Este álbum reúne três nomes – Gustav Mahler, Berliner Philharmoniker e Leonard Bernstein. Reunidos dois a dois, eles estão estampados em centenas de capas de álbuns musicais, mas reunidos simultaneamente em um aparecem aqui esta única vez. Na verdade, em apenas uma ocasião Leonard Bernstein – que era famoso por suas interpretações da música de Mahler – pode reger esta que sempre esteve altíssima na lista das melhores e mais famosas orquestras do mundo. Para nossa sorte, o resultado deste momento foi gravado e aqui temos. Rumores há que von Karajan não permitiria que seus músicos fossem colocados sob o charme, o encanto e a energia de Lennie – que teve uma longa e frutuosa colaboração com algumas orquestras europeias, especialmente com a Wiener Philharmoniker. Este único concerto surgiu do convite feito diretor do Berliner Festwochen e a renda do concerto acabou indo para a Anistia Internacional. O nome do diretor não aparece no livreto do álbum, mas uma busca na net indicou Peter Lilienthal.
Após escrutínio dos anais do PQP Bach, não percebi esta gravação e achei que seria oportuno trazê-las para nossos assíduos seguidores-leitores. A outra motivação para postar esta peça é achar que ela pode nos dizer algo mais neste momento de tanta incerteza, tanta angústia e dor que estamos passando.
O que esta música pode nos dizer hoje? Diz que a angústia e a incerteza, que a brevidade da vida está sempre presente, ontem e hoje, mas que há também beleza. Vocês alguma vez viveram dias mais bonitos do que os que estamos tendo neste outono? O libreto fala de Weltschmerz… Eu considero o primeiro e o último movimento as mais lindas peças que ouvi nestes dias. O primeiro movimento com suas incertezas, oscilações e quase dissonâncias parece um enorme lamento. O último movimento lembra a Canção do Adeus de ‘Das Lied von der Erde’, que encerra esta sinfonia com uma nota de aceitação, de transcendência, na minha opinião. Ouça você e depois me diga!
Nossas contribuições às celebrações do ducentésimo décimo aniversário de Schumann, que foram instigadas entre os pequepianos pelo colega Pleyel, tomarão emprestado pela próxima quinzena este espaço que, nos últimos meses, vínhamos dedicando à música do duzentosecinquentão Beethoven, que por aqui voltará na quinzena seguinte.
Tentarei trazer algumas obras da vasta e admitidamente desigual produção schumanniana ainda inéditas neste blog, bem como algumas gravações de obras já muitas vezes publicadas que, bem, eu amo e gostaria de compartilhar com vocês.
De alguma forma, esta gravação que ora lhes apresento se encaixa nos dois critérios. Se já há um número razoável de gravações das sinfonias de Schumann aqui no PQP Bach, de modo que não seria louco de dizê-las inéditas, elas nunca aqui estiveram nesta roupagem, num arranjo de ninguém menos que Gustav Mahler.
“Arranjo”, talvez, seja um termo que lhes faça esperar diferenças mais marcantes do que as que de fato encontrarão. Mahler, hoje certamente lembrado como um compositor do primeiríssimo escalão, ganhava sua vida como regente – certamente o mais célebre e influente de sua época – e adotava com frequência o expediente de retocar as obras de outros compositores, para obter efeitos que considerava mais apropriados às grandes salas de concerto e aos avantajados conjuntos orquestrais que conduzia. E, se fez isso com obras e compositores sacrossantos como Ludwig e sua Nona, por que não faria com as sinfonias de Schumann, achincalhadas desde suas primeiras audições pelo que se considerava a orquestração incompetente de um homem que sempre pensava em termos pianísticos?
Os retoques de Mahler, no entanto, não incluem alterações importantes em harmonia e em linhas melódicas, que seguem puro Schumann. As mudanças mais notáveis são na orquestração, que dá aos instrumentos de sopros a considerável proeminência que conquistaram na música orquestral na segunda metade do século XIX, em algumas alterações de ritmo, especialmente nos metais, e nas detalhadas indicações dinâmicas. A impressão geral é de um Schumann com menos cordas e mais sopros, mais enérgico e límpido, que lhes poderá soar estranho, mas certamente muito convincente – ainda que a grandiloquência dos clímaxes e dos tímpanos tonitruantes volta e meia delatem quem está por trás da coisa toda.
Para encarar a empreitada de gravar a mahlerização destas sinfonias, esta gravação lhes traz talvez os melhores intérpretes concebíveis: uma veneranda orquestra alemã de imensa tradição, que responde como talvez nenhuma outra orquestra no mundo de hoje a seu regente, um mestre que tem em Mahler e Schumann duas de suas especialidades. Por isso, tenho certeza de que Riccardo Chailly e a orquestra do Gewandhaus de Leipzig não hão de os decepcionar.
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Arranjo de Gustav MAHLER (1860-1911)
Sinfonia no. 1 em Si bemol maior, Op. 38, “Primavera”
1 -Andante un poco maestoso – Allegro molto vivace
2 – Larghetto
3 – Scherzo: molto vivace – Trio I: Molto più vivace – Tempo I – Trio II: (Molto vivace) – Tempo I – Coda
4 – Allegro animato e grazioso
Sinfonia no. 2 em Dó maior, Op. 61
5 – Sostenuto assai – Un poco più vivace – Allegro ma non troppo
6 – Scherzo – Trio I – Trio II – Coda: Allegro vivace
7 – Adagio espressivo
8 – Allegro molto vivace
Há compositores que não são para amadores ou diletantes. Mahler tem sorte; raramente ouvi gravações de suas obras que não fossem de alto nível. Herreweghe realiza um excelente trabalho em Des Knaben Wunderhorn e, se não chega ao nível dos grandes mahlerianos, dá-nos uma boa versão de uma das mais importantes obras do marido de Alma.
Des Knaben Wunderhorn significa A trompa mágica do menino, e é uma coleção de textos de canções populares, publicada por Clemens Brentano e Achim von Arnim no começo do século XIX. A coleção contém basicamente canções da Idade Média. Algumas das canções foram musicadas por Gustav Mahler entre 1892 e 1901. Ela são apresentadas em qualquer seqüência, depende dos intérpretes. Há controvérsias sobre o número delas, alguns dizem que são 12; outros, que são 24. Herreweghe nos mostra 14… No ciclo há canções extraordinárias, como Wer hat dies Liedlein erdacht (melhor na gravações de von Otter + Abbado), Des Antonius von Padua Fischpredigt, Wo die schönen Trompeten blasen, mas as outras não são piores, não.
Gustav Mahler: Des Knaben Wunderhorn
1. Des Knaben Wunderhorn: Revelge Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 6:46
2. Des Knaben Wunderhorn: Verlor’ne Müh’ Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 2:41
3. Des Knaben Wunderhorn: Des Antonius von Padua Fischpredigt Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 3:54
4. Des Knaben Wunderhorn: Das irdische Leben Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 3:00
5. Des Knaben Wunderhorn: Trost im Unglück Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 2:28
6. Des Knaben Wunderhorn: Wo die schönen Trompeten blasen Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 6:48
7. Des Knaben Wunderhorn: Wer hat dies Liedlein erdacht? Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 2:09
8. Des Knaben Wunderhorn: Lob des hohen Verstands Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 2:36
9. Des Knaben Wunderhorn: Der Tamboursg’sell Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 5:57
10. Des Knaben Wunderhorn: Das himmlische Leben Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 8:56
11. Des Knaben Wunderhorn: Lied des Verfolgten im Turm Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 4:11
12. Des Knaben Wunderhorn: Rheinlegendchen Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 3:05
13. Des Knaben Wunderhorn: Der Schildwache Nachtlied Dietrich Henschel, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 5:38
14. Des Knaben Wunderhorn: Urlicht Sarah Connolly, Orchestre des Champs-Elysées, Philippe Herreweghe 5:04
Sarah Connolly
Dietrich Henschel
Orchestre des Champs-Élysées
Philippe Herreweghe
Anne Sofie von Otter é uma das principais mezzo-soprano da atualidade, conhecida por sua versatilidade em papéis de óperas, suas interessantes opções de recitais e sua disposição em assumir riscos vocais. Seu pai era um diplomata sueco cuja carreira levou a família a Bonn, Londres, e de volta a Estocolmo enquanto Anne Sofie estava crescendo. Como resultado, ela ganhou fluência em idiomas. Estudou música na Guildhall School of Music and Drama, em Londres. Sua principal professora de voz era Vera Rozsa, enquanto Erik Werba e Geoffrey Parsons a treinavam na interpretação de lieder.
Ela ganhou um contrato com a Basle Opera em 1983 e permaneceu na empresa até 1985, estreando como Alcina no Orlando Paladino de Franz Joseph Haydn. Ela também assumiu vários papéis masculinos escritos para mezzo-sopranos femininos, incluindo Cherubino no casamento de Mozart com Figaro, Hänsel no Hänsel und Gretel de Humperdinck e Orpheus no Orfée et Eurydice de Gluck. Em 1984, estreou no Festival de Aix-en-Provence como Ramiro em La Finta Giardiniera, de Mozart. Outras interpretações incluem Otaviano em Rosenkavalier de Strauss, o Compositor em Ariadne auf Naxos de Strauss e o papel-título de Tancredi de Rossini, entre outros.
Uma mulher alta e escultural, ela sente-se em casa em inúmeras séries de óperas do século XVIII, nas quais vozes altas costumavam interpretar os heróis. Ela cantou em Covent Garden, La Scala, Berlim, Munique, Roma e outras grandes casas de ópera.
Outra razão para a alta proporção de óperas da era barroca e clássica em seu repertório é uma importante relação de trabalho com o maestro John Eliot Gardiner, maestro britânico que começou como especialista em barroco. Ela fez o primeiro teste para ele em 1985, mas não conseguiu impressionar. Foi apenas com uma chance subseqüente para ele ouvi-la que ele começou a trabalhar com ela. Ela se juntou a ele em gravações da Nona Sinfonia de Beethoven; Clemenza di Tito de Mozart, Idomeneo e Requiem; Favola d’Orfeo de Monteverdi e L’Incoronazione di Poppea; Agripina e Jefté, de Handel; Orfée et Eurydice, de Gluck; e Oratório de Natal de Bach e St. Matthew Passion. Ele também conduziu a gravação de Seven Deadly Sins, de Weill, por von Otter, e selecionou músicas de teatro. Gravações significativas desde 2000 incluem Terezin / Theresienstadt, música do campo de concentração, e Boldemann, Gefors, Hillborg, canções orquestrais suecas contemporâneas.
