#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Hammerklavier · ∾ · Steven Osborne ֍

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BTHVN

Sonatas para Piano Nos. 27 – 29

Hammerklavier

Steven Osborne

 

Uma boa festa de aniversário tem seus diferentes momentos, tais como a chegada dos primeiros convidados, os últimos retoques na decoração, os animadores atuando. Com sorte, um número de mágica. Se a festa é para um adulto, boa parte da diversão vem das conversas, papos entre pessoas que há muito não se veem, até alguns distantes desafetos, essas coisas. Com o decorrer da festa, certos protocolos se fazem necessários, fotos com parentes ou amigos mais íntimos e o momento mais aguardado, de cantar parabéns, apagar as velinhas e cortar o bolo. Daí em diante é debandada geral, a festa está terminando.

Balões não podem faltar…

Mais ou menos é este o sentimento aqui nestas postagens – de que o momento de cantar parabéns está próximo e assim nosso projeto #BTHVN250 inicia suas últimas voltas em órbita e se prepara para reentrar na atmosfera.

Mas ainda há oportunidades de rememorar grandes momentos do aniversariante. No caso do Ludovico, eu preciso ainda mencionar algumas obras que são muito significativas. É claro, toda a sua obra está sendo meticulosamente postada num trabalho cuidadoso especialmente do Vassily, mas eu gostaria de lhes falar daquelas que me são especialmente caras. Pois agora vos falo da Hammerklavier. Não foi uma amizade – uma relação – assim fácil, desde o início. Nosso caso realmente ficou sério depois da gravação feita por Emil Gilels para a Deustche Grammophon. Com certeza esta gravação está por aí postada por algum de meus colegas de blog, pois que esta turma está ativa há um bom tempo e eles não dão mole em serviço.

Eu já fiz uma postagem de uma gravação que considero também maximal (isto é, uma gravação que atingiu, na minha concepção, um nível artístico insuperável, mas que não pode ser comparada com outra gravação maximal, como a de Gilels, pois que estas coisas não são comparáveis como se estivéssemos em um torneio ou em um concurso) feita por Murray Perahia também para a Deutsche Grammophon.

Steven e sua cara de roqueiro…

Mas, hoje, no contexto do #BTHVN250, apresento-vos a gravação feita pelo Steven Osborne, para a Hyperion.  Magistral! Muscular, física, intensa! Eu fiquei de queixo caído. Claro, cada um tem a sua gravação preferida, uma interpretação que chegue tão próximo quanto possível de sua imagem de gravação ideal da tal obra. Pois nestes dias estranhíssimos deste ano de 2020, para mim, Osborne, que tem sobrenome de roqueiro, é o cara da Hammerklavier. E para arredondar o disco, as duas outras sonatas que a antecederam, que formam assim um estranho, mas interessante triunvirato. Uma sonatinha com dois movimentos (Opus 90), uma sonata com quatro movimentos, os dois últimos ligados um ao outro (Opus 101) e a grande sonata Hammerklavier! Mas, no disco, elas são dispostas ao contrário da ordem cronológica.

Espero que você tenha a oportunidade de ouvir este disco lindo, gravado com os altíssimos padrões técnicos da Hyperion, com a produção sempre excelente de Andrew Keener. Achei que a capa foi feita pela equipe que estava de plantão quando o time oficial saiu de férias. Mas, tão pequena queixa não chega a macular o disco.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 29 in si bemol maior, Op. 106 ‘Hammerklavier’

  1. Allegro
  2. Scherzo: Assai vivace – Presto
  3. Adagio sostenuto, appassionato e con molto sentimento
  4. Largo – Allegro – Allegro risoluto

Sonata para Piano No. 28 in lá maior, Op. 101

  1. Allegretto ma non troppo (Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung)
  2. Vivace alla marcia (Lebhaft, Marschmäßig)
  3. Adagio, ma non troppo, con affetto (Langsam und sehnsuchtsvoll) + IIIb. Allegro (Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit)

Sonata para Piano No. 27 in mi menor, Op. 90

  1. Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
  2. Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Steven Osborne, piano

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FLAC | 281 MB

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MP3 | 320 KBPS | 177 MB

Veja o que disse a mídia sobre o disco:

[this] is about the big picture, objectivity and a powerful kinaesthesia that could propel rockets into space…the result is a virtuoso apotheosis as brilliant as molten iron from a blast furnace Grammophone – 2016

The Scottish pianist plays with an authority built on intelligent, very human musicianship: his accounts of these three late-period Beethoven sonatas are hugely personal but are never about him. The Guardian – 2016

Aproveite!

René Denon

Steven contando para o pessoal do PQP Bach de Santa Catarina quantas vezes ele precisa explicar que é o Osborne, não o Osbourne…

Eu não deixaria de visitar estas postagens:

Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas Opp. 81a, 90, 101, 106, 109, 110 – Emil Gilels #BTHVN250

Beethoven (1770-1828): Hammerklavier & Moonlight – M. Perahia – DG

Georg Philipp Telemann (1681-1767) ∾ Suítes Orquestrais (Aberturas) ∾ Cappella Coloniensis – Hans-Martin Linde ∾∾

Georg Philipp Telemann (1681-1767) ∾ Suítes Orquestrais (Aberturas) ∾ Cappella Coloniensis – Hans-Martin Linde ∾∾

Telemann

Aberturas

Cappella Coloniensis

Hans-Martin Linde

 

Esta é a minha primeira postagem de um disco só com música do George Felipe e a escolha me fez pensar bastante sobre música, talento e coisas do gênero.

A pergunta que martelei estes dias, por conta disso, vai mais ou menos assim: Pode um talento a um só tempo ser prêmio e castigo? Pode o afortunado portador de um talento assombroso acabar, de certa forma, sucumbindo a ele?

Telemann, Handel e Bach nasceram próximos uns aos outros tanto do ponto de vista cronológico como geográfico e foram músicos de imenso talento (dããã…). Mas cada um deles usou seus talentos de maneira bastante diversa, como podemos observar nas obras destes três compositores que chegaram até nós.

Em seus dias, Telemann era mais famoso do que Bach e, de certa forma, Handel também. Este era cosmopolita, um verdadeiro cidadão do mundo.

Bach nos legou uma música ‘definitiva’, mais profunda, se pudesse aplicar este adjetivo para algo tão efêmero como música. Certamente isto se deve ao seu talento, mas também à sua atitude ao preparar seu legado, aperfeiçoando sua música de forma intensa, especialmente na fase final de sua vida. Os outros dois talentosos compositores desta já um pouco estranha conversa produziram em profusão, aspergindo sobre tudo que escreviam seus abundantes atributos, sua imensa facilidade musical, sua fluência no trato com a composição musical. Mas certamente tinham uma atitude mais pragmática em relação à sua obra.

O tema deste disco são as suítes orquestrais e já falei um pouco sobre elas em postagem dia destes. Pois enquanto Bach nos deixou quatro delas, Telemann, dito por ele mesmo, deitou pena em mais do que duzentas, das quais umas 134 foram preservadas. Assim, não foi difícil escolher mais duas para acompanhar neste álbum a mais famosa das três, a Wassermusik.

Vista do Elba atual com o Elbphilharmonie (https://www.elbphilharmonie.de/en/)

Com uma orquestração rica, dois piccolos, duas flautas doce, oboés, fagote, cordas e contínuo, esta suíte foi apresentada em 6 de abril de 1723 nas comemorações do Centenário do Almirantado de Hamburgo. Fez tanto sucesso que foi repetida pelos seguintes quatorze anos e ganhou nome: ‘Hamburger Ebb und Fluth” ou ‘Musica maritima’. Impossível não pensar em um paralelo com a Música Aquática de Handel. Há inclusive uma gravação que reúne as duas peças. A suíte composta para o Almirantado leva em conta o fato de Hamburgo ser um importante porto no rio Elba. Assim, figuras mitológicas relacionadas às águas são aludidas nos movimentos que a compõem. Deusas e deuses, ninfas, o movimento do mar e até os felizes (por estarem enfim em um porto) marinheiros.

Telemann deixou-nos tanta música que é preciso uma forma de catalogação científica, para distinguir as peças. As outras duas suítes são mais simples na orquestração e no escopo, mas adoráveis a seu próprio mérito. Veja, a Ouvertüre (Orchestersuite) C-dur, TWV 55: C6 foi composta para três oboés, cordas e contínuo, enquanto a Ouvertüre e-moll, TWV 55: e5 apenas para cordas e contínuo. É simples, C-dur é dó maior na notação germânica. TWV 55 atende ao grupo de suítes de Telemann. C6 quer dizer que esta é a de número 6 das suítes em dó maior. A Wassemusik é a TWV 55: C3. Isto é, a terceira suíte em dó maior catalogada. A e5 então é qual?

Este disco foi gravado entre 1985 e1987 e a edição que ouvi é de 1992. A Cappella Coloniensis é da cidade de Colônia e foi fundada em 1954 na Nordwestdeutscher Rundfunk (Radio Alemã), inspirada na Orquestra da Corte de Dresden, famosa na Europa no século 18 e alcançava cerca de 40 músicos. A Cappella Coloniensis é um grupo pioneiríssimo na prática de música com instrumentos e técnica de época. Aqui eles estão sob a regência de Hans-Martin Linde, um virtuose da flauta doce que fundou também uma orquestra – Linde Consort – e gravou inúmeros discos. Ele hoje está com 90 anos.

Georg Philipp Telemann (1681 – 1767)

Abertura (Suíte Orquestral) em dó maior, TWV 55: C6

  1. Ouverture
  2. Harlequinade
  3. Espagnol
  4. Bourree en trompette
  5. Sommeille
  6. Rondeau
  7. Menuet I-II
  8. Gigue

Abertura (Suíte Orquestral) em dó maior, TWV 55: C3 ‘Wassermusik’ – ‘Hamburger Ebb’ und Flut’

  1. Ouverture: Hamburger Ebb und Fluth
  2. Sarabande: Die schlaffende Thetis
  3. Bouree: Die erwachende Thetis
  4. Loure: Der verliebte Neptunus
  5. Gavotte: Die spielenden Najade
  6. Harlequinade: Der schertzende Tritonus
  7. Der sturmende Aeolus
  8. Menuet: Der angenehme Zephir
  9. Gigue: Ebbe und Fluth
  10. Canarie: Die lustigen Bots-Leute

Abertura (Suíte Orquestral) em mi menor, TWV 55: e3

  1. Ouverture
  2. Rejouissance
  3. Air
  4. Gigue
  5. Menuett
  6. Forlane

Cappella Coloniensis

Hans-Martin Linde

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FLAC | 310 MB

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MP3 | 320 KBPS | 144 MB

Se você gostou deste disco, poderá também verificar as postagens a seguir:

Georg Philipp Telemann (1681-1767) – Overture & Concerti – Holland Baroque Society, Alexis Kossenko

G. P. Telemann (1681-1767): Water Music / Alster Overture

Albinoni (1671-1751) & Telemann (1681-1767): Oboe Concertos – Han de Vries

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Suites & Concertos para Flauta Doce

Aproveite!

René Denon

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Bagatelas · ∾ · Christoph Scheffelt ֍

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BTHVN

Bagatelas

Kleinigkeiten

Bagatelles

Christoph Scheffelt

 

Um pianista que nasceu no Chile e aperfeiçoou a sua arte na Alemanha, tornando-se um grande intérprete de Beethoven! Esta frase nos faz pensar imediatamente em um nome – Claudio Arrau! Bem, um nome e um sobrenome. Mas o disco da postagem foi gravado há poucos dias e seu lançamento oficial é hoje (30/10/2020, dia no qual escrevo estas mal traçadas). Assim, não pode ser Claudio, mas o jovem pianista Christoph Scheffelt preenche as características descritas na frase e já ganhou o prêmio “Claudio Arrau”, o renomado Rahn Music Prize. E ganhou também mais outras coisas.

Neste disco recentíssimo ele coloca todo o seu talento e sua preparação para nos brindar com sua interpretação das três coleções de pequenas joias do grande Ludovico, as Bagatelas op. 33, op. 119 e op. 126. A famosa ‘Pour Elise’ foi colocada também na cesta…

A crítica de The Observer, Fiona Maddocks, nos conta que as 11 pequenas peças que formam o Opus 119 foram compostas enquanto Beethoven trabalhava nas gigantescas peças corais e sinfônicas – a Missa Solemnis e a Nona Sinfonia. Talvez ele fosse do tipo que polia pedrinhas enquanto descansava de carregar pedronas. O seu editor em Leipzig reclamou que essas pecinhas, umas bagatelas, nem pareceriam que eram de Beethoven. Vejam que obtuso. Beethoven sabia do valor artístico delas e as enviou para seu antigo aluno Ferdinad Ries, que estava em Londres, onde elas foram então publicadas. Com estas peças, que foram compostas ao longo de toda a sua vida, Beethoven podia explorar uma grande variedade de sentimentos, expressões musicais, fazendo inovações. Mostrar todas estas cores e sons, a ideia de um caleidoscópio nos vem à mente, exige bastante do intérprete. Na minha opinião, Christoph Scheffelt conseguiu realizá-las com graça e eloquência e tudo isso sem resvalar na pieguice. Basta ver sua interpretação da surrada ‘Pour Elise’.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Bagatelles (7), Op. 33

  1. 1 in E flat major. Andante grazioso, quasi allegretto
  2. 2 in C major. Scherzo. Allegro – Trio
  3. 3 in F major. Allegretto
  4. 4 in A major. Andante
  5. 5 in C major. Allegro ma non troppo
  6. 6 in D major. Allegretto quasi andante
  7. 7 in A flat major. Presto

Bagatelles (11), Op. 119

  1. 1 in G minor. Allegretto
  2. 2 in C major. Andante con moto
  3. 3 in D major. À l’Allemande
  4. 4 in A major. Andante cantabile
  5. 5 in C minor. Risoluto
  6. 6 in G major. Andante – Allegretto
  7. 7 in C major. Allegro ma non troppo
  8. 8 in C major. Moderato cantabile
  9. 9 in A minor. Vivace moderato
  10. 10 in A major. Allegramente
  11. 11 in B flat major. Andante ma non troppo

Für Elise (Bagatelle in A minor, WoO59)

  1. Bagatela

Bagatelles (6), Op. 126

  1. 1 in G major. Andante con moto
  2. 2 in G minor. Allegro
  3. 3 in E flat major. Andante
  4. 4 in B minor. Presto
  5. 5 in G major. Quasi allegretto
  6. 6 in E flat major. Presto – Andante amabile e con moto – Tempo I

Christoph Scheffelt, piano

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FLAC | 163 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Nesta página aqui você poderá ver um vídeo mostrando como foi feita a gravação do disco.

Para nosso momento ‘The Book is on the Table’: A genius is also interesting in his little things. And what seems small on the outside, it does not necessarily have to be. Thus the Bagatelles are among the remarkable piano works of Ludwig van Beethoven.

Bagatelas, como não amá-las?

Aproveite!

René Denon

Aqui está uma opção de bagatelas com tempero russo:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variações, Bagatelas, Peças para Piano

Vivaldi (1678-1741) · ∾ · 4 Concertos para Violino · ∾ · Monica Huggett ֍

Vivaldi (1678-1741) · ∾ · 4 Concertos para Violino · ∾ · Monica Huggett ֍

Vivaldi

Concertos para Violino

Monica Huggett

London Vivaldi Orchestra

Roy Goodman

Este é um típico lindo disco dos anos 1980. Este foi produzido em 1984 e ainda tem as proporções de um LP – quatro concertos, dois para cada lado do bolachão.

Apesar do compositor ser veneziano, este disco não poderia ser mais inglês. O selo Gaudeamus é o braço da ASV – Academy Sound and Vision – dedicado à música antiga. E é excelente no que faz. Ainda não ouvi um disco ruim desta turma e entre eles, muitos excelentes.

