PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 1/11/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 26/3/2020 e 6/5/2022
Uma sinfonia não tão badalada e outra badaladíssima, então aqui temos a 4ª e a 7ª sinfonias.
O curioso da 4ª sinfonia é que Beethoven retorma à forma clássica em sua abertura, num adagio tipicamente haydniano mas logo após a sisudez o que temos é um belo exemplo de como a escrita beethoveniana estava se aperfeiçando. A utilização de sopros para introduzir temas já tem ecos da 6ª sinfonia, e o tema desenvolvido se torna alegre, solto, festivo em alguns momentos. E curiosamente lembra também a 7ª, esta sim, entre as duas aqui postadas, um exemplo de maturidade e total domínio da orquestra. Comparações são inevitáveis, e para mim, a gravação definitiva da 7ª Sinfonia sempre será a de Carlos Kleiber, mas gosto é gosto, e até pode se discutir, mas mudá-lo já é outra história.
Pois bem, neste primeiro dia de feriadão (ao menos para mim) nem vou me prolongar muito, e deixarei que Otto Klemperer e sua excepcional Philharmonia Orchestra digam ao que vieram e lhes proporcionem 74 minutos de prazer e emoção.
Bom feriadão para todos. Como 70 % da população de minha cidade, amanhã de manhã pego a estrada e volto apenas no domingo. Eu mereço. Ou pelo menos fiz por merecer.
01. 1. Symphony n° 4, op. 60 – Adagio – Allegro vivace
02. 2. Adagio
03. 3. Menuetto. Allegro vivace – Trio. Un poco meno allegro
04. 4. Allegro ma non troppo
05. 1. Symphony n° 7, op. 92 – Poco sostenuto – Vivace
06. 2. Allegretto
07. 3. Presto – Assai meno presto
08. 4. Allegro con brio
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 24/11/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 25/3/2020 e 6/5/2022
ARQUIVO CORRIGIDO COM NOVO LINK !!!!!!!!!!
Os números dos downloads dos primeiros dois cds são motivadores quando se trata de uma postagem tão longa quanto esta (220 downloads cada cd). Ainda mais morando longe dos grandes centros, com uma estrutura de internet precária como a minha, é preciso paciência para subir tantos cds assim, por isso invejo o colega Bisnaga, que está botando no ar uma coleção imensa como a da Callas.
Mas Beethoven é Beethoven, e por isso preciso dar continuidade na coleção.
Este terceiro CD traz duas sinfonias diferentes em sua concepção. A Quinta Sinfonia dispensa comentários. E adoro o tom haydniano-mozartiano tardio empregado na Segunda Sinfonia. Já comentei em outra integral destas sinfonias que postei que os dois gênios do classicismo são facilmente identificáveis nesta sinfonia mas também já é possível reconhecer a linguagem beethoveeniana se estruturando, criando vida própria, e se impondo. Citando Maynard Ferguson, “a Segunda Sinfonia, op. 36, já é obra de um mestre maduro que está liquidando contas – ou fazendo a paz – com a tradição sinfônica clássica antes de embarcar numa viagem musical sem precedentes. É uma obra que tem características retrospectivas e prospectivas: está firmemente enraizada nas últimas sinfonias de Mozart e Haydn, ao mesmo tempo que prenuncia os desenvolvimentos subsequentes de Beethoven por seus contrastes dinâmicos, modulações inesperadas e movimento propulsivo, tudo controlado por um confiante e fluente classicismo”.
Klemperer continua com total domínio da excepcional Philharmonia Orchestra, e mostra toda sua categoria e maturidade com uma Quinta Sinfonia que pode assustar alguns karajanmaníacos, como eu próprio, mas depois de um tempo entendemos sua proposta e então nos deliciamos com uma das melhores gravações desta sinfonia que já tive a oportunidade de ouvir.
01 Symphony n° 2, op. 36 – 1. Adagio molto – Allegro con brio
02. 2. Larghetto
03. 3. Scherzo and Trio. Allegro
04. 4. Allegro molto
05. 1. Symphony n°5, em C Minor, op. 67 – Allegro con brio
06. 2. Andante con moto – Piu mosso – Tempo I
07. 3. Allegro –
08. 4. Allegro – Presto
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 20/10/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 24/3/2020 e 6/5/2022
Continuo com a integral das Sinfonias de Beethoven com Otto Klemperer. Problemas com o uploaded.to e a falta de confiança em qualquer outro servidor de armazenamento me fizeram voltar para o rapidshare.
E aqui o negócio se torna mais sério. Temos a mítica Sinfonia n°3, também conhecida como “Eroica”. Dia destes PQPBach postou uma versão com o Fricsay, e a considerava a mais perfeita que já ouvira. Sugiro então que se faça a comparação entre estes dois gigantes da regência. Talvez Fricsay tenha certa vantagem pelo fato de ter atingido tal maturidade musical tão precocemente, lembrando que ele morreu com 46 anos de idade, ou seja, era mais jovem quando a gravou, enquanto que Klemperer já estava com 85 anos de idade quando encarou o desafio de gravar esta integral. Claro que esta não foi sua única gravação, na verdade, existem dez registros fonográficos que ele realizou desta sinfonia. Algumas em estúdio, outras ao vivo, em broadcasting. O próprio Karajan considera as interpretações da “Eroica” pelo Klemperer a base de suas próprias interpretações.
Alguns podem achar que o bom velhinho desacelerou um pouco na Marcia Funebre (16:53), mas no conjunto a leitura que Klemperer faz desta sinfonia, que é a divisora de águas das sinfonias é, em minha modesta opinião, perfeita. Claro que a orquestra ajuda, mas podemos sentir o pulso do regente alemão controlando cada nuance, cada detalhe da música. Para se ouvir sem medo, e várias vezes. De preferência, sentados em suas melhores poltronas, apreciando um bom vinho.
P.S. – Aos 62 primeiros downloaders deste arquivo peço desculpas, mas troquei os links e disponibilizei as sinfonias de n°2 e 5. O link com a 3ª Sinfonia já está corrigido.