Seu outro grande parceiro artístico é o pianista sueco Bengt Forsberg, seu parceiro de recital. Como Forsberg é um dos principais estudiosos no campo da literatura musical, von Otter conta com ele para sugerir músicas e organizar os programas de seus recitais. Com ele, ela se especializou em lieder desde os períodos do início e do final do período romântico, incluindo gravações bem recebidas de músicas de Schubert, Schumann, Brahms, Zemlinsky, Korngold e Mahler, além dos compositores românticos nórdicos, Alfvén, Rangstrom, Stenhammer e Sibelius.
Ela aprecia cantar músicas nas tonalidades especificadas originalmente pelos compositores. Quando ela veio gravar Seven Deadly Sins de Kurt Weill, ela usou a versão original para soprano alto, uma gama que ela possui, em vez da versão mezzo-soprano tradicional que foi feita para Lotte Lenya no final da carreira do cantor. Von Otter também gravou Seven Early Songs de Alban Berg, também música que é uma tensão para muitos sopranos. Além disso, ela não é avessa a esticar a voz para obter um efeito dramático. “Eu acredito em efeitos de choque”, ela disse uma vez em uma entrevista. No entanto, após os 40 anos de idade, ela teve algumas experiências particularmente ruins como resultado dessas duas tendências e, ela admite, magoou a voz. Como resultado, ela decidiu ser “sensata” e transpor para baixo. (extraído da internet)
Jacques Offenbach, nascido Jakob Eberst (Colônia, 1819 – Paris 1880) 1. Les Contes d’Hoffmann – Act – 1. Entr’acte (Barcarolle) Anne Sofie von Otter, Stéphanie d’Oustrac & Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski & Chorus Of Les Musiciens Du Louvre
Franz Schubert (Austria, 1797 – 1828) 2. “Ellens Gesang III”, D839 Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Gioachino Antonio Rossini (Pésaro, Italy, 1792-Passy, Paris, 1868) 3. La Cenerentola, Act 2 “Nacqui all’affanno e al pianto” Anne Sofie von Otter, Orchestra Of The Frankfurt Opera, James Levine
Edvard Grieg (Noruega, 1843 – 1907) 4. Haugtussa – Song Cycle, Op.67, Killingdans Anne Sofie von Otter & Bengt Forsberg (piano)
Franz Schubert (Austria, 1797 – 1828) 5. Im Abendrot, D.799 Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Kurt Weill (1900 – 1950) One Touch of Venus 6. I’m A Stranger Here Myself Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) St. Matthew Passion, BWV 244 – Part Two 7. No.47 Aria (Alto): “Erbarme dich, mein Gott” Anne Sofie von Otter, Fredrik From, Baroque Concerto Copenhagen, Lars Ulrik Mortensen
Pyotr Ilyich Tchaikovsky (1840 – 1893) Eugene Onegin, Op.24, TH. – Act 1 8. Scene and Aria. “Kak ya lyublyu pod zvuki pesen etikh” – “Uzh kak po mostu, mostochku” Mirella Freni, Anne Sofie von Otter, Staatskapelle Dresden, James Levine
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791) Requiem in D Minor, K. 626, compl. by Franz Xaver Süssmayer 9. 6. Benedictus Anne Sofie von Otter, Barbara Bonney, Hans Peter Blochwitz, Willard White, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner
Edvard Grieg (1843 – 1907) Haugtussa – Song Cycle, Op.67 10. Ved gjaetle – bekken Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791) La clemenza di Tito, K. 621, Act 1 11. “Parto, ma tu ben mio” 12. “Oh Dei, che smania è questa” Anne Sofie von Otter, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner
Kurt Weill (1900 – 1950) One Touch of Venus 13. Speak Low Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner
George Frideric Handel (1685 – 1759) Il pianto di Maria: “Giunta l’ora fatal” HWV 234 14. Cavatina: “Se d’un Dio fui fatta Madre” Anne Sofie von Otter, Musica Antiqua Köln, Reinhard Goebel
Gustav Mahler (1860 – 1911) Rückert-Lieder, Op. 44 15. 2. Liebst du um Schönheit Anne Sofie von Otter, NDR-Sinfonieorchester, John Eliot Gardiner 16. Serenade (from: “Don Juan”) Anne Sofie von Otter, Ralf Gothoni
George Frideric Handel (1685 – 1759) Ariodante, HWV 33, Act 2 17. “Tu preparati a morire” Anne Sofie von Otter, Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791) Idomeneo, re di Creta, K.366, Act 1 18. “Il padre adorato” Anne Sofie von Otter, English Baroque Soloists, John Eliot Gardiner
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) Mass in B Minor, BWV 232 Kyrie: No.1 Kyrie eleison 19. Agnus Dei Widerstehe doch der Sünde, Cantata BWV 54 20. 1. “Widerstehe doch der Sünde” Anne Sofie von Otter, Baroque Concerto Copenhagen, Lars Ulrik Mortensen
Edvard Grieg (1843 – 1907) Haugtussa – Song Cycle, Op.67 21. Elsk Kurt Weill (1900 – 1950) 22. Berlin im Licht – Song Franz Schubert (1797 – 1828) 23. Der Wanderer an den Mond, D.870, op.80, no.1 Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Christoph Willibald von Gluck (1714 – 1787) Paride ed Elena, Wq 39, Act 1 24. “O del mio dolce ardor” Anne Sofie von Otter, Paul Goodwin, The English Concert, Trevor Pinnock
George Frideric Handel (1685 – 1759) Hercules, HWV 60, Act 2 25. Aria: “When beauty sorrow’s liv’ry wears” Anne Sofie von Otter, Les Musiciens du Louvre, Marc Minkowski
Edvard Grieg (1843 – 1907) Haugtussa – Song Cycle, Op.67 26. Det syng 27. Med en Vandilje, Op.25, No.4 Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Claudio Monteverdi (1567 – 1643) L’incoronazione di Poppea, SV 308, Act 2 28. Adagiati, Poppea – Oblivion soave (Arnalta) Anne Sofie von Otter, Jakob Lindberg, Jory Vinikour
Johannes Brahms (1833 – 1897) Fünf Lieder, Op.47 29. 3. Sonntag “So hab ich doch” Franz Schubert (1797 – 1828) 30. Im Walde D 708 Anne Sofie von Otter, Bengt Forsberg
Palhinha: ouça: 14. Cavatina: “Se d’un Dio fui fatta Madre”
Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.
If you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.
Muito famosa em razão do Adagietto — utilizado por Luchino Visconti em A Morte em Veneza — a Sinfonia Nº 5 é muito bela e também difícil de ser tocada. As interpretações de Mahler a cargo de Sir Simon Rattle são amplamente reconhecidas com elogios da crítica mundial. Muitas delas estão entre as melhores versões disponíveis. De fato, a maioria recebeu prêmios de algumas das organizações e publicações musicais mais prestigiadas do mundo, entre elas o Gramophone no Reino Unido; Diapason na França, Grammy nos EUA, além de prêmios da Alemanha, Holanda, Canadá e República Tcheca.
A 5ª é marcadamente diferente de suas antecessoras. A capacidade de renovação de Mahler é surpreendente e não há duas sinfonias iguais, sendo que nenhum dos cinquenta movimentos nessas sinfonias segue o mesmo padrão. Esta sinfonia é puramente instrumental e segue uma forma sinfônica mais convencional, apesar de suas dificuldades.
A última gravação da 5ª de Mahler que ouvi foi a de Abbado e certamente há uma grande diferença. A perspectiva de Rattle sobre Mahler é muito diferente. Talvez Abbado fosse um otimista, enquanto Rattle é pessimista. Fico com o inglês. Onde Abbado dá um grande suspiro de alívio e esperança, Rattle estremece em desespero. A semelhança entre as duas leituras também é clara, não apenas porque Abbado e Rattle compartilharam a mesma orquestra, mas também porque ambos estão de olho nos detalhes.
Destaque para a fantástica participação do trompista Stephan Dohr no terceiro movimento.
Esta gravação é e permanecerá como uma das principais performances da Quinta de Mahler. Ela tem tempi vibrantes e permite que os detalhes da orquestração brilhem. Uma joia!
Symphony No. 5 In C-Sharp Minor (69:07)
1-1 I: Trauermarsch (In Gemessenem Schritt. Streng. Wie Ein Kondukt) 13:04
1-2 II: Stürmisch Bewegt (Mit Größter Vehemenz) 14:24
1-3 III: Scherzo (Kräftig, Nicht Zu Schnell) 16:56
1-4 IV: Adagietto (Sehr Langsam) 9:33
1-5 V: Rondo — Finale (Allegro) 15:02
Hoje vamos postar duas “Titânicas” sinfonias de Mahler sob a batuta de Leopold Stokowski (1882 – 1977) (ops… ele não usa batuta) : a Sinfonia número 2 “ Ressurreição” e a Sinfonia número 8 “Sinfonia dos Mil”. O pessoal do blog já postou algumas vezes estas obras com os regentes mais importantes, vou arriscar e meter meu bedelho também com o grande Leopold Stokowski.
Vamos começar pela gravação mais antiga. A Oitava Sinfonia de Mahler que é considerada por muitos um cartão de visitas para todas as grandes e boas orquestras. Também é a maior carta de amor da história das sinfonias (“Cada nota é dirigida para você”, Mahler confessou a sua esposa, Alma). A estreia foi considerada como a mais bem-sucedida do compositor (as apresentações de Munique em 1910 sob a regência do próprio Mahler foi seu primeiro sucesso absoluto e ainda teve Stokowski que também trabalhou nestas apresentações). Mais do que qualquer outra peça, a Oitava Sinfonia requer um regente que tenha o controle total dos músicos não apenas em orientar no palco, mas em conectar as ideias e as relações musicais da partitura.