A capa é linda. O uso da guirlanda de flores fazendo uma moldura da linda ilustração escolhida é marca registrada do selo e lembra as ornamentações típicas de instrumentos do período barroco, como certos cravos, e estabelece uma característica importante de identificação do selo. Assim com outros selos ingleses, eles são bambas em fazer capas.

Mas o que importa é a música e como ela é tocada! Vivaldi era violinista e suas composições são primariamente para violino. É verdade, sua imaginação e verve, assim como o contato com as maravilhosas artistas órfãs, o estimularam a produzir música para outros instrumentos, assim como a grana indicou o caminho da ópera e da música sacra. Mas seu negócio era o violino e suas publicações são primariamente para este instrumento. Verdade, o Opus 10 são concertos para flauta, e no Opus 3 há uns dois concertos para oboé.

O primeiro concerto desta pequena, mas judiciosamente escolhida coleção, é o segundo do Opus 11 e tem nome – Il Favorito! Preste atenção no Andante, o movimento lento, que poderia ser uma ária em uma ópera do padre.

A coleção mais famosa é Il Cimento dell’Armonia e dell’Inventione (A Disputa entre Harmonia e Invenção), o Opus 8, que começa com os quatro concertos programáticos mais famosos do mundo – As Quatro Estações, garantia de sucesso e disco vendido. Pois o segundo concerto do disco é, assim, uma quinta estação. La Tempesta di Mare é um concerto também programático, mas agora o tema é outro. E para um veneziano, o mar era um elemento dos mais importantes. Os instrumentos imitam os sons da agitada tempestade.

Monica Huggett

Depois do Opus 13, uma coleção possivelmente espúria, mas bonitinha, o padre passou a comercializar ele mesmo os manuscritos de seus concertos. É por isso que uma enorme parte de sua obra foi encontrada em coleções de manuscritos em bibliotecas, como a de Turim, de onde vem este terceiro concerto do disco. O Concerto em lá maior é um ótimo exemplo de como as diferentes técnicas e truques do violino foram usadas pelo compositor para grande efeito.

De qualquer forma, o concerto do disco que eu mais gostei é o que leva o nome L’Amoroso e nos conta sobre um pastoral idílio, com simplicidade, mas ardor, e que termina de maneira confiante e feliz.

Roy participando de uma regata com o pessoal do PQP Bach nas águas frias do Guaíba…

A orquestra tem o genérico nome London Vivaldi Orchestra e certamente deve ser formada pelos especialistas de música tocada com instrumentos e práticas da época e no outro dia estariam no The English Concert, do Pinnock, no The Academy of Ancient Music, do Hogwood ou ainda no English Baroque Soloists do Gardiner. Aqui eles acompanham a espetacular violinista Monica Huggett, que também dirige a orquestra, cujo líder é o violinista Roy Goodman.

Eu achei o som um pouquinho passado, mas isso é reclamação pequena, o ouvido rapidamente se ajusta quando temos música tão linda e tão lindamente interpretada. Um bom exemplo de que quantidade não é tão necessária para se fazer um ótimo disco, que ainda pode dar muito prazer.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para Violino em mi menor, RV 277 ‘Il Favorito’

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto para Violino em mi bemol maior, RV 253 ‘La Tempesta di Mare’

  1. Presto – II. Largo
  2. Presto

Concerto para Violino em lá maior, RV 353

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto para Violino em mi maior, RV 271

  1. Allegro
  2. Cantabile
  3. Allegro

Monica Huggett, violino e direção

London Vivaldi Orchestra

Roy Goodman, primeiro violino

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FLAC | 282 MB

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MP3 | 320 KBPS | 117 MB

Monica e sua turma…

De um crítico amador (mas sensível) na Amazon.com: I rather prefer this version to the one Monica Huggett later recorded for Virgin Classics with the Raglan Baroque Players. But the other three concertos also have their own distinctive characters and certainly could not be confused with anything from the “Four Seasons”. L’Amoroso, in particular, lives up to its title perfectly, with some “lovely” violin playing to match the mood.

Lovely! I would say!

Aproveite!

René Denon

Para comparações, veja aqui:

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Le Passioni dell’Uomo · ∾ · Concertos para Violino ∞ La Magnifica Comunità ∞ Enrico Casazza ֍

Poderá gostar destes:

The Italian Job – Música Barroca Italiana – Adrian Chandler e La Serenissima

Antonio Vivaldi (1678-1741): Concertos para Violino La Cetra Op. 9

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · EVOLUTION · ∾ · Adolfo Gutiérrez Arenas & Christopher Park ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · EVOLUTION · ∾ · Adolfo Gutiérrez Arenas & Christopher Park ֍

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Sonatas para Violoncelo

Adolfo Gutiérrez Arenas

Christopher Park

 

A capa deste álbum tem uma foto do violoncelista em pleno movimento – efeito conseguido pela longa exposição – tem uma escolha de tipos para o título e demais informações, em caixa alta, com algumas falhas, como se fosse resultado de um carimbo e coroando tudo o título: EVOLUTION.

Adolfo Gutiérrez Arenas

O que temos aqui são as sonatas compostas por Beethoven para violoncelo e piano. As variações que costumam ser adicionadas como contrapeso ficaram de fora desta vez, mas isto também é parte de um plano geral.

Plano este que é muito bem explicado pelos articulados artistas no excelente libreto que pode ser acessado na sua versão digital aqui.

Os músicos explicam que costumam apresentar as cinco sonatas em sequência em seus concertos – para que se possa apreciar a evolução do estilo de Beethoven.

Christopher Park

Para eles, as Sonatas do Opus 5 são as exclamações de alguém que entendeu que está destinado a ser ouvido, que a Sonata do Opus 69 reflete a conquista de uma nova voz, poderosa e certa de si mesma, e as duas últimas Sonatas, do Opus 102, mostram a necessária transição para uma reclusão interior.

Pois é, os músicos – o violoncelista Adolfo Gutiérrez Arenas e o pianista Christopher Park têm opiniões bem definidas e as explicam de forma clara no libreto.

Dizem que as interpretações politicamente corretas que arredondam as arestas da música de Beethoven, tornando-as peças polidas e bonitas, roubam-lhes alguma essência. Para eles, e eu concordo ao ler junto, é fundamental na interpretação da música de Beethoven o contraste entre uma incrivelmente brilhante, audaciosa e sofisticada arte e os mais puros e primitivos sentimentos trazidos por seu estilo de compor, levando a uma montanha russa de emoções que em uma mesma frase leva do doce ao amargo, do exultante ao desesperado, do vulgar ao elevado, mas sempre com honestidade.

Essa intensidade e mesmo brutalidade nas mudanças de emoções estão presentes em toda a sua música, desde os dias do classicismo do Opus 5 a uma metafísica musical, presente no Opus 102. Uma evolução artística e espiritual incrível e sem paralelos.

Depois disso, vale a pena conferir!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Violoncelo No. 1 em fá maior, Op. 5 No. 1

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegro
  3. Rondo. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 2 em sol menor, Op. 5 No. 2

  1. Adagio sostenuto ed espressivo
  2. Allegro molto più tosto presto
  3. Rondo. Allegro

Sonata para Violoncelo No. 3 em lá maior, Op. 69

  1. Allegro, ma non tanto
  2. Scherzo. Allegro molto
  3. Adagio cantabile
  4. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 4 em dó maior, Op. 102 No. 1

  1. Andante
  2. Allegro vivace
  3. Adagio + IIb. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 5 em ré maior, Op. 102 No. 2

  1. Allegro con brio
  2. Adagio con molto sentimento d’affetto
  3. Allegro

Adolfo Gutiérrerz Arenas, violoncelo

Christopher Park, piano

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FLAC | 420 MB

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MP3 | 320 KBPS | 204 MB

Spanish cellist Adolfo Gutierrez Arenas and German-Korean pianist Christopher Park deliver refreshingly vigorous, even irreverent performances of the complete Beethoven Cello Sonatas, works that offer the listener a unique overview of the composer’s evolving style.

I couldn’t agree more!

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756 – 1791) · ∾ · (Algumas) Sonatas para Piano · ∾ · Alicia de Larrocha ֍

Mozart (1756 – 1791) · ∾ · (Algumas) Sonatas para Piano · ∾ · Alicia de Larrocha ֍

Mozart

Sonatas para Piano

K. 310 – 330 – 331 – 545

Alicia de Larrocha

 

Esta semana ainda não postei algum disco de Mozart? Deve estar havendo algo incomum, algo errado comigo… Assim, sem maiores delongas, escolhi entre os cinco discos de Mozart que ando ouvindo, aquele que mais gostei até agora. Digo até agora pois seguirei ouvindo todos mais uma vez e certamente dúvidas persistirão.

Mas esta postagem tem também o objetivo de chamar um pouco a atenção de nossos leitores-seguidores para a caríssima figura que foi a ‘enorme’ pianista catalã, Alicia de Larrocha.

Ela nasceu em 23 de maio de 1923, em Barcelona, e foi criança prodígio. Filha e sobrinha de pianistas que estudaram com Enrique Granados, ela estudou na Academia Granados com Frank Marshall. Neste ambiente conheceu Artur Rubinstein e Alfred Cortot. Mesmo medindo um metro e meio de altura e com mãos pequeninas, não experimentou dificuldades em tocar mesmo as obras para piano que desafiam a qualquer pianista, como os concertos de Brahms, Rachmaninov, Ravel, Bartók e Prokofiev. As interpretações que mais marcaram sua carreira foram as de compositores espanhóis como Albeniz, Granados, De Falla e Mompou. Ao ouvir este disco entenderá por que ela ganhou o apelido Lady Mozart!

O texto a seguir é uma tradução do espanhol de partes de um artigo que poderá ser apreciado na íntegra aqui.

Sua estatura – chegava apenas a um metro e meio –, sua aparente fragilidade, e ter mãos especialmente pequenas nunca foram empecilho para sua carreira. ‘Alongava suas mãos incluindo quando não estava tocando’, recorda-se sua filha. O maestro Gerard Schwartz destaca sua maestria e o ‘fato de que nunca soava mecanicamente, de que seus ritmos eram sempre sofisticados’. Seu desembaraço se comprovava mesmo quando enfrentava o Concerto para Piano e Orquestra No. 3 de Rachmaninov, uma peça que em sua época era considerada impensável interpretar com dedos tão pequenos como os dela. ‘Ela o tocava como se nada estivesse acontecendo, de uma forma muito romântica’, lembra o fascinado maestro.

Sua personalidade também foi destacada pelas palavras de David Frost, encarregado de produzir a maioria das suas gravações, na parte final de sua carreira. Ele afirma que ‘sua humildade não era uma pose, era real. Ela sentia que precisava atingir um ideal que havia proposto em música e que nunca parecia alcançar’.

O artigo também revela como ela foi ‘avançado em seu próprio tempo. Seu casamento com o também pianista Joan Torra propôs uma verdadeira revolução para a época. Ele deixou sua própria carreira de lado para que ela pudesse explorar seu talento. Torra passou a dar aulas para sustentar os primeiros passos da pianista nos EUA e quando a carreira dela decolou, ele cuidou dos filhos e os criou enquanto ela passava seis meses por ano em média no outro lado do oceano. ‘Ele foi meu herói, deixou tudo por mim e se dedicou a mim, por toda a vida’, disse ela emocionada em uma entrevista nos anos 80.

Ela brincava com sua altura: ‘Minha meta sempre foi fazer arte. Desde que nasci tive queda pela música. Minha mãe e minha tia, alunas de Granados, se horrorizavam com a ideia de que uma menina tão pequena se dedicasse a isto e que seria um obstáculo ao meu desenvolvimento. Talvez seja por isso que não terminei de crescer.’

Cercada de estrelas como Montserrat Caballé ou Dalí durante sua carreira, os que a conheceram insistem em destacar duas virtudes: seu virtuosismo ao piano e sua afabilidade com as pessoas. Pianista, maestros e alunas a recordam como uma pessoa ‘de energia positiva, carinhosa e generosa’ ou como uma mulher ‘pela qual a gente se apaixonava, era impossível não o fazer’.

Quanto a música do disco, o que dizer? Digo que são sonatas para piano de Mozart e já são do período de maturidade do compositor. A que eu mais gosto é a Sonata em lá maior, que começa com um andante grazioso, um conjunto de variações, e termina com a famosa ‘Marcha Turca’! Mas as outras são tão lindas quanto…

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para piano em lá menor, K. 310

  1. Allegro majestoso
  2. Andante cantabile com espressione
  3. Presto

Sonata para piano em dó maior, K. 330

  1. Allegro moderato
  2. Andante cantabile
  3. Allegretto

Sonata para piano em lá maior, K. 331

  1. Andante grazioso
  2. Menuetto
  3. Alla Turca: Allegretto

Sonata para piano em dó maior, K. 545

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Rondo

Alicia de Larrocha, piano

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FLAC | 216 MB

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MP3 | 320 KBPS | 156 MB

Her Mozart performances, as well as her readings of Bach and Scarlatti, were so carefully detailed and light in texture that even as public taste shifted toward the more scholarly interpretations of period-instrument specialists, Ms. de Larrocha’s readings retained their allure.

Ao ouvir este disco você entenderá por que ela ganhou o apelido de Lady Mozart!

Aproveite!

René Denon

Se você gostou desta postagem, poderá se interessar por:

W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

Isaac Albéniz – Iberia – Alicia de Larrocha (links revalidados)

 

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Concertos para Piano Nos. 3 e 5 ‘Emperor’ · ∾ · Rudolf Firkušný ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Concertos para Piano Nos. 3 e 5  ‘Emperor’ · ∾ · Rudolf Firkušný ֍

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 3 e 5

Rudolf Firkušný

 

 

Há muitos exemplos que corroboram a tese de que os músicos são longevos e os pianistas, em particular, comprovam bem esta teoria. Além de envelhecer graciosamente, eles permanecem ativos por toda a vida e talvez este seja parte do segredo.

Foi este o caso de Rudolf Firkušný, pianista nascido na República Tcheca, em 1912, mas que nos fins da década de 1930 se estabeleceu nos Estados Unidos da América.

Sua linhagem musical é requintada. Estudou com Leoš Janáček, Josef Suk e piano com Vilém Kurz. Estudou também com Alfred Cortot e Arthur Schnabel. Não é por nada que Vladimir Horowitz elogiou uma de suas interpretações dos Klavierstücke de Schubert – beautiful!

Firkušný foi um pianista brilhante – interpretava os clássicos Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin e Brahms com excelência, mas criou uma tradição na interpretação das obras de compositores tchecos, como Smetana, Dvořák, Janáček e Martinů, que compôs especificamente para ele.

Walter Susskind

Rudolf também foi músico camerístico, contribuindo com grandes nomes de sua época, como Pierre Fournier, Janos Starker, Nathan Milstein e com o Julliard String Quartet. Dia destes trarei um torso do projeto que ele começou com o Panocha Quartet, que infelizmentou restou inacabado e testemunha como ele poderia interagir com músicos muito mais jovens com resultados maravilhosos.

William Steinberg

A escolha da gravação da postagem busca contribuir para o projeto #BTHVN250 com ótimas interpretações destes dois seminais concertos do aniversariante Ludovico e também homenagear este importante intérprete. Isto sem contar que o disco é ótimo, som excelente, dois concertões para piano acompanhados por big bands!!

Aqui está um link para uma entrevista em inglês com o Firkušný.

Tomei a liberdade de traduzir o pequeno trecho do libreto (na verdade um folder, uma vez que a edição do meu CD é do tipo ‘budget’), escrito por David Foil.

