Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Haitink)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Se Mahler não é um compositor para diletantes, o que dizer de A Canção da Terra (Das Lied von der Erde)? Na lista de maestros que gravaram a obra há poucos que não são de primeira linha. A obra é belíssima, muito sutil e difícil. Não é para qualquer orquestra ou regente. É algo para Haitink. A Canção da Terra é considerada por alguns a obra mais importante de Mahler. Nesta obra, tornam-se visíveis as qualidades mais singulares do compositor: a angústia existencial e a sublime grandiosidade. A obra consiste num ciclo de seis canções baseadas em antigos poemas chineses, adaptados para o alemão por Hans Bethge. Mahler trabalhou nesta sua obra durante os últimos verões da sua vida. Conseguiu concluí-la em 1911, pouco antes de morrer. Ele não chegou a ouvir a estreia, apesar de tê-la interpretado inúmeras vezes ao piano, auxiliado por seu amigo e aluno Bruno Walter — que viria a estreá-la em Munique, em novembro de 1912, um ano e meio após a morte do compositor. Tudo aqui é esplêndido, mas o último movimento… Olha, é muito poético, a instrumentação rarefeita de Mahler é levada às ultimas consequências, é tudo lindo demais. Consta que Das Lied von der Erde não foi catalogada como sinfonia devido a uma superstição que pesava sobre os músicos alemães: ninguém ousava ultrapassar o número nove. Beethoven, Schubert e Dvorak tinham morrido após suas nonas e Mahler não quis escrever a sua… Quando escreveu, pum, vocês já sabem, ele morreu… Mas A Canção da Terra é nitidamente uma sinfonia vocal, que culmina a linha composicional mahleriana — melancólica, pessimista porém cheia de bandinhas, melodiosa, monumental porém íntima — iniciada na Primeira Sinfonia. Eu amo as sinfonias de Mahler de 1 a 7. Amo A Canção da Terra. Detesto a Oitava, sou indiferente à Nona e volto a amar o fragmento da Décima… Para finalizar, um conselho para nosso leitor: não escreva sua Nona Sinfonia, é muito perigoso.

Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra (Haitink)

1 1. Das Trinklied Vom Jammer Der Erde 8:14
2 2. Der Einsame Im Herbst 10:26
3 3. Von Der Jugend 3:07
4 4. Von Der Schönheit 7:31
5 5. Der Trunkene Im Früling 4:25
6 6. Der Abschied 31:07

Mezzo-soprano Vocals – Janet Baker
Tenor Vocals – James King
Orchestra – Concertgebouw Orchestra, Amsterdam*
Conductor – Bernard Haitink

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PQP

13 comments / Add your comment below

  1. Obra maravilhosa, a gravação mediana. O tenor particularmente me desagrada, não gosto de nenhuma gravação de James King, típico gritador wagneriano. Janet Baker se sai melhor mas a orquestra apenas toca muito bem, o regente totalmente sem personalidade e ambos não passam emoção nenhuma, como é comum acontecer no caso da dupla Haitink/Concertgebouw. Pelo menos frieza no caso de um Boulez é fruto de uma concepção analítica da música, no caso de Haitink é só uma limitação mesmo.

    1. Eu amo apaixonadamente as limitações de Haitink. Acho-as verdadeiramente sublimes. Haitink teve muita sorte de ficar naquele posto imerecido na orquestrinha do Concertgebouw de 1959 a 1988. Absurdamente, em 1999, ele foi nomeado maestro honorário da Orquestra Real do Concertgebouw. Fico pasmo. Haitink também foi o maestro principal da Orquestra Filarmônica de Londres de 1967 até 1979. É inacreditável a trouxice desses caras de Amsterdam e Londres. Um cara frio, gelado, sem graça. Vi-o trabalhar na minha frente no Concertgebouw. Nossa, ele é péssimo. Não sei porque aquela plateia de idiotas aplaudiu tanto… Minha mulher, que é violinista de orquestra, ficou encantada. Sabe nada, ela.

      No dia seguinte, encontramos na rua quem tinha solado com ele no dia anterior: Alina Ibragimova. Ela também adorou Haitink e descreveu para nós o que aprendera nos ensaios. Outra que não sabe nada. Gentalha ignorante.

        1. No meu comentário censurado apenas tinha dito que no site AMAZON esta gravação de Haitink recebeu apenas 9 reviews, como a de Maazel; enquanto temos Walter com 109, Klemperer com 85, Bernstein 50, Karajan 40, Reiner 27, Boulez 26 e Giulini 19. Independente disso afirmei que de acordo com minhas concepções, a gravação de Haitink deixava muito a desejar. Onde está o rebaixamento da alta categoria ao comentar essas informações? Ademais considerações sobre o estado de espírito do interlocutor ou o teor dos seus comentários não tem nada a ver, a informação continua a mesma, não depende de mim mudar a realidade está lá no site AMAZON. Não importa quem falou e como falou, a discussão não é sobre as minhas maneiras.

          1. Se a Amazon é critério para avaliar a qualidade de um trabalho, o Oscar foi bem dado a “No Ritmo do Coração” e a mediocridade tomou mesmo conta de tudo. Para minhas próximas audições, lerei antes a Amazon. Bezos é meu Senhor (e tudo me faltará).

  2. Quando eu falei que a Amazon é critério para avaliar a qualidade de um trabalho? Inclusive após as informações citadas do site, afirmei “independente disso de acordo com as minhas concepções”. Por favor se atenham ao que foi dito!

    1. Aliás Clarice não é a Amazon responsável por essas avaliações, são os compradores dos produtos que escrevem essas resenhas.

  3. Das Lied von der Erde ouvida pela terceira vez, essa semana… 😊 Quando começa a solista, no segundo mov., é de chorar, né… Arrepio.

    1. Como tinha dito, de acordo com as minhas concepções, Haitink deixa muito a desejar. Ele aparentemente reúne os defeitos de vários outros maestros, mas sem as qualidades. A frieza de Boulez, mas sem o caráter analítico e a intelectualidade. Suaviza o volume dos instrumentos da orquestra como Abbado faz em busca de clareza, mas Haitink não consegue clareza nenhuma. Como Barenboim, grava ciclos completos de tudo, sem se preocupar se realmente tinha algo a dizer em um dado repertório específico. Como Karajan, amava a música de Debussy e Ravel e igualmente quase sempre ofereceu leituras nada idiomáticas desses autores. Basta comparar as gravações desse repertório com o maestro holandês diante das gravações de maestros franceses como Munch, Monteux e Martinon para compreender como carecem de colorido orquestral e senso de ritmo as várias gravações de Debussy e Ravel por Haitink. Posso falar ainda de inúmeras coisas que me desagradam na discografia de Haitink.

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