#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Concertos para Piano Nos. 3 e 5 ‘Emperor’ · ∾ · Rudolf Firkušný ֍

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 3 e 5

Rudolf Firkušný

 

 

Há muitos exemplos que corroboram a tese de que os músicos são longevos e os pianistas, em particular, comprovam bem esta teoria. Além de envelhecer graciosamente, eles permanecem ativos por toda a vida e talvez este seja parte do segredo.

Foi este o caso de Rudolf Firkušný, pianista nascido na República Tcheca, em 1912, mas que nos fins da década de 1930 se estabeleceu nos Estados Unidos da América.

Sua linhagem musical é requintada. Estudou com Leoš Janáček, Josef Suk e piano com Vilém Kurz. Estudou também com Alfred Cortot e Arthur Schnabel. Não é por nada que Vladimir Horowitz elogiou uma de suas interpretações dos Klavierstücke de Schubert – beautiful!

Firkušný foi um pianista brilhante – interpretava os clássicos Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin e Brahms com excelência, mas criou uma tradição na interpretação das obras de compositores tchecos, como Smetana, Dvořák, Janáček e Martinů, que compôs especificamente para ele.

Walter Susskind

Rudolf também foi músico camerístico, contribuindo com grandes nomes de sua época, como Pierre Fournier, Janos Starker, Nathan Milstein e com o Julliard String Quartet. Dia destes trarei um torso do projeto que ele começou com o Panocha Quartet, que infelizmentou restou inacabado e testemunha como ele poderia interagir com músicos muito mais jovens com resultados maravilhosos.

William Steinberg

A escolha da gravação da postagem busca contribuir para o projeto #BTHVN250 com ótimas interpretações destes dois seminais concertos do aniversariante Ludovico e também homenagear este importante intérprete. Isto sem contar que o disco é ótimo, som excelente, dois concertões para piano acompanhados por big bands!!

Aqui está um link para uma entrevista em inglês com o Firkušný.

Tomei a liberdade de traduzir o pequeno trecho do libreto (na verdade um folder, uma vez que a edição do meu CD é do tipo ‘budget’), escrito por David Foil.

Em que momento Ludwig van Beethoven tornou-se um fenômeno único que conhecemos simplesmente por “Beethoven”? Um bom palpite seria em algum ponto da noite de 5 de abril de 1803, quando ele estreou seu Terceiro Concerto para Piano como parte de um megaconcerto com músicas de sua autoria (chamado Akademie) no Theater an der Wien. O interminável programa incluía a Primeira e a Segunda Sinfonias, mais a estreia do Oratório Cristo no Monte das Oliveiras. O público certamente ficou feliz de modo geral – pois as outras obras eram de estilo muito familiar – mas as pessoas e os críticos ficaram intrigados, mesmo ofendidos pelo novo concerto para piano. A graça e o equilíbrio dos dois primeiros concertos foram-se dando lugar a uma voz sinfônica ousada, muscular. Ao abandonar a inevitabilidade do estilo clássico, o compositor de 33 anos estava em busca de mais, mais, mais, batendo forte especialmente com o papel audacioso do solista, como o protagonista em um drama puramente musical. Se este enorme salto artístico resultou em uma ainda mais idiossincrática obra no sublime Quarto Concerto para Piano – as audiências da época realmente não gostaram dele – tudo foi perdoado com o Quinto, uma obra de nobreza e força sem paralelos, chamada de Imperador. Escrito enquanto a Europa sofria pela ansia de Napoleão por mais domínios territoriais, o Imperador foi lançado como uma espécie de majestoso contra-ataque. É mais do que isto, é claro, mas a força e a formidável grandeza da expressão de Beethoven aqui merece ser coroada. Há concertos para piano mais longos, com som ainda mais alto, mas nenhum maior.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro – Presto)

Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73

  1. Allegro
  2. Adagio un poco mosso & III. Rondo (Allegro)

Rudolf Firkušný, piano

Philarmonia Orchestra & Walter Susskind (Terceiro Concerto)

Pittsburgh Symphony Orchestra & William Steinberg (Emperor)

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FLAC | 350 MB

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MP3 | 320 KBPS | 164 MB

— Gramophone [5/1966, reviewing an LP release of the 3rd Concerto]:  Firkusny always strikes me as an admirable pianist and I don’t remember ever having failed to get pleasure from his playing and his artistry, certainly not here in this finely musical account of the Beethoven. He doesn’t storm the work (he is not that sort of pianist) but his interpretation is elegant, in the best sense of that word, and eloquent. This is a wholly musical performance. Firkusny plays Beethoven’s cadenza, by the way. Susskind contributes a good accompaniment and the mono sound, if not specially brilliant, is still very agreeable.

Apesar da crítica falar em gravação mono, o CD afirma que a gravação é estéreo. Naqueles dias havia uma transição na tecnologia e gravações mono e estéreo eram feitas simultaneamente.

Note que as iniciais dos nomes dos regentes são iguais – WS – e que os números de opus dos concertos são números reversos: 37 e 73! Depois dessa série de indícios cósmicos, pode apostar – o disco é ótimo!

Aproveite!

René Denon

Este também é jurássico:

Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5, Op. 73 – Emperor – Christoph Eschenbach – Boston SO – Seiji Ozawa

2 comments / Add your comment below

  1. Interpretações muito boas. Firkusny era especialmente conhecido no repertório checo, mas era um excelente pianista. As gravações resistiram bem ao tempo. A entrevista mostra um artista bem humorado e com uma formação abrangente. Nesse particular era parecido com os pianistas Arthur Rubinstein e Claudio Arrau, que possuíam interesses culturais amplos e ecléticos. Uma bela contribuição para o ano Beethoven!

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