Furio Franceschini (1880-1976): Obras para órgão

Furio Franceschini foi organista, compositor, regente e professor, nasceu em Roma, Itália, em 1880. Após estudar em Roma, Paris e Solesmes, chegou ao Rio de Janeiro em 1904, mas mudou-se para São Paulo, onde viveu até os 96 anos. Recusou em duas ocasiões o convite para suceder seu professor Filippo Capocci como mestre-de-capela na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Mario de Andrade o considerava “um dos homens que mais conhecem música no Brasil”.

O uso da harmonia situa Fanceschini na continuação do uso da tonalidade expandida, recurso próprio da linguagem romântica. Para os meus ouvidos, as grandes pérolas deste CD são as pequenas obras, características do romantismo, como as grandes composições curtas para piano – miniaturas – de Chopin e Schumann ou, depois, de Dvorák, do Liszt idoso e de Debussy, que já não era romântico mas cultivou a miniatura. Por outro lado, a Sonata para Grande Órgão de Franceschini me parece menos interessante do que as grandes obras de Reger.

O caráter bucólico e colorido de As violetas, Flor-de-Lise e Interlúdio colocam essas obras no mesmo nível das miniaturas de Louis Vierne que estiveram aqui no PQP recentemente.

Franceschini foi organista da Sé de São Paulo e teve uma vida muito longa, presenciando várias correntes como o romantismo tardio, o nacionalismo musical, o auge do dodecafonismo e o Concílio Vaticano II. A seguir algumas citações sobre as relações de Franceschini com essas modas, ideias e sistemas:

Franceschini em carta para Camargo Guarnieri em 1950:
“Acho que o nacionalismo deve ser cultivado, sim, mas com moderação; de outra forma pode prejudicar a originalidade do compositor quanto a ideias, estilo, personalidade. Nem vejo também por que um artista não possa tirar proveito do que é “belo” mesmo quando colhido fora do próprio país.” Em seguida Franceschini critica o dodecafonismo, um “sistema de composição” que ele não tolera, e expressa sua opinião de que “o rumo a ser adotado pelos compositores seria o desenvolvimento da música modal.”

Fernando Lacerda Simões Duarte escreveu, em 2011:
Os órgãos eletrônicos e a grande mudança litúrgica resultante das interpretações do Concílio Vaticano II, de 1962, parecem ter contribuído, de forma rápida, para ampla extinção da atividade de construção de órgãos no Brasil. Dorotéa Kerr (2006) mostra que, dos 55 órgãos de tubos na cidade de São Paulo, 42 estão em igrejas católicas e desses, 35 foram construídos entre 1903 e 1964. Igualmente, na cidade do Rio de Janeiro, dos 40 órgãos, 27 foram construídos entre 1924 e 1965: 18 nacionais e 9 importados.

Fica claro como na América Latina, ao contrário da Europa e outros países, a interpretação dada ao Concílio Vaticano II levou à diminuição da construção e do uso do órgão. (…) A questão que se coloca então é: quais as consequências de se abrir mão de símbolos católicos e injetar na nova forma ritual significados não-católicos? A resposta parece óbvia: crise e perda de identidade.

Órgão Cavaillé-Coll em Buenos Aires, usado neste CD

As missas de Franceschini têm um grande potencial pedagógico para os grupos corais, mas são só para estes. (…) a execução litúrgica das missas ameaçaria a noção de que existe uma barreira cultural entre os fiéis e os códigos da cultura erudita; pelo contrário, seria uma aposta na capacidade dos fiéis de apreender códigos mais complexos. Se a prática coral poderia ser resgatada com as missas, também o órgão – hoje, instrumento silenciado na maioria das igrejas ou apenas destinado aos casamentos – seria resgatado.

Em resumo, a execução das missas de Fanceschini representaria o resgate de uma missão da Igreja – e de qualquer outra instituição que lide com algum público – que não está prevista em nenhuma bula: educar os fiéis em um sentido mais amplo, neste caso, o musical.

José Luís de Aquino interpreta Furio Franceschini
1. Fanfarra
2. Natal triste
3. Sonata em Lá Maior, para Grande Órgão: I. Moderato, Molto energico
4. Sonata em Lá Maior, para Grande Órgão: II. Andante
5. Sonata em Lá Maior, para Grande Órgão: III. Moderato, Solenne, Squillante
6. Pequeno Trecho para o tempo de Natal
7. As violetas
8. Flor-de-Lis
9. Fantasia sobre o tema gregoriano do Alleluia Pascal
10. Interlúdio
11. Variações sobre os temas dos hinos a Nossa Senhora Aparecida
Órgão Walcker (1954) do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, Brasil – faixas nº 2, 8, 9 e 10.
Órgão Mutin Cavaillé-Coll (1912) da Basílica do Santíssimo Sacramento, em Buenos Aires, Argentina – faixas nº 1, 3 a 7 e 11.

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Órgão do Mosteiro de S. Bento, em SP

Pleyel

.:interlúdio:. Tom Jobim: Matita Perê

.:interlúdio:. Tom Jobim: Matita Perê

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Tom inventou Matita Perê e começou a gravá-lo no Rio. Não estava gostando do resultado. Achou que precisava de melhores músicos e maior qualidade de gravação.

(Ouvindo o disco, você logo entende que a exigência era enorme. O álbum alterna canções com música instrumental, indo com naturalidade do popular ao erudito).

Foi para Nova Iorque com os poucos brasucas que se salvaram da experiência carioca, bancou tudo do próprio bolso e fez um dos melhores álbuns de música brasileira de todos os tempos. Estava com 46 anos e tinha todo o prestígio e consideração do mundo.

Os temas escolhidos por Jobim para Matita Perê passam da leveza e doçura, das praias, barquinhos e garotas, para a natureza e lendas do um Brasil profundo, sertanejo. Ele compõe a partir de suas observações e da leitura de autores como Guimarães Rosa e dos poetas Carlos Drummond de Andrade e Mário Palmério.

Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, “Matita Perê é um disco que pouco a pouco foi sendo compreendido, entendido e principalmente admirado. É um marco na carreira de Tom Jobim”.

A faixa de abertura traz aquele que se tornaria um dos maiores clássicos do compositor, Águas de março, cujo título foi retirado de poema de Olavo Bilac.

Já a faixa-título, uma suíte, cita o folclore e nasce de suas leituras, em especial do conto Duelo de Guimarães Rosa, que contou com a colaboração de Paulo César Pinheiro na letra.

Paulo César Pinheiro falou sobre a parceria: “O Tom me procurou, porque eu tinha uma música no Festival da Canção chamada Sagarana, parceria com o João de Aquino. Tom ouviu, ficou impressionado e me ligou dizendo que tinha ideias semelhantes àquelas”.

(Quando vocês se depararem com a próxima lista de Melhores Canções Brasileiras de Todos os Tempos, procurem por uma chamada Matita Perê. Se ela não estiver presente, abandonem a lista e falem mal do criador dela).

Matita Perê marca o início da temática ecológica na obra de Tom Jobim, que seguiria com força em discos como Urubu (1975), Terra Brasilis (1980) e Passarim (1987).

Ao mesmo tempo, evidencia-se o Jobim sinfônico, claramente influenciado por Villa Lobos, em faixas como Crônica da casa assassinada, baseada no romance de Lúcio Cardoso, outra suíte com quase 10 minutos de duração, feita para a trilha do filme de Paulo César Sarraceni.

Não deixe de ouvir. É falha grave desconhecer este disco.

Tom Jobim: Matita Perê

1 Águas de Março (Antônio Carlos Jobim) — 3:56
2 Ana Luiza (Antônio Carlos Jobim) — 5:26
3 Matita Perê (Antônio Carlos Jobim, letra de Paulo César Pinheiro) — 7:11
4 Tempo do Mar (Antônio Carlos Jobim) — 5:09
5 The Mantiqueira Range (Paulo Jobim) — 3:31
6 Crônica da Casa Assassinada (Antônio Carlos Jobim) — 9:58
a. “Trem Para Cordisburgo”
b. “Chora Coração” (letra de Vinícius de Moraes)
c. “Jardim Abandonado”
d. “Milagre e Palhaços”
7 Rancho nas Nuvens (Antônio Carlos Jobim) — 4:04
8 Nuvens Douradas (Antônio Carlos Jobim) — 3:16

Antônio Carlos Jobim – piano, violão e vocal
Claus Ogerman – arranjos (exceto faixa 3) e regência
Dori Caymmi – arranjo da faixa 3
João Palma – bateria e percussão
Airto Moreira – bateria e percussão
George Devens – percussão
Harry Lookousky – spalla
Frank Laico – engenharia de áudio
Ray Beckenstein – flautas e madeiras
Phil Bodner – flautas e madeiras
Jerry Dodgion – flautas e madeiras
Don Hammond – flautas e madeiras
Romeo Penque – flautas e madeiras
Urbie Green – trombone
Ron Carter – baixo
Richard Davis – baixo

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O maestro soberano Tom Jobim ao lado de seu herói literário, no lançamento do disco Matita Perê, em 1973

PQP (com Teca Lima)

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas nº 14, 15 e 16 – Artur Schnabel

Graças a tecnologia temos acesso a estes históricos registros de Artur Schnabel, para muitos críticos o maior pianista da primeira metade do século XX e um dos maiores intérpretes de Beethoven de todos os tempos. Esta caixa de onde tirei estes registros destas sonatas ainda tem Mozart, Schubert e Brahms.
São gravações realizadas entre 1933 e 1935,  e os os engenheiros de som fizeram um belo trabalho aqui, conseguido retirar aqueles ruídos característicos destas gravações antigas. Ou seja, temos aqui registros com mais de 80 anos de idade, olhem que beleza. E viva a tecnologia.
E com relação a interpretação? Bem, em se tratando de Beethoven, diria que Schnabel ajudou a pavimentar a estrada por onde vieram outros gigantes do século XX, como Rubinstein, Richter, Gilels, Kempff, para citar apenas alguns. Posso não concordar com algumas escolhas, e isso seria normal, afinal nossos ouvidos estão acostumados a outras possibilidades criadas pelos nomes acima citados, mas não seria maluco a ponto de dizer que são ultrapassadas, e que deveriam ficar cobertas pelas areias do tempo.
Se os senhores gostarem, trago o restante do material. Vale e muito a pena ouvir.