A filosofia da obra é tão vasta quanto seus números. Como Mahler descreveu a um amigo: “Imagine que o universo inteiro explode em música. Já não ouvimos vozes humanas, mas as de planetas e sóis circulando em suas órbitas. ”A sinfonia é formada em duas seções expansivas. O primeiro é baseado no antigo hino do Pentecostes, “Veni creator spiritus” , que começa: “Venha, espírito criador, habite em nossas mentes; enche de graça divina os corações dos teus servos. ”Esse texto, embora de origem religiosa, também pode ser interpretado artisticamente; é impossível ter certeza de qual caminho Mahler pretendia, se é que ambos. No segundo movimento da sinfonia, Mahler se voltou para uma fonte mais recente, embora ainda estivesse mergulhada em espiritualidade. Aqui, Mahler definiu a cena final do épico drama em verso de Goethe, Faust. Esta não é a parte familiar em que Fausto vende sua alma ao diabo em troca de juventude e amor; antes, a Parte Dois ocorre décadas depois, quando as desventuras terrenas de Fausto finalmente chegaram ao fim, e o diabo está tentando tomar posse de seu recruta. Ele falha, perdendo Fausto para os anjos e, na cena final, aquela que tanto empolgou Mahler, os anjos e outros espíritos estão subindo ao céu com a alma redimida de Fausto. Esta sinfonia é inegavelmente uma obra de arte magistral, beneficiando-se dos anos de Mahler maestro, no comando de sinfonias e companhias de ópera, estas experiências abriram horizontes em sua genialidade experimental.
Quando Stoki se tornou diretor musical na Filadélfia em 1912, imediatamente fez planos para introduzir esta enorme sinfonia nos Estados Unidos. Após alguns anos e com dinheiro em caixa Stokowski apostou na gigantesca partitura da Sinfonia número 8. Este foi um triunfo pessoal e artístico, e também um triunfo sobre o Conselho da Orquestra da Filadélfia (um dos muitos). Os custos eram grandes e Stokowski convenceu o Conselho da Orquestra da Filadélfia, no início de 1915, a liberar US $ 17.000 (equivalente a cerca de US $ 360.000 atualmente) para a estreia americana na temporada 1915-1916 da Sinfonia número 8 de Mahler. A habilidade de Stokowski na organização e a publicidade foram os principais contribuintes para o sucesso. O interesse do público tornou-se tão inflamado que os cambistas conseguiram US$ 100,00 no valor do ingresso para a estreia (equivalente a cerca de US $ 2.100 nos valores de hoje). Tão grande foi a demanda para ouvir Mahler que performances adicionais foram programadas. Em 9 de abril de 1916, dois trens particulares levaram 1.200 pessoas da Orquestra da Filadélfia até Nova York para se apresentarem no Metropolitan Opera House. Essas apresentações de Nova York ajudaram a estabelecer a reputação da Orquestra da Filadélfia sob Stokowski, o trabalho despertou aclamações, com a conquista de Stokowski fazendo notícias de primeira página em todo o mundo.
Nesta gravação da “Symphony of a Thousand” (nome dado a contragosto de Mahler) que ora disponibilizo aos amigos do blog é bem mais um arquivo histórico do que qualquer outra coisa. Mas se você puder ouvir além das imperfeições, a gravação oferece um excelente objeto de estudo. Esta foi a primeira gravação completa da Oitava Sinfonia de Gustav Mahler e foi realizada em 9 de abril de 1950, com Leopold Stokowski dirigindo a Filarmônica de Nova York e coros combinados de Nova York. Embora esta gravação histórica seja realmente de interesse limitado para os aficionados de Mahler e dedicados fãs de Stokowski não deve ser considerado uma escolha essencial. Realmente fica difícil entender tudo o que está acontecendo na gravação mono compactada. Os solistas vocais, os corais combinados e a Filarmônica de Nova York atuam com segurança e precisão bem ensaiada. Qualquer um que conheça bem esta sinfonia não terá problemas em distinguir as várias linhas de corais e partes instrumentais, apesar da distorção ocasional quando o microfone está sobrecarregado. No entanto, os ouvintes de primeira viagem podem se sentir desorientados pela densa parede de som do “Veni, Creator Spiritus”, que não dá pistas sobre a colocação dos músicos e atrapalha a separação dos solistas dos coros. O áudio na segunda parte é menos problemático, embora as limitações da tecnologia de gravação da metade do século XX ainda sejam bastante aparentes. Para quem quer uma qualidade de gravação ótima da oitava fica duas dicas (dois links) que o PQP fez aqui no blog, acho que a mais interessante foi a postagem do ano passado da integral com o Leonard Bernstein a segunda que gostei bastante foi a do Pierre-Boulez.
Mahler – Sinfonia número 8 em mi bemol maior “Sinfonia dos Mil”
1 – Part I Hymnus Veni, creator spiritus
2 – Part II Final Scene from Faust
Frances Yeend soprano
Uta Graf soprano
Camilla Williams soprano
Martha Lipton mezzo-soprano
Louise Bernhardt alto
Eugene Conley tenor
Carlos Alexander baritone
George London bass-baritone
Chorus of the Schola Cantorum, Westminster Choir
Boys Choir of NY Public School number 12
New York Philharmonic Orchestra
Leopold Stokowski
Carnegie Hall, New York City – Live performance 9 April 1950
Mahler – Sinfonia número 2 “Ressurreição” Em maio de 1921, Stokowski conduziu a Sinfonia “Ressurreição” pela primeira vez. Esta sinfonia teve um começo bem picotado, foi apresentada em partes; em março de 1895, em Berlim, sob a direção de Richard Strauss, foram estreados os três primeiros movimentos puramente orquestrais, e somente no final do ano o próprio Mahler conduziu a primeira apresentação completa. A música surgiu das ideias concebidas pela Primeira Sinfonia, um trabalho quase autobiográfico cujo “herói” morreu e que no primeiro movimento da Segunda Sinfonia este “herói” está sendo levado para o túmulo. A música assume a forma de uma marcha gigantesca e solene – “uma grande quantidade de caráter trágico”, para citar Bruno Walter. O próprio Mahler deixou vários comentários sobre a música e, sobretudo da importância do primeiro movimento, escreveu: “Estamos de pé ao lado do caixão de um homem amado. Pela última vez, suas lutas, sofrimentos e realizações passam pela mente… Neste momento profundamente emocionante, quando a confusão e as distrações da vida cotidiana são varridas, uma voz de solenidade inspiradora diz: “O que é vida – o que é morte? Vamos viver para sempre na eternidade? É tudo um sonho vazio ou vida e morte têm um significado?” Essa é uma pergunta que devemos responder para continuar vivendo. ” O segundo movimento tem uma sensação schubertiana e é ao mesmo tempo uma lembrança feliz do passado e uma triste lembrança da juventude e inocência perdidas. Os três movimentos restantes, todos orientados na partitura para se seguirem sem pausa, começam com um scherzo, uma espécie de dança fantasmagórica e zombeteira, que apresenta o humor ácido que influenciaria grande parte da música de Shostakovich. Mahler escreveu: “O espírito de descrença e negação tomou posse do herói. Ele olha para a superficialidade da vida e perde junto com sua inocência infantil a força profunda que somente o amor pode trazer. Ele se desespera de si e de Deus, a própria vida começa a parecer irreal, como um pesadelo terrível. O desgosto absoluto por todos os que vivem o atormenta, levando-o a uma explosão de desespero “. O quarto movimento é um cenário solene para mezzo-soprano, um dos poemas folclóricos da antologia “Des Knaben Wunderhorn”, cujos versos Mahler também usou em sua Terceira e Quarta Sinfonias. “As palavras emocionantes da fé simples soam nos ouvidos do herói: ‘Eu venho de Deus e voltarei a Deus!'” O imenso final é lançado imediatamente com um grande grito de angústia e culmina com versos adaptados da ode “Auferstehung” (Ressurreição), de Friedrich Klopstock, para dois solistas e coro. “Estamos novamente confrontados com perguntas aterradoras … Chegou o fim de toda a vida; o Juízo Final está próximo … A terra treme, os túmulos se abrem, os mortos se levantam e marcham em uma procissão sem fim, grandes e humildes desta terra – reis e mendigos, justos e ímpios – todos avançam. O grito de misericórdia e perdão soa terrivelmente em nossos ouvidos … a última trombeta do apocalipse soa, e no silêncio sinistro que se segue a nós ouça um rouxinol distante, como o último eco trêmulo da vida na Terra”. Então, o som suave de um coro de santos e hostes celestes é ouvido: “Levanta-te, sim, você se levantará! Vida eterna Ele dará a quem o chamou”. E eis que não há julgamento – não há pecadores, nem justos, nem grandes. Nem humildes. Não há punição nem recompensa. Um sentimento de amor avassalador brilha sobre nós com entendimento e ilumina nossas almas”.
Em maio de 1921, Stokowski conduziu a Sinfonia “Ressurreição” pela primeira vez. Essa apresentação da Sinfonia “Ressurreição” de Mahler foi a última de várias que Stokowski fez desta obra. Para realizar esta gravação que foi única escolheu a London Symphony Orchestra para gravar na Inglaterra, estava com 92 anos. A revista Times chamou o desempenho de Stokowski: “uma conquista surpreendente … ele a transforma em uma experiência emocionante. Outro marco registrado para esse extraordinário artista”. A roda havia completado o ciclo, Stokowski pôde viver mais de seis décadas desde o momento em que viu o próprio Mahler trabalhando e, no final de sua vida, comprometer-se a gravar uma das melhores sinfonias de corais de todos os tempos.
Mahler – Sinfonia número 2 em dó menor – “Ressurreição”
1. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): I. Allegro maestoso
2. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): II. Andante moderato
3. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): III. [Scherzo] In ruhig fließender Bewegung – attaca:
4. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): IV. ‘Urlicht’. Sehr feierlich, aber schlicht – attaca:
5. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): V. Im Tempo des Scherzo. Wild herausfahrend
6. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): ‘Aufersteh’n, ja aufersteh’n wirst du’
7. Symphony No. 2 in C minor (‘Resurrection’): ‘O glaube, mein Herz, o glaube’
Brigitte Fassbaender mezzo-soprano,
Margaret Price soprano.
Rae Woodland, BBC Chorus & Choral Society, Goldsmith’s Choral Union, Harrow Choral Society
London Symphony Chorus and Orchestra,
Leopold Stokowski
Durante julho e agosto, foram realizadas 9 sessões de gravação: 22, 25, 27 de julho de 1974 e 10, 11, 14 de agosto de 1974. Foi publicado pela RCA em 1974.
Uma pequena homenagem a esse grande maestro letão que foi Mariss Jansons, falecido neste último dia do mês de novembro de 2019, aos 76 anos de idade.
Músico sensível e também muito requisitado, regeu as principais orquestras do mundo. Estudou regência no Conservatório de Leningrado, tendo sido assistente de Evgeny Mravinsky, além de também ter sido aluno de Hans Swarowsky e de Herbert von Karajan. Também teve um longo relacionamento com a Orquestra do Concertgebow de Amsterdam. Atualmente, era diretor da Orquestra da Rádio Bávara. Em outras palavras, o homem só frequentava altos círculos.