01. Symphonie Nr. 3 Es-dur op. 55 – I. Allegro con brio
02. II. Marcia funebre Adagio assai
03. III. Scherzo und Trio Allegro vivace
04. IV. Finale Allegro molto – Poco andante – Presto
05. Grosse Fuge B-dur op. 133
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 19/10/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 23/3/2020
LINK CORRIGIDO !
Alguém dia destes pediu a Sinfonia Pastoral com o Klemperer, e pensei então, por que apenas a Sinfonia Pastoral e não todas elas com o bom velhinho Otto Klemperer, no apogeu de seus 85 anos de idade? São gravações de primeiríssima linha com um dos grandes nomes da regência do século XX. Coisa de gente grande, para baixar e guardar, para ouvir com carinho sempre que se tiver vontade.
Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – CD 1 de 6 – Otto Klemperer, Philharmonia Orchestra
01. Symphony n° 1 in C Major, op. 21. Adagio molto – Allegro con brio
02. 2. Andante cantabile con moto
03. 3. Menuetto and Trio. Allegro molto e vivace
04. 4. Adagio – Allegro molto e vivace
05. Symphony n°6 in F Major, op. 68 ´Pastoral´ 1. Allegro ma non troppo
06. 2. Andante molto mosso
07. 3. Allegro – In tempo d’allegro – Tempo I –
08. 4. Allegro –
09. 5. Allegretto
Philharmonia Orchestra of London
Otto Klemperer – Conductor
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 25 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 22/3/2020 (ReRestaurado por RD em 11/11/2020)
Muito bem, para encerrar mais esta saga, eis os dois últimos cds da série de Sonatas de Beethoven gravadas pelo grande pianista russo Emil Gilels. Sei que várias outras versões foram postadas, mas sempre partimos do seguinte princípio: qualidade, ao invés de quantidade. E não quero crer que alguém não goste desta variedade saudável.
Tenho estado ocupado nos últimos tempos, sem poder me dedicar muito ao blog, mas sei que ele está em boas mãos. A variedade que está sendo oferecida me deixa feliz, assim como os comentários. E claro, os números… média de 2000 acessos diários.. isso sim é um sucesso… o mano pqp soube escolher muito bem os colaboradores, e cada vez mais me surpreendo com a qualidade das postagens, e os textos que as apresentam.
Enfim, agora temos 6 peso pesados do repertório pianístico, entre elas a sensível “Les Adieux”, op. 81a, e a poderosa “Hammerklavier”, de op. 106, todas conhecidas dos senhores, por isso nem preciso entrar em maiores detalhes.
Musical and wise Beethoven, Exceptional recording, são alguns dos adjetivos aplicados pelos clientes da amazon para estas gravações de Gilels. Aliás, o adjetivo inteligente é muito bem aplicado, pois a técnica de Gilels permite identificar a genialidade beethoviniana por trás de cada nota, ainda mais quando se trata destes últimos opus. Como salientou nossa querida Clara Schumann, antes de tudo, o que temos aqui é um pianista preocupado com a clareza de seu fraseado. E creio que ela saiba do que está falando, afinal de contas, já foi considerada uma das grandes pianistas de seu tempo, e seu marido era outro mestre do instrumento.
Em outra ocasião postarei a versão de Wilhelm Kempff, outro monstro neste repertório, para as devidas “comparações”, já que este é um dos objetivos do blog.
Pois então, conituemos com esta “overdose” pianística.
Ludwig van Beethoven – Sonatas Opp. 81a, 90, 109 & 110, Sonatas Opp. 101 & 106
CD 8 – Sonatas Opp. 81a, 90, 109 & 110 – Gilels
01 – Sonate No.26 Es-dur op.81a ‘Les Adieux’ – 1. Das Lebewohl Adagio – Allegro
02 – Sonate No.26 Es-dur op.81a ‘Les Adieux’ – 2. Abwesenheit Andante espressivo
03 – Sonate No.26 Es-dur op.81a ‘Les Adieux’ – 3. Das Wiedersehen Vivacissimamente
04 – Sonate No.27 e-moll op.90 – 1. Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung
05 – Sonate No.27 e-moll op.90 – 2. Nicht zu geschwind und sehr singbar vorzutragen
06 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 1. Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
07 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 2. Prestissimo
08 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 3. Gesangvoll, mit innigster Empfindung
09 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 4. Variation I molto espressivo
10 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 5. Variation II Leggiermente
11 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 6. Variation III Allegro vivace
12 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 7. Variation IV Etwas langsamer als das Thema
13 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 8. Variation V Allegro, ma non troppo
14 – Sonate No.30 E-dur op.109 – 9. Variation VI Tempo I del tema
15 – Sonate No.31 As-dur op.110 – 1. Moderato cantabile molto espressivo
16 – Sonate No.31 As-dur op.110 – 2. Allegro molto
17 – Sonate No.31 As-dur op.110 – 3. Adagio ma non troppo – Fuga
CD 9 – Sonatas Opp. 101 & 106
01 – Sonata No.28 in A, Op.101 – 1. Allegretto ma non troppo
02 – Sonata No.28 in A, Op.101 – 2. Vivace alla Marcia
03 – Sonata No.28 in A, Op.101 – 3. Adagio ma non troppo, con affetto
04 – Sonata No.28 in A, Op.101 – 4. Allegro
05 – Sonata No.29 in B flat, Op.106 Hammerklavier – 1. Allegro
06 – Sonata No.29 in B flat, Op.106 Hammerklavier – 2. Scherzo. Assai vivace
07 – Sonata No.29 in B flat, Op.106 Hammerklavier – 3. Adagio sostenuto
08 – Sonata No.29 in B flat, Op.106 Hammerklavier – 4. Largo – Allegro risoluto
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 22 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 21/3/2020
Dando prosseguimento à saga Gilels/Beethoven, venho com dose dupla. As sonatas op. 31, e as 2 Sonatas Op. 49, além das de Opp. 53, 57 & 79. Isso mesmo, dois cds de uma só vez.
Destaques? Tanto a “Waldstein” quanto a “Apassionata” deixarão os senhores satisfeitos. Mas no conjunto, são dois cds excepcionais, sem dúvida alguma. Gilels sabe exatamente o que está fazendo, e conhece muito bem do assunto.
