Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete – Eric Hoeprich – Orchestra of the Eighteenth Century – Frans Brüggen

Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete – Eric Hoeprich – Orchestra of the Eighteenth Century – Frans Brüggen

Mozart

Concerto para Clarinete

Eric Hoeprich

Orchestra of the Eighteenth Century

Frans Brüggen

 

O viajante acomoda suas bagagens no quarto da estalagem, especialmente o portmanteau contendo seus preciosos instrumentos fabricados pelo master Lotz e as maravilhosas partituras manuscritas pelo amigo Wolfie. Retira o sobretudo de viajem, molha a garganta com uma cerveja e indaga ao estalajadeiro onde pode encontrar o responsável pelo teatro local.

Estamos no início da década de 90 e a cidade pode ser Lübeck, Riga ou Hanover. O viajante real que vive esta cena imaginada (mas plausível) é um músico virtuose e tem muito trabalho pela frente. Alugar o teatro, preparar o programa, encomendar os anúncios e entradas para o concerto, selecionar, preparar e ensaiar os músicos locais, ufa!

A. S.

Nosso personagem é um de três grandes experts em seus campos de atividade que confluíram pelos poderes e inspirações das musas na cidade de Viena, entre os anos 1780 e 1791, 1792, para criarem a maravilhosa música cujo resumo enche este disco e cujo legado permanece até hoje.

O mais famoso destes três é Mozart, que compôs muita música para o instrumento que estava sendo aperfeiçoado – o clarinete e o ‘basset clarinete’, assim como outros instrumentos de sopro de madeira.

O viajante da cena chamava-se Anton Stadler e chegara a Viena antes de Mozart e com seu irmão Johann impressionava a todos com sua técnica e destreza ao tocar instrumentos de sopro de madeira.

W. A. M.

Este músico inspirou Mozart compor entre outras coisas o Concerto, o Quinteto e o Trio com Clarinete.

O terceiro elemento do trio é Theodor Lotz, fabricante de instrumentos de sopros que produziu, inventou, adaptou os instrumentos de acordo com as demandas e inspirações dos outros dois.

As relações entre estes cavalheiros nem sempre devem ter sido tão harmoniosas quanto a música que acabaram produzindo e tudo indica que Stadler foi quem muito contribuiu para isto. Ele afirmava ter sido o inventor do ‘basset clarinete’ fabricado por Lotz. Este deixou em seu testamento a afirmação de que Stadler lhe ficara devendo por ‘2 neue erfundene Bassklarinet’. Erfundene quer dizer ‘inventados’.

Constanze Mozart também deixou dúvida sobre o caráter de Stadler. Em uma carta para um editor de música francês ela diz que ele deveria se informar com Stadler sobre vários manuscritos originais de Mozart, assim como cópias de trios para ‘corno di basseto’ ainda desconhecidos do público. Stadler teria afirmado que enquanto estava na Alemanha sua portmanteau fora roubada justamente com todas estas coisas que lá estavam. E Constanze continua afirmando que outras pessoas lhe informaram que o sobredito portmanteau acabara numa loja de penhores em troca de 73 ducados e que nele também estava alguns instrumentos.

Clarinete em si bemol de Theodor Lotz

Apesar disto tudo, as relações de Mozart com Stadler pareciam ótimas, a julgar pelo que percebe das cartas entre eles. Devem ter tocado juntos as peças que fecham este disco, o Adagio e a Música Fúnebre, em alguma cerimônia maçônica. Lembremos também da música que acompanha vários trechos da Flauta Mágica.

Joyce DiDonato

Em uma carta de Mozart para Constanze, ele reconta uma passagem de uma carta de Stadler, descrevendo seu enorme sucesso ao tocar as árias de ‘La Clemenza di Tito’, com ‘basset clarinete’ obbligato. Em fins de 1791, Mozart deu a Stadler o manuscrito do Concerto para Clarinete e dinheiro (500 florins) para que o mesmo viajasse para Praga, onde o concerto foi estreado em 16 de outubro de 1791. Difícil julgar os outros, ainda mais a uma distância temporal como esta, mas Mozart divertiu-se muito com Anton. Chamava-o ‘Stodla’, ‘Milagre Boêmio’, ‘Natschibinitschibi’ e lhe confiou o concerto. Stodla demorou quatro anos antes de retornar a Viena, sem o portmanteau…

Frans Brüggen
Eric Hoeprich

O libreto está junto aos arquivos e tem mais informações sobre os instrumentos, se você se interessa por isso. Foi muito bem escrito pelo solista do disco. No mais, desfrute deste lindo álbum que reúne o resumo da cooperação de três pessoas geniais, que com suas virtudes e defeitos colaboraram na criação de tão linda música. Uma nota especial para a belíssima voz da  mezzo-soprano Joyce DiDonato, pela maravilha de som produzido pela Orchestra of the Eighteenth Century, regida pelo lendário Frans Brüggen. Veja que esta é a segunda gravação do concerto por esta formação. Esta foi lançada pelo selo Glossa e foi gravada ao vivo.

Wolfagang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para clarinete, KV 622

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

La Clemenza di Tito, KV 621 (Excertos)

  1. Abertura
  2. Ária: Parto, ma tu bem mio
  3. Ária: Non più di fiori

Duas Peças

  1. Adagio, KV 411
  2. Maurerische Trauermusik, KV 477

Eric Hoeprich, clarinete

Joyce DiDonato, mezzo-soprano

Orchestra of the Eighteenth Century

Frans Brüggen

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FLAC | 254 MB

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MP3 | 320 KBPS | 149 MB

Você ainda pode ver um pedacinho de um filme sobre estes três cavalheiros que se juntaram para termos esta tão maravilhosa música, se acessar este link. Não deixe de aproveitar o álbum! E mande um alô clicando no link de comentários ‘LEAVE A COMMENT’, logo abaixo do cabeçalho da postagem, anda, clica lá!!

René Denon

Mozart (1756-1791): Le Nozze di Figaro – Carlo Maria Giulini

Mozart (1756-1791): Le Nozze di Figaro – Carlo Maria Giulini

Mozart – Le Nozze di Figaro

G. Taddei – A. Moffo – E. Wächter

E. Schwarzkopf – F. Cossoto

Philharmonia Orquestra

Carlo Maria Giulini

 

‘Até hoje não faço ideia de que falavam as duas senhorinhas italianas naquela canção. Prefiro imaginar que elas cantavam uma coisa tão bonita que não se pode colocar em palavras e até faz seu coração doer’. É assim que Red, personagem do clássico ‘Um Sonho de Liberdade’ (‘The Shawshank Redemption’), descreve o dueto cantado pela Contessa d’Almaviva e Susanna, personagens de uma das mais belas óperas de Mozart – Le Nozze di Figaro.

Eu adoro quando há este tipo de conexão de música com as outras mais mundanas artes. Foi assim que decidi por esta postagem, assistindo a um pedaço deste espetacular filme. Nosso estúdio de audição aqui no PQP Bach corp.  estava interditado para dedetização e precisei passar umas boas horas no lounge de nossa corporação, que tem uma TV com exibição contínua de filmes clássicos.

Andy e seu sidekick Red

É claro, ‘Um Sonho de Liberdade’ contem vários elementos que o tornam de certa forma atemporal, característica necessária para um clássico e você terá que descobrir tudo por si mesmo. Mas o personagem principal, Andy Dufresne, é um prisioneiro que não se submete ao sistema, não se ‘institucionaliza’. Em um de seus atos de rebeldia usa o sistema de comunicação da penitenciária para fazer soar em cada centímetro cúbico das instalações o dueto ‘Canzonetta sull’aria’, que dura perto de três minutos. Você poderá ver a cena aqui, se quiser. O custo da traquinagem não é pequeno, duas semanas na solitária. Andy explica aos camaradas depois do castigo – ‘O senhor Mozart me fez companhia’. É claro, não havia toca-discos na solitária. Segundo ele, a música estava em sua cabeça e em seu coração. E ele ainda acrescenta: ‘Esta é a beleza da música. Eles não podem tirá-la de você’.

Pois assim que pude voltar ao nosso estúdio de audição, comecei a ouvir minhas gravações de ‘As Bodas de Figaro’. Como a inspiração da postagem veio de filme clássico, vamos também de gravação clássica – elenco estelar, Orchestra Philharmonia regida por Carlo Maria Giulini, e tudo sob o olhar atento do lendário produtor Walter Legge, marido da prima-dona Elisabeth Schwarzkopf.

La Schwarzkopf

A ópera é a primeira da milagrosa colaboração de Mozart com o libretista Lorenzo Da Ponte. As outras são Don Giovanni (1787) e Così fan tutte (1790). O libreto de Da Ponte é um primor baseado na comédia de Pierre Beaumarchais, estreada em 1784. Esta peça é uma sequência de um sucesso anterior, ‘O Barbeiro de Sevilha’, que seria colocada em ópera posteriormente pelo grande Rossini.

Eberhard Wächter
Giuseppe Taddei

O enredo coloca dois casais no centro da peça, os nobres D’Almaviva e os simples mortais noivos Susanna e Figaro. É claro, o conde está de olho na noivinha e todos se reúnem em uma trama para desmascará-lo. Seria inimaginável pensar que a nobreza fosse colocada em tal mundana exposição poucos anos antes e isto faz da peça de Beaumarchais e da ópera de Mozart obras verdadeiramente inovadoras. Imagino o prazer que sentiu Wolfgang, que tanto insurgiu contra os mandos do Arcebispo Colloredo, ao escrever tão linda música.

Anna Moffo

A ópera é linda não só pelas suas árias, mas por seus muitos números em conjunto, como o já mencionado dueto. Além disso, os recitativos e a coesão do enredo, com suas inúmeras peripécias, são perfeitamente integrados num fluxo de prazer que vai da primeira nota da abertura até o número final.

Há uma pletora de personagens que só são menores comparados aos quatro principais, como o apaixonado Cherubino, Bartolo, Don Basilio, Barbarina e o jardineiro Antonio, todos com suas participações de destaque.

Você poderá encontrar mais informações sobre esta obra prima no artigo que também menciona a conexão com o filme neste link, inclusive algumas dicas sobre o enredo. Um artigo que fala como a música pode ser libertadora pode ser lido aqui.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Le Nozze di Figaro

Ópera Cômica em Quatro Atos com libreto de Lorenzo da Ponte
Figaro – Giuseppe Taddei, barítono
Susanna – Anna Moffo, soprano
Il Conte d’Almaviva – Eberhard Wächter, barítono
La Contessa d’Almaviva – Elisabeth Schwarzkopf, soprano
Cherubino – Fiorenza Cosstto, mezzo-soprano
Bartolo – Ivo Vinco, baixo
Marcellina – Dora Gatta, soprano
Don Basilio/Don Curzio – Renato Ercolani, tenor
Barbarina – Elisabetta Fusco, soprano
Antonio – Piero Cappuccilli, baixo

Philharmonia Orchestra e Coro

Carlo Maria Giulini

Gravação de 1959, no Kingsway Hall, Londres

Produção de Walter Legge

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FLAC | 609 MB

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MP3 | 320 KBPS | 352 MB

Apenas duas vezes o Conde D’Almaviva pronuncia o primeiro nome de sua ‘moglie’… Se você descobrir onde isto ocorre, mande uma mensagem e ganhará 25 downloads grátis de nossos discos mais queridos! (O libreto pode ser lido aqui.)

Aproveite esta ‘maraviglia’ de ópera! Mozart no que ele tem de melhor!

RD

Boccherini (1743-1805): Música de Câmara – Cuarteto Casals

Boccherini (1743-1805): Música de Câmara – Cuarteto Casals

Boccherini

La musica notturna delle strade di Madrid

Cuarteto Casals

Eckart Runge

Carles Trepat

 

O disfarce precisava ser perfeito. Fazer com que um navio de guerra fique parecido a um navio de pesca de baleia não é fácil, mas tudo funciona, afinal, estamos em um grande filme. A batalha segue sangrenta até que o Capitão Aubrey e a sua turma tomam o invencível Acheron. Mais tarde, festejando a vitória com Maturin, médico-cirurgião e cientista do navio, o capitão descobre que o filme ainda não acabou e deve seguir um pouquinho mais. Sim, estou sendo vago pois não sou de dar spoiler. Se bem que o filme, O Mestre dos Mares, é um clássico. E os heróis continuam sua comemoração tocando música, Aubrey ao violino e seu amigo Stephen Maturin, ao violoncelo. Foi aí que eu falei alto e todo mundo no cinema olhou para mim: Boccherini!!! A música serve a cena como uma luva na mão! Como é linda esta música.

O’Brien em seu disfarce de agente secreto…

O filme é imperdível, um clássico dirigido por Peter Weier em 2003 e a história é um resumo dos muitos livros escritos por Patrick O’Brian tendo a dupla de amigos Jack Aubrey e Stephen Maturin como principais personagens. Claro que os dois são também músicos. Pois se você ainda não viu o filme, não se faça de rogado e ande logo, pegue a pipoca e boa diversão. Eu sai do lounge do PQP Bach corp. em busca de uma boa versão da música daquelas cenas finais.

Foi assim que cheguei a este espetacular disco com peças de câmera de Luigi Boccherini. A peça mais conhecida deste compositor é um justamente famoso minueto e o quinteto que abre este disco e teve algumas de suas partes tocadas pelo Capitão Aubrey e seu amigo Stephen Maturin.

