sua pergunta: redescobrir as raízes através do abstrato e da vanguarda. Esse é um verdadeiro problema e uma questão fascinante por muitos motivos. Sem saber, fui gradualmente entrando na vanguarda como linguagem natural. Recebi um grande estímulo quando estive na Polônia em 1961 para o Outono de Varsóvia, um festival de vanguarda. Foi um ótimo evento. Lembro-me de Sylvano Bussotti e da estreia da famosa Trenódia em Memória das Vítimas de Hiroshima, de Krzysztof Penderecki. A geração mais velha também estava representada: Karol Szymanowski e o grande compositor judeu Ernest Bloch. Foi uma espécie de panorama de onde tirei os elementos mais recentes, como Cage e Berio. Trouxe de volta as partituras de meus novos amigos – Penderecki, Tadeusz Baird e Bussotti – e realizei uma conferência em Cuba. As pessoas aqui ficaram fascinadas.

Foi um contato natural com a vanguarda. Não seguiu a escola polonesa, que é muito forte e sólida. Não, isso significou liberdade total, o que era normal para nós, porque na política cubana havia uma lei simples que dizia: “Você pode fazer o que quiser”. Isso é totalmente diferente de alguns países do leste europeu até agora [1988].

Sentimos a possibilidade de fazer todo um mundo de pura abstração e, digamos, de raízes nacionais. Mas não como uma colagem, e não como uma contradição, porque você pode obter uma abstração total dos elementos ou raízes nacionais e obter um sabor vital. Os elementos essenciais das raízes nacionais de qualquer país são absolutamente abstratos. Não estou falando dos elementos superficiais como, em Cuba, as maracas, os bongôs e o cha-cha-cha. Mas se você for ao ritual da música afro-cubana e analisar a parte melódica, os elementos são tão comuns quanto o canto bizantino ou gregoriano. Esses elementos – terminações particulares e relações internas rítmicas – são profundos, quase abstratos e comuns a muitas coisas em Cuba.

Minha linguagem seguiu uma espécie de estrutura em arco. Comecei com folclore e raízes nacionais. Eu gradualmente me desenvolvi na abstração. Cheguei à abstração quase total nos anos 70. E então eu voltei gradualmente às raízes nacionais através de um sentimento romântico sofisticado. Vamos chamá-lo de hiper-romântico, porque o que estou usando é um clichê óbvio. Não tem o sentimento de um romântico tardio como Barrios Mangoré ou de um romântico puro como Mahler.

Não é só uma citação de estilo, é uma necessidade, uma redescoberta de estilo, da mesma forma que alguns compositores estão usando elementos como o gamelão da Indonésia e ritmos da África, convertendo-os em uma coisa nova chamada música minimalista. Estou usando esse estilo neoromântico que não é “neo”, mas “hiper”. O Concierto Elegíaco é assim construído, tal como o são algumas secções do Quarto Concerto.

Nos anos 50 e 60, você tinha Pierre Boulez que eu admiro, e Stockhausen. Eles se tornaram os reis da música estruturalista com um sentimento totalmente serial e aleatório. Foi a decomposição de estruturas, que também utilizei na minha música: Parábola, o Segundo Quarteto de Cordas, Sonograma para orquestra sinfônica e muitas outras coisas. Mas, em determinado momento, essa linguagem se atomizou e se quebrou. Estava falhando em se comunicar e se tornando cada vez mais abstrata, cada vez mais hermética. Acho que a música é para todos, para o público – tanto o público altamente sofisticado quanto o mais simples. Claro, com educação, com cultura.

Brouwer regendo em 2011

Não estou fazendo concessões. Se eu fosse fazer concessões, seria melhor fazer arranjos para Barbara Streisand.

Também temos aqui uma gravação da Fantasía para un gentilhombre, do compositor espanhol Joaquín Rodrigo. Mais uma vez a dupla Bream/Brouwer aposta na sobriedade que é um pouco rara nas gravações de violão, de forma a comunicar ao ouvinte os elementos estruturais da obra como as fanfarras de trompetes, os cantos de pássaros etc.

