BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Serenata para flauta e piano, Op. 41 – Sonata para flauta e piano, Ahn. 4 – Rampal

Esse disco é quase todo composto por obras de associação pelo menos oblíqua com Beethoven. A serenata para flauta e piano, Op. 41, é uma adaptação da obra homônima para flauta, violino e viola, Op. 25. Embora tenha sido aprovado e corrigido pelo compositor, o arranjo foi provavelmente realizado por terceiros e publicado, sem surpresa, pela desesperada necessidade de dinheiro que se seguiu à infernal temporada em Heiligenstadt. A sonata em Si bemol, Anh. 4, foi encontrada em manuscrito de punho alheio entre os papeis do compositor, depois de sua morte. Os flautistas saudaram a descoberta e, renegados que foram pelo compositor, acabaram por incorporá-la a seu repertório. Os estudiosos, entretanto, nunca tiveram muita certeza de sua autenticidade e atribuiram-lhe um lugar pouco honroso no apêndice (Anhang), e não no rol principal do catálogo Kinsky-Halm. Os editores tampouco lhe deram muito crédito, de maneira que a simpática obra só encontrou a prensa em 1906, cento e dez anos depois de sua composição. Os minúsculos Allegro e Minueto para duas flautas, pelo contrário, são indubitavelmente criações de Beethoven, e inclusive carregam uma dedicatória a um seu amigo, J. M. Degenhart, que era flautista amador. E eu adoraria lhes afirmar que o melífluo trio para flautas que encerra o disco é obra autêntica, mas não lhes sei mentir: ela é considerada espúria e foi aqui incluída porque o artista que o estreou foi o mesmo que adquiriu o manuscrito e que aqui está a executá-la para vocês, e não seremos nós a dizer “não” para Jean-Pierre Rampal, né?

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Serenata em Ré maior para flauta e piano, Op. 41
Arranjo da serenata para flauta, viola e violoncelo, Op. 25
Publicada em 1803

1 – Entrata. Allegro
2 – Tempo ordinario d’un Menuetto
3 – Allegro molto
4 – Andante con Variazioni
5 – Allegro, scherzando e vivace
6 – Adagio
7 – Allegro vivace

Jean-Pierre Rampal, flauta
Robert Veyron-Lacroix, piano

Allegro e minueto em Sol maior para duas flautas, WoO 26
Compostos em 1796
Publicados em 1901
Dedicados a J. M. Degenhart

8 – Allegro con brio
9 – Minuetto quasi allegro

Jean-Pierre Rampal e Alain Marion, flautas

Sonata em Si bemol maior para flauta e piano, Anh. 4
Composta provavelmente entre 1796-98
Publicada em 1906

10 – Allegro
11 – Polacca
12 – Largo
13 – Thema mit variationen: Allegretto

Jean-Pierre Rampal, flauta
Robert Veyron-Lacroix, piano

Trio em Sol maior para três flautas (espúrio)

14 – Allegro
15 – Andante
16 – Rondo: allegretto

Jean-Pierre Rampal, Christian Larde e Alain Marion, flautas

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Uma trilha-bônus: Rampal toca o Romance em Fá maior de Beethoven, originalmente para violino e orquestra, num arranjo que jamais ouvira para flauta e piano. A pianista é Annie D’Arco

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Mozart (1756-1791): Serenata No. 10, K. 361 – Gran Partita – Orchestra of The Age of Enlightenment

Mozart (1756-1791): Serenata No. 10, K. 361 – Gran Partita – Orchestra of The Age of Enlightenment

Mozart

Gran Partita

Orchestra of The Age of Enlightenment

Anthony Halstead

 

Há uma cena antológica no filme Amadeus, de Milos Forman, onde acontece o primeiro encontro de Salieri com Wolfgang, a criatura. Nesta cena de menos de dois minutos, Salieri explica a completa, absoluta genialidade de Mozart.

O velho e caquético Salieri conta para o médico que o atende a história e suas reminiscências vão desfilando na tela, criando o contraponto do altivo Salieri (interpretado magistralmente por Murray Abraham) de então com a sombra a que se houvera reduzido.

Salieri adentra um salão onde as pessoas que assistiram a um concerto estão se dispersando. Ele como que casualmente aproxima-se de uma estante na qual se encontra uma partitura com o início do adágio da Gran Partita. Na medida que ele descreve a música, vamos ouvindo-a.

O adágio inicia com uma sequência de quatro notas reunindo o contrabaixo e os dois fagotes e do próximo compasso em diante os segundos oboé, clarinete, corno di basseto e trompas se juntam a eles para criarem uma simples pulsação, quase nada. No terceiro compasso, como se surgisse do nada, um solo do primeiro oboé, pairando sobre esta pulsação – solo este que é entregue ao primeiro clarinete, no meio do próximo compasso – golpe de gênio. Nas palavras do Abraham-Salieri: Não era a composição de um miquinho amestrado. Era uma música como eu nunca houvera ouvido. Cheia de melancolia, melancolia interminável. Me parecia estar ouvindo a voz de Deus.

A música descrita pelo Salieri do filme é o terceiro movimento da Serenata para 13 instrumentos, todos de sopros, a menos de um contrabaixo (que pode ser substituído por um contra fagote). Esta é a música que preenche este despretensioso, mas delicioso disco.

A Criatura…

A também chamada ‘Gran Partita’ é uma das obras primas de Mozart e há miles de gravações disponíveis. Grandes maestros a regeram, excelentes conjuntos a gravaram sem regência, como uma prova de sua expertise. Aqui os membros da excelente e nossa velha conhecida Orchestra of the Age of Enlightenment são dirigidos por um de seus antigos trompistas, Anthony Halstead.

A turma toda…

O curto, mas utilíssimo libreto, cujo pdf se encontra nos arquivos, nos informa que em 1782 o imperador Joseph II fundou a Imperial Harmonie, uma banda de sopros, para tocar as melodias das óperas de maior sucesso e a moda caiu no gosto do povo. Na cena do banquete de Don Giovanni vemos um destes conjuntos em ação, tocando inclusive temas de As Bodas de Fígaro. Mozart adaptou e produziu música para essa formação de oito instrumentos, mas a Gran Partita está acima delas todas e também em número de instrumentos. Tudo indica que ela foi composta para um concerto de Anton Stadler e o maior número de instrumentos busca gerar um efeito de grandeza (que realmente consegue) e contraste. O libreto também traz um guia para o ouvinte descrevendo cada movimento, escrito pelo ótimo Misha Donat.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Serenata em si bemol maior para 13 instrumentos, K 361 ‘Gran Partita’

  1. Largo – Molto alegro
  2. Menuetto
  3. Adagio
  4. Menuetto: Allegretto
  5. Romance: Adagio – Allegretto
  6. Tema com variazioni
  7. Finale: Molto alegro

Membros da Orchestra of The Age of Enlightenment

Anthony Robson e Richard Earle, oboés
Antony Pay e Barnaby Robson, clarinete
Andrew Watts e Jeremy Ward, fagotes
Colin Lawson e Michael Harris, cornos di bassetto
Andrew Clark, Gavin Edwards, Roger Montgomery e Martin Lawrence, trompas
Chi-chi Nwanoku, contrabaixo
Anthony Halstead, regente

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FLAC | 192 MB

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MP3 | 320 KBPS | 115 MB

O pessoal da orquestra passou no barzinho lá perto do PQP Headquarters para uma canja depois da entrevista…

No fim da década de 1970, as lojas de discos vendiam uma série de LPs produzidos pela Polygram, com selo Deutsche Grammophon com nomes como Schubert para Milhões, Mahler para Milhões e, é claro, Mozart para Milhões. Caso houvesse no Spotify e similares playlists como a destes discos, despertaria em muitas pessoas interesse e curiosidade pela chamada música clássica. Veja a lista das mais mais de Mozart:

Lado A: Sinfonia No. 40 (1º Movimento); Concerto ‘Elvira Madigan’ (2º Movimento); Gran Partita (Finale, com membros da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, regida pelo Jochum); Ave Verum Corpus; Marcha de As Bodas de Fígaro.

Lado B: Concerto para piano No. 27 (3º Movimento); Pequena Serenata (2º movimento); Marcha Turca (Kempff); Sinfonia No 34 (último movimento); Coro da Flauta Mágica.

Só hits! Quais destes você ouviu recentemente? Nossa Gran Partita está lá. Aproveite!

René Denon

Franz Liszt (1811-1886): Transcrições e peças com o tema B-A-C-H – Leslie John Howard, piano

Este maravilhoso CD que ora compartilho com os amigos do blog traz as transcrições que Liszt fez de algumas das mais sublimes peças de órgão de Bach. Estas transcrições são distintas de suas ‘paráfrases’ (algumas já postadas por AQUI), pois tentam transferir a obra o mais fielmente possível de sua originalidade para o piano. As paráfrases de Liszt são como uma fantasia em constante desenvolvimento, combinação e metamorfose de temas, no caso das paráfrases de ópera, era bem comum o mestre húngaro evocar o virtuosismo. Por outro lado, nas transcrições de Bach, Liszt foi reverente e respeitoso a escrita do mestre alemão adequando a necessidade de incorporar as partes dos pedais à música para piano a duas mãos. Liszt não mostrou nenhuma inclinação para inventar notas e novas sonoridades, manteve-se fiel a escrita. No caso de seus cuidadosos arranjos de sete dos maiores trabalhos de órgão de Bach, deve-se mencionar que Liszt estava na vanguarda do renascimento do estudo sério da reprodução de órgãos polifônicos e do estudo independente da pedaleira, a fim de restaurar o negligenciado Bach para o público. Liszt também publicou uma edição da música de órgão de Bach, na qual ele também adicionou outras duas peças de Bach que transcreveu para o  órgão.

“A la Chapelle Sixtine” é um trabalho muito incomum, inspirado por Liszt ouvindo dois motivos muito diferentes na Capela Sistina: o famoso “Miserere mei Deus” de Gregorio Allegri (1582-1652) e o último trabalho de Mozart desse tipo – o “Ave verum corpus” K618, de 1791. A história da obra de Allegri composta para o coro papal na época de Urbano VIII, conta que a obra não teve permissão para ser publicada e não circulou por séculos. Mozart, de catorze anos, copiou a peça da memória e a levou para o mundo. Embora a peça original seja famosa por seu coro, Liszt concentra-se nas maravilhosas harmonias de seu início e as usa para gerar uma passacaglia cujas variações atingem um clímax tempestuoso antes que a peça de Mozart seja revelada da maneira mais simples. Uma obra linda !

Agora, as obras de órgão de Bach, que apareceram inúmeras vezes aqui no PQP, nos são muito familiares, originalmente datadas da época em que Bach trabalhou em Weimar e Leipzig. Nas suas transcrições, Liszt dobra cuidadosamente a parte do pedal em oitavas, sempre que possível e apropriado, quase nunca alterando a partitura original, além de algumas transposições de oitavas necessárias para permitir que as mãos alcancem todas as vozes.

Ampliar ainda mais a música de J.S.Bach pode parecer um desafio impossível, pois já é perfeito e bonito… mas ao ouvir essas transcrições extraordinárias de F. Liszt, essa impossibilidade se torna uma possibilidade …! Liszt entendeu tão bem o espírito integrando seu gênio, sua ciência e sua técnica, que o que ouvimos há sempre o eco de Bach e incrivelmente soa novamente como um órgão ! Acho todas as transcrições bárbaras, para este simples admirador algumas das obras mais belas que já ouvi na vida são especialmente o “Preludes & Fugues, S 462” (Bach BWV 543, faixa 02 e 03)) e a majestosa “Fantasia & Fugue S 463” (Bach BWV 542, faixa 14 e 15). Reverência total aos dois mestres !!!!!

Leslie Howard in action

Para incrementar mais ainda o post temos o incrível pianista nascido na Austrália, Leslie John Howard (1948). Este artista pesquisou, estudou e gravou tudo o que Liszt escreveu. Estima-se que foram cerca de 14.000 peças para piano! Liszt era f…. e o Leslie que gravou tudo, outro f….dão. Foi um conjunto de caixas contendo 99 discos lançado pela Hyperion Records em 2011 em homenagem ao 200º aniversário do nascimento de Liszt. Ao longo do tempo iremos postando algumas destas preciosidades. O próprio Howard disse que nem todas as obras ele executou “de cabeça”, temos alguns CDs que a interpretação soa pouco fria, mas “katzu”, o cara fez uma pesquisa única, conseguiu reunir as peças que sobreviveram até o nosso século e gravou para nosso deleite incluindo todas as 17 obras para piano e orquestra, merece respeito.

O projeto da Hyperion / Howard foi realizado durante 14 anos, abrange também muitos manuscritos não publicados de Liszt e alguns trabalhos inéditos. O último disco foi gravado em dezembro de 1998 e lançado em outubro de 1999, no aniversário de F. Liszt. Desde a conclusão do projeto, houve dois volumes suplementares, à medida que outros manuscritos de F. Liszt apareceram. Este projeto aclamado pela crítica mereceu a entrada de Leslie Howard no “Guinness Book of World Records”, seis “Grands Prix du Disque”, a “Medalha de Santo Estêvão”, o prêmio “Pro Cultura Hungarica” e um troféu de bronze da mão de Liszt presenteada pelo presidente húngaro.

Este CD é sem dúvida um dos mais bem-sucedidos da série de 99 Cds de Liszt (sim ouvi todos com calma e repetições por quase um ano, amo Liszt) … não apenas pelo seu conteúdo, mas também pela qualidade de sua interpretação …..as críticas e reservas que às vezes se pode emitir à interpretação do Leslie Howard (superficialidade, falta de preparação, impressão de que está lendo a partitura…etc.) está bem longe neste conjunto. Um exemplo é a majestosa “Fantasia & Fugue S 463” (Bach BWV 542), que é sem dúvida uma das obras-primas de Bach, liberdade, modernidade incrível … transcrita por Liszt, respeitando a partitura original, destaca a complexidade contrapontística e a escrita de órgãos (2 mãos + 2 pés …!) ainda permanece legível e claro reduzido a “apenas” 10 dedos ! Não posso esquecer de mencionar de novo a transcrição “A la Chapelle Sixtine”, “Andante” da sexta de Beethoven, as duas versões do  “Praeludium und Fuge uber das Motiv B-a-c-h” são razões mais que suficientes para baixar este CD. São transcrições ótimas, dramáticas e teatrais do mestre  F. Liszt, e Howard toca o seu máximo e com um bom som gravado.

Pessoal, um dos mais belos CDs de piano que tenho. Divirtam-se !

FRANZ LISZT (1811-1886) – Transcrições

01 – A La Chapelle Sixtine,S461-Miserere D’Allegri et Ave veru (1862)
02 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 543 Prelude in Am (1842-1850)
03 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 543 Fugue in Am
04 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 545 Prelude in C
05 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 545 Fugue in C
06 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 546 Prelude in Cm
07 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 546 Fugue in Cm
08 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 547 Prelude in C
09 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 547 Fugue in C
10 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 548 Prelude in Em
11 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 548 Fugue in Em
12 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 544 Prelude in Bm
13 – 6 Preludes & Fugues,S462 =From Bach=BWV 544 Fugue in Bm
14 – Fantasia & Fugue in Gm,S463 =From Bach=BWV 542 Fantasia (1872)
15 – Fantasia & Fugue in Gm,S463 =From Bach=BWV 542 Fugue (1872)
16 – Symphony No.6,S464-6-Szene am Bach-Andante molto moto
17 – Orgel-Fantasie und Fuge in Gm[Bach],S463i-Fantasy[1st ver
18 – Orgel-Fantasie und Fuge in Gm[Bach],S463i-Fugue[1st ver]
19 – Praeludium und Fuge uber das Motiv B-a-c-h,S529i[1st ver]
20 – Fantasie und Fuge,S529-On the Theme of B-A-C-H
21 – Variationen Uber Das Motiv Von Bach,S180

LESLIE HOWARD piano
Gravações de março a outubro de 1990

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Leslie Howard, dando aquele sorriso para as objetivas do PQPBach !