Desde 1996 já lutava contra problemas do coração.
Faço uma pequena homenagem a este grande maestro trazendo um registro seu lá de 2006, com sua querida Orquestra do Concertgebow de Amsterdam, com quem gravou muito, e tocando uma de suas especialidades, Mahler, a saber, sua Sinfonia Titã.
Um grande registro ao vivo, com a melhor orquestra do mundo dos últimos 50 anos, fama que ele ajudou a construir.
1. Langsam, schleppend (Wie ein Naturlaut) – Im Anfang sehr gemächlich
2. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell – Trio Recht gemächlich
3. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
4. Stürmisch bewegt
Um amigo passou aqui em casa dia destes e viu minha bagunça de CDs, computador, papéis cheios de anotações. Não pude esconder (ah, a vaidade…) minhas atividades de blogueiro. E no meio de uma pilha de CDs que andava escutando ele avistou este aqui e disse: taí, este CD eu baixaria! Não é que ele tem bom olho? O álbum tem muita coisa a seu favor: ótima combinação autor-repertório-intérprete, além do selo de uma renomadíssima gravadora.
Há ainda outras coisas que o tornam um disco especial. Gravado ao vivo em dezembro de 1989, registra o primeiro concerto de Claudio Abbado como o Regente Principal (Chief Director) da Berliner Philharmonioker. Abbado fora eleito para o cargo que Karajan exercera com mão de ferro por mais de 30 anos. Suas personalidades não podiam ser mais diferentes e isso certamente deve ter pesado na escolha de Abbado.
Segundo a própria página da orquestra, sempre que Abbado falava sobre música, as palavras ‘ascoltare’ e ‘insieme’ eram sempre usadas. Sua abordagem à música era fundamentada em trabalhar ‘juntos’ e ‘ouvindo’ uns aos outros. Esta abordagem resultava sempre em uma enorme orquestra produzindo um som transparente que passou a fazer parte do estilo da Berliner Philharmoniker.
A Primeira Sinfonia de Mahler foi composta em 1887 e 1888, praticamente um século antes do concerto aqui gravado, a partir de material usado em um ciclo de canções – Lieder eines fahrenden Gesellen. Neste período, Mahler era o segundo regente da Ópera de Leipzig. A obra custou um pouco a se firmar e sofreu várias mudanças até chegar à forma que a ouvimos hoje. Isto não é incomum com as obras de Mahler, que aproveitava as experiências das primeiras apresentações de suas obras para aprimorá-las.
A sinfonia é composta de quatro movimentos e inicia quase inaudível, em um murmúrio, mas que se constitui em uma peça bastante inovadora. Veja aqui um guia mais detalhado da obra. É mérito da gravação, em especial de Klaus Hermann, o engenheiro de som, que mesmo tendo sido feita ao vivo, tenha tanta qualidade. Note especialmente as enormes dinâmicas, com pianíssimos e fortíssimos realmente distanciados, o que nos permite experimentar em casa, pelo menos parte das emoções sentidas pelos presentes ao concerto. Assim, prepare a sala com uns aperitivos e avise os vizinhos para darem uma volta antes de botar o som no máximo!
Gustav Mahler (1860-1911)
Sinfonia No. 1
Schleppend. Wie ein Naturlaut – Im Anfang sehr gemächlich
Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell – Trio. Recht gemächlich
Há outras gravações memoráveis desta sinfonia. Eu não ficaria sem o registro feito por Bernstein a frente da Concertgebouw Amsterdam, também gravado ao vivo, no mesmo selo DG e que ostenta uma das capas mais lindas que eu conheço. Mas esta aqui vale pelo registro de um memorável concerto no qual um maravilhoso regente assume a direção de uma das maiores orquestras do mundo.
Se Mahler, em toda a sua vida, tivesse escrito apenas o terceiro movimento da Ressurreição, já teria um lugar garantido na história da música. Mas há o resto, e que resto! Obra espetacular e fundamental na obra de Mahler, a Sinfonia Ressurreição se utiliza de um enorme contingente de músicos. A orquestra é ora tratada convencionalmente, ora separada em pequenos grupos de câmara, tornando-se de poderosa para rarefeita, de delicada para violenta, como se estivesse sofrendo a melhor das psicoses maníaco-depressivas.
Mahler foi o maior regente de seu tempo e sabia o que estava fazendo. A “Ressurreição” é obra cheia de surpresas e que não hesita em utilizar alguns recursos pouco convencionais. Há, por exemplo, grupos de instrumentos que tocam fora do palco. Explico o motivo: os dois últimos movimentos da sinfonia propõem-se a fazer uma representação exterior (se bem que, como Mahler dizia, tudo era representação interior…) de nada menos que o Dia do Juízo Final e da Ressurreição dos mortos. Para tanto, o autor manda alguns instrumentistas (trompetes, trompas, percussão) para fora do palco e de lá, dos bastidores, eles iniciam um conflito fantasmagórico com a orquestra que está no palco. Quando a orquestra do palco executa o suave tema da redenção, de fora vem o som das trompas e da percussão executando o que Mahler dizia representar “as vozes daqueles que clamam inutilmente no deserto”. Depois começa a marcha dos ressuscitados no Juízo Final. Em meio a este tema, as trompas e os trompetes que estão lá atrás nos bastidores – representando agora a enorme multidão de almas penadas -, enchem o ar com seus apelos vindos de todos os lados do palco.
Todo este aparato propõe-se simplesmente a responder à pergunta: “Por que se vive?”.
Jorge de Sena, em 1967, escreveu o seguinte poema sobre esta música:
MAHLER: SINFONIA DA RESSURREIÇÃO
Ante este ímpeto de sons e silêncio, ante tais gritos de furiosa paz, ante o furor tamanho de existir-se eterno, há Portas no Infinito que resistam?
Há infinito que resista a não ter portas para serem forçadas? Há um paraíso que não deseje ser verdade? E que Paraíso pode sonhar-se a si mesmo mais real que este?
Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia Nº 2 “Ressurreição”
1. Allegro maestoso
2. Andante Moderato
3. In ruhig fliessender bewegung
4. Urlicht. Sehr feierlich, aber schlicht
5. Im Tempo des Scherzos.
Wild herausfahrend
Wieder sehr breit
Ritardando…Maestoso
Wieder zuruckhaltend
Langsam. Misterioso
Etwas bewegter
Mit Aufschwung aber nicht eilen
Birmingham Symphony Orchestra with
Arleen Auger, Dame Janet Baker
Conducted by Simon Rattle
Um dos compositores que são unanimidade aqui no PQPBach com certeza é Mahler. Lamentamos sua morte tão precoce (meros 50 anos de idade), pois sua produção seria ainda mais extraordinária do que a que já conhecemos.
Hoje trago para os senhores a imensa e belíssima Segunda Sinfonia, que tem a duração de 1 hora e vinte minutos. Sua execução pede a seguinte instrumentação:
4 flautas (todas alternando com 4 piccolos), 4 oboés (2 alternando com corne inglês), 3 clarinetes (Sib, La, Do – um alternando com clarone), 2 clarinetes em Mib, 3 fagotes, 1 contrafagote, 10 trompas em fá (4 usadas fora do palco, menos no final), 8-10 trompetes em fá e dó (4 a 6 usados fora do palco, menos no final), 4 trombones, 1 tuba contrabaixo, 7 tímpanos (um fora do palco), 2 pares de pratos (um fora do palco), 2 triângulos (um fora do palco), Caixa clara, Glockenspiel, 3 sinos (Glocken, sem afinação), 2 bombos (um fora do palco), 2 tam-tams (alto e baixo), 2 harpas, órgão,quinteto de Cordas (violinos I, II, violas, cellos e baixos com corda Dó grave). Há ainda: Soprano Solo, Contralto Solo e um Coro Misto. (Wikipedia)
Foi a primeira sinfonia onde Mahler se utiliza da voz humana. Trata do tema da ‘Ressurreição”. Ele acredita que em um determinado momento a vida prevalecerá sobre a morte.
A gravação que trago para os senhores é bem recente, ainda do final de 2018, e foi realizada ao vivo, com a participação do veterano maestro Mariss Jansons à frente da magnífica Orquestra da Rádio Bávara e de seu Coro.
Meu maestro favorito para esta sinfonia sempre será Leonard Bernstein, mas Mariss Jansons faz um trabalho extraordinário aqui. Claro que não é a primeira vez que ele grava essa obra, mas provavelmente é a sua interpretação mais intensa. Além disso ele conta com a cumplicidade de uma orquestra que dispensa apresentações. Lembremos que Mariss Jansons, antes de assumir essa orquestra, era diretor de outro magnífico conjunto orquestral, a do Concertgebouw de Amsterdam. Convenhamos, o currículo do homem não é fraco, não acham?
Com a ajuda da Wikipedia, trago abaixo a letra da obra, com sua respectiva tradução:
Quarto Movimento
Original no Alemão
Urlicht
O Röschen rot!
Der Mensch liegt in größter Not!
Der Mensch liegt in größter Pein!
Je lieber möcht’ ich im Himmel sein.
Da kam ich auf einen breiten Weg:
Da kam ein Engelein und wollt’ mich abweisen.
Ach nein! Ich ließ mich nicht abweisen!
Ich bin von Gott und will wieder zu Gott!
Der liebe Gott wird mir ein Lichtchen geben,
Wird leuchten mir bis in das ewig selig Leben!
— Des Knaben Wunderhorn
Em Português
Luz Primordial
Ó rosa vermelha!
O homem encontra-se em grande necessidade!
O homem encontra-se em grande dor!
Como eu gostaria de estar no céu.
Eu vim por um largo caminho
Um anjo veio e queria me afastar.
Ah não! Eu não serei afastado!
Eu vim de Deus e retornarei a Deus!
O Deus amoroso me dará um pouco de luz,
Que me iluminará para a abençoada vida eterna!
— Des Knaben Wunderhorn
Quinto Movimento
Original no Alemão
Aufersteh’n, ja aufersteh’n
Wirst du, Mein Staub,
Nach kurzer Ruh’!
Unsterblich Leben! Unsterblich Leben
wird der dich rief dir geben!
Wieder aufzublüh’n wirst du gesät!
Der Herr der Ernte geht
und sammelt Garben
uns ein, die starben!
—Friedrich Klopstock
O glaube, mein Herz, o glaube:
Es geht dir nichts verloren!
Dein ist, ja dein, was du gesehnt!