Deixarei programada para a sexta feira a postagem dos últimos dois cds da série, pois estarei ocupado na sala de aula.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – 3 Sonatas op. 31, 2 Sonatas Op. 49, Opp. 53, 57 & 79
As cinco sonatas para piano e violoncelo compostas por Beethoven têm uma vantagem em relação às sonatas para violino e aos concertos: abrangem as três fases de sua produção musical. Ou seja, em apenas dois CDs, pode-se ouvir um panorama da evolução musical do compositor, de forma mais resumida do que ao ouvirmos as 32 sonatas para piano solo. Como escreveu o pianista Paul Komen, são como peças de um quebra-cabeças que se combinam para formar um retrato de Beethoven em todos os aspectos de sua vida musical.
A primeira fase das obras com opus segue modelos típicos de Haydn e Mozart, mas já com algumas características próprias. As duas sonatas do opus 5 (1796) seguem o mesmo esquema: primeiro movimento lento, como uma preparação para o que está por vir; segundo movimento rápido com um tema marcante; terceiro movimento em rondó, forma caracterizada por uma seção principal (A) que se repete como um refrão, alternando com uma ou mais seções secundárias (B, C, D, etc.)
A segunda fase tem como marco inicial a 3ª Sinfonia, “Heróica (1804), é o Beethoven mais grandioso, da ópera Fidelio (1805) e da 5ª Sinfonia (1808). Esta fase, associada à época das revoluções e guerras napoleônicas, vai mais ou menos até o opus 93 (8ª sinfonia) ou o opus 97 (Trio Arquiduque) ou um pouco depois, não há consenso. A Sonata para piano e violoncelo op. 69 (1807), com seus arroubos de sentimentos à flor da pele desde o primeiro movimento, representa perfeitamente essa face de Beethoven, e é hoje talvez a mais famosa deste ciclo de cinco sonatas. Assim como nas sinfonias mais famosas do compositor, a obra não tem aquela introdução lenta típica do classicismo vienense: o violoncelo já chega chutando a porta com um tema bastante sentimental (Allegro ma non tanto – uma boa descrição do caráter de toda a sonata).
E finalmente a última fase, de cerca de 1811 até sua morte em 1827, quando o compositor compôs poucas obras por ano, mas cada vez mais complexas, menos destinadas a agradar ao público da época e mais voltadas para o futuro (já surdo, ele provavelmente ligava pouco para os aplausos). Nesta última fase, em quase todas as obras aparece alguma fuga, forma musical típica dos tempos de J.S.Bach. Assim, Beethoven olha para o futuro ao mesmo tempo em que intensifica o estudo dos mestres do passado.
Na segunda metade do século XX, uma série de músicos também buscou estudar profundamente a música do passado a partir dos documentos de época: tratados, cartas, artigos, além, é claro, dos próprios instrumentos e das pistas que eles deixavam sobre a música de tempos idos.
Alexei Lubimov (nascido em Moscou, 1944), um dos pioneiros no uso de pianos de época, escreveu: “cada instrumento pode nos dar pistas sobre o que o compositor estava pensando e ouvindo enquanto trabalhava. Para mim, tocar música antiga em um piano moderno é uma transcrição, não a peça original.”.
O pianoforte Broadwood de 1823, usado nesta gravação, é do mesmo modelo daquele que foi enviado por John Broadwood para Beethoven em 1818 como um presente e homenagem de Clementi e outros amantes da música de Beethoven residentes na Inglaterra, um gesto que o compositor apreciou como uma grande honra. Este instrumento inglês faz uma excelente harmonia com o violoncelo de 1710, também de origem inglesa, produzindo sons que vão do mais frágil pianíssimo até explosões heroicas que levam esses instrumentos ao limite. O som do pianoforte, que dura menos tempo após o dedo sair da tecla (em comparação com pianos modernos), permite que as passagens mais rápidas soem com uma clareza admirável. Por outro lado, na fuga da quinta sonata (de 1815), a clareza contrapontística dos dois russos carecas é imbatível, mesmo 50 anos depois daquela antológica gravação. Na dúvida, fique com os dois: instrumentos modernos e antigos!
O pianoforte inglês Broadwood
Ludwig van Beethoven – Sonatas para Pianoforte e Violoncelo
2-9 Allegro Con Brio
2-10 Adagio Con Molto Sentimento d’Affetto
2-11 Allegro Fugato
Pieter Wispelwey – cello (Barak Norman, 1710)
Paul Komen – pianoforte (Broadwood, 1823)
Gravado na Igreja Protestante de Renswoude, Países Baixos, em Junho de 1991
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 19 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 20/3/2020
A falta de tempo, aliada a clássica preguiça, além de um péssimo serviço prestado nas últimas semanas pelo rapidshare, são os atuais responsáveis pela minha falta de postagens. Ah também não posso esquecer de mencionar a chuva que cai insistentemente nos últimos dias. E estes dias úmidos nos deixam deprimidos. Não podemos fazer nada. O que realmente importa nesta altura do campeonato é que tenho ainda pouco menos de 20 dias de ano letivo.. depois disso, as tão esperadas e sonhadas férias.
Mais três obras primas do repertório pianístico nas mãos de Gilels… sem dúvida, uma excelente companhia para este final de semana chuvoso e sem graça que está fazendo.O destaque é a magnífica “Sonata ao Luar”. Conheci poucas versões tão inspiradas quanto esta. Gilels em seu apogeu.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – CD5 – Beethoven – 2 Sonatas Op. 27, Op. 28 – Gilels
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 15 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 19/3/2020
Trago mais um cd da “integral” incompleta de Beethoven na interpretação de Emil Gilels.
Com esta overdose pianística, pretendo apenas colocar a disposição de nossos leitores / ouvintes, principalmente àqueles que estão começando agora a “penetrar” neste mundo maravilhoso da música chamada clássica, interpretações de qualidade, com músicos de altíssimo nível, sempre ressaltando que minha preocupação antes de tudo é com a qualidade, e não a quantidade.