Em que momento Ludwig van Beethoven tornou-se um fenômeno único que conhecemos simplesmente por “Beethoven”? Um bom palpite seria em algum ponto da noite de 5 de abril de 1803, quando ele estreou seu Terceiro Concerto para Piano como parte de um megaconcerto com músicas de sua autoria (chamado Akademie) no Theater an der Wien. O interminável programa incluía a Primeira e a Segunda Sinfonias, mais a estreia do Oratório Cristo no Monte das Oliveiras. O público certamente ficou feliz de modo geral – pois as outras obras eram de estilo muito familiar – mas as pessoas e os críticos ficaram intrigados, mesmo ofendidos pelo novo concerto para piano. A graça e o equilíbrio dos dois primeiros concertos foram-se dando lugar a uma voz sinfônica ousada, muscular. Ao abandonar a inevitabilidade do estilo clássico, o compositor de 33 anos estava em busca de mais, mais, mais, batendo forte especialmente com o papel audacioso do solista, como o protagonista em um drama puramente musical. Se este enorme salto artístico resultou em uma ainda mais idiossincrática obra no sublime Quarto Concerto para Piano – as audiências da época realmente não gostaram dele – tudo foi perdoado com o Quinto, uma obra de nobreza e força sem paralelos, chamada de Imperador. Escrito enquanto a Europa sofria pela ansia de Napoleão por mais domínios territoriais, o Imperador foi lançado como uma espécie de majestoso contra-ataque. É mais do que isto, é claro, mas a força e a formidável grandeza da expressão de Beethoven aqui merece ser coroada. Há concertos para piano mais longos, com som ainda mais alto, mas nenhum maior.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro – Presto)

Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73

  1. Allegro
  2. Adagio un poco mosso & III. Rondo (Allegro)

Rudolf Firkušný, piano

Philarmonia Orchestra & Walter Susskind (Terceiro Concerto)

Pittsburgh Symphony Orchestra & William Steinberg (Emperor)

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MP3 | 320 KBPS | 164 MB

— Gramophone [5/1966, reviewing an LP release of the 3rd Concerto]:  Firkusny always strikes me as an admirable pianist and I don’t remember ever having failed to get pleasure from his playing and his artistry, certainly not here in this finely musical account of the Beethoven. He doesn’t storm the work (he is not that sort of pianist) but his interpretation is elegant, in the best sense of that word, and eloquent. This is a wholly musical performance. Firkusny plays Beethoven’s cadenza, by the way. Susskind contributes a good accompaniment and the mono sound, if not specially brilliant, is still very agreeable.

Apesar da crítica falar em gravação mono, o CD afirma que a gravação é estéreo. Naqueles dias havia uma transição na tecnologia e gravações mono e estéreo eram feitas simultaneamente.

Note que as iniciais dos nomes dos regentes são iguais – WS – e que os números de opus dos concertos são números reversos: 37 e 73! Depois dessa série de indícios cósmicos, pode apostar – o disco é ótimo!

Aproveite!

René Denon

Este também é jurássico:

Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5, Op. 73 – Emperor – Christoph Eschenbach – Boston SO – Seiji Ozawa

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · (Alguns) Trios com Piano · ∾ · Smetana Trio ֍

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BTHVN

Trios com Piano

Smetana Trio

 

É claro que a Berliner Philharmoniker que atuou sob a batuta de Furtwängler ou Karajan é completamente outra do que aquela que atuou sob a regência de Abbado ou que atua hoje – fazendo ‘lives’ e concertos pela internet. Não só pela maneira como responde às demandas artísticas ou à personalidade do regente que a dirige no momento, fisicamente a orquestra é renovada. Mesmo assim, temos a tendência a considerar, tanto a orquestra de Berlim como outras formações orquestrais como instituições e assim um pouco imutáveis. Isso também acontece, de certa forma, com conjuntos de câmera. Basta tomar como exemplo o highlander Beaux Arts Trio. Assim como com as orquestras, também certos grupos musicais se institucionalizam e o nome permanece, apesar da renovação dos elementos.

O Smetana Trio que gravou o álbum da postagem certamente é bem outro do que aquele que se apresentou pela primeira vez, quando foi fundado há mais de 80 anos, pelo famoso pianista Josef Páleníček. Este sobrenome agora acompanha o nome Jan e se encontra atrás da estante do violoncelo. Mesmo recentemente a mão que segura o arco do violino é outra do que aquela dos discos que ainda estão listados na página do Trio. Mesmo assim, uma certa continuidade, um conjunto de características que define o conjunto permanece – afinal, é isso o que esperamos das instituições.

Assim, temos deste grupo musical de alta linhagem, com raízes bem estabelecidas num ambiente de cultura musical refinada, um álbum excelente.

A escolha de repertório – quatro belíssimos trios com piano do homenageado do ano – gravados com requinte pelo ótimo selo Supraphon, não poderia ser melhor.

Da juventude do compositor temos o Trio em dó menor, o terceiro do Opus 1, aquele que inquietou o Papa Haydn.

Depois o Trio em si bemol maior, dedicado ao patrono, aluno e melhor amigo do Ludovico – o Trio do Arquiduque, aqui aristocraticamente interpretado, com grande equilíbrio entre os instrumentos, muito garbo e ótimo som.

Para completar, os dois Trios do Opus 70, o famoso de apelido fantasmagórico, que adentra com impetuosidade o recinto assim que chega e seu par, também muito clássico e belo.

É verdade, não é uma integral, mas para que ficar olhando para o que não temos, se o que temos é de tão grande beleza e apresentado com requinte e competência? Não espere mais e vá logo arranjando espaço no pen-drive…

 

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Trio com Piano em dó menor, Op. 1, 3

  1. Allegro con brio
  2. Andante cantabile con variazioni
  3. Menuetto. Quasi allegro – Trio
  4. Finale. Prestissimo

Trio com Piano em si bemol maior, Op. 97

  1. Allegro moderato
  2. Scherzo. Allegro
  3. Andante cantabile ma pero con moto
  4. Allegro moderato

Trio com Piano em ré maior, Op. 70, 1 – “Fantasma”

  1. Allegro moderato
  2. Largo assai ed espressivo
  3. Presto

Trio com Piano em mi bemol maior, Op. 70, 2

  1. Poco sostenuto – Allegro ma non troppo
  2. Allegretto
  3. Allegretto ma non troppo
  4. Finale. Allegro

Smetana Trio

Jitka Čechová, piano

Jan Talich, violino

Jan Páleníček,  violoncelo

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MP3 | 320 KBPS | 301 MB

A cozinha é o melhor lugar da casa…

Veja o que o pianista Jitka Čechová disse: “We know from history that this type of piano trio crystallised during the era of Classicism. In his early works, Beethoven still foregrounded the piano, and only later did the other two instruments become equal, which is clearly heard on our new album.”

Nada como fazer uma média com os amigos…

Aproveite!

René Denon

Depois desta postagem, você poderá querer visitar:

Beethoven (1770-1827): Trios com clarinete ∞ Eric Le Sage – Paul Meyer – Claudio Bohórquez ֍ BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios “The Ghost” & “Archduke” #BTHVN250

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sonatas para Violino e Piano · ∾ · Mariko Senju & Yukio Yokoyama ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sonatas para Violino e Piano · ∾ · Mariko Senju & Yukio Yokoyama ֍

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Sonatas para Violino e Piano

千住真理子

横山幸雄

 

Durante dois dias – em 28 de junho de 2019 (Sonatas Nos. 1 a 3, 9 e 10) e em 14 de agosto de 2019 (Sonatas Nos. 4 a 8), reuniram-se no Kasakakeno Bunka Hall, Gunma, a violinista Mariko Senju e o pianista Yukio Yokoyama e gravaram todas as sonatas para violino e piano de Ludwig van Beethoven!

Você pode achar que foi muito, uma façanha e tanto. E foi, realmente, um grande feito, considerando o alto nível técnico e artístico do resultado, mas lendo as biografias destes astros da música no Japão, não parece muito surpreendente.

Mariko Senju começou a estudar violino com dois anos e três meses! Quando se começa tão cedo, a unidade de tempo para a idade precisa ser mais refinada, meses!

A moça é realmente espetacular. Em 1990, para comemorar o aniversário de 15 anos de seu debut musical, ela produziu e se apresentou em um recital, tocando Seis Sonatas para Violino de Ysaye, as Sonatas e Partitas para Violino Solo de Bach, os 24 Caprichos de Paganini e todos os Concertos para Violino de Mozart. Isso tudo em uma noite. Beethoven teria adorado a ideia.

Façanhas titânicas também aparecem no currículo de Yukio Yokoyama. Em 1998 ele interpretou todas as peças para piano de Beethoven, incluindo as 32 Sonatas, as Variações, as Bagatelas e tudo o mais em meros 10 meses em uma série de concertos a convite do Saitama Arts Center. É verdade que se o Vassily tivesse sido escalado para verificar se realmente toda a obra para piano foi apresentada, o Yukio provavelmente teria que inserir alguma novidade em algum de seus concertos…

Assim, não é surpreendente que estes dois grandes músicos tenham conseguido gravar as Sonatas para Violino e Piano em tão pouco tempo.

Mas o que importa é a música e essas sonatas são fonte de muitas alegrias musicais. É claro, cada um de nós tem um fraco por esta ou por aquela, ou mesmo um movimento especial de que mais gostamos, que mais nos emociona ou que nos convida a dançar.

As duas mais conhecidas são a Sonata Primavera e a Sonata Kreutzer. Eu sempre gostei muito da Sonata Primavera, mas me impressiona mais a Sonata Kreutzer, que parece mais intensa. Mas há outras ótimas sonatas. Ouça o Adagio cantabile, o segundo movimento da Sonata No. 7, em dó menor, Op. 30, 2, e me diga, não é uma maravilha? O Allegro vivace, último movimento da Sonata No. 8, em sol maior, Op. 30, 3 é outro movimento que eu gosto demais e sempre tenho que ouvir duas vezes.

As três primeiras são mais simples, mas têm aquela coisa da impetuosidade do jovem compositor. Veja o Andante con moto – um conjunto de variações, o segundo movimento da Primeira Sonata, em ré maior, Op. 12, 1. Maravilha. Há mais movimentos que são conjuntos de variações, inclusive na Sonata Kreutzer. E a última sonata? A mais madura de todas? Não espere mais, vá logo baixando…

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonatas para Violino e Piano – Volume 1

Violin Sonata No. 1 in D major, Op. 12 No. 1

  1. Allegro con brio
  2. Tema con variazioni (Andante con moto)
  3. Rondo (Allegro)

Violin Sonata No. 2 in A major, Op. 12 No. 2

  1. Allegro vivace
  2. Andante più tosto allegretto
  3. Allegro piacevole

Violin Sonata No. 3 in E flat major, Op. 12 No. 3

  1. Allegro con spirito
  2. Adagio con molt’espressione
  3. Rondo (Allegro molto)

Violin Sonata No. 9 in A major, Op. 47 ‘Kreutzer’

  1. Adagio sostenuto – Presto
  2. Andante con variazioni
  3. Finale (Presto)

Violin Sonata No. 10 in G major, Op. 96

  1. Allegro moderato
  2. Adagio espressivo
  3. Scherzo (Allegro)
  4. Poco allegretto

Sonatas para Violino e Piano – Volume 2

Violin Sonata No. 4 in A minor, Op. 23

  1. Presto
  2. Andante scherzoso, più allegretto
  3. Allegro molto

Violin Sonata No. 5 in F major, Op. 24 ‘Spring’

  1. Allegro
  2. Adagio molto espressivo
  3. Allegro molto
  4. Allegro ma non troppo

Violin Sonata No. 6 in A major, Op. 30 No. 1

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto con variazioni

Violin Sonata No. 7 in C minor, Op. 30 No. 2

  1. Allegro con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Allegro
  4. Allegro

Violin Sonata No. 8 in G major, Op. 30 No. 3

  1. Allegro assai
  2. Tempo di minuetto, ma molto moderato e grazioso
  3. Allegro vivace

Mariko Senju, violino

Yukio Yokoyama, piano

Volume 1

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Volume 2

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Yukio se preparando para uma festa a fantasia

Momento Babel: (Trecho de uma crítica de um CD com Sonatas de Brahms interpretadas pela Mariko Senju:

千住さんは心のある演奏家だ、とつくづく思う。

滑らかに奏でる素晴らしい演奏だ、と思う。

Acho que a Sra. Senju é uma artista com coração. Eu acho que é uma performance maravilhosa que toca suavemente.

Eu também acho! Aproveite!
René Denon

PS: Uma palhinha:

 

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sinfonias Nos. 4, 5 & 6 · ∾ · Britten Sinfonia & Thomas Adès ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Sinfonias Nos. 4, 5 & 6 · ∾ · Britten Sinfonia & Thomas Adès ֍

Thomas Adès e a Britten Sinfonia definitivamente adentram a arena de pesos pesados encarando as Sinfonias 4, 5 e 6 – Pastoral. Que ousadia! A julgar pela crocante Eroica que você pode ouvir na postagem anterior deste grupo, eu mal podia esperar para ouvir a nova trinca, e a quarta começou de maneira trepidante. Após a introdução um tanto sombria, em que parece estarmos atravessando um bosque em uma trilha, irrompe o sol – com o alegro, que é forte e intenso, sem ser frenético. Preste atenção nos borbulhantes sons dos sopros no primeiro movimento desta quarta.

Prosseguimos com majestade pelo segundo movimento, onde a orquestra de tamanho mais próximo daquela usada originalmente rende seus dividendos. O equilíbrio entre os diferentes naipes da orquestra é facilmente obtido. O final do adágio tem uma ótima pegada, aliás como muitas outras coisas neste lançamento.

O último movimento da Quarta Sinfonia avança coruscante e a antecipação pela Quinta é grande! Esta gravação da Quarta me faz lembrar, devido a intensidade, a gravação ao vivo da mesma obra com o Carlos Kleiber, minha very first postagem no blog!

A Quinta bate à porta com urgência, mas também com calor nas cordas – as diferenças nos timbres dos instrumentos, repetindo o tema da abertura é ótimo. O segundo movimento continua com seus intensos questionamentos, as lindas cordas, especialmente as mais graves, bem aparentes. O tímpano bem audível, mas sem se sobrepor aos outros instrumentos. E sem pressa. E o scherzo? Achei ótimo, assim como a transição para movimento final, com todas as suas mudanças de marchas… Intensidade, articulação, balanço, urgência sem pressão, são as palavras que voltam às minhas anotações, na medida que vou ouvindo. Adorei o flautim nos minutos finais e como Beethoven é enfático, não?

Bom, verdade, se você gosta de seu Beethoven extra cremoso, afaste seu mouse destes arquivos, busque outras paradas. Sinfonias de Beethoven – mesmo integrais – não faltam este ano, especialmente aqui no blog. Mas, se você está disposto a ousar um pouco e abrir ouvidos para diferentes perspectivas, este lançamento será uma festa.

Como na primeira leva das sinfonias, temos aqui duas obras do compositor contemporâneo Gerald Barry. Entre a Quinta e a Pastoral, um Concerto para Viola, em um movimento de uns 15 minutos. O concerto começa modernoso, com gongo e sons de vento – squishes – mas tem cara de concerto. A viola repetindo o tema apresentado no início, os outros instrumentos conversando com o solista… Uma certa aspereza que não é de toda má. A viola deve ter despertado a vontade de usar sons rascantes que permeiam a peça. Eu definitivamente a reconhecerei quando ouvir novamente. Há uma dissolução interessante no minuto final, onde o solista assobia (?) o tema. Essa intervenção moderna torna a chegada da Pastoral muito mais interessante do que se os acordes anteriores tivessem sido os da Quinta. Novamente notei o uso de uma orquestra menor como algo positivo, a mesma coisa de antes, as vozes dos diferentes setores da orquestra sendo ouvidas claramente. Há urgência, mas não pressa. Bom, melhor apressar aqui pois a redação já anda enorme e a tempestade está chegando com raios e trovões. Vou correr em busca de abrigo. Aposto que a volta da bonança será tranquila e a alegria dos ‘campesinos’ autêntica.