Brouwer (1939): Concerto Elegiaco
1 Tranquillo
2 Interlude
3 Finale: Toccata

Rodrigo (1901-1999): Fantasía para un gentilhombre
4 Villano
5 Ricercare
6 Españoleta
7 Fanfare de la Caballería de Nápoles
8 Danza de las Hachas
9 Canario

Guitar – Julian Bream
Conductor – Leo Brouwer
Orchestra – RCA Victor Chamber Orchestra

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Joaquín Rodrigo
Leo Brouwer – quero ver Cuba lançar outro compositor desse nível

PS: Agora estamos também no Twitter: twitter.com/pqpbach

Pleyel

.: interlúdio :. Dois CDs dos Argonautas: Interiores e Jangada Azul

.: interlúdio :. Dois CDs dos Argonautas: Interiores e Jangada Azul

ALTAMENTE RECOMENDADO! Isto aqui é um baita presente de Natal para os pequepianos. Rafael Torres, do grupo Argonautas, escreveu para o PQP Bach a fim de que os CDs do grupo do qual faz parte fossem divulgados por aqui. Incrivelmente, ele escreveu que “Seria uma boa maneira de divulgar o grupo, temos tão pouca oportunidade na terra do forró”.

Céus, como assim? Pouca oportunidade? Os CDs são maravilhosos, de uma qualidade e apuro instrumental difíceis de encontrar e digo mais: se este grupo tivesse surgido num ambiente mais favorável à cultura brasileira — e falo do final do século XX, ainda pertinho de nós — hoje seria um clássico. 

Ah, duvidam? Então ouçam!  

Os textos abaixo são do grupo Argonautas.

Sobre o 1º disco – Interiores

A alvorada e o movimento da manhã. A vida desperta sem pressa. As rotineiras e sinceras saudações entre comadres e compadres. O cheiro de café. As festas, as quermesses, as rezas, os santos. As missas. Os ciganos. O céu estrelado. O leve e solitário badalho do chocalho. O canto da coruja. O apagar da lamparina. Nos sonhos, os bons sentimentos de compartilhar, de respeitar e amar leve e imensamente (a vida).

Interiores vem de uma sensação que todos parecemos compartilhar: a de que quando as cidades cresceram, quando o progresso veio, alguma coisa se perdeu, uma inocência e uma poesia que quase não existem mais.

Esta poesia que existiu no passado nos causa uma nostalgia que não conseguimos explicar, a saudade de algo que muitos de nós nem sequer chegamos a conhecer.

Mergulhado nesse sentimento, o disco passeia pelos interiores do Brasil e pelos interiores de todos nós.

Sobre o 2º disco – Jangada Azul

Com 9 anos de lapso após o disco Interiores, os Argonautas lançam seu segundo álbum, Jangada Azul.

Sendo Interiores um disco conceitual, com uma ideia e uma atmosfera que o perpassam, o grupo decidiu por um segundo álbum mais variado.

Não que isso fuja da proposta do grupo, o disco conta com obras autorais que se enquadram no cancioneiro popular brasileiro.

Os Argonautas esperam que o álbum que seja mais do que um punhado de canções. Porque para falar da seca, que nunca viveram, precisam encontrar os seus sertões, seus mandacarus, suas ilhas, suas Fortalezas.

Sobre os Argonautas

Formado em 1999 em Fortaleza, Ceará, exibindo músicas próprias e releituras de obras relevantes do cancioneiro brasileiro.

Bossa nova, samba, maracatu, frevo, música instrumental, música do Movimento Armorial, cirandas, Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, João Gilberto, Luiz Gonzaga, Antônio Nóbrega, Astor Piazzolla, JS Bach, Beethoven, Debussy, Rachmaninoff, Stravinsky, Villa-Lobos. São as principais influências dos Argonautas. Mas como unir todos esses universos sonoros e artísticos e combiná-los em uma só linguagem?

É nisso que os Argonautas vêm trabalhando, desenvolvendo sua sonoridade. O resultado não é um só. Em cada nova canção, em cada novo arranjo, em cada gravação o grupo pretende abrir uma nova vereda, que ele próprio descobriu ao se encantar, antes, com as possibilidades das músicas dos seus antepassados e mestres.