Gilels interpreta aqui as sonatas No.11 B-dur op.22, No.12 As-dur op.26, e as 15 Variationen mit Fuge Es-dur op.35 ‘Eroica’, e como sempre, com competência de sempre.
Enjoy it.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Sonatas nºs 11, op.22, nº 12, op.26, 15 Variationen mit Fuge Es-dur op.35 ‘Eroica’
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 12 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 18/3/2020
Estou muito feliz com a receptividade de meus últimos posts. No Chopin de Kristian Zimerman já tivemos 271 downloads e com o Beethoven do Gilels já foram quase 100 downloads em menos de 3 dias. Com o Listz de Andsnes, tivemos 111 downloads em menos de três dias. Média excelente. Uma curiosidade: tentei baixar o cd duplo deste norueguês tocando Schubert (as últimas quatro sonatas) do avaxhome, no dia segunte à sua apresentação aqui em minha cidade: pois o rapidshare não havia apagado seus links, sendo que dois dias antes eu os testei e estavam todos funcionando perfeitamente? Coincidência ou dedo durismo, não sei…Enfim, mais chato que isso é o problema que estou tendo com o teclado de meu notebook, que comprei há pouco menos de dois meses.. o cursor insiste em pular para outro lugar enquanto estou escrevendo alguma coisa. Irritante, para não dizer outra coisa.
Pois então, eis mais três sonatas de Beethoven interpretadas pelo grande Emil Gilels. Muitos foram os elogios que ouvi sobre este pianista, um dos maiores de sua geração: sua interpretação é limpa, sem exageros, não se importa com performances mirabolantes e sim procura tirar da música sua essência: a melodia. Minha colega de blog, Clara Schumann, elogiou a clareza de seu fraseado. Pelo que li, o supra sumo desta “integral” é sua Hammerklavier. Veremos… dia destes ainda ouvi esta sonata interpretada por uma jovem pianista russa (jovem à época em que gravou), Galina alguma coisa (desculpem, me atrapalho um pouco com os sobrenomes russos). A juventude desta moça atrapalhou um pouco a interpretação, que achei um tanto quanto abafada, talvez problemas de gravação, mas em certos momentos a achei meio apática, e isso não creio que algum engenheiro de som consiga resolver.
Mas estas 3 sonatas op. 10 trazem um pouco mais da genialidade beethoveniana, nesta fase já começando a tomar forma, tal qual um diamante bruto sendo lapidado. E Emil Gilels, do alto de sua experiência, e claro, talento, dá forma à estas obras primas do repertório pianístico.
Ludwig van Beethoven (1770-1827) – 3 Sonatas op. 10 – Emil Gilels
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 7 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 17/3/2020
Minha troca de emails com o mano pqp tem uma característica interessante: o minimalismo. Muitas vezes ficamos semanas sem nos falar, e quando mando notícias, às vezes extensas, ele simplesmente responde com um Ok, ou então, quando informei que estava postando este Gilels ele respondeu simplesmente “já baixando”.
Quando ele me convidou para fazer parte deste blog, mal tinhamos trocado algumas mensagens no Orkut, mas entendíamos que nossa paixão pela causa era a mesma. Quase dois anos depois, temos a grata satisfação de ver os números: 60.000 mil acessos no mês de setembro. O que mais podemos fazer a não ser agradecer? E como ele falou, o retorno no investimento do blog está bem protegido destas quebradeiras do mercado financeiro internacional, não existe queda de bolsa nesta área. A quantidade de blogs existentes que tem a mesma finalidade quintuplicou, alguns peso pesadíssimos como é o caso do Avaxhome e do classicalheaven, entre milhares de outros, mas o PQP Bach resiste oferecendo antes de tudo, qualidade, e não quantidade (um amigo maluco do mano PQP acaba de postar 154 cds da coleção Bach 2000, que teve a direção do Harnoncourt e do Leonhardt no avaxhome, e no seu próprio blog, o Brainle de Champaigne, cujo link está aí ao lado). Jamais me passaria pela cabeça encarar tal desafio, pois o tempo despendido é imenso e, claro, nosso ADSL é uma piada de mau gosto, com suas velocidades ridículas. Se levo em média uma hora para upar um arquivo de 90 MB para o rapidshare, imagine 154 cds…
Mais um cd da coleção das Sonatas de Beethoven interpretadas por Gilels, entre elas a “Patétique”. Beethoven em excelentes mãos. Fiquei feliz com a recepção destes cds, já que se trata de outro bom velhinho já falecido, como comenta o mano pqp, ao defender seu Pollini. Gilels foi um gigante do teclado, não canso de repetir. Logo estarei postando sua gravação dos concertos de Brahms, incluídos na lista da Grammophone como uma das 100 melhores gravações de todos os tempos.
Ludwig van Beethoven (17670-1827) – Sonatas Opp. 7, 13 & 14 nr.2 – Emil Gilels
PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 7 DE OUTUBRO DE 2008, RESTAURADO POR VASSILY EM 16/3/2020
Sim, eu sei que tinha prometido a mim mesmo dar um tempo nestas integrais, mas como ando pouco inspirado ultimamente, resolvi encarar a empreitada de postar mais uma integral, desta vez com as Sonatas de Beethoven pelas mãos maravilhosas de Emil Gilels. Meu projeto era colocar o Schubert de Brendel, o Schumann de Kempff, ou até mesmo o Beethoven de Brendel, mas sei que a loucura de final de ano nas aulas vai me deixar absolutamente sem tempo, por isso estou postando o que está mais próximo, esta integral de Gilels está disponível no meu HD, enquanto que as outras opções teriam de ser procuradas na bagunça de meus cds e dvds.Além do mais, não se trata de uma integral, pois faltam algumas sonatas, mas o importante aqui não é a quantidade, e sim a qualidade.
Gilels com certeza é um dos gigantes do piano do Século XX. Suas interpretações de Beethoven e Tchaikovsky estão entre as mais importantes, e isso numa época em que a concorrência era grande e pesada (basta lembrarmos de Rubinstein, Sviatoslav Richter, Wilhelm Kempff, para citar alguns).Foi um dos primeiros artistas soviéticos, junto com outro gigante, David Oistrakh, a excursionar pela Europa, em um período em que isso era pouco comum de acontecer, lembrando que falamos do período stalinista. Comecemos com as sonatas da juventude de Beethoven.