Bom, tem ainda a Conquista da Irlanda. Como no caso da postagem anterior, duas peças do Barry, em cada caso uma peça orquestral e outra com voz. Nos dois casos, preferi a peça orquestral, mas deixo para você decidir…

Não sei como prosseguiremos daqui. As Sinfonias 7 e 8 devem ser ótimas, a julgar pelo que ouvi até aqui, mas a Nona é mais desafiadora e propõe novos problemas. E enquanto esperamos, vamos nos divertindo com o que já temos.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Symphony No. 4 in B-Flat Major, Op. 60

  1. I. Adagio – Allegro vivace
  2. II. Adagio
  3. III. Allegro vivace
  4. IV. Allegro ma non troppo

Symphony No. 5 in C Minor, Op. 67

  1. I. Allegro con brio
  2. II. Andante con moto
  3. III. Scherzo: Allegro  +  IV. Allegro

Gerald Barry (b. 1952)

Viola Concerto

  1. Concerto

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastoral”

  1. I. Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande. Allegro ma non troppo
  2. II. Scene am Bach. Andante molto moto
  3. III. Lustiges Zusammensein der Landleute. Allegro  +  IV. Gewitter. Sturm. Allegro    +   V. Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm. Allegretto

Gerald Barry

The Conquest of Ireland

  1. The Conquest of Ireland

Joshua Bloom, baixo

Lawrence Power, viola

Britten Sinfonia

Thomas Adès

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MP3 | 320 KBPS | 318 MB

Thomas no maior papo com o pessoal do PQP Bach…

Vejam o que um crítico disse sobre o Concerto para Viola de Barry: ‘[…] he has never distinguished between the exercises all musicians play when they are learning their instruments and “regular music”. Exercises have given him “as much pleasure as Schubert”. In the concerto, almost all of the soloist’s material is exercise-like – repeated figures that run through the viola’s range with manic insistence, and are sometimes interrupted by rowdy volleys of brass and explosions of percussion, or taken up by one or more sections of the orchestra, always in rhythmic unison.

After just over 15 minutes of these exchanges, there is one final surprise: the soloist lights upon a fragile, wistful tune, which he first plays on his viola and then whistles quietly, as if to himself. Power may not be as superb a whistler as he is viola player, but it still adds an unexpectedly touching ending to this typically strange work.

E vocês, o que acharam?

René Denon

Schubert (1797 – 1828) · ∞ · Winterreise · ∞ · Hotter & Moore · ∾ · Goerne & Johnson · ∾ · Kaufmann & Deutsch · ∾ · Desafio ֎

Schubert (1797 – 1828) · ∞ · Winterreise · ∞ · Hotter & Moore · ∾ · Goerne & Johnson · ∾ · Kaufmann & Deutsch · ∾ · Desafio ֎

 

Schubert

Winterreise

Desafio Revelado

 

 

Winterreise é uma viagem fadada à ruina e ao fracasso, um ciclo de 24 canções sobre coisas tristes, desoladoras, mas ainda hoje segue… Tentaremos entender um pouco este mistério.

Apesar da minha alta ascendência alsaciana, cresci cercado de culturas das mais mundanas, de farinhas de pau, feijões diversos e palmitos extraídos das matas vizinhas. Isto coloca uma questão das mais intrigantes: em que ponto desta vivência dolente e preguiçosa dei-me interessado e em pouquíssimo tempo obcecado e apaixonado pelas canções-arte, os chamados Lieder? Certamente o achado de um álbum duplo, velhíssimos LPs, selo Angel – de mavioso e seráfico logotipo – com Dietrich Fischer-Dieskau cantando o ciclo Die Schöne Müllerin, acompanhado ao piano pelo fiel Gerald Moore. E a atração para o vórtice foi completada com a descoberta do Winterreise, agora cantado pelo Hans Hotter, tendo mais uma vez ao teclado Gerald Moore.

Certamente o caso seria registrado nos anais da Sociedade Tapejarense de Antropologia, caso tal sociedade existisse: como pode um ser vivente que cresceu em um ambiente bucólico e semitropical, ter algum interesse, e quem poderia crer, paixão, por canções levadas em uma língua estranha, gutural, acompanhadas ao piano? Ainda que fosse uma violinha, haveria uma brecha ao entendimento… E se soubessem que a fiada de canções mais martelada na vitrolinha do ser em estudo tratava de uma série de desoladoras canções, que desfilam um completo desmantelamento psicológico do perturbado viajante, que atravessa as paragens nevadas iluminadas por muitos sóis? O tal personagem se debate entre a desilusão amorosa e encara uma solidão medonha e que encontra alívio apenas na companhia de cães e corvos e num final encontro com uma fantasmagórica figura?

Bem, eu diria que a atração pelo contrastante sempre foi forte na minha pessoa e o que parece reverso sempre tocou em mim uma tecla especial. Mas você precisará verificar por si mesmo: Há alguma razão para prosseguir canção após canção, ouvindo um rosário de tristezas e lamentações – quase todas em tom menor?

Caso você se dê uma chance, poderá descobrir a essência da arte de Franz Schubert – que se preparou por uma vida temperada de alegrias e sofrimentos vários – para compor o Winterreise.

Nestes dias eu me aproximo desta música intensa com alguma relutância e a ouço com parcimônia, pois que esta obra é uma daquelas que me é muito cara e, quando me pega, custa deixar-me para as outras coisas.

Desta vez ele pegou-me pela recomposição – ideia ou conceito – ainda não sei, feita pelo maestro e compositor, Hans Zender. Mas sobre isto, vocês precisarão esperar a próxima postagem.

Schubert iniciou a composição do Winterreise musicando em fevereiro de 1827 doze poemas de Wilhelm Müller, de quem ele já havia musicado o ciclo Die Schöne Müllerin. A vida já lhe havia imposto uma dose pesada de sofrimentos. Além da penúria econômica, ele sofria de sífilis, que de maneira ou outra o levaria a morte, no fim do ano seguinte. Naqueles dias a doença era incurável e causava sequelas vexatórias, além de dolorosas. O tom e tema dos poemas certamente despertaram a chama criativa mais intensa, mas a composição não foi fácil, como ele mesmo disse claramente. Nesta primeira fase da composição, Schubert lidou com as 12 primeiras canções do ciclo, sobre os poemas que encontrou publicados em um almanaque chamado ‘Urania für 1823’. A apresentação destes poemas no Urania é Wanderlieder von Wilhelm Müller – Die Winterreise. In 12 Liedern. Schubert achava que o ciclo estava completo. Esta etapa do ciclo começa com a maravilhosa Gute Nacht, que estabelece o teor e clima do ciclo todo, passa pela mais famosa do ciclo – Der Lindenbaum – e termina com a expressiva Einsamkeit – Solidão!

Mas Müller, que morreria em setembro de 1827, estendeu o ciclo acrescentando mais 12 poemas. Quando Schubert encontrou a versão do ciclo completo, publicada agora em um livro, se deu conta do problema: os novos poemas estavam entrelaçados com aqueles que ele já havia musicado. (Para detalhes sobre essas diferenças, veja aqui, nas excelentes notas escritas sobre o Winterreise pelo pianista Graham Johnson, responsável por um dos projetos mais completos sobre Lieder e Schubert, apresentado pela Hyperion). Schubert decidiu seguir musicando os novos poemas e os colocou como continuação dos que já havia composto, criando assim o seu ‘segundo volume’. Schubert adotou a mesma ordem que Müller, mas com uma significativa exceção. Na sua sequência, Schubert antecipou o penúltimo poema – Mut (Coragem) – para a antepenúltima posição, fazendo a troca com Die Nebensonnen – que vou chamar de ‘Três Sóis’. A inversão é providencial, uma vez que Mut é assim uma última tentativa de vencer a ruína e o fim. As frases ‘Klagen ist für Toren’ – Chorar é para Tolos – e ‘Will kein Gott auf Erden sein, sind wir selber Götter!’ – Se não podemos ter deuses na terra, seremos deuses nós mesmos, mostram um certo arroubo de coragem. Aí segue a canção dos três sóis, que faz menção a um fenômeno relativamente raro em que, devido a reflexão e refração de luz solar por pequenos cristais de gelo, tem-se a impressão que há três sóis suspensos no céu.

Neste ponto do ciclo, como diz um aristocrata amigo meu, na sua mais fleugmática e fluente maneira de colocar as coisas difíceis de se dizer, a saúde mental do nosso viajante de inverno já havia ido para as picas! (Pardon my French…) E a canção segue desolada, após os sóis se porem, o viajante desaparecerá na escuridão. Em alemão, ‘Im Dunkeln wird mir wohler sein’, é ainda mais escuro.

Fica assim a questão: como pode haver prazer em ouvir o ciclo todo após todas estas explicações? Você precisa tentar por si próprio e tirar suas próprias conclusões.

Antes que você prossiga para os downloads, deixarei algumas indicações a título de ‘aquilo que você não pode perder’:

– A primeira canção – Gute Nacht – dá o tom da obra toda e estabelece o sentido de despedida, num ciclo que oscila entre a desilusão amorosa, a solidão e a morte. Entendemos que há um amor que não frutificou, que desencadeou essa viagem mesmo no rigor do inverno. Boa Noite do título é menção ao que ele escreveu no portão da casa da amada ao partir.

– Der Lindenbaum é possivelmente a mais famosa canção do ciclo e é comum ouvi-la em recitais separada do ciclo. Mas não é uma canção que trata de alegria. Ela mistura as lembranças de momentos felizes passados junto à árvore do título, que chamamos tília, com a cruel situação vivida pelo viajante. Alguns comentários sobre esta canção falam até em suicídio.

– Frühlingstraum (Sonho de Primavera) e Die Post, que faz menção as trompas das Carruagens dos Correios, são duas canções em tom maior, mais animadas. Mas a animação apenas se refere às lembranças e só fazem tornar a realidade atual mais excruciante.

– Die Krähe (O Corvo) – Esta canção é terrível. O corvo o acompanha na viajem – uma imagem assustadora. Ele menciona que pelo menos há constância até a sepultura. O cara já está no bico do corvo…

– Mas, como naqueles bons romances ou filmes-cabeça, somos deixados a dar tratos a bola, com a última canção – Der Leiermann. Há imagens medievais que representam a morte como o homem do realejo, mas a canção final não deixa as coisas fáceis para conclusões. As muitas interpretações do desfecho do caminhante estão disponíveis por aí, mas a cada vez que ouço o ciclo, fico às voltas com novas possibilidades. Afinal, fica a pergunta que o viajante faz ao homem do realejo: Quando cantar minhas canções, você me acompanhará tocando seu realejo?

– As Gravações –

Gerald Moore

 

Há tantas gravações desta obra, como você pode observar nesta página aqui, que se faz necessária uma palavra sobre as escolhas feitas para esta postagem. Schubert escreveu a música para tenor, mas gravações com barítono ou baixo são até mais comuns. É claro, o mais famoso cantor de Lieder do qual temos notícias, Dietrich Fischer-Dieskau, gravou o ciclo inúmeras vezes e estabeleceu padrões altíssimos. Mas como já há uma postagem desse cantor no site, decidi escalar para esta postagem a gravação de Hans Hotter acompanhado pelo decano dos pianistas acompanhadores, Gerald Moore. Gosto muito desta gravação e creio que ela ainda pode oferecer muitas alegrias. Mas, como é uma gravação jurássica, escolhi outra gravação com voz de barítono, a gravação feita no âmbito do projeto de Graham Johnson – Integral dos Lieder de Schubert, no selo Hyperion. Acho que esta escolha presta uma devida homenagem a este excelente músico.

Graham contando sua saga aos pessoal do PQP Bach…

Para a voz de tenor, decidi trazer a gravação de Jonas Kaufmann, que talvez seja mais conhecido por suas atuações em óperas, mas também é um ótimo cantor de Lieder. Quase postei a gravação de Peter Schreier acompanhado por Sviatoslav Richter, mas basta um jurássico de cada vez.

Finalmente, como gosto de intrigar os leitores seguidores mais curiosos e detalhistas, tem aí uma gravação misteriosa para sua análise inquisidora. Posteriormente a identidade desta dupla de artistas será devidamente revelada.

Franz Schubert (1797 – 1828)

Winterreise, D 911

Com letras escritas por Wilhelm Müller (1794 – 1827)

  1. Gute Nacht (Boa Noite)
  2. Die Wetterfahne (O Catavento)
  3. Gefrorne Tränen (Lágrimas Congeladas)
  4. Erstarrung (Solidificação)
  5. Der Lindenbaum (A Tília)
  6. Wasserflut (Torrente de Água)
  7. Auf dem Flusse (Sob o Rio)
  8. Rückblick (Retrospectiva)
  9. Irrlicht (Fogo-fátuo)
  10. Rast (Descanso)
  11. Frülingstraum (Sonho de Primavera)
  12. Einsamkeit (Solidão)
  13. Die Post (O Correio)
  14. Der greise Kopf (A Cabeça Grisalha)
  15. Die Krähe (O Corvo)
  16. Letzte Hoffnung (Última Esperança)
  17. Im Dorfe (Na Aldeia)
  18. Der stürmische Morgen (A Manhã Tempestuosa)
  19. Täuschung (Engano)
  20. Der Wegweiser (O Sinal Indicador)
  21. Das Wirtshaus (A Estalagem)
  22. Mut (Coragem)
  23. Die Nebensonnen (Os Sóis Vizinhos)
  24. Der Leiermann (O Homem do Realejo)

Arquivo A

Hans Hotter, baixo-barítono

Gerald Moore, piano

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Arquivo B

Matthias Goerne, barítono

Graham Johnson, piano

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Arquivo C

Jonas Kaufmann, tenor

Helmut Deutsch, piano

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Birgit Breidenbach

Gerda Ziethen-Hantich, piano

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O futuro chegou…

Apareça lá na casa do Schober hoje e cantarei para você um ciclo de canções de arrepiar. Estou ansioso para saber o que você dirá delas. Elas me deram mais trabalho do que qualquer uma das minhas outras canções.

Vai deixar passar o convite do Franz?

Aproveite!

René Denon

Você não deve deixar de visitar:

Franz Schubert (1797-1828): Winterreise (com Dietrich Fischer-Dieskau)

Franz Schubert (1797-1828): Winterreise

Schubert – Lieder – Dietrich Fischer-Dieskau & Gerald Moore

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Três Conjuntos de Variações para Piano, Op. 34, 35 (Eroica) & 76 · ∾ · Yukio Yokoyama ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Três Conjuntos de Variações para Piano, Op. 34, 35 (Eroica) & 76 · ∾ · Yukio Yokoyama ֍

BTHVN

Variações para Piano

Rondós

Yukio Yokoyama

 

A primeira publicação de uma composição de Beethoven, então com menos do que 12 anos, foi um conjunto de 9 variações para piano sobre uma marcha de Dressler. Variações sempre fizeram parte da sua obra, às vezes com destaque de número de opus, às vezes como movimento de uma sonata ou outra obra, até culminar nas famosas Variações Diabelli.

Na juventude estas peças eram ainda mais comuns, pois serviam para mostrar suas habilidades como pianista e improvisador.

Eu gosto muito destes três conjuntos de variações, especialmente as que levam o apelido ‘Eroica’ e as agitadíssimas variações do Opus 76. Eu as conheci de um LP de selo Melodia com o lendário pianista Sviatoslav Richter. O disco da postagem de hoje foi gravado pelo espetacular pianista japonês Yukio Yokoyama.

Para completar o disco, além das várias variações, três rondós, sendo o último aquele que manifesta a raiva do sovina pela perda de sua pataca, agitadíssimo.