01. Klaviersonate Nr.14 in cis-moll op.27 Nr.2 ‘Mondschein’ I. Adagio sostenuto
02. Klaviersonate Nr.14 in cis-moll op.27 Nr.2 ‘Mondschein’ II. Allegretto & Trio
03. Klaviersonate Nr.14 in cis-moll op.27 Nr.2 ‘Mondschein’ III. Presto Agitato
04. Klaviersonate Nr.15 in D-Dur op.28 ”Pastorale’ I. Allegro
05. Klaviersonate Nr.15 in D-Dur op.28 ”Pastorale’ I. Andante
06. Klaviersonate Nr.15 in D-Dur op.28 ”Pastorale’ I. Scherzo (Allegro vivace)
07. Klaviersonate Nr.15 in D-Dur op.28 ”Pastorale’ IV. Rondo (Allegro ma non tro
08. Klaviersonate Nr.16 in G-Dur op.31 Nr.1, I. Allegro vivace
09. Klaviersonate Nr.16 in G-Dur op.31 Nr.1, II. Adagio grazioso
10. Klaviersonate Nr.16 in G-Dur op.31 Nr.1, III. Rondo (Allegretto)

Artur Schnabel – Piano

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The Winged Lion – Palladian Ensemble

The Winged Lion – Palladian Ensemble

The Winged Lion

Este é o segundo disco gravado pelo Palladian Ensemble para o selo Linn Records. O primeiro apresenta um retrato da música barroca inglesa na segunda metade do século XVII – An Excess of Pleasure.

Aqui temos um repertório de música barroca veneziana. O título do disco – The Winged Lion – refere-se ao Leão Alado, que representa o evangelista São Marco e é o símbolo da Sereníssima República de Veneza.

No início do Século XVII o poderio político de Veneza começa a declinar, mas seu esplendor cultural e artístico ainda se estenderá por muito tempo. A cidade é diferente de todas as outras cidades italianas e tem uma cultura bem especial, como o Carnaval de Veneza, por exemplo. Suas relações com o oriente ecoam também em sua música. O liberalismo da cidade recebeu fabricantes de instrumentos musicais e editores de música provenientes da Alemanha. As formas musicais que se perdurariam no período barroco, ainda estavam se formando.

O repertório do disco reflete esta diversidade. Há dois concertos de Vivaldi, uma sonata e algumas árias de Uccellini, peças de Dario Castello, Giovanni Battista Vitali e Francesco Turini. De Giovanni Battista Buonamente reuniu-se algumas danças formando uma suite. O disco tem ainda duas peças espanholas para guitarra, instrumento que era muito popular e largamente fabricado em Veneza. Muito útil para as serenatas…

Il Ridotto, de Pietro Longhi (1701 – 1785)

Deixemos as peças falarem por elas mesmo e aproveite um passeio por uma das mais belas cidades do mundo, pelo menos na imaginação.

Dario Castello (c. 1590 – c. 1658)

  1. Sonata Duodecima (Book II 1629)

Giovanni Battista Vitali (1632 – 1692)

  1. Ciaconna (Op. 7/3 1682)

Marco Uccellini (1603 – 1680)

  1. Sonata Quarto (Op. 5 1649)

Antonio Vivaldi (1676 – 1741)

Concerto in F major RV 100

  1. Allegro
  2. Untitled
  3. Allegro

Giovanni Battista Buonamente (c. 1595 – 1642)

Suite (Book III  1626)

  1. Gagliarda seconda
  2. Corrente terza e quarta
  3. Brando terza
  4. Avanti il Brando
  5. Brando Quarto

Francesco Cavalli (1607 – 1672)

  1. Canzon (Musiche Sacrae 1656)

Santiago de Murcia (1673 – 1739)

  1. El Amor (Poema Harmonico 1691)
  2. La Jota (Saldivar Codex c. 1700)

Francesco Turini (1589 – 1656)

  1. Sonata a tre (1642)

Antonio Vivaldi (1676 – 1741)

Concerto in D major RV 84

  1. Untitled
  2. Largo
  3. Allegro

Marco Uccellini (1603 – 1680)

  1. Aria undecima detta il “Caporal Simon”
  2. Aria decimaquarta sopra “la mia pedrina”
  3. Aria decimaquinta sopra “le scatola da gli agghi”

 

Palladian Ensemble

Pamela Thorby, flautas doce

Rachel Podger, violino

Joanna Levine, viola da gamba, violoncelo, violone

William Carter, tiorba, guitarra

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FLAC | 283 MB

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MP3 | 155 MB

Baixe o disco e, como diziam os editores venezianos:

Viver Felice!

René Denon

Sirba Orchestra! Russian, Klezmer & Gypsy Music

Em 2003, o violinista Richard Schmoucler apostou na criação de um conjunto intermediário entre o academismo clássico e a música de Klezmer e Gipsy: o Octeto de Sirba. Ele uniu forças com cinco de seus amigos músicos da Orquestra de Paris e da Orquestra Nacional de França, bem como um pianista, um tradicional percussionista e com Cyrille Lehn, que se tornou o arranjador inseparável do conjunto. Seu fundador originalmente não tinha a vontade de transmitir, mas propunha programas musicais relacionados às suas memórias de infância e reuniões familiares durante as quais a música iídiche e cigana criava laços de amor e alegria no ritmo de danças e melodias.
Seu patrimônio oral e intangível de música popular do leste europeu que seus pais e avós o transmitiram seria a fonte de inspiração de Richard Schmoucler ao longo de seus processos de concepção musical para o Octeto de Sirba. Para os músicos, é um encontro entre o Oral e
Tradição escrita, uma mistura de música clássica e mundial, que define o conjunto em um universo sem precedentes: o da música clássica do mundo. Esta formação prestigiosa e virtuosa encontrou o seu público e encontrou sucesso muito rapidamente graças a uma grande energia contagiante. Um primeiro álbum, A ‘Yiddishe Mame’, foi lançado em 2005 pela Naïve Classique. Sirba então cruzou o caminho da cantora Isabelle Georges. Eles criaram um programa que une seus respectivos playgrounds musicais, entre repertórios musicais tradicionais e americanos. O álbum ‘Du Shtetl à New York’, lançado na Naïve Classics em 2009, originou-se deste encontro. Sua cumplicidade persistiu para uma criação orquestral e um terceiro álbum em 2010: ‘Yiddish Rhapsody’. Esta comissão mútua do Octeto de Sirba e da Orquestra de Pau / Pays de Béarn sob a batuta de Fayçal Karoui conheceu outras orquestras francesas e estrangeiras desde a sua origem e apresentações no Théâtre des Champs-Elysées em Paris, no Musikverein e no Japão.
Richard Schmoucler dedica-se incansavelmente ao repertório do Leste Europeu e escolheu honrar as músicas das danças tradicionais em um novo álbum intitulado ‘Tantz!’. Foi lançado pela primeira vez em 2015 no Dolce Volta, e reeditado pela Deutsche Grammophon em 2017. Em 2015, a amizade entre o Sirba Octet e a Orquestra de Pau / Pays de Béarn levou-os a criar um novo programa: Sirba Orchestra! o coração das melodias russas, romenas e moldavas e as tradições Ashkenazi. Sirba Octet convidou Nicolas Kedroff e seu instrumento mágico da Rússia, a balalaica, para sublimar alguns números.
Um caminho sem fronteiras com múltiplos tons, festivo, melancólico ou apaixonado. Um cabaré russo que celebra canções de amor – Otchi Tchornye (Olhos escuros), Ja Vstretil vas (eu conheci você) ou Kalinka – e seu indispensáveis romances agradáveis ​​como Cocher ralentis tes chevaux ou Katioucha – uma jovem apaixonada por um soldado que estava de serviço para defender sua terra natal … Numerosas histórias de vida e emoções se acumulando ao redor da peça orquestral central de Yidish Gayen zay em shvartze Reien, uma canção do gueto tanto iluminante e profundamente em movimento. Atraídos das canções folclóricas judaicas que fizeram as Barry Sisters, Sirba Octet reinterpreta Zug e Meir Noch Amool (Tell Me One More Time) e, assim, estabelece uma ponte musical em uma sensação de Jazz do Yiddish 50. O Octeto de Sirba, a orquestra e a balalaica respondem sucessivamente e naturalmente deslizam para o repertório de cabaret russo cigano – notavelmente com a famosa canção Valenki (Felt Boots), escrita por ciganos nômades – e danças tradicionais romenas ou moldavas – Tata vine pastele ( Papai, a Páscoa está chegando!) E a Suite de Moldavie, uma mistura de Doinas, canções que se originaram entre pastores.
Esse rico programa feito de contos, um projeto musical surpreendente para três solistas, ganhou vida com Sirba Octet e graças ao talento da Orquestra Filarmônica Royal de Liège, dirigido por Christian Arming e Nicolas Kedroff … antes da próxima jornada musical da Orquestra Sirba com outros conjuntos sinfônicos.

1 – Katioucha Otchi Tchornye
2 – Valenki
3 – Cocher, ralentis tes chevaux
4 – Tata, vine pastele
5 – Kalinka
6 – Farges mikh nit Zug es Meir Noch Amool
7 – Le temps du muguet
8 – Ya Vstretil Vas
9 – Gayen zay in shvartze Reien
10 – Hora Moldoveneasca Theme des Lautarii De la Cluj la Chisinau
11 – Azol Tanzmen
12 – Dos Broitele A Vaible a Tsnien
13 – Suite de Moldavie Jelea din Bosanci (doïna) Hora din Granicesti Sirba Lui Nutu

Richard Schmoucler Violon
Laurent Manaud-Pallas Violon
David Gaillard Alto
Claude Giron Violoncelle
Bernard Cazauran Contrebasse
Philippe Berrod Clarinette
Christophe Henry Piano
Iurie Morar Cymbalum
Nicolas Kedroff Invité spécial / Special guest / Ehrengast Balalaïka / Balalaika / Balalaika

Orchestre Philharmonique Royal de Liège
Christian Arming

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Zóltan Kodály (1882-1967): Sonata, Op. 8 for solo cello / Sonatina / 9 Epigrams

Zóltan Kodály (1882-1967): Sonata, Op. 8 for solo cello / Sonatina / 9 Epigrams

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Kodály fundou, juntamente com seu amigo ainda mais talentoso Béla Bartók, a etnomusicologia. Grande pesquisador, enorme compositor, parece ter sido melhor ainda como professor, tendo inventado o Método Kodály de ensino de música. Assim como Bartók, Kodály foi um intelectual que sabia aplicar sua cultura. E isto pode ser ouvido neste excelente CD. Todos os trabalhos apresentados são de grande originalidade de forma e conteúdo, verdadeiros resumos da tradição da composição clássica, romântica, impressionista e modernista do início do século XX, com profundo respeito pelas tradições folclóricas húngaras, eslovacas, búlgaras, albanesas e de outros países do leste europeu. A Sonata Op. 8 para Violoncelo Solo é maravilhosa. Curiosamente, em seu terceiro movimento, tem momentos que parecem música nordestina. Há vários bordões que lembram repentes. O Adágio que fecha o CD é outra pérola na interpretação de Natalie Clein, a qual é um capítulo à parte. A inglesa Clein (1977) não é apenas linda, é uma virtuose de som consistente, cheio, insinuante e, até diria, invasivo. É um prazer caminhar na rua com ela nos ouvidos. A gente esquece da política brasileira. Um belo CD da Hyperion!

Clein, Natalie Clein, com C.
Clein, Natalie Clein, com C.

