J.S. Bach
Partitas BWV 825 – 830
Angela Hewitt
Meu primeiro contato com estas joias musicais que são as Partitas de Bach foi pela gravação de Stanislav Heller, cravista checo, gravado em 1965 pela Christophorus e divulgado nas nossas paradas em LP duplo pela Paulus, a editora das Irmãs Paulinas. Então, faz tempo que ouço estas peças, mas nunca me canso. Há um tsunami de gravações destas obras e você pode escolher se prefere ouvi-las tocadas ao cravo ou ao piano. Eu ainda não decidi e sigo tentando. Ao piano, gosto das interpretações de Perahia, Richard Goode, Igor Levit. Isso sem contar uns discos com apenas três das seis partitas. Ao cravo, gosto imenso do Christopher Rousset e da segunda gravação do Trevor Pinnock, para o selo Hänssler. Não que a primeira, para a Archiv Produktion, seja ruim. Talvez um pouco reverberante, mas o cara queria ser gravado no banheiro…
Isso nos traz à segunda gravação da mesma obra pelo intérprete. Bom, como dizia um dos meus cínicos amigos, basta viver o suficiente, aparecer uma nova tecnologia, e eles gravam tudo de novo. Vimos muito disto, mas não creio que seja o caso desta segunda gravação das Partitas pela famosa pianista Angela Hewitt. Pois é, eu não mencionei o nome dela anteriormente, mas a sua primeira gravação, feita em 1996/7, está na minha prateleira, ao lado das outras três (gravações com piano) mencionadas. Mas eu sou assim, compulsivo quando se trata de certas obras. Portanto, quando vi esta segunda gravação da Hewitt destas Partitas, tratei de colocar na playlist.
Ela explica no livreto as razões que a levaram a gravar a mesma obra uma segunda vez. Claro, todo mundo sabe, Angela Hewitt iniciou suas gravações com um ótimo disco de música de Bach para a Deutsche Grammophon. Mas o destino não quis e ela mudou para a Hyperion, onde se estabeleceu e gravou praticamente toda a obra de Bach para teclado. Depois deste envolvimento por tanto tempo com este compositor, passou a gravar também música de outros mestres, como um excelente disco com peças de Debussy e também a integral das peças de Ravel. Pois estava assim a moça levando a vida quando, em 2004, John Gilhooly, diretor do Wigmore Hall, lhe propôs um mega projeto: tocar toda a obra para teclado de Bach em 12 recitais. Hewitt negaceou mas acabou embarcando no projeto que iniciou em 2016 e terminará em 2020 (que chegará amanhã, é claro, estou escrevendo estas mal traçadas linhas no último dia de 2019 e é melhor parar de experimentar estes espumantes aqui, esta louça nunca que acaba…). Com isto, a artista percorreu o mundo novamente tocando as Partitas e decidiu gravá-las de novo. A gravação foi feita no Kulturzentrum Gustav Mahler em Toblach/Dobbiaco, desta vez ela usou seu próprio piano Fazoli, e tudo com produção de Ludger Böckenhoff, que foi o engenheiro de som na primeira gravação, feita vinte anos antes! Ela disse, não necessariamente nesta ordem: ‘Não espere diferenças de proporções Gouldianas’. ‘Uma allemande ainda é uma allemande, uma courant ainda não deve ser corrida e uma gigue deve ser dançável’. ‘Quanto mais envelhecemos, mais a música significa para nós, e me dá grande alegria compartilhar estas partitas com vocês mais uma vez’. O que dizer? A alegria é toda nossa!
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
CD1
[1-6] Partita No. 1 em si bemol maior, BWV 825
[7-12] Partita No. 2 em dó menor, BWV 826
[13-19] Partita No. 4 em ré maior, BWV 828
CD2
[1-7] Partita No. 3 em lá menor, BWV 827
[8-14] Partita No. 5 em sol maior, BWV 829
[15-21] Partita No. 6 em mi menor, BWV 830
Angela Hewitt, piano
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FLAC | 499 MB
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MP3 | 320 KBPS | 353 MB
Um dos críticos da Amazon sobre este álbum: ‘clean-cut, undiosyncratic, straight-up and honest’. Realmente, eu acrescentaria, excelente música, apresentada com amor por uma espetacular artista!
Aproveite!
René Denon
Ouvi o disco diversas vezes desde a data da postagem. Dentro de meus parcos conhecimentos, o que me resta, no lugar de alguma contribuição oportuna ao blog, é repisar agradecimento ou talvez exprimir considerações vagas sobre a percepção ao ouvir. Obrigado por mais esta maravilha. Certamente mandaria o link da postagem caso um bom amigo, não familiarizado com música clássica, me pedisse alguma indicação.
Olá, Otávio!
Seu comentário agradou-me sobremaneira.
Obrigado
Abraços do
René
Acabo de ler uma notícia que a Angela Hewitt ganhou a medalha Bach da disse de Leipzig. A primeira mulher a receber a honraria. Demorou eu diria.
Outros vendedores do prêmio: Klaus Mertens (2019), Robert Levin (2018), Reinhard Goebel (2017), Peter Kooij (2016), Masaaki Suzuki (2012), Herbert Blomstedt (2011), Philippe Herreweghe (2010), Frieder Bernius (2009), Nikolaus Harnoncourt (2007), Ton Koopman (2006), John Eliot Gardiner (2005), Helmuth Rilling (2004) and Gustav Leonhardt (2003).
Listinha pesada essa…. E muito merecido, ando cada vez mais apaixonado pela música dessa deusa do piano.
E esse post, tá sendo igual pão fresco aqui em casa, desde quando foi postado, não passa semana que eu não o ouço.
Ela recebeu a láurea, mas nós ganhamos o presente: ela tocou as Variações Goldberg em plena Thomaskirche – https://www.facebook.com/CanadainGermany/videos/833849377380923/
Desculpem o erro ortográfico, “disse”, seria “cidade”. Esse teclado as vezes não perdoa o meu dedo gordo.
Que bellleza. Gracias!
Olá, Guillermo!
Feliz 2021!
Obrigado por sua mensagem!
RD