Estamos em festa! As postagens homenageando o grande Ludovico estão surgindo, reunindo-se em um grande coro – Millionen – saudando o compositor mais Herz und Verstand que eu conheço!
Os Concertos para Piano ocupam um espaço importante na obra de Beethoven, mas diferentemente das Sonatas para Piano e dos Quartetos de Cordas, que foram produzidos ao longo de todas as fases criativas do mestre, a composição de concertos parou no alto do seu período heroico. De qualquer forma, ouvir os concertos na sequência é uma experiência e tanto, mesmo que isso seja dividido em dois ou três concertos…
O conjunto que escolhi para esta postagem tem a formação não muito usual de solista e regente, pelo menos para Concertos de Beethoven. Essa prática é mais comum para Concertos de Mozart. Além disso, temos uma orquestra de câmera, o que cria uma expectativa de interpretação com tintas de HIP, do movimento de instrumentos de época. Mas nada disso deve preocupar nosso seguidor, pois temos aqui ótimas interpretações e som excelente. Estas gravações são o resultado de um projeto intitulado ‘The Beethoven Journey’, idealizado e levado a cabo pelo pianista norueguês, que é excelente solista e muito atuante em conjuntos de câmera. Ele mesmo explica como foi o projeto: “Com a performance do Concerto para Piano No. 1, de Beethoven, no Festival de Stresa, em agosto de 2011, começarei a minha ‘Jornada Beethoven’ […]. O objetivo deste projeto é tocar e gravar os cinco extraordinários Concertos para Piano com os maravilhosos músicos da Mahler Chamber Orchestra em um ciclo de quatro anos, começando em 2012. Espero que você se junte a nós para esta viagem de descoberta musical que promete ser iluminativa e exuberante”.
O pacote também inclui a Fantasia Coral, que foi escrita para terminar o mastodôntico concerto que Beethoven promoveu em dezembro de 1808, no qual foram apresentadas nada mais do que as Quinta e Sexta Sinfonias.
O projeto começou com os Concertos Nos. 1 e 3, gravados ao vivo no Festival da Primavera de Praga, no histórico auditório chamado Rodolfinum. Em seguida vieram os Concertos Nos 2 e 4, gravados em Londres em 2013. O último álbum foi gravado ao vivo novamente no Festival da Primavera de Praga, em 2014.
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
CD1
Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15
Allegro con brio
Largo
Rondo – Allegro
Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37
Allegro con brio
Largo
Rondo – Allegro
CD2
Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19
Allegro con brio
Adagio
Rondo – Molto allegro
Concerto para Piano No. 4 em sol maior, Op. 58
Allegro moderato
Andante con moto
Rondo (Vivace)
CD3
Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73 ‘Emperor’
Allegro
Adagio um poco moto – attacca
Rondo – Allegro
Fantasia para Piano, Coro e Orquestra em dó menor, Op. 80 ‘Fantasia Coral’
Adagio
Allegro – Allegretto, ma non tropo, quase Andante con moto
Estas gravações estão na lista das melhores gravações das obras de LvB segundo a Gramophone. Vejam como eles são elogiosos, falando do último disco a lançado: ‘As qualidades que fizeram os lançamentos anteriores tão irresistíveis estão presentes aqui também: a naturalidade com que o piano e a orquestra se integram e conversam e, às vezes, medem as suas forças; a leveza das texturas; a sutileza dos detalhes’.
Confira você e depois me diga. Pode usar o famoso ‘LEAVE A COMMENT’, no alto da página.
Vamos deixar os dinossauros descansarem um pouco e vamos ouvir algo bem mais recente, 2014, para ser mais exato. Foi quando o violinista Lorenzo Gatto uniu-se ao maestro Benjamin Levy e à Orchestre de Chambre Pelléas para gravarem o monumental Concerto para Violino de Beethoven, uma das maiores criações de Ludwig, e provavelmente o maior dos Concertos já compostos parar este instrumento.
Alguns mais acostumados com a obra podem estranhar um pouco a sonoridade da Orquestra, afinal se trata de uma Orquestra pequena, ao contrário de uma Sinfônica ou uma Filarmônica com trocentos músicos. Mas creio que esse pequeno número de músicos torna tudo mais intimista, e Lorenzo Gatto pode melhor explorar todo o lirismo da obra. Prestem atenção nos momentos mais lentos do primeiro movimento para melhor entenderem do que estou falando. Gatto é um grande músico, sem dúvida. O texto abaixo foi retirado do site do próprio violinista:
“As Lorenzo says, in an interview by Frederike Berntsen: ‘Beethoven’s freedom, his revolutionary sense of liberty, appeals to me greatly. The structure in his music is very strong, the rhythm powerful. At the same time, there is an idealistic, romantic undertone.’ Conductor Benjamin Levy: ‘We share a strong common ground; to avoid an overly romantic interpretation, we studied the historical practice of playing whilst using modern instruments. Our interpretation is a mix of old and new. We feel that our chamber music like approach makes this music stronger compared to a big orchestra.’ Lorenzo: ‘We do try to convey Beethoven’s message, but not by studying tempo and dynamics with rigor. If his message is one of revolution and ideals, intertwined with life’s tragedies, than why should we think small?’”
Uma grande gravação, com certeza. Lorenzo Gatto ainda é jovem, meros 34 anos de idade, e com certeza irá retornar a este concerto dentro de alguns anos, talvez com uma nova abordagem, um novo entendimento. Quem viver, verá.
