Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As Sonatas para Fortepiano – Paul Badura-Skoda (8/9) #BTHVN250

Beethoven só compôs a (prometo ser comedido com adjetivos hiperbólicos) colossal sonata Op. 106 porque o fortepiano tinha sido aperfeiçoado também em feitio colossal, não só pela ampliação de sua extensão para seis oitavas e meia, quanto por fortalecimento em sua estrutura que, se ainda não reforçada por metal, como nos pianos modernos, era incomparavelmente mais robusta que a daqueles instrumentos em que o compositor fora iniciado ao teclado, décadas antes. Muito desses avanços devem-se a construtores como Conrad Graf, cujo ateliê em Viena forneceria instrumentos, entre tantos outros, para Liszt e Chopin, além do próprio Beethoven, que ganhou um fortepiano especial de Graf, com uma corda extra junto a cada tecla, chegando a quatro cordas por nota. A intenção era facilitar-lhe as coisas ante a surdez, mas esta já era tão profunda que Ludwig quase não mais se aproximava do teclado para compor. A única obra para piano que publicaria depois do presente seria o arranjo para quatro mãos da Grande Fuga (Op. 134). Depois de sua morte, o piano foi devolvido a Graf, e acabou na Beethoven-Haus de Bonn, onde, claro, é conhecido como o “piano de Beethoven” – o que não é mentira, mas também não é uma verdade vibrante.

Sobre a Op. 106 nós já escrevemos tanto em outras ocasiões que privaremos os leitores-ouvintes de mais mortificação. Aponto, somente, que a Sonata Op. 101, que encerra o disco, também foi chamada “für der Hammerklavier” (“para o piano de martelos”), mas o termo só colou como apelido em sua irmã mais nova e transcendental. Embora longe das dificuldades acachapantes da Op. 106, ela também exige um piano como o de Graf, particularmente no maravilhoso, contrapontístico finale. PBS sai-se tão bem que, mesmo depois da “Hammerklavier” mais famosa, esta “Hammerklavier” soa como um belo poslúdio, e não como anticlímax.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”

1 – Allegro

2 – Scherzo: Assai vivace

3 – Adagio sostenuto

4 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101

5 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo

6 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia

7 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto

8 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro.

Paul Badura-Skoda, hammerflügel (Conrad Graf, Viena, ca. 1824)

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Vassily

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