Zóltan Kodály (1882-1967): Sonata, Op. 8 for solo cello / Sonatina / 9 Epigrams

01. Sonata, Op. 8 for solo cello – I. Allegro maestoso ma appassionato
02. Sonata, Op. 8 for solo cello – II. Adagio
03. Sonata, Op. 8 for solo cello – III. Allegro molto vivace

04. Sonatina

05. 9 Epigrams – No 1 Lento
06. 9 Epigrams – No 2
07. 9 Epigrams – No 3
08. 9 Epigrams – No 4 Moderato
09. 9 Epigrams – No 5 Allegretto
10. 9 Epigrams – No 6 Andantino
11. 9 Epigrams – No 7 Con Moto
12. 9 Epigrams – No 8
13. 9 Epigrams – No 9

14. Romance Lyrique

15. Adagio

Natalie Clein, cello
Julius Drake, piano

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Sentado à esquerda, Bartók. De barba, com prováveis partituras na mão, Kodály.
Sentado à esquerda, Bartók. De barba, com prováveis partituras na mão, Kodály.

PQP

Christoph Schneider – Spectrum – Werke von Beethoven, Weber, Debussy, Berg & Schneider

“Spectrum – uma grande variedade. Este é o termo que melhor descreve a intenção do meu CD de estréia. Assim como minha vida musical com músico de orquestra e músico de câmara, solista e professor inclui uma variedade de diferentes facetas, a música para essa gravação foi deliberadamente escolhida para refletir a vasta gama de literatura de clarinete e riqueza de expressão que é possível neste maravilhoso instrumento. Em latim, no entanto, “espectro” também significa algo como “concepção” ou “imagem na alma” – também se pode falar de inspiração. Um espírito imanente que guia tanto compositores como intérpretes e que, à sua maneira, dá vida a todas as obras deste CD, conectando-as como um fio comum.”

Assim o jovem clarinetista Christoph Schneider apresenta seu CD de estréia. O jovem virtuose escolheu um belo e variado repertório para mostrar seus talentos, incluindo ai uma obra de sua própria autoria. Vale a audição exatamente pelo excepcional músico que Schneider é, o que pode ser observado já na primeira obra, uma peça de Carl Maria von Weber, compositor que escreveu diversas peças para o instrumento, inclusive dois concertos.

Carl Maria von Weber (1786–1826)
Grand Duo concertant op. 48 Es-Dur für Klarinette und Klavier (1815/16)
01 Allegro con fuoco
02 Andante con moto
03 Rondo. Allegro

Alban Berg (1885–1935) Vier Stücke op. 5 für Klarinette und Klavier (1913)

04 Mäßig
05 Sehr langsam
06 Sehr rasch
07 Langsam

Ludwig van Beethoven (1770–1827) Sonate F-Dur op. 24 für Violine und Klavier (1800/01)
Fassung für Klarinette und Klavier von Christoph Schneider

08 Allegro
09 Adagio molto espressivo
10 Scherzo. Allegro molto
11 Rondo. Allegro ma non troppo

Christoph Schneider (*1989)
12 Konstrukt I – Thema und Variationen für Klarinette solo (2015)

Claude Debussy (1862–1918)
13 Première Rhapsodie für Klarinette und Klavier (1909/10)

Christoph Schneider, Klarinette
Yuliya Balabicheva, Klavier

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Girolamo Frescobaldi (1583-1643): Arie e Canzone

Girolamo Frescobaldi (1583-1643): Arie e Canzone

Um disco apenas bom, apesar das presenças de um extraordinário elenco: Savall, Figueras, Koopman, Coin…

Frescobaldi foi cantor e virtuoso de diversos instrumentos, entre os quais o órgão. São famosos os seus livros de tocatas publicados entre 1615 e 1627, em cujo prefácio antecipa a maneira de tocar com efeitos cantáveis que será, depois, típica do gênero.

Tendo-se transferido a Roma durante a juventude, frequentou a Accademia Nazionale di Santa Cecilia e foi organista na igreja de Santa Maria em Trastevere. Durante vinte anos foi organista em São Pedro. Teve cinco filhos de Orsola del Pino, com quem se casou em 1613.

Depois de um desanimador e breve período junto do duque de Mântua, transferiu-se em 1628 com a família para Florença. Aí publicou (1630) duas seleções de árias: o e o 2° Livros de  árias musicais para serem cantadas no Gravecembalo e Tiorba em uma, duas ou três vozes.

O seu Primeiro livro dos madrigais a cinco vozes tinha sido publicado em Antuérpia em 1608; Frescobaldi havia seguido, em Bruxelas (na época, um importante centro de estudo de cravo), o núncio pontifício em Flandres, Guido Bentivoglio.

Tendo voltado a Roma em 1634, retomou o seu lugar em São Pedro. No ano seguinte publicou em Veneza, Fiori musicali, Kyrie, Canzoni, Capricci e Ricercari in partitura a quattro.

Entre as suas obras vocais é digno de nota o seu Livro segundo de diversas modulações a uma, duas, três e quatro vozes.

Girolamo Frescobaldi (1583-1643): Arie e Canzone

A
1 Canzona detta la Nicolina
2 Canzona detta la Todeschina
3 Toccata
4 La mia pallida faccia (aria a voce sola)
5 Maddalena alla Croce (sonetto spirituale)
6 Così mi disprezzate? (aria di passacaglia)
7 Canzona detta la Diodat
8 Canzona detta la Sardin

B
1 Canzona detta la Bernardina
2 Canzona detta la Moricona
3 Ohimè, che fur, che sono (sonetto spirituale in stile recitativo)
4 Se l’aura spira tutta vezzosa (aria)
5 Dunque dovrò del puro servir mio (aria di romanesca)
6 Canzona detta la Bianchina
7 Canzona detta la Arnolfinia

Monserrat Figueras, soprano
Ton Koopman, organ and harpsichord
Jordi Savall, viols
Bruce Dickey, Jean-Pierre Canihac, cornetts
Christophe Coin, bass violin

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Frescobaldi: meio lombrosiano, né? Não sei se eu emprestaria meu cachorro para ele passear.

PQP

J. S. Bach (1685-1750): English Suites 2 & 3 / D. Scarlatti (1685-1757) 4 Sonatas – Ivo Pogorelich, piano

J. S. Bach (1685-1750): English Suites 2 & 3 / D. Scarlatti (1685-1757) 4 Sonatas – Ivo Pogorelich, piano

J. S. Bach – Suítes Inglesas Nos. 2 & 3

D. Scarlatti – Quatro Sonatas

 

O ano era 1989 e o inverno do Meio-Oeste Americano, próximo ao Lago Michigan, implacável. Eu passava os dias em um escritório minúsculo, sem janelas, sentado em uma espartana cadeira, estudando certos grupos de K-teoria não finitamente gerados. Mas não estava sozinho submetido a tão rigoroso regime – dividia o minúsculo escritório com um enorme croata com eterna cara de garoto, olhos pequenos e curiosíssimos por trás de óculos metidos em uma armação grande e de resina escura, típicas da Europa Ocidental. Ele tornou-se um amigo para a vida inteira e trocamos muitas informações. Com ele aprendi que a Iugoslávia, que estava prestes a deixar de existir como tal, era na verdade formada por vários países, diferentes etnias e credos. Aprendi também que há croatas e sérvios.

Esta é a capa da última edição, com um Pogorelich mais jovial. Ele já não está mais assim, acredite…

Ele, também amante da boa música, falou-me do BMG Direct, um clube de venda de CDs pelo correio, meio como o nosso Clube do Livro. E mais (como ouvimos nas propagandas do Polishop), ao aderir ao clube ganhava-se um ou outro CD de brinde – coisa de americanos, que são uns bambas no marketing. Imaginem o que era isso para nós, que vivíamos de bolas de estudo, duríssimos como cocos. Meu primeiro CD foi uma revelação, uma epifania, tornei-me addicted ao Piano-Bach. Claro, o escritório encheu-se de confabulações, qual CD pedir, até que Žarko mencionou o Bach interpretado pelo Pogorelich. Pogorelič, ele me explicou, mas o danado do acento não havia nos teclados americanos. Pogorelich que era filho de um croata com uma sérvia – Capuleti e Montecchi.

Meu CD americano, que chegou pelo correio (ainda sinto um frêmito cada vez que chego em casa e imagino que haverá uma caixinha de papelão entregue pelo correio com um ou outro CDzinho), não existe mais, morreu oxidado. Mas sua imagem continua gravada na minha mente (d’àpres Manuel Bandeira) e há outra cópia de uma nova edição na prateleira de CDs queridos, acrescentada de quatro lindíssimas sonatas de Scarlatti. Ah, Piano-Scarlatti é outra das minhas manias, mas sobre isso, depois.

João Sebastião Ribeiro

Que dizer da música? Bach é metade já andada e as Suítes Francesas, Suítes Inglesas, as Partitas – fontes inesgotáveis de prazer. Aqui temos duas Suítes Inglesas, as de No. 2 e de No. 3. No CD caberia mais uma, é claro, mas este CD foi gravado ainda na transição do LP para CD e, então, uma suíte para cada lado. Nesta edição a distribuidora acrescentou quatro sonatas de Domenico Scarlatti, de um outro disco impecável do Pogorelich, que espero postar em propícia ocasião.

Domingos Escarlate

Sobre a interpretação, veja o que disse um crítico da revista Diapason, especializada em música: …claridade inebriante, trabalho de um joalheiro…uma interpretação prazeirosa e cheia de vivacidade… [De Scarlatti]: As quatro sonatas são a expressão de uma arte de piano de sombras e de luzes, não há como ser mais sofisticado.

As Suítes Inglesas foram gravadas em 1985 na Salle de Musique, Le Chaux de Fonds, Suíça.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

English Suite No.2 In A Minor, BWV 807

  1. Prélude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Bourrée I & II
  6. Gigue

English Suite No.3 In G Minor, BWV 808

  1. Prélude
  2. Allemande
  3. Courante
  4. Sarabande
  5. Gavotte
  6. Gigue

Domenico Scarlatti

  1. Sonata em mi maior, K. 380 – Andante comodo
  2. Sonata em si menor, K. 87 – Andante
  3. Sonata em sol menor, K. 450 – Allegrissimo
  4. Sonata em mi maior, K. 135 – Allegro

Ivo Pogorelich, piano

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FLAC | 269 MB

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MP3 | 320 KBPS | 174 MB

Com essa bola toda, posso colar o selo de IM-PER-DÍ-VEL e desejar uma ótima audição!

Vá em frente e aproveite!

René Denon

An Excess of Pleasure – Palladian Ensemble

An Excess of Pleasure – Palladian Ensemble

An Excess of Pleasure

As peças deste disquinho adorável, produzido em 1996, seguem um modelo que floresceu no início do século XVII, na Itália. Dois instrumentos melódicos com o acompanhamento do baixo contínuo – estamos em pleno período barroco. A combinação mais comum era de dois violinos como instrumentos melódicos, mas aqui temos um violino e uma flauta doce.