O quarteto trabalha com vários instrumentos: violão, piano, viola, flauta, acordeon, saxofone, clarinete, guitarra, metalofone/ glockenspiel, bandolim, contrabaixo, bateria e diversos instrumentos de percussão.

Interiores

1. Cataventos (Rafael Torres e Alan Mendonça)
2. Arlequim (Ayrton Pessoa) (Instrumental)
3. O Amor de Margarida Flor (Ayrton Pessoa e Alan Mendonça)
4. Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
5. Alameda (Rafael Torres)
6. Déjà Vu (Ayrton Pessoa e Alan Mendonça)
7. Carolina (Ayrton Pessoa, Raphael Gadelha e Rafael Torres)
8. Interiores 2 (Rafael Torres e Alan Mendonça)
9. João e Maria (Sivuca e Chico Buarque)
10. Quintal (Ayrton Pessoa) (Instrumental)
11. Canção para João de Despedida (Ayrton Pessoa e Alan Mendonça)
12. Interiores (Rafael Torres)

Gravado em 2008 no estúdio Trilha Sonora, Fortaleza, Ceará
Produção: Rafael Torres e Ayrton Pessoa
Direção Artística: Rafael Torres
Gravação: Hugo Lage
Mixagem e Masterização: Anfrísio Rocha (Estúdio Som do Mar)
Fotos: Henrique Torres
Participação do Grupo Ad Libitum: Angelita Ribeiro, Maria Helena Lage, Cristiane Ramalho, Lia Villar e Luciana Gifoni (flautas doces)

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Jangada Azul

1. Mareia (Rafael Torres e Ayrton Pessoa)
2. Ilação (Ayrton Pessoa)
3. Fortaleza (Rafael Torres)
4. Aqui Nesta Ilha (Ayrton Pessoa e Joyce Nunes)
5. Choro de Mandacaru (Rafael Torres e Alan Mendonça)
6. Outros Americanos (Ayrton Pessoa)
7. Cantiga do Sertão (Rafael Torres) (Participação de Nonato Luiz ao violão)
8. Plantaria (Ayrton Pessoa e Alan Mendonça)
9. De Volta ao Começo (Rafael Torres e Alan Mendonça)
10. Flores de Maio (Rafael Torres e Alan Mendonça)
11. Miudilha do Beijo (Rafael Torres) (Instrumental)
12. Choro Dela (Rafael Torres)

Gravado em 2017 no estúdio Trilha Sonora, Fortaleza, Ceará
Produção: Rafael Torres e Ayrton Pessoa
Direção Artística: Rafael Torres
Gravação: Hugo Lage e Luiz Orsano
Mixagem e Masterização: Luiz Orsano
Este disco é dedicado a Henrique Torres e Angelita Ribeiro

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Os Argonautas em foto recente — são eles Rafael Torres (voz, violão, guitarra, flauta e clarinete), Ayrton Pessoa (piano, acordeom e voz), Igor Ribeiro (bateria e percussão) e Ednar Pinho (baixo) | Foto: Divulgação

PQP

 

Serguei Prokofiev (1891–1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 – Han-na Chang (PQP Originals) & Alban Gerhardt ֎

Serguei Prokofiev (1891–1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 – Han-na Chang (PQP Originals) & Alban Gerhardt ֎

Prokofiev

Concerto para Violoncelo, Op. 58

Sinfonia Concertante, Op. 125

Sonata para Violoncelo, Op. 119

Semana cheia, muitos compromissos e Natal se aproximando já quase dá para ouvir os sininhos das renas de Papai Noel! Não tem sobrado muito tempo para ouvir música, mas para o que gostamos, sempre se dá um jeito

Na esteira do Concerto para Violoncelo de Shostakovich, continuei a explorar a música para violoncelo e orquestra de compositores russos e dei com meus costados neste disco espetacular. Gostei tanto que comecei a preparação da postagem, deixando a tradicional busca nos vaults da corporação para saber se ele já havia sido postado para depois. Pois lá estava, com a tradicional verve do nosso editor-chefe e o carimbo iso-PQP Bach de qualidade: IM-PER-DÍ-VEL !!!