Ammiratore

Franz Danzi (1763-1826) – Concertos para fagote e orquestra – Gower – Holder

Estes quase cinco anos em que infesto este blog podem condensar-se em pouco mais de um. Foram, enfim, seis meses de contribuições diárias logo após minha estreia, e outros tantos desde que voltei. No entremeio desses dois surtos de produção, como se fossem eles Olimpíadas, houve quatro anos de silêncio dedicados ao que costumo chamar de uma temporada no Hades, até porque, dentro do que isso pode significar para alguém a cuja vida nada falta de essencial, eles assim me foram, mesmo.

Seria muito fácil jogar esse silêncio todo na conta daquilo que convencionamos chamar CORRERIA. Não considero justo, no entanto, atribuir a meu esmigalhante ganha-pão a total responsabilidade pelo meu sumiço. Por vários motivos, adotei prioridades que me fizeram distanciar e mesmo, vejam só, prescindir da música – uma estultice tão grande que dá às senhoras e aos senhores uma medida das escolhas de jerico que fiz na vida. E assim, sem muito ouvi-la, não me sentia instigado a escrever sobre ela e, por não escrever, perdi completamente o cacoete de fazê-lo. E assim, cada vez que ensaiava um retorno, o monstro do far niente percebia minha hesitação e me atirava novamente à torrente.

Ao regressar, há alguns meses, eu o fiz pela gentil insistência dos colegas e, ao atirar-me novamente nos braços da Música e voltar escrever para o PQP Bach, percebi que toda minha motivação para dedicar tanto tempo e muito de meus fosfatos a este espaço resumia-se àquela tríade tão essencial à vida: explorar, aprender e compartir.

E é por conta do compartir que eu, nada afeito a expor coisas de minha ademais desinteressante vida, lhes trago todas essas considerações. Tenho ciência de que não escrevo para deixar mementos para mim mesmo, ou para uma posteridade que sequer tenho ideia se vai sobreviver à distopia corrente. Escrevo, sim, para uma imensa massa de nomes que desconheço, oferecendo-lhe que considero digno de compartir, tanto em texto quanto, sempre o mais importante, no que a música tem de mais intangível, e que palavra alguma conseguiria expressar.

Não espero, ao contrário do que vós outros poderiam imaginar, qualquer retribuição. Exceto por alguns habitués que muito nos honram com seus comentários, eu morreria seco se esperasse por ela. A justificativa para as publicações já se consuma quando elas entram no ar, e muito pouco do que vem depois – e, novamente, com as notáveis exceções que já mencionei – costuma mudar suas razões de ser.

Dito isso, confesso – e falo aqui só por mim, e não pelos meus colegas – meu fastio crescente para com alguns tipos, especialmente aqueles que desprezam o que aqui despendemos na curadoria e na construção dum acervo musical significativo e que, sem qualquer moção ao nosso empenho cotidiano em trazer coisas novas ao blog, preferem apontar nossas omissões e pedir-nos mais e mais coisas, de maneira pervasiva e descortês, como se disc jockeys fôssemos, à mercê de suas obsessões particulares, ou guardiões duma cornucópia musical que nada mais tivessem a fazer.

Não estou aqui para servir esses chupins. Paguem-me alguns boletos e, daí, talvez possamos conversar. Até lá, preferirei que infestem outros ninhos.

E o que isso tem a ver com Franz Danzi?

Nada, claro.

Franz Danzi tem a ver com as exceções:

Uma delas foi o João Ferreira, que dia desses nos escreveu, com a cortesia e educação que chupim algum sonha em ter:

“Bom dia,
Seria possível, para amenizar minha quarentena – estou no grupo de risco -, os Srs conseguirem
os Concertos para Fagote e Orquestra, de Franz Danzi?
Agradecimentos de um resignado confinado,
Sds”

É claro que sim, João. Aqui estão não só um, mas dois discos com os concertos para fagote de Danzi.

Que a quarentena lhe seja leve, que você se cuide, e que aqueles que restarem dessa triste espécie possam ser melhores no afã de explorar, aprender e compartir.

Franz Ignaz DANZI (1763-1826)

1 – Abertura em Mi maior

Kölner Akademie
Michael Alexander Willens, regência

Concerto em Sol menor para fagote e orquestra

2 – Allegro maestoso
3 – Andante
4 – Polacca – Allegretto

Concerto em Dó maior para fagote e orquestra

5 – Allegro non troppo
6 – Andante
7 – Rondo – Allegretto

Concerto em Fá maior para fagote e orquestra

8 – Allegro
9  – Andante
10 – Polacca

Jane Gower, fagote
Kölner Akademie
Michael Alexander Willens, regência

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Concerto em Sol menor para fagote e orquestra

1 – Allegro maestoso
2 – Andante
3 – Polacca – Allegretto


Concerto em Fá maior para fagote e orquestra

4 – Allegro
5 – Andantino
6 – Allegretto non troppo

Concerto em Dó maior para fagote e orquestra

7 – Allegro non troppo
8 – Andante
9 – Rondo – Allegretto

Concerto em Fá maior para fagote e orquestra

10 – Allegro
11  – Andante
12 – Polacca

Albrecht Holder, fagote
Neubrandenburger Philharmonie
Nicolás Pasquet,
regência

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Franz Danzi (1763-1826)
Um filhote de Molothrus boniarensis

Vassily

Schubert (1797-1828): Sonatas para Piano D. 537 & D. 664– Alfred Brendel

Schubert (1797-1828): Sonatas para Piano D. 537 & D. 664– Alfred Brendel

Schubert

Sonatas para Piano D 664 & D 537

Alfred Brendel

 

Alfred Brendel é um pianista (agora aposentado das gravações e concertos) especialista em Beethoven, Schubert e Liszt, entre alguns outros compositores. Sua gravação dos Concertos para Piano de Mozart, com a Academy of St. Martin-in-the-Fields, regida por Neville Marriner, é uma referência para este repertório e com o devido mérito.

Eu ouvi muitas vezes um de seus discos tocando Schubert, da Coleção Silver Line Classics, com a Fantasia Wanderer e a Grande Sonata D. 960. Mas o que me chamava a atenção para seus discos era algo do visual. Os retratos com sua proeminente e enrugada testa, os óculos de míope com aros escuros e pesados e um eventual sorriso torto. Mas havia ainda umas estranhas máscaras, que em minha crassa ignorância acreditava serem vagamente ‘africanas’. Assim, quando este disco apareceu eu tratei de investiga-lo com mais atenção. A máscara é arte primitiva de Nova Guiné e o interesse por esse objeto revela como é abrangente o interesse de Brendel por arte. Ele escreveu sobre arte Dada, sobre poesia e muito sobre música.

Neste disco adorável ele apresenta duas sonatas de juventude de Schubert, mas que revelam já o excelente compositor. Eu gosto demais destas duas sonatas. O livreto que acompanha os arquivos conta que estas sonatas são a primeira e a última das sonatas de juventude e que foram completadas. Isto por que Schubert era ousado e aventureiro nestas suas descobertas de composição.

A Sonata em lá maior, D. 664, já está a meio caminho do modelo das sonatas de Mozart e do próprio estilo que Schubert desenvolveria depois – do ‘comprimento celeste’. O Andante da Sonata em lá menor, D, 534, reaparece como o movimento final da Sonata em lá maior, D. 959, Rondo – Allegretto. Quem nos diz isto tudo é o próprio Brendel, que escreveu os comentários do libreto. Ele menciona uma observação de Schnabel dizendo que Schubert, além de lírico e melodioso, é capaz de produzir drama. Schnabel e Kempff que eram modelos de pianistas para Alfred Brendel. Você tem aqui a oportunidade de comparar a interpretação destas sonatas por Brendel com as deixadas pelo grande Wilhelm Kempff, uma vez que Ammiratore postou as gravações feitas por Kempff.

Franz Schubert (1797 – 18282)

Sonata para piano em lá maior, D. 664

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Allegro

Sonata para piano em lá menor, D. 537

  1. Allegro, ma non tropo
  2. Allegretto quasi andantino
  3. Allegro vivace

Alfred Brendel, piano

Gravado em Londres, 1982

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FLAC | 161 MB

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MP3 | 320 KBPS | 135 MB

Não se impressione com as máscaras e baixe o disco. Aproveite que é ‘papa-fina’!!

René Denon

Richard Wagner (1813-1883) – Tannhäuser – Georg Solti / Franz Konwitschny

Chegou a hora de trazermos para os senhores a monumental “Tannhäuser”, a obra prima de Richard Wagner (1813-1883), provavelmente a ópera mais famosa do compositor, ou pelo menos, que tem a mais famosa das aberturas e, claro, o Coro dos Peregrinos. Ouvi a abertura pela primeira vez ainda adolescente e fiquei totalmente absorvido pela música. Só anos depois tive acesso a obra completa, com o libreto e tudo.

Como já é tradição nas postagens de Wagner vamos contar um pouco de historinha…. Nos difíceis dois anos em que Richard Wagner viveu em Paris, basicamente voltando seu talento para o ensino, arranjos e composições de “post-pourris”, e enquanto esperava pelas oportunidades que nunca viriam na capital francesa, ele teve acesso a muita literatura e dois trabalhos lhe chamaram a atenção: o poema “Der getreue Eckart und der Tannhäuser” de Ludwig Tieck (1773-1853) que lhe causara boa impressão assim como a leitura do conto de E. T. Hoffmann (1776-1822) “O Torneio dos Cantores” que descreve um concurso de canções no castelo de Wartburg, com relato das atividades libidinosas de Tannhäuser, no Venusberg (o monte Hörselberg, na Turíngia), sua peregrinação a Roma, com vistas a obter o perdão do Papa, a fim de poder ser digno de corresponder à paixão da sobrinha do Landgrave, princesa Elisabeth, virgem e de coração puro. Pronto, uma idéia de ópera lhe ocorrera. Enredão! Porém em Paris as coisas não vão bem e Richard resolve partir. Então no início da primavera de 1842, a diligência do jovem casal Wilhelm e Minna atravessa a planície da Turíngia, rumo a uma vida melhor em Dresden, Paris a muitos quilômetros atrás não deixou saudades.

Wartburg Castle

Pela janela da diligência, Wagner vê a colina sobre a qual se ergue o Castelo de Wartburg, a idéia, ainda adormecida, dos contos lidos em Paris desperta e ele teve aquele momento de inspiração para compor Tannhäuser. Em sua autobiografia, Wagner diria que, naquele trecho da viagem, pode visualizar a ação do drama. Foi quando delineou as primeiras linhas dos temas musicais, após ser levado pela sorte sobre sucessivos sons que lhe inspiram a volta do caminho da pátria. Ele se imagina no meio de peregrinos, no desfiladeiro, diante do som de gaita pastoril abaixo no vale. Assim, se vê na segunda cena em que Tannhäuser descortina a procissão dos peregrinos carregando uma pesada cruz em marcha para Roma. Reteria na memória cada detalhe da paisagem para orientar, anos depois, já em Dresden, os preparativos da primeira representação do seu segundo “drama musical”, música e versos fundindo-se numa unidade. O libreto foi concluído em maio de 1843, passando a ocupar-se da composição até meados de 1844.

Wagner conseguiu nesta nova obra que a realidade e a ficção fossem fundidas como num belo aço de padrão Damasco, dificilmente notamos os traços da misteriosa e bela lenda de Tannhäuser e em que ponto começava ou terminava o registro dos fatos históricos. De fato, sabe-se que em princípios do século XIII, o príncepe Hermann, da Turíngia, costumava organizar torneios poéticos no Castelo de Wartburg, com a participação de célebres cavalheiros menestréis da época, como Henrich von Ofterdingen, que Wagner fundiu para criar a personalidade do herói Tannhäuser.

Um causo curioso: Wagner estava orquestrando a sua nova ópera então batizada como “Der Venusberg” (Monte de Vênus), todavia amigos em Dresden o convenceram a desistir desse nome por ser um termo familiar para designar, digamos, uma parte íntima da anatomia feminina; assim, sua ópera poderia ser ridicularizada (que dúvida!). Por essa razão ele a rebatizou de Tannhäuser que completou em abril de 1845.

Wilhelmine Schröder

Em 19 de outubro, sob a regência do compositor a ópera foi estreada. Não foi uma noite muito feliz, o cenário não estava completo (muitas partes não ficaram prontas a tempo), foi o primeiro motivo para o povão não ficar feliz. A segunda razão era que para o público da época o fato de um músico se fazer de filósofo, e de tendências pessimistas, era chocante; a música deveria servir para alegrar e distrair e não obrigar a pensar; as pessoas pediam danças e árias mas Wagner lhes oferecia ação e drama. O papel principal foi atribuído a Joseph Tichatschek, um leal amigo, de uma magnífica voz, todavia, como ator, medíocre e ultrapassado para os seus desígnios. Era capaz unicamente de decorar os recitativos e a fonética. A prima do compositor, Johanna, interpretou Elisabeth. Vênus ficou a cargo de Wilhelmine Schöder, a grande soprano alemã da época. Com alguma razão, Wagner atribuiu aos cantores parte da responsabilidade pelo êxito restrito de Tannhäuser. Após a primeira apresentação, fez-se um intervalo de uma semana para que o tenor se recuperasse de forte rouquidão. Wagner aproveitou esta semana para fazer cortes e adaptações para a segunda representação que já contava com os novos cenários. Ao todo foram sete apresentações, sem alcançar pleno êxito nem cair no fracasso.

Poster da premiere – Paris-1861

Wagner fez uma grande revisão na ópera, em 1861, depois que Napoleão III lhe encomendou uma produção do Tannhäuser para a Ópera de Paris. A obra deveria ser cantada em francês e possuir um ballet com grande destaque. Era costume na ópera parisiense incluir um bailado no segundo ato de qualquer ópera ali encenada. E por um motivo prático. Em geral, a hora do início dos espetáculos coincidia com o horário de jantar de boa parte dos frequentadores e como estes acabassem por comparecer somente no segundo ato os compositores incluíam propositadamente o momento mais apreciado pelos franceses, o bailado (em outros textos escrevemos que antigamente era um entra e sai danado nas apresentações de óperas, não era nem de longe como hoje, todo mundo quietinho). Wagner claro que resistiu pois não concordava em satisfazer retardatários com mania por ballet, mas como geralmente esse pessoal era o da grana ele acabou concordando, mas do jeito dele. E agradando a direção da Ópera, criou um bailado no começo do primeiro ato não no segundo. O ballet é frenético, com um Bacanal em Venusberg, tornando a abertura mais longa. Assim a nova abertura ficou pronta fazendo com que a “overture” original se interrompesse com os primeiros compassos do tema do “Venusberg”: nesse momento abrem-se as cortinas para a apresentação do bailado. Nessa versão, as direções cênicas orientavam para uma gruta com náiades se banhando, sereias reclinadas e ninfas dançando. Vênus aparece recostada num divã, sob uma luz rósea, tendo a seus pés Tannhäuser, com a cabeça em seu colo e apoiado sobre um joelho, a nova música para as danças eróticas no Venusberg correspondiam ao espírito sedutor, típico de Wagner, e sua localização com a abertura teve um efeito dramático que ultrapassava de longe o que Wagner tinha escrito originalmente. Por isso, criou diferenças na partitura que passou a ser duplamente considerada: a versão de Dresden e a versão de Paris.

Após Tannhäuser, Wagner consolidou seu prestígio e posição profissional. Os anos difíceis em Paris estavam sepultados, assim como o princípio igualmente árduo de sua carreira.

O Enredo (baseado no livro “Outras Óperas Famosas” – Milton Cross)
Na base desta grande ópera de uma lenda medieval alemã vamos encontrar uma parte de história, outra parte de mitologia, e uma terceira parte da própria e rica imaginação de Wagner. A ação tem lugar na Turíngia, Alemanha, no início do século XIII, onde se localiza o poderoso castelo de Wartburg. Próximo do castelo há um sítio escondido, conhecido como Horselberg ou Venusberg (Gruta de Vênus), de acordo com a lenda era debaixo desta montanha que a deusa Vênus tinha sua morada. O próprio Wagner visitou o castelo e tirou a história das antigas tradições centralizadas em torno daquela pitoresca e antiga construção, onde, seis séculos antes, os cavalheiros menestréis, ou minnesingers, se reuniam em seu grande salão para torneios de canções.