Dein, was du geliebt,
Was du gestritten!
O glaube
Du wardst nicht umsonst geboren!
Hast nicht umsonst gelebt, gelitten!
Was entstanden ist
Das muß vergehen!
Was vergangen, auferstehen!
Hör’ auf zu beben!
Bereite dich zu leben!
O Schmerz! Du Alldurchdringer!
Dir bin ich entrungen!
O Tod! Du Allbezwinger!
Nun bist du bezwungen!
Mit Flügeln, die ich mir errungen,
In heißem Liebesstreben,
Werd’ich entschweben
Zum Licht, zu dem kein Aug’ gedrungen!
Sterben werd’ ich, um zu leben!
Aufersteh’n, ja aufersteh’n
wirst du, mein Herz, in einem Nu!
Was du geschlagen
zu Gott wird es dich tragen!
—Gustav Mahler
Em Português
Ressuscitará, sim,
O meu pó ressuscitará
Após um breve repouso!
Vida imortal! Vida imortal
Será dada por aquele que te chamou.
Para florescer novamente tu foste semeado!
O Senhor da colheita
Recolherá seus feixes,
Nós, que morremos.
—Friedrich Klopstock
Ó crê, meu coração, crê:
Não perderás nada!
Alcançou aquilo que desejaste,
Aquilo que amaste
Aquilo por que lutou!
Ó crê,
Tu não nasceste em vão!
Não viveste nem sofreste em vão!
O que foi criado
Deve perecer
O que pereceu deve ressuscitar!
Não trema mais!
Prepara-te para viver!
Ó dor, que penetra tudo
De ti fui separado!
Ó morte, que conquistas tudo,
Agora foste conquistada!
Com asas que ganhei,
Na dura batalha do amor,
Alçarei voo
Para a luz que nenhum olho penetrou!
Morrerei para poder viver.
Ressuscitará, sim,
Meu coração ressuscitará em um instante!
Tudo o que sofreste,
Te levará a Deus!
—Gustav Mahler
P.S. Por um período estou trocando de servidor, para o Mediafire. Neste meio tempo tentarei rever minha situação junto ao MEGA. Aguardo uma avaliação por parte dos senhores. Ainda é conta Free, mas se tudo der certo, pretendo torná-lo meu servidor oficial.
GUSTAV MAHLER – Symphonie Nr. 2 c-Moll „Auferstehungssymphonie“ für Sopran- und Alt-Solo, gemischten Chor und Orchester
01 Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck
02 Andante moderato. Sehr gemächlich. Nie eilen
03 In ruhig fließender Bewegung. Sehr gemächlich. Nicht eilen
04 „Urlicht“. Sehr feierlich, aber schlicht (choralmäßig). Nicht schleppen
05 Im Tempo des Scherzo. Wild herausfahrend („Auferstehn, ja auferstehn wirst du“)
Bernarda Fink – Contralto
Anja Harteros – Soprano
Chor und Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Mariss Jansons Dirigent / conductor
Michael Gielen nasceu em uma família de artistas, em Dresden. A família mudou-se em 1940 para Buenos Aires, onde ele cresceu em meio a uma elite de músicos ali exilados. Estudou piano com Erwin Leuchter, que fora assistente de Anton Weber (talvez venha daí seu interesse constante por composição e por música de seu próprio tempo) e ouviu um enorme repertório de ópera regido por Fritz Busch. Trabalhou no Teatro Colón como acompanhante nos ensaios, onde teve contato com artistas como Kirsten Flagstad, Erich Kleiber e Wilhelm Furtwängler.
Retornou para a Europa em 1950 onde assumiu vários cargos como diretor de ópera e de orquestra. Entre estas posições destacam-se a de Diretor da Geral de Música da Ópera de Frankfurt e regente da Sinfonieorchester des Südwestfunks, Baden-Baden. Como esta orquestra era subsidiada pela Rádio Estatal Alemã, pode promover música de seu próprio tempo. Também com esta orquestra deixou registro de vários ciclos de sinfonias, entre eles de Mahler e de Beethoven.
Mahler – Sinfonia No. 9
A ideia de morte perpassa toda a obra de Mahler, mas há uma convergência no caso desta sinfonia, composta nos verões (europeus) de 1908 e 1909. Em 1907 Mahler teve que lidar com duas catástrofes pessoais – a morte de sua filha Maria Anna Mahler, de apenas quatro anos, e o diagnóstico de sua doença cardíaca. Coloque tudo isto junto com o fato de que ele estaria escrevendo sua nona sinfonia. Ele que já havia evitado este número chamando sua obra anterior de canção – Das Lied von der Erde, obra na qual a brevidade da vida humana é colocada em oposição à natureza, que ficará para sempre (ewig).
Eu sei que colocando assim, você pode achar que vai encontrar uma música dilacerante, angustiada, como um bando de carpideiras… Não é exatamente isso. A peça demanda sim, muita atenção do ouvinte, mas a ideia geral é de aceitação, de transcendência.
Mahler, que já havia levado o modelo de sinfonia aos extremos com sua oitava, a Sinfonia dos Mil, aqui retorna ao padrão de quatro movimentos e uma peça puramente orquestral. Mas, a ordem dos movimentos é menos usual. O primeiro e o último são enormes movimentos lentos: Andante comodo e um Adagio. Estes fazem a moldura de dois outros movimentos mais curtos.
A primeira vez que ouvi esta sinfonia foi um bootleg, um CD italiano com uma gravação pirata com Klemperer regendo não sei mais qual orquestra. Ainda me lembro do impacto causado pelo primeiro movimento, que me soa como uma enorme desconstrução. A música quase para, levanta-se, segue, terrível. Os quatro ou cinco últimos minutos são especialmente tocantes. Veja o que disse deste movimento, um crítico, logo após a première (regida por Bruno Walter): Se alguém deseja aprender a chorar, deveria ouvir o primeiro movimento desta sinfonia, a grande, maravilhosa canção do adeus para sempre.
No segundo movimento temos uma das marcas registradas de Mahler, ritmos de danças rústicas. No caso, Ländler, dança austríaca, entrecortada por uma valsa. Mas estas danças são aquelas que ninguém que dançar. Não deixe de notar a orquestração, muitas trompas e outros sopros. A ironia que permeia este movimento segue no próximo, um Rondó Burlesco. Depois deste tempestuoso conflito musical (cheio de contraponto e alguma selvageria), o Adagio final. A resolução de tudo que foi proposto pelos movimentos anteriores se dá neste imenso movimento que não termina, mas se dissolve. Transição entre a desolação do adeus para a transcendência posterior. Mais ou menos isso, segundo Bruno Walter.
Apesar de tudo, música composta só se realiza quando é executada. Ao longo destes mais de cem anos que a sinfonia vem sendo executada (sua première foi em 26 de junho de 1912, sob a regência de Bruno Walter), diferentes gerçaões de músicos e regentes têm dado sua interpretação desta monumental e significativa sinfonia, passando por Haitink, Bernstein, Karajan e, mais recentemente, Rattle e Dudamel. Mas hoje, as homenagens são para Michael Gielen (1927 – 2019).
Gustav Mahler (1860 – 1911)
Sinfonia No. 9, em ré maior
Andante comodo
Im Tempo eines gemächlichen Ländlers. Etwas täppisch und sehr derb
Esta sinfonia é bem representativa de Mahler. É uma de suas músicas mais acessíveis, devido tanto à beleza de seus temas quanto às suas dimensões. Por isso, é como um portal para este universo musical criado por ele.
Gustav Mahler viveu um tempo de muitas mudanças, fim do século XIX e início do século XX, a maior parte do tempo em Viena. Sofreu tragédias pessoais, conviveu com pessoas geniais (Freud, Klimt, Bruckner…) e deixou um enorme legado na música – tanto suas composições quanto na forma de reger e dirigir as grandes orquestras.
A gravação desta postagem não é a mais famosa, mas é maravilhosa. Feita em 1957 com a Philharmonia, a excelente orquestra criada por Walter Legge para a EMI, aqui está nas mãos de Paul Kletzki. O local da gravação é o Kingsway Hall e o pessoal técnico, com produção de Victor Olof, é excelente. O que mais gosto dela é a maneira como apresenta a música, com clareza e simplicidade, mas também com a sutileza necessária.
O que então deve lhe chamar a atenção nesta viagem pelo universo deste complexo compositor? Começamos com a orquestração. Mahler sabia tudo sobre isso, na teoria e na prática. Suas obras demandam orquestras enormes, gigantescas, muitos instrumentos, especialmente na percussão. Mas, ao ouvir essa sinfonia, perceberá um tratamento quase camerístico da orquestra. Grupos de instrumentos combinados de forma contrastante, muitos solos, para terror dos músicos.
O primeiro movimento desta sinfonia inicia com flautas acompanhadas do chocalho de sinos de um trenó de neve (Schelle, em alemão, sleighbells, em inglês) – percussão – seguidas de cordas e tropas, muitas trompas em Mahler. A outra coisa que você notará é a quantidade de diferentes ritmos, criando diferentes episódios dentro de um mesmo movimento. Marchas militares, landlers, valsas, irrompem pelo discurso musical, fazendo alusões às suas lembranças. Essa é outra típica característica de Mahler.
O segundo movimento tem um violino afinado um tom mais alto, para que pareça um violino rústico, uma rabeca. Os solos deste instrumento representam uma figura folclórica – folclore, outra característica de Mahler—chamada Freund Hein, que representa a morte. Estes episódios são intercalados por música muito sentimental, num típico movimento sweet and sour.
O terceiro movimento, Ruhevoll (Poco adagio) – Mahler foi um mestre na composição de adágios – é o núcleo da sinfonia e segue por bons vinte minutos. Durante o período que se dedicou à composição desta sinfonia, Mahler estudou a obra de câmera de Schubert, um mestre na arte de prolongar os movimentos de suas peças. A transição do segundo movimento para este terceiro é muito marcante. As palavras do segundo são pizzicato, staccato, staccatissimo. O terceiro movimento abre com as cordas mais graves, violas, violoncelos e contrabaixos, tocados com os arcos. Ao longo deste enorme movimento, Mahler falará das coisas importantes e profundas da vida. Basta prestar atenção. O movimento é uma longa construção para os clímaces finais. Preste atenção na maneira como Mahler usa as harpas. Poucos compositores as usam tão eficientemente. Ao fim deste movimento, chegamos aos portais do céu, que será descrito no quarto movimento.