PQP Bach menciona que Han-Na Chang superou Rostropovich nesta gravação. Bem, vale a pena dizer que a moça estudou bastante e teve aulas diretamente com Misha Maisky, que foi aluno de Rostropovich. Em 1994 ela ganhou o Quinto Concurso Rostropovich de Violoncelo e passou a estudar diretamente com ele. Assim, a moça fez sua lição de casa…

A Sinfonia Concertante, obra comum aos dois discos da postagem, foi escrita entre 1950 e 1952 como uma completa revisão do Concerto para Violoncelo, op. 58, composto entre 1933 e 1938.

Rostropovich dando umas dicas para o Prokofiev

Prokofiev ouviu em 1947 um jovem violoncelista de 25 anos interpretar seu concerto e gostou tanto que prometeu rever a obra para ele. É claro, o violoncelista era Mstislav Rostropovich e o resultado da promessa a Sinfonia Concertante.

Basicamente, uma sinfonia concertante é um concerto para um ou mais instrumentos que atuam como solistas, mas também se misturam sinfonicamente na textura musical mais ampla. Esse gênero musical deriva em parte dos concerti grossi do período barroco e floresceu na França nos dias de Devienne, Gossec e Playel. Nosso irmão de Londres, o Johann Christian Bach compôs obras desta natureza que eram apresentadas em Londres pela orquestra dos concertos da dupla Abel-Bach. Mozart certamente conhecia estas obras e escreveu uma obra-prima no gênero. Quando Papa Haydn andou por Londres, foi jogado em um ringue pela imprensa local, tendo no outro corner um dos seus ex-alunos, o já mencionado Ignaz Playel. Qual deles seria o campeão das sinfonias concertantes. Pois não é que o idoso compositor levou o cinturão com a sua Sinfonia-Concertante

Apesar da terminologia, as sinfonias concertantes dos compositores mais recentes se colocam em seus próprios termos e há algumas gemas que merecem ser devidamente exploradas, assim como esta obra de Prokofiev.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sinfonia Concertante em mi menor para violoncelo e orquestra, Op. 125

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Andante con moto

Sonata em dó maior para violoncelo e piano, Op. 119

  1. Andante grave – Moderato animato – Andante grave, come prima – Allegro animato
  2. Moderato – Andante dolce – Moderato primo
  3. Allegro, ma non troppo – Andantino – Allegro, ma non troppo

Han-Na Chang, violoncelo

London Symphony Orchestra

Antonio Pappano, direção e piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 282 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 156 MB

Chang and Pappano offer a fiercely communicative Symphony-Concerto and an equally distinctive, though more conventionally ruminative account of the Sonata. […] The cellist is placed closer than would be the case in live concert, but such technically invulnerable playing can take it.
Han-Na Chang’s disc is quite superb. [The Gramophone Classical Music Guide 2010]

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Concerto em mi menor para violoncelo e orquestra, Op. 58

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Tema: Allegro – Interludio: L’istesso tempo – Variations 1-3 – Cadenza – Interludio II – Variation 4 – Reminiscenza – Coda

Sinfonia Concertante em mi menor, para violoncelo e orquestra, Op. 125

  1. Andante
  2. Allegro giusto
  3. Andante con moto

Alban Gerhardt, violoncelo

Bergen Philharmonic Orchestra

Andrew Litton, direção

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 288 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 169 MB

Whatever conclusions one draws from a direct comparison between the two works, there is little doubt that Alban Gerhardt is equally committed to both. [BBC Music Magazine 2009]

Matching menace with intense lyricism, these performances of two closely related works are compelling. Alban Gerhardt…can convey the lyrical lines mellifluously and also whet his cutting edge when the composer is at his most acerbic. [The Daily Telegraph 2009]

Cellista que cuida de seu pet tem postagem garantida aqui no PQP Bach!

Postagem original do PQP Bach:

Serguei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Concertante, Op. 125 / Sonata para Violoncelo e Piano, Op. 119

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios Op.38 e Op.11 “Gassenhauer”

Após os medalhões sagrados, os jovens talentos. Sim, depois do grandes especialistas em instrumentos antigos Jörg Demus e Franzjosef Maier, temos agora um trio de músicos finlandeses que têm gravado pela Naxos e pela Brilliant Classics, selos que costumam atrair menos holofotes mas muitos elogios dos melômanos.