A ópera se desenvolve em torno de um desses legendários cavalheiros menestréis, o apaixonado e brigão Tannhäuser. Buscando refúgio dos tormentos do mundo, Tannhäuser deixou sua existência terrena para viver sob o mágico encanto de Vênus, a deusa do amor. Quando a ópera começa, Tannhäuser está com Vênus há um ano e um dia.

Essa história do amor sagrado e do amor profano ofereceu a Wagner excelentes oportunidades para as cenas coloridas, rica música e flagrantes contrastes, como, por exemplo, entre o sedutor encanto de Vênus e seu reino fantástico, e a nobreza simples da fervente multidão de peregrinos, que caminham conosco durante toda a ópera.

A ópera começa com a sua conhecida abertura, aparece o tema “dos peregrinos”, à medida que cresce a sensual melodia da “Música de Venusberg” a cortina se abre para a cena inicial que decorre na misteriosa e fantástica gruta no interior de Venusberg, onde a deusa tem sua corte, e mantém aprisionadas as almas dos homens.

Ato 01
Cena 01

A gruta de Vênus. Quando a cortina se abre, revela uma sedutora cena. No ponto visível mais distante, de uma caverna aparentemente sem fim, vê-se um lago azulado, no qual estão nadando náiades, enquanto sereias reclinam-se nas suas margens. No centro, grupos de ninfas dançantes. Reclinados em montículos nas margens estão casais, alguns dos quais se unem às danças das ninfas no coro da cena. Em primeiro plano, Vênus está deitada em um sofá, cercada pelas Três Graças. Ajoelhado diante dela está Tannhäuser. A caverna é iluminada por uma estranha luz rósea.

Várias bacantes irrompem do fundo da gruta em uma tumultuosa dança. Passam selvagemente através de grupos de ninfas e casais, incitando-os a uma frenética e voluptuosa “Bacanal”. Os dançarinos de súbito fazem uma pausa, e passam a escutar o belo canto do “Coro das Sereias”, e depois voltam a danças, atingindo uma selvagem excitação na famosa “Música de Venusberg”.

Quando o frenesi está no auge, um súbito cansaço acomete os dançarinos. Os pares se separam, e permanecem perto da entrada da caverna. As bacantes desaparecem à medida que uma névoa se forma e se espalha com crescente densidade, envolvendo gradualmente os adormecidos. Apenas um pequeno espaço no primeiro plano permanece visível, onde Vênus, Tannhäuser e as Três Graças são vistos. As Três Graças realizam sua dança interpretativa das histórias de Europa e do Touro Branco, e de Leda e do Cine, enquanto aquelas cenas são vislumbradas ao fundo. Depois, elas saem, deixando apenas Vênus e Tannhäuser.

De repente, Tannhäuser ergue a cabeça, como se estivesse acordado de um sonho. Vênus o empurra para trás, acariciando-o. Ela pergunta ao cavalheiro o que o está perturbando, e ele responde que estava sonhando com a vida que levava na Terra. Por insistência dela, Tannhäuser pega da harpa, e canta apaixonadamente seu “Hino de Vênus”. Mas ele canta também que está cansado da vida sensual que está levando, e afinal clama por se libertar de encanto dela, de modo que possa voltar para a Terra, onde há um misto de dor e prazer. Irritada porque seu amor está sendo desprezado, Vênus exclama que ele não partirá. Tannhäuser insiste em que o destino impele sua escolha.

Vênus, com um grito, volta-se para ele, com o rosto entre as mãos. Procura gradualmente vencer as defesas de Tannhäuser mais uma vez, e volta-se para ele com um sorriso sedutor, cantando “Amado, vem!”. As sereias são ouvidas de novo, cantando suavemente à distância. Vênus usa de seus poderes de sedução tentando enfeitiça-lo sem parar. Com grande emoção, ele toma novamente sua harpa, e mais uma vez repete seus pedidos para ser libertado dali. Em seguida, Vênus, em grande fúria, o ameaça. Diz-lhe que será rejeitado na Terra, um proscrito, e que seu deus cristão nunca o perdoará. Tannhäuser responde simplesmente que coloca sua fé na Virgem Maria.

TannhäuserMeu orgulho me convida ao combate, eu não buscarei de novo a voluptuosidade nem o prazer. Ah, se pudesses me compreender, deusa! A morte é a minha única busca! É na verdade a morte que me dá pressa de ir!
VenusSe a morte fugir de ti, se a própria sepultura se recusar receber-te, então retomarás para junto de mim.
TannhäuserMinha morte e minha sepultura eu já as trago aqui no coração; só pelo arrependimento e pela penitência é que poderei encontrar repouso!
VenusNunca terás descanso, Nunca encontrarás a paz! Retorna para mim se qualquer dia buscares a tua salvação!
TannhäuserDeusa de todas as delícias e do prazer, não! Ah, não será em ti que a minha alma encontrará a paz nem o repouso! Minha salvação está somente em Maria!

À menção do nome da Virgem, quebra-se o feitiço. Com um grito, Vênus desaparece. Há um barulho de alguma coisa se partindo, e uma completa escuridão quando a cena muda.

Cena 02
Um vale perto de Wartburg. Tannhäuser, de repente, se vê no meio de um vale tranquilo, o Sol brilhando, e o céu azul acima. Sua vida em Venusberg acabou. Ao fundo, aparece o poderoso Wartburg, com um caminho pela montanha levando até ele. No primeiro plano, um oratório da Virgem. De um monte próximo vem o tilintar de sinos de ovelhas. Sentado num rochedo, um jovem pastor toca sua flauta. Ele canta uma melodia pastoral folclórica para Holda, deusa da primavera.

O PastorSenhora Holda, venha para fora da montanha, para passear pelos campos e prados, e ouvir os doces sons perceptíveis aos meus ouvidos e que meus olhos desejam espiar; aqui eu sonhei alguns maravilhosos sonhos, e mal eu abri os olhos lá brilhava o ardente sol, o mês de maio estava chegando. Agora eu toco alegremente o meu pífaro: maio está aí, o adorável maio.

Vários peregrinos passam à distância na sua jornada para Roma, e entoam o “Coro dos Peregrinos” à medida que eles seguem seu caminho na direção da montanha. O pastor, ouvindo o canto deles, para de tocar a flauta ouvindo reverentemente. Balançando seu boné, ele pede que rezem por ele quando chegarem a Roma.

Canto dos Mais Velhos Peregrinos – Para ti eu marcho, meu Jesus Cristo, pois és a esperança dos peregrinos! Louvada sejas, ó virgem doce e pura, à nossa peregrinação digna-te lançar tua bênção! O duro fardo dos meus pecados eu já não posso suportar, antes cuidados e aflições do que repouso e bem-estar. Bendito aquele que, fiel à graça, na santa festa da indulgência, encontra enfim o seu perdão, por contrição e penitência. O Pastor – Feliz viagem! Boa viagem a Roma! Rezai pela minha pobre alma!

Durante todo este tempo, Tannhäuser manteve-se parado, como enfeitiçado, embevecido com a beleza da cena. Profundamente comovido, ele cai de joelhos em oração quando a processão passa pelo escrínio da Virgem, e desaparece no caminho da montanha. O pastor também segue seu caminho, e os sinos das ovelhas são ouvidos cada vez mais fracos à distância. Tannhäuser permanece ajoelhado, absorto em prece fervorosa. As lágrimas embargam-lhe a voz. Curva a cabeça até o chão, e parece chorar amargamente. Ouvem-se sinos distantes quando o canto dos peregrinos morre ao longe.

Depois, vem o som de trompas de caça, aproximando-se cada vez mais. Surge um grupo de homens em trajes de caça. Trata-se de Hermann, o Landgrave, com sua comitiva. No grupo está Wolfram, que reconhece seu velho amigo Tannhäuser. Atônito ele se ergue rapidamente, e faz uma reverência silenciosa ao Landgrave, que saúda seu favorito há tanto tempo desaparecido. Tannhäuser responde às suas perguntas com evasivas, e diz que estava viajando por terras estranhas. Tenta se esquivar deles, dizendo que foi condenado a vaguear sozinho, mas ele pedem para que ele fique por ali. Quando Wolfram menciona o nome da encantadora Princesa Elisabeth, Tannhäuser para, embevecido. Wolfram diz que Elisabeth tem sofrido por causa dele, saudosa de suas canções, desde que ele deixou Wartburg, e não entrou no recinto dos menestréis durante sua ausência. Ele apela para que Tannhäuser volte. A música deste apelo é especialmente expressiva, enquanto os outros também fazem coro aos pedidos de Wolfram. Tannhäuser está profundamente comovido. Ele se joga nos braços de Wolfram, agradece depois aos menestréis, faz uma reverência ao Lendgrave, confessando sua alegria em se reunir a seus velhos companheiros. Outros membros da comitiva do Landgrave aparecem na cena. Os caçadores tocam suas trompas. Depois, Tannhäuser alegremente se une a eles, cantando em coro.

O LandgrafÓ retoma para nós valoroso menestrel! Dá trégua aos conflitos e às disputas!
Tannhäuser – Para junto dela! Para junto dela! Oh, conduzi-me perante ela! Ah, agora eu reconheço novamente o esplêndido mundo do qual eu estive separado! O céu se debruça sobre mim, os prados resplandecem nos seus mais belos adornos. A primavera, jubilante, entrou na minha alma, acompanhada de mil canções arrebatadoras; na suavidade, na urgente avidez, meu coração chora e clama em voz alta, “A ela!” “A ela!” Conduzi-me perante ela!
O Landgraf, os Menestréis – Ele que esteve perdido retornou! Um milagre o trouxe de volta! Bendito seja o doce poder, que baniu do seu coração o orgulho! Que tenha novamente a Adorada seus ouvidos ligados aos nossos hinos, exaltando a sua nobreza! E que estes aqui, plenos de um novo ardor, jorrem alegria de suas gargantas e almas!

Ato 02
O Salão dos Menestréis no Wartburg. Através da espaçosa abertura ao fundo vemos um panorama do pátio e do vale abaixo. Entra Elisabeth, e apaixonadamente louva o salão, que será novamente alegrado com a voz de Tannhäuser, que tanto o glorificou, e diz sua alegria na área: “Querido salão, eu te saúdo de novo, com alegria, de todo o meu coração eu te saúdo, adorável lugar! Em ti as canções dele nasceram e me despertaram das sombras. Desde que ele partiu tu me pareces vazio! A paz me abandonou, e a alegria desapareceu de ti! Como agora meu coração se exalta e tu transpareces, outra vez, imponente, nobre e receptivo! Aquele que dá vida a ti e a mim não está mais distante! Eu te saúdo! Eu te saúdo! A ti amado salão, eu te saúdo!”

Quando Elisabeth termina, Tannhäuser é conduzido por Wolfram pelo fundo da cena, e entram no salão. Por alguns momentos ele se encosta num pilar, e depois se arroja aos pés de Elisabeth. Em tímida confusão, a jovem pede que ele se levante, dizendo que aquele lugar é de domínio dele, que ele conquistou com suas canções. Gentilmente, Elisabeth porgunta aonde esteve. Erguendo-se lentamente, Tannhäuser diz que um véu caiu para sempre entre ontem e hoje, pois os céus operaram uma mudança no seu espírito. “Esse milagre eu louvo do fundo do meu coração”, diz Elisabeth. Tannhäuser e ela se unem em um fervente dueto:

TannhäuserDeves exaltar o deus do amor, que me tocou! É ele que inspirava meus versos; é ele que te falava através dos meus cantos; é ele que me reconduziu até aqui perante ti!
Elisabeth / TannhäuserBendito seja este instante, abençoada seja a força que pela tua presença me mostrou um tão doce segredo!
TanhnhäuserA esta nova vida encontrada possa eu, agora, ser devotado inteiramente; tremendo de alegria, eu chamo esse milagre de o mais belo!
ElisabethAureolado de um esplendor radiante, um sol refulgente sorri para mim; despertada para uma nova vida, eu chamo enfim a alegria de minha companheira!

Wolfram permaneceu ao fundo. Verifica agora que se desvaneceram suas esperanças com Elisabeth. Sua grave e digna confissão forma um contraste com o enlevo de Tannhäuser e Elisabeth.

Quando Tannhäuser e Wolfram saem, o Landgrave faz seu aparecimento, saudando Elisabeth por vê-la naquele lugar, onde há muito não entrava, e proclamando-a a rainha do festival de canção. Diz-lhe que todos os nobres estarão ali, porque, mais uma vez, o vencedor receberá o laurel das mãos dela.

A Corte se reúne agora com muita pompa. Quatro pajens anunciam a chegada dos vários grupos de convidados. Os cavalheiros, nobres, damas, e damas de companhia entram e são recebidos pelo Landgrave e por Elisabeth. Esta cerimônia é uma cena muito inspirada, e a “marcha de Tannhäuser” atinge um magnífico clímax. O coro dos cavalheiros e dos nobres se une ao coro das damas.

Cavaleiros e Nobres DamasCheios de alegria saudamos o nobre Salão, onde de todos os tempos a arte e a paz sempre e somente moram; que por longos tempos ainda a fama ressoa: glória ao Landgraf Hermann, o príncipe da Turíngia. Glória! Glória! Ao Príncipe da Turíngia! Ao protetor da mais graciosa das artes. Glória! Glória! Glória!

Os nobres e as damas tomam seus lugares de um lado do grande salão para a competição de canção, e o Landgrave e Elisabeth ocupam os dois lugares de honra.

Entram agora os menestréis, saudando a assembleia de maneira pomposa, e tomam seus lugares no lado oposto do salão. O Landgrave se levanta, e anuncia que o Amor será o tema do concurso de canção, e que a própria mão de Elisabeth premiará o vencedor.

Começa a competição. OS quatro pajens recolhem de cada cantor um rolinho de papel contendo seu nome. Os rolos são colocados em uma taça de ouro, que é apresentada a Elisabeth. Ela escolhe um dos papéis, entrega-o aos pajens, que, em quarteto, anunciam o nome. Wolfram foi o primeiro sorteado. Ele canta com poder e eloquência seu “Elogio do Amor”. É uma canção de plácido amor por Elisabeth, onde diz que a adora à distância. É muito aplaudido pelos menestréis e nobres.

Wolfram Eu direciono minha vista para esta nobre assembleia, o meu coração palpita e se inflama com tão augusta visão! Vejo aqui heróis, alemães, valentes e sábios, altivos, imponentes como carvalhos, de vivo e verde vigor; e vejo damas belas e virtuosas, com diademas perfumados com finas e amáveis flores. Eu sinto que meu olhar se enleva com essa visão, meu canto é silenciado ante semelhante encanto e esplendor. Então eu elevo meu olhar até uma única estrela, lá no alto dos céus, onde brilha para mim: meu espírito é confortado pela radiante distância e minha alma se prostra e se submerge em piedosa prece. E, vede, eu contemplo uma fonte de delícias, à qual meu espírito se transporta no mais elevado êxtase, e ao seu manancial ele retira as delícias da mais santa indulgência, bálsamo indizível com o qual refresco o meu coração. E nunca mais eu quero profanar essa fonte, ou turvar suas águas com pensamentos impuros: em devoção a ela eu a mim me sacrificaria e com prazer derramaria até a última gota do meu coração! A vós, nobres, desejo expressar nessas palavras como a mim me parece ser a pura essência do amor.

Durante a canção de Wolfram, a atitude de Tannhäuser é de impaciência e desdém. Subitamente, sua expressão se transforma em estranha alegria. Ele se ergue como se estivesse sonhando. Tange as cordas da sua harpa, e um sorriso sinistro indica que uma estranha emoção tomou conta dele. Depois, toca a harpa com fúria, todo o seu ser demosntrando que está fora de si. Parece até ignorar Elisabeth quando irrompe em uma canção de paixão sensual: “Oh, Wolfram, se é este o teu canto, desfiguraste mui claramente o amor! Se tu o limitas a mórbidos suspiros, com certeza o mundo inteiro logo se esgotaria. Para glorificar a Deus, nas sublimes alturas celestiais, levemos os olhos para os céus, contemplemos as estrelas: a adoração convém a tais maravilhas porque elas são inacessíveis! Mas aquilo que se abre ao nosso afago, que se deleita perto de nosso coração e de nossos sentidos, o que foi criado como matéria e se curva para nós como suave carne, corajosamente devemos beber da fonte do prazer: o manancial de delícias, ao qual não se deve ter medo de misturar-se; eu de um salto junto-me a fonte tão inesgotável com meu inexaurível desejo. Tu, que jamais escorregaste para a fraqueza, fica ciente de que a fonte jamais se esgota, por isso meu desejo é sempre apetecível. Assim, ansioso por um eterno desejo, eu descubro nessa fonte eterno reconforto. Aprende bem, Wolfram, tal é para mim a mais autêntica essência do amor!”