Uma das gratas surpresas deste estranhíssimo ano de 2020 foi ter conhecido algumas gravações deste pianista. Não há uma que tenha desgostado e várias delas gostei bastante! Assim, decidi compartilhar algumas com vocês, começando por esta postagem.

Yukio Yokoyama foi criança prodígio e além do interesse pelo piano, também se dedicou à composição. Estudou na Universidade de Belas Artes e Música de Tokyo e posteriormente estudou no Conservatório de Paris com bolsa do governo francês. Teve por mestres excelentes pianistas, como Jacques Rouvier e Vlado Perlemuter. Logo ganhou prêmios internacionais e consolidou sua carreira de concertista e além de ter muitos discos gravados, atua como professor e como jurado de vários concursos internacionais de piano.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Variações e Rondós

  1. 6 Variações para piano, Op. 34
  2. 15 Variações para piano, Op. 35 – “Variações Eroica”
  3. 6 Variações para piano, Op. 76
  4. Rondo em dó maior, Op. 51, 1
  5. Rondo em sol maior, Op. 51, 2
  6. Rondo a capriccio em sol maior, Op. 129 – “Die Wut uber den verlorenen Groschen”

Yukio Yokoyama, piano

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Mr. Yokoyama aproveitando a haute cuisine de PQP Bach Coop

Momento ‘The Book in on the Table’: The Op 34 Variations are played reasonably quickly and strongly and make for a fine diversion, the Op 76 Variations are superb […] The Eroica Variations are fine indeed. Each of the short variations holds one’s rapt attention, and the concluding fugue is superb, if perhaps a bit brittle sounding at times. The two Op 51 Rondos are superbly and beautifully played and deserve more air time […]. The ever delightful Rage over a Lost Penny is played in pure virtuoso fashion and thrills in so far as it can.

Fine, indeed! Aproveitem!

René Denon

PS: A cor da capa da postagem é uma homenagem à segunda camisa do Inter…

Outro pianista japonês que vale a pena conhecer:

Beethoven (1770-1827): 3 Sonatas para Piano ∞ Kotaro Fukuma #BTHVN250 ֍

Darius Milhaud (1892-1974) · ∞ · Música para dois pianistas · ∞ · Stephen Coombs & Artur Pizarro ֍

Darius Milhaud (1892-1974) · ∞ · Música para dois pianistas · ∞ · Stephen Coombs & Artur Pizarro ֍

Darius Milhaud

Música para dois pianistas

Stephen Coombs

Artur Pizarro

 

Continuando a série – Gostei, Postei! – um disco ótimo para ser ouvido em movimento. Eu o tenho levado para ouvir durante as caminhadas. Ele também serve bem para ouvir enquanto você prepara o jantar. Será surpreendido com headphones mexendo a salada ou virando a omelete. Pura diversão!

Veja que não há contraindicações caso você queira ouvi-lo escarrapachado no sofá, naquele momento de paz em que o pessoal que trabalha no condomínio já foi embora, calando as malditas máquinas de lavar a jatos e os cortadores de grama, e os vizinhos ainda não ligaram as TVs para o jornal ou novela. Bem, agora as pessoas maratonam séries. Deste moderno hábito tenho conseguido seguir incólume, so far…

Mas, divago… Milhaud teve uma longa vida e compôs muita música. Tinha o que ocorre com alguns de seus conterrâneos, o bicho que os faz viajar. Rodou mundo e absorveu muita música em diferentes culturas. As suas conexões com o Brasil, onde passou um tempo a serviço do Ministro Plenipotenciário (adorei o título) Paul Claudel, dão um colorido delicioso ao disco. Estão presentes em duas peças – no último movimento da primeira – Brasileira (Mouvement de samba), em Scaramouche, e na última, o Boi no Telhado!

Veja aqui um texto do Caderno de Música da Rádio MEC:

Darius Milhaud nasceu em Marselha, em 1892, e é um dos integrantes do chamado “les Six”, um grupo de compositores franceses que se propunha a apresentar uma alternativa aos estilos wagneriano e ao impressionista. Entre 1916 e 1918, Milhaud trabalhou no Brasil a serviço da embaixada da França junto do adido cultural Paul Claudel. Neste período, teve intenso contato com a atmosfera da música popular urbana do Rio de Janeiro que serviu como fonte de inspiração para várias de suas obras, dentre elas “Scaramouche”, “Saudades do Brasil” e “O boi no telhado”.

Na sua música “Le Boeuf sur le toit” (ou “O boi no telhado”), Darius Milhaud faz uso de cerca de 28 melodias de músicas populares de compositores cariocas da época. Algumas dessas melodias são facilmente identificáveis, como “Corta-Jaca”, de Chiquinha Gonzaga, “Flor do Abacate”, de Álvaro Sandim, e “Apanhei-te, cavaquinho”, de Ernesto Nazareth, que era um dos compositores e instrumentistas mais admirados por Milhaud. O próprio título “O boi no telhado” também é de inspiração brasileira, pois faz referência a um tango de mesmo nome escrito em 1918 por José Monteiro, também conhecido como Zé Boiadeiro.

Outras partes das Américas estão no disco, como nas peças Kentuckiana e carnaval à la nouvelle-orléans.

O disco é magistralmente interpretado por Stephen Coombs, tarimbado na música para duo de pianos ou piano a quatro mãos, e o português Artur Pizarro, que tem uma carreira solo bastante distinta, mas aqui está em excelente sintonia com o outro músico. E o selo Hyperion nos dá um show de produção com um ótimo livreto.

Darius Milhaud (1892 – 1974)

Scaramouche Op. 165b

  1. I. Vif
  2. II. Modéré
  3. III. Brazileira: Mouvement de samba

Kentuckiana Op. 287

  1. Rondement

Le Bal Martiniquais Op. 249

  1. I. Chanson créole: Modéré
  2. II. Biguine: Vif

Les Songes Op. 237

  1. I. Scherzo: Très vif
  2. II. Valse: Modéré sans lenteur
  3. III. Polka: Animé

carnaval à la nouvelle-orléans Op. 275

  1. I. Mardi gras! Chic à la paille
  2. II. Domino noir de Cajan
  3. III. On danse chez monsieur Degas
  4. IV. Les mille cent coups

La Libertadora Op. 236a

  1. I. Vif
  2. II. Animé
  3. III. Modéré
  4. IV. Vif
  5. V. Animé

Le Bœuf sur le Toit Op 58a

  1. Animé

Stephen Coombs, piano

Artur Pizarro, piano

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Artur Pizarro, de boas…
Estevão Penteado

An entertaining and delightful issue which brings some high-spirited pianism from these fine players.

The Penguin Guide of Recorded Classical Music

2011 edition

Eu confesso não saber se há alguma relação entre O Boi no Telhado de José Monteiro (Zé Boiadeiro) – Darius Milhaud e a maravilhosa história de O Boi Voador de Maurício de Nassau. Se há, digam me vocês…

Aproveite!  Nem sempre se encontra um disco tão saboroso…

PS: Se você gostou deste disco, talvez se interesse por esta postagem:

Música Francesa para Piano a Quatro Mãos – Marylène Dosse e Annie Petit

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827): Sinfonias 1, 2 & 3 · ∾ · G. Barry (1952): Beethoven / Concerto para Piano (Adès / Britten Sinfonia) ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827): Sinfonias 1, 2 & 3 · ∾ ·  G. Barry (1952): Beethoven / Concerto para Piano (Adès / Britten Sinfonia) ֍

BTHVN

Sinfonias Nos 1, 2 & 3

Gerald Barry

Beethoven & Concerto para Piano

Britten Sinfonia

Thomas Adès

 

Estamos nos aproximando da data da efeméride mor do (trágico) ano de 2020, 250 anos do nascimento do Ludovico, que se dará em 17 de dezembro de 2020. A agenda anda cheia, portanto, com tantas postagens com música do gênio. Eu mesmo já tenho contribuído com uma boa dose para esta Beethoven-Mania, mas ainda temos muitas coisas para oferecer. Espero que o apetite de nossos leitores seguidores continue insaciável. Aproveitando uma brecha na programação de nosso principal curador do que acabou tornando-se o Projeto #BTHVN250, retomo algumas postagens com peças de nosso admirado compositor.

Eu tenho particular prazer em ouvir as peças do jovem Beethoven, produzidas assim que ele chegou a Viena – os primeiros concertos para piano, as primeiras sonatas para piano, sonatas para piano e violino e outras obras de câmera.

Há nestas peças um olhar atento para a produção dos compositores já estabelecidos, principalmente Haydn e Mozart, mas há também um gesto de desafio, de novidade, da forte personalidade do compositor, afirmando sua própria voz.

Nesta postagem temos como foco as três primeiras sinfonias, regidas por Thomas Adès, um dos mais completos músicos ingleses do momento. Isto foi o que me atraiu inicialmente para o álbum, que agora divido com vocês. Thomas Adès é compositor e exímio pianista e aqui assume o papel de regente da orquestra que leva o nome de outro famoso músico inglês de uma geração anterior, que como ele foi compositor, regente e pianista – Benjamim Britten.

Para um toque de modernidade ao álbum, temos mais duas peças compostas por Gerald Barry, compositor irlandês contemporâneo. Barry conta que cresceu na região rural de Clare (Clarehill) e o pouco contato que teve com música nesta época foi através do rádio: ‘A coisa que me fulminou como um raio, assim como aconteceu com São Paulo a caminho de Damasco, foi uma ária de uma ópera de Handel, de Xérxes, talvez, que ouvi pelo rádio. Eu ouvi aquela mulher cantando e, bang – explodiu minha cabeça! Foi assim que descobri música’.

A peça intitulada Beethoven fica logo após as duas primeiras sinfonias e é para barítono e orquestra, baseada no texto da famosa carta de Beethoven à imortal amada. E após a Sinfonia Eroica, o seu Concerto para Piano.

Eu gostei mais do Concerto, com seus sons ásperos e modernosos. Você precisará ouvir para tirar suas próprias conclusões.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 1 em dó maior, Op. 21

  1. Adagio molto – Allegro con brio
  2. Andante cantabile con moto
  3. Menuetto. Allegro molto e vivace – Trio
  4. Finale. Adagio – Allegro molto e vivace

Sinfonia No. 2 em ré maior, Op. 36

  1. Adagio molto – Allegro con bio
  2. Larghetto
  3. Scherzo. Allegro vivo
  4. Allegro molto

Gerald Barry (nascido em 1952)

Beethoven

  1. Beethoven

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 3 in mi bemol maior, Op. 55 ‘Eroica’

  1. Allegro con brio
  2. Marcia funebre. Adagio assai
  3. Scherzo. Allegro vivace – Trio
  4. Finale. Allegro molto

Gerald Barry (nascido em 1952)

Concerto para Piano

  1. Concerto para Piano

Nicolas Hodges, barítono (Beethoven)

Mark Stone, piano

Britten Sinfonia

Thomas Adès

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Thomas e a Sinfonia

Uma crítica bastante própria ao álbum todo pode ser lida aqui. Veja o que nos diz sobre a interpretação da Eroica:  An excitement exists throughout, as though a fiery character is always set to bubble over.

BBC Music Magazine – Julho 2020: This set cuts pristine interpretations of Beethoven’s early symphonies with Gerald Barry’s 21st-century zesty homage…Stone’s Beethoven swaps between falsetto and lower-range passages with impressive dexterity…Adès and the Britten Sinfonia present tightly knit performances [of the Beethoven Symphonies], and dynamic subtleties are largely preserved in the concert recordings.

Se você quiser conhecer o Thomas Adès compositor, poderá começar aqui:

Thomas Adès (1971): Adès Conducts Adès

Telemann (1681 – 1767) · ∾ · Suíte, Concertos e Sonata · ∾ · Il Giardino Armonico & Giovanni Antonini ֍

Telemann (1681 – 1767) · ∾ · Suíte, Concertos e Sonata · ∾ · Il Giardino Armonico & Giovanni Antonini ֍

Telemann

Suíte para flauta doce

Concertos e Sonata para duas chalumeaux

Il Giardino Armonico

Giovanni Antonini

 

Telemann tinha uma grande predileção pela flauta doce e nos deixou várias suítes, concertos e sonatas nas quais este instrumento tem destaque. Entre elas, a mais famosa é esta Suíte em lá menor que lidera o programa deste ótimo disco.

Há muitas gravações desta peça que é, digamos assim, obrigatória no repertório de todo flautista doce, maior ou menor. A primeira vez que a ouvi foi na gravação do patrono deles – Frans Brüggen. Depois vieram Michala Petri e também um despretensioso mas ótimo disco da Naxos com música de Telemann, regida por Richard Edlinger. Lamento não lembrar o nome do flautista.

Agora é a vez do ótimo flautista doce, Giovanni Antonini, que também dirige o Il Giardino Armonico, nos fazer as honras.

O programa do disco ainda nos traz dois concertos, um deles ‘de câmera’, e para dar um colorido diferente, uma sonata para dois chalumeaux. O chalumeau é um instrumento de sopro de madeira que antecedeu o clarinete. Telemann que adorava explorar outras sonoridades (chegou a compor um concerto para flauta doce e flauta transversa), nos deixou esta linda peça com uma sonoridade, digamos assim, um tanto exótica.

No libreto em italiano, pude perceber que a peça que abre o disco, um oportuno prelúdio de um minutinho, é uma homenagem a Jacques-Martin Hotteterre – um virtuose, compositor e construtor de flautas doce francês, assim como as suítes que Telemann também adotou.

Jacques-Martin Hotteterre (1674 – 1763)

Prelúdio para flauta doce (module simplesmente ‘Tendrement sans lenteur’)

  1. Prelúdio

Georg Philipp Telemann (1681 – 1767)

Suíte em lá menor para flauta doce, cordas e baixo contínuo TWV 55: a2

  1. Ouverture
  2. Les Plaisirs
  3. Air à Italien (Largo, Allegro, Largo)
  4. Menuet I et II
  5. Réjouissance Vite
  6. Passepieds I et II
  7. Polonaise

Concerto em dó maior para flauta doce, cordas e baixo contínuo TWV 51: C1

  1. Allegretto
  2. Allegro
  3. Andante
  4. Tempo di Menuet

Sonata em fá maior para duas chalumeaux, violinos e baixo contínuo TWV 43: F2

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Grave
  4. Vivace

Concerto de Câmera em sol menor, para flauta doce, dois violinos e baixo contínuo TWV 43: g3

  1. [Allegro]
  2. Siciliana
  3. Bourrée
  4. Menuet et Trio

Il Giardino Armonico

Giovanni Antonini, flauta doce, chalumeau tenor e direção

Tindaro Capuano, chalumeau contralto

Enrico Onofri, violino

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Aqui um trecho da crítica do disco na famosa BBC Music Magazine:

Antonini proves an athletic and affectionate communicator of this sophisticated music, enlivening the dances with well-judged tempos, cogent articulation and a light tread that would grace any… 

Aproveite!
René Denon

PS: Se você gostou deste disco, pode ser que goste das seguintes postagens:

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Suites & Concertos para Flauta Doce

Georg Philipp Telemann (1681-1767): Double & Triple Concertos

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) ∾ Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Lars Vogt – CBSO & Simon Rattle ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) ∾ Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Lars Vogt – CBSO & Simon Rattle ֍

Beethoven

Concertos para Piano Nos. 1 & 2

Lars Vogt

City of Birmingham Symphony Orchestra

Simon Rattle

2’20

Beethoven apresentou-se pela primeira vez ao grande público em Viena no dia 29 de março de 1795,  quando foi o solista de seu Concerto em si bemol maior. Mesmo os ouvidos menos atentos notaram uma nova e grandiosa voz que se elevava. Um primeiro movimento com fanfarras prenuncia algumas de suas obras posteriores, notoriamente o Concerto Imperador, o solo de piano que apresenta uma individualidade que o destaca do restante da orquestra e mais o movimento lento, com prenúncios de romantismo, indicavam as novidades.