Inovação, outra coisa de Mahler. Pela primeira vez (na história da música…) um compositor termina uma sinfonia com uma canção, um Lied. A letra vem de uma coleção de poemas anônimos (folclore) chamada Des Knaben Wunderhorn. Mahler já havia musicado vários destes poemas, inclusive este, Das himmlische Leben, uma visão do céu na perspectiva de uma criança. Os Lieder compostos por Mahler sobre esses poemas formam uma coleção à parte e alguns deles foram incorporados a algumas de suas primeiras sinfonias. Estas são então chamadas Sinfonias Wunderhorn e a quarta é uma delas.
A canção que fecha a quarta sinfonia estava destinada à terceira. Mas, para a nossa sorte, esta já estava tão imensa que a cançãozinha ficou de fora e acabou gerando o projeto da quarta.
Para cantar esses versos infantis, Mahler pede uma voz leve de soprano. Nesta gravação isso é atingido com perfeição pela Emmy Loose. A canção narra a vida celestial, verdadeira festa no céu. Comida, bebida, dança e música, liderada por Santa Cecília e as vozes angelicais.
A sinfonia não foi exatamente bem recebida na época de sua estreia, mas o próprio Mahler disse: Meu tempo virá! Muito bem, ouvindo esta gravação e olhando o catálogo de gravações assim como as inúmeras apresentações desta e das demais obras de Mahler por todo o mundo, não é difícil dizer que ele estava certo.
Aproveite esta oportunidade de conhecer um pouco a música de Mahler. Se você já a conhece, então terá todas as razões para apreciar ainda mais esta gravação.
Um registro espetacular de uma obra que não é para amadores, longe disso. O trabalho de Kožená, Skelton e Rattle são nada menos do que espantosos. Santa Magdalena Kožená faz picadinho de nosso coração na Despedida, último e esplêndido movimento da obra. Incrivelmente, trata-se de uma gravação feita ao vivo.
A Canção da Terra (Das Lied von der Erde) consiste num ciclo de seis canções baseadas em antigos poemas chineses, adaptados para o alemão por Hans Bethge. Mahler trabalhou nesta sua obra durante os últimos verões da sua vida. Conseguiu concluí-la em 1911, pouco antes de morrer. Porém, não chegou a ouvir a sua estreia, apesar de a ter interpretado inúmeras vezes ao piano, auxiliado pelo seu amigo e aluno Bruno Walter – que viria a estreá-la em Munique, em Novembro de 1912, um ano e meio após a morte do compositor.
Os poemas que integram o ciclo são toda uma filosofia da existência humana. O primeiro, Das Trinklied vom Jammer der Erde (“A Canção-brinde à Miséria da Terra”) é uma canção que confronta a eternidade da Terra e o caráter efêmero do homem no planeta. O segundo, Der Einsame im Herbst (“O Solitário no Outono”), descreve a Terra envolta numa névoa outonal, como alegoria de desencanto amoroso. O terceiro poema, Von der Jugend (“Da Juventude”), recria imagens da juventude: o ruído de “jovens lindamente vestidos” dentro de “um pavilhão de verde e branca porcelana”. O quarto, Von der Schönheit (“Da Beleza”), retrata uma paisagem campestre, onde a beleza, especialmente a humana, é ressaltada pela luz da natureza e, ao final, um par de jovens trocam calorosos olhares. O quinto, Der Trunkene im Frühling (“O Bêbado na Primavera”) relaciona a vida a um mero sonho e assim o personagem entrega-se ao simples prazer de beber. O sexto, Der Abschied (“A Despedida”), reúne um dos tons mais sombrios e melancólicos desta obra, combinando dois poemas que aludem à nostalgia da amizade e à decisão de partir, num estado de serenidade própria das filosofias budistas e zen.
Mais próximo de Beethoven do que Wagner, Das Lied von der Erde não foi catalogada como sinfonia devido a uma superstição que pesa sobre os compositores: todos têm medo de ultrapassar o número nove. Mas A Canção da Terra é nitidamente uma sinfonia vocal, que culmina a linha sinfônica mahleriana — melancólica e pessimista. E belíssima!
Gustav Mahler (1860-1911): A Canção da Terra
01. Das Lied von der Erde: I. Das Trinklied vom Jammer der Erde
02. Das Lied von der Erde: II. Der Einsame im Herbst
03. Das Lied von der Erde: III. Von der Jugend
04. Das Lied von der Erde: IV. Von der Schönheit
05. Das Lied von der Erde: V. Der Trunkene im Frühling
06. Das Lied von der Erde: VI. Der Abschied
Magdalena Kožená, mezzo-soprano
Stuart Skelton, tenor
Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Sir Simon Rattle
Vou encerrar minha homenagem a Leonard Bernstein com mais uma sensacional gravação realizada em seus tempos de Nova York, desta vez com dois solistas de primeira linha, o barítono Walter Berry e a mezzo – soprano Christa Ludwig cantando Gustav Mahler, ‘Des Knaben Wunderhorn’.
Gustav Mahler – Des Knaben Wunderhorn – Christa Ludwig, Walter Berry, Leonard Bernstein, New York Philharmonic
01. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Der Schildwache Nachtlied
02. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Wer Hat Dies Liedlein Erdacht
03. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Der Tamboursg’sell
04. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Rheinlegendchen
05. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Lied Des Verfolgten Im Turm
06. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Urlicht
07. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Revelge
08. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Des Antonius Von Padua Fischpredig
09. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Verlor’ne Muh’
10. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Wo Die Schonen Trompeten Blasen
11. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Lob Des Hohen Verstandes
12. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Das Irdische Leben
13. Lieder Aus ‘Des Knaben Wunderhorn’ – Trost Im Ungluck
14. Lieder Eines Fahrenden Gesellen – 1. Wenn Mein Schatz Hochzeit Macht
15. Lieder Eines Fahrenden Gesellen – 2. Ging Heut Morgen Ubers Feld
16. Lieder Eines Fahrenden Gesellen – 3. Ich Hab’ Ein Gluhend Messer
17. Lieder Eines Fahrenden Gesellen – 4. Die Zwei Blauen Augen
Christa Ludwig – Mezzo Soprano
Walter Berry – Baritone
New York Philharmonic
Leonard Bernstein – Conductor
Em todos os níveis, creio que esta seja uma das maiores postagens de nosso blog desde seu início. Tenho muito a dizer e aí que não sai nada. Talvez o razoável seja dizer que é uma caixa de 13 CDs que guarda todo um mundo em si.
Como já escrevi dezenas de apresentações às sinfonias de Mahler, desta vez passarei a palavra ao pessoal da Revista Digital, em artigo de Arthur Torelly Franco:
Foi no campo sinfônico que Mahler atingiu seu apogeu como compositor, fato que nos leva a comentar obra sinfônica.
Esta se encontra dividida em três períodos.
As sinfonias do primeiro período (2ª, 3ª e 4ª) são conhecidas como Sinfonias Wunderhorn. A maior parte delas está impregnada pela música que Mahler utilizou em Das Knaben Wunderhorn, ciclo de 24 canções com temática nos poemas compilados por Achim von Arnim e Clemens Brentano.
As sinfonias do segundo período (5ª, 6º e 7ª) costumam ser chamadas Sinfonias Rückert. Elas recebem este nome porque a composição das mesmas foi influenciada pelas composições usadas por Mahler para musicar os poemas de Friedrich Rückert. Elas são puramente instrumentais e as mais trágicas do ciclo de sinfonias de Mahler.
O último período não tem nome e abrange as últimas obras do compositor: sinfonias nº 8, 9 e a inacabada 10ª Sinfonia.
Quanto à 1ª Sinfonia ela usa elementos do Lied Eines Fahrendes Gesellen (Canções de um Viajante Errante) e Das Klagende Lied (A canção da Lamentação). A obra é puramente instrumental.
Sinfonia nº 1 em Ré Maior – Titan (1883-88)
O título foi inspirado na novela escrita por Jean Paul Richter, em 1803. Sua estréia mundial foi no dia 20/11/1889 com a Orquestra Filarmônica de Budapest sob a regência de Mahler.
Sinfonia nº 2 em Dó Menor – Ressurreição (1887-94)
O título da obra está relacionado ao personagem da primeira sinfonia. O primeiro movimento foi denominado de Todtenfeier(Rito Fúnebre). Retrata o dia do Juízo Final. Muito longo e tematicamente complexo. O segundo movimento é uma Pastoral. O quarto movimento é uma introdução ao finale. Neste movimento é interpretada a canção Urlicht do Ciclo Des KnabenWunderhorn.
O quinto movimento nos leva a um colossal finale onde ocorre a ressurreição do herói. O hino Ressurreição é executado por um imenso coral e é de autoria de Friedrich Gottlieb Klopstock (1724-1803).
Na primeira estréia, no dia 4 de março de 1895, em Berlim, foram apresentados os três primeiros movimentos. Richard Strauss foi o regente, conduzindo a Orquestra Filarmônica de Berlim. A sinfonia completa foi apresentada na mesma cidade no dia 13 de dezembro de 1895 com a regência de Mahler. Presentes os maestros Arthur Nikish, Bruno Walter e Félix Weingartner.
Sinfonia nº 3 em Ré Menor (1895-96)
Mahler costumava dizer: Esta sinfonia é meu monstro. Dura cerca de duas horas, é tão longa quanto à 9ª Sinfonia de Schubert e mais longa que a 9ª de Beethoven. Equivale em duração à 8ª sinfonia de Bruckner. Foi dedicada à soprano Anna von Mildenburg à época companheira do autor.
Sinfonia nº4 em Sol Maior (1899-1901)
Uma das mais líricas sinfonias de Mahler. Dura cerca de 50 minutos. Ao final do Adágio do 3º movimento uma solista interpreta um dos textos de Des Knaben Wunderhorn. A estréia mundial ocorreu em Munich no dia 28/11/1901, sob a regência de Mahler. O compositor deixou este relato sobre a obra: Esta sinfonia representa uma fase muito difícil de minha vida, Por isso a sinfonia é difícil de ser aceita. No futuro pouquíssimas pessoas a compreenderão.
Sinfonia nº 5 em Dó Menor (1901-2)
A estréia mundial foi em Colônia, no dia 18 de outubro de1904, sob a regência de Mahler. O primeiro movimento, assim como na segunda sinfonia representa um funeral. O ponto alto desta obra é o Adagietto para harpa e cordas, mundialmente consagrado como trilha sonora do filme Morte em Veneza de Luchino Visconti. Strauss comentou para Mahler: Sua 5º sinfonia me encheu de prazer, apenas atenuado pelo Adagietto, mas sei que ele foi o que mais agradou ao público. Enquanto Mahler compunha a 5ª Sinfonia Debussy proclamava que a forma sinfônica não tinha mais valor. Ela havia morrido junto com Beethoven.