Há uma consternação geral entre os presentes. A casta Elisabeth fica perplexa ante o conflito de emoções de amor e ansiosa surpresa. Biterolf, um cavalheiro arrojado, ergue-se rapidamente, e reprime Tannhäuser, mas este, com veemência sempre crescente, pergunta a Biterolf o que ele sabe a respeito de tal prazer, e reitera seu ponto de vista acerca do amor. Os nobres, agora em grande excitação, acreditam que ele ficou louco, Biterolf saca da espada. O Landgrave, entretanto, pede ordem.

Wolfram tenta acalmar o crescente nervosismo com um segundo elogio ao amor. Tannhäuser, completamente fora de si, lança-se agora num “Hino a Vênus”, gritando que somente ele, entre todos os tolos mortais, provou a plenitude do amor, e que somente Vênus pode ensinar a respeito do amor. Há uma desordem geral, e horror, pois agora ficam sabemdo que Tannhäuser visitou Venusberg.

WolframO céu, deixa-me agora implorar-te! Dá a minha canção a consagração do prêmio! Deixa-me ver banido o pecado desta nobre e pura assembleia! Deixa minha canção ressoar. A ti, sublime amor, celebro a minha canção, que penetrou em mim com beleza angelical e profundamente com ímpeto na alma! Tu vens de Deus, és seu enviado, reverente eu te sou na distância: assim, guia-me pela terra, onde para sempre brilha a tua estrela!
Tannhäuser – Para ti, deusa do amor faz ressoar minha canção, bem alto, deixa-me agora cantar em teu louvor! Teu doce encanto e charme é a fonte de toda beleza! E cada terno prodígio provém de ti! Somente quem se estreitou nos teus ardentes braços conhece o que é o amor – somente ele pode sabê-lo. Tristes e necessitados, que ignoreis como ela ama, ide, ide à montanha de Venus!

Todos os OutrosAh! O infame! Fugitivo!
O que ouvistes! Ele esteve no Venusberg!
As Nobres DamasFora! Fora! Fora de sua presença!

As damas deixam o salão em grande confusão. Elisabeth, pálida e trêmula, é a única a permanecer. O Landgrave, os cavalheiros e os menestréis levantam-se e se reúnem. Tannhäuser permanece de pé, estático, como em transe. Os cavalheiros e os nobres se aglomeram à volta dele, com as espadas desembainhadas, ameaçando mata-lo por causa de suas blasfêmias. Elisabeth corre a se interpor entre eles, detendo-os, e todos recuam quando ela faz de seu corpo um escudo para Tannhäuser. Mais uma vez eles tentam se aproximar do menestrel, e mais uma vez Elisabeth intervém, dizendo que não lhes cabe julgá-lo, que ele deve ter sua oportunidade para alcançar a salvação divina. Pergunta-lhe que ferida mortal poderiam abrir-lhe, em comparação com a que Tannhäuser lhe fez no coração. Acrescenta que, por ela, ele aprenderá a vontade de Deus, pois ela rezará por sua alma.

ElisabethAfastai-vos dele! Vós não sois seus juízes! Bárbaros! Lançai à parte as vossas selvagens espadas e escutai as palavras de uma virgem sem mancha! Aprendei por minha voz a vontade de Deus! Esse infeliz homem, que um terrível, poderoso feitiço o segurou cativo, – o quê! Pode ele nunca encontrar a salvação através do arrependimento e da expiação neste mundo? Vós que vos proclamais tão fortes na verdadeira fé, desconheceis assim o ensinamento do Todo Poderoso? Quereis vós subtrair a esperança para o pecador, então dizei, o que ele fez de mal para vós? Olhai-me, a jovem virgem, na qual ele despedaçou com um golpe brutal o prazer de viver, a mim que o amava do mais profundo do meu ser, ele traspassou o coração, que era só júbilo! Imploro por ele, imploro por sua vida, A fim de que, arrependido, ele encontre seu caminho de penitente! Deixai-o recobrar o ânimo da fé porque o Salvador outrora também padeceu por ele!

Tannhäuser é agora acometido de vergonha e contrição e, caindo ao chão, pede perdão para sua alma. O Landgrave, com grande solenidade, avança e dá seu julgamento. Tannhäuser é banido de seus domínios. O Landgrave sugere que o cavalheiro se uma a um grupo de peregrinos que estão de partida para buscar a absolvição em Roma, enquanto Elisabeth chama a atenção para a confortadora promessa do “Coro dos peregrinos”, que ecoa no vale.

O LandgrafUm crime abominável vem de ser aqui cometido. Carregado de maldição, sob uma máscara de hipocrisia, o filho do pecado foi introdu- zido em nosso meio. Nós te expulsamos de nosso grupo – te proibimos de habitar perto de nós; nossa mesa por ti foi profanada; o céu ele mesmo te observa, ameaçador, neste teto que há muito te abrigou. Portanto, ao envolvido pela condenação eterna, um caminho resta aberto que conduz à tua salvação: ao te banir desta terra eu te o indico. Toma-o e salva a tua alma! Reunidos se encontram em minhas terras peregrinos penitentes, em grande número; os mais velhos já marcham à frente; os mais jovens descansam ainda no vale. Para confessar seus pecados, os mais veniais, não concedem ao seu coração nenhum repouso. Para apaziguar suas paixões com penitência, eles se dirigem a Roma, às festas do perdão.
Os Jovens Peregrinos – Na sublime festa do perdão e da graça humildemente expiarei meus pecados! Abençoado o que se mantém fiel à sua fé: pela penitência e arrependimento será salvo.

Um súbito raio de esperança inspira Tannhäuser. Ele se joga aos pés de Elisabeth, e beijando-lhe devotadamente a barra do seu vestido, exclama que se unirá ao grupo de peregrinos, dizendo em exaltação “Para Roma”. O coro dos nobres repete essas palavras, e Elisabeth o olha num misto de desespero e piedade.

Uma curiosidade, no meio do conjunto que encerra o ato dois, Elisabeth e depois os outros cantam um tema muito parecido com o que foi utilizado na Branca de Neve e depois se tornou um dos temas símbolo da Disney, coincidência ?

Ato 03

Um vale perto de Wartburg. É a mesma cena tranquila, na qual Tannhäuser se encontrou depois de ter abandonado Vênus. Elisabeth rezou, cheia de esperanças, aguardando o retorno de Tannhäuser de sua peregrinação, mas foi em vão. Diversos meses decorreram, e o cavalheiro errante não regressou.

O crepúsculo está próximo. Diante do oratório da Virgem, Elisabeth, toda de branco, está ajoelhada e rezando. Wolfram se aproxima, vindo de uma trilha no bosque, e percebe a presença de Elisabeth. Medita sobre a atitude da jovem, sempre rezando pelo retorno de Tannhäuser, porém suas preces não foram atendidas.

Da distância vem o som de um grupo de peregrinos. Elisabeth se ergue ansiosa. Ouvimos, então, o belo “Coro dos Peregrinos”, crescendo gradualmente à medida que o grupo de penitentes, passando se dirige lentamente através do vale. Elisabeth procura ansiosa Tannhäuser entre os peregrinos de volta, mas ele não está ali. Ela cai de joelhos mais uma vez, e ora à Virgem Maria para que ela a venha buscar, e que o pecado de Tannhaäuser seja perdoado. Esta linda ária é a “Oração de Elisabeth”.

Os Peregrinos mais Idosos – Eu ofereci ao Senhor minha contrição, minha penitência; meu coração lhe pertence porque sua bênção coroou meu arrependimento! Louvor a ti, Senhor! A graça da salvação é garantida com a penitência, ela me conduzirá um dia à paz da eterna bem-aventurança; inferno e morte não mais me amedrontam, por toda a vida exaltarei o nome de Deus. Aleluia! Aleluia, até a eternidade!

ElisabethEle não retomou!
Os PeregrinosO minha pátria, é-me permitido enfim te contemplar e alegremente saudar-te nos teus queridos prados. Agora me deixa fazer repousar meu cajado de peregrino.
ElisabethVirgem toda poderosa, escuta minha prece! Rainha da Glória, eu te imploro! Deixa-me diante de ti ser eliminada no pó. Oh, leva-me deste mundo! Faze que, pura e semelhante aos teus anjos, eu entre em teu santo regaço! A cada vez que, prisioneira de tolas ilusões, meu coração se houver afastado de ti, se um desejo maligno, mais de inclinação aos prazeres do mundo, persuadiu o meu espírito, eu te asseguro que me esforcei, sofrendo muitas dores, para os destruir em meu seio. Se não pude penitenciar-me por cada erro, então, apieda-te de mim, a fim de que mui humildemente te renda devoção e dignamente possa me aproximar de ti, como serva fiel, e confiante em tua mais abundante graça misericordiosa, possa implorar teu perdão por seus pecados.

Durante muito tempo, ela permanece ajoelhada, depois lentamente se levanta, como se estivesse em transe. Wolfram se aproxima para falar-lhe, mas ela lhe pede que fique em silêncio, e por gestos expressa-lhe seus profundos agradecimentos pelo fiel amor dele. O caminho dela agora a leva para o céu, onde terá uma elevada tarefa a realizar. Ela não quer que ele a acompanhe ou siga. Lentamente subindo o caminho que leva ao Wartburg, desaparece da vista. O vale se escurece com a aproximação da noite. O fiel Wolfram senta-se ao pé da montanha, e começa a tocar sua harpa lentamente. Quando a estrela vespertina brilha no céu distante, ele dirige seu canto a ela, pedindo que abençoe e guie Elisabeth. Para este que vos escreve esta “Canção da Estrela Vespertina” é uma das mais belas melodias desta ópera de Wagner.

WolframPremonição fúnebre, esse crepúsculo sobre a terra, envolvendo o vale com sua sombra cinza; até a alma que deseja elevar-se ao céu estremece ao ouvir as asas esta noite lúgubre. Mas tu apareces então, oh, tu a mais charmosa das estrelas, e nos envia de longe o reconforto da tua luminosidade; teu caro raio traspassa o crepúsculo e suas trevas, e tu nos mostras, ó amiga, por onde sair do vale. Ó tu, minha mui tema e gentil estrela vespertina, ditoso eu te saúdo sempre com grande prazer; do fundo de um oração que nunca a traiu, eu te peço, saúda-a por mim, quando ela passar perto de ti, quando ela deixar este vale de lágrimas, para começar a ser, no céu, um anjo bem-aventurado.

Na noite escura, uma figura sombria surge, vestindo uma túnica de peregrino. Sua face está pálida e contraída, e ele caminha com dificuldade, apoiado em um bordão. Wolfram reconhece Tannhäuser e pergunta-lhe por que voltou se ainda não foi perdoado. Tannhäuser, selvagemente, declara-lhe que vai voltar para Venusberg. Wolfram, horrorizado, pergunta-lhe se ele não foi a Roma e amargamente ele responde que sim. Quando Wolfram pergunta-lhe o que aconteceu. Tannhäuser senta desesperado. Wolfram vai se sentar a seu lado, mas Tannhäuser diz que não o faça, acrescentando que ele, Tannhäuser é amaldiçoado. Conta como o papa absolveu todos os peregrinos, mas se voltou para ele com uma terrível denúncia. Como ele tinha provado das delícias proibidas de Venusberg, disse o papa, então estava condenado para sempre. O Santo Padre acrescentou: “Como nesse bastão em minha mão nunca mais nascerá uma folha viva, assim de ardente marca do inferno a salvação nunca florescerá para ti!”. Abandonado por todos, exclama Tannhäuser, somente poderá ser recebido por Vênus. Sim, ele novamente está a caminho de Venusberg. Wolfram tenta detê-lo nessa sua louca determinação.

As nuvens gradualmente enchem a cena. Tannhäuser invoca Vênus. Um confuso turbilhão de formas dançantes torna-se visível com os acordes da “Musica de Venusberg”, a medida que Vênus aparece, reclinada em seu leito, cantando sua deliciosa e sedutora melodia. Ele está quase se lkançando nos braços dela, mas Wolfram o detém, e roga-lhe que alcance a salvação da alma. Os dois cavalheiros lutam violentamente. Tannhäuser não ouve as súplicas de Wolfram. Quando Tannhäuser se liberta, gritando que o céu esta fechado para ele, Wolfram diz que a salvação está nele porque um anjo reza por ele, Elisabeth. Tannhäuser ára como que enfeitiçado. Ele repeto o nome, “Elisabeth”, à medida que sua mente se volta mais uma vez para o verdadeiro e puro amor daquela suave princesa. Vênus grita: “Infeliz de mim! Perdi-o” e a visão desaparece.

As nuvens se adensam, e através delas brilha a luz de tochas. Depois, à medida que os primeiros raios da manhã começam a brilhar, aproxima-se um cortejo fúnebre, vindo de Wartburg, se encaminhando para o vale. Peregrinos, seguidos por menestréis, carregam um caixão aberto, onde jaz o cadáver de Elisabeth. São seguidos pelo Landgrave, cavalheiros e nobres, cantando que Tannhäuser foi absolvido pelo amor de Elisabeth. Wolfram leva Tannhäuser até o caixão de Elisabeth. Caindo para trás, ele grita “Santa Elisabeth, ora por mim!” Ele morre. Todos depositam suas tochas no chão e as apagam. A aurora traz completa claridade à cena! Entra um coro de jovens peregrinos, cantando o milagre que acabam de ver. Com eles, trazem o bastão do papa, que milagrosamente floresceu com folhas novas, um sinal do perdão de Deus.

TannhäuserSanta Elisabeth, orai por mim!
Os Jovens PeregrinosGlória! Glória! Glória ao milagre da graça! O mundo obteve a redenção! Nesta santa hora da noite do Senhor, Ele mesmo se manifesta através de um milagre: o báculo seco na mão do pontífice, Ele o fez reverdecer, ele o ornou de ramos verdes; Assim, para o pecador à margem da fogueira do inferno, a redenção pode desabrochar um dia! Proclamai isto por toda a terra, que através deste milagre ele encontrou a salvação! No alto, acima de tudo, está Deus e sua misericórdia nunca será procurada em vão! Aleluia! Aleluia! Aleluia!
O Landgraf, os Menestréis, os Velhos PeregrinosA graça de Deus foi garantia ao penitente, ele agora entra na paz da bem-aventurança!

Enquanto cantam a redenção de Tannhäuser, lentamente a cortina se fecha.

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Personagens e intérpretes

Vamos compartilhar duas versões maravilhosas da ópera com os amigos do blog: A versão Dresden com o maestro Franz Konwitschny e a versão Paris com o maestro Georg Solti, na minha modesta opinião, considero esta como sendo um dos seus melhores Wagner e a tenho como a melhor leitura deste trabalho, é pura tensão e eletricidade com tempos rápidos. O Konwitschny é mais lento e calmo, um Wagner “domado” pelo grande maestro da então Alemanha Oriental.