Eu adoro estes dois primeiros concertos para piano de Beethoven, que podem ser facilmente subestimados, se os colocarmos em perspectiva com os três que os seguiriam. Mas eu sei muito bem que comparações deste tipo raramente são pertinentes  ou vantajosas.

Este disco eu fui buscar no fundo do meu baú para contribuir na festiva comemoração do Blog pelos 250 anos de nascimento de Beethoven. É verdade que já temos nossas deliciosas matinais postagens vassylianas, que vem a célere passo apresentando a obra completa do mestre, com excelentes e interessantes gravações, deixando a tarefa de encontrar algo que possa interessar nossos caríssimos leitores ainda mais apimentada.

Assim, preciso de uma justificativa deveras consistente para lançar mais uma postagem neste remoinho de #BTHVN250. Pois bem, além de ser um disco do qual gosto muitíssimo, critério primeiro a ser verificado para a sua escolha, ele tem uma coisa que o diferencia dos tantos outros discos com estes dois concertos.

Verdade, o solista é o jovem Lars Vogt, acompanhado pela City of Birmingham Symphony Orchestra, regida pelo seu maestro de então – Simon Rattle – que em 1994 ainda não sabia que se tornaria o Direktor da Berliner Philharmoniker.

Lars estava deslanchando sua carreira de pianista, que ganhara grande impulso uns quatro anos antes, quando ele participou do Leeds International Piano Competition, conquistando o segundo lugar. Na ocasião tocara o Concerto de Schumann, acompanhado pela CBSO e Rattle, concerto que gravou logo depois, junto ao Concerto de Grieg, acompanhado pelo mesmo time.

O atual Lars, tentando escapar do fotografo especial do PQP Bach Corp.

Atualmente Lars Vogt também exerce a regência e é o diretor da Royal Northern Symphony, orquestra com a qual gravou todos os concertos para piano de Beethoven, atuando como solista e regente. Não satisfeito com esta façanha, fez o mesmo com os dois concertos de Brahms. Espero que dia deste algum de meus colegas postem estas coisas. Eu vou garantir este belíssimo disco, mas quase me esquecia de contar o que o torna tão especial, pelo menos para mim.

Na edição que eu tenho, a capa do libreto traz em pequenas letras vermelhas a informação que as cadências do Concerto em dó maior foram compostas por Glenn Gould. E é por isto, 2’20 (dois minutos e vinte segundos), contados a partir de 12’20 na primeira faixa – a cadência do primeiro movimento – que eu verdadeiramente adoro este disco. Eu não consigo ouvir uma só vez. E toda vez que ouço esta cadência, ela me contagia, eu me remexo todo, agito as mãos, o corpo todo. Estes dois minutos e pouco de música me dão uma grande energia.

As cadências (a do terceiro movimento também) foram compostas por Glenn Gould em 1954 para uma apresentação em um concerto com a Montreal Symphony Orchestra.

Assim, temos dois concertos de um jovem compositor, interpretados por um jovem virtuose, e que com a sua escolha de cadências faz uma reverência ao seu predecessor. E se pensarmos bem, em 1994, Rattle que ainda não fizera quarenta anos, era um jovem maestro. Portanto, ouça lá este disco prestando alguma atenção no final da primeira faixa e depois me contem… Será que meu entusiasmo se justifica?

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15

  1. Allegro com brio (Cadência de Glenn Gould)
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro) (Cadência de Glenn Gould)

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. Allegro con brio (Cadência de Beethoven)
  2. Adagio
  3. Rondo (Allegro molto)

Lars Vogt, piano

City of Birmingham Symphony Orchestra

Simon Rattle

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Veja um comentário que observei em uma crítica do disco que você poderá ler na integra aqui.

The most distinctive aspect is the strong contrast between the styles of the soloist and the orchestra: Vogt cultivates a light, airy sparkling tone that looks back to Haydn, while Rattle’s statements from the orchestra are forceful and spacious.

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, também poderá gostar de ver estas postagens:

BTHVN250 – Beethoven (1770-1827): The Beethoven Journey – Concertos para Piano ∞ Mahler Chamber Orchestra – Leif Ove Andsnes ֍

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – The Piano Concertos – Piano Concertos 1 & 2 – Perahia, Haitink, RCO

Beethoven (1770-1827): Os 5 Concertos para Piano com Paul Lewis (revalidado)

Mahler (1860 – 1911) · ∾ · Erinnerung · ∾ · (Coleção de Lieder) · ∾ · Christiane Karg & Malcolm Martineau ֍

Mahler (1860 – 1911) · ∾ · Erinnerung · ∾ · (Coleção de Lieder) · ∾ · Christiane Karg & Malcolm Martineau  ֍

Mahler

Erinnerung

Christiane Karg

Malcolm Martineau

 

Hoje chegou pelo correio uma caixa com CDs de Mahler – Sinfonias –, quase todas, regidas pelo jovem James Levine, diversas orquestras. Eu já havia esquecido que havia pedido. Gosto particularmente da gravação que ele fez da Terceira e da Quinta Sinfonia e assim pedi a coisa toda que ele gravou. Vai dar trabalho, mas será divertido. Mas o que eu realmente queria dizer é que chegou novamente dias de ouvir Mahler. Para tanto, é preciso entrar na vibe, sentir uma certa apetência. Não creio que alguém simplesmente acorde e diga – hoje ouvirei a Oitava Sinfonia de Mahler, a menos que seja um dia especial.

O universo deste compositor é um tanto complexo e sua exploração pode durar uma vida toda, se você souber dosar. Eu não entendi direito ainda a Sexta, Sétima e a Oitava. Adoro de paixão a Nona e a Canção da Terra, mas ouço estas obras com parcimônia, quando posso realmente me entregar a elas com a dedicação que eu acho que elas merecem.

Sobrou o que? Bom, as outas sinfonias que eu ouço com mais frequência, a Quarta prima entre elas.

Mas, se você ainda é noviç@ na arte de Mahler, ou mesmo iniciad@ mas que ainda tem arcanos a galgar, precisa ouvir os Lieder. Na minha opinião, o caminho para o coração da música de Mahler passa por suas lindas canções.

E este disco, que você encontra aqui no PQP Bach ainda antes do seu lançamento, que será no dia 16 de outubro de 2020, traz assim um buquê delas, todas muito boas, algumas espetaculares. A cantora, Christiane Karg, já tem alguns discos lançados, mas este é o primeiro dela que ouço. Buscarei muitos outros.

Temos seis canções do conjunto intitulado “Des Knaben Wunderhorn”, com poesias folclóricas e cheias de sabedoria popular e sete canções do conjunto intitulado “Lieder und Gesänge aus der Jugenszeit”, do tempo de juventude. Tem também cinco canções maravilhosas, com letras de Friedrich Rückert, as “Rückert Lieder”, e para fechar o cortejo, algo deveras especial.

Em 1905, Edwin Welte inventou uma maneira de gravar os pianistas da época em rolos de papel e Mahler foi um dos que deixaram registro. Ele gravou arranjos de algumas de suas obras. Pois, usando estes raríssimos documentos, nas duas últimas canções, Christiane Karg é acompanhada por ninguém menos do que o próprio compositor. Bem, ela teve que dar um jeito de se adaptar aos andamentos ousados do Gustav, mas é isso o que temos. A última canção, em particular, tem como letra um poema da coleção “Des Knaben Wunderhorn” – Wir geniessen den himmlischen Leben – e tornou-se o quarto movimento da Quarta Sinfonia. A canção é uma descrição da vida no Céu pelos olhos de uma criança.

É claro, cada um pode ouvir a música como quiser, inclusive escolhendo uma ou outra canção e depois seguir para outros arquivos. Mas se você se permitir um pouco mais de tempo e dedicação, poderá usufruir muito mais. De um libreto de outro disco, tirei o seguinte parágrafo: Há outro aspecto dos Lieder de Mahler: eles devem ser vistos como os germes de suas obras sinfônicas. Não é por acaso que muitos deles existem em duas versões, com acompanhamento de piano e com acompanhamento orquestral. Na coleção de poemas intitulado “Des Knaben Wunderhorn”, que refletem a realidade em uma maneira simplista, Mahler encontrou algo de seu próprio e real despertar primitivo. Essas canções antecipam o que suas sinfonias mais tarde iriam definir – a relação entre felicidade e nostalgia, medo e amor pela natureza, pesar e o fantasmagórico.

Por exemplo, um pouco de esforço revela o rico universo folclórico das canções do KW. A primeira delas a ser apresentada aqui, Rheinlegendchen (Lendazinha Renana), conta de um camponês que sente saudades de sua amada e de uma forma mágica e misteriosa seu anel (ou aliança) cai no rio, corre para o mar e acaba na barriga de um peixe. O peixe, depois de assado vai para a mesa do rei que acha o anel! E, é claro, a jovenzinha reconhece o anel e volta correndo para devolvê-lo…. Bom, você acha que isso tudo demora uns quinze minutos para contar, não é? Nada, a canção demora meros 3 minutos! Por isso é preciso ouvir e ouvir…

Outra canção maravilhosa é Des Antonious von Padua Fischpredigt, que conta como o caridoso santo, não encontrando qualquer pessoa na igreja, foi pregar aos peixes. E todos os peixes o escutaram com a atenção que o santo merece. Mas, ao fim do sermão, cada um se volta para sua própria vida, o peixe lúcio continua um ladrão, as enguias grandes amantes, o sermão agradou, mas eles continuam como sempre foram. Verdadeira sabedoria folclórica.

Há canções nas quais o intérprete faz mais do que uma voz, como na Das Irdishe Leben – A Vida na Terra – em que há uma criança faminta, uma mãe que lhe promete o pão e o narrador. E tem Verlorne Müh’ – Inútil Esforço – em que a garota tenta atrair o rapazola, mas com diz o título, o esforço é em vão.

Eu gosto muito das canções com letras de Friedrich Rückert, que também escreveu a letra para os Kindertotenlieder. Há três canções curtas, belíssimas, e duas mais parrudas – Um Mitternacht, que é muito séria, e dá um pouco de medo, e a que eu mais gosto de todas, Ich bin der Welt abhanden gekommen. Acho que nesta canção há uma parte essencial da obra de Mahler, que não seria completa sem ela.

Escrevi mais do que havia planejado, não sei se você continua comigo até aqui ou se já foi para outra postagem. Espero que meu entusiasmo por essas coisas lhe contagie de alguma maneira e que o disco lhe seja agradável!

Vale!

Gustav Mahler (1860 – 1911)

  1. Rheinlegendchen (Des Knaben Wunderhorn)
  2. Wer hat dies’ Liedlein Erdacht? (Des Knaben Wunderhorn)
  3. Hans und Grete (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  4. Ablösung im Sommer (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  5. Scheiden und Meiden (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  6. Verlorne Müh’ (Des Knaben Wunderhorn)
  7. Des Antonius von Padua Fischpredigt (Des Knaben Wunderhorn)
  8. Das irdische Leben (Des Knaben Wunderhorn)
  9. Wo die schönen Trompeten blasen (Des Knaben Wunderhorn)

Rückert-Lieder

  1. Blicke mir nicht in die Lieder!
  2. Ich atmet’ einem linden Duft!
  3. Um Mitternacht
  4. Liebst du um Schönheit
  5. Ich bin der Welt abhanden gekommen

 

  1. Erinnerung (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  2. Phantasie aus Don Juan (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  3. Nicht wiedersehen (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)

Christiane Karg, soprano

Malcolm Martineau, piano

  1. Ich ging mit Lust (Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit)
  2. Wir geniessen den himmlischen Leben

Christiane Karg, soprano

Gustav Mahler, piano de rolo

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Malcolm Martineau, rindo à toa…

For her first solo recital on harmonia mundi, Christiane Karg, alongside her faithful partner Malcolm Martineau, presents an incursion into the most intimate aspect of Mahler’s music: the songs from Des Knaben Wunderhorn take us to the heart of the composer’s creative process, as do the songs from his youth and the later Rückert-Lieder.

Aproveite!

René Denon

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Gustav Mahler (1860-1911): Des Knaben Wunderhorn

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 4 – Emmy Loose, Philharmonia Orchestra & Paul Kletzki

Gabriel Fauré (1845 – 1924) · ∾ · Quartetos com Piano · ∾ · Fauré Quartett ֍

Gabriel Fauré (1845 – 1924) · ∾ · Quartetos com Piano · ∾ · Fauré Quartett ֍

Gabriel Fauré

Quartetos com Piano

Algumas Canções

Fauré Quartett

 

O lançamento deste disco foi ontem (escrevo na linda tarde de 2 de outubro de 2020) e deixou-me assim, um pouco surpreso.

O Fauré Quartett é formado por Konstantin Heidrich (violoncelo), Erika Geldsetzer (violino), Sascha Frömbling (viola) e Dirk Mommertz (piano). Estes quatro músicos alemães formaram este conjunto de câmera há 25 anos, quando estudavam em Karlsruhe. A escolha do nome se deve ao fato de que naquele ano de 1995 comemorava-se os 150 anos de nascimento do Gabriel e a música deste ótimo compositor francês os reuniu e mostrou a possibilidade de assim atuarem profissionalmente.

Minha surpresa vem do fato de que, apesar do nome, o grupo ainda não havia registrado as peças do homônimo compositor. Realmente, eles gravaram os quartetos de Mozart, de Brahms, e realizaram outros interessantes e ousados projetos para a Deustche Grammophon, mas nada de Fauré, até ontem…

Parece que eles passaram 25 anos se preparando para realmente fazer jus à música que tanto os inspirou. Posso vos garantir que valeu a espera. O disco é excelente.

O pianista do grupo, Dirk Mommertz, explica que os membros do grupo estão realmente muito conectados e isto gera algum risco: manter exatamente aquilo que uma música como a de Fauré precisa, o imprevisível, uma sensação de estar no ar, de leveza, mas também a profundidade que está dentro dela.

Dame Janet Baker

Veja como o Google tradutor do alemão verteu a mensagem de lançamento do álbum: O lançamento do novo disco é iminente! Estamos comemorando 25 anos do Quarteto Fauré. É por isso que Gabriel Fauré pode ser ouvido no CD. Muito! Seus dois quartetos de piano, Op. 15 e Op. 45, são adoçados com cinco canções: Notre Amour, Les Berceaux, Après un rêve, Clair de lune e Mandolin em um arranjo agradável de Dietrich Zöllner. O CD estará disponível a partir de 2 de outubro!

Gérard Souzay

 

 

Adoçados (versüßt) pode não ser muito elogioso para nossos ouvidos, mas tenho certeza que o contexto cultural alemão deve ser diferente. Digo isso por que achei os arranjos de impecável bom gosto. Acrescentei no arquivo que você já deve estar baixando gravações das canções Les Berceaux, Après un rêve, Clair de lune e Mandolin, nas vozes excepcionais de Gerard Souzay e Janet Baker, para que você compare e tire as suas próprias conclusões.