01. Die Geschöpfe des Prometheus (The Creatures of Prometheus), ballet, Op. 43 O
02. Violin Concerto in D major, Op. 61 1. Allegro ma non troppo
03. Violin Concerto in D major, Op. 61 2. Larghetto
04. Violin Concerto in D major, Op. 61 3. Rondo Allegro
05. Romance for violin & orchestra No. 1 in G major, Op. 40
06. Romance for violin & orchestra No. 2 in F major, Op. 50
Lorenzo Gatto – Violin
Orchestre de Chambre Pelléas
Benjamin Levy – Conductor
O último volume da aventura fortepianística beethoveniana de PBS segue com o mesmo piano Graf usado no volume anterior e termina, bem, pelo fim. Talvez Beethoven, já completamente surdo, tivesse em sua visionária mente um som bastante distinto destes Grafs, Walters e Broadwoods que ouvimos. Se o som dos modernos pianos de concerto, com seus cepos de aço e mais de sete oitavas, agradaria o legendário turrão, nunca saberemos. Podemos supor que sim, pela insistência com que batia na tecla (desculpem o trocadilho) da ampliação da extensão e da robustez dos instrumentos. O fato é que esta finaleira de PBS é tão boa quanto o volume de abertura, e o som eventualmente tilintante dos agudos e os zumbidos dos baixos, somados aos, como os chama o patrão PQP, ruídos de marcenaria, trazem frescor e riqueza tímbrica para essa genial trinca de obras, que é e sempre será moderna.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
1 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo – Prestissimo
2 – Andante – molto cantabile ed espressivo – Moderato cantabile – Molto espressivo
Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
3 – Allegro molto – Adagio ma non troppo – Fuga – Allegro ma non troppo
Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
4 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
5 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile
Paul Badura-Skoda,hammerflügel (Conrad Graf, Viena, ca. 1824)
Ainda fuçando no baú, encontrei esta pérola, esta jóia, gravada lá em 1953, quando este que vos escreve ainda nem era projeto de gente.
Outro grande beethoveniano, e quiçá o maior intérprete de Mozart do século XX, Robert Casadesus (1899-1972) – realiza aqui uma das mais belas gravações da Sonata ao Luar que já ouvi em minha vida. E olha que já ouvi muita gente tocando isso. Já era um experiente músico na época destas gravações, mas sempre é um prazer imenso podermos ouvir todo o talento deste grande músico, nascido francês, que cruzou o Século mostrando a sua arte ao redor do mundo. Os senhores poderão encontrar muita informação sobre Casadesus no sinte http://www.robertcasadesus.com/index.php?req_lang=en.
Importante salientar que essas gravações ainda foram realizadasm em Mono.
01.Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 – ”Moonlight” I. Adagio sostenuto
02. Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 – ”Moonlight” II. Allegretto
03. Sonata No.14 in C sharp minor, Op.27 No.2 – ”Moonlight” III. Presto Agitato
04. Sonata No.26 in E flat, Op.81 – ”Les Adieux” I. Adagio – Allegro (Les Adieux)
05. Sonata No.26 in E flat, Op.81 – ”Les Adieux” II. Andante espressivo (L’absence)
06. Sonata No.26 in E flat, Op.81 – ”Les Adieux” III. Viviacissimamente (Le Retour)
07. Sonata No.24 in F sharp, Op.78 – ”А Therese” I. Adagio cantabile
08. Sonata No.24 in F sharp, Op.78 – ”А Therese” II. Allegro vivace
09. Sonata No.23 in F minor, Op.57 – ”Appassionata” I. Allegro assai
10. Sonata No.23 in F minor, Op.57 – ”Appassionata” II. Andante con moto-attacca
11. Sonata No.23 in F minor, Op.57 – ”Appassionata” III. Allegro, ma non troppo-Presto
Beethoven só compôs a (prometo ser comedido com adjetivos hiperbólicos) colossal sonata Op. 106 porque o fortepiano tinha sido aperfeiçoado também em feitio colossal, não só pela ampliação de sua extensão para seis oitavas e meia, quanto por fortalecimento em sua estrutura que, se ainda não reforçada por metal, como nos pianos modernos, era incomparavelmente mais robusta que a daqueles instrumentos em que o compositor fora iniciado ao teclado, décadas antes. Muito desses avanços devem-se a construtores como Conrad Graf, cujo ateliê em Viena forneceria instrumentos, entre tantos outros, para Liszt e Chopin, além do próprio Beethoven, que ganhou um fortepiano especial de Graf, com uma corda extra junto a cada tecla, chegando a quatro cordas por nota. A intenção era facilitar-lhe as coisas ante a surdez, mas esta já era tão profunda que Ludwig quase não mais se aproximava do teclado para compor. A única obra para piano que publicaria depois do presente seria o arranjo para quatro mãos da Grande Fuga (Op. 134). Depois de sua morte, o piano foi devolvido a Graf, e acabou na Beethoven-Haus de Bonn, onde, claro, é conhecido como o “piano de Beethoven” – o que não é mentira, mas também não é uma verdade vibrante.
Sobre a Op. 106 nós já escrevemos tanto em outras ocasiões que privaremos os leitores-ouvintes de mais mortificação. Aponto, somente, que a Sonata Op. 101, que encerra o disco, também foi chamada “für der Hammerklavier” (“para o piano de martelos”), mas o termo só colou como apelido em sua irmã mais nova e transcendental. Embora longe das dificuldades acachapantes da Op. 106, ela também exige um piano como o de Graf, particularmente no maravilhoso, contrapontístico finale. PBS sai-se tão bem que, mesmo depois da “Hammerklavier” mais famosa, esta “Hammerklavier” soa como um belo poslúdio, e não como anticlímax.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
1 – Allegro
2 – Scherzo: Assai vivace
3 – Adagio sostenuto
4 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto
Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
5 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
6 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
7 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
8 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro.
Paul Badura-Skoda,hammerflügel (Conrad Graf, Viena, ca. 1824)
Dentro da série ‘Quando os Dinossauros andavam sobre a Terra’ trago para os senhores um dos maiores pianistas do século XX, e um dos principais intérpretes de Beethoven, Emil Gilels, interpretando os Concertos para Piano de gênio de Bonn, isso lá nos idos de 1947, no pós guerra, e no início da Guerra Fria. Gilels, Kondrashin e Sanderling realizaram outros registros destes mesmos concertos, mas esse aqui creio que é bem especial. Gilels, especialmente, tem um outro ciclo gravado com Geoge Szell, que pretendo trazer em outra ocasião, assim como a bela gravação de Sanderling com Mitsuko Uchida, bem mais recente, é claro. São todos registros históricos, e já que estamos em pleno Ano Beethoven, vamos aproveitar para mostrar para os senhores estes registros mais antigos.