Tannhäuser (Dresden)
Essa produção de 1961 com excelente som estéreo, rico, completo, nítido e com um elenco cuja qualidade combinada seria impossível de replicar hoje, para este admirador esta é uma das melhores versões de Dresden desta ópera. Grandes cantores, coro e orquestra. As duas protagonistas femininas são excelentes, Schech e Grummer, ambas no auge. A qualidade virginal de Elisabeth por Elisabeth Grümmer, a sutileza lírica requintada do então jovem Dietrich Fischer-Dieskau como Wolfram e o inimitável tenor Fritz Wunderlich como Walther. A voz opulenta de Gottlob Frick transmite autoridade e sentimentos como o Landgrave Hermann, Frick tem uma voz impressionante por sua solidez, nem quente demais e nem aveludado, com um tom levemente seco. O Tannhäuser de Hans Hopf com seus registros baixos escuros muito ricos e seus altos que brilham, uma voz muito bonita com bela entonação, seu desempenho é ótimo. A condução do maestro Franz Konwitschny é lírica, pensativa e contida o conjunto é realmente impressionante, poderoso, musical e afinado. A orquestra toca soberbamente do início ao fim e Konwitschny guia magistralmente o drama, nem pesado nem rápido demais. Li algumas críticas negativas dos profissionais mais velhos e rabugentos dos anos 60 e 70. É uma interpretação que é um verdadeiro banquete musical, maravilhoso.

Elisabeth Grümmer – Elisabeth
Hans Hopf – Heinrich Tannhäuser
Dietrich Fischer-Dieskau – Wolfram von Eschenbach
Gottlob Frick – Hermann, Landgraf
Marianne Schech – Vênus
Fritz Wunderlich – Walther von der Vogelweide
Gerhard Unger – Heinrich der Schreiber
Reiner Süss – Reinmar von Zweter
Rudolf Gonszar – Biterolf

Chor der Staatsoper Berlin
Orchester der Staatsoper Berlin -Franz Konwitschny
Gravação – 1961

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Tannhäuser (Paris)

Esta monstruosa gravação dos idos de 1971 nos oferece um Wagner excelente ! Uma das gravações de Wagner que mais gosto. Christa Ludwig é uma Vênus sedutora, brilhante e ela está com uma voz maravilhosa: quente e rica em tom, uma Vênus irresistível. Helga Dernesch, uma doce Elisabeth, René Kollo numa grande performance. A firmeza no canto de Hans Sotin soa gentil e bem sonoro. O resto do elenco se encaixa perfeitamente, vozes poderosas e lindamente conduzidas por Solti que consegue encontrar o “ponto ideal” dos seus cantores. Este é aquele tipo de gravação que podemos ouvir o “coro” de vozes no final do Ato Dois não se misturar em uma espécie de confusão sonora: podemos seguir uma ou mais das vozes por palavra durante os minutos finais, ESPLÊNDIDO! A Filarmônica de Viena é excelente como de costume, oferecendo acompanhamento orquestral perfeito. Solti conduz com paixão e determinação. Os efeitos estereofônicos são usados de maneira ambiciosa um exemplo é o coro de peregrinos que “anda” da esquerda para a direita nas caixas de som ou fones de ouvido.

Hans Sotin – Hermann o Landgrave
Helga Dernesch – Elizabeth
René Kollo – Heinrich Tannhäuser
Victor Braun – Wolfram von Eschenbach
Werner Hollweg – Walter von der Vogelweide
Kurt Equiluz – Heinrich der Schreiber
Manfred Jungwirth – Biterolf
Norman Bailey – Reinmar von Zweter
Christa Ludwig – Venus

The Vienna Boys’ Choir, Vienna State Opera Chorus
The Vienna Philharmonic Orchestra – Georg Solti
Gravação – 1971

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Libreto no velho e bom português AQUI

Hoje sem gracinhas, por favor !

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (9/9) #BTHVN250

Kovacevich encerra sua travessia com uma leitura elétrica das três últimas, visionárias sonatas. Quando parece que não lhe vai mais sobrar energia depois da fuga do final da Op. 110, ele começa a Op. 111 com toda pilha, cantarolando com o mesmo vigor com que toca – percebam que ele fica ultra-alegre cada vez que ataca os baixos -, e quem o acompanhou até aqui sabe o que esperar das variações que coroam toda série: brilho e expressividade, incluindo um proto-jazz especialmente pirotécnico.

O que vocês talvez não saibam é que a Warner, aquela marota distribuidora que tragou Philips e EMI e com elas o próprio Kovacevich, colocou bizarramente esta sonata sozinha no nono disco, fazendo-a – o que é ainda mais bizarro – seguir-se com as duas séries de bagatelas Opp. 119 e 126. Como nós adoramos Beethoven e sabemos o poder do Op. 111, transplantamos as “ninharias” para o disco anterior, deixando-as na mesma jaula da feroz Hammerklavier. Afinal de contas, nós lemos Thomas Mann, seu “Doutor Fausto” e, por termos aprendido a famosa lição do professor Kretzschmar, sabemos a única coisa que se pode seguir a seu segundo movimento…

“Um terceiro movimento? Um reinício depois desse adeus? Impossível! Acontecera que a sonata no segundo, no imenso segundo movimento, havia alcançado seu fim, um fim sem nenhum retorno. E, ao referir-se ‘à sonata’, não pensava apenas nessa, em dó menor, e sim na Sonata em si, na forma, no gênero artístico tradicional: ela mesma tinha sido levada ao seu término, cumprira seu destino, além do qual não existia caminho, anulara-se e dissolvera-se, despedira-se; o aceno de adeus, dado pelo motivo de ré-sol-sol, melodicamente consolado pelo dó sustenido, era despedida também nesse sentido, despedida grande como a peça, despedida da Sonata.”

… o silêncio, tão só.

ooOoo

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

1 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
2 – Prestissimo
3 – Andante – molto cantabile ed espressivo
4 – Var. I – Molto espressivo
5 – Var. II – Leggermente
6 – Var. III – Allegro vivace
7 – Var. IV – Un poco meno andante
8 – Var. V – Allegro ma non troppo
9 – Var. VI – Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

10 – Moderato cantabile – Molto espressivo
11 – Allegro molto
12 – Adagio ma non troppo
13 – Adagio, ma non troppo – Arioso
14 – Fuga – Allegro ma non troppo
15 – L’istesso tempo di arioso
16 – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

17 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
18 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Stephen Kovacevich, piano

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Retrato de família: Marthinha (com cara de quem preferia estar com seus gatos) e Stephen com sua filha, Stéphanie. A moça à direita, praticamente uma releitura asiática de Martha, é sua filha, a violista Lyda Chen-Argerich.

Vassily

Tchaikovsky (1840-1893) / Grieg (1843-1907): Cordas e mais cordas (Serenata, Souvenir, Holberg)

Tchaikovsky (1840-1893) / Grieg (1843-1907): Cordas e mais cordas (Serenata, Souvenir, Holberg)

Um excelente repertório numa interpretação que está fora de moda, mas que foi de alto nível em sua época. Também não sei porque Grieg ficou fora da capa — ou se esta é realmente a capa do CD. Sua Suíte Holberg é belíssima e não merece este descaso…

Sobre a Serenata para Cordas de Tchai: ele pretendia que o primeiro movimento fosse uma imitação do estilo de Mozart, e foi baseado na forma da sonatina clássica, com uma introdução lenta. A agitada introdução do Andante é marcada como “sempre marcatissimo”. A introdução é reafirmada no final do movimento, e depois reaparece, transformada, no quarto movimento, unindo toda a obra. Na segunda página da partitura, Tchaikovski escreveu: “Quanto maior o número de músicos na orquestra de cordas, mais isso estará de acordo com os desejos do autor.” O segundo movimento, Valse, tornou-se uma peça popular por si só.

Souvenir de Florence, também de Tchai, é originalmente um sexteto, mas não chega aos pés da Serenata.

Já a Suíte Holberg, de Grieg, é demais! A Suíte Holberg, op. 40, mais propriamente “Da época de Holberg”, com o subtítulo “Suite in olden style” é uma suíte de cinco movimentos baseados nas formas de dança do século XVIII, escritos por Edvard Grieg em 1884 para celebrar o 200º aniversário do nascimento do dramaturgo humanista Ludvig Holberg. Ela foi originalmente composta para piano, mas um ano depois foi adaptada pelo próprio Grieg para orquestra de cordas. A suíte consiste em uma introdução e um conjunto de danças. É um ensaio inicial do neoclassicismo, uma tentativa de ecoar tanto quanto se sabia no tempo de Grieg da música da época de Holberg. Embora não seja tão famosa quanto a música incidental de Grieg de Peer Gynt, muita gente boa consideram ambas como obras como de igual mérito.

É claro que as interpretações modernas da Holberg são muito melhores.

Tchaikovsky (1840-1893) / Grieg (1843-1907): Cordas e mais cordas (Serenata, Souvenir, Holberg)

Tchaikovsky (1840-1893): Serenade for strings in C major, Op.48
01. I. Pezzo in forma di sonatina_ Andante non troppo — Allegro moderato
02. II. Walzer_ Moderato, tempo di valse
03. III. Elégie_ Larghetto elegiaco
04. IV. Finale (Tema russo)_ Andante — Allegro con spirito

Tchaikovsky (1840-1893): Souvenir de Florence, Op.70
05. I. Allegro con spirito
06. II. Adagio cantabile e con moto
07. III. Allegro moderato
08. IV. Allegro vivace

Edvard Grieg (1843-1907): Holberg Suite, Op.40

09. I. Praeludium_ Allegro vivace
10. II. Sarabande_ Andante
11. III. Gavotte_ Allegretto — Musette_ Poco più mosso
12. IV. Air_ Andante religioso
13. V. Rigaudon_ Allegro con brio

Academy of St. Martin in the Fields
Sir Neville Marriner

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Tchai

PQP

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Six Suites for Viola Solo – Kim Kashkashian

Vou começar o mês de maio trazendo Bach para os senhores. Deixemos Beethoven um pouco de lado, e vamos nos deliciar com este CD absolutamente estonteante da violista armênia Kim Kashkashian.
Este CD foi lançado em outubro de 2018, e o baixei praticamente na mesma época, e ficou guardado em um HD externo, aguardando ser ouvido, porém com o passar do tempo, acabei esquecendo dele. Estive nos dois últimos meses envolvido na recuperação desse HD externo, que apresentava problemas na leitura. Felizmente consegui recuperar praticamente 90% de seu conteúdo.
Kim Kashkashian não é nenhuma novata, ao contrário, sua discografia fala por si só. Sempre envolvida com o repertório mais atual, ela é contratada já há décadas do selo ECM, e seus CDs sempre são muito bem produzidos e gravados, característica dessa gravadora.
Aproveitem que hoje é feriado para degustar esse show de virtuosismo e técnica dessa que é uma das maiores violistas de todos os tempos. Dependendo dos comentários, trago outro CD imperdível dela.
Por algum motivo, a forma com que o CD foi gravado não foi na sequência natural das obras. Não sei a razão, mas é apenas um pequeno detalhe que de forma alguma atrapalha o conjunto da obra.

1. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
2. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
3. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 3. Courante
4. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
5. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 5. Menuet I-II
6. Cello Suite No. 2 in D Minor, BWV 1008 – Transcr. for Viola : 6. Gigue
7. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
8. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
9. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 3. Courante
10. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
11. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 5. Menuet I-II
12. Cello Suite No. 1 in G Major, BWV 1007 – Transcr. for Viola : 6. Gigue
13. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
14. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
15. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 3. Courante
16. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
17. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 5. Gavotte I-II
18. Cello Suite No. 5 in C Minor, BWV 1011 – Transcr. for Viola : 6. Gigue
19. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
20. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
21. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 3. Courante
22. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
23. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 5. Bourrée I-II
24. Cello Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010 – Transcr. for Viola : 6. Gigue
25. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
26. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
27. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 3. Courante
28. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
29. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 5. Bourrée I-II
30. Cello Suite No. 3 in C Major, BWV 1009 – Transcr. for Viola : 6. Gigue
31. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 1. Prélude
32. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 2. Allemande
33. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 3. Courante
34. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 4. Sarabande
35. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 5. Gavotte I-II
36. Cello Suite No. 6 in D Major, BWV 1012 – Transcr. for Viola : 6. Gigue

Kim Kashkashian – Viola

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Kim Kashkashian dá uma palhinha no salão principal da sede do PQPBach

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (8/9) #BTHVN250

Embora recomende a qualquer pessoa que me inquira acerca da qualidade desta ou daquela integral de Beethoven a técnica certeira do patrão PQP Bach – ouvir a Waldstein e dela tirar a medida do restante -, eu próprio não resisto e começo minha audição sempre pela descabelante Hammerklavier. Admito que haja mesmo algo de Schadenfreude a me impelir ao costume, e que desfrutar de três quartos de hora testemunhando os melhores pianistas do mundo a sangrarem as unhas, as juntas e as ventas para parir esta criatura horrendamente complicada seja um petisco sádico a nutrir a inveja medíocre do tocadordepiano que sempre fui e serei, incapaz de tocar a colossal ultrassonata mesmo que dispusesse de dois telencéfalos e cinquenta e cinco dedos. Quando o pianista a termina vivo e a criatura tem boa forma no redentor si bemol final, eu então recolho minha inveja e passo ao restante da integral.


Aw,yea

Informo-lhes, pois, que depois de dar à luz sua Hammerklavier, Stephen Kovacevich passa muito bem. Sua leitura parece dar-se sem esforço, sublinhando certos padrões rítmicos e melódicos que nunca tinha percebido (reflexo, talvez, do meu apetite por Schadenfreude). O Adagio sostenuto, cerne da obra, tem aqui uma qualidade mais terrena do que a diafaneidade usual e parece desembocar naturalmente na introdução da imensa fuga “com algumas licenças” que a encerra. O disco terminava originalmente com a sonata Op. 110, mas eu achei por bem, e por motivos que exporei na postagem seguinte, subverter a ordem proposta pela Warner e colocar as bagatelas aqui, como diminutos poslúdios para a feroz mastodonta.

Julguem-me.

Ludwig van BEETHOVEN
 (1770-1827)

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

1 – Allegro
2 – Scherzo: Assai vivace
3 – Adagio sostenuto
4 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Onze novas bagatelas para piano, Op. 119
Compostas entre 1820-1822
Nos. 7-11 publicadas no tratado de piano de F. Starke em 1821
Coleção completa publicada em 1823

05 – Allegretto
06 – Andante con moto
07 – A l’Allemande
08 – Andante cantabile
09 – Risoluto
10 – Andante — Allegretto
11 – Allegro, ma non troppo
12 – Moderato cantabile
13 – Vivace moderato
14 – Allegramente
15 – Andante, ma non troppo

Seis bagatelas para piano, Op. 126
Compostas em 1824
Publicadas em 1825

16 – Andante con moto, cantabile e compiacevole
17 – Allegro
18 – Andante, cantabile e grazioso
19 – Presto
20 – Quasi allegretto
21 – Presto – Andante amabile e con moto

Stephen Kovacevich, piano

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“La reputissima madre, Esteban, ¿qué estás a hacer?”

Vassily

Beethoven (1770-1827): Trios com clarinete ∞ Eric Le Sage – Paul Meyer – Claudio Bohórquez ֍ BTHVN250

Beethoven (1770-1827): Trios com clarinete ∞ Eric Le Sage – Paul Meyer – Claudio Bohórquez ֍ BTHVN250

LvB

Trios com clarinete, Op. 11 e Op. 38

Eric Le Sage

Paul Meyer, clarinete

Claudio Bohórquez, violoncelo

 

Hoje faz um dia espetacular, daqueles de não se esquecer. O céu que eu vejo daqui é azul de cinema e apesar de fazer calor, a sensação de estar aqui, no meio desta tarde, é deliciosa. Uma tarde como esta merece música agradável, bonita, leve de coração e com sons luminosos. Assim, vamos com este lindo disco que estou ouvindo, repleto dos dois trios com clarinete que Beethoven compôs. O grande Ludovico que continua a ser homenageado aqui e também sabia agradar as a suas diferentes audiências, mandando sobre elas alguns lindos sopros de alegria.

Nas circunstâncias que vivemos, perguntas como ‘O que realmente é essencial para você?’ ganham uma profundidade e uma dimensão tamanha que em raríssimas outras vezes teremos oportunidade de medir e avaliar tão clara e verdadeiramente. Assim, um pouco de leveza é bem-vinda.

O Trio para piano, clarinete (ou violino) e violoncelo em si bemol maior, Op. 11 é de 1798 e ganhou o apelido ‘Gassenhauer Trio’. O nome explica a popularidade da obra. Há um movimento com nove variações sobre um tema do dramma giocoso ‘L’amor marinaro ossia il corsaro’, de Joseph Weigl. A ‘Pria ch’io l’impegno’ é uma daquelas melodias que gruda na nossa mente. Daí o ‘Gassenhauer’, que é uma melodia ou canção tão popular que se pode ouvir pela rua (Gasse).