O repertório escolhido pelo (então) jovem grupo de instrumentalistas é de peças de compositores ingleses ou italianos que viveram na Inglaterra ou que tiveram suas músicas publicadas e ouvidas ali.

A maior parte delas é uma composição sobre um ground bass (basso ostinato, em italiano), que é um pequeno padrão melódico recorrente, tocado pelos instrumentos que fazem o baixo.

Marco Uccellini

A lindíssima Aria Sopra la Bergamasca, de Uccelini, que nunca esteve na Inglaterra, é um bom exemplo.

Nicola Matteis viajou da Itália para a Inglaterra a pé, com sua rabeca às costas. Presumo que ele tenha usado algum tipo de embarcação para cruzar o Canal da Mancha. Matteis tocava violino e guitarra e fez muito sucesso em Londres, por volta de 1670. O sucesso, no entanto, aparentemente lhe custou caro. O relato deixado por Roger North conta que excess of pleasure threw him into a dropsie, and he became very poor. Para entender o que lhe sucedeu basta saber que dropsie significa hidropsia.

Outro italiano do disco é Biaggio Marini, um virtuose do violino, como vários outros italianos. Originário de Brescia, ocupou postos em vários países, mas terminou seus dias em Veneza, onde conviveu com músicos da Catedral de São Marcos, Monteverdi entre eles.

Francesco Geminiani é de uma geração posterior a Marini e estudou com Alessandro Scarlatti (pai do Domenico) e Corelli, entre outros. Em 1714 visitou a Inglaterra, caindo nas graças do Conde de Essex e acabou se estabelecendo. São famosos seus arranjos das Sonatas para Violino Op. 5, de Corelli, para o formato de Concerto Grosso.

Vista de Londres por volta de 1700 (Robert Griffier) mostrando a Catedral de São Paulo e Velha Ponte de Londres
Henry Purcell

Completam o disco peças dos ingleses Matthew Locke, Christopher Simpson, John Blow e o mais famoso deles, Henry Purcell. Veja a opinião deste último sobre este tipo de composição: Composing upon a Ground is a very easie thing to do and requires but little Judgement. Sei, bom senso, não é, Henry?

Chamo a atenção para a violinista do Palladian Ensemble, que na capa do disco aparece timidamente segurando o seu instrumento, trajando um vestido verde turquesa – Rachel Podger, hoje uma referência para amantes da música barroca.

O selo Linn Records foi criado pela companhia do mesmo nome (Linn Hi-Fi), que produz aparelhos de som de altíssima qualidade. A produção é de Lindsay Pell e o local de gravação, Rosslyn Hill Chapel, Hampstead, é famosíssimo para os amantes da boa música gravada.

O excesso de prazer, que aparentemente foi o caminho da perdição para o Matteis, caiu esplendidamente para o título do disco, realmente muito prazeroso. A Aria sopra la Bergamasca, do Uccellini, vai grudar em você como chiclete no seu sapato.

Marco Uccellini (1603 – 1680)

1.Aria quinta sopra la Bergamasca

Nicola Matteis (1650 – 1714)

2. Aria spagnuola a due corde (from Ayres for the Violin)

3. Diverse bizzarie Sopra la Vecchia Sarabanda o pur Ciaccona

Matthew Locke (1621 -1677)

Broken Consort in D

4. Pavan

5. Ayre

6. Galliard

7. Ayre

8. Saraband

Christopher Simpson (1605 – 1669)

9. Divisions on John Come Kiss me Now

John Blow (1649 – 1708)

Sonata in A

10. Slow

11. (untitled)

12. Brisk

Biagio Marini (c. 1587 – 1663)

13. Sonata

Anonymous

14. Ciaconna

Francesco Geminiani (1687 – 1762)

15. Auld Bob Morrice

16. Lady Ann Bothwet’s Lament

17. Sleepy Body

Nicola Matteis (1650 – 1714)

18. Adamento con divisione (from Ayres for the Violin)

19. Aria (from Ayres for the Violin)

20. Grave (from Ayres for the Violin)

21. Ground in D, la sol re per fa la mano (from Ayres for the Violin)

Henry Purcell (1659 – 1695)

22. Two in one upon a ground

Nicola Matteis (1650 – 1714)

23. Bizzarie all’imor Scozzeze (Ground after the Scotch Humour)

 

Palladian Ensemble

Pamela Thorby, flautas doce

Rachel Podger, violino

Joanna Levine, viola da gamba, violoncelo, violone

William Carter, tiorba, guitarra

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MP3 | 320 KBPS | 151 MB

Este disco contém um excesso de prazer… Aproveite!

René Denon

Hummel / Haydn / Torelli / Neruda: Concertos para Trompete (Balsom)

Hummel / Haydn / Torelli / Neruda: Concertos para Trompete (Balsom)

A inglesa Alison Balsom é um show. E este CD é uma preciosidade, pois, desde a célebre gravação de Wynthon Marsalis, não tínhamos um registro tão bom dos concertos para trompete de Hummel e Haydn, talvez os melhores do gênero. A orquestra também é ótima. Die Deutsche Kammerphilharmonie Bremen acompanha Balsom com muito mais que dignidade. A habilidade fantástica de Balsom cria belos fraseados com timbres e articulações coerentes com o repertório.

Para velhinhos como eu, reouvir estes concertos é um renovado deleite, mas, sei lá, talvez os jovens pequepianos ainda os desconheçam. Bem, são muito bons, viram?

Hummel / Haydn / Torelli / Neruda: Concertos para Trompete

Trumpet Concerto In E Flat
Composed By – Johann Nepomuk Hummel
1 Ⅰ. Allegro Con Spirito 9:25
2 Ⅱ. Andante 4:45
3 Ⅲ. Rondo 3:40

Trumpet Concerto In E Flat Hob.Ⅶ E:Ⅰ
Composed By – Joseph Haydn
4 Ⅰ. Allegro 6:37
5 Ⅱ. Andante 3:31
6 Ⅲ. Finale: Allegro 4:35

Trumpet Concerto In D
Composed By – Giuseppe Torelli
7 Ⅰ. Allegro 2:00
8 Ⅱ. Adagio – Presto – Adagio 2:18
9 Ⅲ. Allegro 1:33

Trumpet Concerto In E Flat
Composed By – Jan Křtitel Jiří Neruda*
10 Ⅰ. Allegro 5:13
11 Ⅱ. Largo 4:34
12 Ⅲ. Vivace 4:35

Trumpet – Alison Balsom
Orchestra – Die Deutsche Kammerphilharmonie Bremen

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Alison Balsom, uma virtuose em instrumento -- hahahaha -- "masculino"
Alison Balsom, uma virtuose em instrumento — hahahaha — “masculino”

PQP

Buxtehude (c.1637 – 1707): La Capricciosa – Suites and Variations for Harpsichord – Mitzi Meyerson

Buxtehude (c.1637 – 1707): La Capricciosa – Suites and Variations for Harpsichord – Mitzi Meyerson
A capa traz um Rembrandt! Quer mais?

Dietrich Buxtehude (c.1637 – 1707)

Música para Cravo

No outono (europeu) de 1705, um jovem de vinte anos empreendeu uma viagem muito especial. Saiu de Arnstadt, onde era organista na Neuekirche, e caminhou 378 km até Lübeck, para visitar Dietrich Buxtehude, então o mais famoso organista e compositor conhecido, pelo menos onde hoje chamamos Alemanha.

O visitante era Johann Sebastian Bach, que partira de Arnstadt com uma licença de quatro semanas, mas permaneceu afastado por quatro meses, convivendo com Buxtehude. Na volta para casa, ele teve de lidar com as reclamações do conselho que dirigia a igreja e era responsável pelo seu emprego, mas a viagem valera a pena.

Vista de Lübeck, com destaque para Marienkirche

Buxtehude era organista e responsável pela música da Marienkirche desde 1668. Ele havia sucedido a Franz Tunder, que iniciara uma tradição a qual Buxtehude deu continuidade – Abendmusik – (Concertos Noturnos). Durante o período no qual Buxtehude foi o responsável pela direção desses concertos, eles se davam nas noites dos cinco domingos que precediam o Natal. Esses concertos no ano de 1705 devem ter sido definitivamente especiais. Bach certamente tomou parte deles. Tocava-se música para órgão e também música coral e com orquestra.

Na volta para casa Bach levou consigo cópias de muitas peças de Buxtehude. Entre elas a partitura da principal peça desta postagem, a Partite diverse sopra un’Aria d’Invenzione detta “La Capricciosa. Esta peça é um arquétipo das Variações Goldberg e merece ser conhecida e apreciada por seus próprios méritos. Consiste de uma série de 32 variações (Partitas) sobre La Bergamasca. Bergamasca é uma dança rústica (de Bérgamo) muito popular entre os compositores barrocos. Marco Ucellini tem uma peça simplesmente encantadora chamada Aria sopra La Bergamasca e certamente aparecerá por aqui um dia desses. Voltando à peça do Buxtehude, cada variação tem duas seções, que são repetidas imediatamente. A inventividade do compositor é muito grande e certamente abriu caminho para o atento Johann Sebastian.

Dietrich Buxtehude

Bach era um potencial sucessor de Buxtehude, quando o visitou. Este contava com 68 anos e já buscava alguém para substituí-lo há algum tempo. Mas, segundo a tradição, o pacote incluía a mão da filha mais velha do sucedido. O próprio Buxtehude cumprira a tradição ao casar-se com uma filha de Franz Tunder. O emprego já havia sido recusado, dois anos antes, por Handel e por Johann Mattheson. Bach preferiu voltar para Arnstadt onde, além de um conselho de revoltados paroquianos, o esperava também uma jovem chamada Bárbara.

Esta gravação, feita pela cravista de Chicago, Mitzi Meyerson, é prima. O selo, Gaudeamus, ramo da ASV (Academy Sound & Vision) inglesa, dedicado à música barroca, é excelente. Excelente também é a produção do disco, aos cuidados de Nicholas Parker. Mitzi também foi a cravista do Trio Sonnerie, que gravou discos memoráveis neste selo. Mas, ao ouvir o disco, calibre bem o volume. Não coloque muito baixo, mas também não exagere. Cravos são instrumentos deveras perigosos, especialmente perto da meia-noite.

Completam o disco quatro suítes de danças, que também devem ter influenciado o patrono aqui da casa. Mas o disco vale mesmo pelas Variações Caprichosas sobre a Bergamasca. Você verá que até Bach tinha uma coisa ou outra para aprender com seus antecessores.

Dietrich Buxtehude (c. 1637 – 1707)

  1. La Capricciosa: Partite Diverse Sopra Una Aria D’inventione (Bux WV 250)

  2. Suite VII em ré menor (Bux WV 234)

  3. Suite XIX em lá maior (Bux WV 236)

  4. Suite XI em mi menor (Bux WV 236)

  5. Suite V em dó maior (Bux WV 230)

Mitzi Meyerson, cravo

 

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MP3 | 320 KBPS | 123 MB

Mitzi vai tocar La Capricciosa, basta baixar! Aproveite!