Boccerini nasceu na Itália, mas passou a maior parte de sua vida na Espanha, a serviço de nobres espanhóis. No quadro de Goya ele é retratado usando libré. Ele é contemporâneo de Haydn e Mozart e a sua música é melodiosa e tem grande influência da cultura espanhola. Seu instrumento mais proeminente é o violoncelo e ele deixou lindos concertos para este instrumento. Mas não o dispensem como compositor de algumas peças bonitinhas. Boccherini foi quem mostrou o caminho, se não estabelecendo a forma de quartetos de cordas, honra esta que cabe a Haydn, mas dando ao violoncelo seu papel de igual nesta formação, livrando-o definitivamente do ranço do baixo contínuo. Além disso, seus quintetos de cordas tinham formação diferente daquela usada por Mozart em seus quintetos, trocando a segunda viola pelo segundo violoncelo. Aliás, esta formação adotada por Boccherini é a que Schubert usou em seu Quinteto em dó maior, certamente uma obra maximal.

Luigi, segundo Goya…

A música de Boccherini foi acusada melodiosa e simples, com boas pitadas de nostalgia, mas devemos lembrar que ele viveu tempos de transição de estilos e foi submetido às intempéries criadas pelo que, na falta de palavra mais adequada, chamaremos destino. Para sobreviver, especialmente em seus últimos anos, teve que produzir peças que serviam aos gostos de editores de música, especialmente Pleyel (ah, Pleyel…), de Paris. Mas tudo agora é história e podemos escolher entre suas obras e ouvir e celebrar este original compositor.

A justamente famosa ‘La musica notturna delle strade di Madrid’ é quase um acidente. A vida na corte espanhola não era fácil, a intriga corria solta. O vilão era o violinista real, o italiano Brunetti (ah, Brunetti…). Luigi encontrou guarida servindo o infante espanhol, Don Luis, irmão do rei, Carlos III. Mas a vida não era, definitivamente, fácil.

Doña María Teresa de Vallabriga y Rozas, segundo Goya

O infante casou-se com María Teresa de Vallabriga y Rozas Español y Drummond, uma aristocrata aragonesa. Aristocrata, mas o casamento foi considerado morganático e o infante foi viver longe de Madrid, em Arenas de San Pedro, próximo a Ávila. Boccherini aí viveu servindo ao príncipe por nove (tranquilos) anos. Mas a saudades (ah, a saudade mata a gente…) batiam lá de vez em quando. Saudades, é claro, de Madrid e seus encantos. Assim foi que surgiu inspiração para o quinteto que Luigi chamou ‘La musica notturna delle strade di Madrid’ e quase não o publicou, um de seus maiores sucessos até hoje. Isto porque a teoria musical vigente era que música deveria ser nada além de ‘forma sonora em movimento’ (‘töned bewegten Formen’). Mas um editor, especialmente aquele que busca o vil metal, sabe farejar o que ‘o povo gosta’. E lá se foi o quinteto a encantar mais gentes além da pequena corte do infante, que certamente deve ter soltado longos suspiros ao ouvir a peça. Esta começa evocando os sinos anunciando a Ave Maria, segue por soar de tambores, pelo minueto dos cegos, que antes dos telejornais, tinham o papel de comentar os escândalos do dia, sempre cantando e tocando suas guitarras.

É por isso que nesta parte os violoncelistas devem colocar seus instrumentos sobre seus joelhões e tocá-lo como se fosse uma guitarra, bem como podemos ver na cena do filme. E o cortejo segue maravilhoso, chegando a passacalle dos cantores de rua – Los Manolos – a parte que eu desavergonhadamente mais gosto. Você poderá ler tudo como é o resto, pois Boccherini ele mesmo deixou claras instruções e está lá no livreto, junto com os arquivos do álbum.

Mas Luigi é cheio de surpresas, se você ainda não o conhece. O disco tem ainda um quinteto com uma guitarra cujo último movimento é um fandango! Veja o completo repertório do álbum.

Luigi Boccherini (1743 – 1805)

Quinteto de cordas em dó maior, G. 324, Op. 30, 6 ‘La musica notturna delle strade di Madrid’
  1. Il campane quando suonano l’Ave Maria; II. Il tamburo del quartier dei soldati; III. Minuetto dei ciechi
  2. Il rosário: Largo assai – Allegro
  3. ‘Los Manolos’, Modo di suono, e canto – VI. Allegro vivo
  4. Ritirata – Maestoso
Quinteto de cordas N. 6 em mi maior, G. 275, Op. 11, 5
  1. Amoroso
  2. Allegro con spirito
  3. Minuetto – Trio
  4. Andante
Quarteto de cordas em sol menor, G. 205, Op. 32, 5
  1. Allegro comodo
  2. Andantino
  3. Menuetto con moto – Trio
  4. Allegro giusto
Quinteto com guitarra N. 6 em ré maior, G. 448
  1. Pastorale
  2. Allegro majestoso
  3. Grave assai – IV. Fandango

Cuarteto Casals

Abel Tomàs Realp, violino
Vera Martínez Mehner, violino
Jonathan Brown, viola
Arnau Tomàs Realp, violoncelo

Eckart Runge, violoncelo

Charles Trepat, guitarra

Com Daniel Tummes, castanholas

Produção: Martin Sauer

Gravado em abril de 2010 no Teldex Studio, Berlim

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FLAC | 366 MB

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MP3 | 320 KBPS | 182 MB

Boccherini saiu muito jovem de Lucca, sua cidade natal, e viveu em vários grandes centros musicais, como Roma e Paris, antes de mudar-se para a Espanha. Em uma certa fase de sua vida, juntamente com Filippo Manfredi, Pietro Nardini e Giuseppe Cambini, formaram o primeiro quarteto para apresentações regulares de que se tem notícia. Bem na tradição quarteto italiano. Os membros do quarteto estão neste quadro retratando a corte do infante, pelo espetacular Goya, que também aparece no quadro.

Mas tudo isto são histórias, não deixe de baixar o disco e ouvir tudo, que foi muito bem gravado. Aproveite!

René Denon

Bach (1685-1750): Música para Alaúde – Stephan Schmidt

Bach (1685-1750): Música para Alaúde – Stephan Schmidt

J. S. Bach

Música para Alaúde

Stephan Schmidt

 

Confesso nunca ter tido muito entusiasmo com a ‘música para alaúde’ de Bach. Esta é uma área um pouco difusa, quero dizer no que concerne ao uso do instrumento adequado para o qual a música foi composta. Mais uma vez, transcrições e adaptações. O fato é que as gravações que ouvi destas peças nunca realmente me entusiasmaram. Mesmo nas mãos dos mais eminentes instrumentistas, tais como Julian Bream ou John Williams. O que chegou mais perto foi Eduardo Fernandez e ouvi muito falar de Paul Galbraith, mas alas, nossos caminhos ainda não se cruzaram. Você deve estar estranhando, pois tenho falado em música para alaúde, mas o pessoal que estou mencionando toca o que nestas mal traçadas vamos chamar de guitarra. É verdade que o Bream também toca alaúde. Nem estou pensando na turma mais ‘vegana’, que toca alaúde mesmo, como os afamados Hopkinson Smith, Jakob Lindberg, Paul O’Dette e Nigel North. Estes só visito quando o assunto é Dowland.

Nossas imagens são apenas ilustrativas…

Pois então, a relutância toda foi embora assim que deitei ouvidos neste álbum espetacular. Stephan Schmidt toca aqui o conjunto de peças aglomeradas sob o rótulo ‘Música para Alaúde’, usando uma guitarra de dez (10!) cordas. O ponto de exclamação é só ponto de exclamação. Se fosse fatorial não haveria dedos neste mundo para tocar tantas cordas…

O crítico da revista Gramaphone que assinou a resenha deste álbum explica: ‘A típica guitarra de seis cordas (normalmente usada para este repertório) é um instrumento barítono, mas seu registro mais baixo não tem extensão suficiente para evitar a necessidade de ajustes. Guitarras com maior número de cordas (acrescentadas na região do baixo) têm sido usadas ultimamente. Agora Schmidt usando uma guitarra de dez cordas estabelece uma nova referência com este magnífico álbum’. Realmente, é necessário ouvir para crer.

S. L. Weiss

O repertório que se considera música para alaúde de Bach se agrupa sob a classificação de BWV 995 até BWV 1000, mais a Suíte BWV 1006a e a maioria destas obras estão relacionadas com a música escrita para violino ou violoncelo solo. O fato é que Bach conheceu e conviveu com grandes alaudistas, apesar de que em seus dias, o instrumento já estava caindo em desuso. O mais famoso e prolífico deles foi Silvius Leopold Weiss, praticamente de mesma idade de Bach. Eles teriam se conhecido através de Wilhelm Friedmann, o filho mais velho de Bach. Outros dois compositores e alaudistas desta época são Johann Kropfgang e Ernest Gottlieb Baron. Além destes compositores, Bach teve dois alunos que dominavam o alaúde (e tudo indica que o próprio Bach sabia como fazer soar a tal coisa, desde que esta estivesse afinada). Estes alunos eram Rudolf Straube e Johann Ludwig Krebs. Bach tinha Krebs em alta estima. Como era chegado a um trocadilho, Bach dizia que Johann era o único caranguejo (Krebs) em seu ribeirão (Bach). Eu sei que é difícil acreditar, mas todo mundo naquela época morria de rir sempre que ele dizia isto. Vocês sabem, humor depende da época e da cultura…

Krebs achando o máximo as brincadeiras com seu sobrenome…

O que temos aqui? Bom, muita música excelente. O disco começa com a Suíte em mi maior, BWV 1006a, que como a numeração já indica, é uma adaptação da Partita para Violino em mi maior, BWV 1006. Esta foi fácil. Depois a Suíte em dó menor, BWV 997 e a Suíte em mi bemol maior, BWV 998 – que tem apenas três movimentos: prelúdio, fuga e allegro.

Chegamos então ao que eu considero a parte mais bonita do álbum, a Suíte em sol menor, BWV 995 – a peça que mais se beneficia das extras cordas da guitarra, pois esta é uma adaptação da Suíte para Violoncelo em dó menor, BWV 1011.

Ah, ia quase me esquecendo, tem mais uma Suíte em mi menor, BWV 996. A principal fonte desta peça é uma cópia feita por Johann Gottfried Walther e que foi encontrada em uma coleção de manuscritos pertencente a Johann Ludwig Krebs, depois de sua morte. Walther era um primo de Bach e a sua letra deixa dúvida sobre o instrumento para o qual a peça foi escrita. No título lê-se o que poderia ser aufs Lauten Werck ou Lautenwerck.

Para arrematar, fechando o cortejo, temos duas peças avulsas, uma fuga e um prelúdio.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Suíte para alaúde em mi maior, BWV 1006a

  1. Preludio
  2. Loure
  3. Gavotte em rondeau
  4. Menuet I – II
  5. Bourre
  6. Gigue

Partita para alaúde em dó menor, BWV 997

  1. Preludio
  2. Fugue
  3. Sarabande
  4. Gigue
  5. Double

Prelúdio, Fuga e Allegro para alaúde em mi bemol maior, BWV 998

  1. Preludio
  2. Fugue
  3. Allegro

Suíte para alaúde em sol menor, BWV 995

  1. Preludio
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Gavotte I – II – Rondeau
  6. Gigue

Suíte para alaúde em mi menor, BWV 996

  1. Preludio
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Bourree
  6. Gigue

Fuga para alaúde em sol meno, BWV 996

  1. Fugue

Prelúdio para alaúde em sol menor, BWV 1000

  1. Preludio

Stephan Schmidt, guitarra de dez cordas

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FLAC | 393 MB

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MP3 | 320 KBPS | 235 MB

Stephan Schmidt e sua viola de dez cordas…

Se você não tiver muito tempo, ouça pelo menos a suíte em sol menor, BWV 995. Mas, se tiver menos tempo ainda, pode avaliar o todo pelas duas lindas peças que fecham o álbum – uma Fuga em sol menor, BWV 1000 e o lindíssimo Prelúdio em dó menor, BWV 999. Se seu coração não se derreter, então…

René Denon

Ferramentas em uma luteria…

Rachmaninov (1873-1943): Concertos para Piano Nos. 3 e 4 – Leif Ove Andsnes – 2 de 2

Rachmaninov (1873-1943): Concertos para Piano Nos. 3 e 4 – Leif Ove Andsnes – 2 de 2

Sergei Rachmaninov

Concertos para Piano Nos. 3 e 4

Leif Ove Andsnes, piano

London Symphony Orchestra

Antonio Pappano

 

Fazendo palavras cruzadas…

Na outra postagem mencionei como dramaticamente mudou a situação social e política do mundo durante a vida de Rachmaninov. A partir de 1918 ele passou a viver nos Estados Unidos e esta mudança demandou que o compositor desse lugar ao intérprete. Ele já tinha composto três concertos para piano, comporia apenas mais seis obras de vulto.

Local da composição co RACH#3

O RACH #3 foi composto em 1910, ainda na mãe Rússia, durante sua estadia na idílica Ivanovka. Quem não comporia tão inspirado concerto em um lugar lindo como este? O Quarto Concerto é de 1926, mas passou por várias modificações.

Entre estas seis últimas obras, vale mencionar as (famosas) Variações  sobre um tema de Paganini, de 1934. Esta peça foi composta durante as férias de verão (do hemisfério norte), passadas na Suíça.