Podemos comparar as gravações do trio “Gassenhauer” e ver que os finlandeses fazem um Beethoven com alguns andamentos bem mais ágeis do que os alemães/austríacos do LP de 1979 que postei ontem. Outra diferença: no LP da Harmonia Mundi, eram utilizados instrumentos originais da época de Beethoven. Já neste CD gravado em 2019, o Trio Origo usa um clarinete e um fortepiano fabricados há pouco tempo, mas copiando modelos respectivamente de 1784 e 1800. Esses instrumentos copiam o design e os materiais dos instrumentos antigos, mas têm como vantagem o frescor da madeira e cordas, que não estão gastas pelo tempo. O pianista Ronald Brautigam e o cravista Pierre Hantaï estão entre os músicos que preferem instrumentos desse tipo.

A outra obra do CD é um arranjo, pela mão do próprio compositor, para o Septeto opus 20. Hoje o arranjo é mais tocado do que o original, provavelmente pela dificuldade de se juntar um conjunto com quatro cordas diferentes (violino, viola, cello e contrabaixo) e mais clarinete, trompa e fagote. É um Beethoven típico da primeira fase, ainda sem vontade de chocar o gosto musical da aristocracia vienense. Os adagios são mais cantabile e menos revolucionários. O que não significa que não apareçam elementos próprios de Beethoven, que os melômanos encontrarão aos montes.

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
Trio for Clarinet, Cello and Fortepiano in B flat major “Gassenhauer”, Op.11 (1797)
1. Allegro con brio
2. Adagio
3. Tema con variazioni (“Pria ch’io l’impegno”: Allegretto)

Trio for Clarinet, Cello and Fortepiano in E flat major, Op.38, arrangement of the Septet Op.20 by the composer (1802-3)
4. Adagio – Allegro con brio
5. Adagio cantabile
6. Tempo di menuetto
7. Andante con variazioni
8. Scherzo: Allegro molto e vivace
9. Andante con moto alla marcia – Presto

Trio Origo:
Asko Heiskanen clarinet after H. Grenser, ca. 1800
Jussi Seppänen cello by Anon., 18th century
Jerry Jantunen fortepiano after J.A. Stein, 1784

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Beethoven em 1803

Pleyel

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios “Fantasma” e “Gassenhauer”

Ludwig van Beethoven não sabia exatamente quantos anos tinha. É o que indicam um diário de 1818, anotações de 1820 e 1823 e vários depoimentos. Como nos informa esta página, a culpa provavelmente é do pai, que queria valorizar o menino prodígio e o apresentava, já em março de 1778, como uma criança de 6 anos, quando na realidade teria 7.

Quando falo “na realidade”, é segundo os historiadores atuais, que fixaram o ano de 1770 com base no documento do batizado. Mas o próprio Ludwig desconfiava desse documento. Então a realidade, ao menos na cabeça dele, era confusa e o seu nascimento estava envolvido em densas névoas. Então hoje homenageamos os 201 anos do seu nascimento, ou talvez, quem sabe?, os 200 ou 199, com uma obra tão misteriosa quanto a vida do compositor, e uma outra obra mais galante e simples.

O trio em ré maior, opus 70 nº 1, publicado em 1809, foi chamado Geistertrio (Trio des Esprits, Ghost Trio, Trio “Fantasma” ou “dos Fantasmas”, o que faz diferença) devido ao seu longo, lento e misterioso movimento central, com a indicação de tempo “Largo assai ed espressivo“. Houve também quem associasse estes fantasmas ao fato de Beethoven, entre 1808 e 1809, estar trabalhando paralelamente numa ópera sobre Macbeth. Mas ao que tudo indica, o apelido “fantasma” aparece – ao menos por escrito – apenas nos anos 1840, a partir de Carl Czerny, pupilo de Beethoven. Ele é característico da face (e da fase) mais heróica, mais emocionalmente intensa do compositor, justamente a face de Beethoven com a qual os Românticos do século XIX iriam se identificar e reverenciar. Também a Sonata “ao luar” (1801) ganharia esse apelido apenas em 1832, cinco anos após a morte do compositor. E o famoso tema inicial da Quinta Sinfonia (1808) só aparece descrito como uma representação do “destino batendo na porta” em 1840 na biografia publicada por Anton Schindler, o mesmo que escreveu que Beethoven comparava à 17ª Sonata para Piano à Tempestade de Shakespeare. Schindler foi secretário e assistente do compositor, então talvez sua interpretação seja a correta. Ou não. O importante aqui é notar essa profusão post mortem de apelidos românticos para obras que realmente têm (ou não tem?) uma expressão romântica e misteriosa.