Sinfonia nº 6 em Lá Menor – Trágica (1903-5)
Estreou em Essen no dia 27/5/1906. Mahler escreveu: minha sexta sinfonia só será entendida pela geração que houver digerido minhas primeiras cinco sinfonias.
Sinfonia nº 7 em Mi Menor (1904-6)
Estreou em Praga em 19 de setembro de1908 e teve uma boa acolhida. Uma das mais longas sinfonias de Mahler hoje é uma das menos interpretadas. Para Schönberg esta sinfonia representa o colapso do Romantismo.
Sinfonia nº 8 em Mi Maior (1906-7) Sinfonia dos Mil
Esta obra conta com a presença de três sopranos, dois contraltos, tenor, barítono e baixo. Dois corais juvenis e dois corais de adultos e uma orquestra de dimensões wagnerianas fizeram com que a sinfonia fosse reconhecida como a Sinfonia dos Mil. Ela está dividida em duas seções. A primeira apresenta o hino Veni, creator spiritus e a segunda apresenta o final do Fausto de Goethe. Esta sinfonia foi dedicada à Alma Mahler e estreou em Munich no dia 12 de setembro de 1910. Obteve um grande triunfo junto ao público e foi reapresentada no dia seguinte.
Sinfonia nº 9 em Ré Menor (1909-10)
Já muito doente Mahler temia ter a mesma sina de Beethoven, Schubert e Bruckner que morreram após a composição de sua última sinfonia. Parte dela foi composta em Nova Iorque e ele conseguiu completa-la em 1º de abril de1910, treze meses antes de sua morte. Schönberg e Alban Berg a consideram um de seus melhores trabalhos. Em seu Adagio Molto o compositor despede-se da vida. Assim como aconteceu com Das Lied von der Erde Mahler nunca escutou sua sinfonia. Coube a Bruno Walter conduzi-la pela primeira vez em Viena, em junho de 1912.
No verão de 1910 Mahler deu início ao rascunho de sua 10ª Sinfonia. Ele apenas completou o 1º movimento, um Adagio que costuma ser executado como uma peça individual. Deryck Cooke, com a permissão de Alma Mahler recriou dos esboços deixados pelo autor os quatro movimentos adicionais, mas esta versão raramente consta dos repertórios atuais. Poucos maestros tiveram a ousadia de gravar esta versão completa da 10ª sinfonia de Mahler.
Para os ouvintes que desejam iniciar-se nas sinfonias de Mahler, recomendamos iniciar pela 2ª Sinfonia e posteriormente pela 5ª.
Gustav Mahler (1860-1911): As Sinfonias Completas com Leonard Bernstein
CD 1: Symphonie No. 1
1 Symphonie No. 1 D-dur: I. Langsam. Schleppend. Wie ein Naturlaut – Im anfang sehr gemächlich 16:28
2 Symphonie No. 1 D-dur: II. Kräftig bewegt 9:03
3 Symphonie No. 1 D-dur: III. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen 10:25
4 Symphonie No. 1 D-dur: IV. Stürmisch bewegt 20:09
Total time 56:05
CD 5: Symphonie No. 3
1 Symphonie No. 3 d-moll: IIa. Tempo di Menuetto. Sehr mässig 2:13
2 Symphonie No. 3 d-moll: IIb. L’istesso tempo 1:04
3 Symphonie No. 3 d-moll: IIc. A tempo. Wie im Angang 3:43
4 Symphonie No. 3 d-moll: IId. Ganzg plötzlich gemächlich. Tempo di Menuetto 3:43
5 Symphonie No. 3 d-moll: IIIa. Comodo. Scherzando. Ohne Hast 2:42
6 Symphonie No. 3 d-moll: IIIb. Wieder sehr gemächlich, wie zu Anfang 2:57
7 Symphonie No. 3 d-moll: IIIc. Etwas zurückhaltend 5:34
8 Symphonie No. 3 d-moll: IIId. Schnell und schmetternd wie eine Fanfane – Tempo I. Mit geheimnisvoller Hast 2:47
9 Symphonie No. 3 d-moll: IIIe. Wieder sehr gemächlich, beinahe langsam 4:33
10 Symphonie No. 3 d-moll: IVa. Sehr langsam. Misterioso. Durchaus ppp “O Mensch! Gib acht!” 4:49
11 Symphonie No. 3 d-moll: IVb. Più mosso subito 4:45
12 Symphonie No. 3 d-moll: V. Lustig im Tempo und keck im Ausdruck “Bimm bamm / Es sungen drei Engel” 4:06
13 Symphonie No. 3 d-moll: VIa. Langsam. Ruhevoll. Empfunden 5:04
14 Symphonie No. 3 d-moll: VIb. Nicht mehr so breit 3:37
15 Symphonie No. 3 d-moll: VIc. Tempo I. Ruhevoll 3:45
16 Symphonie No. 3 d-moll: VId. Nicht mehr so breit 4:36
17 Symphonie No. 3 d-moll: VIe. Tempo I 3:18
18 Symphonie No. 3 d-moll: VIf. Langsam. Tempo I 7:41
Total time 70:57
CD 6: Symphonie No. 4
01. I. Bedächtig. Nicht eilen
02. II. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
03. III. Ruhevoll
04. IV. Das himmlische Leben. Sehr behaglich
CD 8: Symphonie No. 6
1 Symphonie No. 6 a-moll: I. Allegro energico, ma non troppo. Heftig, aber markig 23:00
2 Symphonie No. 6 a-moll: II. Scherzo. Wuchtig 14:15
3 Symphonie No. 6 a-moll: III. Andante moderato 17:20
Total time 54:35
Estive atrás desta gravação nas últimas duas semanas como um doido. Finalmente a encontrei, e não posso deixar de traze-la novamente para os senhores. Lá em 2010 nosso colaborador Carlinus a trouxe, e claro que depois de tanto tempo o link já expirou. Então trago novamente esta que considero uma das melhores gravações já realizadas desta obra prima mahleriana, gravada no apogeu da carreira dos solistas, e com Otto Klemperer já em seus últimos de vida, com toda a maestria de sua regência.
Mas volto a destacar os solistas, o tenor Fritz Wunderlich e a magnífica mezzo soprano Christa Ludwig. Esta foi uma das últimas gravações que Wunderlich realizou, pois veio a falecer precocemente, aos 36 anos de idade, após cair de uma escada. Funciona tudo perfeitamente aqui. A precisão de Klemperer, a voz angustiante de Wunderlich, como se prenunciando sua morte próxima, a dor na voz de Christa Ludwig, que vinha se consolidando com uma das maiores mezzo – sopranos de todos os tempos. Aliás, ela viria a gravar esta obra novamente, alguns anos mais tarde, com Herbert von Karajan e René Kollo, mas isso é assunto para outra postagem.
Ouçam, ouçam novamente, e não se preocupem em ouvir de novo. Podem ouvir sem moderação. Não se esqueçam do lenço, pois tenho certeza que em certos momentos uma lágrima vai brotar em seus olhos. Esta obra é o ápice da vida de Gustav Mahler.
Maiores informações sobre a obra os senhores encontram aquimesmo no PQPBach.
P.S. Contribuição de nosso querido Mario Oliveiro:
“Parabéns pela postagem. Eu tenho uma queda por esta peça e tenho inúmeras gravações, esta entre elas. Realmente, a contribuição dos solistas, combinada com a regência (como foi propriamente observado no texto) do Herr Klemperer torna o disco muito especial. No entanto, gostaria de mencionar que a gravação ocorreu em um momento turbulento da vida dos artistas envolvidos. Há dois nomes para a orquestra: Philharmonia e New Philharmonia, nos créditos do disco. Isso porque a gravação foi feita assim: primeiro um dos solistas (confesso não saber qual foi primeiro) gravou sua parte. Então, Walter Legge, que era o general da banda, o produtor kaiser (apesar de inglês) da EMI, desmantelou a orquestra. A orquestra se tornou então uma instituição auto-gerenciada, Klemperer assumiu o papel de diretor geral. Só então, com o novo nome, foram ao estúdio com o outro solista e gravaram o resto do disco. E o disco se apresenta com uma unidade perfeita, não revelando a turbulência que se passava nos bastidores. Eita profissionalismo…”
01. Das Trinklied vom Jammer der Erde
02. Der Einsame im Herbst
03. Von der Jugend
04. Von der Schnheit
05. Der Trunkene im Frühling
06. Der Abschied
Christa Ludwig – Mezzo Soprano
Fritz Wunderlich – Tenor
Philharmonia Orchestra
New Philharmonia Orchestra
Otto Klemperer – Conductor
Curiosamente, FDP Bach postou recentemente esta mesma obra com o mesmo Zubin Mehta. Mas, sabe?, provavelmente a versão que ele postou é melhor: aqui, o link. Porém, este PQP que vos escreve sempre mete seu bedelho e diz que as melhores versões são as de Rattle com a CBSO, a de Tilson Thomas e as de Bernstein.
A Sinfonia no 2, em Dó Menor (termina em Mi Bemol Maior) por Gustav Mahler foi escrita entre 1888 e 1894. Ela foi publicada em 1897 e passou por uma revisão em 1910. Ela também é conhecida como Sinfonia da Ressurreição porque faz referências à citada crença cristã. Mahler compôs o primeiro movimento em 10 de setembro de 1888. Em 1893 completou o Andante e o Scherzo. Em fevereiro de 1894, durante os funerais do pianista e regente Hans von Büllow, Mahler ouviu um coro de meninos cantarem o hino Auferstehen (Ressurreição), da autoria de Friedrich Klopstock. O hino impressionou tanto Mahler que ele resolveu incorporá-lo ao Finale da sinfonia que estava em preparação. Ao mesmo tempo decidiu que a Ressurreição seria o tema principal da obra. A Segunda Sinfonia é a primeira sinfonia em que Mahler usa a voz humana. Ela aparece na última parte da obra, no clímax, tal qual a Sinfonia no 9 de Beethoven. Além da influência de Beethoven, percebe-se traços de Bruckner e Wagner na composição. Apesar da origem judia, Mahler sentia fascínio pela liturgia cristã, principalmente pela crença na Ressurreição e Redenção. A Segunda Sinfonia propõe responder à pergunta: “Por que se vive?”. Simbolicamente ela narra a derrota da morte e a redenção final do ser humano, após este ter passado por uma período de incertezas e agruras.