René Denon

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Quinteto “A Truta”, de Schubert dispensa apresentações. É lindo! O Beaux Arts idem. Por isso, demos mais espaço a uma rápida biografia de Clara Schumann, uma talentosa compositora e pianista, muito mais fora do repertório habitual. Ela foi importante não apenas por si mesma como por suas relações com Robert Schumann, Brahms, Chopin e pelas célebres inimizades. Seu Trio também é muito bom.

Clara Schumann, nascida Clara Josephine Wieck foi uma pianista e compositora alemã. Foi casada com o também compositor Robert Schumann.

Desde muito jovem, aprendeu a técnica do piano com seu pai, Friedrich Wieck. A mãe, Marianne, era uma excelente musicista e dava concertos. Quando Clara tinha 4 anos, os pais se divorciaram, com Friedrich ganhando a custódia da menina. Aos 5, Clara começou a ter lições de piano mediante a disciplina rígida do pai.

A partir dos 13 anos desenvolveu uma brilhante carreira pianística, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Destacou-se não só por isso, mas também pela performance de compositores românticos da época, como Chopin e Carl Maria Von Weber.

Na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann que na época era aluno de seu pai. Ao tomar conhecimento da ligação de Robert e Clara, Wieck ficou furioso, pois Robert tinha problemas com a bebida, o fumo e crises depressivas. Preocupado com o futuro da filha, proibiu a relação. A consequência foi uma longa batalha judicial, em que, após um ano de litígio, Schumann conseguiu a permissão para desposar Clara, após ela completar 21 anos.

Depois do casamento, Clara e Robert começaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando suas composições. Clara continuou a compor, mas a vida em comum era complicada, pois ela foi forçada a parar a carreira por diversos períodos, devido às 8 gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, ela abdicou muitas vezes de sua carreira como compositora para promover a do marido.

A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava turnês, Robert as odiava; ele precisava de silêncio e tranquilidade para praticar, o que significa que Clara ficava em segundo plano, pois somente após o estudos do marido ela poderia ter suas horas de estudo.

Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise de sua vida aconteceu quando Schumann entrou em depressão crônica, o que obrigou a família a interná-lo num manicômio, onde ficou por dois anos, até a morte. Após 14 anos de casamento, Clara ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família.

A partir daí, ela ficou livre para compor e dar concertos, e sua carreira finalmente se desenvolveu. A amizade com Johannes Brahms foi o principal sustentáculo nesse período, o que deu margem a fofocas de que os dois teriam um romance. Foram anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de Wagner e Liszt. A amizade durou até o final da vida de Clara.

Ao mesmo tempo, Clara trabalhou intensamente na divulgação da obra do ex-marido e, toda vez que se apresentava, fazia-o vestida de preto, por ser viúva.

Durante certo período, Clara sofreu de uma síndrome de dor crônica, atribuída aos excessos de treinos na tentativa de executar as obras orquestrais de Brahms. O tratamento realizado à época foi bem sucedido e Clara pode continuar sua carreira. Os últimos anos da compositora foram marcados por uma brilhante carreira como professora e o reconhecimento como concertista.

Franz Schubert (1797-1828): Quinteto “A Truta” / Clara Schumann (1819-1896): Trio Op. 17

Schubert
Piano Quintet In A, Op. 114 D.667 “The Trout”
1 Allegro Vivace
2 Andante
3 Scherzo (Presto)
4 Andantino (Tema Con Variazioni)
5 Finale (Allegro Giusto)
Beaux Arts Trio
Samuel Rhodes
Georg Hörtnagel

Clara Schumann
Klaviertrio G-moll, Op. 17
6 Allegro Moderato
7 Scherzo (Tempo Di Menuetto)
8 Andante
9 Allegretto
Beaux Arts Trio

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A raridade aqui é Clara Schumann, né?

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 9 – Sinfonieorchester des Südwestfunks, Baden-Baden – Michael Gielen

Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia No. 9 – Sinfonieorchester des Südwestfunks, Baden-Baden – Michael Gielen

Em memória de Michael Gielen

(* 20/07/1927  –  † 08/03/2019)

Michael Gielen nasceu em uma família de artistas, em Dresden. A família mudou-se em 1940 para Buenos Aires, onde ele cresceu em meio a uma elite de músicos ali exilados. Estudou piano com Erwin Leuchter, que fora assistente de Anton Weber (talvez venha daí seu interesse constante por composição e por música de seu próprio tempo) e ouviu um enorme repertório de ópera regido por Fritz Busch. Trabalhou no Teatro Colón como acompanhante nos ensaios, onde teve contato com artistas como Kirsten Flagstad, Erich Kleiber e Wilhelm Furtwängler.

Retornou para a Europa em 1950 onde assumiu vários cargos como diretor de ópera e de orquestra. Entre estas posições destacam-se a de Diretor da Geral de Música da Ópera de Frankfurt e regente da Sinfonieorchester des Südwestfunks, Baden-Baden. Como esta orquestra era subsidiada pela Rádio Estatal Alemã, pode promover música de seu próprio tempo. Também com esta orquestra deixou registro de vários ciclos de sinfonias, entre eles de Mahler e de Beethoven.

Mahler – Sinfonia No. 9

Michael Gielen, pedindo calma aos trompetes…

A ideia de morte perpassa toda a obra de Mahler, mas há uma convergência no caso desta sinfonia, composta nos verões (europeus) de 1908 e 1909. Em 1907 Mahler teve que lidar com duas catástrofes pessoais – a morte de sua filha Maria Anna Mahler, de apenas quatro anos, e o diagnóstico de sua doença cardíaca. Coloque tudo isto junto com o fato de que ele estaria escrevendo sua nona sinfonia. Ele que já havia evitado este número chamando sua obra anterior de canção – Das Lied von der Erde, obra na qual a brevidade da vida humana é colocada em oposição à natureza, que ficará para sempre (ewig).

Eu sei que colocando assim, você pode achar que vai encontrar uma música dilacerante, angustiada, como um bando de carpideiras… Não é exatamente isso. A peça demanda sim, muita atenção do ouvinte, mas a ideia geral é de aceitação, de transcendência.

Mahler, que já havia levado o modelo de sinfonia aos extremos com sua oitava, a Sinfonia dos Mil, aqui retorna ao padrão de quatro movimentos e uma peça puramente orquestral. Mas, a ordem dos movimentos é menos usual. O primeiro e o último são enormes movimentos lentos: Andante comodo e um Adagio. Estes fazem a moldura de dois outros movimentos mais curtos.

A primeira vez que ouvi esta sinfonia foi um bootleg, um CD italiano com uma gravação pirata com Klemperer regendo não sei mais qual orquestra. Ainda me lembro do impacto causado pelo primeiro movimento, que me soa como uma enorme desconstrução. A música quase para, levanta-se, segue, terrível. Os quatro ou cinco últimos minutos são especialmente tocantes. Veja o que disse deste movimento, um crítico, logo após a première (regida por Bruno Walter): Se alguém deseja aprender a chorar, deveria ouvir o primeiro movimento desta sinfonia, a grande, maravilhosa canção do adeus para sempre.

Parece fácil, depois de ensaiar tudinho…

No segundo movimento temos uma das marcas registradas de Mahler, ritmos de danças rústicas. No caso, Ländler, dança austríaca, entrecortada por uma valsa. Mas estas danças são aquelas que ninguém que dançar. Não deixe de notar a orquestração, muitas trompas e outros sopros. A ironia que permeia este movimento segue no próximo, um Rondó Burlesco. Depois deste tempestuoso conflito musical (cheio de contraponto e alguma selvageria), o Adagio final. A resolução de tudo que foi proposto pelos movimentos anteriores se dá neste imenso movimento que não termina, mas se dissolve. Transição entre a desolação do adeus para a transcendência posterior. Mais ou menos isso, segundo Bruno Walter.

Apesar de tudo, música composta só se realiza quando é executada. Ao longo destes mais de cem anos que a sinfonia vem sendo executada (sua première foi em 26 de junho de 1912, sob a regência de Bruno Walter), diferentes gerçaões de músicos e regentes têm dado sua interpretação desta monumental e significativa sinfonia, passando por Haitink, Bernstein, Karajan e, mais recentemente, Rattle e Dudamel. Mas hoje, as homenagens são para Michael Gielen (1927 – 2019).

Gustav Mahler (1860 – 1911)

Sinfonia No. 9, em ré maior

  1. Andante comodo
  2. Im Tempo eines gemächlichen Ländlers. Etwas täppisch und sehr derb
  3. Rondo-Burleske: Allegro assai. Sehr trotzig
  4. Sehr langsam und noch zurückhaltend

Sinfonieorchester des Südwestfunks Baden-Baden

Michael Gielen

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Aproveite!

René Denon

W.A. Mozart (1756-1791): Complete Piano Variations (4 CDs)

W.A. Mozart (1756-1791): Complete Piano Variations (4 CDs)

Esta pequena caixa de CDs contém obras muito desiguais. Algumas peças são boníssimas e outras talvez sejam encomendas feitas por pianistas iniciantes, tal a simplicidade. Porém, trata-se de um repertório quase inexplorado e a sacada da Bis e do pianista Brautigam em realizar a série tem enormes méritos. Afinal, a fluência de ideias, a beleza e a lógica inerente à escrita para piano são admiráveis em Mozart. Brautigam usa um fortepiano Paul McNulty (modelado a partir de um após um Anton-Gabriel Walter de 1795).

Se você ama Mozart de paixão, este repertório raríssimo é imperdível…

Mozart: Complete Piano Variations (4 CDs)

CD 1
1. 12 Variations In C Major On “Ah, Vous Dirai-Je Maman”
2. 8 Variations In G-Major On “Laat Ons Juichen, Batavieren!” (Christian Ernst Graaf)
3. 12 Variations In B-Flat Major On An Allegretto
4. 12 Variations In E-Flat Major On “La Belle Françoise”
5. 6 Variations In F Major On “Salve Tu, Domine” (From Paisello, I Filosofi Immaginarii)
6. Praeludium (Modulating F Major – E Minor)
7. Rondo In A Minor

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CD 2
1. 10 Variations En G Majeur
2. Ouverture : Ouverture
3. Ouverture : Allemande
4. Ouverture : Courante
5. Kleiner Trauermarch In E-Moll: Marche Funebre Del Sig.R Maestro Contrapunto
6. Acht Variationen In F-Dur
7. Zwölf Variationen In C-Dur
8. Clavierstück In F-Dur
9. Fantastic Fragment In D-Moll

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CD 3
1. 8 Variations in F major on ‘Ein Weib ist das herrlichste Ding’, K.613
2. Praludium in C major, K.284a
3. Praludium (Fantasie) und Fuge in C major, K.394 – I. Prelude
4. Praludium (Fantasie) und Fuge in C major, K.394 – II. Fugue
5. 12 Variations in E-flat major on a Romance ‘Je suis Lindor’, K.354
6. Gigue in G major, K.574
7. Adagio in B minor, K.540

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CD 4
1. Neun Variationed in D-Dur, K.573
2. Sechs Variationed in G-Dur, K.180
3. Neun Variationed in C-Dur, K.264
4. Thema in F-Dur mit funf Variationen, K.Anh 138a
5. Sieben Variationed in D-Dur, K.25
6. Zwei Variationed in A-Dur, K.460
7. Rondo in D-Dur, K.485

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Ronald Brautigam, pianoforte

Ronald Brautigam, o holandês que enfrentou todo este repertório raro de Mozart
Ronald Brautigam, o holandês que enfrentou todo este repertório raro de Mozart

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Louis Vierne (1870-1937): 24 peças de fantasia

Louis Braille (1809-1852) foi o educador francês que criou o sistema braille de leitura para cegos, usado até hoje. O que pouca gente sabe é que Braille também foi organista, fazendo parte de uma longa tradição de organistas cegos que veio desde o Renascimento com o espanhol Antonio de Cabezón e incluiria também os franceses Louis Vierne e Gaston Litaize, o alemão Helmut Walcha e, mais recentemente, os americanos Ray Charles (órgão elétrico) e Stevie Wonder (sintetizador).