A outra obra do álbum é o Septeto Op. 20 travestido de Trio para piano, clarinete e violoncelo. Arranjos de obras populares para diferentes combinações (em geral com menos instrumentos) era comum e permitia maior circulação da obra. Esses arranjos nem sempre eram feitos pelo próprio compositor, mas aqui foi o próprio Beethoven que fez o arranjo e até o publicou com distinto número de opus.

Paul, Claudio e Eric ensaiando as variações sobre ‘Pria ch’io l’impegno’

Os intérpretes deste álbum são excelentes músicos e estão especialmente à vontade interpretando música de câmera. O disco faz parte de uma série chamada ‘Salon de musique’, lançada pelo selo Alpha, com gravações de artistas que participaram do Festival do Salon de Provence. O pianista Eric le Sage, que deverá aparecer por aqui mais vezes, juntou-se ao clarinetista Paul Meyer e ao violoncelista Cláudio Bohórquez para produzirem esse lindo álbum.

Antes de seguirmos para os finalmentes, uma das coisas que eu gosto de fazer, de vez em quando, é ouvir música acompanhando com a partitura. Eu garanto que, para fazer isto, você não precisa saber ler música. Coloque a música para tocar, abra a partitura e siga o ‘gráfico’. É impressionante como isto pode ser divertido.

Como em tudo na vida, começar com exemplos mais simples é a melhor maneira. Deixaremos as sinfonias de Mahler para depois.

Coloquei a partitura (em pdf) de cada um dos trios nos arquivos, flac pu mp3, segundo sua preferência, e você poderá fazer uma experiência.

Se você abrir os tais pdfs, verá cinco pautas nas quais a música estará disposta. Olhando de cima para baixo, as duas primeiras estarão com as notas a serem tocadas pelo violino ou pelo clarinete, já que um ou outro instrumento pode ser usado. No nosso caso, então, considere a partir da segunda pauta. Logo a baixo virá a pauta do violoncelo. Claro, estará indicado lá, no início de tudo, só estou falando…  Abaixo disto há duas pautas, que contêm as notas a serem tocadas pelo piano. O exibido instrumento precisa de duas pautas… Algumas peças (de Debussy, por exemplo, usam até três…). Além disso, as notas do piano parecem maiores, acho que os pianistas são meio ceguetas.

Mas aqui vai a minha sugestão: tente acompanhar, inicialmente, a melodia do clarinete. Isso o ajudará a não se perder, se você ainda não tem muita experiência neste tipo de coisa. E não se envergonhe de eventualmente usar o controle remoto para recomeçar a música, em caso de se perder completamente. Ah, uma última dica: os movimentos lentos são mais fáceis.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Trio para piano, clarinete e violoncelo em si bemol maior, Op. 11 – ‘Gassenhauer’
  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Tema con variazioni
Trio para piano, clarinete e violoncelo em mi bemol maior, Op. 38 (Arr. do Septeto Op. 20)
  1. Adagio – Allegro con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Tempo di menuetto
  4. Tema con variazioni. Andante
  5. Allegro molto e vivace – Trio
  6. Andante con moto, alla marcia – Presto

Eric Le Sage, piano

Paul Meyer, clarinete

Claudio Bohórquez, violoncelo

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 245 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 146 MB

Eric Le Sage

Depois me contem, se a sugestão de perseguir a música na partitura foi boa, se você já fazia isto e se gostou do disco. Ande, use o link ‘LEAVE A COMMENT’ que está lá no início, bem abaixo do cabeçalho.

Aproveite!

René Denon

The Art of Anne Sofie von Otter – 2013


The Art of
Anne Sofie von Otter

Anne Sofie von Otter é uma das principais mezzo-soprano da atualidade, conhecida por sua versatilidade em papéis de óperas, suas interessantes opções de recitais e sua disposição em assumir riscos vocais. Seu pai era um diplomata sueco cuja carreira levou a família a Bonn, Londres, e de volta a Estocolmo enquanto Anne Sofie estava crescendo. Como resultado, ela ganhou fluência em idiomas. Estudou música na Guildhall School of Music and Drama, em Londres. Sua principal professora de voz era Vera Rozsa, enquanto Erik Werba e Geoffrey Parsons a treinavam na interpretação de lieder.

Ela ganhou um contrato com a Basle Opera em 1983 e permaneceu na empresa até 1985, estreando como Alcina no Orlando Paladino de Franz Joseph Haydn. Ela também assumiu vários papéis masculinos escritos para mezzo-sopranos femininos, incluindo Cherubino no casamento de Mozart com Figaro, Hänsel no Hänsel und Gretel de Humperdinck e Orpheus no Orfée et Eurydice de Gluck. Em 1984, estreou no Festival de Aix-en-Provence como Ramiro em La Finta Giardiniera, de Mozart. Outras interpretações incluem Otaviano em Rosenkavalier de Strauss, o Compositor em Ariadne auf Naxos de Strauss e o papel-título de Tancredi de Rossini, entre outros.

Uma mulher alta e escultural, ela sente-se em casa em inúmeras séries de óperas do século XVIII, nas quais vozes altas costumavam interpretar os heróis. Ela cantou em Covent Garden, La Scala, Berlim, Munique, Roma e outras grandes casas de ópera.

Outra razão para a alta proporção de óperas da era barroca e clássica em seu repertório é uma importante relação de trabalho com o maestro John Eliot Gardiner, maestro britânico que começou como especialista em barroco. Ela fez o primeiro teste para ele em 1985, mas não conseguiu impressionar. Foi apenas com uma chance subseqüente para ele ouvi-la que ele começou a trabalhar com ela. Ela se juntou a ele em gravações da Nona Sinfonia de Beethoven; Clemenza di Tito de Mozart, Idomeneo e Requiem; Favola d’Orfeo de Monteverdi e L’Incoronazione di Poppea; Agripina e Jefté, de Handel; Orfée et Eurydice, de Gluck; e Oratório de Natal de Bach e St. Matthew Passion. Ele também conduziu a gravação de Seven Deadly Sins, de Weill, por von Otter, e selecionou músicas de teatro. Gravações significativas desde 2000 incluem Terezin / Theresienstadt, música do campo de concentração, e Boldemann, Gefors, Hillborg, canções orquestrais suecas contemporâneas.

Seu outro grande parceiro artístico é o pianista sueco Bengt Forsberg, seu parceiro de recital. Como Forsberg é um dos principais estudiosos no campo da literatura musical, von Otter conta com ele para sugerir músicas e organizar os programas de seus recitais. Com ele, ela se especializou em lieder desde os períodos do início e do final do período romântico, incluindo gravações bem recebidas de músicas de Schubert, Schumann, Brahms, Zemlinsky, Korngold e Mahler, além dos compositores românticos nórdicos, Alfvén, Rangstrom, Stenhammer e Sibelius.

Ela aprecia cantar músicas nas tonalidades especificadas originalmente pelos compositores. Quando ela veio gravar Seven Deadly Sins de Kurt Weill, ela usou a versão original para soprano alto, uma gama que ela possui, em vez da versão mezzo-soprano tradicional que foi feita para Lotte Lenya no final da carreira do cantor. Von Otter também gravou Seven Early Songs de Alban Berg, também música que é uma tensão para muitos sopranos. Além disso, ela não é avessa a esticar a voz para obter um efeito dramático. “Eu acredito em efeitos de choque”, ela disse uma vez em uma entrevista. No entanto, após os 40 anos de idade, ela teve algumas experiências particularmente ruins como resultado dessas duas tendências e, ela admite, magoou a voz. Como resultado, ela decidiu ser “sensata” e transpor para baixo. (extraído da internet)

Jacques Offenbach, nascido Jakob Eberst (Colônia, 1819 – Paris 1880)
1. Les Contes d’Hoffmann – Act – 1. Entr’acte (Barcarolle)
Anne Sofie von Otter, Stéphanie d’Oustrac & Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski & Chorus Of Les Musiciens Du Louvre

Franz Schubert (Austria, 1797 – 1828)
2. “Ellens Gesang III”, D839
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

Gioachino Antonio Rossini (Pésaro, Italy, 1792-Passy, Paris, 1868)
3. La Cenerentola, Act 2 “Nacqui all’affanno e al pianto”
Anne Sofie von Otter, Orchestra Of The Frankfurt Opera, James Levine

Edvard Grieg (Noruega, 1843 – 1907)
4. Haugtussa – Song Cycle, Op.67, Killingdans
Anne Sofie von Otter & Bengt Forsberg (piano)

Franz Schubert (Austria, 1797 – 1828)
5. Im Abendrot, D.799
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

Kurt Weill (1900 – 1950)
One Touch of Venus
6. I’m A Stranger Here Myself
Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
St. Matthew Passion, BWV 244 – Part Two
7. No.47 Aria (Alto): “Erbarme dich, mein Gott”
Anne Sofie von Otter, Fredrik From, Baroque Concerto Copenhagen, Lars Ulrik Mortensen

Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840 – 1893)
Eugene Onegin, Op.24, TH. – Act 1
8. Scene and Aria. “Kak ya lyublyu pod zvuki pesen etikh” – “Uzh kak po mostu, mostochku”
Mirella Freni, Anne Sofie von Otter, Staatskapelle Dresden, James Levine

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Requiem in D Minor, K. 626, compl. by Franz Xaver Süssmayer
9. 6. Benedictus

Anne Sofie von Otter, Barbara Bonney, Hans Peter Blochwitz, Willard White, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner

Edvard Grieg (1843 – 1907)
Haugtussa – Song Cycle, Op.67
10. Ved gjaetle – bekken
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
La clemenza di Tito, K. 621, Act 1
11. “Parto, ma tu ben mio”
12. “Oh Dei, che smania è questa”
Anne Sofie von Otter, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner

Kurt Weill (1900 – 1950)
One Touch of Venus
13. Speak Low
Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner

George Frideric Handel (1685 – 1759)
Il pianto di Maria: “Giunta l’ora fatal” HWV 234
14. Cavatina: “Se d’un Dio fui fatta Madre”
Anne Sofie von Otter, Musica Antiqua Köln, Reinhard Goebel

Gustav Mahler (1860 – 1911)
Rückert-Lieder, Op. 44
15. 2. Liebst du um Schönheit
Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner
16. Serenade (from: “Don Juan”)
Anne Sofie von Otter, Ralf Gothoni

George Frideric Handel (1685 – 1759)
Ariodante, HWV 33Act 2
17. “Tu preparati a morire”
Anne Sofie von Otter, Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Idomeneo, re di Creta, K.366Act 1
18. “Il padre adorato”
Anne Sofie von Otter, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Mass in B Minor, BWV 232
Kyrie: No.1 Kyrie eleison
19. Agnus Dei
Widerstehe doch der Sünde, Cantata BWV 54
20. 1. “Widerstehe doch der Sünde”
Anne Sofie von Otter, Baroque Concerto Copenhagen, Lars Ulrik Mortensen

Edvard Grieg (1843 – 1907)
Haugtussa – Song Cycle, Op.67
21. Elsk
Kurt Weill (1900 – 1950)
22. Berlin im Licht – Song
Franz Schubert (1797 – 1828)
23. Der Wanderer an den Mond, D.870, op.80, no.1
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

Christoph Willibald von Gluck (1714 – 1787)
Paride ed Elena, Wq 39Act 1
24. “O del mio dolce ardor”
Anne Sofie von Otter, Paul Goodwin, The English Concert, Trevor Pinnock

George Frideric Handel (1685 – 1759)
Hercules, HWV 60Act 2
25. Aria: “When beauty sorrow’s liv’ry wears”
Anne Sofie von Otter, Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski

Edvard Grieg (1843 – 1907)
Haugtussa – Song Cycle, Op.67
26. Det syng
27. Med en Vandilje, Op.25, No.4
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

Claudio Monteverdi (1567 – 1643)
L’incoronazione di Poppea, SV 308Act 2
28. Adagiati, Poppea – Oblivion soave (Arnalta)
Anne Sofie von Otter, Jakob Lindberg, Jory Vinikour

Johannes Brahms (1833 – 1897)
Fünf Lieder, Op.47
29. 3. Sonntag “So hab ich doch”
Franz Schubert (1797 – 1828)
30. Im Walde D 708
Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg

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Palhinha: ouça: 14. Cavatina: “Se d’un Dio fui fatta Madre”

Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.

If you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.

Boa audição!

Avicenna

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (7/9) #BTHVN250

Quanto mais visionárias vão-se tornando as sonatas, mais canoro fica Kovacevich. Nah, nada que se compare a Glenn Gould, o paladino do sing-along pianístico, mas deve realmente haver algo na Les Adieux que atice seu uirapuru laríngeo. Sua leitura, bocca chiusa à parte, é excelente para essa trinca de obras da transição para o derradeiro período criativo do mestre. Aprecio demais sua abordagem muito expressiva de toda Op. 81a, com um finale muito assertivo, e o quanto ele espreme de sumo da tão concisa Op. 90, cujo segundo movimento, sob suas mãos, tornou-se um dos mais singbar que conheço. A chave dourada fica com a Op. 101, uma de minhas – já que tirei o dia para abusar dos estrangeirismos – top 3 nesta série de Kovacevich. Sua maestria ao lidar com a tensão criada pelos vários clímaxes dessa peça magistral, que com pianistas menos competentes se torna desconexa, prepara admiravelmente o ouvinte para o maravilhoso movimento final, aquela inesquecível apoteose do contraponto.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Mi bemol maior, Op. 81a, “Les Adieux”
Composta entre 1809-10
Publicada em 1811
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

1 – Das Lebewohl (Les Adieux): Adagio – Allegro
2 – Abwesenheit (L’Absence): Andante espressivo (In gehender Bewegung, doch mit viel Ausdruck)
3 – Das Wiedersehen (Le Retour): Vivacissimamente (Im lebhaftesten Zeitmaße)

Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

4 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
5 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

6 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
7 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
8 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
9 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Stephen Kovacevich, piano

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– And then you…
– Yo lo sé, Esteban. Yo lo sé.

Vassily

Butterworth (1885-1916) / Parry (1848-1918) / Bridge (1879-1941) – Música para Orquestra de Câmara – English String Orchestra – William Boughton

Butterworth (1885-1916) / Parry (1848-1918) / Bridge (1879-1941)  – Música para Orquestra de Câmara – English String Orchestra – William Boughton

Butterworth – A Shropshire Lad & outras

Parry – Lady Radnor’s Suite

Bridge – Suite for String Orchestra

English String Orchestra

William Boughton

 

 

Em uma das minhas vidas passadas ensinei em uma universidade americana e tive como colega e vizinho de escritório um inglês – Lewis! Ele chegava com seu sobretudo de agente secreto, com um sorriso em apenas meia boca e mandava: Good morning, René! Era essencialmente tudo o que ele oferecia em termos de conversação, mas de alguma maneira, sabia que podia contar com ele. Gostaria de imaginar que em algum lugar da Inglaterra, dia destes, Lewis chegará em casa, servirá a large sip of Scotch e tocará algum CD do tipo deste que vos trago.

String Orchestras são verdadeiras instituições inglesas  e os compositores britânicos do início do século XX deixaram um repertório muito bonito para essa combinação.

Wyastone Leys, Monmouth

Este CD foi gravado, masterizado e manufaturado no Reino Unido, diz com orgulho na contracapa do CD o selo – Nimbus Records Limited. Tudo isto foi feito em um castelo: Waystone Leys, Monmouth. Mas na contracapa há também a informação de que a sua gravação foi feita no Great Hall da University of Birmingham.

Mas estes detalhes todos são para deixar claro que estamos diante de um repertório absolutamente British e excelente.

George Butterworth morreu em combate na Primeira Guerra, com apenas 31 anos. Estudou em Eton e Oxford e ajudou Cecil Sharp e Vaugham Williams em suas pesquisas em música folclórica. Neste disco temos quatro peças suas. A primeira teve material derivado de um ciclo de canções, A Shropshire Lad, principalmente da primeira canção, Loveliest of Trees. Pelos nomes você pode esperar uma música que representa mais as paisagens do interior da Inglaterra, com suas raízes folclóricas. O mesmo acontece nas outras três peças, em particular na última, The Banks of Green Willow.