Lembro que a gravação ainda foi realizada em Mono.
Um sanduíche de sonatas parrudas com recheio leve: as sonatinas Op. 49, que mal conseguem dar o ar de sua muita graça após o portento da “Waldstein”, e a pobre Op. 54, que já nasceu eclipsada pelas gigantes que aqui também a antecedem e a sucedem, embora seja uma ótima e primorosamente concisa composição. Dou-me conta de que faltou eu lhes sugerir aquilo que o patrão PQP sempre faz, que é começar a audição de uma série de sonatas justamente pela “Waldstein”, para saber se o resto vale a pena. Eu acho que PBS se sai muito bem, assim como o piano Broadwood de 1815 – que, se comparado ao instrumento de 1796 do mesmo fabricante que quase rompeu as costuras com a Sonata Op. 7, atesta a notável evolução que houve nos recursos do pianoforte concomitantemente à carreira de Beethoven.
Ludwig van Beethoven (1770-1827)
Sonata para piano em Dó maior, Op. 53, “Waldstein”
1 – Allegro con brio
2 – Introduzione. Adagio molto
3 – Rondo. Allegretto moderato. Prestissimo.
Duas sonatas para piano, Op. 49
No. 1 em Sol menor
4 – Andante
5 – Rondo. Allegro
No. 2 em Sol maior
6 – Allegro ma non troppo
7 – Tempo di menuetto
Sonata para piano em Fá maior, Op. 54
8 – In tempo d’un menuetto
9 – Allegretto. Più allegro
Sonata para piano em Fá menor, Op. 57, “Appassionata”
10 – Allegro assai
11 – Andante con moto
12 – Allegro ma non troppo – Presto
Paul Badura-Skoda, piano (John Broadwood, Londres, ca. 1815)
Ontem, um piano boêmio. Hoje, o piano do morávio Georg Hasska. Tem cinco oitavas e meia, em vez das meras cinco a que Beethoven se acostumara desde que foi apresentado a um pianoforte, e nelas Ludwig se esbalda em algumas de suas obras mais originais. Embora haja no disco sonatas mais votadas – como aquelas alcunhadas “A Caça” e “Les Adieux” -, meu xodó será sempre a Op. 78, aquela de menos votada alcunha, “À Thérèse”, um primor de concisão e criatividade suprassumamente beethovenianas.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três sonatas para piano, Op. 31
No. 3 em Mi bemol maior
1 – Allegro
2 – Scherzo. Allegretto vivace
3 – Menuetto. Moderato e grazioso
4 – Presto con fuoco
Sonata para piano em Fá sustenido maior, Op. 78, “À Thérèse”
5 – Adagio cantabile — Allegro ma non troppo
6 – Allegro vivace
Sonata para piano em Sol maior, Op. 79
7 – Presto alla tedesca
8 – Andante
9 – Vivace
Sonata para piano em Mi bemol maior, Op. 81a (“Lebewohl”/”Les adieux”
10 – Das Lebewohl: Adagio – Allegro
11 – Abwesenheit: Andante espressivo (In gehender Bewegung, doch mit viel Ausdruck)
12 – Das Wiedersehen: Vivacissimamente (Im lebhaftesten Zeitmaße)
Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
13 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
14 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen
Paul Badura-Skoda, piano (Georg Hasska, Viena, ca. 1815)
Nem bem falamos ontem da parruda sequência de sonatas Opp. 26-28, e eis que “Pastoral” nos aparece para fechá-la. Este piano boêmio (porque de Praga, capital da Boêmia, e não porque da boemia), feito no ateliê de Caspar Schmidt, era muito popular pela riqueza de timbres e por algumas armas secretas, como os “efeitos turcos” – entre os quais chocalhos, pratos e tambores – acionados por um de seus seis pedais. Este espécime que ouviremos, que também pertencia a PBS, soluça em alguns registros, mas nada que não tire o deleite de ouvir a beleza da “Pastoral” e das duas primeiras sonatas do Op. 31 por seus martelinhos – seus efeitos de pedal, em especial o “una corda”, que nos podem soar de antemão estranhos, acabam por ser fascinantes, especialmente no movimento lento da Op. 31 no. 1 e na “Tempestade”.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para piano em Ré maior, Op. 28, “Pastoral”
01 – Allegro
02 – Andante
03 – Scherzo: Allegro vivace
04 – Rondo: Allegro ma non troppo
Os melhores pianistas vivos em nosso planeta são Maurizio Pollini, Martha Argerich, Grigory Sokolov e Angela Hewitt. Dito assim como se fosse uma lei — e para mim é –, escrevamos um pouco sobre o último CD deste semideus. É que Pollini acaba de regravar as 3 últimas sonatas para piano de Beethoven. Ele gravara as 5 últimas em 3 lendários discos de vinil nos anos 70, após transformados em um CD duplo. Estas foram gravações ultrapremiadas — campeoníssimas mesmo! — que se tornaram referência absoluta.
De qualquer modo, a DG tinha uma dívida no ciclo Beethoven de Maurizio Pollini, lançado em 2014 e que continha gravações que vinham desde o final da década de 1970 até a de 2010. As últimas sonatas para piano, nº 28-32, eram as únicas que estavam em gravação analógica, enquanto que algumas das outras sonatas tinham sido regravadas em formato digital antes do lançamento do ciclo completo. É que havia o consenso geral — se isso é possível no mundo das críticas da música clássica –, de que simplesmente não havia necessidade de regravar algumas das performances mais destacadas de Beethoven no catálogo, especialmente o “Hammerklavier” e o Op. 111, tal a perfeição do que Pollini fez nos anos 70. Seria impossível superar aquilo. Mas o evento dos 250 anos de Beethoven falou mais alto, e aqui temos novas performances ao vivo e digitais das três últimas sonatas para piano.