01. Sinfonie Nr. 4 – 1. Bedächtig. Nicht eilen
02. Sinfonie Nr. 4 – 2. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast
03. Sinfonie Nr. 4 – 1. Bedächtig. Nicht eilen
05. Sinfonie Nr. 4 – 4. Sehr behaglich
Kiri te Kenawa – Soprano
Chicago Symphony Orchestra
Sir Georg Solti – Conductor
Não se assustem, hoje vocês terão dose dupla da Segunda Sinfonia de Mahler, conhecida como ‘Ressurreição’. Esta que vos trago, com Solti / CSO, dando continuidade à integral, e na parte da tarde, em seu horário tradicional, PQPBach traz a mesma sinfonia com outra versão que Zubin Mehta fez nos anos 90, frente à Filarmônica de Israel. Dois maestros bem experientes, dirigindo excepcionais conjuntos orquestrais, com visões diferentes da mesma obra. Excelente oportunidade para as devidas comparações e análises.
01. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 1. Allegro maestoso
02. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 2. Andante moderato
03. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 3. In ruhig fliessender Bewegung
04. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 4. Urlicht. Sehr feierlich, aber schlicht
05. Sinfonie Nr.2 ‘Auferstehung’ – 5. Im Tempo des Scherzo
Isobel Buchanan – Soprano
Mira Zakai – Contralto
Chicago Symphony Orchestra
Sir Georg Solti – Conductor
Vamos cobrir uma falta gravíssima aqui do PQPBach: até hoje nenhum dos colegas havia trazido a integral das sinfonias de Mahler com Georges Solti em seus tempos de Chicago. Dia destes até trouxe a Quinta Sinfonia com esta mesma formação, mas a integral é material inédito por aqui.
Uma de cada vez, tá bom? Nada de ir com muita sede ao pote. Vamos aos poucos, começando pelo começo, trazendo a Primeira Sinfonia.
01. Sinfonie Nr.1 D-dur – 1. Langsam. Schleppend. Wie ein Naturlaut
02. Sinfonie Nr.1 D-dur – 2. Kräftig bewegt, doch nicht zu schnell
03. Sinfonie Nr.1 D-dur – 3. Feierlich und gemessen, ohne zu schleppen
04. Sinfonie Nr.1 D-dur – 4. Stürmisch bewegt
Minha intenção aqui é apenas a de completar o ciclo do “The Mahler Project”, dirigido pelo maestro inglês Michael Tilson Thomas, que traz a obra vocal de Mahler. São três belíssimos CDs, que, junto com as gravações das sinfonias, já se consolidaram como uma das grandes gravações mahlerianas deste começo de século XX. Nosso mentor PQPBach já postou as sinfonias, por duas vezes por sinal, agora é a vez da obra vocal.
Como informado acima, Michael Tilson Thomas está aqui, como em todo o projeto, dirigindo a Sinfônica de San Francisco, e tem excelentes solistas a seu dispor: o barítono Thomas Hampson e a mezzo soprano Susan Graham, o tenor Thomas Moser, o barítono Sergei Leiferkus e a soprano Marina Shaguch, e para completar, a mezzo soprano Michelle DeYoung.
Das Klagende Lied
01 I. Waldmarchen. Langsam und traumerisch
02 II. Der Spielmann. Sehr gehalten
03 III. Hochzeitsstuck. Heftig bewegt
Thomas Moser – Tenor
Sergei Leiferkus – Baritone
Marina Shaguch – Soprano
Michelle DeYoung – Mezzo Soprano
San Francisco Symphony Orchestra
San Francisco Symphony Chorus
Michael Tilson Thomas – Conductor
01 Lieder Eines Fahrenden Gesellen- Wenn Mein Schatz Hochzeit Macht
02 Lieder Eines Fahrenden Gesellen- Ging Heut’ Morgen Übers Feld
03 Lieder Eines Fahrenden Gesellen- Ich Hab’ Ein Glühend Messer
04 Lieder Eines Fahrenden Gesellen- Die Zwei Blauen Augen Von Meinem Schatz
05 Rückert-Lieder- Ich Atmet’ Einen Linden Duft
06 Rückert-Lieder- Blicke Mir Nicht In Die Lieder
07 Rückert-Lieder- Liebst Du Um Schönheit
08 Rückert-Lieder- Um Mitternacht
09 Rückert-Lieder- Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen
10 Des Knaben Wunderhorn- Lied Des Verfolgten Im Turm
11 Des Knaben Wunderhorn- Der Tamboursg’sell
12 Des Knaben Wunderhorn- Wo Die Schönen Trompeten Blasen
13 Des Knaben Wunderhorn- Revelge
14 Des Knaben Wunderhorn- Urlicht
Thomas Hampson – Baritone
Susan Graham – Mezzo Soprano
San Francisco Symphony Orchestra
Michael Tilson Thomas – Conductor, Piano
Esta é, para muitos, uma das melhores gravações da Segunda Sinfonia de Mahler, intitulada “Ressurreição”. É uma grande obra, com grande orquestra, coro e solistas, e solidamente construída.
Nunca morri de amores por Zubin Mehta, mas esta sua gravação é sensacional. A impressão que me passa é que tudo conspirou a seu favor: uma orquestra espetacular, um coral magnífico e duas solistas no apogeu de suas carreiras. Alguns comentários dos clientes da amazon:
“A pinnacle for Mehta”,
“Desert Island version of the Mahler 2nd.”
“The Absolute Creme of the Creme”
“The best all around Resurrection ever recorded.”
Os comentários acima mostram a importância desta gravação que recomendo ser ouvida com atenção, sem maiores interrupções, sentados em suas melhores poltronas, de preferência usando um bom fone de ouvido, pois ela está cheia de detalhes, ricamente explorados por esta, repito e não temo em ser redundante, espetacular orquestra. E provavelmente foi o grande momento da vida de Zubin Mehta.
1 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 1. Allegro maestoso. Mit durchaus ernstem und feierlichem Ausdruck
2 Symphony No.2 In C Minor – “Resurrection” – 2. Andante Moderato. Sehr Gemächlich
3 Symphony No.2 In C Minor – “Resurrection” – 3. Scherzo: In Ruhig Fliessender Bewegung
4 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 4. “O Röschen rot! Der Mensch liegt in grösster Not!”
5 Symphony No.2 In C Minor – “Resurrection” – 5a. Im Tempo Des Scherzos. Wild Herausfahrend
6 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 5b. Maestoso. Sehr zurückhaltend – Wieder zurückhaltend –
7 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 5c. Sehr langsam und gedehnt –
8 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 5d. “Aufersteh’n, ja aufersteh’n wirst du” (Langsam. Misterioso) – “Auferstehung”
9 Symphony No.2 in C minor – “Resurrection” – 5e. “O glaube, mein Herz, o glaube”
Ileana Cotrubas – Soprano
Christa Ludwig – Contralto
Wiener Staatsopernchor
Wiener Philharmoniker
Zubin Mehta – Conductor
Sim, é Mahler. E sim, é jazz contemporâneo e experimental. Trata-se de um disco de 1999 onde o The Uri Caine Ensemble toca temas de Mahler com imensa liberdade. Uri Caine iniciou seus estudos de piano aos sete anos de idade e teve lições com o pianista francês de jazz Bernard Peiffer aos 12. Estudou na Universidade da Pensilvânia tendo por tutor George Crumb. Com ele, adquiriu familiaridade com a música clássica, mas iniciou sua carreira como pianista de jazz em Filadélfia. Na década de 1980 foi viver em Nova Iorque. Caine, que tem gravados 16 álbuns, é muito apreciado pelas suas ecléticas e inventivas interpretações do repertório clássico. Este seu tributo em versão jazz para Gustav Mahler, gravado em 1999, recebeu um prêmio da Sociedade Alemã Mahleriana, embora tenha havido polêmica devido ao conservadorismo de alguns membros do júri. Caine também trabalhou nas Variações Goldberg de Bach, nas Variações Diabelli de Beethoven, bem como reinterpretou diversas obras de Wagner e Mozart. É um álbum certamente muito original, daqueles para se amar ou odiar. Eu estou no primeiro grupo.
The Uri Caine Ensemble: Gustav Mahler In Toblach
CD 1
1-1 Symphonie Nr. 5, Trauermarsch = Symphony No. 5, Funeral March 7:06
1-2 Oft Denk’ Ich, Sie Sind Nur Ausgegangen! Aus »Kindertotenlieder« = I Often Think They Have Merely Gone Out! From »Songs Of The Death Of Children« 10:24
1-3 Nun Will Die Sonn So Hell Aufgehn Aus »Kindertotenlieder« = Now Will The Sun Rise As Brightly »From Songs Of The Death Of Children« 5:35
1-4 Der Tamboursg’sell Aus »Des Knaben Wunderhorn« = The Drummer Boy From »The Boy’s Magic Horn« 14:03
1-5 Einleitung Zur Symphonie Nr. 5, Adagietto = Introduction To Symphony No. 5, Adagietto 1:53
1-6 Symphonie Nr. 5, Adagietto = Symphony No. 5, Adagietto 12:42
CD 2
2-1 Symphonie Nr. 1 »Titan« 3. Satz = Symphony No. 1 »Titan«, 3rd Movement 13:22
2-2 Ging Heut’ Morgen Übers Feld Aus »Lieder Eines Fahrenden Gesellen«, Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Andante Moderato = I Went Out This Morning Over The Countryside From »Songs Of A Wayfarer«, Symphony No. 2 »Resurrection«, Andante Moderato 13:26
2-3 Symphonie Nr. 2 »Auferstehungs-Symphonie«, Urlicht = Symphony No. 2 »Resurrection«, Primal Light 2:34
2-4 Interlude Zu »Der Abschied« = Interlude To »The Farewell« From »The Song Of The Earth« 1:49
2-5 Der Abschied Aus »Das Lied Von Der Erde« = The Farewell From »The Song Of The Earth« 26:25
Acoustic Bass – Michael Formanek
Alto Saxophone – David Binney
Arranged By [All Compositions Arranged By], Adapted By [All Compositions Adapted By] – Uri Caine
Drums – Jim Black
Piano, Keyboards – Uri Caine
Trumpet – Ralph Alessi
Turntables, Electronics [Live Electronics] – DJ Olive
Violin – Mark Feldman
Vocals, Oud – Aaron Bensoussan