Em seguida temos a Lady Radnor’s Suite, de Hubert Parry. O nome da peça se deve ao fato de Parry tê-la escrito para uma orquestra de câmera que era regida por Helen, a Condessa de Radnor, esposa do quinto Earl of Longford Castle, de Salisbury.

A última peça é de um (talvez) mais conhecido compositor, Frank Bridge, que foi professor de Benjamim Britten. Esta peça, a Suite for Strings, está em nível de comparação com Introduction and Allegro, de Elgar, e Fantasia on a Theme by Thomas Tallis, de Vaugham Williams.

George Butterworth (1885 – 1916)

  1. A Shropshire Lad
  2. English Idylls No. 1
  3. English Idylls No. 2
  4. The Banks of Green Willow

Hubert Parry (1848 – 1918)

5. Lady Radnor’s Suite

Frank Bridge (1879 – 1941)

11. Suite for Orchestra

English String Orchestra

Christophers Hirons, Leader

William Boughton, conductor

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William Boughton, quando jovem…

Enfim, um lindo disco com música de excelente qualidade. E não é só para inglês ver!

Ah, se você estiver lendo isto, Lewis, gostaria de agradecer pela companhia nos corredores da universidade, em busca de another cup of coffee. Eu quase posso ouvi-lo dizendo: Don’t mention it!

René Denon

Piotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, Symphony nº 6 ‘Patetique’ – Sviatoslav Richter, Yevgeny Mravisnky, Leningrad Symphony Orchestra

Faltariam adjetivos para exaltar todos os músicos envolvidos nesta gravação. Sviatoslav Richter e Evgeny Mravinsky são músicos já apareceram por aqui, e seu nível de genialidade e de talento já foi mais do que demonstrado e discutido. E a Orquestra Filarmônica de Leningrado, nestes tempos de Mravinsky, era considerada uma das melhores orquestras do mundo.

Estes registros são lá da década de 50, já completaram seis décadas desde sua realização, mas felizmente a tecnologia nos permite o acesso elas. Temos aqui um Richter já devidamente reconhecido como gênio, e Mravinsky e sua Filarmônica de Leningrado também já tinham plantado suas raízes. O que temos aqui então é papa finíssima, como diria um amigo, aqueles discos para serem degustados devidamente, apreciando um bom vinho, ainda mais que estamos chegando no inverno, ao menos cá pelas bandas do sul, onde as manhãs já estão ficando um tanto quanto geladas.

Só para quem não frequenta o PQPBach há muito tempo, nem conhece o naipe destes músicos, ou então não acompanha esse mundo tão exclusivo quanto o da música clássica, só preciso dizer que nunca houve gravação das últimas três sinfonias de Tchaikovsky que se igualasse ao registro de Mravinsky. O CD da Deutsche Grammophon com estas obras é um dos mais vendidos de todos os tempos, está em catálogo há sessenta anos. E aqui Mravinsky e sua orquestra são acompanhados por outro gigante, um dos maiores pianistas de todos os tempos, Sviatoslav Richter.

Para aproveitar esse período de isolamento social e apreciarem uma bela trilha sonora, sugiro sentarem-se em sua melhor poltrona, abrirem um bom vinho e se deliciem.

Piotr Ilyich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, Symphony nº 6 ‘Patetique’ – Sviatoslav Richter, Yevgeny Mravisnky, Leningrad Symphony Orchestra

01. Piano Concerto No.1, Op.23 – I. Allegro non troppo e molto maestoso
02. Piano Concerto No.1, Op.23 – II. Andantino semplice
03. Piano Concerto No.1, Op.23 – III. Finale. Allegro con fuoco

Sviatoslav Richter – Piano
Lenigrad Philarmonic Orchestra
Evgeny Mravinsky – Conductor

04. Symphony No.6, Op.74 ‘Pathetique’ – I. Adagio – Allegro non troppo
05. Symphony No.6, Op.74 ‘Pathetique’ – II. Allegro con grazia
06. Symphony No.6, Op.74 ‘Pathetique’ – III. Allegro molto vivace
07. Symphony No.6, Op.74 ‘Pathetique’ – IV. Finale.Adagio lamentoso

Lenigrad Philarmonic Orchestra
Evgeny Mravinsky – Conductor

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Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (6/9) #BTHVN250

Como faço desde que conheci o patrão PQP – e sim, eu repito cada vez que posto as sonatas de Beethoven – sempre que quero ter uma ideia sobre como um pianista se sairá numa integral, vou direto na “Waldstein”. Não tem erro: como bem atesta PQP, quem se sai bem na “Waldstein” – com suas imensas dificuldades técnicas e outras tantas, e ainda maiores, interpretativas – tem tudo para se sair bem nas demais.

Kovacevich, claro, sai-se muito bem. Estranhei um pouco a pedalização do Allegro con brio, acostumado que estou às escalas mais staccato, mas depois entendi que tudo é preparação para o portento do rondó final, absolutamente eletrizante. O próprio pianista parece concordar, de tanto que cantarola junto – embora pouco se escute de suas manias canoras na tonitruante Appassionata, e olhem que ele canta alto. Espremida entre as duas gigantes, a singela sonata Op. 52 recebe um pouco mais de gravidade que a que lhe dão de costume. No final, ouve-se a pequenina e genial Op. 78 com todo o garbo que ela merece, obra-prima que é – e até para a Op. 79, coitadinha, a sonatina que vem para encerrar essa função toda, sobra uma energia que simplesmente a faz parecer suspensa e inconclusa em seu abrupto final.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
Composta entre 1803-4
Publicada em 1805
Dedicada ao conde Ferdinand von Waldstein

01 – Allegro con brio
02 – Introduzione: Adagio molto
03 – Rondo: Allegretto moderato

Sonata para piano em Fá maior, Op. 54
Composta em 1802
Publicada em 1804

04 – In tempo d’un menuetto
05 – Allegretto

Sonata para piano em Fá menor, Op. 57, “Appassionata”
Composta entre 1804-5
Publicada em 1807
Dedicada ao conde Franz von Brunsvik

06 – Allegro assai
07 – Andante con moto
08 – Allegro ma non troppo

Sonata para piano em Fá sustenido maior, Op. 78
Composta em 1809
Publicada em 1810
Dedicada a Therese von Brunsvik

09 – Adagio cantabile
10 – Allegro vivace

Sonata para piano em Sol maior, Op. 79
Composta em 1809
Publicada em 1810

11 – Presto alla tedesca
12 – Andante
13 – Vivace

Stephen Kovacevich, piano

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Stephen e Marthinha, nos tempos em que suas escovas de dentes dormiam juntas.

Vassily

 

John Adams (1947): Must the Devil Have All the Good Tunes? / China Gates (Wang/Dudamel)

John Adams (1947): Must the Devil Have All the Good Tunes? / China Gates (Wang/Dudamel)

Uma das coisas mais legais a respeito de John Adams é que, apesar de todos os elogios e honras acumuladas, ele mantém um ânimo leve e bem humorado. Isso se reflete nos títulos irreverentes de suas composições: “Gnarly Buttons”, “Son of Chamber Symphony”, “Roll Over Beethoven”, “American Berserk”, “Short Ride in a Fast Machine”, dentre outros. Então, quando foi anunciado que Adams escreveria uma peça para a pianista Yuja Wang e a Filarmônica de Los Angeles em uma estreia mundial no Walt Disney Concert Hall já dava para prever. Seria a composição uma sucessora tardia de “Eros Piano”, de “Century Rolls” ou seria seu Concerto para Piano No. 3? Nada disso: a peça se chama “Must the Devil Have All the Good Tunes?” (“O diabo deve ter todas as boas músicas?”). Como em um concerto convencional para piano, Devil se divide em três partes rápido-lento-rápido, mas as semelhanças param aí. Num ambiente ágil e muito percussivo, Adams nos agarra desde o início, com Wang tocando acordes pesados ​​que lembram instantaneamente o tema estrondoso de “Peter Gunn” (Henry Mancini). O piano fica constantemente ocupado ao longo dos mais de 25 minutos, e mesmo no lento movimento contemplativo, acariciado pelas cordas sustentadas típicas de Adams, há uma tensão subjacente e um desejo impaciente de ligar novamente os motores. Eles acabam fazendo um ritmo pontilhado que sugere rock ‘n’ roll. Um baixo elétrico fornece sustentação sutil. Bem, Devil é sensacional e só poderia ter vindo da parte de um compositor com um olho na cultura popular. Como bis, a esplêndida pianista Wang toca o lindo, breve e murmurado “China Gates”, lá do início da carreira de Adams (1977), mostrando quão longe ele foi desde aqueles dias minimalistas. Gustavo Dudamel conduz a turma com verve adequada. Tudo perfeito.

Grande John Adams!

John Adams (1947): Must the Devil Have All the Good Tunes? / China Gates (Wang/Dudamel)

Must the Devil Have All the Good Tunes?

1 I. Gritty, Funky, But in strict Tempo; Twitchy, Bot-Like 11:31
2 II. Much Slower; Gently, Relaxed 7:07
3 III. Piú mosso: Obsession / Swing 7:41
Yuja Wang
Los Angeles Philharmonic
Gustavo Dudamel

4 China Gates 4:39
Yuja Wang

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Wang, Adams e Dudamel comemorando a estreia

PQP

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Konzert für Klavier, Violine, Violoncello un Orchester, C Dur op. 56 – Johannes Brahms (1833-1897) – Konzert für Violine, Violoncello und Orchester, A moll op 102 – “Doppelkonzert” – Anda, Schneiderhan, Fournier, Fricsay BRSO

Link renovado de uma postagem lá de 2013. Com certeza este é um dos melhores cds que já foram postados aqui no PQPBach. Ouçam e tirem suas conclusões. Dream Team é esse aqui, com o perdão do outro Dream Team citado abaixo. 

Não exagero quando digo que este é um dos melhores cds de meu acervo, e de que esta é a melhor gravação que foi realizada destes concertos. Nem a gravação de Karajan com Oistrakh, Rostropovich e Richter a supera, para o concerto triplo. Szell com Oistrakh e Rostropovich talvez venha a se equivaler a  Starker, Schnaiderhan e Fricsay. Em outras palavras, uma batalha de gigantes, em que felizmente não há necessidade de vencedores, ou melhor, o vencedor, neste caso, somos nós, reles mortais, que temos a oportunidade de ouvir isso, mais de cinquenta anos depois de sua gravação.
Talvez enquanto músicos, Géza Anda, Wolfgang Schnaiderhan, Janos Starker e Pierre Fournier não tenham alcançado a mesma estatura dos três gigantes anteriormente citados, mas o que os une, o alfaiate que os liga com um fio de ouro sem dúvida é Ferenc Fricsay, o genial maestro húngaro, precocemente falecido com meros 49 anos de idade, um ano a mais do que tenho hoje, e que realizou excelentes gravações como esse tesouro que vos trago.
Nem preciso dizer que é IM-PER-DÍ-VEL !!! e obrigatório em seus acervos.

01 – Concerto for piano, violin, cello & orchestra in C major (‘Triple Concerto’) – 1. Allegro
02 – 2. Largo, attaca
03 – 3. Rondo Alla Pollaca

Géza Anda – Piano
Wolfgang Schnaiderhan – Violin
Pierre Fournier – Cello

04 – Concerto for violin, cello & orchestra in A minor (‘Double’), Op. 102 – 1. Allegro
05 – 2. Andante
06 – 3. Vivace non troppo

Wolfgang Schnaiderhan – Violin
Janos Starker – Cello
Radio-Symphonie-Orchester Berlin
Ferenc Fricsay – Conductor

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Fricsay
Qual seria o segredo de Ferenc Fricsay para transformar o que é belo em algo ainda mais belo?

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (5/9) #BTHVN250


A integral de Kovacevich mostra, entre tantas qualidades suas, a habilidade de adaptar-se à ampla gama de demandas estilísticas e timbrísticas dessas obras compostas ao longo de quase trinta anos de imensas transformações para o compositor, para a Música e para o mundo. No Op. 31, que considero as primeiras obras-primas consumadas de Beethoven para o teclado, Kovacevich combina a agilidade e sutileza de toque com que coloriu as primeiras sonatas com a admirável atenção ao detalhe, sem perder a concepção do todo, que ficará cada vez mais em evidência enquanto a série progride. As três sonatas, tão diferentes entre si, e cada qual revolucionária na elaboração do material temático e na maneira com que espreme aos limites a sonata-forma, são lidas como um conjunto, e não como um punhado de peças características, como seus apelidos apócrifos insistem sugerir. Assim, sua “Tempestade”, com seus meio-pianos e meio-fortes murmurados, é lindamente coesa e une-se com harmonia à uma “Caça” mais serena que impetuosa. Sem dúvidas, é uma de minhas leituras preferidas para algumas das mais cruciais obras do renano genial.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Três sonatas para piano, Op. 31
Compostas em 1802
Publicadas em 1803

No. 1 em Sol maior
1 – Allegro vivace
2 – Adagio grazioso
3 – Rondo – Allegretto – Adagio – Presto

No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
4 – Largo – Allegro
5-  Adagio
6 – Allegretto

No. 3 em Mi bemol maior
7 – Allegro
8 – Scherzo – Allegretto vivace
9 – Menuetto – Moderato e grazioso
10 – Presto con fuoco

Duas sonatas para piano, Op. 49
Publicadas em 1805

No. 1 em Sol menor
Composta em 1797
11 –  Andante
12 – Rondo: Allegro

No. 2 em Sol maior
Composta entre 1795-1796
13 –  Allegro ma non troppo
14 – Tempo di Menuetto

Stephen Kovacevich, piano

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Sim, foram casados e tiveram uma filha – e, como sói acontecer entre Marthinha e seus ex-maridos, continuam a colaborar artisticamente.

Vassily

Anton Rubinstein (1829-1894): Solo Piano Music

Anton Rubinstein (1829-1894): Solo Piano Music

Um disco elegante e nobre de um compositor que foi soterrado por contemporâneos melhores. Mas trata-se de um bom compositor e o trabalho do pianista Leslie Howard é notável aqui.

O russo Anton Grigorevich Rubinstein, nasceu em Vikhvatinets (atual Moldávia) e fazia uma música bonita e sossegada — com algumas exceções onde a tensão está presente –, que certamente agradará quem ouve música como calmante. Ele foi professor de Tchaikovsky em São Petersburgo e crítico do movimento nacionalista. Ele escreveu sobre si mesmo:

Os russos me chamam de alemão, os alemães me chamam de russo, os judeus me chamam de cristão, os cristãos me chamam de judeu. Os pianistas me chamam de compositor, os compositores me chamam de pianista. Os classicistas imaginam em mim um futurista, e os futuristas me chamam de reacionário. Minha conclusão é que não sou nem peixe nem ave — mas um indivíduo lamentável.

Não exagera, Anton.

Depois da morte de Rubinstein, seus trabalhos começaram a ser ignorados, embora o seu concerto para piano perdurasse na Europa até a primeira guerra mundial. Fora do nacionalismo, e talvez faltando um pouquinho de individualidade, a música de Rubinstein era simplesmente incapaz de competir com os clássicos estabelecidos como bons ou com o novo estilo russo de Stravinsky e de Prokofiev. Rubinstein tinha-se identificado consistentemente com as tradições mais conservadoras na música europeia de seu tempo. Teve pouco tempo para a música de Richard Wagner e outros radicais musicais. Mendelssohn foi um ídolo durante toda sua vida. Ele executava frequentemente sua música em seus recitais. Sua música solo para piano contém muitos ecos de Mendelssohn, de Chopin e de Robert Schumann.

Recentemente, seu trabalho voltou a ser tocado um pouco mais freqüentemente na Rússia e no exterior, e teve críticas positivas.