Rachmaninov era fisicamente muito alto e tinha mãos imensas. Certamente passava muito tempo ao piano e a carga de concertos e viagens custaram caro. O final de sua vida foi extenuante e buscando clima mais ameno a família mudou-se para Beverly Hills, na California. Morava próximo a Horowitz, que o visitava com frequência. Tocavam duetos…

As circunstâncias da vida devidamente influenciaram suas composições, que além de legiões de admiradores também atraíram ácidas críticas.

Camisa usada enquanto escrevia estas mal traçadas…

Em 1954, um famoso dicionário de música e músicos disse que sua música era ‘de textura monótona … consistindo principalmente de melodias artificiais e exageradas’, predizendo que seu sucesso seria efêmero. Para contrabalancear tal afirmação, Harold C. Schonberg escreveu em um de seus livros dizendo: “Esta é a mais ultrajante, esnobe e mesmo estúpida afirmação a ser encontrada em um trabalho que deveria ser uma referência objetiva”.

No entanto, o que importa é a música e isto temos de sobra no disco desta postagem. É claro, RACH #3 ofusca o irmão caçula, mas o mesmo tem muito a oferecer. Acredito que os concertos de Rachmaninov são mais vulneráveis a uma interpretação apenas mediana do que concertos de outros compositores (talvez por ele ter sido tão excelente intérprete). As gravações de Martha Argerich (ao vivo, acompanhada da Orquestra da Rádio de Berlim, regida por Riccardo Chailly) do RACH #3 e de Arturo Benedetti Michelangeli (acompanhado da Philharmonia Orchestra, regida por Ettore Gracis, em dobradinha com o Concerto em sol maior, de Ravel) do Quarto Concerto muito fizeram pela reputação destes concertos. Talvez a gravação de Arturo Benedetti Mochelangeli, do Quarto Concerto, tenha sido ainda mais importante, pois o RACH #3 tinha Horowitz e vários outros grandes intérpretes, incluindo (é claro) o próprio compositor.

Sergei Rachamninov (1873 – 1943)

Concerto para Piano No. 3 em ré menor, Op. 30

  1. Allegro ma non tanto
  2. Intermezzo (Adagio)
  3. Finale

Concerto para Piano No. 4 em sol menor, Op. 40

  1. Allegro vivace (alla breve)
  2. Largo
  3. Allegro vivace

Leif Ove Andsnes, piano

London Symphony Orchestra

Antonio Pappano

Gravações de 2009/2010, Abbey Road Studio 1, Londres

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MP3 | 320 KBPS | 175 MB

Leif contando para a turma do PQP Bach tudo sobre sua última pescaria nos fiordes noruegueses

Na minha opinião, um andamento fluente desde as primeiras notas é a chave para o sucesso da interpretação de concertos onde bravado e pirotecnia abundam. Isto não faltará a estas gravações. Digam-me vocês, depois…

René Denon

Rachmaninov (1873-1943): Concertos para Piano Nos. 1 e 2 – Leif Ove Andsnes – 1 de 2

Rachmaninov (1873-1943): Concertos para Piano Nos. 1 e 2 – Leif Ove Andsnes – 1 de 2

Rachmaninov

Concertos para Piano Nos. 1 e 2

Leif Ove Andsnes, piano

Berliner Philharmoniker

Antonio Pappano

Concertos para piano são as peças que eu ouço com mais frequência e entre eles os famosos RACH #2 e RACH #3.

Era só uma questão de tempo e eu começaria a postar estas maravilhas. Esta é a primeira de uma série de duas postagens com os quatro concertos para piano do Sergei interpretados pelo espetacular Leif Ove Andsnes. Inicialmente os dois primeiros, onde ele é acompanhado pela estelar Berliner Philharmoniker regida por Antonio Pappano. Para dar uma extra dose de eletricidade ao disco, o RACH #2 foi gravado ao vivo!

Prepare então o pendrive e aumente o som, pois o romantismo tardio vai invadir a sua sala. Se depois de você ouvir esta gravação, assim, umas dezenove vezes e insistir que não gosta de Rachmaninov, então eu me rendo. Pode voltar para suas outras partituras.

Antes de falarmos um pouco sobre a música do disco, uma palavra sobre o compositor. Rachmaninov nasceu enquanto Brahms, Liszt e Wagner eram ainda vivos. Durante sua vida o mundo passou por duas guerras mundiais e seu país viveu a revolução de 1917. Menciono isto apenas para dizer o quanto o mundo mudou durante a sua vida. Ele mudou da Rússia para os Estados Unidos da América. Tchaikovosky aplaudiu sua primeira ópera e Copland dizia não suportar a sua música. E isso é para que possamos colocar a sua obra em perspectiva.

O que importa é a música e os concertos de Rachmaninov estão no repertório dos grandes pianistas.

O Primeiro Concerto nasceu como obra de juventude, quando Rachmaninov tinha ainda 17 anos. O primeiro movimento foi composto e apresentado acompanhado da orquestra do conservatório com grande êxito. Mas em 1917, para esquecer um pouco dos problemas do país, Rachmaninov fez uma grande revisão no concerto, inclusive compondo um novo final. Nesta forma o concerto foi apresentado novamente no dia 28 de janeiro de 1919, mas agora em Nova Iorque. O concerto é brilhante, ainda guarda o frescor da juventude com suas ousadias e tem um bom débito com o concerto de Grieg. É claro que este concerto, assim como o Quarto, é relativamente eclipsado pelos dois poderosos RACH #2 e #3, mas ambos têm muitos méritos, especialmente quando interpretados por artistas do calibre de Andsnes.

Há pelo menos mais duas gravações que considero excelentes deste primeiro concerto. Uma delas com o solista Krystian Zimerman, num disco de repertório exatamente igual a este. Outra é com Mikhail Pletnev, neste caso o disco é completado pelas Variações sobre um tema de Paganini.

A xícara onde tomava meu café enquanto escrevia estas mal traçadas…

No caso desta postagem, segue uma interpretação absolutamente vibrante do Rach # 2. Este concerto veio ao mundo a fórceps. Rachmaninov, entusiasmado com o sucesso de sua primeira ópera, Aleko, compôs sua Primeira Sinfonia, que foi (mal) apresentada por Glazunov, que não nutria grande simpatia pela sinfonia e (ah, as más línguas) estava embriagado durante a apresentação. O fiasco foi tamanho que Rachmaninov sofreu um processo depressivo que o manteve incapaz de compor por três anos. Finamente ele recorreu aos cuidados do Dr. Nikolai Dahl que lançou mão de hipnose para ajudar o compositor a vencer suas barreiras: ‘Você começará a escrever seu concerto… Você trabalhará com muita facilidade… o concerto será de excelente qualidade!’

Não é que funcionou? Aos 27 anos Rachmaninov estava de volta ao sucesso e agora retumbante e duradouro. Basta vocês ouvirem esta gravação até o fim e ouvir como o pessoal presente gostou e aplaudiu!

Rach #2 tem tudo que se precisa para um concerto para piano que seja um autêntico ‘cavalo de batalha’. Lindíssimas melodias, orquestração primorosa (escola russa…) e todos os truques técnicos para fazer brilhar o pianista virtuose.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Concerto para Piano No. 1 em fá sustenido menor, Op. 1

  1. Vivace
  2. Andante
  3. Allegro vivace

Concerto para Piano No. 2 em dó menor, Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio sostenuto
  3. Allegro scherzando

Leif Ove Andsnes, piano

Berliner Philharmoniker

Antonio Pappano

Gravações de 2005, RACH #2 ao vivo
Produção: John Fraser

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FLAC | 215 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Leif indo ao encontro da turma do PQP Bach para um papo sobre o RACH #2

Uma das gravações mais famosas deste concerto é de Sviatoslav Richter, postada aqui há pouco tempo, em companhia do PRKFV #5. A interpretação do Andsnes é diferente, inicia em um andamento mais fluente, o que mostra outra possibilidade. Caso você tenha chegado até aqui e goste deste tipo de música, compare as duas gravações e depois me conte. Pode usar o link ‘LEAVE A COMMENT’. Ele fica no alto da página, logo abaixo do cabeçalho.

Aproveite

RD

PS: Concertos Nos. 3 e 4 em muito breve estará também disponível no seu distribuidor PQP-Bach mais próximo.

Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano No. 2 – Prokofiev (1891-1953): Concerto para Piano No. 5 – Sviatoslav Richter

Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano No. 2 – Prokofiev (1891-1953): Concerto para Piano No. 5 – Sviatoslav Richter

Rachmaninov & Prokofiev

Concertos para Piano

Sviatoslav Richter

 

Uma grande xícara de café após um almoço de bolinhos de arroz e aipim frito certamente deixa qualquer um com enorme predisposição para música. No meu caso, música que envolva piano. Uma coisa leva a outra e lembrei-me de um dos ‘Meus CDs Mais Queridos’: Concertos para Piano de compositores russos interpretados por um dos mais famosos pianistas russos: Sviatoslav Richter. Ele foi um pianista fantástico, mas absolutamente não convencional. Tinha um repertório vastíssimo, mas não gostava de gravações em estúdios. Por isso, temos uma imensidão de gravações suas, mas muitas de sofrível qualidade.

Outro aspecto de sua arte é que ele não se interessava em gravar ciclos completos ou integrais disto ou daquilo. Eu tenho relativamente poucas gravações dele, mas esta certamente é especial.

O disco foi gravado em 1959/1960, provavelmente em Varsóvia, mas isto não está explicitamente escrito no libreto. No entanto, sabemos que é uma coprodução da DG com a Polskie Nagrania, a Orquestra é de Varsóvia e o nome dos regentes têm mais consoantes do que vogais.

Eu cheguei a este disco pelo Concerto de Rachmaninov, esta gravação é muito considerada pelos fãs do imenso compositor. Mas, com o passar das décadas, o concerto que ouço com mais frequência é exatamente o Quinto de Prokofiev. Richter foi quem estabeleceu este concerto como uma das obras primas do Século XX e manteve uma relação de amizade com Prokofiev por toda a vida. Conta-se que a tristeza que Richter demonstrou ao tocar piano durante o enterro de Stalin era por ter perdido o amigo Prokofiev, falecido no mesmo dia.

Há uma diferença imensa na concepção e no estilo destes dois concertos e só mesmo um músico genial conseguiria trazê-los à luz e com similar maestria.

Outras gravações do Rach#2 que gosto começam a um paço mais acelerado do que esta e somente um pianista do calibre de Richter é capaz de iniciar assim sem fazer com que a música toda desmorone.

O movimento lento é espetacularmente feito e o último movimento começa a com muita velocidade. Temos assim, muita dinâmica neste que talvez seja o mais romântico dos concertos românticos para piano.

O Quinto Concerto de Prokofiev tem aqui a sua melhor gravação. Ponto. Quer mais?

Sviatoslav Richter é um grande nome da música e é muito bom poder conhecer um pouco mais a pessoa que habitava a lenda. No final de sua vida ele protagonizou um documentário – L’Insoumis – The Enigma – feito por Bruno Monsaigeon, que também redigiu um livro sobre ele. Você poderá começar lendo dois artigos do jornalista Paul Moor que o conheceu e entrevistou algumas vezes, acessando este blog aqui e aqui.

Um interessante resumo sobre ele está na resenha escrita por Arnaldo Cohen, que você poderá ler aqui. De qualquer forma, baixe o disco e depois me escreva, usando o link ‘LEAVE A COMMENT’, que está logo abaixo do cabeçalho desta postagem, de qual dos concertos você gostou mais…

Chapéu 1

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Concerto para Piano No. 2 em dó menor, Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio sostenuto
  3. Allegro scherzando
Chapéu 2

Serge Prokofiev (1891 – 1953)

Concerto para Piano No. 5 em sol maior, Op. 55

  1. Allegro con brio
  2. Moderato bem accentuato
  3. Toccata – Allegro com fuoco (più presto che la prima volta)
  4. Larghetto
  5. Vivo

Sviatoslav Richter, piano

Warsaw Philharmonic Orchestra

Stanislaw Wislocki (Rachamaninov)

Witold Rowicki (Prokofiev)

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FLAC | 228 MB

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MP3 | 320 KBPS | 131 MB

Richter era famoso por seus comentários (nem sempre lisonjeiros) sobre outras personalidades musicais. Sobre certo maestro-pianista argentino ele disse: ‘Um grande talento preocupado em parecer profundo. Acaba ficando chato’.

Baixe os arquivos e aproveite a música!

René Denon

Ah, ia já me esquecendo…

Debussy (1862-1918): Images e Estampes – Paul Jacobs

Debussy (1862-1918): Images e Estampes – Paul Jacobs

Images (1894)

Estampes

Images, Series I & II

PAUL JACOBS, piano

 

Um dos muitos talentos deste músico e pianista extraordinário que foi Paul Jacobs era a sua facilidade de escrever sobre a música que interpretava. Os textos dos livretos dos seus discos são escritos por ele. São textos claros e profundos e refletem seu amor pela música que interpretava. É um privilégio ter acesso a mais este legado.

No libreto do disco que já postamos, com os Études, ele explica a importância da música de Debussy e Schoenberg no cenário musical do início do Século XX. Esta importância reside na maneira inovadora como eles passaram a compor. Ouso traduzir um de seus parágrafos:

‘A complexidade estrutural da música de Debussy provem em grande parte do fato que, diferentemente da música germânica em particular, ela inerentemente não se baseia em desenvolvimentos, e não depende de transformações e expansões melódicas. Em vez disto, o papel da melodia é reduzido a uma função identificadora localizada, enquanto outros parâmetros de identificação – timbre, cor harmônica ou algum ‘objeto sonoro’, como uma nota ou um acorde – assumem maior importância. Ao ampliar sua paleta de cores musicais, Debussy esboçou livremente com ritmos de danças, estilo de cabaré e vários modos e escalas derivados da música oriental ou arcaica’.