Louis Vierne, na verdade, enxergava um pouco, principalmente luzes embaçadas, ao que parece, e é curioso que ele tenha composto obras tão evocativas de momentos do dia e luminosidade como algumas das suas 24 peças de fantasia: Étoile du soir (estrela da noite), Hymne au soleil (hino ao sol), Clair de lune (Luar). Assim como Gabriel Fauré, Vierne compôs Noturnos para piano de aparência simples, mas que “demandam do intérprete uma poesia interior, uma busca de si mesmo, uma tradução de aspirações inconscientes, de afinidades obscuras” (cito uma crítica de 1926 no jornal francês Le Ménestrel).

Me parece que a mesma observação pode ser feita sobre a música de Vierne para órgão: não é tão virtuosa quanto a de Widor, Dupré ou Messiaen, mas é de um romantismo tardio em que pode-se perceber várias emoções, muitas vezes sombrias e saudosas, na mesma linha dos românticos Frédéric Chopin e Guillaume Lekeu.

Se restar alguma dúvida de que se trata de um romântico, fica a lista de poetas que ele musicou em chansons: Victor Hugo, Gautier, Baudelaire, Verlaine…

As 24 peças também incluem a obra mais tocada até hoje de Vierne, o carrilhão de Westminster, baseado no famoso tema que todos já ouviram no cinema, na igreja ou em caixinha de música.

Louis Vierne (1870-1937): 24 peças de fantasia, para órgão
CD 1
Pièces de fantaisie – Suíte nº 1, Op. 51 (1926)
1. Prélude
2. Andantino
3. Caprice
4. Intermezzo
5. Requiem aeternam
6. Marche nuptiale

Pièces de fantaisie – Suíte nº 3, Op. 54 (1927)
7. Dédicace
8. Impromptu
9. Étoile Du Soir
10. Fantômes
11. Sur le Rhin
12. Carillon de Westminster

CD 2
Pièces de fantaisie – Suíte nº 2, Op. 53 (1926)
1. Lamento
2. Sicilienne
3. Hymne au soleil
4. Feux follets
5. Clair de lune
6. Toccata

Pièces de fantaisie – Suíte nº 4, Op. 55 (1927)
7. Aubade
8. Résignation
9. Cathédrales
10. Naïades
11. Gargouilles et Chimères
12. Les cloches de Hinckey

Ben van Oosten
Órgão Cavaillé-Coll (1890) da Abadia Saint-Ouen, Rouen, França

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A fachada do órgão de Saint Ouen

Pleyel

Beethoven (1770-1828): Hammerklavier & Moonlight – M. Perahia – DG

Beethoven (1770-1828): Hammerklavier & Moonlight – M. Perahia – DG

Beethoven – Sonatas para Piano

Hammerklavier & Ao Luar

Murray Perahia

Eu já não me lembro qual das sonatas para piano de Beethoven ouvi primeiro. Certamente uma do triunvirato – Pathétique, Appassionata ou Ao Luar. Lembro-me de um LP da Supraphon com o pianista Jan Panenka. Mas posso estar errado, minha memória anda rebelde, lembra-se apenas daquilo que quer. Supraphon era, assim, a Naxos daqueles dias nos quais os LPs chegavam ao interior do Brasil em caixas de madeiras de formato  cúbico, levadas por kombis que iam sacolejando por estradas poeirentas ou lamacentas, dependendo da sorte do vendedor.

A Hammerklavier veio bem depois e não foi fácil. Lembro-me agora bem dos CDs da Deutsche  Grammophon com as últimas gravações do Emil Gilels, que ia comprando já morando aqui, na grande cidade. Estes CDs já morreram, oxidados. Ainda guardo os livretos, mas os falecidos foram devidamento substituidos pela caixota de nove CDs nos quais estão todas as sonatas que o Emil conseguiu gravar naquela ocasião. Não é um ciclo completo. Falta a última sonata, por exemplo (sigh). Mas entre elas uma imensa, enorme Hammerklavier, com um dos mais lindos e perfeitos Adagio sostenuto que já ouvi.

Mas não estamos aqui para falar do passado, vamos ao (quase) presente. Comprei este disco que estou postando assim que bati os olhos nele. Pois é, eu ainda vou a lojas (as que restaram) de CDs, com aquela expectativa de encontrar algo que acelere as batidas do coração e que crie aquela ansiedade de, ao chegar em casa, na primeira audição, confirmar o antecipado prazer. Estes momentos estão se tornando mais e mais raros, mas este disco me deu essas sensações no ano passado.

Ouço gravações do Murray Perahia há muito tempo. Ele me ensinou que Chopin é coisa demais de boa e dá-me constante aulas sobre os Concertos para piano de Mozart. Mais recentemente ele andou pelas terras barrocas e eu fui junto, com muito prazer. Já havia ouvido algumas de suas gravações de sonatas para piano de Beethoven, mas este disco está demais. Vejam, para mim, a Hammerklavier é assim, uma sonata mais cabeça, enquanto a Ao Luar, mais coração. E aí é onde mora o perigo! Muita cabeça ou muito coração pode não ser uma boa coisa. Creio que ele conseguiu um equilíbrio que me fizeram ouvir essas sonatas com o mesmo prazer de ouví-las pela primeira vez, de (re)descobrimento. Eu não conheço outro disco que junte as duas sonatas. Só estão juntas nas integrais, mas mesmo aí, em discos separados. Ele ousou e, na minha opinião, fez muito bem.

Talvez não seja nada disso, talvez eu esteja apenas ficando nostálgico. Mesmo assim, vá em frente. Se você gosta de piano e de boa música, estará em ótimas mãos! Que o disco lhe agrade à mente e ao coração!

Ludwig van Beethoven (1770-1828)

Sonata para piano No. 29, em si bemol maior, Op. 106, Hammerklavier

  1. Allegro
  2. Scherzo. Assai vivace
  3. Adagio sostenuto
  4. Introduzione. Largo – Fuga: Allegro risoluto

Sonata para piano No. 14, em dó sustenido menor, Op. 27, 2,  Ao Luar

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Murray Perahia, piano

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Murray Perahia, dando um toque de Rodin na Hammerklavier…

Aproveite!

René Denon

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 7 / Te Deum

Anton Bruckner (1824-1896): Sinfonia No. 7 / Te Deum

PQP, aquele chato, caça a palavra de Carlinus para dizer que, em sua opinião, as gravações da 7ª de Haitink e Wand dão um baile na de Celibidache. Um Baile, um 7 x 1. Só isso. Diz aí, Carlinus!

Seguindo com nosso empreendimento. Desta vez surgem duas obras monumentais — a Sinfonia No. 7 e Te Deum, de singular beleza. A Sinfonia No. 7 em Mi Maior é uma das obras mais conhecidas de Bruckner. Foi composta entre os anos de 1881 e 1883 e foi revista, como Bruckner costumava fazer, no ano de 1885. O trabalho consagrou em definitivo o compositor. A monumentalidade da obra impressiona. A outra obra do post é o Te Deum, que na tradição latina da Igreja é um hino de louvor, cantado geralmente como agradecimento a Deus por uma benção especial. O termo em latim é: Te Deum Laudamus. Ou seja, A Ti, ó Deus, louvamos. Uma boa apreciação!

Anton Bruckner (1824-1896) – Sinfonia No. 7 em Mi Maior
01. Applause
02. I – Allegro moderato
03. II – Adagio. Sehr feierlich und sehr langsam

01. III – Scherzo. Sehr schnell – Trio
02. IV – Finale. Bewegt, doch nicht schnell

Te Deum, para solistas, coral, órgão e orquestra
03. Applause
04. I – Allegro moderato
05. II – Te ergo. Moderato
06. III – Aeterna fac. Allegro moderato. Feierlich, mit Kraft
07. IV – Salvum fac. Mooderato – Allegro moderato
08. V – In te, Domine, speravi. Mäßig bewegt – Allegro moderato

Philharmonischer Chor München
Sergiu Celibidache, regente
Members of the Münchener Bach-Chor
Josef Schmidhuber, chorus master
Margaret Price, soprano
Christel Borchers, contralto
Claes H. Ahnsjö, tenor
Karl Helm, baixo
Elmar Schloter, órgão

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Celibidache, um dos mensageiros de Bruckner, aqui dá uma derrapada

Carlinus

Henry Purcell (1659-1695): Musick’s Hand-Maid

Henry Purcell (1659-1695): Musick’s Hand-Maid

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um lindíssimo CD que percorre a obra instrumental e vocal deste monstro que foi Henry Purcell. Um disco sensível, belamente interpretado. Purcell foi daqueles compositores que morreram jovens e que nos deixaram enorme e importante obra. Não tinha wi-fi em sua casa. Sua facilidade em compor para todos os gêneros e públicos, sua popularidade na corte durante reinados de três monarcas e sua vasta produção de odes cortesãs, música cênica, hinos sacros, canções e esboços seculares, música de câmara e para órgão são uma prova clara de seu prodigioso talento. Compôs a ópera Dido e Aeneas e a semi-opera A tempestade. Este CD dá uma visão geral em sua obra. E a coisa é de abobar mesmo!