Gabriel Fauré (1845 – 1924)

Quarteto com Piano No. 2, Op. 45

  1. Allegro molto moderato
  2. Allegro molto
  3. Adagio non troppo
  4. Allegro molto

Canções arranjadas para Quarteto com Piano (Dietrich Zöllner)

  1. Notre Amour
  2. Les Berceaux
  3. Après un rêve
  4. Clair de lune
  5. Mandoline

Quarteto com Piano No. 1, Op. 15

  1. Allegro molto moderato
  2. Scherzo. Allegro vivo – Trio
  3. Adagio
  4. Finale. Allegro molto

Fauré Quartett

Konstantin Heidrich, violoncelo

Erika Geldsetzer, violino

Sascha Frömbling, viola

Dirk Mommertz, piano

Extra – Canções

  1. Les Berceaux [Janet Baker]
  2. Après un rêve [Janet Baker]
  3. Après un rêve [Gerard Souzay]
  4. Clair de lune [Gerard Souzay]
  5. Mandoline [Gerard Souzay]
  6. Mandoline [Janet Baker]

Janet Baker e Geoffrey Parsons (piano)

Gerard Souzay e Jacqueline Bonneau (piano)

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E o pessoal está rindo à toa…

E o pianista do Fauré Quartett continua explicando: “One discovers much that is wonderful in Fauré’s music, from the darkest depths in the slow C minor movement, to the airiness and cheerfulness of some of the art songs we arranged and recorded” […] It is “incredibly challenging to cope with such emotional fluctuations along with all the imponderables as a member of an ensemble that has been rehearsing this music for over twenty years now. But it is exactly this that has perhaps driven us to rethink just about everything as much as possible. You have to look for a truth that offers validity.”

Na minha opinião, eles saíram-se brilhantemente do desafio!

Aproveite!

RD

Se você gostou desta postagem, poderá se interessar por estas aqui:

Gabriel Fauré (1845-1924): Quartetos para Piano Nros 1 e 2

Gabriel Fauré (1845-1924): Quartetos para Piano Nº 1 & 2 / Noturno Nº 4

Gabriel Fauré (1845-1924): Sonatas para Violino – Krysia Osostowicz & Susan Tomes

Gabriel Fauré (1845-1924) – Violin Sonatas – Shlomo Mintz, Yefim Bronfman

DESAFIO PQP! -> Schumann (1810 – 1856) & Grieg (1843 – 1907): Concertos para Piano

DESAFIO PQP! -> Schumann (1810 – 1856) & Grieg (1843 – 1907): Concertos para Piano

 

Schumann & Grieg

Concertos para Piano

 

 

Discos com música de um único compositor costuma ser o normal, mas há também aqueles discos nos quais o artista apresenta um recital escolhendo peças de vários compositores que mais se adequam às suas características ou habilidades. Estes discos podem ser apenas montados pelas gravadoras para homenagear o artista ou para fins comerciais mesmo.

Que foi? Nunca viu um par de jarros?

Entre estes extremos temos aqueles discos que reúnem duas obras que se tornaram ‘dobradinhas’ ao longo da história das gravações. As duplas mais famosas são os quartetos de cordas de Debussy e Ravel e os concertos para piano de Schumann e Grieg.

Digo Schumann e Grieg pois Schumann é mais velho e compôs o seu concerto primeiro, que serviu de inspiração para o mais jovem compositor. Mas as prevalências acabam aqui, pois que os dois concertos são obras espetaculares e, a menos que você seja um absoluto negacionista do romantismo, deve amar estas obras.

Seguindo, portanto, a linha de apresentar obras representativas do repertório clássico para o Desafio PQP, escolhi estes dois concertos para esta que já é a quarta rodada.

Conta a história que em 1845 Clara Schumann estreou o Concerto do maridão como solista em uma apresentação em Dresden. Alguns anos depois, em outro concerto que fez em Leipzig, esteve presente o então jovem norueguês Edvard Grieg, que ficou encantado com a obra do compositor mais velho e inspirado pela sua beleza e romantismo logo deitou mãos à obra. E então, como diz o adágio, o resto é história.

Para tornar o desafio ainda mais interessante, temos aqui não uma gravação, mas duas gravações deste par de ‘cavalos de batalha’. Doravante elas serão tratadas por Desafio A e Desafio B.

Para ganhar o nome inscrito em um tijolo na virtual calçada da fama do PQP Bach, você precisará nomear os artistas das duas gravações.

E mais não digo pois que os nossos argutos e dedicados Sherlockes musicais são capazes de farejar mesmo nos mais rarefeitos bites digitais dos arquivos postados.

Vamos, aproveitem estas duas gravações dos lindos concertos e digam-me sem demora os nomes e sobrenomes dos intérpretes!

Robert Schumann (1810 – 1856)

Concerto para Piano em lá menor, Op. 54

  1. I. Allegro affetuoso
  2. II. Intermezzo: Andantino grazioso e III. Allegro vivace

Edvard Grieg (1843 – 1907)

Concerto para Piano em lá menor, Op. 16

  1. Allegro molto moderato
  2. Adagio
  3. Allegro moderato molto e marcato

Desafio A

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Desafio B

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Neste ambiente foi descoberta a solução do último desafio – verdadeiro trabalho de Sherlock!

Reafirmo aqui a questão motivadora desta espécie de ‘coluna’ do PQP Bach… Como se fosse a Seção de Palavras Cruzadas:

O quanto o conhecimento antecipado do intérprete afeta nossa apreciação de um disco?

Nossos ouvidos podem ser levados a apreciar com mais condescendência aqueles intérpretes que amamos ou ficarem de sobrepostos para as escorregadelas  daqueles com os quais não simpatizamos. Isto sem contar com as muitas gravações que não nos chamam particularmente a atenção. Pois aqui você tem a oportunidade de ouvir uma boa música sem pré-julgamentos de qualquer tipo… Pelo menos até que o desafio não seja resolvido!

Aproveite!

René Denon

PS: Se você se interessou pelos desafios, poderá encontrar os anteriores clicando nos links a seguir.

DESAFIO PQP! –> Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5 – ‘Emperor’ & Fantasia Coral #BTHVN250 ֍

DESAFIO PQP! –> Mozart (1756 – 1791): Sinfonias Nos. 40 & 41

DESAFIO PQP! –> Brahms (1833-1897): Concertos para Piano

 

Poulenc (1899-1963): Música de Câmara – Ensemble Arabesques – Paul Rivinius

Poulenc (1899-1963): Música de Câmara – Ensemble Arabesques – Paul Rivinius

Francis Poulenc

Música da Câmara

(com Instrumentos de Sopro)

Ensemble Arabesques

Paul Rivinius

 

Houve um tempo em que as escolhas de repertório eram limitadas e a música que ouvíamos vinha dos LPs nos quais conseguíamos deitar a mão. Muito Tchaikovsky, uma porção discos de Karajan e maestros e músicos que os principais selos se davam ao trabalho de lançar por aqui. É claro, havia muita coisa boa, mas acho que vocês me entendem. O que havia é descrito pela expressão em inglês – mainstream – o repertório mais convencional.
Lembro de estar na loja do Rubão, o aristocrático Sr. Rubens, que flanava entre suas gôndolas repletas de LPs da Deutsche Grammophon e Philips, com seu blazer castanho e ar inglês, e ver entrar uma figura do meio artístico teatral buscando – música de câmara de Fauré. É preciso ouvir a música de câmara de Gabriel Fauré, afirmava ele… Pois é, ele quase desmaiou quando viu os preços.

Qual é o trompista e qual é o pianista?

Atualmente, com a facilidade oferecida pelas plataformas de música, muitos avatares digitais do que seria os LPs, temos o problema reverso – como escolher um bom disco em meio a tantas ofertas? É preciso muita, muita disposição e alguma disciplina.

Eu, que fora um assíduo praticante da Lei do Xadrez – disco colocado é disco ouvido! – tive que adaptar a regra. Adaptei para Sinfonia (Concerto, Sonata…) começada é Sinfonia ouvida. Mas como ouço muito Bruckner e Mahler, estou em negociação com a Casa dos Deliberantes Neurônios uma adaptação da Regra: Movimento (Lied, Ária de Ópera) começado é Movimento ouvido. Tudo isto por que o que nunca muda é que o dia é composto de 24 horas das quais precisamos dispor com alguma sabedoria…

Assim, quando chego a um disco – ou avatar digital de um álbum – um arquivo de música que ouço do começo ao fim e que deixa a sensação de que seria bom ouvir de novo, é por que a música muito me agradou. Certo, tem umas coisas de momento, mas em geral, o que vai bem no tardar da noite e se confirma pela manhã, é coisa boa.

Foi com esse tipo de disposição que cheguei a este lindo álbum com música de câmara de Poulenc, com instrumentos de sopro e piano. As peças que abrem e fecham o disco também estão em um álbum que postei dia destes, mas lá elas fazem companhia a dois concertos. Aqui elas estão entre peças do mesmo gênero.

O disco começa com a partitura mais antiga, o Trio para Piano, Oboé e Fagote, de 1926, dedicado a Manuel de Falla. Poulenc mencionou a influência de um alegro de Haydn para o primeiro movimento e do Segundo Concerto para Piano de Saint-Saëns no Rondó Final. O Sexteto é sparkling, acerbic and mocking (borbulhante, ácido e zombeteiro) segundo o biógrafo de Poulenc, Henri Hell. O contraste entre o episódio inicial da abertura com o trecho mais melancólico que segue é marcante.

A Sonata para Piano e Flauta, de 1957, é uma das obras mais conhecidas do disco, provavelmente, e foi estreada no Strasbourg Festival no mesmo ano, pelo compositor ao piano e o imenso Jean-Pierre Rampal, na flauta. Com um padrinho destes, a peça não poderia começar melhor.

Benny & Lenny

As duas últimas peças do disco foram compostas no final da vida de Poulenc e foram estreadas após sua morte. A Sonata para Oboé e Piano foi dedicada (postumamente) à Prokofiev e a Sonata para Clarinete e Piano foi estreada por Benny Goodman e Leonard Bernstein, em abril de 1963, no Carnegie Hall. Segundo Poulenc, estas duas sonatas ‘simmered in the same pot’ – foram cosidas na mesma panela!

O grupo musical que nos apresenta estas peças é excelente. O Arabesques Ensemble é um grupo de instrumentistas que surgiu com o festival criado em 2011 em Hamburgo e reúne músicos das três principais orquestras da cidade. O festival busca apresentar musica de compositores desconhecidos e peças musicais menos conhecidas.

O pianista Paul Rivinius estudou com Gerhard Oppitz em Munique e foi membro da  Gustav Mahler Youth Orchestra sob a direção de Claudio Abbado.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Trio para piano, oboé e fagote, FP 43 (1926)

  1. Presto
  2. Andante
  3. Rondo

Sexteto para piano, flauta, oboé, clarinete, fagote e trompa, FP 100 (1932 – 39)

  1. Allegro vivace
  2. Andantino
  3. Prestissimo

Sonata para flauta e piano, FP 164 (1956 – 57)

  1. Allegro malinconico
  2. Cantilena
  3. Presto giocoso

Sonata para clarinete e piano, FP 184 (1962)

  1. Allegro tristemente
  2. Romanza (Très calme)
  3. Allegro con fuoco (Très animé)

Sonata para oboé e piano, FP 185 (1962)

  1. Élégie. Paisiblement
  2. Très animé
  3. Déploration. Très calme

Ensemble Arabesques

Eva Maria Thiébaud, flauta

Nicolas Thiébaud, oboé

Gaspare Buonomano, clarinete

Pascal Deuber, trompa

Christian Kunert, fagote

Paul Rivinius, piano

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O pianista fez a foto…

Para nosso momento ‘The book is on the table’ escolhi uma frase de uma crítica feita ao disco no site da Amazon por Dean Frey: ‘This splendid collection of chamber music with piano is organized chronologically, but there’s no real story arc of development or decline here; just Poulenc’s prodigious, regular eruption of brightness and melancholy, of boisterous cheer and haunted longing’.

Concordo com ele em gênero, número e grau…

Aproveite!

RD

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Le Passioni dell’Uomo · ∾ · Concertos para Violino ∞ La Magnifica Comunità ∞ Enrico Casazza ֍

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Le Passioni dell’Uomo · ∾ · Concertos para Violino ∞ La Magnifica Comunità ∞ Enrico Casazza ֍

Vivaldi

Concertos para Violino

La Magnifica Comunità

Enrico Casazza

 

Em 12 de maio de 2011 PQP Bach postou dois discos de Antonio Vivaldi que torno a postar. Motivações há várias, a principal é que a música é ótima e os links estavam já em avançado estado de decomposição. Além disso,

Giunt ‘é a Primavera e festosetti
La Salutan gl’ Augei com lieto canto

É chegada a Primavera!
Os pássaros celebram seu retorno com uma canção festiva

Esta postagem faz parte da já lendária série PQP Originals!!

Vejam aqui o texto da postagem original:

Esplêndido CD duplo da Deutsche Harmonia Mundi! Todos nós conhecemos e caracterizamos Totonho por seus concertos. Dos 241 concertos para violino que compôs, muitos deles têm títulos programáticos. O violinista barroco italiano Enrico Casazza, selecionou seis concertos cujos nomes referem-se às paixões humanas (L’Amoroso ou L’Inquietudine). O CD bônus inclui quatro concertos inicialmente compostos para outros instrumentos que não o violino. Estes trabalhos foram arranjados para violino e orquestra de cordas por Pablo Queipo de Llano. A orquestra de nome modestíssimo — La Magnifica Comunità — é, tá bom, bem boa mesmo.

Caso você queira ler os comentários da época, clique aqui.

Qual a melhor maneira de planejar um disco de Vivaldi? Há muitas, quase todas ótimas, o Padre Vermelho era um bamba e prolífico. Aqui temos um conjunto de concertos nomeados reunidos sob o tema – La Passioni dell’Uomo. Note que a paixão é barroca, o romantismo ainda estava por vir. Mas os concertos são espetaculares, especialmente Il Favorito, com seu movimento lento que conforta e embala qualquer coração.

O segundo disco é assim um spin-off e é bom também. Quatro concertos reconstruídos (algumas páginas dos originais estavam faltando).

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Le Passioni dell’Uomo / Concertos para Violino

Disco 1

Concerto para Violino em mi menor, RV 277 “Il Favorito”

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto para Violino em ré maior, RV 234 “L’Inquietudine”

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino em mi maior, RV271 ‘L’Amoroso’

  1. Allegro
  2. Cantabile
  3. Allegro

Concerto para Violino, cordas e baixo contínuo em dó menor, RV 199 “Il Sospetto”

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Concerto em si menor, RV 387 ‘Per Signora Anna Maria’

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino em dó menor, RV 761 ‘Amato Bene’

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Disco 2

Concerto para Violino e cordas em si menor, RV 378R

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Concerto para Violino e cordas em sol menor, RV 320

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro non molto

Concerto para Violino e cordas em si bemol maior, RV 432R (originalmente para Flauta)

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro non molto

Concerto para Violino e cordas em sol menor, RV 322

  1. Allegro non molto
  2. Largo
  3. Allegro

La Magnifica Comunità

Enrico Casazza, Violino e regência

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Enrico Casazza

Veja o que disse do disco Lindsay Kemp, da Gramophone: This is an attractive and expansive Vivaldi, at ease with himself it seems, and able to express delicate shades of emotion – can there be a sweeter opening to a Baroque concerto than that of L’amoroso?

Mike, na Amazon: Un’interpretazione superlativa dei concerti per violino vivaldiani, molti dei quali con eponimo e in modo minore (primo cd) altri (secondo cd) inediti in quanto ricostruzioni da frammenti isolati. […]  Anche sotto il profilo tecnico nulla si può eccepire in un doppio cd da non lasciarsi sfuggire.

Aproveite! Non lasciarsi sfuggire!

René Denon

Grande Canal, Venezia

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Antônio Vivaldi (1678-1741): 8 Concerti Solenni – First Recording

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Avanti L’Opera e Concerti · ∾ · L’Arte Dell’Arco ∞ Christopher Hogwood ֍

Vivaldi (1678 – 1741) · ∾ · Avanti L’Opera e Concerti  · ∾ ·  L’Arte Dell’Arco ∞ Christopher Hogwood ֍

Vivaldi

Sinfonias de Óperas e Concertos

L’Arte Dell’Arco

Christopher Hogwood

(Frederico Guglielmo)

 

Christopher Hogwood foi o diretor da Academy of Ancient Musik e no auge do movimento HIP gravou uma imensidão de discos regendo esta orquestra, acompanhando diversos solistas, para o selo L’Oiseau Lyre, que se tornou um ramo da DECCA, dirigido por Peter Wadland e dedicado à música antiga, barroca e clássica.