Aqui, nesta gravação ao vivo de 2020, Pollini está soltíssimo e, inclusive, canta à bocca chiusa consigo mesmo algumas vezes. E volta a prestar um ótimo serviço apresentando as sonatas da maneira mais precisa e limpa possível, sem efeitos grandiosos. Suas performances são lúcidas e fluidas, especialmente nas muitas passagens contrapontísticas que aparecem regularmente como características dessas obras. Antigamente, alguns acusavam Pollini de ser cerebral demais, mas quaisquer dúvidas sobre seu envolvimento emocional podem ser descartadas quando se ouve os movimentos lentos dos Op. 109 e 111. São performances sublimes.
E o que ele faz novamente na Arietta? Meu deus é Pollini!
Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Três Últimas Sonatas para Piano
Piano Sonata No. 30 in E Major, Op. 109
1.1 1. Vivace, ma non troppo – Adagio espressivo 3:20
1.2 2. Prestissimo 2:15
1.3 3a. Gesangvoll, mit innigster Empfindung (Andante molto cantabile ed espressivo) 1:50
1.4 3b. Variation I: Molto espressivo 1:35
1.5 3c. Variation II: Leggiermente 1:27
1.6 3d. Variation III: Allegro vivace 0:25
1.7 3e. Variation IV: Etwas langsamer als das Thema 2:08
1.8 3f. Variation V: Allegro, ma non troppo 0:50
1.9 3g. Variation VI: Tempo I del tema 2:55
Piano Sonata No. 31 in A-Flat Major, Op. 110
1.10 1. Moderato cantabile molto espressivo 5:28
1.11 2. Allegro molto 1:53
1.12 3a. Adagio ma non troppo 3:11
1.13 3b. Fuga (Allegro ma non troppo) 6:05
Piano Sonata No. 32 in C Minor, Op. 111
1.14 1. Maestoso – Allegro con brio ed appassionato 7:40
1.15 2a. Arietta. Adagio molto semplice e cantabile 2:14
1.16 2b. Variation I 1:49
1.17 2c. Variation II 1:48
1.18 2d. Variation III 1:50
1.19 2e. Variation IV 4:17
1.20 2f. Variation V 3:10
Para o quarto volume de sua beethoveniana em instrumentos antigos, PBS empresta de sua própria coleção um poderoso piano Walter, o preferido de Mozart, que se presta muito bem aos contrastes dinâmicos e ao cantabile da sonata “Patética”, bem como à miríade de necessidades das três sonatas que completam a gravação, frutos – juntamente com a Op. 28, “Pastoral” – daquele impressionante 1801 em que o procrastinador compulsivo da Renânia, e já locatário do apartamento mais caótico de Viena, completou e publicou quatro importantes sonatas para piano em sucessão, feito que jamais repetiria.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para piano em Dó menor, Op. 13, “Patética”
1 – Grave – Allegro di molto e con brio
2 – Adagio cantabile
3 – Rondo: Allegro
Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 26, “Marcha Fúnebre” 4 – Andante con variazioni
5 – Scherzo. Molto allegro
6 – Marcia funebre sulla morte d’un eroe
7 – Allegro
Duas sonatas para piano, Op. 27
No. 1 em em Mi bemol maior, “Quasi una Fantasia” 8 – Andante
9 – Allegro molto e vivace
10 – Adagio con espressione
11 – Allegro vivace
No. 2 em Dó sustenido menor, “Quasi una Fantasia”, “Luar” 12 – Adagio sostenuto
13 – Allegretto
14 – Presto
Paul Badura-Skoda, hammerflügel (Anton Walter, Viena, ca. 1790)
Para nossa alegria, e possivelmente também a de PBS, o pianoforte Schantz em que tocou as sonatas Op. 2 volta para este terceiro volume, que inclui a primeira obra-prima de Beethoven no gênero, a magistral terceira sonata do Op. 10, com seu movimento lento belamente realizado no fortepiano que, pelo que consta no livreto, pertencia ao próprio PBS. Encerrando o volume, um tanto quanto anticlimaticamente, está a sonata remanescente do Op. 14, que raramente ouvimos apartada de seu singelo par.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três Sonatas para piano, Op. 10
No. 1 em Dó menor
1 – Allegro molto e con brio
2 – Adagio molto
3 – Finale. Prestissimo
No. 2 em Fá maior
4 – Allegro
5 – Allegretto
6 – Presto
No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Menuetto. Allegro
10 – Rondo. Allegro
Duas sonatas para piano, Op. 14 No. 2 em Sol maior
11 – Allegro
12 – Andante
13 – Scherzo. Allegro assai
Paul Badura-Skoda, fortepiano (Johann Schantz, Viena, ca. 1790)
O segundo volume da aventura fortepianística beethoveniana de Paul Badura-Skoda (que, prometêramos, seria doravante mencionado como PBS) traz algumas obras menos votadas do famoso rol das trinta-e-duas. O som deste piano Broadwood de 1796, mesmo fabricante que décadas depois presentearia Beethoven com o, bem, “piano de Beethoven” que já foi tantas vezes ouvido em gravações, não é tão fácil de escutar quanto o do volume passado. Ele quase estoura na “Grande Sonata”, op. 7, o que nos faz imaginar o que não seria de seus pobres martelinhos se PBS atacasse a brutal “Hammerklavier” com ele. O Broadwood tem melhor sorte com a relativamente pouco ouvida sonata Op. 22, uma das preferidas do compositor, e com a levinha Op. 14 no. 1, que ele próprio transcreveu para quarteto de cordas.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Grande Sonata para piano em Mi bemol maior, Op. 7
1 – Allegro molto e con brio
2 – Largo, con gran espressione
3 – Allegro
4 – Rondo: Poco allegretto e grazioso
Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 22
5 – Allegro con brio
6 – Adagio con molta espressione
7 – Menuetto
8 – Rondo: Allegretto
Duas sonatas para piano, Op. 14 No. 1 em Mi maior
9 – Allegro
10 – Allegretto – Trio
11 – Rondo. Allegro comodo
Paul Badura-Skoda, fortepiano (John Broadwood, Londres, ca. 1796)