Henry Purcell (1659-1695): Musick’s Hand-Maid

Suite En Do
1 Music For A While 3:51
2 Air 0:51
3 Air 1:26
4 Begin The Song And Strike The Living Lyre 7:37

Suite En La Mineur
5 Prelude 1:46
6 Almand 4:06
7 Corant 1:44
8 Saraband 1:05
9 A New Ground 2:49
10 Round-O 2:45
11 Strike The Viol, Touch The Lute, Wake The Harp 2:21

Suite En Sol Majeur
12 Prelude 3:47
13 Alamand 1:29
14 Corant 1:52
15 A New Scotch Tune 3:15
16 Air 1:26
17 Gavott 1:20
18 A New Irish Tune 1:28
19 Ground In Gamut 1:49
20 An Evening Hymn 3:44

Suite En Ré Mineur
21 “Bell-barr” Almand “Very Slow” 4:50
22 Air 1:11
23 Minuet & Sefuchi’s Farewell 3:17
24 Ground 5:32

Suite En Sol Mineur
25 Cupid The Slyest Rogue Alive 2:39
26 Jig 0:59
27 Hornpipe 0:41
28 Jig 0:38
29 Here Let My Life 1:59
30 Thou Knowest Lord The Secrets Of Our Heart 2:10

Bandura, Guitar – Pat O’Brien
Bass Vocals – Harry van der Kamp
Cittern, Theorbo – Lee Santana
Ensemble – The Harp Consort
Flute, Recorder – Nancy Hadden
Guitar – Steve Player
Harp, Organ, Harpsichord, Percussion, Directed By – Andrew Lawrence-King
Lute, Guitar – Paul O’Dette
Lyre, Viol – Hille Perl
Soprano Vocals – Ellen Hargis
Tenor Vocals – Douglas Nasrawi, Rodrigo Del Pozo
Theorbo, Guitar – Thomas Ihlenfeldt
Viol – Jane Achtman
Violin [Renaissance] – David Douglass

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Henry Purcell: este foi grande

PQP

Carl Reinecke (1824-1910) – Flute Concertos, Flute Sonatas – Ruhland, RSOSSWR

O selo alemão CPO faz um extraordinário trabalho ao resgatar compositores desconhecidos, que não foram muito reconhecidos em vida. Confesso que não conhecia Carl Reinecke até conhecer este belíssimo CD com composições suas para Flauta. Nasceu em 1824 e morreu em 1910, mas não teve muito reconhecimento em vida, e olha que sua obra é muito extensa, registrando aproximadamente 288 obras catalogadas. No booklet em PDF que acompanha o arquivo compactado há uma pequena biografia do compositor. Vale a leitura, para os senhores melhor entenderem o contexto de sua obra.
Neste CD temos um Concerto, uma Balada, uma sonata e uma sonatina, todas as obras tendo a Flauta como instrumento principal. A solista é Tatjana Ruhland, uma ilustre desconhecida até então para este que vos escreve, o que não significa absolutamente nada, mas sente-se uma grande afinidade, intimidade, e principalmente, delicadeza em seu timbre. Lembramos que são peças românticas, que exigem uma grande sensibilidade e emotividade por parte dos músicos envolvidos.
Resumindo, eis um belo CD, que faz trazer uma grande paz de espírito àquelas almas mais conturbadas pelo estresse de seu dia a dia. Dependendo da reação dos senhores, posso trazer outros CDs deste compositor.

P.S. Uma curiosidade: a Balada para Flauta e Orquestra, op. 288, foi a última obra registrada de Reinecke.

01. Flute Concerto in D Major, Op. 283 I. Allegro molto moderato
02. Flute Concerto in D Major, Op. 283 II. Lento e mesto
03. Flute Concerto in D Major, Op. 283 III. Finale. Moderato
04. Ballade in D Minor, Op. 288 I. Adagio
05. Ballade in D Minor, Op. 288 II. Allegro
06. Ballade in D Minor, Op. 288 III. Tempo I
07. Flute Sonata, Op. 167 Undine I. Allegro
08. Flute Sonata, Op. 167 Undine II. Intermezzo. Allegretto vivace-Più lento, quasi andante
09. Flute Sonata, Op. 167 Undine III. Andante tranquillo-Molto vivace
10. Flute Sonata, Op. 167 Undine IV. Finale. Allegro molto agitato ed appassionato, quasi presto
11. Flute Sonatina, Op. 108 I. Allegro moderato
12. Flute Sonatina, Op. 108 II. Andante con moto
13. Flute Sonatina, Op. 108 III. Allegretto grazioso

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Tatjana Ruhland segurando seu instrumento de trabalho

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies Nos. 6 & 7; Incidental Music to King Lear

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies Nos. 6 & 7; Incidental Music to King Lear

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu dei gargalhadas ouvindo o final da 6ª Sinfonia com esse monstro que é Nelsons.  Que maestro! Que senso de estilo. Mas vamos às Sinfonias:

Sinfonia Nº 6, Op. 54 (1939)

Uma perfeição esta sinfonia cujo dramático, concentrado e lírico primeiro movimento (um enorme Largo) é seguido por dois allegros, sendo o último pra lá de burlesco e circense (Presto). A estrutura estranha e inexplicável tem o efeito, ao menos em mim, de uma compulsão por ouvi-la e reouvi-la. Acho que volto sempre a ela com a finalidade de conferir se o primeiro movimento é mesmo tão perfeito e profundo e para buscar uma explicação para a galinhagem final — isto aqui não é uma tese acadêmica, daí a palavra “galinhagem” ser permitida… Nossa sorte é que existe aquele segundo Allegro central para tornar a passagem menos chocante. Esta belíssima obra talvez faça a alegria de qualquer maníaco-depressivo. É uma trilha sonora perfeita para quem sai das trevas para um humor primaveril em trinta minutos — ou menos. Começa estática e intelectual para terminar num circo. Simplesmente amo esta música! É um pacote completo de desespero, sorrisos e gargalhadas.

Sinfonia Nº 7, Op. 60, Leningrado (1941)

De história riquíssima, a Sinfonia Nº 7 – dedicada à resistência da cidade de Leningrado cercada pelos nazistas – deve sua celebridade a uma transmissão de rádio feita para a cidade devastada e sitiada. Ela auxiliou as autoridades soviéticas a elevar o moral em Leningrado e no país. Várias outras performances foram programadas com intenções patrióticas na União Soviética e na Europa. É música de primeira linha, sem dúvida, mas creio que a notável Sinfonia Nº 11, tão superior à sétima, é tão mais eficiente como musica programática de conteúdo histórico, que torna exagero qualquer grande elogio. De qualquer maneira, é esplêndido o primeiro movimento que descreve a marcha nazista. Também é importante salientar o equívoco do grande público que vê resistência e patriotismo numa obra sobre a devastação e a morte. Mas, como diria Lênin, o que fazer?

Mais? Mais! Imaginem uma cidade cercada por alemães há 18 meses, uma orquestra improvisada vestida com suéteres e jaquetas de couro, todos magérrimos pela fome, a rádio transmitindo o concerto, várias cidades soviéticas estreando a obra ao mesmo tempo, Arturo Toscanini — anti-fascista de cabo a rabo — pedindo a partitura nos Estados Unidos (ela foi levada de avião até Teerã, de carro ao Cairo, de avião à Londres, de onde um outro avião da RAF levou a música ao maestro), Shostakovich na capa da Time. Ou seja, a Sétima é importante. Nos EUA, em poucos meses, foi interpretada por Kussevítki, Stokovski, Rodzinski, Mitropoulos, Ormandy, Monteaux, etc. Um espanto.

Numa das maiores homenagens recebidas por uma obra musical, Anna Akhmátova escreveu o seguinte poema ao ser posta à salvo das bombas alemãs pelas autoridades soviéticas:

Todos vocês teriam gostado de me admirar quando,
no ventre do peixe voador,
escapei da perseguição do mal e,
sobre as florestas cheias de inimigos,
voei como se possuída pelo demônio,
como aquela outra que,
no meio da noite,
voou para Brocken.
E atrás de mim,
brilhando com seu segredo,
vinha a que chama a si mesma de Sétima,
correndo para um festim sem precedentes.
Assumindo a forma de um caderno cheio de notas,
ela estava voltando para o éter onde nascera.

Pois é. Mas falemos a sério: não é a maior sinfonia de Shosta. Fica atrás da Primeira, Quarta, Quinta, Sexta, Oitava, Nona, Décima, Décima-primeira, Décima-terceira, Décima-quarta e Décima-quinta. Mas que é famosésima, é.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Symphonies Nos. 6 & 7; Incidental Music to King Lear

Symphony No. 6 in B Minor, Op. 54
1. 1. Largo 19:39
2. 2. Allegro 6:24
3. 3. Presto 7:11

Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
4. Introduction and Ballad of Cordelia 4:34
William R. Hudgins, Boston Symphony Orchestra, Andris Nelsons
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
5. Fanfare No. 1 0:21
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
6. Return from the Hunt 0:54
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
7. Fanfare No. 4 0:13
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
8. Approach of the Storm 1:27
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
9. Scene on the Steppe 2:01
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
10. Fanfare No. 2 0:15
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
11. The Blinding of Gloucester 1:00
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
12. The Military Camp 1:38
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
13. Fanfare No. 5 0:17
Incidental Music to the Tragedy „King Lear” by W. Shakespeare, Op. 58a
14. March 1:29
15. Festive Overture, Op. 96 6:15

Symphony No. 7 in C Major, Op. 60 “Leningrad”
1. 1. Allegretto 27:21
2. 2. Moderato (poco allegretto) 11:39
3. 3. Adagio 20:33
4. 4. Allegro non troppo 18:52

Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Shostakovich no trabalho.

PQP

W. A. Mozart (1756-1791) – Don Giovanni – [DG] – Ferenc Fricsay

W. A. Mozart (1756-1791) – Don Giovanni – [DG] – Ferenc Fricsay

Mozart – Don Giovanni

Para apreciar devidamente a música de Mozart, é preciso se dar conta de que ele foi um compositor de óperas. A música de Mozart, mesmo quando não é uma ária ou um terzetto, canta como se estivesse em um palco de um teatro de ópera. Ouça, com esta perspectiva, o Andante um poco sostenuto do Concerto para piano No. 18, em si bemol maior, K. 456. As cordas cantam, o piano declama e as madeiras tecem comentários. Ouça o primeiro movimento da Serenata para Orquestra em ré maior, K. 320 – Posthorn-Serenade. Este Adagio maestoso – Allegro com spirito é uma abertura de ópera!

Eu não conheço todas as óperas de Mozart. Nunca ouvi Idomeneo ou La Clemenza di Tito. Há ainda outras que eu não ouvi. Mas tenho ouvido bastante as três óperas com libretos de Lorenzo da Ponte, além de O Rapto do Serralho e (é claro) A Flauta Mágica, estas cantadas em alemão.

Hoje vamos de Don, Don Giovanni! A primeira vez que eu ouvi Don Giovanni foi no século passado e era esta gravação que vos trago hoje. Os três LPs estavam em uma caixota com a figura do Don vestido em preto sobre fundo avermelhado, cantando uma de suas árias, provavelmente Deh, vieni alla finestra.

Esta talvez seja a ópera das óperas. Bom, talvez não, há também a Tosca. Xi, é melhor evitar polêmicas! Quem precisa delas?