Notoriamente eles gravaram as sinfonias de Beethoven e Mozart, algumas de Haydn. Com Christoph Coin deixou alguns lindos discos, alguns destes de Vivaldi, assim como também de outros mestres. Gosto especialmente da gravação das Suítes Orquestrais de Bach.

Conforme a onda HIP foi se arrefecendo, Hogwood interagiu com outras orquestras, inclusive convencionais. Assim, não foi surpresa ver seu nome em um disco de outro selo, regendo outra orquestra que não a AAM, mas mesmo assim, chamou-me a atenção. Como gosto bastante de seus discos de Vivaldi, tratei logo de investigar este aqui. Temos aqui uma coleção de peças que Vivaldi usava na abertura de suas óperas, mas não são aberturas no mesmo sentido que as aberturas de óperas de Mozart ou Rossini. São mesmo concertos, na maioria com três movimentos e várias combinações de instrumentos, inclusive instrumentos de sopros. A crítica na Gramophone nos dá mais algumas poucas informações:

A maioria das peças foram compostas para cordas, mas a revigorante Abertura de Bajazet, o cara que foi conquistado por Tarmelano, encampa um ressonante par de trompas, enquanto oboés se destacam proeminentemente na abertura da primeira ópera de Vivaldi, Ottone in Villa. Vivaldi sabia usar o artifício de emprestar de suas próprias obras e temos um pouquinho disto aqui. Notavelmente em Dorilla in Tempe, onde ele cita o primeiro movimento da ‘Primavera’, das Quatro Estações, e L’Olimpiade, que no seu último movimento, ele empresta material de ‘Ut collocet’, do Laudate pueri (RV 601), provavelmente escrito dois anos antes.

Federico Guglielmo

A contracapa nos diz que Federico Guglielmo é figura importante no projeto que ele idealizou e no papel que desempenhou na preparação da orquestra. De qualquer forma, os esforços conjuntos funcionaram e o disco é um primor.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Il Bajazet – Sinfonia em fá maior, RV 703

  1. Allegro (I)
  2. Andante molto (II)
  3. Allegro (III)

L’Olimpiade – Sinfonia em dó maior, RV725

  1. Allegro (I)
  2. Adagio – Presto – Adagio (II)
  3. Allegro (III)
  4. Allegro molto con l’arco attacco (IV)

La Verità in cimento – Sinfonia em sol maior, RV 739

  1. Allegro (I)
  2. Andante (II)
  3. Allegro, e forte (III)

Concerto para Violino em dó menor, RV 761  ‘Amato bene’

  1. Allegro (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Ottone in Villa – Sinfonia em dó maior, RV 729

  1. Allegro (I)
  2. Larghetto (II)

Concerto em fá maior, RV 571

  1. Allegro (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Dorilla in Tempe – Sinfonia em dó maior, RV 709

  1. (I) (sem indicação de tempo)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Il Farnace

  1. Sinfonia em dó maior, RV 711

Sinfonia em sol maior, RV 149

  1. Allegro molto (I)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Concerto em ré menor, RV 128

  1. Allegro non molto (I)
  2. Largo (II)
  3. Allegro (III)

Il Giustino – Sinfonia em dó maior, RV 717

  1. (I) (sem indicação de tempo)
  2. Andante (II)
  3. Allegro (III)

Christopher Hogwood

L’Arte Dell’Arco

O projeto foi planejado e a orquestra ensaiada por Federico Guglielmo

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Hogwood

Para nosso ‘Momento Babel’: Crítica na Amazon: This is why Hogwood will be sorely missed. Vibrant, dynamic pieces and performances – if you don’t know Viv’s operatic overtures, snap this gem up.

Outra: Dirigenten und Liebhaber barocker Instrumente, wie sie das L’ARTE DELL’ARCO besitzt, sind bravourös dargestellt. Als Hilfsmittel gegen malade Stimmungen ist diese CD sehr zu empfehlen!

Realmente, este CD é altamente recomendado contra monotonia! Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, poderá gostar desta postagem aqui:

Vivaldi – Double Concertos .:. The Academy of Ancient Music – Christopher Hogwood – 1978

J. S. Bach (1685-1750) & H.I.F. Biber (1644-1704): Sonatas para Violino – Evgeny Sviridov

J. S. Bach (1685-1750) & H.I.F. Biber (1644-1704): Sonatas para Violino – Evgeny Sviridov

Bach & Biber

Sonatas para Violino

Evgeny Sviridov, violino

Zita Mikijanska, cravo

 

Até o momento em que começo a escrever esta postagem não consegui verificar se Bach e Biber encontraram-se alguma vez, mas eu creio que não. Heinrich Ignaz Franz (von) Biber nasceu em 1644, 41 anos antes de Bach, e quando morreu, Bach era um jovem de 19 anos. Mas acredito que Bach conhecia alguma música de Biber, especialmente por este ter sido um grande violinista e suas composições, como as sonatas deste disco, além das famosíssimas Sonatas do Rosário (Die Rosenkranz Sonaten) expandiram as técnicas de tocar o violino.

Foto do artista quando muito jovem…

De qualquer forma, a combinação das peças de Bach com as do músico mais antigo, dão um toque interessante ao programa. Ouça de olhos fechados, ou pegue uma faixa qualquer aleatoriamente. Acredito que você conseguirá adivinhar logo qual dos dois é o compositor. As sonoridades de Biber são um tanto mais técnicas enquanto a música de Bach me parece mais melodiosa (uso esta por não me ocorrer alguma palavra mais apropriada). As tais scordaturas dão um toque especial às peças de Biber, assim como sua inventividade. Por exemplo, o último movimento de uma de suas sonatas tem uma ária com variações.

Mas as peças foram escolhidas para mostras as habilidades do jovem violinista. Evgeny Sviridov nasceu em São Petersburgo e iniciou seus estudos no conservatório da cidade. Enquanto ainda estudava participou de competições como Menuhin Competition em Cardiff e Paganini Competition em Gênova, em 2008. Mas foi em 2010 que ocorreu algo realmente especial. Aparentemente inspirado pelas interpretações de música em instrumentos de época, como as de Reinhard Goebel, inscreveu-se no International Bach Competition e ganhou o primeiro prêmio. Este disco de 2011 é uma consequência disto. Isto catapultou sua carreira e ele aprofundou seus estudos nesta área. Hoje, Sviridov tem uma carreira completamente estabelecida e suas atividades como artista e como professor são impressionantes, como você poderá descobrir lendo seu perfil nesta página aqui.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata para violino e cravo No. 3 em mi maior, BWV 1016

  1. Adagio
  2. Allegro
  3. Adagio ma non tanto
  4. Allegro

Heirich Ignaz Franz Biber (1644 – 1704)

Sonata para violino No. 4 em ré maior, c. 141

  1. Presto
  2. Gigue – Adagio
  3. Adagio – Adagio
  4. Aria – Variatio 1 – 2 – 3 – 4 – Finale – Presto

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonata para violino em sol maior, BWV 1021

  1. Adagio
  2. Vivace
  3. Largo
  4. Presto

Heirich Ignaz Franz Biber (1644 – 1704)

Sonata para violino No. 8 em lá maior, c. 145

  1. Sonata – Allegro
  2. Aria
  3. Sarabanda
  4. Allegro – Allegro

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Partita para violino solo No. 3 em mi maior, BWV 1006

  1. Preludio
  2. Loure
  3. Gavotte em rondeau
  4. Menuet I – II
  5. Bourre
  6. Gigue

Evgeny Sviridov, violino

Zita Mikijanska, cravo

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Retrato mais atual do artista

Para nosso espaço Babel, selecionei alguns trechos de críticas dos trabalhos do Evgeny..

“Seine Interpretation ist ein Ereignis. Da ist nicht ein Bogenstrich unkontrolliert oder unreflektiert. Jeder Akzent, jede Klangfarbe erweist sich als wohlüberlegt und präzise gesetzt.”

“If you think the Baroque violin sounds wiry and thin, Sviridov’s silky, silvery tones will make you think again. Fingerwork and bowings are supple, light-weight and agile, producing effects by turns balletic, poetic, rhetorical and lyrical.”

“Ce très grand interprète donne ici une splendide illustration de ce qu’on peut faire de mieux avec des œuvres majeures même dès le jeune âge. Il est troublant de ressentir à l’écoute d’œuvres connues, maintes fois entendues, une nouvelle émotion. C’est simplement magnifique !”

 

Resumindo: ‘É simplesmente magnífico!’

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756 – 1791) ∞ Peças para Piano ∞ Francesco Piemontesi

Mozart (1756 – 1791) ∞ Peças para Piano ∞ Francesco Piemontesi

Mozart

Fantasia

Sonatas

Rondós

Francesco Piemontesi

 

O repertório deste disco é muito diverso. Temos uma Fantasia, dois Rondós e duas Sonatas de Wolfgang Amadeus Mozart, aquele que, segundo Manuel Bandeira, no dia 5 de dezembro de 1791

entrou no céu, como um artista de circo, fazendo
piruetas extraordinárias sobre um mirabolante cavalo branco.

Diverso por que a Fantasia é diferente das Sonatas e dos Rondós na forma, as sonatas são de períodos muito diferentes na vida do compositor e os rondós também, diferem um do outro pelo nível de maturidade. Digo isso para chamar sua atenção para as peças, como elas iluminam diferentes aspectos da arte de Mozart.

A Sonata em ré maior, ‘Dürnitz’, é a última de um conjunto de seis, compostas em 1775, quando Mozart ainda estava em Salzburgo. Mas deste conjunto ela é a maior e a única do grupo a ter sido publicada ainda em vida do compositor. Note que seu último movimento é um conjunto de variações.

A Sonata em fá maior tem este estranho número de catalogação por ter tido seus dois primeiros movimentos, que foram compostos em 1786 completados por uma recomposição de um rondó que havia sido composto anteriormente. Mas nem por isso podemos notar qualquer mudança no nível de inspiração, temos uma linda sonata com tradicionais três movimentos.

Devemos ter em mente, ao ouvir estas peças para piano de Mozart, que estas composições, na época da vida do autor, eram para uso doméstico, para amadores assim como para connoiseurs. Elas habitam o universo das peças de Haydn e de Carl Philippe Emanuel Bach, que compunha für Kenner und Liebhaber. Isto é, antecedem as sonatas do Ludovico.

Mencionadas estas coisas, chamo a atenção para o pianista, que tem ótima mão para Mozart. Já ouvi um disco em que ele toca concertos e sei que há ainda outro por aí… Espero poder postar mais coisas do Franceso, que é suíço e ainda bastante jovem. Em sua formação estudou com grandes pianistas, como Alfred Brendel, Cécile Ousset e Alexis Weissenberg. Assim, não se surpreenda por ouvi-lo interpretar Schubert, Debussy ou Liszt, além do Mozart que hoje trazemos.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Fantasia em ré menor, K. 397

  1. Fantasia

Sonata em ré maior, K. 284 ‘Dürnitz’

  1. Allegro
  2. Rondeau em polonaise
  3. Tema com variazioni (Andante)

Rondó em ré maior, K. 485

  1. Rondó

Rondó em lá menor, K. 511

  1. Rondó

Sonata em fá maior, K. 533/K. 494

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegretto

Francesco Piemontesi, piano

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Espero que goste. A frase a seguir, tirada da página do pianista, resume com precisão:

‘Francesco Piemontesi combines stunning technique with an intellectual capacity that few can match’  Spectartor

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756 – 1791) ∾ Quartetos com Piano ∾ Paul Lewis e Leopold String Trio ֍

Mozart (1756 – 1791) ∾ Quartetos com Piano ∾ Paul Lewis e Leopold String Trio ֍

 

Esaú e Jacó

 

 

O editor e compositor Franz Anton Hoffmeister pensou ter encontrado uma maneira de conseguir uma boa grana quando encomendou a Mozart três quartetos com piano. Ele imaginava vender as partituras para grupos de músicos amadores, acostumados às peças no estilo galante e ávidos por boa música que pudesse ser executada em casa, nos idos de 1785. Quando Mozart entregou o primeiro quarteto, em sol menor, estes músicos amadores ficaram desnorteados, com a tonalidade, as demandas técnicas nas partes, os uníssonos ao longo do imenso e complexo primeiro movimento. Hoffmeister desistiu da encomenda e o segundo quarteto, em mi bemol maior, pronto em 1786, não chegou a ser impresso, apesar de ter sido posteriormente publicado por Artaria. Mais uma ideia que não gerou lucros para Hoffmeister ou Mozart, que pode pelo menos ficar com o adiantamento (que bem provavelmente já havia sido gasto). De qualquer forma, ficamos com estas duas maravilhosas peças que enchem o álbum desta postagem. Mais ainda, os atentos compositores que vieram depois também deixaram algumas obras memoráveis neste gênero musical, como é o caso de Schumann, Brahms e Fauré.

O simpático pessoal do Leopold Trio

Minha referência para estas obras antes de encontrar este disco em um blog da concorrência, era a gravação do Fauré Quartett. Continuo ainda apreciando muito esta gravação, mas acho que o disco desta postagem, que tem ao piano o excelente Paul Lewis, vai um pouquinho além. Uma das diferenças está na ‘arquitetura’ da peça. Os primeiros movimentos têm dois trechos marcados para a repetição na partitura.

Esta gravação observa as duas repetições, enquanto a maioria das outras gravações, incluindo a do Quarteto Fauré, só faz a primeira repetição. Mas gostei muito do conjunto da obra do disco da Hyperion, produzido pelo excelente Andrew Keener.

Os dois quartetos se completam bem (apesar de serem assim, um pouco Esaú e Jacó…). O primeiro é mais trágico, mais sombrio e o outro mais extrovertido.

O pensativo Paul…

Estas obras deram trabalho ao genial compositor. Contrário da imagem de facilidade e superficialidade, dos rascunhos que ficaram verifica-se que pelo menos duas ideias para um tema do larghetto do K. 493 foram abandonadas antes que Mozart se desse por satisfeito.

O entrosamento dos intérpretes é magistral, como pode-se observar no allegretto desta peça, a última faixa do disco. Há no ar um sentimento de contentamento com a música, muito verdadeiro. É como se eles não quisessem terminar a música, tamanho prazer. Diferente das situações em que parece que os músicos querem acabar o concerto e correr para o jantar.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Quarteto com piano em sol menor, K. 478

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Rondo: Allegro

Quarteto com piano em mi bemol maior, K. 493

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegretto

Paul Lewis, piano

Leopold String Trio

Marianne Thorsen, violino

Scott Dickinson, viola

Kate Gould, violoncelo

Gravação feita em dezembro de 2003

Produção de gravação de Andrew Keener

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Paul em pose de ator da franquia Harry Potter…

Para nosso momento ‘The Book is on the Table’, escolhi alguns trechos de críticas do álbum:

‘It is in fact clear from the opening that this is a performance to reckon with, exemplified by its careful measured tempo, its poise and its subtle handling of the balance between strings and piano. A real winner, this disc; warmly recommended’ (Gramophone)

‘These are deeply musical performances, perceptive and satisfying, of two masterpieces’ (International Record Review)

‘The Leopold Trio gives a crisp, clear and engaging performance’ (The Strad)

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gostou deste álbum, poderá gostar de:

Haydn (1732-1809): Sonatas para Piano – Paul Lewis

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Diabelli Variationen – Paul Lewis

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Quartets KV 478 & KV 493 – Beaux Arts Trio, Bruno Giuranna

F. Mendelssohn (1809-1847) / R. Schumann (1810-1856): Quartetos com Piano