Segundo Manuel Bandeira, Debussy é

Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . .
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai . . .)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psiu . . . —
Para cá, para lá . . .
Para cá e . . .
— O novelozinho caiu.

Paul Jacobs diz que as obras deste disco são as quatro mais importantes composições para piano da primeira metade da carreira de Debussy: Images [1894], Estampes [1903] e Images Series I e II [1905 e 1907]. Sendo que os Études, que você poderá ouvir se clicar aqui, e os Préludes, que em breve estarão disponíveis no seu fornecedor PQP Bach mais próximo, constituem os enormes monumentos produzidos na parte final de sua vida.

As Images [1894] não foram publicadas durante a vida do compositor e mostram um estágio inicial da maneira que Debussy passaria a compor. Mas são muito significativas. Nelas ele usa pela primeira vez a palavra Images, que lhe seria muito cara, além de apresentar o formato tripartido, onde as duas primeiras peças têm caráter mais introspectivo e a última é uma brilhante tocata.

Se você se dá ao trabalho de seguir minhas postagens, sabe o quanto este tipo de música é importante para mim. Postei há algum tempo um disco com um repertório bem próximo deste, o qual acho espetacular. O pianista lá é Ivan Moravec e o som, talvez, um pouco melhor. Mas com uma interpretação como esta, em segundos o ouvido se ajusta e o prazer não diminui.

Compare os discos, ambos são excelentes. Veja como crítico Terry Barfoot inicia sua resenha sobre o álbum desta postagem: ‘Algumas das melhores e mais sutis músicas para piano de Debussy estão reunidas aqui, numa performance que capta exatamente o tom correto. Paul Jacobs observa escrupulosamente as indicações da partitura de Debussy, e o resultado é particularmente agradável’

Já disse antes, mas não canso de repetir: prazer a mais encontrarás na poesia dos nomes das peças. Vale a pena conferir.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Images [1894]

  1. Lent (mélancolique et doux)
  2. Dans le mouvement d’une ‘Sarabande’…
  3. Quelques aspects de ‘Nous n’irons plus au bois’…

Estampes [1903]

  1. Pagodes
  2. La Soirée dans Grenade
  3. Jardins sous la pluie

Images, Serie I [1905]

  1. Reflets dans l’eau
  2. Hommage à Rameau
  3. Mouvement

Images, Serie II [1907]

  1. Cloches à travers les feuilles
  2. Et la lune descend sur le temple qui fût
  3. Poissons d’or

Paul Jacobs, piano

Gravação feita em Nova Iorque, 1978

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FLAC | 155 MB

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MP3 | 320 KBPS | 131 MB

Paul Jacobs

Na minha opinião, MB compôs o poema ao ouvir ‘Et la lune descend sur le temple qui fût’. Por favor, leia o poema e ouça a peça. Depois, acione o link ‘LEAVE A COMMENT’, que se encontra escondido bem abaixo do cabeçalho da postagem e mande o seu pitaco.

René Denon

Beethoven (1770 – 1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – WP & Carlos Kleiber ∞ #BTHVN 250 ֍

Beethoven (1770 – 1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – WP & Carlos Kleiber ∞ #BTHVN 250 ֍

BTHVN

Sinfonias Nos. 5 & 7

Wiener Philharmoniker

Carlos Kleiber

 

 

Em dez de cada dez listas que mencionam melhores gravações de música clássica aparece a gravação da Quinta Sinfonia de Beethoven feita por Carlos Kleiber regendo a Wiener Philharmoniker e lançada pelo selo amarelo. Em umas seis ou sete delas, ela aparece em primeiro lugar. É por isso que esta gravação não poderia faltar nas nossas postagens comemorativas do #BTHVN 2020.

Esta gravação de 1974 foi relançada pela DG reunida em um CD com a gravação da Sétima Sinfonia, pelos mesmos protagonistas, na série DG-Originals. Como este CD já foi postado aqui pelo nosso intenso colaborador FDP Bach, fazemos oportunamente a nova editação como um PQP-Originals! Além do que o link da postagem anterior já estava inativo.

Aqui está o texto da postagem original, que foi ao ar em 19 de setembro de 2014:

Falar o que dessa gravação, cara pálida? Que é a melhor gravação destas sinfonias? Para não repetir o óbvio, só direi que com certeza este cd está entre os Top Ten de minha lista, e na lista de muita gente. Esqueça Karajan, esqueça Jochum, esqueça Celibidache, esqueça qualquer outro que lhe venha a cabeça. Carlos Kleiber é o nome a ser batido nesse repertório.

Carlos Kleiber não era uma pessoa de fácil convivência. Segundo relatos de músicos que estiveram sob sua direção, ele chegava a ser tirânico, humilhando seus músicos, para que se atingisse o seu ideal de perfeição. E isso dirigindo orquestras do nível da Filarmônica de Viena, de Berlim, do Concertgebow de Amsterdam …

E a sonoridade que ele conseguiu extrair da Filarmônica de Viena ao executarem esses dois pilares da música ocidental até hoje ninguém conseguiu.
Ouçam e tirem suas conclusões.

Vejam os comentários do Penguin Guide que atribuiu ao disco uma Roseta ֍, uma honra que os editores da publicação costumam dar a um seletíssimo conjunto de CDs:

‘Se alguma vez houve uma gravação lendária, será esta de Carlos Kleiber […].’ As comparações mencionam Giulini e Klemperer e termina dizendo: ‘…esta é sem dúvida uma das maiores performances desta obra que já foi colocada em disco’. Eu acredito que o comentário continua atualíssimo.

Da gravação da Sétima Sinfonia a menção de ‘charme da dança’ nos diz tudo. Portanto, não demore e baixe os arquivos!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 5 em dó menor, Op. 67

  1. Allegro com brio
  2. Andante com moto
  3. Allegro
  4. Allegro

Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92

  1. Poco sostenuto – Vivace
  2. Allegretto
  3. Presto – Assai meno presto
  4. Allegro com brio

Wiener Philharmoniker

Carlos Kleiber

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FLAC | 328 MB

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MP3 | 320 KBPS | 165 MB

Observação: As duas últimas faixas da Quinta Sinfonia estão em um só arquivo.

Dizer o que?

Bravo, maestro!

Aproveite!

René Denon

 

Maurice Ravel (1875-1937): Peças para Piano – Akiko Ebi

Maurice Ravel (1875-1937): Peças para Piano – Akiko Ebi

Maurice Ravel

Le Tombeau de Couperin

Gaspard de la Nuit

Sonatine pour piano

Akiko Ebi

 

Vocês sabem, eu sou completamente dependente de música para piano. Ultimamente tenho ouvido alternadamente música de Beethoven, pelo #BTHVN250, música de Bach (é claro…) e música dos compositores franceses, tudo para piano ou com piano.

Este disco com peças de Ravel já está na minha playlist há alguns meses e hoje chegou o dia de dividi-lo com vocês.

Tenho me interessado bastante pelo trabalho de pianistas orientais e encontrado gratas surpresas. Algumas delas acabo trazendo para o blog, incluindo esta daqui.

A pianista Akiko Ebi nasceu em Osaka e estudou na Universidade de Belas Artes de Tokyo. Posteriormente estudou em Paris e a sua carreira internacional decolou ao ganhar o Grand Prix na Competição Internacional Long/Thibaudet. Ela também foi finalista da Competição Internacional Fryderyk Chopin, de Varsóvia. Descobri que Martha Argerich foi sua mentora só depois de gostar muito deste disco… Além de Martha, Aldo Ciccolini e Vlad Perlemuter contribuíram em sua formação. Buscando outros discos da Akiko Ebi, descobri que ela contribuiu para a gravação da obra completa de Chopin pelo Instituo Chopin de Varsóvia. Veja a capa do disco com os Prelúdios na ilustração da postagem.  Ela também foi a solista dos Concertos para Piano na versão com instrumentos de época, usando um piano Erard, acompanhada pela Orchestra of the 18th Century regida por Frans Brüggen.

O repertório do disco incluiu as principais peças para piano de Ravel, como Le Tombeau de Couperin e Gaspard de la Nuit.

Ondine

A peça mais difícil do disco é realmente o tríptico Gaspard de la Nuit. A peça foi inspirada em versos do poeta Aloysuis Bertrand, que remetem a histórias de fadas, mistérios e fantasmas. A literatura certamente inflamou a imaginação de Ravel. As três peças que compõem a obra têm em parte o estilo rápido-lento-rápido, com a primeira e a última muito virtuosísticas, enquanto a peça central, Le Gibet, descreve uma cena assustadora, com a figura de um enforcado na paisagem. Tudo isto em uma das mais difíceis partituras para piano de toda a literatura. Você pode descobrir mais informações sobre esta obra clicando aqui ou aqui.

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Le Tombeau de Couperin

  1. Prélude
  2. Fugue
  3. Forlane
  4. Rigaudon
  5. Menuet
  6. Toccata

Prélude pour piano

  1. Prélude

Gaspard de la Nuit

  1. Ondine
  2. Le Gibet
  3. Scarbo

Sonatine pour piano

  1. Modéré
  2. Mouvement de menuet
  3. Animé

Jeux d’eau

  1. Jeux d’eau

Akiko Ebi, piano

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FLAC | 215 MB

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MP3 | 320 KBPS | 143 MB

Akiko Ebi

Gaspard de la Nuit é famosa por sua dificuldade e isto se deve ao fato de Ravel ter tentado fazer de Scarbo uma peça ainda mais difícil do que a espinhosíssima Islamey, de Balakiriev. Em breve postaremos um disco com peças para piano russas, Islamey entre elas. Você então poderá tirar as suas próprias conclusões, pelo menos sob a perspectiva do ouvinte. Enquanto isso, aproveite!

René Denon

Frederic Chopin (1810-1849): Préludes, Op. 28 – Eric Lu, piano

Frederic Chopin (1810-1849): Préludes, Op. 28 – Eric Lu, piano

Chopin – Prelúdios, Op. 28

Brahms – Intermezzo

Schumann – Geistervariationen

Eric Lu, piano

 

Após um ano de postagens, mais ou menos, me dou conta que nunca postei um álbum de Chopin. Estou envergonhado! Mas esta falta pretendo corrigir presto, súbito!

Chopin e o piano nasceram um para o outro. Poucos compositores influenciaram tanto a música para piano quanto o Frederico. Era grande conhecedor da literatura para teclado e tinha admiração pelas obras de Scarlatti e Bach.

Uma grande conexão dele com este último são os Prelúdios. Chopin conhecia profundamente os Prelúdios e Fugas de Bach. Este ciclo de peças certamente o instigou a produzir um ciclo de peças que também chamou prelúdios. Veja um trecho copiado de um fascículo que acompanhava um LP vendido nas bancas há muitos, muitos anos.

‘Em fins de 1838 e princípios de 1839, em Maiorca, Chopin empreendeu a tarefa de concluir a série de 24 Prelúdios, iniciada anteriormente em Paris e que levaria o número de Opus 28. […] Homenagem a Bach, foram concebidos a exemplo do Cravo Bem Temperado: ainda mais claramente que nos estudos, encontramos aqui um plano tonal preestabelecido, segundo o chamado ciclo das quintas, passando por todos os tons da escala cromática, cada tom maior seguido de perto pelo seu relativo menor (dó maior, lá menor, sol maior, mi menor, etc., até chegar a mi sustenido menor e seu relativo dó sustenido menor, representados por seus enarmônicos fá maior e ré menor)’.

As ditas vidraças…
Este é um legítimo descendente do gato de Chopin

Os prelúdios de Chopin são peças curtas e sua ordenação é planejada para apresentar um máximo de contraste propondo aos intérpretes um enorme desafio. Destacar a individualidade de cada peça e ao mesmo tempo apresentar um panorama completo. Liszt tinha grande admiração por estas peças que muito intrigaram Robert Schumann.

Alguns dos prelúdios acabaram se destacando, mesmo assim, como o Prelúdio No. 15, em ré bemol maior. Com indicação ‘Sostenuto’, tem o nome ‘Gota de Chuva’, puro romantismo. Neste prelúdio há uma repetição de notas que evocaria o som da chuva batendo em uma vidraça. A tal vidraça seria a da cela número 4 do mosteiro da Cartuxa de Valldemossa, que fica em Maiorca. Chopin passou uma temporada aí, em companhia da escritora George Sand, ambos buscando inspiração para suas obras.

O disco que escolhi para a postagem é um dos primeiros de um jovem talentosíssimo pianista de pouco mais do que 20 anos, Eric Lu. Ele ganhou o primeiro prêmio do importantíssimo The Leeds International Piano Competition em 2018, tocando o maravilhoso Quarto Concerto para Piano de Beethoven. Na ocasião ele também interpretou a Segunda Sonata e a Quarta Balada de Chopin.

Eu imagino que ao longo de sua vida ele mudará sua perspectiva sobre este ciclo e possivelmente mudará sua interpretação. De certa forma, ele já iniciou este processo, pois há uma gravação anterior, mas que ele considera mais um documento de uma de suas provas em concurso do que uma gravação mais definitiva. A gravação desta postagem foi feita no excelente estúdio Teldex, em Berlim. Veja o que foi dito sobre este aspecto do álbum em uma crítica que você poderá ler na íntegra aqui.

