FDP Bach começa então a postar a integral das sinfonias do gênio de Bonn, mas em uma gravação um pouco diferente daquelas á que estamos acostumados. Trata-se da aclamada série dirigida por Nikolaus Harnoncourt, à frente da Europe Chamber Orchestra, vencedora do Prêmio “Grammophone” de 1992. Escolhi esta dentre outras que possuo, devido á dois fatores: a qualidade da interpretação – já explicamos que somos fãs de Harnoncourt – e além disso, quase todos já possuem alguma outra versão destas sinfonias, principalmente as famosas versões de 1962 e de 1976 de Herbert von Karajan. Na verdade, talvez pelo fato de termos associado estas sinfonias à Karajan acabamos nos esquecendo de outras preciosidades, como a belíssima versão de Gardiner, ou até mesmo a correta leitura de Abbado, em um de seus últimos registros frente à Filarmônica de Berlim. Reproduzo abaixo o comentário da conceituada revista Gramophone à respeito desta gravação:
“Harnoncourt’s set of the Beethoven symphonies was timed to perfection on its release in 1991. Just when record-buyers were getting used to Beethoven on period instruments, Harnoncourt’s account managed to combine the shock of the new with an uncanny sense of familiarity. His readings manage remarkably to balance freedom with a sense of firm control; the impetus and urgency of the fast movements are particularly thrilling. This was considered one of the most consistently inspiring and exciting Beethoven sets to have appeared for many years. “
Enfim, vai ser esta a versão que estarei postando a partir de hoje.
A Sinfonia nº 1, em C Maior, ainda está presa aos moldes haydnianos, mas já conseguimos enxergar nela um compositor que procura se desvencilhar dos grilhões, procurando encontrar sua verdadeira identidade. O gênio desperta. Reparem que Harnoncourt em certos momentos dá claramente uma visão haydniana à obra.
A Sinfonia Nº3, bem, quem nunca se emocionou até quase chegar lágrimas com a “Marcia Funebre” do segundo movimento? Chamada “Eroica”, e em princípio dedicada á Napoleão Bonaparte, reza a lenda que Beethoven teria rasgado a página com a dedicatória da obra ao general francês ao saber que este havia se coroado imperador… mas com esta sinfonia se rompem definitavamente as ligações com Haydn e Mozart e se define aquilo que iremos conhecer de estilo Beethoven de compor sinfonias. Quebra-se a estrutura tradicional e ignoram-se os movimentos tradicionais (principalmente os por muitos considerados aborrecidos minuetos). Beethoven mostra aí um espírito livre, que não se importa com as críticas, (principalmente do já idoso Haydn, que considerou a obra longa demais, mas gênio que era, também a reconhece revolucionária).
Symphony No.1 in C, Op.21
1 – Adagio Molto – Allegro con brio
2 – Andante cantabile com molto
3 – Menuetto (allegro molto e vivace)
4 – Finale (Adagio-Allegro Molto e Vivace)
Symphony Nº 3, in E Flat, op. 55 “Eroica”
1 – Allegro con Brio
2 – Marcia Funebre (adagio assai)
3 – Scherzo (Allegro vivace)
4 – Finale (Allegro Molto)
Europe Chamber Orchestra
Nikolaus Harnoncourt – Direktor
[restaurado por Vassily em 29/5/2020]