Se você não conhece o enredo, prepare-se, há luta com espadas, cenas de sedução, perseguições e um fantasma. Há personagens representando as pessoas comuns e há aqueles que representam a nobreza. Há diálogos (hilariantes) entre essas classes sociais. Você perceberá um traço comum nas óperas de Mozart que eu conheço que também aparece aqui: uma dualidade entre certos personagens, que são opostos mas se completam. Tamino e Papageno na Flauta Mágica. Belmonte e Pedrillo no Rapto do Serralho. Em uma certa medida, O Conde d’Almaviva e Figaro, nas Bodas do próprio. Acho que preciso ouvir de novo o Così fan Tutte, mas aqui é o Don Giovanni e seu serviçal, Leporello. É a oposição do nobre e do plebeu, do refinado e do rústico… Bom, acho que você percebeu a ideia.

Escultura comemorativa da ópera Don Giovanni, de Mozart, em Praga, República Tcheca. Don Giovanni teve sua premiere no dia 29 de outubro de 1878, em Praga.

A ópera conta a história do dissoluto Don Giovanni, que passa todo o tempo fazendo coisas bem pouco louváveis – assassinando um velhinho, assediando todos os rabos de saia que lhe cruzam o caminho, até seu destino final, um banquete com música seguido de um encontro surpreendente que o leva diretamente aos infernos. É assim, um adorável vilão, mais um para essa imensa galeria. Seria interessante uma análise sobre o que nos diz o Don nestes dias de (tão necessária) consciência de politicamente correto pensar e agir. Mas isto, deixemos para os blogs especializados.

O libreto de Lorenzo da Ponte é um primor, o cara foi um bamba! Como é cantada em italiano, com um pouquinho de imaginação dá para perceber tudo. Você aprenderá admiráveis palavrões como bricconaccia, scioccone, mascalzone… Afinal, ópera é cultura!

Aqui está um link para o libreto com tradução para o português, da página do Teatro Municipal de São Paulo.

Há muitas trapalhadas, troca de personagens, cenas com muitas pessoas no palco, como era de se esperar nas óperas da época. O crème de la crème é a grande cena final, o banquete seguido da descida aos infernos. Sei, estou dando um baita spoiler…  Mas ópera é assim, a gente lê a sinopse antes e, mesmo assim, adora ver tudo novamente.

Dietrich e Ferenc trocando umas ideias sobre o andamento da “Fin ch’han dal vino”…

Nesta gravação, nenhum cantor é italiano, mas (rest assured) são impecáveis. A começar pelo Don, cantado pelo (jovem) Dietrich Fischer-Dieskau. Quem soaria mais sedutor na ária Deh, vieni alla finestra, ou faria com mais competência os diálogos (ótimos, são da pena do Lorenzo da Ponte) com o Leporello de Karl Christian Kohn? O tenor Ernst Haefliger canta as duas árias de Don Ottavio, Dalla sua pace e Il mio tesoro, com voz extraordinária. O contraste entre os dois principais personagens femininos, a relutante e ainda apaixonada Donna Elvira, de Maria Stader, e Donna Anna sedenta de vingança de Sena Jurinac, é bem marcado.  Os papéis coadjuvantes de Masetto e Zerlina estão a cargo de Ivan Sardi e Irmgard Seefried. Ela brilha no dueto Là ci darem la mano, là me dirai di sì, com o Don. O Don era terrível!

Ferenc Fricsay

A Orquestra da Rádio de Berlim, assim como o coro e todo o cast estão sob a direção do lendário maestro húngaro Ferenc Fricsay.

O que dizer mais? Parece um feixe de contradições. Uma ópera de duas horas e meia em dias de músicas que duram alguns minutos. História de um malfeitor que (como nas novelas) passa todo o tempo fazendo vilanias para ser triunfalmente castigado no final. Os mocinhos são uns poias e cantam alegremente no fim: Questo è il fin di chi fa mal…

Como ouvir uma obra como esta? Sugiro um dia que houver tempo. É preciso tempo para tanta coisa. Pois então, se tiveres esse tempo, vá lá, prepare-se, e cuidado com o volume do som, pois a abertura já vai, de cara, lhe arrancar as meias… ou o chapéu!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Don Giovanni

Don Giovanni – Dietrich Fischer-Dieskau
Il Commendatore – Walter Kreppel
Donna Anna – Sena Jurinac
Don Ottavio – Ernst Haefliger
Donna Elvira – Maria Stader
Leporello – Karl Christian Kohn
Masetto – Ivan Sardi
Zerlina – Irmgard Seefried
RIAS-Kammerchor
Radio-Symphonie-Orchester Berlin

Ferenc Fricsay

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Questo è il fin di chi fa mal!

René Denon

Haendel & Purcell – Sound of Trumpet – Alison Balsom, Trevor Pinnock, The English Concert

Dia destes um outro cd da Alison Balsom, dedicado a Bach, teve seu link atualizado, tratava-se de uma postagem lá do começo da década. Hoje trago para os senhores mais um belíssimo CD desta mesma Alison Balsom, onde novamente ela demonstra todo o seu talento. E aqui temos obras especificamente de Haendel e Purcell.

Os arranjos foram feitos pelo maestro inglês Trevor Pinnock, um dos grandes especialistas em Barroco dos últimos quarenta anos, e por ela mesma, o que reforça o que comentou PQPBach em postagem anterior, a moça além de uma excepcional instrumentista, é uma musicóloga de mão cheia. Para melhorar o que já está bom demais, ela é acompanhada pelo excelente conjunto The English Concert, conjunto criado e dirigido por Pinnock já há muito tempo.

Creio que esta seja uma bela trilha sonora para iniciar a semana, que promete ser bem agitada e difícil.

Haendel & Purcell – Sound of Trumpet – Alison Balsom, Trevor Pinnock, The English Concert

01. Handel – Arr Pinnock- Amidigi di Gaula, HWV 11, Act 3- Sento la goia
02. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 1- Overture
03. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 1- Come if you dare
04. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 5- Symphony
05. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 2- Shepherd, Shepherd, Leave Decoying
06. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 5- Round thy shores
07. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 5- Trumpet Tune
08. Purcell – Arr Balsom- King Arthur Suite, Z. 628, Act 5- Fairest isle
09. Handel – Arr Balsom- Atalanta, HWV 35- Overture
10. Handel – Arr Balsom- Birthday Ode for Queen Anne, HWV 74- ”Eternal Source of Light Divine” (countertenor)
11. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629 – Suite of Musicks and Dances, Act 4- Symphony
12. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629 – Suite of Musicks and Dances- Rondo (Second Musick)
13. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629 – Suite of Musicks and Dances, Act 1- Jig
14. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629 – Suite of Musicks and Dances, Act 5- Prelude
15. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629 – Suite of Musicks and Dances, Act 5- Chaconne and Chorus
16. Purcell – Arr Balsom- Come Ye Sons of Art, Z. 323- Sound the trumpet (countertenor)
17. Handel – Arr Pinnock- Water Music, Suite in D Major, HWV 349- I. Overture
18. Handel – Arr Pinnock- Water Music, Suite in D Major, HWV 349- II. Gigue (Allegro)
19. Handel – Arr Pinnock- Water Music, Suite in D Major, HWV 349- III. Minuet (Aria)
20. Handel – Arr Pinnock- Water Music, Suite in D Major, HWV 349- IV. Bourrée
21. Handel – Arr Pinnock- Water Music, Suite in D Major, HWV 349- V. March No. 2 (Partenope, HWV 27)
22. Purcell – Arr Balsom- The Fairy Queen, Z. 629, Act 5- ”The plaint”
23. Handel – Arr Pinnock & Balsom- Oboe Concerto No. 1 in B-Flat Major- I. Adagio
24. Handel – Arr Pinnock & Balsom- Oboe Concerto No. 1 in B-Flat Major- II. Allegro
25. Handel – Arr Pinnock & Balsom- Oboe Concerto No. 1 in B-Flat Major- III. Siciliana (Largo)
26. Handel – Arr Pinnock & Balsom- Oboe Concerto No. 1 in B-Flat Major- IV. Vivace

Alison Balsom – Trumpet
The English Concert
Trevor Pinnock – Conductor

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Lully, Charpentier, Rebel, Delaland, Rameau: Concert de Danse

Lully, Charpentier, Rebel, Delaland, Rameau: Concert de Danse

O Avicenna ama a música barroca francesa e tem razão, ela é bonita, normalmente alegre e de muito boa qualidade. Então, há bastante material do gênero no PQP Bach. Porém, não há muito disso no mercado em geral. Vejo pouco balé e óperas barrocas no mercado, talvez porque esses repertórios, com suas convenções textuais e musicais antigas e seus gêneros desconhecidos, sejam considerados inacessíveis para ouvintes gerais em obras completas. As reconstruções de William Christie e outros, incluindo o maestro deste disco, Sigiswald Kuijken, mostraram que há muita imaginação e musicalidade nestas obras, há vida aqui. Dito isto, o sensacional grupo de Kuijken, La Petite Bande, oferece uma introdução agradável à música de dança de um período de 100 anos, junto do tenor norte-americano e especialista em barroco francês Howard Crook. O disco consiste de música de balé, bem como trechos de óperas, instrumentais e vocais. A presença desses números vocais é uma característica positiva do disco, pois a interpenetração da música e da dança na construção cultural da corte francesa é de grande importância. Outra novidade é a presença de obras estranhas, mas coloridas, como as duas suítes de danças de Jean-Féry Rebel — cheias de leveza e esplendor cortês. Desta maneira, o programa mistura números únicos com peças maiores; como a “pastorale héroique” de Rameau, retirada de Daphnis et Aiglé. Esta foi uma dança montada no palácio de Fontainebleau em 1753. Mas a melhor razão para ouvir este disco é o toque de La Petite Bande, que dá performances que se fosse a Royal Shakespeare Company. A banda aparece aqui com 19 cordas, proporcionando um som rico e suntuoso, como devia ser na corte francesa.

Lully, Charpentier, Rebel, Delaland, Rameau: Concert de Danse

01. Jean Baptiste Lully : Armide – Overture [2:11]
02. Acis et Galatee : Aria of Acis – ‘C’est en vain’ [1:54]
03. Armide – Passacaille [3:43]
04. Marc-Antoine Charpentier : Medee – Aria of Jason – ‘Que me peut demander Gloire’ [1:58]
05-09. Jean-Fery Rebel :La Fantaisie
I. Grave [1:00]
II. Chaconne [2:57]
III. Loure [1:52]
IV. Tambourin [0:41]
V. Chaconne [1:24]
10. Michael Richard Delalande : L´Amour flechi par la Constance (1697 ) – Aria of… [5:30]
11-15. Jean-Fery Rebel : Les plaisirs champetres (1734)
I. Musette [0:57]
II. Gavotte [2:03]
III. Chaconne [2:38]
IV. Passepied [1:28]
V. Bourree – Rigoudon – Bourree [3:24]
16-32. Jean-Philippe Rameau : Daphnis et Aegle (pastorale heroique)

Howard Crook (tenor)
La Petite Bande
Sigiswald Kuijken, conductor

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