The piano sound here has a sumptuous warmth and tasteful reverb that enhances rather than masks the superb clarity.

Além dos prelúdios, Lu também interpreta a última obra composta por Schumann, um conjunto de variações – Geistervariationen. Achei a peça enigmática. Mas, ouvirei mais algumas vezes. Entre elas, um lindíssimo intermezzo de Brahms, que contrasta de maneira dramática do último dos Prelúdios, o tempestuoso Prelúdio em ré menor, justamente chamado ‘Tempestade’.

Frederic Chopin (1810 – 1849)

Prelúdios, Op. 28

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Intermezzo, Op. 117, 1

Robert Schumann (1810 – 1856)

Tema com Variações, WoO 24 – ‘Geistervariationen’

Eric Lu, piano

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FLAC | 668 MB

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MP3 | 320 KBPS | 439 MB

Observação: As faixas 19 e 20 do CD original foram unidas em uma só, para garantir a continuidade da música. Assim, as 23 primeiras faixas do arquivo contêm os Prelúdios e as seguintes, o restante da música.

 

Nesta entrevista Lu fala sobre a escolha do repertório para o disco, explica um pouco como foram as gravações. Ele fala de modo bem especial sobre as últimas composições do disco. Vale o trabalho de ler…

Aproveite!
René Denon

BTHVN250 – Beethoven (1770-1827): The Beethoven Journey – Concertos para Piano ∞ Mahler Chamber Orchestra – Leif Ove Andsnes ֍

BTHVN250 – Beethoven (1770-1827): The Beethoven Journey – Concertos para Piano ∞ Mahler Chamber Orchestra – Leif Ove Andsnes ֍

BTHVN

Concertos para Piano

Fantasia Coral

Andsnes

Mahler Chamber Orchestra

 

Estamos em festa! As postagens homenageando o grande Ludovico estão surgindo, reunindo-se em um grande coro – Millionen – saudando o compositor mais Herz und Verstand que eu conheço!

Os Concertos para Piano ocupam um espaço importante na obra de Beethoven, mas diferentemente das Sonatas para Piano e dos Quartetos de Cordas, que foram produzidos ao longo de todas as fases criativas do mestre, a composição de concertos parou no alto do seu período heroico. De qualquer forma, ouvir os concertos na sequência é uma experiência e tanto, mesmo que isso seja dividido em dois ou três concertos…

O conjunto que escolhi para esta postagem tem a formação não muito usual de solista e regente, pelo menos para Concertos de Beethoven. Essa prática é mais comum para Concertos de Mozart. Além disso, temos uma orquestra de câmera, o que cria uma expectativa de interpretação com tintas de HIP, do movimento de instrumentos de época. Mas nada disso deve preocupar nosso seguidor, pois temos aqui ótimas interpretações e som excelente. Estas gravações são o resultado de um projeto intitulado ‘The Beethoven Journey’, idealizado e levado a cabo pelo pianista norueguês, que é excelente solista e muito atuante em conjuntos de câmera. Ele mesmo explica como foi o projeto: “Com a performance do Concerto para Piano No. 1, de Beethoven, no Festival de Stresa, em agosto de 2011, começarei a minha ‘Jornada Beethoven’ […]. O objetivo deste projeto é tocar e gravar os cinco extraordinários Concertos para Piano com os maravilhosos músicos da Mahler Chamber Orchestra em um ciclo de quatro anos, começando em 2012. Espero que você se junte a nós para esta viagem de descoberta musical que promete ser iluminativa e exuberante”.

O pacote também inclui a Fantasia Coral, que foi escrita para terminar o mastodôntico concerto que Beethoven promoveu em dezembro de 1808, no qual foram apresentadas nada mais do que as Quinta e Sexta Sinfonias.

O projeto começou com os Concertos Nos. 1 e 3, gravados ao vivo no Festival da Primavera de Praga, no histórico auditório chamado Rodolfinum. Em seguida vieram os Concertos Nos 2 e 4, gravados em Londres em 2013. O último álbum foi gravado ao vivo novamente no Festival da Primavera de Praga, em 2014.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

CD1

Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo – Allegro

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo – Allegro

CD2

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Rondo – Molto allegro

Concerto para Piano No. 4 em sol maior, Op. 58

  1. Allegro moderato
  2. Andante con moto
  3. Rondo (Vivace)

CD3

Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73 ‘Emperor’

  1. Allegro
  2. Adagio um poco moto – attacca
  3. Rondo – Allegro

Fantasia para Piano, Coro e Orquestra em dó menor, Op. 80 ‘Fantasia Coral’

  1. Adagio
  2. Allegro – Allegretto, ma non tropo, quase Andante con moto

The Prague Philharmonic Choir

Mahler Chamber Orchestra

Leif Ove Andsnes, piano e regente

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FLAC | 668 MB

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MP3 | 320 KBPS | 439 MB

 

Estas gravações estão na lista das melhores gravações das obras de LvB segundo a Gramophone. Vejam como eles são elogiosos, falando do último disco a lançado: ‘As qualidades que fizeram os lançamentos anteriores tão irresistíveis estão presentes aqui também: a naturalidade com que o piano e a orquestra se integram e conversam e, às vezes, medem as suas forças; a leveza das texturas; a sutileza dos detalhes’.

Confira você e depois me diga. Pode usar o famoso ‘LEAVE A COMMENT’, no alto da página.

Aproveite!

RD

J. S. Bach (1685-1750): Suítes Francesas – Yuan Sheng

J. S. Bach (1685-1750): Suítes Francesas – Yuan Sheng

Bach

Suítes Francesas

Yuan Sheng

 

Na constelação de estrelas do piano brilham muitos nomes orientais, como Lang Lang, Mitsuko Uchida e Yuja Wang. Mais recentemente ouvimos Yundi Li e Seon-Jin Cho. Eu ouço Kun-Woo Paik há muito tempo. Além destes mais conhecidos, podemos buscar outros nomes, pois a arte desconhece fronteiras e as diferentes culturas acrescentam outras perspectivas artísticas às obras musicais que tanto pensamos conhecer.

Eu também uso esse tipo de óculos quando quero ir a algum lugar sem ser reconhecido…

Há pouco fiz uma postagem com a especialíssima pianista chinesa Zhu Xiao-Mei. Agora tenho a grande expectativa de encantar os amantes da música de Bach interpretada ao piano com esta postagem das Suítes Francesas interpretadas por Yuan Sheng, um nome para guardar.

Eu me encantei com este álbum e achei interessante postá-lo no meio deste afã de (Viva!) #BTHVN 2020, que tem sido muito divertido, especialmente para termos um contraponto.

Nunca havia ouvido de Yuan Sheng antes destas gravações, mas os primeiros acordes da Allemande que inicia a Suíte No. 1 de nosso sumo compositor, João Sebastião Ribeiro, colocaram-me imediatamente em alerta. Assim seguimos para a Courante e quando chegamos na Sarabande, eu já havia me tornado fã. Gente, ouçam esta sarabanda! Há nobreza, elegância, mas há também uma certa simplicidade que é resultado de muita sabedoria. Em uma palavra, espetacular!

Yuan Sheng

Pois este excelente pianista nasceu em Beijing, em uma família de artistas. Começou seus estudos aos cinco anos com sua mãe e depois estudou no Conservatório Central de Beijing, com os professores Qifang Li, Huili Li e Guangren Zhou. De 1991 até 1997 ele estudou na Escola de Música de Manhattan, em Nova Iorque. Seu grande interesse pela música de Bach o levou a estudar intensamente com Rosalyn Tureck. Yuan Sheng é agora professor do Conservatório Central de Beijing.

O que dizer do repertório? Que é espetacular, adoro todas as Suítes, mas tenho uma grama de predileção pela No. 5, que conheci antes das outras, e depois, pela No. 1. Além das Suítes Francesas, o álbum tem duas outras peças: Suíte em lá menor, BWV 818 e Suíte em mi bemol maior, BWV 819. Estas suítes estão, de alguma forma, ligadas às Suítes Francesas ‘oficiais’, por aparecem entre elas em alguns dos manuscritos que chegaram até nós. Tenho certeza que ninguém vai reclamar das peças a mais…

Antes de deixá-lo correr para o link e baixar a música, se é que você ainda não fez isto, uma palavra sobre os caracteres chineses. Tenho um enorme interesse pela cultura chinesa e sempre que posso tento aprender algo mais sobre ela. Por conta das poesias de Li Bai, que acabaram em algumas letras do Das Lied von der Erde, de Mahler, andei estudando um pouco os caracteres chineses. Não é fácil, especialmente para que tem uma memória RAM mínima, como eu, mas é excelente passatempo. Uma enorme ajuda veio de um (na minha opinião) excelente tradutor online, do qual faço propaganda e você pode conhecer se clicar aqui.

Os dois caracteres que coloquei no início da postagem formam precisamente o nome do pianista, Yuan Sheng, mas estão na ordem invertida, pois na China se diz primeiro o nome da família ( Sheng) e depois o nome do indivíduo ( Yuan).

Minha caligrafia pode melhorar…

O tradutor que indiquei dá muitas informações sobre cada caractere, inclusive você pode aprender a ordem de cada pincelada (ou de cada traço) para escrevê-lo (ou desenhá-lo).

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Suíte Francesa No. 1 em ré menor, BWV 812
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Menuet I e II; 5. Gigue
Suíte Francesa No. 2 em dó menor, BWV 813
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Air; 5. Menuet I e II; 6. Gigue
Suíte Francesa No. 3 em si menor, BWV 814
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Angloise; 5. Menuet e Trio; 6. Gigue
Suíte Francesa No. 4 em mi bemol maior, BWV 815
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Gavotte; 5. Menuet; 6. Air; 7. Gigue
Suíte Francesa No. 5 em sol maior, BWV 816
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Gavotte; 5. Bourée; 6. Loure; 7. Gigue
Suíte Francesa No. 6 em mi maior, BWV 817
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Gavotte; 5. Polonaise; 6. Menuet; 7. Bourée; 8. Gigue
Suíte em lá menor, BWV 818
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande simple; 4. Sarabande double; 5. Gigue
Suíte em mi bemol maior, BWV 819
  1. Allemande; 2. Courante; 3. Sarabande; 4. Bourée; 5. Menuet I e II

Yuan Sheng, piano

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盛原

Yuan quer dizer fonte, origem, começo. Sheng é abundante, próspero, pujante. Assim, você pode perceber que o nome do pianista da postagem é muito significativo.

Resumindo, este álbum é ‘papa-fina’! Aproveite!!

René Denon

Smetana (1824-1884) & Janaček (1854-1928): Quartetos de Cordas – Jerusalem Quartet

Smetana (1824-1884) & Janaček (1854-1928): Quartetos de Cordas – Jerusalem Quartet

Bedřich Smetanta

Leoš Janáček

Quartetos de Cordas

Jerusalem Quartet

 

Seguindo na tentativa de cumprir minhas ‘decisões de Ano Novo’, avancei um pouco mais no processo de expansão de repertório. Usando a tática de avanço gradual, mas seguro, decidi explorar os quartetos de cordas de Leoš Janáček. E não é que me dei bem? O disco que ouvi é o desta postagem, que traz também o Quarteto ‘Da Minha Vida’, de Smetana. Esta peça de Smetana tem em comum com o segundo quarteto de Janaček o fato de ambos terem sido inspirados em fatos das vidas dos compositores.

O quarteto de Smetana foi composto pouco depois de ele ter ficado surdo e ainda tinha esperança de voltar a ouvir. Particularmente tocante é ouvir o quarto movimento do quarteto, no qual os zumbidos que Bedřich ouvia enquanto sua audição se deteriorava é mencionado.

Kamilla…

O Segundo Quarteto de Janáček é denominado ‘Cartas Íntimas’ e faz referência às muitas cartas que trocou com Kamila Stösslová, uma paixão impossível, uma vez que ela era casada e bem mais jovem do que ele. Você poderá descobrir um pouco mais sobre este caso lendo a postagem do sumo PQP Bach e ainda ouvir a Missa Glagolítica do Leoš Janáček.

O Primeiro Quarteto do Janáček é intitulado ‘Sonata Kreutzer’ (Viva BTHVN 2020!), mas a referência é um conto de Liev Tolstói, que tem este título. Portanto, o quarteto foi nomeado ‘por tabela’.

Posso dizer que gostei do disco, caso contrário no o estaria postando. O Jerusalem Quartet é muito bom, já ouvi outros discos gravados por eles. Assim, espero que você, caso seja tentado por esta postagem, mande-me um bilhete com suas próprias impressões. Pode usar nosso ultrassensível dispositivo de interlocução, que fica no alto da página, no cabeçalho da postagem, escondido pelo quase invisível ‘LEAVE A COMMENT’.

Bedřich Smetanta (1824 – 1884)

Quarteto de Cordas No. 1 em mi menor – ‘Da Minha Vida’

  1. Allegro vivo appassionato
  2. Allegro moderato a la Polka
  3. Largo sostenuto
  4. Vivace

Leoš Janáček (1854 – 1923)

Quarteto de Cordas No. 1 – ‘Sonata Kreutzer’

  1. Con moto
  2. Con moto
  3. Con moto. Vivo. Andante
  4. Con moto (Adagio). Più mosso

Quarteto de Cordas No. 2 – ‘Cartas Íntimas’

  1. Con moto. Allegro
  2. Vivace
  3. Andante. Adagio
  4. Andante. Adagio

Jerusalem Quartet

Alexander Pavlovsky, violino

Sergei Bresler, violino

Ori Kam, viola

Kyril Zlotnikov, violoncelo

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Jerusalem Quartet – sempre há um que é ‘do contra’…

As outras postagens do nosso blog com os dois quartetos de Janáček estão como seus links inativos. Há uma postagem com o Segundo Quarteto que é muito boa! Veja aqui. Tentaremos restaurar os outros links. Portanto, aproveite e vá de Jerusalem Quartet! Aproveite!