Já o Trio para piano, clarinete e violoncelo opus 11, de 1797, é menos misterioso e foi muito popular na época em que foi lançado. O apelido “Gassenhauer” significa algo como um hit cantado nas ruas e esquinas, e faz referência ao tema do último movimento, uma melodia que todos conheciam na Áustria (tá vendo Sérgio? Voltamos com a Áustria, recém-riscada do mapa neste blog). Aqui, o compositor de vinte e poucos anos já mostrava sua habilidade na forma “Tema e variações”, que aparecerá em obras como as variações opus 35 (1802), o final da Sinfonia Eroica (1804) e depois em várias de suas últimas sonatas e nas enormes variações sobre um tema de Diabelli (1823).

Este disco de 1979 recebeu uma excelente transferência para o digital e não se ouve o chiado do LP. E o elenco aqui é de primeira linha:

O austríaco Jörg Demus (1928-2019) foi um pioneiro nas interpretações com instrumentos antigos. Ele gravou, em sua longa carreira, obras de Beethoven para piano solo, a quatro mãos, piano e violoncelo, piano e violino, quinteto com sopros… Enfim, teve experiência com toda a obra, e não só com as sonatas e concertos.

O alemão Franzjosef Maier (1925-2014) foi spalla do Collegium Aureum desde sua formação. Esse grupo baseado em Colônia (Köln) gravou muito pela Harmonia Mundi, mesmo selo que lançou este LP de hoje. Os outros dois músicos também tocavam com o Collegium Aureum.

O genial Franzjosef Maier

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
Lado A
Geistertrio – Trio Op. 70 No. 1, “Fantasma”, em ré maior
I. Allegro vivace e con brio
II. Largo assai ed espressivo
III. Presto

Lado B
Gassenhauertrio – Trio Op. 11 para piano, violoncelo e clarinete
I. Poco sostenuto – Allegro, ma non troppo
II. Allegretto, C major/minor
III. Allegretto ma non troppo
IV. Finale. Allegro

Jörg Demus – fortepiano (Hammerflügel) por Conrad von Graf, Viena
Franzjosef Maier – violino por N. Gagliano, Nápoles 1728
Rudolf Mandalka – violoncelo por J. & A. Gagliano, Nápoles 1747
Hans Deinzer – clarinete por Turz, Innsbruck, 1790
LP by Deutsche Harmonia Mundi, 1979

BAIXE AQUI – FLAC

BAIXE AQUI – MP3

Estátua de Beethoven na casa onde ele nasceu em Bonn

Pleyel

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variações Op.120 “Diabelli” e Op. 105

Uma dúvida: quais terão sido as obras de Beethoven que lhe renderam mais dinheiro em vida? Para responder a essa difícil questão, seria preciso converter entre as moedas de vários países da Europa, pois, assim como Haydn, Beethoven publicava suas partituras em várias cidades ao mesmo tempo, como uma forma de aumentar seus rendimentos.

Das obras gravadas por Brautigam neste CD, as Variações Diabelli op.120 foram publicadas em Viena, não sem tentativas de publicação em Londres (intermediadas por Ferdinand Ries, ex-aluno de Beethoven) e em Leipzig pela editora Peters, que existe até hoje. E as Variações sobre temas nacionais op.105 foram publicadas em Londres, durante uma pausa na composição das Variações Diabelli. Não poderiam ser mais diferentes, apesar de serem do mesmo período: as variações op. 105 são em estilo “agradável e não muito difícil” segundo o pedido do editor escocês, elas se baseiam sobretudo em temas populares escoceses, com algumas melodias de outras origens. Para aumentar as vendas, elas foram compostas para uma formação variável: piano e flauta ou violino ad libitum, o que significa que a flauta ou violino é opcional. E aqui, Brautigam toca sozinho em um pianoforte que é réplica de um instrumento de 1822 do austríaco Conrad Graf. Beethoven foi proprietário de um piano feito por Graf, já muito maior e mais potente do que aqueles em que compôs suas primeiras sonatas e concertos.