Anton Rubinstein (1829-1894): Solo Piano Music

Deux Mélodies Op 3[8’03]
1 No 1 in F major: Melody in F[4’20]
2 No 2 in B major: Andante[3’43]

Deux morceaux Op 30[10’39]
3 No 1 in F minor: Première Barcarolle. Moderato[5’36]
4 No 2 in D minor: Allegro appassionato[5’03]

Trois Barcarolles[15’26]
5 Deuxième Barcarolle in A minor, Op 45bis: Moderato assai[6’32]
6 Troisième Barcarolle in G minor, Op 50 No 3bis: Moderato con moto[3’43]
7 Quatrième Barcarolle in G major: Allegretto con moto[5’11]

Fantaisie in E minor Op 77[44’43]
8 Adagio – Allegro con fuoco[13’50]
9 Moderato assai[7’08]
10 Allegro molto – Moderato – Allegro molto – Poco meno mosso – Presto[7’07]
11 Molto lento – Vivace assai – Tempo rubato – Quasi presto[16’38]

Trois Caprices Op 21[13’35]
12 F sharp major: Allegretto scherzando[2’34]
13 D minor: Andante – Allegro[5’53]
14 E flat major: Allegro risoluto – Andante – Tempo I[5’08]

Trois Sérénades Op 22[19’39]
15 F major: Moderato assai[4’34]
16 G minor: Moderato assai[6’21]
17 E flat major: Allegretto con moto[8’44]

Thème et variations Op 88[42’01]
18 Theme in G major: Lento – Allegro moderato[2’13]
19 Variation 1 in G major: Allegro[1’29]
20 Variation 2 in E minor: Andante con moto[3’13]
21 Variation 3 in C major: Moderato con moto[2’14]
22 Variation 4 in C minor: Moderato[3’25]
23 Variation 5 in G major: Moderato[3’12]
24 Variation 6 in G minor: Allegro non troppo[1’37]
25 Variation 7 in E flat major: Moderato assai[2’32]
26 Variation 8 in E flat minor: Moderato assai[4’45]
27 Variation 9 in B major: Moderato[4’20]
28 Variation 10 in B minor: Moderato[2’20]
29 Variation 11 in D major: Allegro[1’57]
30 Variation 12 in G major: Allegro moderato[8’44]

Leslie Howard (piano)

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Anton Rubinstein, romantismo nobre e elegante

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Capriccio BWV 992, Präludium & Fuge BWV 894, Aria variata BWV 989, Toccaten BWV 910, 911, 912 (Kenneth Gilbert, cravo)

Kenneth Gilbert, morto em abril de 2020, foi um dos cravistas mais importantes do século XX. Provavelmente está entre os intérpretes favoritos de PQP e FDP para a música do pai deles… Então o que explica a ausência de discos dele entre os mais de 600 discos do Pai de Todos já postados por aqui? A maioria dos CDs de Bach por Gilbert foi gravada nos anos 1980 e 90, foram muito ouvidos, apreciados, respeitados… mas (aqui já é divagação minha!) talvez por serem todos tão bem gravados em instrumentos belíssimos, tão bem tocados, sem defeitos mas também sem grandes surpresas, não voltam todo dia à memória.

Além de ter realizado gravações de referência de F. Couperin (obras completas em 10 CDs) e de Bach, ele também foi professor de muita gente famosa, como Scott Ross, que fez sucesso com sua barba cheia e jaquetas de couro, e Jos van Immerseel, pioneiro no uso de pianos de época e também maestro… Talvez a figura não tão midiática e fotogênica de Kenneth Gilbert tenha contribuído para o seu relativo esquecimento.

E a música? As gravações de Gilbert, como vocês já viram com as Suítes de Haendel, são de um bom gosto impecável. Alguns poderão desejar uns ornamentos mais excêntricos, uns andamentos diferentões, pausas dramáticas para reflexão e tal. Não é o caso aqui: é tudo estritamente fiel às partituras. O cravista se apaga para jogar os holofotes sobre o compositor.

No caso do CD de hoje, são obras de juventude de J.S.Bach, provavelmente compostas entre 1703 e 1717, embora seja difícil dizer as datas exatas. Elas mostram o quanto Bach admirava a música italiana feita poucos anos antes, especialmente a de Vivaldi. Uma curiosidade: após a Aria variata alla maniera italiana, Bach ficaria mais de 30 anos sem compor obras para cravo no formato de Tema e Variações. Esse jejum (no qual ele compôs variações para órgão, mas não para o cravo) seria quebrado, é claro, em 1741 com as Variações Goldberg.

Escrito quando seu irmão Johann Jacob Bach deixou a família para se tornar oboísta na corte de Carlos XII da Suécia, o Capriccio sopra la lontananza del suo fratello dilettissimo (Capricho para a partida de seu amado irmão) é o único exemplo de música instrumental programática de J.S. Bach. O título de cada movimento evoca acontecimentos e sensações, de início com os amigos tentando dissuadi-lo da viagem e, no final, com a imitação da corneta que ele tocará na corte do rei. Não só essas descrições poéticas dos movimentos, traduzidas em português logo abaixo, como também o andamento do movimento central, Adagiosissimo (palavra que Bach nunca mais usaria), são muito mais típicos do romantismo de um Schumann do que do mestre supremo da música protestante que Johann Sebastian se tornaria.

Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Capriccio BWV 992 · Präludium & Fuge BWV 894 · Aria BWV 989 · Toccaten BWV 910 · 911 · 912
1-2. Prelude and fugue in A minor, BWV 894
3-6. Toccata in G minor, BWV 915
7-10. Toccata in C minor, BWV 911
11-15. Toccata in F sharp minor, BWV 910
16-26. Aria variata alla maniera italiana, in A minor, BWV 989
27-32.Capriccio sopra la lontananza del suo fratello dilettissimo, in B flat major, BWV 992
I. Arioso : Adagio (É uma brincadeira de seus amigos para dissuadi-lo de partir)
II. [sem andamento registrado] (Ilustração de vários perigos que podem lhe acontecer no país estrangeiro)
III. Adagiosissimo (Um lamento de todos os seus amigos)
IV. [sem andamento registrado] (Aqui, os amigos se despedem, vendo que ele não mudará de ideia)
V. Aria di postiglione. Allegro poco, (Ária imitando uma corneta)
VI. Fuga all’imitazione della cornetta di postiglione, (Fuga imitando uma corneta)

Kenneth Gilbert – harpsichord/cravo/clavecin by Jean Couchet (Antwerp, 1671), restored and enlarged by Blanchet (Paris, 1759) and Taskin (Paris, 1778). Two manuals. Pitch: A = 415 Hz.
Recording: Chartres, Musée de Cloître Notre Dame, Salle Italienne, 2/1992.
Cover illustration: detail of the harpsichord

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Kenneth Gilbert (1931-2020): careca, terno bem cortado, um rosto um tanto comum, mas a música não é nada trivial

Pleyel

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (4/9) #BTHVN250

É muito incomum escutarmos este notável quarteto de sonatas, compostas e publicadas ao longo de meros dois anos, todo num só disco. E, ainda que não se possa dizer que as Opp. 26-28 formem um ciclo, elas são sem qualquer dúvida o melhor exemplo do “estado da arte” de Beethoven naquela virada de século, um compêndio de seus muitos recursos e capacidade criativa, pelo menos naquele que sempre foi lhe foi o mais natural e experimental dos meios: o teclado do piano.

Admito que prefiro escutar essas obras com um pouquinho mais de, chamemo-lo assim, colorido timbrístico – especialmente as variações de abertura da Op. 26 ou os movimentos rápidos das sonatas-quase-fantasias. Ainda assim, a abordagem surpreendemente austera de Kovacevich empresta equilíbrio e uniformidade ao conjunto. Nunca senti a Op. 26 e a Op. 27 no. 1 tão próximas, mesmo que tenham sido publicadas em sequência: apesar de terem estruturas muito diferentes, pela primeira vez escutei ecos da Marcha Fúnebre da primeira em vários episódios da segunda. A Op. 27 no. 2 abre com um Adagio sostenuto sem açúcares, como se improvisado fosse, o que é fundamental para que o Allegretto e o Presto que se seguem tenham tanto grande efeito. Por fim, a Pastoral, que habitualmente surge como um posfácio bucólico a alguma sonata impetuosa como o finale da Luar, soa aqui despojada, quase austera, mas jamais frígida – e nunca ouvi antes, com tanta clareza, os bordões nos baixos que lhe deram o nome. Quando o disco terminou, ficou-me uma sensação de que não poderia haver variedade e contraste maiores entre seus tantos movimentos e que o “Estado da Arte” do Beethoven de trinta anos não poderia ter sido melhor apresentado – a preparação perfeita, penso eu, para as liberdades formais que ele tomaria a partir da magnífica trinca do Op. 31, que ouviremos amanhã.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 26, “Marcha fúnebre”
Composta entre 1800-1801
Publicada em 1801
Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky

1 – Andante con variazioni
2 – Variazione I
3 – Variazione II
4 – Variazione III
5 – Variazione IV
6 – Variazione V
7 – Scherzo, allegro molto
8 – Maestoso andante, marcia funebre sulla morte d’un eroe
9 – Allegro

Duas sonatas para piano, Op. 27
Compostas em 1801

Publicadas separadamente em 1802

Sonata “quasi una fantasia” no. 1 em Mi bemol maior
Dedicada à princesa Josephine von Liechtenstein

10 – Andante – Allegro – Andante – attacca:
11 – Allegro molto e vivace – attacca:
12 – Adagio con espressione – attacca:
13 – Allegro vivace

Sonata “quasi una fantasia” no. 2 em Dó sustenido menor, “Ao Luar”
Dedicada à condessa Giulietta Guicciardi

14 – Adagio sostenuto
15 – Allegretto
16 – Presto agitato

Sonata para piano em Ré maior, Op. 28, “Pastoral”
Composta em 1800-1801
Publicada em 1801
Dedicada ao conde Joseph von Sonnenfels

17 – Allegro
18 – Andante
19 – Scherzo. Allegro vivace
20 – Rondo. Allegro ma non troppo

Stephen Kovacevich, piano

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Já estava achando que Kovacevich só mostrasse o lado direito do rosto – mas a mania, pelo jeito, é só do Julio Iglesias

Vassily

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Symphony nº 4 in C Minor, op. 43 – Valery Gergiev, Kirov Orchestra

Retorno a estas sinfonias, depois de alguns anos afastado delas. Não são obras de fácil digestão, há de se compreender o contexto em que foram compostas. Cada uma delas tem uma história para contar. Sim, eu sei, o nosso querido PQPBach já se encarregou de contar estas histórias em suas várias postagens dedicadas a essas obras.

Não sei, esse período de afastamento, de isolamento social, como está sendo chamado, já esta me deixando confuso. De manhã cedo preciso conferir no celular em que dia da semana estamos. Estou afastado da rotina do trabalho, só que ainda não criei uma rotina para essa permanência prolongada em casa. A música tem sido minha grande companheira nestes últimos dez dias, assim como tem sido durante toda a minha vida. Não me trai nunca.

Vi dia destes na TV uma apresentação recente de Valery Gergiev, frente à Filarmônica de Munique, orquestra da qual ele é o atual titular.  O cabelo está cada vez mais escasso, poucos fios cobrem a calvície. Mas o talento continua o mesmo, com os anos de experiência se acumulando. Comentei com um colega do PQPBach que ele tem um gestual totalmente diferente de um maestro tradicional. A impressão que nos passa é de sua total confiança nos músicos da orquestra, então, nem precisa fazer muito esforço para reger. Claro que as coisas não são assim, a confiança existe e é recíproca, ele é o líder e todos sabem disso. mesmo parecendo tanto quanto negligente, quando observamos sua barba de alguns dias, seus cabelos ou o que sobrou deles, todo desgrenhado … enfim, não aparenta ser o grande artista que é. Mas como dizia a canção, as aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam.

Dmitri Shostakovich (1906-1975) – Symphony nº 4 in C Minor, op. 43 – Valery Gergiev, Kirov Orchestra

01. I a. Allegro poco moderato
02. I b. Presto
03. II. Moderato con moto
04. III a. Largo
05. III b. Allegro
6. III c. (Allegro)

Kirov Orchestra, Mariinsky Theater, St Petersburg
Valery Gergiev – Conductor

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Charles Wuorinen (1938-2020): Scherzo / String Quartet No. 1 / Viola Variations / Piano Quintet No. 2

Charles Wuorinen (1938-2020): Scherzo / String Quartet No. 1 / Viola Variations / Piano Quintet No. 2

Charles Peter Wuorinen (9 de junho de 1938 – 11 de março de 2020) foi um compositor de música clássica contemporânea. Era também pianista e maestro. Compôs quase 300 peças, incluindo obras para orquestra, óperas como Brokeback Mountain e Haroun e o Mar de Histórias, música de câmara, além de trabalhos instrumentais e vocais solo. Salman Rushdie e Annie Proulx colaboraram com ele. O trabalho de Wuorinen foi descrito como serialista , mas ele depreciou esse termo como sem sentido. Ele recebeu o prêmio Pulitzer de Music for Time’s Encomium, sua única peça puramente eletrônica . Wuorinen também foi professor acadêmico em várias instituições, incluindo a Columbia University e a Manhattan School of Music.

Eu gostei bastante deste disco no qual a música de Wuorinen me foi apresentada. Ouvi tudo duas vezes por puro prazer, me diverti e tals.

Charles Wuorinen (1938): Scherzo / String Quartet No. 1 / Viola Variations / Piano Quintet No. 2

1. Scherzo 00:10:58
Scherzo: Serkin, Peter, piano

String Quartet No. 1:
2. I. quarter note = 60 00:05:53
3. II. [stesso tempo] 00:11:10
4. III. quarter note = 60, Allegramente 00:05:29
Macomber, Curtis, violin
Mills, Jesse, violin
Martin, Lois, viola
Sherry, Fred, cello

5. Viola Variations 00:13:59
Martin, Lois, viola

Piano Quintet No. 2:
6. I. quarter note = 120 00:01:38
7. II. quarter note = 60 – 64 00:06:59
8. III. half note = 96 (quarter note = 192) 00:02:05
9. IV. — 00:11:24
10. III. (Resumed) 00:03:03
Serkin, Peter, piano
Brentano String Quartet

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O compositor com um amigo.

PQP

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich (3/9) #BTHVN250

As quatro sonatas desse volume, compostas ao longo de dois anos, ilustram muito bem a evolução de Beethoven no sentido duma linguagem altamente pessoal. Adoro a maneira com que Kovacevich, cujo estilo já foi chamado de “muscular”, torna a “Patética” uma sonata clássica que ela é na essência, sem contrastes excessivos ou ruminações no primeiro movimento. Nada disso faria sentido se ele pegasse pesado com a glicose no Adagio cantabile, mas não é isso o que acontece: ele soa tão fresco como se estivesse a ser improvisado, o que torna a clareza do rondó final, normalmente tão túrbido sob outras mãos, a única continuação possível. As duas curtas sonatas do Op. 14 recebem o mesmo tratamento de clara limpidez, e a pouco conhecida Sonata Op. 22, talvez a última delas em estilo clássico, acaba por se tornar a peça crucial do disco: equilibrada sem ser monótona, com o fabuloso controle dinâmico de Kovacevich fazendo-nos perguntar por que o lindo Adagio con molta espressione não é mais ouvido por nós outros, que tanto dizemos gostar de Beethoven.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Dó menor, Op. 13, “Patética”
Composta em 1798
Publicada em 1799
Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky

1 – Grave – Allegro di molto e con brio
2 – Adagio cantabile
3 – Rondo: Allegro

Duas sonatas para piano, Op. 14
Compostas em 1798-1799
Publicadas em 1799
Dedicadas à baronesa Josefa von Braun

No. 1 em Mi maior
5 – Allegro
6 – Allegretto – Trio
7 – Rondo. Allegro comodo

No. 2 em Sol maior
8 – Allegro
9 – Andante
10 – Scherzo. Allegro assai

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 22
Composta em 1800
Publicada em 1802
Dedicada ao conde Johann Georg von Browne

11 – Allegro con brio
12 – Adagio con molta espressione
13 – Menuetto
14 – Rondo: Allegretto

Stephen Kovacevich, piano

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“E aí, Jackie, eu mostrei essa foto pro barbeiro e disse ‘esses são os Três Patetas, o do meio é o Moe e eu quero meu cabelo assim'”

Vassily