René Denon

Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Nos. 3, 7 & 8 – Andrei Gavrilov

Prokofiev (1891-1953): Sonatas para Piano Nos. 3, 7 & 8 – Andrei Gavrilov

Prokofiev

Прокофьев

Sonatas para Piano Nos. 3, 7 & 8

Andrei Gavrilov

Андрей Гаврилов

 

Assim que vi este disco e logo que o ouvi pela primeira vez, atentei para sua atemporalidade e para a imensa energia, o vigor que ele emana quando é reproduzido. Parece-me um disco que foi gravado ontem, apesar de ter sido produzido em 1991 ou 1992. A capa combina com a modernidade de sua música e o som é excelente.

Falando da interpretação da sonata que abre o disco, um crítico da famosa Gramophone afirma: The Third Sonata […] gets off to a blistering start indeed. De tão intensa, chega a dar bolhas…

Das outras duas sonatas, Nos. 7 e 8, que ao lado da Sexta Sonata formam as chamadas Sonatas do Tempo da Guerra, pois foram compostas por Prokofiev entre 1939 e 1944, compara estas interpretações às interpretações de Maurizio Pollini e de Sviatoslav Richter. Altas comparações, indeed!

O Penguin Guide to CDs, em uma de suas quase infinitas edições, fala da gravação da Sétima como excitante e arrebatadora e diz que a interpretação da Oitava ‘se sustenta entre as mais exaltadas comparações’. E olhem que os ingleses costumam ser comedidos em seus comentários. É verdade que ao falar da Terceira o texto emprega a (deliciosa) expressão: he rushes his fences… apesar de mencionar o pretty dazzling virtuosismo. Pois Andrei Gavrilov é capaz disso, virtuosismo deslumbrante, estonteante.

Nascido em Moscou, de uma família de artistas, era protegido de ninguém menos do que o já citado Sviatoslav Richter e teve um início de carreira fulgurante. No entanto, em uma de suas turnês teve problemas com o sistema e amargou de volta para casa meia década de silêncio. Em 1984 conseguiu permissão para viajar para fora do país novamente com a ajuda de um tremendo pistolão – Mikhail Gorbachev. Foi artista da EMI e do selo amarelo, gravando alguns ótimos discos, como este da postagem.

Serge Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para piano em lá menor No 3, Op. 28

  1. Allegretto Tempestoso – Moderato – Allegro Tempestoso- Moderato – Più Lento – Più Animato – Tempo I – Poco Più Mosso

Sonata para piano em si bemol maior, Op. 83

  1. Allegro Inquieto – Andantino – Allegro Inquieto – Andantino – Allegro Inquieto
  2. Andante Caloroso – Poco Più Animato – Più Largamente – Un Poco Agitato – Tempo I
  3. Precipitato

Sonata para piano em si bemol maior, Op. 84

  1. Andante Dolce – Poco Più Animato – Andante I – Allegro Moderato – Andante – Andante Dolce, Come Prima – L’istesso Tempo – Allegro
  2. Andante Sognando
  3. Vivace – Allegro Ben Marcato – Andantino – Vivace

Andrei Gavrilov, piano

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Este incrível artista novamente teve problemas e sua carreira se abateu com isso. No entanto, para entender um pouco este difícil processo é preciso mais do que o espaço desta postagem e você pode começar com esta reportagem-entrevista aqui.

Apesar disto, você pode ouvir este ótimo disco e crer que Gavrilov, de alguma maneira, superou consideravelmente suas dificuldades. Veja aqui a sua página e aqui seu próprio blog.

Aproveite!

René Denon

Schubert (1797-1828): 8 Impromptus, D. 899 & 935 – Krystian Zimerman

Schubert (1797-1828): 8 Impromptus, D. 899 & 935 – Krystian Zimerman

Franz Schubert

Impromptus

Krystian Zimerman

 

Como uma música tão sublime, tão poderosa e obviamente magistral pode passar desapercebida, esquecida ou subestimada?

A música de Schubert é tão pessoal e cheia de sentimentos, com menos demanda técnica do que a maioria dos outros compositores que acaba propondo aos intérpretes dificuldades de outras ordens. Na minha perspectiva, sua música demanda um enorme equilíbrio para evitar a frivolidade, mas também não derrapar na pieguice. No caso dos Impromptus que temos neste álbum, que foram compostos já no fim da vida do compositor, no período em que ele se ocupava do ciclo de Lieder Winterreise, esse equilíbrio é ainda mais necessário, pois estamos num período de transição entre o classicismo e o romantismo.

Há várias gravações destas peças que são standards da discografia de Schubert, como as gravações de Perahia, Brendel (analógica) e Lupu, mas esta gravação de Krystian Zimerman merece ocupar a mesma prateleira. Zimerman é um pianista que frequenta pouco os estúdios de gravação, mas quando o faz nos oferece álbuns para apreciar e se deliciar.

Veja como começa a crítica deste álbum em uma importante revista de música: ‘Os Impromptus representam a música de Schubert por excelência, por que eles falam em um tom de intimidade e são mais adequados às pequenas salas de convivência do que às salas de concertos’. Este aspecto mais introvertido das peças pode dar margem a uma interpretação com melodias açucaradas e olhos lacrimejantes. Não é isto o que temos neste disco. O que temos é uma apresentação de uma música sofisticada, cheia de variedades e muita dinâmica.

Os segundo impromptu do primeiro conjunto é o que eu chamo ‘música líquida’ – um fluxo de sons absolutamente irresistível. Se você não sorrir de puro prazer ao ouvir esta peça, esqueça, música não é para você. Ou pelo menos este tipo de música.

Em várias destas peças, como na primeira delas, você percebe que os pianistas são seres excepcionais – conseguem fazer o que para mim é impossível – duas ou mais coisas ao mesmo tempo. Eu consigo assobiar um recorte da música, acompanhando uma melodia, mas me dou conta que há muitas outras coisas acontecendo independentemente, que eu não consigo assobiar ao mesmo tempo. É, mas eu não sou pianista…

Franz Schubert (1797 – 1828)

Impromptus D. 899 (Op. 90)

  1. 1 em dó menor
  2. 2 em mi bemol maior
  3. 3 em sol bemol maior
  4. 4 em lá bemol maior

Impromptus D. 935 (Op. 142)

  1. 1 em fá menor
  2. 2 em lá bemol maior
  3. 3 em mi bemol maior
  4. 4 em fá menor

Krystian Zimerman, piano

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Krystian durante a entrevista com a equipe do PQP

Impromptu é um gênero que se praticava na época de Schubert e ele teve modelos, especialmente do compositor boêmio Jan Václav Voříšek (alô, Vassily!). De qualquer forma, as oito peças que ele produziu, assim como os Moments Musicaux, são exemplos de peças independentes e muito usadas para completar um recital. Apesar de que, especialmente o segundo conjunto, pode ser visto como uma obra só, uma sonata disfarçada de ‘impromptus’.

Não demore, baixe o disco e deleite-se com estas lindas miniaturas.

Approveite!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para violino e cravo obbligato, BWV 1014-1019 – Chiara Banchini & Jörg-Andreas Bötticher

J. S. Bach (1685-1750): Sonatas para violino e cravo obbligato, BWV 1014-1019 – Chiara Banchini & Jörg-Andreas Bötticher

J.S. Bach

Sonatas para violino

Chiara Banchini

Jörg-Andreas Bötticher

 

Sonatas para violino é um gênero no qual as gerações de compositores antes de Bach produziram em profusão e ele certamente conhecia muitos exemplos, particularmente estudioso que era da obra de outros compositores.

Basta considerar como exemplo as ‘invenções’ escritas por Antonio Bonporti, que são excelentes e você pode ouvi-las se acessar esta postagem aqui.

Bach, do alto de sua genialidade, não só estudava estas obras, ela incorporava suas características em sua própria linguagem e produzia resultados que acabavam estabelecendo novos padrões de qualidade e também de originalidade.

Manuscrito do primeiro movimento da terceira versão da Sonata No. 6, BWV 1019, na cópia de Johann Christoph Altnickol

As sonatas desta postagem são exemplos típicos. No título ele usa a expressão obbligato harpsichord, indicando o novo papel do cravo, não só fornecendo o baixo contínuo, mas também uma nova voz, que ao lado do violino tem papel de protagonista. Neste sentido, estas sonatas estão próximas das triosonatas, onde duas vozes são acompanhadas do baixo contínuo.

Eu ouço estas peças há muito tempo e a mudança de estilo nas interpretações tem sido constante, especialmente com o movimento HIP, das interpretações historicamente informadas. As gravações mais romantizadas, digamos assim, como a maioria das mais antigas, com a parte do violino cheia de vibrato, me parecem hoje anacrônicas.

Quando vi esta gravação decidi imediatamente ouvi-la com atenção, pela excelente violinista que é a Chiara Banchini. Pois gostei tanto que resolvi dividi-la com vocês.

Chamo a atenção de vocês para mais um detalhe, a respeito deste conjunto magnífico de peças que temos o privilégio de poder ouvir. O conjunto não tem uma única sonata mais fraca, menos interessante. Ou seja, a força destas obras também está na individualidade de cada peça, que adiciona e abrilhanta por demais o conjunto. Lembrando também, estas peças são sonatas, no modelo das sonatas da chiesa, com quatro movimentos, cujas indicações de tempo são como alegro, adagio, diferentes das suítes, com andamentos de danças.

O que dizer do primeiro movimento da primeira sonata, que inicia aos cuidados do cravo, pensativamente, ao qual aos poucos vai sendo adicionada a voz do violino? Este movimento é seguido por outro, que inicia com uma explosão de energia… E o terceiro movimento da segunda sonata, um Andante um poco… Ao ouvir este movimento veio-me a decisão de postar o álbum.

Jorge André testando o cravo que o PQP encomendou

Uma última observação. Nesta gravação, feita na Suiça em julho de 2011, o excelente cravista Jörg-Andreas Bötticher usa um instrumento construído em 2006 por Matthias Kramer, de Hamburgo, tendo como modelo um robusto cravo alemão do tipo que o próprio Bach tinha. Mais detalhes técnicos sobre este assunto você poderá ver no excelente livreto que acompanha os arquivos de música.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Sonatas para cravo obbligato e violino, BWV 1014 – 1019

CD1

Sonata No. 1 em si menor, BWV 1014

  1. Adagio; 2. Allegro; 3. Andante; 4. Allegro

Sonata No. 2 em lá maior, BWV 1015

  1. Dolce; 2. Allegro; 3. Andante um poco; 4. Allegro

Sonata No. 3 em mi maior, BWV 1016

  1. Adagio; 2. Allegro; 3. Adagio ma non tanto; 4. Allegro

CD2

Sonata No. 4 em dó menor, BWV 1017

  1. Largo; 2. Allegro; 3. Adagio; 4. Allegro

Sonata No. 5 em fá menor, BWV 1018

  1. Largo; 2. Allegro; 3. Adagio; 4. Vivace

Sonata No. 6 em sol maior, BWV 1019

  1. Allegro; 2. Largo; 3. Allegro; 4. Adagio; 5. Allegro
Cantabile, BWV 1019a

Chiara Banchini, violino

Jörg-Andreas Bötticher, cravo

Produção de Franck Jaffrès para o interessantíssimo selo Zig-Zag Territoires

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Não deixe de ouvir o conjunto todo, vale muito a pena. Se encontrares um movimento no qual a violinista não participa, fica apenas admirando a arte de seu acompanhante, é por que você chegou à magnífica sexta sonata. Volte e ouça de novo a quinta e, se tiver ainda tempo, ouça tudo de novo. É o que eu acabo fazendo.

Para uma foto mais recente da Chiara, acesse aqui.

Aproveite!

René Denon

Alban Berg (1885-1935): Quarteto Op. 3 & Suíte Lírica – Quatuor Arditti

Alban Berg (1885-1935): Quarteto Op. 3 & Suíte Lírica – Quatuor Arditti

Alban Berg

Quarteto Op. 3

Suíte Lírica

 

Eu sou basicamente um conservador. Bem, eu quero dizer conservador quando se trata de gosto musical. Expandir meu, digamos assim, repertório, sempre exigiu um certo esforço, mas as recompensas sempre vieram e em abundância. Adoro essa palavra…

Custei muito a incluir as peças de Debussy e Bartók em minha dieta musical, mas hoje não vivo sem elas.

Atualmente tenho tentado navegar por águas um tanto geladas, mapeando os mares shostakovichianos, mas não fui muito além do famosíssimo quinteto para piano e cordas e dos concertos para piano, desde que interpretados pela belíssima Anna Vinnitskaya.

Pois assim, como parte das resoluções de fim de ano, decidi me aventurar mais por águas ainda não navegadas. Porém, antes de grandes arroubos, resolvi visitar algumas das minhas tentativas juvenis que haviam restado indecisas e ataquei de Alban Berg. Como tenho uma queda por quartetos de cordas, busquei na prateleira de baixo, aquela que precisamos abaixar e está mais empoeirada do que as outras, meu disco de Quartetos de Alban Berg.