Já as variações Diabelli, como vocês já viram aqui e aqui, tiveram origem em uma valsa bastante simplória mas, após anos de labuta do compositor, se tornaram uma das obras mais complexas, sofisticadas, ousadas e longas do repertório para piano. Vou poupá-los de mais elogios a essas variações e voltar brevemente para a questão da grana, afinal, Beethoven não era um herdeiro como Mendelssohn nem um amante de mulher rica como Chopin, ele realmente precisava ganhar dinheiro com suas obras. Isso aparece nas histórias do biógrafo Schindler, que conhecia bem o homem, de quem foi secretário, mas também relatou algumas lendas pouco confiáveis. Schindler conta que Beethoven teria jogado no chão um romance de Walter Scott, gritando: “Este sujeito escreve para ganhar dinheiro”. Adorno e Horkheimer comentam que o Beethoven dos últimos anos fornece o exemplo mais grandioso da contradição entre mercado e autonomia na arte burguesa, ao compor música difícil e de pouco apelo comercial, ao mesmo tempo em que suas cartas revelam um negociante experiente: “Os que sucumbem à ideologia são exatamente os que ocultam a contradição, em vez de acolhê-la na consciência de sua própria produção, como Beethoven.” [1]

Essa contradição entre arte e mercadoria, diz Adorno, foi conscientemente vivida por Beethoven, e não jogada pra debaixo do tapete. Ele precisava de dinheiro para cuidar de seu sobrinho e precisava manter seu gosto por vinhos. Um exemplo desse Beethoven bem pé-no-chão aparece na sua correspondência com os editores de Mainz, cidade do oeste da Alemanha. Ao mesmo tempo em que discutia com os editores da família Schott sobre a publicação de algumas de suas obras mais sublimes – Nona Sinfonia, Missa Solemnis, Quarteto op. 127, todos foram publicados primeiro em Mainz – ele repetia em várias cartas o pedido de que lhe enviassem vinhos brancos, os únicos que seu médico permitia nos anos finais de sua longa doença.

Em 1º de março de 1827, por exemplo, ele escreveu: “Repito meu pedido anterior, relativo ao vinho do Reno ou Mosel. É infinitamente difícil conseguir algum aqui que seja genuíno e não adulterado, mesmo pelos maiores preços.” Poucos dias antes ele já tinha escrito: “Assim que tiver forças para tal, enviarei as marcações metronômicas de andamentos para a Missa [Solemnis], pois passarei por uma quarta operação neste período. Quanto antes, então, eu receber os vinhos do Reno ou Mosel, mais benefícios eles farão para minha presente condição”. Para outro amigo ele escrevia: “Eu posso beber Champagne… Primeiro o Dr. Malfatti permitia apenas Mosel [vinho da fronteira entre Alemanha, Luxemburgo e França] mas percebeu que não havia como obtê-lo aqui em Viena”. [2]

Voltando de vinhos para pianos: alguns preferirão Arrau, Brendel, Pollini ou Levit tocando as Diabelli em pianos modernos. Mas é inegável que a gravação de Brautigam, longe de ser apenas uma curiosidade (como as Diabelli soam em um pianoforte que imita aquele que Beethoven tinha em casa?), tem todas as características que não podem faltar nas Diabelli: o sarcasmo em relação ao tema saltitante, a seriedade do ‘último Beethoven’ e mesmo umas referências discretas às últimas sonatas, que Brautigam também gravou pela BIS.

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
1-34. 33 Veränderungen über einen Walzer von Anton Diabelli, Op. 120 (1819–23) (48’26)
35-40. 6 National Airs with Variations, Op. 105 (1818–19) (18’18)
Ronald Brautigam – fortepiano after Conrad Graf, c. 1822

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Pianoforte por Conrad Graf, com 5 pedais

[1] Adorno e Horkheimer, Dialética do Esclarecimento, Cap. “A indústria cultural”.
[2] Alexander Wheelock Thayer, The Life of Ludwig van Beethoven.

Pleyel