Então, um álbum com música atonal. Sim, aquela que é impossível assobiar um pedaço depois de ouvi-la. Temeridades à parte, do triunvirato da Segunda Escola de Viena, acho Berg o mais acessível. E olha que o Quarteto Op. 3, obra que abre o disco, é a peça de maior fôlego, criado nesta forma de compor, produzida neste período. Veja o que Schoenberg disse desta peça: ‘Este quarteto surpreendeu-me de maneira mais incrível pela riqueza de sua linguagem e pala ausência de restrições, pelo ímpeto e segurança do discurso, pela sua cuidadosa elaboração e significante originalidade’. A apresentação deste quarteto em Salzburgo em 2 de agosto de 1923, durante um concerto realizado pela Sociedade Internacional de Música Contemporânea foi o primeiro grande sucesso de público de Alban Berg.

A Suíte Lírica é uma peça impressionante. Aqui a temos em sua forma original. O nome foi inspirado pelo nome de uma peça de Alexander Zemlinsky, a Sinfonia Lírica, de 1923. Apesar de atonal, a peça tem suas raízes nas tradições vienenses de quartetos de cordas, especialmente os últimos quartetos de Beethoven e na estrutura do Das Lied von der Erde, de Mahler, obra extremamente significativa do início do século XX. Veja que a peça é composta de seis movimentos.

A obra inicia com um Allegretto gioviale, mas se encaminha para um fim trágico, passando por um Presto delirando e desaguando em um Largo desolato. Pois é, acho que o pouquinho de romantismo que restou em Berg o faz assim, mais acessível aos ouvintes acostumados à música tonal. Vide seu deslumbrante Concerto para Violino. Mas, isto fica para outra ocasião! Quanto a você, fique com o convite de navegar estas águas menos percorridas, se é o seu caso. As recompensas podem ser surpreendentes.

Alban Berg (1885 – 1935)

Quarteto Op. 3

  1. Primeiro movimento
  2. Segundo movimento

Suíte Lírica

  1. Allegro gioviale
  2. Andante amoroso
  3. Allegro misterioso
  4. Adagio appassionato
  5. Presto delirando
  6. Largo desolato

Quatuor Arditti

Irvine Arditti, violino
David Albermann, violino
Levine Andrade, viola
Rohan de Saram, violoncelo

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O Quatuor Arditti ou Arditti Quartet já não tem esta mesma formação. Aqui está um update dos membros que participaram desta gravação, mas não mais fazem parte do grupo. Página do segundo violino, agora com a grafia David Alberman pode ser acessada aqui.

Levine Andrade, que tocava a viola, faleceu em 2018. Você poderá ler um obituário aqui.

O violoncelista Rohan de Saram continua ativo e você poderá acessar sua página aqui.

A página do Arditti Quartet atual é esta aqui.

Usei Quatuor Arditti no lugar de Arditti Quartet porque o selo do disco da postagem é francês. Você poderá ler aqui uma entrevista com Irvine Arditti e David Alberman, feita por Bruce Duffie.

Há muitas explicações sobre as motivações para a composição da Suíte Lírica, que envolvem uma paixão impossível, motivos musicais construídos por letras dos nomes dos enamorados e um bocado de teoria musical. Você pode saber mais sobre isto aqui, o programa da peça segundo outro excelente conjunto musical. Mas hoje, as honras são para o ousado Quatuor Arditti.

Aproveite!
René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 9 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 9 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 109 ◦ Op. 110 ◦ Op. 111

 

 

Após a composição das duas sonatas anteriores, ditas para Hammerklavier, ambas com quatro movimentos, sendo que a segunda delas alcançou todos os limites da forma sonata, estabelecendo novos patamares, o que fazer mais? Como prosseguir daqui? Pois a resposta genial veio com a composição de um conjunto de três sonatas que guardam cada uma delas enorme individualidade. Em um sentido, uma volta à proporções menores, mas com uma renovada liberdade. A palavra que me ocorre sempre que penso nestas três sonatas é transcendência. Nelas Beethoven exercita uma enorme flexibilidade e demonstra ainda uma concentrada dose de criatividade. Resumindo: sublimes.

Duas destas sonatas terminam em variações e uma delas em uma fuga. O lirismo também está presente. Não foram as últimas composições para piano do genial Ludovico, mas com elas ele definitivamente terminou o ciclo de sonatas.

Considero essas três peças indispensáveis e já as ouvi inúmeras vezes, com muitos intérpretes. Mas nunca me canso delas. Gosto muitíssimo das gravações do Kovacevich (Philips e EMI), gosto mais da última gravação (creio que ao vivo) do Brendel para a Philips, da gravação menos conhecida da pianista Inger Södergren, no selo Calliope. As Sonatas Nos. 30 e 31 foram gravadas pelo Emil Gilels na Deutsche Grammophon. Alas, ele não chegou a gravar a última sonata, transcendeu. Mas hoje, o dia é de Igor Levit e espero que você, caso tenha chegado até aqui, desfrute também desta gravação e lembre-se da enorme evolução alcançada por um dos maiores compositores de que temos notícia.

Vivat, vivat Beethoven!!

Desenho feito por August von Klöber

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 30 em mi maior, Op. 109

  1. Vivace ma non troppo
  2. Prestissimo
  3. Gesangvoll, mit innigster Empfindung. Andante molto cantabile ed expressivo

Sonata para piano No. 31 em lá sustenido maior, Op. 110

  1. Moderato cantabile molto expressivo
  2. Allegro molto
  3. Adagio ma non troppo – Fuga. Allegro ma non troppo

Sonata para piano No. 32 em dó menor, Op.111

  1. Maestoso – Allegro com brio ed apassionato
  2. Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Igor Levit, piano

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Igor adorando os jardins do PQP Bach!

Esta jornada teria sido impossível sem a condução impecável deste notável pianista e cidadão, Igor Levit! Você poderá ler uma curta entrevista com ele aqui.

Aproveite!

René Denon

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms (1833-1897): Sonatas para Violoncelo e Piano – Lynn Harrel & Stephen Kovacevich

Brahms

Sonatas para Violoncelo Nos. 1 & 2

Variações sobre um tema de Handel

Lynn Harrell & Stephen Kovacevich

 

Quando Brahms iniciou a composição da primeira sonata para violoncelo e piano, em 1862, tinha as sonatas de Beethoven por modelo, mas enfrentava diferentes desafios. Desde os dias de Beethoven, o piano se desenvolvera em um instrumento mais poderoso e as composições que precisavam equilibrar dois instrumentos assim diversos apresentavam claras dificuldades. Isto sem contar que nestes tempos de romantismo, ousar escrever uma ‘sonata’ soava como um desafio clássico.

Brahms era, no entanto, um pianista com larga experiência em acompanhar músicos e cantores e já tinha experiência em compor para conjuntos de câmera. Apesar de que esta sonata era sua primeira experiência com apenas dois instrumentos.

Brahms dedicou a sonata a Josef Gänsbacher, um ótimo cantor e também um violoncelista. Parte das soluções que Brahms encontrou para produzir tão linda sonata foi de fazer o piano ‘acompanhar’ o violoncelo que ‘canta’ nos seus registros mais baixos. Para não causar conflito entre os dois instrumentos, nestes momentos o pianista, mesmo quando usa as duas mãos, elas acabam ficando na região dos registros mais altos, dando espaço para o violoncelo. Pois tocar o violoncelo nos registros mais baixos, fazê-lo cantar, não é tarefa assim fácil.

Pois deve ter sido isto que teria causado Gänsbacher afirmar, enquanto ensaiava a sonata com Johannes, conta a história, que não conseguia ouvir a si mesmo. Ao que retrucara prontamente Brahms (mesmo sob o risco de perder o amigo): Você é que tem sorte!

O último movimento da sonata lhe foi acrescentado já no momento da publicação e é uma fuga cujo sujeito é modelado no Contraponto XIII da Arte da Fuga, de Bach. Mais clássico, impossível!

A segunda sonata é resultado de um pedido feito pelo violoncelista Robert Hausmann, do Quarteto Joachim, em 1884. Inicialmente Brahms não mostrou interesse, mas em 1886 a sonata estava pronta e os dois a estrearam em 14 de novembro. O Concerto Duplo, para violino e violoncelo também contou com Hausmann na sua estreia.

Enquanto a primeira sonata ainda tem um certo ar de juventude, a segunda é claramente obra de um grande e maduro compositor, com dois primeiros impetuosos movimentos, clássica mas afinal também composta nos dias de romantismo.

Lynn Harrell

Este disco é o resultado do encontro de dois excelentes músicos, Lynn Harrell e Stephen Kovacevich, que dão, especialmente à segunda sonata, uma urgência que ainda mais enfatiza sua impetuosidade.

O disco ainda nos brinda com a excelente interpretação das Variações Handel, compostas por Brahms levando em conta o terceiro movimento da primeira sonata do segundo livro de Handel. A Sonata de Handel é em si bemol maior HWV 434 e você poderá ouvi-la aqui, na interpretação da excelente Ragna Shirmer. São as três primeiras faixas do disco 1. As Variações estão na faixa 3.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Sonata para violoncelo No. 1 em mi menor, Op. 38

  1. Allegro non troppo
  2. Allegretto quase Menuetto
  3. Allegro

Sonata para violoncelo No. 2 em fá maior, Op. 99

  1. Allegro vivace
  2. Adagio affettuoso
  3. Allegro appassionato
  4. Allegro molto

8. Variações e fuga sobre um tema de Handel, Op. 24

Lynn Harrell, violoncelo

Stephen Kovacevich, piano

Produção; John Fraser

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Stephen Kovacevich

Portanto, não deixe para depois, baixe logo os arquivos e aproveite este ótimo álbum, mesmo que você já tenha outras gravações destas lindas sonatas.

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 8 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 8 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 101

Op. 106 – ‘Hammerklavier’

 

Chegamos ao terceiro período de composição de Beethoven. O compositor agora praticamente surdo comunica-se com seus amigos pelos cadernos de conversação. Esta condição e o surgimento de instrumentos com um teclado estendido certamente influenciaram sua maneira de compor. Isto marcaria as suas últimas cinco sonatas.

A Sonata No. 28 em lá maior Op. 101 foi composta em 1818, quando Beethoven passava uns dias em Baden, cidade perto de Viena. No nome desta sonata, Beethoven colocou a palavra Hammerklavier, para indicar que a sonata havia sido escrita para este novo instrumento, assim como fez na outra sonata deste disco: a Grösse Sonate für das Hammerklavier, que para nós e todo o mundo ficou conhecida como a ‘Hammerklavier’. Assim como o fez no caso da Sinfonia Eroica, ao compor esta sonata Beethoven expandiu os limites da forma como nunca havia sido nem imaginado. Demoraria muito para que outras sonatas surgissem com o escopo desta. Para termos uma ideia de sua magnitude, foi composta em 1818, mas apenas em 1836 foi apresentada publicamente, por ninguém menos do que Franz Liszt, na Salle Erard, Paris.

What is greatness in music? Before we talk about spiritual greatness, let us establish this: The art of music also has a physical size – width, height, circumference, time, density, weight, appearance and expression. When Ludwig van Beethoven announced his B Major Sonata op. 106 as a great one, his greatest, even (before a single note had been written down), he meant everything: No other sonata from his pen is longer, more compact in sound, fingering or compositional technique, no other is more comprehensive in the sense of the genres it contains – symphony, aria, choir, dance, fugue. And yet, it is conceived, explored and taxed entirely from the perspective of the piano: piano sound and piano playing that tests all limits, even the suggestive ones. Written between the final symphonies, it aspires to their public relevance and resonance – but as a piano work, as a statement of the individual.

A sonata foi dedicada ao Arquiduque Rodolfo, patrono, aluno e grande amigo de Beethoven. Dizem, os primeiros acordes da sonata seriam uma alusão à frase ‘Vivat, vivat Rudolfo’!

The first bar of Beethoven’s ovational Hammerklavier-Sonata is accompanied with the singing of “Vivat, vivat, Rodolfo”. The composer dedicated his opus 106 to the Archduke Rudolf of Habsburg.

Os textos em inglês são citações de um programa de concerto que pode ser lido na íntegra aqui.

Nesta penúltima postagem das Sonatas para Piano de Beethoven, com a intenção de lembrar com ênfase a passagem de 2020, ano que marca os 250 anos de nascimento do grande Ludovico, gostaria de prestar também uma homenagem ao pianista Igor Levit. Além de enorme artista, como essas suas interpretações atestam, mesmo quando o resultado não cai exatamente ao gosto do ouvinte, Levit destaca-se por sua atitude como ser humano, num mundo tão carente de pessoas de destaque cultural que se posicionem com clareza em relação a tantos temas sociais e políticos. Quando um artista deste quilate recebe um prêmio por esse tipo de atuação, é preciso reconhecer. Assim, hats off para o Levit.

Você poderá ler o artigo que conta como Igor Levit ganhou o ‘Beethovenpreis de Bonn’ por seu compromisso social e político na íntegra aqui.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 28 em lá maior, Op. 101

  1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung
  2. Marschmässig
  3. Langsam und sehnsuchtsvoll
  4. Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Sonata para piano No. 29 em si bemol maior, Op. 106 ‘Hammerklavier’

  1. Allegro
  2. Assai vivace
  3. Adagio sostenuto. Appassionato e con molto sentimento
  4. Allegro risoluto

Igor Levit, piano

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“Every crowd is curious if you take them seriously” – Igor Levit 
Pois é, e além de tudo, grande pianista! Aproveite!
René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 7 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 7 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 78 ◦ Op. 79 

Op. 81a ‘Les Adieux’ ◦ Op. 90

 

 

Mais um passo nesta série de postagens das Sonatas para Piano de Ludwig van Beethoven, parte das nossas comemorações de 250 anos de seu nascimento.

Após as duas monumentais sonatas postadas no volume anterior, a Waldstein e a Appassionata, temos uma série de pequenas sonatas. É como se o inovador e inesgotável Ludovico precisasse tomar um fôlego e mostrar para a sua audiência também ser capaz de criar lindas e charmosíssimas peças para piano.

A sonata de maior extensão neste disco é a intitulada ‘Les Adieux’ e como muitas outras de suas obras, foi dedicada ao Arquiduque Rodolfo. A sonata tem um caráter programático, fazendo alusão à ocasião na qual o Arquiduque e boa parte da nobreza deixaram Viena por uma temporada, devido ao cerco da cidade pelas tropas de Napoleão. Os movimentos da sonata são intitulados Liebewohl, Abwesenheit e Wiedersehen – Adeus, Ausência e Reunião. A palavra Le-be-wohl foi escrita com as sílabas assim separadas sobre as três primeiras notas da sonata.

As três primeiras sonatas foram escritas por volta de 1809 e 1810. A última sonata do disco, escrita em apenas dois movimentos, é de 1814 e dedicada ao Conde Moritz Lichnowsky. Neste período Beethoven estava usando alemão para deixar as indicações de andamentos dos movimentos de suas obras.

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 78

  1. Adagio cantábile – Allegro ma non troppo
  2. Allegro vivace

Sonata para piano No. 25 em sol maior, Op. 79

  1. Presto alla tedesca
  2. Andante
  3. Vivace

Sonata para piano No. 26 em mi bemol maior, Op. 81a – ‘Les Adieux’

  1. Das Lebewohl. Adagio – Allegro
  2. Das Wiedersehen. Andante expressivo
  3. Das Wiedersehen. Vivacissimamente

Sonata para piano No. 27 em mi menor, Op. 90

  1. Mit Lebhaftigkeit und darchaus mit Empfindung und Ausdruck
  2. Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Igor Levit, piano

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Aproveite bem esta beleza de disco e prepare-se para as duas últimas postagens da série e que já estão a vir!

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 6 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 6 de 9 – BTHVN250

BTHVN

Op. 49 ◦ Op. 53 Waldstein

Op. 54 ◦ Op. 57 Appassionata

 

As duas sonatinhas (leichten Sonaten) que abrem o disco pertencem ao passado, foram compostas em 1795/6, apesar só terem sido publicadas em 1805, sendo esta a razão para o número de opus 49. Elas são charmosas e muito lindas, e servem para abrir os trabalhos para o que vem pela frente: duas sonatas espetaculares: Waldstein e Appasionata. Cuidado, não subestime a Sonata No. 22, em fá maior, Op. 54, só por estar entre estas obras magníficas. Ela também merece toda a nossa admiração, mas é difícil não falar mais sobre as duas outras monumentais sonatas.

Conde Waldstein, amigo leal do Ludovico!

Na minha opinião, a Waldstein é a sonata mais decisiva entre todas as compostas pelo grande Ludovico. Esta sonata é um marco, uma espécie de Bojador… Se o pianista cruzar esta etapa, estará além, terá transposto as maiores dificuldades e estará pronto para as riquezas que estão a vir.

As sonatas Waldstein e Appassionata são do período heroico do compositor, junto com a Sinfonia No. 3, justamente apelidada ‘Eroica’. Veja o que diz Maynard Solomon: Com as sonatas Waldstein e Appassionata, compostas principalmente em 1804 e 1805, Beethoven transpôs irrevogavelmente as fronteiras do estilo pianístico clássico, criando sonoridades e tessituras que nunca haviam sido antes obtidas. Ele deixou de limitar as dificuldades técnicas de suas sonatas para permitir a execução por amadores competentes (…) As dinâmicas foram grandemente ampliadas; as cores são fantásticas e luxuriantes, aproximando-se de sonoridades quase orquestrais. Ainda Solomon: – os movimentos lentos estão organicamente ligados aos finales, de modo a dar a impressão de obra em dois movimento ampliados.

O livrinho sobre as sonatas para piano de Beethoven, escrito por Denis Matthews, para a coleção Guias Musicais BBC, conta que entre os fatores que contribuíram para a grandeza de estilo sem precedentes da Waldstein está o fato de Beethoven ter adquirido em 1803 um piano Erard, com um compasso a mais no agudo. Isso fizera inclusive que ele reescrevesse certas passagens do Concerto em dó menor. Também é desta época a Sonata a Kreutzer e Leonora (Fidelio) estava já pelo caminho.

Assim, temos mais uma postagem que homenageia este extraordinário compositor, repleta de música maravilhosa, com a interpretação audaciosa e competentíssima de Igor Levit, que nos dá aqui uma palhinha, só para a turma do PQP-Bach.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 19 em sol menor, Op. 49, 1

  1. Andante
  2. Allegro

Sonata para piano No. 20 em sol maior, Op. 49, 2

  1. Allegro, ma non troppo
  2. Tempo di Menuetto

Sonata para piano No. 21 em dó maior, Op. 53 – “Waldstein”

  1. Allegro com brio
  2. Adagio molto
  3. Allegretto moderato – Prestissimo

Sonata para piano No. 22 em fá maior, Op. 54

  1. Im tempo d’un Menuetto
  2. Allegretto – Più allegro

Sonata para piano No. 23 em fá menor, Op. 57 – “Appassionata”

  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Igor Levit, piano

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Igor…

Ludovico disse à Andreas Streicher, em castiço alemão: I received your fortepiano the day before yesterday. It is really marvelous, anybody else would like to have it for his own, and I – you may laugh, but I would have to lie if I didn’t tell you that it is too good for me, and why? – because it deprives me of the freedom to create my own tone.

Aproveite mais este lindo disco da série…

René Denon

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 5 de 9 – BTHVN250

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Igor Levit – 5 de 9 – BTHVN250

 

BTHVN

Op. 31

 

 

 

Continuamos com as postagens da série das Sonatas para Piano de Beethoven interpretadas por Igor Levit. Agora ultrapassamos a metade do caminho com as três sonatas do Opus 31.

Do ponto de vista da obra de Beethoven, este é um momento importante. As obras produzidas em Bonn e em seus primeiros anos em Viena não ganharam número de opus, não constavam do catálogo oficial do compositor. As obras compostas em Viena, especialmente a partir de 1793, passaram a ter esta numeração e revelam a genialidade de Beethoven. As três Sonatas para piano do Opus 31, de 1802, representam um ponto significativo na carreira de nosso genial homenageado, mas havia muito ainda por vir.

Nesta primeira fase de sua carreira, era comum que Beethoven publicasse grupos de três peças reunidas em um único número de opus. Foi assim com o Opus 1 (Trios com Piano), Opus 2 (Sonatas para Piano), Opus 9 (Trios de Cordas), Opus 10 (Sonatas para Piano), Opus 12 (Sonatas para Violino e Piano), Opus 30 (Sonatas para Violino e Piano) e Opus 31, com as Sonatas para Piano deste álbum. Houve o Opus 18, com os seis primeiros quartetos de cordas e haveria ainda o Opus 59, mais 3 quartetos de cordas. No entanto, com opus 31 Beethoven parece terminar esta fase de sua carreira. Segundo Czerny, pouco depois da composição da Sonata em ré maior, Op. 28, Beethoven teria dito a seu amigo Krumpholz: Estou apenas um pouco satisfeito com minhas obras anteriores. De hoje em diante, tomarei outro rumo.

Assim como nos outros casos de conjuntos de três obras em um mesmo número de opus, neste conjunto de três sonatas, as duas primeiras são mais simples e a última, mais ousada. Realmente, as duas primeiras sonatas têm três movimentos cada e a última, uma típica Sonata Grande, tem quatro movimentos. No entanto, a segunda, intitulada “Tempest”, é possivelmente a mais famosa das três.

Eu gostei bastante da interpretação do Igor Levit para estas três sonatas, onde os movimentos mais rápidos ganharam uma bravura especial.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para piano No. 16 em sol maior, Op. 31, 1

  1. Allegro vivace
  2. Adagio grazioso
  3. Allegretto

Sonata para piano No. 17 em ré menor, Op. 31, 2 – “Tempestade”

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Sonata para piano No. 18 em mi bemol maior, Op. 31, 3 – “Hunt”

  1. Allegro
  2. Allegretto vivace
  3. Moderato e grazioso
  4. Presto con fuoco

Igor Levit, piano

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Igor Levit

Beethoven também produziu dois conjuntos de três obras antes das publicações com números do opus. Há um conjunto de três quartetos com piano, catalogados como WoO. 36, em 1785, e um conjunto de três sonatas para piano, as Kurfürstensonaten, WoO. 47, de 1783. Mas o mais magnífico conjunto de três obras, só que cada uma com seu próprio número de opus, é o formado pelas últimas três sonatas para piano. Você não perde por esperar…

Enquanto isto, aproveitem estas três do Opus 31!

René Denon

Debussy (1862-1918): La Mer – Prélude à l’aprés-midi d’un faune – Images – Orchestre National de France & Daniele Gatti

Debussy (1862-1918): La Mer – Prélude à l’aprés-midi d’un faune – Images – Orchestre National de France & Daniele Gatti

Debussy

La Mer

Orchestre National de France

Gatti

 

Claude Debussy foi um inovador. Um compositor que deixou sua marca especialmente por sua criatividade. Sua obra para piano é magnífica, mas nesta postagem teremos a oportunidade de ouvir algumas de suas contribuições sinfônicas. Temos aqui três obras seminais, que mostram grande originalidade na linguagem musical, na orquestração e também nas suas concepções. Sobretudo no caso da sua obra orquestral mais conhecida – La Mer.

A primeira destas três obras a ser composta foi o Prélude à l’aprés-midi d’un faune, cuja estreia ocorreu em 22 de dezembro de 1894. A peça foi inspirada por um poema de Stéphane Mallarmé e tem as características do estilo inovador que Debussy traria a suas obras. A inspiração grega aparece no uso sensual da flauta, assim como de ousadas harmonias.

A composição de La Mer foi iniciada na Borgonha, longe do mar. O próprio Debussy escreveu para um amigo: Você dirá que o mar não chega perto das colinas da Borgonha, mas eu tenho inúmeras recordações…

A peça é formada por três movimentos (Debussy era chegado em trípticos) e foi o mais perto que ele chegou de escrever uma sinfonia. Mas o mar de Debussy não é de almirante. Ele também não tinha intenção de escrever uma obra programática e chamou a cada movimento de esboço. Esta é uma das peças que maior impacto me causou nas minhas expansões do classicismo para o modernismo, a música do século XX, ao lado da Sagração da Primavera, de Stravinsky e do Concerto para Orquestra, de Bartók.

A última peça do programa, Images pour orchestre é também uma peça belíssima. Tem um tríptico dentro de um tríptico. Ibéria, a parte central, é composta de três movimentos, foi composta primeiro e é às vezes apresentada sozinha, como na linda gravação de Fritz Reiner. Depois Debussy compôs Rondes de printemps. Estas duas peças foram apresentadas juntas pela primeira vez em 1910 e só em 1913 Images completa, com a primeira parte, Gigues, foi apresentada ao público.

Images está impregnada de Espanha e de poesia. Os nomes dos movimentos são um deleite à parte: Par les rues et par les chemins, Le Matin d’un jour de fête…

Este magnífico repertório é apresentado aqui por uma tradicional orquestra francesa, a Orchestre National de France, regida pelo competentíssimo maestro italiano Daniele Gatti. O disco não é uma unanimidade de crítica, mas eu gostei demais. Achei especialmente elegante, com tempos muito bem escolhidos, como esta música sofisticadíssima precisa ser apresentada. A peça que ouvi mais vezes foi o Prélude, talvez por ser mais curta e por que eu gosto muito desta versão. Mas as outras peças estão também muito boas. É claro, vocês sabem, se eu só posto o que eu gosto muito. Não faz muito tempo, FDP Bach postou um disco com este exato repertório, mas as peças não são apresentadas na mesma sequência. O outro disco é também muito bom. Se você quiser ouvi-lo também, acesse aqui.

Claude pegando um bronze aqui em Camboinhas…

Claude Debussy (1862 – 1918)

La Mer

  1. De l’aube à midi sur la mer
  2. Jeux de vagues
  3. Dialogue du vent et de la mer

Prélude à l’aprés-midi d’un faune

  1. Très modéré

Images pour orchestre

  1. Gigues
  2. Iberia – Par les rues et par les chemins
  3. Iberia – Les Parfums de la nuit
  4. Iberia – Le Matin d’un jour de fête
  5. Rondes de printemps

Orchestre National de France

Daniele Gatti

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A música de Debussy é geralmente descrita como ‘impressionista’, mas ele não gostava deste rótulo. Ele disse: ‘Eu tento fazer alguma coisa diferente… o que os imbecis chamam ‘impressionismo’, um termo que é tão pobremente usado quanto possível, particularmente pelos críticos’. Então, nada de chamar a música do cara de impressionista, OK?

Aproveite!

René Denon